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Beatriz Costa nº3 10B

Matilde Ferreira nº13 10B


Erradicação da Pobreza
Neste ensaio pretendemos refletir sobre o problema filosófico em torno da pobreza
absoluta, isto é, na falta de rendimentos para satisfazer as necessidades sociais básicas da vida.
Este ensaio tem como objetivo refletir até que ponto devemos ajudar as pessoas em situação de
pobreza absoluta e se é moralmente correto distribuir a riqueza pela população.
Segundo a ONG britânica Oxfam, os oito homens mais ricos do mundo possuem tanta
riqueza quanto 3,6 bilhões de pessoas que compõem a metade mais pobre do planeta, a partir de
dados fornecidos. Cerca de 1,3 mil milhões de pessoas são pobres e com tendência a aumentar.
Como consideramos este tema extremamente importante, pretendemos explorar e abordá-
lo, juntamente com os seus subtemas como a distribuição da riqueza, a igualdade no acesso a
oportunidades e a qualidade de vida, com base em teses defendidas por outros filósofos e
fornecer o nosso ponto de vista baseado nas nossas experiências e conhecimentos.

● Possuímos o dever moral de combater a pobreza? Devem os cidadãos e os países


mais ricos ajudar a combater a pobreza nos países em desenvolvimento?

Nós acreditamos que todos aqueles que têm a capacidade (monetária) de ajudar os
desfavorecidos o devem fazer, já que o valor de humanidade é partilhado por todos, não obstante
o poder material de cada um.
Além disso, defendemos a criação de um mundo justo e igualitário, em que todos têm as
mesmas oportunidades e o mesmo acesso aos diferentes serviços, que é o contrário do que existe
no momento: os ricos têm acesso a um bom sistema de educação e um bom plano de saúde,
sendo os favorecidos no que toca na obtenção de um bom emprego, enquanto que, os que vivem
numa situação de pobreza, além de não conseguirem assegurar boas condições de vida, não têm a
oportunidade de evoluir financeiramente uma vez que não possuem uma boa educação e não lhes
são oferecidas boas hipóteses por parte de empresas e companhias.
Tal como Peter Singer defende, "O sofrimento e a morte por falta de alimento, abrigo e
cuidados médicos são maus. Se está em seu poder impedir que algo de mau aconteça, sem
sacrificar nada de importância semelhante, é errado não o fazer. Ao contribuir para as
organizações humanitárias, pode prevenir o sofrimento e a morte por falta de alimento, abrigo e
cuidados médicos, sem sacrificar nada de importância semelhante. Logo, se não fizer donativos a
organizações humanitárias, está a fazer algo de errado.”.
Ao aceitarmos o seu argumento, teríamos que aceitar os seus corolários, que, por ora,
acabam por se tornar objeções no ponto de vista de muitos.
1º Corolário- O argumento não faz qualquer alusão à distância a que se encontram ou à
nacionalidade das pessoas pobres e, por conseguinte, temos o dever de ajudar tanto os nossos
concidadãos como pessoas que vivam do outro lado do mundo e com as quais nunca teremos o
menor contacto.
2º Corolário- É irrelevante quantas pessoas estão em posição de ajudar quem vive em
extrema pobreza. Tanto faz que sejamos uma única pessoa como milhões de pessoas a poder
fazê-lo. O facto de haver, eventualmente, milhões de pessoas em posição de ajudar não torna a
situação significativamente diferente daquela em que uma única pessoa está em condições de o
fazer.
3º Corolário- O limite para a nossa obrigação de doar é próximo do limite mínimo de
subsistência. Ou seja, que a nossa obrigação é limitada apenas pelas nossas necessidades básicas
de sobrevivência.
Como resposta à difícil aceitação dos corolários, afirmamos que, em primeiro lugar, tanto
um vizinho nosso como um residente do outro lado do mundo são igualmente humanos,
possuindo os mesmos direitos, incluindo o de ser ajudado (1º corolário).
Depois, se houver dúvida quanto à posição de ajudar, no meio de milhões de pessoas que o
fazem, pensem, se uma criança se estivesse a afogar num lago, não saltariam para ajudá-la só
porque havia muitas outras pessoas à volta do lago que o poderiam, eventualmente, fazer? O
mesmo se passa no combate à pobreza. Este problema não se vai resolver só porque cada um dá a
