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Versão resumida

Fernando García Silva

“Descobrir, compreender e eliminar a raiz


do sofrimento e da dor”
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METODOLOGIA DE LEITURA
Para conseguir que tudo o que se propõe aqui o ajude real e
profundamente, devem-se seguir as diretrizes de leitura, seguir o
método de estudo sugerido. Caso contrário, será apenas mais um livro
que se leu e que foi parar nas gavetas da mente.
Cada capítulo é acompanhado de uma pequena ilustração ou
desenho. Esse desenho é uma mensagem para seu cérebro emocional
(intuitivo, emocional, artístico); só de vê-lo, seu coração e sua
consciência receberão informações.
Recomendamos que primeiro você leia o nome do capítulo ou o
tema e em seguida olhe por um minuto ou mais o desenho que o
acompanha, sem tentar interpretá-lo racionalmente, mas sim "sentindo-
o, escutando o que ele lhe diz, observando-o sem pensar".
Em seguida, você pode ler o capítulo, ativando seu centro
intelectual, seu cérebro. Dessa forma, produz-se um aumento do
potencial cognitivo, pois, por meio da imagem, receberemos parte do
conhecimento intuitivamente.
Depois de terminar de ler cada capítulo, sugerimos que você não
passe para o próximo sem antes responder às cinco perguntas de
autorreflexão:
1. O que aprendi neste capítulo ou frase?
2. Como isto se relaciona com minha vida?
3. De que forma este tema me ajuda em meu Autoconhecimento?
4. O que preciso modificar ou corrigir segundo o que foi
aprendido ou reforçado?
5. Há alguma prática que me sugere este capítulo ou frase?
Recomenda-se ter um caderno intitulado:
"AUTOCONHECIMENTO: Descobrindo minha própria luz".
Nesse caderno, que deve ser um companheiro fiel do livro, você
anotará as respostas às perguntas que fará a si mesmo ao terminar cada
capítulo.
Nessas respostas, que você irá relendo, você descobrirá "a luz da
sua consciência".
"A luz está dentro de você e aparece quando você a descobre”.
O autoconhecimento não está neste livro, mas neste caderno.
"O lápis sabe muito, especialmente sobre o oculto; deixe que ele

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lhe conte".
Se você não for capaz de respondê-las, leia o mesmo capítulo
novamente.
Cada capítulo deve passar por um processo de assimilação, de
impregnação.
Como se diz esotericamente, "Deve-se tragá-lo".
Isso tem por objetivo a compreensão, a integração do
conhecimento recebido, vê-lo em si mesmo e não nos demais, como
estamos acostumados a ver.
Você está compreendendo a si mesmo; e aquele que compreende
a si mesmo, compreende todos os demais.
Assim, o conhecimento se torna próprio, deixa de ser
"emprestado".
Você não deve ler muitos capítulos por dia, caso contrário, apenas
entenderá, mas não compreenderá; acumulará na mente, mas pouco
chegará ao coração.
Os próprios acontecimentos da vida lhe permitirão ir
compreendendo em profundidade os assuntos expostos em cada
capítulo.
Você pode ler os capítulos alternadamente, conforme "sinta aquele
que precisa ler", pois cada um deles tem uma certa autonomia e essa
ordenação intuitiva irá estruturando sua própria maneira de conhecer a
si mesmo.
À medida que vamos trabalhando sobre nós mesmos, vamos
alcançando o verdadeiro autoconhecimento, vamos descobrindo como
realmente somos e não como aparentemente acreditamos ser.
Todos nós temos uma imagem falsa de nós mesmos, formada por
meias-verdades, de acordo com nossos próprios interesses e nossa
limitada maneira de ver.
À medida que se vá compreendendo tudo isso e, acima de tudo,
se vá trabalhando dentro de si, a consciência adormecida vai
despertando e aumenta a compreensão sobre o real motivo de nossa
existência e o porquê de certos sofrimentos.
Nessa tarefa, cada um de nós é realmente imprescindível, já que
ninguém poderia fazê-la por nós.
O livro irá levando-o pela mão até o seu interior, compreendendo
gradualmente cada vez mais; chegando, assim, à compreensão da "raiz

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do sofrimento e da dor", que é o nosso querido ego, que jaz escondido,
o artífice de todas as artimanhas do subconsciente e da mente, que nos
mantém afogados em um mar de lágrimas e escuridão.
Somente nesse nível de compreensão e com a ajuda de nossa Mãe
Divina, estaremos capacitados para sua eliminação radical e definitiva.

CAPÍTULO 1
A SAÚDE DO CORPO E DA ALMA
1.1 ANSIEDADE, ANGÚSTIA, CRISES DE PÂNICO
Todos esses estados de espírito são
diferentes manifestações do medo.
Por que há tantas pessoas com
ansiedade hoje em dia? Por que há crianças
que sofrem de angústia, medo, pesadelos?
Por que as crises de pânico estão aumentando
tanto?
Hoje em dia podemos ser pessoas
saudáveis, de boa situação econômica,
fisicamente agraciados, sem problemas
aparentes e, ainda assim, angustiados, tristes
e melancólicos.
A que se deve tudo isso?
O problema é uma questão de energia, de vibração, de emoção.
Tudo isso é a manifestação de certos defeitos psíquicos muito ocultos na
mente do ser humano.
É a manifestação de entidades psicológicas que habitam nas
profundezas inconscientes da pessoa. São vibrações energéticas muito
baixas; poderíamos até dizer abismais.
Parte de nossa psicologia já se encontra no inframundo e de lá
envia suas influências, suas vibrações, apoderando-se dos centros
psicossomáticos do corpo físico e fazendo-o vibrar naquela sintonia.
"Nada está parado, tudo se move, tudo vibra" (Hermes
Trismegisto, O Caibalion).

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São defeitos caracterizados principalmente pelo medo;
fortalecidos pela ausência da luz e pela distância do Ser.
São sensações de vazio, nas quais a pessoa saboreia seu próprio
estado psicológico para que tome consciência do que tem em seu
interior e onde se encontra submerso.
"As piores circunstâncias da vida, as situações mais críticas, os eventos
mais difíceis, são sempre maravilhosos para o autodescobrimento íntimo"
(Samael Aun Weor).
Medicar-se é sufocar o sintoma, é não ouvir a mensagem que o
corpo nos grita, é não ter o valor e a inteligência de ver o erro que se
está cometendo, para se enfrentar a si mesmo. É não querer levar a luz
de sua própria consciência a iluminar os transfundos mais profundos do
subconsciente.
É necessário compreender "o que somos e onde estamos
psicologicamente". É necessário assumir a responsabilidade por nós
mesmos, destruir a falsa imagem de si mesmo, desenvolver a coragem
de olhar cara a cara a nossa própria escuridão.
Esse medo tão grande que sente a pessoa com um ataque de
pânico é porque naqueles momentos está se conectando com seu ego
abismal, de lá provêm aquelas sensações de perder o controle e sentir a
morte por perto.
"O céu é para os valentes e se toma por assalto" (Samael Aun Weor).
Desenvolvendo o sentido da auto-observação, poderemos ir
descobrindo, compreendendo e eliminando as manifestações deste tipo
de defeitos e ir resgatando nossa consciência das profundezas do
subconsciente.
Sair do abismo é urgente, ainda há tempo para fazê-lo.
Segure a mão de sua Mãe Divina, olhe corajosamente para a sua
mente e coração e lá você irá descobrindo estas manifestações
demoníacas.
Ante a mais ínfima manifestação, clame por sua desintegração à
sua Mãe Divina e lentamente irá se liberando delas, até que não sinta
mais a sua força entrópica.
Seja corajoso, não se canse e vencerás.
"Do berço ao túmulo é uma escola; por isso, o que chamamos de
problemas são lições" (Facundo Cabral).

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1.2 DEPRESSÃO E ESTRESSE
Estas duas doenças psicológicas podem
ser consideradas como parte de uma grande
epidemia deste século.
Quem não ouviu falar delas? Quem
não esteve ligado a alguma delas de uma
forma ou de outra?
Os termos "sinto-me deprê" ou "ando
estressado" já são muito comuns.
Ambas são os dois lados de uma
mesma moeda, são os dois extremos do
pêndulo.
A pessoa deprimida não quer fazer
nada e a estressada fez demais.
A longo prazo os sintomas se mesclam, chega-se ao mesmo destino
por caminhos diferentes: cansaço extremo, perda de memória,
desengano, confusão, fastio.
A falta de memória afeta muitas pessoas, não apenas os idosos com
Alzheimer.
Muitas pessoas nestes tempos se encontram cansadas, como se suas
"baterias” estivessem esgotadas; acordam cansadas e vão para a cama
de igual forma. É como se não tivéssemos energia, com vontade de não
fazer nada.
Este cansaço é devido, entre outras causas, à má alimentação, ao
fato de que a mente da pessoa nunca descansa, há um abuso de energia
mental, emocional e motora.
O abuso da energia corporal, o medo, a desconformidade estão
por trás dessas patologias.
Há um desequilíbrio, perde-se o rumo, não há clareza sobre o
sentido da vida, há uma ausência de verdadeiros princípios espirituais
na vida. Ocorre que se buscou o fundamento de sua felicidade fora de
si mesmo e o resultado não se fez esperar.
A longo prazo, nosso corpo e nossa alma nos apresentam a conta
de nossos abusos e erros.
A que se deve a depressão endógena? Alguns especialistas dirão
que à falta de certas substâncias químicas no corpo.
Se forem feitos alguns exames médicos na pessoa, talvez se

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encontrem alguns desequilíbrios metabólicos, hormonais, químicos; no
entanto, essa não é a causa do problema, é apenas parte da
manifestação, é o efeito.
A diminuição (hipo) ou aumento (híper) dessas substâncias em
nosso corpo continua sendo o efeito de uma causa mais profunda.
Seguimos sem compreender a influência de nossa psique (alma)
sobre o corpo e nossa vida em geral.
Obviamente, a depressão vai além do fato de certos sistemas
endógenos funcionarem mal, ou de que ao corpo físico faltem
compostos hormonais e químicos essenciais, como a dopamina,
endorfinas, adrenalina, etc. Tudo isso é o resultado de uma causa mais
profunda e é simplesmente que "Temos a alma doente".
"A depressão não existe, existe apenas a desobediência a Deus".
A pessoa vai se tornando viciada nessas substâncias hormonais
(mensageiros moleculares), gosta de senti-las em seu corpo, por serem
um alimento para seus defeitos psicológicos, um vício.
Na pessoa depressiva, por exemplo, alimentam-se a preguiça, a
irresponsabilidade, a tristeza. Toda pessoa deprimida se torna
preguiçosa, irresponsável e melancólica, são esses defeitos que vão se
fortificando.
Quando experimentamos estresse ou medo em nossas vidas, se
olharmos com cuidado, perceberemos que a causa está localizada em
nossa memória. São as emoções que estão ligadas a essas recordações
que nos afetam agora.
A pessoa estressada não sente paz em sua vida. Não é que ele faça
muitas coisas, mas que as faz sem felicidade, sem uma motivação real
para fazê-las. É por isso que se estressa, porque não tem presença no
que faz. Faz uma coisa, mas pensa em outra, não está em sua vocação,
não está motivado por sua consciência.
O depressivo não aceita a vida, não aceita o que lhe tocou viver,
sente injustiça, lamenta o que aconteceu, sente tristeza, é infeliz.
Em ambos os casos, seus "eus" estão fazendo-os pensar e sentir uma
vida vazia, sem sentido. Ao eliminar estes "eus", a vida volta; se sairmos
daí, encontramos o sentido, a vocação.
"Você não tem depressão ou estresse, simplesmente desviou-se do
caminho, esqueceu-se de si mesmo, está infeliz”.

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1.3 DROGAS E ÁLCOOL
Por definição, uma droga é
qualquer "substância que provoca
uma alteração do estado de ânimo e
é capaz de produzir dependência".
O ego é um gerador dessas
substâncias e nos torna dependentes
de suas mórbidas excreções,
mantendo a consciência em um
mundo de sonho, fantasia, alucinação
e irrealidade.
Vivemos em uma sociedade viciante, o ego é viciado em muitas
substâncias, busca-as compulsivamente; e embora não sejam
consideradas drogas, produzem modificação do estado de ânimo,
dependência e vício, tais como medicamentos, cigarros, álcool, café,
chocolate, jornais, certas bebidas gaseificadas, compras impulsivas, etc.
Todos nós carregamos dentro de nós, em maior ou menor grau, o
"eu viciado em drogas", porque todos nós somos viciados em alguma
coisa.
O consumo de substâncias nocivas, como maconha, cocaína,
drogas sintéticas, alimenta o ego e se tornou um "Grande Flagelo" nesta
humanidade.
As drogas produzem três tipos de danos: físico, psíquico e
espiritual.
A ignorância, a curiosidade, o vazio interior, a desorientação, a
busca do que é diferente, o desejo de ser aceito, levam a cair nestes
flagelos.
Os pais são geralmente os últimos a saber que seus filhos estão
usando drogas, o que é um sinal claro da falta de comunicação e
confiança nestes tempos.
Afeta-se o corpo físico, envelhecendo-o, diminuindo sua
vitalidade, degenerando-o, matando-o.
Prejudica-se, além do mais, consideravelmente a energia sexual,
levando à impotência sexual, já que as narinas estão ligadas às gônadas
sexuais (Ler nosso livro "SUPRASSEXO, A Sexualidade Sagrada"). Afeta-
se inclusive a genética (hereditariedade), trazendo ao mundo filhos
doentes. Faz-nos perder a capacidade de discernir no aspecto moral,

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caindo facilmente na imoralidade.
A droga também afeta o corpo Vital, Etérico ou Energético; torna-
se opaco, desbotado, fica sem luz, sem energia, fraco. O corpo vital de
uma pessoa normal se projeta alguns centímetros, mas o de um viciado
em drogas quase não se vê.
A droga é um alimento para o inconsciente (o ego está em festa),
estimula as paixões mais baixas, levando-o à ousadia, à imprudência.
No nível mental, acelera-se a mente e se destroem os "Raios Alfa",
produzindo uma desconexão entre a mente e o cérebro, gerando
confusão, desordem e até mesmo loucura.
Nas dimensões espirituais, a Essência (matéria-prima para criar
nossa alma), se vê afetada, perdendo a vontade e ficando como se
estivesse bêbada.
Muitas pessoas usam drogas pelo nível competitivo, para poder
render mais no trabalho ou no esporte.
O viciado faz das drogas uma religião. As drogas são uma fuga de
uma realidade que não se quer ou não se pode enfrentar.
A pessoa que tem princípios espirituais pobres, que não é sólida
em si mesma, sempre procurará estimulantes externos, como as drogas
e o álcool, para realizar certas atividades.
Estes "eus" se manifestam através de detalhes, que são pequenas
justificativas para continuar com o vício.
Há muitos defeitos psicológicos que se apresentam como viciantes,
como algo de que o corpo precisa para continuar funcionando. Todo
vício libera certos mensageiros bioquímicos (adrenalina, dopamina,
endorfina, serotonina), e vamos nos acostumando com eles.
A maconha, tão na moda hoje em dia, faz com que a pessoa
focalize sua existência no plano mental, esquecendo-se do sentimento;
vai confundindo o sentir com o pensar, vivendo tudo apenas em sua
cabeça. A maconha estimula o centro intelectual, a princípio de forma
inofensiva, mas a longo prazo ela se transforma em uma patologia de
percepção errônea do mundo, cheia de fantasia e devaneio.
"O viciado em maconha passa a acreditar que pensar e viver é a
mesma coisa... tende a manter o indivíduo em um estado prolongado
de imaturidade.
A hiperatividade mental proporciona a sensação de resolver
inúmeros problemas, de ter ideias 'geniais', de entender coisas

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complexas. Entretanto, é característico observar que esses mesmos
sujeitos têm extrema dificuldade em concretizar essas ideias, em
inscrevê-las dentro da matéria, em realizá-las na vida cotidiana.
Tendem a permanecer no discurso oral ou escrito, muitas vezes
prolífico até chegar à verborragia, talvez brilhante (fascínio intelectual),
mas indigesto (peso intraduzível em ações)" (Dr. Jacques Mabit).
O autoconhecimento busca acalmar a mente, eliminar o ego,
cuidar da energia e vitalidade do corpo e, como podemos ver, com o
consumo de drogas, ainda que seja fumando a "erroneamente chamada
inofensiva maconha", nunca o conseguiremos, porque o que fizermos
com as mãos, destruiremos com os pés.
É impossível se auto-observar conscientemente sob os efeitos
dessas drogas ou do álcool, de modo que o avanço espiritual fica
interrompido para o viciado em drogas e para o alcoólatra.

1.4 RESSENTIMENTO E PERDÃO


Quanto ressentimento é capaz
de sentir o homem, sem se dar
conta de como destrói seu
coração....
Cada pensamento, baseado
em uma memória do ontem, que
tem alguma relação com a dor ou a
humilhação, nos faz guardar algum
tipo de rancor em relação a algo ou
alguém.
Esta atitude nos torna vítimas das circunstâncias, porque alude a
alguma injustiça ou algum ultraje importante, ainda que às vezes seja
devido a situações simples, como a falta de um cumprimento ou de um
olhar.
Esse pensamento corrói nossa mente e obscurece a luz de nosso
coração, pois envenena silenciosamente nossa consciência.
Diga-me uma coisa, meu amigo leitor, acaso o ressentimento, a
raiva, a ofensa sentida faz com que o evento ocorrido no passado se
modifique de alguma forma? Sem dúvida, a resposta é clara...
Então, de que nos pode servir carregar um peso tão imenso e

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irrelevante dentro de nós?
O ressentimento só pode ser vencido através da compreensão; essa
grandiosa virtude que nos permite vislumbrar que tudo tem um porquê,
que é merecido, que são as leis da natureza que nos compensam, etc.
A compreensão também nos faz sentir compaixão pelas ações da
pessoa que, supostamente, nos prejudicou, para não guardarmos
nenhuma emoção negativa que perdure e nos afete.
Sem dúvida, o "orgulho ferido" é a emoção que se vê afetada em
nosso interior para sentir rancor. Portanto, vemos que novamente o
problema é nosso e não do outro que o causa a nós.
Se removermos o orgulho de nossa psique, nos sentiríamos
afetados se alguém não nos cumprimentasse na rua? Com o orgulho,
acreditamos que estamos de alguma forma punindo quem nos
machucou, e não nos damos conta de que, através deste sentimento
daninho, vamos silenciosamente abrindo uma ferida interna, que
amanhã se transformará em uma doença.
Não devemos esquecer que, para ser curados de algo, o perdão é
um requisito, e isso é conseguido através de pura compreensão e morte
psicológica dos "eus" que fundamentam o ressentimento, tais como a
vingança, a quaixa, a tristeza, o orgulho, etc.
O perdão libera dos laços que amargam a alma e adoecem o
corpo. O que cura é o perdão (amor) e a gratidão.
Perdoar ao próximo é requisito para a cura, "primeiro perdoa e
depois se cura".
Não devemos esperar que a pessoa que nos agrediu mude ou
modifique seu comportamento, porque, o mais provável é que essa
pessoa não mude, e inclusive se torne pior.
Ao não perdoar, o ego está no controle de nossa vida e quer, a
todo custo, castigar ou cobrar o agressor.
O perdão deve se realizar "sem expectativas", sem esperar que
nada aconteça. Se esperarmos que o agressor aceite seu erro, estaremos
esperando em vão e gastando nosso tempo e nossas energias em uma
situação que talvez jamais chegará.
A falta de perdão é um veneno destrutivo para o espírito, pois
impede a expressão do amor.
Todos são capazes de amar um amigo, mas amar aquele que o
prejudicou só o fazem os compreensivos, aqueles que são capazes de se

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elevar acima de seu próprio sofrimento.
"Quando não nos entendemos com alguma pessoa, podemos ter a
segurança de que esta é a própria coisa contra a qual é preciso trabalhar sobre
nós mesmos" (Samael Aun Weor).

