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Mestrado em Direitos Humanos

Construção, Fundamento e Sentido do Direito Internacional dos Direitos Humanos

Pobreza Global e Direitos Humanos


Primado de Benevolência e a Estratégia Deontológica

Docente: João Manuel Cardoso Rosas

Trabalho realizado por: Ivo José Gomes Pereira

Ano 2016/2017
Introdução

Este trabalho é elaborado no âmbito da UC de Construção, Fundamento e Sentido

do Direito Internacional dos Direitos Humanos, lecionada pelo docente João Manuel

Cardoso Rosas no Mestrado de Direitos Humanos.

Escolhi o tema da pobreza global e direitos humanos porque os assuntos

abordados são do meu interesse, pois acredito que o mundo seria muito melhor se

houvesse mais e não menos reflexão filosófica, e porque penso que todo o sofrimento

evitável do mundo – provocado pelo terrorismo, pela fome, pela falta de educação ou de

cuidados básicos de saúde, pela sistemática violação dos direitos humanos, pelas tiranias

e ditaduras políticas, económicas ou culturais, pelo fanatismo, pela pura ignorância,

indiferença ou muito simplesmente pela estupidez humana – não é fruto de um destino

incontornável, mas sim o resultado das escolhas dos homens. A filosofia e a ética podem

e devem contribuir para iluminar essas escolhas, fornecendo argumentos capazes de as

transformar em escolhas melhores, isto é, escolhas que permitam aliviar imparcialmente

o sofrimento evitável promovendo um acréscimo significativo do bem-estar.


Pobreza Global e Direitos Humanos

Quando falamos de pobreza global estamos a falar, principalmente, de pobreza

absoluta, no entanto também existe a pobreza relativa.

A pobreza relativa é quando o rendimento anual das pessoas é inferior a 60% do

rendimento médio nacional. Como é óbvio não podemos dar um valor firme porque o

rendimento médio nacional varia de país para país, uma pessoa que viva no Luxemburgo

e que esteja abaixo dos 60%, em Portugal, muito provavelmente estaria bem acima do

valor que equivalem esses mesmos 60%. As pessoas que se encontram têm que lutar para

conseguirem ter uma vida normal e para participar nas atividades económicas, sociais e

culturais. Embora não tão extrema quanto a pobreza absoluta, a pobreza relativa é ainda

bastante preocupante e prejudicial.

E em que consiste a pobreza absoluta? A pobreza absoluta é quando as pessoas

não veem satisfeitas as suas necessidades básicas à sua sobrevivência, ou seja, é quando

as pessoas passam fome, não têm acesso a água potável, habitação condigna,

medicamentos e têm de lutar pela própria sobrevivência. Infelizmente esta é uma

realidade para quase metade da população mundial. É uma situação mais comum em

países que ainda estão em desenvolvimento, mas este problema também afeta pessoas da

União Europeia, temos como prova os sem-abrigo e mesmo Comunidades Ciganas, que

continuam a viver numa situação de pobreza extrema. Quantificando este problema pode-

se afirmar que pessoas que tentam subsistir com menos de um ou dois euros por dia

encontram-se numa situação de pobreza absoluta.

Além de ser a principal causa de sofrimento humano está na origem de muitas

mortes prematuras, que podiam ser evitadas. Teremos alguma responsabilidade moral

indireta por estas mortes? Teremos a obrigação ética de ajudar quem vive na pobreza

extrema? Devemos impedir alguma pobreza se pudermos fazê-lo?


A posição que defendemos é que temos a obrigação ética de ajudar os mais pobres, se

pudermos evitar alguma pobreza, devemos fazê-lo.

Como podemos combater a pobreza absoluta? Quais as estratégias que podemos

utilizar?1

Benevolência

Uma das estratégias que podemos utilizar para o combate à pobreza absoluta é a

benevolência, defendida pelo utilitarista Peter Singer, esta estratégia em termos religiosos

seria a caridade, mas em termos laicos é a benevolência dos mais ricos. A benevolência

é algo voluntário, algo que fazemos se quisermos, não necessitamos de direito, ou seja,

não há nenhuma lei que nos obrigue a ser benevolentes, é uma questão de moral. Vejamos

o seguinte exemplo de Peter Singer, que nos remete para um senário imaginário. Um

estudante universitário que está caminho para uma aula e no decorrer do seu percurso

avista um pequeno lago, onde dentro desse estava uma criança a afogar-se. O estudante

ao ver a criança em perigo de vida pensa de imediato em socorre-la, por outro lado, se o

estudante fosse socorrer a criança iria chegar atrasado à aula que lhe era essencial para a

preparação para o exame, e para não dizer que iria sujar os sapatos que tanto trabalhou

para comprar.

