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Arte e Oráculo
Arte Africana e Rituais de Adivinhação

O MUSEU METR0POLITAN 0F ARTE

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Arte e Oráculo
Arte Africana e Rituais de Adivinhação
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Arte e Oráculo
Arte Africana e Rituais de Adivinhação

Alisa LaGamma
com um ensaio de John Pemberton III

MUSEU METROPOLITANO DE ARTE, NOVA IORQUE

Distribuído por Harry N. Abrams, Inc., Nova York
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Esta publicação é lançada em conjunto com a exposição “Arte e Oráculo:
Vozes Espirituais da África;' realizado no Metropolitan Museum of Art, Nova York,
de 25 de abril a 30 de julho de 2000.
A exposição é possível em parte pela
Fundação William Randolph Hearst.
O site e o catálogo da exposição são viabilizados por
A Fundação Ford.
A exposição foi organizada em colaboração com o Museu Rietberg, Zurique.
Publicado pelo Metropolitan Museum of Art, Nova York
Copyright © 2000 do Metropolitan Museum of Art
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou transmitida
por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou
sistema de recuperação de informações, sem permissão por escrito do editor.
John P. O'Neill, editor-chefe
Stephen Robert Frankel, editor
Robert Weisberg, Design e composição tipográfica
Peter Antony e Elisa Frohlich, Produção
Impresso por CS Graphics, Singapura
Separações de cores da Professional Graphics Inc., Rockford, Ili.
Agradecimentos
Esta publicação baseia-se nos insights, na sabedoria, na experiência, no
esforço e no apoio de muitas pessoas, cujas contribuições gostaria de
agradecer. John Pemberton, um distinto estudioso das religiões africanas,
desempenhou um papel de liderança ao despertar o interesse neste tópico e
ao promover a sua compreensão ao iniciar um extraordinário diálogo
interdisciplinar. Sem a orientação e o apoio constantes e estimulantes de
Julie Jorres, Curadora Responsável pelo Departamento de Artes da África,
Oceania e das Américas do Metropolitan Museum, este projeto não poderia
ter sido realizado. Estou também muito grato a Lorenz Homberger, Vice-
Diretor e Curador de Arte Africana do Museu Rietberg, Zurique, pelo seu
grande espírito de cooperação colegial ao longo do planeamento da exposição,
pelo seu papel crucial na coordenação dos empréstimos europeus ao
Metropolitan, e pelos inúmeros outras maneiras pelas quais ele prestou ajuda
essencial.
A Fundação William Randolph Hearst contribuiu com apoio
para a exposição aqui no Metropolitan. A Fundação Ford apoiou esta iniciativa
através de uma subvenção para este catálogo na sua versão impressa e
também numa versão electrónica que irá estimular uma colaboração
significativa com colegas em África.
Muitos estudiosos foram conselheiros excepcionalmente generosos
durante todo o planejamento, pesquisa e redação deste catálogo. Sou
especialmente grato a Christa Clarke, que contribuiu grande parte de seu
tempo como bolsista do Metropolitan Museum na pesquisa de muitas das
obras discutidas neste texto. Outros que ofereceram conselhos e informações valiosasSolow, Erich Storrer,
incluem Roland Abiodun, Liz Bigham, Skip Cole, Monique Fowler-Paul,
Frederick Lamp, Phil Peek, Constantine Petridis, Mary Nooter Roberts, Enid
Schildkrout, Zoe Strother e Jerry Vogel.
Gostaria de agradecer aos seguintes diretores de museus e colegas de
instituições culturais dos Estados Unidos e da Europa, que facilitaram
empréstimos muito apreciados para a exposição: Luc Tack e Anne-Marie
Bouttiaux (Museu de África, Tervuren); Kathleen Bickford-Berzock (Instituto de
Arte de Chicago); William Siegmann (Museu de Arte do Brooklyn); Barbara K.
Gibbs (Museu de Arte de Cincinnati); Jarrice B. Klein (Museu Field, Chicago);
Ernst Beyeler
Capa: Figura Oraele (Kafigeledjo).Senufo, Costa do Marfim. O Metropolitano
Museu de Arte. Gato. não. 4.
Contracapa: Bolsa do Adivinho (Apo Ifa). Yoruba, Nigéria. O Museu Metropolitano
de arte. Gato. não. 29.
Novas fotografias coloridas para capa, contracapa e gato. não. 1, 2, 4, 10, 19,
22, 25, 29, 31, 35-38 e 41 desta publicação foram feitas por Paul Lachenauer,
do Estúdio de Fotografia do Metropolitan Museum of Art.
Mapa na pág. 8 por Bruce Daniel, American Custom Maps, Jemez Springs, NM
Dados de catalogação na publicação da Biblioteca do Congresso
LaGamma, Alisa.
Arte e oráculo: arte africana e rituais de adivinhação / Alisa LaGamma com
um ensaio de John Pemberton.
pág. cm.
Catálogo de uma exposição realizada no Metropolitan Museum of Art, Nova York,
Nova York, abr. 25 a 30 de julho de 2000.
Inclui referências bibliográficas e índice.
ISBN 0-87099-933-8 (pbk.) - ISBN 0-8109-6545-3 (Abrams)
1.Arte, África Negra, Exposições Subsaarianas. 2. Objetos cerimoniais África, Exposições
Subsaarianas. 3. Adivinhação-África, Exposições Subsaarianas . I. Pemberton, John, 1928-
II. Museu Metropolitano de Arte
(Nova York, NY) IIl. Título.
N7391.65.L35 2000
704,9'489964-dc 21
99-086494
e Markus Bruderlin (Fondation Beyeler, Riehen, Base!); Christiane Falgyrettes
Leveau (Fondation Dapper, Paris); Timothy Potts (Museu de Arte Kimbell,
Forth Worth, Texas); Jill Meredith (Museu de Arte Mead, Amherst); Roland
Kaehr (Musée d'Ethnographie, Neuchâtel); Serge Tornay e Manuel Valentin
(Musée de l'Homme, Paris); Bernhard Gardi (Base do Museu de Culturas!);
Klaus Helfrich e Hans-Joachim Koloss (Museu de Etnologia de Berlim);
Annegret Nippa e Sílvia Dolz (Museu de Etnologia de Dresden); Lothar Stein
e Peter Goebel (Museu de Etnologia de Leipzig); Walter Raunig e Maria
Keckesi (Museu de Etnologia de Munique);John Mack (Museu da Humanidade,
Museu Britânico, Londres); Lucinda Gedeon e Christa Clarke (Neuberger
Museum of Art, Purchase, Nova York); Brigitte Reinhardt e Michael Roth
(Museu Ulmer, Ulm); Victoria Ravine (Museu de Arte da Universidade de
Iowa, Iowa City); e Jeremy Sabloff e Dwane Latimer (Museu da Universidade
da Pensilvânia, Filadélfia).
Colecionadores na área de Nova York e no exterior têm sido
excepcionalmente generosos no empréstimo de obras para “Art and Oracle”.
Expresso meus sinceros agradecimentos aos seguintes: Ernst Anspach,
Charles Benenson, Sidney e Bernice Clyman, Joel Cooner, Pierre Dartevelle,
Noble Endicott, Burkhard Gottschalk, Gil e Roda Graham, Bernard de
Grunne, Udo Horstmann, Jo e Sol Levitt, Brian e Diane Leyden, Marian e
Daniel Malcolm, Rolf Miehler, Robert Mnuchin, Michael e Claire Oliver,
Marceau Riviere, James Ross, Robert Rubin, Peter e Veena Schnell, Sheldon
Arnold Syrop, Thomas Wheelock e Sr. e Sra.William Ziff.
Muitas das obras foram habilmente fotografadas no Metropolitan por Paul
Lachenauer, com a ajuda inestimável de Sandy Wolcott e Nancy Reynolds.
Este texto beneficiou-se imensamente do talento e da dedicação de
Stephen Robert Frankel, e agradeço-lhe pela sua edição perspicaz e pela sua
contribuição criativa na metamorfose desta publicação. Peter Antony e Elisa
Frohlich supervisionaram sua produção, e Robert Weisberg criou o design e
o adaptou de maneira ideal para atender às nossas mais altas expectativas.
4
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Conteúdo

Agradecimentos 4

Prefácio do Diretor 6

Filipe de Montebello
Introdução 7
Alisa LaGamma

Mapa da África Subsaariana 8

Adivinhação na África Subsaariana 1O

João Pemberton III

Catálogo

Escultura Oracular: Instrumentos Figurativos de Adivinhação 23

Metáforas Visuais: Instrumentos de Adivinhação Ifa 36

Dispositivos Dinâmicos: Oráculos Cinéticos 40

Comentários Visuais: Conjuntos de Sinais de Adivinhação 46

Invocando os Espíritos: Dispositivos Musicais 50

Emblemas de Iluminação e Poder: Insígnias dos Adivinhos 53

Capacitando o Indivíduo: Prescrições dos Adivinhos 60

A Iconografia da Adivinhação: Monumentos da Visão Divina 68

Checklist da Exposição 76

Bibliografia 79

Créditos da fotografia 80
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Prefácio do Diretor
Estamos na viragem de um novo século e, mais importante, de um novo
milénio – acontecimentos que tradicionalmente inspiram a revisão do
passado e a contemplação do futuro. É portanto apropriado que este
museu enciclopédico considere a relação da arte com as buscas humanas
por respostas a dilemas universais.
A exposição “Arte e Oráculo” ilustra como as artes visuais estão enraizadas
nos nossos impulsos e aspirações humanos mais básicos.
Fá-lo examinando como a arte de diversos povos de África se relaciona com
as suas tentativas de compreender as suas circunstâncias pessoais e
melhorar as suas vidas. A palavra "oráculo" evoca uma tradição que vai
além do oráculo de Apolo em Delfos. Desde os tempos antigos, os oráculos
combinaram sabedoria com observação cuidadosa do mundo, bem como
tradições culturais transmitidas ao longo de gerações. "Arte e Oráculo"
explora a forma como as sensibilidades estéticas têm se empenhado na
promoção da compreensão das forças que influenciam a condição humana.
Os trabalhos apresentados nesta exposição foram concebidos para ligar as
pessoas de toda a África Subsariana aos mundos dos seus deuses,
antepassados e espíritos, como expressões concretas dos seus sistemas
de crenças fundamentais. Ao examiná-los, “Art and Oracle” lança luz sobre
a diversidade estimulante de diferentes soluções criativas em diversas
culturas.
As ideias que informam e inspiram as obras de arte africanas
consideradas nesta exposição partilham uma afinidade com práticas em
mundos aparentemente tão díspares como os da antiga Grécia, Etrúria,
China, Tibete e Índia. Nestas culturas, a adivinhação e outros sistemas
concebidos para ajudar a compreender e controlar o próprio destino
inspiraram indivíduos e sociedades inteiras e, por vezes, até mudaram a
história. Ao longo dos séculos, a previsão de eventos importantes e os
sistemas de pensamento e crenças utilizados pelos visionários de uma
sociedade forneceram aos artistas criativos temas importantes.
Muitas vezes, os seus esforços resultaram em imagens visualmente
cativantes que transcendem a sua própria experiência mundana. As obras
incluídas na exposição aliam a arte do adivinho à habilidade do escultor para
resolver muitos problemas. Entre eles está o desejo de olhar para o futuro a
fim de antecipar a evolução , de fornecer conselhos e orientação, de
identificar os perpetradores do mal, de curar e de proteger. Estas diversas
funções são expressas e incorporadas em criações que são frequentemente
compostas de matéria elementar investida de propriedades especiais
capazes de invocar a onisciência de seres de outro mundo. Estes
apresentam um contraste distinto com uma tradição ocidental que
historicamente se esforçou para projetar um mundo de vivos idealizado e
ilusionista para invocar o divino. Esta categoria de arte amplia nossas
próprias expectativas
6
do que a arte pode ser e do papel que ela pode desempenhar na melhoria
da experiência humana.
As obras apresentadas abrangem o desenvolvimento do Metropolitano
A coleção africana do museu, do legado de Nelson A.
Rockefeller ao de Klaus G. Perls e outros presentes para a coleção. A
exposição também beneficia da generosidade de empréstimos de importantes
colecções de arte africana na cidade de Nova Iorque e áreas próximas e é
a primeira exposição especial de arte africana no Metropolitan que recorre
a uma série de credores europeus, tanto institucionais como privados.
Nesta publicação, Alisa LaGamma, Curadora Assistente do Departamento
Metropolitano de Artes da África, Oceania e Américas, oferece uma visão
geral das correntes criativas que reúnem estética e tradições locais em
formas tão diversas quanto uma formidável figura de nkisi nkondi . rasgado
com pregos, da República Democrática do Congo, e um par sereno e
elegante de figuras masculinas e femininas encomendadas por um adivinho
Baule. John Pemberton III, professor emérito do Amherst College e
estudioso das religiões africanas, contribuiu com um ensaio que fornece
uma base essencial para a compreensão dos ideais espirituais e religiosos
que informam estas obras de grande poder estético. No corpo principal
deste catálogo, o Dr. LaGamma considera cinquenta das obras mais
representativas e situa ambas dentro de suas características distintivas.
visões de mundo e como ponto de comparação intercultural.
O Museu estende os seus sinceros agradecimentos à Fundação William
Randolph Hearst pelo apoio à exposição.
Estamos também extremamente gratos à Fundação Ford pela sua generosa
assistência na realização do website da exposição e deste catálogo.
Um espírito de colaboração colegial entre instituições reuniu os esforços
e talentos das equipes do Museu Metropolitano e do Museu Rietberg em
Zurique. Gostaria de expressar o meu apreço a todos aqueles que, no
Rietberg, estiveram envolvidos no planeamento deste esforço e na facilitação
dos empréstimos europeus para a exposição. Embora “Art and Oracle” difira
significativamente na sua apresentação aqui em Nova Iorque, beneficiou da
investigação e das ideias que se desenvolveram através de um diálogo
sustentado entre curadores de ambas as instituições. E à organizadora e
autora do catálogo, Alisa LaGamma , estendo o apreço particular do
Metropolita neste esforço para criar uma ponte entre os diversos públicos
do Metropolita e a arte africana.
Filipe de Montebello
Diretor e CEO
O Museu Metropolitano de Arte
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Introdução
Alisa LaGamma
Ao longo da história, os povos de todo o mundo procuraram a
intervenção de poderes divinos para compreender o seu destino. A
exposição “Arte e Oráculo” apresenta artefatos africanos criados para
se comunicar com ancestrais, espíritos e deuses, a fim de obter
informações sobre os dilemas humanos. O termo “adivinhação”
descreve esforços para prever eventos futuros ou para descobrir
conhecimento por meios sobrenaturais. Em África, o legado de tais
esforços é evidente em obras que apresentam uma gama
especialmente diversificada de expressões artísticas. Esta exposição
reúne uma seleção de cerca de cinquenta culturas africanas diferentes.
Seu design geralmente reflete um esforço colaborativo, unindo a
habilidade e o talento criativo dos artistas com a experiência de
especialistas em rituais. Em alguns casos, os seus esforços
combinados deram forma a instrumentos de adivinhação usados para
explorar conhecimentos que de outra forma seriam inacessíveis; em
outros, levaram à criação de obras prescritas para beneficiar os
clientes do adivinho e melhorar sua qualidade de vida. Os resultados
vão desde implementos utilitários até as obras-primas aqui
apresentadas, artefatos que refletem o mais alto nível de execução e
engenhosidade. "Arte e Oráculo" concentra-se em algumas das obras
mais imaginativas da arte africana, inspiradas na busca humana de ir
além das limitações da experiência comum.
As qualidades estéticas das obras desta exposição representam
uma dimensão essencial do seu papel original como instrumentos
destinados a promover buscas divinatórias. Na maioria das vezes,
eles agiam como pontes entre os vivos e um reino espiritual
ancestral. A sua eficácia na consecução deste objectivo era
invariavelmente reforçada pelo seu atraente apelo visual, pois os
méritos estéticos de um artefacto eram vistos como uma medida da
sua potência e da posição profissional do adivinho. Tais qualidades
também inspiraram a confiança dos clientes. Assim, um adivinho
muitas vezes encomendava obras de beleza incomparável para
transmitir seu grande status, poder e competência. Da mesma forma,
a beleza das obras encomendadas por indivíduos a conselho de
adivinhos, que vão desde amuletos pessoais até esculturas colocadas
em altares, parece ter sido um factor da sua eficácia. Freqüentemente,
um adivinho ou suplicante procurava recorrer a entidades espirituais
através de sonhos ou ritos de adivinhação para comunicar ao
artista os elementos de design mais apropriados. Os adivinhos ou
suplicantes que obtivessem os serviços dos artistas mais talentosos
disponíveis adquiririam um bem inestimável: uma obra que incorporasse
eloquentemente critérios que a tornassem um veículo especialmente eficaz.
"Arte e Oráculo" considera o complexo mais amplo de ideias,
crenças religiosas e práticas rituais que afetam a criação de
instrumentos de adivinhação e as preocupações imediatas que
abordam. No ensaio que se segue, o Professor John Pemberton
III, estudioso das religiões africanas, explora cinco tradições regionais
e as suas práticas de adivinhação. Ele selecionou os modelos
Azande, Luba e Songye, Yaka, Yoruba e Malgaxe
7
da adivinhação como representando algumas das formas mais
difundidas ou distintas de adivinhação nas culturas africanas e como
pontos de partida para examinar as estruturas religiosas e sociais
comparativas a que se referem. Ele considera a natureza das
preocupações e problemas que são analisados através da adivinhação,
desde doenças crônicas até a infidelidade conjugal, e as técnicas
específicas de adivinhação que foram desenvolvidas para fornecer às
pessoas uma visão sobre seus dilemas atuais e orientá-las para ações
futuras.
Este catálogo apresenta cinquenta das obras mais representativas
de vinte e oito culturas africanas – incluindo aquelas discutidas no
ensaio de Pemberton – como ilustrativas de vários sistemas de
adivinhação. Em extensos comentários, cada um deles é examinado
a partir de sua perspectiva cultural distinta. Como uma série, eles
fornecem informações sobre os pontos em comum e os contrastes
entre os diferentes métodos de adivinhação e as culturas em que se
desenvolveram. Qualquer que seja a sua relação com o processo de
adivinhação, todos eles parecem ter sido concebidos para despertar
os sentidos e estimular a percepção.
As obras apresentadas nas onze primeiras entradas do catálogo
são esculturas figurativas que serviram como meios através dos quais
um mundo espiritual pode ser abordado e a onisciência de uma
divindade pode ser transmitida. Entre estes podem ser encontrados a
sublime delicadeza, elegância e cultivo civilizado expressos através
das figuras masculinas e femininas pertencentes a um adivinho Baule;
a presença física poderosamente intimidante e a autoridade moral de
uma figura imponente de Yombe nkisi nkondi ; e a silhueta humana
indeterminada de uma figura kafigeledjo envolta em uma mortalha ,
usada antigamente em investigações dos anciãos de Senufo.
Independentemente da sua cultura de origem, estas criações
incorporam forças espirituais abstractas através de representações
que serviram como locais transitórios para estas entidades efémeras
comunicarem percepções sobrenaturais aos vivos. Esta é a principal
motivação subjacente ao patrocínio dos adivinhos do transe Baule e
dos adivinhos Senufo Sando hoje, que contratam artistas para criar
imagens esteticamente atraentes que embelezam e atraem o mundo
espiritual. Muitos deles inspiram-se e idealizam a forma humana, o
que sugere que nestas culturas a humanidade é a medida máxima da
beleza e está no centro de visões de mundo tão diferentes como as
dos Sherbro da Serra Leoa ou dos povos do Kongo da a República
Democrática do Congo.
Números de catálogo 12 a 16 - todos instrumentos usados no
sistema de adivinhação iorubá, conhecidos como adivinhos
habilitados para Ifá, para invocar a divindade iorubá da sabedoria,
Orunmila, e transcrever seus insights, ao mesmo tempo em que
lhe fornecem oferendas de grande beleza. Nestas obras, através
de uma rica linguagem de metáforas visuais, os artistas iorubás
transmitiram o seu conceito do cosmos e das forças que o
animam. Eles incluem uma cabaça comum com a inscrição de um diagrama do
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NA PERNA
Trabalho Eu vou<,
Eu, o 1
Slitrbro
.,hora
1 em
Mapa da África Subsaariana, mostrando a localização de muitas das principais culturas
dois hemisférios de existência iorubá, e um caro vaso de marfim
sustentado por uma graciosa cariátide feminina , projetado para conter
as dezesseis palmeiras sagradas lançadas pelos adivinhos de Ifá
durante as consultas. Os ritos de Ifa fornecem uma via de comunicação
entre o mundo espiritual e o dos vivos , iniciada quando o adivinho
bate um seringueiro (iroke Ifa) na superfície plana de madeira de
uma bandeja de adivinhação (opon Ifa). Esta bandeja, adornada com
imagens esculpidas e polvilhada com pó, serve como modelo no qual
os sinais sagrados (odu) relacionados às preocupações pessoais do
cliente de um adivinho são traçados como ponto de partida para a
análise. Em contraste com esses sinais transitórios, o pano de fundo
mais permanente dos motivos esculpidos no seringueiro e na bandeja
constitui uma exegese artística das forças que moldam a experiência
humana e as necessidades universais satisfeitas por tais buscas pela iluminação.
Os números de catálogo 17 a 21 são dispositivos cinéticos
projetados para fornecer revelações através de várias formas de
manipulação física . Um mecanismo dentro da câmara dupla do
oráculo Baule , conhecido como gbekre , registra os movimentos dos
ratos, que são posteriormente interpretados como pistas sobre a
situação do cliente . Entre os instrumentos de adivinhação
desenvolvidos pelos adivinhos e escultores Pende no início deste
século, njinda, uma aparição selvagem e perturbadora de outro
mundo, respondia às perguntas inclinando-se de um lado para o
outro, enquanto a forma flexível do galukoji , semelhante a um
acordeão , saltava para cima em reação ao pronunciamento . do nome do culpado. Do de
você/ olgbo
Ha,,yt1ng
J>okoAumdt
UGANDA
REPÚBLICA DA
Curto Rw, oA
K11ba
Desembucha
Slwm,
malgaxe
BOTSWANA
Na África, as respostas às questões colocadas pelos adivinhos são
indicadas através dos movimentos de levices portáteis conhecidos como
oráculos de fricção . Os escultores esculpem estes instrumentos sob a
forma de uma variedade de representações figurativas ou zoomórficas
que aludem a seres dotados de poderes sensoriais especialmente agudos .
A natureza dinâmica do processo de adivinhação é ainda ilustrada
através das obras apresentadas nos números de catálogo 22 a 24.
Cada uma delas consiste em uma coleção de sinais elementares
compilados por um adivinho para criar um microcosmo do universo .
A extensa gama de substâncias contidas em tais instrumentos de
adivinhação pertencentes aos adivinhos Songye e Chokwe inclui
pedaços de matéria mineral, vegetal e animal, bem como elementos
figurativos em miniatura esculpidos por escultores numa série de
motivos padronizados , contidos numa cabaça ou cesto. Um sistema
Shona comparável usa dados de marfim ou madeira (hakata)
inscritos com uma série de quatro sinais padronizados que ressoam
com os preceitos sociais e espirituais mais amplos daquela cultura .
Quando agitados ou lançados, os componentes dessas adivinhações
se configuram em configurações que são consideradas como um
comentário visual organizado por forças espirituais e são interpretadas
pelo adivinho em termos de sua relevância para as preocupações
de um indivíduo . Os mesmos ingredientes demen tai cujo significado
é decifrado pelos adivinhos Songye também podem ser integrados
na forma escultural de uma figura de poder (nkishi), o esforço
conjunto outro
umlado do centro
adivinho e de um escultor, que funciona como objeto de interação si
8
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o adivinho e o reino ancestral (ver cat. nos. 10, 43).
O mesmo acontece com os artistas e adivinhos Shona, que estão
totalmente ligados pelo poder pela sua busca comum de inspiração no
mundo espiritual.
O importante papel da música como meio de comunicação e
expressão artística em contextos de adivinhação é reconhecido nos
números de catálogo 25 a 28. Os sons produzidos por estes
instrumentos musicais servem como catalisadores essenciais no
processo de adivinhação. Como parte de um espetáculo teatral
público, um adivinho Baule bate um martelo de madeira finamente
esculpido contra um gongo de ferro durante uma sessão de adivinhação
e entra em estado de transe e possessão, permitindo que os espíritos
da natureza contribuam com seus insights. Da mesma forma, os
adivinhos Senufo invocam entidades espirituais através da exibição
combinada de artefatos atraentes e aberturas musicais. Na sociedade
Yaka, a forma figurativa oca de um tambor fendido (n-kookwa
Ngoombu) serve como porta-voz para o mundo espiritual quando é
tocado, produzindo um som que é considerado um pronunciamento oracular. espectadores contemporâneos as aspirações pessoais dos seus patronos
As obras apresentadas nos números de catálogo 29 a 35-
carregado, empunhado ou usado por adivinhos - fornece pontos focais
para explorar a identidade complexa do adivinho e seu status exaltado
e importante papel social. A bolsa de contas na qual os adivinhos iorubás
carregam seus instrumentos de adivinhação é um acessório emblemático,
mas altamente personalizado, estampado com designs gráficos dinâmicos.
Assim como o marfim usado para fazer seringueiros e vasos de
adivinhação, as contas eram um material caro, restrito a uma elite
privilegiada da sociedade iorubá; aqui, eles são usados para comentar
sobre o papel do adivinho como mediador sagrado.
O poder e a influência exercidos por indivíduos que ocupam esta posição
na sociedade Yombe são sugeridos pela representação idealizada de
uma máscara de adivinho, cujo realismo elevado e expressão meditativa
inspiraram confiança nos poderes de percepção do usuário. Um cocar
Komo incorpora o grande poder espiritual de um adivinho Bamana e o
domínio do conhecimento esotérico através de um design composto por
um conjunto diversificado de matéria orgânica, evocando a ferocidade e
o poder de uma fera selvagem.
O baile de máscaras de Basinjom, realizado ao longo da fronteira entre
Camarões e Nigéria, emprega um amálgama antiestético de matéria
natural cuidadosamente selecionada que intimida os espectadores,
confere onisciência ao usuário e evoca dramaticamente o arsenal de
poderes sob seu comando. Esta ênfase no aproveitamento dos
elementos do mundo natural e no domínio e conhecimento das
propriedades da sua vida animal e vegetal também se reflete na beleza
abstrata e no design harmonioso de um colar que já foi usado por um
adivinho Barambo.
Uma ampla gama de obras escultóricas prescritas para indivíduos
clientes como resultado de consultas com adivinhos, em forma concreta
e duradoura, são apresentados nos números de catálogo 36 a 43. Esses
trabalhos são geralmente altamente personalizados, criados em resposta
às necessidades específicas dos indivíduos à medida que surgem. Os
adivinhos Guro e Lobi aconselhavam frequentemente os seus clientes a
encomendar figuras masculinas e femininas a artistas e a colocá-las em
santuários, muitas vezes como resultado de directivas específicas de
entidades espirituais. Da mesma forma, as figuras de maternidade Luluwa
e Igbo foram concebidas para ajudar mulheres que sofriam de infertilidade
e foram colocadas em santuários como celebrações do desejado estado
de maternidade. Os pingentes protetores em miniatura usados por
9
Os indivíduos Bobo, Lobi, Nunuma, Senufo e Tusya são itens de adorno
pessoal prescritos por um adivinho para protegê-los de danos; a iconografia
dessas imagens é customizada para que se relacione diretamente com a
identidade do patrono. Embora poucos detalhes idiossincráticos sejam
discerníveis no design altamente redutor e abstrato das figuras do
santuário Moba, eles também estão intimamente ligados ao bem-estar de
uma família específica.
A influência generalizada da adivinhação em muitas culturas africanas
é sugerida na iconografia das obras apresentadas nas entradas finais do
catálogo, números 44 a 50. Embora não sejam instrumentos de adivinhação,
evocam o tema da adivinhação. Embora muitas das obras incluídas nesta
exposição tenham sobrevivido como impressionantes documentos visuais
da busca de conhecimento por parte de indivíduos há muito esquecidos,
vários foram monumentos encomendados por líderes africanos antes do
colonialismo, criados em resposta a augúrios relativos aos seus destinos
particulares.
Inigualáveis no seu poder expressivo, transmitem eloquentemente aos
reais. O brilhante retrato de adivinhação em liga de cobre do Rei Glele (r.
1858-89), disfarçado do deus da guerra armada, Gu, projeta uma sensação
de invulnerabilidade e força marcial no auge do poder do Daomé. Seu filho
Gbehanzin (r. 1889-94), entretanto, herdou o Daomé às vésperas de sua
derrota para o imperialismo francês. Sua preocupação constante em
manter a força inimiga sob controle se reflete em uma representação em
tamanho real de uma criatura surrealista que funde características humanas
e de tubarão, encomendada antes de seu exílio na Martinica. Outra obra,
uma porta de madeira esculpida em iorubá, de um dos artistas africanos
mais célebres do século passado, Olowe de Ise, evoca diretamente a
adivinhação na sua representação de uma bandeja de adivinhação de Ifá
cercada por bandos de pássaros. Sua composição magistral e imagens
acessíveis expressam o papel central da adivinhação como o caminho
definitivo para a iluminação na sociedade iorubá. Olowe baseia-se em um
vocabulário visual estabelecido para combinar referências à principal
ferramenta investigativa do adivinho - uma bandeja de adivinhação e
conceitos metafísicos de força vital e destino pessoal aludidos através
das imagens dos pássaros. Uma peça de prestígio dispendiosa acessível
apenas a um rei iorubá, esta escultura africana reflete o papel essencial
do artista na elucidação e articulação visual da fé que forma o núcleo da
visão de mundo de um povo (comparável ao afresco de um pintor
renascentista que ilustra os conceitos cristãos de transubstanciação ou
ressurreição).
As obras apresentadas em ''Arte e Oráculo" foram pensadas para
captar a atenção do mundo espiritual, seja através do esforço de artistas
altamente talentosos em esculturas que evocam ou celebram forças
espirituais, seja através da aplicação de matéria-prima que representa a
destilação de o conhecimento de um adivinho.
Foram criados para ligar preocupações pessoais às de poderes superiores
e, assim, beneficiar de conhecimentos que vão além do âmbito da
percepção humana comum. Como a maior parte da arte religiosa, este
objetivo foi alcançado através de imagens que utilizam o familiar como
ponto de partida. Ao explorar o nexo entre a crença espiritual e a expressão
artística incorporada nestas obras, “Arte e Oráculo” ilustra alguns dos
muitos meios pelos quais as culturas africanas, cada uma à sua maneira,
procuram transcender as limitações do conhecimento humano, alcançando
para intervenção e proteção do reino do divino.
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•
Adivinhação lll Subsaariana
África
João Pemberton III
Rituais de adivinhação são encontrados em todas as culturas da África
Subsaariana, da África Ocidental, Central e Oriental e do Sudão à África
do Sul e Madagáscar.' Partilhando a preocupação universal pelo
sofrimento humano, os povos de África desenvolveram muitos desses
rituais para lidar com uma variedade de condições difíceis: aflição física
e morte; conflito social; as forças destrutivas da natureza, aparentemente
arbitrárias; a incerteza, ignorância e perplexidade moral de um indivíduo
ao tomar decisões que afetarão seu futuro ou o de uma comunidade
inteira. Eles também usam rituais de adivinhação para descobrir um
contexto de significado para suas vidas e, às vezes, para discernir um
destino pessoal.
Os povos de África não estão sozinhos no emprego de rituais de
adivinhação. O lançamento de moedas ou paus, resultando num padrão
ou configuração catalogado e interpretado no I Ching (Livro das
Mutações), tem origem na China durante o século XII aC ou antes; este
método de adivinhação ainda é empregado hoje por muitas pessoas na
Ásia, na Europa e nos Estados Unidos para ajudá-las a compreender o
significado de suas experiências e a obter orientação para o futuro. A
astrologia - interpretando a vida dos indivíduos e prevendo eventos de
acordo com as configurações mutáveis do sol, da lua, dos planetas e das
estrelas - floresceu nas culturas do antigo Oriente Próximo, helenística e
asiática, passou por um renascimento na Europa durante a Renascença
e permanece popular hoje em muitas sociedades. O xamanismo já foi
uma parte importante da vida religiosa dos índios do noroeste americano
e ainda é entre os budistas tibetanos. Embora severamente criticados
pelas autoridades judaicas, cristãs e islâmicas, os rituais de adivinhação
da profecia, a seleção aleatória de passagens das Escrituras ou do
Saltério como augúrio, o lançamento da sorte e o falar em línguas eram
amplamente praticados e continuam a florescer entre certos grupos. Seja
qual for a forma, todas as práticas divinatórias revelam a busca humana
por um contexto mais amplo de significado, um meio pelo qual
compreender e responder às muitas faces do sofrimento e da incerteza.
Inerente a todas estas práticas está a suposição – ou fé – “de que a
ordem mundial na sua totalidade é, poderia e deveria ser um ‘cosmos’
significativo:” 2
Para a maioria dos povos da África Subsariana, os ritos de adivinhação
são uma parte essencial da vida quotidiana. Um indivíduo molda pedaços
de uma noz de cola ou faz perguntas a um oráculo de fricção pela manhã,
a fim de determinar o que fazer para avançar com sucesso durante o dia;
uma família consulta um adivinho para saber por que a morte está
repetidamente levando os filhos recém-nascidos de uma mãe ou para
saber a vontade dos ancestrais para resolver o problema
10
conflitos dentro do domicílio; um rei busca o conhecimento de seus
adivinhos para tornar segura sua posição de autoridade. Os adivinhos
são também os agentes da memória, os preservadores da história de
um povo ou, em tempos de crise, os criadores de um “passado” ou de
uma “visão” pela qual os vivos podem perdurar. O status de uma pessoa
é frequentemente determinado pelo que é revelado em ritos de
adivinhação no momento do nascimento, maioridade, casamento,
investidura em cargo sacerdotal ou real, morte e outras críticas! eventos.
O número e a diversidade de ritos de adivinhação em África são
enormes, variando na forma entre grupos étnicos e mesmo dentro da
vida cultural de um determinado povo. Entre os povos Dogon da escarpa
de Bandiagara, no Mali, os anciãos da aldeia estudam pegadas de
raposa que cortam o padrão de quadrados que inscreveram num campo
fora da sua aldeia, para indicações de eventos futuros, especialmente
questões tão fundamentais.
como nascimentos, casamentos, colheitas e mortes.' Os Azande, que
vivem no sul do Sudão e na porção norte da República Democrática do
Congo (RDC, antiga Za'ire), empregam o oráculo de veneno (benge)
para abordar questões sérias, como acusações de cometer adultério ou
praticar feitiçaria. , e usam o oráculo de fricção (iwa) para descobrir se
bruxaria está sendo praticada contra eles ou para determinar se devem
prosseguir com a viagem.4 Na parte oriental da RDC, um oráculo de
fricção também é usado pelos povos Luba e Songye. .'
Entre os Luba, o rito é conhecido como kashekesheke, e o atrito <levice
é chamado kakishi (cujo equivalente Songye é katatora; veja gato. nº 20),
um pequeno objeto de madeira entalhada, segurado conjuntamente pelo
cliente e pelo adivinho e cujos movimentos fornecer respostas às
perguntas do cliente. Os Ding, Kuba, Lele, Luluwa e Wongo nas áreas
centrais da RDC usam o itombwa (ver cat. nº 21), muitas vezes na forma
de uma imagem lindamente esculpida de um animal (mais comumente
um crocodilo, porco selvagem , ou cachorro), cujas costas são esfregadas
com um pequeno pedaço de madeira bulboso; os movimentos deste
último fornecem respostas de “sim” ou “não” às perguntas feitas por um
suplicante por meio do adivinho. Às vezes, a mandíbula de um crocodilo
substitui o itombwa.
Entre os Luba e Songye também existe uma forma de adivinhação
mais elaborada, destacando-se a cabaça sagrada (mboko), na qual o
adivinho derruba uma variedade de objetos naturais e manufaturados e
depois interpreta a configuração formada pelos objetos que vão parar no
topo. .' A possessão espiritual, que geralmente está associada a esta
forma de adivinhação, parece ser de importância ainda maior entre os
Yaka (que vivem no
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Figura 1. Um adivinho Azande usa um oráculo de fricção (iwa),
segurando o pé contra a parte inferior para manter o instrumento no
lugar e esfregando a parte superior contra ele.
parte sudoeste da RDC) do que entre os Luba ou os Songye.' Os
Chokwe de Angola empregam a adivinhação em cesto, um método
comparável de interpretação do padrão formado entre um grupo de
objectos (ver cat. n.º 23) – e a possessão por espíritos. Numa forma
Chokwe de adivinhação que envolve posse de espírito , a superfície
reflexiva da água ou de um espelho permite ao adivinho ver a fonte da
aflição do cliente.9
Entre os Lobi, que vivem na parte sul de Burkina Faso, um adivinho
senta-se ao lado do seu cliente e coloca pequenas figuras esculpidas
( bateba) no chão, à sua frente.10 Os bateba servem como testemunhas
da adivinhação, na qual o adivinho e cliente dão as mãos e questionam
as figuras; o movimento de subida ou descida de suas mãos
entrelaçadas indica respostas positivas ou negativas dos espíritos
(thila) representados nas esculturas. No norte da Costa do Marfim, um
rito semelhante é realizado por adivinhas Senufo conhecidas como
Sandobele,1 que usam figuras esculpidas masculinas e femininas para
comunicar com os poderosos espíritos da floresta e/ou antepassados
(madebele). Nas aldeias de Banyang, nos Camarões, uma forma de
adivinhação raramente vista hoje em dia é o baile de máscaras de
Basinjom, em que um indivíduo que usa uma máscara e um traje
selvagem e sobrenatural é dotado de poderes de clarividência capazes
de identificar pessoas com poderes de bruxaria (ver cat. no. 33).
Ao longo da costa oeste superior da África, existem vários! tipos de
adivinhação que dependem de "dezesseis sinais:' Adivinhação Ifa entre
11
o povo iorubá do sudoeste da Nigéria e seu provável derivado, Fa,
entre os Fon da República do Benin, foi o mais estudado deles.12 Foi
trazido para as Américas durante meados do século XVIII, no auge do
século XVIII. o comércio de escravos . A fundição de dezesseis nozes
de palmeira ou conchas de cauri continua a ser amplamente praticada
hoje por caribenhos e brasileiros de ascendência oeste-africana em
Nova York e outros centros metropolitanos dos Estados Unidos e é,
portanto, o mais conhecido dos sistemas de adivinhação africanos.
O tipo de adivinhação dos "dezesseis sinais" pode ter origem na escrita
islâmica na areia (khatt ar-raml), e seus vestígios são encontrados não
apenas em Ifa e Fa, mas também em sistemas de adivinhação na zona
cultural Mande no Mali, em Madagascar, e entre os Shona no sul da
África. 1 ' Embora todas as diferentes versões dos
"dezesseis sinais" tenham certos elementos básicos em comum, a
interpretação particular dos sinais é quase inteiramente determinada
pelos valores culturais, tradições orais e experiências sociais das
pessoas que praticam o rito de adivinhação.
Duas outras formas de adivinhação que envolvem a consulta de
sinais são a adivinhação com ratos, empregada pelos Baule e Guro da
Costa do Marfim,1 'e a adivinhação com aranhas, que prevalece entre
os povos dos Camarões.15 Aqui, os sinais não são o resultado das
ações humanas, mas são formadas através dos movimentos aleatórios
de um rato ou de uma aranha - o rato correndo sobre ossos ou gravetos
de morcegos ou pássaros que um adivinho colocou paralelos uns aos
outros, e a aranha emergindo de seu ninho em um buraco no chão e
desalojando pequenos cartões de formato distinto que foram cortados
das folhas rígidas da "ameixeira africana" e colocados ordenadamente
ao redor do buraco - em cada caso criando novas configurações. Esses
sinais também devem ser interpretados por um adivinho , alguém capaz
de "ler" os padrões de ossos ou folhas. Embora o procedimento em
todos os casos possa parecer aleatório ou acidental, os sinais que
aparecem não são considerados de forma alguma aleatórios - e
incapazes de manipulação humana - uma vez que são dirigidos por
espíritos espirituais. poderes que se comunicam com os vivos por este
meio.
Em todas essas sociedades existe mais de um sistema de
adivinhação . Além da adivinhação com ratos, os Baule têm o
ritual dos " dançarinos de transe"; em que certos indivíduos,
após serem "escolhidos" por um espírito da natureza (asye usu)
e uma divindade conhecida como Mbra e treinados na
performance de dança transe - identificam as causas dos
infortúnios públicos e privados e então recomendam soluções.
Como observou Susan Vogel , “As maiores, mais antigas e mais
elaboradas esculturas de figuras Baule são feitas como locais
para deuses e espíritos que possuem seus parceiros humanos
e enviam mensagens através deles em estados de transe.”1 '
Entre os Tabwa, no setor sudeste do Na RDC, utiliza-se o
oráculo de fricção Luba (kashekesheke) e, em casos extremos,
recorrem- se aos xamãs (tulunga) , pois conhecem e podem
controlar os poderes da feitiçaria.1 No vizinho Quénia, profetas
(iloibonok) entre os Samburu e Os Maasai têm o poder de "ver"
o passado, o presente e o futuro usando recipientes (enkidong)
- geralmente cabaças - cheios de objetos de adivinhação, e
também têm a capacidade de curar infortúnios e praticar feitiçaria usando sub
Embora procurados para proteção, os tulunga e os iloi bonok
são frequentemente temidos e desconfiados e, portanto, ocupam
um status ambíguo na sociedade.1 Além dos oráculos de fricção
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do tipo itombwa , as figuras nkisi e certas máscaras entre vários
povos do Kongo têm estatuto divinatório, uma vez que conferem
a quem as utiliza o poder de ver coisas escondidas.1 '
Todos estes sistemas de adivinhação estão largamente
preocupados com a compreensão do presente em termos do
passado próximo ou distante e as suas implicações para o futuro
imediato, bem como com a cura ou protecção contra bruxaria e
feitiçaria. No entanto, a adivinhação entre os Dogon do oeste do
Sudão e os malgaxes de Madagascar aborda questões relativas
ao futuro. Os malgaxes querem saber sobre questões de destino
e como o que alguém faz no presente determina o que
acontecerá , mas enquanto os anciões Dogon estudam pegadas
de raposa em padrões inscritos na areia, os malgaxes
frequentemente empregam textos escritos e cálculos astrológicos.20
Confrontado com a variedade de ritos de adivinhação, pode-se
tentados a tentar criar uma tipologia que os colocasse em algum esquema
coerente. Platão distinguiu entre dois tipos de adivinhação: augúrio e
profecia21 – uma distinção que muitos estudiosos adotaram e que tem a
virtude da simplicidade, mas muitas vezes leva a reduções excessivamente
simplificadas que pouco ajudam a compreender a adivinhação na vida de
determinados povos.
EM Zuesse distingue entre "adivinhação intuitiva"; em que o adivinho “vê”
ou “conhece” espontaneamente a realidade ou o futuro; “adivinhação de
posse”, em que se diz que os seres espirituais se comunicam através de
agentes intermediários; e “adivinhação de sabedoria”, em que o adivinho
decodifica padrões aparentemente aleatórios encontrados em natureza.22
Sua discussão faz distinções úteis e reconhece subtipos dentro de cada
uma das categorias principais, parecendo assim fornecer uma base para
a prossecução de estudos interculturais. No entanto, como acontece com
todas as análises tipológicas, ela remove alguém do particular, da vida.
situações, do mundo cultural e da experiência idiossincrática das pessoas;
na verdade, Zuesse reconhece que um tipo específico pode muitas vezes
ser combinado com outros tipos e/ou ser entendido de uma forma
marcadamente diferente em contextos culturais variados.
Em vez de impor categorias tipológicas ou outras abstrações aos
vivos, talvez a melhor maneira de fornecer uma compreensão básica da
adivinhação entre os povos da África Subsaariana seja limitar a discussão
a alguns povos específicos e concentrar-se na relação entre os seus povos.
cosmologias e seus sistemas de adivinhação e sobre o papel dos artefatos
rituais
na vida do adivinho e do cliente. Na breve pesquisa que se segue -
descrevendo e analisando as práticas de adivinhação entre
entre os Azande, Luba e Songye, Yaka, Yoruba e Malgaxe, foi feita uma
tentativa de transmitir a especificidade do pensamento e da vida ritual de
povos geograficamente separados, mas cujas respostas religiosas e
estéticas ao sofrimento humano e à busca de significado têm muito a ver.
comum. Tenhamos em mente, contudo, que os povos de África nunca
viveram em mundos culturais isolados e fortemente estruturados e sempre
mantiveram contacto uns com os outros através do comércio, do casamento
e da guerra. Eles têm experimentado mudanças constantes ao longo do
tempo devido às forças da natureza, às circunstâncias sociais e políticas e
à inovação tecnológica, e continuam a
faça isso. À medida que as pessoas se movem por escolha ou necessidade,
as suas ideias, práticas e objetos movem-se com elas, são adaptados e/ou
adotados, ou são abandonados no seu novo contexto cultural.
Lembre-se também de que as informações aqui apresentadas e seus
12
a interpretação - em comum com as diversas abordagens de numerosos
estudiosos dos sistemas africanos de adivinhação - deve basear-se em
sistemas teóricos que reflitam os quadros conceituais ocidentais para a
compreensão das culturas africanas e de outras culturas não-ocidentais.
É apropriado que comecemos a nossa pesquisa com os Azande do sul do
Sudão e da região nordeste da RDC, uma vez que as suas práticas de
adivinhação são as primeiras na África Subsariana a terem sido
exaustivamente examinadas e escritas sobre, no magistral livro de EE
Evans-Pritchard estudo Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Azande,
publicado em 1937. Durante décadas, permaneceu como a única discussão
extensa e séria sobre a adivinhação praticada pelos povos da África
Subsaariana. Evans Pritchard estabeleceu as normas pelas quais os
futuros estudantes abordariam o assunto, incluindo a premissa de que a
adivinhação é uma forma de investigação e comunicação que deve ser
levada a sério, se quisermos compreender as visões de mundo dos Azande
e de outros povos africanos. Para eles, a adivinhação é um método de
aproveitar as forças espirituais para obter orientação ao lidar com a má
vontade, a inveja, a suspeita e outros sentimentos e comportamentos
universalmente humanos.
Os Azande vivem em matas de cerrado, onde cultivam o solo, cultivando
diversas plantas, além de caçar e pescar. Eles vivem em aldeias
relativamente pequenas que estão ligadas através da identificação a
áreas maiores presididas por príncipes dentro do que já foi um reino maior
antes do período colonial. Seu mundo é de interação com parentes, povos
vizinhos, espíritos ancestrais e outros poderes espirituais – estes últimos
distinguíveis, mas participantes de um prima! Espírito que permeia o
universo da experiência humana em toda a sua diversidade.
O estudo de Evans-Pritchard estabeleceu que a bruxaria – a manipulação
da matéria e das palavras como agentes de poderes demoníacos – é uma
parte inextricável da vida Azande. Uma passagem frequentemente citada
desse estudo fornece um contexto para a compreensão da bruxaria e do
oráculo entre os Azande:
Na Zandelândia, por vezes, um velho celeiro desaba. Não há nada de
notável nisso. Todo Zande sabe que os cupins comem os suportes
com o passar do tempo e que
mesmo as madeiras mais duras se deterioram após anos de serviço.
Agora, um celeiro é a casa de veraneio de uma propriedade Zande
e as pessoas sentam-se debaixo dele no calor do dia e conversam ou
jogam o jogo africano ou trabalham em algum artesanato.
Consequentemente, pode acontecer que haja pessoas sentadas
debaixo do celeiro quando este desaba e ficam feridas, pois é uma
estrutura pesada feita de vigas e barro e pode ser armazenada
também com eleusive [painço]. Agora, por que essas pessoas em
particular deveriam estar sentadas sob este celeiro específico no
momento específico em que ele desabou?
Que deveria desabar é facilmente inteligível, mas por que deveria ter
desmoronado no momento específico em que essas pessoas em
particular estavam sentadas embaixo dele?
Como observou Evans-Pritchard, os Azande compreendem perfeitamente
que as térmitas e o próprio peso do celeiro causaram o colapso da
estrutura e que, num dia quente, as pessoas poderiam muito bem estar
sentadas debaixo dela e serem feridas ou mortas. Poderíamos dizer que
foi uma coincidência de acontecimentos, “duas cadeias de causalidade
se cruzaram num determinado momento e num determinado lugar”. Para os Azande,
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a questão permanece: por que essas pessoas estão neste momento
neste lugar? A questão não é simplesmente “como”; mas de “por que”;
e a resposta Azande é que “é devido à bruxaria”.
Os Azande entendem a causalidade múltipla e não culpam a bruxaria
como a causa de um evento quando esta é evidentemente uma
transgressão de normas sociais (como o adultério) ou uma violação do
direito consuetudinário (como o roubo)", mas eles consideram a
bruxaria como uma prática comum. evento em suas vidas. Na verdade,
é considerado hereditário, e ninguém parece ser poupado do poder -
ou pelo menos da possibilidade - de ser uma bruxa. Às vezes, o
acusado pode não ter conhecimento de ter usado tais poderes.
Na vida e no pensamento Azande, os oráculos e outras práticas
de adivinhação estão estreitamente ligados à bruxaria. Quando ocorre
um infortúnio - como a queda de um celeiro sobre um grupo de
pessoas, ou um fracasso na caça, ou o início de uma doença física
- um ora ele é usado para descobrir se há bruxaria envolvida. A este
respeito, a adivinhação é um meio de compreender as circunstâncias
presentes em conexão com acontecimentos passados, especialmente
em termos das formas como as pessoas são afetadas por esses
acontecimentos. Contudo, a adivinhação também se preocupa com
possibilidades futuras - por exemplo, se alguém deve temer a intrusão
de bruxaria numa viagem que planeia fazer, ou se a mulher com
quem deseja casar morrerá cedo na vida devido ao poder da magia . uma bruxa.
Dada a ansiedade generalizada do povo Azande em relação à
bruxaria e às suas variadas manifestações, não é surpreendente que
tenham desenvolvido inúmeras formas diferentes de adivinhação. A
forma mais poderosa e precisa é o veneno oraele (benge, termo que
também se refere ao próprio veneno). Este rito é realizado fora da
aldeia, na mata selvagem - com a participação daqueles que estão
ativamente envolvidos na consulta ou são consultados como
testemunhas dela. Um homem sem qualquer posição especial na
comunidade, se conhecer os procedimentos exigidos e tiver
respeitado as proibições contra certos tipos de comportamento - como
abster-se de relações sexuais durante vários dias ou abster-se de
comer alimentos proibidos, especialmente carne de elefante - é
selecionado administrar veneno a uma galinha jovem. Depois que o
grupo chega ao local escolhido para o rito de adivinhação, o suplicante
faz uma pergunta ao benge e a galinha recebe o veneno. A
formulação da pergunta é crucial; não deve ser nem demasiado vago
nem demasiado específico. O benge responde pela ação do veneno:
se a galinha ainda estiver viva, as suspeitas do suplicante podem ser
dissipadas; mas se a galinha morrer, essas suspeitas se confirmam.
Após a investigação e resposta, o veneno é administrado a outra
galinha para saber se a primeira resposta foi correta. A resolução do
problema do suplicante pode exigir uma série de perguntas e vários
frangos. Assim como nos modos ocidentais de investigação “objetiva”,
a dúvida faz parte do processo de investigação divinatória para os
Azande. Devido aos custos, tempo e pessoas envolvidas, o benge é
usado apenas nas circunstâncias mais graves, como morte de um
membro da família, doença, esterilidade ou acusações de adultério.
Outra forma de adivinhação empregada pelos Azande é o cupim
oraele (dakpa), no qual são oferecidos aos cupins galhos de duas
espécies de árvores - dakpa e kpoyo - e as respostas às perguntas são
determinadas pelo tipo de galhos de árvore que os cupins escolhem
para comer. " Às vezes, ambos serão comidos, e esta resposta também
tem um significado particular. Tal como acontece com o
benge oraele, as questões colocadas a dakpa muitas vezes dizem
respeito à possibilidade de bruxaria ser usada contra alguém no
decorrer de um empreendimento, como construir uma casa ou limpar
um terreno para plantar sementes; e o questionamento pode referir-se
a pessoas ou famílias específicas que se suspeita abrigarem sua
vontade . Quando as respostas sugerem que o problema é sério, então
o benge será empregado para confirmar o que se aprendeu com o
dakpa.
A forma de adivinhação mais amplamente usada é a fricção ora ele
(iwa)." O veneno oraele acarreta o custo de possuir e preservar a rara
substância benge, e o cupim ora ele leva tempo e requer um ambiente
específico - um cupinzeiro - em O Iwa, no entanto, é valorizado por ser
fácil de usar e estar prontamente disponível quando é necessário fazer
perguntas e tomar decisões. Não é considerado tão confiável quanto
os outros oraeles, que envolvem agentes independentes e são menos
propensos a manipulação, mas é rapidamente acessível e suas
respostas podem posteriormente ser confirmadas pelo benge.
Uma pessoa pode esculpir e preparar sua própria placa de fricção.
Os Azande, embora não sejam um povo conhecido pelas suas artes
visuais, têm a reputação de serem excelentes ferreiros, oleiros e
escultores de objetos domésticos, e no passado eram conhecidos
pelas suas belas harpas esculpidas . formas geométricas
impressionantes. É composto por partes "masculinas" e "femininas": a
parte inferior, em forma de banco de três pernas com uma perna
estendida, sobre a qual uma pessoa coloca um pé para segurar o
instrumento no lugar; e uma parte superior parte, um objeto em forma
de tampa que serve como instrumento de fricção (fig. 1). Uma vez
esculpido o iwa , prepará-lo é de extrema importância. O suplicante
que deve respeitar as mesmas proibições rituais estipuladas para a
consulta do benge---pontua a fricção superfícies com um ferro quente,
esfrega as áreas esculpidas com os sucos de várias plantas, esconde-
as sob vários centímetros de solo em um caminho bem trilhado por
vários dias e depois aplica preparações de folhas e raízes nas áreas
esfregadas. oráculo está em uso, o instrumento de fricção é
regularmente mergulhado em uma cabaça de água.
Quando uma pergunta é dirigida ao oráculo - por exemplo,
perguntando sobre a causa de uma doença súbita ou se uma viagem
deve ser evitada por causa de bruxaria - o movimento de
o instrumento de fricção indica uma resposta positiva ou negativa. Isso
é determinado pelo fato de ele se mover com facilidade ou dificuldade
- por exemplo, aderindo à superfície da porção feminina inferior - ou
simplesmente se mover de maneira circular e evasiva. Tal como
acontece com o veneno e o cupim oraeles, geralmente é feito um
segundo teste confirmatório. A vantagem do iwa é que ele é fácil de
usar em público e pode ser consultado sempre que houver
necessidade, como para resolver um problema incômodo que esteja
desviando a atenção de outros assuntos.
Passar dos Azande para os Luba, no sector oriental da RDC, é entrar
no que quase poderia ser outro mundo. isso
é uma área de florestas e rios; e os Luba, embora divididos em
numerosos subgrupos, têm uma consciência histórica como povo que
parece estar ausente entre os Azande. Estes últimos parecem viver as
suas vidas centrados no aqui e agora, sendo o passado e o futuro
considerados uma extensão do presente. Esta percepção pode ser
em grande parte o resultado da abordagem de Evans-Pritchard aos
estudos etnográficos, desenvolvida quando a antropologia era
13
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Fig. 2. Um adivinho Luba Bilumbu se prepara para consultar seu mboko, a
cabaça sagrada que está à sua frente; sentada à sua direita está sua esposa,
e à sua esquerda está uma figura feminina de tigela, representando o espírito
pelo qual ele é possuído durante o ritual.
preocupado com os sistemas sociais e prestou pouca atenção às
sensibilidades históricas de um povo . Na altura em que Mary Nooter
Roberts e Allen Roberts prosseguiram os seus estudos entre os Luba,
na década de 1980, havia uma compreensão da importância da
memória entre um povo, um sentido vital da história.
A sua investigação para a exposição "Memória: a arte Luba e a
construção da história" (1996) é um testemunho da mudança nos
estudos antropológicos , bem como de uma apreciação da aguda
autoconsciência histórica dos Luba.
O coração do povo Luba fica no que é conhecido como Depressão
de Upemba, na parte oriental da RDC. A investigação dos arqueólogos
indica claramente que foi ocupada ao longo de numerosos rios já no
século VII .
DC e que havia amplo comércio na região no século XVII . Evidências
de túmulos, datadas entre os séculos XIV e XVII, revelam que se
desenvolveu algum grau de estratificação social.29
As tradições orais fornecem uma narrativa que associa as origens
dos Luba ao estabelecimento de um reino sagrado.
Um príncipe caçador do leste, Mbidi Kiluwe, veio para a região e gerou
um filho, Kalala Ilunga, cujos cuidados ele confiou a Mijibu wa Kalenga,
o primeiro médium espírita. Em uma luta épica
14
após a morte de Mbidi, Kalala derrotou o seu tio materno, o tirano
Nkongolo Mwamba, e estabeleceu uma corte real em Manza (que nos
tempos pré-coloniais era um importante distrito produtor de ferro).'° Foi
o conselho de Mijibu que salvou a vida de Kalala e foi a base da seu
sucesso em instituir a forma esclarecida de liderança introduzida por
seu pai. Assim, é de Mijibu que os adivinhos reais de Bilumbu derivam
sua autoridade, uma autoridade que é essencial, e talvez a garantia , da
realeza sagrada de Luba. O terceiro ramo principal da cultura real de
Luba é a associação Mbudye. de memória;' que, através de rituais que
envolvem a possessão de espíritos , são o repositório dos preceitos e
princípios que se acredita terem sido transmitidos por Mbidi, o pai de
Kalala." Através do uso ritual de quadros de memória lukasa , é sua
tarefa "ensinar e codificar um 'oficial ' história do estado de Luba,
enquanto
ao mesmo tempo , subvertendo o absolutismo histórico , permitindo a
transmutação e a refabulação com cada narração, de uma arena política
para a próxima . papéis. Os adivinhos Bilumbu também devem dominar
os ensinamentos do quadro de memória lukasa , pois eles também são
“homens de memória”. Assim, existe um notável entrelaçamento de
papéis e autoridades na vida política de Luba.
Tal como Mijibu, os médiuns reais Luba contemporâneos possuem
um conhecimento esotérico e uma capacidade de aplicar o seu
conhecimento às preocupações do presente (ver cat. nos. 11, 46).
Os adivinhos Bilumbu fornecem perícia judicial e aconselhamento
sobre guerra, feitiçaria e ritos de renovação , e auxiliam na decisão
de conflitos dentro do reino. A sua autoridade reside no seu poder
como médiuns entre o reino dos espíritos e os humanos, na sua
capacidade de serem "apreendidos" (kukwata) - isto é, apreendidos
por um espírito, o que envolve "parar o tempo" e ver rápida e
claramente "o problema ". em meio ao 'ruído' da realidade vivida."''
A possessão espiritual é induzida, não por substâncias químicas ,
mas através de instrumentos de percussão, como um chocalho
ou um gongo tocado pela esposa ou marido do adivinho (as
mulheres também podem ser adivinhos reais)", e através dos
cantos do adivinho . Os sons combinados fornecem o estímulo
para despertar o espírito do adivinho para a adivinhação. Uma
vez possuído pelo espírito, o adivinho decora seu próprio corpo
com desenhos de giz e se adorna com colares e tiaras de contas
e peles lindamente coloridas , os padrões das contas significando
a presença e o poder do espírito. Peles de animais pendem da
cintura do adivinho. Quando possuído, o adivinho "fala, age e
pensa" como - e, na verdade, assume a identidade de seu "
espírito consultor". realiza um ritual de adivinhação , sua esposa
se sentará à sua direita e uma escultura de uma figura feminina
sentada ou ajoelhada segurando uma tigela será colocada à sua
esquerda (fig. 2).A escultura representa a esposa do espírito
possuidor do adivinho, pois entre os Luba, as mulheres são
consideradas vasos de poder espiritual.
A consulta prossegue com preocupações dirigidas ao adivinho pelo
(s) suplicante(s). O adivinho, por sua vez, fala com seu consultor
espiritual enquanto sacode um mbok<> - uma cabaça coberta cheia de
vários itens: ossos de animais , besouros secos, bicos e garras de
pássaros , conchas, sementes, vagens de sementes , galhos, caixas
de mosca caddis , miçangas, pequenas réplicas de ferramentas em ferro e pequenos
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3. Um adivinho Luba e seu cliente, realizando um ritual de adivinhação kashekesheke , seguram
juntos um oráculo de fricção conhecido como kakishi em uma esteira tecida no chão entre eles.
estatuetas de madeira em diversas posturas cobertas de giz. É um
conjunto extraordinário de materiais naturais e manufaturados . Ao abrir
a tampa, o adivinho interpreta a configuração dos objetos que ficaram
em cima. Eles fornecem o que Roberts e Roberts chamam de "organização
de imagens"; que levam o adivinho a "uma hipótese relativa à dificuldade
do cliente".
O processo é repetido continuamente até que uma compreensão
relativamente clara do problema tenha sido formulada:'" As pequenas
esculturas em madeira podem ter significados relativamente fixos, mas
como acontece com a maioria dos símbolos, elas e todos os outros
objetos são multirreferenciais. a associação de objetos cujo significado
deve ser discernido. Como Victor Turner observou a respeito da
adivinhação em cesto entre o povo Ndembu do noroeste da Zâmbia - que
pratica uma forma semelhante à adivinhação Luba mboko - a habilidade
do adivinho está em adaptar sua interpretação geral do contesta as
circunstâncias dadas do(s) cliente(s).38
A forma de adivinhação Luba chamada kashekesheke, que é
considerado anterior à época da realeza Luba e, portanto, mais antigo
que a possessão espiritual, fornece o contexto ritual para a criação de
pequenos e muitas vezes primorosamente esculpidos <levices de fricção
chamados kakishi; oráculos de fricção semelhantes, chamados katatora,
são empregados pelos Songye, um povo vizinho ao nordeste do Luba
(ver cat. nº 20). Os levices, em estilos que vão do altamente representativo
ao abstrato, raramente têm mais de quinze centímetros de altura, têm um
corpo aberto para a inserção dos dedos do cliente e do adivinho e são
adornados com o entalhe de uma cabeça de mulher lindamente penteada.
É uma forma de adivinhação que não implica mediunidade espiritual ou
conhecimento esotérico.
Pelo contrário, na sua simplicidade de ação ritual, é um meio de abordar
os espíritos ancestrais quando um indivíduo se depara com uma crise
pessoal ou com uma grande incerteza relativamente a um curso de ação
futuro. Nesse aspecto, é semelhante ao uso do iwa pelos Azande.
Kashekesheke é realizado tanto pelo adivinho quanto pelo cliente.
Depois que o adivinho (geralmente uma mulher) prepara o leviço de
fricção com os sucos de certas plantas e pronuncia palavras para invocar
os espíritos, o kakishi é colocado sobre uma esteira tecida no chão entre
o adivinho e o cliente. O suplicante dirige sua pergunta ao kakishi e, em
seguida, o adivinho e o cliente inserem
15
seus primeiros dois dedos no espaço que constitui
o corpo do <levice. O kak ishi se move em vários
padrões, que significam respostas “sim” ou “não” ou
nenhuma resposta (fig. 3). O som rouco de seu
movimento no tapete tecido é possivelmente a
origem do nome do procedimento de adivinhação."
Os levices de fricção conhecidos como itombwa,
usados pelos povos Ding, Kuba, Lele, Luluwa e
Wongo a oeste do Luba, muitas vezes assumem a
forma de figuras de animais, com as costas
formando a superfície de fricção. Os animais,
como cães e porcos selvagens, estão associados
à caça de presas ou ao desenraizamento de uma
planta, simbolizando assim a busca de
conhecimento e discernimento de um adivinho.
Outros itombwa fundem elementos antropomórficos
e zoomórficos, combinando o corpo de um animal
com uma cabeça humana, ou ainda retratam um
corpo humano, que funciona como dispositivo de fricção.
O povo Yaka, que totaliza cerca de 250 mil pessoas, vive em uma
fronteira política e cultural na região sudoeste do
RDC Eles vivem em grupos de aldeias de patrilinhagens, embora os Yaka
do norte também reconheçam a descendência através da linha matrilinear.
Suas terras possuem poucas riquezas naturais; o desenvolvimento
tecnológico passou por eles; e os seus jovens muitas vezes partem para
a capital, Kinshasa, na esperança de encontrar emprego e uma vida
melhor. René Devisch escreveu extensivamente e com grande
conhecimento sobre as instituições sociais Yaka e sobre a mediunidade
espiritual, que está no cerne da adivinhação Yaka.'°
Devisch salienta que “enquanto o líder político, em consenso com um
conselho de anciãos ou juízes consuetudinários, pode arbitrar em
disputas onde existe uma regra comum, o adivinho Yaka recorre à
clarividência e pode apontar com autoridade para o complexo
entrelaçamento de início social, moral e físico da doença, da má sorte ou
da morte. explicações e respostas disponíveis através do bom senso, do
conhecimento medicinal tradicional e da memória social. Contudo, tais
soluções para os problemas muitas vezes não são adequadas por si só,
especialmente quando os problemas persistem ou quando a questão é
saber por que alguém morreu. Portanto, eles usam a adivinhação para
investigar um contexto mais amplo de significado, embora tal investigação
não seja necessariamente o seu objetivo original.
Na preparação para uma sessão de adivinhação, os representantes
dos grupos interessados – por exemplo, duas famílias – reunir-se-ão com
o adivinho, que pode ser homem ou mulher, para testar os seus poderes
divinatórios, sem fornecer qualquer informação sobre o problema. Se o
assunto for muito sério, eles procurarão um adivinho a um dia ou mais de
distância de sua aldeia. Eles devem estar convencidos de que o adivinho
possui clarividência, o que é demonstrado pelo adivinho declarando que
vieram como clientes e indicando que sabe por que vieram.
Então o adivinho entra em estado de transe, no qual discursa sobre as
complexidades das relações de parentesco e do Yaka.
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código de comportamento social, discutindo problemas como o não