CAPÍTULO 2
AUTOCONHECIMENTO
2.1 VER-NOS TAL QUAL SOMOS
Uma das tarefas mais importantes do
homem é aprender a ver a si mesmo tal
qual é e não como aparentemente acredita
ser.
Para nos vermos como somos,
devemos aprender a sair dos conceitos
mentais que tenhamos de nós mesmos,
fundamentados em crenças, lembranças
vagas ou conveniências pessoais, dado que
nos impedem de conhecer a nós mesmos.
Somente tirando a "máscara",
poderemos ver o verdadeiro ator de nossa
vida.
Para nos vermos tal qual somos, devemos aprender a desenvolver
o sentido da "Auto-observação Psicológica", o qual nos permitirá ir
descobrindo essas facetas ocultas de nós mesmos, que talvez os demais
possam ver, mas que juraríamos não ter.
Cada um tem uma "Falsa imagem de si mesmo".
Estamos acostumados a ver o diabo fora de nós mesmos,
acreditamos que os outros são os malvados, os culpados, os traidores;
e nós, mansas ovelhas, não temos culpa de nada, somos apenas vítimas
de um mundo cruel.
Poucos são os valentes que se atrevem a olhar para si mesmos para
além de suas crenças, de suas próprias conveniências, além do que lhes
parece ser. Esses poucos que se atrevem são os que alcançam o

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Autoconhecimento.
Quando começamos a nos auto-observar, quando começamos a
observar nossa maneira de pensar, de sentir e de agir, começamos a
descobrir uma série de ideias carregadas de inveja, uma série de
sentimentos carregados de raiva, e descobrimos como, por trás de nossa
maneira de agir, se escondem intenções negativas de causar dano e
prejudicar ao próximo ou a nós mesmos.
Por que você fala mal de seu irmão? É realmente imparcial em suas
decisões? Está seguro de que seus pensamentos se fundamentam na
verdade? Está seguro de que a sua ânsia pelo protagonismo é guiada
pelo amor?... reflita e compreenda, antes que a noite fria lhe cubra com
seu manto gelado.
Somente tendo uma "Atenção Ativa" a nós mesmos, nos
permitiremos sair do autoengano e perceberemos que não somos tão
bons quanto acreditávamos ser.
"Que um homem honrado, incapaz de tomar jamais algo alheio,
honorável e digno de toda honra, descubra, de forma insólita, uma série de
‘eus’ ladrões habitando nas zonas mais profundas de sua própria psique, é algo
espantoso, mas não impossível" (Samael Aun Weor).
Por isso dizemos que: "Preferível é saber-se mau do que crer-se
bom"; já que aquele que se crê bom não fará nada para se corrigir
(porque já é bom), continuará se autoenganando pelo resto de seus dias
em sua falsa bondade. Muitas pessoas simplesmente vegetam dia a dia
e vivem com o consolo de crer-se melhores do que o resto.
No entanto, aquele que valentemente começa a descobrir sua
própria maldade, capacita-se a se arrepender e lutar contra essa faceta
negativa de si mesmo, contra essa maldade que turva sua mente e seu
coração.
Cada pessoa é "como um espelho", no qual vemos refletidos nossos
próprios defeitos psicológicos; quando criticamos alguém, é porque
temos esse mesmo defeito em nosso interior e o vemos refletido na
outra pessoa, por isso nos incomoda e a julgamos, a sentenciamos.
Quer conhecer a si mesmo?... auto-observe-se, coloque atenção à
sua mente e aos seus sentimentos, para descobrir as intenções ocultas
que possa haver em seu proceder. Dessa forma, irá descobrindo suas
invejas ocultas, suas más intenções camufladas.
Por isso, são poucos os que alcançam o Autoconhecimento,

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porque são poucos os que alcançam esta sinceridade consigo mesmos.
A maioria prefere continuar em autoengano, acreditando que estão
indo bem, jurando que o fizeram com boas intenções.

2.2 NOSSA MENTE: GUARIDA DO EGO


O básico para o
Autoconhecimento é estudar e
conhecer nossa própria mente. O
ponto de partida do conhecimento
de si mesmo está na compreensão
do que nela se manifesta.
Se queremos mudar, devemos
fazê-lo em nossa maneira de pensar.
Na mente se manifestam
nossos medos, dúvidas, tristezas,
memórias, raiva, etc.
É essencial compreender que o ego (eu, mim mesmo, si mesmo)
usa nosso centro intelectual (mente) para se manifestar. O ego - que nos
lembra a palavra egoísta: primeiro eu, segundo eu, terceiro eu - é uma
multiplicidade psicológica que mantém nossa mente em um contínuo
estado de desordem e desconcentração.
Passamos de um pensamento a outro; de uma ideia a outra;
prometemos e não cumprimos; pensamos bem de alguém e depois mal;
juramos amor eterno e depois odiamos. Este sem fim de ideias e
contradições tem sua base e fundamento em nosso querido ego.
Enquanto o ego existir em nosso interior, esta desordem continuará.
A quem não ocorreu de que ia a um lugar e, chegando lá, se
pergunta: "para que mesmo eu vim aqui?"; isso é por desconcentração,
por estar fazendo uma coisa, mas pensando outra.
A mente é de natureza feminina, portanto, deve ser "passiva e
receptiva"; mas o abuso dela a tornou masculina, "ativa e penetrante".
Como estiver a nossa mente, assim também estará nosso coração.
Por trás de todo pensamento há um pensador; eliminando o
pensador (o ego), acalma-se a mente.
O estresse, a insônia, o medo, a ansiedade, as preocupações se
fundamentam em uma "mente ativa".

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Este trabalho interior começa trabalhando sobre nossa própria
mente, devolvendo-lhe sua principal característica, que é: "ser passiva".
Por que és tão reacionário? Por que só ouves a ti mesmo? Estás
seguro de que sempre tens a razão? Tuas ideias e projetos beneficiam a
quem?...
A vida moderna está acelerada, porque nossa mente está
acelerada, porque há muito caos em nosso interior, muito ego.
A mente é nosso labirinto, nosso cárcere, e devemos nos libertar
dela; somente assim iremos saborear a autêntica felicidade, a
serenidade, a paz, a tranquilidade do coração.
Na mente está o tempo, o passado e o futuro, as memórias e as
projeções. O inconsciente (ego) se vale de tudo isso para nos fazer
sonhar e nos impedir de viver o presente.
Ao nos libertarmos da mente, nos libertamos do tempo e
começamos a viver de instante a instante. Começamos a nos conectar
com nossa consciência, que está mais além do tempo, mas que
lamentavelmente está encarcerada no ego, presa na multiplicidade
psicológica.
A mente como um instrumento é extraordinária, mas pode estar a
serviço do ego ou da consciência. Utilizada pelo ego, manifestará
pensamentos negativos, raivas, ressentimentos, sonhos. A serviço da
consciência, alcançaremos a inspiração, a intuição, a concentração, etc.
Atualmente nossa mente gira em torno do "mais"; mais dinheiro,
mais títulos, mais bens materiais, mais reconhecimento.
"Rico não é aquele que muito tem, mas aquele que menos
necessita".
Quem se liberta do ego (mente), liberta-se do reino da
inconsciência, da escuridão psicológica e pode descobrir o Templo de
seu SER em seu próprio coração, aqui e agora.

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2.3 OS PROBLEMAS SÓ EXISTEM EM NOSSA MENTE
A vida é cheia de dificuldades.
Essas adversidades são necessárias para
o crescimento, para o aprendizado,
fazem parte do "Grande Plano Mestre",
que dá uma infinidade de
oportunidades à alma para
compreender o motivo de nossa
existência.
Quando permitimos que essas
dificuldades (que são externas a nós
mesmos) ingressem, se alojem e permaneçam em nossa mente, "criamos
um problema".
"É urgente deixar de criar problemas na mente".
Os problemas são, portanto, formados pela mente, lá se gestam e
lá eles ficam; tornam-se parte de nós mesmos, nos acompanham em
nossa vida diária, dando voltas em nossa mente, e muitos deles
continuam nos sonhos.
"Diga-me com o que sonhas e te direi quais são teus problemas".
Esta "identificação" da mente com os infortúnios da vida é o que
torna nossa mente cheia de problemas.
Devido a nossa inconsciência, a nossa falta de compreensão, a
mente vai acumulando mais e mais problemas dentro de si, até que
finalmente colapsa.
Se quer aprender a não ter problemas, não deixe que eles se
formem em sua mente, deixe as contrariedades do lado de fora, que é
aonde elas pertencem.
Quando criamos um problema, vamos nos enchendo de tensão,
de angústia, de dor.
Aprendamos a deixar cada coisa em seu lugar, a mente não foi
feita para ser carregada de problemas.
Há, inegavelmente, certas circunstâncias difíceis que tivemos ou
teremos que viver; no entanto, ao irmos compreendendo tudo isso,
vamos nos conectando mais com nossa alma, a qual está mais além da
mente. Esta alma, imortal e eterna, permitirá nos sobrepormos à mente
e aprender a olhar as adversidades com maior aceitação, com maior
entrega, sem tanta resistência, pois é esta última que cria a identificação

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e a dor.
Todo bom trabalhador, quando encontra uma dificuldade em seus
deveres e não descobre a solução, deve se aproximar de seu Chefe
imediatamente superior, para indicar a dificuldade e pedir ajuda e
orientação, caso contrário pode haver um desgaste inútil de energia e
perda de tempo. Em tua vida ocorre a mesma coisa, quando encontres
uma dificuldade e não descubras a solução, vá até seu Chefe direto e
entregue-lhe o problema para que ele o solucione.
Teu chefe direto é Deus, entregue a Ele aquelas coisas que não
podes solucionar, ao problema "passe-o para cima", direto à chefia e
espere as orientações, com calma, tranquilidade, fé. Deus responde
através de sinais; esteja atento aos sinais, às orientações e guias do
Grande Chefe.
Não és dono de nada, tudo o que possuis terás que deixar em
algum momento de tua vida: tua casa, tuas coisas, teus filhos, teu
cônjuge, teu trabalho, teu corpo; tudo, absolutamente tudo.
A palavra preocupação significa "pré = antes de"; ou seja, antes de
se ocupar. Nós nunca devemos andar preocupados, mas "ocupados".
A preocupação é aquele interminável rolo mental que não nos
deixa dormir, que está constantemente rodando na cabeça e só nos
rouba energia, enfraquecendo-nos, amargurando-nos.
Nada deve nos preocupar. É precisamente aquilo com que
estejamos preocupados que indica onde o ego está mais identificado,
onde a consciência está mais adormecida.
"O Mestre Interior nos fala em forma de Intuições. Se o homem
obedecesse a essas Intuições, viveria sem problemas" (Samael Aun Weor).

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2.4 A IMPORTÂNCIA DE APRENDER A RECONHECER
NOSSOS ERROS
A pior coisa que pode acontecer
a um homem é morrer sem ter
reconhecido e corrigido seus erros....
Quando se trata de julgar a nós
mesmos, não somos os melhores
juízes. Por isso, é bom escutar
atentamente aqueles que nos indicam
um erro que cometemos.
Entretanto, a tendência natural
de nossa psique é não querer
reconhecer nosso erro, pensar que é o outro que está equivocado, que
eu o fiz sem querer, que "não tem nada a ver, você não me entende".
Acabamos nos justificando, sem escutar quem nos fala e, "para
variar", escutando a nós mesmos, a nossa própria mente, escondendo-
nos com o traje da inocência.
E o que é pior, em alguns casos, reagindo com raiva porque nosso
orgulho de "boa pessoa" foi ferido.
"A ira e o orgulho" comem no mesmo prato, sempre se juntam
para defender nossa suposta inocência.
Ante toda atitude de raiva se esconde o orgulho ferido. Ira e
orgulho sempre se confabulam para emergir ambos do subconsciente e
se manifestar.
Todo iracundo é um covarde, porque não ousa enfrentar o
problema com tranquilidade, com valor; em serenidade e amor.
A ira é nosso escudo para defender até a morte nossos erros não
assumidos.
O mau caráter, o mau temperamento são manifestações da ira,
muito comuns hoje em dia na psique humana.
Se não reconhecemos nossos erros, seguimos pelo pior dos
caminhos, o da "cegueira" para consigo mesmo.
"Seja valente, reconheça teu erro e o corrija".
Sem dúvida, aquele que não reconhece seus erros quando outra
pessoa o faz vê-los, é porque está acostumado a não reconhecê-los
quando sua própria consciência lhe indica.

18
Somente abrindo nossas mentes, dando-nos a possibilidade de
estarmos equivocados, recuperando a honestidade com nós mesmos,
seremos capazes de ir além de nossos erros, além do que até agora
somos.
"Mais sabe o diabo por velho do que por diabo".
O mais fácil é ver os erros nos demais; criticar e julgar é o mais
cômodo a fazer. Não reconhecer nossos erros é um tremendo obstáculo
ao Autoconhecimento, permanecemos estagnados, detidos e, o que é
pior, vamos piorando.
O tempo não torna ninguém melhor, o tempo apenas fortalece o
ego; porque o ego é do tempo, vive no tempo, é tempo. Não
esperemos que com o tempo vamos ser melhores.
Com o passar dos anos, como a mente vai se fortificando, torna-
se mais difícil reconhecer nossos erros, tornamo-nos mais cabeças-duras,
mais teimosos, mais enrijecidos.
"É irônico tornar-se um erudito e não saber nada sobre si mesmo"
(Samael Aun Weor).

2.5 ESSÊNCIA, CONSCIÊNCIA E ALMA


A essência é a matéria-prima para
fabricar alma, é um embrião de alma. É o que
torna bela uma criança recém-nascida, na qual
apenas se expressa sua essência, sua pureza.
Ao falar de Essência, falamos de Deus
mesmo dentro de nós. Nossa verdadeira
natureza é a Essência, ela se expressa como
um conjunto de virtudes, poderes, atributos
dentro de nós.
É o que nos faz nos arrependermos,
refletirmos, amarmos verdadeiramente,
intuirmos, etc.
A essência vai se desenvolvendo em
pequenas porcentagens, através de trabalhos conscientes e
padecimentos voluntários.
Espiritualmente, o termo Beleza é aplicado à essência. A beleza
está dentro.
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A essência nos confere o conhecimento de nós mesmos, nos
permite o Autoconhecimento. Portanto, se quisermos conhecer o
aspecto superior de nós mesmos, temos de nos ligar mais com nossa
essência.
Para que a Essência cresça e se desenvolva dentro de um indivíduo,
é necessário um trabalho sério sobre si mesmo.
"O desenvolvimento da Essência só é possível à base de trabalhos
conscientes e padecimentos voluntários..." (Samael Aun Weor).
Lamentavelmente, nossa Essência se encontra presa (engarrafada)
dentro do ego. Aqui a importância de eliminar o ego, posto que na
morte do ego está a liberação de nossa Essência. Cada vez que se elimina
parte do ego, a Essência se libera e se transforma em Consciência. A
Consciência é, portanto, a Essência liberada, emancipada, desperta,
resgatada das garras do ego.
A natureza do ego é a dispersão, a desagregação, e a natureza da
Essência é a unificação, a integração.
À medida que se vá trabalhando na dissolução do ego, a Essência
emancipada vai se fusionando, vai se integrando, vai se unificando em
uma grande consciência, e essa Consciência, com o tempo, forma nossa
alma.
Quando se elimina o ego, começa-se a sentir as faculdades de nossa
Essência, tais como o amor, a paciência, a felicidade, a alegria de viver.
O despertar é um processo de morte do ego. A morte precede o
despertar, porque o despertar é um nascimento para outra realidade,
para outra dimensão (Mundo Astral), só assim se cristaliza a alma.
Vejamos, pois, a sequência para formar nossa alma. Sem a
eliminação do ego, é impossível chegar a ter alma.
Alguns grupos pseudoesotéricos dizem que nossa consciência
mudará positivamente, em uma grande rede, de uma hora para outra,
sem o intermédio de nenhum trabalho interno de eliminação de
defeitos psíquicos nem de transmutação da energia sexual. Tudo isso
serve apenas para fortalecer a preguiça e nos manter afastados do
verdadeiro trabalho interno.
A nova consciência se fundamenta na morte da "não-consciência"
(ego).
Aquele que acredita que o tempo desenvolverá sua consciência
está terrivelmente equivocado. O desenvolvimento da Essência não tem

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nada a ver com o tempo. Para Deus, 1000 anos é como um segundo e
um segundo é como 1000 anos, posto que em um segundo podemos
eliminar um defeito que nos prendeu durante 1000 anos.
O desenvolvimento da essência se dá pela "ação"; há muitas
pessoas preguiçosas que deixam passar os anos sem trabalhar nada em
si mesmas, sem haver formado sua alma, sem haver cumprido o motivo
fundamental da existência.

2.6 AMOR, FELICIDADE E PAZ


O amor, a felicidade e a paz não podem
florescer até que nos tenhamos libertado do
domínio da mente.
O amor, a alegria e a serenidade são
estados profundos do Ser, provêm de
dimensões espirituais, de uma consciência
livre, conectada com seu Ser.
O amor é felicidade, é liberdade; o amor
é dar.
O pior é confundir o amor com o
desejo; o desejo é a antítese do amor. O amor
verdadeiro nunca nos faria sofrer. O
sofrimento é parte da inconsciência, da incompreensão, do ego, mas
jamais do puro e legítimo amor.
Nunca devemos confundir a felicidade com o prazer. A felicidade
nasce da alma e não depende de nada nem de ninguém; a felicidade é
contínua, não tem princípio nem fim, é o resultado da conquista de si
mesmo, é a expressão de nossa própria consciência livre e soberana.
"A maior alegria para o gnóstico é celebrar a descoberta de algum de seus
defeitos" (Samael Aun Weor).
O prazer, pelo contrário, como simples satisfação dos sentidos,
tem um princípio e um fim, é uma resposta química a certos estímulos
do corpo físico, não é da alma.
Não é correto o que se diz por aí que a felicidade é a soma dos
momentos felizes da vida.
"Onde termina o prazer, começa a dor". O que hoje nos dá prazer
sensual amanhã nos dará dor física. O prazer sensual e a dor física são a
21
mesma substância, colocada em extremidades diferentes do pêndulo
emocional da vida.
O ego sempre vai querer te vender “gato por lebre”.
Não deixe que te confunda, precisamos recuperar a verdadeira
alegria de viver, de Ser, de existir.
"A essência da vida é Ser Feliz", se não és feliz, estás falhando no
essencial da vida.
"O único requisito que há para ter direito à verdadeira felicidade é, antes
de tudo, não ter ego" (Samael Aun Weor).
A paz não é alcançada com tratados, com assinaturas, com papéis.
A paz é individual, é a conquista do coração tranquilo. Podemos viver
no meio da guerra e estar em paz.
"A paz não se busca, se irradia".
Viver em paz é uma escolha de vida, não importa o que aconteça,
nunca perca a paz de seu coração.
Quanto vale a paz? Não tem preço, não é? Portanto, se trocas tua
paz interior por uma cara feia ou palavras que ferem, fizeste um "mau
negócio".
"A felicidade e a paz são irmãs; e ambas são filhas do amor".
Não condiciones tua alegria e tua paz a um determinado evento,
"que se tal coisa não tivesse acontecido, eu seria feliz", essa é a armadilha
do ego, condicionar-te ao tempo e a eventos passados para te manter
na infelicidade, no ressentimento.
Não há que se deixar perturbar nem pela alegria nem pela tristeza.
"Há que perseverar na paz suprema".

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2.7 A LIBERDADE
A palavra liberdade fascina muitas
pessoas.
Quanto sangue já foi derramado no
mundo por esta palavra....
Hoje em dia, há muitos que dizem
buscar a liberdade, mas só seguem seus
"caprichosos conceitos mentais de liberdade".
Assim é o ego, de tudo faz um ideal,
mantendo-nos presos em sua jaula mental.
A liberdade é obtida com a conquista
de si mesmo, quando descobrimos o que nos
causa uma sensação de aprisionamento, de
limitação, de estancamento.
As verdadeiras grades que encarceram o ser humano não são
físicas, são psicológicas, são mentais, baseadas em recordações, raivas,
mágoas, rancores, etc.
As barras da mente nos mantêm encarcerados na jaula da dor e
do sofrimento, cobrando constantemente dos outros e da vida nossa
falta de liberdade, sem chegar a compreender a fundo o
autoaprisionamento.
"O fundamento da liberação é o Conhecimento e a Ação,
conhecimento sem ação é preguiça e ação sem conhecimento é tolice".
À medida que o ego vai morrendo, vamos experimentando em
nós mesmos aquilo que chamamos de liberdade.
Ego morto é grade destruída, é expansão alcançada, é
independência, autonomia.
O apego às coisas, às pessoas, ao dinheiro, cria a sensação de
falta de liberdade. Há aqueles que abandonam suas famílias, que
renunciam a seus empregos, buscando a emancipação.
Toda busca pela liberdade fora de nós mesmos é um
autoengano, é querer alcançar algo superior através de um ato inferior.
O sentimento profundo de liberdade que vai alcançando aquele
que começa a morrer em seus vícios, em seus defeitos, tem um sabor
que o ego não conhece.

