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ACTS 2019

Plantando
igrejas que
plantam
igrejas
Plantando um movimento

Preparado por Alex Palmeira


Recorte do livro Igrejas que plantam igrejas (CPB)
Resgatando "se o DNA de
o senso de movimento é perdido,
movimento esquecemos os
valores e a visão, e
Adventista adotamos formas de
Plantando igrejas com DNA de
movimento
trabalho que
promovem no
“Não queremos plantar igrejas,
máximo uma cultura
queremos plantar um movimento de
igrejas que plantam igrejas”. Essa frase de adição"
impactou a minha mente em 2013 num Quando lançamos as primeiras bases
encontro de líderes inter-estudais que para esse movimento não tínhamos
ocorreu em São Paulo. Isso era muito idéia aonde isso iria dar, queríamos
grande, audocioso e requeria muita apenas ver acontecer algo realmente
dependência do Espírito Santo, afinal, é reproduzível, sustentável e com
Ele quem dá o crescimento (1 Co 3:6). fundamento. Éramos conscientes do
Fazem poucos anos que um mover de senso de que a igreja adventista é um
líderes tem se descoberto nessa direção movimento missionário, e tornar isso
na igreja adventista. É algo mais real na vida de líderes, pastores e
extraordinário pensar que Deus está igrejas se tornou um objetivo altruísta.
levantando pessoas do mundo inteiro Sinceramente, queríamos ver igrejas
imbuído do mesmo propósito de ver plantadas que nos descem resultados
uma rede de compartilhamento da visão diferentes dos habituais:
de plantar igrejas que plantam igrejas.

PLANTADOR NÍVEL 5
Que tipo de igrejas
queremos?
- Igrejas que não demorariam muito para passarem de grupo para igrejas
organizadas.
- Igrejas que nascessem auto-sustentáveis e que não dependessem das
associações para se moverem rumo ao crescimento.
- Igrejas que tivessem um custo baixo e um percentual de fidelidade alto.
- Igrejas que poderiam ser auto-replicáveis, que assimilassem uma cultura
de multiplicação exponencial.
- Igrejas que ficassem grávidas de outras igrejas, antes mesmo de
pensarem em ter o seu prédio próprio.
- Igrejas que reflitam o seu proprio contexto alcançando pessoas de sua
vizinhança e fazendo a diferença na comunidade onde está inserida.”.
- Igrejas em que a metade do seu público fosse de amigos que ainda não
se veem como parte do corpo de Cristo.
- Igrejas que tivessem percentual alto de envolvimento e batismos. Que o
evangelismo fosse de fato integrado e o percentual de apostasia baixo.
Igrejas que se enxergassem como um movimento essencialmente adventista,
que exalta a identidade e a missão do Remanscente de Deus para o tempo do
fim.

Plantar igrejas que


planta igrejas
PLANTADOR NÍVEL 5
DNA - A plantação de igrejas com o
entendimento de que fazemos parte de

Adventista um movimento profético;


- A plantação de igrejas que se
enxergam como um corpo com visão de

Desenvolvendo a composição missão wholística e mundial;


- A plantação de igrejas orientadas
do DNA de movimento
para a multiplicação exponencial
Adventista
motivadas pela urgência do breve
retorno de Jesus.
Você deve estar pensando, que plantio
fantástico! Diante desse sonho o único
Esses três elementos conferem a
pedido que fiz a Deus era que Ele nos
segurança para plantação de igrejas
movesse à igreja que Ele queria que
com DNA essencialmente adventistas.
fôssemos e à um resgate dos marcos da
visão adventista. Não queríamos
inventar nada, nem desconsiderar o que
estava sendo feito. Apenas ser
obediente ao que Ele disse que
deveríamos fazer e buscar a essência da
visão adventista. Ao capacitar
plantadores e ter os primeiros frutos
descobrimos que para catalisar um
movimento de multiplicação de igrejas
precisaríamos levar em consideração
três fatores que definem o DNA
adventista na composição desse tipo de
cultura:

PLANTADOR NÍVEL 5
1. Igrejas que se
veem como parte de
um movimento
profético
A igreja adventista do Sétimo Dia em sua essência não se enxerga apenas como
uma denominação[1], mas como um movimento profético para o tempo do fim
com um propósito bem definido:

“Fazer discípulos de todas as nações, comunicando o evangelho eterno no


contexto da tríplice mensagem angélica de Apocalipse 14:6-12, convidando-as a
aceitar a Jesus como Seu salvador pessoal e unir-se a Sua igreja remanescente,
instruindo-as para servi-Lo como Senhor e preparando-as para Sua breve
volta[2].

