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NETOANDRADE

ESCOLA DE CIÊNCIAS TEOLÓGICAS


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SOBRE O HEBRAICO BÍBLICO


Estudar outros idiomas é fascinante. Tarefa prazerosa, mas que
exige muita dedicação e amor.
Quando lemos a Bíblia, nos deparamos com uma realidade
envolvente. O Antigo Testamento nos leva a um passado distante,
emocionante e desafiador, cobrando de nós a responsabilidade de pesquisar
o idioma Hebraico, língua oficial do período vétero-testamentário.
:U£X¡@¡D Z¤@¥E M¦I¢N¡y¢D Z¤@ MI¦D«Lª@ @¡X¡d ZI¦[@¤X¥d 1
MI¦D«Lª@ ¢GhX¥E M]D¥Z I¤P¥s-L¢R `£[«G¥E hD«A¡E hD«Z D¡Z¥I¡D U£X¡@¡D¥E 2
:M¦I¡o¢D I¤P¥s-L¢R Z£T£G¢X¥N
(Gênesis 1.1,2)
Entender e aprender o Hebraico Antigo possibilita-nos a enxergar
coisas que parecem indetectáveis aos nossos olhos.
No campo das pesquisas podemos perceber que pesquisar é
inerente ao homem. Ele sempre busca novos conhecimentos.
Estudar o idioma hebraico além de uma experiência extraordinária
habilita-nos a compartilhar tais conhecimentos como exímios pesquisados e
orientadores, tornando assim possível, o acesso fácil do idioma hebraico a
tantos quantos se interessarem. Pesquisar e estudar são elementos
imprescindíveis na projeção do ser. Dedicação e planejamento é preciso.
O Profº Pedro Demo, quanto à função da pesquisa ressalta que “não
é apenas a de formar um pesquisador ou de produzir conhecimentos novos.
Mas, efetivamente, de preparar o profissional para operar a tão propalada
relação teoria-prática. De maneira geral, a teoria é uma generalização
que na prática aparece de forma muito particular, pelas diferentes
interações que a compõem. A relação teoria-prática implica num domínio
da teoria associado ao conhecimento do real. Em ambos os casos se faz
necessária uma qualificação do olhar, ou seja, estar dotado da capacidade
de olhar a realidade e perceber a complexidade de seus elementos. Assim
se faz possível lançar mão da teoria com a realidade na sua complexidade,
onde se realiza a prática”. 1

1
André BAZZANELLA. Caderno de Estudos: métodos e pesquisa educacional, p. 15.

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Para se buscar uma boa pesquisa e bons estudos, devem-se


atualizar os conhecimentos, fazer com que eles acompanhem a realidade.
No nosso caso, estudarmos o Hebraico com o compromisso de ampliar o
leque de nossas pesquisas em relação aos textos inspirados e fazer a
interação teoria-prática, trabalhando as palavras, textos e contextos da
língua hebraica.
Nesta obra além da alfabetização completa, o leitor disporá de um
vasto vocabulário e análise de capítulos, textos e contextos da Bíblia
Hebraica. Estudaremos pronomes, preposição, artigos, adjetivos,
substantivos, verbos, conversação do hebraico moderno e muitos outros
assuntos importantes ao idioma hebraico.
Então, qual é mesmo a importância de estudar o hebraico?
1. É indispensável na tradução da Bíblia;
2. Na exegese bíblica assume grande importância para melhor
compreensão dos textos e contextos;
3. Leva o pesquisador a navegar nos pensamentos dos judeus
primitivos, bem como de sua cultura;
4. Faz-nos entender melhor os muitos textos do Novo
Testamento, até porque, apesar do idioma grego ser a língua trabalhada nos
textos neotestamentários, o pensamento judeu é mais que presente.
Praticamente, o que se sabe é que três quartos da Bíblia sagrada foram
escritos, originalmente, em hebraico.
5. O campo semântico das palavras hebraicas é muito peculiar.
Isso pode causar uma estranheza, de início, mas possibilita um interesse
maior em conhecer o idioma.
6. É de grande valia, visto que, teremos uma experiência
profunda e prazerosa em ler o Antigo Testamento na sua língua original. O
hebraico é o idioma antigo mais preservado que existe na modernidade.

A nossa oração é que o Espírito de Deus (MI¦D«Lª@ ¢GhX) abra mais


e mais sua mente para apreender o hebraico.

:X¡Q¥G£@ @«L I¦R«X D¡ED¥I 1


(Salmo 23.1)

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HISTÓRIA DO HEBRAICO
A História do idioma Hebraico (Ivrit - ZI¦X¥A¦R) perpassa eras. Com
três mil anos de existência, o Hebraico passou por períodos críticos que
quase comprometeram sua existência.
Conhecida entre o seu povo como Lashon Hakodesh - [£C«W¢D O][¡L
“A Língua Sagrada”, por ser o meio pelo qual Deus transmitiu seus
ensinamentos e leis à humanidade. É o idioma oficial do Antigo
Testamento, e hoje, do Estado de Israel.
As pesquisas nos levam a entender que o Hebraico é um idioma
semítico, que se desenvolveu ao longo do Crescente Fértil, bem como
outras línguas. Portanto, é uma língua oriental.
Segundo o relato bíblico, o patriarca Noé teve um filho chamado
Sem, seu primogênito. Na descendência de Sem, o nome de seu neto é
Éber (X£A¤R). Provavelmente, o nome hebreu tenha se originado a partir do
nome desse patriarca. “Os filhos de Éber, os hebreus”.
Veja o relato de Gênesis 10.1 parte A em Hebraico (Stuttgartensia),
Português (Revista Atualizada) e Transliterado:

