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Ano 2016/2017
Introdução
do Direito Internacional dos Direitos Humanos, lecionada pelo docente João Manuel
abordados são do meu interesse, pois acredito que o mundo seria muito melhor se
houvesse mais e não menos reflexão filosófica, e porque penso que todo o sofrimento
evitável do mundo – provocado pelo terrorismo, pela fome, pela falta de educação ou de
cuidados básicos de saúde, pela sistemática violação dos direitos humanos, pelas tiranias
incontornável, mas sim o resultado das escolhas dos homens. A filosofia e a ética podem
rendimento médio nacional. Como é óbvio não podemos dar um valor firme porque o
rendimento médio nacional varia de país para país, uma pessoa que viva no Luxemburgo
e que esteja abaixo dos 60%, em Portugal, muito provavelmente estaria bem acima do
valor que equivalem esses mesmos 60%. As pessoas que se encontram têm que lutar para
conseguirem ter uma vida normal e para participar nas atividades económicas, sociais e
culturais. Embora não tão extrema quanto a pobreza absoluta, a pobreza relativa é ainda
não veem satisfeitas as suas necessidades básicas à sua sobrevivência, ou seja, é quando
as pessoas passam fome, não têm acesso a água potável, habitação condigna,
realidade para quase metade da população mundial. É uma situação mais comum em
países que ainda estão em desenvolvimento, mas este problema também afeta pessoas da
União Europeia, temos como prova os sem-abrigo e mesmo Comunidades Ciganas, que
continuam a viver numa situação de pobreza extrema. Quantificando este problema pode-
se afirmar que pessoas que tentam subsistir com menos de um ou dois euros por dia
mortes prematuras, que podiam ser evitadas. Teremos alguma responsabilidade moral
indireta por estas mortes? Teremos a obrigação ética de ajudar quem vive na pobreza
utilizar?1
Benevolência
Uma das estratégias que podemos utilizar para o combate à pobreza absoluta é a
benevolência, defendida pelo utilitarista Peter Singer, esta estratégia em termos religiosos
seria a caridade, mas em termos laicos é a benevolência dos mais ricos. A benevolência
é algo voluntário, algo que fazemos se quisermos, não necessitamos de direito, ou seja,
não há nenhuma lei que nos obrigue a ser benevolentes, é uma questão de moral. Vejamos
o seguinte exemplo de Peter Singer, que nos remete para um senário imaginário. Um
estudante universitário que está caminho para uma aula e no decorrer do seu percurso
avista um pequeno lago, onde dentro desse estava uma criança a afogar-se. O estudante
ao ver a criança em perigo de vida pensa de imediato em socorre-la, por outro lado, se o
estudante fosse socorrer a criança iria chegar atrasado à aula que lhe era essencial para a
preparação para o exame, e para não dizer que iria sujar os sapatos que tanto trabalhou
para comprar.
Então surge a questão, a vida daquela criança valerá o esforço, tempo perdido, e
escolha a ser feita, não importa a aula, o calçado nem nada pois estamos a falar de uma
vida, o rapaz não sacrificaria nada de essencial para salvar a vida da criança. Penso que
todas as pessoas iriam atuar da mesma maneira que o estudante, no entanto, fugindo do
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Informação obtida na aula do dia 3 de fevereiro de 2017
caso imaginário e voltando à realidade, não é toda a gente que irá parar, estragar os
sapatos, e salvar a criança. Isto porque as pessoas não doam o valor do par de sapatos que
estavam ao ponto de estragar para salvar a criança (Singer, 2010). No entanto, penso que
as pessoas na vida real não são tão participativas no combate à pobreza porque não se
deparam com ela no dia-a-dia. Porque toda a gente conhece a pobreza absoluta, mas nem
toda a gente viu o que é a pobreza absoluta, e esse é um dos motivos que leva com que as
pessoas não ajudem. Isto porque, principalmente na Europa e nos países desenvolvidos,
as pessoas que fazem parte da sociedade visses com os seus próprios olhos e tivessem um
confronto diário com casos de pobreza absoluta não ficariam relutantes e tentariam, de
A mensagem que nos tenta transmitir Peter Singer, é que podemos ajudar sem
sacrificar nada de relevante da nossa vida. Ele diz que está ao nosso alcance acabar com
a pobreza e com o sofrimento que esta traz consigo e que, se ficarmos omissos a esta
população mundial luta diariamente para sobreviver com menos do que nós pagamos por
uma garrafa de água, que no final nem necessitamos porque temos água canalizada. Se a
pessoa mais rica do mundo doasse metade da sua fortuna, a pobreza absoluta deixaria de
ser um problema, no entanto apenas uma pessoa estaria a ajudar, mas se todas as pessoas
trabalhadoras doassem 1% do seu ordenado mensal para ajudar a acabar com a pobreza
absoluta esta estaria, no mínimo, reduzida a metade, porque se formos quantificar o valor
