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A Visão Teológica da Redeemer Para o Ministério

Este documento foi escrito a fim de fornecer uma visão teológica básica para o ministério do
Evangelho ao redor do qual se unirá para parceria e trabalho nas grandes cidades do mundo.

Nossa Visão

O que nós acreditamos


● Acreditamos que as grandes cidades são a chave para a cultura global, e a cidade central é
a chave para cada metrópole.
● Estamos profundamente preocupados com o fato de que, embora os povos que vivem
nessas cidades sejam desproporcionalmente importantes para o curso da vida no mundo,
ainda assim nenhum movimento cristão está alcançando esses povos em qualquer tipo de
escala, nos EUA ou no exterior.

O que nós queremos fazer


● Queremos construir um movimento de novas igrejas e ministérios nas novas cidades globais
do mundo, onde atualmente não há tais movimentos.
● Queremos desenvolver comunidades cristãs nas cidades globais selecionadas, até que
atinjam o 'ponto de virada' - o tamanho que dá forma à cidade e profundidade espiritual -
incluindo 8-10% da população da cidade, mudando assim a cultura global.

Como queremos fazer isso


● Queremos propagar um modelo de ministério do Evangelho (veja abaixo) que começou a
florescer no centro de Nova York e, embora deva ser contextualizado para cada cultura e
cidade, provê uma mistura única de equilíbrios e variedade de práticas que efetivamente
relacionam o Evangelho à cultura.
● Portanto, queremos atingir nossos objetivos gerais com dois enfoques:
○ Queremos concluir esse processo impulsionando e ampliando nossos recursos
ministeriais para uma comunidade cristã do tamanho e qualidade da cidade de Nova
York, e
○ Queremos alavancar os modelos, liderança e conexões globais de Nova York em
comunidades cristãs de alto impacto e semelhantes, em uma seleção das outras
cidades influentes no mundo, mudando assim o curso de cultura global.

Com quem queremos fazer isso


● Queremos que isso seja um esforço unificado de várias cores. Na América do Norte,
queremos que nosso movimento do Evangelho na cidade consista de lideranças
afro-americanas, anglo-saxônicas, asiáticas e hispânicas em igrejas e ministérios
multiétnicos.
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● Queremos unir as mãos não apenas nas linhas étnicas, mas denominacionais. Para ganhar
nossas cidades devemos nos unir às igrejas de muitas tradições, unidas em torno do
Evangelho.
● Queremos ouvir atentamente e fazer parcerias, sempre que possível, com líderes cristãos
em cada cidade e país onde trabalhamos. Acreditamos profundamente na necessidade de
uma contextualização não-paternalista e sensível em todos os ambientes.
● Queremos buscar meios novos e inovadores para formar conexões transformadoras com os
líderes intelectuais e os povos oprimidos da nossa cultura, a fim de inflamar uma paixão por
Deus em todo lugar de empreendimento humano. Desejamos trabalhar com todos os que
buscam o senhorio de Cristo sobre toda a vida, com uma esperança ousada no poder do
Espírito Santo para transformar indivíduos, comunidades e cultura(s).

Nosso Modelo de Ministério do Evangelho


O Evangelho é - o próprio Deus veio para resgatar e renovar a criação através da vida,
morte e ressurreição de Jesus Cristo em nosso favor. O primeiro aspecto do Evangelho é o meio da
salvação - a obra substitutiva de Cristo e nossa justificação pela graça, não por obras. O segundo
aspecto do Evangelho é o propósito da salvação - não para nos ajudar a escapar do mundo, mas
para renovar a criação material em um novo céu e nova terra.

O que devemos fazer com o Evangelho (1Co 4:1 - Como devemos ser mordomos dele.) O
Evangelho proclamado e vivido contextualmente, para servir ao bem comum da cidade, vai mudar o
mundo. Vamos dividir esta declaração em suas respectivas partes:

Primeiro - O Evangelho proclamado. (Dinâmica de renovação pelo Evangelho.) Motivação


da graça do Evangelho para mudar vidas (em vez de santificação pelas obras). Qualquer outra
abordagem à mudança de vida vai conformar e reformar, mas não transformar as pessoas.