Então surge a questão, a vida daquela criança valerá o esforço, tempo perdido, e

todos outros meios que o estudante teria que sacrificar?

A resposta é óbvia, o estudante saltar para o lago e socorrer a criança seria a

escolha a ser feita, não importa a aula, o calçado nem nada pois estamos a falar de uma

vida, o rapaz não sacrificaria nada de essencial para salvar a vida da criança. Penso que

todas as pessoas iriam atuar da mesma maneira que o estudante, no entanto, fugindo do

1
Informação obtida na aula do dia 3 de fevereiro de 2017
caso imaginário e voltando à realidade, não é toda a gente que irá parar, estragar os

sapatos, e salvar a criança. Isto porque as pessoas não doam o valor do par de sapatos que

estavam ao ponto de estragar para salvar a criança (Singer, 2010). No entanto, penso que

as pessoas na vida real não são tão participativas no combate à pobreza porque não se

deparam com ela no dia-a-dia. Porque toda a gente conhece a pobreza absoluta, mas nem

toda a gente viu o que é a pobreza absoluta, e esse é um dos motivos que leva com que as

pessoas não ajudem. Isto porque, principalmente na Europa e nos países desenvolvidos,

as pessoas que fazem parte da sociedade visses com os seus próprios olhos e tivessem um

confronto diário com casos de pobreza absoluta não ficariam relutantes e tentariam, de

alguma maneira, ajudar as pessoas a sair dessa situação.

A mensagem que nos tenta transmitir Peter Singer, é que podemos ajudar sem

sacrificar nada de relevante da nossa vida. Ele diz que está ao nosso alcance acabar com

a pobreza e com o sofrimento que esta traz consigo e que, se ficarmos omissos a esta

realidade, estamos a ter um comportamento imoral. Isto porque quase metade da

população mundial luta diariamente para sobreviver com menos do que nós pagamos por

uma garrafa de água, que no final nem necessitamos porque temos água canalizada. Se a

pessoa mais rica do mundo doasse metade da sua fortuna, a pobreza absoluta deixaria de

ser um problema, no entanto apenas uma pessoa estaria a ajudar, mas se todas as pessoas

trabalhadoras doassem 1% do seu ordenado mensal para ajudar a acabar com a pobreza

absoluta esta estaria, no mínimo, reduzida a metade, porque se formos quantificar o valor

dos ordenados mínimos em certos países o 1% seria, em Portugal cerca de 5€, em

Espanha 8€, em França 15€ no Luxemburgo 19€, ou seja, se todos ajudassem a combater

este problema, mais tarde, deixaria de existir um problema. Ao transferirmos de quem

tem mais para quem tem menos fazemos a diferença com a mesma quantidade.2

2
Informação obtida na aula do dia 3 de fevereiro de 2017
“Escrevo este livro com dois objetivos ligados, mas

significativamente diferentes. O primeiro é desafiar o leitor a pensar

acerca das nossas obrigações perante as pessoas que não conseguem

sair da pobreza extrema. […] O segundo […] é convencê-lo a fazer a

escolha de dar mais do seu rendimento para ajudar os

pobres.” (Singer 2009:12)

No entanto, como a benevolência é algo voluntário, somos benevolentes se

quisermos e não há necessidade de nenhum direito, não é errado não o fazermos e não

devemos ser recriminados por tal opção por, afinal, ajudar é um ato espontâneo. Podemos

sempre alegar que os bens resultantes do nosso esforço e do nosso trabalho são para nosso

beneficio e que, ao partilhá-los, estaremos a abdicar de algo que conquistamos com o

nosso suor e tempo e que, futuramente, nos poderá fazer falta. No entanto, diz Peter

Singer, podemos ajudar sem sacrificar nada de relevante da nossa vida, e assim sendo não

teríamos de abdicar de algo que conquistamos e que nos faria falta, pois esse algo seria

não mais nem menos que nada de relevante da nossa vida. Algumas pessoas alegam que,

o facto de não ajudarem se deve ao desvio de dinheiro doado a instituições, e que algumas

delas não são fiáveis. Em Portugal, por todo país, existem contentores que têm como

objetivo enviar roupas par países mais pobres, no entanto essa roupa que é oferecida

posteriormente é vendida como artigos de segunda mão nos mercados africanos. Peter

