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Fernando García Silva

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METODOLOGIA DE LEITURA
Para conseguir que tudo o que se propõe aqui o ajude real e
profundamente, devem-se seguir as diretrizes de leitura, seguir o método de
estudo sugerido. Caso contrário, será apenas mais um livro que se leu e que
foi parar nas gavetas da mente.
Cada capítulo é acompanhado de uma pequena ilustração ou desenho.
Esse desenho é uma mensagem para seu cérebro emocional (intuitivo,
emocional, artístico); só de vê-lo, seu coração e sua consciência receberão
informações.
Recomendamos que primeiro você leia o nome do capítulo ou o tema
e em seguida olhe por um minuto ou mais o desenho que o acompanha,
sem tentar interpretá-lo racionalmente, mas sim "sentindo-o, escutando o
que ele lhe diz, observando-o sem pensar".
Em seguida, você pode ler o capítulo, ativando seu centro intelectual,
seu cérebro. Dessa forma, produz-se um aumento do potencial cognitivo,
pois, por meio da imagem, receberemos parte do conhecimento
intuitivamente.
Depois de terminar de ler cada capítulo, sugerimos que você não passe
para o próximo sem antes responder às cinco perguntas de autorreflexão:
1. O que aprendi neste capítulo ou frase?
2. Como isto se relaciona com minha vida?
3. De que forma este tema me ajuda em meu Autoconhecimento?
4. O que preciso modificar ou corrigir segundo o que foi aprendido
ou reforçado?
5. Há alguma prática que me é sugerida neste capítulo ou frase?
Recomenda-se ter um caderno intitulado: "AUTOCONHECIMENTO".
Nesse caderno, que deve ser um companheiro fiel do livro, você
anotará as respostas às perguntas que fará a si mesmo ao terminar cada
capítulo.
Nessas respostas, que você irá relendo, você descobrirá "a luz da sua
consciência".
"A luz está dentro de você e aparece quando você a descobre”.
O autoconhecimento não está neste livro, mas nesse caderno.
"O lápis sabe muito, especialmente sobre o oculto; deixe que ele lhe
conte".
Se você não for capaz de respondê-las, leia o mesmo capítulo
novamente.

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Cada capítulo deve passar por um processo de assimilação, de
impregnação.
Como se diz esotericamente, "Deve-se tragá-lo".
Isso tem por objetivo a compreensão, a integração do conhecimento
recebido, vê-lo em si mesmo e não nos demais, como estamos acostumados
a ver.
Você está compreendendo a si mesmo; e aquele que compreende a si
mesmo, compreende todos os demais.
Assim, o conhecimento se torna próprio, deixa de ser "emprestado".
Você não deve ler muitos capítulos por dia, caso contrário, apenas
entenderá, mas não compreenderá; acumulará na mente, mas pouco
chegará ao coração.
Os próprios acontecimentos da vida lhe permitirão ir compreendendo
em profundidade os assuntos expostos em cada capítulo.
Você pode ler os capítulos alternadamente, conforme "sinta aquele que
precisa ler", pois cada um deles tem uma certa autonomia e essa ordenação
intuitiva irá estruturando sua própria maneira de conhecer a si mesmo.
À medida que vamos trabalhando sobre nós mesmos, vamos
alcançando o verdadeiro autoconhecimento, vamos descobrindo como
realmente somos e não como aparentemente acreditamos ser.
Todos nós temos uma imagem falsa de nós mesmos, formada por
meias-verdades, de acordo com nossos próprios interesses e nossa limitada
maneira de ver.
À medida que se vá compreendendo tudo isso e, acima de tudo, se vá
trabalhando dentro de si, a consciência adormecida vai despertando e
aumenta a compreensão sobre o real motivo de nossa existência e o porquê
de certos sofrimentos.
Nessa tarefa, cada um de nós é realmente imprescindível, já que
ninguém poderia fazê-la por nós.
O livro irá levando-o pela mão até o seu interior, compreendendo
gradualmente cada vez mais; chegando, assim, à compreensão da "raiz do
sofrimento e da dor", que é o nosso querido ego, que jaz escondido, o
artífice de todas as artimanhas do subconsciente e da mente, que nos
mantém afogados em um mar de lágrimas e escuridão.
Somente nesse nível de compreensão e com a ajuda de nossa Mãe
Divina, estaremos capacitados para sua eliminação radical e definitiva.

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CAPÍTULO 1
A SAÚDE DO CORPO E DA ALMA
1.1 ANSIEDADE, ANGÚSTIA, CRISES DE PÂNICO
Todos esses estados de espírito são diferentes
manifestações do medo.
Por que há tantas pessoas com ansiedade
hoje em dia? Por que há crianças que sofrem de
angústia, medo, pesadelos? Por que as crises de
pânico estão aumentando tanto?
Hoje em dia podemos ser pessoas saudáveis,
de boa situação econômica, fisicamente
agraciados, sem problemas aparentes e, ainda
assim, angustiados, tristes e melancólicos.
A que se deve tudo isso?
O problema é uma questão de energia, de
vibração, de emoção. Tudo isso é a manifestação
de certos defeitos psíquicos muito ocultos na mente do ser humano.
É a manifestação de entidades psicológicas que habitam nas
profundezas inconscientes da pessoa. São vibrações energéticas muito
baixas; poderíamos até dizer abismais.
Parte de nossa psicologia já se encontra no inframundo e de lá envia
suas influências, suas vibrações, apoderando-se dos centros psicossomáticos
do corpo físico e fazendo-o vibrar naquela sintonia.
"Nada está parado, tudo se move, tudo vibra" (Hermes Trismegisto, O
Caibalion).
São defeitos caracterizados principalmente pelo medo; fortalecidos
pela ausência da luz e pela distância do Ser.
São sensações de vazio, nas quais a pessoa saboreia seu próprio estado
psicológico para que tome consciência do que tem em seu interior e onde
se encontra submerso.
"As piores circunstâncias da vida, as situações mais críticas, os eventos mais
difíceis, são sempre maravilhosos para o autodescobrimento íntimo" (Samael Aun
Weor).
Medicar-se é sufocar o sintoma, é não ouvir a mensagem que o corpo
nos grita, é não ter a coragem e a inteligência de ver o erro que se está

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cometendo, para se enfrentar a si mesmo. É não querer levar a luz de sua
própria consciência a iluminar os transfundos mais profundos do
subconsciente.
É necessário compreender "o que somos e onde estamos
psicologicamente". É necessário assumir a responsabilidade por nós mesmos,
destruir a falsa imagem de si mesmo, desenvolver a coragem de olhar cara
a cara a nossa própria escuridão.
Esse medo tão grande que sente a pessoa com um ataque de pânico é
porque naqueles momentos está se conectando com seu ego abismal, de lá
provêm aquelas sensações de perder o controle e sentir a morte por perto.
"O céu é para os valentes e se toma por assalto" (Samael Aun Weor).
Desenvolvendo o sentido da auto-observação, poderemos ir
descobrindo, compreendendo e eliminando as manifestações deste tipo de
defeitos e ir resgatando nossa consciência das profundezas do subconsciente.
Sair do abismo é urgente, ainda há tempo para fazê-lo.
Segure a mão de sua Mãe Divina, olhe corajosamente para a sua mente
e coração e lá você irá descobrindo estas manifestações perversas.
Ante a mais ínfima manifestação, clame por sua desintegração à sua
Mãe Divina e lentamente irá se liberando delas, até que não sinta mais a sua
força entrópica.
Seja corajoso, não se canse e vencerá.
"Do berço ao túmulo é uma escola; por isso, o que chamamos de
problemas são lições" (Facundo Cabral).

1.2 DEPRESSÃO E ESTRESSE


Estas duas doenças psicológicas podem ser
consideradas como parte de uma grande
epidemia deste século.
Quem não ouviu falar delas? Quem não
esteve ligado a alguma delas de uma forma ou de
outra?
Os termos "sinto-me deprê" ou "ando
estressado" já são muito comuns.
Ambas são os dois lados de uma mesma
moeda, são os dois extremos do pêndulo.
A pessoa deprimida não quer fazer nada e a
estressada fez demais.
A longo prazo os sintomas se mesclam, chega-se ao mesmo destino por

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caminhos diferentes: cansaço extremo, perda de memória, desengano,
confusão, fastio.
A falta de memória afeta muitas pessoas, não apenas os idosos com
Alzheimer.
Muitas pessoas nestes tempos se encontram cansadas, como se suas
"baterias” estivessem esgotadas; acordam cansadas e vão para a cama de
igual forma. É como se não tivéssemos energia, com vontade de não fazer
nada.
Este cansaço é devido, entre outras causas, à má alimentação, ao fato
de que a mente da pessoa nunca descansa, a um abuso de energia mental,
emocional e motora.
O abuso da energia corporal, o medo, a desconformidade estão por
trás dessas patologias.
Há um desequilíbrio, perde-se o rumo, não há clareza sobre o sentido
da vida, há uma ausência de verdadeiros princípios espirituais na vida.
Ocorre que se buscou o fundamento de sua felicidade fora de si mesmo e o
resultado não se fez esperar.
A longo prazo, nosso corpo e nossa alma nos apresentam a conta de
nossos abusos e erros.
A que se deve a depressão endógena? Alguns especialistas dirão que à
falta de certas substâncias químicas no corpo.
Se forem feitos alguns exames médicos na pessoa, talvez se encontrem
alguns desequilíbrios metabólicos, hormonais, químicos; no entanto, essa
não é a causa do problema, é apenas parte da manifestação, é o efeito.
A diminuição (hipo) ou aumento (híper) dessas substâncias em nosso
corpo continua sendo o efeito de uma causa mais profunda.
Seguimos sem compreender a influência de nossa psique (alma) sobre
o corpo e nossa vida em geral.
Obviamente, a depressão vai além do fato de certos sistemas
endógenos funcionarem mal, ou de que ao corpo físico faltem compostos
hormonais e químicos essenciais, como a dopamina, endorfinas, adrenalina,
etc. Tudo isso é o resultado de uma causa mais profunda e é simplesmente
que "Temos a alma doente".
"A depressão não existe, existe apenas um distanciamento da
Divindade".
A pessoa vai se tornando viciada nessas substâncias hormonais
(mensageiros moleculares), gosta de senti-las em seu corpo, por serem um
alimento para seus defeitos psicológicos, um vício.

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Na pessoa depressiva, por exemplo, alimentam-se a preguiça, a
irresponsabilidade, a tristeza. Toda pessoa deprimida se torna preguiçosa,
irresponsável e melancólica, são esses defeitos que vão se fortificando.
Quando experimentamos estresse ou medo em nossas vidas, se
olharmos com cuidado, perceberemos que a causa está localizada em nossa
memória. São as emoções que estão ligadas a essas recordações que nos
afetam agora.
A pessoa estressada não sente paz em sua vida. Não é apenas que ele
faça muitas coisas, mas que as faz sem felicidade, sem uma motivação real
para fazê-las. É por isso que se estressa, porque não tem presença no que
faz. Faz uma coisa, mas pensa em outra, não está em sua vocação, não está
motivado por sua consciência.
O depressivo não aceita a vida, não aceita o que lhe tocou viver, sente
injustiça, lamenta o que aconteceu, sente tristeza, é infeliz.
Em ambos os casos, seus "eus" estão fazendo-os pensar e sentir uma
vida vazia, sem sentido. Ao eliminar estes "eus", a vida volta; se sairmos daí,
encontramos o sentido, a vocação.
"Você que sente depressão ou estresse, simplesmente desviou-se do
caminho, esqueceu-se de si mesmo, está infeliz”.

1.3 DROGAS E ÁLCOOL


Por definição, uma droga é qualquer
"substância que provoca uma alteração do
estado de ânimo e é capaz de produzir
dependência".
O ego é um gerador dessas
substâncias e nos torna dependentes de
suas mórbidas excreções, mantendo a
consciência em um mundo de sonho,
fantasia, alucinação e irrealidade.
Vivemos em uma sociedade viciante, o ego é viciado em muitas
substâncias, busca-as compulsivamente; e embora não sejam consideradas
drogas, produzem modificação do estado de ânimo, dependência e vício,
tais como medicamentos, cigarros, álcool, café, chocolate, jornais, certas
bebidas gaseificadas, compras impulsivas, etc.
Todos nós carregamos dentro de nós, em maior ou menor grau, o "eu
do vício", porque todos nós somos viciados em alguma coisa.

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O consumo de substâncias nocivas, como maconha, cocaína, drogas
sintéticas, alimenta o ego e se tornou um "Grande Flagelo" nesta
humanidade.
As drogas produzem três tipos de danos: físico, psíquico e espiritual.
A ignorância, a curiosidade, o vazio interior, a desorientação, a busca
do que é diferente, o desejo de ser aceito leva a cair nestes flagelos.
Os pais são geralmente os últimos a saber que seus filhos estão usando
drogas, o que é um sinal claro da falta de comunicação e confiança nestes
tempos.
Afeta-se o corpo físico, envelhecendo-o, diminuindo sua vitalidade,
degenerando-o, matando-o.
Prejudica-se, além do mais, consideravelmente a energia sexual,
levando à impotência sexual, já que as narinas estão ligadas às gônadas
sexuais (Ler nosso livro "SUPRASSEXO, A Sexualidade Sagrada"). Afeta-se
inclusive a genética (hereditariedade), trazendo ao mundo filhos doentes.
Faz-nos perder a capacidade de discernir no aspecto moral, caindo
facilmente na imoralidade.
A droga também afeta o Corpo Vital, Etérico ou Energético; torna-se
opaco, desbotado, fica sem luz, sem energia, fraco. O corpo vital de uma
pessoa normal se projeta alguns centímetros, mas o de um viciado em
drogas quase não se vê.
A droga é um alimento para o inconsciente (o ego está em festa),
estimula as paixões mais baixas, levando-o à ousadia, à imprudência.
No nível mental, acelera-se a mente e se destroem os "Raios Alfa",
produzindo uma desconexão entre a mente e o cérebro, gerando confusão,
desordem e até mesmo loucura.
Nas dimensões espirituais, a Essência (matéria-prima para criar nossa
alma), se vê afetada, perdendo a vontade e ficando como se estivesse
bêbada.
Muitas pessoas usam drogas pelo nível competitivo, para poder render
mais no trabalho ou no esporte.
O viciado faz das drogas uma religião. As drogas são uma fuga de uma
realidade que não se quer ou não se pode enfrentar.
A pessoa que tem princípios espirituais pobres, que não é sólida em si
mesma, sempre procurará estimulantes externos, como as drogas e o álcool,
para realizar certas atividades.
Estes "eus" se manifestam através de detalhes, que são pequenas
justificativas para continuar com o vício.

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Há muitos defeitos psicológicos que se apresentam como viciantes,
como algo de que o corpo precisa para continuar funcionando. Todo vício
libera certos mensageiros bioquímicos (adrenalina, dopamina, endorfina,
serotonina), e vamos nos acostumando com eles.
A maconha, tão na moda hoje em dia, faz com que a pessoa focalize
sua existência no plano mental, esquecendo-se do sentimento; vai
confundindo o sentir com o pensar, vivendo tudo apenas em sua cabeça. A
maconha estimula o centro intelectual, a princípio de forma inofensiva, mas
a longo prazo ela se transforma em uma patologia de percepção errônea
do mundo, cheia de fantasia e devaneio.
"O viciado em maconha passa a acreditar que pensar e viver é a mesma
coisa... tende a manter o indivíduo em um estado prolongado de
imaturidade.
A hiperatividade mental proporciona a sensação de resolver inúmeros
problemas, de ter ideias 'geniais', de entender coisas complexas. Entretanto,
é característico observar que esses mesmos sujeitos têm extrema dificuldade
em concretizar essas ideias, em inscrevê-las dentro da matéria, em realizá-las
na vida cotidiana.
Tendem a permanecer no discurso oral ou escrito, muitas vezes
prolífico até chegar à verborragia, talvez brilhante (fascínio intelectual), mas
indigesto (peso intraduzível em ações)" (Dr. Jacques Mabit).
O autoconhecimento busca acalmar a mente, eliminar o ego, cuidar da
energia e vitalidade do corpo e, como podemos ver, com o consumo de
drogas, ainda que seja fumando a "erroneamente chamada inofensiva
maconha", nunca o conseguiremos, porque o que fizermos com as mãos,
destruiremos com os pés.
É impossível se auto-observar conscientemente sob os efeitos dessas
drogas ou do álcool, de modo que o avanço espiritual fica interrompido
para o viciado em drogas e para o alcoólatra.

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1.4 RESSENTIMENTO E PERDÃO
Quanto ressentimento é capaz de
sentir o homem, sem se dar conta de
como destrói seu coração....
Cada pensamento, baseado em
uma memória do ontem, que tem
alguma relação com a dor ou a
humilhação, nos faz guardar algum tipo
de rancor em relação a algo ou alguém.
Essa atitude nos torna vítimas das
circunstâncias, porque alude a alguma
injustiça ou algum ultraje importante, ainda que às vezes seja devido a
situações simples, como a falta de um cumprimento ou de um olhar.
Esse pensamento corrói nossa mente e obscurece a luz de nosso
coração, pois envenena silenciosamente nossa consciência.
Diga-me uma coisa, meu amigo leitor, acaso o ressentimento, a raiva,
a ofensa sentida faz com que o evento ocorrido no passado se modifique
de alguma forma? Sem dúvida, a resposta é clara...
Então, de que nos pode servir carregar um peso tão imenso e
irrelevante dentro de nós?
O ressentimento só pode ser vencido através da compreensão; essa
grandiosa virtude que nos permite vislumbrar que tudo tem um porquê, que
é merecido, que são as leis da natureza que nos compensam, etc.
A compreensão também nos faz sentir compaixão pelas ações da
pessoa que, supostamente, nos prejudicou, para não guardarmos nenhuma
emoção negativa que perdure e nos afete.
Sem dúvida, o "orgulho ferido" é a emoção que se vê afetada em nosso
interior para sentir rancor. Portanto, vemos que novamente o problema é
nosso e não do outro que o causa a nós.
Se removermos o orgulho de nossa psique, nos sentiríamos afetados se
alguém não nos cumprimentasse na rua? Com o orgulho, acreditamos que
estamos de alguma forma punindo quem nos machucou, e não nos damos
conta de que, através deste sentimento daninho, vamos silenciosamente
abrindo uma ferida interna, que amanhã se transformará em uma doença.
Não devemos esquecer que, para ser curados de algo, o perdão é um
requisito, e isso é conseguido através de pura compreensão e morte
psicológica dos "eus" que fundamentam o ressentimento, tais como a
vingança, a queixa, a tristeza, o orgulho, etc.

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O perdão libera dos laços que amargam a alma e adoecem o corpo.
O que cura é o perdão (amor) e a gratidão.
Perdoar ao próximo é requisito para a cura, "primeiro perdoe e depois
se cure".
Não devemos esperar que a pessoa que nos agrediu mude ou
modifique seu comportamento, porque, o mais provável é que essa pessoa
não mude, e inclusive se torne pior.
Ao não perdoar, o ego está no controle de nossa vida e quer, a todo
custo, castigar ou cobrar o agressor.
O perdão deve se realizar "sem expectativas", sem esperar que algo
aconteça. Se esperarmos que o agressor aceite seu erro, estaremos esperando
em vão e gastando nosso tempo e nossas energias em uma situação que
talvez jamais chegará.
A falta de perdão é um veneno destrutivo para o espírito, pois impede
a expressão do amor. Todos são capazes de amar um amigo, mas amar
aquele que o prejudicou só o fazem os compreensivos, aqueles que são
capazes de se elevar acima de seu próprio sofrimento.
"Quando não nos entendemos com alguma pessoa, podemos ter a segurança
de que esta é a própria coisa contra a qual é preciso trabalhar sobre nós mesmos"
(Samael Aun Weor).