Elementos: pregação e adoração centradas em Cristo; orações centradas no Reino; líderes


que ditam o ritmo.

Segundo - Evangelho vivido. (Equilíbrio do ministério do Evangelho.) As igrejas centradas


no Evangelho enfatizam um equilíbrio de cinco ministérios. A maioria das igrejas se especializam
em um ou dois destes, mas manter todos os cinco em equilíbrio é crucial. Os cinco se estimulam
mutuamente e juntos levam à renovação e redenção de cidades inteiras, não apenas de indivíduos.

Ministérios:
1. Evangelizar em uma cultura secular e pluralista;
2. Formar uma comunidade profunda em uma cultura transitória;
3. Integrar fé e trabalho em uma cultura fragmentada;
4. Expressar justiça e compaixão em uma cultura polarizadora;
5. Plantar igrejas.

Terceiro - Evangelho contextualizado. Todas as formas de cristianismo são, até certo ponto,
contextualizadas à cultura. Se você contextualizar demais (ou super contextualizar) o Evangelho
para uma nova cultura, você perde o Evangelho porque você trará para dentro dele os ídolos da
nova cultura. Se você sub-contextualizar o Evangelho diante de uma nova cultura, você o perde
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porque traz para dentro dele os ídolos de sua antiga cultura. Se você contextualizar
apropriadamente, a vida das pessoas muda.

Quarto - servir o bem comum da cidade. Como a cidade vai, assim vai a sociedade e a cultura. As
cidades são a chave para o mundo e cultura, e a cidade central é a chave para toda a área
metropolitana. Cristãos precisam estar em todos os lugares onde haja pessoas, mas o lugar mais
estratégico para viver e ministrar é nas grandes cidades do mundo.
Como os cristãos devem se relacionar com a sociedade ao seu redor?

Eles não devem: 1) permanecer distintos em valores, mas separados da cultura ao seu redor;
2) se envolver com a cultura, mas adotar seus valores. Os cristãos devem permanecer distintos,
mas através dos recursos de nossa distinção, servir a cidade de forma sacrificial para o bem
comum. Isto é, a fim de torná-la um lugar em um ótimo lugar para todas as pessoas viverem e
florescerem. Isso nos trará a influência cultural que precisamos.

1. Teologia do Evangelho. Motivação da graça do Evangelho para vidas transformadas (não


santificação pelas obras) 'Graça restaura a natureza' por justiça e engajamento cultural (não
negar o mundo)
2. Renovação do Evangelho. Pregação e adoração centradas em Cristo,
oração/espiritualidade centrada no Reino, líderes que ditam o ritmo
3. Equilíbrio do Evangelho. Evangelismo/igreja missional, formação comunitária, justiça social,
integração fé e trabalho
4. Evangelho na cultura. (contextualização)
5. Evangelho na cidade. (Jeremias 29) Importância da cidade, Servindo/procurando o Shalom
da cidade

Preenchendo o Modelo
O que se segue tem o intuito de servir como discussões introdutórias. Mais tarde, no
programa, cada um desses tópicos será tratado com maior profundidade.