Singer diz que, para que não sejamos enganados basta perdermos um pouco do nosso

tempo a pesquisar na internet que iremos encontrar alguma agência que irá levar as nossas

doações ao sitio certo.3

Contrariamente à posição de posição de Peter Singer há quem pense que não

devemos ajudar porque a ajuda que vamos prover pode trazer consequências negativas,

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Informação obtida na aula do dia 3 de fevereiro de 2017
nomeadamente Garrett Hardin, um ecologista que defendia que não deveríamos ajudar os

mais pobres porque isso contribui para a irresponsabilidade dos governantes dependendo

cada vez mais das organizações de solidariedade e até ao aumento desenfreado da

população, o que levaria a uma superpopulação, à insuficiência de recursos o que causará

ainda mais pobreza. Mas será que todos na terra têm um direito igual a uma parte igual

dos seus recursos? (Hardin, 1968).

Imaginemos que o mundo era dividido em duas partes, uma parte eram os países

ricos e a outra parte eram os países pobres. Os países pobres são em maior numero

comparando com os países ricos. Em termos metafóricos cada nação rica pode ser

equiparada a um barco cheio de pessoas ricas e no oceano onde navega esse barco

encontram-se as pessoas pobres numa luta constante pela sobrevivência que seriam salvos

por uma eventual entrada em qualquer um dos botes. Que deveriam fazer as pessoas dos

botes?

Temos de ter a noção que os botes têm uma capacidade limite e digamos que essa

capacidade é de sessenta pessoas e que nos botes há cerca de cinquenta pessoas em cada

um dos botes, o que levaria a que houvesse lugar para mais dez pessoas em cada bote. No

entanto, em volta dos botes encontram-se mais cem pessoas, suplicando por um lugar no

bote, pedindo ajuda. Aqui podemos sentir-nos tentados a ajudar e seguir as ideias de Marx

“a cada um de acordo com as suas necessidades” e dado que as necessidades de todos os

que estão fora do barco são iguais podemos recolhê-los a todos para o bote, sobrelotando

o mesmo. O barco afundar-se-ia, justiça total seria igual à desgraça total. Então, tendo em

conta a capacidade total do barco, poderíamos permitir a entrada de mais dez pessoas por

cada barco, mas qual seria o critério de seleção? Recolheríamos os dez mais capazes, os

dez mais necessitados ou os dez que “chegaram primeiro”? E o que iríamos dizer aqueles

que ficaram de fora?


Imagine-se que a decisão tomada era de não deixar entrar ninguém por motivo de

segurança dos que já se encontram dentro do barco, assim a sobrevivência seria quase

garantida. Sendo esta a única solução que nos iria permitir sobreviver é moralmente

repugnante. No entanto mostra como o ser humano pode ser cruel e desumano, porque se

alguma pessoa no barco se sentisse culpada por não minimizar os danos causados pelo

acontecimento ao seu redor poderia simplesmente ceder o seu lugar no barco, eliminando

essa culpa, mas se o fizesse iria contra o principio que é a benevolência, porque estaria a

sacrificar mais algo relevante e que iria fazer diferença na sua vida. Para além disso, a

pessoa que iria ocupar o lugar cedido por outra no barco não se iria sentir da mesma

maneira? Se sim, também se iria jogar borda fora, caso contrário iria mostrar que não se

importa com a situação dos outros e que só olha ao seu próprio bem-estar. Este

acontecimento iria-se repetir até que nenhuma “consciência pesada” restasse nos barcos.4

Este exemplo pode ser aplicado na vida real, basta olharmos para as diferenças

reprodutivas entre as nações ricas e as nações pobres. As pessoas nos países

desenvolvidos duplicam em número a cada oitenta anos e nos países pobres, em média, a

cada trinta e cinco anos, ou seja, mais do dobro. Com os recursos a ficarem cada vez mais

escassos, as diferenças entre pobres e ricos só pode aumentar, assim, qual o motivo dos

ricos para ajudar os pobres?