Z£T¡I¡E M¡G M¤[ ¢G«P-I¤P¥d Z«C¥L]x D£n¤@¥E


Transliteração: “wᵉ’ēlleh tôl dhôth bᵉnê-nōaḥ shēm ḥām wāyāfeth”

“São estas as gerações dos filhos de Noé, Sem, Cam e Jafé”

Alguns estudiosos também postulam que o nome hebreu se origina


em ‘Ivrî. O relato está em Gênesis 14.13 quando o texto menciona: “Abrão,
o hebreu” (’avrām hā‘ivrî - I¦X¥A¦R¡D M¡X¥A¢@).
A palavra ‘ivrî (I¦X¥A¦R), pode ser entendida como “o que está do
outro lado”, talvez, referindo-se ao outro lado do rio Eufrates, apontando
para o estado primeiro de Abrão.
O Hebraico é a língua usada pelo povo judeu desde 1200 a.C. e
continuou sendo usada como instrumento de comunicação até meados do
século II d.C. Faz parte da família das línguas afro-asiáticas e, como
supracitado, o hebraico está pontuado no subgrupo das línguas semíticas,
que, segundo algumas pesquisas, são provenientes do Norte da África,
como também o aramaico, árabe e outras línguas orientais.
Alguns estudiosos classificam as línguas semíticas em grupos:
I. Grupo nordeste (norte-oriental): acádico, assírio e babilônico;

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II.Grupo noroeste (norte-ocidental): hebraico, hebraico


samaritano, aramaico, siríaco, ugarítico, fenício, moabita,
caananita, edomita, púnico, e nabateu.
III. Grupo meridional: árabe, etíope, sabeu e meneu.
As línguas semíticas são instrumentos de pesquisas avançadas, pois,
por elas, conseguimos analisar acuradamente o processo de origem dos
idiomas e, avaliar influências linguísticas das línguas orientais na História.
Allen P. Ross, sobre as línguas semíticas, relata:

“Os idiomas semíticos têm tanta coisa em comum na sua


fonologia, morfologia, sintaxe e vocabulário, que sua semelhança
não pode ser esclarecida por empréstimos nos tempos históricos,
mas somente pela hipótese de uma origem comum”. 2

O Hebraico passou por um período de trevas quando o povo Judeu


foi levado para o Exílio, nas dispersões, e praticamente caiu no descaso e
desuso.
Em aproximadamente 586 a.C, na primeira destruição de Jerusalém
pelo Império Babilônico, período exílico, o hebraico foi praticamente
substituído no uso diário pelo aramaico; porém, usado na liturgia, leitura da
Torá, para oração, cerimônias religiosas diversas. Isso manteve e sustentou
a língua nos tempos das dispersões; em contra partida, explica-se a forte
influência do aramaico na língua dos judeus.
Na Alta Idade Média, estudiosos judeus conhecidos por massoretas,
interessados em fazer com que o idioma hebraico não caísse no
esquecimento e para que não se perdesse a forma correta de pronunciar as
palavras do hebraico, principalmente da Tanakh, acrescentaram pontos
diacríticos aos textos para indicar o local e a pronúncia exata de uma vogal.
Os massoretas não mexeram nas consoantes, até para não interferir
na literalidade dos textos canônicos, apenas acresceram a elas pontos
indicativos, tornando-se possível a vocalização correta tanto pelos próprios
judeus como por pessoas interessadas na língua.
O Hebraico é estudado em períodos:

(1) Tanakh (Bíblico) ou clássico - que se estende até meados do


século terceiro a.C. É o mais nobre momento, pois aqui, o Livro dos
Livros, em sua primeira parte (Antigo Testamento), é escrito.
(2) O Rabínico ou Mischnaico – aqui percebe-se uma dedicação
dos judeus às pesquisas da Lei Oral, leituras talmúdicas e a elaboração de
obras importantes;

2
Allen P. ROSS, Gramática do Hebraico Bíblico, p.13.

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(3) Medieval – período de grande avanço, pois privilegiou os


escritores judeus com as obras dos períodos anteriores. No medievalismo, o
Hebraico acabou sendo fortemente influenciado por algumas línguas
ocidentais. Rifka Berezin diz que “é o momento das Escolas de Tradução,
dos estudos da Gramática, do desenvolvimento da Filosofia, da Exegese
bíblica e das Ciências [...] no que se refere à poesia, deu-se preferência à
nobreza da língua do primeiro período: o hebraico bíblico. É a fase da
poesia litúrgica, o Piyut”. 3
(4) Moderno - idioma oficial do Israel Moderno. Renasceu como
língua falada no século XIX. As inevitáveis modernizações e inovações
estão bem presentes, tanto na escrita como na fala. Esse momento se inicia
com a imigração dos pioneiros sionistas a Israel, por volta de 1881. O nome
que podemos destacar neste período é Eliezer Ben Yehuda, que iniciou um
processo muito interessante em resgate do hebraico como língua falada em
Israel. Yehuda usou o Hebraico Bíblico como suporte e base para o
Hebraico Moderno.
A forma impressa do Hebraico Moderno é o Alfabeto
Quadrático, que também possui sua forma cursiva, usada em
correspondências e os vários tipos de escrita a mão.