a. Teologia do Evangelho
Ou - como devemos ler o Evangelho na Bíblia?
1. Lendo 'ao longo' de toda a Bíblia. Ler a Bíblia 'diacronicamente' é ler ao longo de seu arco
histórico e narrativo. É discernir o enredo básico da Bíblia como a história de redenção de
Deus, bem como os temas da Bíblia (por exemplo, aliança, reino, templo, lei, nova criação)
que percorre todas as fases da história e parte do cânon, culminando em Jesus Cristo.
Nesta perspectiva, o Evangelho aparece como criação, queda, redenção, restauração. Isto
evidencia o propósito da salvação, ou seja, uma criação renovada. Lendo a Bíblia desta
maneira, o Evangelho é a história do retorno de Deus ao mundo para resgatar um povo,
governar e restaurar seu mundo quebrado.
2. Lendo 'através' de toda a Bíblia. Ler a Bíblia 'sincronicamente' é ler através de suas
declarações, convocações, promessas e alegações de verdade. É discernir suas categorias
de pensamento (teologia, cristologia, escatologia) e chegar a uma compreensão coerente
do que ela ensina de maneira resumida. Nesta perspectiva, o Evangelho aparece como
Deus, pecado, Cristo, fé. Traz os meios de salvação, ou seja, a obra substitutiva de Cristo e
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nossa responsabilidade de abraçá-la pela fé. Lendo a Bíblia desta maneira, o Evangelho é
um conjunto particular de verdades, passadas até nós pelos apóstolos, que precisam ser
cridas e propagadas.
3. Como essa leitura da Bíblia nos molda. Se lermos a Bíblia ao longo desses dois eixos,
vemos que o Evangelho é: o próprio Deus veio resgatar e renovar este mundo através do
trabalho de Jesus em nosso favor. O primeiro eixo discerne o propósito da salvação -
resgatar e restaurar a criação; o segundo eixo discerne o meio da salvação - através da pura
graça da obra substitutiva de Cristo, recebida somente pela fé.

O evangelicalismo mais antigo e tradicional tem sido fraco na primeira leitura, com menos
compreensão da teologia bíblica e do propósito final da salvação. Como resultado, tem sido mais
individualista, centrando-se quase completamente na conversão pessoal e ida para o céu, isto é,
sobre evangelismo e discipulado. Além disso, sua pregação, embora expositiva, tende a ser
moralista. Ele expõe os princípios bíblicos para a vida, mas não tem sido tão centrado em Cristo
mostrando como todos os temas bíblicos culminam na obra de Cristo e como toda a prática cristã é
enraizada na fé no Evangelho. Também neste desequilíbrio, as igrejas dão pouca ou nenhuma
ênfase à importância do trabalho de justiça e misericórdia para com os pobres e sobre a produção
cultural que glorifica a Deus nas artes, nos negócios etc. - ambos são formas de reparação do
tecido do mundo à luz da renovação final da criação.

Muito do novo evangelicalismo é fraco na segunda maneira de ler, com menos


compreensão da teologia sistemática. Como resultado, há pouca ênfase na sã doutrina como base
para o crescimento espiritual. A salvação pode ser quase reduzida a se unir e viver um novo modo
de vida em comunidade. O evangelismo é reduzido a uma vida exemplar, convidando os outros
para fazer o mesmo. Ironicamente, isso pode ser muito legalista. Em vez de chamar as pessoas para
a conversão individual através da mensagem da graça, as pessoas são chamadas a participar do
programa do Reino, naquilo que Deus está fazendo para libertar o mundo. A ênfase está no
cristianismo como um modo de vida e perde a clara ênfase em nosso status como justificados
gratuitamente e adotados em Cristo, além das obras. Neste desequilíbrio, igrejas desequilibradas
colocam menos ênfase no vigor para evangelismo e apologética, na pregação expositiva, e sobre
as marcas e importância da conversão/novo nascimento.

O primeiro desequilíbrio muitas vezes leva as pessoas a um conservadorismo político


acrítico, uma vez que o mal absolvido na cruz é visto em termos quase completamente
individualistas. O segundo desequilíbrio, muitas vezes se move em direção a um liberalismo político
acrítico, uma vez que o mal derrotado na cruz é visto quase que completamente em termos
corporativos.

Em geral, esse modo de ler a Bíblia em “dois eixos” leva a reconhecer o Evangelho como
um “terceiro caminho”.

