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A ética da santidade (lição 7)

A quem Pedro se dirige: aos eleitos (v. 2)

O que Deus fez:

nos regenerou para uma viva esperança (v. 3)

para uma herança que não pode ser destruída (v. 4)

mediante a fé (v. 5)

Como é a vida do crente:

alegrem-se; exultam (v. 6)

provações (v. 6) para provar a fé (v. 7)

amar a Deus; com alegria (v. 8)

1 Pedro 1:13-16 (NAA)


13 Por isso, preparando o seu entendimento, sejam sóbrios e
esperem inteiramente na graça que lhes está sendo trazida na
revelação de Jesus Cristo. 14 Como filhos obedientes, não
vivam conforme as paixões que vocês tinham anteriormente,
quando ainda estavam na ignorância. 15 Pelo contrário, assim
como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês
também em tudo o que fizerem, 16 porque está escrito: “Sejam
santos, porque eu sou santo.”

“Somente é possível desafiar pessoas para uma conduta


consagrada se elas já renasceram antes”

Os salvos devem viver em santidade (1.13-16)

A ética da santidade (lição 7) 1


O apóstolo Pedro conecta a salvação com a santidade no versículo 13, quando
inicia o parágrafo:

Por isso... Em virtude do que Deus fez por nós, devemos viver de modo digno
dessa salvação.

A dádiva graciosa da salvação em Cristo deve levar-nos a uma conduta


ajustada e compatível.

A doutrina desemboca na ética. A teologia produz vida. No propósito de


perseguirmos a santidade, três verdades devem ser observadas.

Em primeiro lugar, a preparação para a santidade (1.13).


A santificação é um processo que começa na conversão e termina na
glorificação.

Nessa jornada, três atitudes precisam ser tomadas:

1 Prepare sua mente. Por isso, cingindo o vosso entendimento... (1.13a).

Holmer diz que essa expressão é quase incompreensível para a percepção


moderna da língua. Corresponde ao pensamento oriental-metafórico.

Na antiguidade, era necessário amarrar as vestes esvoaçantes. Do contrário,


elas atrapalhariam o trabalho e estorvariam a batalha.

Por isso, o ser humano antigo cingia as ancas, enfiando as pontas das vestes
sob o cinto.

Também nós somos facilmente prejudicados no trabalho e na vida por “ideias


esvoaçantes”.86

O que Pedro está dizendo é: Não permita que qualquer coisa atrapalhe seu
entendimento,87

Em outras palavras, “tendo em mente o que foi dito, tirem as implicações para a
vida”.88

Quem busca a santificação não pode dispersar-se com muitas preocupações e


devaneios. Sua mente precisa ser firme na Palavra de Deus, para compreender
os preceitos divinos.

Concordo com William Barclay no sentido de que não podemos contentar-nos


com uma fé medíocre e negligente, sem profundidade e sem reflexão.89

2 Mantenha-se sóbrio. ... sede sóbrios... (1.13b).

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Essa exortação foi repetida três vezes nesta epístola (1.13; 4.7; 5.8).

A palavra grega nefontes significa domínio próprio, especialmente com relação


à bebida alcoólica.

E uma exortação dirigida contra qualquer embriaguez por álcool ou de modo


geral contra qualquer tipo de êxtase dos sentidos.90

Ser sóbrio é estar no pleno domínio de sua capacidade racional.

Aqueles que se entregam à embriaguez não têm a mente disposta para Deus.

Também significa ser calmo, estável, controlado; ponderar as coisas.91

Simon Kistemaker realça que a mente deve estar livre de precipitação ou


confusão; deve rejeitar a tentação de ser influenciada por bebidas e drogas
intoxicantes.

Deve permanecer alerta.92

3 Espere na graça. ... e esperai inteiramente na graça que vos está sendo
trazida na revelação de Jesus Cristo (1.13c).

Diante das perseguições e dos sofrimentos pelos quais os cristãos estavam


passando, Pedro os encoraja a olharem para frente, para a recompensa futura,
para a segunda vinda de Cristo, para a glória que os aguardava, a plenitude sua
salvação.

A palavra grega elpisate é uma forma verbal de elpis, “esperança”.

O objeto da esperança é a graça que nos está sendo trazida.93

O salvo olha para o passado e contempla a cruz, onde seus pecados foram
cancelados.
Olha para o futuro e contempla a graça que está sendo preparada para a
segunda vinda de Cristo.

Na cruz fomos justificados; na segunda vinda seremos glorificados.

