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CASO PRÁTICO

FOBIA SOCIAL

Aula: 16/03/2012

Nome: Inês Gomes


Idade: 19 anos
Estado civil: Solteira
Profissão: Estudante do Ensino Superior
Agregado familiar: Pais
Morada: Coimbra

MOTIVO DA CONSULTA:

Compareceu na consulta sozinha e vestida de acordo com a sua faixa etária e estatuto
sócio-económico. Manteve uma postura retraída e um contacto visual escasso. Expressou-
se num tom de voz baixo (…).
O motivo da consulta prende-se com a necessidade de ajuda imediata para ultrapassar
as dificuldades em lidar com determinadas situações de interacção social e de avaliação,
dada a elevada ansiedade experienciada na sua vida. Descreve-se como sendo uma pessoa
tímida e (…).

DIFICULDADES ACTUAIS:

A principal área de problemas apresentada pela doente está relacionada com os


elevados níveis de ansiedade experienciados em diferentes situações sociais e de
desempenho, pelo receio de ser avaliada negativamente pelos outros: “tenho medo que os
outros pensem mal de mim… me achem esquisita e complicada”. Este seu receio
repercute-se nas diversas áreas da sua vida como: académica, social e familiar.

 A nível social:
Uma das situações apresentadas pela doente como geradora de mal-estar diz respeito
à dificuldade de se integrar num grupo, pelo receio das “suas ideias não serem aceites”,
temendo ser “rejeitada”.
Assim, prefere não falar, “mais vale estar calada… para que é que vou falar se não digo
nada de jeito?”. Contudo, se for necessário falar, modela as suas opiniões de forma a estar
de acordo com todos os elementos, “tento estar de acordo para estar integrada”. Porque
“para me sentir bem tenho de agradar a todas as pessoas porque eu não gosto que as
pessoas pensem mal de mim. Estas situações causam-lhe desconforto, sentindo-se “corada
e a suar”, “o que digo soa-me a falso… sinto que tenho de ser uma outra pessoa”, “sou
uma pessoa que não digo aquilo que penso para não ser excluída e não me sentir mal”.

 A nível académico:
As situações apontadas como geradoras de desconforto reportam-se ao debate nas
aulas de temas da actualidade e à apresentação de trabalhos, os quais despoletam
pensamentos do tipo “eu não vou ser capaz”, “se ficar ansiosa os outros vão reparar e
pensar que não percebo nada do que estou a dizer”.
Ao confrontar-se com as situações, ao nível fisiológico a ansiedade traduz-se pelos
seguintes sintomas: “cabeça a ferver, gaguez, calor na cara, suores e tremor nas mãos”.
Deste modo, adopta comportamentos para “esconder o nervosismo” como “gesticular
mais e mexer no cabelo para ganhar tempo” e pensar no que vai dizer a seguir.
Após estas situações faz uma análise detalhada das mesmas: “quando chego a casa
revejo a situação passo a passo… sinto que fiz uma figura horrível”.

 Outras situações:
Ir sozinha para a “baixa” da cidade e entrar e permanecer em cafés com pouca gente.
“Se eu sozinha fico sempre tensa…receio aquilo que os outros possam pensar”. Assim,
“tento dar a imagem que estou a fazer algo, para que não pensem que eu ando sem fazer
nada”. Acrescenta, “quando estou na baixa e me esqueço de fazer algo não volto atrás
pelo mesmo caminho; vou dar a volta para que não pensem “aquela é maluca, não tem
rumo”. Também, quando vai a uma loja e experimenta algo sente-se na “obrigação” de
comprar, “depois de ter experimentado não consigo dizer que não quero” porque “as
pessoas vão pensar que só vim desarrumar e não vim comprar nada”. Quando
acompanhada, a sua ansiedade é menor uma vez que é a outra pessoa que interage com
as empregadas da loja, caso seja necessário “a minha colega diz por mim quando não
quero nada”. Refere ainda que a possibilidade de escorregar e cair na rua, ou mesmo de ir
contra outra pessoa, é vista por si como uma experiência ameaçadora e “embaraçosa”,
uma vez que receia que os outros pensem “é tão distraída que nem vê por onde anda”.

O desconforto sentido nas situações e a antecipação do mesmo interferem de forma


severa na vida diária da Inês: a nível social, o receio de ser negativamente avaliada pelos
outros tem conduzido a um maior isolamento e sentimento de tristeza. A nível académico,
o facto de viver certas situações (como a apresentação de trabalhos e debates nas aulas)
de uma forma ameaçadora, permanecendo nas situações com bastante desconforto, (…).
A nível familiar, tornou-se uma pessoa calada para evitar o contacto com os pais.

Apontamentos da aula:
- Factores predisponentes para a Fobia Social: temperamento, estilo parental e falta de
competências sociais (dos pais).
- O ambiente onde os doentes com Fobia Social se sentem melhor, mais acolhidos, é o
familiar.
- O grupo tem um efeito amortecedor devido à partilha: temos uma necessidade inata
de querermos ser aceites.

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