4. Como o Evangelho é uma 'terceira via'?

As religiões operam segundo o princípio: "Obedeço, portanto, sou aceito", mas o princípio
do Evangelho é: "Eu sou aceito através de Cristo, portanto eu obedeço." Então o Evangelho difere
tanto da irreligião quanto da religião. Você pode procurar ser seu próprio 'senhor e salvador'
quebrando a lei de Deus, mas você também pode fazer isso guardando a lei para ganhar sua
salvação.
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Irreligião e secularismo tendem a inflar um auto encorajamento acrítico da autoestima; a


religião e o moralismo esmagam as pessoas sob a culpa e os padrões éticos impossíveis de se
manter. O Evangelho, no entanto, nos humilha e nos afirma ao mesmo tempo, visto que, em Cristo,
somos simul iustus et peccator [Ao mesmo tempo justos e pecadores]. Ao mesmo tempo, somos
mais falhos e pecaminosos do que jamais ousamos acreditar, ainda assim, somos mais amados e
aceitos do que jamais ousamos esperar.

O secularismo tende a tornar as pessoas egoístas e individualistas. Religião e moralidade


em geral tendem a tornar as pessoas tribais e cheias de justiça própria em relação a outros grupos
( já que a salvação deles foi, eles pensam, alcançada por suas realizações.) Mas o Evangelho da
graça, centrado em um homem morrendo por nós enquanto éramos seus inimigos, remove a justiça
própria e o egoísmo, e direciona seus membros em direção a toda a cidade, para servir o bem
comum de toda a cidade e dos pobres. Isso nos move a servir os outros, independentemente de
seus méritos, assim como Cristo nos serviu.

O secularismo e a religião conformam as pessoas às normas comportamentais por meio do


medo (das consequências) e orgulho (um desejo de auto engrandecimento). O Evangelho leva as
pessoas à santidade e ao serviço que vem de uma grata alegria pela graça, e de um amor da glória
de Deus por quem ele é em si mesmo.

b. O Evangelho e a Cidade
● Historiadores apontam que em 300 d.C. as populações urbanas do Império Romano foram
em grande parte cristãs, enquanto o campo era pagão. Isso também foi verdade para o
primeiro milênio d.C. na Europa - as cidades eram cristãs, mas a população em geral, no
campo, era pagã. Mas quando as cidades são cristãs, mesmo que a maioria da população
seja pagã, a sociedade será encaminhada numa trajetória cristã. Por quê? Como a cidade
vai, assim vai a cultura. Tendências culturais tendem a ser geradas na cidade e fluem para o
resto da sociedade.
● Portanto, pessoas que vivem nos grandes centros culturais urbanos ocupando os empregos
nas artes, negócios, academia, publicações, nas profissões de ajuda e nos meios de
comunicação tendem a ter impacto desproporcional sobre como as coisas são feitas em
uma cultura. Nós não estamos falando muito sobre a "elite da elite" - os ricos e famosos -
mas as "elites de base". Não é tanto os altos executivos que fazem da MTV o que ela é, mas
a grande quantidade de jovens criativos que acabaram de sair da faculdade que assumem
os empregos em todos os níveis da organização. Os grupos de pessoas que vivem nos
centros da cidade em grande número tendem a ver seus 'valores' expressos na cultura.
● Não estamos afirmando que todos os cristãos devem viver nas cidades. No entanto, os
cristãos devem viver nas cidades com pelo menos a mesma porcentagem que a população
em geral - ou nós não devemos esperar ver a sociedade sendo influenciada por nós. A
melhor maneira para os cristãos ganharem e servirem a nossa sociedade é viver em
grandes números nas cidades - sem desprezá-los, nem assimilá-los, sem procurar
controlá-los, nem os usando para uma carreira - mas os amando e buscando a paz deles.

