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A

Vida da
igreja

Rogério Ribeiro
SUMÁRIO

1 Introdução….……………………...........…….….…03
2 A Vida Comum da Igreja…………………..…...06
3 Mitos Sobre a Vida da Igreja............................13
4 Conselhos práticos sobre a Vida da Igreja..15
Por esta causa, te deixei em Creta, para
que pusesses em ordem as coisas
restantes, bem como, em cada cidade,
constituísses presbíteros,
conforme te prescrevi.

Tito 1:5
INTRODUÇÃO
“A razão de tê-lo deixado em Creta foi para que você
pusesse em ordem o que ainda faltava e constituísse
presbíteros em cada cidade, como eu o instruí.”
Tito 1:5

Há uma necessidade de entendermos a razão de


fazermos o que estamos fazendo. Nossas ações
não podem ser aleatórias; deve existir uma razão
para aquilo que estamos realizando.

Não estamos envolvidos em todas essas


atividades apenas para seguir um cronograma;
há um propósito subjacente a tudo o que
estamos desenvolvendo neste período.

É fundamental adquirirmos compreensão não


apenas do que estamos construindo, mas
também do porquê o estamos fazendo.

Seremos mais eficazes e precisos em nossas


ações ao entendermos o propósito por trás do
que está sendo realizado. Nosso desafio não se
limita a descobrir O QUE FAZER; temos o desafio
crucial de descobrir sobretudo o PORQUÊ
FAZER."
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Se não houver compreensão do que estamos
desenvolvendo, corremos um sério risco de nos
envolvermos em uma abordagem
excessivamente ativa e, assim, aquilo que
estamos realizando servirá apenas para
preencher uma programação.

O ativismo religioso é uma das normas que


orientam o comportamento da maioria
significativa dos cristãos ocidentais
contemporâneos.

Fala-se muito sobre a necessidade de cumprir


uma agenda repleta de diversos programas que
buscam unir uma comunidade de fé, mas há
pouco interesse em ensinar sobre a razão,
significado e propósito das ações executadas.

Isso tem levado a formar pessoas hábeis em


executar tarefas, mas frequentemente
incapazes, na maioria das vezes, de explicar o
motivo por trás dessas ações.

Nossa ortodoxia deve impactar nossa


ortopraxia. Em outras palavras, aquilo que a
igreja acredita em relação à doutrina deve
influenciar e fundamentar a maneira como ela
vive. 04
Aquilo que compreendemos deve influenciar a
maneira como vivemos. Quando nosso
pensamento não impacta nosso comportamento,
produzimos uma doutrina inerte e um excesso
de atividades que, embora gerem resultados, são
incapazes de produzir frutos.

Quando existe ortodoxia (a teoria) sem


ortopraxia (a prática), a vida da igreja se torna
inerte.

É por isso que um dos maiores desafios da igreja


contemporânea não reside em criar novas
atividades para fomentar engajamento,
comunhão e serviço na comunidade local. O
verdadeiro desafio consiste em descobrir a
Razão/propósito/causa por trás do que ela já está
fazendo.

Está ligado à continuação das práticas pessoais


e comunitárias que foram transmitidas ao longo
dos séculos no cristianismo e em explicar ao
povo de Deus o significado e a importância
dessas práticas. Em resumo, não necessitamos
de mais uma atividade em nosso cronograma,
mas sim de compreender por que já estamos
envolvidos nas atividades atuais.
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A VIDA COMUM DA IGREJA
A vida da Igreja é a materialização
do Evangelho

“Com muitas outras palavras os advertia e insistia com


eles: “Salvem-se desta geração corrompida!” Os que
aceitaram a mensagem foram batizados, e naquele dia
houve um acréscimo de cerca de três mil pessoas.”
Atos 2:40-41

Vemos aqui a pregação de Pedro a um povo que


havia acabado de testemunhar um grande
derramar do Espírito Santo.

A instrução de Pedro se encerra com a seguinte


advertência: “Salvem-se desta geração
corrompida” (v40). Essa advertência de Pedro, é
como uma “proposta” que ensina qual deveria
ser a postura daquele povo que presenciou o
Espírito Santo sendo liberado sobre o povo.

A instrução de Pedro era para que houvesse em


todo aquele que de fato reconhecesse o senhorio
de Jesus, uma mudança de comunidade.

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A proposta era para que todos aqueles que de
fato tivessem entrado pela porta do
arrependimento, teriam que fazer parte de um
novo tipo de comunidade.

“Salvem-se dessa geração corrompida” - Saiam


do tipo de comunidade que se corrompeu e
venham fazer parte de um novo tipo de
comunidade que foi formada a partir do
arrependimento.

A proposta de assumir um compromisso com


Cristo, é também a proposta de assumir o
compromisso com a comunidade cristã
denominada Igreja.