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CAPÍTULO 2
AUTOCONHECIMENTO
2.1 VER-NOS TAL QUAL SOMOS
Uma das tarefas mais importantes do
homem é aprender a ver a si mesmo tal qual é
e não como aparentemente acredita ser.
Para nos vermos como somos, devemos
aprender a sair dos conceitos mentais que
tenhamos de nós mesmos, fundamentados em
crenças, lembranças vagas ou conveniências
pessoais, dado que nos impedem de conhecer
a nós mesmos.
Somente tirando a "máscara", poderemos
ver o verdadeiro ator de nossa vida.
Para nos vermos tal qual somos, devemos aprender a desenvolver o
sentido da "Auto-observação Psicológica", o qual nos permitirá ir
descobrindo essas facetas ocultas de nós mesmos, que talvez os demais
possam ver, mas que juraríamos não ter.
Cada um tem uma "Falsa imagem de si mesmo".
Estamos acostumados a ver o diabo fora de nós mesmos, acreditamos
que os outros são os malvados, os culpados, os traidores; e nós, mansas
ovelhas, não temos culpa de nada, somos apenas vítimas de um mundo
cruel.
Poucos são os valentes que se atrevem a olhar para si mesmos para
além de suas crenças, de suas próprias conveniências, além do que lhes
parece ser. Esses poucos que se atrevem são os que alcançam o
Autoconhecimento.
Quando começamos a nos auto-observar, quando começamos a
observar nossa maneira de pensar, de sentir e de agir, começamos a
descobrir uma série de ideias carregadas de inveja, uma série de sentimentos
carregados de raiva, e descobrimos como, por trás de nossa maneira de agir,
se escondem intenções negativas de causar dano e prejudicar ao próximo
ou a nós mesmos.
Por que você fala mal de seu irmão? É realmente imparcial em suas
decisões? Está seguro de que seus pensamentos se fundamentam na verdade?

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Está seguro de que a sua ânsia pelo protagonismo é guiada pelo amor?...
Reflita e compreenda, antes que a noite fria lhe cubra com seu manto
gelado.
Somente tendo uma "Atenção Ativa" a nós mesmos, nos permitiremos
sair do autoengano e perceberemos que não somos tão bons quanto
acreditávamos ser.
"Que um homem honrado, incapaz de tomar jamais algo alheio, honorável e
digno de toda honra, descubra, de forma insólita, uma série de ‘eus’ ladrões
habitando nas zonas mais profundas de sua própria psique, é algo espantoso, mas
não impossível" (Samael Aun Weor).
Por isso dizemos que: "Preferível é saber-se mau do que crer-se bom";
já que aquele que se crê bom não fará nada para se corrigir (porque já é
bom), continuará se autoenganando pelo resto de seus dias em sua falsa
bondade. Muitas pessoas simplesmente vegetam dia a dia e vivem com o
consolo de crer-se melhores do que o resto.
No entanto, aquele que valentemente começa a descobrir sua própria
maldade, capacita-se a se arrepender e lutar contra essa faceta negativa de
si mesmo, contra essa maldade que turva sua mente e seu coração.
Cada pessoa é "como um espelho", no qual vemos refletidos nossos
próprios defeitos psicológicos; quando criticamos alguém, é porque temos
esse mesmo defeito em nosso interior e o vemos refletido na outra pessoa,
por isso nos incomoda e a julgamos, a sentenciamos.
Quer conhecer a si mesmo?... Auto-observe-se, coloque atenção à sua
mente e aos seus sentimentos, para descobrir as intenções ocultas que possa
haver em seu proceder. Dessa forma, irá descobrindo suas invejas ocultas,
suas más intenções camufladas.
Por isso, são poucos os que alcançam o Autoconhecimento, porque
são poucos os que alcançam esta sinceridade consigo mesmos. A maioria
prefere continuar em autoengano, acreditando que estão indo bem, jurando
que o fizeram com boas intenções.

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2.2 NOSSA MENTE: GUARIDA DO EGO
O básico para o Autoconhecimento
é estudar e conhecer nossa própria
mente. O ponto de partida do
conhecimento de si mesmo está na
compreensão do que nela se manifesta.
Se queremos mudar, devemos fazê-
lo em nossa maneira de pensar.
Na mente se manifestam nossos
medos, dúvidas, tristezas, memórias,
raiva, etc.
É essencial compreender que o ego (eu, mim mesmo, si mesmo) usa
nosso centro intelectual (mente) para se manifestar. O ego - que nos lembra
a palavra egoísta: primeiro eu, segundo eu, terceiro eu - é uma
multiplicidade psicológica que mantém nossa mente em um contínuo estado
de desordem e desconcentração.
Passamos de um pensamento a outro; de uma ideia a outra;
prometemos e não cumprimos; pensamos bem de alguém e depois mal;
juramos amor eterno e depois odiamos. Este sem fim de ideias e
contradições tem sua base e fundamento em nosso querido ego. Enquanto
o ego existir em nosso interior, esta desordem continuará.
A quem não ocorreu de que ia a um lugar e, chegando lá, se pergunta:
"para que mesmo eu vim aqui?"; isso é por desconcentração, por estar
fazendo uma coisa, mas pensando outra.
A mente é de natureza feminina, portanto, deve ser "passiva e
receptiva"; mas o abuso dela a tornou masculina, "ativa e penetrante".
Como estiver a nossa mente, assim também estará nosso coração.
Por trás de todo pensamento há um pensador; eliminando o pensador
(o ego), acalma-se a mente.
O estresse, a insônia, o medo, a ansiedade, as preocupações se
fundamentam em uma "mente ativa".
Este trabalho interior começa trabalhando sobre nossa própria mente,
devolvendo-lhe sua principal característica, que é: "ser passiva".
Por que você é tão reacionário? Por que só ouve a si mesmo? Está
seguro de que sempre tem a razão? Suas ideias e projetos beneficiam a
quem?...
A vida moderna está acelerada, porque nossa mente está acelerada,
porque há muito caos em nosso interior, muito ego.

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A mente é nosso labirinto, nosso cárcere, e devemos nos libertar dela;
somente assim iremos saborear a autêntica felicidade, a serenidade, a paz, a
tranquilidade do coração.
Na mente está o tempo, o passado e o futuro, as memórias e as
projeções. O inconsciente (ego) se vale de tudo isso para nos fazer sonhar e
nos impedir de viver o presente.
Ao nos libertarmos da mente, nos libertamos do tempo e começamos
a viver de instante a instante. Começamos a nos conectar com nossa
consciência, que está mais além do tempo, mas que lamentavelmente está
encarcerada no ego, presa na multiplicidade psicológica.
A mente como um instrumento é extraordinária, mas pode estar a
serviço do ego ou da consciência. Utilizada pelo ego, manifestará
pensamentos negativos, raivas, ressentimentos, sonhos. A serviço da
consciência, alcançaremos a inspiração, a intuição, a concentração, etc.
Atualmente nossa mente gira em torno do "mais"; mais dinheiro, mais
títulos, mais bens materiais, mais reconhecimento.
"Rico não é aquele que muito tem, mas aquele que menos necessita".
Quem se liberta do ego (mente), liberta-se do reino da inconsciência,
da escuridão psicológica e pode descobrir o Templo de seu SER em seu
próprio coração, aqui e agora.

2.3 OS PROBLEMAS SÓ EXISTEM EM NOSSA MENTE


A vida é cheia de dificuldades. Essas
adversidades são necessárias para o
crescimento, para o aprendizado, fazem
parte do "Grande Plano Mestre", que dá
uma infinidade de oportunidades à alma
para compreender o motivo de nossa
existência.
Quando permitimos que essas
dificuldades (que são externas a nós
mesmos) ingressem, se alojem e
permaneçam em nossa mente, "criamos um problema".
"É urgente deixar de criar problemas na mente".
Os problemas são, portanto, formados pela mente, lá se gestam e lá
eles ficam; tornam-se parte de nós mesmos, nos acompanham em nossa vida
diária, dando voltas em nossa mente, e muitos deles continuam nos sonhos.

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"Diga-me com o que sonhas e te direi quais são os teus problemas".
Esta "identificação" da mente com os infortúnios da vida é o que torna
nossa mente cheia de problemas.
Devido a nossa inconsciência, a nossa falta de compreensão, a mente
vai acumulando mais e mais problemas dentro de si, até que finalmente
colapsa.
Se quer aprender a não ter problemas, não deixe que eles se formem
em sua mente, deixe as contrariedades do lado de fora, que é aonde elas
pertencem.
Quando criamos um problema, vamos nos enchendo de tensão, de
angústia, de dor.
Aprendamos a deixar cada coisa em seu lugar, a mente não foi feita
para ser carregada de problemas.
Há, inegavelmente, certas circunstâncias difíceis que tivemos ou
teremos que viver; no entanto, ao irmos compreendendo tudo isso, vamos
nos conectando mais com nossa alma, a qual está mais além da mente. Esta
alma, imortal e eterna, permitirá nos sobrepormos à mente e aprender a
olhar as adversidades com maior aceitação, com maior entrega, sem tanta
resistência, pois é esta última que cria a identificação e a dor.
Todo bom trabalhador, quando encontra uma dificuldade em seus
deveres e não descobre a solução, deve se aproximar de seu chefe
imediatamente superior, para indicar a dificuldade e pedir ajuda e
orientação, caso contrário pode haver um desgaste inútil de energia e perda
de tempo. Em tua vida ocorre a mesma coisa, quando encontrar uma
dificuldade e não descobrir a solução, vá até seu Chefe direto e entregue-
lhe o problema para que ele o solucione.
Seu Chefe direto é Deus, entregue a Ele aquelas coisas que você não
pode solucionar, "passe o problema para cima", direto à chefia e espere as
orientações, com calma, tranquilidade, fé. Deus responde através de sinais;
esteja atento aos sinais, às orientações e guias do Grande Chefe.
Você não é dono de nada, tudo o que possui terá que deixar em algum
momento de sua vida: sua casa, suas coisas, seus filhos, seu cônjuge, seu
trabalho, seu corpo; tudo, absolutamente tudo.
A palavra preocupação significa "pré = antes de"; ou seja, antes de se
ocupar. Nós nunca devemos andar preocupados, mas "ocupados".
A preocupação é aquele interminável rolo mental que não nos deixa
dormir, que está constantemente rodando na cabeça e só nos rouba energia,
enfraquecendo-nos, amargurando-nos.

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Nada deve nos preocupar. É precisamente aquilo com que estejamos
preocupados que indica onde o ego está mais identificado, onde a
consciência está mais adormecida.
"O Mestre Interior nos fala em forma de Intuições. Se o homem obedecesse a
essas Intuições, viveria sem problemas" (Samael Aun Weor).

2.4 A IMPORTÂNCIA DE APRENDER A RECONHECER


NOSSOS ERROS
A pior coisa que pode acontecer a
um homem é morrer sem ter reconhecido
e corrigido seus erros....
Quando se trata de julgar a nós
mesmos, não somos os melhores juízes.
Por isso, é bom escutar atentamente
aqueles que nos indicam um erro que
cometemos.
Entretanto, a tendência natural de
nossa psique é não querer reconhecer
nosso erro, pensar que é o outro que está equivocado, que eu o fiz sem
querer, que "não tem nada a ver, você não me entende".
Acabamos nos justificando, sem escutar quem nos fala e, "para variar",
escutando a nós mesmos, a nossa própria mente, escondendo-nos com o
traje da inocência.
E o que é pior, em alguns casos, reagindo com raiva porque nosso
orgulho de "boa pessoa" foi ferido.
"A ira e o orgulho" comem no mesmo prato, sempre se juntam para
defender nossa suposta inocência.
Ante toda atitude de raiva se esconde o orgulho ferido. Ira e orgulho
sempre se confabulam para emergir ambos do subconsciente e se manifestar.
Todo iracundo é um covarde, porque não ousa enfrentar o problema
com tranquilidade, com valor; em serenidade e amor.
A ira é nosso escudo para defender até a morte nossos erros não
assumidos.
O mau caráter, o mau temperamento são manifestações da ira, muito
comuns hoje em dia na psique humana.
Se não reconhecemos nossos erros, seguimos pelo pior dos caminhos,

16
o da "cegueira" para consigo mesmo.
"Seja valente, reconheça seu erro e o corrija".
Sem dúvida, aquele que não reconhece seus erros quando outra pessoa
o faz vê-los, é porque está acostumado a não reconhecê-los quando sua
própria consciência lhe indica.
Somente abrindo nossas mentes, dando-nos a possibilidade de
estarmos equivocados, recuperando a honestidade com nós mesmos,
seremos capazes de ir além de nossos erros, além do que até agora somos.
"Mais sabe o diabo por velho do que por diabo".
O mais fácil é ver os erros nos demais; criticar e julgar é o mais cômodo
a fazer. Não reconhecer nossos erros é um tremendo obstáculo ao
Autoconhecimento, permanecemos estagnados, detidos e, o que é pior,
vamos piorando.
O tempo não torna ninguém melhor, o tempo apenas fortalece o ego;
porque o ego é do tempo, vive no tempo, é tempo. Não esperemos que
com o tempo vamos ser melhores.
Com o passar dos anos, como a mente vai se fortificando, torna-se
mais difícil reconhecer nossos erros, tornamo-nos mais cabeças-duras, mais
teimosos, mais enrijecidos.
"É irônico tornar-se um erudito e não saber nada sobre si mesmo" (Samael
Aun Weor).

2.5 ESSÊNCIA, CONSCIÊNCIA E ALMA


A essência é a matéria-prima para fabricar
alma, é um embrião de alma. É o que torna bela
uma criança recém-nascida, na qual apenas se
expressa sua essência, sua pureza.
Ao falar de Essência, falamos de Deus mesmo
dentro de nós. Nossa verdadeira natureza é a
Essência, ela se expressa como um conjunto de
virtudes, poderes, atributos dentro de nós.
É o que nos faz nos arrependermos,
refletirmos, amarmos verdadeiramente,
intuirmos, etc.
A essência vai se desenvolvendo em
pequenas porcentagens, através de trabalhos
conscientes e padecimentos voluntários.

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Espiritualmente, o termo Beleza é aplicado à essência. A beleza está
dentro.
A essência nos confere o conhecimento de nós mesmos, nos permite o
Autoconhecimento. Portanto, se quisermos conhecer o aspecto superior de
nós mesmos, temos de nos ligar mais com nossa essência.
Para que a Essência cresça e se desenvolva dentro de um indivíduo, é
necessário um trabalho sério sobre si mesmo.
"O desenvolvimento da Essência só é possível à base de trabalhos conscientes
e padecimentos voluntários..." (Samael Aun Weor).
Lamentavelmente, nossa Essência se encontra presa (engarrafada)
dentro do ego. Aqui a importância de eliminar o ego, posto que na morte
do ego está a liberação de nossa Essência. Cada vez que se elimina parte do
ego, a Essência se libera e se transforma em Consciência. A Consciência é,
portanto, a Essência liberada, emancipada, desperta, resgatada das garras do
ego.
A natureza do ego é a dispersão, a desagregação, e a natureza da
Essência é a unificação, a integração.
À medida que se vá trabalhando na dissolução do ego, a Essência
emancipada vai se fusionando, vai se integrando, vai se unificando em uma
grande Consciência, e essa Consciência, com o tempo, forma nossa alma.
Quando se elimina o ego, começa-se a sentir as faculdades de nossa
Essência, tais como o amor, a paciência, a felicidade, a alegria de viver.
O despertar é um processo de morte do ego. A morte precede o
despertar, porque o despertar é um nascimento para outra realidade, para
outra dimensão (Mundo Astral), só assim se cristaliza a alma.
Vejamos, pois, a sequência para formar nossa alma. Sem a eliminação
do ego, é impossível chegar a ter alma.
Alguns grupos pseudoesotéricos dizem que nossa consciência mudará
positivamente, em uma grande rede, de uma hora para outra, sem o
intermédio de nenhum trabalho interno de eliminação de defeitos psíquicos
nem de transmutação da energia sexual. Tudo isso serve apenas para
fortalecer a preguiça e nos manter afastados do verdadeiro trabalho interno.
A nova consciência se fundamenta na morte da "não-consciência"
(ego).
Aquele que acredita que o tempo desenvolverá sua consciência está
terrivelmente equivocado. O desenvolvimento da Essência não tem nada a
ver com o tempo. Para Deus, 1000 anos é como um segundo e um segundo
é como 1000 anos, posto que em um segundo podemos eliminar um defeito

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que nos prendeu durante 1000 anos.
O desenvolvimento da essência se dá pela "ação"; há muitas pessoas
preguiçosas que deixam passar os anos sem trabalhar nada em si mesmas,
sem haver formado sua alma, sem haver cumprido o motivo fundamental
da existência.

2.6 AMOR, FELICIDADE E PAZ


O amor, a felicidade e a paz não podem
florescer até que nos tenhamos libertado do
domínio da mente.
O amor, a alegria e a serenidade são estados
profundos do Ser, provêm de dimensões
espirituais, de uma consciência livre, conectada
com seu Ser.
O amor é felicidade, é liberdade; o amor é
dar.
O pior é confundir o amor com o desejo; o
desejo é a antítese do amor. O amor verdadeiro
nunca nos faria sofrer. O sofrimento é parte da
inconsciência, da incompreensão, do ego, mas jamais do puro e legítimo
amor.
Nunca devemos confundir a felicidade com o prazer. A felicidade nasce
da alma e não depende de nada nem de ninguém; a felicidade é contínua,
não tem princípio nem fim, é o resultado da conquista de si mesmo, é a
expressão de nossa própria consciência livre e soberana.
"A maior alegria para o gnóstico é celebrar a descoberta de algum de seus
defeitos" (Samael Aun Weor).
O prazer, pelo contrário, como simples satisfação dos sentidos, tem
um princípio e um fim, é uma resposta química a certos estímulos do corpo
físico, não é da alma.
Não é correto o que se diz por aí que a felicidade é a soma dos
momentos felizes da vida.
"Onde termina o prazer, começa a dor". O que hoje nos dá prazer
sensual amanhã nos dará dor física. O prazer sensual e a dor física são a
mesma substância, colocada em extremidades diferentes do pêndulo
emocional da vida.
O ego sempre vai querer te vender “gato por lebre”.

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Não deixe que te confunda, precisamos recuperar a verdadeira alegria
de viver, de Ser, de existir.
"A essência da vida é Ser Feliz", se não és feliz, estás falhando no
essencial da vida.
"O único requisito que há para ter direito à verdadeira felicidade é, antes de
tudo, não ter ego" (Samael Aun Weor).
A paz não é alcançada com tratados, com assinaturas, com papéis. A
paz é individual, é a conquista do coração tranquilo. Podemos viver no
meio da guerra e estar em paz.
"A paz não se busca, se irradia".
Viver em paz é uma escolha de vida, não importa o que aconteça,
nunca perca a paz de seu coração.
Quanto vale a paz? Não tem preço, não é? Portanto, se você troca sua
paz interior por uma cara feia ou palavras que ferem, está fazendo um "mau
negócio".
"A felicidade e a paz são irmãs; e ambas são filhas do amor".
Não condicione a sua alegria e a sua paz a um determinado evento,
"que se tal coisa não tivesse acontecido, eu seria feliz", essa é a armadilha do
ego, condicionar-te ao tempo e a eventos passados para te manter na
infelicidade, no ressentimento.
Não há que se deixar perturbar nem pela alegria nem pela tristeza.
"Há que perseverar na paz suprema".

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2.7 A LIBERDADE
A palavra liberdade fascina muitas
pessoas.
Quanto sangue já foi derramado no
mundo por esta palavra....
Hoje em dia, há muitos que dizem buscar
a liberdade, mas só seguem seus "caprichosos
conceitos mentais de liberdade". Assim é o ego,
de tudo faz um ideal, mantendo-nos presos em
sua jaula mental.
A liberdade é obtida com a conquista de
si mesmo, quando descobrimos o que nos causa
uma sensação de aprisionamento, de limitação,
de estancamento.
As verdadeiras grades que encarceram o ser humano não são físicas,
são psicológicas, são mentais, baseadas em recordações, raivas, mágoas,
rancores, etc.
As barras da mente nos mantêm encarcerados na jaula da dor e do
sofrimento, cobrando constantemente dos outros e da vida nossa falta de
liberdade, sem chegar a compreender a fundo o autoaprisionamento.
"O fundamento da liberação é o Conhecimento e a Ação,
conhecimento sem ação é preguiça e ação sem conhecimento é tolice".
À medida que o ego vai morrendo, vamos experimentando em nós
mesmos aquilo que chamamos de liberdade.
Ego morto é grade destruída, é expansão alcançada, é
independência, autonomia.
O apego às coisas, às pessoas, ao dinheiro, cria a sensação de falta
de liberdade. Há aqueles que abandonam suas famílias, que renunciam a
seus empregos, buscando a emancipação.
Toda busca pela liberdade fora de nós mesmos é um autoengano, é
querer alcançar algo superior através de um ato inferior.
O sentimento profundo de liberdade que vai alcançando aquele que
começa a morrer em seus vícios, em seus defeitos, tem um sabor que o ego
não conhece.
Nós não conhecemos o sabor da liberdade, temos apenas formosos
conceitos, belos ideais. Uma pessoa pode estar prisioneira, mas sentir-se
completamente livre.
Quanto maior a liberdade, maior a felicidade; e vice-versa.