Espanha 8€, em França 15€ no Luxemburgo 19€, ou seja, se todos ajudassem a combater
tem mais para quem tem menos fazemos a diferença com a mesma quantidade.2
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Informação obtida na aula do dia 3 de fevereiro de 2017
“Escrevo este livro com dois objetivos ligados, mas
quisermos e não há necessidade de nenhum direito, não é errado não o fazermos e não
devemos ser recriminados por tal opção por, afinal, ajudar é um ato espontâneo. Podemos
sempre alegar que os bens resultantes do nosso esforço e do nosso trabalho são para nosso
nosso suor e tempo e que, futuramente, nos poderá fazer falta. No entanto, diz Peter
Singer, podemos ajudar sem sacrificar nada de relevante da nossa vida, e assim sendo não
teríamos de abdicar de algo que conquistamos e que nos faria falta, pois esse algo seria
não mais nem menos que nada de relevante da nossa vida. Algumas pessoas alegam que,
o facto de não ajudarem se deve ao desvio de dinheiro doado a instituições, e que algumas
delas não são fiáveis. Em Portugal, por todo país, existem contentores que têm como
objetivo enviar roupas par países mais pobres, no entanto essa roupa que é oferecida
posteriormente é vendida como artigos de segunda mão nos mercados africanos. Peter
Singer diz que, para que não sejamos enganados basta perdermos um pouco do nosso
tempo a pesquisar na internet que iremos encontrar alguma agência que irá levar as nossas
devemos ajudar porque a ajuda que vamos prover pode trazer consequências negativas,
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Informação obtida na aula do dia 3 de fevereiro de 2017
nomeadamente Garrett Hardin, um ecologista que defendia que não deveríamos ajudar os
mais pobres porque isso contribui para a irresponsabilidade dos governantes dependendo
ainda mais pobreza. Mas será que todos na terra têm um direito igual a uma parte igual
Imaginemos que o mundo era dividido em duas partes, uma parte eram os países
ricos e a outra parte eram os países pobres. Os países pobres são em maior numero
comparando com os países ricos. Em termos metafóricos cada nação rica pode ser
equiparada a um barco cheio de pessoas ricas e no oceano onde navega esse barco
encontram-se as pessoas pobres numa luta constante pela sobrevivência que seriam salvos
por uma eventual entrada em qualquer um dos botes. Que deveriam fazer as pessoas dos
botes?
Temos de ter a noção que os botes têm uma capacidade limite e digamos que essa
capacidade é de sessenta pessoas e que nos botes há cerca de cinquenta pessoas em cada
um dos botes, o que levaria a que houvesse lugar para mais dez pessoas em cada bote. No
entanto, em volta dos botes encontram-se mais cem pessoas, suplicando por um lugar no
bote, pedindo ajuda. Aqui podemos sentir-nos tentados a ajudar e seguir as ideias de Marx
que estão fora do barco são iguais podemos recolhê-los a todos para o bote, sobrelotando
o mesmo. O barco afundar-se-ia, justiça total seria igual à desgraça total. Então, tendo em
conta a capacidade total do barco, poderíamos permitir a entrada de mais dez pessoas por
cada barco, mas qual seria o critério de seleção? Recolheríamos os dez mais capazes, os
dez mais necessitados ou os dez que “chegaram primeiro”? E o que iríamos dizer aqueles
segurança dos que já se encontram dentro do barco, assim a sobrevivência seria quase
garantida. Sendo esta a única solução que nos iria permitir sobreviver é moralmente
repugnante. No entanto mostra como o ser humano pode ser cruel e desumano, porque se
alguma pessoa no barco se sentisse culpada por não minimizar os danos causados pelo
acontecimento ao seu redor poderia simplesmente ceder o seu lugar no barco, eliminando
essa culpa, mas se o fizesse iria contra o principio que é a benevolência, porque estaria a
sacrificar mais algo relevante e que iria fazer diferença na sua vida. Para além disso, a
pessoa que iria ocupar o lugar cedido por outra no barco não se iria sentir da mesma
maneira? Se sim, também se iria jogar borda fora, caso contrário iria mostrar que não se
importa com a situação dos outros e que só olha ao seu próprio bem-estar. Este
acontecimento iria-se repetir até que nenhuma “consciência pesada” restasse nos barcos.4
Este exemplo pode ser aplicado na vida real, basta olharmos para as diferenças
desenvolvidos duplicam em número a cada oitenta anos e nos países pobres, em média, a
cada trinta e cinco anos, ou seja, mais do dobro. Com os recursos a ficarem cada vez mais
escassos, as diferenças entre pobres e ricos só pode aumentar, assim, qual o motivo dos
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Hardin, G., Lifeboat Ethics: the Case Against Helping the Poor, texto disponível em
http://rintintin.colorado.edu/~vancecd/phil1100/Hardin.pdf (05.02.2017)
Estratégia Deontológica
Uma outra estratégia que podemos utilizar para no combate à pobreza absoluta, a