sua parte, ao contrário do que muitas pessoas pensam.
Além disso, é óbvio, no nosso ponto de vista, que ajudemos até ao ponto em que as nossas
necessidades fisiológicas comecem a ser comprometidas, já que nesse momento deixamos de ser
superiores aos mais pobres, iniciando uma sociedade igualitária. (3º corolário)
Assim, tendo em conta o nosso ponto de vista e segundo Peter Singer, uma solução seria
estabelecer uma escala progressiva com início em 5% do rendimento anual para as pessoas
confortáveis e fim em 1/3 do rendimento para as pessoas imensamente ricas, poderemos estar a
reduzir para metade o número de pessoas que vivem em pobreza absoluta; reduzir também para
metade o número de pessoas que sofre de fome, e para 2/3 a taxa de mortalidade dos menores
de 5 anos. Poderíamos também garantir que todas as crianças terminassem o ensino primário.
As nossas ideias vão contra as defendidas por Garrett Hardin, um biólogo e ecologista que
pensa que, embora seja moralmente correto e até humanitário ajudar os pobres, não o devemos
fazer, denominando o seu ponto de vista como a ética do bote de salva-vidas.
Ele imagina uma realidade em que os países ricos são botes de salva-vidas, num mar de
náufragos, os cidadãos pobres que pretendem subir ao bote ou receber alguma ajuda. Ora, tal
como os recursos dos países são finitos, opondo limites à população que podem ajudar, também
os salva vidas têm uma capacidade limitada. Assim, se cada bote tem capacidade para sessenta
pessoas e já se encontra com cinquenta, só pode receber mais 10 pessoas. Porém, existem
milhares de pessoas que têm o desejo de subir.
Hardin refere, que nesta situação preferia não ajudar ninguém, de modo a não prejudicar a
vida daqueles que já se encontram dentro de bote, e para que não seja necessária a criação de
critérios selecionadores de náufragos para salvamento.
A metáfora de exemplo deste biólogo refere-se ao problema de saber se os países ricos
devem ou não aceitar emigrantes e, se sim, quantos devem aceitar. Uma resposta afirmativa a
estas questões significa uma transferência de recursos daqueles que têm para aqueles que não
têm, algo que Hardin não aceita.
Contudo, na nossa opinião, os países ricos devem aceitar todos os emigrantes pobres que
conseguirem, porém, de forma a que não se chegue a prejudicar as necessidades da população do
país acolhedor. Desta maneira, aceitaríamos a criação de critérios para selecionar os emigrantes,
dado que nem todos conseguiriam ter acesso à ajuda.
A riqueza seria distribuída por uma maior parte da população mundial, ajudando a esbater
as diferenças e igualando o mundo e as suas oportunidades.
Garret Hardin continua a sua tese apresentando o argumento do crescimento da população.
Diferentes países possuem diferentes populações, diferentes taxas de crescimento destas e
diferentes riquezas.
A índia por exemplo, é um dos países com mais pessoas a viver em pobreza extrema, já os
Estados Unidos, é o terceiro país com maior população, e o primeiro em riqueza.
Devido às diferentes taxas de crescimento, a população dos Estados Unidos duplica em mais
ou menos 72 anos, ao passo que a da Índia fá-lo em cerca de 40 anos.
Suponhamos agora que os Estados Unidos aceitam repartir os seus recursos com a Índia de
modo a que cada pessoa receba uma parte igual desses recursos. Inicialmente a proporção seria
de 1 americano por cada 3 indianos; contudo, ao fim de 72 anos, a população da Índia teria
crescido para quase 4x o número inicial, e cada americano teria de dividir os recursos com 7
pessoas, diminuindo a sua riqueza e portanto, o seu nível de bem estar.
Na nossa perspetiva, a proporção não seria um fator impedidor de ajudar o outro, já que
continuaríamos numa situação de vantagem material, e estamos sempre na procura de uma
sociedade mundial justa. Concordamos que recursos sejam distribuídos por todos, mesmo que
isso signifique que os países mais ricos tenham menos e os mais pobres tenham mais recursos
para si, de maneira a erradicar a pobreza.
Uma objeção clara a este argumento demográfico será que as taxas de crescimento da