cumprimento das obrigações para com os ancestrais matrilineares
e as consequências que tais transgressões podem criar para os
parentes vivos. Enquanto fala, o adivinho presta muita atenção às
reações dos pacientes, devido ao que os está incomodando - acenos
de cabeça ou murmúrios de assentimento ou negação a várias declarações.
ele/ela faz. Através dessas dívidas, o adivinho começa a discernir o
problema que o trouxe até ali. No caso de morte ou de algum outro
problema extremo, eles apresentarão ao adivinho um objeto que
esteve em contato direto com a pessoa falecida ou afetada.

Tal como um cão de caça que persegue a sua presa, o adivinho

cheira o objeto. O conhecimento adquirido através da adivinhação
envolve não apenas os sentidos da visão, audição e tato, mas
também as capacidades discriminatórias do sentido olfativo.43
Assim, a ação de “farejar” informações não é apenas metafórica –
ela é motivada por as elevadas sensibilidades físicas do adivinho.
À noite, o adivinho coloca o objeto próximo ao ouvido e, durante o
sono, recebe a mensagem que ele transmite em imagens oníricas.
No dia seguinte, incorpora as imagens num comentário em staccato
acompanhado de batidas rítmicas num tambor de madeira (n-kookwa
Ngoombu; fig. 4, cat. no. 27).
O adivinho tece metáforas a partir de seus sonhos juntamente com
referências a problemas de relações de parentesco e às normas
4. Lusuungu, um adivinho Yaka na aldeia de Yibeengala, bate um
pelas quais os membros da comunidade devem viver. Durante todo
tambor (n-kookwa Ngoombu) enquanto está possuído por um espírito
o processo, ele ouve atentamente as respostas daqueles que vêm
durante um ritual de adivinhação.
em busca de ajuda, depois os pressiona para que reajam ao que ele
está dizendo e falem entre si. As percepções do adivinho ajudam- (homem ou mulher) como um adivinho em potencial e atrai a
nos a ver a sua situação sob uma nova luz, a desembaraçar os fios atenção de um adivinho sênior, que coloca o candidato sob sua tutela
do conflito, voltando o seu pensamento para as normas fundamentais em uma série de rituais de iniciação. A iniciação começa com a
da sociedade Yaka, exigindo e permitindo-lhes chegar a um acordo sedução em uma casa especialmente construída por um longo
com a extensão em que essas normas têm ou têm . não foi mantido. período de tempo, e inclui beber purgantes, comer alimentos
especiais, sair de casa como um pintinho rompe a casca de um ovo,
Ao contrário de Turner, que interpreta a adivinhação entre o povo ser levado para o mato e retornar. os ombros dos jovens ao som de
Ndembu do noroeste da Zâmbia em termos da pragmática da tambores. O iniciado arranca a cabeça de uma galinha com uma
transformação social e como um drama multivocal e teatral”, Devisch mordida, enfiando-a nos dentes enquanto é levado de volta à aldeia.
aborda a adivinhação Yaka como um “evento em formação”; um O dimax no rito iniciático ocorre quando, ao som de um coro de
"processo de reoriginação"; um "processo de nascimento" em seu tambores, o iniciado se comporta como uma megera-lontra, cavando
desenvolvimento contínuo. O discurso oracular "mergulha o mundo um túnel na terra de onde ressurge através de outro buraco cavado
da fala de uma pessoa de volta às fontes mais profundas da vida:'45 pelo adivinho sênior . O iniciado está agora preparado para cumprir
Baseando-se em estudos psicanalíticos, bem como em críticas a tarefa que lhe foi incumbida: colocar os suplicantes em contato
feministas recentes de investigações antropológicas , ele interpreta com o ventre primordial do mundo (ngoombu) e " efetuar uma
o tambor-fendido do adivinho, com seu uterino corpo e cabeça fálica, transição entre o ngoombu ... e o domínio da linguagem e cultura.""
como expressão visual da unidade primordial da vida, até mesmo
como representação do útero. Segundo Devisch, como artefato ritual ,

é mais que um objeto; é um agente cheio de poder, um ser

que envolve um processo simbólico de desenvolvimento
formando uma ponte entre os mundos físico e espiritual, o reino
dos vivos e dos falecidos......O tambor de fenda divinatório
...imprime o som e a mensagem do arade (isto é, do espírito
falando através do médium adivinho) nos dentes e na sociedade
em geral.'•
Assim, o adivinho Yaka é aquele que passou por um processo de
renascimento. Isso começa com o início de uma fala excitada, muitas
vezes soando darividente, e com comportamento errático por ter sido
possuído por um adivinho falecido na linha matrilinear (n-kooku). Tal
condição anormal identifica um indivíduo
Existem entre 15 milhões e 20 milhões de iorubás no sudoeste da
Nigéria e na vizinha República do Benin. Suas origens remontam ao
século IX Ao "Desde o início, a cultura iorubá foi caracterizada por
um estilo de vida urbano e um sistema político de governantes
sagrados. Do século XII ao século XV, a posição política/cultural do
A cidade iorubá de Ile-Ife desenvolveu-se a tal ponto que um talento
artístico de extraordinária habilidade técnica e imaginação criou as
famosas esculturas de bronze e terracota de Ife, e havia outros
centros artísticos iorubás em Esie, no nordeste, e em Owo, no
sudeste. No século XVII, Oyo, uma cidade na região centro-norte
iorubá, emergia como uma cidade

16
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poder político significativo que ao longo do próximo século se estabeleceria como
o centro de um império.
A adivinhação de Ifá – que, como observado anteriormente, é provavelmente o
mais conhecido dos sistemas de adivinhação da África Subsaariana fora do
continente – é amplamente praticada entre os iorubás. Em contraste com as formas
de adivinhação na África Central que empregam a mediunidade espiritual, a
adivinhação de Ifá não depende de uma pessoa ter poderes oraculares, mas sim
de um sistema de sinais que deve ser interpretado por um adivinho, que é um
sacerdote de Ifá (baba lawo , literalmente "pai dos segredos"). No entanto, as
preocupações que um babalawo procura abordar são as mesmas enfrentadas por
Luba, Yaka e outros adivinhos da África Central.
Os iorubás conceituam o universo em termos de duas metades de uma cabaça
fechada. Estes representam o reino dos seres vivos (sim), compreendendo todos
os humanos, animais e plantas, e o reino dos poderes espirituais (orun), que inclui
as 401 divindades (orisa)" e os ancestrais ( ara orun, literalmente "os vivos).
morto"), mas não existe uma noção metafísica de um "além", como existe na
filosofia grega ou na teologia cristã. É feita referência ao orisa Olodumare, que não
tem santuário, sacerdócio ou seguidores e ainda assim é reconhecido como o "
Alto Deus:'
Parece que Olodumare é uma expressão da unidade e integridade do seu universo,
apesar de toda a sua diversidade e da existência de poderes malévolos. Neste
aspecto, a cosmologia iorubá é semelhante à dos povos da África Central, embora
organizada de forma bastante diferente. O universo Yoruba consiste em numerosos
poderes que reivindicam um indivíduo. Não existem apenas outras pessoas na
família, na cidade e na região, bem como estrangeiros, com quem devemos lidar -
existem poderes que não são facilmente vistos, como ancestrais, divindades,
espíritos da natureza, e também os poderes da morte, doenças e bruxaria (obra
de ajogun, "espíritos malévolos"). Os iorubás empregam a palavra ase para se
referir ao "poder" intrínseco pelo qual uma pessoa ou coisa é o que é - o
componente da natureza de uma pessoa ou coisa que representa sua autoridade
inerente, decorrente de seu caráter, posição ou função. A mulher tem a bunda dela
e o homem a dele. Cada orisa tem seu ase, assim como os ancestrais. Os
governantes (oba) têm seu ase, assim como os sacerdotes.
Animais, florestas, rios, chuva, relâmpagos, todos têm importância. Assim, no
universo iorubá, ase é a base do ser, a força vital, a garantia da existência em
todas as suas manifestações.
A preocupação essencial de cada indivíduo é trilhar um caminho próspero ao
longo da vida, recorrendo ao ase dos deuses, ancestrais, pais e natureza para
permitir que alguém realize plenamente o destino pessoal (ori inu) que ele ou ela
escolheu antes de entrar no mundo. mundo (sim). O meio de conseguir isso é a
adivinhação de Ifa, que se baseia na interpretação de sinais conhecidos como
odu Ifa. Estes estão relacionados ao Odu Ifa, um vasto corpo de literatura oral em
prosa e poesia que contém a sabedoria dos iorubás. Existem dezesseis Odu
principais, cada um com seu sinal e nome de identificação e consistindo de
dezesseis Odu subordinados, cada um com seu sinal e nome, perfazendo um
total de 256 Odu. Existem também 256 sinais de Odu , cada um associado a uma
das 256 subseções de Odu e sua história particular sobre a vida de deuses,
humanos e animais. As subseções são classificadas por importância, uma
classificação que se diz ter sido determinada pela ordem em que os Odu – que
vieram de Orun e são considerados orisa – chegaram em Aye e se tornaram
conhecidos entre os humanos.
17
Wande Abimbola, o sacerdote de segundo escalão de Ifá em Ile-Ifé e ex-vice-
reitor da Universidade de Ifé, escreveu extensivamente sobre a formação dos
sacerdotes de Ifá e sobre o Odu Ifá.50
Um jovem que demonstre imaginação intelectual em tenra idade será considerado
candidato ao treinamento para ser babalawo, especialmente se a adivinhação em
um rito conhecido como lmori ("conhecer a cabeça [ori]"), realizada quando ele era
uma criança pequena. , revelou que ele era um “filho de Ifá”. O jovem viverá com
um sacerdote local de Ifá, aprendendo procedimentos rituais, memorizando
passagens do Odu Ifá, observando sessões de adivinhação, bem como realizando
as tarefas diárias da casa do sacerdote. Ele pode passar vários anos com seu
mentor. À medida que amadurece, refinando seus conhecimentos e habilidades,
ele procurará babalawo em outras áreas para instrução adicional, passando de
um tutor para outro durante um período de vários anos, período durante o qual
começará a “lançar Ifa”.
Os sacerdotes de Ifá dizem que Orunmila, uma divindade presente no momento
da Criação, conhece o destino pré-natal que cada indivíduo escolheu, e que esta
divindade deu dezesseis palmeiras sagradas (ikin Ifa) a seus filhos na terra para
que pudessem estar em comunhão. comunicação com ele. Acredita-se também
que a esposa de Orunmila, orisa Odu, deu-lhe os “segredos de Odu” – o poder de
guiar aqueles que buscam sua sabedoria. Uma sessão de adivinhação começa
com o sacerdote chamando Orunmila e o antigo babalawô para testemunhar o
processo. Ele então sacode dezesseis palmitos com as mãos em concha e,
segurando o ikin com a mão esquerda, tenta agarrar o grupo inteiro com a mão
direita. Se uma noz de palmeira permanecer em sua mão esquerda, ele faz duas
marcas verticais com os dedos no pó de iyerosun na bandeja do adivinho (opon
Ifa); se sobrarem dois palmitos, ele faz uma marca vertical (fig. 5).
Quando oito lançamentos bem-sucedidos forem feitos, haverá duas colunas de
quatro marcas verticais, formando uma configuração que representa um dos 256
possíveis sinais de odu . Uma versão mais curta de lançar Ifa é possível usando
uma corrente de adivinhação (apele Ifa). Consiste em oito vagens de sementes ou
pequenas placas de liga de cobre com superfícies côncavas/convexas ligadas por
uma corrente de metal ou fios de contas. O adivinho segura a corrente em seu
ponto central e lança a corrente de modo que ela caia sobre o pano colocado
diante dele em um padrão que revela o sinal do odu .
Enquanto esperam pela resposta de Orunmila na forma de um sinal de odu
todos os presentes concentram-se intensamente no procedimento ritual metódico
e rítmico de lançar Ifa e nas imagens esculpidas- como a figura feminina ajoelhada
segurando uma tigela
o cavaleiro cercado por sua comitiva, e a luta da cobra e do pássaro entrelaçados
que adornam o seringueiro do adivinho (iroke Ifa), a tigela (agere Ifa) contendo as
nozes de palmeira e a borda do opon Ifa. Depois que o sinal do odu aparece na
bandeja de adivinhação, o suplicante, que sussurrou suas preocupações e pedidos
ao ikin Ifa, ouve o sacerdote cantar versos da subseção do Odu indicada pelo sinal
do odu . Nestes versos, ele/ela ouve falar de outros que sofreram vários problemas,
alguns talvez maiores do que aqueles que levaram o suplicante a Ifa, e da alegria
que eles conheceram depois de realizar os sacrifícios que Ifa lhes pediu para fazer.
Disseram-lhe para oferecer sacrifício com galinha iraniana .
Ele fez o que lhe disseram
E ele não morreu.
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Ele estava dançando,

Ele estava se regozijando,
Ele elogiou seus sacerdotes de Ifa,
enquanto seu sacerdote de Ifa elogiou Ifa.
Quando ele abriu um pouco a boca,
A canção de Ifa entrou nela,
Quando ele esticou as pernas,
A dança os puxou.51

O suplicante pode perguntar ao sacerdote sobre o

significado do Odu, talvez concentrando-se em um
conjunto de versos, reconhecendo ou não o problema
que o levou a consultar Ifá. Os versos Ifa fornecem
um contexto para pensar sobre a situação de alguém
em termos
dos valores que moldaram a autocompreensão iorubá
e recomendam quais sacrifícios devem ser feitos pelo
suplicante e a quais poderes. O suplicante sai da
sessão divinatória com a confiança necessária para 5. Os sacerdotes de Ifa no palácio de Orangun-Ila lançam as dezesseis nozes de
palmeira sagradas (ikin Ifa) para determinar qual subseção do Odu Ifa eles devem
tomar medidas eficazes para melhorar sua vida. A
consultar, e o sinal correspondente é traçado no pó de iyerosun na bandeja do adivinho (em Ifá).
adivinhação Ifa fornece conhecimento; mas
conhecimento sem
uma ação eficaz é de pouca utilidade. Portanto, todo rito de adivinhação de "dezesseis sinais"; usando textos conhecidos como sorabe
implica uma oferenda ou sacrifício apropriado, em alguns casos um (literalmente, "grandes escritos"). Esses textos, escritos em escrita
simples presente de comida, em outros o abate ritual de um animal. árabe, foram transmitidos ao longo de gerações. Eles "são ao mesmo
Dependendo das necessidades e circunstâncias do suplicante, a tempo um repositório de conhecimento esotérico que indica precedentes
oferenda pode ser a um orisa ou ao destino pessoal (ori inu), ou a um no passado, e um arquivo contínuo de observação, ... um trabalho de
ancestral ou a um espírito malévolo, em reconhecimento dos poderes referência evolutivo."" Sikidy é empregado quando o adivinho não
dessa entidade e como forma de lhe fazer uma petição. para concedê- sabe a data de nascimento de seu cliente ou carece de outras
los ou retê-los. Finalmente, deve haver também um sacrifício ao orisa informações essenciais para trazer o conhecimento esotérico dos
Esu (também chamado Elegba), o guardião do processo ritual, que grandes textos para aliviar as ansiedades e sofrimentos de seu cliente.
transmite as mensagens dos deuses e de outros espíritos à Como na adivinhação Yoruba Ifa, a sessão começa com o adivinho
humanidade e transporta os seus sacrifícios para o reino dos espíritos. convocando os mestres da adivinhação e os grandes ancestrais para
O ase de Esu torna a vida completa e significativa. ajudar na investigação. Conforme descrito por Vérin e Rajasonarimanana,
os números são então "configurados pela interpretação de pilhas de grãos pares e ímp
Os pontos simples ou duplos são organizados em quatro em dezesseis
Os sistemas divinatórios observados até agora têm duas características
colunas, cada uma das quais tem um nome: a interpretação da
em comum: todos eles são usados para obter uma compreensão das
configuração resultante através dos tetragramas do J Ching.) Para o
circunstâncias presentes em termos de acontecimentos passados,
leigo, o procedimento sikidy parece quase mecânico e seus padrões
próximos ou distantes; e as questões sobre o futuro centram-se em
resultantes enigmáticos, e os textos sorabes são igualmente
questões do futuro imediato, como a recuperação de uma doença ou
a resolução de um conflito familiar – com excepção do sempre presente insondáveis. Assim, o adivinho desempenha um papel essencial,
desejo de saber se alguém terá uma vida longa e próspera. Há também interpretando os sinais e a tradução dos textos em relação à vintana
uma preocupação generalizada sobre a bruxaria como causa de do cliente e a situação do indivíduo dentro de um contexto mais amplo
infortúnio pessoal, embora outras causas também sejam identificadas. de forças cósmicas.
Entre os malgaxes de Madagascar há um foco de interesse muito
diferente. Como observou John Mack, o mpanandro – o forro de
adivinhação de maior prestígio entre os malgaxes preocupa-se A ideia de que o destino de um indivíduo está intimamente
principalmente com o destino (vintana).52 relacionado com o cosmos está no cerne da adivinhação malgaxe.
De acordo com Pierre Vérin e Narivelo Rajasonarimanana, o Não se trata de cumprir um destino pré-natal que se tenha escolhido

ombiasy - um termo geral para um adivinho que pratica mpanandro - é antes de entrar no reino dos vivos, como na adivinhação Yoruba Ifa,

um "criador de destinos". Os malgaxes consideram o papel dos ou de estar em contato com os poderes originários, como na