Não é possível assumirmos um compromisso


com Cristo sem assumirmos o compromisso
com Sua Igreja. Não da para viver um
relacionamento com Cristo sem desenvolver um
relacionamento com o Seu povo, a Igreja.

A instrução de Pedro é para que o povo deixasse


aquela comunidade (cultura) corrompida pelo
pecado, e passassem a fazer parte de uma nova
camunidade inaugurada por Cristo.

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Pedro estava convocando o povo para sair de
uma comunidade perversa para uma nova
comunidade que estava sendo salva.

Não estou falando de relacionamento, estou


falando de pertencimento. Não estou dizendo
que não podemos nos relacionar mais com
outras pessoas depois que nos arrependemos e
assumimos um compromisso com Jesus. Estou
falando que precisamos fortalecer nosso senso
de pertencimento. Relacionamos com todos, mas
pertencemos a uma comunidade que desenvolve
a sua vida a partir do arrependimento.

A resposta surpreendente ao apelo de Pedro é


agora relatada; grande número de pessoas
aceitaram a palavra (se arrependeram e creram)
e, em consequência, foram batizadas. De fato,
houve um acréscimo naquele dia de quase três
mil pessoas (v 41).

O corpo de Cristo em Jerusalém multiplicou-se


26 vezes, de 120 para 3.120. De acordo com a
promessa de Pedro, todos devem ter recebido o
perdão e o Espírito, embora, aparentemente sem
sinais sobrenaturais. Pelo menos, Lucas

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menciona nenhum fenômeno parecido com
vento, fogo ou línguas. Não houve um “grande
mover”, as pessoas simplesmente se
arrependeram e decidiram mudar de
comunidade.

A partir daí, o que lemos é um novo estilo de


vida dessa comunidade que acaba de se formar.

“Os que aceitaram a mensagem foram batizados, e


naquele dia houve um acréscimo de cerca de três mil
pessoas. Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à
comunhão, ao partir do pão e às orações. Todos estavam
cheios de temor, e muitas maravilhas e sinais eram feitos
pelos apóstolos. Os que criam mantinham-se unidos e
tinham tudo em comum. Vendendo suas propriedades e
bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade.
Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio do
templo. Partiam o pão em casa e juntos participavam das
refeições, com alegria e sinceridade de coração, louvando
a Deus e tendo a simpatia de todo o povo. E o Senhor lhes
acrescentava diariamente os que iam sendo salvos.”
Atos 2:41-47

“Da multidão dos que creram, uma era a mente e um o


coração. Ninguém considerava unicamente sua coisa
alguma que possuísse, mas compartilhavam tudo o que
tinham.
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Com grande poder os apóstolos continuavam a
testemunhar da ressurreição do Senhor Jesus, e
grandiosa graça estava sobre todos eles. Não havia
pessoas necessitadas entre eles, pois os que possuíam
terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro da venda
e o colocavam aos pés dos apóstolos, que o distribuíam
segundo a necessidade de cada um.”

Atos 4:32-35

“Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à


comunhão, ao partir do pão e à oração” (v42).

Esse resumo é uma das poucas ocasiões em que


Lucas nos diz o que acontece depois que as
pessoas se convertem e enfatiza elementos
fundamentais da vida da igreja. Lucas nos
mostra aqui, como as pessoas viviam depos que
se convertiam. Elas se encontram regularmente
e se reúnem no pátio do templo, pois era um
local amplo de reunião e atraía um grupo mais
numeroso. Eles oram, ensinam, partem o pão
juntos e sustentam os necessitados em seu meio.

O Espírito transformou discípulos briguentos


(Lucas 9:46-48; 22:24-27) em crentes fiéis,
incansáveis em sua generosidade e em seu
cuidado uns pelos outros.

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Enquanto a pregação de Pedro resulta em
muitos convertidos em uma ocasião em Atos
2:41, é o modo de vida da comunidade crente que
leva a conversões contínuas em Atos 2:47.

A maneira como o povo passava a viver depois


da conversão, era a principal estratégia de
evangelismo da primeira igreja. A maneira como
os irmãos começaram a viver era tão verdadeira,
tão impactante e tão saudável que o próprio
Deus acrescentava pessoas para fazerem parte
dessa comunidade.

Olhando para essa realidade, me vem um


questionamento: será que, ao olhar para a
maneira como nós estamos edificando essa
comunidade, Deus se agradaria ao ponto de
acrescentar outras pessoas para viverem como
nós estamos vivendo?

De que maneira a igreja deve causar admiração


em outros e fazer isso para ter resultados
positivos? Que ruídos emanam da igreja e fazem
as pessoas desejarem se aproximar para ver o
que está acontecendo? O que há de tão
impactante naquilo que a igreja faz?