Se tivermos em conta as necessidades reais das pessoas e se o nosso contributo se

dirigir à educação, à luta contra a mortalidade infantil ou na criação de melhores

infraestruturas a longo médio prazo as pessoas iriam-se tornar mais independentes,

estabilizando e tornando-se progressivamente autossuficientes, dependendo cada vez

menos de ajudas exteriores.

4
Hardin, G., Lifeboat Ethics: the Case Against Helping the Poor, texto disponível em
http://rintintin.colorado.edu/~vancecd/phil1100/Hardin.pdf (05.02.2017)
Estratégia Deontológica

Uma outra estratégia que podemos utilizar para no combate à pobreza absoluta, a

de Thomas Pogge, a estratégia deontológica.

Segundo o autor, a pobreza existe porque há um sistema global que permite a

exploração de recurso em países onde há pobreza absoluta. Os estados podem explorar os

seus minérios e ter muita riqueza, mas as pessoas do país, que trabalham sob condições

miseráveis e fazem mais horas do que as pessoas de países mais desenvolvidos, são

extremamente pobres.5 Vejamos um caso que envolve o comércio de diamantes, os

chamados “diamantes de conflito”. Este nome surge devido aos diamantes que surgiram

de áreas controladas por grupos que se opunham aos governos. As pedras preciosas eram

utilizadas para financiar ações militares contra esses governos ou em qualquer ação

condenada pelo Conselho de Segurança da ONU.

Tudo isto surgiu por volta de 1990 durante a guerra civil na Serra Leoa. Os

diamantes eram utilizados para financiamento de grupos rebeldes, isto despertou a

atenção global não só pela relação dos diamantes com os conflitos, mas também pelas

condições desumanas existentes em todo o processo. da exploração à exportação. Nos

anos que se seguiram viu-se que os diamantes também financiaram outros conflitos em

países africanos, nomeadamente, Angola, República Democrática do Congo, Libéria,

Costa do Marfim e República do Congo. Com o objetivo de impedir que os diamantes

vendidos na América e Europa financiassem grupos rebeldes foi iniciado o Processo

Kimberley (KP). Em maio de 2000, na África do Sul, países e organizações internacionais

juntaram-se na cidade de Kimberley para regulamentações rígidas ao comércio de

diamantes. Atualmente, 81 países participam do KP – o correspondente à 99,8% da

produção mundial da pedra (Venezuela e Iraque recusam-se a aderir ao acordo). Os países

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Informação obtida na aula do dia 3 de fevereiro de 2017
assinantes têm de comprovar que os diamantes cumprem as exigências do KP para

poderem ser aceites no mercado internacional de pedras preciosas. Mas é aqui que está o

problema do KP, não há qualquer referência aos direitos humanos, às condições de

trabalho, salários, segurança dos trabalhadores, ou mesmo a utilização dos diamantes para

financiar governos autoritários. Em vez de regular o comércio de diamantes garantido

todos os devidos direitos aos trabalhadores, o KP legitima a exploração de quem trabalha

e o uso de diamantes para financiar governos ditatoriais, corruptos e violentos. O não

cumprimento das leis trabalhistas ajuda a manter o valor da pedra preciosa a um nível que

é interessante para os compradores internacionais e, claro, para os produtores. Os únicos

que estão interessados em mudar a situação provocada pelo KP são os mineradores e

ONGs de direitos humanos, ao mesmo tempo são os que possuem menos poder para

renegociar novos termos.6

Thomas Pogge considera que ajudar não é suficiente, não podemos olhar para a

pobreza de forma a ver uma coisa que simplesmente está aí, que acontece. Fala-nos da

questão dos empréstimos internacionais, onde qualquer estado/governo pode fazer

empréstimos, quer sejam estes corruptos ou não, que são patrocinados pelas entidades

mesmo que estas saibam que o dinheiro não será bem aplicado, isto porque mais tarde o

dinheiro terá de ser devolvido, mesmo que as pessoas que o contraíram não se encontrem

no poder. Pogge é especialmente critico sobre este assunto, isto porque estes empréstimos

permitem que lideres políticos ilegítimos vendam recursos naturais e peçam dinheiro

emprestado em nome do seu país e do seu povo. Para o autor, esses privilégios de recursos

e empréstimos que a sociedade internacional patrocina a governantes opressivos de

estados empobrecidos desemprenham um papel causal e crucial no aumento da pobreza

absoluta. Toda esta situação persiste não é por mero acidente, mas sim porque existe um

