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O CANTO CORAL NO ESPAÇO ESCOLAR

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Sumário

Introdução ........................................................................................................ 3

Canto coral ...................................................................................................... 4

O canto coral no espaço escolar ..................................................................... 6

Planejamento ............................................................................................... 7
O Ensaio ...................................................................................................... 9
Ensaio – espaço de ensino e aprendizagem .......................................... 10

Ensaio – momento de ensino e aprendizagem....................................... 11

Regente-professor: um perfil profissional ................................................... 13


Desenvolvimento escolar e intelectual ........................................................... 14

REFERÊNCIAS ............................................................................................. 21

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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O Canto Coral no Espaço Escolar

Introdução

Desde os primórdios da civilização, a música sempre esteve presente na


sociedade, buscando levar aos grupos sociais, momentos de catarse, reflexão,
religiosidade, relaxamento, agitação e alegria. Na sociedade moderna, a música mais
do que nunca, é vista como algo imprescindível ao ser humano, pelos enormes
benefícios que levam aos indivíduos que a ela tem acesso, através das mais diversas
formas que se tem hoje de se trabalhar com música.

O canto coral tem se perpetuado na sociedade por sua facilidade de


aplicabilidade, onde o instrumento utilizado já vem com o indivíduo, que é a voz.
Também, pela facilidade de se realizar ensaios e apresentações, visto que o regente,
que é quem ensina ao coro o repertório e o conduz a atingir a metas estabelecidas,
geralmente trabalha com um piano ou teclado, demonstrando aos coralistas, as
melodias que devem ser cantadas.

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Porém, o canto coral não se limita somente a interpretação de um repertório
feito especialmente para coro, mas vai muito mais além, trabalha a autoestima, a
socialização, o “saber trabalhar em equipe”, além de proporcionar ao indivíduo a
oportunidade de ampliar seus conhecimentos culturais, se tornando uma pessoa mais
instruída culturalmente, ampliando sua forma de entendimento e apreciação da arte
do canto em conjunto. O canto coral proporciona um olhar diferenciado para as
potencialidades do ser humano, para a consciência do ser em grupo.

Canto coral

O canto coral se tornou uma grande ferramenta para o processo educacional


nas escolas. O Canto Coral, tendo em vista suas grandes contribuições, tende a ser
um instrumento de grande valia para um crescimento cultural, estético, social e
artístico. Ao oferecer esta atividade para jovens e adolescentes se possibilita a estes
uma grande oportunidade de crescimento pessoal. Visto que estas experiências
podem auxiliar na sua construção de fatores intelectuais, afetivos e culturais.

A atividade de Canto Coral, já desde o seu cerne, se coloca como um momento


de total companheirismo e solidariedade, tendo em vista que é uma construção
coletiva e que cada um coloca-se na necessidade da plena contribuição do outro.
Este convívio, decorrente dos encontros (ensaios) já torna este aspecto ligado a
relação humana e social imprescindível e, satisfatoriamente necessário para um
crescimento coletivo. Fucci Amato (2007) reitera esta colocação quando aborda que:

E é nestes aspectos que dimensionamos a função do regente. Este que, além


de todo o aparato técnico musical, tão necessário e importante para a condução da
atividade, também possui esta função de motivar e incentivar os participantes. Para
Fucci Amato (2007):

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Em suma, todos estes aspectos relacionados a pessoa do regente, se
enquadram diretamente com qualquer atividade coral. Porém, em se tratando de uma
atividade voltada para jovens estudantes, estes aspectos possuem maior relevância.
Segundo Schimiti (2003):

O jovem necessita de um orientador que o estimule em seu desenvolvimento;


alguém que lhe dê certezas de que está no caminho certo e que confie no seu
potencial. E é neste contexto que se percebe a dimensão da responsabilidade e da
necessidade de coerência que se atribui ao regente que se coloca à frente deste tipo
de atividade. Um elemento importante para este tipo de atividade, e em se tratando
de jovens, é uma boa e atenta orientação quanto a saúde vocal.

Segundo Coelho (2005):

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O regente que se coloca a frente desta atividade deve assegurar aos seus
coralistas uma orientação adequada para que estes utilizem sua voz de uma forma
coerente e saudável.