c. O Evangelho e a Cultura
Como devemos nos relacionar com a cultura ao nosso redor? (O problema da
contextualização)
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● Ser uma contracultura. Nós temos uma visão para uma igreja que não simplesmente dá
apoio emocional aos cristãos, mas modela a sociedade humana alternativa que Deus está
criando. Para uma descrição, veja abaixo.
● Para o bem comum. É insuficiente para os cristãos formarem apenas uma comunidade que
'contraria' os valores da cultura dominante. Nós chamamos a igreja para ser uma
'contracultura' para o bem comum. Pedimos que permaneça radicalmente distinta em suas
crenças e práticas da cultura em torno dela e ainda assim, a partir dessa identidade distinta,
sirva sacrificialmente seus vizinhos e até mesmo seus inimigos, trabalhando para o
florescimento e prosperidade de sua cidade, e especialmente dos pobres. Tal igreja não vê
o culto da igreja como seu principal ponto de conexão com os que estão fora de sua
comunidade. Em vez disso, encontra os outros enquanto seu povo trabalha pela paz,
segurança, justiça e prosperidade de seus vizinhos, amando-os com palavras e ações.
Encontra os outros ao trabalharem com excelência distintiva na cultura.
● Em Jeremias 29:7 os exilados judeus de Jerusalém na cidade pagã foram chamados não
apenas para viver nela, mas para amá-la e trabalhar por seu 'Shalom' – seu desenvolvimento
econômico, social e espiritual. Os cristãos também são a cidade de Deus "no exílio" (1 Pedro
1:1; Tiago 1:1), mas os cidadãos da cidade de Deus são sempre os melhores cidadãos
possíveis de sua cidade terrena. Eles andam nos passos daquele que deu sua vida por seus
oponentes.
● Esta abordagem da cultura não se enquadra em nenhum dos cinco paradigmas de H.R.
Niebuhr para relacionar Cristo com a cultura. É, no entanto, mais bem descrito como uma
combinação criativa de ambos, o primeiro (Cristo contra a cultura) e o quinto (Cristo
transformando a cultura) dos modelos de Niebuhr, embora não seja tão negativa sobre a
mudança social quanto a primeira nem tão utópica quanto a última.

Como essa relação com a cultura molda nossa prática de ministério?


O grande debate na igreja norte-americana hoje é entre aqueles que simplesmente querem
confrontar a cultura e aqueles que querem se adaptar a ela. Nós devemos admitir que toda
expressão do cristianismo é, até certo ponto, contextualizada para uma cultura humana específica.
Não existe uma expressão universal e a-histórica do cristianismo. Mas, como podemos evitar que
nosso cristianismo seja tão afetado por nossa cultura ao ponto de comprometer as verdades
básicas do Evangelho? Recusar-se a contextualizar o ministério para uma nova cultura não é a
solução. Pode levar a uma distorção tão grande quanto, porque então podemos estar absolutizando
as armadilhas de uma cultura anterior e, assim, perder de vista as verdades básicas do Evangelho.

A resposta é que não podemos "contextualizar" o Evangelho de maneira abstrata. Se uma


igreja procura ser tanto uma contracultura e ainda empenhada para o bem comum, não será levada
nem para uma retirada, nem para uma assimilação.

Se procurarmos serviço ao invés do poder, nos será dada muita influência e poder
( juntamente com a oposição - 1 Pedro 2:12). Mas se nós buscarmos diretamente poder e controle na
sociedade, vamos perdê-los mesmo quando somos consumidos por ele. Somente se os cristãos
entrarem nos negócios, arte e mídia para servir a Deus e à comunidade humana, eles evitarão ser
assimilados pelos ídolos culturais da riqueza, status e poder.

