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Indivíduo X

Personalidade
 Personalidade: é o que forma o adulto em
sintonia com a norma cultural, social e ética no
meio em que vive.

Transtorno X Personalidade
• O desenvolvimento da personalidade se fixa a um
padrão anormal
 Perturbações da personalidade
 Os transtornos de personalidade são um grupo
de doenças psiquiátricas em que padrões de
comportamento e os pensamentos a longo prazo
são muito diferentes das expectativas da cultura
e causam sérios problemas em relacionamentos e
na profissão.
 CID-10: estados e tipos de comportamentos
característicos que expressam maneiras da
pessoa viver e de estabelecer relações consigo
mesma e com os outros.
 Compromete pelo menos duas das seguintes
áreas:
◦ Cognição
◦ Afetividade
◦ Controle de impulsos
◦ Relacionamento com outros
 Os transtornos de personalidade são
reunidos em três grupos:
 Sintomas de Humor

Exemplo: depois de fazer algo errado, inapropriado ou


ilegal, a pessoa com TPAS não mostrará qualquer
ansiedade, culpa ou remorso. Esses indivíduos não
tem o constrangimento tipicamente suprido pela
ansiedade, tendem a ser impulsivos e a ter uma
atitude temerária.
 Sintomas Cognitivos

Exemplo: um encantador homem de 26 anos que três dias antes de


casar-se foi descoberto por sua noiva tendo um caso com uma outra
mulher. Quando confrontado com evidências do seu comportamento
inapropriado, o jovem primeiro professou seu amor verdadeiro pela
noiva e então prosseguiu explicando, da maneira mais sincera, que
não tinha qualquer sentimento verdadeiro pela outra mulher. De fato,
ele explicou que traiu a noiva para o bem dela, prometeu que jamais
isso aconteceria novamente. Eles casaram conforme o planejado, mas
o homem prosseguiu envolvendo-se em longas séries de romances,
cada um bem explicado e seguidos de declarações e mais promessas
de mudar.
 Sintomas motores

Exemplo: Filme “Shame”


A necessidade de repetir a sedução e manter relações
sociais com parceiras corresponde à incapacidade de
estabelecer vínculos afetivos.
 Ter pelo menos 18 anos
de idade
 A pessoa sofreu de um
transtorno de conduta
antes dos 15 anos de
idade
 Padrão invasivo de
desrespeito aos direitos
dos outros desde os 15
anos
◦ Falha em adaptar-se
◦ Irresponsabilidade
◦ Impulsividade
◦ Mentir repetidamente
◦ Desrespeito
◦ Ausência de culpa
 Psicoterapia em grupo
 Sintomática – ansiedade, raiva, depressão
 A interação se caracteriza por
um comportamento inadequado,
sexualmente provocante ou
sedutor
 Exibe mudança rápida e
superficialidade na expressão
das emoções
 Usa consistentemente a
aparência física para chamar a
atenção sobre si próprio
 Discurso excessivamente
impressionista e carente de
detalhes
 Autodramatização, teatralidade e
expressão emocional exagerada
 Facilmente influenciado pelos
outros ou pelas circunstâncias
 Considera os relacionamentos
mais íntimos do que realmente
são.
 Psicoterapia: noção de seu comportamento
 Esforços para evitar um
abandono real ou
imaginado
 Perturbação da identidade
 Impulsividade em pelo
menos duas áreas
potencialmente
prejudiciais à própria
pessoa
 Sentimentos crônicos de
vazio
 Ideação paranóide
transitória e relacionada
ao estresse ou severos
sintomas dissociativos
 Psicoterapia é o tratamento de escolha
 Farmacoterapia:
- Antipsicóticos: controle da raiva
- impulsividade
- depressão
 Sentimento grandioso
da própria importância
 Preocupação com poder,
inteligência, beleza ou
amor ideal
 Exigência de admiração
excessiva
 Freqüentemente sente
inveja de outras pessoas
ou acredita ser alvo da
inveja alheia
 Comportamentos e
atitudes arrogantes e
insolentes
 Transtorno crônico e de difícil tratamento
 Psicanálise parece mais efetiva
◦ Evita atividades que
envolvem contato
interpessoal significativo por
medo de críticas,
desaprovação ou rejeição
◦ Vê a si mesmo como
socialmente inepto, sem
atrativos pessoais ou inferior
◦ Preocupação com críticas ou
rejeição em situações sociais
◦ Mostra-se reservado em
relacionamentos íntimos, em
razão do medo de ser
envergonhado ou
ridicularizado
 Certo jovem com transtorno de personalidade
esquiva desejava desesperadamente ter amigos
próximos com quem pudesse partilhar
experiências, mas tinha tanto medo de rejeição
(ela provaria que ele era inadequado) que jamais
tentou estabelecer amizades. Ao invés disso,
focalizou seus esforços em “realizações” na
esperança de que os outros o aceitariam devido à
sua competência, mas a aceitação embasada em
suas conquistas e competência não satisfazia sua
necessidade de amizade. Este jovem muito
competente viveu uma existência isolada e não
preenchida.
n ão s e re i r ejeitado
eu n ão me a proximo,
“se
ou magoado”
 Dificuldade em tomar decisões do
dia-a-dia sem uma quantidade
excessiva de conselhos
 Dificuldade em expressar
discordância de outros, pelo medo
de perder o apoio ou aprovação
◦ Sente desconforto ou desamparo
quando só, em razão de temores
exagerados de ser incapaz de
cuidar de si próprio
◦ Preocupação irrealista com
temores de ser abandonado à
sua própria sorte