ancestrais em suas vidas crucial, e há comunicação constante entre
eles. os vivos e os ancestrais através de sonhos, posses e outros
sinais. No entanto, o significado das mensagens nem sempre é claro
e exige que se procure a experiência de um adivinho.
Para os malgaxes, o método de adivinhação mais importante é o
sikidy, um forro de geomancia que se baseia na interpretação
mediunidade espiritual Yaka. A adivinhação malgaxe é "baseada
astrologicamente". É, como observa Mack,
um sistema que busca localizar pessoas, coisas e eventos no
tempo e no espaço. Procura ainda influenciar outros
resultados inevitáveis, enquadrando-os no contexto temporal
e espacial mais criterioso. Isto é feito por
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identificando momentos mais e menos propícios para a
ação contra um pano de fundo de informações sobre os
destinos dos indivíduos determinados por seus momentos de
nascimento e experiência de vida subsequente”.
Neste sistema, o posicionamento no espaço - como na construção de
uma casa numa determinada área, ou na relação das casas entre si
numa cidade, ou na localização de artefactos domésticos dentro de uma
casa - é de suma importância, para as direcções da bússola. têm
associações auspiciosas e desfavoráveis. A direção nordeste é a direção
sagrada ou ancestral
e é, portanto, considerada a orientação mais benéfica durante a
realização de certos rituais, como a circuncisão.
Da mesma forma, acredita-se que o momento dos acontecimentos na
vida de uma pessoa afeta o seu destino, sendo determinadas horas,
dias e meses considerados os mais (ou menos) propícios para
determinadas atividades. Dentro da visão de mundo malgaxe, “o destino
está constantemente em movimento, encontrando zonas de significado
variado no caminho!” Ao consultar sikidy e sorabe, um indivíduo alcança
uma compreensão de sua vida em termos das forças que moldam o
próprio destino e a consciência de como viver e orientar-se em relação
a tais poderes cósmicos.
Todos os sistemas de adivinhação são modos de comunicação
desenvolvidos para unir reinos que estão intimamente relacionados,
mas distinguíveis - o reino da experiência comum ou “visível” e o reino
dos poderes invisíveis. Através de palavras, gestos, sons e artefatos, os
ritos de adivinhação prendem o sentido convencional de tempo e lugar,
proporcionando por um momento outro domínio de experiência, um
mundo denso de significado, talvez mais real do que aquele em que se
tem perseguido a sua ou a sua missão. sua vida diária. Porque são uma
forma de expressão de um sistema mais amplo de pensamento e prática
religiosa, os ritos de adivinhação devem ser entendidos dentro de um
contexto cultural mais abrangente e não como um modo pré-científico
de investigação." Visões pluralistas do mundo coexistem nas culturas da
África Subsaariana Os problemas que enfrentam são moralmente
complexos e resolvê-los requer uma combinação de fé e ceticismo. A
vida envolve múltiplas possibilidades, escolhas e decisões, e não existe
uma resposta única para a questão de como viver. De acordo com as
visões de mundo cristãs e islâmicas, nas culturas da África Subsariana
não existem soluções definitivas para problemas individuais específicos,
apenas expedientes temporários baseados nas circunstâncias únicas
de cada situação e num elevado grau de capacidade de resposta às
necessidades e exigências específicas de vários indivíduos. Portanto, a
adivinhação preocupa-se com a experiência imediata das pessoas e
tenta colocá-la num contexto de significado cultural.
Da mesma forma, uma exposição de artefatos criados para uso
nos rituais de adivinhação devem colocar os objetos num contexto de
significado cultural. É óbvio que, tal como acontece com todos os
artefactos rituais, aqueles utilizados nos sistemas africanos de
adivinhação são instrumentos, utensílios. Eles têm seu significado no
contexto da performance ritual, usados na execução de gestos prescritos,
orações, cantos e danças. São análogos a um crucifixo, que não é
simplesmente um ornamento ou um símbolo religioso, mas tem o seu
significado essencial no contexto da Missa Católica. O objeto é informado
pelas palavras da liturgia e, neste
19
por exemplo, por uma narrativa elaborada conhecida pelos participantes
do rito. O mesmo pode ser dito sobre as dezesseis palmeiras sagradas
(ikin Ifa) e as tigelas de cariátides esculpidas (agere Ifa), que são os
instrumentos centrais nos ritos de adivinhação Yoruba Ifa. O adivinho e
o suplicante conhecem a história de Orunmilá dando os frutos de dendê
aos seus filhos para que pudessem receber a sabedoria de seu conselho
depois que ele partiu para o mundo dos deuses; e as figuras esculpidas
nas tigelas representam pessoas cujas vidas foram fortalecidas pela
sabedoria de Orunmila. Da mesma forma, a escultura de uma figura
feminina ajoelhada segurando uma tigela, que é colocada ao lado de
um adivinho Luba quando ele ou ela está usando um mboko, é
reconhecida pelo suplicante como evocando o poder espiritual do
adivinho, que, como as mulheres, é um contêiner de recursos ocultos.
Um artefato ritual é um instrumento usado para invocar poderes
espirituais e sinalizar aos participantes momentos de transição na
sequência ritual. Através do gesto, é também uma extensão dos poderes
do sacerdote ao espaço circundante, ampliando esse espaço e
tornando-o sagrado, ligando assim o sacerdote e o suplicante. Além
disso, na fabricação e consagração de um artefato ritual, uma pessoa
recria imaginativamente a si mesma em termos de uma entidade
espiritual (um ancestral ou uma divindade) que não é observável de
outra forma fora do ritual. Um crucifixo cristão, um ícone ortodoxo russo
ou um tambor de fenda Yaka, no seu contexto ritual – seja público ou
privado – é uma expressão da vida interior de cada indivíduo que
participa nesse ritual. Pode-se dizer, portanto, que tais artefatos ligam
o eu e o transcendente (o “não eu”), agindo como instrumentos através
dos quais uma pessoa se torna, em certa medida, a personificação do
transcendente, como no caso de um relicário católico ou um Kongo
nkisi.
A crítica de arte Roberta Smith, na sua crítica da exposição "Baule:
Arte Africana/Olhos Ocidentais", observou que "o uso pretendido e o
significado de um objecto africano são centrais para a compreensão da
sua forma, por mais bela e auto-sustentável que seja a forma. pode
ser."59 A análise de Rowland Abiodun da forma longa, graciosa e cônica
de um seringueiro de adivinhação iorubá (iroke Ifa) em termos do
conceito iorubá de destino pré-natal (ori inu, literalmente "cabeça
interna") e a importância central disso O conceito nos ritos de adivinhação
de Ifá confirma a observação de Smith.'º Na arte africana, forma e
significado estão inextricavelmente relacionados, e o significado implica
um conhecimento do uso de um objeto.61
Seguindo a crítica de David Freedberg a uma teoria artística do
"formalismo" com referência às artes visuais da cultura ocidental
ture,62 Wyatt MacGaffey salienta que “os objectos de arte são mais do
que apenas objectos”; na nossa sociedade, as obras de arte têm um
“estatuto quase religioso... como encarnações do poder espiritual”;
fazendo do museu o “sucessor do templo municipal”.63
Mesmo assim, MacGaffey, que escreveu extensivamente sobre os
povos e a arte ritual do Congo, prossegue dizendo que “uma vez que
um objecto tenha sido apropriado como arte... o seu contexto original e
efeito visual não podem ser recuperados e podem ser irrelevantes”. ."
Na verdade, MacGaffey sustenta que “a cultura é intraduzível”.64
Certamente, quando um artefacto ritual, seja uma pintura de altar
medieval ou uma escultura de um santuário africano, “foi apropriado
como arte”; o próprio ato de apropriação serve para distanciá-lo e talvez
negar seu contexto e significado religioso e cultural, e assim impor-lhe
uma estética um tanto estranha.
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"de alguma forma;' uma vez que é evidente que o interesse de um artista
por considerações estéticas desempenha um papel significativo na criação
de tais objetos e permanece, se nem sempre transparente, pelo menos
perceptível para o espectador. Abiodun deixou bem claro que os artistas
iorubás estão preocupados com os assuntos de composição, com as
propriedades formais de uma escultura, e que uma escultura ou vestimenta
de contas revela o "olho para o design" (oju-ona) do artista, bem como a
"visão" (oju-inu) do tema da obra 0,65
Como as culturas não são facilmente traduzíveis, um estrangeiro não pode
saber prontamente o que uma pessoa iorubá, luba ou yaka vivencia na
presença de um artefato ritual. E, no entanto, um trabalho de imaginação
criativa parece capaz de transcender distâncias culturais e históricas. No
mínimo, exige que o levemos a sério como uma presença visual que possui
um poder informativo. Tem a capacidade de evocar em nós admiração,
talvez até admiração ou ansiedade, o que exige que olhemos repetidamente
e, na medida do possível, procuremos compreender a cultura que a gerou.
Freedberg observou: “As imagens funcionam [isto é, têm o poder de
significar] porque são consagradas, mas ao mesmo tempo funcionam antes
de serem consagradas”. com sua tigela ou um vaso-oráculo-rato Baule ou
uma figura Kongo nkisi , é a habilidade do artista que o faz - antes de sua
preparação e uso por um adivinho - que dá ao artefato ritual seu significado
conceitual. Nessas esculturas iorubá, luba, baule e Kongo, o conceito do eu
como um recipiente – uma corporificação – de poder é o tema subjacente.
Em todos os casos, a eficácia do objeto em transmitir esses ideais é o critério
último de sua qualidade estética e fornece a base para seu uso significativo
dentro de um ritual.
A figura nkisi talvez seja uma exceção, pois é um conjunto de vários
materiais acrescentados à forma esculpida pelo adivinho e por outras
pessoas ao longo do tempo. É a criação de muitas mãos, cada uma
contribuindo para o seu incrível poder visual e ritual. Outras obras de arte
em África têm uma história semelhante, evoluindo ao longo de muitos anos
e moldada pelas experiências de muitas pessoas. Numa análise de uma
exposição de arte budista do Tibete, o crítico de arte Holland Cotter observou
que "quando se trata de arte religiosa, o valor de um objecto deriva muitas
vezes menos da sua forma física do que da sua história: onde residiu, que
cerimónias realizou". esteve envolvido, quem o viu ou manuseou. Em muitos
casos, porém, seria difícil separar o conteúdo espiritual da forma estética.
O desafio que a arte escultórica africana apresenta a um museu de arte
ocidental é prender a atenção do espectador.
As exposições devem fazer com que o espectador se sinta um pouco
desconcertado com a recontextualização da arte africana num ambiente de museu.
ambiente que foi moldado pelas noções estéticas ocidentais e, até certo
ponto, pela missão colonialista de colecionar artefatos de culturas “exóticas”.
Ao mesmo tempo, as exposições de arte africana devem induzir um sentido
de envolvimento visual, a fim de levar o espectador a uma nova consciência
da habilidade, imaginação e sofisticação conceptual dos artistas africanos e
das tradições culturais em que viveram e trabalharam. Como a exposição
“Arte e Oráculo” revela claramente, a arte tem um poder informativo na vida
ritual dos povos africanos e, se observarmos com um olhar sensível, o poder
de informar
outros também.
20
Notas
1. Desejo expressar meu agradecimento a Alisa LaGamma e Lorenz
Homberger pelo convite para escrever este ensaio. Proporcionou a oportunidade
de aprofundar o problema dos estudos interculturais entre os povos de África
e de analisar mais detalhadamente a relação entre a arte e os rituais africanos
(ver também Pemberton 2000).
Abordar tais questões é ter de encarar até que ponto o pensamento
de alguém é informado pela sua própria situação cultural. Desde o
século XVIII, a tradição intelectual ocidental tem sido moldada
pelas disciplinas das ciências e por uma abordagem da arte em
termos de uma classe privilegiada de objetos separados para contemplação.
Estudar os sistemas africanos de adivinhação e a arte e os
artefactos rituais africanos é pôr em causa os nossos pressupostos
e procurar compreender de novo a natureza do conhecimento e a
definição da arte.
2. Max Weber, "A Psicologia Social das Religiões Mundiais;' em De Max Weber:
Ensaios de Sociologia, ed. EH Gerth e CW Mills
(Nova York: Oxford University Press, 1958), p. 281. Weber usou esta frase em
referência ao “núcleo do racionalismo religioso” – isto é, às teodiceias articuladas
pelas “religiões de salvação”; como o Budismo, o Judaísmo, o Cristianismo
e o Islão. Para Weber, era o que distinguia as religiões de salvação dos tipos de
religião "primitivos", cujas cosmologias implicavam uma pluralidade de referências,
uma multidão de espíritos e deuses para a explicação do sofrimento.
da salvação, há uma única “falha” que marca a humanidade, como na
declaração puritana “Na queda de Adão todos pecamos”; e há uma única
solução: o Caminho do Buda, a Lei no Judaísmo, Cristo no Cristianismo e o
Alcorão no Islão. A distinção de Weber entre os dois tipos de religião é
demasiado restritiva, revelando o seu conhecimento inadequado das religiões
para além das quatro. "religiões mundiais" e sua propensão intelectual
ocidental para pensar em termos de um único referente o que Jacques Derrida
chamaria mais tarde de "o hábito onto-teológico"
da mente. Os sistemas religiosos de África são muito mais complexos e mais
plenamente articulados do que Weber imaginava.
3. Griaule 1937; Geneviêve Calame-Griaule, Palavras e o Dogon
World (Filadélfia: Instituto para o Estudo de Questões Humanas,
1965/86), pp.
4. Evans-Pritchard 1937, pp.
5. Mary Nooter Roberts e Allen F. Roberts, "Memória em Movimento;' em
Memória 1996, pp.
6. Marc L. Felix, em Marc L. Felix, Charles Meur e Niangi Batulukisi, 100 Povos de
Zai're e Sua Escultura (Bruxelas: Zafre Basin Art
Fundação de Pesquisa Histórica, 1987), pp.
7. Roberts e Roberts, "Memória em Movimento"; em Memória 1996,
pp. 185-204.
8. René Devisch, "Adivinhação Mediúnica entre os Yaka do Norte
de Zafre", em Peek 1991, pp. 112-32.
9. Sónia Silva, “O Nascimento de um Cesto de Adivinhação”, em Chokwe! 1998,
págs. 100-1 140-51; Manuel Jordán, ''Arte e Adivinhação entre os Chokwe,
Lunda, Luvale e Povos Relacionados do Noroeste da Zâmbia", em Pemberton
10. Piet Meyer, “Adivinhação entre os Lobi de Burkina Faso”, em Peek 1991, pp.
11. Esmalte 1981, pp.
12. Abimbola 1976; Bascom 1969.
13. Louis Brenner, "Adivinhação Muçulmana e a História da Religião na África
Subsaariana;' em Pemberton 2000.
14. Arte do Guro 1985, pp. 23-26; Lorenz Homberger, "Onde o
O rato é onisciente: o oráculo do rato entre os Guro e os Baule; em
Pemberton 2000.
15. Paul Gebauer, Adivinhação da Aranha nos Camarões, Museu Público
Publicação em Antropologia no. 10 (Milwaukee, Wisconsin: Museu Público,
1964).
16. Baule 1997, pp. 221-25.
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17. Allen F. Roberts, "Decisões Difíceis, Atos Perigosos: Produzindo Potentes
Histórias com Tabwa Boiling-Water Oracle;' em Pemberton 2000.
18. Eliot Fratkin, "O Loibon como Feiticeiro: Um Samburu Loibon entre
o Ariel Rendezvous, 1973-87," África 61, no. 3 (1991), pp. 319-21.
19. Wyatt MacGaffey, entradas para os números de catálogo 64 e 65 em Kings
da África 1992, p. 31O; Marc L. Felix, Art & Kongos: Os povos Kongophones e sua
escultura Biteki Bia Bakongo (Bruxelas: Zafre
Centro de Pesquisa de História da Arte da Bacia, 1995), p. 36.
20. John Mack, "Contar e Predizer: Adivinhação e Arte Africana em
Perspectiva mais ampla;' em Pemberton 2000.
21. Platão, em seu Fedro (um diálogo entre Fedro e Sócrates), faz Sócrates falar de
"uma loucura que é um dom divino e a fonte das principais bênçãos
concedidas aos homens. Pois a profecia é uma loucura, e a profetisa em
Delfos e as sacerdotisas de Dodona, quando fora de si, conferiram grandes
benefícios à Hélade, tanto na vida pública quanto na vida privada, mas
quando em seus sentidos, poucos ou nenhum.
E eu também poderia lhe contar como a Sibila e outras pessoas inspiradas
deram a muitas pessoas uma indicação do futuro que as salvou da queda:'
Sócrates prossegue distinguindo entre "profecia, que prediz o futuro e é a mais
nobre ou artes, ... uma loucura inspirada" (e que, observa ele, só difere da
palavra grega para "loucura" por uma letra), e "augúrio"; em comparação com
a qual, "a profecia é mais perfeita e augusta... tanto em nome quanto de fato, na
mesma proporção que os antigos testemunham, [como] a loucura é superior a
uma mente sã, pois esta é apenas humana, mas o outro de origem divina."
Citado de The Dialogues of Plato, trad. e com análises e introduções de B.
Jowett, vol. 1 (New York: Macmillan and Co., 1982), pp. 396, 449-50. Ver
também Fedro, de Platão, traduzido e com introdução e comentários de R.
Hackworth (Cambridge, Eng.: Cambridge University Press, 1952), pp.
22. Evan M. Zuesse, "Adivinhação;' em A Enciclopédia de Religião, ed.
Mircea Eliade (Nova York: Macmillan, 1987), pp. 375-82.
23. Evans-Pritchard 1937, p. 69.
24. Ibid., pág. 70.
25. Ibid., pág. 75.
26. Ibid., pp. 352-57.
27. Ibid., pp. 359-74.
28. Jan-Lodewijk Grootaers, em carta ao autor, dezembro de 1999.
29. S. Terry Childs e Pierre de Maret, "Re/Constructing Luba Pasts;' em Memória
1996, pp.
30. William J. Dewey e S. Terry Childs, "Forjando a Memória;' em
Memória 1996, pág. 62.
31. Roberts e Roberts, "Memória em Movimento"; em Memória 1996, página 180.
32. Ibid., pág. 126.
33. Ibid., pág. 118.
34. Ibid., pág. 189.
35. Tanto homens como mulheres podem ser adivinhos Bilumbu. Adivinhadoras reais femininas
são referidos como Kifikwa. De acordo com Roberts e Roberts, as tradições
orais sugerem que, no passado, “as adivinhas eram mais comuns do que as
suas contrapartes: 'Embora hoje a maioria dos adivinhos Bilumbu sejam homens,
algumas são mulheres e são tidas em alta conta. Ibid., p. 187.
36. Ibid., pp. 189-94.
37. Ibid., pág. 195.
38. Turner 1975, pág. 217.
39. Roberts e Roberts, "Memória em Movimento:' em Memória 1996,
pp.182-85.
40. Devisch 1985; Devisch, "Adivinhação Mediúnica"; em Peek 1991; René Devisch, "O
Tambor Fenda e Imagens Corporais na Adivinhação Mediúnica entre os Yaka;' em
Pemberton 2000.
41. Devisch, "Adivinhação Mediúnica"; em Peek 1991, página 112.
21
42. Em todo rito de adivinhação, um elemento de dúvida está presente por parte do cliente.
Como Rosalind Shaw observou em seu estudo sobre a adivinhação Temne em
Serra Leoa, a adivinhação como um "processo de construção da verdade...
apresenta uma imagem da verdade como enigmática". Em contraste com
procedimentos divinatórios mais analíticos, muitas formas de adivinhação implicam
compreensão e resolução que dependem de um “ato intenso”.
de visão exigida do adivinho" e uma consciência por parte do suplicante de que
"poderoso conhecimento oculto" pode ter "conotações éticas ambivalentes:'
Shaw, "Splitting Truths from Darkness: Epistemological Aspects of Temne
Divination;' em Peek 1991, pp.
Mesmo nas consultas de Ifa, pode-se discutir assuntos de interesse com o
babalawo ou ignorá-lo, buscar uma segunda opinião fazendo com que Ifa seja
lançado novamente, ou ir a outro adivinho.
43. ZS Strother, "Cheiros e Sinos: O Papel do Ceticismo em Pende
Adivinhação;' em Pemberton 2000.
44.Turner 1975.
45. Devisch, "O Tambor Fenda"; em Pemberton 2000.
46. Ibidem.
47. Ibidem.
48. Ver Yorubá 1989, pp. 45-75.
49. A frase “401 orisa” é uma convenção iorubá que significa “muitos”; "um
abundância;' "uma infinidade" de divindades (orisa). É semelhante ao bíblico
uso do número quarenta para se referir a um longo período de tempo
(“quarenta dias e quarenta noites”). Existem vários orisa que são
bem conhecido em toda a Yorubalândia, mas mesmo esse número não é
fixo. Muitas vezes os orisa têm nomes diferentes em cidades diferentes e
entre as pessoas da mesma cidade. Veja John Pemberton, "Um Cluster
de Símbolos Sagrados: Culto aos Orixás entre os Igbomina Yoruba de
Ila-Orangun;' História das Religiões 7, não. 3 (1977), pp. 1-29; e
Karin Barber, "Como o homem faz Deus na África Ocidental: Yoruba
Atitudes em relação à Grisa:' África 51, não. 3 (1981), pp.
50. Abimbola 1975; Abímbola 1976; Abímbola 1977.
51. Abimbola 1977, pág. 24-2
52. Mack 1986; Mack, "Contando e Prevendo;' em Pemberton 2000.
53. Pierre Vérin e Narivelo Rajasonarimanana,”Adivinhação em
Madagascar: O Caso Antemoro e a Difusão da Adivinhação;' em Peek 1991, p.
54.
54. Mack, "Contando e Prevendo;' em Pemberton 2000.
55. Vérin e Rajasonarimanana,"Divinação em Madagascar", em Peek 1991, pp. 53-68.
56. Mack, "Contando e Prevendo;' em Pemberton 2000.
57. Ibidem.
58. Peek 1991, pp.
59. Roberta Smith, "Objetos maravilhosos que são muito potentes para serem
meramente exibidos", NewYork Times, 11 de setembro de 1998, p. B37.
60. Rowland Abiodun, "Objetos de Arte Ifa: Uma Interpretação Baseada na Tradição
Oral;' em Abimbola 1975; Abiodun 1981.
61. Falar de artefactos rituais africanos como arte é recontextualizá-los dentro de uma
estética pós-kantiana culturalmente legitimada de propriedades formais, como uma
classe de objectos postos de lado num museu ou colecção pessoal, ou estar consciente
da extensão que os artefatos rituais da África Subsaariana questionam tal percepção
estética.
62. David Freedberg, O Poder das Imagens: Estudos na História da
Resposta (Chicago: University of Chicago Press, 1989).
63. MacGaffey 1998, pp. 229-30.
64. Ibid., pág. 230.
65. Abiodun 1983, pp. 13-30; Aniversário de 1987, pp. 252-70; Arte Yorubá
e Estética 1991, pp.
66. Freedberg, Poder das Imagens, p. 98.
67. Holland Cotter, "Resquícios do esplendor tibetano, divino e íntimo;' New
York Times, 29 de outubro de 1999, página E38.
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Escultura Oracular: Instrumentos Figurativos de Adivinhação
1. Figuras para um
Adivinho do Trance: Casal
Baule, Costa do Marfim
Madeira, pigmento, miçangas, ferro; masculino: H.
55,4 cm (21¼ pol.); feminino: H.52,5 cm (20½ pol.)
Século 19-20
Museu Metropolitano de Arte, Nova York, Coleção
Memorial Michael C. Rockefeller, Presente de Nelson
A. Rockefeller, 1969 1978.412.390,.391
De uma perspectiva Baule, a experiência
humana evolui e permanece inextricável
fortemente ligado ao mundo ancestral (bialo)
- referido como "a aldeia da verdade" - que
controla e determina o destino dos vivos.
ing.1 Bialo afecta a qualidade das colheitas ou a
disponibilidade de caça, bem como o bem-estar físico
e a fertilidade dos membros da comunidade. As causas
e soluções subjacentes às dificuldades coletivas e
individuais
As culturas que surgem são transmitidas por adivinhos.
Esta informação é revelada a eles pelos deuses
oniscientes e ancestrais dentro de Blolo através
de vários métodos, como sonhos, danças
executadas enquanto em transe e vários
instrumentos divinatórios (incluindo um ativado
por ratos; veja gato no. 17).
Adivinhos Baule (komien) são indivíduos
que foram selecionados pelos espíritos da terra (asye
usu) como médiuns através dos quais importantes
insights podem ser transmitidos durante o estado de
transe. Qualquer indivíduo pode ser selecionado para
cumprir esse papel de vidente. Embora uma experiência
inicial desse tipo se manifeste invariavelmente como
uma posse dramática, o sucesso profissional exige um
aprendizado prolongado que pode durar anos. É
preciso aprender o sistema de áugures, invocações,
danças e cantos e desenvolver a habilidade
necessária para controlar o estado de consciência
através do qual os espíritos se comunicam. Ao ser
iniciado, um indivíduo formaliza um acordo com os
deuses, honrando-os através de sacrifícios e
observando um código especial de comportamento. Os
komien bem-sucedidos podem, em última análise,
alcançar renome e compensação financeira,2 mas não
têm política! autoridade por direito próprio.
Fundamental para a prática profissional de
um komien é a propriedade, seja por herança
ou compra, de artefatos exigidos pelos espíritos.3
Asye usu estão associados a áreas selvagens
indomadas - também conhecidas como
"o arbusto" - e vários elementos do
paisagem. Eles são concebidos como seres
grotescos cujo comportamento é errático e
imprevisível.' Os adivinhos encomendam obras
figurativas como forma de atrair a sua atenção e
tirá-los do mato e trazê-los para a aldeia. A
escultura é descrita como o “banco” do asye usu
porque o espírito a utiliza como ponto de
descanso.5
Tais obras representam figuras masculinas ou
femininas idealizadas em seu auge, que os asye usu
consideram formas desejáveis para habitar.'
Muitas vezes, um trabalho individual será
subsequentemente fornecido com um companheiro
do sexo oposto, aumentando ainda mais o seu
apelo e eficácia. Detalhes como postura, marcas
de cicatrização, ornamentos corporais e penteado
podem ser sugeridos ao adivinho pelo asye usu.'
Quanto mais elaboradas as características
ornamentais e decorativas de uma obra individual,
mais tempo foi investido na sua execução por um
escultor e maiores serão as despesas para o seu
proprietário. Os adornos corporais são
especialmente significativos porque conferem
aos selvagens e indisciplinados asye usu atributos
culturalmente desejáveis da civilização.
O casal elegante e refinado mostrado
aqui é especialmente bem sucedido em capturar
tal ideal. Suas figuras são esguias, com torsos
longos e pernas musculosas e levemente
flexionadas. Ambos refletem a mesma atitude
meditativa e tranquila da contemplação, com os
olhos fechados e as mãos apoiadas no abdômen.
Eles têm um design simétrico e fluido, e suas
características faciais são descritas com precisão
e grande atenção aos detalhes. As órbitas
oculares recuadas são acentuadas com uma
camada de caulim branco, refletindo a prática
dos adivinhos, que aplicam caulim nos próprios
olhos e lábios para capacitá-los a ver e ouvir os
espíritos enquanto estão em transe. Este
estado é induzido
através da exposição a representações
escultóricas deste tipo e de canções
acompanhadas pelo toque de um gongo de ferro
com um percutor elegantemente esculpido (ver cat. n.º 25).
pública de seu talento.10
A figura feminina é um pouco menor, com seios
finamente esculpidos que se estendem para baixo.
Seu torso é adornado com três pequenas pontas
elevadas no peito e uma coluna vertical de pontas
encimadas por várias listras diagonais.
Seu cabelo está arrumado em uma touca elaborada
com faixas sagitais com padrão de tranças
puxadas para trás em fileiras paralelas. Ela usa fios
delicados de miçangas em volta do pescoço
e quadris, e faixas de metal e fios de contas em
volta dos tornozelos. A figura masculina
23
escala ligeiramente maior é acentuada pela
maneira como seu cabelo foi penteado
em duas massas cônicas projetando-se de sua
testa e coroa. Suas características faciais
divergem daqueles de sua companheira através
da longa extensão vertical de sua barba. Os
adornos corporais incluem fios de contas em
volta do pescoço, quadris e tornozelos. Os pés
de ambas as figuras repousam sobre bases
circulares e estão cobertos por uma incrustação
de matéria sacrificial. De vez em quando,
ofertas sacrificiais de sangue são aspergidas nos
pés (mas quase nunca aplicadas no rosto, para
que o refinamento estético da obra não seja
prejudicado).'
Estas elaboradas esculturas figurativas
foram originalmente projetados para servir
como o principal recurso de um adivinho. O nível
de sua arte afeta diretamente a capacidade de
profetizar de seu dono , seduzindo os espíritos
da natureza e induzindo-os a divulgar insights
sobre a condição humana. Quando usadas pelos
adivinhos Baule, tais obras não apenas
lisonjeiam o asye usu , mas também contribuem
para o espetáculo teatral de um pronunciamento
público de uma revelação divinatória. Eles estão
alojados em um santuário na câmara de dormir
do adivinho e são exibidos com destaque
durante a realização de performances rituais,
a fim de impressionar a comunidade em geral.
Sua qualidade estética deslumbra os clientes em
potencial com o calibre e a sofisticação dos
instrumentos associados a um especialista
específico e anuncia o sucesso do adivinho como
intermediário com o mundo espiritual. O
entusiasmo da resposta do público em
Por sua vez, reforça o desejo do asye usu de ajudar as
pessoas. Conseqüentemente, os adivinhos prosperam
encomendando figuras superlativas como instrumentos
divinatórios, e isso lhes permite
os meios para adquirir obras adicionais de realização
ainda maior de artistas consagrados. A posse de
objetos extraordinários afeta diretamente a posição
profissional de um adivinho e melhora a percepção
1.Guerry 1975, pp. 138-44.
2. Ibid., pág. 159; Baulé 1997, pp. 224.225.227.
3. Baule 1997, p. 230.
4.Guerry 1975, p. 151; Baulé 1997, pp. 224.232.
5. Baule 1997, p. 332.
6. Ibid., pág. 230.
7. Ibid., pág. 231.
8. Ibid., pág. 234.
9. Ibid., pág. 232.
10. Ibidem.
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2. Estatuetas de Adivinhação
Senufo, Costa do Marfim
Século 19-20
da esquerda para direita:
a. Liga de cobre; A. 5,9 cm (2½ pol.)
Coleção Arnold Syrop
b. Liga de cobre; H,7 cm (2¾ pol.)
Coleção Brian e Diane Leyden
c.Liga de cobre; A. 6,9 cm (2¾ pol.)
Coleção Brian e Díane Leyden
d. Liga de cobre; H. 11 cm (4½ pol.)
Coleção Brian e Diane Leyden
e. Liga de cobre; A. 7,5 cm (3 pol.)
Coleção Brian e Diane Leyden Liga de
cobre; A. 4,9 cm (1½ pol.)
Coleção Arnold Syrop
g. Liga de cobre; A. 4,8 cm (11/ s pol.)
Coleção Arnold Syrop
h. Liga de cobre; A. 6,9 cm (2¼ pol.)
Coleção Brian e Diane Leyden
eu. Liga de cobre; H. 4,2 cm (1½
pol.) Brian e Diane Leyden
Coleção
j.Liga de cobre; A. 5,4 cm (2½ pol.)
Coleção Arnold Syrop
k. Liga de cobre; A. 3,9 cm (1½ pol.)
Coleção Brian e Diane Leyden
A fonte de conhecimento e poder divino dentro do
universo Senufo é Kolocolo, um Criador onisciente.1
Uma força distante meta
representado foricamente pela luz e pelo céu, este Ser
Supremo estabeleceu o equilíbrio de poder
compartilhado que os adivinhos devem negociar.
No início, os habitantes da Terra eram animais e
entidades imortais conhecidas como
madebele. Pouco depois da criação do
mundo, desenvolveu-se um conflito entre
Kolocolo e a madebele, que desafiou a
sua autoridade. Consequentemente, o
A maioria dos adivinhos de Senufo recebe seu trem
Criador revogou a imortalidade dos
madebele e baniu-os do firmamento, condenandocomo membros da Sandogo, uma poderosa
a sua
almas permaneçam invisíveis na terra. Ele deslocou
ainda mais o madebele criando seres humanos, que
se apropriaram de suas técnicas agrícolas,
instituições sociais e artesanato e os expulsaram da
aldeia.
e para o mato junto com os animais
-uma ruptura que está na origem de uma oposição
fundamental entre aldeia e mato. Até hoje, a
sociedade Senufo é em grande parte agrária, misturada
com escultores de madeira, fundidores de latão,
ferreiros e outros grupos de artesãos (todos os quais
também são grupos étnicos distintos), que viveram
entre os agricultores durante séculos e se tornaram um
parte integrante de sua cultura.2
Como resultado do exílio dos madebele, uma relação
tensa e volátil tem governado a sua interação com os
humanos desde então.
Fora dos limites da aldeia, a paisagem natural é
invadida por estes espíritos invisíveis do mato,
que povoam os seus cursos de água, montanhas
e até os campos cultivados pelos agricultores de
Senufo. Seres humanos desavisados continuamente
os perturbam inadvertidamente, provocando-os a
atacar com raiva. Dentro da sociedade Senufo, os
adivinhos
são delegados o papel de intermediários com a madebele
potencialmente hostil. Para acalmá-los eficazmente, os
adivinhos cultivam uma relação de respeito mútuo e
procuram induzi-los a agir como mensageiros do
mundo espiritual. Os adivinhos confiam
24
artistas para criar as obras necessárias para a
comunicação com o madebele e os artefatos que
servem como antídotos para seus
problemas dos clientes.
organização de mulheres que une líderes femininas
de vários lares de uma comunidade . Sandogo tem a
responsabilidade de manter boas relações com o
mundo espiritual e de supervisionar contratos sociais
importantes, incluindo diretrizes relativas à
descendência. Apenas um grupo seleto de seus
membros, entretanto, é capaz de se tornar Sandobele
(singular, Sando) – dedicando-se a dominar o
complexo sistema de sinais que deve ser interpretado
por adivinhos profissionais. A adivinhação também
pode se tornar a vocação de um indivíduo como
resultado de ter cometido uma ação que incita a ira de
um espírito do mato.
Sandobele são consultados por membros da
comunidade por muitas razões diferentes, desde o
desejo de realizar um desejo até a necessidade
para determinar a causa de uma doença ou
desastre natural. A técnica de adivinhação utilizada por
Sandobele depende da dose de interação com o
madebele. Os adivinhos fazem um
esforço especial para atrair as madebele , seduzindo-
as com um ambiente de trabalho de notável apelo
estético, cuja peça central é um par de estatuetas
(tugubele) que representam uma imagem idealizada
delas. O ritual de adivinhação é iniciado quando o
adivinho chama os madebele, que residem dentro das
estatuetas enquanto são interrogados.
As características particulares do tugubele
são determinados pelos madebele, que aparecem
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para o adivinho em seus sonhos. Ela os
descreve para um artista, cuja tarefa é então
capturar com precisão suas qualidades
essenciais na forma das estatuetas esculpidas;
às vezes, os detalhes são comunicados pelos
espíritos através dos próprios sonhos do artista.
Esse nível de precisão é altamente valorizado
pelo bele feito , e a intimidade do relacionamento
de um adivinho com seus parceiros espirituais
é medida pelo número de elementos
idiossincráticos, como desenhos de penteados
e marcas de cicatrização - que são incorporados ao
esses retratos idealizados.
Durante os primeiros anos da carreira de um
adivinho, essas obras são feitas de cobre
Liga. Eventualmente, Sandobele pretende adquirir versões
de madeira mais caras e impressionantes, com detalhes
ainda mais finos. Os tugubele genéricos mais baratos
vendidos no mercado representam o seu tema com
um mínimo de especificidade e são, portanto,
considerados os instrumentos divinatórios menos
eficazes. Os Sandobele, que conseguem encomendar
trabalhos mais chamativos e mais caros, geralmente
retêm também os menos refinados. Muitos adivinhos
também adquirem estatuetas gêmeas em miniatura
(ngaabele) feitas
de liga de cobre, por seu poder espiritual para atuar
como mediadores e efetuar grandes benefícios ou
danos. Na cosmologia Senufo, a importância do
equilíbrio de género é repetidamente enfatizada. A
prole do primeiro casal humano foi um conjunto de
gêmeos masculinos e femininos; da mesma forma, os
madebele são concebidos como pares masculinos e
femininos.
Tugubele exibe uma ampla gama de formal
possibilidades e um alto nível de inventividade, ambos
aparentes no grupo aqui apresentado. Esses
delicados e
miniaturas refinadas foram encomendadas para
encantar os olhos e transmitir a sabedoria e orientação
dos espíritos na resolução de uma variedade de
dos problemas enfrentados pelos membros do Senufo
comunidades.3 Esses trabalhos criam a
colaboração necessária entre o adivinho e o
madebele, e a sua pequena escala reflecte a
natureza íntima dessa relação.
Apesar do tamanho desses objetos, porém, os
artistas que os projetaram conferiram-lhes
as mesmas qualidades de elegância, equilíbrio
e proporção das mais finas obras monumentais
da escultura de Senufo. Ao fazê-lo, criaram
obras cuja beleza apelava ao madebele,
tornando-as assim oráculos eficazes.4
Em algumas dessas figuras, o humano
a forma foi reduzida a uma silhueta linear
ette, enquanto outros são muito mais
modelados, retratando figuras mudando seu
peso em posturas clássicas de contraposto ou
articuladas com detalhes anatômicos como
mamilos, umbigo, ombros e nádegas.
Apesar do grande sentido de licença artística
que incorporam, certas características estilísticas
básicas proporcionam um fio de continuidade.
Figuras masculinas e femininas são
invariavelmente representadas com os braços
apoiados nos quadris. Esta postura uniforme
proporciona um jogo de espaço negativo e
positivo entre o tronco e o contorno dos braços.
Da mesma forma, dentro das convenções de
simetria bilateral estabelecidas para figuras
gêmeas, a riqueza de soluções criativas é
extraordinária. Os artistas que fazem essas estatuetas dão crédito ao alto
nível de inovação aos espíritos do mato,
inspirando-os com imagens reveladas em
sonhos (dos adivinhos e/ou próprios).
25
Os madebele, enquanto residem em
as estatuetas direcionam o curso do tyeli, técnica de
adivinhação praticada por Sandobele.
Durante o tyeli, a cliente fica sentada de frente para o
adivinho enquanto ela examina um conjunto de
elementos díspares que ela coletou,
a maioria dos quais constituem sinais sugeridos
pelos espíritos que a guiam.5 Ela os sacode em uma
tigela e os joga diante do tugubele. Através da
configuração resultante dos objectos, os madebele
comunicam as suas percepções sobre a situação
sob investigação e, após averiguar a causa do
problema, dirigem a mão do Sando para um dos
objectos. Esse
O objeto transmite um significado simbólico particular
que determina um curso de ação específico que o
cliente deve tomar para resolver seu problema.
o problema dela.
Problemas discernidos através da adivinhação
e as medidas recomendadas para a sua resolução
são ambas referidas pelo termo yawiige, que significa
"algo que segue você:'A ação mais comumente prescrita
é encomendar ornamentos de latão, como
pingentes, pulseiras, tornozeleiras e anéis.
Estas, tal como as figuras tugubele , são da mais alta
qualidade estética possível, concebidas para agradar
ao madebele, e a sua arte e nível de acabamento
estão directamente relacionados com a sua
eficácia. Além de resolver conflitos descobertos
através da adivinhação, eles servirão posteriormente
para proteger o proprietário de todos os danos.
1. Veirman 1996, pp.
2. Glaze 1981, pp. xii, xiv, 4-6.
3. ibid., pág. 67.
4. Anita Glaze observa que “falar é de fato um dos dois
propósitos principais da escultura de figuras no
pensamento do próprio Sando [adivinho]; o outro é o
aprimoramento visual.
Porque eles 'falam; a escultura madebele
podem ser corretamente chamados de oráculos. Seu principal
A importância é o seu papel como porta-
vozes ou mensageiros dos seres no mundo
sobrenatural." Ibid., pp. 67, 69.
5. A coleção de objetos de um adivinho Sando é
normalmente armazenada em uma cesta grande com tampa. é
composto por uma variedade de elementos,
incluindo símbolos em miniatura que evocam
atividades essenciais na vida da comunidade
nidade e equipamento usado em adivinhação também
como símbolos mais abstratos e matéria natural
como sementes ou cascas. Os elementos também são
adicionado para melhorar a qualidade estética do
conjunto e para "camuflar o conjunto básico
do cliente e impedir a sua compreensão da técnica."
Ibid., pp. 64, 66.
Machine Translated by Google
3. Figura do Adivinho:
Equestre (Syonfolo)
Senufo, Costa do Marfim
Madeira, tinta; A. 19,7 cm (7¼ pol.)
Século 19-20
Museu Rietberg, Zurique RAP 318
Estatuetas de madeira Senufo e liga de cobre
que retratam guerreiros equestres, como o mostrado
aqui, não são componentes essenciais de um kit
de adivinho Sando (ver cat. no. 2).
Em vez disso, constituem tributos artisticamente
realizados ao sucesso profissional dos adivinhos
que os encomendaram.1
A beleza deslumbrante destas peças de prestígio,
conhecidas como tana (forros "ornamentais" que
contribuem para um efeito espectacular e
ostentoso), amplifica a eficácia do conjunto básico de
instrumentos da adivinha, aumentando a sua
capacidade de atrair o interesse da madebele .
e favor.2 Como apenas os adivinhos mais bem-
sucedidos podem se dar ao luxo de contratar
os melhores escultores para criar tais obras, sua
propriedade e exibição, por sua vez, indicam à
comunidade em geral que o adivinho alcançou
um nível excepcional de competência profissional.
Nesta representação de um guerreiro montado
no seu corcel, a dualidade do motivo é subestimada
visualmente através da interpretação dinâmica do
artista : numa composição harmoniosa que reduz
consistentemente os traços a forros essenciais, o
cavalo e o cavaleiro distinguem-se um do outro
através de uma tensão mal produzida pela
justaposição da angularidade acentuada da figura
humana com o tratamento retilíneo do cavalo. A
guerra
A parte superior do corpo de rior é composta por uma
série de características que se estreitam em pontas
afiadas: no topo está a crista sagital que coroa o
4. Figura Oráculo
(Kafigeledjo)
Senufo, Costa do Marfim
Madeira, ferro, osso, fibra tecida comercialmente,
material orgânico; H. 82,6 cm (32½ pol.)
Século 19-20
Metropolitan Museum of Art, Nova York, The
Michael C. Rockefeller Memorial Collection, presente
do Sr. e Sra. Raymond Wielgus, 1964 1978.412.488
carreiras, figuras
equestres como esta
um é sinônimo de
eficácia espiritual.'
Referido como “senhor do
cavalo” (syonfolo), esta
imagem de força marcial
sugere um poder
formidável.
Entre Senufo
mais velhos, o
motivo evoca memórias
de invasores
montados de territórios
distantes -
principalmente os
povos Djula do norte - cujos
força superior
causou devastação
sobre os habitantes
locais durante o final do
século XIX e início do
século XX.
O caráter estrangeiro da
imagem complementa o
outro
mundanismo do
madebele, enquanto o
cabeça, e abaixo dela a boca alongada, os seios e A confiança garantida com que o cavaleiro guia
abdômen salientes e um braço dobrado no cotovelo. seu cavalo e carrega seu armamento alude à
Em contraste, o cavalo é essencialmente uma habilidade do adivinho. Não é um mero aes
massa horizontal com uma série de apêndices Floreio artístico ou item de luxo esotérico, este
verticais em forma de bloco: a cabeça pendurada, suplemento às ferramentas essenciais de um
dois elementos de apoio nas pernas e uma adivinho faz uma declaração visual poderosa,
cauda. No ponto visual de intersecção entre cavalo evocando a dinâmica de poder e sucesso na
e cavaleiro, entretanto, eles são unificados, onde sociedade Senufo.
a mão esquerda do cavaleiro é mantida espalmada
ao longo do flanco do cavalo. Isto acentua a
1. Esmalte 1981, p. 720.
fusão completa da parte inferior do corpo da figura
2. Anita Jean Glaze, "Ornamento Senufo e
com o cavalo.
Artes Decorativas," Artes Africanas 12, no. 1
Como emblemas do sucesso profissional (1978), pág. 63.
adquirido pelos adivinhos no auge de sua 3. Arte do Senufo 1988, p. 85.
Uma criação híbrida que está fora do reino de ismo das obras de adivinhação de Senufo Sando
qualquer coisa reconhecível na natureza, esta figura (ver cat. nos. 2, 3), eles personificam claramente
de oráculo provoca deliberadamente ansiedade uma antiestética selvagem e perturbadora.
através do seu anonimato encoberto e da sensação A adivinhação Kafigeledjo é usada para descobrir
de sufocamento e aprisionamento que sugere. delitos, falsos testemunhos e culpabilidade.
Tais obras e a prática ritual em que são utilizadas Tal como a técnica de adivinhação tyeli
são conhecidas como kafigeledjo, um termo que é praticada por Sandobele (ver cat. no. 2), esta
traduzido de várias maneiras como "aquele que fala busca da verdade procura, em última análise,
a verdade"; "diga a verdade;' ou "dizer coisas preservar e defender as diretrizes sociais Senufo
verdadeiras". As figuras dão representação visual a relativas à descendência. Fá-lo revelando
espíritos invisíveis da floresta e funcionam como comportamentos ilícitos e punindo com sanções
dispositivos de adivinhação.1 Em contraste com sobrenaturais aqueles que violam regras relativas
o sublime ser humano a relações sexuais proibidas.
26
Machine Translated by Google
e casamento exogâmico. A figura kafigeledjo está
escondida dentro de uma pequena cabana e,
embora tenha o potencial de afetar todos os
membros de uma comunidade Senufo, o acesso a
esta figura do oráculo é restrito aos homens mais
idosos mais esclarecidos e, ocasionalmente, aos
membros femininos. Esses anciões ocupam
posições de liderança, como iniciados no mais
alto nível de conhecimento esotérico transmitido pela
Poro, a associação de iniciação dos homens
Senufo. Poro e seu homólogo, Sandogo
(associação de mulheres de Senufo), funcionam
como um sistema de governo e supervisionam
a educação religiosa e todas as práticas rituais.2
Kafigeledjo tem a reputação de ter sido um
instrumento de tais elites em toda a
sociedade Senufo no passado, mas mais
recentemente tem sido a província exclusiva
dos escultores de madeira Kulebele, um
subgrupo de artesãos Senufo na região de Korhogo.' sua vida. É impossível afirmar se as figuras de
Kafigeledjo é, portanto, uma força formidável kafigeledjo influenciaram o figurino dos dançarinos do Fila
exercida pelos líderes Kulebele para distinguir a
sua herança e preservar os interesses
especiais dos seus constituintes.4 Para
Para aproveitar seu poder e operá-lo com
sucesso, esses líderes estabelecem seu
compromisso por meio de sacrifícios
rituais, que cobrem desigualmente a superfície
da figura do oráculo com matéria crocante. Um
macacão folgado feito de tecido de fibra grossa
(provavelmente estopa) expõe apenas os pés da
representação figurativa interna; acima do
pescoço , onde a roupa é apertada firmemente
3. Arte do Senufo 1988; Dolores Richter,
por um cordão - o tecido se espalha em uma direção invertida.
cone. As mangas estão vazias e pesadas por
apêndices amarrados a elas com cordão: no
lado esquerdo da figura, um osso de um grande
pássaro, e à direita, uma forma de gancho feita
de ferro (uma foice?), que se estende até o
chão .' A cabeça da figura é coroada por uma
fileira de penas intercaladas com espinhos de
porco-espinho. Nas costas da figura, dois
pacotes de materiais orgânicos estão suspensos
por uma corda atada, dando a impressão de
pesar a figura. O efeito de engolir a figura num
saco têxtil confunde as fronteiras entre material
e imaterial
rial, brincando com a ambiguidade entre forma
obscurecida e revelada.
Os detalhes sobre o uso das figuras kafigeledjo
estão envoltos em segredo. Além disso, não existe
documentação que forneça descrições de como
essas obras funcionavam ou eram fisicamente
manipuladas. Além de identificar o seu papel
divinatório e o sentimento de intimidação
que inspiram, os comentários também não
conseguem elucidar o significado do aparecimento
do kafigeledjo . Num nível puramente
descritivo, seu design se assemelha àquele
de Fila, um gênero de fantasia de máscaras
Senufo encontrado em toda a região de Kufolo.
O termo fila é literalmente "pano pintado com tinta ";
um tecido estampado associado à adivinhação
made bele e Sando.' Ao realizar o baile de
máscaras, conhecido como " mascarado de
pano de adivinhação" ou " mascarado de amuleto",
um dançarino Fila usa o estilo saco de tecido de
uma maneira que lembra o traje de
kafigeledjo . Subjacente a esta afinidade formal, o
design e o simbolismo de ambos representações
são ditadas por sistemas locais de adivinhação. As
máscaras de Fila são encomendadas como parte
da prescrição de um adivinho Sando para uma
cliente do sexo feminino, para aplacar
27
espíritos do mato ela pode ter ofendido. Ela
deve arranjar alguém para atuar
silenciosamente como dançarina Fila em
funerais como forma de oferenda pelo resto de
ou vice-versa. Seja qual for a origem das
imagens, até certo ponto elas podem ser
consideradas inversões uma da outra: uma
representa uma força selvagem que foi subjugada.
e aproveitada como um meio de revelar e punir
transgressões, enquanto a outra incorpora um
apelo esperançoso dirigido a tal entidade para
que a harmonia social e espiritual seja
restaurada.
1. Arte do Senufo 1988.
2. Esmalte 1981.
Arte, Economia e Mudança: O Kulebele
da Costa do Marfim Norte (La Jolla,
Califórnia: Psych/Graphic Publishers, 1980).
4. Richter, Arte, Economia e Mudança, p. 57.
5. Na maioria das figuras kafigeledjo , ambos os
apêndices são feitos de madeira, em vez de
osso ou ferro, mas é típico que um deles seja
curvo, como neste exemplo.
6. Esmalte 1981, pp .
5. Figura da Sociedade Yassi:
Figura Feminina com
Base de Bandeja
Sherbro, Kanwo, Chefe Sitwa , Sherbro
Ilha, Serra Leoa
Madeira; 45 x22 cm (17¼ x B½ pol.)
Século 19-20
Museu de
Arqueologia e Antropologia, Filadélfia
37-22-279
Em muitas culturas onde hoje é a Serra Leoa, o
termo "medicina" tem sido historicamente utilizado
para caracterizar o poder e o conhecimento
controlados por membros de diversas sociedades
secretas. Tal
os grupos estabelecem regras de conduta
social, que a garantia dos “medicamentos” serão
respeitadas. A sua eficácia na aplicação de sanções
deriva de um agente espiritual que
devem ser invocados para tornar seus
ingredientes eficazes .
De acordo com a crença Sherbro, todas as mortes
e doenças, exceto aquelas causadas por causas óbvias
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violência, são atribuídos a “remédios ”
potentes ou à feitiçaria, activados quando
uma regra de conduta determinada por um
“remédio” é violada. Embora a maioria dos
"remédios" tenham como objetivo causar
ferimentos ou morte, cada um tem um
antídoto, que só pode ser aplicado na
presença do agente ou pessoa que o
contraria.1 Conseqüentemente, quando o
indivíduo cair , ele consultará um adivinho
( então não) para determinar qual "remédio" causou sua doença. Para ser tratado
para sua doença, eles devem finalmente
comparecer diante do “remédio”; confessar
uma transgressão e fornecer compensação.
Um desses "remédios" especialmente potentes ;
ou força espiritual, já esteve no centro de
a sociedade Sherbro Yassi. Yassi foi historicamente
ativo nas comunidades Mende e Sherbro. Seu
equivalente na cultura Mende, Njayei, foi
caracterizado como uma associação preocupada
com a cura de certos
condições mentais , bem como a propagação da
agricultura! fertilidade. Os membros eram seletivos,
predominantemente femininos e, segundo alguns
relatos, incluíam aqueles para quem o "remédio"
fortalecedor aparecia em sonho.2 No ápice de
sua hierarquia de liderança, o chefe supremo era
conhecido como Behku Mama. O próximo em
importância foi Yamama, seguido por uma classe de
oficiais de alto escalão com o título Kambeh.
Esta figura lindamente esculpida coletada
por Henry Usher Hall durante sua expedição
de 1936-37 à Ilha Sherbro para o Museu
de Arqueologia e Antropologia da
Universidade da Pensilvânia - foi concebida
como uma sibila serena para servir como
médium espírita para uma força que não
tem forma conhecida e definida. Uma
sacerdotisa tranquila e silenciosa , ela
forneceu insights sobre a má conduta
humana passada e a chave para a
redenção futura em resposta a perguntas
feitas em nome dos suplicantes. O
desenho diferenciado da obra integra uma
figura feminina e um recipiente medicinal
em uma composição unificada . Representada
da cintura para cima, com as mãos
entrelaçadas abaixo dos seios, a figura
parece levitar sobre a superfície da bandeja.
Apesar de sua qualidade etérea , ela incorpora
os ideais Sherbro de refinamento cultivado e
feminilidade saudável e madura através
de seu penteado elaborado, pele luminosa e pescoço longo com
figurativa,
indica que tal trabalho foi colocado como guardião
na frente do compartimento
dentro da capela de Yassi onde o “remédio” era
guardado. A estrutura Yassi funcionou como centro
de tratamento para aqueles
afligido pelo “remédio”, e sua presença era diferenciada
na comunidade por uma marca registrada de
manchas brancas, pretas, amarelas e marrons .
Tais obras foram retiradas do
capela de Yassi e levada ao alto em procissões
públicas para celebrar a iniciação de novos
membros e para comemorar
avaliar a morte de um membro. "Quando
membros recém-iniciados são apresentados ao
público;' observou Hall, "uma das Kambe[h]
lidera a procissão carregando a figura na cabeça.
Porções do ' remédio Yassi ' são colocadas na
tigela."'
Embora Hall simplesmente tenha enfatizado
suas associações terapêuticas , um comentarista
anterior sobre o uso da escultura de Yassi ,
TJ Alldridge descreveu-o como tendo uma função
div inatória, na qual atuava como mediador espiritual
para o “ remédio”.
Para Alldridge, a força intangível Yassi interagiu
com seus zeladores por meio dessa porta-voz
anéis
a quem pronunciados.
ele se referiu Documentação de 7.
Hall
Hart 1984, pp .
28
conhecido como "Minsereh".' Nessas
ocasiões, os Yamama ou Kambeh
interrogavam a representação escultórica
para estabelecer se o " remédio" Yassi tinha
sido responsável pelo problema de um
indivíduo. Para assumir o papel de intérprete ,
a figura foi ungida com o "remédio". O
O oficial Yassi segurou então a figura ao
nível da cintura com ambas as mãos e fez
perguntas sobre a doença do indivíduo. Isto
foi resolvido através de inquéritos sobre
se o indivíduo poderia ter violado alguma
forma de costumes sociais de Yassi. A figura
sinalizou respostas negativas através de
inclinações graduais em direção ao peito do
funcionário e concordou permanecendo imóvel.'
Para além do contexto destas consultas, as
figuras também pretendiam comunicar com
os líderes de Yassi através de sonhos.
Uma obra como esta, além de funcionar
como insígnia pública de uma sociedade
Yassi e como metáfora visual do indivíduo ,
é investida dos poderes da “ medicina”;
permitiu à comunidade Sherbro ter um ponto
de contato concreto e tangível com esta
força intangível. Outras tradições escultóricas
regionais separadas e distintas refletem uma
dinâmica comparável entre os
"medicamentos", aqueles que têm
conhecimento de suas propriedades e
membros da comunidade . Ambos As
sociedades de iniciação feminina Sherbro e Mende têm corpo
representações de figuras femininas que
ficam ao lado do “remédio” na capela e são
trazidas e expostas em ocasiões públicas .'
Tais obras apresentam uma estética feminina
idealizada semelhante , sugerindo uma
conexão poderosa entre a beleza
transcendente e a mediação espiritual.
1. Salão 1938, p. 11.
2. Pequeno 1951, p. 240.
3. Hall, citado em Hart 1984, p. 85.
4. Alldridge 1901, pp .
5. WA Hart sugeriu que quando Alldridge
perguntou sobre o assunto de tais
representações e elas foram descritas a ele como
min (o termo Sherbro para"espírito"), ele
entendeu mal min si le ("os espíritos") como um
nome própio. Em contraste, Hall usou o termo
"Kambe[h]", que também é o nome do
Oficial Yassi que parece ter sido designado para
interagir com a escultura mais
extensivamente. Hart 1984, pp .
6. Alldridge 190l, pág. eu 48.
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6. Figura
Mora na Nigéria
Madeira, matéria orgânica; H. 99 cm (39 pol.)
Século 19 a 20
Fundação Beyeler, Riehen (Base/)
Os escultores do vale do rio Benue, na Nigéria,
criaram uma ampla gama de variações da
concepção ousada da forma humana
representada nesta peça. Embora o papel
originalmente desempenhado por tais obras
não esteja documentado e, portanto, permaneça
obscuro, o principal papel atribuído a
eles são como um arade. As obras escultóricas
de Mumuye, cuja escala varia de 20 a 160
centímetros, parecem ter sido implantadas
para uma variedade de necessidades, incluindo
adivinhação, cura e proteção.'
De acordo com Jan Strybol, a escultura
figurativa aumentou a influência e a reputação
dos líderes e especialistas religiosos na sociedade
Mumuye, intensificando os seus esforços
para prever o futuro, curar os doentes e fazer
cair chuva.2 A sua interacção com
desses instrumentos figurativos é caracterizado
como um diálogo estimulado pelo manuseio
físico. Segundo alguns relatos, a aplicação de
substâncias como o suco da planta Gadele no
rosto da figura pode servir como catalisador
para ativar seu poder de comunicação. Quando
manipulada durante os julgamentos judiciais,
a figura pode julgar a veracidade do testemunho
prestado, e a sua maior consciência permite-lhe
identificar criminosos.'
Na abstração figural dinâmica
mostrado aqui, a forma colunar atenuada
do torso constitui a fea dominante
cultura. Dentro dos seus limites, um jogo lírico de
espaço negativo e positivo desdobra-se em torno
do eixo vertical enquadrado e circunscrito
por apêndices corporais. No topo, a cabeça em
forma de capacete inclui duas
cristas sagitais flanqueadas por extensões laterais.
A única característica facial que ganha forma
aqui é o orifício aberto da boca.
A superfície lisa e polida do torso é
minimamente articulada através de mamilos
finamente desenhados e um umbigo cônico
que se projeta ousadamente esculpido em relevo.
Os ombros são representados como uma massa
contínua que se estende até longos braços
laterais, dobrados na altura dos cotovelos;
os antebraços estendem-se em direção à frente,
terminando nas massas abreviadas das mãos
ao nível da pelve. Nesta conjuntura, a parte
inferior do corpo, constituída por um elemento
horizontal que une pernas robustas a joelhos
acentuados , ecoa as passagens dos ombros e
da cabeça. Uma sensação de vitalidade e
uma sugestão de movimento oscilante são
introduzidas no design através de
modulações sutis da simetria bilateral.
Isso inclui o ângulo ligeiramente mais alto do
braço e o deslocamento do peso para o lado
esquerdo da figura.
Esta escultura monumental está
intimamente relacionada em forma com uma da
coleção do Metropolitan Museum of Art, atribuída
por Arnold Rubin por motivos estilísticos ao
centro de escultura de importância regional de
Pantisawa.4 Embora os escultores normalmente
não gozem de posições de privilégio na
sociedade Mumuye, o trabalho dos melhores
escultores é realizado de forma suficientemente
29
consideramos que a sua reputação perdura
para além da sua vida.5
1. Arnold Rubin, entradas para gato. não. 91 e 92
em Para Espíritos e Reis: Arte Africana da
Coleção Paul e Ruth Tishman, ed.
Susan M. Vogel, ex. gato. (Nova York: O
Museu Metropolitano de Arte, 1981), p. 155.
2. Jan Strybol, "Les Mumuye;' em Artes do
Nigéria: Coleção do Museu de Artes
África e Oceania (Paris: Reunião de
Museu Nacional, 1997), pág. 239.
3. Philip Fry, 'Ensaio sobre a estátua de Mumuye;'
Objetos e Mundos 10, não. 1 (1970), pág. 27.
4. Rubin, em Para Espíritos e Reis, p. 155.
5. Fry, “Ensaio”, p. 27; Strybol, "Les Mumuye",
pág. 279.
7. Figura Feminina (Kosi)
Lumbo, neblina
Madeira, vidro embutido, barbante, metal; A. 39,4 cm
(15½ pol.)
século 19
Museu de Arte de Cincinnati, Compra do Museu:
Coleção Steckelmann, presente por assinatura
especial 1890.1545
Na região do rio Ngounie, no sul do Gabão,
indivíduos que sofrem de doenças crónicas
Problemas que não são facilmente resolvidos
através de prescrições médicas comuns são
geralmente percebidos como vítimas de agressão
mística. Nesses casos, os membros da família
recorrem a um especialista em adivinhação,
conhecido como nganga kosi, para ajudar a aliviar
o problema. Para determinar a identidade do
culpado e a retribuição exata, eles usam um
instrumento chamado kosi.1 A introdução
A produção de kosi como força de investigação
na região é atribuída aos povos Nzebi,
Massango e Mitsogho. Existe uma variedade
extraordinária de kosi em uma ampla variedade
de formas, incluindo um geme de kosi figurativo ,
do qual esta obra é um exemplo.2
São formas escultóricas que sofreram uma
transformação (oukalousse) realizada por um
nganga.
Kosi figurativos são retratos de espíritos
contidos na própria escultura. As definições
conceituais locais de tais obras enfatizam
a importância da capacidade do artista de
evocar qualidades realistas inspiradas em assuntos
específicos. Um nganga pode encomendar a
escultura como uma manifestação física da
essência de algum indivíduo, ou força vital, que
ele capturou para ajudá-lo a reunir informações
a fim de resolver um problema.
Machine Translated by Google
problema. Alternativamente, o kosi pode representar uma
vítima cujo caso está sob investigação.
O facto de as mulheres serem mais frequentemente objecto
de kosi reflecte a percepção comum de que são
especialmente vulneráveis
a serem controlados ou vitimizados por membros das suas
famílias alargadas. Mulheres de
A beleza sedutora apresenta temas especialmente desejáveis,
uma vez que os kosi também funcionam como artifícios ou
armadilhas (diele), cujos poderes magnéticos atraem
irresistivelmente os culpados.
O assunto de tal representação é
misticamente dirigido pelo nganga, que o envia em
missões, permitindo-lhe buscar a justiça independentemente
das distâncias geográficas envolvidas. Tanto o artista quanto
o
As contribuições do nganga para as suas propriedades
básicas reforçam-se mutuamente de maneiras essenciais.
Enquanto o artista se preocupa em alcançar uma semelhança
convincentemente realista, o nganga que o possui confere-lhe
uma essência dinâmica.
Esta figura feminina elegantemente equilibrada era
ao mesmo tempo o mais sofisticado de um adivinho
agente investigativo e um retrato de beleza
idealizada. Renderizado com extremo
naturalismo, seus traços são articulados com
tradição mais ampla à qual essa figura
precisão exata dentro de seus contornos suaves e fluidos.
A figura é amplamente aprimorada através de pertencia chegou ao fim logo depois. A
formas clássicas de ornamentação corporal
do século XIX que não estão mais em uso.
Estes incluem um penteado ornamentado
em forma de capacete que emoldura o rosto,
coroado por uma crista sagital proeminente,
bem como marcas de cicatrização facial e
corporal . Os motivos de losangos aparecem
na testa, nas têmporas e na barriga, coleções ocidentais de hoje, uma gama diversificada de joias
enquanto duas fileiras de V se estendem pelo peito. Ofigurativas parece ter existido. Evidências sobreviventes
A postura graciosa da figura, com os joelhos
dobrados, os braços longos e delgados
estendidos para baixo e as mãos segurando
cabaças medicinais , sugere que a artista a
retratou dançando . .
Coletado no final de 1800, este trabalho
foi adquirida por Carl Steckelmann de Columbus,
Indiana, um agente de uma empresa comercial
inglesa.
1. Alisa LaGamma, "A Arte do Punu
Máscara de 'Mukudj': Retrato de um
Sociedade Equatorial" (dissertação de doutorado, Columbia
Universidade, 1996), pp.
2. Foram criadas obras escultóricas neste estilo
em toda a região por pessoas culturalmente relacionadas
grupos categorizados desde o colonialismo como
etnicamente distintos. Consequentemente, várias
atribuições foram usadas no passado pelos ocidentais.
historiadores da arte em suas tentativas de classificá-los.
Estes incluíram "Lumbo", "Massango",
"Rio Ngunye;' e "Shira Punu." O termo
"Shira Punu", proposta por Leon Siroto em
African Spirit Images 1976, baseia-se
estudos linguísticos regionais para reconhecer um
tradição cultural relacionada compartilhada por Eshira,
Povos Lumbo, Massango e Punu.
8. Figura
Hungaan, República Democrática do Congo
Madeira, chifre, vagem, cordão; H. 40 cm (15¼
pol.) Século XIX
Museus Estatais em Berlim, Prússia
Bem cultural, Museu do Folclore
III C3310a-b
Originalmente capacitado por um especialista
em rituais Hungaan, este trabalho é a forma
escultural mais elaborada do gênero já
preservada no Ocidente. Foi coletado em
1886 por Richard Kund e Hans
30
Tappenback, os primeiros europeus a cruzar
a região de Kwilu; nenhuma documentação de
seu uso naquela época foi registrada, e a
função ritual precisa desta obra é
desconhecida, mas, geralmente, a escultura
figurativa na sociedade Hungaan está
associada a especialistas em rituais (nga)
especializados em proteção, cura e adivinhação.
Embora não existam dados contextuais extensos
sobre quaisquer artefatos escultóricos Hungaan nas
indicam que havia uma relação próxima entre os líderes
Hungaan e a nga, e que tais obras eram administradas por
eles em conjunto
para promover a fertilidade, o bem-estar e a longevidade
de suas comunidades. Uma autoridade familiar (leme)
atuou como guardiã de uma série de símbolos de linhagem
carregados de poder, incluindo esculturas figurativas,
criadas e ativadas por especialistas especializados com a
ajuda de
dos antepassados.1 Da mesma forma, os chefes e chefes das
aldeias passaram por uma iniciação durante a qual
adquiriram conhecimento dos mais velhos e especialistas em
rituais e tornaram-se zeladores de obras ritualmente
consagradas em nome dos seus constituintes.
Os especialistas em rituais eram homens ou mulheres
membros das mesmas linhagens que produziram
chefes e chefes que estavam sob
seguiram as iniciações prescritas, permitindo-lhes
satisfazer uma variedade de necessidades essenciais.
Algumas dessas especializações eram de natureza
protetora ou melhoravam a qualidade de vida, enquanto outras
garantiam o sucesso.
vêm de atividades como caça e guerra. Os acusados
de adivinhação eram chamados de nganga ngomo. Os Nganga
kiluba eram especialistas em adivinhação que denunciavam
mentirosos e ladrões, usando estatuetas masculinas e
femininas junto com um pote de barro como instrumentos
de detecção. Estatuetas em miniatura, na escala íntima
daquelas anexas a este trabalho, estão associadas a
especialistas em fertilidade ritual conhecidos como nganga
bilele.2 Estatuetas consagradas com caulim e sangue,
conhecidas
como os minkonki, ajudavam indivíduos comuns na
preservação de propriedades e eram usados como
amuletos de proteção por mulheres e crianças,
pendurados em contextos domésticos ou presos a postes
nos campos. As esculturas rituais eram frequentemente
armazenadas colectivamente numa estrutura de
santuário cuja sacralidade era indicada por uma ou mais
obras figurativas maiores acompanhadas por um conjunto
de materiais poderosos expostos numa plataforma exterior.
Machine Translated by Google

Tal como nas tradições relacionadas do Congo, navio está equilibrado no topo
a cabeça.
obras como a figura aqui mostrada foram activadas de

acordo com regras e prescrições específicas .» Em Na sua representação de um centro

sua combinação de uma figura central em grande protagonista profundamente imerso no

escala e acessórios de estatuetas em miniatura pensamento e servindo de âncora

para uma multidão de outros, esta
no mesmo estilo, este exemplo parece ter sido criado tanto
obra alude a um ideal de harmonia e
para o bem público quanto para necessidades mais

pessoais. equilíbrio, em direção ao qual os

membros da
de indivíduos. O uso de linhas fortes e amplas para
definir a forma humana é partilhado por outras tradições A sociedade Hungaan aspirava.

regionais, como as Quaisquer que sejam as necessidades

dos Mbala, Suku e Yansi.' específicas que possa ter abordado, o

Fazendo analogias com vizinhos seu tema mais amplo é a relação entre os

tradições, foi sugerido que as estatuetas suplementares líderes espiritualmente iluminados e os

podem ter fornecido um meio de conferir o poder da figura especialistas que os aconselharam e

central aos pacientes individuais de um especialista.5 apoiaram , bem como a divulgação dos
seus conhecimentos .
Dez dessas estatuetas estão suspensas por uma corda

amarrada no pescoço da figura principal, junto com um experiência para indivíduos que necessitam.

chifre de animal e um grande sino de madeira,

obscurecendo a forma arredondada do seu

1. Daniel Biebuyck, As Artes do
estômago. Num distinto gesto contemplativo, as mãos Zaire, vol. 1: Southwestern
das figuras são levantadas até à boca, apoiando o Zai're(Berkeley: University of
queixo e fundindo-se com os lábios. O cabelo está penteado California Press, 1985-86),
pp. 154-55.
com um penteado tradicional composto
2. Ruth Engwall, citada em ibid.,
pág. 158.