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"Qualquer intento de liberação, por grandioso que este seja, se não tiver
em conta a necessidade de dissolver o ego, está condenado ao fracasso" (Samael
Aun Weor).
Escreva em seu caderno o que te impede de ser livre, o que não te
permite"cavalgar pelos ares", o que te mantém escravo das coisas e das
pessoas.
Liberdade não é libertinagem. Liberdade não é fugir.
Somente SER. Eis a verdadeira liberdade, duradoura, incondicional,
plena. A liberdade é alcançada dentro, em absoluto respeito e
responsabilidade.
Quer ser livre? Conquiste-o dentro de si.
"Não há caminho para a liberdade, a liberdade é o caminho" (Indira
Gandhi).

2.8 CONHECEI A VERDADE


"A verdade é libertadora”. Se
alguém recebe um ensinamento e este
não lhe dá soluções, não o ajuda a sair
do problema, não é a verdade. Toda
verdade, por dura que seja, nos levará a
uma maior liberdade.
O Zen diz: "Não procures a
verdade, simplesmente abandona tuas
opiniões".
É urgente chegar à síntese que têm os orientais sobre a consciência,
para chegar a conhecer a verdade.
A verdade está em nosso interior, mas a mente não nos permite vê-la.
Nossa mente nubla e enreda tudo, esconde de nós a verdade sob um véu
de lógica intelectual, de crença, de suposição, de entendimento.
"Não intelectualize nada, compreenda tudo. Não acredite em nada,
investigue tudo. Não suponha nada, conheça tudo".
A verdade se oculta dentro da ignorância, a luz está dentro de tua
escuridão, tua consciência está oculta dentro de teus erros, a felicidade e a
paz jazem aprisionadas dentro de teu sofrimento.
Destrua a sua ignorância e conhecerá a verdade, destrua a sua
escuridão e conhecerá a luz, desintegre o seu ego e terá consciência, deixe
de sofrer e será feliz... É muito difícil de compreender?

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"A verdade só se percebe com os olhos do coração".
A mente não conhece a verdade, a verdade não é da mente. A mente
se move dentro da crença e da dualidade; e a verdade é a veracidade e a
assertividade. Não é através do estudo intelectual que chegamos à verdade.
A verdade não se estuda, se sente, se vive.
A verdade é da consciência e obedece ao amor, a mentira é do ego e
corresponde ao desejo.
Vivemos em um mundo de mentiras, de enganos e falsidades. A
verdade vem até nós, mas nossa escuridão (ignorância, sabichonice, medo)
não nos permite reconhecê-la.
"A Verdade não é questão de sofismas, conceitos, opiniões. A Verdade só pode
ser conhecida através da Experiência Direta. A Mente só pode opinar e as opiniões
nada têm a ver com a Verdade" (Samael Aun Weor).
A verdade está dentro de você, a sua consciência o sabe; mas o ego
com sua lógica intelectual se encarregou de ocultá-la, esse é o sonho da
consciência.
Como você já conhecia a verdade, este livro está destinado a
simplesmente lembrar-te dela.
Jesus disse: "Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará".
O próprio conhecimento da prisão psicológica no ego, a compreensão
de que as grades de nosso cárcere estão em nossa própria mente egoica, o
profundo entendimento de que somos escravos do desejo do ego, nos
permitirá trabalhar para sair desse estado de inconsciência e alcançar a tão
anelada "verdade".
"A mentira dói e adoece; a verdade, por mais dura que seja, traz luz”.

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2.9 A MENTIRA
A mentira atenta contra a verdade, ou seja,
contra Deus, porque Deus é a verdade. A mentira
é um pecado contra o Pai, é um curto-circuito para
a energia luminosa do Ser.
"Conhecei a verdade e ela vos libertará,
conhecei a mentira e ela vos aprisionará".
Não existem as "mentirinhas brancas", a
mentira é mentira e ponto.
"Quem mente, mente a si mesmo".
Se basear sua vida em mentiras, só
encontrará escuridão.
Toda mentira fortalece a covardia, devido a
não termos o valor de enfrentar as coisas com a verdade, termos medo de
"perder". Preferimos perder o vínculo com nosso Ser a perder um objeto,
um julgamento, dinheiro, um cônjuge, dizendo uma mentira.
Em nosso estado atual de consciência, não conhecemos a verdade e, o
que é pior, acreditamos conhecê-la. Cada um de nós tem uma versão mais
ou menos deformada da verdade.
Em contínua e atenta auto-observação, vamos descobrindo nossas
facetas mentirosas, as quais muitas vezes passam despercebidas até para nós
mesmos.
"É indispensável lutar até a morte contra a fantasia acerca de nós mesmos,
se é que não queremos ser vítimas de emoções artificiais e experiências falsas que,
além de nos pôr em situações ridículas, detêm toda possibilidade de
desenvolvimento interior" (Samael Aun Weor).
O carma do mentiroso é a deformidade física, pessoas que em
existências anteriores basearam sua vida em mentiras, hoje devem aprender
a viver em um corpo deformado, amorfo, resultado de suas contínuas
mentiras.
A verdade dói, mas a mentira mata.
"A mentira de hoje é a escuridão de amanhã".
Lamentavelmente esta sociedade se fundamenta em mentiras: os
políticos mentem, os líderes espirituais mentem, o homem mente à mulher
para conquistá-la, a mulher mente ao homem para não perdê-lo, os pais
mentem a seus filhos com o "Papai Noel", etc.
Há falsos guias espirituais que te entregam dez verdades para
convencer-te e depois te dizem apenas uma mentira e te destroem.

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A matemática é simples, menos com mais dá menos; ou seja, se eu
disser dez verdades e depois uma mentira, o resultado final é negativo,
escuro.
Somente a verdade se sustenta a si mesma.
"Aquele que fala mentiras não conseguirá ficar firme perante meus
olhos". (Salmos 101:7).
Deve-se dizer a verdade custe o que custe. Somente aquele que
caminha sempre com a verdade conhecerá a luz de seu Ser.
Enquanto a consciência permanecer adormecida, não veremos a
diferença entre a verdade e a mentira; quando começa a despertar, vamos
compreendendo que mentir é um erro grave, que nos estanca
espiritualmente, que vai destruindo todo o trabalho que façamos para o Ser.

2.10 ESTRUTURAS MENTAIS


A prisão está em nossa mente, as
barras sendo as estruturas mentais que
temos criado com o passar dos anos, os
ensinamentos recebidos, a lógica
intelectual inconsciente, as suposições.
Essas estruturas mentais, autocriadas
ou impostas pelo meio, não nos permitem
avançar, nos limitam, restringem e
enrijecem, deixando a mente em um
estado de restrição.
Durante o trabalho de auto-observação e transformação interna, essas
estruturas rígidas começam a ser descobertas e eliminadas gradualmente, de
modo a ir devolvendo a liberdade consciente à mente; recuperar a
inocência, mas com consciência.
Devolver a ductilidade à mente está entre as tarefas primordiais de
todo aquele que queira ir além de si mesmo.
"O pensamento deve fluir silencioso, sereno e integralmente, sem o batalhar
das antíteses, sem o processo do raciocínio, que divide a mente entre conceitos
opostos" (Samael Aun Weor).
É impossível destruir qualquer uma dessas estruturas se não forem
primeiramente observadas e compreendidas em nossa mente.
A "deformação profissional" dos estudos superiores e universitários vai
nos limitando muito, já que, ao alimentar exclusivamente a mente, sem

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permitir processos profundos de reflexão e compreensão das matérias
aprendidas, cria apenas estruturas lógicas, desprovidas da emotividade
superior.
Para quebrar as estruturas mentais, devemos eliminar o estruturador,
o rígido, teimoso e sabichão ego.
Durante a infância, nos primeiros sete anos de vida, também se criam
certas estruturas mentais e emocionais, com base no exemplo e nos
ensinamentos dos pais, irmãos, amigos, colegas; mas todas essas estruturas
ou maus hábitos se veem reforçados por nossa própria mente e falta de
consciência que vem de tempos pré-uterinos.
Não devemos culpar ninguém por nossas atuais limitações e estruturas
mentais, mas sim observá-las a fim de compreendê-las e eliminá-las.
Para nos conhecermos plenamente, devemos desestruturar uma série
de preconceitos, hábitos, costumes, ideias rançosas, supostas virtudes, que
foram se criando em nossa mente devido a nossa forma limitada de perceber
o mundo e a nós mesmos.

2.11 A DUALIDADE
A mente não conhece a verdade porque
ela se move em constante dualidade, sempre
de um extremo a outro, no eterno fluir das
antíteses.
Ante qualquer dúvida da mente são
sempre apresentadas duas alternativas, sim ou
não, vou ou fico, sigo ou paro, viro à
esquerda ou à direita. Uma vez tomada uma
decisão, mais duas se abrem, e assim
eternamente...
Esta dualidade constante à qual estamos submetidos tem como
objetivo ir desenvolvendo o "Discernimento", a capacidade de distinguir
entre o que é bom e o que é ruim, entre o que vem da luz e o que vem da
escuridão.
A dualidade, como lei, é necessária para permitir o "livre arbítrio", que
é algo intocável no universo: "Ninguém pode ser obrigado a nada". E quem
queira ser mau, também tem o direito a sê-lo. Nossa mente só se dá conta
de sua decisão equivocada ao ver as consequências negativas de sua escolha.
"Deus não faz Anjos à força" e até os próprios demônios escolheram

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sê-lo. Lamentavelmente, por causa de nossas más decisões, hoje quase só
vivemos na escuridão, raras vezes conseguimos ver a luz no caminho.
Para desenvolver o discernimento e não nos perdermos na dualidade
da mente, devemos aprender a escutar a voz do coração, devemos aprender
a "Pensar psicologicamente, desenvolver a Inteligência Emocional". Deve-se
pensar com o coração e sentir com o cérebro.
A assertividade é apenas do coração, é apenas da inteligência
emocional, da intuição, do verbo silencioso.
O ego se aproveita desta dualidade intelectual para nos confundir,
para nos fazer duvidar, para nublar o caminho e nos manter presos na
confusão e no erro.
A dualidade alimenta a dúvida; e a dúvida fortalece o medo. Dessa
forma, a dualidade, a longo prazo, engendra medo.
"A origem da dúvida está no medo e na dualidade".
Enquanto seguirmos na vida caminhando pelo sendeiro da dualidade,
dificilmente poderemos encontrar o caminho para o nosso despertar da
consciência, dificilmente regressaremos ao Ser.
O caminho do autoconhecimento nos levará a sair da dualidade e
começar a caminhar pela senda da certeza, da objetividade, da convicção,
da fé.
"A mente dividida pelas comparações, a mente escrava do dualismo, destrói
o amor. A mente dividida pelo batalhar dos opostos não é capaz de compreender o
novo, se petrifica, se congela" (Samael Aun Weor).
Lembre-se de responder as perguntas reflexivas sugeridas na introdução
deste livro e escrever as respostas em seu caderno pessoal antes de passar
para o capítulo seguinte.

2.12 O DISCERNIMENTO
O discernimento é a capacidade que
tem nossa consciência de diferenciar entre o
real e o irreal, entre o bom e o ruim, ou
melhor dizendo, entre o correto e o
incorreto.
O discernimento requer treinamento,
considerando que hoje estamos habituados
a agir mecanicamente: porque os demais
fazem o mesmo, porque estamos

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acostumados, porque assim fomos ensinados.
Devemos aprender a discernir, a desenvolver a inteligência emocional
discernidora, já que isso é fundamental para compreender nosso proceder e
nos corrigirmos.
Dificilmente poderíamos trabalhar sobre nós mesmos sem
discernimento, sem compreensão. Para sair do autoengano do ego, o
discernimento é fundamental. Nossas ações cotidianas, nossas decisões
devem passar pelo filtro do discernimento.
Por que temos determinadas reações? Por que fizemos isto ou aquilo?
A que se deve nosso proceder?
A tatuagem, o brinco extra, o piercing são formas que o ego tem para
chamar a atenção, para se sentir único, para ser diferente. Se aplicarmos o
discernimento, descobriremos uma série de "eus" escondidos nessas decisões.
Por exemplo: vaidade, luxúria, vazio interior, pseudomística, rebeldia mal
direcionada, imitação, etc.
O discernimento é básico para o entendimento, sem discernimento
não pode haver compreensão.
Se queremos compreender o ego, devemos aplicar discernimento ao
nosso comportamento.
Lamentavelmente hoje em dia o discernimento é deixado de lado. A
mente moderna não gosta de discernir, "lhe chateia", só se dá o trabalho de
aceitar ou rechaçar, sem uma reflexão profunda, sem maturidade.
É uma lástima que os jovens saiam de seus estudos escolares sem que
se lhes haja ensinado a discernir, nem explicado a fundo o atuar da
consciência e a sabedoria do coração na tomada de decisões.
O discernimento é um dom que vai se desenvolvendo à medida que
se vai morrendo no ego.
O ego não sabe discernir, só sabe condenar ou justificar.
O discernimento pertence à consciência, é uma faculdade dela, muito
útil para aqueles que queiram trabalhar sua psique.
Sem discernimento não há avanço, não há correção, não há
compreensão.
"A compreensão se dá quando o coração ilumina o conhecimento.
Quando o conhecimento adquire emoção”.
Lembremo-nos de que o ego se esconde no engano, na farsa, na
mentira. O ego sempre nos apresentará um filme diferente sobre o assunto,
acomodado a seus interesses...
O discernimento nos permitirá ir descobrindo todas essas armadilhas

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do ego e nos mostrará aquilo que está oculto por trás de nosso proceder.
"O Discernimento é Compreensão sem necessidade de raciocínio. Devemos
trocar o processo do raciocínio pela beleza da Compreensão" (Samael Aun Weor).

2.13 A INTELIGÊNCIA
Se pedirmos a 10 pessoas uma
definição de inteligência, é provável que
obtenhamos 10 definições diferentes.
Alguns dirão que ser inteligente é ser
um bom aluno, outros, ter boa memória,
ser feliz, ter a capacidade de resolver
problemas, a capacidade de
compreender, etc.
Para nós, "a inteligência é a
capacidade de descobrir o mal", é sem dúvida uma faculdade de nossa
própria consciência, de nosso próprio Ser. Por ser uma habilidade, pode se
desenvolver à medida que se usa.
Qual é o"mal" que a inteligência vai descobrindo? Ora, o mal que nos
adoece, que nos prejudica, que nos afasta da felicidade, que nos faz sofrer
ou aos nossos semelhantes.
À medida que trabalhemos na destruição de nossa desordem mental
(falta de concentração, vícios, ira, orgulho), a inteligência vai se
desenvolvendo; vamos dando espaço para que se expresse nosso Real Ser,
nosso Espírito, o Mestre Interno.
"O importante na vida não é apenas conhecer a palavra inteligência, senão
experimentar em nós mesmos seu profundo significado" (Samael Aun Weor).
A inteligência não é da mente, nem do tempo; caso contrário, todos
os anciãos seriam inteligentes e sábios, mas com o tempo, se não se trabalha
dentro de si mesmo, a mente vai se petrificando (em tantos ontens) e, no
final, termina lenta, teimosa, divorciada do presente.
Quanto mais trabalhemos com nosso lado escuro (inconsciente),
quanto mais descubramos nossa desordem interior, mais hábeis seremos
nisso e, portanto, nossa inteligência irá aumentando e irá nos mostrando o
que precisamos trabalhar em nosso interior, de modo a ir alcançando a
liberdade da mente.
À medida que desenvolvemos a inteligência, ela nos ajudará depois a
descobrir o mal em todas as facetas da vida, sejam problemas pessoais,

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problemas psicológicos, decisões importantes, perigos, etc.; e dessa forma
seremos bons alunos, teremos boa memória, seremos felizes, resolveremos
problemas sem nos identificarmos, seremos mais compreensivos, mais
saudáveis.
A inteligência deve ir de mãos dadas com a "coragem"; e a coragem
com a "prudência".
A coragem vem do coração e a inteligência da consciência. Para
desenvolver a coragem é necessário sair da mente e conectar-se com o
coração.
Dizem que a inteligência é a capacidade de resolver problemas, no
entanto, podemos dizer que a Inteligência é a capacidade de "não criar
problemas". Há pessoas que passam a vida inteira solucionando problemas,
mas estão constantemente criando-os em sua mente, enroladas e
preocupadas com mil coisas...
A inteligência é uma virtude feminina, a mulher a possui, já que
pertence ao coração. O homem é sábio, a mulher inteligente.
"O sábio tem conhecimento, o inteligente sabe administrá-lo".

2.14 AMOR OU MEDO


Há apenas duas emoções: Amor
ou medo; de uma delas sai o resto.
O inimigo do amor não é o ódio,
senão o medo. O ódio é apenas uma
consequência do medo.
O medo é multifacetado, usa
múltiplas roupagens e se apresenta de
uma infinidade de maneiras.
O objetivo de conhecer a si
mesmo deve ser criar verdadeiros homens e mulheres conscientes e
inteligentes.
O que é ser consciente? Ser consciente é ser compreensivo, ter clareza.
O que é ser inteligente? Ser inteligente é saber discernir, é ser reflexivo.
A inteligência provém do coração, não da mente. A inteligência nasce
do amor e nos levará à Compreensão, à Consciência.
"Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos" (O
Pequeno Príncipe).
Saber que algo é certo "em nosso coração" pertence a uma ordem de
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convicção distinta do que pensá-lo com a mente racional.
Dar-se conta dos próprios sentimentos no exato momento em que eles
ocorrem constitui a base da "inteligência emocional".
Aquele que não desperta sua consciência nem desenvolve sua
inteligência fracassará na vida. Será sempre uma vítima de si mesmo.
A virtude de poder dominar-se a si mesmo nos permite fazer frente aos
contratempos emocionais da vida. Este domínio de si começa a se
desenvolver quando vamos descobrindo nossa própria inconsciência e
vamos eliminando-a de nosso interior.
O medo aprisiona e adormece o amor em nosso interior. O desamor
é o grande câncer desta civilização. Eliminando o medo de nosso interior,
começam a aflorar o Amor, a Coragem, a Confiança.
A falta de felicidade, a falta de confiança em si mesmo, devem-se a um
"sentimento de vazio" e este falso sentimento gera medo.
Todas as emoções que se pode sentir provêm do Amor ou do medo.
AMOR ≠ MEDO

Luz Escuridão
Consciência Ego
Fé Dúvida
Coragem Covardia
Saúde Doença
Compaixão Pena
Bondade Maldade
Carinho Agressividade
Relaxamento Tensão
Paciência Impaciência
Verdade Mentira
Liberdade Opressão
Compreensão Irreflexão
Criar Imitar
Corrigir Castigar
Plenitude Frustração
Doçura Amargura
Confiança Desconfiança
Tudo Nada

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Lamentavelmente, nosso atuar hoje em dia está baseado no medo,
semeando o desamor, distanciando-nos da luz e da verdade.
Compreendendo a origem de meu proceder, entenderei o resultado
de minha vida.
Se semearmos uma semente de feijão em nosso jardim interior,
colheremos feijão, se semearmos milho, colheremos milho. O que
colheremos se semearmos ódio, rancor e violência?
Todo iracundo, todo violento é um covarde, porque não tem a
coragem de enfrentar o problema sem ira.
"A violência é o escudo do covarde".
A imitação é o resultado do medo, por não se ter a valentia de ser
autêntico.
O que tem mais valor dentro de você, o Amor ou o medo?
Eliminando os defeitos de nosso interior, nascem as virtudes que
estavam presas dentro deles. Aquele que elimina o medo vai conhecendo o
Amor, aquele que elimina a raiva obtém a coragem.
Temos que pensar que o melhor é amar, pois se fizermos de nossa
mente um inferno, jamais seremos ditosos.
O maior êxito de nossa existência é a felicidade; e a pessoa que odeia
jamais será feliz.
Devemos aprender a desenvolver os "Valores ou Virtudes" dentro de
nós, como: Respeito, Tolerância, Amabilidade, Carinho, Cortesia, Alegria,
Amizade, etc.
O principal valor a desenvolver é a "VALENTIA", a coragem. Com
medo seremos sempre medíocres, temerosos, covardes. Essa valentia utiliza
sempre as vestimentas do Amor, nunca do medo ou da dúvida.
"Tudo está no Amor; não há nada no medo; aquele que ama não
necessita de nada".
A palavra Valente significa "Ser Forte", portanto, o desenvolvimento
dessas virtudes nos faz fortes na vida para enfrentar as diferentes
dificuldades. A palavra Virtude significa "Valor Físico", vem do latim "Vir"
(virilidade, herói, soldado).
"O Êxito na vida tem uma Mãe chamada Amor e um Pai chamado
Coragem".
No "Amor Valente" está a chave para nossa Transformação e todos os
nossos êxitos.
32
2.15 O EGO
Ego nos lembra a palavra egoísta,
primeiro eu, segundo eu, terceiro eu; o
ego é uma soma de eus, é uma
multiplicidade psicológica, é como
muitas pessoas vivendo dentro de nós. O
ego é nosso subconsciente, é consciência
adormecida, infraconsciência.
O ego é um montão de vícios,
defeitos, erros, maus costumes.
É conhecido em todas as religiões por diferentes nomes, como os sete
Pecados Capitais (católicos): Luxúria, Ira, Cobiça, Inveja, Orgulho, Preguiça
e Gula. Cada um desses defeitos é considerado "Cabeça de legião", do qual
se desprendem milhares de outros defeitos. No Egito antigo era conhecido
como os "Demônios Vermelhos de Seth"; no budismo como "As Três Filhas
de Mara"; no Tibete como "Agregados Psíquicos".
O ego tem se formado dentro de nós com o passar dos anos e das
existências. É a personificação de nossos erros, é o resultado de havermos
nos afastado da luz e caído em desobediência.
O ego é feito de energia mental; são cristalizações negativas da mente;
é como mente cristalizada. O ego dentro de nós corresponde à ignorância,
esta nos leva ao erro e o erro à dor. Portanto, não nos permite conhecer a
verdade e sempre nos fará sofrer.
Enquanto o ego existir dentro de nós, nossa vida estará marcada pela
dor, pela confusão, pela escuridão, pela inconsciência. O ego nos torna tão
mutáveis, prometer e não cumprir, desejar e depois odiar.
Dentro de nós "vivem muitas pessoas", muitos "eus". Cada "eu" tem
uma certa autonomia em pensamento, sentimento e ação.
O ego ocupa os centros da máquina humana para se manifestar; coloca
pensamentos no centro intelectual, sentimentos no centro emocional e
impulsos no centro motor.
"Todo mundo crê que conhece a si mesmo e nem remotamente suspeita que
existe a doutrina dos muitos" (Samael Aun Weor).
Em nosso interior habitam os 100% dos "eus" que existem nesta
humanidade, alguns estão fortes e outros fracos, mas temos todos eles. Em
nosso interior também existe o "eu assassino", mas não se expressou nesta
existência. "A ocasião faz o ladrão", portanto, esses eus ocultos em nosso
subconsciente estão apenas esperando sua oportunidade de se expressar.