No centro desse propósito está a auto-compreensão da igreja como um


movimento missionário, “pois, sem missão não há movimento e a comunidade
morre uma morte do espírito antes de morrer de uma morte física”[3]. Por outro
lado, se o DNA de movimento é perdido, esquecemos os valores e a visão, e
adotamos formas de trabalho que promovem no máximo uma cultura de
adição[4]. Esse é o grande desafio: Diante de um momento onde o crescimento
pode não passar de manutenção, resgatar continuamente o senso de
movimento adventista através de igrejas que vivam o cristianismo como parte de
um movimento missionário que se multiplica organicamente, representa o que é
a verdadeira identidade adventista.

PLANTADOR NÍVEL 5
Se o DNA adventista pressupõe que todas as congregações se enxerguem
como um movimento missionário profético, isso considera a grande comissão
de Jesus como a base para a sua atuação. Essa base de atuação é especificada
em quatro manifestações locais:

1. A igreja exerce a autoridade de Jesus como um sinal de que o reino de Deus


chegou;
2. A igreja é um movimento de discípulos;
3. A igreja é uma comunidade contextual-transformadora;
4. A igreja é um agente de envio.

A igreja exerce a autoridade de Jesus como um sinal de que o reino de Deus


chegou: A autoridade que a igreja exerce não deriva dela mesma, mas de Jesus,
que é o seu Senhor[5]. A igreja não tem o poder, ela é apenas uma
representação do verdadeiro poder manifestado na vida e ministério de Jesus.
No novo Testamento, a igreja é vista como comunidade do povo de Deus - um
povo chamado para servi-lo e chamado para viver juntos numa verdadeira
comunidade cristã, como testemunha do caráter e virtudes de seu reino[6]; Além
disso, a igreja é o agente de Deus na terra - o meio pelo qual Ele se expressa ao
mundo. Deus não tem outro agente redentor na terra [7]. Assim, a igreja é o
principal meio pelo qual Deus está cumprindo seu propósito reconciliador.
Nesse sentido, a igreja é inseparável do desígnio cósmico de Deus de fazer
convergir todas as coisas em Jesus Cristo (Ef 1:10) - a essência e o alvo do reino

A igreja é um movimento de discípulos: A comissão de Jesus é um chamado a


um movimento de discípulos. Na sua base está um modelo de discipulado
centrado na comunidade de natureza missionária orgânica, ou seja, com
orientação, propulsão para fora e de multiplicação natural. A igreja é chamada a
ser um movimento de continuidade da missão de Jesus. Desse ponto de vista,
discipulado não é um ciclo, processo, acróstico, trilho ou programa, mas um
modo de vida que define identidade, finalidade, papel e função..