O canto coral no espaço escolar

O canto coral, sendo utilizado como prática pedagógica e musical, pode trazer
inúmeros benefícios aos participantes. E, ao considerarmos estes elementos,
tornamos importantes não só o aspecto intelectual de conhecimentos musicais e
técnicos, mas todo o fator gerado ao prazer, a autoestima, a alegria e o bem-estar
que este trabalho pode proporcionar. Orth (2013, p. 39) salienta que “todo o processo
de ensaio, desde o relaxamento, aquecimento, vocalizes, contribuem para a
sensação de bem-estar.” E, em seu trabalho, coloca que:

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O canto coral deve proporcionar aos seus componentes esta qualidade de vida.
Deve contemplar esta sensação de bem-estar em todo o processo da atividade. E
estas aspirações devem ser estimuladas já desde o início, com o relaxamento,
aquecimento, vocalizes, etc. O trabalho coral deve trazer este gosto em desenvolver
e trabalhar a voz nos processos de ensaios. Visto que, a plena realização e bem-estar
percebidos, ao fazer parte deste trabalho, permeiam desde o fato de cantar porque
gostam, porque se sentem satisfeitos em estar participando, ou na busca de melhorar
sua voz e sentir-se felizes com quaisquer progressos individuais ou coletivos
alcançados.

O gostar de cantar torna-se um elemento necessário e fundamental na busca


de prazer e satisfação no canto coral. E o próprio canto deve ser um estimulador de
boas sensações, assim como trazer outros fatores positivos.

Planejamento

Planejar é inerente ao ser humano. A maioria de nossas atividades cotidianas


envolve algum tipo de planejamento. Planejamos o que fazer, onde investir tempo,
esforções e recursos. Reconhecendo o caráter educativo da prática coral, seria
coerente pensar seu planejamento também neste viés. Dessa forma, planejar é

O ponto inicial do processo de planejamento seria então definir os objetivos


para a atividade coral. Na perspectiva de um coro didático, os objetivos gerais estão
relacionados à desenvolver no aluno capacidades para que ele esteja apto a

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compreender e se expressar utilizando a música. Contudo, um grande número de
outros objetivos podem ser definidos levando-se sempre em consideração as
peculiaridades do grupo. Partindo do geral, para o específico, as possibilidades
envolvem objetivos relativos ao uso e conhecimento da voz, familiaridade com
diversas formas de expressão musical relacionadas a contextos culturais e históricos,
bem como desenvolvimento da percepção musical em seus distintos aspectos.

A partir da delimitação dos objetivos, é importante que o profissional


responsável pelo coro didático estabeleça conteúdos a serem trabalhados e pense
na metodologia mais adequada, considerando a faixa etária, os recursos disponíveis,
o tempo disponível, etc.

Ao traçar os objetivos do coro didático, é muito importante levar em


consideração os objetivos da própria escola com o coral. O que a direção da escola
espera do coral? Qual o motivo da existência do coral na escola? De que maneira o
coral pode contribuir para a experiência educativa das crianças? Estas, e outras
questões serão de grande auxílio para definir os objetivos.

Diferentes aspectos do desenvolvimento devem ser considerados na


delimitação dos objetivos do coral. As propostas atuais de educação, como a Base
Nacional Comum, buscam o desenvolvimento integral do aluno com processos que
considerem também as “necessidades, possibilidades e interesses dos estudantes”
como também “os desafios da sociedade contemporânea” (BRASIL, 2017, p.14)

Ao definir os objetivos a serem trabalhados com o grupo, procura-se dividir em


quatro grupos: objetivos musicais, objetivos artísticos, objetivos sociais e objetivos
pedagógicos.

a) Objetivos Musicais: relacionados principalmente a prática musical, uso e


domínio da voz cantada, cuidados e higiene vocal, desenvolvimento da percepção
auditiva e memória musical.

b) Objetivos Artísticos: postura e preparo para apresentações, repertório


diversificado considerando diferentes manifestações musicais, períodos históricos e
culturas.

c) Objetivos Sociais: relacionados ao respeito e compreensão do outro,


trabalho em equipe e cooperação.

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d) Objetivos Pedagógicos: relacionados à proposta pedagógica da escola,
temas interdisciplinares, e comemorativos.