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Sob essa premissa, não devemos julgar o próximo, porque cada vez
que criticamos um erro nos demais é porque também temos esse defeito em
nosso interior, mas está oculto. Jesus disse: "Por que vês o cisco no olho
alheio e não vês a trave em teu próprio olho?".
O maior problema é que cada ego aprisionou uma certa porcentagem
de nossa Essência (Alma); ele se nutre dela. Nossa alma está fracionada em
um montão de eus e o trabalho de cada um de nós é reunificar nossa Essência
e formar a Alma, para que seja esta que nos guie de volta ao Ser.
Trabalhar na dissolução do ego é a única coisa imprescindível em cada
um de nós; se nós não fizermos esse trabalho emancipatório, ninguém o fará
por nós.
O ego não tem uma existência real, existe apenas em nosso espaço
psicológico, em nossa mente. Somente a Essência é Real, mas
lamentavelmente nestes tempos decadentes, "o irreal aprisionou o Real", a
escuridão nos submergiu no sonho da consciência e é impossível sair daí sem
a dissolução do ego.
Estamos, pois, ante uma luta de morte, vencemos o ego e nos
libertamos dele ou somos vencidos e submergimos na escuridão do
subconsciente, sofrendo as consequências de ser desalmados.
O ego cria divisão, separatividade, o meu, a propriedade, a fronteira.
Sem ego, esta humanidade seria uma só irmandade, uma só família; "a única
fronteira da terra é sua circunferência". Enquanto o ego existir, existirá o
meu e o teu.
O ego é especialista na arte do engano, portanto, toda pessoa com o
ego forte é muito hábil na fraude, na mentira.
O mentiroso acabará sempre vítima de sua própria confusão.
É bom esclarecer que não existe o "Eu Superior", "Eu Divino" ou "Alter
Ego", já que o "eu" não tem nada de superior, e muito menos de divino. Em
nosso interior só pode existir o ego ou o Ser, em nós está a escolha. O
Evangelho diz: "Ante vós eu colocarei dois caminhos, Anjos ou demônios,
vós escolheis".
A compreensão de tudo isso só se alcança com a consciência, quando
o ego deixa de se alimentar e começa a morrer.
O ego se vê fortalecido pelo inconsciente coletivo; por isso, quando
uma pessoa se encontra em um grupo, ela é capaz de fazer coisas que não
faria estando sozinha. Esse é o motivo da violência nos estádios, nos
protestos, nas guerras.
Cada vez que um ego se expressa em nós, ele nos rouba energia, ele

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vive graças à energia que nos rouba.
O ego ante o sentido da auto-observação é posto a nu, perde sua falsa
vestimenta, sua máscara, podemos vê-lo "tal qual é".

CAPÍTULO 3
VIVER O AQUI E O AGORA
3.1 AQUI E AGORA
A atenção marca nossa presença, se
não estamos atentos, não estamos
presentes, não estamos conscientes.
Se estamos fisicamente em um
lugar, mas mentalmente não estamos ali,
o resultado é que nossa consciência
adormece.
Manter a presença é um requisito
para o Autoconhecimento. Só podemos
nos auto-observar se estivermos
conscientes do momento presente. Estamos acostumados com o divórcio
entre mente e corpo, estando fisicamente em um lugar, mas mentalmente
em outro.
Quando estamos em um lugar, devemos estar com todos os nossos
sentidos ali, sentindo, escutando, vendo; não permitir que a mente nos leve
a outro lugar ou que traga outros pensamentos distintos do que estamos
vendo; com isso nos esforçamos para estar sempre presentes e nos
capacitamos para conhecermos a nós mesmos.
Tudo acontece no presente, então, se não estamos em presença, não
estamos conscientes do que está acontecendo, estamos adormecidos. Nada
ocorre no ontem, nada ocorre no amanhã, tudo ocorre no presente.
"Enquanto um homem diga 'amanhã', nunca mudará" (Samael Aun Weor).
O passado e o futuro só podem ser vividos através do presente, só o
presente existe, só o presente é real.
Quando não se está presente e se deixa a mente voar, alimenta-se o
ego, enfraquece-se a consciência, pois se cai no sonho do ego.
Estar presente é estar desperto. As sagradas escrituras falam de estar

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desperto; elas dizem: "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação".
Vigiar é estar desperto, orar é estar pedindo a morte do ego à Mãe Divina
(ver Capítulo 6.1).
Quem não está presente está sonhando em sua mente, lembrando o
passado ou projetando o futuro. Somente vivendo o aqui (lugar) e o agora
(presente) temos garantida a presença.
Estando presentes, podemos ouvir a voz de nosso Ser (intuição),
podemos "saborear a alegria de Ser". Quem vive de instante em instante, de
momento em momento (que não é o mesmo que "Viver o momento"), se
capacita para estar em contínua auto-observação, descobrindo a mais leve
expressão de algum defeito psíquico.
Somente a consciência pode estar presente, pois ela pertence à
eternidade. O ego, ainda que acredite estar presente, não o consegue, pois
ele pertence ao tempo, vendo o presente através dos olhos ranços do
passado ou ilusórios do futuro.
Em todos nós existe um vazio contínuo e a sensação de poder
preencher esse vazio no futuro ou sob determinada situação ideal.
O objetivo do trabalho sobre si mesmo é conseguir estar em absoluta
e contínua presença; nesse estado vamos nos fazendo mais conscientes de
nós mesmos e nos capacitamos para descobrir a raiz de nossos problemas.
Qualquer pensamento ou emoção que queira nos tirar do "Aqui e
agora" deve ser eliminado de nosso interior no mesmo instante em que o
percebemos, caso contrário nos roubará nossa presença e nos submergirá no
mundo do sonho.

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CAPÍTULO 4
TRANSFORMAÇÃO PSICOLÓGICA
4.1 A MÃE DIVINA
Este livro é dedicado à nossa "Mãe Divina",
pois devemos revalorizá-la, compreender que
"Ela é a luz" dentro de nós e que para entrar no
Reino dos Céus é necessário ser como as crianças.
A Mãe Divina é a Mãe de nossa Alma, é nossa
verdadeira e legítima Mãe. Ela nos criou, Ela nos
gestou. Fisicamente está representada por todas
as mães que tivemos em nossas existências no
mundo físico.
O respeito pelo "Feminino" é fundamental
para ser assistido pela Mãe Divina. Devemos
aprender a ver nossa Mãe Divina em nossa mãe
física, em nossa esposa, em nossa avó e, em geral, em toda mulher. Somente
desta forma nascerá o respeito pelo feminino.
É impossível obter a ajuda de nossa Mãe Espiritual se somos cruéis com
a mulher, se não amamos e respeitamos nossa mãe física. Qualquer
desarmonia ou rancor com nossa mãe física deve ser eliminado, corrigido;
somente dessa forma receberemos auxílio espiritual.
Se aprendermos a ver em nossa esposa a manifestação de nossa Mãe
Divina, a relação com a nossa parceira se verá altamente beneficiada.
Lamentavelmente, com uma má intenção, o poder maravilhoso de
nossa Mãe Divina foi oculto de nós; mas chegou o momento de recuperar
nosso vínculo com Ela, chamando-a incansavelmente ante a luta contra
nossas próprias bestas psíquicas.
A Mãe Divina é conhecida em diferentes culturas com variados nomes:
na Índia como Shakti, no budismo como Tara, no Egito como Ísis, na Grécia
como Cibele, na Turquia como Deusa Branca, no catolicismo como Nossa
Senhora, entre os astecas como Tonantzin, entre os hebreus como Maria,
entre os latinos como Mater, etc.
Em toda a luta contra o ego, nossa Mãe Divina (ver Capítulo 6.1) deve
sofrer muito para nos libertar de nossas atrocidades abismais, mas Ela
enfrenta nossos monstros psíquicos por amor a seu filho.

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Seu Amor e sua Inteligência lhe permitem fazer este árduo trabalho, de
forma silenciosa e anonimamente.
Nossa Mãe, cheia de Amor e Coragem, enfrenta os defeitos psíquicos
que lhe vamos indicando. Ela, armada com uma lança de fogo, vai
incinerando, pulverizando e desintegrando todos os defeitos psíquicos que
descobrimos em nosso interior.
Ela quer que a invoquemos, que lembremos dela, pedindo-lhe do mais
profundo de nosso coração a desintegração de todo defeito psicológico.
A primeira palavra que toda criança aprende é "Mamãe"; quando uma
criança está assustada, ela se refugia na saia de sua mãe; quando os pintinhos
têm medo, vão para debaixo das asas da galinha. O amor e a proteção de
toda mãe é algo inegável.
Se uma mãe física, cheia de defeitos, é capaz de arriscar sua vida para
salvar seu filho, quanto mais não fará nossa Mãe Espiritual, que é pura
perfeição!
Sinta a sua Mãe dentro de você, valorize-a, aproxime-se dela, vincule-
se a ela, peça-lhe que te desenvolva a Inteligência para descobrir o ego, Ela
assim o fará. O filho ingrato não avança no trabalho sobre si mesmo. Se
pensa que pode derrotar seus eus sem a ajuda de sua Mãe Divina, está
enganado e com o tempo verá o fracasso.
Não confunda a sua Mãe Divina com a Virgem Maria. Maria é a
representação de nossa Mãe Espiritual, mas cada um de nós tem a sua
própria Mãe e é a Ela que devemos pedir o auxílio.
Cristo disse: "Ninguém vai ao Pai senão por mim" e podemos
acrescentar: "Ninguém vai ao Filho senão pela Mãe".
Para aqueles de nós que praticam o Biomagnetismo, sabemos que o
poder curativo dos ímãs se fundamenta no fluxo de elétrons que eles
projetam. O elétron é a 2ª força e é negativo, portanto, é feminino, ou seja,
a Mãe Natureza. Como podemos ver, a Mãe Divina, em sua infinidade de
manifestações, cura nosso corpo e cura nossa alma.

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4.2 O GINÁSIO PSICOLÓGICO
A vida é um grande "Ginásio
Psicológico", onde podemos nos treinar e
nos fortalecer psicologicamente.
Ter a vida como um fim em si mesma
é não ter compreendido nossa essência
espiritual, nossa consciência e o estado em
que esta atualmente se encontra.
A vida é uma escola maravilhosa
onde podemos aprender sobre nós
mesmos, onde nossas potencialidades
serão postas à prova, onde poderemos descobrir onde "nos aperta o
sapato", o que nos falta e o que nos sobra, onde devemos nos corrigir, etc.
Por muito que tenhamos lido sobre as relações humanas, sobre o
Autoconhecimento, sobre o trabalho psicológico, somente a vida nos
ensinará de verdade, somente vivendo as coisas é que podemos
compreendê-las. Para isso é o Ginásio Psicológico da Vida; como diz o
ditado: "Na teoria, a prática é outra".
O ginásio é para treinar e formar atletas de elite, somente o
treinamento pode desenvolver a musculatura e as habilidades de todo
esportista. Da mesma forma ocorre com o trabalho sobre si mesmo,
precisamos de um ginásio para treinar repetidas vezes, até demonstrarmos
para nós mesmos que estamos nos superando e que o que não podíamos
fazer, agora podemos fazer com mais facilidade.
Esse Ginásio Psicológico existe e é a nossa própria vida. Nela iremos
nos provando dia a dia até conseguirmos vencer o ego em suas tentações,
em suas farsas, em suas ilusões.
O que será do esportista que não treina? Sem dúvida fracassará.
Somente vendo a vida como um grande Ginásio Psicológico,
poderemos ir aumentando nossa capacidade de luta contra o ego, iremos
observando nosso avanço espiritual.
Na vida diária vão aflorando as diferentes facetas do ego e, se não
estivermos atentos, se não estivermos treinados na auto-observação,
seremos, mais uma vez, vítimas de nossa escuridão.
Tiremos proveito da vida, coloquemo-nos à prova diariamente para
descobrir a luz que o ego oculta de nós.
Somente indo ao Ginásio (vida) continuamente poderemos sair
vitoriosos de nossos esforços.

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"É precisamente a vida prática o ginásio psicológico, mediante o qual
podemos descobrir nossos defeitos" (Samael Aun Weor).
Aquele que rechaça a vida, rechaça o Autoconhecimento. O inteligente
é capaz de extrair a luz até dos eventos mais desagradáveis. Quando assim
se procede, agradece-se pela vida, com sua multitude de possibilidades para
a autodescoberta e transformação psicológica.

4.3 O MOTIVO DA VIDA


Qual é o objetivo de sua vida? Por que
você vive? Para que vive? Escreva as
respostas dessas perguntas em seu caderno,
já que essas respostas trarão luz sobre o
objetivo de sua vida.
Alguns viverão para seus filhos, outros
para seu trabalho, aqueles para seus projetos
ou para ver seus netos crescerem, outros
simplesmente porque de manhã abrem os
olhos e têm que se levantar.
Existe pouca transcendência em nossa vida, nosso objetivo ou motivo
de vida é muito básico e externo a nós mesmos.
Muitas doenças físicas e psíquicas se devem precisamente à perda de
um objetivo de vida um pouco mais transcendental, mais sublime.
Nunca devemos confundir nossas responsabilidades e deveres com
nosso "Motivo de Vida". São coisas diferentes, ainda que às vezes se
confundam.
Educar e alimentar nossos filhos, trabalhar, comprar uma moradia,
fazem parte de nossas responsabilidades como cidadãos, mas tê-los como
nosso objetivo na vida nos mostra uma pobreza interior, uma falta de
compreensão sobre o que é a vida.
Nosso objetivo na vida deve ser crescer e desenvolver-nos
espiritualmente, deve ser limpar nossa mente e nossas emoções de aspectos
negativos, purificar nossa alma.
Outro dos objetivos muito importantes de nossa vida é encontrar
nossa "verdadeira vocação", descobrir nossa missão na vida, ir além dos
compromissos familiares ou de nossa profissão, que, talvez, não seja a
correta.
Encontrar a vocação é descobrir um dos tesouros mais maravilhosos

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da vida, já que trabalharemos com amor e nos fará felizes. "Aquele que ama
o que faz, trabalha feliz e será vitorioso".
Não é bom fazer as coisas por obrigação ou por compromisso, senão
por amor. Então haverá plenitude, e nessa plenitude tudo é possível, e sem
esforço, porque te move a força natural da vida.
Deus colocou um ser humano a teu encargo e este é você. Você deve
se fazer livre e feliz. Depois poderá compartilhar a verdadeira vida com os
demais.
"A essência da vida é ser feliz", esse é um bom objetivo, alcançar nossa
felicidade, nossa liberdade, nossa plenitude.
A maioria das pessoas tem objetivos de vida externos a si mesmas e aí
ficam enredadas, se confundem e mais cedo ou mais tarde esse objetivo
caduco, já que por ser externo a si mesmas é governado pelo tempo e pela
decadência. Os filhos se vão, o trabalho termina, o cônjuge morre.
Estabeleça metas espirituais: eliminar determinados vícios, corrigir
maus hábitos, aumentar o amor ao próximo, despertar a consciência, ser
mais compreensivo, mais reflexivo, transmutar a energia sexual.
Não é necessário viver correndo o dia inteiro, com o corpo totalmente
contraído, com dores nas costas, desejando um dia de 25 horas ou mais.
Nestes tempos, tudo é para ontem, tudo é apressado, tudo é urgente
e deixamos de lado o que é realmente impostergável: ser felizes, viver em
paz, superar-nos, corrigir-nos, desenvolver a coragem.
A vida é uma escola, mas considerá-la como um fim em si mesma, sem
o trabalho sobre si mesmo, é uma falta de compreensão tremenda.
Qual é o motivo de sua vida? Por que você vive? Reflita sobre isso e
tire a sua própria conclusão, para evitar que o ego te confunda e te faça crer
que está indo bem, quando, talvez, não o esteja.
"Trágica é a existência daquele que morre sem haver conhecido o motivo de
sua vida" (Samael Aun Weor).
"Não importa de onde você vem, mas para onde vai”.
Reflita sobre essas frases sozinho em sua casa até compreendê-las a
fundo. Se você não tem claro o sentido de sua vida ou não sabe para onde
vai, não está mal, mas péssimo. E esse é um dos objetivos deste livro, ajudar-
te a dar um novo sentido mais transcendental à sua vida, e que se
fundamenta na libertação de sua própria prisão psicológica.
"Dar sentido é dar significado".
O grande engano do ego é fazer a pessoa mais velha acreditar que "já
cumpriu", porque tem todos os seus filhos crescidos, profissionais e casados,

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porque não tem dívidas e tem uma casa própria.
Com essa mentalidade, apenas se espera, e alguns desejam, a morte
física, perdendo de forma lamentável a maravilhosa oportunidade de
trabalhar a sua própria psique.

4.4 O VALOR DO MUNDO


Cada um de nós valoriza o mundo de
maneira diferente. Para alguns é
maravilhoso e para outros não vale nada.
O mesmo para a vida, para alguns é
bela e para outros, horrível.
A valorização do mundo está
relacionada ao nosso mundo interior. O
que temos dentro, vemos fora.
Se carregamos apenas amargura,
lágrimas, dor, miséria, o mundo será horrível e não valerá a pena; no
entanto, se sentimos alegria, felicidade, paz, se estamos contentes com a
vida, o mundo não tem preço. Portanto, quanto você valoriza o mundo?
Quanto valoriza a sua vida?...
Temos que passar por uma "Transvalorização", porque temos os
valores um pouco alterados. Valorizamos muito o que não tem valor e
menosprezamos o que sim o tem.
A imagem que você tem do mundo é o resultado da imagem que tem
de si mesmo.
Encontrar dinheiro perdido, para um bêbado é bebida grátis, para um
mendigo a comida que ele tanto quer, para uma pessoa necessitada um
presente de Deus. Qual dos três viu a verdade? O valor, a Verdade, depende
de nossa consciência, de nossa própria valorização interna. Para uma pessoa
compreensiva, que sabe que não deve pegar nada que não lhe pertença, é
simplesmente um teste para sua consciência e então passa por cima do
dinheiro sem pegá-lo, sem alimentar o "eu ladrão".
Se nos insultam, nos sentimos feridos, tristes ou com raiva, mas se nos
insultam em japonês, russo ou outra língua que não conhecemos, “nada nos
acontece". Mas estão nos insultando!
O que é mais importante, então, as palavras do insultador ou a
compreensão do insultado? Assim, damo-nos conta de que o valor das
palavras não é estabelecido pelo insultador, mas pelo receptor, cada um de

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nós reage de acordo com o entendimento que tem das coisas e das palavras,
o valor do mundo é dado pela própria pessoa, de acordo com a forma
como está por dentro. O mal não é o que a vida te faz, mas como você o
recebe.
Quando te insultam e você se sente ofendido, o primeiro que te
ofendeu é você mesmo, dando o valor negativo às palavras do insultador.
Você dá o valor às palavras de acordo com o ego que se sente ferido.
"Quando alguém descobre aquilo que mais o ofende, num instante dado, o
incômodo que lhe deram por tal ou qual coisa, então descobre as bases sobre as quais
descansa psicologicamente.
Tais bases constituem, segundo o Evangelho Cristão, ‘as areias sobre as quais
edificou sua casa’" (Samael Aun Weor).
Hoje em dia estamos submersos em um mundo do "descartável", tudo
é usar e jogar fora, perdemos o senso de responsabilidade, de cuidado, de
proteção, até mesmo os casamentos são descartáveis.
"A única coisa descartável é o ego".
Aprendamos a valorizar a alegria, o simples fato de viver, o poder
respirar, ter nossos dois olhos, poder caminhar, etc.
Passamos a vida juntando dinheiro, vivendo de aparências,
preocupados com "o que dirão", sem dar valor ao simples fato de estarmos
vivos.