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Nós não conhecemos o sabor da liberdade, temos apenas
formosos conceitos, belos ideais. Uma pessoa pode estar prisioneira,
mas sentir-se completamente livre.
Quanto maior a liberdade, maior a felicidade; e vice-versa.
"Qualquer intento de liberação, por grandioso que este seja, se não
tiver em conta a necessidade de dissolver o ego, está condenado ao fracasso"
(Samael Aun Weor).
Escreva em teu caderno o que te impede de ser livre, o que não
te permite "cavalgar pelos ares", o que te mantém escravo das coisas e
das pessoas.
Liberdade não é libertinagem. Liberdade não é fugir.
Somente SER. Eis a verdadeira liberdade, duradoura,
incondicional, plena. A liberdade é alcançada dentro, em absoluto
respeito e responsabilidade.
Queres ser livre? Conquista-o dentro de ti.
"Não há caminho para a liberdade, a liberdade é o caminho"
(Indira Gandhi).

2.8 CONHECEI A VERDADE


"A verdade é libertadora”. Se
alguém recebe um ensinamento e
este não lhe dá soluções, não o ajuda
a sair do problema, não é a verdade.
Toda verdade, por dura que seja,
nos levará a uma maior liberdade.
O Zen diz: "Não procures a
verdade, simplesmente abandona
tuas opiniões".
É urgente chegar à síntese que
têm os orientais sobre a consciência, para chegar a conhecer a verdade.
A verdade está em nosso interior, mas a mente não nos permite
vê-la. Nossa mente nubla e enreda tudo, esconde de nós a verdade sob
um véu de lógica intelectual, de crença, de suposição, de entendimento.
"Não intelectualizes nada, compreenda tudo. Não acredites em
nada, investiga tudo. Não suponhas nada, conhece tudo".
A verdade se oculta dentro da ignorância, a luz está dentro de tua
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escuridão, tua consciência está oculta dentro de teus erros, a felicidade
e a paz jazem aprisionadas dentro de teu sofrimento.
Destrói tua ignorância e conhecerás a verdade, destrói tua
escuridão e conhecerás a luz, desintegra teu ego e terás consciência,
deixa de sofrer e serás feliz... É muito difícil de compreender?
"A verdade só se percebe com os olhos do coração".
A mente não conhece a verdade, a verdade não é da mente. A
mente se move dentro da crença e da dualidade; e a verdade é a
veracidade e a assertividade. Não é através do estudo intelectual que
chegamos à verdade. A verdade não se estuda, se sente, se vive.
A verdade é da consciência e obedece ao amor, a mentira é do
ego e corresponde ao desejo.
Vivemos em um mundo de mentiras, de enganos e falsidades. A
verdade vem até nós, mas nossa escuridão (ignorância, sabichonice,
medo) não nos permite reconhecê-la.
"A Verdade não é questão de sofismas, conceitos, opiniões. A Verdade
só pode ser conhecida através da Experiência Direta. A Mente só pode opinar
e as opiniões nada têm a ver com a Verdade" (Samael Aun Weor).
A verdade está dentro de ti, tua consciência o sabe; mas o ego com
sua lógica intelectual se encarregou de ocultá-la, esse é o sonho da
consciência.
Como você já conhecia a verdade, este livro está destinado a
simplesmente lembrar-te dela.
Jesus disse: "Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará".
O próprio conhecimento da prisão psicológica no ego, a
compreensão de que as grades de nosso cárcere estão em nossa própria
mente egoica, o profundo entendimento de que somos escravos do
desejo do ego, nos permitirá trabalhar para sair desse estado de
inconsciência e alcançar a tão anelada "verdade".
"A mentira dói e adoece; a verdade, por mais dura que seja, traz
luz”.

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2.9 A MENTIRA
A mentira atenta contra a verdade, ou
seja, contra Deus, porque Deus é a verdade. A
mentira é um pecado contra o Pai, é um curto-
circuito para a energia luminosa do Ser.
"Conhecei a verdade e ela vos libertará,
conhecei a mentira e ela vos aprisionará".
Não existem as "mentirinhas brancas"
nem as mentiras piedosas; a mentira é mentira
e ponto.
"Quem mente, mente a si mesmo".
Se basear sua vida em mentiras, só
encontrará escuridão.
Toda mentira fortalece a covardia, devido a não termos o valor
de enfrentar as coisas com a verdade, termos medo de "perder".
Preferimos perder o vínculo com nosso Ser a perder um objeto, um
julgamento, dinheiro, um cônjuge, dizendo uma mentira.
Em nosso estado atual de consciência, não conhecemos a verdade
e, o que é pior, acreditamos conhecê-la. Cada um de nós tem uma
versão mais ou menos deformada da verdade.
Em contínua e atenta auto-observação, vamos descobrindo nossas
facetas mentirosas, as quais muitas vezes passam despercebidas até para
nós mesmos.
"É indispensável lutar até a morte contra a fantasia acerca de nós
mesmos, se é que não queremos ser vítimas de emoções artificiais e experiências
falsas que, além de nos pôr em situações ridículas, detêm toda possibilidade de
desenvolvimento interior" (Samael Aun Weor).
O carma do mentiroso é a deformidade física, pessoas que em
existências anteriores basearam sua vida em mentiras, hoje devem
aprender a viver em um corpo deformado, amorfo, resultado de suas
contínuas mentiras.
A verdade dói, mas a mentira mata.
"A mentira de hoje é a escuridão de amanhã".
Lamentavelmente esta sociedade se fundamenta em mentiras: os
políticos mentem, os líderes espirituais mentem, o homem mente à
mulher para conquistá-la, a mulher mente ao homem para não perdê-
lo, os pais mentem a seus filhos com o "Papai Noel", etc.
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Há falsos guias espirituais que te entregam dez verdades para
convencer-te e depois te dizem apenas uma mentira e te destroem.
A matemática é simples, menos com mais dá menos; ou seja, se eu
disser dez verdades e depois uma mentira, o resultado final é negativo,
escuro.
Somente a verdade se sustenta a si mesma.
"Aquele que fala mentiras não conseguirá ficar firme perante meus
olhos". (Salmos 101:7).
Deve-se dizer a verdade custe o que custe. Somente aquele que
caminha sempre com a verdade conhecerá a luz de seu Ser.
Enquanto a consciência permanecer adormecida, não veremos a
diferença entre a verdade e a mentira; quando começa a despertar,
vamos compreendendo que mentir é um erro grave, que nos estanca
espiritualmente, que vai destruindo todo o trabalho que façamos para
o Ser.

2.10 ESTRUTURAS MENTAIS


A prisão está em nossa mente, as
barras sendo as estruturas mentais que
temos criado com o passar dos anos,
os ensinamentos recebidos, a lógica
intelectual inconsciente, as suposições.
Essas estruturas mentais,
autocriadas ou impostas pelo meio,
não nos permitem avançar, nos
limitam, restringem e enrijecem,
deixando a mente em um estado de
restrição.
Durante o trabalho de auto-observação e transformação interna,
essas estruturas rígidas começam a ser descobertas e eliminadas
gradualmente, de modo a ir devolvendo a liberdade consciente à
mente; recuperar a inocência, mas com consciência.
Devolver a ductilidade à mente está entre as tarefas primordiais de
todo aquele que queira ir além de si mesmo.
"O pensamento deve fluir silencioso, sereno e integralmente, sem o
batalhar das antíteses, sem o processo do raciocínio, que divide a mente entre

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conceitos opostos" (Samael Aun Weor).
É impossível destruir qualquer uma dessas estruturas se não forem
primeiramente observadas e compreendidas em nossa mente.
A "deformação profissional" dos estudos superiores e universitários
vai nos limitando muito, já que, ao alimentar exclusivamente a mente,
sem permitir processos profundos de reflexão e compreensão das
matérias aprendidas, cria apenas estruturas lógicas, desprovidas da
emotividade superior.
Para quebrar as estruturas mentais, devemos eliminar o
estruturador, o rígido, teimoso e sabichão ego.
Durante a infância, nos primeiros sete anos de vida, também se
criam certas estruturas mentais e emocionais, com base no exemplo e
nos ensinamentos dos pais, irmãos, amigos, colegas; mas todas essas
estruturas ou maus hábitos se veem reforçados por nossa própria mente
e falta de consciência que vem de tempos pré-uterinos.
Não devemos culpar ninguém por nossas atuais limitações e
estruturas mentais, mas sim observá-las a fim de compreendê-las e
eliminá-las.
Para nos conhecermos plenamente, devemos nos desestruturar de
uma série de preconceitos, hábitos, costumes, ideias rançosas, supostas
virtudes, que foram se criando em nossa mente devido a nossa forma
limitada de perceber o mundo e a nós mesmos.

2.11 A DUALIDADE
A mente não conhece a verdade
porque ela se move em constante
dualidade, sempre de um extremo a
outro, no eterno fluir das antíteses.
Ante qualquer dúvida da mente são
sempre apresentadas duas alternativas,
sim ou não, vou ou fico, sigo ou paro,
viro à esquerda ou à direita. Uma vez
tomada uma decisão, mais duas se abrem, e assim eternamente...
Esta dualidade constante à qual estamos submetidos tem como
objetivo ir desenvolvendo o "Discernimento", a capacidade de distinguir
entre o que é bom e o que é ruim, entre o que vem da luz e o que vem

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da escuridão.
A dualidade, como lei, é necessária para permitir o "livre arbítrio",
que é algo intocável no universo: "Ninguém pode ser obrigado a nada".
E quem queira ser mau, também tem o direito a sê-lo. Nossa mente só
se dá conta de sua decisão equivocada ao ver as consequências negativas
de sua escolha.
"Deus não faz Anjos à força" e até os próprios demônios
escolheram sê-lo. Lamentavelmente, por causa de nossas más decisões,
hoje quase só vivemos na escuridão, raras vezes conseguimos ver a luz
no caminho.
Para desenvolver o discernimento e não nos perdermos na
dualidade da mente, devemos aprender a escutar a voz do coração,
devemos aprender a "Pensar psicologicamente, desenvolver a
Inteligência Emocional". Deve-se pensar com o coração e sentir com o
cérebro.
A assertividade é apenas do coração, é apenas da inteligência
emocional, da intuição, do verbo silencioso.
O ego se aproveita desta dualidade intelectual para nos confundir,
para nos fazer duvidar, para nublar o caminho e nos manter presos na
confusão e no erro.
A dualidade alimenta a dúvida; e a dúvida fortalece o medo. Dessa
forma, a dualidade, a longo prazo, engendra medo.
"A origem da dúvida está no medo e na dualidade".
Enquanto seguirmos na vida caminhando pelo sendeiro da
dualidade, dificilmente poderemos encontrar o caminho para o nosso
despertar da consciência, dificilmente regressaremos ao Ser.
O caminho do autoconhecimento nos levará a sair da dualidade e
começar a caminhar pela senda da certeza, da objetividade, da
convicção, da fé.
"A mente dividida pelas comparações, a mente escrava do dualismo,
destrói o amor. A mente dividida pelo batalhar dos opostos não é capaz de
compreender o novo, se petrifica, se congela" (Samael Aun Weor).
Lembre-se de responder as perguntas reflexivas sugeridas na
introdução deste livro e escrever as respostas em seu caderno pessoal
antes de passar para o capítulo seguinte.

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2.12 O DISCERNIMENTO
O discernimento é a capacidade
que tem nossa consciência de
diferenciar entre o real e o irreal, entre
o bom e o ruim, ou melhor dizendo,
entre o correto e o incorreto.
O discernimento requer
treinamento, considerando que hoje
estamos habituados a agir
mecanicamente: porque os demais
fazem o mesmo, porque estamos
acostumados, porque assim fomos ensinados.
Devemos aprender a discernir, a desenvolver a inteligência
emocional discernidora, já que isso é fundamental para compreender
nosso proceder e nos corrigirmos.
Dificilmente poderíamos trabalhar sobre nós mesmos sem
discernimento, sem compreensão.
Para sair do autoengano do ego, o discernimento é fundamental.
Nossas ações cotidianas, nossas decisões devem passar pelo filtro
do discernimento.
Por que temos determinadas reações? Por que fizemos isto ou
aquilo? A que se deve nosso proceder?
A tatuagem, o brinco extra, o piercing são formas que o ego tem
para chamar a atenção, para se sentir único, para ser diferente. Se
aplicarmos o discernimento, descobriremos uma série de "eus"
escondidos nessas decisões. Por exemplo: vaidade, luxúria, vazio
interior, pseudomística, rebeldia sem causa, imitação, etc.
O discernimento é básico para o entendimento, sem discernimento
não pode haver compreensão.
Se queremos compreender o ego, devemos aplicar discernimento
ao nosso comportamento.
Lamentavelmente hoje em dia o discernimento é deixado de lado.
A mente moderna não gosta de discernir, "lhe chateia", só se dá o
trabalho de aceitar ou rechaçar, sem uma reflexão profunda, sem
maturidade.
É uma lástima que os jovens saiam de seus estudos escolares sem
que se lhes haja ensinado a discernir, nem explicado a fundo o atuar da

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consciência e a sabedoria do coração na tomada de decisões.
O discernimento é um dom que vai se desenvolvendo à medida
que se vai morrendo no ego.
O ego não sabe discernir, só sabe condenar ou justificar.
O discernimento pertence à consciência, é uma faculdade dela,
muito útil para aqueles que queiram trabalhar sua psique.
Sem discernimento não há avanço, não há correção, não há
compreensão.
"A compreensão se dá quando o coração ilumina o conhecimento.
Quando o conhecimento adquire emoção”.
Lembremo-nos de que o ego se esconde no engano, na farsa, na
mentira. O ego sempre nos apresentará um filme diferente sobre o
assunto, acomodado a seus interesses...
O discernimento nos permitirá ir descobrindo todas essas
armadilhas do ego e nos mostrará aquilo que está oculto por trás de
nosso proceder.
"O Discernimento é Compreensão sem necessidade de raciocínio.
Devemos trocar o processo de raciocínio pela beleza da Compreensão" (Samael
Aun Weor).

2.13 A INTELIGÊNCIA
Se pedirmos a 10 pessoas uma
definição de inteligência, é provável
que obtenhamos 10 definições
diferentes.
Alguns dirão que ser inteligente
é ser um bom aluno, outros, ter boa
memória, ser feliz, ter a capacidade
de resolver problemas, a capacidade
de compreender, etc.
Para nós, "a inteligência é a
capacidade de descobrir o mal", é sem dúvida uma faculdade de nossa
própria consciência, de nosso próprio Ser.
Por ser uma habilidade, pode se desenvolver à medida que se usa.

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Qual é o "mal" que a inteligência vai descobrindo? Oras, o mal que
nos adoece, que nos prejudica, que nos afasta da felicidade, que nos faz
sofrer ou aos nossos semelhantes.
À medida que trabalhemos na destruição de nossa desordem
mental (falta de concentração, vícios, ira, orgulho), a inteligência vai se
desenvolvendo; vamos dando espaço para que se expresse nosso Real
Ser, nosso Espírito, o Mestre Interno.
"O importante na vida não é apenas conhecer a palavra inteligência,
senão experimentar em nós mesmos seu profundo significado" (Samael Aun
Weor).
A inteligência não é da mente, nem do tempo; caso contrário,
todos os anciãos seriam inteligentes e sábios, mas com o tempo, se não
se trabalha dentro de si mesmo, a mente vai se petrificando (em tantos
ontens) e, no final, termina lenta, teimosa, divorciada do presente.
Quanto mais trabalhemos com nosso lado escuro (inconsciente),
quanto mais descubramos nossa desordem interior, mais hábeis seremos
nisso e, portanto, nossa inteligência irá aumentando e irá nos mostrando
o que precisamos trabalhar em nosso interior, de modo a ir alcançando
a liberdade da mente.
À medida que desenvolvemos a inteligência, ela nos ajudará
depois a descobrir o mal em todas as facetas da vida, sejam problemas
pessoais, problemas psicológicos, decisões importantes, perigos, etc.; e
dessa forma seremos bons alunos, teremos boa memória, seremos
felizes, resolveremos problemas sem nos identificarmos, seremos mais
compreensivos, mais saudáveis.
A inteligência deve ir de mãos dadas com a "coragem"; e a coragem
com a "prudência".
A coragem vem do coração e a inteligência da consciência. Para
desenvolver a coragem é necessário sair da mente e conectar-se com o
coração.
Dizem que a inteligência é a capacidade de resolver problemas, no
entanto, podemos dizer que a Inteligência é a capacidade de "não criar
problemas". Há pessoas que passam a vida inteira solucionando
problemas, mas estão constantemente criando-os em sua mente,
enroladas e preocupadas com mil coisas...
A inteligência é uma virtude feminina, a mulher a possui, já que
pertence ao coração. O homem é sábio, a mulher inteligente.

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"O sábio tem conhecimento, o inteligente sabe administrá-lo".
Assim como em casa, o homem obtém o dinheiro, mas a mulher
o administra.

2.14 AMOR OU MEDO


Há apenas duas emoções:
Amor ou medo; de uma delas sai
o resto.
O inimigo do amor não é o
ódio, senão o medo. O ódio é
apenas uma consequência do
medo.
O medo é multifacetado, usa
múltiplas roupagens e se apresenta de uma infinidade de maneiras.
O objetivo de conhecer a si mesmo deve ser criar verdadeiros
homens e mulheres conscientes e inteligentes.
O que é ser consciente? Ser consciente é ser compreensivo, ter
clareza. O que é ser inteligente? Ser inteligente é saber discernir, é ser
reflexivo.
A inteligência provém do coração, não da mente. A inteligência
nasce do amor e nos levará à Compreensão, à Consciência.
"Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos" (O
Pequeno Príncipe).
Saber que algo é certo "em nosso coração" pertence a uma ordem
de convicção distinta do que pensá-lo com a mente racional.
Dar-se conta dos próprios sentimentos no exato momento em que
eles ocorrem constitui a base da "inteligência emocional".
Aquele que não desperta sua consciência nem desenvolve sua
inteligência fracassará na vida. Será sempre uma vítima de si mesmo.
A virtude de poder dominar-se a si mesmo nos permite fazer frente
aos contratempos emocionais da vida. Este domínio de si começa a se
desenvolver quando vamos descobrindo nossa própria inconsciência e
vamos eliminando-a de nosso interior.
O medo aprisiona e adormece o amor em nosso interior. O
desamor é o grande câncer desta civilização. Eliminando o medo de
nosso interior, começam a aflorar o Amor, a Coragem, a Confiança.

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A falta de felicidade, a falta de confiança em si mesmo, devem-se
a um "sentimento de vazio" e este falso sentimento gera medo.
Todas as emoções que se pode sentir provêm do Amor ou
do medo.

AMOR ≠ MEDO

Luz Escuridão
Consciência Ego
Fé Dúvida
Coragem Covardia
Saúde Doença
Compaixão Pena
Bondade Maldade
Carinho Agressividade
Relaxamento Tensão
Paciência Impaciência
Verdade Mentira
Liberdade Opressão
Compreensão Irreflexão
Criar Imitar
Corrigir Castigar
Plenitude Frustração
Doçura Amargura
Confiança Desconfiança
Tudo Nada
Lamentavelmente, nosso atuar hoje em dia está baseado no medo,
semeando o desamor, distanciando-nos da luz e da verdade.
Compreendendo a origem de meu proceder, entenderei o
resultado de minha vida.
Se semearmos uma semente de feijão em nosso jardim interior,
colheremos feijão, se semearmos milho, colheremos milho. O que
colheremos se semearmos ódio, rancor e violência?

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Todo iracundo, todo violento é um covarde, porque não tem a
coragem de enfrentar o problema sem ira.
"A violência é o escudo do covarde".
A imitação é o resultado do medo, por não se ter a valentia de ser
autêntico.
O que tem mais valor dentro de você, o Amor ou o medo?
Eliminando os defeitos de nosso interior, nascem as virtudes que
estavam presas dentro deles. Aquele que elimina o medo vai
conhecendo o Amor, aquele que elimina a raiva obtém a coragem.
Temos que pensar que o melhor é amar, pois se fizermos de nossa
mente um inferno, jamais seremos ditosos.
O maior êxito de nossa existência é a felicidade; e a pessoa que
odeia jamais será feliz.
Devemos aprender a desenvolver os "Valores ou Virtudes" dentro
de nós, como: Respeito, Tolerância, Amabilidade, Carinho, Cortesia,
Alegria, Amizade, etc.
O principal valor a desenvolver é a "VALENTIA", a coragem. Com
medo seremos sempre medíocres, temerosos, covardes. Essa valentia
utiliza sempre as vestimentas do Amor, nunca do medo ou da dúvida.
"Tudo está no Amor; não há nada no medo; aquele que ama não
necessita de nada".
A palavra Valente significa "Ser Forte", portanto, o
desenvolvimento dessas virtudes nos faz fortes na vida para enfrentar
as diferentes dificuldades. A palavra Virtude significa "Valor Físico", vem
do latim "Vir" (virilidade, herói, soldado).
"O Êxito na vida tem uma Mãe chamada Amor e um Pai chamado
Coragem".
No "Amor Valente" está a chave para nossa Transformação e todos
os nossos êxitos.

