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Igreja presbiteriana em Jaconé

1- Texto (ARA)
Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na
graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo;

Como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em
vossa ignorância;

Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira
de viver;

Porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo.

1 Pedro 1:13-16

2- Exórdio

Há um livro chamado ‘’o cristão e a cultura’’ onde o autor Michael Horton tece
considerações acerca da santidade perfeita em Cristo e seu chamado para que nós também
vivamos de maneira santa em nossa realidade diária:

‘’Como vasos do templo no antigo testamento, que eram separados do


uso comum para uso sagrado, os crentes são vasos de misericórdia
que para sua própria glória Deus preparou de antemão (Romanos 9.
23). Isso não é algo que devamos atingir como se a santidade
dependesse da extensão em quem nos separamos do mundo. Pelo
contrário, Deus tomou sobre si mesmo a responsabilidade: Ele enviou
o santo de Israel para ser nosso substituto, viver uma vida sem pecado
de perfeita conformidade com a vontade revelada do Pai, enfrentando
a cruz, carregando os nossos pecados e depois de ressuscitar dos
mortos para a nossa justificação. A santidade e a justiça de Deus foram
totalmente satisfeitas. [...] Em Adão somos culpados e corruptos, mas
em Cristo somos santos e inculpáveis sem mancha nem ruga[...] Isso é
chamado de santificação definitiva[...] Não é o grau de santificação que
atingiremos que nos aproxima de Deus, mas a santidade perfeita de
Cristo que nos qualifica para entrar nos Santos dos Santos’’ 1

A citação lembra-nos do perfeito sacrifício de Cristo que nos capacita a viver uma vida
santa e reta diante de Deus, sendo transformados diariamente pelo poder do espírito santo;
e condição cristã de vivermos como vasos separados por Deus: somos chamados a
santidade.

1 HORTON, Michael. O cristão e a cultura: Uma perspectiva cristã e o nosso lugar na cultura. Pg.156 e 157
Igreja presbiteriana em Jaconé

3- Exposição

Diante da citação lida, somos levados a refletir a nossa posição como cristãos no mundo e
a pensar no sacrifício de Cristo e suas implicações. O chamado do Crente a uma nova vida é
real é mister. Desse modo, somos convidados pela perícope lida a considerar a salvação
concedida a nós imerecidamente e nos lançarmos á Deus como Senhor soberano de nossa
existência. O Apóstolo Pedro, Autor da carta traz para nós, igreja do Senhor importantes
exortações e lições aplicáveis ao nosso contexto de peregrinos.

A primeira carta de Pedro pertence, com a carta de Tiago, 2Pedro, as 3 cartas de João e a
carta de Judas, às 7 epístolas gerais ou ''universais''2 seus destinatários são os cristãos em
Diáspora nas regiões do Ponto, Galácia, capadócia. Ásia e Bítinia 1.1 3 A epístola é dirigida
peregrinos dispersos com caráter predominantemente judaico. A sombra terrível da
perseguição foi o vetor de origem dessa carta.4 O local de escrita da carta é motivo de
debates pois Pedro cita ‘’babilônia’’ (5.13) a principal e mais aceita opinião consiste na tese
de que ‘’Babilônia’’ era uma antiga forma de se referir a Roma5

O contexto anterior remoto da carta (1.6-9) retrata que a alegria que a salvação que Cristo
nos oferece supera qualquer aflição, e que as intempéries da vida são para a confirmação
de nossa fé.

O contexto remoto posterior (1.22-25) é percebido à exortação á uma vivência cristã prática
no relacionamento com o próximo.

Contexto imediato anterior (1.10-12) É possível perceber que Pedro estava concluindo suas
considerações acerca da salvação. O versículo 12 é utilizado como elo para o versículo 13.

Contexto imediato posterior (1.17-21) trata-se do novo modo de viver que o Cristão salvo
deve ter. E faz menção de como deve ser o relacionamento com Deus.

Contexto canônico: A perícope em questão cita o livro de levítico 11.44-45, no verso 16


pedro também deve citar levítico pois faz parte do contexto geral do livro: a santidade.

