TIMIDEZ

Estar em público, falar com desconhecidos, conhecer gente nova ou qualquer

outra atividade que exija contato com pessoas que não estamos familiarizados,
normalmente gera desconforto. Pelo senso comum nos taxamos de tímido ou
introvertido sem analisarmos melhor qual dos dois termos nos definem. Vamos
analisar características e diferenças que nos ajudarão a saber qual realmente é o
nosso traço, e claro, vamos conhecer estratégias para lidar com as dificuldades que
ambos os traços trazem ao nosso cotidiano.
Quando somos tímidos odiamos situações que precisamos nos expor, esta
angústia nos afeta tanto em grupo menores até ao público. Já o introvertido, tem
preferência em ficar sozinho, mas quando precisa se expor consegue fazer isso sem
maiores dificuldades. Por vezes o introvertido gosta de interagir socialmente e se
vira bem em público, caso que não ocorre com o tímido, onde a angústia de sair da
sua zona de conforto social é persistente.
A pessoa tímida sente medo e desconforto em situações sociais, sempre
pensa que a qualquer momento passará por alguma vergonha. Podemos dizer que
tais medos acontecem intensamente em sua imaginação apenas, imaginando que
se levantar da mesa do restaurante pode tropeçar e cair, que se falar vai gaguejar
ou falar algo que não deve, pode imaginar que do nada sua roupa está com algum
tipo de defeito e outros vão reparar, etc. Um ponto muito importante a se destacar é
que o tímido tem DICUFICULDADE em relaxar numa situação de interação social e
não tem INCAPACIDADE de relaxar. Porque saber disso é bom? Porque se não há
incapacidade, então há a chance de exercitar e criar um novo repertório de
comportamento social. Não existe mágica! É preciso constantemente se expor e ir
vencendo o medo.
Você já se perguntou porque alguns animais ruminam? Outra pergunta que
você deve estar fazendo agora é: o que isso tem a ver com minha timidez? Calma,
vou explicar. A grosso modo, animais ruminantes trazem de volta para a boca o
alimente ingerido para que possam por meio da mastigação aproveitar melhor os
nutrientes do alimento, e engolindo novamente, outros nutriente serão absorvidos
pelo sistema digestivo. Nós humanos não nos beneficiamos deste processo, uma
vez engolido, o alimento segue o processo até chegar no processo final da digestão.
Entretanto, ruminamos pensamentos, ou seja, ficamos trazendo para a mente
lembranças e produzindo fantasias, e estas por sua vez, dependendo de seu
conteúdo, nos deixará felizes, tristes, chateados, etc.
Agora vamos aplicar para a timidez: se enquanto você está em sua interação
social, seja em pares ou grupos, você ficar pensando repetidamente sobre se está
parecendo nervoso, o que vai falar quando acabar o assunto, o que estão pensando
sobre você e coisas do tipo, vai acabar ficando distraído sobre o que está
acontecendo em sua volta ou sobre o que está sendo conversado. Qual a
conseqüência disso? A outra pessoa percebendo que você não está atento pode se
sentir ofendida ou desmotivada a continuar a conversa, ou o assunto do grupo já
pode ter mudado e estarem em outra sintonia e você ficar para trás. Toda esta cena
acaba confirmando seus medos e seu desconforto, mas não porque as pessoas não
gostaram de você ou que sua companhia não estava sendo agradável. Por haver a
desconexão durante a conversa e haver a perda do entrosamento, logo você leva
para o lado pessoal algo que aconteceu por estar nervoso demais.
Por natureza, uma pessoa tímida evita situações que tenha chance de ser
rejeitada ou envergonhada , e ser o centro das atenções pode ser apavorante. Se
esquivar destas situações até pode prevenir tem algum mal estar, porém você
estaria se esquivando de bons momentos também, e tendo dificuldade em
desenvolver amizades, conseguir emprego e até mesmo teria dificuldade em se
relacionar amorosamente com alguém.
LIDANDO COM A TIMIDEZ
Quando estamos numa situação em que nossa timidez está nos
atrapalhando, temos diversos pensamento negativos e inadequados que podem nos
sabotar. Por isso, quando estiver pensando demais em seus possíveis defeitos,
repare um pouco mais no ambiente, quais cores tem ali, quais objetos são
interessantes, etc. Assim você não mais estará prestando tanta atenção a você
mesmo. E não esqueça de utilizar uma voz interna, combatendo pensamentos
inquietantes. Por exemplo:
PENSAMENTO INQUIETANTE - Sua roupa deve estar com algum defeito.
 VOZ INTERNA COMBATENTE - Olhei a roupa antes de sair, está tudo certo.
Se não estiver tudo certo, também não há problema. E mais uma coisa: Melhor não
saber.
Em interações sociais, ao invés de fixar a preocupação em estar olhando
alguém nos olhos, busque reparar na cor dos olhos da pessoa. O olhar pode ser
ameaçador, já que por meio dele podemos inconscientemente perceber as emoções
da outra pessoa.
Mantenha-se relaxado sempre, porque se sua postura corporal for de uma
pessoa que sente estar em perigo, com ombros rígidos e erguidos em direção à
orelha, nosso organismo entenderá que estamos em perigo e nos motivará a sair da
situação "ameaçadora". Puxe o ar, respire fundo e solte os ombros junto com o ar,
pois a ameaça está na sua imaginação e não há necessidade de sempre estar na
defensiva.
O volume da voz precisa ser adequado ao ambiente. Pode ser que você
tenha certeza de que não vão te dar atenção, e por ter esta certeza você já fala
baixo, não dando moral a você mesmo. O que se realiza então? Se realiza seu
pensamento de que não te dariam atenção, porém, mais uma vez, a falta de atenção
foi muito provavelmente por você não ter chamado atenção para si antes de iniciar a
fala e ainda por cima, ter falado baixo. Desta forma fale de uma maneira
direcionada, como que fosse atingir alguém com a fala, e não esqueça de saber o
momento de falar, espere troca de assunto, fim da fala do outro ou outro sinal que a
cultura onde você está determine que já pode haver outra pessoa falando.
A timidez segue um ciclo:
Quanto mais tímida for a pessoa, maior será o medo de socializar e maior
será a ansiedade social. Quanto mais ela foge de situações sociais, menos saberá
agir em situações sociais. Este ciclo ocasiona um casulo, onde a pessoa se fecha
para se sentir protegida, porém se não se expor, não haverá metamorfose e a
pessoa sempre estará no estágio de larva em sentido social.
Se a vergonha for sobre seu corpo, primeiro de tudo, saiba e se conscientize
de que você precisa do seu corpo e seu corpo precisa de você. A partir desta
sintonia, pense em como você pode admirar mais seu corpo, quais roupas pode usar
para se sentir melhor, e não fique pensando em ser como pessoas nas redes
sociais. Não se esqueça que há profissionais especializados em moldar corpos e
rostos para enquadrar a pessoa naquilo que querem transmitir.
FALAR EM PÚBLICO
É desafiador falar em público, mas há alguma dicas muito úteis quando
precisamos apresentar palestras, discursos ou seminários:

1. Faça um rascunho dos pontos essenciais da sua fala, aquilo que não pode
faltar.
2. Escreva algumas palavras livres sobre cada ponto que considerará,
esboçando sua linha de raciocínio.
3. Faça um ensaio livre do que você falará. De primeira não ficará bom, você se
enrolará, esquecerá palavras e não há problema nisso. Continue ensaiando.
4. Ensaie sem anotações e não queira ser perfeito.
5. Apresente para alguém de confiança e solicite que te ajude com críticas e
sugestões.