35
2.15 O EGO
Ego nos lembra a palavra
egoísta, primeiro eu, segundo eu,
terceiro eu; o ego é uma soma de
eus, é uma multiplicidade
psicológica, é como muitas pessoas
vivendo dentro de nós. O ego é
nosso subconsciente, é consciência
adormecida, infraconsciência.
O ego é um montão de vícios,
defeitos, erros, maus costumes.
É conhecido em todas as religiões por diferentes nomes, como os
sete Pecados Capitais (católicos): Luxúria, Ira, Cobiça, Inveja, Orgulho,
Preguiça e Gula. Cada um desses defeitos é considerado "Cabeça de
legião", do qual se desprendem milhares de outros defeitos. No Egito
antigo era conhecido como os "Demônios Vermelhos de Seth"; no
budismo como "As Três Filhas de Mara"; no Tibete como "Agregados
Psíquicos".
O ego tem se formado dentro de nós com o passar dos anos e das
existências. É a personificação de nossos erros, é o resultado de
havermos nos afastado da luz e caído em desobediência.
O ego é feito de energia mental; são cristalizações negativas da
mente; é como mente cristalizada. O ego dentro de nós corresponde à
ignorância, esta nos leva ao erro e o erro à dor. Portanto, não nos
permite conhecer a verdade e sempre nos fará sofrer.
Enquanto o ego existir dentro de nós, nossa vida estará marcada
pela dor, pela confusão, pela escuridão, pela inconsciência. O ego nos
torna tão mutáveis, prometer e não cumprir, desejar e depois odiar.
Dentro de nós "vivem muitas pessoas", muitos "eus". Cada "eu" tem
uma certa autonomia em pensamento, sentimento e ação.
O ego ocupa os centros da máquina humana para se manifestar;
coloca pensamentos no centro intelectual, sentimentos no centro
emocional e impulsos no centro motor.
"Todo mundo crê que se conhece a si mesmo e nem remotamente suspeita
que existe a doutrina dos muitos" (Samael Aun Weor).
Em nosso interior habitam os 100% dos "eus" que existem nesta
humanidade, alguns estão fortes e outros fracos, mas temos todos eles.
36
Em nosso interior também existe o "eu assassino", mas não se expressou
nesta existência. "A ocasião faz o ladrão", portanto, esses eus ocultos em
nosso subconsciente estão apenas esperando sua oportunidade de se
expressar.
Sob essa premissa, não devemos julgar o próximo, porque cada
vez que criticamos um erro nos demais é porque também temos esse
defeito em nosso interior, mas está oculto. Jesus disse: "Por que vês o
cisco no olho alheio e não vês a trave em teu próprio olho".
O maior problema é que cada ego aprisionou uma certa
porcentagem de nossa Essência (Alma); ele se nutre dela. Nossa alma
está fracionada em um montão de eus e o trabalho de cada um de nós
é reunificar nossa Essência e formar a Alma, para que seja esta que nos
guie de volta ao Ser.
Trabalhar na dissolução do ego é a única coisa imprescindível em
cada um de nós; se nós não fizermos esse trabalho emancipatório,
ninguém o fará por nós.
O ego não tem uma existência real, existe apenas em nosso espaço
psicológico, em nossa mente. Somente a Essência é Real, mas
lamentavelmente nestes tempos decadentes, "o irreal aprisionou o
Real", a escuridão nos submergiu no sonho da consciência e é impossível
sair daí sem a dissolução do ego.
Estamos, pois, ante uma luta de morte, vencemos o ego e nos
libertamos dele ou somos vencidos e submergimos na escuridão do
subconsciente, sofrendo as consequências de ser desalmados.
O ego cria divisão, separatividade, o meu, a propriedade, a
fronteira. Sem ego, esta humanidade seria uma só irmandade, uma só
família; "a única fronteira da terra é sua circunferência". Enquanto o ego
existir, existirá o meu e o teu.
O ego é especialista na arte do engano, portanto, toda pessoa com
o ego forte é muito hábil na fraude, na mentira.
O mentiroso acabará sempre vítima de sua própria confusão.
É bom esclarecer que não existe o "Eu Superior", "Eu Divino" ou
"Alter Ego", já que o "eu" não tem nada de superior, e muito menos de
divino. Em nosso interior só pode existir o ego ou o Ser, em nós está a
escolha. O Evangelho diz: "Ante vós eu colocarei dois caminhos, Anjos
ou demônios, vós escolheis".
A compreensão de tudo isso só se alcança com a consciência,

37
quando o ego deixa de se alimentar e começa a morrer.
O ego se vê fortalecido pelo inconsciente coletivo; por isso,
quando uma pessoa se encontra em um grupo, ela é capaz de fazer
coisas que não faria estando sozinha. Esse é o motivo da violência nos
estádios, nos protestos, nas guerras.
Cada vez que um ego se expressa em nós, ele nos rouba energia,
ele vive graças à energia que nos rouba.
O ego ante o sentido da auto-observação é posto a nu, perde sua
falsa vestimenta, sua máscara, podemos vê-lo "tal qual é".

CAPÍTULO 3
VIVER O AQUI E O AGORA

3.1 AQUI E AGORA


A atenção marca nossa
presença, se não estamos atentos,
não estamos presentes, não estamos
conscientes.
Se estamos fisicamente em um
lugar, mas mentalmente não estamos
ali, o resultado é que nossa
consciência adormece.
Manter a presença é um
requisito para o Autoconhecimento. Só podemos nos auto-observar se
estivermos conscientes do momento presente. Estamos acostumados
com o divórcio entre mente e corpo, estando fisicamente em um lugar,
mas mentalmente em outro.
Quando estamos em um lugar, devemos estar com todos os nossos
sentidos ali, sentindo, escutando, vendo; não permitir que a mente nos
leve a outro lugar ou que traga outros pensamentos distintos do que
estamos vendo; com isso nos esforçamos para estar sempre presentes e
nos capacitamos para conhecermos a nós mesmos.
Tudo acontece no presente, então, se não estamos em presença,
não estamos conscientes do que está acontecendo, estamos
adormecidos. Nada ocorre no ontem, nada ocorre no amanhã, tudo

38
ocorre no presente.
"Enquanto um homem diga 'amanhã', nunca mudará" (Samael Aun
Weor).
O passado e o futuro só podem ser vividos através do presente,
só o presente existe, só o presente é real.
Quando não se está presente e se deixa a mente voar, alimenta-se
o ego, enfraquece-se a consciência, pois se cai no sonho do ego.
Estar presente é estar desperto. As sagradas escrituras falam de estar
desperto; elas dizem: "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação".
Vigiar é estar desperto, orar é estar pedindo a morte do ego à Mãe
Divina (ver Capítulo 6.1).
Quem não está presente está sonhando em sua mente, lembrando
o passado ou projetando o futuro. Somente vivendo o aqui (lugar) e o
agora (presente) temos garantida a presença.
Estando presentes, podemos ouvir a voz de nosso Ser (intuição),
podemos "saborear a alegria de Ser". Quem vive de instante em instante,
de momento em momento (que não é o mesmo que "Viver o
momento"), se capacita para estar em contínua auto-observação,
descobrindo a mais leve expressão de algum defeito psíquico.
Somente a consciência pode estar presente, pois ela pertence à
eternidade. O ego, ainda que acredite estar presente, não o consegue,
pois ele pertence ao tempo, vendo o presente através dos olhos ranços
do passado ou ilusórios do futuro.
Em todos nós existe um vazio contínuo e a sensação de poder
preencher esse vazio no futuro ou sob determinada situação ideal.
O objetivo do trabalho sobre si mesmo é conseguir estar em
absoluta e contínua presença; nesse estado vamos nos fazendo mais
conscientes de nós mesmos e nos capacitamos para descobrir a raiz de
nossos problemas.
Qualquer pensamento ou emoção que queira nos tirar do "Aqui e
agora" deve ser eliminado de nosso interior no mesmo instante em que
o percebemos, caso contrário nos roubará nossa presença e nos
submergirá no mundo do sonho.

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CAPÍTULO 4
TRANSFORMAÇÃO PSICOLÓGICA

4.1 A MÃE DIVINA


Este livro é dedicado à nossa "Mãe
Divina", pois devemos reivindicá-la,
compreender que "Ela é a luz" dentro de nós
e que para entrar no Reino dos Céus é
necessário ser como as crianças. A Mãe
Divina é a Mãe de nossa Alma, é nossa
verdadeira e legítima Mãe. Ela nos criou, Ela
nos gestou. Fisicamente está representada
por todas as mães que tivemos em nossas
existências no mundo físico.
O respeito pelo "Feminino" é
fundamental para ser assistido pela Mãe
Divina. Devemos aprender a ver nossa Mãe Divina em nossa mãe física,
em nossa esposa, em nossa avó e, em geral, em toda mulher. Somente
desta forma nascerá o respeito pelo feminino.
É impossível obter a ajuda de nossa Mãe Espiritual se somos cruéis
com a mulher, se não amamos e respeitamos nossa mãe física. Qualquer
desarmonia ou rancor com nossa mãe física deve ser eliminado,
corrigido; somente dessa forma receberemos auxílio espiritual.
Se aprendermos a ver em nossa esposa a manifestação de nossa
Mãe Divina, a relação com a nossa parceira se verá altamente
beneficiada.
Lamentavelmente, com uma má intenção, o poder maravilhoso
de nossa Mãe Divina foi oculto de nós; mas chegou o momento de
recuperar nosso vínculo com Ela, chamando-a incansavelmente ante a
luta contra nossas próprias bestas psíquicas.
A Mãe Divina é conhecida em diferentes culturas com variados
nomes: na Índia como Shakti, no budismo como Tara, no Egito como
Ísis, na Grécia como Cibele, na Turquia como Deusa Branca, no
catolicismo como Nossa Senhora, entre os astecas como Tonantzin,
entre os hebreus como Maria, entre os latinos como Mater, etc.

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Em toda a luta contra o ego, nossa Mãe Divina (ver Capítulo 6.1)
deve sofrer muito para nos libertar de nossas atrocidades abismais, mas
Ela enfrenta nossos monstros psíquicos por amor a seu filho.
Seu Amor e sua Inteligência lhe permitem fazer este árduo
trabalho, de forma silenciosa e anonimamente.
Nossa Mãe, cheia de Amor e Coragem, enfrenta os defeitos
psíquicos que lhe vamos indicando. Ela, armada com uma lança de fogo,
vai incinerando, pulverizando e desintegrando todos os defeitos
psíquicos que descobrimos em nosso interior.
Ela quer que a invoquemos, que lembremos dela, pedindo-lhe do
mais profundo de nosso coração a desintegração de todo defeito
psicológico.
A primeira palavra que toda criança aprende é "Mamãe"; quando
uma criança está assustada, ela se refugia na saia de sua mãe; quando os
pintinhos têm medo, vão para debaixo das asas da galinha. O amor e a
proteção de toda mãe é algo inegável.
Se uma mãe física, cheia de defeitos, é capaz de arriscar sua vida
para salvar seu filho, quanto mais não fará nossa Mãe Espiritual, que é
pura perfeição!
Sente tua Mãe dentro de ti, valoriza-a, aproxima-te dela, vincula-
te a ela, pede-lhe que te desenvolva a Inteligência para descobrir o ego,
Ela assim o fará. O filho ingrato não avança no trabalho sobre si mesmo.
Se pensas que pode derrotar os teus eus sem a ajuda de tua Mãe Divina,
estás enganado e com o tempo verás o fracasso.
Não confundas a tua Mãe Divina com a Virgem Maria. Maria é a
representação de nossa Mãe Espiritual, mas cada um de nós tem a sua
própria Mãe e é a Ela que devemos pedir o auxílio.
Cristo disse: "Ninguém vai ao Pai senão por mim" e podemos
acrescentar: "Ninguém vai ao Filho senão pela Mãe".
Para aqueles de nós que praticam o Biomagnetismo, sabemos que
o poder curativo dos ímãs se fundamenta no fluxo de elétrons que eles
projetam. O elétron é a 2ª força e é negativo, portanto, é feminino, ou
seja, a Mãe Natureza. Como podemos ver, a Mãe Divina, em sua
infinidade de manifestações, cura nosso corpo e cura nossa alma.

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4.2 O GINÁSIO PSICOLÓGICO
A vida é um grande "Ginásio
Psicológico", onde podemos nos
treinar e nos fortalecer
psicologicamente.
Ter a vida como um fim em si
mesma é não ter compreendido nossa
essência espiritual, nossa consciência e
o estado em que atualmente se
encontra.
A vida é uma escola maravilhosa
onde podemos aprender sobre nós mesmos, onde nossas
potencialidades serão postas à prova, onde poderemos descobrir onde
"nos aperta o sapato", o que nos falta e o que nos sobra, onde devemos
nos corrigir, etc.
Por muito que tenhamos lido sobre as relações humanas, sobre o
Autoconhecimento, sobre o trabalho psicológico, somente a vida nos
ensinará de verdade, somente vivendo as coisas é que podemos
compreendê-las. Para isso é o Ginásio Psicológico da Vida; como diz o
ditado: "Na teoria, a prática é outra".
O ginásio é para treinar e formar atletas de elite, somente o
treinamento pode desenvolver a musculatura e as habilidades de todo
esportista. Da mesma forma ocorre com o trabalho sobre si mesmo,
precisamos de um ginásio para treinar repetidas vezes, até
demonstrarmos para nós mesmos que estamos nos superando e que o
que não podíamos fazer, agora podemos fazer com mais facilidade.
Esse Ginásio Psicológico existe e é a nossa própria vida. Nela
iremos nos provando dia a dia até conseguirmos vencer o ego em suas
tentações, em suas farsas, em suas ilusões.
O que será do esportista que não treina? Sem dúvida fracassará.
Somente vendo a vida como um grande Ginásio Psicológico,
poderemos ir aumentando nossa capacidade de luta contra o ego,
iremos observando nosso avanço espiritual.
Na vida diária vão aflorando as diferentes facetas do ego e, se não
estivermos atentos, se não estivermos treinados na auto-observação,
seremos, mais uma vez, vítimas de nossa escuridão.
Tiremos proveito da vida, coloquemo-nos à prova diariamente

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para descobrir a luz que o ego oculta de nós.
Somente indo ao Ginásio (vida) continuamente poderemos sair
vitoriosos de nossos esforços.
"É precisamente a vida prática o ginásio psicológico, mediante o qual
podemos descobrir nossos defeitos" (Samael Aun Weor).
Aquele que rechaça a vida, rechaça o Autoconhecimento. O
inteligente é capaz de extrair a luz até dos eventos mais desagradáveis.
Quando assim se procede, agradece-se pela vida, com sua multitude de
possibilidades para a autodescoberta e transformação psicológica.

4.3 O MOTIVO DA VIDA


Qual é o objetivo de tua vida? Por
que vives? Para que vives? Escreve as
respostas destas perguntas em teu
caderno, já que estas respostas trarão luz
sobre o objetivo de tua vida.
Alguns viverão para seus filhos,
outros para seu trabalho, aqueles para
seus projetos ou para ver seus netos
crescerem, outros simplesmente porque
de manhã abrem os olhos e têm que se levantar.
Existe pouca transcendência em nossa vida, nosso objetivo ou
motivo de vida é muito básico e externo a nós mesmos.
Muitas doenças físicas e psíquicas se devem precisamente à perda
de um objetivo de vida um pouco mais transcendental, mais sublime.
Nunca devemos confundir nossas responsabilidades e deveres com
nosso "Motivo de Vida". São coisas diferentes, ainda que às vezes se
confundam.
Educar e alimentar nossos filhos, trabalhar, comprar uma moradia,
fazem parte de nossas responsabilidades como cidadãos, mas tê-los
como nosso objetivo na vida nos mostra uma pobreza interior, uma
falta de compreensão sobre o que é a vida.
Nosso objetivo na vida deve ser crescer e desenvolver-nos
espiritualmente, deve ser limpar nossa mente e nossas emoções de
aspectos negativos, purificar nossa alma.
Outro dos objetivos muito importantes de nossa vida é encontrar
43
nossa "verdadeira vocação", descobrir nossa missão na vida, ir além dos
compromissos familiares ou de nossa profissão, que, talvez, não seja a
correta.
Encontrar a vocação é descobrir um dos tesouros mais
maravilhosos da vida, já que trabalharemos com amor e nos fará felizes.
"Aquele que ama o que faz, trabalha feliz e será vitorioso".
Não é bom fazer as coisas por obrigação ou por compromisso,
senão por amor. Então haverá plenitude, e nessa plenitude tudo é
possível, e sem esforço, porque te move a força natural da vida.
Deus colocou um ser humano a teu encargo e este és tu. A ti deves
fazer-te livre e feliz. Depois poderás compartilhar a verdadeira vida com
os demais.
"A essência da vida é ser feliz", esse é um bom objetivo, alcançar
nossa felicidade, nossa liberdade, nossa plenitude.
A maioria das pessoas tem objetivos de vida externos a si mesmas
e aí ficam enredadas, se confundem e mais cedo ou mais tarde esse
objetivo caduca, já que por ser externo a si mesmas é governado pelo
tempo e pela decadência. Os filhos se vão, o trabalho termina, o
cônjuge morre.
Estabeleça metas espirituais: eliminar determinados vícios, corrigir
maus hábitos, aumentar o amor ao próximo, despertar a consciência,
ser mais compreensivo, mais reflexivo, transmutar a energia sexual.
Não é necessário viver correndo o dia inteiro, com o corpo
totalmente contraído, com dores nas costas, desejando um dia de 25
horas ou mais.
Nestes tempos, tudo é para ontem, tudo é apressado, tudo é
urgente e deixamos de lado o que é realmente impostergável: ser felizes,
viver em paz, superar-nos, corrigir-nos, desenvolver a coragem.
A vida é uma escola, mas considerá-la como um fim em si mesma,
sem o trabalho sobre si mesmo, é uma falta de compreensão tremenda.
Qual é o motivo de tua vida? Por que vives? Reflete sobre isso e
tira tua própria conclusão, para evitar que o ego te confunda e te faça
crer que estás indo bem, quando, talvez, não o estejas.
"Trágica é a existência daquele que morre sem haver conhecido o motivo
de sua vida" (Samael Aun Weor).
"Não importa de onde vens, mas para onde vais”.
Reflete sobre essas frases sozinho em tua casa até compreendê-las

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a fundo. Se não tens claro o sentido de tua vida ou não sabes para onde
vais, não estás mal, mas péssimo. E esse é um dos objetivos deste livro,
ajudar-te a dar um novo sentido mais transcendental à tua vida, e que
se fundamenta na libertação de tua própria prisão psicológica.
"Dar sentido é dar significado".
O grande engano do ego é fazer a pessoa mais velha acreditar que
"já cumpriu", porque tem todos os seus filhos crescidos, profissionais e
casados, porque não tem dívidas e tem uma casa própria.
Com essa mentalidade, apenas se espera, e alguns desejam, a
morte física, perdendo de forma lamentável a maravilhosa
oportunidade de trabalhar a sua própria psique.

4.4 O VALOR DO MUNDO


Cada um de nós valoriza o
mundo de maneira diferente. Para
alguns é maravilhoso e para outros é
uma porcaria.
O mesmo para a vida, para
alguns é bela e para outros, horrível.
A valorização do mundo está
relacionada ao nosso mundo interior.
O que temos dentro, vemos fora.
Se carregamos apenas amargura,
lágrimas, dor, miséria, o mundo será horrível e não valerá a pena; no
entanto, se sentimos alegria, felicidade, paz, se estamos contentes com
a vida, o mundo não tem preço. Portanto, quanto valorizas o mundo?
Quanto valoriza tua vida?...
Temos que passar por uma "Transvalorização", porque temos os
valores um pouco alterados. Valorizamos muito o que não tem valor e
menosprezamos o que sim o tem.
A imagem que tens do mundo é o resultado da imagem que tens
de ti mesmo.
Encontrar dinheiro perdido, para um bêbado é bebida grátis, para
um mendigo a comida que ele tanto quer, para uma pessoa necessitada
um presente de Deus. Qual dos três viu a verdade? O valor, a Verdade,
depende de nossa consciência, de nossa própria valorização interna.