A presente perícope está alocada no objetivo geral do livro: exortar os cristãos à não
desanimarem mediante os desafios que iriam enfrentar por serem cristãos e perseverarem
na santificação, tendo a consciência da salvação que fora concedida gratuitamente; e
assim, desvencilhar das coisas que poderiam atrapalhar essa caminhada de fé.

5- Proposição

Ao olhar de forma panorâmica o contexto da presente carta, cabe a nós aplicar as


muitas lições do texto lido. Convido aos amados irmãos a refletirem sobre o tema:
‘’chamados a santidade’’ afinal, para que somos chamados à santidade?

2 HOLMER, UWE. Comentário esperança, Pg.6


3 CARSON, D.A. Introdução ao novo testamento. 471

4 TENNEY, C. Merril. O novo testamento: origem a análise. Pg.356


5 IBID. Pg.358
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6-Argumentação

• Para aguardarmos a parousia (13)

Uma das características mais marcantes do Cristão é anunciar e aguardar a volta de


Cristo, seu Senhor. As escrituras frequentemente exortam-nos a olhar para os céus, e
aguardar a volta de Cristo.

A carta lida, como fora visto, tem como seus destinatários cristãos da dispersão, o
Apóstolo desse modo, enfoca o cuidado que os cristãos deveriam ter a fim de mantem-se
firmes na fé que lhes foi pregada enquanto esperavam a volta de Cristo.

No verso 13 podemos perceber uma metáfora: Cingindo a vossa mente. Cingir trata-
se de um termo metafórico oriental que expressava o ator de amarrar as vestes, a fim que
de estas não atrapalhem.

A ênfase dada é na de renunciar tudo que pode atrapalhar a caminhada de fé, tirando
o nosso foco da esperança eterna. Jesus, no sermão do monte relata que mais vale um
homem entrar sem um braço do que ir para o inferno com o corpo inteiro.

Somos peregrinos, nossos olhos devem estar fixos em lugares altos. A nossa pátria
não é essa, meus irmãos. Quem de nós, indo para outra cultura, a fim de viajar, compraria
uma casa, ou faria morada em um lugar que não conhece e não tem habitação? Desse
modo, nós também não podemos nos enredar com esse mundo, ele não tem morada para
nós. Nada nesse mundo pode tirar os nossos olhares de nosso Senhor Jesus Cristo.

A esperança redentora deve reorientar os nossos olhares, colocando-os em uma


ótica elevada, vertical. Nossos pensamentos, atitudes, palavras, tudo deve passar por esse
crivo.

A salvação reorienta o Cristão pois Deus não apenas a salva, mas através do
sacrifício de Cristo e a operação do espírito santo, capacita o homem a permanecer nessa
verdade. Assim o homem colocando-se diante de Deus, é gradualmente transformado e tem
sua cosmovisão afetada. Isso vai mostrar que existe uma plena correlação da doutrina da
santidade com a doutrina da perseverança, onde o fruto da ação do Espírito Santo na vida
do Crente, fazendo-o a permanecer na santidade.

Agostinho define o viver em santidade como um dom de Deus onde o fiel persevera
no amor a Cristo até o final da sua vida, sempre pela ação de Deus. Essa perseverança é
abrangente, seja nas lidas da vida contra o pecado, seja no desafio de se manter na
santidade. Não podendo ser considerada aquela “perseverança” de certo tempo da vida,
pois, sendo um dom de Deus, é “a perseverança de (Mt 10.22): ‘Aquele que perseverar até o
fim será salvo’” .

Pedro envia essas palavras de encorajamento aos Cristãos pois sabia das
perseguições e dificuldades que enfrentariam, e, portanto, refletir sobre a salvação é mister
para manter a fé firme em tempos de dificuldade.

