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Você acredita que o mundo está piorando ou

melhorando? Faça o teste


Eis alguns fatos (e uma sugestão) para elevar seu espírito

economia
Jeffrey Tucker
segunda-feira, 23 abr 2018

Tenha o leitor a bondade de testar seu conhecimento sobre o mundo atual com as seguintes
questões de múltipla escolha:
1. Nos últimos 20 anos, a proporção da população mundial vivendo na pobreza extrema:
a) praticamente dobrou
b) permaneceu a mesma
c) caiu pela metade
2. Quantas pessoas ao redor do mundo têm algum acesso à eletricidade?
a) menos de 20%
b) aproximadamente 50%
c) mais de 80%
3. Em 1820, aproximadamente 95% da população mundial vivia na pobreza, com uma estimativa de
que 85% viviam na pobreza "abjeta". Em 2015, qual porcentagem da população mundial continuou
a viver na pobreza extrema?
a) Os mesmos 85%
b) 40%
c) menos de 10%
4. De 1950 até hoje, aqueles países que se abriram para a globalização apresentaram qual dos
seguintes desempenhos?
a) crescimento econômico médio anual de 1,5 ponto percentual superior ao daqueles outros países
que não o fizeram
b) ficaram na mesma
c) empobreceram em relação aos mais fechados
5. Economistas encontraram uma forte correlação entre pobreza extrema e intensidade da abertura
à globalização de um país. Qual você acha que é essa correlação?
a) mais abertura comercial, menos pobreza extrema
b) mais abertura comercial, mais pobreza extrema
c) mais abertura comercial, variação nula da pobreza extrema
6. As taxas de mortalidade infantil estavam em 6,5% (65 mortes a cada 1.000 partos) em 1990. Em
2016, este percentual foi de:
a) 6,5%
b) 5%
c) 3,05%
7. De todas as crianças com um ano de idade ao redor do mundo, quantas já foram vacinadas contra
alguma doença?
a) 20%
b) 50%
c) 80%
8. Ao redor do mundo, homens de 30 anos de idade passaram 10 anos na escola, em média. Quantos
anos as mulheres da mesma idade passaram na escola?
a) 9 anos
b) 6 anos
c) 3 anos
9. Em 1996, tigres, pandas gigantes e rinocerontes negros eram listados como espécies em extinção.
Quantas dessas espécies estão em perigo hoje?
a) duas delas
b) uma delas
c) nenhuma delas
10. Atualmente, qual a taxa de redução da pobreza extrema?
a) não há redução, a pobreza extrema está aumentando
b) a pobreza extrema segue, na média, inalterada
c) uma pessoa sai da pobreza extrema a cada segundo
Eis as respostas:
1) c; 2) c; 3) c; 4) a; 5) a; 6) c; 7) c; 8) a; 9) c; 10) c
Surpreso? Se não está, então você pertence a uma ínfima parcela da população mundial que está
atipicamente bem informada.
Um livro para levantar seu ânimo
Hans Rosling foi um médico sueco que se tornou uma "celebridade da estatística". Ele ficou famoso
por sua mensagem endereçada ao mundo sobre o crescimento populacional: "Não há motivo para
pânico". Neste vídeo, ele mostra que todos os países estão em uma tendência de maior expectativa
de vida e maior padrão de vida (o exato contrário do que havia previsto Malthus).
Por que cito Rosling? Estou lendo seu livro — publicado postumamente (infelizmente, Rosling faleceu
em 2017) — intitulado Factfulness: Ten Reasons We're Wrong About the World (Fatos Plenos: 10
motivos por que estamos errados sobre o mundo), o qual, para minha grata surpresa, já se tornou
um bestseller na Amazon. As questões acima foram baseadas neste livro.
Se você quiser dar um tempo na enxurrada de notícias — veiculadas pela grande mídia — sobre como
o mundo está na iminência do colapso, não há recomendação mais alvissareira do que este livro
repleto de fatos e, acima de tudo, extremamente divertido.
Aliás, vou ainda mais adiante: sugiro este livro como ponto de partida para qualquer tipo de
discussão sobre economia, política e o estado geral do mundo.
Todo o livro gira em torno da evolução do nosso padrão de vida. Seu objetivo é provar, por meio de
uma implacável série de fatos, que estamos vivendo mais, melhor, com mais saúde, mais riqueza e
em um ambiente mais limpo do que jamais vivemos em toda a história da humanidade — e o
aumento de todos estes fatores é tão impressionante, que deveríamos fazer uma pausa para
realmente meditar e, acima de tudo, se impressionar com essa façanha.