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Para uma pessoa compreensiva, que sabe que não deve pegar nada que
não lhe pertença, é simplesmente um teste para sua consciência e então
passa por cima do dinheiro sem pegá-lo, sem alimentar o "eu ladrão".
Se nos insultam, nos sentimos feridos, tristes ou com raiva, mas se
nos insultam em japonês, russo ou outra língua que não conhecemos,
“nada nos acontece". Mas estão nos insultando!
O que é mais importante, então, as palavras do insultador ou a
compreensão do insultado? Assim, damo-nos conta de que o valor das
palavras não é estabelecido pelo insultador, mas pelo receptor, cada um
de nós reage de acordo com o entendimento que tem das coisas e das
palavras, o valor do mundo é dado pela própria pessoa, de acordo com
a forma como está por dentro. O mal não é o que a vida te faz, mas
como o recebes.
Quando te insultam e te sentes ofendido, o primeiro que te
ofendeu és tu mesmo, dando o valor negativo às palavras do insultador.
Tu dás o valor às palavras de acordo com o ego que se sente ferido.
"Quando alguém descobre aquilo que mais o ofende, num instante dado;
o incômodo que lhe deram por tal ou qual coisa, então descobre as bases sobre
as quais descansa psicologicamente.
Tais bases constituem, segundo o Evangelho Cristão, ‘as areias sobre as
quais edificou sua casa’" (Samael Aun Weor).
Hoje em dia estamos submersos em um mundo do "descartável",
tudo é usar e jogar fora, perdemos o senso de responsabilidade, de
cuidado, de proteção, até mesmo os casamentos são descartáveis.
"A única coisa descartável é o ego".
Aprendamos a valorizar a alegria, o simples fato de viver, o poder
respirar, ter nossos dois olhos, poder caminhar, etc.
Passamos a vida juntando dinheiro, vivendo de aparências,
preocupados com "o que dirão", sem dar valor ao simples fato de
estarmos vivos.

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4.5 LIBERTAR-NOS DA MENTE
Todos nós somos escravos de nossa
própria mente.
Nossa prisão está na mente. Nela estamos
trancados, limitados por seu próprio
condicionamento.
Somente uma pessoa valente é capaz de
enfrentar sua própria mente.
A mente em si não é boa nem má, mas
dependendo de seu uso se polariza positiva ou
negativamente.
Foram o abuso e o livre arbítrio que nos
afastaram da realidade e nos aprisionaram na
mente.
O ego maneja a mente, pensa por nós, nos confunde, nos mantém
limitados em suas interpretações, em suas conclusões, em sua lógica e,
no fim, acabamos autoenganados, vítimas de nós mesmos, doentes.
"Quem não trabalha sobre si mesmo é sempre vítima das circunstâncias;
é como um mísero lenho entre as águas tormentosas do oceano..." (Samael
Aun Weor).
A mente adora se complicar, de tudo faz um problema, dando
voltas na cabeça, pensando repetidamente a mesma coisa, permanece
"presa", não nos deixa descansar nem dormir, torturando-nos com sua
agitação.
A mente não conhece a verdade; a verdade não é da mente, está
além da mente. Somente a consciência (que está além da mente)
conhece a verdade, o real.
Ao nos libertarmos do processo mental torturante, ao tirarmos o
atormentador (ego) da cabeça, advém a paz, a quietude, a alegria de
Ser.
Para alcançar a verdadeira paz é requisito silenciar a mente,
subjugá-la; somente nesse estado de quietude mental é que a consciência
se expressa, saboreando a alegria de viver e de servir.
Aprendamos a não nos identificarmos tanto com a mente, não
"dar muita bola" para ela, lembrar que ela não conhece a verdade.
A maioria das pessoas não sabe viver sem ter o "papagaio" na
cabeça, acreditam que essa é a forma normal de viver. Não se dão conta
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que estão abusando de sua mente, que são viciados no processo
intelectual e então já não podem silenciá-la, lhes é impossível, querem,
mas não conseguem, nunca encontram o "botão off" da mente.
Com os anos a mente perde sua ductilidade, sua abertura, e vai se
tornando rígida, teimosa, ferrenha, dura, cristalizada, até que
finalmente se petrifica e só vive em ontens.
Podemos ver isso num "velho rabugento", com sua mente
petrificada, vivendo apenas de lembranças, de histórias. Tal mente
cheira a ranço.
À medida que a mente se endurece, ela não muda mais e quer
impor aos outros sua própria maneira de pensar, torna-se ditatorial; só
escuta a si mesma, acredita ter sempre a razão, se endurece.
Outro dos graves problemas de nossa mente é o mau costume de
comparar, adora comparar. Compara um filho com outro, a esposa com
outra, uma árvore com outra, etc.
Quando a mente se compara, ela se afasta da apreciação da beleza,
toda comparação é negativa porque fortalece o processo dualista da
mente.
Em toda comparação, há ausência de amor. Comparar é como
competir, pois, sempre haverá um vencedor (orgulhoso) e um perdedor
(humilhado).
Tudo isso deve nos motivar a compreender a importância de nos
libertarmos de nossa mente, com seus processos de limitação,
confinamento, teimosia, comparação, dualismo, desamor.
Eliminando o ego, a mente vai se liberando pouco a pouco, vai
serenando, pacificando, silenciando.
Nesse estado de quietude mental, a consciência vai se
fortalecendo, vive-se mais no presente e o perfume da paz começa a ser
nosso melhor companheiro.
"O ego, nestes momentos, é o condutor da mente".
Tiremos dele o volante e dirijamos nosso veículo por caminhos
ascendentes.

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4.6 O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA
Falar do despertar da consciência é
falar da realização de Deus em nós mesmos.
A Consciência é Deus dentro de nós.
Nossa consciência se encontra
"adormecida", presa dentro de um montão
de diabos.
Ela se deixou aprisionar por ignorância
e desobediência. Por isso, as forças
contrárias àquelas que a adormeceram irão
despertá-la. Ou seja, o Conhecimento
(Sabedoria, Compreensão, Luz) e a
Obediência (Fé, Convicção, Disciplina).
Despertar a consciência é libertá-la de
seu confinamento, tirá-la da escuridão, remover-lhe a ignorância. E isso
só o alcançaremos com a aniquilação do tirano ego, que se aproveita
dela e a vampiriza a cada momento.
Cada vez que eliminamos um defeito psicológico, a consciência, a
virtude encerrada nela, se emancipa, se libera, se transforma em
consciência.
O pior é acreditar-se desperto sem o estar, esse é o grande
problema de todos nós; não apenas ignoramos, mas, o que é pior,
"ignoramos nossa ignorância". E o que é ainda pior, acreditamo-nos
despertos.
“A vida cotidiana, a profissão, o emprego, ainda que vitais para a
existência, constituem o sono da Consciência" (Samael Aun Weor).
Não apenas temos a consciência adormecida, senão que, além
disso, dia após dia seguimos dormindo.
A sequência do dormir é: Identificação, Fascinação e Sonho. Todo
sono da consciência começa a partir da identificação com coisas ou
situações da vida diária.
A identificação é o primeiro passo do sonho da consciência.
Identificar-se significa estabelecer um vínculo inconsciente, mental e
emocional com algo ou alguém, por exemplo, a sensação de
propriedade (minhas coisas, minha família, minhas ideias).
Identificar-se é dar mais valor às coisas do que elas realmente têm,
é superestimar os eventos, é não ver a vida objetivamente.
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Assim como o dormir da consciência tem sua sequência, o
despertar também a tem: "Auto-observação, Compreensão e Correção".
A correção deve ser com fatos, não com boas intenções. É por isso
que deve se fundamentar na morte do defeito, a fim de consolidar a
emancipação da consciência que dormia no erro.
"Só despertando Consciência poderemos ver o caminho angusto, estreito
e difícil que conduz à luz" (Samael Aun Weor).
As pessoas dizem que é preciso "despertar", mas ninguém nos
ensina como fazê-lo. "Aqui temos o quê e o como".
Despertar é deixar de sonhar; o ego nos faz sonhar, nos mantém
em um longo sono, de muitos anos, de muitas existências.
"O homem que desperta a consciência experimenta a tremenda verdade
de que não é mais escravo e, com dor, pode verificar que as pessoas que andam
pelas ruas sonhando parecem verdadeiros cadáveres ambulantes" (Samael
Aun Weor).
Se pensas que o tempo te despertará, estás em um erro. O tempo
só fortifica o ego, aumentando o sono da consciência.
Despertar é nascer, e não se pode nascer se primeiro não se morre
psicologicamente.
"Teu próprio despertar deve ser o motor de tua existência".
No budismo este despertar é conhecido como "Iluminação ou
Deixar de Sofrer", no cristianismo como "Salvação" e nós falamos de
"Liberação".
"A chave para o despertar está no bolso do Anjo da Morte".

4.7 MAIS QUE O MERECIDO


Pensar e sentir que as situações
difíceis na vida não são merecidas é um
sinal claro de nossa inconsciência.
Tudo o que nos acontece, seja bom
ou mau, é por merecimento, por Lei de
Causa e Efeito.
Isso de que "Eu não mereço isto",
"Por que eu?", "Como a vida é injusta
comigo", "Eu não fiz mal a ninguém", é
uma demonstração da falta de
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compreensão dos processos pessoais e da minha responsabilidade nos
diferentes afazeres da minha vida.
Não existe injustiça, tudo é perfeito; porque contam com a
aprovação de Deus.
Os Mestres da Lei usam tudo isso para fazer pagar suas dívidas as
pessoas, tudo está controlado por Eles, já que nosso livre arbítrio é
muito limitado, por causa de nossa inconsciência.
Assim que, proteste menos e aceite mais...
Quando alguém compreende tudo isto e o aceita, tira um peso
tremendo de cima, se sente mais leve, pois tirou a força hipnótica do
ego, do auto-engano, da falsa imagem de si mesmo.
Quando vier uma situação difícil, podemos dizer: "Meu Deus, eu
aceito este cálice amargo, porque o mereço, e em seu nome o bebo".
Na vida está a maravilhosa oportunidade de crescer, de aprender,
de despertar a consciência, de pagar karma, de transformar-nos
intimamente.
"Não há mal que por bem não venha"; a vida não é boa nem má,
ela simplesmente "É".
Isso de bom ou mau é colocado pela mente, porque o ego adora
"rotular", classificar; sem nunca compreender.
"Se uma pessoa começasse seu dia conscientemente, é ostensível que tal
dia seria muito diferente dos outros dias" (Samael Aun Weor).
Sentir-se vítima, sentir que não mereço isso, me afasta do
Autoconhecimento, me faz acreditar na injustiça e me cobre com o véu
da falsa inocência.
Em vez de protestar contra a vida, em vez de nos sentir "mansas
ovelhas", "passarinhos inocentes"; seria bom chegar a entender que tudo
o que me acontece, é: "Mais que o merecido".

51
4.8 DESAPRENDER
Há mais, o que temos que
desaprender, do que o que
devemos aprender.
Nossa mente se encontra
abarrotada de uma série de
conhecimentos falsos, de idéias
retrógradas, de ensinamentos
errôneos, de hábitos negativos,
costumes antiquados, dogmas
inquebrantáveis, suposições e crenças.
Limpando a mente, tirando esta série de equivocações, de mal-
entendidos, de ensinamentos tergiversados, de mentiras, de enganos, de
contos mal-intencionados, poderemos ir compreendendo o novo
ensinamento e nossa mente não reagirá negativamente como o pode
ter feito até agora.
"A tigela deve estar vazia" dizem os tibetanos, "O odre deve ser
novo" diz Jesus, "A mente deve estar vazia" diz Buda.
E como desaprender?... refletindo, compreendendo, quebrando as
barras carcomidas da minha própria prisão mental.
Se eu permaneço "grudado" em meus erros, em minhas más
interpretações, em minhas equivocadas suposições, morrerei igual que
os demais, "sem pena nem glória".
"É melhor esvaziar-se para se encher”.
Onde estão suas limitações? Quais são seus freios? Qual é sua
prisão?
Reflete, compreende-te, libere-se de si mesmo, aqui e agora; não
há tempo a perder, já temos perdido muito tempo, muitas existências...
Abra sua mente, expanda-a, compreenda que a ignorância de ti
mesmo te mantém em escuridão, mesmo quando acredite ser um sabe-
tudo.
O autoconhecimento se fundamenta na compreensão de nossas
crenças, do que temos armazenado na mente, do que temos aprendido,
do que acreditamos saber.
Reordene sua mente, destrua as idéias medíocres que você tem de
si mesmo, limpe sua mente de coisas que não servem para nada; só
assim a luz da consciência começará a iluminar sua vida.

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Portanto, receba o ensinamento com mente limpa, sem tantos
preconceitos, sem ideias preconcebidas; mas com uma mente nova,
limpa, pura, sedenta de saber e de conhecer a verdade, que por tanto
tempo nos tem sido negada.

4.9 AS CRENÇAS
As crenças são só limitações...
Qualquer um pode se dar ao luxo
de crer ou não crer, e depois de tudo...
o quê?
As crenças são meras aceitações ou
rechaços de teorias, de dogmas, de
verdades não comprovadas. Por acaso,
porque eu não acredito em Deus, Ele
não existe? Obviamente Deus existe,
quer eu acredite nele ou não.
Há muitas crenças dentro de nós que irão nos limitar o nosso
trabalho interior, que nos irão obstaculizar o autoconhecimento.
Temos que refletir profundamente sobre nossas crenças, para ir
descobrindo os obstáculos que o próprio ego colocou nelas e que nos
detém em nosso real avanço.
"Devemos liberar a mente de toda classe de preconceitos, desejos,
temores, ódios, escolas, etc. Todos esses defeitos, são travas que ancoram a
mente aos sentidos externos" (Samael Aun Weor).
Temos crenças do que somos, de nossas realizações, de nossa
missão. Cremos no que supomos e isso é um erro. Não tem que supor
nada, devemos refletir e compreender tudo.
Lembre-se de um dos 4 acordos Toltecas: "Não faça suposições".
"Quem não sabe crê, e quem sabe, não precisa crer".
O trabalho está em compreender onde termina o saber e começa
a crença, onde está o limite que separa uma da outra.
Para alcançar o Autoconhecimento, devemos "derrubar" muitas
crenças falsas que temos de nós mesmos, dos demais, da sociedade, do
mundo, do cosmos e de Deus.
A pior crença é "Acreditar-se bom", pois se eu acreditar que sou
bom, não me esforçarei para melhorar. O maior veneno é o

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autoengano, fundamentado em crenças.
O sábio não crê, tampouco rechaça; ele investiga, comprova,
compreende e conclui. O dogma é um "remendo para a ignorância";
para avançar profundamente não devemos ter dogmas de nenhum tipo.
Cada dogma é uma incompreensão, portanto, um estancamento.
Isso de aceitar algo porque sim, sem compreendê-lo, não é do
homem inteligente.
Não acredite tanto em sua mente, muitas vezes ela te está
enganando... mais do que você pensa.

4.10 VALOR E DECISÃO


As primeiras virtudes que os Mestres da
Loja Branca nos pedem são o valor e a
decisão. Portanto, nossos defeitos do medo e
a dúvida devem ser compreendidos e
eliminados.
O valor se encontra preso dentro do
medo e a decisão dentro da dúvida.
Se quisermos desenvolver o Valor, não o
vamos conseguir "sentindo-nos valentes", mas
eliminando o medo. Quem desenvolva o
valor sem eliminar o medo, fortalecerá a ira,
a violência. Todo violento é um covarde. "A
ira é a vestimenta dos medrosos”.
Ao ir eliminando o medo, o valor vai surgindo por si mesmo, se
vai liberando da sua prisão na covardia, no temor.
Deus nos fez valentes, mas pelas experiências negativas da vida, o
medo começou a se apoderar de nós, aprisionando o valor.
Para manter o valor constante não devemos duvidar; sempre
temos que sentir a fé em Deus e confiança em nós mesmos.
Cada vez que sentimos medo, o valor se vai debilitando, cada vez
que duvidamos perdemos a autonomia consciente. O valor deve ir
sempre de mãos dadas com a prudência, e a decisão da confiança.
Não devemos confundir o "valor" da consciência com a "ousadia"
do ego. Aquele que se sente valente sem morrer em seu ego, acaba
ousando, imprudente, arriscado.

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Há muitos que praticam esportes radicais e são considerados
valentes; isso não é coragem, isso é imprudência. A valentia é uma
virtude da consciência e jamais irá colocar em perigo seu corpo físico
por uma forte emoção carregada de adrenalina. Não é a isso que nos
referimos; o verdadeiro valente é aquele que se enfrenta a si mesmo.
"Quem vence os outros é forte; quem vence a si mesmo é
poderoso" (Lao-Tse).
Deus não quer covardes, os filhos de Deus são valentes.
Sem estas duas virtudes, dificilmente daremos nossos primeiros
passos na conquista de si mesmos, seremos sempre mártires de nossa
própria debilidade. Há pessoas que se acreditam valentes, até dizem:
“Eu sou valente”, mas o verdadeiro valente é aquele que é capaz de
enfrentar a seus próprios medos, a sua própria escuridão.
Não se escreveu nenhum livro sobre um covarde, o covarde não
serve para nada.
A palavra medo deve ser erradicada de nosso dicionário interno,
nós não devemos ter medo a nada, nem a ninguém.
Nem sequer se deve temer a Deus, a Deus não se teme, somente
se ama, ou será que algum pai quer que seu filho, o tema?
Dizem para as crianças que devem desenvolver “Valores”, mas
qual é o principal valor a ser desenvolvido? Bem, seu nome já diz: "O
Valor".
Muitos dos problemas da humanidade atual são devido à falta de
valor, porque esta sociedade nos ensina e instila o medo.
Na vida, sempre estão nos provando o nosso valor e decisão.
Você tem o valor de olhar para dentro de si, tal qual você é? Você
está decidido a fazê-lo?
"Tem que agarrar o touro pelos chifres, aqui e agora, com absoluto
valor e decisão, se é que realmente anelamos nossa liberação".

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4.11 A INTUIÇÃO
A intuição é a linguagem do coração,
é a percepção do real sem o uso da razão,
também chamado de pressentimento.
O desenvolvimento da intuição é
urgente nestes tempos difíceis.
É uma das faculdades mais
importantes a desenvolver, já que o nosso
Ser se comunica com nós através dela.
A mulher é mais intuitiva que o
homem, porque a intuição se relaciona
com o aspecto emocional, com o coração.
Com a Intuição aprenderemos a saber onde há perigo; ela nos
avisa quando está sobre nós.
Para desenvolver a intuição, devemos deixar de ser tão
intelectuais, acreditamos, erroneamente, que com a razão vamos
conhecer a verdade. Devemos ser mais simples, mais emotivos, dando
espaço para que se vá expressando a sabedoria do coração ou a
intuição. Devemos aprender a estar continuamente conectados com
nosso coração.
"Quando se fecham as portas à fantasia, o órgão da intuição desperta"
(Samael Aun Weor).
"A mente grita, o coração sussurra", dentro dos contínuos gritos da
mente, não podemos escutar o suave sussurro do intuitivo coração. O
coração somente sussurra, pois, o Ser nunca foi e nunca será ditador ou
impositivo. "A luz não entra a força.”
À medida que se vai eliminando ao ego, a intuição vai se
desenvolvendo, devido a que há uma maior comunicação com o
coração.
Devemos nos acostumar a dizer sempre a verdade, já que o "Pai"
é a verdade, portanto, ao mentir, fazemos um curto-circuito que nos
vai afastando de nosso Ser e vamos perdendo suas mensagens intuitivas.
A intuição nos indicará como devemos proceder em certos
eventos, se falar ou calar, por exemplo, às vezes falamos mais do que
deveríamos e às vezes temos silêncios cúmplices.
Quando se aprende a não se identificar com os extremos, sempre
aparece uma terceira opção, que é a Intuição. A intuição aparece
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quando se aprende a não se identificar nem com o bom nem com o
mau; essa é outra forma de desenvolver a intuição.
Confiemos em nossa intuição, ela será de grande ajuda em nosso
caminho de Autoconhecimento e liberação do ego.
"Maravilhosa intuição, guia-nos pelo caminho da verdade e do
amor".
A intuição é a única faculdade que não pode ser controlada pelo
ego, por isso, ela nunca nos irá enganar. Todas as outras faculdades
podem ser usadas pelos "eus", mas não a intuição, ela vibra muito alto
para ser capturada pelas garras da besta interna.
A intuição está relacionada com o Chakra do Coração, dado a isso,
ao desenvolver este chakra do coração, a intuição aumenta.
Prática para desenvolver a Intuição do Chakra do Coração:
Mantralizar a vogal "O", em forma alongada
"OOOOOOOOOOOOOOO", na nota musical "Fa" (Quarta nota;
quarto Chakra). Imaginando que um disco de luz gira no coração da
esquerda para a direita; durante 20 minutos diários.
"Uma hora diária de vocalização vale mais do que ler um milhão de livros
de teosofia oriental" (Samael Aun Weor).