Para cada um destes grupos, procura-se estabelecer objetivos a curto e longo


prazo. Alguns deles permanecem todos os anos, outros vão sendo acrescentados ou
trocados de acordo com o desenvolvimento dos alunos e as propostas da escola.
Existem também variadas formas de agrupar estes objetivos, e o fato de dividi-los em
grupo não significa que eles não se mesclem, entrelacem, se reagrupem em outras
possibilidades.

O Ensaio

No âmbito da educação formal, a sala de aula é o espaço principal dos


processos de ensino e aprendizagem. Se para o professor a sala de aula é o ambiente
de trabalho, o local onde a maioria dos processos de ensino e aprendizagem são
desenvolvidos, no caso do regente, esta sala de aula é o local de ensaio. É neste
local que acontece o maior tempo de convívio entre regente e alunos. Ali os objetivos
são trabalhados através de atividades e também do repertório.

Durante ensaio o regente deve procurar diferentes formas de auxiliar o aluno


a aprender. Deve ser o mediador entre aluno e conhecimento. O ensaio constitui
dupla dimensão de aprendizagem: temporal e espacial. Ao mesmo tempo em que o
momento é dedicado a aprender e conviver, ele é também o lugar onde o coro, na
maior parte do tempo existe. Durante o ensaio aquele determinado grupo de alunos
é o coral da escola. Eles deixam de ser a turma, a série, o ciclo para serem parte de
um novo agrupamento: o coral.

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Ensaio – espaço de ensino e aprendizagem

Na proposta de coro didático, o momento do ensaio é considerado o mais


importante. Neste momento, o aluno entra em contato com os conhecimentos que
desejamos ensinar. E o que ele aprende ali acaba levando consigo para outros
espaços, como a sala de aula e sua casa. Dada a essa importância, é fundamental
que o ensaio seja cuidadosamente planejado: objetivos a serem trabalhados,
repertório, quais dinâmicas ou jogos serão utilizados.

Após o ensaio, esse planejamento deve ser retomado, e analisados os pontos


positivos e negativos. A reação dos alunos foi a esperada? Os objetivos propostos
foram alcançados? O que aconteceu além do que estava programado? O que não
aconteceu como o esperado? Estas e outras perguntas permitem ao regente perceber
por onde avançar, quais os melhores métodos para alcançar os resultados
pretendidos. Também são importantes para conhecer melhor o grupo, e planejar as
próximas ações e os ensaios seguintes.

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Ensaio – momento de ensino e aprendizagem

O ensaio deve ser atrativo e dinâmico. O coral é uma atividade para todos os
alunos, independente de desejarem ou não participar, procuro me esforçar para que
o ensaio seja interessante mesmo para aqueles que não gostam muito de cantar.
Para isso, gosto de utilizar pequenas brincadeiras e jogos didáticos, que tornam a
atividade mais divertida e ao mesmo tempo auxiliam no processo de ensino e
aprendizagem.

As partes do ensaio são um pouco modificadas de acordo com a faixa etária


do grupo e os objetivos estabelecidos, mas em geral, o ensaio se divide em quatro
momentos distintos:

1) Abertura: com atividades que interação entre os alunos e socialização

2) Aquecimento corporal e vocal: com músicas, vocalizes e exercícios vocais


adequados à faixa etária e suas peculiaridades

3) Ensaio do repertório

4) Relaxamento/Desaquecimento.

Esta divisão do ensaio é muito comum, e utilizada pela maioria dos regentes
de corais, para diversas idades e contextos. Contudo, o viés didático de cada parte
deve ser a busca constante do regente. Tudo o que é feito, solicitado, planejado,

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cantado, pensado deve ser com fins educativos, sempre tendo em vista os objetivos
estabelecidos.

Assim como em outros contextos educativos, a avaliação também é importante


no coro didático. Avaliar com a finalidade de conhecer o grupo, logo no início do
processo, auxilia na elaboração do planejamento e na seleção dos objetivos. A cada
final de ensaio, refletir sobre como aconteceram as atividades, qual a reação dos
alunos ao que foi ensaiado e ensinado também constitui um processo de avaliação.

