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Aprendendo com a

Igreja de Deus em Antioquia


Princípios para alinhar-se com o Projeto de Deus
Mariani Xavier

Antioquia é uma igreja que nasce em meio à dispersão causada pela perseguição. Isso
significa que não nasce de um compromisso e compreensão da tarefa encomendada por
Jesus quando entrega a grande comissão. A Igreja estava unida, alegrando-se pelo fato de
receber o Espírito Santo porém, ao vir a perseguição, os irmãos se veem obrigados a sair de
sua zona de conforto. Nessa saída, eles começam a anunciar em todos os lugares que
chegavam a respeito das boas novas do Reino de Deus.

É interessante que em Antioquia chegam dois tipos de cristãos, o primeiro era de um grupo
"exclusivista", que somente queriam falar aos judeus. E outro grupo que falava a todos,
judeus e gentios. Este segundo grupo se maravilha ao ver o que Deus estava fazendo no
meio daqueles que não eram judeus. O mover do Espírito Santo operava conversões e ali a
Igreja começa a crescer.

Podemos ver toda essa descrição no livro de Atos 11: 19-26. O interessante é que exatamente
antes de todas essas coisas sucederem, Deus havia falado explicitamente com Pedro que Ele,
o Senhor, não faz acepção de pessoas. O Filho de Deus veio ao mundo para resgatar toda a
obra criada. Mas hoje queremos observar alguns principios de vida e ação desta igreja da
primera era cristã, que mesmo sem ter as estruturas que vemos hoje, vai muito além
cumprindo o mandato do Senhor. Uma igreja que vive alinhada com Deus e seu propósito.
Que princípios podemos resgatar para nossas vidas e igrejas hoje?

Foco na evangelização: Uma igreja que nasce na evangelização e no discipulado gera


automaticamente uma visão missionária. E esta igreja tinha um fervor missionário notável.
Eles se engajavam ativamente na obra de evangelização, tanto em sua própria cidade quanto
em outras regiões. Eles compreenderam a importância de compartilhar o evangelho com
aqueles que ainda não o conheciam. É por isso que não somente se multiplicaram onde
estavam plantados e ali davam um testemunho impactante (foram chamados "pequenos
cristos") como também, depois de um tempo de aprendizagem e crescimento na fé, eles
começam a enviar equipes para alcançarem outras regiões onde não havia nada do
Evangelho (At 13:1-3). Uma igreja que entende como o amor de Deus lhe alcançou e
transformou, deseja automaticamente, ser portadora de boas noticias de salvação à aqueles
que estão em trevas, perdidos longe de Deus, seu Criador.
O fervor missionário que os impulsionava era evidente em cada ação realizada em prol da
evangelização. Compreenderam que compartilhar o evangelho não era apenas um dever, mas
uma missão de amor e compaixão. Não se limitaram a cuidar apenas de si mesmos, mas
buscaram ativamente estender a mão para aqueles que estavam longe da luz da verdade.
Tornaram-se verdadeiros "pequenos cristos", refletindo a luz divina em cada interação e
testemunho. Além disso, ao amadurecerem na fé, decidiram expandir seus horizontes e
enviar equipes para regiões onde o evangelho ainda não havia sido proclamado, levando
consigo a esperança e a mensagem de salvação. O exemplo dessa comunidade de fé ressoa
através dos séculos, inspirando-nos a também sermos portadores da luz em um mundo que
tanto necessita de esperança e amor.

Liderança capacitada: A Igreja de Antioquia era liderada por Barnabé e Paulo, homens
reconhecidos por sua sabedoria, fé e capacidade de ensinar. Eles tinham um senso de
responsabilidade e lideravam a igreja com integridade. Barnabé foi descrito por Lucas como
hombre lleno de fé e do Espírito Santo (11:24). Paulo tinha todo el conhecimento das
Escrituras e um encontro marcante e transformador com Jesus. Assim que eram excelentes
líderes e discipuladores. Por isso, vemos que em Antioquia "havia profetas e mestres" (13:1). A
estes líderes capacitados, Deus os chama para ir além de suas fronteiras anunciando a
Palavra. Uma igreja que cresce orgânica e integralmente, forma uma liderança capacitada na
Palavra e que saiba instruir a outros. Estavam tão preparados os líderes de Antioquia que
mesmo saindo o apóstolo Paulo e com a equipe, a Igreja seguiu avançando e se tornou uma
base missionária onde a equipe voltava e logo, mais tarde, outra vez saía para novos lugares
deixando plantadas igrejas com líderes que podiam seguir trabalhando e sendo
acompanhados à distância. Empreender a tarefa do discipulado deve ser uma atitude
intencional e diária na vida de toda igreja que entende seu papel na Missão de Deus. O
discipulado não somente é o eixo central da Grande Comissão, mas também é única maneira
de levar outros a uma comunhão íntima com o Senhor e a uma vida como "imitadores de
Cristo". O discipulado como "transferencia de vida e saber", deve estar constantemente na
agenda de toda igreja local.