4.12 O MUNDO VIRTUAL


Hoje podemos falar do mundo
virtual e quase todos nos entenderão, já
que o computador, a Internet, o e-mail,
os jogos eletrônicos, as videoconferências,
são aspectos bem conhecidos e muito
divulgados da sociedade moderna.
O mundo virtual, embora pareça
maravilhoso, não é tanto.
"O mundo virtual atenta contra o
mundo espiritual."
O mundo virtual, assim como o mundo espiritual, é invisível aos
olhos físicos, mas totalmente perceptível pela pessoa; para perceber o
mundo virtual precisamos de aparelhos, e para o mundo espiritual
consciência, faculdades.
O mundo virtual entrou em nossos lares com muita força, quem
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não tem um computador em sua casa? Qual criança não joga
videogame?
Por exemplo, temos o caso do "Second life" (segunda vida), um
jogo de Internet que permite a pessoa ter outra vida virtual, onde se
pode desenvolver tudo o que neste mundo não se conseguiu. Lá se pode
ser milionário, ter tudo o que quiser sob uma figura virtual
tridimensional, que alguns configuram como realmente gostariam de
ser.
Alguns chegam a jogar muitas horas por dia, transformando-se isso
em ludopatia, consistindo numa alteração progressiva do
comportamento, onde a pessoa sente uma necessidade incontrolável de
jogar, menosprezando qualquer consequência negativa. Se trata de uma
adicção.
Nos últimos anos, a adicção em videogames alcançou, em alguns
casos, as primeiras páginas dos meios de comunicação por ser quase
demencial.
Assim é como o ego vai se alimentando, muitas vezes com jogos
que parecem inofensivos ou com tecnologias que se mostram
imprescindíveis.
Na medida em que o mundo virtual toma mais fortaleza em nosso
interior, mais se desgasta o mundo espiritual, um supre o outro.
Muitas vezes vemos um grupo de jovens reunidos, mas cada um
"conversando, whatsappeando" no celular, sem estar presente, sem
compartilhar com quem está ao seu lado. É incrível, mas quanto maior
a tecnologia do celular, menos comunicação real existe entre as pessoas.
A comunicação virtual tem substituído a verdadeira comunicação
de alma para alma. O aumento exponencial da comunicação virtual é
prejudicial à comunicação intuitiva e telepática entre os seres humanos,
pois é uma coisa ou outra; mas não ambas.
Tem pessoas que se desesperam quando perdem o celular, se
sentem vazias, desconectadas do mundo, devido a que sua conexão
espiritual está limitada pela virtual.
No Facebook existem pessoas que têm centenas e até milhares de
amigos, mas em sua vida íntima se sentem sozinhas, já que suas amizades
virtuais são só aparentes. Assim é o mundo virtual; parece que nos dá,
mas na realidade está nos tirando.
Não nos deixemos prender pelo mundo virtual, ele entra em nós

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pelos cinco sentidos, fortalecendo apenas nossa mente e debilitando
nossa consciência.
O mundo virtual é o mundo da fantasia, da ilusão, do sonho; ao
contrário, o mundo espiritual é o mundo da verdade, da compreensão,
do Ser. São, portanto, antíteses.

CAPÍTULO 5
FORJANDO-SE A SI MESMO
5.1 RESPONSABILIZAR-SE DE SI MESMO
Muitas pessoas se acreditam
responsáveis, e muitos são, mas
poucos são realmente responsáveis
por si mesmos.
A responsabilidade nasce da
consciência; se não houver
consciência de si mesmo, não
haverá jamais responsabilidade por
si mesmo.
Há pais que ensinam seus
filhos a serem responsáveis, a
cumprir com suas obrigações escolares, familiares, sociais; no entanto,
não os ensinam a cumprir com o "Dever Parlock", que é o dever de
despertar sua própria consciência. Obviamente, eles não podem ensinar
algo que eles mesmos não cumprem.
Somente sendo responsável consigo mesmo, poderemos ser
responsáveis com todos os demais. A responsabilidade para consigo
mesmo é a mãe de todas as responsabilidades.
Culpar os outros pelo que nos acontece é uma desculpa para não
responsabilizar-nos de nós mesmos.
Sempre buscamos o diabo por fora e não nos damos conta que ele
vive dentro de nós.
Devemos responsabilizar-nos por nossos próprios sofrimentos,
compreender que cada sofrimento se deve a nossa forma errada de nos
relacionarmos com o mundo e com nós mesmos.

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"Todo sofrimento provém da imaturidade espiritual".
As pessoas não sabem viver, colocam a culpa de seus sofrimentos
aos outros, sem jamais compreenderem sua própria responsabilidade
por seus atos cotidianos.
O sentido de responsabilidade hoje em dia está mal enfocado. Nos
responsabilizamos por nosso trabalho, por nossos filhos, por nossas
propriedades; mas não somos responsáveis por nós mesmos, ficamos
doentes, gastamos nossas energias, nos esquecemos de nós mesmos,
somos infelizes.
Há pessoas que são absolutamente responsáveis com seu trabalho,
são um exemplo para os demais neste sentido, mas depois morrem sem
ter nenhuma ideia de si mesmos, de qual foi a razão de sua existência;
lamentável, mas isso acontece muito.
Fazer-se responsável por si mesmo é fazer-se responsável por sua
própria felicidade, de seus próprios sentimentos, de sua própria maneira
de pensar.
Quem é irresponsável consigo mesmo, morre em idade precoce,
cai em vícios, fracassa em tudo, é infeliz…
Se perguntarmos às pessoas se elas pensam que são responsáveis
em suas vidas, elas dirão que sim, mas se estudarmos suas vidas íntimas,
nos daremos conta que não o são.
Encontrar o sentido da vida, encontrar a missão que cada um tem
na vida, cumprir o objetivo fundamental da vida, é sinal de que temos
nos feito responsáveis por nós mesmos, que a vida não foi em vão.
Devido à multiplicidade psicológica que carregamos dentro, é
difícil encontrar desenvolvido o sentido de responsabilidade dentro de
nós, somos muito dispersos, acreditamos que o estamos fazendo bem;
mas os resultados finais nos mostram a crua realidade.
"Um homem é o que é sua vida. Se um homem não modifica nada dentro
de si mesmo, se não transforma radicalmente sua vida, se não trabalha sobre
si mesmo, está perdendo seu tempo miseravelmente" (Samael Aun Weor).

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5.2 O CAMINHO AO SER
Muitas pessoas querem chegar a Deus,
e muitas também acreditam que já
chegaram. Mas a verdade é que o caminho
que leva ao Ser é muito íngreme e
escarpado, requer um árduo trabalho sobre
si mesmo, para alcançar a verdadeira
transformação que nos permite suportar a
energia lumínica e calórica do nosso amado
Ser.
Jesus disse: "De mil que me buscam, um
me encontra. De mil que me encontram, um me
segue. E de mil que me seguem, um é meu".
O caminho à luz de Deus não está ao
virar da esquina; está dentro de você e todo
aquele que quiser buscá-la, a primeira coisa que encontrará é um bando
de demônios terrivelmente feios e mal-intencionados. Por isso que são
poucos os que chegam ao seio do Ser, porque são poucos os corajosos
que se atrevem a enfrentar essas aberrações do submundo, criações de
milhares de anos de consciência dormida.
Quem avança no trabalho de dissolução de seus defeitos
psicológicos, verá mais tarde a essência (pequena menina assustada)
rodeada de monstros que querem devorá-la.
Todos esses monstros psicológicos se eliminam aqui, desde o
mundo físico, em auto-observação e aplicando a técnica da morte com
a ajuda de sua "Mãe Divina" (ver Capítulo 6.1).
Essa é a tarefa, esse é o trabalho, esse é o caminho; liberar nossa
própria "Essência Divina" da prisão bestial, de monstros abismais, que
não são outra coisa que o ego, em suas múltiplas manifestações
demoníacas.
"Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos
Céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus" (Mateus
7:21).
Qual é a vontade do Pai? Fazemos diariamente a vontade do Pai?
Escreva em seu caderno de respostas, que coisas você faz diariamente
que são a "Vontade do Pai".
Deve ficar claro que o ascenso até a morada celestial do Pai, é

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precedido pelo descenso aos nossos próprios infernos, já que não
podemos chegar ao céu sem antes ter limpado o estábulo, sem antes ter
trabalhado com nossos próprios demônios (eus diabo).
"Para chegar ao Ser, devemos passar por cima do cadáver do
diabo".
A primeira coisa que aparece no trabalho de Autoconhecimento
são estas bestas do abismo que todos nós carregamos, a pequena
Essência que ainda nos resta, é capaz de olhar e depois enfrentar estes
aterrorizantes monstros psicológicos.
O ego nos impede de ver corretamente o caminho, ele nos coloca
travas (problemas, frouxidão), obstáculos (coisas lindas, entretidos jogos
para a mente) para evitar de entrar pela verdadeira senda.
Lamentavelmente, somos amigos do diabo, o carregamos dentro
e não queremos nos desfazer dele, ele é nosso aliado e todas as noites,
quando nos desdobramos, caminhamos de mãos dadas com os
demônios.

5.3 AUTO-OBSERVAÇÃO PSICOLÓGICA


Você mesmo é o seu melhor psicólogo,
não precisamos que os outros nos digam
como somos, já que nós podemos nos auto-
conhecer.
Sempre observamos os demais e
dizemos que: essa pessoa é fofoqueira,
raivosa, crítica, mal humorada, egoísta, etc.
Não nos custa observar aos demais, mas não
sabemos nos auto-observar a si mesmo.
A auto-observação é a atenção ativa
para nosso mundo interior, à nossa própria
psicologia, à forma de pensar, de sentir e de
atuar. Isto requer de um esforço muito
particular, em forma intencionada.
A auto-observação é um "sentido da consciência"; um sentido de
percepção de nosso mundo interior, que atualmente o temos atrofiado,
mas ao começar a utilizá-lo, ele vai se desenvolvendo gradualmente. À
medida que mais nos auto-observamos, este sentido (localizado na

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glândula pituitária) se irá desenvolvendo cada vez mais, até chegar a
estar em contínua auto-observação, e fica claro que o
Autodescobrimento vai sendo cada vez maior e muito mais detalhado.
Todos os sentidos podem ser refinados, aguçados (como a
audição, o paladar, a visão, o olfato), da mesma forma se aguça a auto-
observação à medida que a usamos; um órgão que não se usa, se atrofia.
"Temos que refinar o paladar psicológico."
É uma técnica para conhecer-nos a nós mesmos; É o primeiro passo
que devemos dar para o Autoconhecimento e a Revolução da
Consciência.
Com a auto-observação começamos a nos transformar em pessoas
práticas e começamos a descobrir e conhecer nossos defeitos; já que
existem milhares de pensamentos que se manifestam em nós, que são
eus ocultos.
Os eus são invisíveis aos olhos físicos, mas perceptíveis aos olhos
da auto-observação. Se nós não descobrirmos nossos defeitos, não
vamos conseguir eliminá-los.
Temos que conseguir uma divisão interna em Observador
(Essência) e Observado (eus que pensam, sentem e atuam).
Devemos aprender a não nos identificar, ou seja, a nos separar de
nossos pensamentos.
Os físicos modernos argumentam que a única forma de estudar a
física quântica é mantendo o observador fora do sistema que descreve.
Levando isso ao estudo psicológico de si mesmo, compreendemos a
importância de separar-nos (não nos identificar) com a vida diária para
podermos nos auto-observar detalhadamente e descobrir a verdade de
nós mesmos.
"Somente saindo psicologicamente do evento, tiramos a
subjetividade da vida e vemos a realidade."
Nossa essência está dormida, portanto, temos que ativá-la para
descobrir nossos defeitos psicológicos.
Acreditar-se superior aos demais, a egolatria, a auto-suficiência, a
presunção, o acreditar-se infalível, o orgulho místico, são obstáculos
para a auto-observação.
"Acreditar-se bom" impede a auto-observação. Como vou buscar
em mim algo que acredito não ter?
Quando se descobre algum eu, nasce o anelo de querer mudar e

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eliminá-lo.
Conhecer e Observar são diferentes; o primeiro é devido à
recordação e a crença da mente, e o segundo é o resultado da atenção
ativa a si mesmo. Alguém pode dizer “eu me conheço”, mas isso não é
o que precisamos. Precisamos ir mais além do que temos acumulado em
nossa própria mente e observar-nos atentamente no momento
presente, só dessa forma iremos nos auto-descobrindo.
Devemos suplicar à nossa Mãe Divina que nos desenvolva ao
máximo o sentido da auto-observação, que nos aguce este sentido da
alma; chamado por alguns de "Inteligência Emocional".
O apego é um grande impedimento para auto-observar-nos, já
que nos auto-observamos melhor na presença de pessoas que não
conhecemos, do que na frente de pessoas com quem se compartilha
mais continuamente e às quais temos apego (junto a família, não nos
auto-observamos).
Para defender nossos defeitos, com muita facilidade nos
justificamos ante os demais, dizendo que tais ou tais defeitos pessoais
são hereditários.
“Quem se identifica com os diversos processos do Eu Pluralizado é
sempre vítima das circunstâncias.
Como poderia mudar as circunstâncias aquele que não se conhece a si
mesmo? Como poderia conhecer-se a si mesmo quem nunca se observou
internamente? De que maneira alguém poderia se auto-observar se não se
divide previamente em Observador e Observado?
Agora, ninguém pode começar a mudar radicalmente enquanto não seja
capaz de dizer: 'Este desejo é um eu animal que devo eliminar'; 'este
pensamento egoísta é outro eu que me atormenta e que preciso desintegrar';
'este sentimento que me fere o coração é um eu intruso que preciso reduzir a
poeira cósmica'; etc, etc, etc." (Samael Aun Weor).

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5.4 PENSAMENTOS NEGATIVOS
Nossa mente está constantemente
gerando pensamentos, de todo tipo.
Estes pensamentos são gerados mais
além da nossa própria vontade, não
temos uma determinação de quais
pensamentos queremos ter e quais não.
Isto se deve a que não somos nós os que
pensamos, senão é o próprio ego quem
utiliza nosso centro intelectual para
gerar uma infinidade de pensamentos,
muitos deles negativos, como inveja, desconfiança, raiva, pena,
impotência, frustração, ciúmes, adultério.
Por trás de cada pensamento negativo, existe um pensador
diferente, um ego, um eu, um defeito que toma posse de nossa mente
e se manifesta, fazendo-nos acreditar falsamente que somos nós os que
pensamos; sendo ele, na verdade, o autor desta sucessão interminável
de idéias, preferências, objetivos.
Devemos sair do engano de que somos nós mesmos os que
constantemente pensamos, e compreender a oculta manifestação da
infinidade de pensadores que vivem dentro de nós.
Estando em contínua auto-observação, vamos nos tornando
conscientes do fervilhar incessante dos pensamentos e, por tanto, nos
capacitamos para pará-los.
"Quanto mais nos identificamos com um pensamento negativo, mais
escravos seremos do correspondente "Eu" que o caracteriza" (Samael Aun
Weor).
O ego quer se manifestar em nossa mente, devido a que esta
expressão no centro intelectual lhe dá alimento, lhe permite se
manifestar, seguir vivo, roubar a energia do centro intelectual.
Se aprendemos a estar alertas a nós mesmos, a mentira do ego
torna-se impossível e nos capacitamos para ir descobrindo e eliminando
os diferentes participantes de nossos problemas, tragédias e penas.

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5.5 TRANSFORMAÇÃO DAS IMPRESSÕES
O mundo exterior entra em nós
através das janelas dos cinco sentidos
em forma de impressões.
As impressões são mais um
alimento, assim como a comida que
entra pela boca e o oxigênio pelos
pulmões.
Assim como a comida é
transformada no aparelho digestivo e
o oxigênio no aparelho respiratório,
assim também as impressões devem ser transformadas no aparelho
consciencioso.
Se o oxigênio não é transformado nos pulmões e entra
diretamente no sangue, pode nos matar.
O mesmo acontece com as impressões. Se não transformamos as
impressões de uma bela mulher, acabaremos em adultério; se não
transformamos as impressões de um bonito carro, acabaremos nos
endividando; se não transformamos as impressões de um grande jantar,
acabaremos com dor de estômago; se não transformamos as impressões
de um insulto, acabaremos em uma briga.
Usando a consciência, poderemos ir transformando as impressões,
refletindo, compreendendo.
A impressão de uma bela mulher, ou de um homem bonito no
caso das mulheres, se transforma imaginando como ela será daqui a
alguns anos, uma velhinha enrugada. Um bonito carro podemos dizer:
"É um monte de latas dobradas com plástico derretido", ou podemos
imaginá-lo velho e fora de moda; assim compreendendo o que são as
coisas realmente e como serão com o tempo, vamos tirando a força do
poder hipnótico do ego. Vamos trabalhando o ego em todos os níveis
de seu engano.
"As piores adversidades nos oferecem as melhores oportunidades"
(Samael Aun Weor).
As impressões não transformadas alimentam o ego ou se
transformam em novos eus, portanto, não só temos que lutar com o
ego que já temos, mas além disso, estar alertas para não seguir criando.
"Não importa o que você olha, senão o comentário".
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Estas impressões não transformadas vão criando "representações
na mente", logo, nossos eus pegam essas representações e as levam ao
mundo dos sonhos. Assim acabamos realizando seus desejos nesse
mundo e quando o ego é forte nos faz viver seus sonhos no mundo
físico e o resultado, é então, catastrófico.
"A fotografia não é o evento”. A foto é apenas a representação, a
recordação, a imagem do evento. Todos nós temos imagens, modelos,
figuras mentais de todo o nosso entorno, de nós mesmos e até de Deus.
"Não vemos as coisas como são, vemos as coisas como somos".

5.6 CULPADO
Nunca se sinta culpado de nada,
somente os juízes determinam a culpa
ou a inocência. Culpa ou inocência é
o ditame final de um julgamento, e
nós não devemos ser juízes de
ninguém, nem mesmo de nós
mesmos.
Quando há um julgamento de
culpa, deve haver uma determinação
de "veredicto de culpa", e essa
sentença é castigo, sofrimento ou dor.
Muita da dor que sentimos é consequência de nosso próprio
castigo, já que estamos "castigando" o culpado de nosso drama ou
tragédia.
O ego adora fazer o papel de inocente ou de autocondenação.
Sofre porque é vítima ou sofre porque é culpado, a questão é "sofrer".
O ego adora sofrer, não pode conceber ver a vida sem dor; não a
conhece.
A palavra "culpado" deve ser erradicada de nosso dicionário
interno. Ninguém é culpado de nada, todos temos um grau de
responsabilidade em tudo.
A responsabilidade é um assunto de consciência e, portanto, pode
ser compreendida e corrigida.
Não mais culpas, por favor. Libere-se de seu próprio auto-engano,
de sua própria armadilha... Lembre-se que o ego é um masoquista, que

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dentro de sua inconsciência e imaturidade não pode ver mais além do
que ele pensa, do que ele supõe.
"Não suponha nada, compreenda tudo"; sua consciência é capaz
de atingir esse nível; de fato: "é a única coisa que ela quer".
Só nos responsabilizando de nós mesmos poderemos fazer grandes
mudanças em nosso interior, sem permitir que o veneno do sentimento
de culpa ou da falsa inocência, nos estanquem e nos destruam.
Não devemos confundir o sentimento de culpa do ego com o
"remorso da consciência". O primeiro busca o sofrimento, o segundo
busca a correção, a emenda.
A consciência coloca esse sentimento de profundo remorso em
nosso coração, para nos fazer refletir e corrigir nossos erros. O
sentimento de culpa não nos impulsiona à reflexão, só ao autocastigo e
ao sofrimento, é altamente masoquista e de uma severidade impensada.
O homem morre sob sua própria responsabilidade, mas o véu de
sua inconsciência não lhe permite vê-lo. "Passa a vida buscando
culpados, para assim, sentir que compreendeu a existência”.

5.7 ACEITAR, RECHAÇAR, COMPREENDER


Aceitar nem rechaçar é compreender. A
compreensão é fundamental para o
autoconhecimento.
Tanto o aceitar como o rechaçar são
processos intelectuais, raciocínios da mente.
Nós podemos nos dar o luxo de aceitar
algo e pode ser algo falso, uma mentira, uma
armadilha. Por outro lado, podemos
rechaçar algo e era a pura verdade, era uma
oportunidade extraordinária.
Tudo neste livro não é para ser aceito
ou rejeitado, mas compreendido.
Aceitar algo não significa que o
tenhamos compreendido, simplesmente o
admitimos.
Muitas pessoas irão rejeitar os conceitos deste livro, assim como
outros os vão aceitar e muito poucos os vão compreender.