Considere apenas este ponto: a porcentagem da população mundial vivendo na pobreza extrema
caiu pela metade nos últimos 20 anos. Isso é uma notícia absolutamente eletrizante, para não dizer
fascinante. Mas você realmente sabia disso?
Ainda mais importante: você realmente entende o que isso implica para temas urgentes como
globalização, mercados e tecnologia?
E, ainda assim, não estamos realmente prestando atenção. Com efeito, a maioria das pessoas erra
as respostas de boa parte das questões apresentadas acima. Eu mesmo testei alguns conhecidos
antes de escrever este artigo. O melhor resultado foi uma pontuação de 40%. O pior resultado foi
uma pontuação de 20%. Essencialmente, não somos otimistas o bastante.
O livro mostra adicionalmente que doenças, mortes, acidentes aéreos, derramamentos de petróleo,
infecções por HIV e inanição estão apresentando quedas dramáticas. Colheitas, imunizações, acesso
a água limpa e potável, eletricidade, educação, acesso a telefones celulares, e novos filmes e músicas
estão aumentando. E substantivamente.
Por que tanto pessimismo?
O propósito do livro não é apenas revelar fatos sobre o mundo ao nosso redor e as tendências que
estão impulsionando essas mudanças. Rosling busca também explicar nossa relutância em aceitar —
e até mesmo em incorporar em nossa mente — boas notícias sobre o mundo.
Ele lista um número de pré-conceitos e vieses, os quais ele chama de instintos. Temos um instinto de
sermos atraídos pela negatividade, pelo medo e pela tendência de generalizar casos isolados.
Gostamos de atribuir culpas a pessoas, coisas e fenômenos, e estamos sempre em busca de
problemas que alimentam esse desejo. Pensamos apenas nas notícias ruins que acabamos de ler ou
ouvir, e dificilmente fazemos uma abordagem de longo prazo. Ainda segundo Rosling, a mídia gosta
de alimentar esse nosso desejo porque está em busca de audiência.
Tudo isso parece fazer sentido, mas há também uma explicação mais simples. Nossa mente é
moldada pela narrativa de nossas próprias vidas. Vivemos o hoje e pensamos no futuro, ao passo
que o passado é uma abstração que ou não vivemos ou já esquecemos.
Por exemplo, sabemos que, mil anos atrás, estaríamos todos vivendo em choupanas, dormindo sobre
palhas, ameaçados diariamente de violência por terceiros querendo a escassa comida que
conseguimos coletar, presos em nossa própria comunidade, morrendo jovens, sofrendo dores
alucinantes causadas por todos os tipos de doenças, incapazes de vivenciar qualquer coisa
semelhante a progresso — isso se conseguíssemos nos manter vivos.
Sabemos disso, dizemos isso, e até nos esforçamos para imaginar como seria isso, mas nunca
realmente vivenciamos isso. Tudo o que vivenciamos é a nossa atual prosperidade, a qual damos
como certa e garantida ao mesmo tempo em que nos queixamos dos vários problemas mundanos
que temos em nossas vidas. E são esses que realmente nos consomem. Mas ao menos há um ponto
positivo nessa nossa postura: ela torna a mente humana mais ambiciosa, o que nos impulsiona a
tentar construir um futuro mais do nosso agrado.
A motivação
E qual o objetivo de se adotar uma visão de mundo baseada mais em fatos e menos em impressões?
Rosling afirma que ela é essencial, pois assim conseguimos navegar melhor pela vida, da mesma
maneira como um GPS nos ajuda a navegar por uma cidade. Conhecer os fatos sobre a vida à nossa
volta nos traz mais conforto. Ficamos menos alarmados com as notícias. Ficamos menos propensos
a ser manipulados por discursos políticos terroristas e por promessas políticas demagógicas. Ficamos
mais aptos a enxergar através da neblina, nos tornando mais calmos, racionais e perceptivos.
Acima de tudo, perceber todo o progresso que nos foi concedido pela livre iniciativa, pelos mercados,
pelo comércio e pela cooperação humana nos deixa mais céticos quanto a promessas grandiosas de
que o progresso será implantado via coerção estatal e planejamento centralizado.
Se você observar com cuidado as fabulosas tendências e invenções de nossa era, verá que nada foi
resultado de imposição e decreto, mas sim de cooperação humana, tecnologia, descentralização e
dispersão do conhecimento.
É assim que o mundo melhora.

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