6
Alt, V., A falácia da certificação dos Diamantes de Sangue, texto disponível em http://politike.cartacapital.com.br/a-
falacia-da-certificacao-dos-diamantes-de-sangue/ (06.02.2017)
interesse dos mais ricos. O privilégio de recursos, que consiste no poder de transferir a

propriedade ou dispor livremente dos recursos naturais de um país pela autoridade que os

países dão à liderança atual ou governo daquele país. Este privilegio existe

independentemente de como os governantes chegaram ao poder, embora o suborno seja

ilegal, a compra desses recursos mediante o pagamento ao atual governo no controle é

legal (Pogge, 2002). É desta maneira, com os empréstimos externos e ajuda militar, que

lideres corruptos conseguem prevalecer no poder, mesmo que o povo não esteja do lado

deles, o que trás ainda mais desvantagens e desigualdades, pois cria a incapacidade de

atingir uma democracia e impede o crescimento económico, fazendo com que exponencie

a pobreza. É muito mais lucrativo atender aos interesses de governos e empresas

estrangeiros do que aos da população empobrecida "the better off enjoy significant

advantages in the use of a single natural resource base from whose benefits the worse-

off are largely, and without compensation, excluded" (Pogge, 2002: 202).

Este problema não existe apenas aqui, na industria dos medicamentos também se

passa algo semelhante, os mais ricos têm “a faca e o queijo na mão”. Eles têm todo um

comércio de medicamentos do qual controlam como querem e de acordo com os

interesses privados. Falamos de medicamentos que ajudam na sobrevivência das pessoas,

algo que nos ajuda a manter vivos. E é exatamente por isto que têm a faca e o queijo,

porque as pessoas não podem simplesmente parar de comprar medicamentos, porque se

o fizerem acabarão por morrer. Ou seja, esta industria é explorada de uma maneira que

olha apenas aos interesses particulares, porque a necessidade da população a estes

produtos é tão grande que faz com que ele valha aquilo que os mais ricos quiserem, pois

esta industria é, segundo o autor, influenciada pelos países mais ricos. Podemos dizer que

valem vidas para uns e dinheiro para outros.7

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Informação obtida na aula do dia 3 de fevereiro de 2017
Então o que devemos fazer?

Segundo Pogge, ajudar não basta, temos de ir diretos às causas do problema,

averigua-las e tentar resolve-las.

O autor diz que não devemos causar dano aos mais pobres, e para que isso

aconteça teríamos de mudar as regras do sistema internacional. Devemos tentar criar um

sistema internacional que não cause dano. O auto afirma que não podemos apenas confiar

na Benevolência, mas sim ir as causas. Enquanto indivíduos devemos pressionar os

estados para que estes hajam nesse sentido.

Na minha perspetiva esta é a situação de fundo, a situação sempre presente no

nosso planeta. Uma situação que não é a capa dos jornais. Ontem morreram pessoas de

subnutrição e doenças associadas e outras vão morrer amanhã. As secas, os ciclones, os

terramotos e as cheias ocasionais que ceifam a vida de dezenas de milhares de pessoas

num determinado lugar e de uma só vez são mais suscetíveis de ser notícia. Aumentam

muito a quantidade total de sofrimento humano; mas é um erro presumir que, quando não

se noticiam grandes calamidades, tudo vai bem.

Não há dúvida de que esta existe a pobreza absoluta, mas também há a riqueza

absoluta. Os que vivem na riqueza absoluta não são necessariamente ricos em comparação

com os seus vizinhos, mas são ricos à luz de qualquer definição razoável de necessidades

humanas.
Bibliografia

Alt, V. (s.d.). A falácia da certificação dos Diamantes de Sangue. Obtido em 06 de 02 de

2017, de Politike: http://politike.cartacapital.com.br/a-falacia-da-certificacao-

dos-diamantes-de-sangue/

Hardin, G. (1968). Tragédia dos comuns. Science.

Hardin, G. (s.d.). Lifeboat Ethics: the Case Against Helping the Poor. Obtido em 05 de

02 de 2017, de http://rintintin.colorado.edu/~vancecd/phil1100/Hardin.pdf

Pogge, T. (2002). Human Rights of Human and World Povetry . Cambridge: Polity Press.

Singer, P. (2009). A Vida Que Podemos Salvar. Nova York: Random House.

Singer, P. (2010). Quanto Custa Salvar Uma Vida? Amsterdão: ELSEVIER EDITORA.

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