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PONTÍFICA UNIVERSADE CATÓLICA DE CAMPINAS

CENTRO DE CIÊNCIAS DA VIDA


FACULDADE DE PSICOLOGIA
TEOLOGIA E FENÔMENO HUMANO

JULIANA SALZANO DI BACCO

RESENHA DO LIVRO “10 PALAVRAS-CHAVE SOBRE OS MEDOS DO


HOMEM MODERNO” DE VICENTE MADOZ
Vicente Madoz, médico psiquiatra, fundador do Fundo Navarro para o
Desenvolvimento da Saúde Mental, dedicou-se aos estudos, ao longo de sua
jornada como professor desenvolveu cursos monográficos, escreveu artigos e
contribuições. Realizou pesquisas em assuntos como relações de casal e
processos de luto.

Principais obras como “Viver a morte” e “As relações de amor”, estão


conjugadas pelas intenções de compreender ou melhor dizer, consolar o ser
humano em seu âmago, através de seu entendimento aperfeiçoado, e mesmo
sabendo que cada pessoa reage de formas diversas aos acontecimentos
cotidianos. Ainda assim, aparentemente desejou nos dar caminhos, através de
sua narrativa, para termos algum brilho ao ler suas obras.

O autor descreve sobre dez medos do homem contemporâneo: Irracionalidade,


loucura, doença, sofrimento, velhice, morte, fracasso, desamor, solidão e
silêncio.

Como ponto de partida, podemos relacionar o medo, com o desconhecido e


habitualmente ignora-se os assuntos que causam desconforto. O homem
ocupa-se de forma prolongada, e deixa de fazer o óbvio que está dentro de si,
silenciar, respirar e pensar em sua existência com alma. Descobrindo a
angústia em si, cai em desespero ou o faz crescer encontrando equilíbrio em
suas emoções. Há o medo de perder-se, perder toda a formalidade e educação
adquirida, de repente, o terno vira uma camisa de força, a loucura tem algumas
maneiras de apresentar-se e vestir-se. A doença, essa nunca falha, atende
diversos requisitos dos medos, de deixar de existir, depender de outras
pessoas, falhar em seus processos de cura, sentir-se miserável aos olhares de
compaixão. A saber, posteriormente, a morte. Assim como o tolo, o único que
sabe que vive ou morre é o espectador. Intrigante, todas as conexões que se
fazem, o homem sofre antes de morrer, e alguém sofre por ele, sofre ao tirar a
faca de sua ferida, e não decidir limpá-la, sempre lembrar, de como foi ou como
será. Sendo que o que necessita é olhar para a ferida e cuidar para que
cicatrize. A velhice, quando vos chega, algumas pessoas sentem um ceifador
ao seu lado, tomando seu chá da tarde, esperando. Outras simplesmente,
trazem um enredo de conhecimento e fazem valer toda a gravidade que os
afeta com o tempo.
O fracasso, é a maior das ilusões. O participante que se condena fracassado, é
um estado mental. A cada vez que não é possível atingir o pódio, atingiu-se o
estado da arte, do realizar, “paguei a passagem quero ver a viagem” a chegada
é o ópio assim como relaxa, também saboreia amargo, de qual será a próxima
conquista. O fracasso é a vergonha, que talvez os outros sintam por quem o
passa.

A complexidade e a leveza do amor, é sentir-se seguro, quase uma áurea.


Estará afundado em um poço sem eco quando são desencontrados os olhares,
e são tantos, que o aprendizado tornam verdadeiros mestres ou meretrizes,
alguns sem esperança, outros resilientes e encontram seu período de solidão.
A natureza que somos, ao olhar o espelho e encarar todo o caos que é criado,
mentalmente, apoderando-se da obra física.

Episódios de atmosfera caótica paralisam, talvez para respirar, olhar dentro de


si e sentir todo o processo das emoções, abraçá-las e refletir que as questões
colocadas, estão com as respostas prontas. Era uma necessidade de
vulcanizar a realidade para entendê-la.

Como declarar algo com alguma certeza, se ainda existem muitos caminhos
para saborear, e ao rever a própria autoridade sobre vossas emoções, é
descobre-se que é preciso estar em equilíbrio para continuar. Relataria a
experiência vivida, a doença, mas seria algo muito pequeno diante da
imensidão descoberta do futuro-mais-que-perfeito. Sim, é o silêncio que torna
grande criações e pequenos egos. Sinto que cada palavra-chave mencionada é
desconsoladora e que não é agradável e comum despertar seus temas em
meios sociais e familiares para serem esclarecidos.

Entendo que todos nós temos capacidade para lidar, apesar da resiliência não
ser uma força padronizada e nem sempre ensinada ou que possa ser colocada
em prática. Noto que quando alguém passa por um momento que se agrava, é
como se fossemos convencidos, quase como se entregar a lábia de um
corretor, para comprar uma casa que você não tem forças para pagar, mas se
perdeu naquele labirinto. Como forças, mentais, e provavelmente físicas quem
sabe é possível encontrar-se novamente, se é que algum dia já nos
confrontamos realmente.

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