4.5 LIBERTAR-NOS DA MENTE


Todos nós somos escravos de nossa própria
mente.
Nossa prisão está na mente. Nela estamos
trancados, limitados por seu próprio
condicionamento.
Somente uma pessoa valente é capaz de
enfrentar sua própria mente.
A mente em si não é boa nem má, mas
dependendo de seu uso se polariza positiva ou
negativamente.
Foram o abuso e o livre arbítrio que nos
afastaram da realidade e nos aprisionaram na
mente.
O ego maneja a mente, pensa por nós, nos confunde, nos mantém

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limitados em suas interpretações, em suas conclusões, em sua lógica e, no
fim, acabamos autoenganados, vítimas de nós mesmos, doentes.
"Quem não trabalha sobre si mesmo é sempre vítima das circunstâncias; é
como um mísero lenho entre as águas tormentosas do oceano..." (Samael Aun
Weor).
A mente adora se complicar, de tudo faz um problema, dando voltas
na cabeça, pensando repetidamente a mesma coisa, permanece "presa", não
nos deixa descansar nem dormir, torturando-nos com sua agitação.
A mente não conhece a verdade; a verdade não é da mente, está além
da mente. Somente a consciência (que está além da mente) conhece a
verdade, o real.
Ao nos libertarmos do processo mental torturante, ao tirarmos o
atormentador (ego) da cabeça, advém a paz, a quietude, a alegria de Ser.
Para alcançar a verdadeira paz é requisito silenciar a mente, subjugá-
la; somente nesse estado de quietude mental é que a consciência se expressa,
saboreando a alegria de viver e de servir.
Aprendamos a não nos identificarmos tanto com a mente, não "dar
muita bola" para ela, lembrar que ela não conhece a verdade.
A maioria das pessoas não sabe viver sem ter o "papagaio" na cabeça,
acreditam que essa é a forma normal de viver. Não se dão conta que estão
abusando de sua mente, que são viciados no processo intelectual e então já
não podem silenciá-la, lhes é impossível, querem, mas não conseguem,
nunca encontram o "botão off" da mente.
Com os anos a mente perde sua ductilidade, sua abertura, e vai se
tornando rígida, teimosa, ferrenha, dura, cristalizada, até que finalmente se
petrifica e só vive em ontens.
Podemos ver isso num "velho rabugento", com sua mente petrificada,
vivendo apenas de lembranças, de histórias. Tal mente cheira a ranço.
À medida que a mente se endurece, ela não muda mais e quer impor
aos outros, sua própria maneira de pensar, torna-se ditatorial; só escuta a si
mesma, acredita ter sempre a razão, se endurece.
Outro dos graves problemas de nossa mente é o mau costume de
comparar, adora comparar. Compara um filho com outro, a esposa com
outra, uma árvore com outra, etc.
Quando a mente se compara, ela se afasta da apreciação da beleza,
toda comparação é negativa porque fortalece o processo dualista da mente.
Em toda comparação, há ausência de amor. Comparar é como
competir, pois, sempre haverá um vencedor (orgulhoso) e um perdedor

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(humilhado).
Tudo isso deve nos motivar a compreender a importância de nos
libertarmos de nossa mente, com seus processos de limitação, confinamento,
teimosia, comparação, dualismo, desamor.
Eliminando o ego, a mente vai se liberando pouco a pouco, vai
serenando, pacificando, silenciando.
Nesse estado de quietude mental, a consciência vai se fortalecendo,
vive-se mais no presente e o perfume da paz começa a ser nosso melhor
companheiro.
"O ego, nestes momentos, é o condutor da mente".
Tiremos dele o volante e dirijamos nosso veículo por caminhos
ascendentes.

4.6 O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA


Falar do despertar da consciência é falar da
realização de Deus em nós mesmos. A
Consciência é Deus dentro de nós.
Nossa consciência se encontra
"adormecida", presa dentro de um montão de
diabos.
Ela se deixou aprisionar por ignorância e
desobediência. Por isso, as forças contrárias
àquelas que a adormeceram é que irão despertá-
la. Ou seja, o Conhecimento (Sabedoria,
Compreensão, Luz) e a Obediência (Fé,
Convicção, Disciplina).
Despertar a consciência é libertá-la de seu
confinamento, tirá-la da escuridão, remover-lhe a ignorância. E isso só o
alcançaremos com a aniquilação do tirano ego, que se aproveita dela e a
vampiriza a cada momento.
Cada vez que eliminamos um defeito psicológico, a consciência, a
virtude encerrada nela, se emancipa, se libera, se transforma em consciência.
O pior é acreditar-se desperto sem o estar, esse é o grande problema
de todos nós; não apenas ignoramos, mas, o que é pior, "ignoramos nossa
ignorância". E o que é ainda pior, acreditamo-nos despertos.
“A vida cotidiana, a profissão, o emprego, ainda que vitais para a existência,
constituem o sono da Consciência" (Samael Aun Weor).

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Não apenas temos a consciência adormecida, senão que, além disso,
dia após dia seguimos dormindo.
A sequência do dormir é: Identificação, Fascinação e Sonho. Todo
sono da consciência começa a partir da identificação com coisas ou situações
da vida diária.
A identificação é o primeiro passo do sonho da consciência. Identificar-
se significa estabelecer um vínculo inconsciente, mental e emocional com
algo ou alguém, por exemplo, a sensação de propriedade (minhas coisas,
minha família, minhas ideias).
Identificar-se é dar mais valor às coisas do que elas realmente têm, é
superestimar os eventos, é não ver a vida objetivamente.
Assim como o dormir da consciência tem sua sequência, o despertar
também a tem: "Auto-observação, Compreensão e Correção".
A correção deve ser com fatos, não com boas intenções. É por isso que
deve se fundamentar na morte do defeito, a fim de consolidar a
emancipação da consciência que dormia no erro.
"Só despertando Consciência poderemos ver o caminho angusto, estreito e
difícil que conduz à luz" (Samael Aun Weor).
As pessoas dizem que é preciso "despertar", mas ninguém nos ensina
como fazê-lo. "Aqui temos o quê e o como".
Despertar é deixar de sonhar; o ego nos faz sonhar, nos mantém em
um longo sono, de muitos anos, de muitas existências.
"O homem que desperta a consciência experimenta a tremenda verdade de
que não é mais escravo e, com dor, pode verificar que as pessoas que andam pelas
ruas sonhando parecem verdadeiros cadáveres ambulantes" (Samael Aun Weor).
Se você pensa que o tempo te despertará, está em um erro. O tempo
só fortifica o ego, aumentando o sono da consciência.
Despertar é nascer, e não se pode nascer se primeiro não se morre
psicologicamente.
"Teu próprio despertar deve ser o motor de tua existência".
No budismo este despertar é conhecido como "Iluminação ou Deixar
de Sofrer", no cristianismo como "Salvação" e nós falamos de "Liberação".
"A chave para o despertar está no bolso do Anjo da Morte".

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4.7 MAIS QUE O MERECIDO
Pensar e sentir que as situações
difíceis na vida não são merecidas é um
sinal claro de nossa inconsciência.
Tudo o que nos acontece, seja bom
ou mau, é por merecimento, por Lei de
Causa e Efeito.
Isso de que "Eu não mereço isto",
"Por que eu?", "Como a vida é injusta
comigo", "Eu não fiz mal a ninguém", é
uma demonstração da falta de
compreensão dos processos pessoais e da minha responsabilidade nos
diferentes afazeres da minha vida.
Não existe injustiça, tudo é perfeito, porque conta com a aprovação
de Deus.
Os Mestres da Lei usam tudo isso para fazer as pessoas pagarem suas
dívidas, tudo está controlado por Eles, já que nosso livre arbítrio é muito
limitado, por causa de nossa inconsciência.
Assim, proteste menos e aceite mais...
Quando alguém compreende tudo isso e o aceita, tira um peso
tremendo de cima, se sente mais leve, pois tirou a força hipnótica do ego,
do autoengano, da falsa imagem de si mesmo.
Quando vier uma situação difícil, podemos dizer: "Meu Deus, eu aceito
este cálice amargo, porque o mereço, e em Teu nome o bebo".
Na vida está a maravilhosa oportunidade de crescer, de aprender, de
despertar a consciência, de pagar karma, de transformar-nos intimamente.
"Não há mal que por bem não venha"; a vida não é boa nem má, ela
simplesmente "É".
Isso de bom ou mau é colocado pela mente, porque o ego adora
"rotular", classificar; sem nunca compreender.
"Se uma pessoa começasse seu dia conscientemente, é ostensível que tal dia
seria muito diferente dos outros dias" (Samael Aun Weor).
Sentir-se vítima, sentir que não mereço isso, me afasta do
Autoconhecimento, me faz acreditar na injustiça e me cobre com o véu da
falsa inocência.
Em vez de protestar contra a vida, em vez de nos sentir "mansas
ovelhas", "passarinhos inocentes"; seria bom chegar a entender que tudo o
que nos acontece é: "Mais que o merecido".

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4.8 DESAPRENDER
Há mais o que temos que
desaprender do que o que devemos
aprender. Nossa mente se encontra
abarrotada de uma série de
conhecimentos falsos, de ideias
retrógradas, de ensinamentos errôneos,
de hábitos negativos, costumes
antiquados, dogmas inquebrantáveis,
suposições e crenças.
Limpando a mente, tirando esta série de equívocos, de mal-
entendidos, de ensinamentos adulterados, de mentiras, de enganos, de
contos mal-intencionados, poderemos ir compreendendo o novo
ensinamento e nossa mente não reagirá negativamente como o pode ter
feito até agora.
"A tigela deve estar vazia" dizem os tibetanos, "O odre deve ser novo"
diz Jesus, "A mente deve estar vazia" diz Buda.
E como desaprender?... Refletindo, compreendendo, quebrando as
barras carcomidas da minha própria prisão mental.
Se eu permaneço "grudado" em meus erros, em minhas más
interpretações, em minhas equivocadas suposições, morrerei igual aos
demais, "sem pena nem glória".
"É melhor esvaziar-se para se encher”.
Onde estão suas limitações? Quais são seus freios? Qual é sua prisão?
Reflita, compreenda-se, libere-se de si mesmo, aqui e agora; não há
tempo a perder, já perdemos muito tempo, muitas existências...
Abra sua mente, expanda-a, compreenda que a ignorância de si mesmo
te mantém em escuridão, mesmo quando você acredite ser um sabe-tudo.
O autoconhecimento se fundamenta na compreensão de nossas
crenças, do que temos armazenado na mente, do que temos aprendido, do
que acreditamos saber.
Reordene sua mente, destrua as ideias medíocres que você tem de si
mesmo, limpe sua mente de coisas que não servem para nada; só assim a
luz da consciência começará a iluminar sua vida.
Portanto, receba o ensinamento com mente limpa, sem tantos
preconceitos, sem ideias preconcebidas; mas com uma mente nova, limpa,
pura, sedenta de saber e de conhecer a verdade, que por tanto tempo nos
tem sido negada.

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4.9 AS CRENÇAS
As crenças são só limitações...
Qualquer um pode se dar ao luxo de
crer ou não crer, e depois de tudo... o quê?
As crenças são meras aceitações ou
rechaços de teorias, de dogmas, de
verdades não comprovadas. Por acaso, só
porque eu não acredito em Deus, Ele não
existe? Obviamente Deus existe, quer eu
acredite nele ou não.
Há muitas crenças dentro de nós que irão nos limitar o nosso trabalho
interior, que nos irão obstaculizar o autoconhecimento.
Temos que refletir profundamente sobre nossas crenças, para ir
descobrindo os obstáculos que o próprio ego colocou nelas e que nos detêm
em nosso real avanço.
"Devemos liberar a mente de toda classe de preconceitos, desejos, temores,
ódios, escolas, etc. Todos esses defeitos, são travas que ancoram a mente aos
sentidos externos" (Samael Aun Weor).
Temos crenças do que somos, de nossas realizações, de nossa missão.
Cremos no que supomos e isso é um erro. Não temos que supor nada,
devemos refletir e compreender tudo.
Lembre-se de um dos 4 acordos Toltecas: "Não faça suposições".
"Quem não sabe crê, e quem sabe não precisa crer".
O trabalho está em compreender onde termina o saber e começa a
crença, onde está o limite que separa uma da outra.
Para alcançar o Autoconhecimento, devemos "derrubar" muitas crenças
falsas que temos de nós mesmos, dos demais, da sociedade, do mundo, do
cosmos e de Deus.
A pior crença é "Acreditar-se bom", pois se eu acreditar que sou bom,
não me esforçarei para melhorar. O maior veneno é o autoengano,
fundamentado em crenças.
O sábio não crê, tampouco rechaça; ele investiga, comprova,
compreende e conclui. O dogma é um "remendo para a ignorância"; para
avançar profundamente não devemos ter dogmas de nenhum tipo. Cada
dogma é uma incompreensão, portanto, um estancamento.
Isso de aceitar algo porque sim, sem compreendê-lo, não é do homem
inteligente. Não acredite tanto em sua mente, muitas vezes ela está te
enganando... mais do que você pensa.

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4.10 CORAGEM E DECISÃO
As primeiras virtudes que os Mestres da Loja
Branca nos pedem são a coragem e a decisão.
Portanto, nossos defeitos do medo e da dúvida
devem ser compreendidos e eliminados.
A coragem se encontra presa dentro do
medo e a decisão dentro da dúvida.
Se quisermos desenvolver a Coragem, não
o vamos conseguir "sentindo-nos valentes", mas
eliminando o medo. Quem desenvolva a
coragem sem eliminar o medo, fortalecerá a ira,
a violência. Todo violento é um covarde. "A ira
é a vestimenta dos medrosos”.
Ao ir eliminando o medo, a valentia vai surgindo por si mesma, vai se
liberando da sua prisão na covardia, no temor.
Deus nos fez valentes, mas pelas experiências negativas da vida, o
medo começou a se apoderar de nós, aprisionando a coragem.
Para manter a valentia constante, não devemos duvidar; sempre temos
que sentir a fé em Deus e a confiança em nós mesmos.
Cada vez que sentimos medo, a coragem vai se debilitando; cada vez
que duvidamos, perdemos a autonomia consciente. A valentia deve ir
sempre de mãos dadas com a prudência e a decisão da confiança.
Não devemos confundir a "coragem" da consciência com a "ousadia"
do ego. Aquele que se sente valente sem morrer em seu ego acaba ousado,
imprudente, atrevido.
Há muitos que praticam esportes radicais e são considerados valentes;
isso não é valentia, isso é imprudência. A valentia é uma virtude da
consciência e jamais irá colocar em perigo seu corpo físico por uma forte
emoção carregada de adrenalina. Não é a isso que nos referimos; o
verdadeiro valente é aquele que se enfrenta a si mesmo.
"Quem vence os outros é forte; quem vence a si mesmo é poderoso"
(Lao-Tse).
Deus não quer covardes, os filhos de Deus são valentes.
Sem estas duas virtudes, dificilmente daremos nossos primeiros passos
na conquista de nós mesmos, seremos sempre mártires de nossa própria
fraqueza. Há pessoas que se acreditam valentes, até dizem: “Eu sou valente”,
mas o verdadeiro valente é aquele que é capaz de enfrentar seus próprios
medos, sua própria escuridão.

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Não se escreveu nenhum livro sobre um covarde, o covarde não serve
para nada.
A palavra medo deve ser erradicada de nosso dicionário interno, nós
não devemos ter medo de nada, nem de ninguém.
Nem sequer se deve temer a Deus, a Deus não se teme, somente se
ama, ou será que algum pai quer que seu filho, o tema?
Dizem para as crianças que devem desenvolver “Valores”, mas qual é
o principal valor a ser desenvolvido? A Coragem, a maior virtude do
Coração.
Muitos dos problemas da humanidade atual são devidos à falta de
coragem, porque esta sociedade nos ensina e instila o medo.
Na vida, sempre estão nos provando a nossa coragem e decisão.
Você tem a coragem de olhar para dentro de si, tal qual você é? Você
está decidido a fazê-lo?
"Tem-se que agarrar o touro pelos chifres, aqui e agora, com absoluta
coragem e decisão, se é que realmente anelamos nossa liberação".

4.11 A INTUIÇÃO
A intuição é a linguagem do coração, é
a percepção do real sem o uso da razão,
também chamado de pressentimento.
O desenvolvimento da intuição é
urgente nestes tempos difíceis.
É uma das faculdades mais importantes
a desenvolver, já que o nosso Ser se
comunica com nós através dela.
A mulher é mais intuitiva que o
homem, porque a intuição se relaciona com
o aspecto emocional, com o coração.
Com a Intuição aprenderemos a saber onde há perigo; ela nos avisa
quando ele está sobre nós.
Para desenvolver a intuição, devemos deixar de ser tão intelectuais,
acreditamos, erroneamente, que com a razão vamos conhecer a verdade.
Devemos ser mais simples, mais emotivos, dando espaço para que se vá
expressando a sabedoria do coração ou a intuição. Devemos aprender a
estar continuamente conectados com nosso coração.
"Quando se fecham as portas à fantasia, o órgão da intuição desperta"

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(Samael Aun Weor).
"A mente grita, o coração sussurra", dentro dos contínuos gritos da
mente, não podemos escutar o suave sussurro do intuitivo coração. O
coração somente sussurra, pois, o Ser nunca foi e nunca será ditador ou
impositivo. "A luz não entra à força",
À medida que se vai eliminando o ego, a intuição vai se
desenvolvendo, devido a que há uma maior comunicação com o coração.
Devemos nos acostumar a dizer sempre a verdade, já que o "Pai" é a
verdade, portanto, ao mentir, fazemos um curto-circuito que nos vai
afastando de nosso Ser e vamos perdendo suas mensagens intuitivas.
A intuição nos indicará como devemos proceder em certos eventos, se
falar ou calar. Por exemplo, às vezes falamos mais do que deveríamos e às
vezes temos silêncios cúmplices.
Quando se aprende a não se identificar com os extremos, sempre
aparece uma terceira opção, que é a Intuição. A intuição aparece quando se
aprende a não se identificar nem com o bom nem com o mau; essa é outra
forma de desenvolver a intuição.
Confiemos em nossa intuição, ela será de grande ajuda em nosso
caminho de Autoconhecimento e liberação do ego.
"Maravilhosa intuição, guia-nos pelo caminho da verdade e do amor".
A intuição é a única faculdade que não pode ser controlada pelo ego,
por isso, ela nunca nos irá enganar. Todas as outras faculdades podem ser
usadas pelos "eus", mas não a intuição, ela vibra muito alto para ser
capturada pelas garras da besta interna.
A intuição está relacionada com o Chakra do Coração, devido a isso,
ao desenvolver este chakra do coração, a intuição aumenta.
Prática para desenvolver a Intuição do Chakra do Coração:
Mantralizar a vogal "O", em forma alongada
"OOOOOOOOOOOOOOO", na nota musical "Fa" (Quarta nota; quarto
Chakra). Imaginando que um disco de luz gira no coração da esquerda para
a direita; durante 20 minutos diários.
"Uma hora diária de vocalização vale mais do que ler um milhão de livros de
teosofia oriental" (Samael Aun Weor).

