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Durante a 1ª semana do 3º período envia para a classroom, o seguinte

esquema preenchido:
Ensaio filosófico
“Temos a obrigação moral de ajudar os mais pobres?”

Introdução:

Em que consiste o problema em causa?

O problema em causa consiste em saber se temos a obrigação moral de ajudar quem vive na
pobreza absoluta ou se é permissível não o fazer.

Esclarece os conceitos: “pobreza extrema”, “pobreza relativa”, “obrigação moral”.

Obrigações morais representam as obrigações de um indivíduo pelo facto de ser uma pessoa. Estas
obrigações referem-se à prática do bem, ao cumprimento das leis e ao peso que a razão exerce
sobre a vontade.

A pobreza relativa integra a situação de pobreza no contexto social onde esta decorre, ou seja, um
cidadão pode ser pobre em comparação ao nível médio de vida dos indivíduos da região onde vive,
no entanto, por exemplo, se esse cidadão viver em Portugal, o mesmo não será considerado pobre
se a comparação for feita em relação à pobreza existente na Etiópia. Assim sendo, este cidadão é
apenas relativamente pobre, pois, mesmo que no nosso país existam pessoas carenciadas, todos os
cidadãos portugueses, incluindo os mais pobres, têm acesso gratuito à educação e à saúde.

Por outro lado, a pobreza absoluta é sempre pobreza, independente de qualquer tipo de
comparação. A pobreza absoluta pode ser definida como “a ausência de rendimentos suficientes em
dinheiro ou em espécie para satisfazer as necessidades biológicas mais básicas de alimentação,
vestuário e habitação”. Este tipo de pobreza caracteriza-se por diferentes fatores como, por
exemplo, a falta de alimentos e subnutrição, falta de vestuário e elevada mortalidade infantil, sendo
uma das principais causas de sofrimento humano.

Por que razão é importante refletir sobre este problema?

É importante refletir sobre este problema, porque sem lhe darmos uma resposta satisfatória
teremos dificuldades em entender de que modo a erradicação da pobreza absoluta depende de cada
indivíduo e de que modo devemos agir face a esta situação.

Qual é o objetivo do teu ensaio?

O objetivo do meu ensaio é refletir sobre a questão da pobreza absoluta e defender a minha tese
acerca deste problema. Pretendo apresentar razões válidas e fundamentadas que justifiquem a
minha posição.

Desenvolvimento:

Quais as perspetivas /teses mais conhecidas que respondem a este problema?


Existem duas principais teses acerca deste problema. Alguns defendem que combater a pobreza
absoluta é um ato obrigatório, como é o caso do filósofo utilitarista Peter Singer, e outros defendem
que é permissível não o fazer.

Qual é a tua tese?

Na minha opinião, temos a obrigação moral de ajudar os mais pobres.

Qual ou quais são os teus argumentos mais fortes?

Argumento de Peter Singer:


Se podemos impedir um mal sem sacrificar nada de importância moral comparável, devemos fazê-lo.
A pobreza absoluta é um mal.
Posso evitar alguma pobreza absoluta sem sacrificar nada de importância moral comparável.
Logo, tenho a obrigação moral de evitar alguma pobreza absoluta.

Para comprovar que este argumento é plausível podemos recorrer ao argumento da criança no lago,
apresentado por Peter Singer. Neste cenário, ao depararmo-nos com uma criança a afogar-se num
lago, a tendência de todas as pessoas seria atirar-se para o lago e tentar salvar a criança,
independentemente das consequências que isso nos trouxesse. Ninguém se importaria de molhar a
sua roupa ou de se atrasar para um compromisso, se isso significasse que a vida de uma criança fora
preservada, pois essas consequências comparadas à possível morte de uma criança são
insignificantes. Apoiando-nos neste exemplo, podemos concluir que se estiver nas nossas mãos
evitar que aconteça um grande mal, sem com isso sacrificarmos nada de importância moral
comparável, devemos fazê-lo. Ora, tendo em conta que este princípio não se aplica apenas à
situação de uma criança a afogar-se num lago, mas também às diferentes situações do nosso
quotidiano em que podemos evitar um grande mal, nomeadamente a pobreza absoluta, e tendo em
conta que é possível ajudarmos os mais pobres sem sacrificarmos nada de importância moral
comparável, podemos concluir que temos a obrigação moral de ajudar quem vive na pobreza
absoluta.

Indica uma objeção a um dos teus argumentos. Como respondes a essa objeção?

Uma das objeções ao meu argumento que considero mais relevante é a objeção do bote-salva vidas,
apresentada por Garret Hardin. Uma vez que a causa principal da pobreza absoluta é o excesso de
população, ajudar os mais pobres levaria apenas a um aumento das pessoas a viverem na pobreza
absoluta no futuro. A superpopulação, ou seja, um excesso populacional muito desmedido daria
origem ao esgotamento de todos os recursos do planeta e acabaríamos todos por morrer à fome.
Segundo a metáfora de Hardin, num cenário de naufrágio, se os habitantes das nações ricas fossem
os ocupantes de um bote salva-vidas, tentar salvar todos as pessoas que se estão a afogar faria com
que o bote salva-vidas ficasse superlotado e acabariam todos por morrer em vez de se conseguir
salvar algumas vidas. Assim sendo, faria sentido pensarmos que devemos deixar os pobres morrer
de fome, pois, caso contrário, seremos também arrastados para a miséria. Ora, isto significa que não
é possível combater a pobreza absoluta sem sacrificar algo de importância moral considerável e,
portanto, a premissa do argumento de Peter Singer que diz que podemos evitar alguma pobreza
absoluta sem sacrificar nada de importância moral comparável é falsa.
Podemos refutar esta objeção mostrando que a superpopulção é um mito, uma vez que o mundo
produz alimentos suficientes para toda a sua população e, segundo algumas estimativas, poderia
ainda sustentar uma população dez vezes maior. A fome no mundo não se deve ao excesso de
população, mas sim à má gestão e distribuição dos recursos que o planeta nos oferece e, por isso,
não é plausível deixar os mais pobres morrer à fome. No entanto, é importante termos em mente
que, apesar do crescimento populacional não constituir um obstáculo à ajuda internacional, é do
mesmo modo um problema e, por isso, é importante pensarmos acerca do tipo de auxílio que
iremos prestar aos diferentes países, uma vez que, em muitos dos casos, fornecer assistência que
conduza à diminuição do crescimento populacional se mostraria mais eficaz do que fornecer ajuda
alimentar. Poderíamos, por exemplo, como sugere Peter Singer “estimular o governo desses países a
efetuar uma reforma agrária, a melhorar o ensino e a libertar as mulheres de um papel puramente
procriativo” ou ainda “a tornar a contraceção e a esterilização amplamente disponível”. De qualquer
modo, temos a obrigação de ajudar, seja qual for o tipo de auxílio que prestemos.

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