3. Biebuyck, sudoeste de Zai're,

de uma crista sagital alta e duas laterais que se estendem págs. 153, 155.
pelas costas, e uma crista colunar 4. ibid., pág. 157
5. Ibid., pág. 158.

associada à revelação moral. Um nkisi

9. Nkisi Nkondi: Na cultura do Kongo, o altamente complexo,
instrumentos sofisticados conhecidos como O objetivo principal de nkondi era perseguir e expor
Feliz minkisi (singular, nkisi) proporcionaram aos adivinhos bruxas, ladrões, adúlteros e outros malfeitores.'

poderes extraordinários de percepção. Os Minkisi são Especialistas em rituais conhecidos como banganga
Yombe, República Democrática do Congo
compostos e operados pela intelectualidade do Congo , (singular, nganga) equiparam-se com minkondi para
Madeira, metal, conchas; H. 121 cm (47½ pol.)
que responde às crises físicas e sociais esforçando- se expor os autores de atos anti-sociais em nome de
que. 1880-1910
para restaurar o equilíbrio espiritual.' Estes especialistas, clientes que foram vítimas.
Coleção particular incluindo adivinhos, curandeiros e juízes, foram
comparados aos cientistas ocidentais.' Através de Esta figura em particular é um exemplo

Os Yombe são um subgrupo da cultura seus acumulados invulgarmente eloquente de um género distinto de

estendida do Kongo. Na cosmologia do minkondi conhecido como Mangaaka, criado para

Congo , a existência é considerada como sabedoria, tipos específicos de minkisi foram projetados albergar o maior espírito da região do Mayombe.' Aqui,

um continuum infinito de natureza cíclica.1 para atender a necessidades específicas. o poder de Mangaaka recebeu forma visual por um escultor

O universo consiste numa divisão No centro de cada material nkisi está um na bacia do rio Chiloango entre 1880 e 1910. O historiador
bipartida entre “este mundo” e a “terra do força espiritual que foi selecionada e induzida a se de arte Ezio Bassani identificou esta obra como

submeter a algum grau de controle humano', e pertencente a um grupo de mais de uma dúzia de
mortos", que são separados por um corpo
de água, kalunga. Através desta barreira esta força define o caráter de um nkisi . Em um nkisi esculturas monumentais relacionadas , atribuídas aos

ocorre uma inversão , de modo que, ao utilizado para adivinhação, a força geralmente é um esforços combinados daquele Oficina do mestre do

espírito ancestral e está contida em um receptáculo que rio Chiloango e uma nganga.9 Através desta colaboração,
nascer e ao pôr do sol, os vivos e os
mortos trocam dia e noite.2 Dentro pode variar de uma figura de madeira cuidadosamente esses especialistas desenvolveram uma série de

desses reinos paralelos de experiência , a esculpida a um objeto visualmente normal , como um metáforas visuais e conceituais que determinaram a

existência desenvolve-se numa relação pote de barro comum, um caracol Minkondi (singular, aparência da figura e os materiais internos e externos

que é em grande parte, embora não nkond que significa " caçador") são uma categoria selecionados
6
inteiramente, simétrica e complementar.É concha ou pano de ráfia. especialmente poderosa

responsabilidade dos líderes mediar de minkisi, principalmente

quaisquer conflitos que surjam. para capacitá- lo. Na cultura Kongo, no entanto,

31
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o nganga foi considerado seu principal autor.'
0 Embora alguns destes “medicamentos”
Entre as características mais
expressivas de Mangaaka estão sua postura,
expressão e escala. A fisionomia e a postura
desta figura transmitem uma sensação de
poder físico e maior consciência.
Seus olhos arrojados, semicírculos
recortados em conchas brancas fixadas
na superfície de madeira, são acentuados
por pupilas escuras e sobrancelhas
proeminentes esculpidas; e
seus lábios entreabertos revelam dentes
bem afiados. A cabeça é coroada por um
gorro definido por um padrão inciso de
entrelaçamento com uma projeção em forma
de botão no ápice. Este cocar especial de
liderança, mpu, está associado à
autoridade e ao poder dos chefes e
sacerdotes na antiga cultura do
Kongo.11
A figura é larga e arredondada
ombros em forma contínua
arco curvo estendendo-se para baixo e para
fora, com os braços dobrados na altura dos
cotovelos e as mãos apoiadas
os quadris. Um cordão trançado finamente
trançado é amarrado em torno de cada um dos
seus braços musculosos. Essas faixas
de fibra tecida, nsunga, eram prescritas por
um nganga como uma barreira protetora
para proteger o usuário de danos.12 No meio
do abdômen, uma concha branca de búzio
é colocada no centro de uma massa
saliente. Na base, as pernas relativamente
curtas repousam sobre blocos, contribuindo
para a presença imponente da figura.
O fato de a cabeça e a parte superior do
corpo da figura estarem ligeiramente
projetadas para a frente e os lábios
entreabertos sugere que ela é retratada
fazendo uma declaração com força diante de
um público. Foi proposto que a postura e o
gesto da figura transmitem uma atitude
de maior consciência, estado de alerta e
extrema assertividade, e um espírito de
desafio.13
Essas obras são esculpidas em Canário
scheinfurthii, uma árvore que é sagrada para os
minkondi." A definição dada aqui ao rosto e ao corpo
de Mangaaka é relativamente rara. Freqüentemente,
os corpos dos minkisi figurativos são talhados de
maneira muito mais tosca, em antecipação a servirem
como local para fortalecer a matéria. . Assim que eles
saírem do
mão do escultor, inicia-se uma segunda fase
criativa, dirigida pelo adivinho." Suas contribuições
alteram fisicamente o trabalho, acrescentando interna e
externamente materiais como argila branca ou terra de
sepultura, associados ao reino dos ancestrais e sua
clareira.
viagem, ou materiais extraídos de fontes animais e
vegetais porque seus nomes sugerem atributos que
têm o potencial de
32
melhorar o desempenho do nkisi.
servem para atrair o espírito que ativa
o nkisi, outros tipos o direcionam para
focar e enfrentar crises potenciais.16
A concentração de
adições fortalecedoras ao abdômen
deste trabalho são consistentes
com outras esculturas atribuídas à mesma
oficina. Wyatt MacGaffey comentou
sobre o significado desta parte do corpo
observando que myooyo, o termo para
"barriga"; também significa "vida". Na
sociedade do Congo, o poder que
permite aos indivíduos realizar feitos
extraordinários é o kundu, um órgão
situado no estômago. Quando
controlado para ganho pessoal, o
Kundu é percebido como prejudicial para
outros, enquanto líderes, anciãos e
adivinhos podem controlar o seu
poder para algum bem maior."
Robert Farris Thompson sugere que
a protuberância do abdômen de
Mangaaka acentuada por uma concha
alude à boca
e ao limiar de um reino espiritual
paralelo habitado
pelos mortos.'9 Originalmente, esse
papel de mediação teria sido ainda mais
reforçado pela fricção
toda a superfície da figura com argila
vermelha.'º
Em contraste com o Ocidente
ideia de que o trabalho final de um
artista deve ser considerado inalterável,
aqui pregos, pregos e outros elementos
de ferro foram posteriormente inseridos
ao redor do queixo da figura, em
seus ombros e sobre grande parte
de seu torso - acréscimos que
inevitavelmente têm um efeito
poderoso efeito na experiência do
espectador com a obra. Eles não
faziam parte do projeto original, mas
foram adicionados ao longo de um
período de tempo. Um adivinho usaria a figura de
poder para diferentes consultas, acrescentando-a e
alterando-a de acordo com
à exigência do caso. Desde que imagens cristãs
de vários santos mártires, cravejadas de elementos
perfurantes, foram introduzidas na região a partir de
Portugal no início do século XVI, tem sido sugerido
que o Congo
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a cultura pode ter se baseado em sua experiência
com esse vocabulário visual”.
Ao analisar um trabalho relacionado, Thompson
distinguiu três formas de ferragens de ferro que compõem
sua armadura eriçada, sugerindo que cada uma
delas reflete e representa fisicamente um propósito
específico.22
Isto corresponderia à exacta precisão com que o
conhecimento interno do Nkisi
tendas são selecionadas. Devido à preponderância de
biades de formato retangular (mbeezi), este trabalho
parece ter sido utilizado principalmente para questões
importantes de jurisprudência civil.
Na virada do século, foi documentado que pregos cravados
em minkondi forneciam um meio de determinar a
culpabilidade de um acusado. O suspeito seria direcionado
retirar o prego com as mãos e, caso não conseguisse,
isso era interpretado como
um sinal de culpa." Outro uso para pregos cravados
em esculturas era para selar acordos com um voto."
1. MacGaffey 1986, p.44.
2. Ibid., pág. 43.
3. Espanto e Poder 1993, p. 60.
4. MacGaffey 1986, p. 89.
5. MacGaffey 1991, p. 4.
6. Espanto e Poder 1993, p. 60.
7. Jbid., pág. 76.
8. Thompson 1978, pág. 219.
9. Ezio Bassani, "Congo Nail Fetiches do
Zona do Rio Chiloango;' Artes Africanas 10, não. 3
(1977), pp.
10. Zdenka Volavkova, "Figuras Nkisi do Baixo
Congo;' Artes Africanas 5, não. 2 (1972), pág. 57.
11. Thompson 1978, pp. 207.214.
12. Espanto e Poder 1993, p. 44.
13. Thompson 1978, p.215; Espanto e
Poder 1993, pág. 44.
14. Thompson 1978, pág. 208.
15. Volavkova, "Figuras Nkisi;' pág.57.
16. No seu estado atual, o exterior desta figura parece
relativamente vazio em comparação com seus equivalentes
nas coleções do Museu Field de
História Natural em Chicago e na África
Museu em Tervuren, Bélgica. Embora estruturalmente
muito semelhantes, essas outras obras apresentam
uma enorme barba de barro e fibra, que se estende
para baixo do perímetro do queixo, e um
saia composta por uma série de feixes de fibras
amarrado aos quadris, que repousa sobre os pés. Esse
vestimenta, conhecida como makolo, era usada por
os especialistas em rituais associados ao minkondi.
Espanto e Poder 1993, p. 42.
17. ibid., pág. 43.
18. MacGaffey 1986, p. 168.
19. Thompson 1978, pág. 219.
20. Espanto e Poder 1993, p. 44.
21. Volavkova, "Figuras da Medicina", p. 55, 56.
22. Thompson 1978, pág. 216.
23. Ibid., pág. 212.
24. Jbid., pág. 216.
10. Figura de poder comunitário
(Nkishi)
Songye, República Democrática do
Congo
Madeira, metal, óleo de palma, orgânico
material; H. 41 cm (16½ pol.)
Século 19 ao início do século 20
Coleção James Ross
Os líderes mais influentes de uma
comunidade Songye, incluindo chefes de
linhagem e outros ilustres anciões,
reúnem-se para encomendar uma obra
escultórica - uma figura de poder -
que
beneficiará coletivamente seus membros.
O papel que tais obras, mankishi (singular,
nkishi), desempenham
subsequentemente, é tão central para a
experiência colectiva que se tornam o
principal marcador contra o qual a
vida se desenrola. Mankishi aprimora
o
qualidade de vida global, assegurando
que preocupações universalmente
partilhadas, como a procriação, a
protecção contra doenças, a bruxaria
e a guerra, sejam abordadas
através da intervenção divina.'
provocando uma reação catalítica. Esses “remédios”
Além de alocar os recursos necessários para a estão associados a um poder e uma força impressionantes
aquisição de um nkishi e selecionar o especialista ritual e, portanto, recorrem a matérias como os venenos, a
(nganga) que irá projetá-lo e capacitá-lo, os mais carne, o pêlo ou as garras de animais fisicamente
velhos nomeiam um guardião que atuará como seu poderosos e agressivos, selecionados por suas associações
intérprete. O nkishi transmite informações metafóricas com a força. Pedaços de cabelo e unhas
relevantes para o bem-estar da comunidade para retirados de membros da comunidade são incluídos
como forma de particularizar a relação de uma obra
aquele indivíduo na forma de sonhos proféticos. Em com o seu público, ou seja, toda a comunidade. A
tempos de crise extrema, como uma epidemia, o nkishi combinação única de ingredientes contidos na
pode ser levado para fora da aldeia, para o mato, onde fórmula sagrada de uma bishimba determina, em última
indicaria ingredientes vegetais específicos a serem análise, o potencial de uma obra para fortalecer
preparados e administrados como remédio.' espiritualmente os seus clientes.' Os mankishi eficazes
tornam-se o local onde os espíritos ancestrais comunicam
A forma escultural de um nkishi comunitário a sua visão e projetam a sua influência.
pode ser desenhada por um escultor de renome
regional, mas as suas qualidades essenciais são
determinadas por um nganga. Tais obras são objetos Durante a criação do seu nkishi, mem
de interação simbólica entre os nganga e o reino ancestral.' Os membros de uma comunidade estão envolvidos no
Na cosmologia Songye, percebe-se que os espíritos processo e acompanham-no atentamente à medida que ele se desenrola.
dos mortos afetam benéfica ou negativamente as colheitas, Como autor principal, o nganga supervisiona a sua
a saúde e a fertilidade das mulheres. execução e dirige a sua participação. Os ancestrais
são invocados
O nganga é dotado do conhecimento místico necessário percurso de procissão desde a aldeia até ao local da
para fazer "remédios" (bishimba) que invocam o mundo árvore onde será esculpida a escultura. Danças e
espiritual por meio de canções de
33
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homenagem presta homenagem aos antepassados
enquanto a árvore é cortada. Uma vez concluída a
escultura, a fase mais importante da execução ocorre
à noite, à medida que o nganga transforma visual e
metafisicamente a figura, inserindo sua bishimba
crucial nas cavidades da cabeça e do abdômen e
fixando-a externamente! parafernália. Para atrair a
atenção dos antepassados para o trabalho, todos os
fogos são extintos, exceto aquele perto da
figura, e são feitas oferendas de sacrifício.5
Em última análise, a composição de um nkishi não
apenas incorpora partículas íntimas pertencentes aos
seus patronos, mas também tem a aparência externa
de um retrato idealizado de um líder. A fisionomia e
os trajes de um nkishi comunitário enfatizam o
caráter influente de seu sujeito, transmitindo um grau
de força física e posição social proporcional ao poder
espiritual que ele comanda.6
Externo! as características incluem acréscimos
principalmente de trajes, como os fios de contas
brancas e azuis enrolados no pescoço e a saia de
pele de animal e ráfia abaixo da cintura. Peles de
vários tipos de animais que projetam força, domínio e
autoridade podem ser selecionadas, e seus nomes
(ou os dos chefes) são escolhas apropriadas para
os títulos atribuídos a tais obras.7 Embora
relativamente pequena, esta escultura
especialmente refinada parece projetar uma estatura
monumental, acentuada pela base em forma de
pedestal que é parte integrante do seu desenho.
A testa larga e arredondada sugere onisciência. A
cabeça se estreita em direção à base do queixo, que
se estende em uma longa barba retangular, um
atributo
de liderança. Olhos grandes e amendoados, tornados
mais proeminentes por sobrancelhas levantadas e
arqueadas, sugerem uma expressão contemplativa
e introspectiva. As características faciais finamente
articuladas são acentuadas
com faixas de cobre, pontuadas por tachas de metal,
estendendo-se verticalmente da testa até a ponta do
nariz e diagonalmente em cada bochecha. Este aplique
de metal refere-se a forças como o raio, que o nkishi
pode neutralizar e redirecionar para o benefício.
adequar-se aos seus constituintes. Mãos diminutas
repousam em cada lado do abdômen pronunciado, um
sinal de fertilidade e da natureza cíclica da vida, que
relaciona os ancestrais de uma comunidade com seus
membros ainda não nascidos.
A eficácia de um nkishi individual é
considerado finito e, portanto, deve eventualmente
ser substituído. Quando isso acontece, porém, continua
a ser lembrado
para feitos específicos que lhe são atribuídos e torna-se
um ponto de referência por excelência para capítulos
inteiros da história de uma comunidade.'
1. Dunja Hersak, máscaras e figura Songye
Escultura (Londres: Ethnographica, 1986),
pág.120.
2. Ibid., pág. 132.
3. Ibidem.
4. Ibid., pp. 30, 128.
5. Ibid., pág. 128.
6. Ibid., pp. 130, 131.
7. Ibid., pág. 121.
8. Ibid., pág. 120.
11. Portadora de tigela feminina
(Não)
Luba, República Democrática do Congo
Madeira, miçangas; H. 36,8 cm (14½ pol.)
Século XIX
Museu Americano de História Natural, Nova York
90.0/2423ab
Projetado para prever eventos futuros, este porta-tigelas
- conhecido como mboko (o nome do vaso sagrado
segurado pela figura) - é um exemplo vívido de
como o conhecimento e a adivinhação são
visualizados na cultura Luba. Luba
as figuras das tigelas comemoram o primeiro adivinho
mítico de Luba, Mijibu wa Kalenga, e eram
principalmente propriedade dos adivinhos reais, que as
usavam como oráculos. Mais recentemente, tais
obras também foram encomendadas
pelos governantes para uso como recipientes cheios
de giz sagrado, um material fortalecedor
associado à pureza, à renovação e ao mundo
espiritual.' Os Mboko são, portanto, ícones de
autoridade e legitimidade reais; sua propriedade
por ambos os tipos de patronos aponta para a
relação histórica entre adivinhação e
as origens do estado de Luba.
Na tradição Luba, o estabelecimento de
a carta de realeza de Luba no século XVII deveu-
se à perspicácia de Mijibu wa Kalenga. De acordo
com o mito de gênese da Carta, a visão heróica deste
adivinho levou à derrubada de um cruel
déspota, Nkongolo, e a instituição de uma forma
refinada de realeza sagrada.2 Mijibu é caracterizado
como um visionário sensível cujo papel como mentor e
guardião do príncipe Kalala Ilunga assegurou a
adopção pelo povo Luba de uma forma de liderança
estável e esclarecida.' Mijibu é creditado por ter inventado
a adivinhação Bilumbu e os protótipos dos vários
instrumentos usados por Contem.
34
adivinhos reais porários.' Desde então, a sociedade
Luba depende do adivinho real Bilumbu para o
seu bem-estar e prosperidade. Hoje, os adivinhos
desempenham os papéis de médicos, terapeutas,
advogados e sacerdotes para indivíduos, famílias,
chefias e reinos inteiros.5 Todos os adivinhos Bilumbu,
homens e mulheres, são considerados
personificações de Mijibu, de quem derivam a sua
influência. 6 Os líderes confiam na percepção e
sabedoria dos adivinhos para os guiar na resolução
de crises que afectam os seus territórios e para os
aconselhar em assuntos de governação que vão
desde os problemas mais mundanos até
questões médicas e judiciais graves.' (Ver pp.
14-15 de "Divination in Sub-Saharan Africa" de John
Pemberton, neste catálogo; ver também cat. nos.
35, 46.)
Nas culturas Luba, o ato de adivinhação, kubuta,
é definido como uma consulta aos espíritos através
de fórmulas consagradas para
para aprender coisas escondidas. Uma adivinhação
bem sucedida resulta na informação desejada
sendo revelado - uma ação transmitida pelo verbo
Luba kusokola.'
Luba concebe a experiência humana como
governados e controlados por dois tipos distintos
de entidades espirituais, e desenvolveram processos
divinatórios através dos quais são abordados. Os
espíritos ancestrais dos falecidos, bafu, são
considerados responsáveis pelos problemas
relacionados com a vida doméstica e os assuntos de
comunidades individuais. O
espíritos bavidye mais poderosos, associados aos
recursos naturais, habitam características da
paisagem e podem afectar o bem-estar de regiões e
chefias inteiras.10 Devido ao âmbito da sua influência,
os bavidye são considerados vitais para uma
governação eficaz.
e estão intimamente ligados à realeza pelos adivinhos
Bilumbu através da possessão espiritual.11
Entre as ferramentas mais importantes utilizadas
pelos adivinhos Bilumbu no ato de adivinhação está o
mboko, uma cabaça sagrada que contém uma
variedade de objetos naturais e manufaturados.
Este instrumento divinatório é conferido aos
especialistas durante a sua iniciação como símbolo da
orientação espiritual da qual se beneficiam. Seu
próprio nome está relacionado ao termo sucesso ou
prosperidade e é considerado uma fonte de bem-estar,
riqueza, boa saúde e verdade.12
Os adivinhos Bilumbu desenvolvem a capacidade de
entrar em um estado de posse através de uma
combinação de música, voz e percussão.
Enquanto estão em transe, eles se tornam médiuns
através dos quais vários bavidye comunicam seus
insights.
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qual o conhecimento é transferido. A percepção
extraordinária que um adivinho adquire enquanto
está em transe é descrita como kuntentana kwezi, o
aumento mensal de
a lua nova iluminando aquilo que estava obscurecido.14 É
somente neste estado visionário que o conteúdo do mboko é
abalado e sua constelação de símbolos é interpretada pelo
Bwana Vidye." Sua esposa, a guardiã de seu espírito, o auxilia
invocando seu espírito e depois traduzindo a informação
que ele transmite através dele.
16
Nessas ocasiões, a colocação de uma representação
escultórica de uma figura feminina de tigela, como esta, à
esquerda do adivinho fornece uma contrapartida simétrica ao
seu intérprete humano. As figuras femininas de tigela são o
gênero mais importante dentro de um amplo grupo de
representações desenvolvidas por Bwana Vidye,
conhecidas como mankishi (singular, nkishi).
1'
Quando um adivinho compõe ou encomenda um nkishi, ele
é “carregado” com bijimba, que são materiais fortalecedores
que convidam um espírito a habitar a figura e, ao fazê-lo, dotam-
na de poderes extraordinários.1 ' Ao longo de uma consulta, o
adivinho pode falar com a figura, descrevendo a natureza
do problema a ser tratado.1 'Como o próprio adivinho, a
figura se torna um
arade servindo de porta-voz para o
nesta obra em particular, a forma é claramente a de um vaso
de barro." O motivo da faixa decorativa incisa que o envolve
é retirado do repertório de desenhos (n'kaka) inscritos nos
corpos das mulheres Luba. N'kaka
refere-se tanto ao padrão de cicatrização preferido pela
maioria das mulheres quanto ao cocar de contas usado
pelos profetas-adivinhos Luba.24
Este serviço formal cria um sentido de unidade entre a forma
feminina que serve como recipiente espiritual e o recipiente
ritual adornado.
como uma mulher.
Forma e significado reforçam-se mutuamente
repetidamente ao longo da composição das figuras da tigela
Luba. A sua riqueza como tema tanto para a interpretação
artística como para a análise visual é comparável à
natureza multirreferencial do conteúdo dos elementos
metafóricos do mboko. Uma leitura cuidadosa dos
elementos formais da escultura, como a leitura do conteúdo
do mboko pelo adivinho, pode produzir a iluminação.
1. Memória 1996, p. 70.
2. Ibid., pág. 180.
3. Ibid., pág. 187.
4. Ibid., pág. 180. Embora, historicamente, a prática
eram predominantemente médiuns do sexo feminino,
referido como "Bifkwa" e "Bibinda";'
hoje eles são geralmente adivinhos do sexo masculino,
respostas do espírito. Tem a reputação de reunir evidências endereçado como "Bilumbu" ou, quando em transe,
sobre suspeitos de crimes, rastrear forças malévolas e "Sr. Vidye: 'Ibid., p. 187.
5. Ibid., pág. 180.
efetuar curas.'º
6.Nooter 1991, p. 201; Memória 1996, pág. 197.
Nesta versão especialmente adorável de uma tigela
7.Nooter 1991, p. 200; Memória 1996, pág. 187.
portadora, uma figura de proporções naturalistas está
8. Van Avermaet e Mbuya, citados em Memory
sentada com as pernas longas e delgadas estendidas à 1996, p.178.
frente, apoiando a tigela sobre elas enquanto a segura 9. Memória1996,p.178.
com as mãos e a apoia com os pés. Ela é retratada no 10. Nooter 199!, pp.173-74.
11. Ibid., pág. 176.
auge da vida, e sua beleza é realçada por um elegante
12.Petit 1995, p. 115; Memória 1996, pág. 195;
penteado cruciforme e marcas de cicatrização
Nooter 1991, pág. 119.
elevadas na parte inferior das costas, abdômen e coxas. A
13. Nooter 1991, pp. Petit 1995, pág. 114.
figura tem sido interpretada de várias maneiras como 14. Memória1996,p.189.
representando a esposa do espírito possuidor do adivinho 15. Ibid., pág. 194;ver também n. 4, acima.
ou até mesmo do próprio Mijibu wa Kalenga. 16. Ibid., pág. 204.
17. Ibidem.
18. Bijimba pode ser encerrada em um chifre inserido
na cabeça da figura, bem como em pequenas incisões
O retrato de Mijibu como uma mulher idealizada relaciona- nas orelhas e têmporas da figura, que
se com a noção Luba do corpo feminino como o receptáculo relacionar-se estrategicamente com a percepção sensorial.
natural da espiritualidade. Memória 1996, pág. 206.
19.Nooter 1991, p. 128.
As muitas ressonâncias visuais ao longo da
20. Memória 1996, p. 177.
composição são enriquecidas pelo significado conceitual
21. Ibid., pág. 204.
subjacente da obra.
22.Nooter 1991, p. 126.
A forma do recipiente segurado pelos portadores da tigela 23. Uma figura de tigela atribuída à mesma mão, em
lembra muito a cabaça mboko, e os adivinhos the Museu Carlos Machado, Ponta Delgada,
tradicionalmente colocavam giz e contas dentro dele.21 A Portugal, está ilustrado em Memória 1996, cat.
representação combinada da mulher e da cabaça evoca a não. 80, pág. 197. O estilo dessas duas obras
é quase idêntico, exceto que a figura em
interação entre os reinos humano e espiritual.22
Portugal segura uma cabaça com tampa e asas, as
mãos são menos finamente modeladas e
Embora outra figura de tigela do mesmo artista seja existem várias figuras secundárias em miniatura.
representada segurando uma cabaça, em 24.Nooter 1991, p. 241.
35
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12. Cabaça Esculpida
Iorubá, Oyo, Nigéria
Cabaça; Diam. 25 cm (9½ pol.)
Século XIX
Museu Estadual do Folclore, Munique 18-22-15
O objeto mostrado aqui serve como uma metáfora
para o conceito de cosmos de uma cultura.
Esta cabaça iorubá destila uma das ideias mais
complexas concebidas pela imaginação humana
em um design elegante e simples. O meio é uma
cabaça comum que foi cortada ao meio, raspada e
seca antes de ser esculpida.
A superfície desta esfera simples e dividida ao meio
é coberto por uma série de entrelaçados
finamente incisos e motivos de pássaros
emoldurados por bordas elaboradas. Aqui, o universo
é concebido como uma entidade composta por
duas unidades simétricas distintas. A metade
superior representa Orun, o reino espiritual
invisível dos ancestrais, deuses e espíritos, enquanto
a metade inferior simboliza sim, o mundo visível e
tangível dos vivos. Assim, a obra expressa o
cosmos iorubá como uma união de elementos
estruturalmente iguais e autônomos, encontrados
repetidamente como o princípio orientador em outros
Artefatos sagrados iorubás.1 (Ver páginas 17-18 de
"Divination in Sub-Saharan Africa" de John
Pemberton, neste catálogo.)
Os preceitos espirituais iorubá concebem a
existência como uma trajetória cíclica, segundo a
qual os indivíduos vivenciam a vida no aye, partem
para o orun e renascem. Olodumare, o criador
distante e distante dos Yorubás
deus, agiu como um motor principal, infundindo
ambos os hemisférios e tudo o que eles contêm,
deuses, ancestrais, espíritos, humanos, animais,
plantas, rochas, rios - com força vital (ase).
O Ase é ao mesmo tempo o ingrediente essencial
necessário para despertar a existência, um equivalente
da "anima" ocidental e o catalisador que permite que
as coisas mudem.2 Ase é mencionado figurativamente
na decoração decorativa da cabaça.
motivos através de imagens de pássaros,
associados aos poderes místicos atribuídos às
mulheres e aos reis divinos na sociedade iorubá.
O limiar entre sim e Orun,
representada como a linha que corta e une as
duas unidades esféricas da cabaça, é presidida por
Orunmila, a divindade responsável pelo sistema
iorubá de adivinhação conhecido como Ifa, e Esu
(também chamado Elegba), o mensageiro divino e
mediador.
tor. Segundo a tradição oral iorubá, a presença
de Orunmila na criação dotou-o de conhecimento
do destino de cada ser humano. Antigamente,
Orunmila (também chamado Ifa) movia-se facilmente
entre os reinos sim e orun. No entanto, a fronteira
entre esses dois reinos tornou-se um abismo quase
intransponível depois que ele se retirou para o
mundo dos
os deuses. Enquanto esteve na terra, Orunmila
teve oito filhos, o mais novo dos quais, Olowo,
tornou-se rei da cidade-estado iorubá de Owo.
A onisciência de Orunmila
tornou-o excepcionalmente qualificado para servir
como um sábio conselheiro para seus filhos e, em
troca, ele esperava ser honrado por eles. Olowo se
rebelou contra isso, precipitando a partida de
Orunmilá para Orun. Depois que ele abandonou
seus filhos, eles fizeram uma petição
que ele retorne. Em vez disso, Orunmila forneceu
a cada um deles dezesseis nozes de palma (ikin
Ifa) como forma de lhe fazer perguntas.
Desde então, os ikin têm facilitado diálogos entre
Orunmila e indivíduos na busca de esclarecer seu
destino. Ifa é consultado em cada fase importante
da vida, bem como em tempos de crise, através da
intermediação de especialistas profissionais
(babalawo). Durante os rituais Ifa, babalawo lança
repetidamente os ikin para que eles revelem sinais
de odu que se correlacionam com versos antigos de
poesia que expandem seu significado.
O adivinho os recita e interpreta seu significado
para sugerir influências que estão afetando a vida
de alguém e ações que
36
alguém pode considerar tomar.
Embora o destino pessoal (ori inu)
seja definido antes de vir ao mundo,
um grau significativo de
autodeterminação permite-lhe
tomar decisões que permitam
alguém para cumprir esse destino.
Além de sua metafísica
significado, este objeto de
prestígio servia como recipiente
ritual usado em sacrifícios aos deuses
e para adivinhação.' Foi coletado em
Yorubaland por Leo Frobenius em
1918, e
seu desenho sugere que foi
feito na província de Oyo.
1. Iorubá 1989, página 16.
2. Ibidem.
3. "Ifa, ... um sistema iorubá de adivinhação, é
presidido por Orunmila, seu mítico deificado
fundador, que às vezes também é chamado de Ifa:'
Ibid., pág. 15.
4. Rowland Abiodun em ibid., p. 93.
5. Henry John Drewal, "Arte e Adivinhação
entre os Yoruba: Design e Mito",
Africanafournal 14, nos. 2-3 (1987), pág. 140.
6. Obras-primas Africanas 1987, p. 145.
13. Bandeja de Adivinhação Ifa
(Se um)
Fon, Aliada, República do Benin
Madeira; 34,4 x 55,7 cm (13½ x 21½ pol.)
Século 16-17
Museu Ulmer, Ulm, Exoticophylacium
Weickmannianum
Esta bandeja de adivinhação (opon Ifa) entrou para
uma coleção europeia por volta de 1650, tornando-se
a mais antiga escultura africana em madeira
preservada no Ocidente.1 Ela deixou a África em
meados do século XVII através do comércio
comercial que existia entre a costa atlântica. e
Augsburgo.
Lá, foi adquirido por um próspero comerciante
alemão de Ulm, Christoph Weickmann.2
Documentação que acompanha
que a obra foi vendida indica que ela pertencia
originalmente e era utilizada pelo rei de
Ardra (Allada),' um estado Aja que permaneceu sob
a hegemonia do império Yoruba de Oyo até que o
reino de Daomé foi
Machine Translated by Google
consolidada como potência no final do século XVII.
Durante o reinado do rei Agaja (1708-40), Ifa foi
reconhecido como um ritual oficial de adivinhação no
Daomé.
e conhecido como Fa. O fato deste trabalho ser
supostamente uma posse de elite, de propriedade de
um rei Aja, sugere que pode ter servido como uma
tecnologia de adivinhação exótica
nica adotada pela liderança para fortalecer e proteger
o poder do Estado.
Os povos Fon, Ewe e Aja - que eventualmente
se integraram ao reino do Daomé - continuamente
recorreram
Tradições religiosas e políticas iorubás,
mas, como sublinhou Suzanne Blier, as suas formas
de expressão visual revelam raízes estéticas muito
diferentes.» Outros estudiosos têm
observou que embora o design da bandeja fosse
sem dúvida baseado em um protótipo iorubá, seu
estilo distinto de escultura sugere que ela foi executada
em Allada por um escultor local.5
De acordo com Ezio Bassani, as representações
figurativas refletem um afastamento do relativo
"humanismo" de grande parte da madeira iorubá.
escultura em favor de um estilo retilíneo austero mais
próximo da escultura de Ewe.'
As bandejas de adivinhação Ifa são geralmente
projetadas como uma superfície circular ou retangular
circunscrita por uma borda elevada de entalhe em relevo.
(Ver página 17 de “Divination in Sub-Saharan Africa”,
de John Pemberton, neste catálogo.) Neste exemplo
excepcional, ambas as configurações foram combinadas:
um tabuleiro circular inscrito dentro de um retangular. O
adivinho usa a superfície da clara depressão central
como seu espaço de trabalho, um perpétuo! tabula
rasa na qual podem ser inscritos e interpretados sinais
específicos de cada peticionário. Roberto Farris
Thompson descreveu o centro visual
das bandejas de adivinhação como “uma tela onde o
homem vê seus problemas com uma clareza não
obtida anteriormente:” Embora as configurações
abstratas das marcações de odu feitas pelo adivinho
sejam efêmeras, as imagens inscritas dentro da borda
fornecem um pano de fundo constante.
Consequentemente, dois tipos de sinais visuais
convergem na estrutura das bandejas de adivinhação:
uma exploração artística das forças que governam
a experiência humana e uma sucessão de notações
que se relacionam com as preocupações específicas
e imediatas do adivinho.
clientes e exigem sua interpretação.
O termo opon significa "bajular"; e
o opon Ifa é um instrumento utilitário que
não é apenas o principal de um adivinho também!
mas uma obra de elevada qualidade estética que realça
o seu estatuto e presta homenagem ao papel
essencial que desempenha.8 Ao conceber tal obra,
um escultor esforça-se por alcançar uma clareza de
composição que corresponda à lucidez e clareza que
o adivinho traz a um consulta. Para fazer isso, o
artista celebra as forças espirituais e os eventos
formativos subjacentes à superfície da experiência
humana, que são revelados através dos insights de
um adivinho.
Acontecimentos mitológicos e cotidianos, bem como
as façanhas de adivinhos lendários, cujas experiências
fornecem precedentes para ações e soluções no
presente, servem como fontes potenciais para
assuntos apropriados. Os motivos que aparecem
na orla desta obra específica podem reflectir quer a
iniciativa do entalhador que executou a encomenda,
quer um desenho solicitado pelo patrono.»
Imagens individuais são representadas como
unidades autônomas, mostradas frontalmente ou de
perfil, e são espacialmente distintas umas das outras.
37
para torná-los o mais “legíveis” possível . Ao longo das
imagens densamente compostas , é aparente uma
grande atenção a detalhes específicos . Blier propôs que
esta abordagem reflete uma tentativa por parte do artista
e do mecenas de introduzir
um sistema de crença estranho aos não iniciados.JO
Conforme observado anteriormente (cat. nº 12), visual
metáforas para as concepções iorubás do cosmos
incluem uma cabaça dividida em duas metades, bem
como um tabuleiro de adivinhação. A interpretação
formal desta opção específica de Ifá é
especialmente bem-sucedida no cumprimento desse
papel. Sua faixa contínua de entalhe em relevo se
estende ao redor do perímetro, emoldurando os
contornos externos retangulares, e penetra no centro
do plano da imagem para criar uma unidade circular
distinta. As imagens contidas nesta faixa unificadora
não formam uma narrativa única; em vez disso, retratam
a diversidade de forças interdependentes e concorrentes
que povoam o universo, incluindo referências à
liderança, guerra, sobrevivência, fertilidade, proteção
e sacrifício.11
A orientação horizontal do opon Ifa é
estabelecido pelo motivo de um rosto a meio de
um dos lados compridos do tabuleiro. É coroado por
três cabaças, cabaças medicinais (oogun ase)
posicionadas no ápice do círculo. Opon Ifa
invariavelmente apresenta uma referência icônica a
Esu (também chamado Elegba) – mensageiro divino,
facilitador, transformador, trapaceiro e provocador –
nesta posição. Como mediador entre deuses,
ancestrais, espíritos e a humanidade, Esu preside o
processo de adivinhação, e esta imagem é
estrategicamente posicionada em frente ao adivinho
durante uma consulta. Muitas das imagens representadas
ao redor do círculo estão claramente relacionadas ao
uso do tabuleiro em Ifá: Na base do círculo, diretamente
oposto à cabeça, um canal desobstruído é flanqueado
por duas pilhas verticais de quatro nozes de palmeira
cada, e três seringueiros de adivinhação. ocupam
a maior parte da área à direita do círculo. Os são para
a esquerda do círculo é preenchida com um espaço livre
cadeia fluida e contínua de protagonistas animais e
humanos entrelaçados. A borda retangular contém
figuras humanas maiores, incluindo um soldado
(acima, à esquerda), uma mulher se preparando
para fazer um sacrifício (acima, à esquerda) e um
homem fumando um cachimbo (acima, à esquerda).
certo). Estas duas últimas figuras - e as outras nos
segmentos horizontais da borda na parte superior e
inferior - são posteriormente orientadas para
caber na borda, dando-lhes uma aparência
flutuante e leve. Um acento visual de um motivo em
zigue-zague na maioria das imagens serve para
unificar a composição.12
Machine Translated by Google

Na sociedade iorubá contemporânea, os 14. Tapper de

indivíduos podem buscar informações para ajudar
a resolver problemas específicos ou questões
Adivinhação Ifa (Iroke Ifa)
pessoais, médicas, sociais, políticas ou
Iorubá, Nigéria
religiosas através da agência de Ifá. Nessas
Marfim; H. 42 cm (16½ pol.)
ocasiões, o opon Ifa serve como peça central do
século 18
ritual sobre a qual as respostas são marcadas
pelo adivinho.13 Ele desempenha seu papel Laboratório de Etnologia , Museu do Homem,
Paris 97.4.1
como intermediário sentado no chão com o
tabuleiro à sua frente. Sinais do uso extensivo
O seringueiro de adivinhação (iroke Jfa) também é
desta opção de Ifá são evidentes na superfície
essencial para os adivinhos iorubás , usado para iniciar o
esburacada da área central do círculo interno,
ritual de adivinhação de Ifá invocando o deus do destino,
onde o adivinho batia uma torneira para invocar
1
Orunmila. Na consulta, No início de um
os deuses .
o sacerdote bate suavemente na bandeja de adivinhação
Para maximizar a eficácia da opção Ifa ,
com o iroke Ifá como forma de saudação.2 Ao atrair a
cada vez que o adivinho o prepara para uso, ele
atenção de Orunmila através desta ação e através da
impõe uma grade na superfície da bandeja ,
forma visual agradável do seringueiro , ele abre os
conhecida como encruzilhada (orita meta).
canais de comunicação necessários.
Ele faz isso polvilhando-o com madeira em pó
ou farinha, na qual inscreve um golpe.
com o mundo espiritual. (Veja as páginas 17-18 de
figuração de linhas que se cruzam verticalmente
“Divination in Sub-Saharan Africa”, de John
de baixo para cima, do centro para a direita e
Pemberton, neste catálogo.)
do centro para a esquerda. O desenho transmite
Os seringueiros Ifa às vezes são feitos de liga de
a ideia de que os ritos de adivinhação ligam o
cobre ou madeira, mas geralmente são esculpidos
mundo espiritual ao nosso e tem o efeito de
fora do marfim. A maioria deles é composta por três
subdividir a geografia espacial da bandeja em
seções distintas: uma seção intermediária
unidades que são concebidas tanto como
que frequentemente apresenta uma imagem esculpida de
caminhos individuais de comunicação e
uma figura humana, em contraste com as extremidades
como entidades personificadas de famosos
pontiagudas e ocas, que apresentam imagens de animais
adivinhos do passado.14 No início de uma
ou padrões geométricos, ou pode não ter qualquer As posições são concebidas como mulheres
consulta, cada uma dessas seções é invocada
desenho ou decoração exterior .' orando e servem como uma metáfora visual para
através de poesia de louvor para alertar seu
A beleza estética investida na elaboração de um todos os suplicantes que buscam a sabedoria
poder espiritual e ativá-lo.15
instrumento especialmente encantador é percebida de Orunmila para esclarecer sua compreensão de
como uma prova tangível da devoção do seu dono, como seus destinos pessoais. A nudez da figura sugere
1. Bassani 1995, pág. 80.
2. Weickmann incluiu esta bandeja em sua compilação de “ uma oferenda ou uma oração, aumentando assim a o estado em que se comunica com o Criador.
naturalia, artificialia e mirabilia”; eficácia do apelo.' Isto é reforçado pelo fato de que ajoelhar -se em
que foi publicado como catálogo em 1659.
Neste exemplo clássico , a extremidade pontiaguda deferência está associado ao início da existência
Ibid., pág. 79.
da presa é esculpida na forma de um bico de pássaro, de uma pessoa , quando ela se ajoelha diante
3. Ibidem. Durante o século XVII , Aliada
e o pássaro está equilibrado na cabeça de uma figura do Criador, Olodumare, para receber seu
era um importante estado de Aja que controlava
dois portos envolvidos no comércio de escravos , Offa e feminina ajoelhada representada na seção central da destino pessoal - uma ação que é
Jakin, no Golfo da Guiné. presa. A extremidade oca subsequentemente repetida em consultas . ao
4.Blier 1998, p. 98. Este artefato centenário é é simples, exceto por uma série de ranhuras bem longo da vida daquele indivíduo para obter
um documento da longevidade histórica de
espaçadas logo abaixo da figura, e dentro dela
Sistemas de adivinhação africanos como Ifa; ambos
é um badalo de marfim preso a uma barra. Uma série de orientação para cumprir esse destino. Como
seu design e o repertório de imagens que
adorna são consistentes com as bandejas usadas por voltas esculpidas ao redor da circunferência, acima e atitude adequada para saudar o orisa, a posição
adivinhos contemporâneos de Ifá. Também reflecte abaixo da figura, outrora continham pequenos chocalhos ajoelhada também está associada ao parto e ao
tradições de longa data de empréstimo cultural, de marfim. A curva de todo o contorno da obra e a poder procriador da mulher, do qual depende
através dos quais os métodos de adivinhação usados em
fluidez da figura feminina ampliada pela orientação toda a vida humana.;
um centro cruzou para regiões vizinhas.
ascendente A seção pontiaguda do iroke Ifa, mesmo quando
5. Iorubá 1989, p. 235; Bassani 1995, pág. 81.
do pássaro, com as asas dobradas nas laterais, combinam- é um segmento cônico plano que se estende desde
6. Bassani 1995, pág. 85.
7. Deuses e Reis Negros 1976, p. 5/5. se para dar à representação uma qualidade ascendente. o topo da cabeça de uma figura, refere-se ao

8. Iorubá 1989, página 17. conceito de ori. Ori é o “destino” de uma pessoa ; que
9. Arte e Estética Yorubá 1991, p. 21. Na parafernália ritual de Ifá, acredita-se que na filosofia iorubá compreende seu passado, presente
10.Blier 1998 , p. 98. imagens de mulheres em atitudes de reverência e futuro. A justaposição de cabeça e cone alude à
11. Iorubá 1989, página 14.
atuam como intermediárias auxiliares com os distinção entre
12. Bassani 1995, pág. 83.
deuses ( orisa ) , uma vez que as mulheres são
13. Iorubá 1989, p.87.
14. Ibid., pág. 25. consideradas receptáculos da força vital (ase). a cabeça visível (ori ode) - isto é, o ser real - e a

15. Ibid., pág. 23. Representações de figuras femininas nuas e ajoelhadas cabeça interior (ori inu) -

38
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o potencial não realizado.6 Nesta versão , o
conceito abstrato de destino tem a forma de
um pássaro, o que também se refere aos
poderes ocultos das mulheres aludidos na
imagem central .
Além de seu papel na ligação entre os dois
reinos, a excelente qualidade de sua escultura e
a natureza cara do material deste
iroke Ifa atesta a posição social e o sucesso
profissional do adivinho que o possuía.
15. Navio de
Adivinhação Ifa : Cariátide
Feminina (Agere Ifa)
Iorubá, Dinheiro, Nigéria
Marfim com incrustações de madeira ou casca de coco ;
H. 16,2 cm (6½ pol.), Diâm. 11,4 cm (4½ pol.)
Século 17 a 19
Museu Metropolitano de Arte, Nova York, presente
do Sr. e Sra. Klaus G. Feris, 1991 1991.17.127
Este vaso de adivinhação de marfim (agere Ifa),
consistindo de uma tigela sustentada por uma cary
atid feminina , servia como receptáculo para as
dezesseis palmeiras sagradas (ikin). Através
deste meio, os sacerdotes de Ifá comunicam-se com
o deus do destino, Orunmila, a fim de obter
1
informações sobre o destino de um indivíduo.(Ver
pp. 17-18 de "Divination in Sub-Saharan Africa"
de John Pemberton, neste catálogo .) O
investimento em materiais caros e a arte de alta
qualidade aparente em seu design elevam-no
além de um mero instrumento funcional . Esta
representação de uma mulher carregando
uma oferenda em atitude devocional transmite a
noção de que foi concebida como uma forma de
oração ao divino.'
Esta homenagem a Orunmila assume a forma
de uma figura feminina ajoelhada , cujas pernas
estão dobradas sob ela. Ela equilibra uma tigela de
oferendas na cabeça e a apoia com
braços levantados , mãos em ambos os lados .
Seu torso forte e largo contrasta com o movimento
gracioso de seus braços atenuados. Seus traços
faciais são esculpidos com ousadia, com
pupilas profundamente incisas e três marcas
verticais de cicatrização acima de cada olho. Um
colar de contas que fica em seu peito é dela
única forma de adorno corporal .
A maioria dos agere Ifa são feitos de madeira.
A relativa raridade do marfim agere Ifa, como este ,
sugere que eles eram de propriedade
pelos sacerdotes Ifa de mais alto escalão ou servidos
Uma dúzia de outros seringueiros foram atribuídos 1. Veja gato. não. 12, nº. 3.
2. Deuses e Reis Negros 1976, p. 01/05.
ao autor ou oficina de Owo que produziu este
3. Iorubá 1989, página 109.
trabalho em particular.' Adquirido em Abomey,
4. Henry John Drewal, "Arte e Adivinhação
capital do reino de Daomé, pelo General Alfred- entre os Yoruba: Design e Mito;'
Amédée Dodds durante a conquista francesa do Africanafournal 14, nos. 2-3 (1987), pág. 139.
Daomé em 1892-93, foi sem dúvida um dos muitos 5. Iorubá 1989, página 111.
6. ibid.
implementos importantes de Ifa encomendados
7. Obras-primas Africanas 1985, p. 138; e veja gato.
não. 15.
pela monarquia do Daomé de seus vizinhos
8.Blier 1998 , p. 90.
iorubás.'
como a arte ritual da realeza.' Por
motivos estilísticos, este trabalho foi
atribuído ao centro iorubá de
escultura em marfim em Owo,
localizado no extremo leste da terra
iorubá. A liderança de Owo tem suas
origens nos reis divinos de Ifé. De
acordo com as tradições orais , o rei
fundador de Owo foi um dos filhos mais
novos do deus Orunmila. Owo emergiu
como um centro artístico regional
distinto , especializado em escultura
em marfim. Os escultores de marfim de
Owo eram tão aclamados que os seus
serviços eram procurados por clientes
das regiões vizinhas.
O alto valor atribuído ao marfim
remonta à antiguidade e é refletido em
relatos míticos da preferência e
associação de Orunmila com ele. Como
o marfim era um recurso tão precioso e
o material preferido para denotar o status
de reis, chefes, guerreiros e adivinhos,
as presas de elefante eram uma mercadoria prosperidade e expressam sua gratidão a
controlada por uma elite poderosa . Orunmila pelas consultas bem-sucedidas. O
A suplicante feminina apresentada neste
Dentro da esfera de influência de Owo , os caçadores trabalho é considerada especialmente eficaz em
de elefantes retinham apenas uma presa de cada predispor os deuses a agirem favoravelmente
par de presas e eram obrigados a apresentar a em nome do suplicante e como um meio ideal
outra ao Olowo (o rei de Owo). para expressar agradecimento.'
Depois dos Olowo, os sacerdotes de Ifa constituem
os segundos consumidores mais importantes de 1. Rowland Abiodun em iorubá 1989, p. 112;
artefatos de marfim.6 Ao encomendar instrumentos e veja gato. não. 12, nº. 3.
de adivinhação neste meio de prestígio , 2. Henry John Drewal, "Arte e Adivinhação
Entre os Yoruba: Design e Mito;'
eles enfatizam seus laços com Orunmila e
Jornal Africano 14, nos. 2-3 (1987), pág. 139.
comemoram as origens de Ifa.
3. Arte e Estética Yorubá 1991, p. 68;
O tipo de embarcação agere , que comporta
Abiodun em iorubá 1989, p. 112.
e levanta o ikin, foi comparado a um templo em 4. Arte Real do Benin 1992, p. 285.
miniatura de Orunmila.' A cary atid que serve de 5. Robin Poynor,"As Artes Ancestrais do Dinheiro,
base à embarcação , aqui retratada como uma Nigéria" (dissertação de doutorado , Universidade de Indiana,
1978), pág. 22; RoyalArt do Benin 1992, p. 285.
mulher ajoelhada, assume diversas formas, incluindo
6. Abiodun em iorubá 1989, pp. 104-5; Iorubá
dançarinos, músicos,
Arte e Estética 1991, p. 68.
e figuras equestres. Esses assuntos refletem ao mesmo
7. Abiodun em iorubá 1989, p. 112.
tempo as esperanças dos clientes do adivinho em relação 8. Arte Real do Benin 1992, p. 285.
39
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16. Navio de Adivinhação Ifa: Guerreiro Equestre em nome de outros. Essas imagens refletem a
associação entre posições de autoridade na sociedade
(Agere Ifa) iorubá e grande conhecimento e esclarecimento.
(Veja as páginas 17-18 de “Divination in Sub-Saharan
Africa”, de John Pemberton, neste catálogo.)
Iorubá, Nigéria

Madeira; A. 29,5 cm (11½ pol.) O estilo de escultura e equestre desta obra

O assunto sugere que seu autor era um mestre da
século 19
região de Ekiti, no nordeste da Iorubalândia.
Museu do Folclore em Leipzig Maf22514
Motivos equestres foram usados em esculturas
arquitetônicas, cocares de máscaras e taças de
O elemento vaso deste agere Ifa coroa a cabeça de um adivinhação de Ifá para comemorar os lendários
líder alegórico. Montado em um cavalo, ele segura guerreiros-caçadores aos quais se atribui o
um rifle na mão direita e as rédeas do cavalo na estabelecimento de dezesseis reinos ali durante o
esquerda. Na base, os pés repousam nos estribos e um século XVIII. Nos vasos de adivinhação, essas imagens
baterista em miniatura o acompanha à sua esquerda. prometem aos clientes prosperidade potencial e a
A figura aqui retratada pertence à categoria alase capacidade de prevalecer sobre seus inimigos e
(conhecedores), que inclui reis, rainhas, desafios pessoais.2
sacerdotes, adivinhos e anciãos. Este termo refere-se
à sua capacidade de aproveitar ase (força vital) e
canalizá-la para seu próprio benefício e em benefício 1. Arte e Estética Yorubá 1991, p. 69.
próprio. 2. Rowland Abiodun em iorubá 1989, p. 112.

Dispositivos Dinâmicos: Oráculos Cinéticos

17. Rato Oráculo e os ancestrais, permitindo-lhes assim prever os ratos da câmara superior mudam a posição
eventos. dos bastões, criando uma nova configuração que
(Gbekre) Especialistas gastam muito! anos dominando constitui o sinal a ser traduzido pelo adivinho.