O Evangelho em si contém a chave para a contextualização apropriada. Se nós


contextualizamos demais, é porque precisamos muito da aprovação da cultura receptora, o que
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revela a falta de confiança no Evangelho. Se sub-contextualizamos, é porque precisamos demais


dos ornamentos de nossa própria cultura que revela a falta de humildade no Evangelho.

d. Renovação do Evangelho
Capacitando a adoração e a oração. O Evangelho muda nosso relacionamento com Deus
de hostilidade ou complacência servil para um relacionamento de intimidade e alegria. A dinâmica
central do ministério centrado no Evangelho é, portanto, adoração e oração fervorosa. Na adoração
corporativa, o povo de Deus obtém uma visão transformadora de vida do valor e beleza de Deus, e,
então, devolve a Deus tudo aquilo do qual ele é digno. No coração da adoração está o ministério da
Palavra e dos Sacramentos, pelo qual a comunidade é nutrida pela sã doutrina. Seu objetivo final,
no entanto, não é simplesmente ensinar, mas levar os ouvintes a adorar, o que fortalece o seu ser
interior para fazer a vontade de Deus. A oração corporativa, centrada no Reino, a oração que
glorifica a Deus é a base de todos os outros elementos do ministério centrado no Evangelho.

Pregação expositiva centrada em Cristo. A pregação deve ser expositiva; seu princípio
formal é explicar o significado da Escritura. Ou seja, o ponto do autor humano do texto deve ser um
ponto básico do sermão. A pregação também deve ser centrada em Cristo; seu princípio material é
mostrar como todos os temas bíblicos culminam em Cristo e em sua obra de salvação. Isto é, o
ponto do autor divino de toda a Escritura, a saber, levar-nos à fé em Cristo, deve sempre ser um
ponto básico do sermão. A pregação deve ser experiencial. Isso é, o propósito não deve ser apenas
tornar a verdade clara para a mente, mas também real para o coração e, portanto, pretende ser uma
transformadora de vida.

e. Ministério equilibrado do Evangelho


Eficácia evangelística (para edificar a comunidade evangélica). Porque o Evangelho
(diferentemente do moralismo religioso) produz pessoas que não desprezam aqueles que
discordam delas, tal igreja pode ser preenchida com membros que vividamente lidam com as
expectativas e aspirações culturais atuais através de Cristo e sua obra salvadora. Nós temos uma
visão para uma igreja que vê conversões de pessoas altamente seculares e pós-modernas, ao invés
de alcançar apenas conservadores e pessoas de mentalidade tradicional. Por causa da atratividade
de sua comunidade e da humildade do seu povo, uma igreja centrada no Evangelho vai descobrir
um número significativo de pessoas em seu meio que estão explorando e tentando entender o
cristianismo. Deve recebê-los em centenas de pequenas, mas significativas maneiras. Ele fará
pouco para torná-los "confortáveis", mas fará de tudo para tornar sua mensagem compreensível.

Comunidade contracultural. Porque o Evangelho remove tanto o medo quanto o orgulho,


as pessoas se dão bem dentro da igreja, quando nunca poderiam se dar bem lá fora. Porque o
Evangelho nos aponta para um homem que morreu por seus inimigos, o Evangelho cria relações de
serviço ao invés de egoísmo. O Evangelho cria uma comunidade humana radicalmente distinta.

Em relação ao sexo, a igreja evita tanto a idolatria da sociedade secular quanto o medo da
sociedade tradicional. O sexo é entendido não como um meio de realização individual, mas como
um meio de construir comunidades. A igreja é uma comunidade que ama e cuida tanto de maneira
prática dos seus membros que a castidade faz sentido. Ensina seus membros a conformarem seu
ser corporal à forma do Evangelho - abstinência fora do casamento heterossexual e fidelidade e
alegria dentro dele.
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Em relação à família, a igreja afirma a maravilha do casamento entre um homem e uma


mulher, chamando-os para servir a Deus, refletindo seu amor pactual numa lealdade por toda a vida,
e ensinando seus caminhos para seus filhos. Mas, também, afirma a maravilha de servir a Cristo
como solteiros, seja por um tempo ou por toda a vida. A igreja acolhe todas as pessoas que sofrem
pela deturpação de nossa sexualidade humana com uma comunidade e família compassivas.