seus minérios e ter muita riqueza, mas as pessoas do país, que trabalham sob condições
miseráveis e fazem mais horas do que as pessoas de países mais desenvolvidos, são
chamados “diamantes de conflito”. Este nome surge devido aos diamantes que surgiram
de áreas controladas por grupos que se opunham aos governos. As pedras preciosas eram
utilizadas para financiar ações militares contra esses governos ou em qualquer ação
Tudo isto surgiu por volta de 1990 durante a guerra civil na Serra Leoa. Os
atenção global não só pela relação dos diamantes com os conflitos, mas também pelas
anos que se seguiram viu-se que os diamantes também financiaram outros conflitos em
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Informação obtida na aula do dia 3 de fevereiro de 2017
assinantes têm de comprovar que os diamantes cumprem as exigências do KP para
poderem ser aceites no mercado internacional de pedras preciosas. Mas é aqui que está o
trabalho, salários, segurança dos trabalhadores, ou mesmo a utilização dos diamantes para
cumprimento das leis trabalhistas ajuda a manter o valor da pedra preciosa a um nível que
ONGs de direitos humanos, ao mesmo tempo são os que possuem menos poder para
Thomas Pogge considera que ajudar não é suficiente, não podemos olhar para a
pobreza de forma a ver uma coisa que simplesmente está aí, que acontece. Fala-nos da
empréstimos, quer sejam estes corruptos ou não, que são patrocinados pelas entidades
mesmo que estas saibam que o dinheiro não será bem aplicado, isto porque mais tarde o
dinheiro terá de ser devolvido, mesmo que as pessoas que o contraíram não se encontrem
no poder. Pogge é especialmente critico sobre este assunto, isto porque estes empréstimos
permitem que lideres políticos ilegítimos vendam recursos naturais e peçam dinheiro
emprestado em nome do seu país e do seu povo. Para o autor, esses privilégios de recursos
absoluta. Toda esta situação persiste não é por mero acidente, mas sim porque existe um
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Alt, V., A falácia da certificação dos Diamantes de Sangue, texto disponível em http://politike.cartacapital.com.br/a-
falacia-da-certificacao-dos-diamantes-de-sangue/ (06.02.2017)
interesse dos mais ricos. O privilégio de recursos, que consiste no poder de transferir a
propriedade ou dispor livremente dos recursos naturais de um país pela autoridade que os
países dão à liderança atual ou governo daquele país. Este privilegio existe
legal (Pogge, 2002). É desta maneira, com os empréstimos externos e ajuda militar, que
lideres corruptos conseguem prevalecer no poder, mesmo que o povo não esteja do lado
deles, o que trás ainda mais desvantagens e desigualdades, pois cria a incapacidade de
atingir uma democracia e impede o crescimento económico, fazendo com que exponencie
estrangeiros do que aos da população empobrecida "the better off enjoy significant
advantages in the use of a single natural resource base from whose benefits the worse-
off are largely, and without compensation, excluded" (Pogge, 2002: 202).
Este problema não existe apenas aqui, na industria dos medicamentos também se
passa algo semelhante, os mais ricos têm “a faca e o queijo na mão”. Eles têm todo um
algo que nos ajuda a manter vivos. E é exatamente por isto que têm a faca e o queijo,
o fizerem acabarão por morrer. Ou seja, esta industria é explorada de uma maneira que
produtos é tão grande que faz com que ele valha aquilo que os mais ricos quiserem, pois
esta industria é, segundo o autor, influenciada pelos países mais ricos. Podemos dizer que
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Informação obtida na aula do dia 3 de fevereiro de 2017
Então o que devemos fazer?
O autor diz que não devemos causar dano aos mais pobres, e para que isso
sistema internacional que não cause dano. O auto afirma que não podemos apenas confiar
nosso planeta. Uma situação que não é a capa dos jornais. Ontem morreram pessoas de
num determinado lugar e de uma só vez são mais suscetíveis de ser notícia. Aumentam
muito a quantidade total de sofrimento humano; mas é um erro presumir que, quando não
Não há dúvida de que esta existe a pobreza absoluta, mas também há a riqueza
absoluta. Os que vivem na riqueza absoluta não são necessariamente ricos em comparação
com os seus vizinhos, mas são ricos à luz de qualquer definição razoável de necessidades
humanas.
Bibliografia
dos-diamantes-de-sangue/
Hardin, G. (s.d.). Lifeboat Ethics: the Case Against Helping the Poor. Obtido em 05 de
02 de 2017, de http://rintintin.colorado.edu/~vancecd/phil1100/Hardin.pdf
Pogge, T. (2002). Human Rights of Human and World Povetry . Cambridge: Polity Press.
Singer, P. (2009). A Vida Que Podemos Salvar. Nova York: Random House.
Singer, P. (2010). Quanto Custa Salvar Uma Vida? Amsterdão: ELSEVIER EDITORA.