Baule, Costa do Marfim
Madeira, terracota, couro, miçangas, metal, cordão;
H. 26 cm (10 ¼ pol.)
que. 1900
Coleção Marceau Rivière, Paris
Dentro deste receptáculo finamente esculpido, um
leviço composto de gravetos registra os movimentos
dos ratos como sinais que revelam insights
sobre assuntos importantes. A adivinhação do rato
é provavelmente de origem Guro e é de várias
épocas! técnicas de adivinhação utilizadas na
sociedade Baule; é praticado no leste e centro
da Costa do Marfim pelos povos de língua Agni,
que incluem os Guro e os Yaure.
As tradições orais regionais contam que num
passado distante os ratos podiam falar. Naquela
época, eles viviam na floresta com os espíritos da
terra (asye usu) até que um especialista espiritual
os levou para a aldeia para serem mantidos em
cativeiro.1 Sua proximidade natural com a
superfície da terra e sua capacidade de
escavar abaixo dela permitem que os ratos
esta técnica de adivinhação. Seu treinamento
enfatiza a compensação adequada das
divindades e do oráculo pela iluminação que eles
fornecem, para garantir que eles permanecerão
favoravelmente dispostos. Também inclui aulas
práticas sobre preparação de medicamentos e
instrução na interpretação de um vocabulário de
sinais visuais. Ao ser iniciado nos segredos da
profissão, o adivinho recebe seu próprio
oráculo de rato (gbekre) e pode estabelecer uma
prática independente.2
O aparato físico do gbekre é
contido dentro de um recipiente de terracota dentro
um cilindro oco de madeira. Uma plataforma divide
a embarcação em duas câmaras distintas, que são
conectadas por um tronco. Os ratos são colocados
na câmara inferior e passam através do tronco até
a câmara superior, na qual o adivinho colocou
dez pequenos gravetos (originalmente eram
usados ossos de pássaros ou morcegos).
Os pequenos palitos, chamados gbekre nyma
(literalmente, "olhos dos ratos"), são revestidos
com farinha e presos em uma extremidade com fibra para através de seus movimentos. O adivinho explica o
Tal confiança na interpretação de ações de animais
considerados inatamente dotados de conhecimento
da experiência humana é comparável a
sistemas de adivinhação em outros lugares, mais
notavelmente a adivinhação de aranhas em
Camarões. (Ver p. 11 de "Divination in Sub-
Saharan Africa" por
John Pemberton, neste catálogo.).
Todas as manhãs e noites, o adivinho invoca
o gbekre, perguntando se ele está satisfeito e
fazendo perguntas que lhe dizem respeito e questões
relativas a familiares e clientes. Em preparação para
uma consulta, os ratos são colocados em jejum e
colocados na câmara inferior. A pessoa que está
consultando o oráculo coloca o dedo indicador
na borda superior do recipiente, invoca o gbekre
e faz as perguntas que gostaria que fossem
respondidas. O adivinho fica ao lado
o cliente e acompanha cada pergunta golpeando o
oráculo, ação que atrai a atenção da divindade
protetora e galvaniza os ratos. Alimentam-se da
farinha que reveste os gravetos, reorganizando-os

obter acesso íntimo ao onisciente asye usu a carapaça de uma tartaruga terrestre. As ações de

40
Machine Translated by Google
significado da nova configuração dos bastões de
acordo com interpretações fixas estabelecidas ao longo
do tempo para vários padrões, como “caminho aberto,
augúrio favorável”, “o consultor receberá uma visita”;
"doença", "morte de uma mulher na aldeia", "trabalho
de parto bem-sucedido"; “sinal desfavorável para um
casamento projetado” e “morte de um indivíduo em
outra aldeia”.
Enquanto oráculos de mouse Baule funcionais
podem ser extremamente rudimentares, suas
superfícies externas raramente são fisicamente
18. Adivinhação Njinda
danificadas ou desgastadas e, portanto, fornecem um formato ideal
para realce decorativo. Essas obras frequentemente
apresentam imagens de animais, máscaras ou
cabeças humanas levemente esculpidas em relevo;
muito ocasionalmente, são acompanhados por estátuas
figurativas esculpidas inteiramente em círculo e
conectadas nas costas ou no púbis. Susan Vogel
observou que os oráculos de rato Baule com figuras
independentes são tão raros e atípicos que
este
O trabalho é um dos três únicos exemplos
conhecidos.
Este oráculo de rato foi analisado pela primeira vez em
1935 por Carl Kjersmeier. Seu design geral é o de um
recipiente simples com tampa apoiado
em uma base que leva o
forma de uma mulher Baule
banquinho circular. Uma
única figura masculina segura-
se na borda superior e
fica com os pés bal
na saliência que circunda a
parte inferior do
o recipiente. O har
O desenho monstruoso do
corpo enfatiza uma sucessão
de formas arredondadas:
cabeça elegante, tronco forte,
nádegas e panturrilhas. Os
detalhes finamente esculpidos
as características da figura
contrastam fortemente com
a falta de superfície da embarcação
articulação. Esses
incluem o penteado com
textura elegante e marcas
de cicatrização
nas têmporas e no pescoço,
realçado por fios de
contas ao redor do pescoço
e quadris. Em sua posição de
atendente desse dispositivo
oracular destinado a revelar o
conhecimento, a figura
parece ser sua musa ou um
suplicante.
1. Labouret 1935, pp.
2. Ibid., pág. 10.
3. Baule 1997, p. 271. Os outros dois são cele
obra destacada na coleção do Musée de
l'Homme, Paris, e outro no Musée
de Etnografia, Neuchâtel.
4. Carl Kjersmeier, Centros de Estilo de Escultura
negre africaine (1935), vol. 1 (Nova York:
Hacker Art Books, 1967), pl. 54.
Figura (Ngombo)
Pende Oriental, República Democrática do
Congo
Madeira, conchas, chifre, tecido, miçangas; H. 102,3 cm
(40¼ pol.)
século 20
Museu de Arte da Universidade de Iowa, The
Stanley Co/lection Xl 986.505
Esta aparição selvagem pretendia chamar a atenção,
chocando o público com sua aparência assustadora.
Seu caráter complexo como imagem deriva de sua
capacidade de
41
simultaneamente perturba e tranquiliza através
de sua sugestão de poder espiritual incomparável. A
sua eficácia como instrumento divinatório serviu para
salvaguardar as comunidades Pende da feitiçaria
praticada contra elas e de outros perigos.
De acordo com a cosmologia de Pende, Maweze
(Deus) criou um mundo dividido em dois reinos
paralelos de existência - o reino da
os vivos e, abaixo dele, “o outro mundo” (kalunga) –
com a vida concebida como uma jornada cíclica entre
os dois. A responsabilidade de supervisionar a
prosperidade dos vivos foi delegada aos mortos, que
monitoram a reprodução humana, a agricultura e a
caça. Para facilitar a comunicação
entre os dois reinos, os ancestrais designam
“transistores”; conhecidos como mahamba (singular,
hamba), que proporcionam aos vivos acesso à
onisciência do col
morte seletiva.1
Quando uma família sofre uma situação anormalmente elevada
taxa de doenças, mortes ou outros problemas sérios,
os mortos às vezes intercederão para ajudá-los em
momentos de necessidade, ordenando divinamente um
membro para servir como seu porta-voz. Mais
tipicamente, porém, os problemas são abordados
através de adivinhos profissionais (nganga ngombo),
geralmente do sexo masculino, que prosseguiram o
estudo
de Wanga, a manipulação de forças físicas e metafísicas
para obter vantagem pessoal.
Os seus esforços para obter insights não são
facilitados pelos antepassados, mas sim através
de uma variedade de instrumentos carregados
(ngombo), que estão continuamente a ser
desenvolvidos. Os Nganga ngombo são
empreendedores que estabelecem carreiras
lucrativas com base na sua reputação de utilizarem
a sua influência para fins essencialmente positivos e
de lançarem com sucesso novas estratégias. Nesta
profissão altamente competitiva, valoriza-se a atração
de clientes através de práticas atualizadas e
inovadoras. Estão, portanto, dispostos a
experimentar diferentes métodos e frequentemente
experimentam técnicas concebidas por
especialistas estrangeiros, tais como oráculos de
fricção, cestos de adivinhação Chokwe e as práticas
de vários cultos ginecológicos.
Entre as técnicas apropriadas
de fontes estrangeiras por adivinhos Pende foi njinda
(ou nginda), considerado de origem Lele e introduzido
no Pende pelos Wongo durante a década de 1920.
Parece que
o poder deste tipo de ngombo foi aproveitado pelos
Pende como arma de resistência ao colonialismo.
Sob o domínio belga, a subjugação dos povos do Congo
foi especialmente
Machine Translated by Google
brutal e levou a uma grande turbulência social.2
Foi sugerido que a vulnerabilidade dos Pende a
uma potência estrangeira implacável os levou a
considerarem -se vítimas de um enorme ataque
de feitiçaria. Para reafirmar o controle sobre sua
sociedade, eles procuraram realinhar-se com o
mundo ancestral.
Eles não podiam esperar prevalecer contra tais
forças hostis sem reforço espiritual e psicológico, e
assim surgiram vários movimentos anti-feitiçaria
diferentes, incluindo Njinda . ' A suposta potência de
uma figura njinda era tal que nas comunidades de
Pende ela foi exibida para combater a tirania do
domínio colonial belga, que representava uma
ameaça crítica para elas. De acordo com alguns
relatos, uma figura njinda foi
colocado fora da aldeia para
neutralizar
práticas internas. Outros sugerem
que foi mantido perto do crânio
enterrado de um ancestral para
facilitar a comunicação com
os mortos e que circulou
à noite em busca de feiticeiros
prejudiciais ao bem-estar da
comunidade. Alguns relatos de que
especialistas iniciados o conduziriam
pela aldeia até parar em frente à
casa de um feiticeiro acusado.
O acusado teve a opção de
beber um veneno para afirmar sua
inocência . Individuais
que foram acusados injustamente,
presumivelmente vomitariam o
veneno e sobreviveriam à
provação.
tiveram a opção de descartar todos
os seus “remédios” e figuras de
poder .
São conhecidos cinco exemplos
sobreviventes deste gênero de ngombo .
Alitive são figuras altas e altamente
expressivas , com olhos e seios
salientes, um chifre de antílope emergindo
verticalmente da cabeça e pernas curtas,
robustas e robustas . Os braços estão
unidos
o tronco na altura dos quadris e
cordas grossas amarradas no meio
dos braços pendem do chão. A figura
usa uma saia curta de fibra e
geralmente há uma carapaça de
tartaruga presa perto
a nave! e um rolo de contas
em volta do pescoço. Esta figura
particular de njinda é uma figura imponente
presença, seu torso alongado contrastando
enfaticamente com suas pernas diminutas e grossas ,
e parece balançar como resultado de uma inclinação
pronunciada em direção ao lado esquerdo. O rosto é
definido como uma superfície plana e plana contra a qual os
volumes cônicos dos olhos e o nariz triangular se projetam
dramaticamente, com uma linha levemente incisa para a
boca.
Na sociedade Pende, os trabalhos rituais associados
principalmente à autoridade favorecem o imaginário
feminino, uma vez que as mulheres estão associadas à lealdade
e obediência. A personificação feminina das forças
formidáveis investidas em
a figura njinda reafirma aos membros da comunidade que
essas forças estão a ser aproveitadas para fins positivos.
Ao mesmo tempo , seus olhos salientes denotam
42
vigilância e parecem estar repletos de raiva e violência
desenfreadas , destinadas
para intimidar os espectadores de se aproximarem.
Tanto o chifre do antílope como a ênfase dada ao nariz
(através do uso de relevo esculpido e cor contrastante)
relacionam-se com
Pende concepções de feitiçaria como algo que exala um
odor discernível pelos adivinhos; tradicionalmente, esses
chifres cheios de “remédios” aumentavam a capacidade
do adivinho de distinguir atividades criminosas e prescrever
os agentes neutralizantes apropriados. A representação
mínima da boca da figura é modelada a partir de imagens
de chefes em que uma boca reprimida sugere conselhos
ponderados e sábios.
A presença proeminente do antílope
chifre e carapaça de tartaruga são evidentes, consulte
influências à manipulação de Wanga. Esses dois
componentes estavam repletos de substâncias
que ativavam a figura da terra.
e terra de sepultura enriquecida com “remédios”
compostos de matéria animal e vegetal .
O controle firme dessas forças pelo nganga ngombo é
aludido pelos rolos de corda de ráfia trançada amarrados
aos antebraços da figura, o mesmo material usado no
penteado e na saia da figura. A ráfia está associada
a
a mata selvagem, domínio de grandes caçadores e
especialistas em rituais .
Apesar da sua escala aparentemente pesada ,
a figura njinda era cineticamente manipulada pelas
cordas amarradas aos seus braços e indicava
respostas a perguntas através de mudanças na
sua posição. Os seus cuidadores colocaram questões
de uma forma que incluía o seu próprio diagnóstico
da situação sob investigação e uma possível
resposta; a figura indicaria sua confirmação ou
negação de cada um inclinando-se para um lado
ou para outro . Alguns relatos sugerem que ele
oscilava - inclinava-se para frente e para trás e
vibrava - ou ficava imóvel para sinalizar sua
resposta a questões sobre assuntos menores , e
caía decisivamente para um lado ou para outro
em reação a uma questão de grande preocupação.
Diz-se que durante uma rebelião de Pende em
1931 contra o domínio colonial belga , um dos líderes,
Matemu a Kelenge, usou esta forma de ngombo para
consultar os mortos e fornecer protecção aos soldados de
Pende.'
Apesar das brutais retaliações coloniais contra os Pende,
algumas figuras njinda sobreviveram depois de 1931.
O carácter cada vez mais marcial de tais obras é
especialmente aparente.
em um exemplo no Museu Americano de História Natural
em Nova York, que apresenta uma espada de dois
lados (nkusa) e
Machine Translated by Google

sinos.5 Esse tipo de espada era conhecida

principalmente como uma insígnia chave de cargo de
chefia; no entanto, durante a rebelião de 1931,
tornou-se emblemático de uma guerra justa
sancionada pelos antepassados. Mesmo que alguns

instrumentos do ngombo tenham sido descartados

em favor de modelos mais novos e inovadores, capazes
de abordar preocupações mais contemporâneas,
formas eficazes poderiam ser refinadas e personalizadas
para responder a crises específicas .

1. Esta e todas as outras informações sobre Pende cul

A estrutura apresentada nos parágrafos seguintes é

baseado em um ensaio sobre adivinhação Pende de
ZS Strother, "Smells and Bells:
O papel do ceticismo na adivinhação de Pende ;'
em Pemberton 2000.
2. Em 1884, a liderança da Europa concedeu à Bélgica
monarca constitucional, o rei Leopoldo II, o
autoridade para administrar a bacia do Congo
como seu domínio privado, o Estado Livre do Congo .
Foram tomadas medidas brutais para derrotar os
povos africanos independentes da região e para
explorar os recursos e a mão-de-obra locais .
Quando este território foi anexado ao Estado belga
em 1908 como Congo Belga , os povos locais ferramentas que podem permitir insights sobre boo segmentos. A superfície do rosto é coberta
continuaram a ser sujeitos a severa repressão experiências desconhecidas. com caulim vermelho , e a parte superior e as
política e exploração económica, e durante os
O primeiro instrumento galukoji documentado laterais são adornadas com penas de galinha ou
trinta anos seguintes revoltas contra a Bélgica
no Ocidente foi adquirido em 1928 perto de pintada. As características faciais são
autoridade ocorreu em toda a colônia.
3. Sikitele Gize a Sumbula, citado em Strother, Koshimbanda, na fronteira noroeste da região do reproduzidas de maneira grosseira; abaixo da
"Cheiros e sinos;' em Pemberton 2000. Pende Central.2 Léon de Sousberghe, durante a sua testa pronunciada , a sobrancelha forma uma linha
4. De Sousberghe 1959, pp. 150-51, citado em ibid. estada na região do Pende Central em 1951-53, contínua acima dos olhos fechados .
5. Esta figura njinda (número de acesso 90.2 /2957) foi
observou que este tipo de adivinhação instrumento era Durante uma consulta, o adivinho
adquirido em 1933 por G.Capresse, jornalista.
amplamente utilizado em toda a área . No entanto, coloque o instrumento de joelhos com a cabeça
pouco depois, a prática do galukoji parece ter sido voltada para cima. Ele o segurava inserindo o dedo
abandonada e os próprios artefatos descartados ; em algum ponto das travessas enquanto eram
assim, a confiança nesta técnica divinatória específica recitados nomes de indivíduos suspeitos de
19. Instrumento provavelmente abrangeu uma geração de praticantes crimes. Em resposta à menção
de Adivinhação Galukoji entre as décadas de 1920 e 1950 . do nome do culpado , o galukoji saltou para cima,
aproximando-se da cabeça do adivinho.'
(Ngombo) A testa saliente do oráculo evoca a posse de

Pende, República Democrática do Congo
Madeira, bambu, penas, fibra, miçangas, arbrus
sementes, camwood em pó; 39,4 x 96,5 cm (15½ x
38 pol.)
século 20
O Metropolitan Museum of Art, Nova York,
Presente da Sra. Ruth Trunzo, 1976 1976.410.1
Esta obra é um exemplo clássico do distinto
geme dos instrumentos galukoji , apresentando uma
cabeça desencarnada voltada para fora da
extremidade de um mecanismo que
assemelha-se a um portão "acordeão" de madeira e é
igualmente expansível e retrátil.
O mecanismo do acordeão consiste em nove segmentos
de bambu que se cruzam , cada um com cerca de 30
conhecimentos perigosos - como a consciência do
adivinho sobre o crime de um indivíduo - e também
acentua o dinamismo da ação que o impulsiona
para expor e trazer à luz os erros.
1. Esta e todas as outras informações sobre Pende
cultura apresentada nos parágrafos seguintes

A integração de um rosto no design
deste mecanismo cinético - uma adivinhação
instrumento (ngombo) conhecido como galukojí
sugere que suas ações são guiadas por alguma
centímetros (11¼ polegadas) de comprimento, unidos
na parte superior, no ponto médio e na base com fibra
de ráfia. Neste exemplo, cada extremidade dos
segmentos de bambu é carregada com o poder da
é baseado em um ensaio sobre adivinhação Pende
por Z. S. Strother, "Cheiros e Sinos: O
Papel do Ceticismo na Adivinhação Pende ", em
Pemberton 2000.
2. Jt está agora no Museu da África em Tervuren,

força espiritual. Este tipo de aparelho inovador de matéria, alternando o azul e o branco. Bélgica ( número de acesso 30731).

adivinhação Pende parece ter sido desenvolvido contas tubulares de vidro inseridas nas pontas, com 3. De Sousberghe 1959, p. 81, citado em Strother,

uma cauda de animal projetando-se da última delas, e "Cheiros e sinos", em Pemberton 2000.
durante um período especialmente ativo de
sementes vermelhas incrustadas na parte inferior
experimentação em resposta às mudanças
dos segmentos . A cabeça assume a forma de uma
aceleradas na sociedade Pende.1 As
transformações radicais que resultaram da colonização máscara em miniatura, que é amarrada
com fibra de ráfia para os dois principais bam
governar a região alimentou as demandas locais
por um maior número e variedade de análises