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4.12 O MUNDO VIRTUAL
Hoje podemos falar do mundo virtual
e quase todos nos entenderão, já que o
computador, a Internet, o e-mail, os jogos
eletrônicos, as videoconferências, são
aspectos bem conhecidos e muito divulgados
da sociedade moderna.
O mundo virtual, embora pareça
maravilhoso, não é tanto.
“O mundo virtual atenta contra o
mundo espiritual”.
O mundo virtual, assim como o mundo espiritual, é invisível aos olhos
físicos, mas totalmente perceptível pela pessoa; para perceber o mundo
virtual precisamos de aparelhos, e para o mundo espiritual consciência,
faculdades.
O mundo virtual entrou em nossos lares com muita força, quem não
tem um computador em sua casa? Qual criança não joga videogame?
Por exemplo, temos o caso do "Second life" (segunda vida), um jogo
de Internet que permite a pessoa ter outra vida virtual, onde se pode
desenvolver tudo o que neste mundo não se conseguiu. Lá se pode ser
milionário, ter tudo o que quiser sob uma figura virtual tridimensional, que
alguns configuram como realmente gostariam de ser.
Alguns chegam a jogar muitas horas por dia, transformando-se isso em
ludopatia, consistindo numa alteração progressiva do comportamento, em
que a pessoa sente uma necessidade incontrolável de jogar, menosprezando
qualquer consequência negativa. Trata-se de um vício.
Nos últimos anos, o vício em videogames alcançou, em alguns casos,
as primeiras páginas dos meios de comunicação por ser quase demencial.
Assim é como o ego vai se alimentando, muitas vezes com jogos que
parecem inofensivos ou com tecnologias que se mostram imprescindíveis.
Na medida em que o mundo virtual toma mais fortaleza em nosso
interior, mais se desgasta o mundo espiritual, um supre o outro.
Muitas vezes vemos um grupo de jovens reunidos, mas cada um
"conversando, whatsappeando" no celular, sem estar presente, sem
compartilhar com quem está ao seu lado. É incrível, mas quanto maior a
tecnologia do celular, menos comunicação real existe entre as pessoas.
A comunicação virtual tem substituído a verdadeira comunicação de
alma para alma. O aumento exponencial da comunicação virtual é

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prejudicial à comunicação intuitiva e telepática entre os seres humanos, pois
é uma coisa ou outra; mas não ambas.
Há pessoas que se desesperam quando perdem o celular, se sentem
vazias, desconectadas do mundo, devido a que sua conexão espiritual está
limitada pela virtual.
No Facebook existem pessoas que têm centenas e até milhares de
amigos, mas em sua vida íntima se sentem sozinhas, já que suas amizades
virtuais são só aparentes. Assim é o mundo virtual: parece que nos dá, mas
na realidade está nos tirando.
Não nos deixemos prender pelo mundo virtual, ele entra em nós pelos
cinco sentidos, fortalecendo apenas nossa mente e debilitando nossa
consciência.
O mundo virtual é o mundo da fantasia, da ilusão, do sonho; ao
contrário, o mundo espiritual é o mundo da verdade, da compreensão, do
Ser. São, portanto, antíteses.

CAPÍTULO 5
FORJANDO-SE A SI MESMO
5.1 RESPONSABILIZAR-SE POR SI MESMO
Muitas pessoas se acreditam
responsáveis, e muitos são, mas poucos
são realmente responsáveis por si
mesmos.
A responsabilidade nasce da
consciência; se não houver consciência
de si mesmo, não haverá jamais
responsabilidade por si mesmo.
Há pais que ensinam seus filhos a
serem responsáveis, a cumprir com suas
obrigações escolares, familiares, sociais;
no entanto, não os ensinam a cumprir com o "Dever Parlock", que é o dever
de despertar sua própria consciência. Obviamente, eles não podem ensinar
algo que eles mesmos não cumprem.

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Somente sendo responsável consigo mesmo, poderemos ser
responsáveis com todos os demais. A responsabilidade para consigo mesmo
é a mãe de todas as responsabilidades.
Culpar os outros pelo que nos acontece é uma desculpa para não
responsabilizar-nos por nós mesmos.
Sempre buscamos o diabo por fora e não nos damos conta que ele
vive dentro de nós.
Devemos responsabilizar-nos por nossos próprios sofrimentos,
compreender que cada sofrimento se deve a nossa forma errada de nos
relacionarmos com o mundo e com nós mesmos.
"Todo sofrimento provém da imaturidade espiritual".
As pessoas não sabem viver, colocam a culpa de seus sofrimentos nos
outros, sem jamais compreenderem sua própria responsabilidade por seus
atos cotidianos.
O sentido de responsabilidade hoje em dia está mal enfocado. Nos
responsabilizamos por nosso trabalho, por nossos filhos, por nossas
propriedades; mas não somos responsáveis por nós mesmos, ficamos
doentes, gastamos nossas energias, nos esquecemos de nós mesmos, somos
infelizes.
Há pessoas que são absolutamente responsáveis com seu trabalho, são
um exemplo para os demais neste sentido, mas depois morrem sem ter
nenhuma ideia de si mesmos, de qual foi a razão de sua existência;
lamentável, mas isso acontece muito.
Fazer-se responsável por si mesmo é fazer-se responsável por sua
própria felicidade, por seus próprios sentimentos, por sua própria maneira
de pensar.
Quem é irresponsável consigo mesmo, morre em idade precoce, cai
em vícios, fracassa em tudo, é infeliz…
Se perguntarmos às pessoas se elas pensam que são responsáveis em
suas vidas, elas dirão que sim, mas se estudarmos suas vidas íntimas, nos
daremos conta que não o são.
Encontrar o sentido da vida, encontrar a missão que cada um tem na
vida, cumprir o objetivo fundamental da vida, é sinal de que temos nos feito
responsáveis por nós mesmos, que a vida não foi em vão.
Devido à multiplicidade psicológica que carregamos dentro, é difícil
encontrar desenvolvido o sentido de responsabilidade dentro de nós, somos
muito dispersos, acreditamos que o estamos fazendo bem, mas os resultados
finais nos mostram a crua realidade.

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"Um homem é o que é sua vida. Se um homem não modifica nada dentro de
si mesmo, se não transforma radicalmente sua vida, se não trabalha sobre si mesmo,
está perdendo seu tempo miseravelmente" (Samael Aun Weor).

5.2 O CAMINHO AO SER


Muitas pessoas querem chegar a Deus, e
muitas também acreditam que já chegaram. Mas
a verdade é que o caminho que leva ao Ser é
muito íngreme e escarpado, requer um árduo
trabalho sobre si mesmo, para alcançar a
verdadeira transformação que nos permite
suportar a energia lumínica e calórica do nosso
amado Ser.
Jesus disse: "De mil que me buscam, um me
encontra. De mil que me encontram, um me segue.
E de mil que me seguem, um é meu".
O caminho à luz de Deus não está ao virar
da esquina; está dentro de você e todo aquele
que quiser buscá-la, a primeira coisa que encontrará é um bando de
demônios terrivelmente feios e mal-intencionados. Por isso que são poucos
os que chegam ao seio do Ser, porque são poucos os corajosos que se
atrevem a enfrentar essas aberrações do submundo, criações de milhares de
anos de consciência adormecida.
Quem avança no trabalho de dissolução de seus defeitos psicológicos,
verá mais tarde a essência (pequena menina assustada) rodeada de monstros
que querem devorá-la.
Todos esses monstros psicológicos se eliminam aqui, desde o mundo
físico, em auto-observação e aplicando a técnica da morte com a ajuda de
sua "Mãe Divina" (ver Capítulo 6.1).
Essa é a tarefa, esse é o trabalho, esse é o caminho; liberar nossa própria
"Essência Divina" da prisão bestial, de monstros abismais, que não são outra
coisa que o ego, em suas múltiplas manifestações demoníacas.
"Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos Céus,
mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus" (Mateus 7:21).
Qual é a vontade do Pai? Fazemos diariamente a vontade do Pai?
Escreva em seu caderno de respostas que coisas você faz diariamente que
são a "Vontade do Pai".

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Deve ficar claro que o ascenso até a morada celestial do Pai é
precedido pelo descenso aos nossos próprios infernos, já que não podemos
chegar ao céu sem antes ter limpado o estábulo, sem antes ter trabalhado
com nossos próprios demônios (eus diabos).
"Para chegar ao Ser, devemos passar por cima do cadáver do diabo".
A primeira coisa que aparece no trabalho de Autoconhecimento são
estas bestas do abismo que todos nós carregamos, a pequena Essência que
ainda nos resta é capaz de olhar e depois enfrentar estes aterrorizantes
monstros psicológicos.
O ego nos impede de ver corretamente o caminho, ele nos coloca
travas (problemas, frouxidão), obstáculos (coisas lindas, entretidos jogos
para a mente) para evitar de entrar pela verdadeira senda.
Lamentavelmente, somos amigos do diabo, o carregamos dentro e não
queremos nos desfazer dele, ele é nosso aliado e todas as noites, quando
nos desdobramos, caminhamos de mãos dadas com os demônios.

5.3 AUTO-OBSERVAÇÃO PSICOLÓGICA


Você mesmo é o seu melhor psicólogo, não
precisamos que os outros nos digam como
somos, já que nós podemos nos autoconhecer.
Sempre observamos os demais e dizemos
que: essa pessoa é fofoqueira, raivosa, crítica,
mal-humorada, egoísta, etc. Não nos custa
observar aos demais, mas não sabemos nos auto-
observar a nós mesmos.
A auto-observação é a atenção ativa para
nosso mundo interior, à nossa própria
psicologia, à forma de pensar, de sentir e de
atuar. Isto requer um esforço muito particular,
de forma intencional.
A auto-observação é um "sentido da consciência"; um sentido de
percepção de nosso mundo interior, que atualmente o temos atrofiado, mas
ao começar a utilizá-lo, ele vai se desenvolvendo gradualmente. À medida
que mais nos auto-observamos, este sentido (localizado na glândula
pituitária) se irá desenvolvendo cada vez mais, até chegar a estar em
contínua auto-observação, e fica claro que o Autodescobrimento vai sendo
cada vez maior e muito mais detalhado.

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Todos os sentidos podem ser refinados, aguçados (como a audição, o
paladar, a visão, o olfato), da mesma forma se aguça a auto-observação à
medida que a usamos; um órgão que não se usa, se atrofia.
“Temos que refinar o paladar psicológico”.
É uma técnica para conhecer-nos a nós mesmos; é o primeiro passo
que devemos dar para o Autoconhecimento e a Revolução da Consciência.
Com a auto-observação começamos a nos transformar em pessoas
práticas e começamos a descobrir e conhecer nossos defeitos, já que existem
milhares de pensamentos que se manifestam em nós, que são eus ocultos.
Os eus são invisíveis aos olhos físicos, mas perceptíveis aos olhos da
auto-observação. Se nós não descobrirmos nossos defeitos, não vamos
conseguir eliminá-los.
Temos que conseguir uma divisão interna em Observador (Essência) e
Observado (eus que pensam, sentem e atuam).
Devemos aprender a não nos identificar, ou seja, a nos separar de
nossos pensamentos.
Os físicos modernos argumentam que a única forma de estudar a física
quântica é mantendo o observador fora do sistema que se descreve.
Levando isso ao estudo psicológico de si mesmo, compreendemos a
importância de separar-nos (não nos identificar) da vida diária para
podermos nos auto-observar detalhadamente e descobrir a verdade de nós
mesmos.
"Somente saindo psicologicamente do evento, tiramos a subjetividade
da vida e vemos a realidade".
Nossa essência está adormecida, portanto, temos que ativá-la para
descobrir nossos defeitos psicológicos.
Acreditar-se superior aos demais, a egolatria, a autossuficiência, a
presunção, o acreditar-se infalível, o orgulho místico, são obstáculos para a
auto-observação.
"Acreditar-se bom" impede a auto-observação. Como vou buscar em
mim algo que acredito não ter?
Quando se descobre algum eu, nasce o anelo de querer mudar e
eliminá-lo.
Conhecer e Observar são diferentes; o primeiro é devido à recordação
e à crença da mente, e o segundo é o resultado da atenção ativa a si mesmo.
Alguém pode dizer “eu me conheço”, mas isso não é o que precisamos.
Precisamos ir mais além do que temos acumulado em nossa própria mente
e observar-nos atentamente no momento presente, só dessa forma iremos

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nos autodescobrindo.
Devemos suplicar à nossa Mãe Divina que nos desenvolva ao máximo
o sentido da auto-observação, que nos aguce este sentido da alma, chamado
por alguns de "Inteligência Emocional".
O apego é um grande impedimento para auto-observar-nos, já que
nos auto-observamos melhor na presença de pessoas que não conhecemos,
do que na frente de pessoas com quem se convive mais continuamente e às
quais temos apego (junto à família não nos auto-observamos).
Para defender nossos defeitos, com muita facilidade nos justificamos
ante os demais, dizendo que tais ou quais defeitos pessoais são hereditários.
“Quem se identifica com os diversos processos do Eu Pluralizado é sempre
vítima das circunstâncias.
Como poderia mudar as circunstâncias aquele que não se conhece a si
mesmo? Como poderia conhecer-se a si mesmo quem nunca se observou
internamente? De que maneira alguém poderia se auto-observar se não se divide
previamente em Observador e Observado?
Agora, ninguém pode começar a mudar radicalmente enquanto não seja
capaz de dizer: 'Este desejo é um eu animal que devo eliminar'; 'este pensamento
egoísta é outro eu que me atormenta e que preciso desintegrar'; 'este sentimento
que me fere o coração é um eu intruso que preciso reduzir a poeira cósmica'; etc.,
etc., etc." (Samael Aun Weor).

5.4 PENSAMENTOS NEGATIVOS


Nossa mente está constantemente
gerando pensamentos, de todo tipo. Estes
pensamentos são gerados mais além da
nossa própria vontade, não temos uma
determinação de quais pensamentos
queremos ter e quais não.
Isto se deve a que não somos nós os que
pensamos, senão é o próprio ego quem
utiliza nosso centro intelectual para gerar
uma infinidade de pensamentos, muitos deles negativos, como inveja,
desconfiança, raiva, pena, impotência, frustração, ciúmes, adultério.
Por trás de cada pensamento negativo, existe um pensador diferente,
um ego, um eu, um defeito que toma posse de nossa mente e se manifesta,
fazendo-nos acreditar falsamente que somos nós os que pensamos; sendo

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ele, na verdade, o autor desta sucessão interminável de ideias, preferências,
objetivos.
Devemos sair do engano de que somos nós mesmos os que
constantemente pensamos, e compreender a oculta manifestação da
infinidade de pensadores que vivem dentro de nós.
Estando em contínua auto-observação, vamos nos tornando
conscientes do fervilhar incessante dos pensamentos e, por tanto, nos
capacitamos para pará-los.
"Quanto mais nos identificamos com um pensamento negativo, mais
escravos seremos do correspondente "Eu" que o caracteriza" (Samael Aun Weor).
O ego quer se manifestar em nossa mente, devido a que esta expressão
no centro intelectual lhe dá alimento, lhe permite se manifestar, seguir vivo,
roubar a energia do centro intelectual.
Se aprendemos a estar alertas a nós mesmos, a mentira do ego torna-
se impossível e nos capacitamos para ir descobrindo e eliminando os
diferentes participantes de nossos problemas, tragédias e penas.

5.5 TRANSFORMAÇÃO DAS IMPRESSÕES


O mundo exterior entra em nós
através das janelas dos cinco sentidos em
forma de impressões.
As impressões são mais um
alimento, assim como a comida que entra
pela boca e o oxigênio pelos pulmões.
Assim como a comida é
transformada no aparelho digestivo e o
oxigênio no aparelho respiratório, assim
também as impressões devem ser
transformadas no aparelho conscientivo.
Se o oxigênio não é transformado nos pulmões e entra diretamente no
sangue, pode nos matar.
O mesmo acontece com as impressões. Se não transformamos as
impressões de uma bela mulher, acabaremos em adultério; se não
transformamos as impressões de um bonito carro, acabaremos nos
endividando; se não transformamos as impressões de um grande jantar,
acabaremos com dor de estômago; se não transformamos as impressões de
um insulto, acabaremos em uma briga.

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Usando a consciência, poderemos ir transformando as impressões,
refletindo, compreendendo.
A impressão de uma bela mulher, ou de um homem bonito no caso
das mulheres, se transforma imaginando como ela será daqui a alguns anos,
uma velhinha enrugada. Um bonito carro podemos dizer: "É um monte de
latas dobradas com plástico derretido", ou podemos imaginá-lo velho e fora
de moda; assim compreendendo o que são as coisas realmente e como serão
com o tempo, vamos tirando a força do poder hipnótico do ego. Vamos
trabalhando o ego em todos os níveis de seu engano.
"As piores adversidades nos oferecem as melhores oportunidades" (Samael
Aun Weor).
As impressões não transformadas alimentam o ego ou se transformam
em novos eus, portanto, não só temos que lutar com o ego que já temos,
mas além disso, estar alertas para não seguir criando.
"Não importa o que você olha, senão o comentário".
Estas impressões não transformadas vão criando "representações na
mente", logo, nossos eus pegam essas representações e as levam ao mundo
dos sonhos. Assim acabamos realizando seus desejos nesse mundo e quando
o ego é forte nos faz viver seus sonhos no mundo físico e o resultado é,
então, catastrófico.
"A fotografia não é o evento”. A foto é apenas a representação, a
recordação, a imagem do evento. Todos nós temos imagens, modelos,
figuras mentais de todo o nosso entorno, de nós mesmos e até de Deus.
"Não vemos as coisas como são, vemos as coisas como somos".

5.6 CULPADO
Nunca se sinta culpado de nada,
somente os juízes determinam a culpa ou
a inocência. Culpa ou inocência é o
ditame final de um julgamento, e nós não
devemos ser juízes de ninguém, nem
mesmo de nós mesmos.
Quando há um julgamento de culpa,
deve haver uma determinação de
"veredicto de culpa", e essa sentença é
castigo, sofrimento ou dor.

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Muita da dor que sentimos é consequência de nosso próprio castigo,
já que estamos "castigando" o culpado de nosso drama ou tragédia.
O ego adora fazer o papel de inocente ou de autocondenado. Sofre
porque é vítima ou sofre porque é culpado, a questão é "sofrer".
O ego adora sofrer, não pode conceber ver a vida sem dor; não a
conhece.
A palavra "culpado" deve ser erradicada de nosso dicionário interno.
Ninguém é culpado de nada, todos temos um grau de responsabilidade em
tudo.
A responsabilidade é um assunto de consciência e, portanto, pode ser
compreendida e corrigida.
Não mais culpas, por favor. Libere-se de seu próprio autoengano, de
sua própria armadilha... Lembre-se que o ego é um masoquista, que dentro
de sua inconsciência e imaturidade não pode ver mais além do que ele
pensa, do que ele supõe.
"Não suponha nada, compreenda tudo"; sua consciência é capaz de
atingir esse nível; de fato, "é a única coisa que ela quer".
Só nos responsabilizando por nós mesmos poderemos fazer grandes
mudanças em nosso interior, sem permitir que o veneno do sentimento de
culpa ou da falsa inocência nos estanquem e nos destruam.
Não devemos confundir o sentimento de culpa do ego com o "remorso
da consciência". O primeiro busca o sofrimento, o segundo busca a correção,
a emenda.
A consciência coloca esse sentimento de profundo remorso em nosso
coração para nos fazer refletir e corrigir nossos erros. O sentimento de culpa
não nos impulsiona à reflexão, só ao autocastigo e ao sofrimento, é
altamente masoquista e de uma severidade impensada.
O homem morre sob sua própria responsabilidade, mas o véu de sua
inconsciência não lhe permite vê-lo. "Passa a vida buscando culpados, para
assim sentir que compreendeu a existência”.