68
Na compreensão, há consciência, vivência, intuição, reflexão.
A aceitação e o rechaço se geram em um nível muito superficial da
mente, eles são processos básicos, quase irrefletidos e dogmáticos.
Tudo na vida deve ser compreendido ou pelo menos tentar
compreendê-lo.
À medida que se trabalha sobre si mesmo, se deve ir descobrindo
certas facetas da vida que eram aceitas sem serem compreendidas, assim
como outras rechaçadas sem serem refletidas.
Às vezes, coisas que aceitávamos, mais tarde as rejeitamos e vice-
versa. Aceitação e rechaço são os extremos do pêndulo, a "compreensão
criadora" está no centro do pêndulo, em perfeito equilíbrio, sem
extremismos.
"Onde há COMPREENSÃO, a aceitação ou rechaço ficam sobrando"
(Samael Aun Weor).
A compreensão vem carregada de um sabor muito particular, é
algo que se sente no mais profundo de nosso Ser, nasce da mesma
consciência, mais além dos processos intelectuais seletivos da mente.
Você rechaça alguém? Te cai mal? então se esforce para
compreendê-lo.
Os defeitos não se eliminam porque os rechaçamos, nem as
virtudes aparecem porque as aceitamos. O defeito deve ser
compreendido e eliminado, só assim nascerá a virtude que estava presa
nele, mais além de nossa aceitação ou rechaço.
"Não se aceite, não se rejeite; compreenda-se".

5.8 A FALTA DE LIMITES


Hoje em dia vemos uma série de
problemas cujas raízes residem na falta
de limites.
Os seres humanos esqueceram de
colocar certos limites na vida, já tudo
está permitido, a ausência total de
limites nos está levando a uma
anarquia, a uma perda de valores e ao
caos total.

69
Não temos compreendido que o limite entre o bem e o mal "é
uma linha". Que do sublime ao ridículo "há um passo". Uma vez que
cruzou a linha, uma vez dado o passo, estamos em outra parte, nos
regem outras leis e a desordem e a confusão tem começado a reinar.
Os jovens foram criados sob a permissividade, já que pela lei do
pêndulo a sociedade passou do excesso de autoridade à permissividade
absoluta.
Mas, poderá colocar limites um pai que não sabe nem colocar-se limites
a si mesmo. Esse é o problema, a confusão é tal que poucos sabem onde
uma coisa acaba e outra começa.
Estamos diante da lei do "vale tudo", "pode ser tudo", "tudo está
permitido". Esse é precisamente o reinado do ego: a confusão, o caos,
a falta de clareza do que é correto e o que é incorreto.
Enquanto nossa psique continuar nesta confusão de limites, que
não é outra coisa que a confusão de valores, dificilmente poderemos
despertar nossa consciência, dificilmente poderemos sair de nossa
própria escuridão.
A consciência sabe muito bem os limites, mas como está dormida,
não pode se expressar.
Perdemos a "capacidade de assombro", já nada mais nos assombra,
a consciência se dormiu tanto que já nada mais chama a sua atenção.
Na medida que vamos eliminando os defeitos psicológicos que
carregamos em nosso interior, a consciência se irá expressando com mais
força e nos irá mostrando nossas confusões, nossa falta de limites e nossa
perda de valores.
As crianças e os jovens de hoje são o resultado desta sociedade, o
problema está na sociedade, em todos nós que nos esquecemos de
colocar limites a nós mesmos.
Esta perda de limites provém da desobediência.
Fomos expulsos do Éden por ser desobedientes, por não respeitar
os limites que Deus nos colocou, e o resultado está à vista de todos:
permissividade, desobediência, anarquia, desordem, confusão, ateísmo,
etc.
Devemos aprender a colocar limites ao nosso eu luxurioso,
controlando a visão e os pensamentos; colocar limites à nossa ira,
controlando verbo e os gestos; colocar limites à nossa cobiça,
compreendendo onde termina a necessidade e começa a cobiça; limite

70
à inveja, sentindo amor pelo bem do próximo; limite ao orgulho, sem
se vangloriar de nossos triunfos; limite à preguiça, dormindo menos;
limite à gula, comendo moderadamente.
Recuperemos o domínio de si mesmo, aprendamos a colocar
limites a nós mesmos, para colocar limites a outros, caso contrário, não
colocar limites aos outros só servirá para consolar nossa própria
anarquia e desordem interno.

5.9 A ILUMINAÇÃO
Buscar a Iluminação é buscar a luz da
consciência.
São muitos os que buscam a iluminação
e poucos que a encontraram.
Encontrar a iluminação é encontrar-se a
si mesmo.
A luz se esconde atrás da escuridão. A luz
sai da escuridão, como o calor do fogo.
Aquele que quer a Iluminação deve
primeiro conhecer a escuridão de si mesmo.
Por trás dessa escuridão, se oculta a luz.
Alcançar o estado de "Iluminado" não
requer de nada externo a nós mesmos.
Nenhum Mestre específico, nenhum livro, nenhum determinado lugar
nos dará a iluminação. Só poderá nos orientar; mas não, poder alcançá-
la; já que isso depende somente de si mesmo, do nosso próprio
trabalho, do nosso próprio esforço, da nossa própria coragem e amor
para obtê-la.
A Mãe Divina tem a tocha da luz. "Ela é o fogo e a luz dentro de
nós."
Se você quer a iluminação, aproxime-se de sua Mãe Divina, peça
a Ela, implore a Ela...
Cada vez que descobrimos um defeito, um pensamento negativo,
uma má intenção; devemos invocar a nossa Mãe Divina para que
elimine esse defeito e Ela assim o fará, destruindo a escuridão do ego e
liberando a luz da consciência que estava presa nesse ego. Quanto maior
a morte do ego, maior a luz da consciência.

71
"A Divina Mãe Kundalini tem o poder para reduzir a cinzas qualquer
agregado psíquico subjetivo, inumano" (Samael Aun Weor).
Se quiser alcançar a Iluminação e não se dedicar a morrer
psicologicamente, nunca a alcançará.
Todas essas pequenas chispas que você libera das garras do ego,
vão se fusionando até ir formando uma luz dentro de você; com o
tempo, essa luz deve despertar em outras dimensões da natureza, com
as Técnicas do Desdobramento Astral, a Meditação e a Transmutação
da Energia Sexual.
Assim como Buda alcançou a iluminação sentado sob uma figueira
(símbolo da energia sexual), assim a iluminação total requer do trabalho
alquímico. Mas tudo é precedido pela morte. "Se a semente não morre,
a planta não nasce."
Esclarecer nossa própria consciência, trabalhar nela, desenvolvê-la,
aumentá-la é o fundamental da existência para alcançar a saúde
psicofísica e a iluminação.
Mestre é aquele que ensina o que viveu, portanto, a vida e as
experiências da nossa vida são absolutamente necessárias para alcançar
o crescimento espiritual, ou seja, a Iluminação.
Aquele que rechaça as experiências, aquele que foge de si mesmo,
aquele que acredita que a vida está sendo cruel com ele, que a vida é
difícil, que a vida o faz sofrer, está rechaçando a iluminação, a liberação,
o regresso ao Pai Interno.
"Não temos que desejar poderes, mas prepare-se para recebê-los."
O trabalho para obter a iluminação espiritual se faz aqui, no
mundo físico; no mundo espiritual, só veremos os resultados.
"Devemos estar com os pés bem assentados na terra e a cabeça
bem assentada no céu."
Se chegamos a cair no plano físico, é desde esse plano que temos
que nos levantar.
"Quem não se trabalha a si mesmo na terra tampouco se trabalhará
a si mesmo no céu."

72
CAPÍTULO 6
A ELIMINAÇÃO DO EGO

6.1 A MORTE DO EGO


Neste capítulo encontramos a
metodologia para a eliminação do ego.
Todos os capítulos anteriores são
somente o preâmbulo deste, já que na morte
do ego sintetizamos todo nosso triunfo e
liberação.
Falar da morte do ego é falar do Arcano
13, da "Transformação". Morrer no ego não
é desaparecer, é Transformar-se, permitir que
algo novo nasça em nós. Mas,
lamentavelmente, não queremos mudar.
Cada um de nós é, talvez, bom para a
limpeza física. Tomamos banho todos os
dias, lavamos as mãos a cada tanto, escovamos os dentes, não comemos
comida que esteja suja. Mas, no entanto, não temos a mesma higiene
mental, não fazemos uma limpeza de nossa mente, nela sim permitimos
uma série de sujeiras, lixos, imundície, que nos danifica e danifica aos
demais.
Devemos sempre começar do zero, porque se pensamos ou
acreditamos que já fizemos bastante vamos nos estancar, e até aí
chegaremos, dormiremos na sombra dos louros das vitórias. Somente
começando do zero, dia após dia, nos afastaremos da possibilidade de
estancamento, de deter-se ou do retrocesso.
Para poder eliminar o ego precisamos apelar a uma força superior
à mente, já que nossa mente pode se dar ao luxo de ocultar um defeito,
mudá-lo de nome, escondê-lo, esquecê-lo, "não pegá-lo", mas nunca
eliminá-lo.
Essa força existe e é de natureza espiritual, e está esperando que
apelemos a Ela para desintegrar qualquer defeito que tenha sido
descoberto em flagrante, com o sentido da auto-observação.
Essa força, esse poder, essa capacidade, está em nossa "MÃE

73
DIVINA", em nossa Mãe Espiritual, na Mãe de nossa Alma.
Nossa Mãe Espiritual, armada com uma lança, enfrentará qualquer
defeito psicológico que nós lhe pedirmos com o coração.
Devemos suplicar a Ela, de todo o coração, que elimine o defeito
que temos descoberto, por pequeno que seja, como um pensamento,
sentimento ou ação.
Por diminuto que seja o detalhe, devemos pedir à nossa MÃE
DIVINA:
"Mãe minha, tira-me este defeito e desintegra-o com a tua lança."
Ela, assim o fará, porque essa é a sua missão, ajudar-nos desta
forma para que possamos ir nos liberando.
A súplica à Nossa Mãe Divina Particular deve ser feita com Força
e Fé, imediatamente após descobrir um "eu" ou defeito psicológico. Ela
somente elimina o “eu” que temos descoberto em algum dos “Três
Cérebros” (mente, coração e sexo) por meio da Auto-observação
Psicológica, “de instante em instante, de momento em momento”.
Devemos ter fé que Nossa Mãe Divina nos desintegra esse eu ou
defeito psicológico, no instante ou momento em que pedimos a sua
Morte ou Eliminação.
Só se pode eliminar o ego no mundo físico; aqui está a energia
para fazê-lo (força sexual). No momento de desencarnar (morte física),
se posterga o trabalho até uma nova encarnação. Por isso, a importância
de aproveitar esta existência e trabalhar arduamente em nós mesmos.
Qualquer pensamento negativo que seja descoberto deve ser
apresentado à Mãe para sua eliminação, sem duvidar e com muita
decisão. Desta forma o defeito vai perdendo volume, vai se
pulverizando.
Só em contínua vigília de nossa mente, coração e sexo, iremos nos
capacitando para a desintegração de todos e cada um dos defeitos que
nos mantém atados ao mundo da dor, do engano e do sofrimento.
Quando um elemento psíquico está se manifestando, seja por
qualquer um destes três centros, em seguida vem a petição à Mãe
Divina, para que ela proceda a desintegrá-lo.
À medida que se vai eliminando o ego, vai nascendo o verdadeiro
amor a si mesmo, e esse amor vai se expressando como amor ao
próximo e vai nascendo o mais íntimo desejo de ajudar os demais, para
que também comecem a se liberar de seus próprios defeitos.

74
Terminologias como “autoestima e amor próprio” são truques do
ego para continuar escondido sob vestimentas de falso amor. Não
precisamos aumentar a auto-estima, mas eliminar de nossa psique eus
que denigrem ou exaltam nossa própria auto-imagem.
"O amor próprio é o apelido do orgulho."
Todos estes defeitos são detalhes do ego, que se camuflam
astutamente, com nomes e sobrenomes rebuscados, para nos confundir
e nos fazer acreditar que devemos alimentá-los.
O verdadeiro amor não é amigo da autoestima e muito menos do
amor próprio.
Os piores momentos são os melhores para descobrir e eliminar o
ego. Portanto, as dificuldades não devem ser evitadas, mas aproveitá-
las inteligentemente para o autodescobrimento.
À medida que mais se trabalha, vai se refinando o paladar
psicológico e se fica em condições de descobrir defeitos, dos quais jamais
pensamos que habitavam dentro de nós.
Alguns nomes que foram dados à morte do ego no transcurso da
história: "Morte Mística, Aniquilação Budista, Morrer no Senhor,
Decapitação Psicológica, Limpar o estábulo, Negar-se a si mesmo,
Enfrentar-se a besta interna, A luta contra o dragão, Desegoistizar-se,
Despertar a Consciência, Liberar a Alma, Derrotar os demônios, O
Trabalho com os Detalhes, Morte em Marcha, Fabricar Alma, Polir-se,
etc.”
“Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no
Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, pois
as suas obras os seguem.” (Apocalipse 14:13).
Esse trabalho sobre o ego também foi ensinado em contos infantis,
como "A Bela Adormecida da Floresta" é a consciência (alma, bela) que
dorme profundamente ao ser envenenada pela bruxa (ego, a maldade,
a maçã, o sexo em seu aspecto luxurioso). O gênio (consciência) da
"Lâmpada de Aladim" está presa na garrafa (ego, mente).
A Mãe Divina elimina o ego conforme a nossa compreensão do
mesmo, quanto maior a compreensão, mais profunda é a morte que Ela
realiza do defeito. Por isso é importante aguçar a auto-observação, para
aumentar nosso conhecimento do “eu” que queremos desintegrar.
Os defeitos psicológicos são os que dão a “tonalidade” a nosso
caráter, pelo qual, trabalhando na morte do ego, o caráter da pessoa

75
vai mudando.
Ir nos tornando cada vez mais conscientes da nossa própria
maldade é o objetivo do trabalho sobre si mesmo.
Cada vez que eliminamos um defeito, aflora uma virtude; esta é
em si mesma a essência que o ego tinha presa em suas fauces.
O Sentido de Auto-observação Psicológica relacionado com a
Glândula Pituitária ou Hipófise, vai se desenvolvendo cada vez mais e
é claro que o Autodescobrimento vai sendo cada vez maior e muito
mais detalhado.
Existem muitos livros que falam do ego e o descrevem muito bem.
O detalhe está na forma de eliminá-lo ou transcendê-lo, já que não só
se deve ter consciência do ego através da compreensão, meditação,
reflexão e auto-observação, mas é de vital importância a sua eliminação
e isso só é possível com a ajuda de Nosso Mãe Divina, caso contrário o
ego pode se debilitar, mas nunca eliminar.
Lembremo-nos da Sagrada Escritura quando Deus fala à serpente
tentadora (ego): "Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua
descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás
o calcanhar." (Gênesis 3:15).
Isso revela o poder que Deus colocou sobre a Mãe Divina para
acabar com o ego.
"Com a morte se mata a morte por toda uma eternidade" (Samael Aun
Weor).

76
6.2 OS DETALHES E A MORTE EM MARCHA
O trabalho com os detalhes ou também
chamado de "Morte em Marcha", é a forma
mais simples, prática e efetiva para eliminar o
ego, nestes tempos onde nossa consciência se
encontra muito dormida e o ego muito
fortificado. Se chama "em marcha" porque
não precisamos deter nossa vida para fazer a
petição à Mãe Divina, mas sobre a marcha
vamos morrendo.
"Se queremos ganhar a batalha ao ego,
devemos fazê-lo nos detalhes".
Em cada detalhe se esconde uma
pequena manifestação de um eu, que, se
estamos atentos, o descobrimos e o vamos eliminando.
Cada eu psicológico pode ser representado por uma árvore, onde
as raízes grossas a mantêm em pé para que o vento não a derrube; no
entanto, o alimento o recebe de raízes muito pequenas, que são as que
recebem os nutrientes da terra, a água e os minerais.
O ego, da mesma forma, recebe seu alimento de pequenos
"detalhes" que temos em grande quantidade; como contar mentiras,
recolher moedas, olhares inadequados, pequenos pensamentos, má
vontade, etc.
Por exemplo, se quisermos eliminar o "eu" da ira, devemos colocar
muita atenção a todos os detalhes da ira, como quando nos irritamos
porque a fila no banco não avança, porque não se fez o que queríamos,
porque nos fazem esperar, etc.
Se queremos eliminar o eu da luxúria, devemos estar atentos aos
detalhes dos olhares incorretos, piadas com duplo sentido, olhar
revistas, abraços prolongados, carícias inadequadas, etc.
Desta forma, a árvore (ego) não recebe seu alimento e vai se
secando lentamente, até que morre definitivamente.
"Os detalhes fazem a diferença".
Se nós quisermos eliminar o ego, e não trabalharmos os detalhes,
será muito difícil a sua eliminação, quase impossível; mas trabalhando
os detalhes, o "eu" começa a debilitar-se, a desnutrir-se, a perder força.

77
"Quando temos muitas coisas em nós mesmos, que não conhecemos,
nem aceitamos, então tais coisas nos complicam a vida espantosamente e
provocam, na verdade, toda sorte de situações que poderiam ser evitadas
mediante o conhecimento de si." (Samael Aun Weor).
Cada detalhe eliminado nos aporta um grão de consciência, que,
somando um com o outro, nos vai formando a alma.
A ira e orgulho vão sempre de mãos dadas; se eliminamos a ira,
também vai se debilitando o orgulho e vice-versa.
Para trabalhar os detalhes deve haver uma certa disciplina em
nossa vida, se não colocamos essa disciplina no trabalho, a eliminação
dos detalhes nos será difícil. Por exemplo, se queremos eliminar o "eu"
da preguiça, mas temos o mau hábito de levantar tarde (10 ou 11 da
manhã), não vamos conseguir porque esta indisciplina é um alimento
para o ego.
Se quisermos eliminar os eus da sujeira, da desordem e da
comodidade, devemos ter todo nosso espaço limpo e arrumado: se
ocupamos o banheiro ou a cozinha, deve ficar limpo e arrumado; nosso
quarto deve estar sempre arrumado: a cama feita, a roupa pendurada
ou bem dobrada, etc. A Lei é simples: “Se quiser ordem dentro de você,
reflete-a fora de você.” “A perfeição está nos detalhes. Deus está nos
detalhes”.
“Grandes realizações são possíveis quando se dá importância aos
pequenos começos." (Lao Tsé).
“Quem não cumpre com as tarefas pequenas, não lhe dão tarefas
grandes”.
Se não podemos vencer ao ego nos detalhes, dificilmente o
poderemos vencer no abismo.

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6.3 O ARREPENDIMENTO
Em cada um de nós não existe
um verdadeiro arrependimento de
nossos erros. Somos superficiais em
nosso trabalho interno, não temos
nos tornado dignos do perdão dos
pecados porque não temos sentido
um arrependimento real e
profundo.
O arrependimento só se
demonstra quando nos esforçamos
por extirpar de nossa natureza interna, toda essa série de erros
psicológicos que nos afastam da luz do Ser.
Assim como Cristo expulsou os mercadores do templo com o
látego (vontade), dizendo-lhes "Fora do templo do meu Pai" (metáfora
da limpeza da mente). Da mesma forma, cada um de nós deve expulsar
os mercadores do "Templo do Pai, que é a mente", já que eles fazem o
que querem em tão precioso lugar.
À medida que vai crescendo a vontade, o látego vai crescendo até
que um dia possa tornar-se uma espada.
Todos esses ensinamentos antigos do Rei Artur e do mago Merlin,
representam a luta contra o ego, a liberação do homem e a obtenção
de poderes e faculdades para ser um grande soberano (de si mesmo).
"Se a água não ferve a cem graus, não se elimina o que deve se eliminar"
(Samael Aun Weor).
Ou seja, devemos passar por certas crises emocionais conscientes
de profundo arrependimento por nossos erros e faltas.
"Dos arrependidos é o Reino dos Céus".
Devemos recuperar a inocência perdida, a humildade e a
simplicidade da criança que mora dentro de nós.
Os Evangelhos dizem: "Enquanto não sejais como as crianças, não
entrareis no Reino dos Céus".
Somente trabalhando seriamente com nós mesmos seremos dignos
de ajuda celestial, já que nos fatos estamos demonstrando o profundo
arrependimento; ao enfrentar-nos a nós mesmos e transformando em
cadáveres essa soma de eus que faz nos revolver na escuridão do
desamor, da ignorância e da preguiça.
79
"O verdadeiro arrependimento não está nas palavras, mas nos
fatos".