3
Jaffa Rifka BEREZIN, Dicionário Hebraico-Português, p. xx.

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Alfabeto hebraico

O Alfabeto Hebraico é constituído por 22 consoantes. No texto


hebraico original não existem vogais, todavia, algumas consoantes
acabavam por exercer tal função, e as vogais apesar de não aparecerem na
escrita, são verbalizadas perfeitamente.
Há um sistema de transliteração usado hoje pelos estudiosos para
tornar a língua hebraica cada vez mais acessível aos estudantes e iniciantes.
E o que é transliteração?
Transliterar segundo GUSSO “é representar uma letra de uma
palavra com caracteres equivalentes de outra língua”.4
E ainda:
“Representar uma letra de uma palavra por letra diferente no
correspondente vocábulo de outra língua”. 5
FORMA DA TRANSLITERAÇÃO NOME DA ESCRITA EM SIGNIFICADO
LETRA EM LINGUÍSTICA E LETRA EM HEBRAICO E
HEBRAICO EQUIVALÊNCIA EM HEBRAICO REPRESENTAÇÃO
PORTUGUÊS
@ ’ ’álef S£L¡@ Boi
A b, bh, v bêth ZI¤d Casa
B g, gh gimel L£N¦e Camelo
C d, dh dāleth Z£L¡f Porta
D h hē’ @¤D Grito, treliça
E w wāw E¡E Gancho
F z záyin O¦I¢F Arma
G ḥ ḥêth ZI¤G Cerca, tufo
H ṭ ṭêth ZI¤H Serpente

4
Antônio Renato GUSSO, Gramática instrumental do Hebraico, p. 23.
5
Francisco da Silveira BUENO, Minidicionário da Língua Portuguesa.

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I y yôdh C]I Mão


K k, kh, ch kāf S¡m Palma da
mão
L l lāmedh C£N¡L Aguilhão de
boi, laço
N m mēm M¤N Água
P n nûn OhP Peixe
Q s sāmekh `£N¡QApoio
R ‘ ‘áyin O¦I¢R Olho
T p, f pēh D¤s Boca
V ts, ṣ tsādhê I¤C¡V Anzol,
gafanhoto
W q qôf S]W Parte da
cabeça,
macaco
X r rêsh [I¤X Cabeça
[ š, sh shîn OI¦[ Dente
\ ś śîn OI¦\ Arco
Z t, th tāw E¡x Cruz

Particularidades do Alfabeto Hebraico


a) O Alfabeto hebraico começa com @ e termina com a letra Z.
b) O hebraico não tem vogal, apesar de se pronunciar o som
vocálico, na escrita antiga e original as vogais não aparecem.
c) É importante observar que o hebraico, bem como boa parte das
línguas orientais (exceto Acádico e Etíope), escreve-se da direita para
esquerda, e não o contrário, como acontece nas línguas ocidentais, que
escrevemos da esquerda para direita. Lêem-se as letras e palavras de cima
para baixo.
d) Não há distinção entre maiúsculas e minúsculas.
e) A forma que está sendo apresentada é a impressa ou
quadrática, pela forma que elas têm, e é esse modelo que aparece nas
Escrituras Sagradas.
f) O modelo das consoantes hebraicas e sua pronuncia é oficial
da Academia da Língua Hebraica de Jerusalém, bem como o sistema de
transliteração aqui apresentado.

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Estudos das Letras hebraicas


Algumas observações são relevantes neste momento:

1. O ’álef @ e o ‘áyin R são guturais. Porém, na prática moderna,


não têm som, dependem da vogal massorética que as acompanharem
(assunto que veremos logo mais). Em alguns casos equivalem ao som de
vogais.
2. O bêth dé pronunciado com som de b como em bola,
bala; sem o ponto dentro A tem o som de v como em vaca, violão.
6

3. O gimel eé pronunciado como em garrafa, garganta,


goleiro; NUNCA como em girassol, girafa, gelo. Nunca o g como o som
de j. O B sem o ponto (dāghēsh) pode ter som de gh.
4. O dāleth fé pronunciado como em donzela. Sem o ponto
(dāghēsh) equivale a dh.
5. O wāw E é w (com o som de v como em vitória), porém, pode
aparecer com som de ô ou û. Isso, nós veremos mais adiante. Translitere
como w para diferenciar do bêth, quando sem o ponto tem o som de v.
6. O záyin F é pronunciado como em zebra, zero.
7. O ḥêth G é mais enfático, produz um som como de dois “hh” e
é mais forte que o hē’ D, este pronunciado como em House, Home em
inglês. 
8. O ṭêth H é mais forte que o tāw Z. O tāw com o ponto dentro x
é o t duro; sem o ponto tem um som de th como em thing.
9. O yôdh I é pronunciado como em you, com o som de i ou y.
10. O khāf K sem o ponto dentro dele deve ser transliterado por ḵ
ou kh, como um ch em alemão que “rasga” a garganta quando é
pronunciado. Se dentro do kāf m tem ponto (dāghēsh), você irá pronunciar
e transliterar como k.
11. O rêsh X é pronunciado como em rato em espanhol.
12. O lāmedh L é pronunciado como em lama, um l que toca
sutilmente o “céu da boca”.