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5.7 ACEITAR, RECHAÇAR, COMPREENDER
Aceitar nem rechaçar é compreender. A
compreensão é fundamental para o
autoconhecimento.
Tanto o aceitar como o rechaçar são
processos intelectuais, raciocínios da mente.
Nós podemos nos dar o luxo de aceitar
algo e pode ser algo falso, uma mentira, uma
armadilha. Por outro lado, podemos rechaçar
algo e era a pura verdade, era uma
oportunidade extraordinária.
Nada neste livro é para ser aceito ou
rejeitado, mas compreendido.
Aceitar algo não significa que o tenhamos
compreendido, simplesmente o admitimos.
Muitas pessoas irão rejeitar os conceitos deste livro, assim como outros
os vão aceitar e muito poucos os vão compreender.
Na compreensão, há consciência, vivência, intuição, reflexão.
A aceitação e o rechaço se geram em um nível muito superficial da
mente, eles são processos básicos, quase irrefletidos e dogmáticos.
Tudo na vida deve ser compreendido ou pelo menos deve-se tentar
compreendê-lo.
À medida que se trabalha sobre si mesmo, deve-se ir descobrindo certas
facetas da vida que eram aceitas sem serem compreendidas, assim como
outras rechaçadas sem serem refletidas.
Às vezes, coisas que aceitávamos, mais tarde as rejeitamos e vice-versa.
Aceitação e rechaço são os extremos do pêndulo, a "compreensão criadora"
está no centro do pêndulo, em perfeito equilíbrio, sem extremismos.
"Onde há COMPREENSÃO, a aceitação ou rechaço ficam sobrando"
(Samael Aun Weor).
A compreensão vem carregada de um sabor muito particular, é algo
que se sente no mais profundo de nosso Ser, nasce da mesma consciência,
mais além dos processos intelectuais seletivos da mente.
Você rechaça alguém? Alguém lhe cai mal? Então se esforce para
compreendê-lo.
Os defeitos não se eliminam porque os rechaçamos, nem as virtudes
aparecem porque as aceitamos. O defeito deve ser compreendido e
eliminado, só assim nascerá a virtude que estava presa nele, mais além de

63
nossa aceitação ou rechaço.
"Não se aceite, não se rejeite: compreenda-se".

5.8 A FALTA DE LIMITES


Hoje em dia vemos uma série de
problemas cujas raízes residem na falta de
limites.
Os seres humanos esqueceram de
colocar certos limites na vida, já tudo está
permitido, a ausência total de limites nos
está levando a uma anarquia, a uma perda
de valores e ao caos total.
Não temos compreendido que o limite entre o bem e o mal "é uma
linha". Que do sublime ao ridículo "há um passo". Uma vez que se cruzou a
linha, uma vez dado o passo, estamos em outra parte, nos regem outras leis,
e a desordem e a confusão começam a reinar.
Os jovens foram criados sob a permissividade, já que pela lei do
pêndulo a sociedade passou do excesso de autoridade à permissividade
absoluta.
Mas poderá colocar limites um pai que não sabe nem colocar-se limites
a si mesmo. Esse é o problema, a confusão é tal que poucos sabem onde
uma coisa acaba e outra começa.
Estamos diante da lei do "vale tudo", "pode ser tudo", "tudo está
permitido". Esse é precisamente o reinado do ego: a confusão, o caos, a falta
de clareza do que é correto e o que é incorreto.
Enquanto nossa psique continuar nesta confusão de limites, que não é
outra coisa que a confusão de valores, dificilmente poderemos despertar
nossa consciência, dificilmente poderemos sair de nossa própria escuridão.
A consciência sabe muito bem os limites, mas como está dormida, não
pode se expressar.
Perdemos a "capacidade de assombro", já nada mais nos assombra, a
consciência adormeceu tanto que já nada mais chama a sua atenção.
Na medida que vamos eliminando os defeitos psicológicos que
carregamos em nosso interior, a consciência se irá expressando com mais
força e nos irá mostrando nossas confusões, nossa falta de limites e nossa
perda de valores.

64
As crianças e os jovens de hoje são o resultado desta sociedade, o
problema está na sociedade, em todos nós que nos esquecemos de colocar
limites a nós mesmos. Esta perda de limites provém da desobediência.
Fomos expulsos do Éden por ser desobedientes, por não respeitar os
limites que Deus nos colocou, e o resultado está à vista de todos:
permissividade, desobediência, anarquia, desordem, confusão, ateísmo, etc.
Devemos aprender a colocar limites ao nosso eu luxurioso,
controlando a visão e os pensamentos; colocar limites à nossa ira,
controlando verbo e os gestos; colocar limites à nossa cobiça,
compreendendo onde termina a necessidade e começa a cobiça; limite à
inveja, sentindo amor pelo bem do próximo; limite ao orgulho, sem se
vangloriar de nossos triunfos; limite à preguiça, dormindo menos; limite à
gula, comendo moderadamente.
Recuperemos o domínio de nós mesmos, aprendamos a colocar limites
a nós mesmos, para colocar limites a outros; caso contrário, não colocar
limites aos outros só servirá para consolar nossa própria anarquia e
desordem interna.

5.9 A ILUMINAÇÃO
Buscar a Iluminação é buscar a luz da
consciência.
São muitos os que buscam a iluminação e
poucos que a encontraram.
Encontrar a iluminação é encontrar-se a si
mesmo.
A luz se esconde atrás da escuridão. A luz sai
da escuridão, como o calor do fogo.
Aquele que quer a Iluminação deve primeiro
conhecer a escuridão de si mesmo. Por trás dessa
escuridão, se oculta a luz.
Alcançar o estado de "Iluminado" não
requer nada de externo a nós mesmos. Nenhum
Mestre específico, nenhum livro, nenhum determinado lugar nos dará a
iluminação. Só poderá nos orientar, mas não fará o trabalho por nós; já que
isso depende somente de nós mesmos, do nosso próprio trabalho, do nosso
próprio esforço, da nossa própria coragem e amor para obtê-la.
A Mãe Divina tem a tocha da luz. "Ela é o fogo e a luz dentro de nós".

65
Se você quer a iluminação, aproxime-se de sua Mãe Divina, peça a Ela,
implore a Ela...
Cada vez que descobrimos um defeito, um pensamento negativo, uma
má intenção, devemos invocar a nossa Mãe Divina para que elimine esse
defeito e Ela assim o fará, destruindo a escuridão do ego e liberando a luz
da consciência que estava presa nesse ego. Quanto maior a morte do ego,
maior a luz da consciência.
"A Divina Mãe Kundalini tem o poder para reduzir a cinzas qualquer
agregado psíquico subjetivo, inumano" (Samael Aun Weor).
Se quiser alcançar a Iluminação e não se dedicar a morrer
psicologicamente, nunca a alcançará.
Todas essas pequenas chispas que você libera das garras do ego vão se
fusionando até ir formando uma luz dentro de você; com o tempo, essa luz
deve despertar em outras dimensões da natureza, com as Técnicas do
Desdobramento Astral, da Meditação e da Transmutação da Energia Sexual.
Assim como Buda alcançou a iluminação sentado sob uma figueira
(símbolo da energia sexual), a iluminação total requer o trabalho alquímico.
Mas tudo é precedido pela morte. "Se a semente não morre, a planta não
nasce".
Esclarecer nossa própria consciência, trabalhar nela, desenvolvê-la,
aumentá-la é o fundamental da existência para alcançar a saúde psicofísica
e a iluminação.
Mestre é aquele que ensina o que viveu, portanto, a vida e as
experiências da nossa vida são absolutamente necessárias para alcançar o
crescimento espiritual, ou seja, a Iluminação.
Aquele que rechaça as experiências, aquele que foge de si mesmo,
aquele que acredita que a vida está sendo cruel com ele, que a vida é difícil,
que a vida o faz sofrer, está rechaçando a iluminação, a liberação, o regresso
ao Pai Interno.
“Não temos que desejar poderes, mas preparar-nos para recebê-los”.
O trabalho para obter a iluminação espiritual se faz aqui, no mundo
físico; no mundo espiritual, só veremos os resultados.
"Devemos estar com os pés bem assentados na terra e a cabeça bem
assentada no céu".
Se chegamos a cair no plano físico, é desde esse plano que temos que
nos levantar.
"Quem não se trabalha a si mesmo na terra tampouco se trabalhará a
si mesmo no céu".

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CAPÍTULO 6
A ELIMINAÇÃO DO EGO
6.1 A MORTE DO EGO
Neste capítulo encontramos a metodologia
para a eliminação do ego.
Todos os capítulos anteriores são somente
o preâmbulo deste, já que na morte do ego
sintetizamos todo nosso triunfo e liberação.
Falar da morte do ego é falar do Arcano
13, da "Transformação". Morrer no ego não é
desaparecer, é Transformar-se, permitir que algo
novo nasça em nós. Mas, lamentavelmente, não
queremos mudar.
Cada um de nós é, talvez, bom para a
higiene pessoal. Tomamos banho todos os dias,
lavamos as mãos a cada tanto, escovamos os
dentes, não comemos comida que esteja suja. No entanto, não temos a
mesma higiene mental, não fazemos uma limpeza de nossa mente, nela sim
permitimos uma série de sujeiras, lixos, imundície, que nos danifica e danifica
aos demais.
Devemos sempre começar do zero, porque se pensamos ou
acreditamos que já fizemos bastante, vamos nos estancar, e até aí
chegaremos, dormiremos na sombra dos louros das vitórias. Somente
começando do zero, dia após dia, nos afastaremos da possibilidade de
estancamento, de deter-se ou do retrocesso.
Para poder eliminar o ego precisamos apelar a uma força superior à
mente, já que nossa mente pode se dar ao luxo de ocultar um defeito, mudá-
lo de nome, escondê-lo, esquecê-lo, mas nunca eliminá-lo.
Essa força existe e é de natureza espiritual, e está esperando que
apelemos a Ela para desintegrar qualquer defeito que tenha sido descoberto
em flagrante, com o sentido da auto-observação.
Essa força, esse poder, essa capacidade, está em nossa "MÃE DIVINA",
em nossa Mãe Espiritual, na Mãe de nossa Alma.
Nossa Mãe Espiritual, armada com uma lança, enfrentará qualquer
defeito psicológico que nós lhe pedirmos com o coração.

67
Devemos suplicar a Ela, de todo o coração, que elimine o defeito que
temos descoberto, por pequeno que seja, como um pensamento,
sentimento ou ação.
Por diminuto que seja o detalhe, devemos pedir à nossa MÃE DIVINA:
"Mãe minha, tira-me este defeito e desintegra-o com a tua lança".
Ela assim o fará, porque essa é a sua missão, ajudar-nos desta forma
para que possamos ir nos liberando.
A súplica à Nossa Mãe Divina Particular deve ser feita com Força e Fé,
imediatamente após descobrir um "eu" ou defeito psicológico. Ela somente
elimina o “eu” que temos descoberto em algum dos “Três Cérebros” (mente,
coração e sexo) por meio da Auto-observação Psicológica, “de instante em
instante, de momento em momento”.
Devemos ter fé que Nossa Mãe Divina nos desintegra esse eu ou
defeito psicológico, no instante ou momento em que pedimos a sua Morte
ou Eliminação.
Só se pode eliminar o ego no mundo físico; aqui está a energia para
fazê-lo (força sexual). No momento de desencarnar (morte física), se
posterga o trabalho até uma nova encarnação. Por isso, a importância de
aproveitar esta existência e trabalhar arduamente em nós mesmos.
Qualquer pensamento negativo que seja descoberto deve ser
apresentado à Mãe para sua eliminação, sem duvidar e com muita decisão.
Desta forma o defeito vai perdendo volume, vai se reduzindo a pó.
Só em contínua vigília de nossa mente, coração e sexo, iremos nos
capacitando para a desintegração de todos e cada um dos defeitos que nos
mantêm atados ao mundo da dor, do engano e do sofrimento.
Quando um elemento psíquico está se manifestando, seja por qualquer
um destes três centros, em seguida vem a petição à Mãe Divina, para que
ela proceda a desintegrá-lo.
À medida que se vai eliminando o ego, vai nascendo o verdadeiro
amor a si mesmo, e esse amor vai se expressando como amor ao próximo
e vai nascendo o mais íntimo desejo de ajudar os demais, para que também
comecem a se liberar de seus próprios defeitos.
Terminologias como “autoestima e amor-próprio” são truques do ego
para continuar escondido sob vestimentas de falso amor. Não precisamos
aumentar a autoestima, mas eliminar de nossa psique eus que denigrem ou
exaltam nossa própria autoimagem.
"O amor-próprio é o apelido do orgulho".
Todos estes defeitos são detalhes do ego, que se camuflam

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astutamente, com nomes e sobrenomes rebuscados, para nos confundir e
nos fazer acreditar que devemos alimentá-los.
O verdadeiro amor não é amigo da autoestima e muito menos do
amor-próprio.
Os piores momentos são os melhores para descobrir e eliminar o ego.
Portanto, as dificuldades não devem ser evitadas, mas aproveitadas
inteligentemente para o autodescobrimento.
À medida que mais se trabalha, vai se refinando o paladar psicológico
e se fica em condições de descobrir defeitos, os quais jamais pensamos que
habitavam dentro de nós.
Alguns nomes que foram dados à morte do ego no transcurso da
história: “Morte Mística, Aniquilação Budista, Morrer no Senhor,
Decapitação Psicológica, Limpar o estábulo, Negar-se a si mesmo, Enfrentar-
se a besta interna, A luta contra o dragão, Desegoistizar-se, Despertar a
Consciência, Liberar a Alma, Derrotar os demônios, O Trabalho com os
Detalhes, Morte em Marcha, Fabricar Alma, Polir-se, etc”.
“Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor.
Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, pois as suas obras
os seguem”. (Apocalipse 14:13).
Esse trabalho sobre o ego também foi ensinado em contos infantis,
como em "A Bela Adormecida da Floresta", na qual é a consciência (alma,
bela) que dorme profundamente ao ser envenenada pela bruxa (ego, a
maldade, a maçã, o sexo em seu aspecto luxurioso). Também o gênio
(consciência) da "Lâmpada de Aladim" está preso na garrafa (ego, mente).
A Mãe Divina elimina o ego conforme a nossa compreensão dele,
quanto maior a compreensão, mais profunda é a morte que Ela realiza do
defeito. Por isso é importante aguçar a auto-observação, para aumentar
nosso conhecimento do “eu” que queremos desintegrar.
Os defeitos psicológicos são os que dão a “tonalidade” a nosso caráter;
portanto, trabalhando na morte do ego, o caráter da pessoa vai mudando.
Ir nos tornando cada vez mais conscientes da nossa própria maldade é
o objetivo do trabalho sobre nós mesmos.
Cada vez que eliminamos um defeito, aflora uma virtude; esta é em si
mesma a essência que o ego tinha presa em suas fauces.
O Sentido da Auto-observação Psicológica, relacionado com a
Glândula Pituitária ou Hipófise, vai se desenvolvendo cada vez mais e é
claro que o Autodescobrimento vai sendo cada vez maior e muito mais
detalhado.

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Existem muitos livros que falam do ego e o descrevem muito bem. O
detalhe está na forma de eliminá-lo ou transcendê-lo, já que não só se deve
ter consciência do ego através da compreensão, meditação, reflexão e auto-
observação, mas é de vital importância a sua eliminação, e isso só é possível
com a ajuda de Nossa Mãe Divina, caso contrário o ego pode se debilitar,
mas nunca ser eliminado.
Lembremo-nos da Sagrada Escritura, quando Deus fala à serpente
tentadora (ego): "Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua
descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o
calcanhar" (Gênesis 3:15).
Isso revela o poder que Deus colocou sobre a Mãe Divina para acabar
com o ego.
"Com a morte se mata a morte por toda uma eternidade" (Samael Aun
Weor).

6.2 OS DETALHES E A MORTE EM MARCHA


O trabalho com os detalhes ou também
chamado de "Morte em Marcha", é a forma mais
simples, prática e efetiva para eliminar o ego,
nestes tempos onde nossa consciência se encontra
muito adormecida e o ego muito fortificado. Se
chama "em marcha" porque não precisamos deter
nossa vida para fazer a petição à Mãe Divina, mas
seguindo a marcha vamos morrendo.
"Se queremos ganhar a batalha contra o ego,
devemos fazê-lo nos detalhes".
Em cada detalhe se esconde uma pequena
manifestação de um eu, que, se estamos atentos, o
descobrimos e o vamos eliminando.
Cada eu psicológico pode ser representado por uma árvore: as raízes
grossas a mantêm em pé para que o vento não a derrube; no entanto, o
alimento o recebe de raízes muito pequenas, que são as que recebem os
nutrientes da terra, a água e os minerais.
O ego, da mesma forma, recebe seu alimento de pequenos "detalhes"
que temos em grande quantidade; como contar mentiras, recolher moedas,
olhares inadequados, pequenos pensamentos, má vontade, etc.

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Por exemplo, se quisermos eliminar o "eu" da ira, devemos colocar
muita atenção a todos os detalhes da ira, como quando nos irritamos
porque a fila no banco não avança, porque não se fez o que queríamos,
porque nos fazem esperar, etc.
Se queremos eliminar o eu da luxúria, devemos estar atentos aos
detalhes dos olhares incorretos, piadas com duplo sentido, olhar revistas,
abraços prolongados, carícias inadequadas, etc.
Desta forma, a árvore (ego) não recebe seu alimento e vai se secando
lentamente, até que morre definitivamente.
"Os detalhes fazem a diferença".
Se nós quisermos eliminar o ego, e não trabalharmos os detalhes, será
muito difícil a sua eliminação, quase impossível; mas trabalhando os
detalhes, o "eu" começa a debilitar-se, a desnutrir-se, a perder força.
"Quando temos muitas coisas em nós mesmos que não conhecemos nem
aceitamos, então tais coisas nos complicam a vida espantosamente e provocam, na
verdade, toda sorte de situações que poderiam ser evitadas mediante o
conhecimento de si" (Samael Aun Weor).
Cada detalhe eliminado nos aporta um grão de consciência, que,
somando um com o outro, nos vai formando a alma.
A ira e orgulho vão sempre de mãos dadas; se eliminamos a ira,
também vai se debilitando o orgulho e vice-versa.
Para trabalhar os detalhes deve haver uma certa disciplina em nossa
vida, se não colocamos essa disciplina no trabalho, a eliminação dos detalhes
nos será difícil. Por exemplo, se queremos eliminar o "eu" da preguiça, mas
temos o mau hábito de levantar tarde (10 ou 11 da manhã), não vamos
conseguir, porque esta indisciplina é um alimento para o ego.
Se quisermos eliminar os eus da sujeira, da desordem e da comodidade,
devemos ter todo nosso espaço limpo e arrumado: se ocupamos o banheiro
ou a cozinha, deve ficar limpo e arrumado; nosso quarto deve estar sempre
arrumado: a cama feita, a roupa pendurada ou bem dobrada, etc. A Lei é
simples: “Se quiser ordem dentro de você, reflete-a fora de você”, “A
perfeição está nos detalhes. Deus está nos detalhes”.
“Grandes realizações são possíveis quando se dá importância aos
pequenos começos”. (Lao Tsé).
“Quem não cumpre com as tarefas pequenas, não lhe dão tarefas
grandes”.
Se não podemos vencer o ego nos detalhes, dificilmente o poderemos
vencer no abismo.

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6.3 O ARREPENDIMENTO
Em cada um de nós falta um
verdadeiro arrependimento de nossos
erros. Somos superficiais em nosso
trabalho interno, não temos nos
tornado dignos do perdão dos pecados
porque não temos sentido um
arrependimento real e profundo.
O arrependimento só se
demonstra quando nos esforçamos por
extirpar de nossa natureza interna toda
essa série de erros psicológicos que nos afastam da luz do Ser.
Assim como Cristo expulsou os mercadores do templo com o látego
(vontade), dizendo-lhes "Fora do templo do meu Pai" (metáfora da limpeza
da mente), da mesma forma, cada um de nós deve expulsar os mercadores
do "Templo do Pai, que é a mente", já que eles fazem o que querem em tão
precioso lugar.
À medida que vai crescendo a vontade, o látego vai crescendo, até que
um dia possa tornar-se uma espada.
Todos esses ensinamentos antigos do Rei Artur e do mago Merlin
representam a luta contra o ego, a liberação do homem e a obtenção de
poderes e faculdades para ser um grande soberano (de si mesmo).
"Se a água não ferve a cem graus, não se elimina o que deve se eliminar"
(Samael Aun Weor).
Ou seja, devemos passar por certas crises emocionais conscientes de
profundo arrependimento por nossos erros e faltas.
"Dos arrependidos é o Reino dos Céus".
Devemos recuperar a inocência perdida, a humildade e a simplicidade
da criança que mora dentro de nós.
Os Evangelhos dizem: "Enquanto não sejais como as crianças, não
entrareis no Reino dos Céus".
Somente trabalhando seriamente sobre nós mesmos, seremos dignos
de ajuda celestial, já que nos fatos estamos demonstrando o profundo
arrependimento: ao enfrentar-nos a nós mesmos e transformando em
cadáveres essa soma de eus que nos faz revolver na escuridão do desamor,
da ignorância e da preguiça.
"O verdadeiro arrependimento não está nas palavras, mas nos fatos".