43
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20. Oráculo de Fricção:
Janus (Katatora)
Songye, República Democrática do Congo
Madeira; H. 14 cm (5½ pol.)
Século 19-20
Museu de Arte Mead, Amherst College, The Barry
D. Maurer(Turma de 1959) Coleção de Africanos
Arte, adquirida com Amherst College Discricionário
Fundos e Fundos de H. Axel Schupf (Classe
de 1957) AC1999.l
Dentro dos métodos de adivinhação Songye ,
instrumentos katatora (ou katola) deste
O tipo agia como o local físico de interação entre o
adivinho e o cliente – o ponto de contato que iniciava a
análise do adivinho do histórico de caso particular de um
indivíduo. (Ver páginas 11 e 15 de "Divination in Sub-
Saharan Africa", de John Pemberton,
neste catálogo.) Diz -se que o termo para este processo
divinatório evoca o barulho de batida que o instrumento
faz quando
batido contra a superfície de madeira de um encosto de
cabeça ou banquinho. Da mesma forma, o verbo kutotola
(que significa "
bater em algo várias
vezes para obter um
resultado" ou "bater
repetidamente em uma
porta para obter
entrada") sugere um
catalisador físico que
desencadeia a
conecta a uma grande forma oval aberta abaixo. A
admissão a um insight privilegiado.2
Para iniciar a
consulta, o
adivinho e cliente
cada um insira o primeiro
dois dedos de uma
mão no circu
abertura grande ou
retangular da cavidade
do oráculo de fricção
corpo enquanto estamos
de frente um para o
outro. Eles
conjuntamente detêm o Katatora como o
O adivinho investiga
a causa do problema
do cliente,
formulado como uma
série de perguntas
"sim" ou "não"
dirigidas ao
conselho espiritual
do adivinho. As
respostas são registradas
através de movimentos do instrumento: uma resposta
afirmativa é geralmente comunicada por um movimento
circular vigoroso no sentido anti-horário, e uma resposta
negativa por uma inclinação do instrumento seguida por
um movimento de varredura para frente e para trás através
da superfície de um tapete, banco ou o chão.' A evidência
de tais ações extensas ao longo do tempo é
refletido no desgaste e abrasão aparentes na parte inferior
de tais instrumentos. O
O adivinho expressa gratidão por sua eficácia esfregando
o instrumento com giz sempre que surge uma lua nova -
um evento associado à iluminação e à renovação.'
Embora o objeto manipulado possa ser uma cabaça
ou um receptáculo de metal totalmente desprovido de
de refinamento estético, artefatos mais caros e
esculturalmente elaborados , como
estes foram encomendados por adivinhos a artistas.5
Essas obras geralmente assumem a forma de uma cabeça
ou torso acima de uma moldura retangular. O elemento
figurativo é frequentemente inspirado por um sonho em
que o adivinho visualiza o seu conselheiro espiritual.
Foi registrado que os escultores Songye deram forma a
essas formas a partir da madeira dura
44
da árvore kikewebaii , cuja seiva é comumente usada
como emético. Há, portanto, uma conexão metafórica
entre a natureza do material e o volumoso
quantidade de conhecimento que é descarregado ao
longo de uma consulta bem-sucedida.'
Neste exemplo especialmente elegante, o design é
perfeitamente simétrico. Duas cabeças voltadas em
direções opostas compartilham um pescoço largo que as
sensação de formas uniformemente equilibradas é
refletida ainda mais na unidade entre o bloco horizontal
na base que é usado como superfície de fricção - e a
superfície achatada das cabeças no topo. O potencial
mediador de tais instrumentos é reforçado visualmente
pela representação de Janus, o que sugere
clarividência e onisciência excepcionais .
1. Memória 1996, pp.
2. D'Orjo de Marchovolette 1954, citado em
Memória 1996, pág. 182.
3. Memória 1996, pp.
4. Ibid., pág. 185.
5. Ibid., pág. 182.
6. Theodore Theuws, citado em Memory 1996,
pág. 182.
21. Oráculo de Fricção:
Animal com cabeça de Janus
(suspira)
Kuba, República Democrática do Congo
Madeira; C. 26 cm (10¼ pol.)
século 19
Museu das Culturas, Base/ III 5654
Considerados instrumentos divinatórios infalíveis, os
oráculos de fricção(itombwa) eram usados para mediar
entre os adivinhos e os oniscientes.
espíritos da natureza, a fim de determinar a causa das
doenças e os tratamentos apropriados e expor a
desonestidade. Eles desempenhavam esse papel sob a
forma de uma forma animal, favorecida pelos espíritos
da natureza, projetada para registrar seus insights em
resposta à manipulação humana. (Veja as páginas 10-11 e
15 de "Divination in Sub-Saharan Africa" de
John Pemberton, neste catálogo.)
As arades de fricção Kuba são invariavelmente
representações em madeira de um animal quadrúpede
com costas planas. A parte de trás serve como
a superfície contra a qual um implemento
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feito de madeira, fibra ou resina é esfregado. Isto
é através da ação de mover este implemento para
frente e para trás pela superfície do
o oráculo que as respostas às perguntas são
obtidas. Embora geralmente a cabeça do animal
seja representada em uma extremidade e a cauda
na outra, às vezes há uma cabeça em cada
extremidade, como neste exemplo.
Ao iniciar uma consulta, o adivinho umedece
o instrumento com óleo
ou água e esfrega no oráculo de fricção
voltar. Para uma consulta médica, o adivinho realiza
a ação enquanto faz uma série de afirmações sobre
possíveis medidas que podem ser tomadas (por
exemplo, "Não coma mandioca;' "Não fume tabaco;'
etc.); quando o tratamento mais apropriado é
mencionado, o instrumento de fricção para de
repente de se mover , e o adivinho sente que
está resistindo aos seus esforços e aderindo à
superfície do oráculo.1 Da mesma forma, em casos
que envolvem a determinação do autor de um crime,
o adivinho recita nomes dos residentes da
comunidade até que o oráculo responda da
mesma forma. Nesses casos, o cliente confrontará
o suspeito e , se este negar a culpabilidade, esta
alegação de inocência será posta à prova . Isso
envolve os dois indo até uma árvore, cortando um
quadrado na casca sem separá-la do tronco, e
então os dois batendo na árvore até que o
quadrado seja desalojado. Se cair com a casca para
baixo, o acusado é inocente, mas se cair com a
casca para cima, o veredicto do oráculo da fricção é
confirmado.2
O uso de itombwa para adivinhação
entre os Kuba pode ser atribuída ao início
século XVII , antes da era da realeza Kuba.' A prática
foi introduzida naquela época pelos povos Kete ,
quando os antepassados dos Kuba migraram para
o território Kete. Isto estava ligado à adoção da
reverência Kete pelos espíritos invisíveis da natureza
(ngesh), que se acreditava povoarem as florestas e
fontes de água da paisagem .
Os Ngesh eram considerados como desempenhando
um papel ativo na influência do curso dos
assuntos humanos, de forma favorável ou não. Sua
aparição para um indivíduo , seja em sonho ou
através de um encontro sobrenatural constituiu
um chamado à vocação de adivinho.'
O papel do adivinho era interpretar e resolver
os conflitos à medida que surgiam, em consulta com
o ngesh.
Uma distinção primária entre divi
instrumentos natórios usados pelos Kuba e
pelos adivinhos Lele vizinhos é que enquanto aqueles
projetados pelos Lele e muitos outros grupos são
antropomórficos, quase todos os oráculos Kuba
são zoomórficos.' O tema zoomórfico de Kuba
itombwa constitui um afastamento notável da tradição
escultórica Kuba mais ampla, conhecida por sua
extensa gama de formas que compartilham uma
ênfase humanista.6 As imagens de oráculos
de fricção baseiam-se em certas classes de animais
que são
associados à adivinhação e são considerados
capaz de forjar vínculos entre o mundo dos humanos
e o mundo dos espíritos. Na maior parte, esses
mediadores ideais habitam o ambiente da floresta
pantanosa ou da mata densa junto com o ngesh.
Conseqüentemente, crocodilos, porcos-do-mato,
porcos-verrugas, tartarugas, porcos-espinhos, iguanas e
45
os cães são considerados mensageiros ideais usados
para apelar ao ngesh. Como o olfato apurado dos
cães os torna caçadores hábeis, eles são vistos como
uma metáfora apropriada para a capacidade do
adivinho de rastrear criminosos.
Ao projetar um itombwa, os escultores Kuba
limitam -se a esses temas animais, a fim de garantir
a eficácia do instrumento, mas dentro dos
parâmetros iconográficos prescritos , os artistas
recebem um certo grau de licença. Isso se reflete
em uma série de obras estilisticamente diversas que
evocam as características de animais apropriados ,
mas se desviam delas de maneira significativa para
sugerir criaturas de outro mundo. Neste exemplo ,
esse sentido é aparente na síntese de
características caninas e crocodilianas e na
duplicação de cabeças, implicando vigilância e
consciência extraordinárias . A pronunciada curva
côncava das costas, causada pelo uso extensivo,
é um sinal de seu bem-sucedido papel como
emissário.
1. Torday e Joyce 1910-11, p. 122; Hoje
1925, pág. 239.
2. Torday e Joyce 1910-11, p. 122.
3. Vansina 1978, pp. 201-2.
4. Mack 1981, pág. 53.
5. François Neyt, Arts Traditionnels et Histoire
au Zaire (Bruxelas: Société d'Arts Primitifs,
1981), p. 170. As tradições divinatórias
relacionadas que dependem do uso de
oráculos de fricção são difundidas dentro e
fora da região de Kasai entre os povos
Azande, Ding, Lele, Lwalwa, Ngbaka e Wongo .
6. Mack 1981, pág. 51.
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Comentários Visuais: Conjuntos de Sinais de Adivinhação
22. Kit de Adivinhação:
Cabaça e Elementos
Songye, República Democrática do Congo
Cabaça, madeira, metal, fibra, couro, outros
materiais; Diam. 21.6 cm (8½ in.)
Século 19-20
Coleção privada
O instrumento de adivinhação para um método de
investigação praticada extensivamente na África
Central e Centro-Sul consiste em uma
cabaça ou cesto contendo objetos naturais e
manufaturados. Quando é sacudido, a disposição
do seu conteúdo é interpretada como um código
visual usado pelo mundo espiritual para revelar e
comunicar insights sobre experiências humanas.
O design deste recipiente do adivinho Songye,
tal como o seu conteúdo, representa uma síntese
perfeita de elementos naturais e manufaturados.
Sua estrutura é a de um buraco
cabaça cujo topo foi esculpido em forma de tampa,
com cabo feito de cartucho de bala . Através de furos
perfurados em todo o perímetro, um fio de fibra
vegetal foi enfiado e usado para suspender uma
série de badalos de ferro em miniatura e onze
estatuetas de madeira. Duas das miniaturas são
cães, o restante é humano. Com as mãos apoiadas
em ambos os lados de um abdômen um tanto
distendido, estes se relacionam estilisticamente
com esculturas monumentais de nkishi da comunidade
Songye (ver cat. no. 10 ).
A cabaça contém um conjunto de
itens, incluindo miniaturas esculpidas - figuras
adicionais e um tambor - bem como matéria
orgânica composta de venenos, sementes, crânios
de pássaros , vinhas retorcidas, ovos, garras, penas
de vários pássaros e dentes de animais (leão e
elefante). Tal coleção de matéria é inerte, a menos
que seja acesa pelo adivinho (nganga) que a
possui e reconhece seu potencial.
A sua visão deve permitir- lhe extrapolar a partir
destas partículas componentes um complexo de
ideias associadas às fontes de onde são extraídas.
Como unidades individuais, cada uma evoca uma
série distinta de ideias e associações. Materiais
comparáveis interpretados por adivinhos Ndembu
no noroeste da Zâmbia foram caracterizados
como"polivalentes", e Mary Nooter Roberts e Allen
F. Roberts chamaram a atenção para
a qualidade "mnemonicamente multirreferencial"
compartilhada por cada item dentro de uma
cabaça Luba rnboko.1 Victor Turner registrou o
cência de indivíduos suspeitos de atos criminosos
amplo alcance das ideias associadas aos itens dos
cestos de adivinhação Ndembu , com alguns deles que vão desde roubo e adultério até feitiçaria e
assassinato.' Mary Nooter Roberts observou
sugerindo princípios de organização social, outros
aludindo a costumes que regulam o comportamento cabaças de adivinhação comparáveis com figuras de
social , e outros ainda relacionados com aspirações e estilo Songye em uso nas áreas de Luba.'
emoções.2
1.Turner 1975 ; Memória 1996, pág. 194.
Quando ligados uns aos outros fisicamente
2. Turner 1975, citado em Memory 1996, p.195.
justaposições resultantes das ações de um
3. A confirmar, pág. 194.
adivinho, as possibilidades interpretativas 4. Alan P. Merriam, Um mundo africano: o
aumentam exponencialmente. Cada vez que ele Eles apontaram a vila de Lupupa Ngye (Bloomington).
reconfigura aleatoriamente o conteúdo da cabaça, e Londres: Indiana University Press, 1974),
pp. 157-60.
5. Memória 1996, p. 202.
Roberts e Roberts
observe que uma grande
cabaça decorada chamada
turbante, como o
mboko ou kileo,"contém
uma variedade de
itens que respondem a
questões colocadas pelo
adivinho....... Sempre que
há um desentendimento
entre o adivinho
e o cliente, o
'kilemba' é colocado em
colo do cliente. Se o
cabaça é sentida para
aderir ao cliente
pernas, isso implica culpa,
ou indica que o
cliente está mentindo.
Se o cliente for mostrado
ser inocente do
sacudindo -o, a colocação relativa dos elementos crime ou dilema em questão, o adivinho
simbólicos muda, e essas relações são elas mesmas vai tirar giz da cabaça e espalhar _
nos braços, rosto e peito da pessoa para significar
associadas a uma gama de significados.·' A
a absolvição." Ibid.
capacidade de um nganga de interpretar imagens
6. Mary Nooter Roberts, em conversa telefônica com a
sucessivas está enraizada em sua compreensão do autora, maio de 1999.
mundo natural e em como ele o conecta a um
mundo específico . caso em questão.
Esta capacidade de interpretar preceitos abstratos
com perspicácia e relacioná-los com as realidades
contemporâneas permite- lhe exercer uma enorme
23. Cesta de Adivinhação
influência, que é considerada uma força em si, (Ngombo Ya Cisuka) e
chamada bukopo.'
Estatuetas de
Os Songye e os seus vizinhos Luba estão
intimamente relacionados e partilham muitas Adivinhação em Miniatura (Tuphele)
instituições culturais, formas de representação e
Chokwe, República Democrática do Congo e
técnicas de adivinhação (ver cat. nº 20 e
Angola
pp. 14-15 de "Divination in Sub-Saharan Africa" de
Cesta: fibra, material orgânico; Diam. 28 cm
John Pemberton, neste catálogo); algumas destas
( 11 pol.)
técnicas também são praticadas pelos adivinhos
Estatuetas: madeira; H. 5,5-9 cm (2½-3½
Lunda Aruund, Chokwe, Lovale e Ovimbundu
(ver pol.) Século 19 a 20
gato. não. 11). O trabalho mostrado aqui parece estar Museu de Etnografia, Neuchâtel
especialmente relacionado com a cabaça rnboko dos
adivinhos Bilumbu e com outra forma Luba de Os adivinhos mais ambiciosos e altamente
adivinhação de cabaça conhecida como kilernba, conceituados da sociedade Chokwe esforçam-se
usada para determinar a culpa ou inocuidade. para alcançar a omnisciência explorando constantemente o
46
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mundo ao seu redor, buscando os ingredientes
necessários para criar um microcosmo do universo.
Alojado dentro de uma estrutura de cestaria tecida ,
esta confusão caótica de detritos aparentemente
ecléticos é continuamente reconfigurada
em combinações visuais que geram insights
na condição humana.
Neste método de adivinhação, o especialista em
ngombo ya cisuka analisa o conteúdo de uma cesta,
constituída por uma coleção de sinais (tuphele)
associados a um conjunto fixo de significados. Estes
são montados ou criados pelo adivinho e incluem minias
de madeira esculpida
estatuetas de madeira , uma variedade de matéria
animal (hastes, cascos, garras, penas e ossos) e
ingredientes minerais e vegetais ( partículas de madeira,
vagens e nozes). Em última análise, o cesto é concebido
como um conjunto exaustivo
e representação abrangente de
situações sociais, problemas e animar
vida encontrada no universo Chokwe.1
Os instrumentos analíticos de um adivinho Chokwe
são conhecidos como ngombo (ver cat. nos. 18, 19).
Existe uma extensa gama de técnicas de adivinhação
do ngombo , mas os profissionais geralmente se
especializam na prática de uma delas . Uma forma de
oráculo de fricção da Lunda
origem, ngombo ya kakuka, é considerado o
mais antigo desses <levices a serem usados
pelos adivinhos Chokwe . Contudo, o método mais
importante e conceituado é a adivinhação em cesto
(ngombo ya cisuka), também praticada por Lucazi,
Lunda, Lwena, Lwimbi,
Povos Ndembu, Ngangela, Nyemba, Ovimbundu e
Rotse.
Embora o diagnóstico de um adivinho de um
Embora o problema do cliente dependa igualmente
da interpretação da matéria orgânica e dos
elementos figurativos do cesto, os espectadores
ocidentais têm sido especialmente atraídos pelas
qualidades estéticas do tuphele figurativo .»
Existem aproximadamente vinte destes motivos
padronizados , concebidos em diversos estilos que vão
do altamente redutor e abstrato ao mais exigente
naturalismo. Isolados do contexto da cesta, esses
pequenos elementos não têm significado real , mas
possuem uma beleza lírica. Quando interpretado em
ao longo de uma consulta, cada uma delas transmite
um significado muito preciso, mas como imagens
independentes simplesmente retratam a forma humana
numa série de posturas e atitudes que sugerem
emoções universais.
Entre os principais protagonistas retratados
estão figuras que simultaneamente aludem a forças
ancestrais essenciais, incorporam fraquezas humanas
e pressagiam dificuldades potenciais.
Essas imagens alegóricas incluem as seguintes desolação associada a um ser ancestral que, embora
personificações: essencial para o bem-estar da sua antiga comunidade,
"Kalamba kuku wa lunga" é uma silhueta semelhante é ocasionalmente esquecido e negligenciado pelos
à representação de uma figura agachada. seus descendentes.• A sua contraparte feminina ,
Seus joelhos estão dobrados e levantados de modo que "Kalamba kuku wa pwo;' é uma figura em pé com um
seus cotovelos repousem sobre eles e suas mãos sejam mantidas braço levantado e uma mão colocada na boca ou
para qualquer lado da cabeça. O formulário cria
uma série especialmente impressionante de espaços queixo, enquanto o outro braço está pendurado ao lado do corpo.
negativos . Seu design sugere uma sensação de solidão Este gesto hesitantemente apreensivo pode
47
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sinalizar a aproximação da morte, uma atitude de
reflexão ou o reconhecimento de uma ameaça
potencial.5 Outra protagonista feminina,
"Katwambimbi;' leva as duas mãos à cabeça,
cobrindo o rosto, e às vezes carrega um bebê
agarrado às costas. Seu lamento e postura pesarosa
antecipam sua morte iminente.'
Os membros entrelaçados simetricamente de um
casal masculino e feminino, "Mbate;' criam uma
forma fluida e graciosamente equilibrada. Seus
braços se cruzam e se fundem com
lado do parceiro, e suas pernas também costumam
estar cruzadas. Em muitas versões deste motivo,
a natureza sexual do seu envolvimento é
especialmente explícita. Este acoplamento primordial
está frequentemente associado a tensões no
casamento, que podem resultar de desvios
socialmente condenados no comportamento sexual,
como o adultério.7 Outra representação que
retrata uma série de figuras inter-relacionadas
é o de"Jinga hamba;' em que "Cikunza;' um
personagem mascarado de Chokwe vestindo
um cocar alto e cônico associado a
iniciação masculina e fertilidade, é ladeado por
figuras gêmeas. Os três são representados como
uma linha contígua de corpos idênticos que
mantêm as mãos no abdômen. Deles
a aparência evoca o espírito da fertilidade e da caça,
e podem ser prescritos como um amuleto usado
pelos caçadores.'
Duas forças teleológicas distintas são
invocadas na oração pelos membros da sociedade
Chokwe. Eles são o Criador Supremo
(conhecido como Kalunga ou Nzambi) e os
espíritos dos ancestrais fundadores do império
Lunda.' Essas duas forças primordiais
são refletidos no conteúdo de uma adivinhação
cesta, na qual as matérias-primas são equilibradas
com elementos figurativos que remetem
metaforicamente ao comportamento humano. De
acordo com o sistema de crenças Chokwe que rege
abertamente acessível a eles.1 ' Teoricamente, a
o ngombo ya cisuka, todas as experiências são quantificáveis.
Por mais que um físico ocidental compreenda as
leis que governam a matéria, a energia, o movimento
e a força, este sistema pode ser aplicado
objetivamente para revelar a causa subjacente de
qualquer desenvolvimento angustiante.
Os adivinhos de Chokwe interpretam os sinais fornecidos
pelo mahamba, ancestral e espírito da natureza
que atuam como intermediários entre o
Criador e humanidade. Mahamba pode revelar
as circunstâncias responsáveis pela precipitação
de certas crises e, ao mesmo tempo, pode ser o
catalisador responsável por tais desenvolvimentos.
Ficam insatisfeitos e infelizes quando deixam de
receber o respeito e a atenção que lhes são devidos
e infligem punições severas.
sobre os culpados de mostrar desrespeito.
Estes assumem a forma de uma variedade de
infortúnios, incluindo doenças, acidentes, morte,
esterilidade, impotência, caça deficiente,
possessão espiritual e perda de propriedade.
Tais problemas também são causados por
wanga, o mal ativado por inimigos malévolos (ver
cat. nº 18). A principal acção tomada em resposta a
estes problemas é consultar um adivinho para obter
um diagnóstico e conselhos sobre como aliviar a
situação. 1º
Devido à sua capacidade de resolver estes
conflitos, os adivinhos (tahi) desempenham um papel
de excepcional importância. São eminentemente
respeitados e dão contributos indispensáveis
para o bem-estar social e espiritual das suas
comunidades. Como consequência, eles
invariavelmente alcançam o status de notáveis em
sua aldeia e ocupam uma posição de liderança,
perdendo apenas em importância para o chefe.1'
Os adivinhos recebem suas habilidades
sobrenaturais de ancestrais poderosos. Depois
de passarem por um extenso e exigente curso
de estudo e iniciação, os candidatos são possuídos
pelo ngombo, o espírito ancestral que inspira e
orienta as investigações divinatórias.12
Para se preparar para uma consulta, o adivinho
aprimora sua clarividência aplicando argila ritual
branca e vermelha nos cantos dos olhos e na
borda da cesta, e invoca um ancestral tutelar
agitando um chocalho. Com o cliente sentado em
frente ao adivinho, a sessão é iniciada agitando
a cesta e seu conteúdo. Tuphele que vem
descansar ao lado do peticionário constitui uma
resposta à pergunta, um presságio que é
interpretado analisando o significado simbólico do
tuphele e seu posicionamento relativo.13 Embora a
precisão da leitura do adivinho dependa da posse e
orientação espiritual, esta técnica inspira a confiança
dos clientes porque a evidência visual também é
cesta e seu conteúdo representam um catálogo de
todas as variáveis potenciais na experiência vivida
de um indivíduo. No entanto, embora as
possibilidades interpretativas particulares para cada
item
são finitos, os componentes são como átomos ou
palavras, que podem ser ligados em combinação.
Estas combinações definem o significado, e tais
significados têm o potencial de inspirar uma
gama quase infinita de narrativas.
1. Marie-Louise Bastin, La Sculpture Tshokwe (Meudon,
França: Alain e Françoise Chaffin,
1982), pág. 55; Lima 1971, citado em Areia 1985,
pág. 21.
48
2. Areia 1985, p. 54.
3. Ibid., pág. 175.
4. Ibid., pp. 185-89.
5. Ibid., pp. 189-92.
6. ibid., pp. 206-8.
7. Ibid., pp. 204-6.
8. Ibid., pp. 181-83.
9. Bastin em Chókwe! 1998, pág. 16; Bastin, La
Escultura Tshokwe, pág. 53.
10. Bastin, La Sculpture Tshokwe, p. 55;Areia
1985.
11. Baumann 1935, citado em Areia 1985, p. 19;
Bastin, A Escultura Tshokwe, p. 53.
12. Bastin, A escultura de choque, p. 55; Lima
1971, citado em Areia 1985, p. 53. O termo
ngombo é usado para se referir tanto ao espírito
força e as várias técnicas de adivinhação
e aparelhos empregados por adivinhos em
Chokwe e culturas relacionadas.
13. Bastin 1982, p. 57.
14. Areia 1985, p. 77.
24. Dados de Adivinhação
(Para iniciar)
Shona, Zimbábue
Madeira; 12 x 4 cm (4¼ x 1½
pol.) Século XIX-XX
Coleção Horstmann, Zug, Suíça
Conjuntos de dados ( hakata) são a quintessência
Instrumentos Shona usados para adivinhar o
fonte de doença ou infortúnio pessoal.
Estes consistem em uma série de quatro miniaturas
tábuas, feitas de madeira, marfim ou maldição, cada
uma com um motivo de desenho distinto inscrito
em um dos lados. De acordo com as concepções de
experiência Shona, as dificuldades pessoais - que
vão desde o desemprego ou notas baixas na escola
até a morte do gado - podem ser todas
atribuídas a alguma ação espiritual.
Conseqüentemente, é feita uma distinção entre
o tratamento médico de certas doenças e a análise
e diagnóstico por parte de um adivinho da
causa última dos problemas de um cliente.1
Para chegar a esses insights, Shona adivinhou
ers usam um dos dois métodos de adivinhação.
O primeiro envolve possessão espiritual. Os
adivinhos que confiam neste método para
direcionar suas investigações entram em transe
no início da sessão. Quaisquer declarações que
eles façam enquanto estão nesse estado são
atribuídas aos espíritos que eles hospedam.2 Os
mesmos espíritos que se comunicam com os
adivinhos em transe também podem revelar
conhecimento sobre o bem-estar de um cliente por
meio do hakata. Os dados de adivinhação são
considerados as personificações físicas desses
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insights, apresentados através da configuração
em que se organizam após serem lançados em
uma superfície pelo adivinho.' Para funcionarem
eficazmente e aguçarem o seu potencial
visionário, os dados devem ser periodicamente
purificados ritualmente ou "medicados" por um
adivinho. Embora os conjuntos de dados sejam
mais comumente usados para esta forma de
adivinhação, os adivinhos também podem
empregar coleções de conchas, sementes ou
ossos. Esta prática também é encontrada
entre os povos vizinhos Venda, Tsonga e Batoka.
Os chefes de família têm os seus próprios
conjunto de hakata, usado principalmente
para investigações sobre assuntos
que dizem respeito ao interesse da família
e bem-estar.' Contudo, para investigações
de problemas mais sérios causados por
feitiçaria, um adivinho profissional (nganga;
plural, banganga) deve ser consultado.
Embora se espere que os adivinhos
sejam capazes de diagnosticar o
problema de um cliente sem qualquer
conhecimento prévio de seu
seu histórico de caso, alguns dos
eles experimentam sonhos
reveladores antes da consulta
ocorre.'
Antes de cada lançamento, o adivinho dirige
perguntas específicas ao hakata. Quando os
dados são lançados, aqueles que caem virados
para cima formam uma configuração através da
qual se articulam respostas afirmativas ou
negativas. Existem dezesseis lances possíveis,
cada um com um nome e uma gama de interpretações. como pistas relevantes na interpretação do
Muitos adivinhos altamente qualificados jogam
quatro ou oito conjuntos de dados de cada
vez, a fim de conseguir uma interpretação
mais complexa e matizada de uma situação.9
A descrição mais antiga do uso de
A adivinhação hakata é documentada por um
Visitante português na região em 1586:
Todas essas [pessoas] antes de empreender
qualquer coisa, seja uma viagem, um negócio
ou um plantio, lançam sortes para descobrir se o
assunto será afortunado
ou não, e se o lote não for favorável adiam
o negócio para aquele dia...... Esses
pedaços de madeira, ou
muitas, o [povo] chama de "chacatas"; e
cada [homem] carrega consigo essas
"chacatas" amarradas em um barbante
para usá-las em caso de dúvida . Nesse
caso ele as joga, como nós jogamos
dados, várias vezes, e eles dizem que são
assim mostradas. se uma coisa é boa
ou má.10
A longevidade dos designs hakata e
a sua ressonância generalizada é sugerida pelo facto
de terem sido encontrados instrumentos de
adivinhação deste tipo, bem como trabalhos em pedra
com uma estética semelhante, em vários sítios
arqueológicos. Paletas de marfim com leões esculpidos,
que podem ter feito parte de um conjunto de dados de
adivinhação, foram descobertas entre as ruínas das
colinas de Khami, capital do estado de Torwa.
(1450-1700).11 Além disso, o design
os motivos que aparecem na maioria dos dados
contemporâneos se assemelham aos da
alvenaria de numerosas estruturas arquitetônicas
e de um dos oito pássaros de pedra-sabão
descobertos no local do Grande Zimbábue,
datados de 1250-1500.12 À luz disso, o
simbolismo e o design do hakata foram propostos
layout espacial das estruturas arquitetônicas de
elite construídas pelos ancestrais da Idade do Ferro dos pelo
Shona.
Os motivos padronizados que aparecem em
Os implementos hakata correspondem a quatro
identidades, representando diferentes idades e gêneros
e simbolizando aspectos essenciais da força vital, como
sabedoria e fertilidade. O conjunto aqui apresentado é
composto por (da esquerda para a direita) khami,
representando mulheres idosas e idosas, em forma de
entrelaçamento de nó duplo; chitokwadzima, velho e
homens mais velhos, em forma de crocodilo; chirume,
homens jovens e juniores, como duas faixas paralelas
de losangos; e nhokwara, mulheres jovens e juniores,
como um único grupo de entrelaçamento.13
Há uma ampla gama de variações formais
nessas configurações básicas de projeto.
A forma do "velho" é frequentemente aludida de forma
abstrata por uma variedade de motivos de círculos e
pontos e por desenhos pontiagudos que podem se referir à
pele de crocodilo. Crocodilos estão associados
com liderança sagrada, em parte por causa de
49
seu comportamento perigoso, feroz e destemido. Mais
importante ainda, eles podem se comunicar com o
mundo ancestral no fundo de poças profundas de
água.1 ' A "velha" é sempre representada por um
par de desenhos pequenos e idênticos que lembram
porções de "velho" ou "jovem "
elementos de design e representa a unidade da família.
"Mulher jovem", representada por cobras retorcidas ou
outros desenhos entrelaçados, está associada à fertilidade.1
' "Jovem" é
caracterizada como uma píton e é
identificada com a chuva e a fertilidade
da terra.1 '
O design e uso de
hakata reflete a convergência da
sensibilidade dos adivinhos e dos artistas
habilidades. Os adivinhos não são
apenas os principais patronos dos artistas
na sociedade Shona, mas os dois
compartilham a mesma fonte de conhecimento divino.
inspiração na prática de suas respectivas
vocações. Alguns indivíduos podem
ter sonhos
em que são chamados a se tornarem
adivinhos por parentes que também
eram banganga, após o que são habitados
por um espírito (barbear).1 ' Da mesma forma, as carreiras
dos artistas são muitas vezes iniciadas por um diagnóstico
de uma aflição que significa que um ancestral deseja
que eles desenvolvam as habilidades de um escultor
ou ferreiro.1 ' A criatividade envolvida no design de
peças tradicionais As formas de expressão Shona não
refletem uma ênfase na originalidade por parte do
artista individual. Em vez disso, também é concebido
como o produto da inspiração divina comunicada
barbear .
1. Bucher 1980, p. 120.
2. Legados de Pedra 1997, p. 198; Bucher 1980,
pp. 115-16.
3. Bucher 1980, p. 116.
4. Ibidem.
5. Legados de Pedra 1997, pp.
6. Kuper 1954, página 34.
7. Legados de Pedra 1997, p. 128.
8 Bucher 1980, p. 116.
9. Ibidem.
10. João dos Santos, cited in Huffman 1996,
pp. 114.
11. Huffman 1996, pág. 58.
12. Ibidem, fig. 5h35.
13. Ibid., pág. 113, fig. 67.
14. Ibid., pág. 29.
15. Ibid., pág. 67.
16. Ibid., pág. 29.
17. Bucher 1980, p. 114.
18. Legados de Pedra 1997, p. 66.
19. Ibid., pág. 64.
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Invocando os Espíritos: Dispositivos Musicais
25. Atacante de
Gong: Equestre (Lawle)
Baule, Costa do Marfim
Madeira, tecido; 10,8 x 25,1 cm (4½ x 9½ pol.)
Séculos 19 a 20
The Metropolitan Museum of Art, Nova York, Purchase,
Pace EditionsInc., Fred e Rita Richman, e Sr.
Presentes, 1977 1977.335
Um espetáculo dramático enriquecido pela dança
e pela música fornece a arena para revelações feitas
pelos adivinhos do transe Baule (komien).
O som de um golpe de gongo com um golpe de gongo
finamente esculpido, como este exemplo, atua como
um catalisador que desencadeia o estado de
consciência necessário para que os komien sirvam como médiuns.
Este trabalho foi originalmente concebido para ser
batido contra um gongo de ferro em forma de sino
pelo adivinho na privacidade da sala do seu santuário
antes de iniciar uma sessão pública. O anel percussivo
induz transe e possessão pelos espíritos da natureza
(asye usu), e se o adivinho sentir sua partida em
qualquer ponto antes da conclusão do evento, ele será
atingido novamente. No contexto da consulta
presenciada pela comunidade, a beleza deste
instrumento cuidadosamente esculpido contribui para
o apelo estético do espetáculo dramático, que é
coreografado
combinar fantasias, dança e música com uma
exibição de diversas formas esculturais de propriedade
do adivinho.1 Isso aumenta o apelo teatral do
evento e denota a estatura profissional do adivinho.
Existem dois tipos distintos de golpeadores de
gongo: kokowa, golpes utilitários desprovidos de
enfeites, e lawle, instrumentos intrincadamente
esculpidos que exibem as intenções estéticas
deliberadas de seu criador.2
nestes trabalhos mais elaborados, o repertório de
motivos unidos ao cabo inclui
figuras femininas, imagens zoomórficas e
máscaras bo nun amuin (máscaras sagradas
masculinas mantidas em santuários no mato onde as
mulheres são proibidas de entrar). Embora o criador
do exemplo mostrado aqui não tenha visto o tema
equestre que retrata, o design deste Lawle está
entre os mais bem-sucedidos de seu gênero.
A concepção geral do cavalo expressionista
combina um dorso oscilante e um longo focinho
semelhante ao de um camelo com as minúcias
cuidadosamente reproduzidas das rédeas esculpidas.
A escala da parte superior do corpo do cavaleiro
contrasta nitidamente com a das pernas. Abaixo, a
ampla curva côncava do cavalo
estômago é enfatizado pelo crescente
50
espaço negativo em forma entre ele e a curva
côncava da base finamente esculpida.
As delicadas imagens apresentadas na base
distinguem os dois lados e os unificam. A tartaruga
é o principal protagonista de um lado, e uma serpente
que domina o outro se estende sobre
morder seu pé. Esse
assimetria bilateral
é um aes intencional
thetic <levice usado pelos
fabricantes Baule de
tais trabalhos para criar
contraste, bem como para
surpreender e
demonstrar a sua
invenção inesgotável.'
Na base, uma pequena
almofada de tecido é
presa a
o martelo do atacante
elemento.' O topo da base, decorado com uma
passagem figurativa esculpida com aberturas, é
unido ligeiramente inclinado ao cabo, que foi
representado na clássica forma de corda. A
escultora Baule Leia Kouakou observou que
este elemento de design é reconhecido como
uma marca do talento virtuoso de um artista.'
1. Baule 1997, p. 237.
2. James Baldwin et al., Perspectivas: Ângulos sobre
Arte Africana, ex. gato. (Nova York: Centro de
Arte Africana, 1987), p. 147.
3. Baule 1997, p. 29.
4. Ibid., pág. 221.
5. Perspectivas 1987, p. 152.
26. Harpa-Alaúde
(Korikaariye)
Senufo, Costa do Marfim
Madeira, barbante, cabaça, metal, couro, tecido;
28 x 72 cm (11 x 28½ pol.)
século 20
Coleção B. e U. Gottschalk, Düsseldorf
Os adivinhos Senufo Sanda (ver cat. nos. 2, 3)
apelam às entidades espirituais madebele em
busca de insights através de uma exibição de
artefatos esculturais atraentes acompanhados por
aberturas musicais sonoras. Esses efeitos estéticos
criam um ambiente ideal e atuam como catalisadores
essenciais que facilitam a comunicação.
Machine Translated by Google
Ao longo de uma consulta , um adivinho coreografa
habilmente a interação de uma série de
estimulantes visuais e auditivos para alcançar um
estado de transcendência extra-sensorial.
As preocupações imediatas de um indivíduo
são abordadas num encontro íntimo em que o
adivinho Sando e o cliente sentam -se no chão,
frente a frente, com as esculturas madebele
colocadas em frente ao adivinho. Invariavelmente,
este processo de investigação é iniciado com uma
breve invocação musical. Enquanto o
adivinha feminina soa este musical
prefácio com um chocalho de cabaça, um adivinho
toca uma harpa-alaúde de seis cordas (korikaariye).
A partitura é essencialmente uma forma de
elogio que lisonjeia a madebele e expressa
gratidão pela sua intercessão. Envolve -os numa
dinâmica de apelo e resposta, através da qual
são convocados a participar, seduzidos pela beleza
da música e , em última análise , induzidos a
revelar o seu conhecimento ao adivinho.' Ao iniciar
e sustentar este processo de comunicação ao
longo de uma consulta, a música tem o mesmo
peso que os componentes visuais do processo de
adivinhação.'
O potencial para funcionar como
catalisador é expresso de forma especialmente
eloquente no design deste instrumento
específico. Para além da sua capacidade
funcional de produzir música, apresenta
uma representação escultórica de um espírito
do mato.' Esta presença flutuante e etérea
emerge do ressonador de cabaça, que é
coberto com couro de vaca. Situado
centralmente, funciona como a ponte a partir
da qual as cordas atravessam o braço longo
e curvo, unindo os dois componentes
essenciais do instrumento . Acessórios de
ferro e latão suspensos na ponta do braço
permitem ao músico acompanhar sua
execução com som percussivo.' Concebido
como um fulcro, o porta- cordas antropomórfico
assume a forma de uma mulher idealizada
com um elaborado penteado com crista . A
sua posição sugere uma metáfora para o
processo de adivinhação em vários níveis: o
papel do músico adivinho como árbitro entre
o madebele e os clientes do adivinho, os
madebele como intermediários entre a
humanidade e as forças da natureza e,
finalmente, o potencial de música para transcender as barreiras em
transformado dosfonte
1. Veirman 1996, pp .
2. ibid., pág. 156
3. Esmalte 1981, p. 176.
4. Formas Sonoras: Instrumentos Musicais Africanos,
Ed. Marie-Thérese Brincard, ex. gato. (Novo
York: Federação Americana de Artes, 1989), p. 90.
5. Esmalte 1981, p. 176.
27. Feitiço de Caça : voz quando o tambor é tocado. A importância
desta abertura é reconhecida pelo mestre adivinho,
Slitdrum (N-kookwa que, ao revestir o interior do instrumento com
Ngoombu) caulim, sal, pimenta e outras substâncias para
fazer um tributo ritual, convida o n-kooku a
Yaka, República Democrática do Congo
assumir o seu papel de onisciente. comentarista.
Madeira, metal, sementes, fibras, matéria orgânica ;
H.31,1 cm (12¼ pol.) O adivinho nunca é informado
século 19 antecipadamente sobre os casos . Em vez disso,
Museu de Arte do Brooklyn, Expedição ao Museu ele ou ela recebe uma pista fragmentária na
1922, Robert B.Woodward Memorial Fund 22.1461 forma de um objeto que esteve em contato
com a pessoa do cliente. Valendo-se de seus
poderes de clarividência, o adivinho usa o objeto
As crenças Yaka reconhecem um Criador celestial
como o originador da vida e da morte que, no
entanto, está afastado das preocupações da
experiência cotidiana. Em vez disso, a humanidade
depende dos mais velhos ou dos antepassados
para orientação. Na sociedade Yaka, as
pessoas que buscam insights sobre experiências
de infortúnio, doença, morte ou outros
desenvolvimentos perturbadores podem consultar
qualquer um dos vários oráculos divinatórios ,
durante os quais os aflitos passam por uma iniciação e lançam
deixando de lado sua condição de experimentar
um ritual de morte e renascimento.2 Os iniciados
no culto Ngoombu acabam investindo na capacidade
de assumir o papel de adivinhos profissionais.
(Veja as páginas 15-16 de “Divi nation in Sub-
Saharan Africa ”, de John Pemberton, neste
catálogo.)
Ngoombu revela que a faculdade da
clarividência é uma qualidade inata de certos
indivíduos. Este chamado manifesta-se
através de sintomas de doenças crónicas ou
alucinações , que afectam homens e mulheres
que os adivinhos ancestrais designaram para
ocupar o seu lugar. Em última análise, os
sintomas da sua vocação são abordados
através de um tratamento prolongado que
inclui reclusão, iniciação, aprendizagem e
aprendizagem de procedimentos rituais .'
Durante a supervisão da iniciação de um novato,
um mestre adivinho convida um escultor para
esculpir um tambor de fenda figurativo . Na
verdade, a forma humana do exemplo mostrado
aqui é característica dos tambores de fenda Yaka,
revelar elementos essenciais do caso.
que são domínio dos adivinhos do transe , que os
valorizam como médiuns indispensáveis para a Na manhã seguinte , depois de ter tido sonhos
inspiração divina. Uma vez criado o artefato , o visionários , o adivinho elabora um diagnóstico mais
mestre adivinho o consagra, para que ele seja detalhado.
estados metafísicos
de mediação com o. adivinho Como fonte de mensagens divinatórias
ancestral (n-kooku). Como resultado , o tambor transmitidas pelo adivinho, o tambor de fenda é
passa a incorporar o espírito do adivinho mentor, e concebido como o objeto sagrado preeminente
o instrumento é designado como n-kookwa. É a associado à revelação na sociedade Yaka, bem
clarividência deste ancestral que orientará o como o alter ego de seu proprietário .' Desempenha
novato em sua própria prática , e um papel difundido na vida profissional do adivinho
e tem múltiplos usos. É tocado para sinalizar a
a fenda servirá como boca do oráculo chegada de um adivinho em uma comunidade para
51
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realizar uma consulta. Pode ser empregado como a
plataforma na qual seu proprietário se senta enquanto
fornece insights. Ou pode ser utilizado como recipiente
no qual os «medicamentos» são preparados e a
partir do qual são ingeridos.»
Embora claramente criada para servir como
porta-voz oracular de um adivinho Yaka, esta obra em
particular apresenta elementos adicionais que
sugerem que ela foi modificada em algum momento
para transformá-la em um amuleto (nkisi; plural,
minkisi ) . Seu design clássico inclui cabeça com olhos
fechados, penteado trilobado,
28. Apito de Adivinhação:
Macaco (Nsiba)
Aldeias, Casas, República Democrática do
Congo
Madeira, chifre de antílope, fibra; L. 29 cm (11½
pol.) Século XIX
Museus Estatais em Berlim, Prússia
Propriedade cultural, museu para Viilkerkunde
IIIC 717a -c
A música muitas vezes desempenha um papel
essencial como catalisadora de processos rituais.
Apitos miniatura primorosamente refinados (nsiba)
faziam parte de um complexo de “medicamentos”
operados por um adivinho de acordo com
procedimentos específicos, a fim de alcançar resultados mágicos.
O apelo combinado de sua forma visual e apelo lírico
ativou uma força espiritual investida de poder sobre
algum aspecto da experiência humana.
O nome nsiba é uma combinação de
nsia, uma espécie de antílope (Silvicapa) do qual o
chifre é retirado, e o verbo siba, que descreve o papel
desses assobios como instrumentos que invocam
um nkisi, o espírito ao qual o adivinho se dirige.1 Apitos
de chifre de antílope encimados por miniaturas
finamente esculpidas esculturas foram feitas e usadas
em muitas culturas diferentes da África Central.2 As
esculturas em miniatura existem em uma variedade
de formas geométricas figurativas, zoomórficas e
abstratas, representadas em muitos estilos individuais.
Têm de 10 a 20 centímetros de altura, com furos
cônicos na base onde
a extremidade pontiaguda do chifre se encaixa,
reforçada por um barbante enfiado através de um
orifício próximo à extremidade pontiaguda e um orifício vertical no
orelhas proeminentes e corpo cilíndrico dividido
ao meio por uma cavidade vertical. Suspensos ao
redor do pescoço por um cordão de fibra estão um
fechadura, chave e chifre de animal. Na sociedade
Yaka, os adivinhos Ngoombu prescreviam
minkisi, fabricado por especialistas, que aprimorava a
capacidade de seus clientes para atender a alguma
necessidade específica. A caça tem sido
tradicionalmente a atividade mais produtiva exercida
pelos homens Yaka, e os minkisi criados para caçadas
privadas ou coletivas eram muito procurados.
A floresta visual de elementos adicionados, que
escultura. Ocasionalmente, como neste caso, duas
esculturas são presas ao mesmo barbante.
Nsiba adornado desta maneira elaborada
nunca foram carregados por pessoas comuns,
apenas por membros proeminentes da comunidade,
tais como curandeiros-adivinhos e possivelmente
chefes de aldeia.' Contudo, não eram artefatos de
prestígio, mas antes concebidos como “remédios”
prescritos por um determinado nkisi e utilizados em
rituais realizados para combater a feitiçaria ou para
curar os doentes.
Em última análise, essas obras desempenharam um
papel duplo como apitos de sinalização usados para
caçar e como intermediários espirituais para adivinhos (banganga).
Essas atividades se complementam
metaforicamente – assim como um caçador
persegue sua presa, um adivinho também rastreia
criminosos, feiticeiros e outras fontes de doenças,
morte e sofrimento.
Imagens de animais associadas a nisiba
inclui antílopes, macacos, cães e pássaros.
Parece que muitos dos assuntos
52
parecem pesar e restringir esta forma, alude
simbolicamente à ideia de aprisionamento e captura.
1. Arthur P. Bourgeois, TheYaka e o Suku
(Leiden: EJ Brill, 1985), pp.
2. Devisch 1995, p. 99.
3. Daniel Biebuyck, TheArts of Zai're, vol. 1:
Sudoeste de Zai're (Berkeley: Universidade de
California Press, 1986), pág. 177.
4. Devisch 1995, p. 103.
5. Ibidem.
6. Biebuyck, Arts of Zai're, p. 195.
das esculturas ilustram provérbios que eram poderosos
por si só. As duas figuras esculpidas que
acompanham o apito aqui mostrado referem-se à
vocação de adivinho. Em
primeiro, o artista capta a agilidade de um macaco
equilibrado em um galho e inclinado para frente. Foi
proposto que o macaco seja provavelmente o mutadi
de cauda longa, cujo nome significa "aquele que
espiona"; uma referência metafórica ao adivinho.6
O outro, um cilindro com a face de Jano, sugere
de forma semelhante os poderes de observação
do adivinho, que lhe permitem olhar simultaneamente
para os mundos visíveis e invisíveis.
1. Soderberg 1966, p. 8; Espanto e Poder
1993, pág. 58.
2. Soderberg 1966, p. 6.
3. Ibid., pág. 7.
4. Espanto e Poder 1993, p. 56.
5. Soderberg 1966, p. 24.
6. Wyatt MacGaffey, entrada para gato. não. 73 pol.
Reis da África 1992, p. 311.
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Emblemas de Iluminação e Poder: Adivinhos, Insígnias
29. Bolsa do Adivinho (Apo
Se um)
Iorubá, Nigéria
Pano, miçangas, couro; 25,4 x 21,6 cm (1O x 8½ pol.)
século 20
O Metropolitan Museum of Art, Nova York,
presente de Claire e Michael Oliver, 1999
1999.296
O acessório mais emblemático e personalizado
de um adivinho iorubá (babalawo) é o seu apo Ifa,
uma bolsa de couro com contas e adornos
brilhantes que não são apenas decorativos, mas
constituem um comentário sobre sua vocação
através de seus materiais e esquema de cores.
Dedicados à busca perpétua do conhecimento, os
adivinhos levam uma existência itinerante,
disponibilizando-se como conselheiros e buscando
colegas renomados cuja sabedoria e talento
possam expandir seu próprio entendimento.'
Tendo em vista seu modo de vida itinerante, os
babalawo iorubás foram comparados a artistas e são
descritos como “viajantes que são estranhos em
todos os lugares, não se sentem em casa em lugar
nenhum”. implementos (ver cat. nos. 12-16), que
inclui nozes de palma (ikin Ifa) ou adivinhação
corrente (apele Ifa), uma bandeja (opon Ifa), um
seringueiro (iroke Ifa) e uma pequena cabeça de
marfim simbolizando o deus Esu (também chamado
Elegba). Estes são transportados no apo Ifa, cuja
aba externa pode ser decorada com conchas
de búzios ou contas europeias importadas. A
importância fundamental do apo no modo de
vida do adivinho é indicada pelo epíteto akapo
(“transportadores de bolsas”).
O elevado status dos adivinhos de Ifá
na sociedade iorubá se reflete no acesso que
têm a materiais reservados à realeza, como marfim
e miçangas. O principal emblema da realeza divina
iorubá é uma coroa de contas, que é usada
com outros acessórios de contas, como chinelos
e vestidos. O fato de tais materiais altamente
valiosos e caros também serem incorporados aos
ornamentos associados aos adivinhos não é
apenas um sinal de sua posição elevada, mas
um reconhecimento de que tanto os reis quanto os
adivinhos são líderes cuja autoridade decorre
de seu relacionamento com Orun, o outro mundo .
Há um aforismo de um adivinho que
alude às suas insígnias de contas como sinais visíveis a prática do beadworker de virar as bagas que ele
de seu poder comparável: "[Eu] compartilho as coisas trabalhava.7
De acordo com a teoria das cores iorubá, o
igualmente com os governantes, eles usam coroas de
reis e eu uso colares de contas [dos adivinhos]."' a escala cromática pode ser medida em termos
A sensibilidade que guia a escultura de gradações tonais e temperatura, e toda a sua
das bandejas de adivinhação de Ifa também é evidente gama serve como uma metáfora para as forças
nas contas ou conchas aplicadas ao apo Ifa, com dentro do cosmos. Três grupos de cores primárias
motivos dispostos de forma semelhante para formar estão associados a traços de caráter distintos:
composições que refletem múltiplas perspectivas.5 branco (funfun) é
associado ao frio;
vermelho e o relacionado
cores rosa, laranja e
amarelo (pupa), com
calor; e o preto e as
cores relacionadas
azul, roxo e verde (dudu)
são os tons
intermediários. Aqui,
a composição
beadwork apresenta
uma paleta que dança
entre
rosa "quente" e
amarelo e "moderado"
azul e verde,
acentuados por
branco, preto e
vermelho. A dinâmica
refletida neste
campo de cores é
a da pupa e do dudu inseridos em um
pano de fundo de todo
o espectro de
possibilidades, ou todo
ness.' Essa cor
combinação é muitas vezes
usado pelos adivinhos
como uma expressão de
No entanto, em apo estes são assimétricos, seus esforços para revelar e mediar o
consistindo em campos distintos de diferentes forças do mundo e do outro mundo.10
padrões em uma configuração semelhante a um
patchwork. No trabalho mostrado aqui, essa tática 1. Henry John Drewal em Beads, Body e Sou/
de design é aparente em suas duas metades 1998, pág. 229.
contrastantes, uma preenchida com uma figura 2. Olabiyi Yai, "Em Elogio à Metonímia;' em O
esquemática “dançando”, a outra subdividida em Artista Yoruba, ed. Rowland Abiodun, Henry
John Drewal e John Pemberton III
três quadrados de padrões abstratos diferentes:
(Washington, DC: Smithsonian Institution Press,
triângulos entrelaçados, um tabuleiro de xadrez e um grande X.
1994), pp .
Assim, qualquer sensação de centro visual é 3. Drewal em Beads, Body, and Sou/ 1998, p. 229.
sacrificada à medida que o olho se move 4. Ibid., pág. 238.
constantemente de um segmento para o seguinte. 5 Henry John Drewal, "Arte e Adivinhação
Sem qualquer elemento unificador único, o plano entre os Yoruba: Design e Mito",
Africanafournal 14, nos. 2-3 (1987), pág. 143.
pictórico se divide em um agregado de diversas
6. Drewal em miçangas, corpo e sou! 1998, pág. 78.
formas, resultando em uma vitalidade e
7. Drewal, "Arte e Adivinhação", p. 143.
dinamismo estéticos expressos por o princípio 8. Drewal em iorubá 1989, p. 18.
iorubá conhecido como "brilho".' Um fator que 9. Drewal em miçangas, corpo e sou! 1998, pág. 104.
contribui para esta abordagem composicional pode ser o 10. Drewal em Iorubá 1989, p. 18.
53
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30. Cajado do Adivinho:
Pássaros (Osun
pai)
Iorubá, Nigéria
Ferro; H. 115 cm (45¼ pol.)
Século 19 a 20
Drs. Coleção Daniel e Marian Malcolm
No sul da terra iorubá, distintos bastões de ferro forjado
usados por curandeiros e sacerdotes de adivinhação de
Ifa apresentam motivos que evocam uma reunião de
pássaros, que celebram Osanyin, o deus dos
medicamentos fitoterápicos.1 Os adivinhos
veneram Osanyin, que orienta o uso de folhas na
preparação de "remédios" para seus clientes.'
As vocações de adivinho (babalawo) e de curandeiro
se sobrepõem um pouco, e ambos se dedicam
principalmente a combater a bruxaria em nome de seus
clientes, um objetivo que pode ser alcançado através
da mera posse de tal cajado.' Este atributo unificador
reconhece a combinação única de sabedoria,
ação eficaz e autoridade
que está subjacente ao seu poder e influência.'
No entanto, embora o vasto conhecimento da natureza
dos babalawos proporcione à maioria deles uma dupla
Para um papel que inclui a prática da medicina,
nem todos os curandeiros têm conhecimento
sobre adivinhação.
Representações de pássaros no ritual iorubá
artes (ver também cat. nos. 14, 44) evocam o poder
místico (ase) comandado pelas mulheres mais
velhas, referido como awon iya wa, literalmente "nossas
mães !" destrutivo. O reconhecimento da sua
importância fundamental no domínio da autoridade
política reflecte-se na representação
de grupos de pássaros no topo das coroas
reais.6 No contexto das formas de arte associadas
ao processo de adivinhação, os pássaros são
frequentemente representados como testemunhas
de consultas de adivinhação com Orunmila (também
conhecido como Ifa), o deus da sabedoria e da
adivinhação . .' Assim, um pássaro representado no
ápice de um cajado de Ifá é referido como o "pássaro de
Se um!' Acredita-se que tais pássaros invocam o
poder do falcão (asa), simbolizando a capacidade do
adivinho de resolver problemas de maneira adequada
e eficaz.' As imagens dos pássaros
da parafernália de adivinhação também se inspira
na poesia de Ifá, que conta que eye kan ("o pássaro
solitário") era bissexual e não podia dar à luz. Depois
de consultar
Ifa e fazendo os sacrifícios apropriados , eye kan
fixou residência na casa do adivinho e passou a ser
conhecido como
eye ile ("o pássaro da casa").'
O cetro mostrado aqui é um tributo especialmente
elegante ao alcance potencialmente ilimitado da
influência de um adivinho. No topo da longa haste de
ferro, está tinia! assume a forma de dois pássaros,
um ligeiramente maior que o outro, representados
como silhuetas voltadas para
direções opostas.1 º Os contornos das formas criam
uma série dinâmica de curvas amplas - bico, crista,
pescoço, asas e corpo - unificadas por um par
adicional de asas na base . Embora sejam
representados em metal, a fluidez das linhas confere
à composição uma qualidade etérea. O ferro é
escolhido como meio para as equipes de adivinhos e
curadores porque é
também usado para fazer ferramentas para cortar e coletar
ingredientes vegetais para cura e para fabricar armas
1
contra forças destrutivas .'
O protótipo dos cajados de adivinhos está
associado a Orunmila. Tais equipes se tornaram o
atributo de importantes Ifa
sacerdotes como o Ojubona, um líder
entre os adivinhos.12 Eles podem carregá-los em
procissões públicas para sinalizar o fato de que
54
eles estão se preparando para lançar Ifa ou para
marcar ocasiões significativas , como a cerimônia de
iniciação de um novo sacerdote." Como um de seus
bens mais valiosos , o cajado de um adivinho é colocado
na frente de sua casa como um emblema de sua
vocação e como uma salvaguarda protetora.1 '
1. Iorubá 1989, página 38.
2.Bascom 1969 , p. 84.
3. Deuses e Reis Negros 1976, p. 01/11.
4. Arte e Estética Yorubá 199 l, p. 42.
5. Henry John Drewal e Margaret Thompson
Drewal, Gelede: arte e poder feminino entre
os iorubás (Bloomington: Universidade de Indiana
Imprensa, 1983).
6. Iorubá 1989, página 38.
7. Veja gato. não. 12, nº. 3.
8. Henry John Drewal, "Arte e Adivinhação
entre os Yoruba: Design e Mito;'
Jornal Africano 14, nos. 2-3 (1987), pág. 42.
9. ibid., pág. 34.
10. Embora os cajados pertencentes a adivinhos e
herbalistas são geralmente descritos como sendo
indistinguíveis uns dos outros, alguns
estudiosos sugeriram que bastões com um único
pássaro, sinos e cones invertidos em seus
remates são bastões de adivinhos e que aqueles com
mais de um pássaro são equipes de fitoterapeutas .
Deuses e Reis Negros l976, p. 2/11.
11. Ibid., pág. 03/11; Drewal, "Arte e Adivinhação",
pág.142.
12. C. O.Adepegba, escultura em metal iorubá
(Lbadan, Nigéria: Lbadan University Press,
1991), pág. 29.
13. Iorubá 1989, p. 41; Adepegba, Yornba Metal
Escultura, pág. 29.
14. Drewal,"Arte e Adivinhação;' página 140.
31. Máscara de capacete Komo
(Komokunw)
Bamana, Mali
Madeira, penas, presas, crânio de pássaro, material orgânico;
25,4 x 85 x 23,2 cm (10x 33½x 9½ pol.)
Séculos 19 a 20
Museu Metropolitano de Arte, Nova York, Coleção
Memorial Michael C. Rockefeller ,
Presente do Sr. e Sra. Morton Lipkin, 1961
1978.412.426
Na cultura Mande, os cocares Komo , como
esta máscara de capacete (komokunw), são
repositórios de grande poder ritual gerado
através de combinações prescritas de
matéria elementar. Quando usadas em
apresentações, essas obras têm o potencial
de transformar seus proprietários em
comentaristas sociais oniscientes.1
Para os Bamana, um povo de origem Mande, a
forma básica de energia que anima
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o universo e alimentando todas as atividades,
sejam naturais ou místicas, é conhecido como
nyama. A capacidade de controlar, dirigir e
canalizar nyama para fins específicos requer o
domínio do conhecimento mais potente concebível.'
Aqueles que possuem esse conhecimento, que é
referido como “feitiçaria”; são vistos com
ambivalência, uma vez que têm o potencial de
beneficiar grandemente os outros ou de lhes causar
grandes danos.' Qualquer pessoa motivada para
isso pode buscar a aquisição desse conhecimento
dedicando tempo, esforço e recursos necessários
para aprender com um mestre. A maioria das
pessoas, entretanto, conta com os serviços de
especialistas (donnikelaw, literalmente "pessoas
que sabem") para direcionar nyama em seu
nome, diagnosticando a causa de seus
problemas. Através da adivinhação e fortificando-
os contra o perigo com amuletos de proteção,
esses especialistas ajudam as pessoas que eles
aconselham a atingir seu pleno potencial.'
Dentro das sociedades de origem Mande, mem
membros de grupos nyamakala – famílias de
profissionais especializados , como ferreiros –
são dotados inatamente de tais habilidades, que
eles refinam ainda mais ao longo de seus extensos
aprendizados.5
Os ferreiros (numuw), como indivíduos que dominam
o processo tecnicamente exigente de processamento
do ferro, administram enormes quantidades de
nyama transformando minério de ferro em
implementos e artefatos.' Assim, suas habilidades
podem ser direcionadas além da supervisão de
processos metalúrgicos para incluir esforços de
mediação que exigem o mesmo conhecimento
profundo sobre gerenciamento de poder, como cura
e adivinhação . A associação entre ferreiros e
adivinhação é mencionada numa narrativa oral
Bamana sobre um ferreiro chamado Fa Sine Dyara,
que
serviu como valioso conselheiro do líder
Sousan através de sua habilidade de interpretar a
“linguagem dos pássaros!” Os Smiths podem
praticar uma variedade de técnicas de
adivinhação, interpretando sinais como movimentos
de cobras, configurações de conchas de búzios
lançadas (kolonw) e desenhos desenhados na areia
( cenda).' Frequentemente , confirmam as suas
descobertas através de um método, verificando-as
através de um segundo método. Em última análise,
podem ser capazes de visualizar respostas definitivas
às perguntas dos membros da comunidade
enquanto participam numa performance da sociedade Komo.
uma tarde. O komotigiw deve posteriormente reunir
Komo é uma associação de iniciação liderada
por ferreiros, cujo mandato é promover o bem-
estar geral da comunidade e proteger a
sociedade de danos.
Os adolescentes, depois de serem circuncidados,
são elegíveis para se juntarem a Komo e tornarem-
se participantes nos seus assuntos secretos.'
Durante reuniões restritas aos membros, oficiais
de alto escalão (komotigiw) executam danças
enquanto usam máscaras de capacete de
madeira (komokunw).10 Estas danças
respondem a petições da comunidade por vários
tipos de ajuda, que vão desde adivinhar a causa
da má colheita de uma família até corrigir um
problema de infertilidade. Indivíduos são chamados
para cargos de liderança Komo por
um espírito com quem se relacionam;
posteriormente eles criarão ou herdarão uma
máscara que também é investida de poder
espiritual . Para adivinhar enquanto dança, o
performer concentra-se em combinar o seu
nyama com o nyama do
este espírito e o da sua própria máscara.11
Através de uma espécie de associação livre, as
respostas aos problemas que lhe foram
apresentados vêm à sua mente e , durante uma
apresentação, ele revela essas soluções ao seu
público através da música.
55
A máscara Komo é um artefato que
retrata sabedoria e erudição através de seu
complexo arranjo de materiais e serve como um
impedimento para atos anti-sociais através de
sua ferocidade monstruosa.12 A posição justa de
elementos orgânicos dissonantes cria uma
aparência selvagem e inescrutável que desafia os
ideais estéticos Bamana .
as máscaras são montadas por seus proprietários
em um processo que leva de quatro a seis
semanas.14 Uma vez selecionada a madeira
adequada para a estrutura inferior , o entalhe ocorre dentro
o conteúdo herbáceo do trabalho e caçar seus
componentes animais, e então prepará-los,
seguindo uma série de receitas (daliluw) que
capacitarão o trabalho a realizar ações específicas.1
' Conhecimento dos vários daliluw que definem o A
composição de uma máscara Komo individual é
necessária para controlar o conhecimento de
trabalho que está disponível apenas para o
fabricante ou proprietário da máscara.16 O poder
bruto e irrestrito projetado pelo design de tais
obras está relacionado com o exercício intensamente
intelectual na engenharia aplicada . isso foi
necessário para fazer isso.
A obra aqui mostrada está no clássico
forma de uma escultura horizontal de uma fera
sáurio , com testa em forma de cúpula e orelhas
horizontais esculpidas em cada lado.
Adições de elementos animais ampliam isso
forma escultural em ambas as extremidades. À
esquerda, chifres curvados para cima, presos às
pontas das orelhas , remetem ao poder do arbusto
e evocam a força e a resistência do mundo animal.
Sugerem perigo e agressão e estão associados ao
conhecimento por meio de seu uso como
recipientes de medicamentos.17 À direita, a
boca é representada com mandíbulas abertas,
expondo serrilhadas
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bordas de dentes afiados e terminando em
forma de focinho , no topo do qual foi anexado
um crânio de pássaro com bico longo, estreito e
pontiagudo. Na cultura Mande , a fala é considerada
uma forma potente de nyama, e a enorme bocarra
representa um reservatório para vastas
quantidades de oratória poderosa.1 '
Patrick McNaughton sugeriu que eles fossem
modelados a partir das mandíbulas da hiena,
uma criatura considerada extremamente
inteligente e imensamente conhecedora da
paisagem natural.1 '
O crânio do pássaro que se projeta dessas
mandíbulas evoca vários! associações metafóricas.
Os pássaros estão ligados à noção de sabedoria. 20
Em sua posição aérea, eles fazem a mediação
entre os humanos e o céu, tornando assim acessível
a onisciência dos céus, que comunicam através de
uma técnica divinatória especial . A sua representação
nas máscaras Komo , seja através de feixes de
penas de abutre ou através de uma caveira, como
neste exemplo, faz referência específica aos poderes
oraculares da máscara. O crânio foi coberto com
espinhos de um porco-espinho, outro animal que é
um símbolo de sabedoria e preservação do
conhecimento.21 Os próprios espinhos referem-se a
armas como dardos, flechas e balas usadas pelos
caçadores Bamana , sugerindo seu poder no
combate à feitiçaria . . A superfície do crânio é uma
camada crocante de matéria sacrificial combinada
com terra de consistência irregular e rachada.
Continuamente acrescentada ao longo da vida da
obra , esta incrustação obscureceu gradualmente as
características da máscara, ao mesmo tempo
que
aumentando seu poder de dispensar clareza
e antecipar eventos futuros.22
1. McNaughton 1988.
2. Ibid., pág. 15.
3. Ibid., pág. 12.
4. Ibid., pp. 13, 51.
5. Ibid., pág. 12.
6. Ibid., pp. 7, 16.
7. Jbid., pág. 52.
8. ibid., pp. 52-56.
9. Ibid., pág. 131.
10. Jbid., pág. 129.
11. Ibid., pp. 135, 141.
12. Ibid., pág. 130.
13. ibid., pág. 138
14. Ibid., pág. 133-34.
15. ibid., pág. 43.
16. Jbid., pág. 134.
17. ibid., pág. 136.
18. Jbid., pág. 137.
19. ibid.
20. Ibidem.
21. Ibid., pág. 136.
22. ibid., pág. 138
32. Máscara do Adivinho
Yombe, República Democrática do Congo e
Angola
Madeira, matéria orgânica; 22,9 x 16,8 cm
(9x6½ pol.)
Início do século 20
Museu de Arte Kimbell , Fort Worth, Texas
Um gênero de máscara facial Yombe neste
estilo relativamente naturalista está associado a um
especialista em adivinhação especialmente poderoso,
o nganga difomba. Tais obras desempenharam
um papel fundamental no drama da vida real da
acusação de actos anti-sociais nas comunidades
Yombe. Nesse contexto, estes trabalhos
inspiraram confiança na capacidade da difomba de
fazer justiça e incutir medo nas mentes das pessoas
com consciência culpada.
O médico do cachimbo era um especialista
dedicado principalmente à detecção de
bruxas. Os videntes e analistas proeminentes dentro
de sua profissão, os difombas , eram
incomparáveis em sua capacidade de expor as
causas subjacentes de desenvolvimentos
perturbadores , que vão desde crimes, acidentes
e mortes até desastres naturais, como
secas e escassez de caça.1 Em última análise,
atribuíram todos estes problemas a acções
encobertas de alguns membros da comunidade,
motivados pela malícia, ganância ou inveja. Para
chegar a essas conclusões, a difomba interpretou
56
sinais indicados por
<levices como asfric
ção arades ou eles
eles mesmos serviram como
veículo para oráculo
pronunciamentos de
espíritos ancestrais.2
Os Yombe são um
subgrupo dentro da
cultura estendida do
Kongo. Nas sociedades
do Congo , a maioria das
intervenções
terapêuticas que afectaram
o bem-estar da
comunidade em geral
assumiram a forma de
espectáculos públicos. O
difomba mascarado deu
seu veredicto sobre tal assunto e
identificou o culpado
enquanto participava de
uma performance vestindo
saia de penas de touraco
e cinto com pequenos
sinos de latão, seu
corpo pintado com pigmentos pretos, brancos e
vermelhos aplicados em desenhos geométricos.'
Na cultura Kongo , o uso desta combinação de
cores está restrito a rituais de
diagnóstico e adivinhação. A cor preta da máscara
mostrada aqui está igualmente associada a
julgamentos, adivinhação e julgamentos de
bruxaria .'
Pensa-se que tais máscaras são representações
idealizadas dos adivinhos que as usaram. As
máscaras Yombe, que fazem parte da tradição mais
ampla de formas escultóricas relativamente
naturalistas do Congo (ver gato nº 9), mostram todas
uma ênfase especialmente marcante no realismo
elevado. Aqui, o sujeito foi retratado com os olhos
fechados e a boca aberta e exibe uma expressão
de intensa concentração. Em outro Yombe
máscaras, qualidades de retrato são sugeridas por
meio de recursos adicionais como dentes ou olhares
penetrantes, estes últimos representados por olhos
totalmente articulados pontuados por pupilas vazias .
A cabeça geralmente é coroada por um boné
simples, e alguns exemplos incluem barbas
compostas de pêlos de animais presas à base do
queixo.
Nas sociedades do Congo, a consideração que
os adivinhos têm é um tanto ambígua, como é o
caso de outros que ocupam posições de liderança.
As percepções culturais dominantes atribuem
qualquer qualidade ou realização notável que
diferencie um indivíduo como uma conquista não
natural adquirida.
Machine Translated by Google

através da bruxaria (kindoki). Mesmo quando

usado como um poder dirigido a fins legítimos
para ajudar os outros, a capacidade de
prever o futuro é interpretada desta forma.6
Para ajudar eficazmente os membros mais
vulneráveis da sociedade na resolução de
problemas e no combate às forças destrutivas,
é essencial que os adivinhos sejam investidos de

os próprios poderes da bruxaria que cercam a

população.

EU. Raoul Lehuard, Art Bakongo: As Máscaras

(Arnouville, França: Artes da África Negra,
1993), págs. 774.778.
2. MacGaffey 1986, p. 166.
3. Lehuard, Art Congo, p. 774.
4. Anita Jacobson-Widding 1979, página 225.
5. Lehuard, A Arte do Congo, pp. 774-9
6. MacGaffey 1986, p. 168.

33. Máscara e fantasia de

Basinjom
Banyang, Camarões
Máscara: madeira, penas, espelhos; traje: pano,
fibra, pele de geneta , conchas

Máscara: 20x43 cm (7½x 16½ pol.);

fantasia: 195 cm (76¾ pol.)

Século 19-20
Museu Estadual de Folclore de Dresden
28.154

Nas comunidades de Banyang e Ejagham, situadas

em lados opostos da fronteira que divide os
Camarões e a Nigéria, Basinjom (ou Obasinjom)
representa a voz da profecia infalível. Seus
pronunciamentos são manifestados por meio de
um indivíduo que assume sua personalidade
enquanto está disfarçado como uma criatura de
outro mundo. Este conjunto de máscaras selvagens
envolve o corpo com um manto esvoaçante e
é coroado por uma cabeça de crocodiliano adornada
com uma tiara de

plumagem. Caracterizada como uma " máscara

falante", "aquela que nunca conta mentiras"; e
"aquele que diz e age"; Basinjom revela
subterfúgios e denuncia atos errados. Tais
revelações constituem o núcleo do dramático
espetáculo visual de Basinjom e são de vital
importância para o bem-estar de
seu público.
As práticas de previsão de Basinjom
(que, traduzido literalmente, significa "o
futuro trazido por Deus") parecem ter sido
desenvolvidos na virada do século pelos
Ejagham, no sudoeste da Nigéria,
que se referem a ele como Obasinjom.' Na forças negativas que os ameaçam. Tais
década de 1930, os seus poderes divinatórios perturbações potenciais geralmente surgem de
foram adoptados pelo vizinho Banyang, no oeste atos de egoísmo egoísta, que vão contra
dos Camarões (onde esta obra foi adquirida), aos ideais sociais de cooperação e generosidade
que alterou ligeiramente o nome. Em toda a e são caracterizados como “bruxaria”.
região, Basinjom representa uma fonte de De acordo com a história oral de
proteção para as suas comunidades, detectando e expondo
Banyang, Deus lhes proporcionou o conhecimento

57
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criar antídotos para a bruxaria – receitas para
“medicamentos” específicos (njom) usando combinações
de plantas – para que a humanidade pudesse se
proteger. Basinjom é a personificação do mais potente
desses “remédios” e a única forma de mascarada
regional investida de clarividência. É, portanto,
capaz de perceber as causas subjacentes de problemas
como doenças ou infertilidade e discernir quando
Deus e os antepassados
os tors estão descontentes.
Este papel divinatório é explicitamente referido
pelos olhos de vidro reflexivos de Basinjom.
Através destes espéculos investigativos, os atos
anti-sociais que Basinjom se esforça para combater
aparecem-lhe cinematograficamente. Os poderes
de percepção que o orientam são apresentados a
membros selecionados da comunidade durante uma
iniciação prolongada, que inclui treinamento extensivo
para aprender e aproveitar as propriedades das
plantas e uma “lavagem” cerimonial dos olhos do
iniciado com uma preparação medicinal, bajewobabe .
.7 Esta abertura dos olhos prepara o iniciado para uma
exegese das propriedades esotéricas do conjunto de
máscaras de Basinjom.8
As características físicas de Basinjom constituem
um amálgama de elementos associados à terra, água
e ar.' Tem a boca aberta de um crocodilo, o que permite
a Basinjom falar de assuntos controversos disfarçado
de um perigoso predador que vive
tanto em terra como na água. A crista
é composto pelas penas azuis do touraco, ave que
se diz ter o poder de combater a bruxaria. Eles são
intercalados com espinhos de um porco-espinho, uma
criatura terrestre dotada da habilidade de proteger
alguém de trovões e relâmpagos celestiais.
Inseridas no cocar estão raízes de plantas que estão
simbolicamente associadas a indivíduos iniciados que
podem usar o traje em apresentações. A pele de
uma geneta (espécie de gato selvagem), predadora de
animais domésticos, é anexada à frente do traje como
medida defensiva. O manto
tonalidade azul escuro ou preto também protege o
dançarino do mal, escondendo-o das "bruxas"; e sua
guarnição de ráfia, na forma
de um elemento semelhante a um xale e babados ao redor do
borda das mangas, é tirada da floresta
como um sinal dos poderes medicinais de Basinjom.
A exibição do conjunto de máscaras de Basinjom
em frente ao complexo do líder anuncia que uma
apresentação divinatória é iminente. Referido como uma
"montagem de medicamentos"; tais eventos são
organizados para resolver uma série de problemas
que
têm atormentado membros da comunidade.1ºO sumo
sacerdote de Basinjom direciona uma névoa de
bajewobabe nos olhos do indivíduo a quem será
confiado o
protagonismo, induzindo-o a entrar em estado de
transe.11 Posteriormente, o dançarino é vestido
publicamente e, embora o público tenha consciência
de sua identidade durante a performance, acredita-
se que Basinjom seja o responsável final por
direcionar todas as suas açõesi2
Basinjom é acionado pelo som de uma variedade
de instrumentos percussivos e canções que lhe
conferem um lugar de honra.
Para se preparar para o momento em que eles irão
eles próprios o usam, outros iniciados participam de
apresentações como acompanhantes em
o papel de músicos ou membros de um corpo de
atendentes armados. Sob a influência
do "remédio"; o dançarino se impulsiona com
movimentos rápidos e fluidos, deslizando diante dos
espectadores em configurações circulares.1 ' Em
última análise, a performance torna-se uma forma
de tentativa em que
a dançarina revela percepções divinatórias relacionadas
aos problemas em questão. No seu clímax, Basinjom
confronta publicamente a parte culpada, geralmente
levando a uma confissão e a um pedido de perdão que é
necessário para dissipar o problema.1 ' A performance
é repleta de promessas de reparações e reconciliação.1
' e uma consciência de
Durante os períodos de inatividade, os membros
do Basinjom de uma comunidade são responsáveis por
fortalecer o “remédio” através de orações e ofertas de
sacrifício. Periodicamente, todo o conjunto se renova,
e sua consagração invoca Basinjom para intensificar
suas sensibilidades e habilidades oraculares “para
ver
bem, ouça bem, não fale nada além da verdade e
aja a tempo."1 '
1. Deuses e Reis Negros 1976, p. 210.
2. Colosso 1985, p. 209.
3. Ibid., pág. 63.
4. Ibid., pág. 99.
5. Ibidem.
6. Ibid., pág. 64.
7. Deuses e Reis Negros 1976, p. 210.
8. Ibidem.
9. Ibid., pág. 212.
10. Colosso 1985, pp. 98-99.
11. Deuses e Reis Negros 1976, p. 213.
12. Colosso 1985, pág. 98.
13. Deuses e Reis Negros 1976, p. 215.
14. Ibidem.
15. Ibid., pág. 216.
16. Colosso 1985, p. 98.
58
34. Colar de propriedade
por Namandiaro
Barambo, Cinco, República Democrática do
Congo
Madeira, fibra vegetal, vagens, cabaça, antílope
buzina; 47,6 x 41,3 cm (18¼ x 16¼ pol.)
século 19
Museu Americano de História Natural, Nova York
90.1/3586
Este valorizado colar composto por elementos colhidos
na natureza - que
serviu tanto como um instrumento profissional
e uma insígnia de poder - era propriedade íntima
de uma renomada curandeira da África Central.1
A sua estética reflecte os esforços dos Barambo e
dos seus vizinhos Mangbetu, estreitamente
relacionados, para
fazer composições de matéria natural em arranjos que
forneçam proteção
e produzir maior consciência. Adaptados para atender às
necessidades individuais de seus proprietários, esses
“cordas medicinais” operam de acordo com os
mesmos princípios que regem muitas outras variedades
de oráculos regionais.
Numa escala microcósmica, este refinado
artigo de adorno revela uma profunda compreensão
dos recursos vegetais, animais e minerais da Terra
as forças que controlam e dirigem tal
trabalhar. De acordo com a visão do mundo que a
inspirou, a natureza é considerada uma entidade fixa
e ordenada, independente de um Criador divino.2
Seguindo este sistema de crenças, os chefes de família
começam cada dia recitando orações pela boa sorte.
Estes são direcionados ao primeiro humano,
cujos descendentes o consideram um herói civilizador
responsável pela descoberta da matéria elementar.
como a água e o fogo e o desenvolvimento de
tecnologias essenciais que aproveitem essas forças.'
Os ancestrais (atolo), que são capazes de afetar o bem-
estar dos vivos, esperam respeito em troca de sua
benevolência.
As oferendas também são direcionadas para apaziguar
espíritos invisíveis que povoam florestas, montanhas e
fontes de água; A Oppe às vezes traz mensagens às
pessoas em seus sonhos e pode infligir danos por
meio de oráculos.
As matérias-primas da natureza têm
proporcionado historicamente aos membros da
sociedade Barambo e aos seus vizinhos da região
um grande controlo sobre as suas vidas. Alguns
especialistas poderiam manipular substâncias
naturais para criar "remédios" (neo), que são
imbuídos de poder místico e podem ser direcionados
tanto para o bem quanto para o bem.
Machine Translated by Google
o mal termina.' A vontade humana era percebida
como tendo o potencial de afligir uma
comunidade com doença ou morte. Isto poderia
ser conseguido por indivíduos que tivessem
herdado poderes de bruxaria ou adquirido
o conhecimento necessário para fabricar "
remédios ruins " .' Em resposta, os curandeiros
formulariam outros "remédios" para neutralizar
esses poderes negativos. Os oráculos foram
consultados para saber dos perigos potenciais .
Mesmo os “remédios” mais poderosos
poderiam ser produzidos por qualquer pessoa
com conhecimento especializado das
propriedades das plantas. Entre eles estava o
nekire, uma forma de “remédio” composto por certos arbustos
que foram moldados na forma de
um apito cilíndrico de madeira, com um furo
longitudinal em uma das extremidades.
Quando soprados e acompanhados por
diretivas verbais , os nekire eram especialmente eficazes visuais sincopados e são facilmente acessíveis
<levices usados para curar, combater feitiçaria e
trazer prosperidade.
Outros tipos de plantas foram colhidos para
criar “remédios” dotados de propriedades
oraculares. A maioria dos homens consultava um
oráculo pessoal conhecido como nondukpale,
um instrumento manipulado para fornecer
augúrios através de sinais físicos , fortalecidos
pela madeira na qual foi esculpido e pelos óleos
vegetais aplicados em sua superfície.9 Em toda a
região, o medicamento benéfico propriamente
dito laços de naando (a raiz da planta da floresta
Alchornea floribunda)
também foram reconhecidas.10
Colhido por caçadores para
aumentar a sua boa sorte,
foi usado por especialistas
como catalisador em rituais
para discernir coisas ocultas
e prever o futuro.
Já na década de 1880
e até os dias de hoje,
o "remédio" mais preciso
e potente
implantado na adivinhação
regional tem sido o
oráculo mapingo.11 Devido ao
investimento de tempo e
recursos que representa,
geralmente é usado apenas
pelo líder de uma
comunidade ou reservado
como recurso para seus
membros quando outras
técnicas se mostram ineficazes,
e apenas para os problemas
mais sérios , como determinar
a causa básica de uma morte.
Mapingo deriva seu
energia de um aparelho que consiste em um
tronco de bananeira horizontal que
sustenta uma série de pequenos e curtos
pedaços de madeira. Estes são
dispostos em grupos de três e untados com
uma mistura medicinal de matéria vegetal e
óleo de palmiste. Durante uma consulta, o
adivinho pede aos bastões que forneçam
respostas verdadeiras às suas perguntas,
que eles comunicam pelas configurações em que caem .
da Coleção Lawrence Gussman de Arte Africana
Tanto formal quanto conceitualmente, o
A composição deste “cordão medicinal ”
lembra a do oráculo mapingo . Seu design de
elementos alternados regularmente de vagens e
palitos sugere a precisão exata e estereotipada
de uma prescrição medicinal . Na metade inferior
do colar, vários! elementos proeminentes -
quatro " apitos de remédios"; uma cabaça
e um chifre de animal fornecem detalhes
ao proprietário quando o colar é usado. Investidos
neles estão propriedades medicinais distintas ,
com o chifre e a cabaça servindo como
recipientes para substâncias potentes, e os
apitos ativando poderes quando soprado.
Cada apito é feito de uma madeira diferente
associada a um
habilidade específica. Isso inclui causar
doenças, causar ganhos ou perdas financeiras e
trazer sorte ou infortúnio.
Visualmente, esta fusão de materiais díspares
produz uma combinação melíflua de
59
formas suaves e valores tonais que variam
de castanhos claros a pretos. Uma fotografia
mostra sua dona, Namandiaro, usando o colar
elegantemente pendurado diagonalmente no peito
e no ombro direito , com uma pulseira com apito
no pulso . O pescoço
A beleza excepcional da renda reflete uma
convergência harmoniosa de design estético
informado por uma consciência intelectual de
o poder inerente à natureza.
1. Enid Schildkrout e Curtis A. Keim, Reflexões
Africanas, ex. gato. (Nova York: Americano
Museu de História Natural, 1990), p. 182.
2. Ibid., pág. 178.
3. Ibid., pág. 174.
4. Ibid., pág. 180.
5. Ibid., pág. 181.
6. Ibid., pág. 177.
7. Ibidem.
8. Ibid., pág. 185.
9. Ibidem.
10. Ibid., pág. 169.
11. Ibid., pp. 173.178, 185-87.
35. Enxó Cerimonial :
Cabeças Femininas
(Kibiki ou Kasolwa)
Luba, República Democrática do Congo
Madeira, metal; H. 34,3 cm (13½ pol.)
Século 19 a 20
Museu de Arte Neuberger, Purchase College,
Universidade Estadual de Nova York, doação
1999.06.112
Na sociedade Luba , o esclarecimento, o
aconselhamento e os benefícios terapêuticos
proporcionados pelos adivinhos fornecem um
complemento essencial ao papel executivo e
legislativo da elite governante.1 O estatuto e
a posição dos adivinhos Bilumbu como um
ramo consultivo da autoridade real são
sublinhados por seu dono era uma enxó
cerimonial, carregada no ombro. Isto,
juntamente com uma série de elementos
adicionais do traje usado pelos adivinhos
Bilumbu, alude externamente à sua
aliança com o rei e outros líderes político-
religiosos Luba e os distingue de médiuns
não-reais, como adivinhos que operam
oráculos de fricção na prática da forma
de adivinhação . conhecido como
kashekesheke. (Ver cat. nos. 11, 20, e ver
também as páginas 10 e 15 de "Divination in
Sub-Saharan Africa" de John Pemberton, neste catálogo.)'
Machine Translated by Google

os adivinhos não eram martelar e soldar vários tipos de aço.' Corrica

necessariamente embelezados com proeminente! alfinetes de ferro que se projetam da

elementos figurativos. Porque contextual parte de trás do penteado representam
a documentação raramente uma forma sagrada de martelo ou bigorna (kinyundu)
era registrada para tais obras, que aparece na maioria dos trajes reais de Luba.'
agora em coleções de museus no A sua colocação neste atributo de poder e autoridade

momento em que foram reunidos, é garante que o proprietário possa canalizar a sua
difícil determinar a energia espiritual.
vocação da pessoa que O ferro desempenhou um papel vital na sociedade Luba

originalmente possuía o como o material que os ferreiros usavam para

exemplo aqui mostrado.' fazer implementos necessários para a

As cabeças femininas esculpidas subsistência, e assumiu significado espiritual na
na parte superior e inferior desta criação de enxós cerimoniais e

enxó são idênticos, exceto pela corrica! grampos de cabelo, entre os artefatos mais
adição da biade de ferro que se importantes projetados por ferreiros para “forjar e
estende da boca daquela que relembrar a memória real”.
está no topo como uma tangue.
Esta duplicação pode estar 1.Nooter 1991, p. 172.
relacionada com as imagens 2. Memória 1996, pp.
3. Ibid., pp. 76, 194.
femininas emparelhadas que
4. Dewey e Childs em memória 1996,
evocam espíritos possuidores associados
págs. 61-83.
Mary Nooter Roberts observa que as enxós de com realeza sagrada, encontrada em todas as 5. Memória 1996, p. 60.
Luba mais ornamentadas eram provavelmente artes de prestígio de Luba. A biada plana e 6. Dewey e Childsin Memory 1996, pp.66,76.
reservadas para reis, chefes e funcionários da ligeiramente arqueada, alargada na ponta e
corte, e aquelas que serviam como emblemas de decorada com desenhos lineares incisos, foi forjada por

Capacitando o Indivíduo: Prescrições dos Adivinhos

36. Figuras do cura para problemas

difíceis. Como gesto de
Santuário: Casal agradecimento, as libações
(Zuzu ou Mi Iri Ni) eram colocadas em uma
tigela pequena para “alimentá-los”.
Curo, Costa do Marfim
Os clientes do Guru podem
Madeira, pigmento, miçangas; masculino: H. 71,1 centímetros ter obtido meu iri ni de
(28 pol.); fêmea: H. 63,5 cm (25 pol.)
escultores locais ou de
século 20 oficinas Mwa. A maioria das
Coleção privada obras figurativas de Guro
retratam temas femininos; um
A relativa raridade da escultura figurativa Guro , casal masculino e feminino
comparada com a produção de artistas nas áreas como este é extremamente
vizinhas de Baule, sugere que os membros das cru.
comunidades Guro comprometem-se Há um golpe marcado
sionou tais obras com pouca frequência. contraste entre a
Eles parecem ter sido adquiridos por conselho de representação da figura
especialistas estrangeiros, adivinhos Wan e Mwa, que masculina e a da figura
prescreveram os números para seus clientes Guro.1 feminina, embora sejam
Concebidos como espíritos protetores (zuzu), esses formalmente muito
“pequenos povos de madeira” (mi iri ni) nunca foram semelhantes e sem dúvida
concebidos para retratar as características de qualquer esculpidas pela mesma mão. Ambos ficam
indivíduo específico. em uma atitude rígida, com

Mantidos em santuários domésticos as mãos estendidas ao lado do

pessoais dedicados aos zuzu, os mi iri ni corpo e os joelhos levemente

salvaguardavam os seus donos, por vezes flexionados, com o peso
aparecendo-lhes em sonhos para prescrever soluções e equilibrado uniformemente em ambos os pés. Deles

60
Machine Translated by Google

os rostos compartilham o mesmo olhar

meditativo , e suas cabeças são coroadas por
penteados elaborados e ligeiramente
assimétricos. No entanto, ela é mais baixa
e seu torso é um pouco mais largo e
fisicamente mais dominante; além disso, um
colar de contas adorna seu pescoço, e uma
série de padrões decorativos em relevo na
barriga e na parte inferior das costas distinguem
seu corpo da superfície lisa e ininterrupta do corpo de seu companheiro.