6
Alguns gramáticos chamam de vêth.

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13. O shîn [ e o śîn \ equivalem à mesma letra, porém com sons


diferentes. Se o ponto estiver na direita, você irá pronunciar e transliterar
como sh (shîn). Se estiver na esquerda, você irá pronunciar s e transliterar
como ś (sîn). O [ tem som de x, como m xícara; de ch, como em chapéu,
choro; ou como sh, como na palavra show. O \ tem som de s, não como
em casa ou casaco, mas como em cansado, saúde; como o de ç, como em
calçado.
14. O pēh s você irá pronunciar e transliterar como p. Se não tem
ponto T é f (fēh).
15. Em português, temos letras que possuem dois sons, como por
exemplo: s, que em saúde tem um som e em casa tem outro. Isso acontece
também com o c e com o g. Em hebraico, um grupo de letras, que para fins
didáticos, é conhecido como BEGDAKEFÁT, também desenvolve essa
particularidade. São elas: Z T K C B A (v, gh, dh, kh, f, th,
respectivamente, da direita para esquerda) e podem vir com um ponto
interno: x s m f e d (b, g, d, k, f, t). Quando essas letras recebem um
ponto (dāghēsh) dentro delas, percebe-se a mudança na pronuncia.
16. No hebraico moderno, a pronúncia do gimel, dāleth e tāw não
é mais afetada. Somente de bêth, kāf, pēh, que soam de forma diferente
quando recebem o ponto dentro (dāghēsh).
17.

Memorize o quadro:

K m \ [ T s A d
kh k s sh f p v b

18. Em Português, as letras não mudam de forma independente da


posição que ocupem em uma palavra (exceto para distinção de maiúsculas
e minúsculas). Por exemplo, nas palavras: macaco, numa e estavam, todas
recebem a letra m, mas tanto a que inicia, quanto a que está no meio, como
a que termina têm a mesma forma: m. Em hebraico, existem cinco letras
que, quando estão no início ou no meio de uma palavra têm uma forma, e
quando aparecem no final de uma palavra elas sofrem alteração na sua
forma. São conhecidas como “sôfîth” (ZI¦T]Q). Isso acontece com o (da
esquerda para direita) N P T V K que no final da frase terão formas,
respectivamente, assim: M O S U J. As extremidades verticais das
últimas quatro letras ultrapassam a linha de escrita.

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Observe o quadro e memorize:


Fim Início/meio
J K
U V
S T
O P
M N

19. O M (mēm final) tem um som perceptível, bem labial.


20. O O (nûn final) também tem um som bem preciso e enfático.
As letras finais são, portanto, indispensáveis na correta escrita e
leitura do hebraico. São letras modificadas na sua forma quando no final de
palavras.
Neste primeiro capítulo, foi apresentado de forma objetiva e de fácil
compreensão o alfabeto hebraico e suas particularidades. Estude e dedique-
se em memorizar todas as letras.

Classificação das Letras Hebraicas


Agora que você já memorizou as letras hebraicas e suas
particularidades, vamos agora analisar e estudar a classificação das
consoantes hebraicas quanto ao órgão de articulação, ou seja, a parte do
aparelho fonético que será utilizado na verbalização e pronúncia das letras,
isso possibilita o correto uso da língua.
As gramáticas variam um pouco nessa questão, mas adotaremos uma
classificação bem didática para o bom aprendizado.
Observe o quadro:

@ K X GUTURAIS

PALATAIS

L C Z X LINGUAIS

F Q \ [ V DENTAIS

N A d T s LABIAIS

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O rêsh pode ser considerado tanto gutural como lingual.


A memorização desta classificação é de suma importância para a
continuação de nossos estudos, visto que isso nos ajudará no processo de
formação de palavras e frases, no agrupamento de artigos, conjunção,
preposição, adjetivos e etc.