“Provavelmente estarei errado,


então se eu não iniciar nada não
posso ser incriminado ou
criticado”
 Perfeccionismo que
interfere na conclusão
de tarefas
 Devotamento
excessivo ao trabalho
e à produtividade
 Incapacidade de
desfazer-se de
objetos usados ou
inúteis, mesmo
quando não têm valor
sentimental
 Rigidez e teimosia
 As evidências advêm de traços ou características de
comportamento, tais como impulsividade,
comportamento suicida, agressividade, entre outros
e não dos TP em si.

 O ponto de partida para a investigação biológica


costuma ser a observação de que são no mínimo
parcialmente de caráter hereditário e que essa
predisposição genética causa uma vulnerabilidade
que, em conjunto com fatores ambientais, leva à
doença.
 Neurotransmissores (disfunção serotoninérgica ↓)
 Neuroendocrinologia (↑ reatividade do eixo
hipotálamo-hipófise-adrenal e da noradrenalina ao
estresse)
 Genética
 Neurocircuito da dor (disfunção do sistema opioide
endógeno → incapacidade de sentir)
 Neuroimagem estrutural (hipometabolismo princ.
nas regiões dos córtices pré-frontal medial e orbital)
 Estruturas temporolímbicas (diminuição do
hipocampo)
Neuropsicologia
 Os principais déficits estão relacionados a

funções atencionais, aprendizagem,


memórias visual e verbal, processamento
visuoespacial e funções executivas, incluindo
os processos de flexibilidade cognitiva,
planejamento, controle inibitório e tomada de
decisão.

 Cerca de 80% associam déficits cognitivos


com alterações das regiões pré-frontal
dorsolateral e orbitofrontal.
 Apresentam falhas da cognição social, principalmente
em relação a capacidade de reconhecer emoções
básicas em face, como raiva, aversão, medo e tristeza.

 São hipervigilantes aos estímulos sociais,


principalmente a sinais que indiquem rejeição,
funcionando como gatilho para instabilidade
emocional.

 Hipersensibilidade a emoções negativas, o que vem a


contribuir para a visão de mundo e das pessoas como
sendo “perigosas” e a visão de si mesmo como “frágil”
e “incapaz”.
 Sistema autonômico (↑ - hiporresponsividade →
perda do remorso e empatia)
 Hormônios (desequilíbrio do cortisol e
testosterona)
 Anormalidades estruturais e neurofuncionais
(redução da substância cinzenta e no HD)
 Amígdala (estudos contraditórios)
 Conexões córtico-subcortical (interrupções entre
áreas)
 Genética (interação com situações traumáticas na
infância).
 Neuropsicologia
 Há 3 modelos relacionados aos aspectos
neuropsicológicos:
1. Disfunção do lobo frontal: falhas no controle
inibitório (impulsividade), rigidez cognitiva,
inabilidade para solucionar problemas e prejuízo
atencional, além de uma inabilidade para
reconhecer pistas em meio a um determinado
contexto social.
2. Sistema emocional integrado: dificuldade para
associar um comportamento com a consequente
punição, insensíveis as mudanças nas contingências
de reforço, o que caracteriza a inflexibilidade
cognitiva.
A disfunção da amígdala e do córtex frontal ventrolateral
orbital dificulta o aprendizado em situações aversivas
e/ou punitivas.
3. Sistema nervoso autonômico: quando punidos são
menos responsivos em termos do SNA, o que pode
reforçar comportamentos ainda mais inapropriados nos
psicopatas.
 Embora sejam inábeis para sentir emoções genuínas em