De igual modo, meus irmãos, nessa noite podemos extrair desse versículo ânimo
para atravessar as aflições dessa vida com plena confiança em nosso Senhor. Teremos
aflições, isso nos foi prometido, mas ele está conosco. Não desanimemos de manter firme
a esperança de Cristo em nossos corações, obedecendo ao seu chamado de lançar fora o
que nos impede de caminhar com ele.
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• Para vivermos como novas criaturas 14-15

A vida é um constante processo de mudanças, um antigo filósofo dizia que era impossível
banhar-se um mesmo rio duas vezes. A vida moderna é marcada por procrastinação, metas
não cumpridas e etc. Quem aqui nunca ouviu a famosa frase: amanhã eu começo? A
constância tem sido uma palavra esquecida e não utilizada.

O texto lido exorta os cristãos em diáspora a manterem-se firmes na salvação dada por
Deus e na vida de separação, obediência a esse chamado. Os cristãos deveriam viver como
novas criaturas, sem se amoldar o mundo.

O apóstolo Paulo, no capítulo 12 de Romanos diz sobre uma mente renovada, ou melhor,
transformada após um acontecimento (Meta-noia, nous), a nossa mente deve estar
renovada, entregue a Deus como sacrifício vivo a ele.

• Para sermos santos como aquele que nos chamou (16)

O último versículo dessa perícope aponta para os nossos supremos exemplo. Se nos
versículos anteriores o apóstolo exorta os cristãos em diáspora á santidade, a se manterem
firmes na graça de Cristo e em sua salvação, nesse versículo presente mostra-nos o
fundamento da argumentação.

Uma vida santa, como fora dito pelo apóstolo Paulo em colossenses (Colossenses 2.20-23),
não consiste em leis cerimoniais como ‘’não toque’’, ‘’não manuseie’’, na verdade podemos
denominar essas coisas como um legalismo. Ora, a santidade diz respeito ao ato de Deus
de nos chamar para si, somos santos como ele é santo.

É da causa para o efeito. Só podemos ser santos por que Cristo abriu esse caminho na cruz
do calvário rasgando o véu, e cravando o escrito de dívida no madeiro (Colossenses 2.14). O
homem não pode mover um grão de palha no que diz respeito á santidade. Suas maiores
obras são trapos de imundície diante dos olhos do Senhor.

Uma vida santa é aquela que tem Cristo como balizador da vida como um todo. O apóstolo
Pedro diz que Cristo é a pedra angular, que alinha toda a construção.

Desse modo, o homem salvo diante De Deus, diante da propiciação operada por Cristo,
temos uma nova vida. O amor de Cristo constrange os regenerados a negar suas vontades,
deixar para trás aquela existência vazia e pecaminosa que vivia.

Somos chamados à santidade para espalhar o bom perfume de Cristo (2 coríntios 2.14-16).
Um novo viver deve ser característico da aqueles que professas a fé no Senhor Jesus Cristo,
somos peregrinos, sejamos santos como o Senhor é santo.

Não somos desse mundo. Meus irmãos, você pode trabalhar, você pode ir a praça, ir ao
salão, essas coisas não são um problema. Lutero defendia a tese da vocação universal dos
Crentes. Todos os crentes são sacerdotes diante de Deus, ou seja, são vocacionados a
pregar o evangelho, a serem santos no mundo e não fora dele. O mundo é a nossa paróquia.
Devemos demonstrar Cristo em nossos relacionamentos. A vida peregrina é marcada por
uma ótica de que toda a vida é um púlpito para a pregação da verdade. Não há mais uma
divisão maniqueísta de bem x mal. Somos chamados a sermos cristãos mundanos, viver no
mundo, mas separados, santos como ele é SANTO.
Igreja presbiteriana em Jaconé

7- Conclusão:

Lemos na introdução que os cristãos são como vasos do templo, separados para fins
específicos. E que a santidade não consisti em um ato humano. Somos separados,
separados por Deus antes da fundação do mundo, de acordo com seu propósito. Esse
propósito se manifesta na criação nos chamando á santidade, uma vida de entrega
constante ao Senhor, amarrando nossas vestes e deixando para trás o que nos impede de
correr a caminhada que está proposta.

Minha oração é para que, mantenhamos nossos corações firmes no Senhor, e de igual
modo aos cristãos na diáspora, não desanimemos.

Deus abençoe a igreja.

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