PLANTADOR NÍVEL 5
Como identidade a igreja é centrada em Cristo, sua vida, morte e ressurreição,
sua base de reflexão e atuação estão centradas em Jesus e não em sistemas
metodológicos que excluem Cristo como o verdadeiro Senhor, Salvador e
Sacerdote da igreja;
Como finalidade a igreja é centrada na participação da missão de Cristo - dessa
forma sendo enviada como ele foi enviado (Jo 20.21).
Como papel/função vivemos no envio de Cristo como uma embaixada do reino
de Deus, um sinal da boa nova de esperança, uma representação visível de que
Deus estabeleceu uma nova ordem. A igreja está centrada nos dons e
ministérios concedidos pelo Espírito Santo.
Esse discipulado centrado em Jesus retira de nós o peso e a glória de nós
mesmos. Jesus se torna o motivo e a prática, seu ministério é o molde onde se
encaixam todas as formas de atuação, ministérios e vocações. Esse modo de
vida centrado em Jesus liberta a igreja das tiranias dos métodos que robotizam à
ação do Espírito Santo, pois como diz o apóstolo João “o Espírito Santo sopra
onde e quando quer” (Jo 3:8). Dessa forma, um movimento de discípulos se
orienta pela obediência ao mandato de Cristo; fruto de um relacionamento
genuíno, apaixonado, sacrificial por Jesus[8]..
A igreja é uma comunidade contextual-transformadora: A igreja de Jesus como
uma comunidade contextual-transformadora constrói modelos a partir da sua
realidade e não adota modelos pré-fabricados. Isso desenvolve
comportamentos espontâneos e não mecânicos. É fácil tentar copiar modelos
de outros por que no fundo queremos o sucesso deles no nosso próprio
contexto. A questão é, como podemos colher idéias sem que precisemos copiar
modelos? A igreja adventista já tem uma identidade bem definida, não
precisamos seguir modismos a todo instante. Cada vez que embarcamos na
adoção de certas ondas sem questionar todos as suas pressuposições,
enfraquecemos o DNA adventista. Novas igrejas são chamadas a serem
contextuais e não uma repetição-imitação de “outras igrejas”[9]. Isso significa
que precisamos de novas plantações que visam a transformação e não apenas
métodos que dão certo, fruto de um pragmatismo de mercado.
Queremos igrejas que tenham o foco bem direcionado nas situações e pessoas
e não somente os métodos, que sejam centradas no reino de Deus e não apenas
nos talentos da personalidade. Essa visão contextual-transformadora nos
previne do cativeiro da superficialidade metodológica que cria igrejas de
repetição-imitação sem identidade adventista. Wagner Kuhn diz que esse
desenvolvimento transformacional, que é de natureza wholística, tem a ver com
a contextualização e adaptação do ministério de Cristo - uma abordagem
equilibrada à missão que traz transformação física, mental, social e espiritual e
bem-estar do individuo e da comunidade na qual ele vive e com a qual
interage[10].