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Exercício

1. Escreva as letras a seguir, seguindo o modelo:

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VOGAIS MASSORÉTICAS
Chamamos de sinais massoréticos um conjunto de pontos diacríticos
que foram colocados nas consoantes hebraicas para auxiliar e orientar na
correta pronunciação das palavras hebraicas.
Como já foi citado, o hebraico antigo, usado pelos escritores judeus
na compilação do Antigo Testamento, não possui vogal. É verdade que os
sons das vogais aparecem na fala, porém, na escrita, não.
Algumas consoantes hebraicas, em algumas palavras, eram
pronunciadas com o som de vogais, passavam-se por vogais: D, E e I,
conhecidas como consoantes vocálicas ou em latim “matres lectionis”
(mães de leitura). “Elas tinham a tarefa de auxiliar ou orientar em relação
à leitura correta do hebraico antigo”.7 Mas, são consoantes. O hebraico é
um alfabeto consonantal.
As vogais (pontos diacríticos) foram acrescidas nas consoantes
hebraicas entre o século V e X por estudiosos, intérpretes e eruditos judeus
conhecidos como massoretas (Tradicionalistas). Isso aconteceu devido à
preocupação de se pronunciar corretamente as palavras hebraicas fazendo
assim com que o idioma não caísse em desuso.
Nessa perspectiva, “as vogais foram inventadas para pronunciar o
texto da Bíblia, pois a língua original tinha sinais somente para conoantes.
Para não pertubar essas consoantes originais, o sistema adotado era usar
pequenos pontos a serem escritos debaixo ou ao lado do texto”. 8
O sistema de sinais massoréticos que se tornou padrão foi o
Tiberiense, Escola da Galiléia, onde se pôde desenvolver e consolidar a
pontuação dos sinais até o século IX e X.
A Bíblia Hebraica que contém os sinais massoréticos é representa
pela sigla TM (Texto Massorético), para distingui-la da Bíblia do Hebraico
Antigo e das demais.

7
Antonio Renato GUSSO, Gramática Instrumental do Hebraico, p.37.
8
Gordon CHOWN, Gramática Hebraica, p. 11.

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Estudos das Vogais Massoréticas


As vogais em hebraico são classificadas em dois grupos: vogais
breves e vogais longas. Existem também as semivogais que são de suma
importância para o estudo da língua hebraica.
Algumas vogais vêm abaixo das consoantes; outras, ao lado; outras,
acima e algumas pontuações acontecem dentro da própria consoante.
Para melhorar o aprendizado, vamos utilizar a consoante muda ‘áyin
(R), ela será pronunciada de acordo com a vogal massorética que a
acompanhar.
Preste muita atenção nos traços e pontos debaixo ou do lado da
consoante ‘áyin (R), pois eles equivalem às vogais.

Vogais breves
Letra Nome Forma
A pathaḥ ¢R
E sᵉghôl £ R
I ḥîreq
O qāmets
ḥātûf
U qibbûts §R

Vogais longas
Letra Nome Forma
A qāmets
E tsērê
I ḥîreq I¦R
yôdh
O ḥôlem «R ]R
wāw,
ḥôlem
U shûreq hR

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As vogais breves e longas devem ser transliteradas de modo correto


para uma boa leitura e escrita do hebraico bíblico.
As vogais breves devem ser transliteradas, respectivamente, da
¢ £ ¦ ¡ §
seguinte maneira: a ( ), e ( ), i ( ), o ( ) e u ( ). Sem sinal nenhum sobre
elas, a não ser que estejam em sílaba tônica, aí serão transliteradas com a
pontuação tônica, por exemplo: á.

As vogais longas ḥîreq yôdh (I¦ ), ḥôlem wāw (]) e shûreq (h)
devem ser transliteradas, respectivamente, da seguinte forma: î, ô e û. As
demais, qāmets (¡ ), tsērê (¤ ) e ḥôlem ( « ), como: ā, ē, ō. Podem ainda
receber o sinal tônico se estiverem, claro, em sílaba tônica, vindo assim,
por exemplo: ḗ.
Uma informação importante é que o qāmets ḥātûf “o” tem a
mesma forma do qāmets “ā”: ¡R. Vamos fazer a diferença no assunto
que trata sobre o Estudo do Shᵉwa’.
As gramáticas variam muito nas formas de transliterar os textos
hebraicos. Nesta obra aponto alguns modos diferentes para que o estudante,
ao se deparar com outras formas de transliteração, não se sinta em campo
desconhecido. O importante é que a transliteração conduza o estudante à
forma correta da pronúncia. Ressalto que, prefiro o modelo de
transliteração oficial dos textos bíblicos da Academia da Língua Hebraica
de Jerusalém.

Transliterando vogais longas


Um detalhe a ser destacado é que as vogais longas podem vir
transliteradas com o acento circunflexo (^).
Existem também casos que merecem atenção no estudo de
transliteração:
a) ḥôlem wāw – quando o wāw recebe um ponto sobre ele, deixa
de exercer função de consoante e soa como uma vogal, no caso a vogal
longa “ô”. Se não tem wāw e apenas o ponto, você usa ō na transliteração.

Ex.: X]@ – aqui temos a palavra ’ôr que em hebraico quer dizer
luz. Note que a segunda consoante é o ḥôlem wāw, tendo aqui o som da
vogal longa ô, que pode vir com ou sem o wāw, como em MI¦D«Lª@
(’ĕlōhîm) – Deus ou deuses.

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b) shûreq wāw – quando o wāw recebe um ponto dentro dele,


exerce a função da vogal longa u, sendo transliterada como û.

Ex.: hD«Z – Thōhû (sem forma) – essa palavra possui na sua sílaba
final um shûreq wāw, ou seja, a consoante wāw com um ponto dentro,
tendo som da vogal longa û.
c) ḥîreq yôdh – quando após o ḥîreq vem a consoante yôdh,
deve-se transliterar como a vogal longa î.

Ex.: I¦D¥I - yᵉhî (haja) – essa palavra é usada em Gênesis 1.3 e


possui um ḥîreq yôdh na sua estrutura.
d) tserê yôdh - quando após o tsērê vem a consoante yôdh, deve-
se transliterar como um ê.

