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ÉTICA E ECONOMIA
MARINGÁ
2023
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SUMÁRIO
1 ÉTICA E ECONOMIA
Em sua essência a economia é um conceito amplo onde participam indivíduos que de
forma coletiva a regem, visto que inúmeras questões económicas ditam o nosso dia a dia tais
como aumento nos preços, períodos de crise econômica ou crescimento, setores em diferentes
graus de expansão, comportamento de taxas de juros e muitos outras questões que permeiam a
sociedade o tempo todo, Vasconcelos e Garcia no livro Fundamentos da Economia conceituam
a mesma como uma ciência puramente social onde o indivíduo emprega recursos escassos e os
distribui visando a satisfação das suas necessidades, logo está intimamente ligada às decisões
humanas, e nasce a partir da ideia que todos possuem necessidades e desejos maiores do que
seus próprios recursos o que leva naturalmente a uma conexão que proporciona a distribuição
e troca de recursos (VASCONCELLOS, GARCIA, 2019).
Os autores Vasconcelos e Garcia continuam discorrendo que dessa forma se torna
impossível visualizar a economia em um contexto individual, por isso parte-se do coletivismo
para defini-la e uma vez conceitualizada a sociedade que a emprega passa pela primeira grande
limitação econômica que implica em questões acerca da produção levando em conta a escassez
de recursos, neste contexto é possível enxergar três perguntas sendo elas “O que e quanto
produzir?”, “Como produzir?” e “Para quem produzir?”, e a teoria econômica surge para
responder tais questionamentos trazendo um custo benefício na geração e consumo dos insumos
e bens produzidos (VASCONCELLOS, GARCIA, 2019).
Das perguntas propostas pelos autores no livro fundamentos da economia a que mais gera
impacto na sociedade como um todo é a segunda: “Como produzir?”, diversos pesquisadores e
estudiosos econômicos visando elucidar a questão desenvolveram o que é denominado
atualmente como “Sistemas Econômicos” que descrevem de forma teórica como a produção
deveria ocorrer para que a sociedade como um todo pudesse ser beneficiada ao máximo, dentre
esses autores e estudiosos se destaca o nome do precursor do sistema que vigora atualmente na
maior parte do mundo Adam Smith, nas palavras do mesmo a economia é guiada por uma mão
invisível que regula a produção de recursos por si só e que é sustentada pela decisão individual
de cada indivíduo a descrevendo da seguinte forma, (PRADO, 1996) “... já que cada indivíduo
procura, na medida do possível, empregar seu capital em fomentar a atividade nacional e dirigir
de tal maneira essa atividade que seu produto tenha o máximo valor possível, cada indivíduo
necessariamente se esforça por aumentar ao máximo possível a renda anual da sociedade.
Geralmente, na realidade, ele não tenciona promover o interesse público nem sabe até que ponto
o está promovendo. Ao [fazê-lo] ... ele tem em vista apenas sua própria segurança; e orientando
sua atividade de tal maneira que sua produção possa ser de maior valor, visa apenas a seu
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próprio ganho e, neste, como em muitos outros casos, é levado como que por uma mão invisível
a promover um objetivo que não fazia parte de suas intenções. Aliás, nem sempre é pior para a
sociedade que esse objetivo não faça parte das intenções do indivíduo. Ao perseguir seus
próprios interesses, o indivíduo muitas vezes promove o interesse da sociedade, muito mais
eficazmente do que quando tenciona realmente promovê-lo.” (SMITH, 1983, p. 379-380)”
Marx e Engels questionam esse sistema proposto por Adam Smith e a sua capacidade
de satisfazer as necessidades dos indivíduos que compõem a sociedade, em sua visão essa
sociedade estava dividida entre aqueles que detinham os meios de produção e por tanto
poderiam ficar com o seu excedente e aqueles que desprovidos de formas de produzirem
sozinhos trocam a sua força de trabalho por recursos, no entanto os mesmo são insuficientes
para satisfazer todas as necessidades desse indivíduo, logo temos como resultado duas classes
sociais, a que detém os recursos excedentes da produção, conhecida como “Burguesia” e aquela
que vende a sua força de trabalho para esses indivíduos os “Proletários” a grande questão que
levou Marx a conclusão de que um estado forte que rege a produção e a distribuição dos recursos
de forma igualitária é que o grupo composto pelos proletários era muito maior e ainda assim
não podia ver todas as suas necessidades realizadas (GERMINAL, 2010).
Segundo Pensam (2023) a Economia é uma ciência que visa o bem estar coletivo em
geral o que a aproxima em suas linhas gerais da ética embora se distingam em seus princípios
mais específicos, sendo a ética uma termo que busca qualificar um determinado tipo de saber
responsável por designar as ações e comportamentos humanos seguindo princípios morais que
asseguram a igualdade entre os indivíduos isso levando em consideração uma visão grega, no
entanto a ética é um termo complexo e que pode ter diversos significados em diferentes povos
e culturas assim como apresentado nas linhas de uma ciência social como a economia.
Levando em consideração um contexto atual a ética pode ser entendida como princípios
universais que se aplicam a todos os indivíduos e que tem por objetivo garantir a eles uma forma
igualitária o respeito, no entanto assim como a economia a ética é um termo que deve ser
analisado em um contexto social, visto que um indivíduo é apena um dos componentes de algo
muito maior, neste contexto em termos mais amplos é possível inferir que a mesma é
responsável por avaliar as ações de caráter do indivíduo em um meio social, por isso ela está
intimamente ligada a moral que em linhas gerais pode ser entendida como decisões e
comportamentos de um determinado grupo ou indivíduo, portanto é possível chegar a
consideração de que atualmente a ética pode ser conceituada no homem e em suas formas de
decisões além de como elas impactam o meio onde ele vive (CREMONESE, 2019).