A igreja é um agente de envio: A palavra "Missão" vem do latim “Missio" que


significa “Enviar”, no grego “Apostelo”[11]. A igreja missionária, é antes de tudo
uma igreja enviada, com força de propulsão orientada para fora. A missão não é
meramente uma atividade da igreja. Missão como diz Gudder, é o resultado da
iniciativa de Deus, arraigado no Seu propósito de restaurar e sarar a Sua
criação[12]. A missão de Deus é restaurar a totalidade da sua criação, e a igreja
participa como sinal e instrumento até essa consumação. O conceito não é: "A
missão da Igreja é levar o amor de Deus ao mundo”, pelo contrário, é Deus quem
ajuda a igreja a viver a missão que Ele já está operando no mundo, muito antes
até de sua fundação.
Isto pode soar um tanto quanto semântico ou mera troca de palavras, mas essa
distinção é fundamental. Isto significa que, o que fazemos dentro das paredes
do templo, não é a totalidade da obra de Deus, mas sim o preparo do povo para
a obra d'Ele no mundo. É uma questão de mudança de foco, do interno, ou de
sobrevivência, para olhar a atividade de Deus, dentro e fora de nossos muros
institucionais. Ela muda o nosso foco não apenas ao perguntar como podemos
restaurar as pessoas para Ele através dos ministérios oferecidos nas instalações
da igreja, mas também para o que Ele já está fazendo em nossa comunidade e
como podemos ser parte disso[13].
Portanto, missão é parte do caráter de Deus. Isso é evidente do Gênesis ao
Apocalipse, em toda a Bíblia encontramos a narrativa de um Deus missionário
que envia, e é enviado. A linguagem de envio permeia toda a Bíblia (Is 6:8; 61; Ml
31:1; Jo 1:6, 14; 13:20; 20:21). O autor Hendrik Kraemer é enfático ao afirmar que
“a igreja… unicamente de todas as instituições no mundo é fundada numa
comissão divina”[14]. Assim também Ellen White afirma que “a igreja é o
instrumento apontado por Deus para a salvação dos homens. Foi organizada
para servir, e sua missão é levar o evangelho ao mundo [15].
Barret menciona que "a igreja enviada é uma igreja que é moldada para
participar na missão de Deus, que se organiza para restaurar o mundo quebrado
e pecaminoso, para resgatá-lo e redimi-lo para Deus... Uma congregação assim
permite que a missão de Deus permeie tudo o que ela faz - da adoração ao
testemunho e formando membros para o discipulado”[16].
Para David Bosch "a missão da igreja deve ser derivada da compreensão da
missão de Jesus"[17]. Isso significa que a grande comissão de João 20:21 tem
um respaldo enfático da forma como a igreja deve ser e operar seu
funcionamento. Nessa comissão, diferente da de Mateus 28:19-20 onde o
protagonista são os discípulos, Jesus é a base do discipulado. Ele é o molde, a
forma, o método é dele, ele é centro. Talvez seja essa umas das razões porque
gostamos tanto da grande comissão de Mateus e falamos menos da de João, ela
simplesmente tira o homem de evidencia. De acordo a grande comissão de João
a igreja de Jesus possui duas características: ela é enviada, “eu vos envio”; ela é
encarnada, “Assim como o pai me enviou” (Jo 1:14).
Dessa forma a igreja é missional, com propulsão e impulso orientado para fora
(ir, sair, enviar, espalhar) e também encarnacional, uma igreja que se torna um
com o perdido, compartindo o dia-a-dia, comendo, celebrando, chorando, e
festejando juntos. Essas duas caracteristicas indicam proximidade e
profundidade.
No entanto, é possível que muitas igrejas se julguem “missionais" sem serem
“encarnacionais”. Normalmente, essas igrejas tem um bom relatório de
atividades no final do ano, mas relacionamentos superficiais. A Igreja missional-
encarnacional ao contrário, vai ter histórias pra contar de pessoas com quem
eles estão compartilhando a vida deles diariamente - independente desses
novos discípulos participarem dos cultos ou não [18]. Como diz Sergio Quevedo,
o mais importante não é as pessoas na comunidade conhecerem o nome da
igreja, mas as pessoas da igreja conhecerem o nome das pessoas da
comunidade[19].
Portanto, ser uma igreja "missional-encarnacional” tem pouco haver com cultos
modernos, luzes, música de qualidade e prédios. Mas tem tudo haver com o
Cristianismo autêntico de imitadores de Cristo.” Igrejas assim mantem o foco
para fora e para dentro, fora do seu templo e para dentro da comunidade. Esse
direcionamento mantém a razão do que acontece dentro do templo e renova o
ímpeto do compromisso wholístico com as pessoas que ainda não fazem parte
do corpo de Cristo.
Ellen G. White amplia esse pensamento quando diz que, “Unicamente os
métodos de Cristo trarão verdadeiro êxito ao aproximar-se do povo. O Salvador
misturava-se com os homens como uma pessoa que lhes desejava o bem.
Manifestava simpatia por eles, ministrava-lhes as necessidades e granjeava-lhes
a confiança. Ordenava então: Segue-me”[20]. Baseado nessa última citação, ela
nos adverte, “Deus retém suas bençãos por que seu povo não trabalha em
harmonia com seus métodos”[21].
Ela encoraja os adventistas relembrando sua missão nessa terra: ”Em um sentido
especial pessoas adventistas do sétimo dia foram definidas no mundo como
sentinelas e a eles foi confiado o último aviso para um mundo a perecer. Sobre
eles está a brilhar maravilhosa luz da Palavra de Deus. A eles têm sido dado um
trabalho da mais solene importância para proclamação da primeira, segunda e
terceira mensagens do anjo. Não há nenhum outro trabalho de tão grande
importância[22]..
2. Igrejas com visão
de missão wholística
e mundial
Primeiramente, a compreensão da natureza de plantação de igrejas
adventistas está intimamente relacionada com a sua visão de uma igreja
mundial [22]. Essa igreja, no contexto de Apocalipse 14 é chamada a anunciar
uma mensagem a todas as tribos e línguas. Secundariamente, é importante
ressaltar que, os elementos que dão base à uma cosmovisão Adventista nos
conduz a um entendimento wholístico do ser humano (Cl 1:28), do evangelho
(Gl 1:6) e da missão (Mc 16:15).

"O desenvolvimento humano wholístico e regenerador tem a ver com a


transformação de toda a pessoa, ou comunidade inteira. Ele é demonstrado
mediante o propósito redentor de Deus, curando, salvando e transformando
pessoas e comunidades à sua semelhança”[24] . Isso engloba todas as
dimensões da vida - espirituais, físicas, políticas, emocionais, ambientais,
sociais [25] (Cl 1:15-22; Jo 10:10; Lc 4:14-31; 7:20-22). A maneira como os
escritos de Ellen G. White [26] abarcam as variadas dimensões da vida, como
a missão Adventista se expressa em termos de suas instituições e no modo de
vida dos seus membros, atestam essa consciência wholística. Instituições de
saúde, educação, publicações, comunicação e igrejas foram fundadas com os
valores de expansão missionária do movimento. A fidelidade à missão,
confere à sua razão de ser. Portanto, os Adventistas são chamados a viverem
de tal modo à serem agentes de transformação wholística no mundo.