Entre a cruz e a coroa, entre o sofrimento do Calvário e a glória da parousia,


devemos esticar o pescoço e ficar na ponta dos pés esperando inteiramente na
graça que nos está sendo trazida na segunda vinda de Cristo.

Warren Wiersbe diz que o cristão vive no tempo futuro; suas ações e decisões
no presente são governadas por essa esperança futura.94

Quando as circunstâncias ao nosso redor estiverem sombrias e tenebrosas,


devemos olhar para o alto, pois as estrelas só aparecem quando está escuro.

A ética da santidade (lição 7) 3


É precisamente porque o cristão vive na esperança que consegue suportar as
provas e os sofrimentos desta vida, pois sabe que caminha para a glória.

Nos três versículos seguintes, Pedro adverte os cristãos a evitarem a


conformidade com o mundo, insta-os a lutarem pela santidade e confirma suas
palavras com uma citação do Antigo Testamento.

Temos aqui, portanto, uma advertência, uma exortação e uma confirmação.95

Em segundo lugar, o perigo à santidade.


Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anterior‐
mente na vossa ignorância (1.14).

Aqui temos uma advertência. “Filhos da obediência” é um linguajar semita. Sig‐


nifica algo como “pessoas que são cunhadas integralmente pela obediência”.96

Fomos salvos para a obediência, por isso os salvos são filhos obedientes.
Como os filhos herdam a natureza dos pais, precisamos viver em santidade,
pois nosso Pai é santo.

Como filhos obedientes, não podemos retroceder nem cair nas mesmas práticas
indecentes que marcavam nossa conduta quando vivíamos prisioneiros do
pecado.

Naquele tempo, os desejos e as paixões constituíam o esquema determinante


da nossa vida e a nossa norma de conduta.

É incoerente, incompatível e inconcebível um salvo amoldar-se às paixões de


sua velha vida. O salvo é nova criatura. Tem uma nova mente, um novo
coração, uma nova vida.

A vida no pecado é marcada pela ignorância. Mesmo aqueles que vivem


untados pelo refinado conhecimento filosófico ainda estão imersos num caudal
de ignorância (At 17.30).

Ênio Mueller diz que a expressão grega Me syschemati- zomenoi, “não vos
amoldeis” significa uma exortação a não entrar no esquema. Originalmente, a
palavra significava assumir a forma de alguma coisa, a partir de um molde de
encaixe (Rm 12.2).

Os cristãos são chamados a “mudar de esquema”, a assumir o esquema de


Deus. A nova vida em Cristo, transformando a pessoa por dentro, deve
traduzir-se em novas expressões concretas de vida.97

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Em terceiro lugar, o imperativo da santidade.
Pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos
também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede
santos, porque eu sou santo (1.15,16).

Aqui temos uma exortação e uma confirmação. Três verdades são aqui
destacadas:

1 A santidade é imperativa porque o Deus que nos chama é santo.

O termo grego hagios referente a Deus traz a ideia de “separado”.

Fala sobre a singularidade divina em relação a todo o resto, a sua distinção


como Aquele que é totalmente outro. Também expressa sua perfeição moral.98

Deus nos chama para sermos seus filhos e refletirmos seu caráter.

Não fomos destinados apenas para a glória, mas para sermos semelhantes ao
Rei da glória. Fomos chamados para sermos coparticipantes da natureza divina.

2 A santidade é imperativa porque precisa abranger todas as áreas da nossa


vida.

Nenhum aspecto da nossa vida está excluído desse imperativo divino. Todo o
nosso procedimento deve resplandecer o caráter de Deus, a santidade daquele
que nos chamou do pecado para a salvação.

Tornar-se santo inclui ambas as noções sobre santidade: o elemento de


separação, em distinção ao profano, e o elemento ético ou moral."

3 A santidade é imperativa porque é uma clara exigência das Escrituras.

Pedro citou Levítico 11.44 para sustentar seu argumento: “Sereis santos, porque
eu sou santo”.

Mueller diz que o apelo à palavra de Deus serve para ratificar com autoridade o
que foi dito.100

Pedro não baseia sua exortação em seus próprios pensamentos, mas na


palavra de Deus.

Concordo com Warren Wiersbe quando diz que a Palavra revela a mente de
Deus, de modo que devemos aprendê-la; revela o coração de Deus, de modo
que devemos amá-la; e revela a vontade de Deus, de modo que devemos
obedecê-la.

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O ser como um todo - a mente, o coração e a volição (vontade, decisões,
arbítrio) — precisa ser controlado pela Palavra de Deus.101

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