6.4 COMPREENDENDO AO EGO


A Mãe Divina elimina o ego com a
mesma intensidade que nós o
compreendemos.
Quanto maior for a compreensão,
maior será a eliminação.
Nossa Bendita Mãe tem o poder
de eliminar todo nosso ego em um
segundo; mas se assim o fizesse, que
consciência haveria em nós sobre a
origem do mal?
O simples fato de nos auto-observar e pedir fervorosamente a Ela
sua eliminação, é sinal inequívoco de que estamos compreendendo
nossa própria escuridão.
A compreensão é o elevado nível de conhecimento. "O
conhecimento é da mente, a compreensão é do coração".
O incompreensível, o superficial, o imaturo, jamais crescerá
espiritualmente.
Para aumentar nossa compreensão do ego, devemos aprender a
meditar, a refletir nele.
A base do autoconhecimento está na compreensão do que
atualmente somos e não do que nos gostaria ser.
Quanto maior for a auto-observação, maior será a compreensão
do que somos atualmente.
Se, ao pedir a morte em marcha de um defeito, ele não morre e
continua espreitando e apertando nossos corações e mentes com seus
lamentos e pensamentos tormentosos, é porque não o temos
compreendido o suficiente.
Após um evento desagradável da vida diária, e depois de ter
pedido à Mãe Divina a desintegração com a morte em marcha dos
atores de tão nefasto drama ou tragédia existencial, podemos continuar
nossa compreensão deste episódio sombrio de nossa vida em nossos

80
lares, meditando em cada um dos cúmplices psicológicos presentes em
nossa luta interna.
Comodamente sentados, vamos reconstruir a cena, recordando o
evento desagradável e observando, desde fora, os pensamentos,
sentimentos e intenções que nos motivaram ao fracasso.
"É evidente que, defeito descoberto deve ser trabalhado conscientemente
com o propósito de separá-lo de nossa psique".
Desafortunadamente nem remotamente suspeitamos o que nos sucede e
atuamos como simples marionetes controlados por fios invisíveis.
A compreensão resulta muito elástica, por isso necessitamos aprofundar
cada vez mais profundamente; o que hoje compreendemos de uma forma,
amanhã compreenderemos melhor" (Samael Aun Weor).
Podemos nos ajudar neste processo de busca da luz oculta, com as
seguintes reflexões:
 Que pensamentos esta entidade psicológica coloca em minha
mente?
 Que sentimentos, que intenções ocultas?
 Como eu me senti após o ocorrido?
 Que o desencadeou?
 Isso já aconteceu comigo antes? Quando? Quantas vezes?
 Quando foi a primeira vez que se expressou?
 Sempre reajo igual?
 Este defeito danifica a quem? Beneficia a alguém?
 Está envolvido o orgulho? A ira? O medo? Cheira a luxúria?...
 Quais são seus detalhes?
 Que vazio há em mim que me faz reagir assim?
 Este defeito é uma manifestação de amor? e se não é, do que
é?
 Tem força sobre mim?
 É isto que eu quero para minha vida?
 O que há de verdade e o que há de mentira neste defeito?
 O que ele quer conseguir?

81
6.5 SACRIFICAR O SOFRIMENTO
É urgente deixar de ser vítima; esta
emoção de se sentir ferido nos afasta da
possibilidade de eliminar o ego.
Refinando o trabalho interno,
poderemos chegar a captar a
manifestação do ego em todas as suas
facetas.
O ego "adora sofrer", ele se alimenta
com a sensação de mártir; muitas vezes
tendo manifestações quase masoquistas, já
que fica apegado a determinados
sofrimentos.
"Deixar de sofrer é deixar de ser vítima".
O sofrimento, o pesar, a angústia devem ser sacrificados.
"As pessoas querem demasiado a seus próprios sofrimentos e se sentem
importantes recordando-os" (Samael Aun Weor).
Se chegássemos a compreender que por trás da maioria de nossos
sofrimentos se escondem emoções inferiores do eu, manifestações
ocultas de certos defeitos autoflagelantes, teríamos a determinação de
eliminá-los, de sacrificá-los.
A etimologia da palavra sacrifício é "Sacro = Sagrado" e "Ofício =
Trabalho", ou seja, Trabalho Sagrado. Sacrificar-se é trabalhar para o
sagrado, portanto, ao sacrificar certas emoções inferiores estamos
permitindo que surjam as verdadeiras emoções superiores da alma.
A verdadeira felicidade está oculta em uma série de emoções
negativas de sofrimento, que devem ser observadas e extirpadas de
nossa psique.
"Aproveitando os momentos críticos, as situações mais desagradáveis,
os instantes mais adversos, se estamos alertas, descobriremos nossos defeitos
que sobressaem, os Eus que devemos desintegrar urgentemente" (Samael Aun
Weor).
Sacrificar o sofrimento da doença, deixar de "estar doente", sentir-
nos bem, chamar a cura através do sacrifício do mal estar psico-
emocional.
Sacrificar o sofrimento não é uma tarefa fácil; poucos são os que
chegam a esta altura da compreensão. Entretanto, aqueles que o
82
conseguem, vão descobrindo a armadilha do ego, como as bestas
internas se apossam de nossas emoções e nos fazem jurar que são
verdadeiras.
Quando se fala às pessoas sobre tudo isso, a tendência geral é dizer
"é muito difícil eliminar o ego", existe a costume de se auto-limitar e se
condicionar no "eu não posso".
Cuidado com o que dizemos, para evitar nos limitar e fechar, com
pequenas sutilezas, a tremenda oportunidade de uma profunda
transformação.
Não permitas que o sofrimento te devore, não é uma emoção real,
é parte do truque do ego, colocando-te em um estado de sonho da
consciência, totalmente limitado, cego à verdadeira realidade.
"Se a dor aperfeiçoa, já toda a humanidade seria perfeita" (Samael Aun
Weor).
O ego só pode prejudicar o ego. Se alguém nos diz algo feio, é
nosso próprio ego quem se sente ferido. Se aprendêssemos a receber as
palavras do insultador sem os ouvidos do ego, não haveria sofrimento
em nós. A consciência peca por omissão.
Com coragem e inteligência podemos nos sobrepor a nosso
próprio sofrimento, observá-lo no mais profundo de nosso coração e
eliminá-lo. Recordemos que este sofrimento vai acompanhado de
"razões lógicas", "justificações da mente", "recordações dolorosas",
"orgulho ferido"; que também devem ser observadas e eliminadas para
nos assegurar da liberação total deste venenoso engano.
Levante sua cabeça, olhe sobre si mesmo, não se identifique com
o que aconteceu (foi uma experiência necessária), dê força à sua
consciência, reflete e se dará conta que tudo é possível, inclusive aquilo
que antes não parecia possível.
Nas sagradas escrituras se fala muito do sacrifício dos animais a
Deus, esses animais são os animais que carregamos dentro (o touro da
ira, o cão da luxúria, o urso da preguiça, a raposa da astúcia, o pavão
da vaidade, o rato da imundice, etc.); que nos fazem sofrer ao colocar-
nos em suas covas da dor, angústia e sofrimento.
Não é necessário alimentar mais o sofrimento; pelo contrário, é
urgente rebelar-se contra ele e extirpá-lo de nosso espaço psicológico.
"Se a pessoa não sacrifica a dor, jamais será feliz".
O estado de sofrimento é um estado de não-plenitude.

83
O que você semeia hoje como semente de sofrimento, amanhã
será uma grande árvore. São erros pequenos, mas, com o tempo, vão
crescendo na mente.
"Para parar de sofrer, tem que parar de pensar. O sofrimento está
na mente e não na circunstância".
O sofrimento e a dor são próprios do ego, a consciência é
Plenitude, Amor, Bem-aventurança, Alegria. Para eliminar o ego,
devemos conhecer nosso sofrimento. "Nós o criamos e nos vai doer
destruí-lo".

CAPÍTULO 7
SINTETIZANDO O TRABALHO
7.1 A ESSENCIAL DO TRABALHO
Uma vez lido e
compreendido este livro,
podemos começar a trabalhar
seriamente sobre nós mesmos, já
que agora temos uma ferramenta
prática que nos permitirá "Auto-
observar" nosso próprio mundo
interior.
Nosso real inimigo não se
encontra fora de nós, mas em
nosso mundo interior. São esses pensamentos de ódio, rancor,
frustração, raiva, desgosto, ciúmes, tristeza; que acompanhados do
mesmo tipo de sentimentos e ações, nos mantêm num estado
lamentável ou nos fazem obrar de forma errada, vendo tudo como
negativo, nos aprisionando em nossa mente sem poder ver mais luz do
que nossa própria escuridão.
O Bhagavad-Gita, livro sagrado do hinduísmo diz:
Krishna disse: "Yudhishthira, como você pode ser feliz se seu pior
inimigo ainda está vivo?”
Yudhishthira exclamou: "Meu pior inimigo? Quem é ele? Como é
que eu não sei nada sobre ele? Por favor, diga-me onde ele está!”

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Krishna disse: "Seu pior inimigo está dentro de você, e em nenhum
outro lugar". Você vem alimentando e nutrindo esse a inimigo durante
muito, muito tempo. A menos e até que tenhas conquistado esse
inimigo, não importa o que você alcance, não importa o que você faça
por si mesmo e pela humanidade, você nunca poderá ter felicidade".
É lamentável, mas cada um de nós está "Dormindo com seu
próprio inimigo", pensamos que o inimigo está fora de nós, mas habita
em nós mesmos.
É doloroso como passamos toda nossa vida lutando com o
próximo: com nosso vizinho, com nosso parceiro, com nossos filhos,
com nosso colega de trabalho. Sempre sentindo e vendo os demais
como os culpados da nossa infelicidade.
Enquanto não nos demos conta que o inimigo (nosso querido ego)
vive conosco, dorme conosco, que diariamente lhe damos sua comida
(nossa energia vital), dificilmente o eliminaremos.
Chegou a hora de nos fazer conscientes de tudo isso, de
compreender que somos os únicos responsáveis por nossas tragédias,
que tudo está dentro de nós.
Apelando a essa pequena porcentagem de essência (David) que
ainda temos dentro, podemos fortalecer a coragem e a inteligência de
nossa consciência e começar a descobrir ao "verdadeiro culpado de
nossas desgraças", o ego (Golias) que carregamos dentro, nossa
inconsciência, nossa escuridão interior.
Aprendendo a "não se identificar" com as dificuldades da vida,
poderemos ir desenvolvendo o sentido da "auto-observação", com o
qual iremos descobrindo "em flagrante" o ego em nossos pensamentos,
sentimentos e ações.
Cai-lhe mal certa pessoa: Se auto-observe: O que aciona essa
pessoa dentro de você? Que pensamentos? Que sentimentos? Que
intenções?
Descoberta a manifestação do ego (vícios, defeitos e erros),
estaremos em condições de eliminá-lo, de desintegrá-lo.
Falar da morte assusta, mas devemos compreender que a morte é
"transformação" e que é muito importante que cada um de nós passe
por essa transformação psicológica.
Para que algo novo nasça em nós, o velho deve morrer. Só com a
morte advém o novo.

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"Insensato! O que tu semeias não é vivificado, se primeiro não
morrer." (Coríntios 15:36).
O pior de tudo é que estamos presos a nossos hábitos, a nossos
costumes, a nossa forma de ser, a forma como pensamos, sentimos e
agimos (três cérebros por onde se manifesta o ego).
Defeito descoberto em qualquer destes lugares de expressão
(mente, coração e sexo) deve ser eliminado no ato...
Para isso, devemos apelar a uma força interna capaz de desintegrar
o defeito que temos descoberto. Essa força existe no interior de cada
um de nós; é nossa MÃE DIVINA, que armada com uma lança pode
eliminar qualquer defeito.
Colocar atenção à nossa mente e quando descobrirmos um
pensamento negativo de raiva, mentira, orgulho, ciúme, etc.; pedir à
Mãe Divina: "Minha Mãe, tira este defeito e desintegre-o com tua
lança".
Ela, assim o fará, e iremos liberando nossa consciência (alma) das
garras do ego, porque o ego vive pela consciência que tem presa, ou
seja, o ego tem fracionada a nossa alma.
Por diminuto que seja o detalhe negativo, tem que pedir com
fervor à Mãe Divina para que o elimine.
"Através do pequeno se chega ao grande".
Conforme o ego vai morrendo, a consciência vai se emancipando,
se liberando e começa a aumentar, a despertar.
Não tenha medo de pedir uma e outra vez, Ela nos auxilia com
Seu Amor Infinito e só está esperando que a chamemos.
Dirija sua atenção a mente, ao coração e ao sexo.
Os eus mais fortes devem ser estudados e compreendidos com a
técnica da meditação no defeito psicológico, buscando as raízes ocultas
e as associações egóicas que o alimentam e permitem sua manifestação.
Cada eu vai sempre acompanhado por outros que devemos descobrir e
compreender; o ego não ataca sozinho, tem seus "sequazes" que
devemos descobrir e eliminar um a um.
Com este trabalho nos liberamos de nossa própria prisão
psicológica que está fundamentada em nosso "querido ego".
O trabalho com os detalhes ou a morte em marcha com ajuda da
Mãe Divina, é a prática mais simples para trabalhar nossa psique e
liberar nossa alma.

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Aquele que pensa que irá encontrar outra técnica mais simples,
mais rápida ou mais eficaz para trabalhar seu mundo interior, está
equivocado.
Esta metodologia de trabalho tem sido entregue pelos Mestres da
Loja Branca, considerando o estado psicológico atual da humanidade.
Com o tempo e após trabalhar arduamente em si mesmo,
começam a se abrir outros caminhos, os olhos vão perdendo o véu e
nos é permitido a entrada no mundo espiritual (Desdobramento Astral).
No mundo astral podemos aprender muito sobre os processos da
humanidade, os acontecimentos futuros, nossas existências anteriores,
viajar para outros planetas e investigar detalhadamente o ego.

7.2 O DESDOBRAMENTO ASTRAL


Entrar conscientemente no Mundo
Astral por estes tempos torna-se
urgente.
Tudo o que está escrito neste livro
pode ser verificado e compreendido no
Mundo Astral.
Lamentavelmente, existe muita
desinformação sobre o Desdobramento
Astral, muitos "mete medos", que não
fazem e nem deixam que outros façam.
Existem muitas fórmulas e práticas para alcançar o Desdobramento
Astral, mas todas elas requerem fundamentalmente "concentração,
paciência e tenacidade".
O mundo Astral é um mundo paralelo ao mundo físico, pertence
à 5ª Dimensão e está regido por 24 leis.
Todas as noites, quando dormimos, entramos no mundo astral de
forma dormida, inconscientemente. A ideia é fazer isso mesmo, mas
com consciência dos processos naturais do desdobramento.
O desdobramento astral é uma necessidade fisiológica, é para que
o corpo Vital possa regenerar as energias perdidas do corpo físico, é um
requisito que a psique esteja fora. O mesmo que em uma casa, para
fazer a limpeza em um quarto, é necessário que ele esteja desocupado.
No mundo astral podemos visitar Templos e conversar com

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grandes Mestres, guias da Humanidade que desde essa dimensão
trabalham incansavelmente por todos nós.
Não devemos ter medo, mas desenvolver a coragem de ir ao
encontro do céu; recordemos que o céu é para os valentes.
Como estamos na Era da Síntese, vamos ver a prática mais sintética
e simples do Desdobramento Astral que existe:
"Deitados em decúbito dorsal ou posição fetal de lado, nos
concentramos em nosso coração, chegamos a sentir as batidas do
coração. Começaremos a sentir como se o corpo perdesse seus limites,
um formigamento, uma corrente elétrica que percorre o corpo.
Devemos seguir nossa concentração no coração. Se vem um
pensamento, imaginamos que é como uma nuvem e o deixamos passar,
não vamos com ele, permanecemos no coração.
Quando sentimos como o barulho de um motor agudo na nuca,
dizemos mentalmente: "Estou saindo, estou saindo, estou saindo" e
pronto… prum! "fora do corpo", "fora do corpo".
"Não fique com medo, surpreso ou muito alegre quando se veja
flutuando em corpo astral: isso o fazem todos os seres humanos e nada
lhes aconteceu. O que acontece é que saem inconscientemente e não
fazem as coisas à vontade" (V.M. Rabolú).
Estando já fora do corpo físico, pedimos a nosso Pai Interior, a
nosso Ser, a nosso Deus que nos dê sabedoria, que nos ensine o que
precisamos aprender para nosso crescimento interior.
"Assim é como vai se adquirindo a verdadeira Sabedoria, que não
está escrita em livros nem a ensinam em universidades nem em qualquer
outro lugar. Tomara que o faça todas as noites" (V.M. Rabolú).
A partir daí começa a experiência esotérica de cada um e devemos
aprender a guardar silêncio daquilo que é somente para nós. Nem tudo
devemos contá-lo, senão aprender a diferenciar o que se pode divulgar
e o que é apenas um mérito de nossa alma e que, portanto, devemos
guardar o Silêncio Esotérico.
"Aqueles que não aprenderam a sair em corpo astral é porque são muito
preguiçosos" (Samael Aun Weor).
Se você quiser ter mais informações sobre as práticas do
Desdobramento Astral, recomendamos ler o livro "Hercólubus o Planeta
Vermelho" do V.M. Rabolú.

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Para entrar em contato com o autor:
libroautoconocimiento@gmail.com

Mais informações:

www.libroautoconocimiento.cl

Destruindo a ignorância e a indiferença.

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Contenido
METODOLOGIA DE LEITURA 2
CAPÍTULO 1 4
A SAÚDE DO CORPO E DA ALMA 4
1.1 ANSIEDADE, ANGÚSTIA, CRISES DE PÂNICO 4
1.2 DEPRESSÃO E ESTRESSE 6
1.3 DROGAS E ÁLCOOL 8
1.4 RESSENTIMENTO E PERDÃO 10
CAPÍTULO 2 12
AUTOCONHECIMENTO 12
2.1 VER-NOS TAL QUAL SOMOS 12
2.2 NOSSA MENTE: GUARIDA DO EGO 14
2.3 OS PROBLEMAS SÓ EXISTEM EM NOSSA MENTE 16
2.4 A IMPORTÂNCIA DE APRENDER A RECONHECER
NOSSOS ERROS 18
2.5 ESSÊNCIA, CONSCIÊNCIA E ALMA 19
2.6 AMOR, FELICIDADE E PAZ 21
2.7 A LIBERDADE 23
2.8 CONHECEI A VERDADE 24
2.9 A MENTIRA 26
2.10 ESTRUTURAS MENTAIS 27
2.11 A DUALIDADE 28
2.12 O DISCERNIMENTO 30
2.13 A INTELIGÊNCIA 31
2.14 AMOR OU MEDO 33
2.15 O EGO 36
90
3.1 AQUI E AGORA 38
4.1 A MÃE DIVINA 40
4.2 O GINÁSIO PSICOLÓGICO 42
4.3 O MOTIVO DA VIDA 43
4.4 O VALOR DO MUNDO 45
4.5 LIBERTAR-NOS DA MENTE 47
4.6 O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA 49
4.7 MAIS QUE O MERECIDO 50
4.8 DESAPRENDER 52
4.9 AS CRENÇAS 53
4.10 VALOR E DECISÃO 54
4.11 A INTUIÇÃO 56
4.12 O MUNDO VIRTUAL 57
5.1 RESPONSABILIZAR-SE DE SI MESMO 59
5.2 O CAMINHO AO SER 61
5.3 AUTO-OBSERVAÇÃO PSICOLÓGICA 62
5.4 PENSAMENTOS NEGATIVOS 65
5.5 TRANSFORMAÇÃO DAS IMPRESSÕES 66
5.6 CULPADO 67
5.7 ACEITAR, RECHAÇAR, COMPREENDER 68
5.8 A FALTA DE LIMITES 69
5.9 A ILUMINAÇÃO 71
6.1 A MORTE DO EGO 73
6.2 OS DETALHES E A MORTE EM MARCHA 77
6.3 O ARREPENDIMENTO 79
6.4 COMPREENDENDO AO EGO 80

91
6.5 SACRIFICAR O SOFRIMENTO 82
7.1 A ESSENCIAL DO TRABALHO 84
7.2 O DESDOBRAMENTO ASTRAL 87
Contenido 90

92
93
94
"Este livro é um resumo do livro original AUTOCONHECIMENTO, que
você pode baixar gratuitamente no site do autor www.libroautocono-
cimiento.cl.
É um guia para que você descubra em si mesmo o seu lado oculto e
aumente a compreensão de si mesmo, do que lhe sobra e do que lhe
falta.
Aprendendo a descobrir e compreender nossos próprios defeitos psico-
lógicos, os artífices de toda dor e tragédia humana.
Uma vez descobertos, procedemos à sua eliminação apelando para uma
força interna, ignorada nestes momentos, que pode desintegrar instan-
taneamente qualquer defeito psíquico.
Somente dessa forma se consegue um verdadeiro sentimento de liber-
dade, alcançando uma vida na plenitude do Ser, aqui e agora.”

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