PLANTADOR NÍVEL 5
No Novo Testamento a igreja é retratada como uma embaixada, ou seja,
representação do reino de Deus. Para Paulo, a igreja que existe na sua cidade
é uma pequena amostra do que é o céu. A mensagem urgente que ela traz é
de reconciliação de todas as coisas em Cristo, sejam esferas físicas, sociais,
mentais, espirituais e até ambientas. A relação de liberdade em Cristo altera
todas as relações do ser humano. De fato, uma nova criação.

17 Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já


passaram; eis que surgiram coisas novas!
18 Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio
de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação,
19 ou seja, que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não
lançando em conta os pecados dos homens, e nos confiou a mensagem da
reconciliação.
20 Portanto, somos embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo o
seu apelo por nosso intermédio. Por amor a Cristo lhes suplicamos:
Reconciliem-se com Deus”. 2 Co 5:17-20

A pergunta simples que temos que responder a cada semana em nossas


igrejas é: quantos estão em missão com Deus? Quantos estão sendo enviados
em missão para a vizinhança?

PLANTADOR NÍVEL 5
3. Igrejas que
plantam outras
igrejas motivadas
pelo breve retorno
de Jesus
A igreja Adventista é por definição um movimento de cultura de multiplicação.
Desde o seu início, o seu crescimento foi exponencial. Sua estrutura e
métodos foram moldados para a expansão de discípulos, líderes e igrejas. Se
estamos tendo dificuldades hoje com esse tipo de cultura é por que se faz
necessário uma revisão de que tipo de igrejas temos plantado. A importância
de plantar igrejas que se movam pela pregação ardente da mensagem do
iminente retorno de Jesus conforme descrito em Apocalipse 14, cria igrejas
com um sentido de urgência na evangelização e modo de vida motivados
pelo amor e não pelo medo. A mensagem dos três anjos é a igreja em missão
com Deus - ela se apresenta em três termos básicos: Ela faz discípulos de
todas as nações; ela instrui os crentes; ela glorifica a Deus. De forma prática
estes três termos norteiam a visão Adventista: primeiro, procura fazer
discípulos de todas as nações. Essas igrejas são um movimento orgânico de
discípulos que fazem discípulos. Segundo, ela instrui os crentes. Essas igrejas
são um movimento de lideres que geram líderes para capacitar, edificar e
preparar o corpo de Cristo para o seu breve retorno. Terceiro, ela glorifica a
Deus. Essas igrejas são um movimento de igrejas que plantam igrejas com a
vocação de partilha do evangelho e a execução do plano de salvação.

PLANTADOR NÍVEL 5
O chamado ao anuncio do evangelho eterno a todo o mundo é uma
convocação para sair e reunir. Sair de Babilônia e reunir o povo de Deus (Ap
14:17). A saída é a vivencia de uma igreja que proclama, evangeliza, que não
está trancada no seu templo, doente na clausura de seus cultos, mas uma
igreja acidentada por sair às ruas. O reunir é o chamado para o preparo do
povo para a segunda vinda. Segundo Marcelo Dias[26] esse preparo
caracteriza uma nova vida em três aspectos: Primeiro, uma nova vida no
espírito - resultado de regeneração da força do Espírito Santo. Segundo, uma
vida de amor e unidade por que representa a reconciliação tanto com Deus e
com os seres humanos. Terceiro, a preparação para a vinda de Cristo que
envolve o desenvolvimento de uma vida de adoração, testemunho e
esperança. O desenvolvimento espiritual acontece no seio da comunidade
dos redimidos e o testemunho na comunidade que precisa conhecer Jesus.
Assim, o crescimento cristão está relacionado ao crescimento em serviço e
para testemunho.

Diante dessas questões que representam o DNA do movimento missionário


Adventista, algumas perguntas precisam ser respondidas:

- Como nos assegurar que as igrejas que plantamos são essencialmente


Adventistas e incorporam esse DNA de movimento profético?
- Como plantar igrejas que tem a consciência de serem parte de um
movimento missionário mundial e que se enxergam como representação
holística do reino de Deus em suas comunidades?
- Como podemos ativar um movimento de igrejas que plantam igrejas?
- Como catalisar plantadores com essa visão Adventista de multiplicação?