Compreende-se também a necessidade de momentos de avaliação interativa


durante o ensaio. Essa avaliação seria feita através de comentários do regente sobre
como o grupo tem se desenvolvimento e sobre o que ele ainda espera que seja
desenvolvido e também conta com a participação dos alunos, dentro do possível, com
comentários sobre sua opinião em relação aos procedimentos do ensaio, sobre o
repertório, e sobre seu desenvolvimento.

Considerar as características de cada faixa etária é outro aspecto importante


do trabalho com o coral na Educação Básica. Com as crianças da Educação Infantil
o ensaio é dividido em períodos mais curtos para cada atividade ou música resultando
em um número maior de atividades.

Para o momento de preparação vocal e também de aquecimento corporal


procuramos utilizar brincadeiras cantadas, parlendas e rimas, trava-línguas, jogos
que estimulem o movimento e desenvolvam a motricidade. Sempre utilizando o corpo
como parte do processo de aprendizado. O repertório para este grupo é composto
por músicas em geral mais curtas do que para os outros grupos, e com letras mais
simples. A extensão vocal das músicas também é reduzida, a fim de que as crianças
possam cantar confortavelmente e de forma afinada, evitando abusos vocais.

Para as primeiras séries do Ensino Fundamental alguns dos objetivos estão


relacionados à produção de sons e a consciência fonológica dos mesmos. A intenção
é auxiliar a criança no processo de dicção e entonação que, além de serem úteis para
o canto, são extremamente importantes no processo de alfabetização. Esse trabalho
acontece principalmente no momento de preparação vocal, mas na escolha do
repertório também é considerado.

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Nos ensaios das outras séries do Ensino Fundamental, a ênfase é na
diversidade de repertório e no desenvolvimento da percepção musical e expressão
vocal. Os objetivos abrangem o conhecimento da música como expressão cultural de
diversas culturas e épocas; maior domínio da voz cantada através da reprodução de
diferentes parâmetros sonoros.

Regente-professor: um perfil profissional

Figueiredo (1989, p.72), salienta que o regente “é o propiciador de um processo


coletivo de aprendizagem musical que tem por objetivo a realização artística”. O autor
menciona além da “competência musical” a importância do regente ser familiarizado
com a “pedagogia vocal e as técnicas de aprendizagem” (Figueiredo, 1989, p.73).
Franchini (2014, p.103) se utiliza de conceitos de Maurice Tardif e divide os saberes
necessários ao regente de coral em
experienciais, curriculares e disciplinares.

Se a prática coral deve ser realizada por


um regente-professor, reforça-se a
necessidade ainda maior desse perfil
profissional para trabalhar com o coro didático.
Além do contexto formal de educação no qual
acontece a prática coral, direcionar os
processos de ensino e aprendizagem infantil
demanda um sólido conhecimento educativo:
dos processos de desenvolvimento, técnicas de ensino, metodologias educativas e
de como aplicar este conhecimento ao ensino de música no contexto do coral.

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Desenvolvimento escolar e intelectual

Compreende-se que a música no cotidiano escolar pode favorecer a


aprendizagem, pois atende a vários aspectos do desenvolvimento humano (mental,
social, físico, emocional). Segundo Sekeff (2007, p. 17), “a música é um poderoso
agente de estimulação motora, sensorial emocional e intelectual, informa a
psicologia”. Desse modo, pode ser vista por diferentes concepções, como um meio
para facilitar o processo educacional, em virtude de colaborar para diferentes áreas
do desenvolvimento.

O canto coral tem, nesse sentido, reflexos que perpassam as práticas


escolares, mas também de outras atuações sociais. Está sinalizada, nos excertos
acima, a questão do desempenho escolar como uma das contribuições do canto no
cotidiano dos estudantes: foi a partir das práticas do coral, que eles passaram a
perceber melhorias nas suas atuações escolares.

Compreende-se que a música, no contexto educacional, pode favorecer e


proporcionar estímulos significativos, podendo contribuir para a aprendizagem dos
alunos, o que caminha para a formação integral humana. Colabora no sentido da
motivação, da dinamização do processo de construção de conhecimentos escolares.
Como Sekeff (2007, p. 81 grifos do autor) salienta:

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Compreende-se que a escola, além de exercer seu papel em desenvolver
aprendizagens a partir dos conhecimentos escolares, pode ser responsável por
estimular a criatividade dos estudantes, criando ambientes motivadores e
desafiadores que favoreçam o pleno desenvolvimento dos educandos. Arroyo (2000)
defende que a escola não deve ser uma experiência amarga, excludente, pois nos
tornamos mais humanos no grau em que as condições materiais em que vivemos e
nas relações que temos com os outros. Para isso, o ambiente precisa ser favorável,
pois somente em um clima mais humano nos tornamos humanos.