Ex.: ZI¤d (casa de) – a palavra deve ser transliterada como bêth e
não, necessariamente, bēyt.
e) qāmets hē’ - quando logo após o qāmets vier o hē’ fechando a
palavra, neste caso, na transliteração, D não precisa aparecer. Veja o
exemplo:

f) Ex.: D¡Z¥I¡D – a palavra deve ser transliterada como hāyᵉthâ. 9

Estudo do Pátah Furtivo (pattaḥ gᵉnûvâ - D¡AhP¥e G¢x¢s)


Na bíblia hebraica, algumas palavras terminam com as guturais D,
G e R recebendo um pathaḥ abaixo delas. Isso indica que na transliteração,
a vogal aparecerá antes da consoante, sendo aquela, pronunciada primeira.
O pathaḥ furtivo não forma sílaba, apenas cumpre uma função
eufônica, sendo pronunciado juntamente com a consoante gutural no fundo
da garganta.
Observe as seguintes palavras bíblicas:

1. ¢GhX (rûaḥ - espírito, alma, vento, brisa). Em Gênesis 1.2, rûaḥ


tem o sentido de Espírito de Deus. No Salmo 1.4, é traduzida
como vento.

9
Algumas gramáticas transliteram como hāyᵉthāh ou hāyᵉtâ.

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2. ¢G«P(nōaḥ - Noé). Gênesis 6.8. A expressão nōaḥ significa


descanso, repouso.

3. ¢Rh[¤I (yēshûa‘ - Jesus). Expressão que aparece em Mateus 1.1 e


em diversas passagens do Novo Testamento, significa Jeová
Salva ou Jeová é Salvação.

4. ¢RI¦W¡X (rāqîa‘ - firmamento, expansão). Gênesis 1.6. No Salmo


150.1, a expressão aparece para enaltecer o poder do Eterno.

5. ¢G¤d¥F¦N (mizbēaḥ - altar, lugar de sacrifício). Gênesis 8.20.

Formando as primeiras sílabas


Agora que conhecemos todas as consoantes do Alfabeto Hebraico,
bem como as vogais, vamos então formar nossas primeiras sílabas para um
bom aprendizado.

¢d ¡d £d ¤d ¦d I¦d ¡d «d ]d §d hd
ba bā be bē bi bî bo bō bô bu bû

¢x ¡x £x ¤x ¦x I¦x ¡x «x ]x §x hx
ta tā te tē ti tî to tō tô tu tû

¢W ¡W £W ¤W ¦W I¦W ¡W «W ]W §W hW
qa qā qe qē qi qî qo qō qô qu qû

¢N ¡N £N ¤N ¦N I¦N ¡N «N ]N §N hN
ma mā me mē mi mî mo mō mô mu mû

¢s ¡s £s ¤s ¦s I¦s ¡s «s ]s §s hs
pa pā pe pē pi pî po pō pô pu pû

¢Q ¡Q £Q ¤Q ¦Q I¦Q ¡Q «Q ]Q § Q hQ
sa sā se sē si sî so sō sô su sû

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Estudo das Semivogais


Além das vogais longas e breves temos as semivogais. Elas não são
consideradas vogais plenas e não formam sílabas. São elas:
I. shᵉwā’ composto ou semivogais

©R shᵉwā’ composto de pathaḥ

¨R shᵉwā’ composto de qāmets


ḥātûf
ªR shᵉwā’ composto de sᵉghôl

As semivogais devem ser transliteradas, respectivamente, segundo


o quadro acima: ӑ - ŏ – ĕ.

X£[©@ ’ӑsher (que – Salmo 1.1).

I¦P¨R ‘ŏnī (aflição – Lamentações 3.1).

MI¦D«Lª@ ’ĕlōhîm (deuses, Deus – Gênesis 1.1).


D¤L©R ‘ӑlēh (folha de – Gênesis 3.7).

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Estudo do shᵉwā’ (@¡E¥[)

¥R

O shᵉwā’ é considerado uma vogal esvaída, ou seja, que perdeu a sua


força. Pode ser lida como uma semivogal, gerando na palavra um som de
um pequeno “e”. É representado por dois pontos que se posicionam
verticalmente abaixo da consoante. Quando vocálico aparece na
transliteração assim: ᵉ.
O shᵉwā’ é mudo quando não precisa ser transliterado e nem
pronunciado, ou vocálico, quando aparece tanto na pronúncia quanto na
transliteração, dependendo da situação em que se encontra.
A diferença entre o shᵉwā’ mudo e o shᵉwā’ vocálico é digna de ser
estudada aqui, visto que precisaremos dominar este assunto para
prosseguirmos com o nosso estudo do hebraico bíblico.
Dicas:
1- Se o shᵉwā’ estiver logo após uma consoante que inicia sílaba ele
é vocálico.

Ex.: M]D¥Z – lê-se thᵉhôm (profundidade, abismo, águas


subterrâneas). Essa palavra é usada em Gênesis 1.2, e como o shᵉwa’ aqui
está no início da palavra e inicia a sílaba, ele é vocálico.
2 - O shᵉwā’ mudo não inicia sílaba. Ele se encontra em outra
posição da palavra. No fim da palavra pode aparecer no khāf final e no tāw
com daguesh.