Para ajudar entender claramente como se planta uma igreja que planta outras
igrejas com DNA Adventista dividimos o livro em quatro partes:

PLANTADOR NÍVEL 5
Etapas do plantio

O plantador
O grupo base
A comunidade
A igreja organizada

PLANTADOR NÍVEL 5
Jesus, o
plantador
que planta
plantadores
Nosso modelo é Jesus! Essas partes são
baseadas no seu ministério. Você não
pode estudar a vida de Jesus sem vê-lo
como um plantador de movimentos,
alguém que coloca os holofotes sobre a
multiplicação por intermédio dos outros.
Primeiramente, ele preparou o seu
ministério durante trinta anos,
conhecendo a sua audiência, convivendo
com eles. Em seguida inicia seu ministério
público selecionando e preparando o seu
grupo base de líderes. Durante três anos
ele forma o DNA do seu grupo, os
discípula, os envia a sair para evangelizar.
Durante sua vida ele estabelece o padrão
de discipulado, diferente do padrão
rabínico, grego e romano. Faltando
quarenta dias para sua ascensão ele dá as
últimas instruções para o lançamento
público da sua igreja. E no Pentecostes
vemos a igreja tomando a forma pública
com mais de três mil novos discípulos
assimilados ao movimento. O resto você já
sabe, o movimento se multiplicou sem
controle.
Você pode ser um
plantador de plantadores

Esse livro é para pessoas que querem ver um movimento de líderes que geram
novos líderes. Ao longo destas páginas, vou lembrá-lo de que quero ajudá-lo a ser
um catalisador de movimentos no seu contexto, um plantador de igrejas que
planta igrejas. Em última análise, esse livro não é sobre plantação de igrejas, mas
sobre a plantação do evangelho por meio de pessoas redimidas por Cristo, líderes
que vivem sua vocação com DNA essencialmente Adventista. Nesse caso, igrejas
plantadas são apenas resultados da saturação do evangelho na comunidade.
Essas igrejas se percebem como uma colmeia de líderes chamados para expandir
o reino de Deus em lugares aonde o evangelho ainda não foi saturado.
O papel pastoral diante desses termos são fortemente influenciados para uma
revisão que custa um redirecionamento radical da sua vocação. Talvez, um resgate
fundamental do papel pastoral Adventista. Assim também, os membros locais,
como trabalhadores ativos para ver florecer um movimento de discípulos que
fazem discípulos dando base para uma cultura de multiplicação. Quero estimular
você a iniciar essa jornada como um catalisador de movimentos em continuidade a
visão de Jesus.

PLANTADOR NÍVEL 5
Referência
1] George Knight. William Miller and the Rise of Adventism. Nampa, ID: Pacifc
Press Publishing Association, 2010. p. 149
[2] http://www.centrowhite.org.br/declaracao-de-missao-da-igreja-adventista-do-
setimo-dia-2/ acessado dia 01 de Novembro de 2018. Declarações da Igreja.
Tatuí, SP: CPB, 2012. pg. 10.
[3] Marcelo E. C. Dias. An Analysis of Adventist Mission Methods in Brazil in
Relationship to a Christian Movement Ethos. Berry Springs, MI: Andrews
University Dissertations, 2016. p. 10.
[4] A cultura de adição está no passo seguinte da cultura de manutenção, sua
ênfase está em programas, bons cultos, campanhas de marketing e adesão de
novos membros sem que estes tenham a consciência de discípulos que fazem
discípulos e líderes que geram líderes.
[5] Essa idéia difere do conceito Agostoiniano que identificou o Reino de Deus
com a igreja (Santo Agostinho. A cidade de Deus. Rio de Janeiro: Vozes, 2016).
George Ladd diferente de Agostinho, afirma que a Igreja não é o Reino. Para
Ladd, nenhuma das expressões nos Evangelhos iguala os discípulos de Jesus
ao Reino. No entanto, O Reino gera a Igreja. O domínio dinâmico de Deus,
presente na missão de Jesus, desafiou os homens a manifestarem uma resposta
positiva, introduzindo-os em uma nova comunhão. George Eldon Ladd. Teologia
do Novo Testamento. São Paulo: Hagnus, 2003. p. 150-151. H. D. Wendland em
The Kingdom of God and History, p. 188, reafirma Ladd dizendo "A igreja é,
portanto, o resultado da vinda do Reino de Deus ao mundo por intermédio da
missão de Jesus Cristo".
[6] Howard Snyder. A comunidade do Rei. São Paulo: ABU editora, 2004. p.12.
[7] Melvin L. Hodges. A Guide to Church Planting. Chicago: Moody, 1973. p. 15.
[8] Keith Phillips. A formação de um discípulo. São Paulo: Editora Vida, 2008. p.
19-20.