Em relação ao dinheiro, os membros da igreja se envolvem em um compartilhamento


econômico radical uns com os outros - assim, "não há necessitados entre eles". Promove também
um compromisso radicalmente generoso de tempo, dinheiro, relacionamentos e espaço vital para a
justiça social e as necessidades dos pobres, dos imigrantes e dos economicamente e fisicamente
fracos.

Em relação ao poder, a comunidade contracultural está visivelmente comprometida com o


compartilhamento de poder e a construção de relacionamentos entre raças, classes e gerações que
estão alienadas fora do Corpo de Cristo. A evidência prática disso é que nossas igrejas locais iriam
receber e abraçar cada vez mais pessoas de todas as raças e culturas. Cada igreja deve ser pelo
menos tão culturalmente diversa quanto sua comunidade geográfica local, tanto na congregação
em geral como em sua liderança.

Fazendo Justiça
Deus criou tanto a alma quanto o corpo, e a ressurreição de Jesus mostra que ele redimirá o
espiritual e o material. Portanto, Deus não está preocupado apenas com a salvação das almas, mas
também com a remoção da pobreza, fome e injustiça.

O Evangelho abre nossos olhos para o fato de que toda a nossa riqueza (mesmo a riqueza
pela qual trabalhamos arduamente) é, em última análise, um presente imerecido de Deus. Portanto,
o homem que não doa generosamente sua riqueza para os outros não tem simplesmente falta de
compaixão, mas é injusto.

Cristo vence a nossa salvação através da perda, alcança poder através da fraqueza e
serviço, e chega à riqueza através da doação de tudo. Aqueles que recebem sua salvação não são
os fortes e realizados, mas os que admitem que são fracos e perdidos. Portanto, não podemos olhar
para os pobres e chamá-los insensivelmente para sair da própria dificuldade. Jesus não nos tratou
assim! O Evangelho substitui a superioridade em relação aos pobres por misericórdia e compaixão.

As igrejas cristãs devem trabalhar por justiça e paz em seus bairros por meio do serviço,
mesmo enquanto chamam os indivíduos à conversão e ao novo nascimento. Devemos trabalhar
pelo bem comum e mostrar aos nossos vizinhos que os amamos sacrificialmente, quer acreditem
como nós ou não. A indiferença para com os pobres e desfavorecidos significa que não houve uma
verdadeira compreensão da nossa salvação somente pela graça.

Integrando Fé e Trabalho
As boas novas da Bíblia não são apenas o perdão individual, mas a renovação de toda a
criação. Deus colocou a humanidade no jardim para cultivar o mundo material para a glória de Deus
e o florescimento da natureza e da comunidade humana. O Espírito de Deus não apenas converte
indivíduos (João 16:8), mas também renova e cultiva a face da terra (Gn 1: 2; Salmo 104: 30).
Portanto, os cristãos glorificam a Deus não somente através do ministério da Palavra, mas também
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cultivando a matéria-prima da criação em suas vocações de agricultura, arte, negócios, governo,


estudos - tudo para a glória de Deus e o bem dos outros.

Muitos cristãos americanos aprenderam a separar sua fé da maneira como trabalham em


sua vocação. O Evangelho é visto como um meio de encontrar a paz individual e não como uma
'cosmovisão' - uma interpretação abrangente da realidade que afeta tudo o que fazemos. Mas
temos a visão para uma igreja que equipa seu povo para pensar nas implicações do Evangelho em
como fazemos arte, negócios, governo, jornalismo, entretenimento e estudos.