Assim, educação não é um dispositivo de ensino de conteúdos, mas é um


processo educativo que pode contribuir significativamente para a formação dos
educandos, além dos conhecimentos preestabelecidos no currículo escolar. Isso se
dá nas relações, em práticas em conjunto, na sensibilidade e na articulação dos
saberes com as práticas no cotidiano escolar. Essa interação e convivência refletem,
por vezes, na constituição da identidade do sujeito estudante e nas suas relações que
vão além da escola. A formação por meio da música e as relações que, de fato, dela
emergem colaboram, nesse sentido, para a formação integral dos sujeitos.

Compreende-se, então, o espaço escolar como um processo programado de


ensino e aprendizagem, mas não visando e pensando a escola somente como:
professor, sala de aula e os conteúdos a serem ensinados, mas um espaço de trocas
e de convívio com outras pessoas. Espaço no qual as aprendizagens acontecem na
sala, nos espaços de convívio em comum, a partir da interação entre sujeitos que têm
história, experiências e identidades diferentes. Dessa forma, a escola é compreendida
como um espaço vivo, dialógico e que oportuniza a formação integral em distintas
situações. Segundo Arroyo (2000, p. 54), a escola é

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Nesse espaço no qual são empreendidas distintas e múltiplas relações
interpessoais, pondera-se que, muitas vezes, o ensino é pensado apenas em sua
dimensão cognitiva, a dimensão afetiva acaba ficando em segundo plano ou então é
desconsiderada, como se as dimensões cognitivas e afetivas estivessem descoladas
entre si. Compreende-se que a relação afetiva é crucial para um bom relacionamento
entre professor, aluno e demais agentes da escola. Novamente a formação integral
está imbricada nesse processo, pois a formação plena visa a todas as dimensões que
fazem parte de um sujeito, um sujeito múltiplo, integral e dialógico que se relaciona
com outros sujeitos múltiplos, integrais e dialógicos.

A afetividade, segundo Mahoney e Almeida (2007, p. 17), “refere-se à


capacidade, à disposição do ser humano de ser afetado pelo mundo externo e interno
por meio de sensações ligadas a totalidades agradáveis ou desagradáveis”. Com
isso, salienta-se que a dimensão afetiva é essencial nos processos de ensino e
aprendizagem, não só em práticas musicais, mas em todo contexto educacional.
Segundo as autoras, a dimensão afetiva apresenta três fatores importantes, que são:
emoção, sentimento e a paixão.

Em relação à emoção, Mahoney e Almeida (2007) salientam que é a


exteriorização da afetividade, é sua expressão corporal e motora. Ela tem um poder
expressivo e contagioso, sendo um recurso entre o orgânico e o social e estabelece
os primeiros laços com o mundo humano. As emoções compõem o sistema de
atitudes reveladas pelos tônus (nível de tensão muscular) que acontecem em
combinações e intenções em diferentes situações. Segundo Mahoney e Almeida
(2007, p. 17):

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Compreende-se, então, que as relações interpessoais empreendidas no
âmbito escolar refletem, também, nas demais esferas sociais. Assim, a formação
integral do sujeito é perpassada e pautada em relações pessoais.

Compreende-se que um dos fatores que contribuem para esse reconhecimento


mais social das funções da música é que ela está presente em diversos lugares,
expressase em diferentes formas e ritmos, em contextos culturais diferenciados de
celebrações ou comemorações, em espaços diversos como instituições religiosas,
festas, bem como em trilha sonora de filmes e outras atividades que os sujeitos
empreendem em seu cotidiano. Como afirma Penna (2008), a música está em toda
parte, seja ela para exaltar momentos de alegria ou tristeza, pois, “[...] a nossa
experiência com música acontece através da interação com „músicas‟ diferenciadas,
ou seja, com diversificadas manifestações musicais concretas, de enorme
multiplicidade” (PENNA, 2008, p. 48).