Ex.: `£[£P – lê-se neshekh (juros, usura, interesse)

3 - O shᵉwā’ secante (mudo) serve para indicar a ausência de uma


vogal, e é usado para fechar a sílaba.

Ex.: L¤@¡X¥\¦I – lê-se yiś-rā’-ēl (Israel). O shᵉwā’, nesta palavra,


apenas fecha a sílaba inicial - ¥\¦I - (yiś).

4 - O shᵉwā’ mudo não é transliterado. (Ver o caso do último


exemplo).

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5 - Quando a consoante que possui o shᵉwā’ é antecedida de vogal


10
breve , o shᵉwā’ será mudo.

Ex.: I¤X¥[¢@ – lê-se ’ashrê. Essa palavra é usada no Salmo 1.1 e


significa “bem-aventurado, abençoado, feliz”.
6 - Quando a consoante que possui shᵉwā’ precede uma vogal
longa, este shᵉwā’ será vocálico.

Ex.: Z]C¥L]Z – lê-se thôlᵉdhôth que significa genealogia,


desenvolvimento, descendência, história, origem, gênese. Essa palavra é
usada no livro de Gênesis 2.4. Note que o shᵉwā’ que está na consoante
lāmed tem antes dele uma vogal longa 11, portanto é vocálico e deve ser
transliterado.
7 - No caso de termos dois shᵉvas12 numa palavra, o primeiro será
mudo e o segundo, vocálico.

Ex.: hR¥N¥[¦I –yishmᵉ‛û (entendam – Gn 11.7) observe que o


primeiro shᵉwā’ não aparece na transliteração.
8 - O shᵉwā’ vocálico substitui uma vogal que foi esvaída por distar
da sílaba tônica. Tem a função de unir uma consoante que tem vogal
esvaída a outra que pertence à mesma sílaba. Lembre-se que o shᵉwā’ não
forma sílaba, apesar de poder fechá-la.
Agora que você já sabe sobre o shᵉwā’, vamos utilizar a boa
referência do Professor Roberto Alves para diferenciar o A longo do O
breve, quando diz:
“O kamáts ( ) soa como Ó nos seguintes casos: 1. Quando for
um shevá composto de kamáts: I¦L¨G (chºlí), doença. 2. Quando for
seguido, na mesma sílaba, por shevá (= sílaba fechada): D¡N¥K¡G
(chochmáh), sabedoria. 3. Quando preceder um shevá composto de
kamáts: M¦I¢X¨G¡V (tsochºráim), meio-dia. 13

10
As vogais breves são: pathaḥ, sᵉghôl, ḥîreq, qāmets ḥātûf e qibbûts.
11
As vogais longas são: qāmets, tsērê, ḥîreq yôdh, ḥôlem e shûreq.
12
Este plural está na forma da língua portuguesa.
13
Roberto ALVES, Gramática do Hebraico Clássico e Moderno, p.37.

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Exercício

2. Translitere as palavras a seguir, seguindo o modelo:

a) ZI¦[@¤X¥d (no princípio) = bᵉrē’shîth

b) @¡X¡d (criou) =
____________________________________________

c) MI¦D«Lª@ (Deus) =
__________________________________________

d) Z¤@ =
___________________________________________________

e) M¦I¢N¡y¢D (os céus) =


________________________________________

f) Z¤@¥E (e) =
________________________________________________

g) U£X¡@¡D (a Terra) =
_________________________________________

h) ¢GhX (Espírito) =
__________________________________________

i) M]I (dia) =
_______________________________________________

j) C¡G£@(um, único) =
________________________________________

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Estudo do Dāghēsh

Entende-se por dāghēsh um ponto que aparece em algumas


consoantes hebraicas.
Por exemplo, no grupo BEGDAKEFAT:

x s m f e d

O dāghēsh tem a função de tornar a consoante mais forte e mais


enfática ou duplicar a letra que o recebe. Por isso temos dois tipos de
dāghēsh:
Dāghēsh Lene – produz um som áspero, explosivo, duro e acontece
no grupo begedkefat. A palavra latina Lene designa fraca, branda. É
também conhecido como dāghēsh fraco por alguns gramáticos e estudiosos
do hebraico.
Para memorizar: o dāghēsh fraco indica uma pronúncia oclusiva,
deixa o som mais seco. Oclusiva porque “produz oclusão, uma consoante
explosiva, pois é pronunciada pelo fechamento ou oclusão do aparelho
vocal, em determinado ponto, imediatamente seguido da sua abertura
repentina ou explosão, permitindo a saída do sopro expirador”. 14
Dāghēsh forte – produz um som forte indicando duplicação da
letra, ou seja, indica a geminação das consoantes.
Futato diz que “o daguesh forte dobra a consoante, o que indica a
presença de duas consoantes, apesar de apenas uma se encontrar na
escrita”.15
A diferença entre o dāghēsh fraco e dāghēsh forte é bem simples:
a) O dāghēsh forte é escrito quando precedido de vogal.
b) O dāghēsh lene não é precedido de vogal e nem de shᵉwa’
vocálico. Ou seja, tem antes dele uma consoante.

14
Francisco da Silveira BUENO, Minidicionário da Língua Portuguesa.
15
Mark D. FUTATO, Introdução ao Hebraico Bíblico, p. 15.