Exatamente por se tratar de escolhas humanas a ética não é um termo atemporal, pois
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as definições do que é certo e errado estão em constante mudanças a depender do grupo social
onde o indivíduo está inserido, por tanto a ética mesmo levando em consideração um contexto
temporal semelhante pode ainda sim ser interpretada de forma diferente em seus níveis de
escolhas como definido anteriormente pela moral, a visualização de tal preceito é simples uma
vez que diferentes indivíduos pode interpretar uma ação de diferentes maneiras levando em
consideração sua cultura, grupo social e sua religião. (GOTIJO, 2006).
indiferentes e somente os usos que fazemos deles podem ser classificados como bons ou maus.
Os desejos de acumulação poderiam ser postos a serviço do bem comum (VAN, 2000).
custo. É como se o beneficiamento de ambientes, pessoas famílias e culturas tivesse que afetar,
vulnerabilizar outros ambientes, pessoas famílias e culturas. (LOVO,2022)
Segundo Costa (2019) é necessário afastar-se do idealismo de que o desenvolvimento
econômico é o suficiente para que provoque melhorias e equidade à vida humana, deixando de
lado outros aspectos socialmente relevantes como os índices de desigualdade, de pobreza, de
trabalho decente, de educação e sentido de pertença à família humana.
de relacioná-lo a um cenário ético, geralmente apresenta uma divisão entre egoísmo e altruísmo,
havendo portanto um distanciamento entre o comportamento individual e o comportamento
social, isso significa que um indivíduo que faz parte de um grupo pode possuir interesses em
parte semelhante e em parte conflitante, portanto, esse distanciamento entre economia e ética
torna-se um multiplicador das desigualdades sociais, como a pobreza, a fome e outras mazelas
da sociedade.
Um forte exemplo do distanciamento da ética e da economia no contexto atual, se dá
por meio do desmatamento ilegal, como as queimadas ilegais na Amazônia. Lacerda (2022),
expõe que o aumento das queimadas ilegais em agosto de 2022 são sintomas de uma política
governamental anti ambiental, a qual tem visto a floresta como um obstáculo ao
desenvolvimento. Além disso, pontua-se que tal tragédia vem sendo realizada por indivíduos e
grupos que possuem muitos recursos financeiros, possibilitando assim a extensa devastação de
terras, com a finalidade de conversão da floresta em pasto. Com isso é visível o descontrole e
descaso com o meio ambiente no Brasil, sendo a Amazônia uma importante fonte de chuva para
a América do Sul, além de ser fundamental no controle do aquecimento global e das mudanças
climáticas.
abrangente da economia, onde há uma atenção maior e mais explicita as condições éticas
responsáveis por moldar tanto o comportamento quanto o juízo humano, podem levar a
sociedade a um desenvolvimento mais humanizado e sustentável. Gerando assim uma
sociedade com princípios, como o respeito ao próximo, as suas escolhas, aos seus direitos e ao
meio ambiente.
Em um cenário ideal, segundo Kamphorst e Zambam (2014, p. 104), “os pensamentos
das pessoas e em especial dos economistas deveriam ser norteados por questões ligadas à ética,
sem perder de vista o papel da economia no âmbito do crescimento econômico e do progresso”.
E por mais que haja o desprezo da economia moderna em relação a ética, sabe-se da importância
da filosofia moral nesse contexto, já que essa possibilita a avaliação e a compreensão dos
métodos utilizados, bem como a sua correção. Além do mais, os referidos autores destacam que
todos ganham em uma economia pautada pela ética, principalmente o comportamento humano,
o qual se torna mais integrado e livre.
Deve-se considerar também o fato de que muitas pessoas não desejam possuir o que as
outras pessoas desejam, uma vez que já estão acostumados com um certo grau de privação e
que até mesmo o mínimo já o satisfaz. Um exemplo disso é dado por Sen (1999, p. 61):
O mendigo desesperançado, o trabalhador agrícola sem-terra, a dona de casa submissa, o desempregado
calejado [...] podem, todos, sentir prazer com pequeninos deleites e conseguir suprir o sofrimento intenso diante
da necessidade de continuar a sobreviver, mas seria eticamente um grande erro atribuir um valor
correspondentemente pequeno à perda de bem-estar dessas pessoas em razão de sua estratégia de sobrevivência.
Sabe-se, portanto, que as aspirações dessas pessoas não são as mesmas de um médico, já
que suas privações as distanciam da satisfação de seus desejos. Uma vez que nascemos em
diferentes circunstâncias, compreendemos diferentes talentos e habilidades, fazemos parte de
famílias diferentes, e muitas vezes possuímos diferentes problemas de saúde. Por vezes a noção
de igualdade em sua formalidade não leva em consideração tais diferenças, mas a igualdade
real das oportunidades tende a exigir alguma compensação (KAMPHORST, ZAMBAM, 2014).
Para acabar com o elevado grau de desigualdade torna-se insubstituível e necessário o
desenvolvimento econômico e social regrados pela ética. E na concepção de Sen (1999) é
possível a adoção de tal comportamento, um exemplo disso é o Japão, visto que existem fortes
provas de que o afastamento do auto interesse e do dever tem desempenhado um papel
fundamental no sucesso das indústrias, além de ser extremamente importante para a obtenção
da capacidade econômica, tanto de forma individual quanto coletiva.
Desse modo, o desafio consiste na orientação do estado e na formulação de políticas
sociais responsáveis por impulsionar os índices de desenvolvimento humano, para que haja a
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REFERÊNCIAS