Diversidade: A Igreja de Antioquia era composta por uma comunidade diversificada com
judeus e gentios. Eles romperam com a tradição judaica ao acolher não apenas os
circuncidados, mas também os não circuncidados. A diversidade na Igreja de Antioquia era
um elemento fundamental que a tornava única porque anunciava a Palavra sem fazer acepção
de pessoas. Composta por uma comunidade de judeus e gentios, essa congregação desafiou
as normas tradicionais ao acolher não apenas um grupo étnico ou nação, mas também a
todos os estrangeiros que tinham a possibilidade de ouvir a Palavra. Essa atitude
representava uma quebra com a rigidez das tradições judaicas da época, promovendo a
união e a aceitação entre diferentes grupos. Essa diversidade não apenas enriquecia a
comunidade, mas também refletia os valores de igualdade e respeito presentes no
ensinamento cristão. Vemos que desde su inicio, os irmãos anunciavam sem restrição a
todos que desejassem ouvir (11:20), e depois de dois anos, a liderança era formada por uma
equipe multicultural y diversa socialmente (13:1-3).
Ao abraçar a diversidade, a Igreja de Antioquia demonstrou a importância de acolher e
respeitar a pluralidade de experiências e origens dentro de uma comunidade. Essa postura
não apenas fortaleceu os laços entre os membros, mas também serviu como exemplo de
como a convivência harmoniosa entre diferentes grupos é não apenas possível, mas também
enriquecedora. A história da Igreja de Antioquia nos lembra da importância de celebrar as
diferenças e de construir pontes que unam pessoas de diversas origens em um espírito de
amor e compreensão mútua. Nos mostra também a possibilidade de viver o amor de Cristo
quem veio por toda a humanidade (Jo 3:16)

Sensibilidade ao Espírito Santo: A Igreja de Antioquia era sensível à direção do Espírito


Santo. Eles buscavam discernimento e obedeciam prontamente às orientações do Espírito
em suas decisões e ministrações. Vemos no capítulo 13 de Atos como está igreja estava
servindo ao Senhor, e ouviu a voz do Espírito Santo para que enviassem obreiros às nações.

Eles oravam, jejuavam e adoravam juntos, em unidade, buscando a vontade de Deus em tudo
o que faziam. A sensibilidade ao Espírito Santo era uma característica marcante em suas
vidas e no desenvolvimento da igreja. Assim, puderam cumprir o propósito de Deus de levar
o Evangelho a lugares distantes e impactar vidas para a glória do Seu nome. Que possamos
também cultivar essa mesma sensibilidade espiritual em nossas vidas e em nossas
comunidades, para que possamos ser instrumentos nas mãos de Deus para a expansão do
Seu Reino e para manifestar Seu amor a todos ao nosso redor. A sensibilidade ao Espírito
Santo deve ser uma ação proativa, buscando a presença e o enchimento do mesmo. Buscar o
empoderamento como foi prometido em Atos 1:8. Com o poder do Espírito Santo,
anunciamos a palavra de salvação a todos que estão a nosso redor, mas também poder para
crer, ter fé e enviar além de nossas fronteiras para que a Palavra se expanda e chegue nos
lugares onde Cristo ainda não foi anunciado.

Comunhão e solidariedade: A Igreja de Antioquia era uma comunidade unida e solidária.


Eles se importavam uns com os outros, demonstrando amor e cuidado mútuos. Eles
compartilhavam seus recursos financeiros e materiais para ajudar aqueles que estavam em
necessidade. Foi ali onde levantaram oferta para ajudar aos irmãos que estavam passando
por necessidades (11:29-30). Uma igreja que tinha como principio abençoar a todos que
pudesse. Vejamos como isso funciona: anunciam a todos sem distinção de cultura, etnia ou
posição social, logo, reconhecem que precisam crescer e aprender. Enviam ofertas e por
últimos, dão seus melhores obreiros para que pudessem sair para abençoar pessoas em toda
a Ásia Menor com a palavra que trazia esperança para a reconciliação com o Deus Criador.

Podemos concluir que a Igreja de Antioquia nos deixa um legado, um modelo de como uma
comunidade de fé pode viver plenamente os principios do Reino de Deus de forma prática. E
pode fazê-lo cada dia, sem limitações. Uma igreja que trabalha intencionalmente para um
crescimento sólido, constante e multiplicador. Uma igreja que dá passos de fé e
dependência de Deus. Esta igreja nos deixa um grande desafio de como podemos, hoje, viver
estes mesmos principios e valores. Como podemos hoje ser uma igreja que seja atrativa para
aqueles que buscam a esperança e a paz de Deus. Como podemos ser hoje uma igreja que
leva o nome de Cristo e sua obra redentora até os "confins da terra", cumprindo com a
Grande Comissão que o Senhor nos deixou (Mt 28:18-20).

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