1. Eberhard Fischer e Lorenz Homberger,

A Arte do Guro: Costa do Marfim, ex. cal.
(Zurique: Museu Rietberg, 1985), pp.

37. Figuras do
Santuário: Casal (Bateba Phuwe)
Ontem, Burkina Faso

Madeira; masculino: H. 57,2 cm (22½

pol.); fêmea: H. 46,4 cm (18¼ pol.)

século 20
Coleção Thomas G. B.Wheelock

O impulso para a criação destes

obras e a maneira como elas
idealmente deveriam aparecer vindos de
espíritos que transmitiram as imagens desejadas
por meio de um adivinho . Sua realização
subsequente atendeu a uma prescrição que
resultou na cura de uma doença ou no alívio de
alguma dificuldade pessoal.
De acordo com as concepções de existência
de Lobi, Deus (thangba yu), o Criador de toda a
vida na terra, é uma força abstrata e distante.1
Mais diretamente engajados na experiência
humana estão os thila, seres invisíveis e
incorpóreos dotados de poderes e habilidades
sobre-humanas. Através do meclium dos
adivinhos (buor), os thila emitem injunções
contra certos tipos de comportamento; quem
os violar será punido com uma doença ou algum
outro infortúnio.
Eles também fornecem os meios para reverter
essas condições , prescrevendo curas e
medidas de proteção, também transmitidas
onde a doença e a morte eram desconhecidas,
assim como a guerra ou qualquer tipo de
conflito. Como exigência dessas condições
idílicas, thangba yu proibiu o adultério e o
assassinato de mandamentos que foram violados quando
a população cresceu fora do contrai.
Consequentemente, thangba yu recuou para
sempre, deixando a humanidade sozinha e
vulnerável ao sofrimento e à mortalidade. Para
mitigar este isolamento, o Criador atribuiu aos
thila a responsabilidade de responder às
necessidades humanas e proteger as pessoas
contra bruxaria e feitiçaria.
As diretrizes (bonoo) dadas aos indivíduos
através do buor são muito exigentes e devem
ser cumpridas com precisão. Acredita-se que
não fazer isso leva a alguma forma de
punição por parte dos thila ou à persistência
das dificuldades enfrentadas . Por serem seres
amorfos, os thila dependem de médiuns
humanos para comunicar suas instruções.
e rituais e aprendendo os sinais que o
thila usa para se comunicar.2
Os indivíduos consultam adivinhos para
obter informações sobre uma ampla gama de
situações que lhes dizem respeito . Eles
entram nesse relacionamento sem descrever
o problema em questão. Em vez disso, o
adivinho se posiciona ao lado do cliente, segura
sua mão e, para determinar de forma independente
a natureza do problema e com que tila está
envolvida nesta situação particular, coloca uma
série de questões que podem ser respondidas
com respostas “sim” ou “não”. As respostas são
indicadas através de movimentos específicos das
mãos unidas . ' Um diagnóstico revela , em última
análise , proibições comportamentais que devem
ser seguidas, sacrifícios que são exigidos e
instruções que podem exigir a construção de
um santuário ou a encomenda de uma
escultura figurativa (bateba).'
Pequenas estatuetas de madeira costumam fazer parte de

por meio de buor. Thila a coleção de parafernálias de propriedade de

Esta dinâmica foi implementada por thangba
yu , a fim de estabelecer padrões de ordem
política , social e moral na sociedade Lobi, que os
humanos eram incapazes de gerir por si próprios.
Na época da criação, de acordo com as tradições
orais, a humanidade desfrutava de um estado
despreocupado em que thangba yu supria todas
as suas necessidades, um mundo
selecione indivíduos para cumprir esse papel ,
revelando-se diretamente a eles ou notificando
outros adivinhos. Os indivíduos costumam resistir
a essa vocação, pois é considerada uma
responsabilidade onerosa pelo pouco compromisso
que representa e pela falta de remuneração. A
formação é relativamente informal e consiste na
observação de consultas
o buor, enquanto as obras encomendadas para
cumprir prescrições são de maior escala . O
escultor (bateba thel), que pode ter sido
direcionado para sua vocação
por sua thila, segue cuidadosamente as diretrizes
para tais trabalhos, fornecidas pelos espíritos
através do adivinho.5 Este casal representa
uma visão unificada da forma humana

61
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mas exibe distinções sutis entre as figuras
masculinas e femininas. Embora a fêmea seja um
pouco menor em escala, ela compartilha o mesmo
formato retilíneo ousado , características nítidas e
um torso gradualmente inchado com uma nave
pronunciada. Ambos são retratados em estado de
intensa concentração, olhos fechados e lábios
franzidos, a figura masculina voltada para frente
enquanto sua contraparte feminina vira a cabeça
de perfil. Isto cria uma mudança dramática entre
a orientação do
seus corpos e seu olhar.
As esculturas figurativas de Lobi encomendadas como
resultado de uma consulta de adivinhação representam
38. Três protegidos
cinco pingentes
Século 19-20
Coleção Thomas G. B.Wheelock
a.Pingente Crescente : Figura Feminina
Mostrar, Burkina Faso
Liga de cobre ; 9 x 8,5 cm (3½ x 3½ pol.)
b.Pingente Crescente : Máscara
Mostrar, Burkina Faso
Liga de cobre ; 9,5 x 9,1 cm (3¾ x 3½ pol.)
e. Pingente: Quatro Figuras
Tusya, Burkina Faso
Liga de cobre ;7,3 x 7 cm (2¼ x 2¾ pol.)
Artefatos pessoais de natureza íntima, como pulseiras,
anéis e pingentes, são prescritos por adivinhos em todo
o oeste do Sudão para proteger seus clientes de
doença e feitiçaria. Esses itens de adorno
personalizados protegem e valorizam seu dono.
Além de desenhar
A partir de um repertório de formas clássicas, os
artistas criam ou adaptam imagens que se relacionam
pessoalmente com a identidade e as necessidades
individuais de um cliente .
Esta joia de adorno inclui pingentes distintos em
liga de cobre fundido em forma de lua crescente, de
propriedade de membros de Bobo, Lobi, Nunuma,
Senufo e outros grupos.'
Eles variam de versões pequenas e relativamente
simples usadas por crianças até designs mais
ornamentados encomendados por mulheres adultas. Em
cada um dos dois elaborados exemplos mostrados aqui, a
superfície plana do crescente serve como pano de fundo
para uma representação escultural totalmente realizada
que se projeta a partir do centro .
e se projeta além dos limites do crescente . Em um
deles, uma figura feminina estende os braços e se
segura na superfície do cres
cento com as mãos planas e grandes, enquanto os
calcanhares descansam na borda do crescente, os pés
tibila thil, pessoas que ajudam um espírito e são uma altitude de vigilância e consciência aguçada que
projetadas para serem colocadas em um santuário ultrapassa a confiança comum na percepção sensorial
residencial ou público.6 Acredita-se que essas duas e intimida potenciais malfeitores.
figuras sejam bateba duntundara, uma gema de
bateba que serve para proteger seu dono contra as
bruxas que possam tentar entrar em seu ou na casa 1. Piet Meyer em Peek 1991, p. 92.
dela. Duntundara pode ser encontrado em um
2. Ibid., pág. 94.
ampla gama de representações, incluindo figuras 3. Labouret 1931, p. 453; Piet Meyer em Espiada
que gesticulam dramaticamente ou apresentam 1991, pág. 96.
4. Piet Meyer em Peek 1991, pp.
características fisiológicas incomuns , como múltiplas
5. ibid.
cabeças ou braços. De pé com os braços ao lado
6. Meyer 1981b.
do corpo, esse casal cai na categoria de figuras 7. Piet Meyer, Arte e Religião do Lobi,
"simples" (phuwe) . ex. gato. (Zurique: Museu Rietberg, 1981),
Apesar de sua postura tranquila , eles personificam pág. 56; Meyer 1981a, pp.
onde eles são
lançados por
um adivinho, que
interpreta sua
posição dentro de
uma configuração
mais ampla de
elementos para
determinar o
problemas do
cliente .
Posteriormente,
ele poderá
prescrever um
pingente de liga de cobre em
pedir para seu
cliente garantir
as bênçãos
do espírito que
causa a doença .'
Nisso
projetando-se no espaço. No outro, o bico longo e por exemplo, quatro figuras lado a lado dão a sensação de
curvo de um pássaro se projeta sobre a borda, com uma falange impenetrável, com os braços curvados unidos
a cabeça coroada pelo elemento vertical de uma (exceto os braços em cada extremidade), as mãos nos
máscara de tábua. O pássaro apresentado nesta quadris. Seus torsos são colunas estreitas, cada uma
representação em miniatura de uma máscara é adornada com três grandes motivos espirais atrás dos
provavelmente um calau, um pássaro associado quais os corpos são pouco visíveis. Suas cabeças
2
com bruxaria e adivinhação. são longas e estreitas, com olhos em cada lado de uma
Essas obras foram criadas para ajudar mulheres que linha sagital que se estende do topo da cabeça até a
sofrem de doenças reprodutivas . Os adivinhos aconselhariam boca. As figuras são unificadas na base por faixas
os clientes que sofrem destes problemas a pedirem uma horizontais de desenho serpentino , outro sinal associado à
cura ao espírito protetor da sua família . Freqüentemente, proteção divina.
uma mulher voltava para a casa de seu pai e fazia com que
seus irmãos encomendassem um pingente que
representava a máscara da família, para encorajar o
espírito da máscara a intervir e facilitar a cura.3
1. ChristopherRoy, Arte dos Rios Alto Volta
(Meudon, França: Alain e Françoise
Chaffin, 1987), pág. 76.
Da mesma forma, composições figurativas moldadas
2. ibid., pág. 240
em liga de cobre pelos Tusya e Senufo são usados como 3. Ibid., pág. 76.
<levices de proteção individual. Versões dessas figuras são 4. Ibid., pp. 76-77.
empregadas em adivinhação,
62
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39. Figura do Santuário do Clã
(Tchicheri Sakwa)
Moba, Togo
Madeira; H. 135 cm (53¼ pol.)
Século 19-20
Coleção Horstmann, Zug, Suíça
Nas comunidades Moba do nordeste
No Gana e no noroeste do Togo, os adivinhos
influenciam e dirigem a encomenda, o design e o
tratamento ritual de formas esculturais criadas para
vários tipos diferentes de
santuários domésticos.1 Tanto a escala quanto o
A forma relativamente abstrata desta obra em particular
sugere que ela provavelmente pertencia a uma família
extensa ou clã. Estava associado às suas origens e
desempenhou um papel vital na garantia do seu bem-
estar colectivo.
Na sociedade Moba, quando as oferendas ancestrais
não conseguem proporcionar a um indivíduo o alívio
desejado, um oráculo da terra com uma reputação
estabelecida é consultado.2 Ao aconselhar indivíduos,
famílias ou clãs, os adivinhos Moba prescrevem figuras
de tchitcheri para fortalecer seus clientes e melhorar
suas vidas. Tais obras aumentam a eficácia das ações
rituais realizadas nos santuários, evocando influências
ancestrais positivas. São protectores e promovem a
saúde e a prosperidade a vários níveis diferentes.
Quando um problema específico perturbava a vida de um
indivíduo, os adivinhos frequentemente recomendavam
a adição
de uma obra figurativa ao altar particular dessa pessoa.
Da mesma forma, problemas de preocupação mais
ampla, como gado doente, más colheitas ou
infertilidade, muitas vezes levavam os adivinhos a
prescrever que um trabalho maior fosse
encomendado para um santuário familiar.
Desafiando um relato de Leo Frobenius
desde a virada do século, o que sugeria que o
próprio proprietário de tal obra a esculpisse, Christine
Mullen Kreamer determinou que ela era invariavelmente
feita
por um especialista. Embora na sociedade Moba a
escultura em madeira seja uma habilidade que todos
podem adquirir, os tchitcheri podem ser confeccionados
apenas por indivíduos cujos pais são adivinhos.
Esculpir tchitcheri é considerado um trabalho delicado e
operação altamente perigosa, e os adivinhos dão a
seus filhos a proteção especial necessária para a
criação de tais objetos ritualmente carregados.
Acredita-se que aqueles que transgridem esta sanção
correm o risco de cegueira ou insanidade.'
Três gêneros diferentes de tchitcheri podem
ser distinguidos por seu patrocínio, posicionamento
contextual, escala e grau de abstração. O menor
deles, yendu
tchitcheri, são colocados em santuários pessoais, que
todos os adultos possuem. Eles não representam
nenhuma pessoa ou ancestral em particular, mas são
considerados representantes diretos de um indivíduo.
ligação com Deus. Os bawoong tchitcheri de
tamanho médio (entre 25 e 90 centímetros de altura)
são projetados para santuários domésticos situados
de forma proeminente no vestíbulo de um complexo
familiar. Essas figuras representam ancestrais recentes,
como os pais ou avós dos atuais líderes do
complexo (não mais do que três ou quatro gerações
distantes), a quem o adivinho aconselha a família a
fazer uma petição. Como as figuras correspondem a
ancestrais conhecidos, elas são mais detalhadas
na representação de características corporais e
faciais.
O trabalho aqui mostrado se enquadra na categoria
sangrento de tchitcheri sakwa, que evoca e
63
são nomeados em homenagem ao membro fundador de um clã.
Os Moba são agricultores de subsistência e os rituais
são realizados antes do plantio e da colheita pelo
membro masculino mais velho da família, que
aplica libações ao seu sakwa em homenagem ao
ancestral fundador.'
Estilisticamente, os sakwa ficam entre o yendu
extremamente abreviado, sem rosto e anônimo e os
retratos bawoong, mais especificamente
identificáveis . Estas obras monumentais estão
colocadas de forma destacada no exterior, em
o quintal da casa. Embora as características
Como o sakwa de uma família é desgastado pelos
elementos, ele permanece de geração em geração
como um marcador indelével de sua vida espiritual.
Nenhuma obra contemporânea deste tipo foi
encomendada, e a história oral e o estado de
algumas obras sobreviventes sugerem que podem ter
vários séculos de idade.
O design altamente padronizado de
tchitcheri reduz a figura humana a uma forma
elementar. Os braços atenuados podem
formar uma unidade única com o tronco ou
ser separados na altura do peito. Atenção mínima
É dada atenção às características faciais, detalhes
como mãos e pés são geralmente omitidos e
apenas ocasionalmente o gênero é sugerido.
Esta figura extremamente redutora em forma de poste
é coroada por uma cabeça arredondada em forma de
botão com uma expressão vazia. A parte superior do
corpo forma uma superfície unificada e contínua, com
os braços estendidos ao lado do corpo ao longo
do tronco. O tronco é representado como um retângulo
recuado com mamilos e umbigo elevados; em sua
base, ele se estreita e depois se alarga ligeiramente
para fora, sugerindo quadris. Abaixo, pernas
semelhantes a prendedores de roupa são esculpidas
como duas pontas separadas que se estreitam em
hastes estreitas. Apesar da ênfase na simetria
bilateral, a figura do Jeans fica muito suavemente
para o lado. Ao longo da superfície desgastada, a
abrasão e as fissuras revelam os efeitos provocados
no trabalho ao longo do tempo.
1. As formas esculturais Moba foram classificadas como
pertencente a um subestilo relacionado a povos de
Herança de língua Gur que se estabeleceu a partir de
o oeste do Sudão através do rio Benue
bacia; Sieber e Rubin 1968 e Roy 1978,
ambos citados em Christine Mullen Kreamer,
"Figuras do Santuário Moba;' Artes Africanas 20, nº 2.
pág. 53. Isto sugere que uma cultura comum
legado está subjacente à afinidade formal entre
o trabalho mostrado aqui e a figura de Mumuye
em cal. não. 6.
2. Frobenius 1913, p. 430, citado em Kreamer,
"Figuras do Santuário Moba;' página 53.
3. Kreamer, "Figuras do Santuário Moba", p. 53.
4. Ibid., pág. 54.
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40. Figura: Jano

(Beijo)
Fon, República do Benin

Madeira, osso, arame, matéria orgânica; A. 49,5 cm

(19 ½ pol.)

Século 19 ao início do século 20

O Metropolitan Museum of Art, Nova York,

Compra, Denise e Andrew Saul
Doação do Fundo Filantrópico, 1984 1984.190

A dura severidade das expressões nas duas faces

desta figura de Jano (bacio) é intensificada pela adição
de matéria não refinada, poderosamente sugestiva, à
sua superfície. Na cultura Fon , a relação integral de
longa data entre tais obras e a adivinhação é anterior
ao método contemporâneo dominante de
adivinhação, o Fa, introduzido no século XVIII ( ver
cat. no. 13). Antes disso, os adivinhos Fon
frequentemente dependiam de um método conhecido
como Bo – a mais antiga forma de adivinhação
lembrada naquela cultura e prescreviam essas
figuras, bacio, como leviços protetores para seus

clientes. Bo é referido como o "oráculo dos

ancestrais "; e na sociedade Fon o termo para um
adivinho ou geomante é bokonon ("dono do
conhecimento Bo").' Ao adaptar Ifa de seus vizinhos, os
iorubás, os Fon integraram duas estratégias distintas
de adivinhação e, portanto , as formas !ater bacio
muitas vezes se baseiam conceitualmente em sinais
específicos de adivinhação do Fa.2

Os Bacio são prescritos por sacerdotes e adivinhos

para promover a saúde e o bem-estar.' Eles podem ser
projetados para responder a uma variedade infinita
de necessidades e desejos, como alcançar objetivos
pessoais íntimos , influenciar o clima, detectar ladrões
ou proteger a família contra feitiçaria. A maioria dos
bacios são mecanismos defensivos proativos
encomendados por indivíduos para eliminar problemas
antes que possam causar qualquer dano. Para especialistas, que recorrem ao conhecimento Sua expressão reflete um estado de intensa

garantir a protecção dos seus proprietários , servem de esotérico e às fontes de poder. Esses especialistas concentração - os lábios estão franzidos e o

substitutos para as pessoas que os encomendam , incluem bokonon capacitados pelo Fa – a fonte de toda olhos proeminentemente esculpidos fechados.

funcionando como iscas e desviando para si o perigo visão divinatória – e sacerdotes associados a várias Projetando-se de ambos os lados, as orelhas são

iminente . divindades (vodun). desproporcionalmente grandes. No verso há um

Tendo em conta a sua escala e a sua magistral rosto mais grosseiramente talhado com olhos

Um bacio consiste em uma escultura esculpida Fusão de elementos figurativos e aditivos , esta obra assimétricos. O crânio do animal que coroa a cabeça
de madeira sobre a qual vários tipos de sugere uma colaboração entre profissionais – um está orientado na mesma direção que

matéria multada é acrescentada pelo indivíduo escultor juntamente com um sacerdote ou adivinho. este rosto mais grosseiro , cujo olhar sobrenatural é
quem é considerado seu "ativador". A crueza do estilo de escultura é complementada acentuado pelas órbitas vazias do crânio . A superfície
Somente os homens esculpem esculturas de bacio , e pela matéria fortalecedora exposta na superfície. A da cabeça é texturizada com

como os materiais adicionados são mais importantes condição desgastada do _ adicionada matéria orgânica, e as duas faces são
do que a própria figura , a escultura é muitas vezes unificadas por uma guirlanda de vértebras enfiadas

feita por não especialistas.; A maioria dos bacios busto de madeira esculpida cria um efeito que circunda o pescoço.

são feitos por pessoas comuns para seus familiares, de vulnerabilidade. Os temas das representações bacio foram
mas estes não são considerados tão potentes ou O rosto na parte frontal do Janus é interpretados como retratando tanto o patrono
eficazes quanto aqueles feitos por mais completo que o outro e claramente dominante. quanto as forças nocivas que eles

64
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desviar.• No trabalho mostrado aqui, a presença
de dois pares de olhos e ouvidos transmite
poderosamente sua vigilância intensificada e sua
aguda consciência sensorial . Tais bacio com
imagens de Janus são especialmente prevalentes e
são chamados de "dono de duas cabeças" (tawenon),
"dono de quatro olhos"
(ene nukun non), ou "olho na frente, olho atrás
" (nukun do Gudo nukun do nukun).'
Numerosos significados diferentes foram
associados a este gênero e às suas caracterizações.
Por exemplo, na cultura Fon , acredita-se que os
feiticeiros têm “ visão dupla”; e aqueles com poderes
para combatê-los devem ser dotados de forma
semelhante. A imagem de dupla face é também
o sinal preeminente da onisciência e, portanto,
evocativa da
divindade da geomancia, Fa, que muitas vezes
capacita tais trabalhos. Além disso, duas cabeças e
quatro olhos são atributos do todo -poderoso
Estes compreendem uma ampla gama de
elementos vegetais e animais , selecionados
principalmente por suas associações com força
física e metafórica . Enquanto alguns sugerem
isso através de sua aparência, outros fazem alusão
a lendas, provérbios ou vários voduns. Acredita-
se que as vértebras amarradas no pescoço desta
figura sejam de uma cobra. Nesses contextos, os
répteis são geralmente associados a veneno e
inchaço.
As serpentes também figuram com destaque na
cultura visual Fon como o principal emblema do
reino de Daomé. Uma serpente mordendo a cauda
é um sinal visual do nome "Dahome", que,
traduzido literalmente, significa "no meio do
11
serpente." Da mesma forma, o deus Dan-o
A divindade que representa as capacidades de
uma pessoa na vida e é crítica para sua
identidade - é personificada como uma serpente e
Dada a sua aparente capacidade de observar e
detectar perigo vindo de qualquer direção, tal obra
teria sido empregada como sentinela para uma casa,
templo ou cidade.
Posicionado junto a caminhos, estradas, agricultura!
campos e perto de complexos domésticos, bem
como dentro de casas e santuários, os bacio
operam numa encruzilhada entre os reinos da
experiência espiritual e humana .
1.Blier 1995, p. 105.
2. “O lugar central de 'bo' e 'bocio' dentro
Fa ... é o que distingue estetra de adivinhação
dição da adivinhação intimamente relacionada
formulário chamado Ifa empregado pelos vizinhos
dos Fon, os Yorubá." Ibid., p.105.
3. Ibid., pág. 69.
4. Blier 1993, p.186.
5.Blier 1995, p. 67.
6. ibid., pág. 131

deus solar , Mawu, o árbitro final da sanção e é identificada com o vento e o movimento.12 7.Blier 1995 , p. 283.

retribuição divina.8 Embora 8. ibid., pp. 286-87.

o estilo desta obra em particular é normalmente
encontrado em obras de plebeus Fon, a liderança
também dependia das representações de Janus
para proteção.9
Embora possam existir fórmulas gerais
para a composição orgânica de certos tipos de
bacio, nunca há dois exatamente iguais, e ninguém,
exceto o criador de um bacio , sabe que matéria foi
utilizada em sua criação.10
O crânio do cachorro no topo da cabeça da figura
9. ibid., pág. 287
reforça noções de tutela e vigilância. Os cães estão
10. ibid., pág. 186
associados à lealdade e à domesticidade e alertam 11. Ibid., pp. 206-7.
seus donos sobre perigos potenciais latindo. Como 12. lbid., pág. 201. Blier também observa que outro
os cães são nadadores hábeis , tal relíquia pode material associado à divindade Dan é
cordão, que evoca o umbigo , bem como
proteger alguém de afogamento; e também é
outras características anatômicas relacionadas, como
considerado adequado o bacio feito para
veias e ligamentos. lbid.
gestantes , já que o cão é tido como modelo de 13. ibid., pág. 235
parto fácil.1 ' 14. Ibid., pág. 16.

41. Figura de maternidade atenderão às suas próprias necessidades

específicas . No nordeste da Igbolândia, isso se
(Esquerda)
manifesta através de um sistema de adivinhação

Igbo, Nigéria distinto e de um complexo de santuários.1 Através

Terracota; 32,4 x 13,3 x 12,7 cm (12¼ x 5¼ x
5 pol.)
Século 19-20
O Metropolitan Museum of Art, Nova York,
Presente dos Drs. Herbert F. e Teruko S. Neuwalder,
1982 1982.395.2
A ideia desta figura de maternidade nasceu de uma
revelação divinatória e foi executada como um
tributo duradouro a essa inspiração, moldada
pelo talento de uma artista feminina.
de revelações comunicadas aos indivíduos por
adivinhação, as divindades podem prescrever a
criação de santuários em sua homenagem .
santuário, que se coloca à entrada ou fora de casa
ou num jardim doméstico . Freqüentemente, esses
santuários surgem com propósitos de cura, mas à
medida que adquirem reputação, seu alcance pode
se ampliar.' A adivinhação pode ainda revelar o
desejo de uma divindade de que o santuário
apresente vasos e figuras protetoras de cerâmica,
tornando -o uma visão deslumbrante .

Na sociedade Igbo , algum grau de As criações de argila enroladas e feitas à mão,

autodeterminação orienta práticas religiosas fluidas. desenhadas por mulheres Igbo, foram reconhecidas
Isto reflecte-se na suposição generalizada de que como uma das melhores realizações
a capacidade de adivinhar é uma habilidade nas tradições cerâmicas da África Ocidental.' Esse

humana inata, dando aos indivíduos o poder de O gênero de representação figurativa é geralmente
discernir um curso de acção que domínio das ceramistas mais velhas

65
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menopausa passada. Embora as mulheres mais
jovens façam recipientes utilitários, pensa-se que
as representações rituais podem de alguma
forma ameaçar o seu potencial de concepção.
Essas terracotas figurativas criadas para
santuários podem ser comissionados diretamente
de uma oleira ou adquirida no mercado.
Conhecidos como ntekpe, esses “filhos do santuário
” geralmente assumem a forma de pares de figuras
masculinas e femininas ou de uma mãe solteira e
filho. Embora certas imagens sejam amplamente
difundidas, o significado da iconografia dentro de
determinados santuários reflete uma grande
muita interpretação individual . A obra aqui
apresentada , uma homenagem à maternidade,
apresenta o seu tema clássico de uma forma
especialmente sensível e evocativa. A fêmea
figura sentada em um banquinho, que está fundido com
a parte inferior das costas, as pernas estendidas diante
dela. Em seus braços ela embala uma criança, que
amamenta em seu peito. Sua cabeça é coroada
por um penteado composto por uma série de cinco
extensões que se irradiam para fora e para cima,
transmitindo uma sensação de vitalidade.
!. Herbert M. Cole e Chike C. Aniakor, Artes Igbo :
Comunidade e Cosmos, ex. gato. (Los
Angeles: Museu de Cultura Fowler da UCLA
História, 1984), pp.
2. Herbert M. Cole, em conversa telefônica
com o autor, maio de 1999.
3. Leith Ross 1970, pág. 146, citado em Cole e
Aniakor, Artes Igbo , p. 78.
4. Cole e Aniakor, Igbo Arts, p.81.
5. Ibidem.
6. Cole, em conversa telefônica com o
autor, maio de 1999.
42. Figura de maternidade
(Senhor Bwa Cibola)
Luluwa, República Democrática do Congo Wood;
28,9 x 8,6 x 8,2 cm (1 I½ x 3½ x 3¼ pol.)
Meados ao final do século 19
Instituto de Arte de Chicago, Wirt D.Walker
Fundo de Doação 1993.354
Esta obra expressa um preceito central nos
valores sociais Luluwa – a preciosidade de trazer
nova vida ao mundo. Resultado do conselho de
um adivinho, proporcionou proteção espiritual
à futura mãe e, subsequentemente , protegeu
seu recém-nascido de possíveis danos. Uma
de um gênero de representações encomendadas
por mulheres preocupadas com tais preocupações,
este exemplo é excepcionalmente
representação artística realizada de uma mulher
exemplificando os ideais Luluwa de beleza e bem-
estar.'
Mulheres Luluwa que perderam filhos
ou que tenham dificuldade em conceber consulte
um adivinho. O adivinho determina
a causa subjacente da doença, que pode envolver
forças espirituais. A técnica de diagnóstico mais
popular empregada para revelar esta informação é a
de uma cesta
preenchido com pequenos objetos cujo conteúdo é
lançado sobre uma superfície, formando uma
configuração que é posteriormente interpretada por
um adivinho. Quando os adivinhos não conseguem
fornecer soluções para os problemas que
diagnosticam, encaminham os seus clientes para
especialistas apropriados. Em casos relacionados com
infertilidade ou mortalidade infantil, as mulheres são
normalmente encaminhadas para curandeiros que as
iniciam num culto de fertilidade que prevalece em toda a região.
66
O culto é conhecido pelos Luluwa como
bwanga bwa cibola, nome que se refere ao seu
objetivo de aliviar a tristeza e a infelicidade ,
aumentando a fertilidade, prevenindo o aborto
espontâneo e protegendo os recém-nascidos.
Isto é conseguido através de um regime rigoroso
que exige que o paciente siga um conjunto de
regras prescritas , a maioria das quais regulamenta a
dieta e o comportamento. Embora os Luluwa
direcionem suas orações para um Ser Supremo, Mfidi
Mukulu, são os ancestrais (bakishi) que respondem a
eles e intercedem quando essas orações são
acompanhadas de oferendas. Entre as operações
delicadas que o especialista em fertilidade realiza
está a reencarnação de um ancestral falecido no
recém-nascido. Para atingir esse objetivo, ele
monitora o estilo de vida da mãe e prescreve “remédios”
protetores; que ela usa consigo e coloca em sua
casa. No caso
dos "remédios" para a infertilidade, uma figura de
madeira (lupingu) pode servir para essa função.
Existem duas variedades dessas representações: as
pequenas e rudimentares e as obras maiores e mais
refinadas , como o presente exemplo.
"Medicamentos" são inseridos em cavidades
dentro do corpo da figura e contido em anexos que
estão ligados a ela. Aqui, foram feitos furos no topo
e na parte de trás da cabeça para esse fim, uma vez
que, de acordo com as crenças Luluwa , as fontanelas
(depressões cranianas) estão associadas à visão
divina da experiência passada e futura .
É provável que as mulheres Luluwa possuíssem,
cada uma, dois artefactos figurativos, um dos quais
permanecia sempre em casa, enquanto o outro era
carregado suspenso num cinto ou ao pescoço. Essas
figuras foram ungidas com libações e aplicações de
argila vermelha, óleo de palma e pó de camwood. A
julgar pelo seu tamanho e pelas duas estacas curtas
de madeira na base dos pés, a obra aqui apresentada
foi provavelmente criada para um contexto doméstico
onde foi inserida num recipiente ritual.
cheio de "remédios". Acredita-se que
uma vez cumpridos com sucesso os objetivos da
iniciação , toda a parafernália ritual, inclusive as
figuras de madeira, era destruída.
A raridade de figuras de bwanga bwa cibola deste
tamanho e qualidade expressiva sugere que o trabalho
aqui apresentado foi comum
de um escultor profissional altamente talentoso e que
seu patrono deve
foi uma mulher ocupando uma importante posição
de autoridade. Severo! funciona
de estatura comparável na coleção de
o Museu de África em Tervuren, Bélgica, foram
atribuídos ao mesmo workshop.
Ao criar uma obra de excepcional beleza,
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além do que se espera de um artefato
meramente funcional, o artista produziu tanto um
objeto de status quanto um apelo especialmente
eficaz para que as preces de seu dono fossem
atendidas.
O assunto aqui representado é claramente
concebido como uma celebração da maternidade .
Ela segura uma criança nos braços, firmemente
inclinada contra seu corpo, e parece reflexiva
enquanto olha para frente, com os olhos ligeiramente
baixos. Essa expressão é enfatizada pela cabeça
desproporcionalmente grande e pela testa alta da
figura, que sugerem sua inteligência. A sua atenção
parece estar um pouco desviada da criança, como
se estivesse focada em assuntos espirituais,
transmitindo uma atitude que acentua o papel
atribuído às mulheres na cultura Luluwa como
mulheres.
mediadores entre os reinos natural e espiritual.
Este papel é ainda sublinhado pela sua nave
proeminentemente saliente!, que alude à natureza
cíclica da vida e à relação entre os antepassados e
os vivos.
A figura projeta um físico poderoso
presença, solidamente ancorada pelos seus pés
enormes. A força da mulher é claramente aparente na
musculatura do seu corpo, que é retratado como uma
série de volumes discretos e interligados . Esta
definição formal reflecte o deleite do artista pela
articulação superficial complexa, tal como
demonstrado no penteado típico do século XIX
(representando
uma peruca feita de fibras vegetais esfregadas com
óleo de palma ! e pó de camwood) e os contornos
do corpo e padrões decorativos ricamente inscritos .
Estes últimos são motivos de cicatrização (nsalu) -
círculos concêntricos, campos de pontos e pratos de
farinha lineares sinuosamente curvados - colocados
contra superfícies luminosamente polidas .
pele. Como adornos, realçam esteticamente o seu
corpo e dotam- no do máximo requinte cultural, ao
mesmo tempo que , como motivos apotropaicos ,
proporcionam protecção espiritual . Junto com seu
traje de iniciante cibola ( uma tanga e
um cinto com pequenas cabaças penduradas), tais
acessórios decorativos sugerem
que esta figura de maternidade pode representar
uma imagem idealizada de sua dona.
1. Todas as informações relativas ao uso contextual
desta figura cibola , prática ritual Luluwa ,
e a iconografia é extraída da análise
deste trabalho de Constantine Petridis em
Petridis 1997.
43. Poder Pessoal
Figura (Nkishi)
Songye, República Democrática do Congo
Madeira, metal; A. 21,8 cm (8½ pol.)
Final do século IX ao início do século XX
Coleção privada
Um adivinho Songye (nganga), além de projetar e
capacitar uma comunidade nkishi (plural, mankishi)
para a proteção e o bem-estar de todos os membros
de uma aldeia (ver cat. no. 10), pode prescrever um
nkishi menor . para uso privado de um indivíduo,
personalizado de acordo com suas necessidades
pessoais .
Os indivíduos direcionam orações aos espíritos
ancestrais por meio do mankishi pessoal por
diversos motivos. Enquanto alguns procuram
protecção para si próprios e para as suas famílias,
outros podem apelar ao sucesso em actividades que
afectam a sua subsistência, como a caça. A necessidade
mais comum que eles atendem, no entanto, é o desejo
individual da mulher de ter
crianças e para prevenir abortos espontâneos.' Assim,
uma mulher pode encomendar um nkishi projetado
especificamente para aumentar seu potencial de
concepção.2 O mankishi pessoal também pode ser
incorporado nos esforços para curar outras doenças.
Uma vez que um nganga trata efetivamente
um paciente com medicamentos fitoterápicos, ele
pode prescrever a encomenda de tal trabalho como
forma de reforço protetor.'
Conseqüentemente, os rituais que são essenciais
Os fatores essenciais para a criação e uso de mankishi
pessoais estão relacionados às necessidades específicas
que eles atendem na vida de seus proprietários. Esses
as obras encomendadas de forma privada geralmente
não são acessíveis ao público , mas são mantidas nas
casas dos seus proprietários. Para motivar o
ancestrais para fornecer assistência em uma
crise pessoal , os suplicantes oferecem orações e
sacrifícios a eles. Para marcar a ocasião de
mukapasu, o primeiro dia do primeiro quarto de um
ciclo lunar, todos os aldeões pegam seus mankishi
pessoais e os colocam ao redor
a comunidade nkishi, e estes se tornam
o foco dos procedimentos rituais liderados pela Esta
ficar boquiaberto
4
celebração do reaparecimento da lua
está associada à prosperidade e à regeneração.
A escala e a forma estética do nkishi
aqui mostrados refletem seu papel como objeto
devocional pessoal . Enquanto todos os mankishi da
comunidade exibem um ideal Songye clássico de
liderança masculina, trabalhos personalizados menores
desse tipo mostram uma gama muito maior de designs
idiossincráticos. Dentro desta gema mais eclética de
representações, porém, o nível
67
O nível de realização estética demonstrado pelo manejo
da forma escultural por vários artistas é menos
consistente do que para os mankishi comunitários , que
geralmente são encomendados a artistas com reputação
regional .
A superfície desta figura masculina está quase
inteiramente envolvida por tachas de metal, um
obscurecimento sistemático da cabeça e do corpo
da figura que lhe confere uma aparência selvagem
e indisciplinada. Contudo, a sua ausência em áreas
como os olhos e a boca faz com que essas
características pareçam reentrâncias especialmente
profundas. Onde antes eram inseridos
"remédios" (bishimba) , uma cavidade vazia é evidente na área do estô
Alan Merriam registrou que o entalhe explícito da
genitália masculina ou feminina evidente em tais
representações sugere o gênero desejado do
primeiro filho de um casal.5 Ele observa que os
pregos de cobre com cabeça de torre, elengyela
(plural, malengyela), que cobrem a figura podem
registrar consultas com o nkishi e ao mesmo
tempo realçando esteticamente a figura .
Uma vez cumprida a razão principal da sua
criação , tais obras deixaram de ter relevância. Embora
alguns mankishi pessoais sejam transmitidos de uma
geração para outra, eles geralmente são descartados
depois de desempenharem o papel para o qual foram
concebidos. '
1. Alan P. Merriam, Um mundo africano : o
Eles apontaram a vila de Lupupa Ngye (Bloomington).
e Londres: Indiana University Press, 1974),
pág. 121.
2. Dunja Hersak, Songye Masks and Figure Sculp
ture (London: Ethnographica, 1986}, p. 121.
3. ibid., pág. 129
4. Ibid., pág. 134.
5. Merriam, Um Mundo Africano, p. 121.
6. Hersak, Máscaras Songye , p. 121.
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A Iconografia da Divin.ação: Mon.urnen.ts of Divin.e In.sight

44. Senhor de Ise

(ca. 1873-ca. 1938)
Painel da porta: Bandeja de
pássaros e adivinhação (Ilekun)
Iorubá, Nigéria

Madeira; 194,3 x 65,5 cm (76½ x 25¼ pol.)

Final do século 19 ao início do século 20

Coleção Rolf e Christine Miehler, Munique

Esculpido pelo mais célebre escultor iorubá

dos últimos cem anos, este painel
arquitetônico representa um tributo espetacular à
profissão do adivinho e uma celebração da
importância generalizada de seus insights. As
imagens sugerem que foi originalmente
projetado para a entrada
de uma capela de Ifa ou para o tribunal
dentro de um palácio Yoruba onde os sacerdotes
de Ifa do rei adivinharam em seu nome.'
Em qualquer dos casos, a sua composição
magistral e o intrincado nível de detalhe exibido
na escultura teriam representado uma encomenda
dispendiosa. Procurado pelos príncipes iorubás
de sua época, Olowe era conhecido por
programas de escultura arquitetônica nos
palácios de Akure, Ikere, Ise e Owo. Nascido por
volta de 1873 em Efon-Alaye, Olowe mudou-se
durante sua juventude para lse, onde suas
habilidades de escultura foram empregadas no
palácio de Arinjale, iniciando uma carreira de
sucesso.2 Ele se tornou conhecido por sua
habilidade em se libertar das convenções
pictóricas tradicionais através de seus composições
dinâmicas, nas quais os temas se estendem
no espaço do espectador em relevo incomumente
alto. No trabalho mostrado aqui, Olowe empregou
o vocabulário visual da adivinhação para
transformar um painel de porta utilitário em um
comentário sobre o alcance infinito da
influência de Ifa. A composição é simétrica, com
uma bandeja de adivinhação de escala relativamente
modesta representada em um quadrado no meio,
flanqueada acima e abaixo por “pássaros de
Ifá”, um motivo que permeia a iconografia da
parafernália de adivinhação. Através deste
bando de pássaros reunidos ao lado da bandeja
como se estivessem prestes a voar para longe,
Olowe dá expressão eloquente à centralidade de Ifa na experiência iorubá.
e sua capacidade incomparável de transcender
as limitações físicas. O longo formato retangular
sugere que este era o painel esquerdo de uma
porta de dois painéis.
A superfície lisa e sem adornos da área
central da bandeja de adivinhação, na qual o