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É importante observar que esses primeiros
discípulos não se dedicavam a produzir
espetáculos espirituais para atrair e entreter
espectadores. O segredo não estava nas
programações em que eles estavam envolvidos.
Em vez disso, ofereciam exposição bíblica que
chamava ao arrependimento, e
consequentimente a um novo tipo de
comunidade, seu testemunho também ia além
das palavras, apresentavam um modo de vida
claramente alternativo.

O Evangelho se materializa na vida comum da


Igreja. Toda comunidade local centrada no
Evangelho tem como consequência uma vida de
igreja saudável. Portanto, é a saúde da vida
comum da igreja, o verdadeiro termêmetro da
nossa centralidade no Evangelho.

A vida da igreja aponta para a sociedade do


novo céu e nova terra. Ou seja, a vida da igreja -
uma família de muitos irmãos que estão se
tornando semelhantes a Jesus - é tudo o que se
pode ver do novo céu e nova terra. Na vida da
Igreja vemos a nova sociedade de Deus, de
maneira que a forma que vivemos aqui antecipa
o que viveremos no mundo vindouro.
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A vida da Igreja é o elemento mais próximo e
visível do cumprimento do eterno propósito de
Deus no presente, de sorte que, nosso desafio
não é tentar ser família, mas descobrir o que é
ser família e permanecer sendo família.

MITOS SOBRE A VIDA DA


IGREJA

ROMANTISMO - Toda família tem problemas, e


os problemas servem para nos aperfeiçoar e não
para nos separar. Eu posso ser a solução para o
problema do outro e o outro pode ser a solução
para os meus problemas. Os atritos causados nas
relações são elementares para o
aperfeiçoamento do nosso caráter enquanto
filhos de Deus.

COMUNISMO - Ter tudo em comum não é


comunismo. os apóstolos não questionam a
distinção de classes econômicas, mas a relação
incorreta entre elas (Tiago 5:1-5; 1:9-11). As
diversas situações econômicas de irmão para
irmão servem para promover a partilha e a
responsabilidade mútua. Deus pode ter me
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dado recurso não apenas para me fartar, mas
para que eu me torne provedor na vida do outro.

UTOPIA - O fato de termos a consciência de que


a vida da igreja não é romântica nos ajuda a
perseverar quantas vezes for necessário a fim de
que sejamos família.

Quando olhamos para a forma de viver dos


primeiros cristãos, caracterizada por amor
abnegado, voluntariedade na partilha, singeleza
de coração e intrepidez na pregação do
Evangelho, temos a tendência de supor que seja
utópico viver assim em nossos dias.

Embora tenhamos que reconhecer que não é


fácil (se considerarmos todos os problemas que
as igrejas neotestamentárias enfrentaram e que
também teremos que enfrentar se desejarmos
seguir seu exemplo), não podemos enxergar
como algo impossível de viver. Pois, a vida
comum da igreja não é nenhum ponto de
chegada, mas o ponto de partida pela qual uma
igreja local é estabelecida e passa a desenvolver
sua vocação a serviço da cidade e das demais
igrejas.

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CONSELHOS PRÁTICOS
SOBRE A VIDA DA IGREJA
ABRA SUA CASA (comunhão de casa em casa) -
Embora seja um conselho simples, há quem vá
no culto mais de uma vez por semana e não abre
sua casa para um irmão pelo menos uma vez por
mês.

A frequência nos cultos precisa nos conduzir


para a mesa. Na mesa abrimos nossa vida,
buscamos aperfeiçoar nossas relações a fim de
crescermos em comunhão.

ABRA SUA VIDA (entrenháveis afetos) - Abrir a


casa é um pretexto para abrir nossas vidas.

Permitir que nossa intimidade seja descoberta,


e que nossas mazelas sejam expostas e tratadas,
é o meio pelo qual cultivamos a unidade do
Espírito e manifestamos o caráter familiar da
Igreja do Senhor.

SEJA RESPONSÁVEL POR SEU IRMÃO -


Sabemos que a Igreja é uma comunidade com
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pastores, no sentido de que há ministros
ordenados por Deus para orientar e apascentar
Seu rebanho.

Mas a Igreja também é uma comunidade de


pastores, no sentido de que todos aqueles que
participam dela devem exercer algum nível de
responsabilidade e cuidado para com seus
irmãos. Isso tem a ver com incluir nossos irmãos
na forma como organizamos nossas finanças,
tempo e energia. Apascentar as ovelhas do
Senhor é um mandamento para todo aquele que
o ama intensamente.

“Novamente Jesus disse: “Simão, filho de


João, você me ama?” Ele respondeu: “Sim,
Senhor, tu sabes que te amo”. Disse Jesus:
“Pastoreie as minhas ovelhas”.”
João 21:16

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