resposta ao sofrimento alheio, mostram-se capazes de


entender o estado mental do outro (aspecto cognitivo da
empatia), o que lhes permite utilizar persuasão e
manipulação para obter benefícios. Essas falhas têm sido
associadas a déficits estruturais em regiões cerebrais
essenciais para o julgamento e a conduta moral, os quais
servem como reguladores do comportamento.
 Neurotransmissores (maior liberação de dopamina
em resposta à anfetamina e aumento da ativação
estriatal)
 Neuroendocrinologia (hiporreatividade de dopamina
subcortical e resposta ao cortisol diminuída)
 Neuroimagem (redução de giro temporal superior
E., do genu do corpo caloso, do volume do putame e
aumento do metabolismo, aumento do cavum do
septo pelúcido e diminuição da amígdala)
 Genética (polimorfismo no gene que codifica o
COMT)
 Neuropsicologia
 Déficits cognitivos similares aos da esquizofrenia
em menor proporção: dificuldades relacionadas a
capacidade de abstração, atenção, linguagem,
memória e funções executivas, que estão
associadas a alterações nas regiões frontal e
temporolímbica à esquerda.
 Estudos apontaram prejuízos moderados e
generalizados envolvendo o H.E., sugerindo déficits
específicos nos estágios iniciais do processamento
do aprendizado verbal nessa população, além de
dificuldades para decodificar mensagens irônicas.

OBS! Não há estudos com os demais TP.


 Propicia desenvolvimentos interdisciplinares,
absorvendo as contribuições de outras
ciências do campo da saúde mental, e
trazendo para ela suas colaborações.

 Padrões comportamentais
 Ação e reação em situações diárias
 Concepções do self / relações interpessoais
 Vivencias emocionais prevalentes
 Avaliação da personalidade:
◦ Traços comportamentais
◦ Padrões emocionais
◦ Experiências afetivas
 Avaliação Neuropsicológica:
◦ Cognição
◦ Analisa-se a inteligência, memória/atenção

 No estudo da cognição são investigadas os aspectos


que mais implicam na função intelectuais da
personalidade.
◦ Exemplo: casos que os aspectos cognitivos do paciente
influenciem de maneira negativa em sua personalidade.
 Articular Hipóteses
 Desenvolvimento Neuromotor
 Histórico escolar e ocupacional
 Acontecimentos influentes na formação do

sujeito/interesses/realizações
 Natureza dos laços afetivos
 Angustias recorrentes
 Estratégias de defesa
 As entrevistas devem avaliar quatro setores
da conduta humana.
1. AR – Afetivo Relacional
2. Pr – Produtividade
3. SC – Sócio Cultural
4. Or – Orgânico
 Pioneiro na definição do T.Borderline
 Técnica: entrevista de avaliação da

personalidade

Afetos e cognições
do paciente
 Provas como instrumentos projetivos de
atribuição de significado ao estímulo, em que
o sujeito fala de si mesmo com o auxilio do
instrumento em uso.

 Provas projetivas de atribuição de significado


ao estímulo, em que o sujeito fala de si
mesmo pelo estilo pessoa.
 Envolvem:
1. Provas associativas
2. Provas de associação verbal
3. Provas de construção histórica
4. Provas gráficas
 Avaliam os padrões existentes no

funcionamento da personalidade que


refletem na dinâmica da estrutura
intrapsíquica do individuo.
Estrutura Psicótica
 A personalidade pode ser decomposta em
fatores mais particulares:
◦ Padrão de expressão da agressividade
◦ Necessidade de reconhecimento
◦ Apoio afetivo

 Instrumentos:
◦ Inventários
◦ Escalas
◦ Questionários de personalidade
 O TDAH é considerado uma doença do
neurodesenvolvimento, caracterizada por
sintomas de desatenção, hiperatividade e
impulsividade.

 DSM – IV
Desatento
Hiperativo/impulsivo
Combinado.
 Elevada herdabilidade (80% do fenótipo).
 Fatores não ambientais (drogas na gestação,
hipóxia, TC).
 Modelos neuropsicológicos relacionam o TDAH a
anormalidades em F.E. (controle inibitório
pobre).
 Déficits cognitivos no TDAH x Sistema de
recompensa (delay aversion).
 Em torno de 80% dos pacientes com TDAH
apresentam uma ou mais condições comórbidas.
 TP Borderline (impulsividade, dificuldades no
controle da raiva, prejuízos interpessoais).
 TP Histriônica (expressividade exagerada das
emoções, sugestionabilidade).
 TP Dependente (necessidade que o outro assuma
responsabilidades, dificuldade de iniciar projetos).
 TP Narcisista (tendência a devaneios,
egocentrismo, baixa tolerância a frustrações).
 TP Antissocial (impulsividade, dificuldade de
seguir regras, irresponsabilidade).

OBS! Maior risco para TP comparado aos controles.


 Hiperatividade de início precoce

 Agressão física persistente

 Transtorno da conduta de início precoce

 Predomínio no sexo masculino

 Risco maior de envolvimento com a justiça


 60% dos pctes. com TPB apresentaram critérios
para TDAH na infância

 16,1% ainda apresentavam TDAH e TPB na vida


adulta

 Semelhanças: déficits na regulação do afeto e no


controle de impulsos, déficits atencionais, abuso
de substâncias, relações interpessoais
conflitantes e baixa autoestima.