68
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O sacerdote de Ifá traça os padrões do odu (ver cat. nº
13), destaca-se como a única área de todo o painel
não preenchida com elementos figurativos, sugerindo
as possibilidades abertas do processo de adivinhação.
Cada lado da borda elaboradamente decorada da bandeja
curva-se para dentro a partir das bordas do quadrado
em que está inscrito, em um exagero dos contornos
distintos de uma forma de tabuleiro
da região de Ekiti. Um grande motivo de serpente em
ziguezague ocupa o espaço entre cada seção curva
da borda e um lado de
o quadrado. A borda é preenchida com fileiras paralelas
de um motivo menor em zigue-zague, pontuado pela
imagem de um rosto no meio de cada seção.
Os "pássaros de Ifá" parecem convergir na bandeja
como se estivessem em um cacho, em três fileiras acima
da bandeja e três fileiras abaixo dela. Os pássaros
nas fileiras mais próximas da bandeja voltadas para
isso, enquanto os pássaros nas outras fileiras ficam voltados
um outro. São esculpidos como se vistos de cima, em
tão alto relevo que
lançar sombras na superfície da bandeja. O ponto
de vista nos dá uma visão completa de suas costas,
com as asas estendidas, e um grande cuidado foi
dado para tornar a bela plumagem como estrias incisas,
com um eco do motivo em zigue-zague na fileira
intermediária de pássaros. . Esta escolha de
perspectiva maximiza a sua área de superfície,
permitindo a Olowe explorar as possibilidades
artísticas da textura. O complexo tratamento da superfície
e o elevado grau de relevo conferem à representação
uma vivacidade e vitalidade típicas da obra de
Olowe oflse.
O poder estético do arranjo
é ainda melhorado pelo comentário visual que
fornece. O quadro Ifa serve como veículo de
comunicação e como elemento
placa sobre a qual a sabedoria divina pode ser
transmitida (ver pp. 17-18 de "Divination in Sub-
Saharan Africa" de John Pemberton, neste
catálogo). Esse processo é facilitado tanto pelas
cobras, que servem como mensageiras entre os
humanos e o mundo espiritual, quanto por Esu
(também chamado de Elegba) – o deus cujo
rosto aparece na borda de cada lado da bandeja
– que transforma os sacrifícios transformados
pelos humanos em alimento para os deuses.
Estas trocas entre a humanidade e Orunmila, o
deus da visão divina, são testemunhadas pela
reunião de pássaros.
1. Roslyn Adele Walker, Olowe de Ise: Escultor
Iorubá de Reis, ex. gato. (Washington DC:
Museu Nacional de Arte Africana, Smithsonian
Instituição, 1998), p. 52.
2. Arte e Estética Yorubá 1991, p. 39.
45. Trono: Cena de
Adivinhação (Ngunja)
Chokwe, República Democrática do Congo e
Angola
Madeira; A. 99,1 cm (39 pol.)
Século 19-20
Curadores do Museu Britânico, Londres 1951
DE 32,9
Na sociedade Chokwe, um trono não servia apenas
como um assento funcional ou um estrado remoto.
sobre o qual um líder se sentava em esplêndido
isolamento. Em vez disso, representava um tratado
sobre a amplitude das preocupações e
responsabilidades de um líder, destinado à
contemplação de seus súditos. Isto foi conseguido
através da destilação de um programa abrangente
de ideias numa sequência de imagens lúcida e
bem estruturada. O tema abrangente expresso por
esta narrativa visual é que a harmonia social e a
continuidade só podem ser asseguradas pelo
controle de forças destrutivas através da força e
vigilância de líderes iluminados.1 Como
consequência, as mesmas preocupações
abordadas pelos adivinhos são invocadas através
de um vocabulário visual compartilhado.
A relação integral entre o divino
perspicácia e liderança responsável são o tema do
comentário que informa este trono esculpido. O termo
para "trono"; ngunja (plural, ngunji) é usado para
descrever
os assentos de cargos elaboradamente esculpidos
que pertenciam aos chefes Chokwe, chefes ou
69
anciãos importantes. Entre os emblemas
definitivos de autoridade, o ngunji inspirou
respeito tanto pela posição influente de seus
proprietários quanto pela narrativa figurativa
que se desenrola em suas placas, degraus e pernas.2
A soma das imagens de um trono evoca um
ideal de existência harmoniosa, que pode ser
facilitado por governantes esclarecidos. A sua
capacidade de governar e cumprir os seus deveres
reforça eficazmente a ordem social, evitando
assim a necessidade de intervenções excessivas
por parte dos adivinhos. Na sociedade, o programa
visual ambicioso e enciclopédico do trono de um
governante é comparável ao conteúdo da cesta
de um adivinho e sugere a natureza paralela e
complementar dos papéis dos seus respectivos
proprietários como mediadores com o
reino espiritual (ver gato. nº 23).
Os chefes Chokwe partilham ancestrais comuns
tentar com os seus homólogos Luchazi, Lunda,
Luvale, Lwena, Mbunda e Ovimbundu, e conceber o
seu papel como líderes
ser uma vocação divinamente ordenada.' Os rituais de
entronização tornam sagrada a pessoa do chefe,
estabelecendo-o como representante de Deus na terra
e intermediário com
o reino dos espíritos ancestrais. O seu título,
mwanangana ("senhor da terra"), acarreta a
responsabilidade pelo bem-estar dos seus constituintes,
que é assegurado pela realização de cerimónias
propiciatórias que comemoram e homenageiam os
antepassados.
Foi no contexto de uma situação tão crucial
esforços de mediação que os líderes Chokwe desrespeitaram
desempenharam seus tronos. Esses assentos de poder
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muitas vezes assumiam a forma de cadeiras de
encosto alto compostas por uma série de suportes
esculpidos e unidos de forma independente . Esta
forma de expressão indígena deriva da adaptação
de um design de mobiliário ocidental para se
adequar aos valores estéticos locais . Parece que
os protótipos europeus em que se baseia foram
introduzidos na região por dignitários portugueses
no início do século XVII .'
Antes dessa época, os tronos Chokwe eram
provavelmente bancos elaboradamente esculpidos
com suportes figurativos . Como formas inovadoras
associadas ao poder e ao prestígio, as artes
decorativas europeias foram integradas nas artes
de liderança subsaarianas ao longo da Costa do
Ouro já na década de 1480.'
Durante a década de 1930, o etnógrafo alemão
Hermann Baumann documentou o processo de
criação do ngunjí e observou que os seus autores
não eram os artesãos que
projetavam objetos utilitários, mas sim escultores
profissionais (songi) responsáveis por artefatos rituais.
Como nem todas as aldeias tinham
46. Lança Real: Figura
Feminina (Mulumbu)
Luba, República Democrática do Congo
Madeira, metal; H. 135,9 cm (53½ pol.)
Século XIX
Museu Fie / d, Chicago 210462
De acordo com a génese contada na história oral de
Luba , os habitantes da região de Sbaba, na
zona sudeste da República Democrática do Congo ,
foram governados durante o século XVII por um
governante tirânico, Nkongolo Mwamba.
O fim do reinado de Nkongolo foi prenunciado pela
chegada de um príncipe caçador, Mbidi Kiluwe,
vindo do leste. A união de Mbidi com uma das irmãs
de Nkongolo produziu um filho chamado Kalala
Ilunga. Kalala deslocou seu tio sob a orientação do
adivinho Mijibu wa Kalenga e implementou um novo
sistema político de rei sagrado introduzido por
seu pai.
O triunfo de Kalala é sobretudo recordado
num relato de um encontro mítico na wbicb. Nkongolo
convidou o seu sobrinho para dançar sobre uma
cova escondida plantada em fui! de lanças
levantadas .
Prevenido por Mijibu, Kalala evitou
sendo empalado ao detectar o poço e
como especialista, os líderes muitas vezes
consideravam a reputação de longo alcance dos
artistas regionais ao conceder encomendas.6
Embora cada uma das cenas apresentadas num
trono evoque visualmente algum aspecto distinto da
experiência Chokwe, como uma série unificada elas
transmitem uma mensagem mais ampla. Os elementos
componentes de cada trabalho individual justapõem
preocupações mundanas com preocupações
espirituais.' Cada imagem aborda um evento que
todos os membros do círculo eleitoral de um líder podem
se identificar universalmente e com os quais se
relacionar . Estes incluem nascimento, iniciação,
casamento, doença, caça, adivinhação e morte.' Dentro de
esse corpo de imagens ricamente diversificado é
uma série de motivos encontrados em cestos de adivinhos.
Diversas obras, como o exemplo mostrado aqui,
apresentam a representação de uma consulta de
adivinhação. Nesta cena, dois homens, que seguram
respectivamente uma cesta de adivinhação e um
instrumento de adivinhação em forma de gongo duplo
(ngonge), ficam frente a frente . Foi sugerido que uma
representação comparável em outro trono pode ser
uma representação
Detalhe, gato. não. 46
70
comentário sobre a capacidade de um chefe de
identificar elementos anti-sociais em sua comunidade.'
Assim como cenas de adivinhação aparecem nos
degraus dos tronos, imagens desses assentos de
autoridade podem ser incluídas em cestos de adivinhação.
Baumann documenta um elemento de um
cesto de adivinho em forma de cadeira em miniatura,
associado a um apelo ancestral ao banimento do
mal.'°
eu. Reinhild Kauenhoven-Janzen,"Chokwe
Tronos:' AfricanArts 14, não. 3 (1981),
pág.72.
2. Ibid., pág. 69.
3. O quê! 1998, pág. 29.
4. Marie-Louise Bastin, A Escultura Tshokwe
(Meudon, França: Alain e Françoise
Chaffin, 1982), pág. 251.
5. Roy Sieber, Móveis e Domésticos Africanos
Objetos, ex. gato. (Nova York: Americano
Federação de Artes, 1980), pp .
6. Kauenhoven-Janzen," Tronos de Chokwe;' página 69.
7. Ibid., pág. 74.
8. Ibid., pág. 71.
9. O quê! 1998, gato. não. 19.
10. Kauenhoven-Janzen, "Chokwe Thrones;' p. 70.
descobrindo-o com sua própria lança.1 A
revelação que salvou Kalala da destruição
é celebrado em reconstituições rituais de tbis
episódio, a dança das lanças (kutomboka), que é
realizada no final de cada investidura bielo-russa.
A importância crucial da intervenção de Mijibu no
início do Luba sacra! Kingsbip é profundamente
personificado pelas lanças figurativas elaboradamente
decoradas (milumbu) pertencentes aos reis e reis
Luba. De acordo com a ideologia Luba, Mbidi
concedeu um conjunto prototípico de insígnias
reais a seu filho Kalala em sua investidura como o
primeiro governante legítimo de Luba. Cada líder
subsequente possuía um conjunto comparável de
insígnias, mas elas são consideradas, por definição,
como meras reproduções.2 Além das lanças, elas
podem incluir um trono, bastão, enxó cerimonial,
suporte de arco ornamental , quadro de memória
lukasa e cesta de relíquias dikumbo . Concedidos aos
líderes no início do seu reinado, asseguram a sua
legitimidade. Durante os ritos de investidura
(mulopwe), a irmã do cbief e sua esposa plantam
o cajado e o mulumbu no chão, à sua esquerda e à
direita, e ele os ousa enquanto presta seu juramento
de posse.3
Neste exemplo clássico, a figura feminina
fica na intersecção do biade de metal e do bastão
de madeira, simbolizando
seu papel como intermediária entre dois
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os mundos. Seus olhos fechados e sua expressão
facial sugerem um estado meditativo, e ela leva as
mãos aos seios – um gesto que na cultura Luba
se refere à ideia de que as mulheres guardam o
conhecimento essencial ao sagrado! navio rei
dentro de seus peitos. Aqui, eles contêm as
estipulações para as proibições reais de
comportamento que devem ser observadas para
aproveitar os poderes sobrenaturais dos quais
depende a liderança de Luba . O
fios de contas que adornam seu pescoço e
os quadris são usados por detentores de títulos
reais, curandeiros e adivinhos Bilumbu e são mais
amplamente sugestivos de “levices que fornecem
informações ao desencadear memórias”.
A inclusão das lanças nos tesouros reais
e o seu aparecimento em rituais associados à
investidura reflecte a influência definidora da
adivinhação na direcção do curso da história de
Luba, e também sugere o ímpeto original para o
papel essencial que a adivinhação desempenhou
na governação de Luba.
eu. Memória 1996, pág. 76.
2.Nooter 1991, p. 132.
3. Ibid.. pág. 133.
4. Ibid., pág. 243.
5. Memória 1996, p. 29.
47. Por (Anuan)
Baule, Costa do Marfim
Madeira, pigmento; 130 x 61 cm (51½ x 24 pol.)
Século XIX-XX
Museu Rietberg , Zurique RAP 520
Portas esculpidas e decoradas (anuan), como
esta , outrora realçavam as entradas para pátios
e casas de repouso nos complexos da família
Baule. Contudo, obras utilitárias nesta escala
monumental parecem ter sido encomendadas a
artistas com relativa pouca frequência. O
patrono que a encomendou teria pretendido
que ela sugerisse as suas preocupações
pessoais e gostos exigentes, e teria dado ao
artista algum grau de licença criativa para
personalizá -la.1 Embora as imagens que
adornam essas obras seculares tenham
sido selecionadas principalmente pelo seu apelo
estético , muitos deles ilustram provérbios.'
A obra aqui mostrada consiste em um longo
painel retangular de madeira com diversos!
motivos esculpidos em relevo e acentuados com
cor, contra um campo quadriculado de
quadrados pretos e brancos recuados . O gongo e o
golpe de um adivinho (komien) são apresentados
com destaque no meio da composição , sugerindo
o importante papel que a adivinhação desempenha
na vida cotidiana na resolução de problemas (ver
cat. nº 25). No topo está a forma dominante de
uma cabeça com chifres em estilo semelhante ao
das máscaras de retrato Baule Mblo, que retratam
rostos idealizados coroados com chifres decorativos
de animais . O
a simetria bilateral do gongo e do atacante do
adivinho é repetida abaixo, no motivo de duas
faces femininas ovais (orientadas lateralmente)
flanqueando um retângulo central. O equilíbrio
formal destas duas cabeças é animado pela
assimetria das suas cores contrastantes:
um é vermelho, o outro preto. Em alguns
contextos de máscaras Baule , onde
personagens com máscaras vermelhas e
máscaras pretas aparecem juntos, as cores
indicam o gênero masculino ou feminino (ou
vice- versa) e acentuam seus papéis
contrastantes e complementares .' Na parte
inferior, ares concêntricos vermelhos, pretos e brancos servem para ancorar a composição e
71
unir o esquema geral de cores.
Ao longo de todo o processo, as superfícies
lisas dos elementos figurativos refinados
contrastam com o campo de textura áspera
contra o qual foram dispostos.
1. Baule 1997, p. 272.
2. Susan Vogel, em Arte da Costa do Marfim, vol. 2,
editado por Jean-Paul Barbier (Genebra: Barbier
Mueller Museum, 1993), p. 136.
3. Baule 1997, p.171.
48. Atribuído a
Ganhu Huntondji
Retrato de adivinhação
do rei Glele como o deus
da guerra, Gu (Bacio)
Fon, República do Benin
Liga de cobre , madeira; H. 105 cm (41½ pol.)
século 19
Museu Dapper, Paris
Retrato metafísico , esta obra é uma projeção
visual do destino de um rei estabelecido por
seu sinal de adivinhação. Durante o século
XIX , a liderança do Daomé passou a depender
fortemente da profecia institucionalizada ao
adotar o sistema de adivinhação conhecido
como Fa. Esta representação de um rei
ambicioso disfarçado de deus transmite pura
força de caráter e confiança , alimentada pela
convicção de que seu súdito triunfaria em
qualquer empreendimento que escolhesse
realizar. Foi encomendado por Glele em
homenagem a seu pai, Guezo, cujo glorioso
reinado celebra, reinado que seu filho aspirava
seguir.
O reinado de Glele (1858-89) sobre Daomé
foi descrito como um período dinâmico de mudança
e expansão. Durante a sua vida , a sua
reputação como líder cosmopolita viajou até às
cortes principescas e aos centros urbanos de muitos
dos seus homólogos na Europa e nas Américas.
Confrontado com desafios fundamentais para o
bem- estar do seu estado, Glele respondeu com
imaginação e segurança. As suas aspirações
eram manter a hegemonia do Daomé na região e
gerar uma nova fonte de riqueza económica
para substituir o declínio do comércio de
escravos . Como resultado, uma política de
vigilância constante e de proeza militar impediu as
incursões dos países vizinhos.
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Monarcas Yoruba Oyo e um comércio de exportação de
óleo de palma! foi desenvolvido.1
Quando um rei daomeano ascendeu ao poder,
um adivinho (bokonon) fez uma predição sobre a
natureza e o caráter de seu reinado . Isso foi determinado
por seu sagrado sinal pessoal do Fa (du), derivado de
uma combinação de dois dos dezesseis sinais
elementais.
Cada du está relacionado a uma série de provérbios,
canções e contos que expressam os temas mais
importantes associados ao destino de alguém . Para
garantir o bem-estar do Estado, esta informação
sensível foi cuidadosamente salvaguardada e
apenas transmitida durante um rito secreto .' O
conselho original do bokonon foi continuamente renovado
para abordar os acontecimentos diários. A consciência
do próprio destino proporcionava uma vantagem
na prevenção de perigos potenciais e, ao mesmo
tempo, na capitalização de oportunidades
potenciais . No seu papel de conselheiros
indispensáveis , os bokonon não só orientaram a vida
dos líderes do Daomé, mas também influenciaram
criticamente a posição do reino como potência
regional.
No Daomé, a sucessão não foi rigidamente
ditado pela primogenitura. Em vez disso, o processo
de seleção foi competitivo e foi dada uma consideração
significativa ao caráter e às qualidades pessoais de cada
príncipe.' Durante a juventude de Glele , um adivinho
havia previsto seu destino real. O sinal de adivinhação
de Glele , Abla-Lete, indica grande força de caráter e a
resistência necessária para enfrentar desafios
exigentes ,
sugerindo assim que ele tinha potencial para assumir as
responsabilidades de liderança e cumpri-las com
distinção.' Em adição
ção, Abla-Lete está associado ao sucesso e
prosperidade mundanos. No início do seu reinado, Glele
sinalizou a sua determinação em lançar uma campanha
invulnerável e produtiva.
carreira através de um nome adaptado de um
frase associada ao seu sinal de adivinhação, "Glele lile
ma yon ze" ("O campo cultivado é difícil de mover").'
O sinal de adivinhação do rei e as
percepções do bokonon sobre esse destino inspiraram o
desenho de esculturas (bacio) que desempenharam uma
função importante (ver cat. nº 40).
Criados por um grupo de especialistas conhecido como
kpamegan ( literalmente, “chefe dos segredos”), estes
objectos de poder fortificaram o Estado , compensando
as responsabilidades individuais dos líderes.6
Conseqüentemente, essas obras foram exibidas em
procissões cerimoniais reais , colocadas em pontos
estratégicos de defesa do reino e levadas a locais de
combate para ajudar a vencer batalhas.'
A figura mostrada aqui é um dos ícones
defensivos mais expressivos visualmente
drapeado como uma capa e
tanga, e vários! pingentes
suspensos no pescoço da figura. Em
nas mãos, ele segura duas
espadas, com pontas largas e
curvas, perfuradas por pontas redondas
e buracos triangulares. Suas
pernas longas e finas estão
ancoradas em pés largos e planos. O
volume modelado de sua cabeça
exibe recursos que são
adicionados ou incisos no
superfície. Sua expressão, de olhos
fechados e dentes à mostra, sugere
uma atitude de esforço
intenso e concentrado .
Forte! distintivo deles
mentos são atributos
especificamente ligados ao
destino de Glele como
soberano. A principal delas
são as espadas (gubasa), a
arma mortal preeminente
Uma Gu.1 º
associada ao deus da guerra,
das frases do Fa de Glele alude a
eles: “O audacioso
A faca [gubasa] deu à luz Gu
e a vingança continua."
Glele interpretou isso como
um mandato para sustentar a
invencibilidade marcial do
Daomé. Ao cumprir seu
compromisso de defender
o status independente e
autônomo do Daomé , ele
adotou a imagem de
a espada como motivo principal
que liga seu legado ao de seu pai,
Guezo.
A força de Glele foi ainda expressa
dentro do extenso conjunto de obras por um elemento iconográfico entretanto separado da
encomendadas por Glele. Originalmente figura: um dos pingentes que pendia do seu pescoço,
posicionado perto do portão principal de um disco circular , cuja superfície estava coberta
Abomey, que conduzia à cidade vindo de por uma massa emaranhada de entrelaçamento. O
Caná, estendia proteção ao rei, à família real , motivo, denominado togado , ilustra a frase Abla-Lete
às suas tropas e ao seu povo. O seu nome, “O vento não pode fazer a montanha dançar ”.
"Du su mon majeto" (literalmente, "O buraco
impede a passagem do inimigo "), refere-se à
sua colocação ao lado de um fosso seco que A técnica de envolver escultura em madeira
cultura em chapas metálicas permitiu que artistas do
circundava o perímetro da cidade como uma fortificação.'
Apesar do tamanho relativamente pequeno desta escultura corte do Daomé para explorar as propriedades de
escala, o dinamismo carismático que dela emana metais caros e preciosos, usando-os frugalmente. Este
sugere uma presença imponente. Uma escultura de método era muito menos dispendioso do que as peças
madeira coberta com folhas de latão marteladas fundidas por cera perdida encomendadas pelos
aplicadas na superfície em seções, foi originalmente monarcas vizinhos Yoruba e Benin (ver cat. no. 50).
exibida com uma variedade de peças de vestuário. Além de sugerir o brilho do patrocínio real ,
Estes incluíam um chapéu europeu de aba larga, tecidos
o uso marcante do metal neste particular
72
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a escultura reforça ideias do poder físico de Glele
sugeridas pelas características iconográficas. A
associação tradicional do Gu com o ferro e o latão é
ainda mais aparente neste caso, uma vez que
se diz que o seu metal deriva de balas usadas
recicladas. à superfície durante as cerimônias de
guerra .
Esculturas fa bacio ligadas a empreendimentos
marciais . Seu papel no contexto da conquista é
mencionado em uma das canções judiciais de Gbehanzin:
Gaou [o ministro da guerra] fez um “bo”
para mim, o tubarão
vou tentar o "bo" para ver
Se eu tentar esse "bo" na terra de
quem quer que seja
Os tiques distinguem o bacio encomendado por
patronos populares daqueles patrocinados por reis
individuais. Enquanto as obras mais comuns (ver
cat. nº 40) reflectem uma anti-estética na sua exibição
aberta dos ingredientes não refinados que os
fortalecem, os bacio reais são invariavelmente
exteriormente elegantes e refinados, escondendo
os materiais interiores que lhes conferem poder.'

Vou levar o filho dele como meu filho, vou
levar a esposa dele como minha esposa
EU. Blier 1991, pág. 45. Tomarei o país dele como meu país 1
2.Blier 1990 , p. 42; Blier 1993, pág. 191.
suprimirei todos os que estão lá
3.Blier 1990, p. 45.
E se alguém estiver lá
4. Remy Hounwanou, citado em Blier 1990, p. 45.
5.Blier 1990, pp. 45-46. Ele dirá o que aconteceu.1
6.Blier 1995, pp. 311.317.319.
7. Ibid., pág. 329. Em seu foco no indivíduo , o Fa
8.Blier 1998 , p. 119. proporcionou à realeza do Daomé uma alternativa
9.Blier 1995, p. 336;"Magia", ex. gato. (Paris: ideal para a comunidade mais comunitária e
Museu Dapper, 1996), pág. 98.
formas populares de adivinhação Fon
10.Blier 1995 , p. 340.
11.Blier 1990, p. 45. anteriores à sua introdução. Na privacidade das
12.Blier 1995, p. 337. consultas do Fa , especialistas masculinos
altamente treinados atuavam como intermediários
2
Características estéticas semelhantes
com o mundo espiritual.
Conhecido como o "tubarão que fez o
as águas do oceano tremem", Gbehanzin foi o
filho de um dos reis mais ilustres do Daomé , Glele.
4
Fundada no início de
No século XVII , o reino do Daomé expandiu-se
rapidamente através da conquista militar até atingir
o seu apogeu no século XIX . O breve reinado de
Gbehanzin, de 1889 a 1894, coincidiu com a queda
do Daomé e a conquista pelas forças coloniais
francesas. Após sua derrota, foi exilado na Martinica
e morreu na Argélia em 1906.
O sinal de adivinhação de Gbehanzin ,
Aklan Winlin, prenunciava um inimigo poderoso e
um reinado caracterizado pela adversidade e
conflito sério.5

Da mesma forma, os avisos

sobre os perigos do

49. Sosa Adede oceano eram generalizados.6

Numa tentativa de
(fl. ca. 1860-1900) contrariar e influenciar

Retrato de Adivinhação de dessas previsões, uma

imagem que se acredita
Rei Gbehanzin como ser capaz de conquistar
Homem-Tubarão (Beijo) e subvertê- los recebeu
a forma
Fon, República do Benin
de um predador surreal
Madeira, tinta; H. 160 cm (63 considerado
pol.) Século XIX invulnerável , seja em
terra ou no mar.
Laboratório de Etnologia , Musée de l'Homme,
Paris 93.45.3 Encomendadas e

apresentadas
Como imagem de força e invulnerabilidade, este publicamente por ocasião
monumento representa a resposta desafiadora da entronização de um
do sucessor do Rei Glele, Gbehanzin, à previsão de rei , essas obras foram
um reinado difícil . Na sua interpretação da resolução acredita-se que permite chumbo

de Gbehanzin , o artista Sosa Adede retratou a prevaleceram em

metamorfose de um mortal no ser impressionante de conflitos perigosos e
um rei do Daomé. A natureza trágica desta obra tornaram-se ícones
é que ela foi feita para o rei que presidia o Fon na que se referiam
época da subjugação do seu povo pelos franceses. indiretamente à sua adivinhação.
Apesar de estar armado com visão e imagens sinais.7
protetoras, a mudança da maré da história revelou-se Na sua fusão de
demasiado poderosa para ser superada e, portanto , características
o sujeito desta semelhança divinatória permanece humanas e de tubarão ,
como uma figura derrotada. esta obra incorpora os

poderes transformadores
atribuídos ao Dahomean
Este gigantesco monumento de um homem realeza.' Escamas
tubarão é um dos mais renomados monumentos reais incisas criam uma textura

73
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padrão em toda a superfície do tronco, e as
nadadeiras dorsal, frontal e lateral se projetam para
fora. A postura dinâmica da figura – braço esquerdo
estendido para a frente, braço direito estendido
lateralmente e levantado para cima – evoca tanto
os poderes do deus do metal, da guerra e da
tecnologia, Gu, quanto a ferocidade das tropas de
Daomé. A posição das pernas atarracadas e
musculosas, a perna esquerda à frente com o
joelho ligeiramente flexionado, sugere uma distribuição
de peso que lembra o contrapposto. Foi sugerido
que a postura e o gesto derivam de protótipos
europeus. Os artistas locais estavam conscientes e
foram influenciados pelas tradições artísticas externas
através de uma política expansionista de guerra contra
os seus vizinhos, bem como pela participação no
comércio transatlântico. Esta pose específica é
compartilhada por um
50. Placa: Três Homens
Golpeando Idiofones
com Pássaros da Profecia
Edo, Tribunal de Benin, Nigéria
Latão; 47,3 x 34 x 12 cm (18½ x 13½ x 4¼ pol.)
Séculos 16 a 17
Curadores do Museu Britânico, Londres
98.1-15.117
O evento retratado na placa aqui mostrada é
um momento decisivo na história do reino do
Benin – uma cerimónia da corte que
comemora a vitória de um rei do século XVI,
Esigie, sobre probabilidades aparentemente
intransponíveis. Tanto a obra em si como o
ritual representado constituem tributos à
capacidade de um rei divino de triunfar
sobre o destino e o destino.
O instrumento musical segurado por cada um dos
três protagonistas desta cena de celebração
coreografada é um idiofone, ou clap per, constituído
por uma haste cilíndrica encimada por um remate com
motivo de pássaro. Cada homem segura o badalo em
uma mão e uma haste de metal na outra, e dois dos
homens (a figura central e a figura à direita) parecem
estar batendo a haste no bico do pássaro.
A exibição e o uso dessas apresentações de
claquetes manuais pelos titulares do Benin são os
destaques musicais e visuais de um festival anual da
corte conhecido como Ugie Oro.
grupo de esculturas em tamanho real de santos
católicos adquiridos pelo pai de Glele, Guezo, da
França.
Um trabalho relacionado de Sosa Adede homenageando
King Glele o retrata como um homem-leão.
O du de Glele , Abla-Lete, em contraste com o du
de seu filho , prometia uma vida plena, rica e próspera
(ver gato no. 48). Ao longo de um reinado que
correspondeu a estas expectativas optimistas, Glele
encomendou um extenso corpus de obras
impressionantes que estão entre as realizações mais
excepcionais da arte africana. Estes incluem dois
adicionais
retratos de adivinhação cujas imagens se
baseiam em frases associadas ao seu signo -
uma figura guerreira em liga de cobre no
Musée Dapper (cat. no. 48) e um deus da
guerra de ferro no Musée de l'Homme, ambos em Paris.11
11.Blier 1993, pp. 191-92.
O pássaro pousado com as asas
estendidas nos remates dos instrumentos é
geralmente chamado de "pássaro da profecia"
(ahianmwen-oro) e às vezes o "mensageiro de
deus" (odibosa).1 Embora os artistas do Benin
invariavelmente o representassem com detalhes
exatos, que incluem um pescoço longo com
barbelas e um babador estreito abaixo do bico
longo e curvo , é difícil para determinar em que
espécie de ave ele pode ser modelado. Embora
tenha sido referido como guarda-rios e abutre,
estudos recentes indicam que os curandeiros
usam o nome ahianmwen-oro para se referir a
um tordo-de-cauda-branca por causa de seus
poderes preditivos; no entanto, este pequeno
pássaro de bico e penas de pontas brancas não
se parece em nada com o tema dos badalos.
Conseqüentemente, pode ser que, como
metáfora para um conceito-profecia abstrato,
ahianmwen-oro seja uma criatura mítica que foi
interpretada pelos artistas do Benin como uma
composição de diferentes pássaros.2
Na sociedade Edo, um curandeiro tradicional (obo;
plural, ebo) persegue um dos vários! especializações,
como curar doenças, adivinhar o futuro, combater a
bruxaria ou administrar julgamentos para determinar
a culpa de suspeitos de transgressão.' Ebo que se
especializam em prever o futuro usam vários!
diferentes métodos de adivinhação. Em um deles,
conhecido como Ewawa, o obo enche uma xícara com
pequenas imagens de latão de humanos, animais e
objetos, junto com conchas de búzios e pedaços
de giz,
74
1.Blier 1995, p. 330.
2. Edna G. Bay, Esposas do Leopardo: Gênero,
Política e Cultura no Reino de
Daomé (Charlottesville: Universidade de
Virgínia Press, 1998), pp. 94.256.
3.Blier 1995, pp. 30, 336.
4.Blier 1998, p. 120.
5. Inclui a frase "Gbe hen azi bo aji
jele" ("A terra contém o ovo que o universo
deseja").
6. Neste sinal , um desses versículos prenuncia:
"O pássaro cerveja vai se perder no oceano enquanto
cantando." Qualquer pessoa segurando esta placa é avisada
evitar o mar, para não ser engolido
levantado e destruído pelas forças que residem
dentro de. Blier 1995, pág. 333.
7.Blier 1993, p. 191; Blier 1998, pág. 120.
8.Blier 1995, p. 316.
9. Ibid., pp. 202-4.
10.Blier 1998, p. 120.
e então agita o copo e analisa a configuração
resultante. Outro método amplamente utilizado,
Orunmila, está intimamente relacionado à
adivinhação Yoruba Ifa.' Os Ebo derivam
suas habilidades divinatórias de osun, a força
espiritual inerente às folhas e ervas que eles
usam para fazer “remédios”; que transformam
essas substâncias naturais em instrumentos
de poder. Seu emblema de autoridade é um
bastão de ferro, osun ematon, no topo do qual
está um pássaro
motivo, um desenho semelhante ao de cajados
pertencentes a adivinhos e curandeiros
iorubás vizinhos (ver cat. nº 30). Nos tempos
pré-coloniais, estes eram carregados por
guerreiros para garantir o sucesso na batalha.5
Do reinado de Esigie em diante, o pássaro
da profecia tem sido considerada um sinal
que os reis do Benin são dotados do poder de
alterar o curso da história.
Antes disso, segundo a história oral, estava associado
a previsões de desastres.
Na véspera de uma crise épica envolvendo o combate
contra um inimigo formidável, o Igala, o seu
aparecimento diante de Esigie e das suas tropas foi
interpretado pelos seus adivinhos como um presságio
de um resultado devastador.6 Em vez de seguir o
seu conselho de prestar atenção ao " pássaro que chora
desastre" e retirada, Esigie desafiou a previsão e
reuniu suas tropas para prosseguir
para a batalha. Sua audácia foi recompensada.
Sob o comando de Esigie, o exército do Benin
derrotou o Igala e ainda mais
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expandir a esfera de influência do reino .

Como forma de comemorar esta vitória, Esigie
encarregou os fundidores reais de latão de
criarem instrumentos que personificassem
o augúrio sobre o qual ele havia triunfado,
equivalentes reais aos cajados dos adivinhos.

O ritual da corte Ugie Oro foi introduzido

por Ewedo, o quarto rei divino (oba) do Benin,
para celebrar o poder de todos os reis do
Benin . Foi ampliado por Esigie para incluir
referências à sua vitória sobre a !gala como
um caso específico que ilustra o poder do
oba para prevalecer sobre as forças naturais e
sobrenaturais que afectam a humanidade.' O
soar dos aplausos nesta ocasião celebra a sua
capacidade de proteger o seu povo e a
derrota de algo muito mais significativo do que
um exército inimigo .

Durante o início do século XVI,

uma série de desenvolvimentos
importantes afectaram a dinâmica de poder na região.
Os portugueses chegaram pela primeira
vez ao Benin durante o reinado do pai
de Esigie, Ozolua. O reinado de Esigie foi
moldado por dois grandes desafios à sua
autoridade, e nestes conflitos o seu trunfo
mais importante provou ser a sua aliança .
tendo os portugueses e o astuto
conselho da sua mãe, Idia, como
conselheira. No primeiro , ele disputou os
direitos de sucessão ao trono com seu
irmão Aruaran . No segundo, a hegemonia
do Benim foi ameaçada pelo Atah de Idah
quando o exército Igala se aproximou
perigosamente do ataque à capital. Foi nessa
ocasião que se diz que os soldados
portugueses que seguiam Esigie executaram
a sua ordem de silenciar a ave da profecia .

A resiliência, desenvoltura,
e a autoconfiança como líder refletem-
se no conjunto de diversas tradições
artísticas que estão associadas ao seu
reinado. Muitas das ideias desenvolvidas durante
este período foram traduzidas em imagens que
forneceram uma rica fonte de motivos, que foram
então reutilizados e recombinados na arte do
Benim durante os séculos seguintes. Esse
resultou em uma colaboração criativa com
a guilda dos fundidores de latão, Igun Evonmwon,
que trabalhava diretamente sob o patrocínio
do rei. Os historiadores da arte notaram que foi
provavelmente durante o reinado de Esigie, ou de
Ewuare, um século antes, que os fundidores de
latão foram organizados como uma associação
profissional dentro do palácio. Entre o
joias de expressão artística que floresceram sob 1. Arte Real do Benin 1992, pp .
2. Ibid., pág. 200.
a liderança visionária de Esigie são os idiofones
3. Ibid., pág. 215.
do "pássaro da profecia" e as placas
4. Ibid., pág. 218.
arquitetônicas retangulares que foram exibidas
5. Paula Ben-Amos, A Arte do Benin
na fachada do palácio . Existem aproximadamente (Washington, DC: Instituto Smithsonian
novecentas dessas obras com imagens em Imprensa, 1995), pág. 74.
relevo representando cenas da vida na corte , 6. Arte Real do Benin 1992, p. 198.
7. ibid., pág. 201.
que foram originalmente penduradas nos pilares
externos do palácio. O exemplo mostrado aqui
é especialmente eficaz para alcançar o objectivo
de Esigie de reforçar o poder e a mística da
realeza divina no Benim , ao mesmo tempo
que imortaliza a sua própria busca para alterar
o curso da história.

75
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Checklist da Exposição

Os objetos da exposição estão listados aqui de Baule, Costa do Marfim Trono: Cena de Adivinhação (Ngunja) Veja gato. não. 45

acordo com o nome da cultura em que cada um foi Dogon,

Porta (Anuan) Veja gato. nº 47
criado. A menos que especificado de outra forma, as
Figura: Macaco Colares do Adivinho do Mali com Pingentes (Dugo)
dimensões são fornecidas da seguinte forma: a altura
Madeira; 54,6 x 15,9 cm (21½ x 6¼ pol.) l Pedra, ferro
precede a largura (precede a profundidade) ou o comprimento precede a largura.
Coleção Clyman do Século 19 a 20 H.

século IX ao XX 44-73,7 cm (17¾-29 pol.)

Amárico (l), Etiópia A coleção Graham

Figuras para um Trance Diviner
Pergaminho de Recipiente Ritual: Cabeça de Cavalo com Figuras (Adun koro)
Wood, contas
Pergaminho de Cura , pigmento; 170 x 17 cm (661/, x 6¾ l Século IX-XX a.
pol.) l Laboratoire Madeira; 52,1 x236,2 x47 cm (20½ x 93 x 18½ pol.)
Janus, H. 35,6 cm (14 pol.)
d’Ethnologie do século IX ao XX , Musée de l’Homme, Paris Séculos 16 a 19 O
Coleção Brian e Diane Leyden b. Macho
31.74.3576 Metropolitan Museum of Art, Nova York, Coleção Michael
sentado, H. 38,4 cm (15¼ pol.)
Coleção privada C. Rockefeller, Legado de Nelson A. Rockefeller, 1979
Azande, República Democrática do Congo
1979.206.255
Figuras (Yanda) a. Figuras para um Trance Diviner: Casal Veja gato. não. 1
Edo, Tribunal de Benin, Nigéria
madeira; H,16 cm (6¼ pol.) Gong Striker: Equestre (Lawle) Veja gato. não. 25
Instrumentos de Adivinhação
Século 20
Golpes de Gong (Lawle) The Metropolitan Museum of Art, Nova York, Presente do Sr. e
Coleção Horstmann, Zug, Suíça n. madeira; 12,4x4 cm
Madeira Sra. Klaus G. Perls, 1991 1991.17.119, .117, .89, .107 a. Copo de
(4½x l½in.) Laboratoire d'Ethnologie dos
Século XIX-XX a.
séculos 19 a 20 ,
Figura Feminina, 7 x 26 cm (2¾ x 10¼ pol.) Adivinhação em
Musée de l'Homme, Paris
46.51.8 The Metropolitan Museum of Art, Nova York, The Latão; 12,4 x 10,5 x 10,8 cm (4½ x 4¼ x 4¼ pol.) Séculos
Michael C. Rockefeller Memorial Collection, compra, presente 18 a 20 b. Adivinhação
c. Terracota; 15,2 x 5,7 x 7 cm (6 x2¼ x2¾ pol.) l Século 9
de Nancy Hanks, por troca, 1971 1978.412.638 Tapper Ivory; H. 34,3 cm
a 20 O Metropolitan
Museum of Art, Nova York, The Michael C. Rockefeller (13½ pol.) Século XIX c. Idiofone:

Memorial Collection, Legado de NelsonA. Rockefeller, 1979

b. Baterista, 6,5 x 22,5 cm (2½ x 8½ pol.) Ave da Profecia
Coleção particular, Suíça Latão, ferro; 33 x 8,9 x 11,8 cm (13 x
1979.206.284
Rato Oraele (Gbekre) Veja gato. não. 17 3½ x 4¾ pol.) Século 16 a 19 1991.17.89

Oráculo de Fricção
Bembe, República Democrática do Congo
Madeira, fibra; H. 30,5 cm (12 pol.)
d. Marfim de trompete
Museu de Arte Mead Figura: Macho
soprado lateralmente; L. 36,8 cm
dos séculos 19 a 20 , Amherst College, The Barry D. Madeira, marfim, material orgânico; H. 19,5 cm (7¾ pol.) l
(14½ pol.) Século XX
Maurer (turma de 1959) Coleção de Arte Africana, adquirida Museu Rietberg do
século IX ao XX , Zurique RAC 606 Placa: Três Homens Golpeando Idiofones com Aves da Profecia
com fundos discricionários do Arnherst College e fundos
Veja gato. não. 50
de H.Axel Schupf (turma de 1957)
AC 1999.25a,b
Bwa, Burkina Faso
Fang, Gabão
Assobiar Ornamentos de proteção
Madeira
Madeira, liga de cobre, couro; H. 16 cm (6¼ pol.) Liga de cobre; 4,3-6,5 cm (1¾-2 ½ pol.) BwitiHarpa ; H. 69,5 cm (27¾ pol.)
Museu Coleção Thomas Museu de Arte
Americano de História Natural do século 19, Nova York GBWheelock dos séculos 19 a 20
Neuberger do século 20, Purchase College, Universidade
90.1/2636
Figura Estadual de Nova York, doação da Coleção Lawrence
Gussman de Arte Africana 39/06/1999
Baga, Guiné Bwa ou Turka (?)
Madeira; 40 x 10 x 12 cm (15¾ x4 x4¾ pol.) Museu Fon, República do Benin
Peça do Santuário (a-Tshol)
Rietberg do século 9
Madeira, metal, material orgânico; 50,8 x 30,5 x 76,2 cm (20 x 12 Atribuído a Ganhu Huntondji, Retrato de Adivinhação do Rei Glele
a 20 , Zurique RAF 306
x 30 pol.) Coleção como o Deus da Guerra, Gu (Bocio) Ver gato. quando. 48
particular dos séculos
Chokwe, República Democrática do Congo e
9 a 20
Angola Figura:Janus (Bocio) Veja gato. não. 40

Bamana, Mali Bandeja de Adivinhação Ifa (Opon Ifa) Veja cat. não. 13
Cesta de Adivinhação (Ngombo ya cisuka) e Trinta e
Máscara de capacete Komo (Komokunw) Veja gato. nº 31 quatro Estatuetas de Adivinhação em Miniatura Colar: Retrato de Adivinhação do Rei Glele Liga de
(Tuphele) Ver gato. não. 23 cobre; H. 14 cm (5½ pol.) Museu
Banda Linda, República Centro-Africana
Seis amuletos de caça (?) Dapper do
Oráculos de Fricção
Madeira; 7,5 x 5 cm (3 x 2 pol.) século XIX , Paris
l Laboratório de
Musée d'Ethnographie Sosa Adede, Retrato de Adivinhação do Rei Gbehanzin como
Etnologia dos séculos IX-XX, Musée de l'Homme,
do século 19 a 20, Neuchâtel 6209 3C 6200 um Homem-Tubarão (Bocio) Ver gato. não. 49
Paris
37.51.32,.33,.34 a.Wood; 5 x 16,5 Região de Grassfields, Camarões
cm (2 x6½ pol.) b.Madeira; 5 x 27,5 Figura: Fêmea
Cadeira: Madeira com
cm (2 x 10½ pol.) c.Madeira; 4,4 x 17,5 cm (l¾x6½ pol.) Chokwe ou Lwena (?), Angola
motivos de aranha; 86,4 x 55,9 x 45,7 cm (34 x 22 x 18
Madeira, pele de cobra, tecido, fibra, contas de vidro,
Banyang, Camarões pol.) Coleção
sementes de arbus, espelho, metal, arame, resina, argila; 22,2 x
particular do século XX
Máscara e fantasia de Basinjom Veja gato. não. 33 9,5 x 5 cm
Guro, Costa do Marfim
(8¾x3¾x2in.) Século
Barambo, República Democrática do Congo
9 a 20 O Metropolitan Museum of Art, Nova York, presente de Figuras do
Colar Propriedade de Namandiaro Ver gato. não. 34 Ernst Anspach, 1988 1988.367 Santuário a. Casal (Zuzu ou Mi!ri Ni) Veja gato. não. 36

76
Machine Translated by Google

b. Mulher (Zuzu ou não sou) Kuba, República Democrática do Congo Oráculos de Fricção (Kakishi)
Madeira
Madeira, miçangas; H. 43,5 cm (17½ pol.)
Oráculo de Fricção (ltombwa)
l Museu Rietberg do Século XIX-XX a. H.
Madeira; L. 33 cm (13 pol.)
século IX ao XX , Zurique RAF 309 13,5 cm (5% pol.)
Museus
Museus Estatais de Berlim, Patrimônio Cultural
Gurunsi, Burkina Faso Estatais de Berlim do século XIX, Patrimônio
Prussiano, Museu de Etnologia III C 44925 b. A. 12,8 cm (5 pol.)
Cultural Prussiano, Museu de Etnologia III C
Ornamentos de proteção
1954la,b
Museu de Arte Mead, Amherst College, The Barry D.
Liga de cobre; 5,5-15,2 cm (2½-6 pol.) Século
Oráculo de Fricção Coleção Maurer (turma de 1959) de arte africana, adquirida
19 a 20 Museu
Mandíbula de crocodilo, miçangas, concha de búzio; L. 39 cm com fundos discricionários do Amherst College e fundos
Metropolitano de Arte, Nova York, Coleção Bryce
(15¾ pol.) de H. Axel Schupf (turma de 1957)
Holcombe de Arte Decorativa Africana; Coleção
Curadores do século 19 do Museu Britânico, Londres AC 1999.23
Thomas GB Wheelock
1909.5-13.316
Cocar (Bilumbu)
Hungaan, República Democrática do Congo Miçangas, tecido, fibra, couro, pele; H. 51 cm (20½ pol.)
Oráculo de Fricção: Animal com Cabeça de Janus (Itombwa)
Veja gato. não. 21 Coleção
Figura Veja gato. não. 8
particular do século 20
Apito: Figura Sentada em Ontem, Burkina Faso
Lança Real: Figura Feminina (Mulumbu) Ver gato. não. 46
Madeira; 10 x 3 x 1,3 cm (4x l'/4x ½ pol.) Museu
Cajado do Adivinho Apito: Marfim Antropomórfico;
Rietberg do século 19
Madeira 9 x 3,6 x 3,8 cm (3½ x 1½ x 1½ pol.) Museu
a 20 , Zurique RAC 238
Séculos 19 a 20 55,9 Rietberg do século
Igbo, Nigéria x 15,9 cm (22 x 6¼ pol.) 19 a 20, Zurique RAC 256
Coleção Thomas GB Wheelock
Figura de maternidade (Ntekpe) Ver gato. não. 41 Luluwa, República Democrática do Congo
Figura:
Kissi ou Sapi (?), Guiné ou Serra Leoa (?) Madeira de Pássaro; H. 61 Figura de Maternidade (Bwanga Bwa Cibola) Ver gato. não. 42
cm (24 pol.)
Figura (Pomdo) Lumbo, neblina
Coleção Thomas GB Wheelock do século XX
Pedra; 11,7 x 5,7 cm (4¾ x 2¼ pol.)
Século 16 (?) Ornamentos de proteção Figura Feminina (Kosi) Veja gato. não. 7

Laboratório de Etnologia, Museu do Homem, Paris Liga de cobre

Lwalwa, República Democrática do Congo
36.9.51 dos séculos 19 a 20 H.
3,3-9,6 cm (1¼-4¾ pol.) Oráculo de Fricção (Kashita)
Congo, República Democrática do Congo e Coleção Arnold Syrop; Coleção Thomas GB Wheelock Madeira; 18,4 cm (7¼ pol.)
Angola Museu de Arte Mead
dos séculos 19 a 20, Amherst College, The Barry D.
Sinos Figuras do Santuário: Casal (Bateba phuwe) Ver gato. não. 37
Coleção Maurer (turma de 1959) de arte africana, adquirida
Século XIX a.
com fundos discricionários do Amherst College e fundos
Mãe e filho Luba, República Democrática do Congo
de H. Axel Schupf (turma de 1957)
Madeira, metal, cana, rattan; A. 18,5 cm (7¼ pol.)
Vaso Antropomórfico Terracota, AC 1999.6a,b
Drs. Coleção Daniel e Marian Malcolm
fibra; H. 17,7 cm (7 pol.) Coleção particular
b. Sino Duplo (Kunda) Mangbetu, República Democrática do Congo
do século 20
Madeira; 13,9 x 4,4 cm (5½ x i'/4 pol.)
Colar
Museu Metropolitano de Arte, Nova York, Coleção de
Enxó Cerimonial: Cabeças Femininas (Kibiki ou Kasolwa) Madeira, ferro, liga de cobre, fibra vegetal; 14 x 11 cm
Instrumentos Musicais Crosby Brown, 1889
Veja gato. não. 35 (5½x4% pol.)
89.4.2836
Museu
Pilões de Adivinhação
Figura (a droga cresce) Americano de História Natural do século XIX , Nova York
Pano; material orgânico; 45 x 12,5 cm (17¾ x 41/s pol.) Século XIX-XX a. 90.1/4175

Laboratório de Madeira; H. 24 cm (91/ pol.)

Museu Rietberg, Zurique RAC 122 b. Madeira; Meje, República Democrática do Congo
Etnologia do século XIX , Musée de l'Homme, Paris
36.18.10 H. 32,4 cm (12¾ pol.)
Whistle
Museu de Arte Mead, Amherst College, The Barry D.
Figura: Feminino (Medicina) Wood, couro com pele, fibra, penas cinzentas de papagaio; L.
Coleção Maurer (turma de 1959) de arte africana, adquirida
Madeira, vidro, pigmentos, acessórios; H. 20,5 cm (8½ pol.) 36 cm (14½ pol.)
com fundos discricionários do Amherst College e fundos de
l Coleção Museu
H. Axel Schupf (turma de 1957)
Ernst Anspach do Americano de História Natural do século 19, Nova York
AC 1999.26
90.1/2126
século IX ao XX
Figuras: Femininas
Fricção Oracle Merina, Madagáscar
a.Madeira, tecido, ferro, pele de cobra; 13,7 x 3,2 x 4,5 cm (5%
Wood; L. 20,3 cm (8 pol.) l xi¼xl¾in.) Século Talismãs (Moharas) l
Museu de Arte Mead 19 Museu Laboratoire d'Ethnologie
dos séculos 9 a 20, Amherst College, The Barry D. Metropolitano de Arte, Nova York, Coleção Memorial do século IX ao XX , Musée de l'Homme, Paris 61.60.79,
Coleção Maurer (turma de 1959) de arte africana, adquirida Michael C. Rockefeller, Compra, Presente de Nelson A. 63.72.702, 974.63.26 a. Madeira,
com fundos discricionários do Amherst College e fundos Rockefeller e Presentes Anônimos, em memória de Vera de Vries, tecido, metal, miçangas; H. 23,5 cm (9¼ pol.) b.Madeira,
de H. Axel Schupf (turma de 1957) 1967 b. Madeira, fibra, miçangas, material 1978.412.561
osso, pele, metal, tecido, miçangas; H. 34 cm (131/sin.) e.
AC 1999.24a, b orgânico; H. 32 cm (12½ pol.) Século IX-XX Osso,

Joias de um Nganga do tecido, miçangas; A. 28 cm (11 pol.)

século XIX a.
Drs. Coleção Daniel e Marian Malcolm Moba, Togo
Pano comercial indiano; pêlo de elefante; H. 90 cm (351/
sin.) Figuras: Mulheres portadoras de tigela (Mboko) Figuras de
Laboratório de Etnologia, Musée de l'Homme, Paris a. Veja gato. não. 11 santuários dos séculos
x990.74 b. Madeira, ferro; H. 32 cm (12¾ pol.) l XIX a XX a. Figura do Santuário do Clã (Tchitcheri Sakwa) Ver gato.
b. Fibra, couro, espelho; H. 62 cm (24% pol.) Museu de Arqueologia não. 39b . Figura do Santuário Doméstico (Bawoong Tchitcheri)
Curadores do Museu Britânico, Londres e Antropologia da Universidade da Pensilvânia do século IX ao Madeira; H. 105 cm (41½ pol.)
1905.11-11.32 XX , Filadélfia AF 5120 Coleção Horstmann, Zug, Suíça

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e. Figura do Santuário Pessoal (Yendu Tchitcheri) b. marfim (?); 12 x 4 cm (41/, x l½ pol.) Sacos dos Adivinhos (Apo Ifa)

Madeira; H. 26,5 cm (10½ pol.) Coleção Horstmann, Zug, Suíça Pano, miçangas, couro
Museus Estatais de Berlim, Patrimônio Cultural Século XX a.
Songye, República Democrática do Congo
Prussiano, Museu de Etnologia 35,5 x 36,9 cm (14 x 14½ pol.) b. 28,2
Figura de poder comunitário (Nkishi) Ver cat. não. 10
IIIC 13268b x 33 cm (111/, x 13 pol.)
Kit de Adivinhação: Cabaça e Elementos Veja gato. não. 22 Coleção Claire e Michael Oliver
Mora na Nigéria e. Veja gato. não. 29
Oráculo de Fricção: Janus (Katatora) Veja gato. não. 20
Figura Veja gato. não. 6
Cajado do Adivinho: Pássaros (Osun Babalawo) Veja gato. não.
Figura de poder pessoal (Nkishi) Veja cat. não. 43
Nuna e Nnnuma, Burkina Faso Cabeça de 30 Esu (Ela ou Irin
Sundi (?), Congo e Angola
Ornamentos de proteção (incluindo cat. nos. 38a e 38b) Ifa) Marfim dos séculos

Liga de cobre 19 a 20 , 9,9 x 4,1 x 4,1 cm (31/, x 1% x 1% pol.)

Assobios (estou amarrado) Museu Metropolitano de Arte, Nova York, presente do Sr. e Sra.
dos séculos 19 a 20 H.
Madeira, chifre de antílope, fibra Klaus G. Perls, 1991 1991.162.1
5,3-9,5 cm (21/s-3¼ pol.)
Coleção Thomas GB Wheelock do século XIX
Grupo de Figuras: Esu (Esu Igbomina)
Museus Estatais em Berlim, Prússia
Madeira, búzios, couro, fibra, pigmento; H. 34,6 cm
Pende, República Democrática do Congo Patrimônio Cultural, Museu de Etnologia
(13% pol.) Coleção Sol e
Figura de Adivinhação (Njinda) Ver gato. não. 18 111 e 3285, 3326
Josephine Levitt
a. 19 cm (7½ pol.) b.
Instrumento de Adivinhação (Galukoji) Veja gato. não. 19 do século 20
22 cm (8% pol.)
Par de máscaras em miniatura Ifa Divination Tapper (Iroke Light) Veja gato. saber. Bandeja
Temne, Serra Leoa
Madeira; cada 2,5 x 1,3 cm (1 x ½ pol.)
de Adivinhação 14 Lfa (Luz Aberta)
Século 19 Figura: Madeira
Madeira; L. 48,7 cm (191/ s pol.)
Museu de Arqueologia e Antropologia da Universidade Feminina; H. 56,2 cm (22½ pol.)
Séculos 19 a 20 Drs.
da Pensilvânia AF l956a,b Século 19 a 20 Museu
Coleção Daniel e Marian Malcolm
de Arqueologia e Antropologia da Universidade da
Senufo, Costa do Marfim Guia da bandeja de adivinhação Ifa (Ifa aberto)
Pensilvânia 29-94-10
Amuletos (Yawiige) Madeira; Diam. Coleção Peter e
Ressurreição, Gabão
Liga de cobre l Veena Schnell dos
Gong: Figura Feminina séculos 19 a 20 de 46 cm (18½ pol.)
Século 9 ao 20
Metropolitan Museum of Art, Nova York, The Michael C. Madeira, metal, pigmento; 40,6 x 12,7 x 10,5 cm (16x5x41/
Vasos de Adivinhação de Ifá (Agere Ifa)
Rockefeller Memorial Collection; Estatuetas de adivinhação sin.) Século 19 a
a. Marfim
da coleção Jerome Vogel 20 Museu Metropolitano
Equestre; H. 22,2 cm (8¼ pol.)
de Arte, Nova York, Coleção Memorial Michael C. Rockefeller,
(Tugubele e Ngaabele) Coleção
Compra, Presente de Nelson A. Rockefeller, 1966 Adriana e Robert Mnuchin do século XIX
Liga de cobre
do século XIX ao XX b. Bosque
1978.412.516
a. Dez estatuetas, H. 3,9-12 cm (1½-4¼ pol.) Equestre; H. 22,5 cm (8'/, pol.)

Coleção Brian e Diane Leyden Veja gato. não. 2/ J.-e, 2h, 2i, 2k b. Tusya, Burkina Faso Museus Estatais

Sete de Berlim do século XIX, Patrimônio Cultural da

Ornamentos de proteção (incluindo cat. nº 38c)
estatuetas, H. 4,4-5,9 cm (1¼-2½ pol.) Liga de cobre Prússia, Museu de Etnologia III C 27200

Coleção Arnold Syrop Veja gato. não. 2a, 2f, 2g, 2j c. Cinco dos séculos 19 a 20
estatuetas, H. 2,2-7,9 cm (1/s-3½ pol.) 3,8-37,5 cm (1½-141/, pol.) e. Guerreiro Equestre Veja gato. não. 16 d.

Coleção Jerome Vogel d. Coleção Thomas GB Wheelock Cariátide Feminina Ver gato. não. 15 e.

Estatuetas, H. 4,1-6 cm (1%-2½ pol.) Figuras de cariátides

Vili, Casas, 1000 pés quadrados
Museu Metropolitano de Arte, Nova York Yoruba,Owo
Apito de Adivinhação: Macaco (Apito) Veja gato. não. 28 lvory; H. 14 cm (5½ pol.)
Figuras do Adivinho
Museu
a. Figura equestre (Syonfolo) Ver gato. não. 3 b. Figura Nós, Libéria ou Costa do Marfim
d'Ethnographie do século XVIII, Neuchâtel 70.2.12
equestre (Tugubele) Objeto de Adivinhação (Gbaule Gle) f. Mãe e Filho Yoruba,
Liga de cobre; H. 8,6 cm (3½ pol.) l Argila, penas, rabo de vaca, tecido, metal, búzios, couro, vidro,
sul da Floresta Ekiti; H. 25
Coleção particular dos vime, cabeças de arroz; 57,2 x 41,9 x 8,9 cm (22½ X] 61/, X 3½
cm (91/s pol.) Século XIX
séculos IX a XX e.
Ín.) Museu de Arte do
Museurn für
Duas figuras femininas (Tugubele) Brooklyn do século 9 a
Madeira Võlkerkunde zu Leipzig Maf 22502 g. Madeira de Pangolim ;
20 , presente de Blake Robinson 1982.196.3
H.17,3 cm (6'/
Séculos 19 a 20
s pol.) Século 19 a 20 Mead Art
H. 19-25 cm (7½-¼ pol.)
Yaka, República Democrática do Congo Museum, Amherst
Coleção Jean e Noble Endicott; e coleção particular d. Casal
(Tugubele) College, presente de Marc Felix em memória de Barry D.
Cabo de um Slitdrum (N-kookwa Ngoombu)
Maurer (turma de 1959) AC 1994.152
Madeira; H. 42,3 cm (16½ pol.) l

Madeira, miçangas, óleo; macho: H. 17 cm (6¼ pol.); Museu da África do

fêmea: H. 17,5 cm (61/s pol.) l século IX ao XX , Tervuren, Bélgica RG 32887 Olowe oflse (falecido em 1938), Door Panei: Pássaros

Coleção Horstmann do e Bandeja de Adivinhação (Porta) Ver gato. não. 44

Feitiço de Caça: Slitdrum (N-kookwa Ngoombu)
século IX ao XX, Zug, Suíça Veja gato. não. 27 Ioruba, República do Benin
Harpa-Alaúde (Korikaariye) Veja gato. não. 26 Slitdrum (N-kookwa Ngoombu) Base de um Navio de Adivinhação de Ifá: Cena de Adivinhação

Figura Oracle (Kafigeledjo) Ver cat. não. 4 Madeira; H. 61 cm (24 pol.) Madeira; H. 16 cm (6¼ pol.)
Século XIX Museu Estadual
Sherbro, Serra Leoa
Base do Museu das Culturas! Ou 8120 de Etnologia do século XIX , Munique 28-12-2
Figura da Sociedade Yassi: Figura Feminina com Base de Bandeja
Yombe, República Democrática do Congo
Ver gato. não. 5
Máscara do Adivinho Veja gato. não. 32 Zombo, República Democrática do Congo
Shona, Zimbábue
A Árvore dos Mortos: Mangaaka Veja gato. não. 9 Slitdrum (N-kookwa Ngoombu)
Dados de Adivinhação (Hakata) Madeira, bronze; H. 29 cm (11% pol.) l
Iorubá, Nigéria
l Século IX-XX a. Veja Coleção particular do
gato. não. 24 Cabaça Esculpida Veja gato. não. 12 século IX ao XX, Bruxelas

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Créditos da fotografia
As fotografias foram fornecidas pelos proprietários das obras
de arte especificadas nas entradas do catálogo. Todos os
direitos reservados. Os créditos fotográficos adicionais
são os seguintes:
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Serviços de Biblioteca, Dennis Finnin: cat. não. 11;
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