PLANTADOR NÍVEL 5
[9] Há uma tendência corrente de novas igrejas adventistas assimilarem uma
cultura de repetição-imitação provenientes de outras denominações, colocando
em risco seu caráter identitário adventista e atuação em seu próprio contexto.
Ver estudos sobre essa preocupação em
[10] Wagner Kuhn. Transformação radical, em busca do evangelho integral.
Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2016. p. 205.
[11] Lotar Coenen e Colin Bown. Dicionário Internacional de Teologia do Novo
Testamento. São Paulo, SP: Vida Nova, 2000. p. 154.
[12] Darrell L. Gudder. Missional Church. Grand Rapids, Michigan: Eerdmans
Publish Company, 1998. p. 66.
[13] Jorge E. Barro. Liderança, espiritualidade e o reino de Deus. Natal, RN:
Missão Alef, 2015. p. 14, 15.
[14] Tim S Perry. Radical Difference, A defence of Hendrik Kraemer’s theology of
religions. Waterloo, ON: Wilfrid Laurier University Press, 2001. p. 91
[15] Ellen G. White. Atos dos. Apóstolos. Tatuí, SP: CPB, 2006. p. 9.
[16] Lois Y. Barrett (Ed.) Treasure in clay jars: patterns in missional faithful- ness
Grand Rapids: Eerdmans Publishing Company, 2004, x.
[17] David J. Bosch. Missão transformadora, mudanças de paradigma na
teologia da missão. São Leopoldo, RS: EST, Sinodal, 2002. p. 33.
[18] Glen H. Stassen. A thicker Jesus. Incarnational discipliship in a secular age.
Luisville, KY: Westminster John Knox Press, 2012.
[19] Sergio Quevedo.
[20] Ellen G. White. Ciência do bom viver. Tatuí, SP: CPB, 2004. p. 143.

PLANTADOR NÍVEL 5
[21] Ellen G. White. Testemunhos para a igreja, Vol. 7. Tatuí, SP: CPB, 2005. p.18
[22] Ellen G. White. Testemunhos para igreja, Vol. 9. Tatuí, SP: CPB, 2006. p. 19
[23] Ángel Manuel Rodríguez, rumo a uma Teologia do resto: Uma perspectiva
Eclesiological adventista. Silver Spring, MD: Instituto de Pesquisa bíblica, 2009.
p. 21
[24] Wagner Kuhn. Transformação radical, em busca do evangelho integral.
Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2016. p. 205.
[25] O conceito wholístico da missão de Deus é bem especificado em David J.
Bosch. Missão transformadora, mudanças de paradigma na teologia da missão.
São Leopoldo, RS: EST, Sinodal, 2002; Érico Tadeu Xavier. Teologia de Missão
Integral nas práxis evangélicas na América Latina. Londrina, PR: Editora
Descoberta, 2011; Wagner kuhn. Transformação radical, em busca do
evangelho integral. Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2016.
[26] Alguns livros de Ellen G. White relacionados com a visão holística da vida do
ser humano - dimensão física: A ciência do bom viver, Conselhos sobre regime
alimentar, Conselhos sobre saúde; dimensão social: Beneficência social,
fundamentos do lar cristão; dimensão mental: Mente, caráter e personalidade,
Conselhos sobre educação; dimensão espiritual: Caminho a Cristo; Patriarcas e
profetas, profetas e reis, Desejado de todas a nações, Atos dos Apóstolos,
Grande conflito, História da redenção; dimensão ambiental: Temperança,
Mordomia cristã, Medicina e Salvação.
[27] Marcelo E. C. Dias. An Analysis of Adventist Mission Methods in Brazil in
Relationship to a Christian Movement Ethos. Berry Springs, MI: Andrews
University Dissertations, 2016. p. 192

PLANTADOR NÍVEL 5

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