 Diferença nos mecanismos de regulação afetiva


 Pctes. com TDAH têm um déficit atencional
maior quando perdem o estímulo externo
(excesso de esportes, comp. Sexual,
agressivo/impulsivo através de brigas).

 Pctes. com TPB (via de regra mulheres com


TEPT) tendem a apresentar estados
dissociativos ou “comportamento congelado”
quando exposto a estresse emocional, e
automutilação e comportamento suicida ou
explosivo para pôr fim à tensão.
 Disfunção do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA)
 Desequilíbrio do cortisol (Em associação com
adversidades na infância)
 Abuso sexual (muito presente no TPB)
 Persistência dos sintomas de TDAH
 Disfunção dopaminérgica (+ no TDAH com evidências
no TPB)
 Desregulação serotonérgica e noradrenérgica (comp.
Impulsivos e agressivos)
 Estudos de neuroimagem evidenciam similaridades
em regiões do córtex pré-frontal
 Os TP têm importante impacto na qualidade de
vida, na morbidade e mortalidade do idoso.

 Existiriam modificações desses transtornos ao longo da


vida?

 As alterações cognitivas comuns na senilidade


modificariam os TP?

O temperamento, componente biológico da


personalidade e seus transtornos, se modificaria com a
idade?
 O DSM determina o diagnóstico de TP a partir dos 18
anos, mas não existe nenhuma consideração acerca as
sintomatologia em idade mais avançada.

 F60.8 Outros transtornos específicos da personalidade

 F60.9 Transtorno de personalidade não especificado

 F07.0 Transtorno orgânico da personalidade – engloba os


casos de degeneração lobar frontotemporal, subtipo
demência frontotemporal (DLFT), cujo núcleo é a
alteração do comportamento e da personalidade.

 F07.8 Transtornos de comportamento decorrentes de


doença, lesão ou disfunção cerebral – envolvem
alterações cognitivas leves e que não correspondem,
ainda, a quadros de demência.
 Em idosos, os TP, estão mais comumente
associados a transtornos afetivos, de
ansiedade e sexuais.

 Um estudo com 623 indivíduos (17 a 87


anos) encontrou evidências de mais
características esquizoides e obsessivo-
compulsivas em idosos que outras faixas
etárias.
 Expressão sintomática dos TP em idosos que
podem agravar, atenuar ou modificar
comportamentos associados aos TP:
Diferenças nos estressores, eventos vitais e tipos de
vida
Diminuição de energia, impulsividade e/ou
extroversão
Aprendizado com a experiência
Efeitos de doenças cerebrais ou sistêmicas.
 A literatura sugere maior prevalência de TP
dos grupos A e C em idosos e
particularmente em idosos deprimidos.

 O TP comórbido dificulta o tratamento e piora


o prognóstico da depressão. Sendo o
neuroticismo o sintoma principal.
 Os TP podem influenciar o surgimento e as
manifestações clínicas das demências, como
presença e intensidade dos sintomas
psicológicos e comportamentais.

 As alterações no quadros de demência


frontotemporal (DFT) são mais significativas
do que no Alzheimer e nas vasculares.
 A DFT tem como manifestações clínicas mais
evidentes as alterações de personalidade, que muitas
vezes surgem antes mesmo dos déficits cognitivos e
do achados em exames de neuroimagem.
 Essas alterações de personalidade ocorrem devido ao
processo degenerativo no córtex frontal
(orbitofrontal) e nas vias frontossubcorticais.
 Os Pctes. apresentam dificuldade de controlar
impulsos, de planejar e executar tarefas, de
abstração, de resolução de problemas e de focar a
atenção e pouca crítica dessas alterações (t. orgânico
da personalidade).
 Para o tratamento dos TP em idosos são
citados os antidepressivos, estabilizadores de
humor, ansiolíticos, antipsicóticos e terapia.

 Características ou traços de personalidade


mantêm-se mais ou menos estáveis ao longo
do ciclo de vida, influenciando a saúde mental,
a satisfação com a vida e/ou favorecendo ou
protegendo contra o surgimento de
transtornos mentais de múltiplas maneiras,
dependendo dos fatores aos quais o indivíduo
é exposto.
Livro
 LOUZA NETO, Mario R. et al. Transtornos de

personalidade. Porto Alegre: Artmed, 2011.

Artigo
 GIL, Gislaine e SAVÓIA, Mariângela G. A

avaliação neuropsicológica no auxílio do


diagnóstico diferencial entre transtornos
clínicos e de personalidade na clínica
psiquiátrica. São Paulo, 2005.

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