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c) O dāghēsh lene só ocorre no grupo begedkefát.


d) Se o dāghēsh estiver em consoante que não seja o grupo
begedkefát, é o forte.
e) O dāghēsh forte não aparece no grupo das consoantes guturais
(R G D @) que estudaremos a seguir, e nem no rêsh X.
f) No grupo begedkefat o dāghēsh pode ser tanto lene como forte,
por quê? Porque esse grupo pode receber os dois tipos de dagueshes16, isso
depende, como já disse, se na palavra a letra que antecede a consoante do
grupo é uma vogal ou uma consoante.
Para melhorar o nosso entendimento vamos para alguns exemplos:

1) @¡X¡d – aqui temos o verbo “criou”, que recebe um dāghēsh lene na


sua primeira consoante, pois esta faz parte do grupo begdakefat, e
não é precedida de vogal plena. Deve ser transliterado assim: bārāʼ.
17

2) @£[£f - aqui temos um dāghēsh lene também, visto que esta


consoante faz parte do grupo begdakefát e não é precedida de vogal
plena. Translitera-se assim: desheʼ.

3) D¡y¦@ - aqui temos um dāghēsh forte dentro do shîn. A transliteração


fica assim: ʼiššâ ouʼishshâ. Observe que é precedido de vogal plena,
que é hîreq. O shîn aqui é enfático e duplicador. O significado desta
palavra é mulher.

4) I¢f¢[ - aqui temos um dāghēsh forte dentro do dāleth, visto que


estar precedido de vogal plena, o pathaḥ. Translitera-se assim:
shadday ou šadday. O significado dessa palavra é Todo-Poderoso.

5) M¢e - aqui temos um dāghēsh lene dentro do gimel. Você já aprendeu


que esta letra faz parte do grupo que recebe esse tipo de dāghēsh.
Deve ser transliterado assim: gam. Esta palavra significa: também,
ainda.

6) L¤k¦W - aqui temos um dāghēsh forte dentro da letra ṭêt. A letra aqui
é duplicada, por estar precedida de uma vogal plena, neste caso, o

16
Este plural está no português.
17
Em hebraico geralmente a sílaba tônica é a última. A pronúncia aqui é bará.

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ḥîreq. A transliteração desta palavra é: qiṭṭēl, que significa matança,


matar.

7) Z¢d¢[ - aqui temos uma palavra bem utilizada pelos judeus


“shabbāth” (descanso, sétimo dia). A segunda consoante é o bêth
que faz parte do grupo que leva dāghēsh lene, porém, aqui neste
caso, é o dāghēsh duplicador, forte, pois a letra está precedida de
vogal plena, no caso aqui o pathaḥ.
8) O shᵉwā’ sob uma letra com dāghēsh forte é um shᵉwā’ sonoro18:

hR¥e¦Z - thiggᵉ‘û (tocareis – Gn 3.3).

Atenção! No caso do dāghēsh forte a consoante aparece DUAS


VEZES na transliteração, mas na leitura você vai lê apenas UMA VEZ de
forma forte.

Estudo do Mappîq

O mappîq (WI¦s¢N) desempenha uma função diferenciada na escrita


e leitura hebraica. Ele é semelhante ao dāghēsh e aparece no g atribuindo
outro sentido à palavra. A ideia é fazer a diferenciação do sufixo
pronominal da terceira pessoa do singular feminino 19 da desinência dos
substantivos e adjetivos femininos20.

D¡m¥L¢N
– rainha (Ester 1.12). Na palavra abaixo, a presença do
mappîq muda totalmente o sentido da palavra original.

g¡m¥L¢N – rei dela (Josué 6.2).


g¡XhA©R¢d – por causa dela (Gênesis 12.16).

g¡d¥X¦W¥d – dentro dela (Gênesis 25.22).

Revisão das vogais e semivogais e da transliteração

18
Allen P. ROSS, Gramática do Hebraico Bíblico, p.61.
19
Assunto abordado no Capítulo VIII.
20
Assunto abordado no Capítulo III.

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Aprender e compreender as vogais e semivogais é tão necessário


que uma revisão é de suma importância.

Utilizaremos a letra N(mēm) e R (áyin) no estudo e


transliteração das pontuações vocálicas.

Vogais Nome Pronúncia Transliteração


longas

¡N qāmets Como em: ā


cal ou barco

N tsērê Como em: vê ē


ou sei

I¦N ḥîriq yôdh Como em: vi î


ou tive

«N ḥôlem Como em: ō


louvor ou foi

]N ḥôlem wāw Como em: ô


pôs

hN shûreq Como em: û


Rua ou lua
Vogais Nome Pronúncia Transliteração
breves

¢N pathaḥ Como em: a


pá ou até

£N sᵉghôl Como em: e


mel

¦N ḥîreq Como em: i


vai ou pai

¡N qāmets ḥātûf Como em: o


§N qibbûts Como em: u


louvor

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Semivogais Nome Pronúncia Transliteração

©R pathaḥ ḥātēf Como em: ӑ


árvore

¨R qāmets ḥātēf Como em: ŏ


ªR sᵉghôl ḥātēf Como em: ĕ


pedra

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