população dos países não se manterão imutáveis no tempo, acabando por disturbar a proporção
(no exemplo, de americanos para indianos), tornando o futuro imprevisível.
Além de tudo, o ecologista opôs-se à criação de um banco alimentar mundial, que
funcionasse como um depósito internacional de reservas alimentares, para o qual os países
contribuíram de acordo com as suas capacidades e ao qual recorreriam de acordo com as nossas
necessidades em situações de emergência.
Na sua opinião, isso originaria que os países pobres parassem de se preocupar em criar
reservas alimentares, acabando por não se preocuparem em criar condições para responder
melhor a futuras emergências. Porém, se eles já não têm capacidades para criar reservas e para
salvaguardar vidas, como poderia isto ser uma consequência grave?
A criação de um banco alimentar mundial seria mais que benéfica a longo prazo, gerando
uma base de conforto e segurança aos países que necessitassem, dividindo os bens materiais por
todo o mundo, sem os centrar nas grandes potências.
A ausência deste banco de alimentos levaria ao sofrimento por parte de um número elevado
de população, devido exclusivamente à sua pobreza, evidenciando a injusta do nosso planeta.
Na sua ausência, o crescimento da população dos países mais pobres seria bastante afetado
por secas, quebras na produção agrícola, fome e outras catástrofes, o que levaria à estabilização
da proporção existente entre as populações dos países ricos e dos países pobres. Tal não é justo. É
moralmente aceitável deixarmos pessoas morrer em situações desgraçosas, quando tínhamos a
oportunidade de os ajudar e de os salvar?
A adoção desta medida é essencial, mesmo que tal despolete o crescimento da população
pobre. Haverá sempre pessoas ricas para combater essa pobreza.
Um argumento mais recente será o argumento ambiental. De modo a atuar sobre as causas
profundas da pobreza (a principal causa da pobreza é o subdesenvolvimento crónico destes
países, que impede os seus habitantes de terem um rendimento necessário à satisfação das suas
necessidades básicas), a ONU implementou programas de desenvolvimento que tinham
correspondência na chamada Revolução Verde, isto é, programas de investigação que utilizavam
novas sementes e novas técnicas, permitindo o aumento substancial da produção agrícola,
alimentando uma grande parte da população pobre.
Garret Hardin opõe-se pois não acha legítimas as consequências ecológicas associadas a tal.
Considera que, ao elevar o nível de bem estar de milhões de pessoas, que estariam numa situação
de luta pela sobrevivência, diminuímos bens naturais de que as pessoas necessitam para terem
uma vida satisfatória. Temos alimento, mas não temos praias, não temos florestas, nem espaços
onde possamos estar sós.
Concordamos parcialmente com o argumento ambiental, já que defendemos um equilíbrio
entre a erradicação da fome e a manutenção dos espaços naturais essenciais na natureza.
Se não adotarmos uma posição extremista, optando por uma que sim, utilize inovações e
alternativas que permitam desenvolver a produção agrícola na população menos desenvolvida
tendo sempre em conta que o ambiente natural não deve ser comprometido, chegaremos a um
meio termo que não prejudicará diretamente nenhum dos lados. Assim, conseguiríamos evitar um
aumento dos custos sociais e económicos, evitando, também, a diminuição da qualidade de vida
das gerações futuras.
Com este trabalho acreditamos ter mostrado o nosso ponto de vista, ou seja, o de que toda
a gente, principalmente aqueles que possuem meios para tal, devem ajudar os desfavorecidos,
seja qual for a circunstância ou distância. Todos possuímos o dever moral de ajudar o próximo,
para que no futuro seja possível alcançarmos uma sociedade justa e igualitária em todos os
aspetos.
Chegamos à conclusão de que temos que ajudar as pessoas pobres, independentemente da
distância ou nacionalidade da mesma. Que temos que ajudar os países mais pobres, sem ter em
conta quantas pessoas estão em posição de o fazer. E que a nossa obrigação de o fazer é limitada
apenas pelas nossas necessidades básicas de sobrevivência.

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