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6.4 COMPREENDENDO O EGO
A Mãe Divina elimina o ego com a
mesma intensidade que nós o
compreendemos.
Quanto maior for a compreensão,
maior será a eliminação.
Nossa Bendita Mãe tem o poder de
eliminar todo nosso ego em um segundo;
mas se assim o fizesse, que consciência
haveria em nós sobre a origem do mal?
O simples fato de nos auto-observar e pedir fervorosamente a Ela sua
eliminação, é sinal inequívoco de que estamos compreendendo nossa
própria escuridão.
A compreensão é o elevado nível de conhecimento. "O conhecimento
é da mente, a compreensão é do coração".
O incompreensivo, o superficial, o imaturo, jamais crescerá
espiritualmente.
Para aumentar nossa compreensão do ego, devemos aprender a
meditar, a refletir nele.
A base do autoconhecimento está na compreensão do que atualmente
somos e não do que gostaríamos de ser.
Quanto maior for a auto-observação, maior será a compreensão do
que somos atualmente.
Se, ao pedir a morte em marcha de um defeito, ele não morre e
continua espreitando e apertando nossos corações e mentes com seus
lamentos e pensamentos tormentosos, é porque ainda não o
compreendemos o suficiente.
Após um evento desagradável da vida diária, e depois de ter pedido à
Mãe Divina a desintegração com a morte em marcha dos atores de tão
nefasto drama ou tragédia existencial, podemos continuar nossa
compreensão deste episódio sombrio de nossa vida em nossos lares,
meditando em cada um dos cúmplices psicológicos presentes em nossa luta
interna.
Comodamente sentados, vamos reconstruir a cena, recordando o
evento desagradável e observando, desde fora, os pensamentos,
sentimentos e intenções que nos motivaram ao fracasso.
"É evidente que defeito descoberto deve ser trabalhado conscientemente com
o propósito de separá-lo de nossa psique".

73
Desafortunadamente nem remotamente suspeitamos o que nos sucede e
atuamos como simples marionetes controladas por fios invisíveis.
A compreensão resulta muito elástica, por isso necessitamos aprofundar cada
vez mais profundamente; o que hoje compreendemos de uma forma, amanhã
compreenderemos melhor" (Samael Aun Weor).
Podemos nos ajudar neste processo de busca da luz oculta com as
seguintes reflexões:
➢ Que pensamentos esta entidade psicológica coloca em minha
mente?
➢ Que sentimentos, que intenções ocultas?
➢ Como eu me senti após o ocorrido?
➢ O que o desencadeou?
➢ Isso já aconteceu comigo antes? Quando? Quantas vezes?
➢ Quando foi a primeira vez que se expressou?
➢ Sempre reajo igual?
➢ Este defeito danifica a quem? Beneficia a alguém?
➢ Está envolvido o orgulho? A ira? O medo? Cheira a luxúria?...
➢ Quais são seus detalhes?
➢ Que vazio há em mim que me faz reagir assim?
➢ Este defeito é uma manifestação de amor? E se não é, do que é?
➢ Tem força sobre mim?
➢ É isto que eu quero para minha vida?
➢ O que há de verdade e o que há de mentira neste defeito?
➢ O que ele quer conseguir?

6.5 SACRIFICAR O SOFRIMENTO


É urgente deixar de ser vítima; esta emoção
de se sentir ferido nos afasta da possibilidade de
eliminar o ego.
Refinando o trabalho interno, poderemos
chegar a captar a manifestação do ego em todas
as suas facetas.
O ego "adora sofrer", ele se alimenta com a
sensação de mártir; muitas vezes tendo
manifestações quase masoquistas, já que fica
apegado a determinados sofrimentos.
"Deixar de sofrer é deixar de ser vítima".
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O sofrimento, o pesar, a angústia, devem ser sacrificados.
"As pessoas querem demasiado a seus próprios sofrimentos e se sentem
importantes recordando-os" (Samael Aun Weor).
Se chegássemos a compreender que por trás da maioria de nossos
sofrimentos se escondem emoções inferiores do eu, manifestações ocultas
de certos defeitos autoflagelantes, teríamos a determinação de eliminá-los,
de sacrificá-los.
A etimologia da palavra sacrifício é "Sacro = Sagrado" e "Ofício =
Trabalho", ou seja, Trabalho Sagrado. Sacrificar-se é trabalhar para o
sagrado, portanto, ao sacrificar certas emoções inferiores estamos
permitindo que surjam as verdadeiras emoções superiores da alma.
A verdadeira felicidade está oculta em uma série de emoções negativas
de sofrimento, que devem ser observadas e extirpadas de nossa psique.
"Aproveitando os momentos críticos, as situações mais desagradáveis, os
instantes mais adversos, se estamos alertas, descobriremos nossos defeitos que
sobressaem, os Eus que devemos desintegrar urgentemente" (Samael Aun Weor).
Sacrificar o sofrimento da doença, deixar de "estar doente", sentir-nos
bem, chamar a cura através do sacrifício do mal-estar psicoemocional.
Sacrificar o sofrimento não é uma tarefa fácil; poucos são os que
chegam a esta altura da compreensão. Entretanto, aqueles que o conseguem,
vão descobrindo a armadilha do ego, como as bestas internas se apossam
de nossas emoções e nos fazem jurar que são verdadeiras.
Quando se fala às pessoas sobre tudo isso, a tendência geral é dizer "é
muito difícil eliminar o ego", existe o costume de se autolimitar e se
condicionar no "eu não posso".
Cuidado com o que dizemos, para evitar nos limitar e fechar, com
pequenas sutilezas, a tremenda oportunidade de uma profunda
transformação.
Não permita que o sofrimento te devore, não é uma emoção real, é
parte do truque do ego, colocando-te em um estado de sonho da
consciência, totalmente limitado, cego à verdadeira realidade.
"Se a dor aperfeiçoa, já toda a humanidade seria perfeita" (Samael Aun
Weor).
O ego só pode prejudicar o ego. Se alguém nos diz algo feio, é nosso
próprio ego quem se sente ferido. Se aprendêssemos a receber as palavras
do insultador sem os ouvidos do ego, não haveria sofrimento em nós. A
consciência peca por omissão.
Com coragem e inteligência podemos nos sobrepor a nosso próprio

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sofrimento, observá-lo no mais profundo de nosso coração e eliminá-lo.
Recordemos que este sofrimento vai acompanhado de "razões lógicas",
"justificações da mente", "recordações dolorosas", "orgulho ferido", que
também devem ser observadas e eliminadas para nos assegurar a liberação
total deste venenoso engano.
Levante sua cabeça, olhe por cima de si mesmo, não se identifique com
o que aconteceu (foi uma experiência necessária), dê força à sua consciência,
reflita e se dará conta que tudo é possível, inclusive aquilo que antes não
parecia possível.
Nas sagradas escrituras se fala muito do sacrifício dos animais a Deus,
esses animais são os animais que carregamos dentro (o touro da ira, o cão
da luxúria, o urso da preguiça, a raposa da astúcia, o pavão da vaidade, o
rato da imundície, etc.), que nos fazem sofrer ao colocar-nos em suas covas
de dor, angústia e sofrimento.
Não é necessário alimentar mais o sofrimento; pelo contrário, é
urgente rebelar-se contra ele e extirpá-lo de nosso espaço psicológico.
"Se a pessoa não sacrifica a dor, jamais será feliz".
O estado de sofrimento é um estado de não-plenitude.
O que você semeia hoje como semente de sofrimento, amanhã será
uma grande árvore. São erros pequenos, mas, com o tempo, vão crescendo
na mente.
"Para parar de sofrer, tem que parar de pensar. O sofrimento está na
mente e não na circunstância".
O sofrimento e a dor são próprios do ego, a consciência é Plenitude,
Amor, Bem-aventurança, Alegria. Para eliminar o ego, devemos conhecer
nosso sofrimento. "Nós o criamos e vai nos doer destruí-lo".

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CAPÍTULO 7
SINTETIZANDO O TRABALHO
7.1 O ESSENCIAL DO TRABALHO
Uma vez lido e compreendido
este livro, podemos começar a
trabalhar seriamente sobre nós
mesmos, já que agora temos uma
ferramenta prática que nos permitirá
"Auto-observar" nosso próprio mundo
interior.
Nosso real inimigo não se
encontra fora de nós, mas em nosso
mundo interior. São esses
pensamentos de ódio, rancor, frustração, raiva, desgosto, ciúmes, tristeza,
que, acompanhados do mesmo tipo de sentimentos e ações, nos mantêm
num estado lamentável ou nos fazem obrar de forma errada, vendo tudo
como negativo, nos aprisionando em nossa mente sem poder ver mais luz
do que nossa própria escuridão.
O Bhagavad-Gita, livro sagrado do hinduísmo diz:
Krishna disse: "Yudhishthira, como você pode ser feliz se seu pior
inimigo ainda está vivo?”
Yudhishthira exclamou: "Meu pior inimigo? Quem é ele? Como é que
eu não sei nada sobre ele? Por favor, diga-me onde ele está!”
Krishna disse: "Seu pior inimigo está dentro de você, e em nenhum
outro lugar. Você vem alimentando e nutrindo esse inimigo durante muito,
muito tempo. A menos e até que tenhas conquistado esse inimigo, não
importa o que você alcance, não importa o que você faça por si mesmo e
pela humanidade, você nunca poderá ter felicidade".
É lamentável, mas cada um de nós está "Dormindo com seu próprio
inimigo", pensamos que o inimigo está fora de nós, mas habita em nós
mesmos.
É doloroso como passamos toda nossa vida lutando com o próximo:
com nosso vizinho, com nosso parceiro, com nossos filhos, com nosso
colega de trabalho. Sempre sentindo e vendo os demais como os culpados
da nossa infelicidade.

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Enquanto não nos dermos conta que o inimigo (nosso querido ego)
vive conosco, dorme conosco, que diariamente lhe damos sua comida
(nossa energia vital), dificilmente o eliminaremos.
Chegou a hora de nos fazer conscientes de tudo isso, de compreender
que somos os únicos responsáveis por nossas tragédias, que tudo está dentro
de nós.
Apelando a essa pequena porcentagem de essência (Davi) que ainda
temos dentro, podemos fortalecer a coragem e a inteligência de nossa
consciência e começar a descobrir o "verdadeiro culpado de nossas
desgraças", o ego (Golias) que carregamos dentro, nossa inconsciência, nossa
escuridão interior.
Aprendendo a "não nos identificar" com as dificuldades da vida,
poderemos ir desenvolvendo o sentido da "auto-observação", com o qual
iremos descobrindo "em flagrante" o ego em nossos pensamentos,
sentimentos e ações.
Cai-lhe mal certa pessoa? Auto-observe-se: o que essa pessoa aciona
dentro de você? Que pensamentos? Que sentimentos? Que intenções?
Descoberta a manifestação do ego (vícios, defeitos e erros), estaremos
em condições de eliminá-lo, de desintegrá-lo.
Falar da morte assusta, mas devemos compreender que a morte é
"transformação" e que é muito importante que cada um de nós passe por
essa transformação psicológica.
Para que algo novo nasça em nós, o velho deve morrer. Só com a
morte advém o novo.
"Insensato! O que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer"
(Coríntios 15:36).
O pior de tudo é que estamos presos a nossos hábitos, a nossos
costumes, a nossa forma de ser, à forma como pensamos, sentimos e agimos
(três cérebros por onde se manifesta o ego).
Defeito descoberto em qualquer destes lugares de expressão (mente,
coração e sexo) deve ser eliminado no ato...
Para isso, devemos apelar a uma força interna capaz de desintegrar o
defeito que descobrimos. Essa força existe no interior de cada um de nós: é
nossa MÃE DIVINA, que, armada com uma lança, pode eliminar qualquer
defeito.
Colocar atenção à nossa mente e quando descobrirmos um
pensamento negativo de raiva, mentira, orgulho, ciúme, etc., pedir à Mãe
Divina: "Minha Mãe, tira-me este defeito e desintegra-o com tua lança".

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Ela assim o fará, e iremos liberando nossa consciência (alma) das garras
do ego, porque o ego vive pela consciência que tem presa, ou seja, o ego
tem fracionada a nossa alma.
Por diminuto que seja o detalhe negativo, tem-se que pedir com fervor
à Mãe Divina para que o elimine.
"Através do pequeno se chega ao grande".
Conforme o ego vai morrendo, a consciência vai se emancipando, se
liberando e começa a aumentar, a despertar.
Não tenha medo de pedir constantemente, Ela nos auxilia com Seu
Amor Infinito e só está esperando que a chamemos.
Dirija sua atenção à mente, ao coração e ao sexo.
Os eus mais fortes devem ser estudados e compreendidos com a técnica
da meditação no defeito psicológico, buscando as raízes ocultas e as
associações egoicas que o alimentam e permitem sua manifestação. Cada eu
vai sempre acompanhado por outros que devemos descobrir e
compreender; o ego não ataca sozinho, tem seus "sequazes" que devemos
descobrir e eliminar um a um.
Com este trabalho nos liberamos de nossa própria prisão psicológica
que está fundamentada em nosso "querido ego".
O trabalho com os detalhes ou a morte em marcha com ajuda da Mãe
Divina é a prática mais simples para trabalhar nossa psique e liberar nossa
alma.
Aquele que pensa que irá encontrar outra técnica mais simples, mais
rápida ou mais eficaz para trabalhar seu mundo interior está equivocado.
Esta metodologia de trabalho tem sido entregue pelos Mestres da Loja
Branca, considerando o estado psicológico atual da humanidade.
Com o tempo e após trabalhar arduamente em si mesmo, começam a
se abrir outros caminhos, os olhos vão perdendo o véu e nos é permitido a
entrada no mundo espiritual (Desdobramento Astral). No mundo astral
podemos aprender muito sobre os processos da humanidade, os
acontecimentos futuros, nossas existências anteriores, viajar para outros
planetas e investigar detalhadamente o ego.

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7.2 O DESDOBRAMENTO ASTRAL
Entrar conscientemente no Mundo
Astral por estes tempos torna-se urgente.
Tudo o que está escrito neste livro
pode ser verificado e compreendido no
Mundo Astral.
Lamentavelmente, existe muita
desinformação sobre o Desdobramento
Astral, há muitos "mete-medos", que não
fazem e nem deixam que outros façam.
Existem muitas fórmulas e práticas para alcançar o Desdobramento
Astral, mas todas elas requerem fundamentalmente "concentração, paciência
e tenacidade".
O mundo Astral é um mundo paralelo ao mundo físico, pertence à 5ª
Dimensão e está regido por 24 leis.
Todas as noites, quando dormimos, entramos no mundo astral de
forma adormecida, inconscientemente. A ideia é fazer isso, mas com
consciência dos processos naturais do desdobramento.
O desdobramento astral é uma necessidade fisiológica, é para que o
corpo Vital possa regenerar as energias perdidas do corpo físico, é um
requisito que a psique esteja fora. O mesmo que em uma casa, para fazer a
limpeza em um quarto, é necessário que ele esteja desocupado.
No mundo astral podemos visitar Templos e conversar com grandes
Mestres, guias da Humanidade que desde aquela dimensão trabalham
incansavelmente por todos nós.
Não devemos ter medo, mas desenvolver a coragem de ir ao encontro
do céu; recordemos que o céu é para os valentes.
Como estamos na Era da Síntese, vamos ver a prática mais sintética e
simples do Desdobramento Astral que existe:
"Deitados em decúbito dorsal ou na posição fetal de lado, nos
concentramos em nosso coração, chegamos a sentir as batidas do coração.
Começaremos a sentir como se o corpo perdesse seus limites, um
formigamento, uma corrente elétrica que percorre o corpo. Devemos seguir
nossa concentração no coração. Se vem um pensamento, imaginamos que
é como uma nuvem e o deixamos passar, não vamos com ele,
permanecemos no coração.
Quando sentimos como que o barulho de um motor agudo na nuca,
dizemos mentalmente: ‘Estou saindo, estou saindo, estou saindo’ pronto…

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prum! ‘fora do corpo’, ‘fora do corpo’.
Não fique com medo, surpreso ou muito alegre quando se veja
flutuando em corpo astral: isso o fazem todos os seres humanos e nada lhes
aconteceu. O que acontece é que saem inconscientemente e não fazem as
coisas à vontade" (V.M. Rabolú).
Estando já fora do corpo físico, pedimos a nosso Pai Interior, a nosso
Ser, a nosso Deus que nos dê sabedoria, que nos ensine o que precisamos
aprender para nosso crescimento interior.
"Assim é como vai se adquirindo a verdadeira Sabedoria, que não está
escrita em livros nem a ensinam em universidades nem em qualquer outro
lugar. Quem dera o faça todas as noites" (V.M. Rabolú).
A partir daí começa a experiência esotérica de cada um e devemos
aprender a guardar silêncio daquilo que é somente para nós. Nem tudo
devemos contá-lo, senão aprender a diferenciar o que se pode divulgar e o
que é apenas um mérito de nossa alma e que, portanto, devemos guardar
o Silêncio Esotérico.
"Aqueles que não aprenderam a sair em corpo astral é porque são muito
preguiçosos" (Samael Aun Weor).
Se você quiser ter mais informações sobre as práticas do
Desdobramento Astral, recomendamos ler o livro "Hercólubus ou Planeta
Vermelho" do V.M. Rabolú.

Para entrar em contato com o autor:


libroautoconocimiento@gmail.com

Mais informações:
www.libroautoconocimiento.cl

Destruindo a ignorância e a indiferença.

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Conteúdo
METODOLOGIA DE LEITURA 1
CAPÍTULO 1 3
A SAÚDE DO CORPO E DA ALMA 3
1.1 ANSIEDADE, ANGÚSTIA, CRISES DE PÂNICO 3
1.2 DEPRESSÃO E ESTRESSE 4
1.3 DROGAS E ÁLCOOL 6
1.4 RESSENTIMENTO E PERDÃO 9
CAPÍTULO 2 11
AUTOCONHECIMENTO 11
2.1 VER-NOS TAL QUAL SOMOS 11
2.2 NOSSA MENTE: GUARIDA DO EGO 13
2.3 OS PROBLEMAS SÓ EXISTEM EM NOSSA MENTE 14
2.4 A IMPORTÂNCIA DE APRENDER A RECONHECER NOSSOS
ERROS 16
2.5 ESSÊNCIA, CONSCIÊNCIA E ALMA 17
2.6 AMOR, FELICIDADE E PAZ 19
2.7 A LIBERDADE 21
2.8 CONHECEI A VERDADE 22
2.9 A MENTIRA 24
2.10 ESTRUTURAS MENTAIS 25
2.11 A DUALIDADE 26
2.12 O DISCERNIMENTO 27
2.13 A INTELIGÊNCIA 29
2.14 AMOR OU MEDO 30
2.15 O EGO 33

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CAPÍTULO 3 35
VIVER O AQUI E O AGORA 35
3.1 AQUI E AGORA 35
CAPÍTULO 4 37
TRANSFORMAÇÃO PSICOLÓGICA 37
4.1 A MÃE DIVINA 37
4.2 O GINÁSIO PSICOLÓGICO 39
4.3 O MOTIVO DA VIDA 40
4.4 O VALOR DO MUNDO 42
4.5 LIBERTAR-NOS DA MENTE 43
4.6 O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA 45
4.7 MAIS QUE O MERECIDO 47
4.8 DESAPRENDER 48
4.9 AS CRENÇAS 49
4.10 CORAGEM E DECISÃO 50
4.11 A INTUIÇÃO 51
4.12 O MUNDO VIRTUAL 53
CAPÍTULO 5 54
FORJANDO-SE A SI MESMO 54
5.1 RESPONSABILIZAR-SE POR SI MESMO 54
5.2 O CAMINHO AO SER 56
5.3 AUTO-OBSERVAÇÃO PSICOLÓGICA 57
5.4 PENSAMENTOS NEGATIVOS 59
5.5 TRANSFORMAÇÃO DAS IMPRESSÕES 60
5.6 CULPADO 61
5.7 ACEITAR, RECHAÇAR, COMPREENDER 63

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5.8 A FALTA DE LIMITES 64
5.9 A ILUMINAÇÃO 65
CAPÍTULO 6 67
A ELIMINAÇÃO DO EGO 67
6.1 A MORTE DO EGO 67
6.2 OS DETALHES E A MORTE EM MARCHA 70
6.3 O ARREPENDIMENTO 72
6.4 COMPREENDENDO O EGO 73
6.5 SACRIFICAR O SOFRIMENTO 74
CAPÍTULO 7 77
SINTETIZANDO O TRABALHO 77
7.1 O ESSENCIAL DO TRABALHO 77
7.2 O DESDOBRAMENTO ASTRAL 80
Conteúdo 83

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