Essa igreja não se comprometerá apenas a apoiar o envolvimento dos cristãos com a
cultura, mas também os ajudará a trabalhar com a) distinção, b) excelência e c) responsabilidade em
suas profissões. Desenvolver ambientes de negócios compassivos, porém criativos e excelentes, a
partir de nossa compreensão do Evangelho, pode fazer parte do trabalho de restaurar a criação no
poder do Espírito. Trazer alegria, esperança e verdade cristãs para encarnar as artes também faz
parte deste trabalho.

Plantação de Igrejas
As igrejas centradas no Evangelho terão uma inclinação para a plantação de igrejas. O
plantio de novas igrejas é a melhor maneira de a) aumentar exponencialmente o número de
cristãos em uma cidade e b) renovar as igrejas existentes. Plantar igrejas significa reproduzir igrejas
com esse mesmo equilíbrio do Evangelho.

Conclusão
Há muitas igrejas orientadas para os de fora que ajudam muitas pessoas a encontrar Cristo.
Existem muitas igrejas que procuram envolver a cultura através do ativismo político. Há um
movimento carismático em rápido crescimento, com ênfase na adoração fervorosa e apaixonada.
Há muitas congregações com forte preocupação pelo rigor e pureza doutrinários e que trabalham
arduamente para se manterem separadas do mundo. Existem muitas igrejas, geralmente urbanas,
com um compromisso radical para com os pobres e marginalizados.

Entretanto, não vemos igrejas suficientes que incorporem o equilíbrio abrangente e


integrativo do Evangelho que esboçamos aqui. Embora haja um número encorajador de pontos
positivos na igreja pela graça de Deus, ainda não vemos um amplo movimento desse ministério
centrado no Evangelho. E acreditamos que, embora esse ministério centrado no Evangelho seja
necessário em todos os lugares, apenas esse tipo de ministério crescerá efetivamente e fará
diferença nas cidades centrais.

Esse equilíbrio produziria não apenas uma pregação cativante e pessoal, mas
teologicamente substancial, um evangelismo dinâmico e apologética, e o crescimento da igreja. As
igrejas enfatizariam o arrependimento, a renovação pessoal e a santidade da vida. Ao mesmo
tempo, e nas mesmas congregações, haveria grande ênfase no envolvimento cultural na arte, nos
negócios, na erudição e no governo, e na justiça para com os pobres. Haveria apelos para uma
comunidade cristã radical na qual todos os membros compartilham suas riquezas e recursos para
abrirem espaço para os marginalizados. Essas prioridades seriam combinadas e se fortaleceriam
mutuamente em cada igreja local e por toda a cidade.
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Eles simplesmente não são combinados em nenhum movimento de larga escala porque a
base teológica para tal não está sendo propagada na educação e treinamento ministeriais.

O que poderia levar a um movimento crescente de igrejas centradas no Evangelho? A


resposta final é: Deus deve enviar um avivamento em resposta à oração fervorosa, extraordinária e
persistente de seu povo por sua glória. Mas acreditamos que também existem passos anteriores a
serem dados.

Primeiro, devemos dar uma resposta comum ao nosso momento cultural. A igreja
evangélica discorda da natureza da verdade, do nosso relacionamento com a cultura, da melhor
maneira de ler a Bíblia e até do conteúdo do Evangelho. Se, no entanto, pudermos nos unir em
torno das respostas comuns a essas questões, conforme declarado neste documento, podemos
avançar.

Segundo, devemos propagar esse equilíbrio em um curso de educação e treinamento


ministeriais. Não há movimento em larga escala porque poucos seminários, por exemplo, combinam
os dois "eixos" hermenêuticos de maneira eficiente, e menos ainda o conectam a um
mentoreamento efetivo, treinamento ministerial prático.

Terceiro, embora muitas pessoas venham a se beneficiar do treinamento para um ministério


centrado no Evangelho, apenas se fizermos tudo isso com uma visão para e no contexto do
ministério nas grandes cidades do mundo, é que nos tornaremos uma igreja, "agindo de acordo
com a verdade do Evangelho" (Gl 2:14) que mudará nosso mundo.

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