A música é tão presente no cotidiano das pessoas que se pode compreender


que ela está, de forma geral, diretamente vinculada a toda a sociedade. Um dos
fatores que vem contribuindo para o intenso aparecimento da música no âmbito social
é o constante avanço da tecnologia.

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Em outros tempos, o acesso à música se dava pelo antigo e famoso disco de
vinil, que ainda hoje é procurado e, aos poucos, está voltando por ser uma ótima
opção para se apreciar uma boa canção, visando à qualidade sonora. Com o passar
do tempo, os recursos evoluíram, o conhecido “bolachão” ficando de lado e os meios
digitais foram evoluindo e ganhando espaço. Nos dias atuais, é comum encontrar a
música em brinquedos infantis e aparelhos celulares, que com um cartão de memória,
reproduzem músicas para todos os gostos e gêneros.

Assim, a tecnologia vem crescendo e se firmando em todos os aspectos na


sociedade. Como salienta Del Ben (2000, p. 91):

A música é uma linguagem da arte que está presente desde as tribos indígenas
até as grandes cidades. Desse modo, ela está enraizada em diferentes povos e
culturas, ainda que de diferentes formas.

Compreende-se que a música não só está inserida no contexto social, mas


nasce a partir de diferentes contextos sociais. Ao ouvir uma música, é possível sentir
várias sensações, podemos, então, dizer que ela está ligada também às emoções:
alegria, tristeza, raiva e às outras sensações que se despertam ao escutar uma
canção, ou até mesmo o inverso, sentimento que fazem lembrar alguma canção. Para
Swanwick (2003), a música pode ser agradável, manter as pessoas afastadas das
ruas, gerar empregos, engrandecer eventos sociais. Dessa forma, nota-se a sua
significativa influência na sociedade.

Ao mesmo tempo em que a música pode contribuir para as transformações


sociais, ela pode sustentar uma postura, um pensamento ou uma ideologia
acomodada, contribuindo para a modificação da cultura.

Conforme Costa (2013, p. 33), o canto coral vem ao encontro das


necessidades de identificação dos jovens como um meio de expressão que lhe

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possibilite explicitar ao mundo os seus anseios, descobertas, ideias e revoltas. Por
meio do canto, o adolescente pode experimentar diferentes aspectos de suas
transições, sejam elas fisiológicas ou psicossociais.

Costa (2013, p. 36) salienta que:

A música passa de um momento na escola para um contínuo processo que


reflete na formação geral dos sujeitos, que refrata na formação integral dos
educandos e que, dessa forma, constitui-se mais ampla do que um saber específico
curricular. Caminha, no entanto, para uma articulação entre os conhecimentos
escolares e disciplinares que resultam na constituição de identidades mais humanas
e afetivas.

Costa (2005) ressalta que “o canto coral é uma atividade essencialmente


coletiva e compartilhada, e as múltiplas interações que se constituem entre os seus
diversos componentes configuram o próprio coro” (p.36). Além disso, a prática coral
nas escolas estabelece uma conexão com as famílias e com a comunidade,
divulgando os resultados obtidos em formas de apresentações e eventos artísticos –
que não devem ser o propósito do coro, mas a coroação de todo esforço e dedicação
despendido por regentes e coralistas.

Com relação ao repertório, é fundamental que o regente escolha músicas


apropriadas para a tessitura infantojuvenil e que essas músicas sejam motivadoras
para o grupo, isto é, apresentem uma temática apropriada à idade das crianças e que
sejam compreendidas por elas. Sugerimos que o regente não se baseie apenas nas
músicas que estão fazendo sucesso na mídia para construir o repertório do grupo. Se
forem realmente necessárias, que sejam um ponto de partida para aproximar o
regente de seus coralistas e que tragam para o coro o contexto cultural das crianças

Mais ainda, que essas músicas sejam recriadas, renovadas, enriquecidas com
arranjos e outros elementos musicais – isto é, que tragam aprendizado para os

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alunos. Mas que, de forma alguma, o coro se limite a reproduzir o que a mídia já faz
de maneira massiva, com fins puramente comerciais e não educativos (e que as
crianças já conhecem muito bem).

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REFERÊNCIAS

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