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Propósito de vida e de carreira: Expectativa x Realidade

Por Mylena Cuenca

A busca por propósito profissional tem se tornado o grande desafio e anseio das novas gerações
em relação à carreira. Onde quer que a gente vá, ouvimos o discurso empoderador convidando
todos os profissionais a trabalharem com aquilo que amam, a escolherem profissões, empresas e
postos de trabalho que estejam alinhados com seus valores pessoais.

No entanto, ao mesmo tempo que essa filosofia cresce e se espalha, aumenta também a onda de
insatisfação profissional. É muito comum, quando conversando com amigos e familiares,
ouvirmos todos se queixando de seus trabalhos, querendo mudar de emprego, desejando realizar
uma transição de carreira para outra área, buscando desenvolver uma nova profissão, entre outros
objetivos e metas ligados a uma transformação. A promessa de que todos temos um propósito de
carreira e de que podemos encontrar a plena felicidade no ambiente de trabalho tem deixado as
novas gerações, principalmente as gerações Y e Z, ansiosas e frustradas em relação a suas próprias
expectativas e resultados na vida profissional.

As novas gerações dão muito valor e importância para a qualidade de vida e flexibilidade no
ambiente de trabalho. O bem-estar faz parte de um requisito básico para ser feliz na carreira e
poder conciliar a vida profissional com os desejos e prazeres da vida pessoal é algo muito avaliado
pelos jovens. Liberdade, autonomia, reconhecimento, projetos desafiadores, ambientes de
trabalho divertidos, liderados por resultado, são algumas das maiores expectativas em relação a
um “bom lugar para se trabalhar”. Quanto maior a realização pessoal, mais produtivo e eficiente
esse profissional se torna, ganha reconhecimentos, promoções, preserva a cria relacionamentos,
e assim se sente contribuindo significativamente para a companhia e cria um ambiente agradável
para se trabalhar.

A frustração em relação ao trabalho está ligada ao tamanho da expectativa que os profissionais


estão criando. Quanto maiores as promessas feitas pelas empresas, maior o nível de ilusão em
relação ao trabalho, mais chances de se decepcionar e se desencantar com o “sonho” da vida
profissional.

Isso porquê, enquanto a geração anterior costumava fazer carreira durante anos no mesmo lugar
e trabalhando mais de 12 horas por dia, a geração de hoje prefere focar em fazer mais em menos
tempo para serem produtivos e terem qualidade de vida. Ao mesmo tempo, eles morrem de medo
de ficarem estagnados e presos em uma “zona de conforto”. Querem mudança, promoções rápidas
e desafios para serem cumpridos em um curto espaço de tempo. Por isso é tão importante que
desde o início o recrutamento de pessoas dessa geração esteja alinhado com a cultura
organizacional, além disso, transparência em relação aos valores organizacionais e plano de
carreira é a melhor maneira de garantir o bem-estar no ambiente de trabalho e evitar problemas
futuros e frustrações entre todos os envolvidos em uma contratação.

Cada um precisa refletir e estabelecer o que é sucesso profissional para si mesmo. Sem
autoconhecimento, o nível de ansiedade tende a crescer, afinal, quando não sabemos o que fazer
com nossas vidas, tendemos a nos comparar com nossos colegas e amigos, buscando o mesmo
que essas pessoas estão buscando. Se conectar consigo mesmo é a única forma de descobrir o que
te fará feliz na carreira e a única comparação realmente justa que podemos fazer é nos
compararmos com a nós mesmos, ou seja, se perguntar: O quanto estou evoluindo em relação a
quem eu era há um ano? Essa decisão/empresa vai me colocar mais próximo ou mais longe das
minhas metas pessoais? Eu tenho clareza sobre o que estou buscando e sobre quais são as minhas
metas na carreira?

Da mesma forma é importante reconhecer os próprios erros, saber lidar com as derrotas,
ressignificando as decisões ruins, esses, na minha opinião, são recursos valiosos para uma carreira
saudável e feliz. Ninguém é feito apenas de sucessos. E mesmo quem está no topo do sucesso, já
caiu e já errou diversas vezes pelo caminho. Portanto, aprenda a lidar com aquilo que não está
bom, tudo é um aprendizado. É praticamente impossível encontrar um ambiente de trabalho, uma
carreira ou profissão em que tudo seja perfeito. A felicidade é resultado de equilíbrio entre as
nossas expectativas e os resultados que conseguimos gerar, esse é o grande segredo para uma vida
profissional feliz. Diminuir a auto cobrança por resultados imediatos e entender que o sucesso na
carreira é uma construção que pode ser em curto, médio ou longo prazo, tendo em vista que as
coisas acontecerão no momento em que tiverem que acontecer, também são decisões importantes
e que exigem maturidade pessoal e profissional.

Além do trabalho, é importante construir espaços de realização e felicidade na vida pessoal. Ter
qualidade de sono, desenvolver hobbies, praticar exercícios físicos, meditação, se envolver em
cursos, dedicar tempo para família e amigos são formas de manter a vida mais leve e assim
aumentar também nosso coeficiente geral de felicidade em relação a vida como um todo, muitas
vezes, nossa realização pessoal e o nosso ‘propósito de vida’ se concretiza nas coisas e nos
momentos mais simples.

Mylena Cuenca é headhunter na Trend Recruitment e formada em administração de empresas


pela Universidade presbiteriana Mackenzie.

Zona de conforto: um lugar desconfortável para quem deseja


crescer

Para crescer na carreira e alcançar novos objetivos, precisamos de um estado de relativa


ansiedade, um espaço onde nossos níveis de estresse ficam ligeiramente acima do normal e, por
conta disso, nossa energia e disposição para mudança se manifestam. Tanto a criatividade, quanto
a inovação e a capacidade de solucionar problemas, surgem desse lugar de desconforto. É por
esse motivo que um ambiente de rotina, sem desafios, não é o ideal para crescer
profissionalmente.

A segurança com o modelo conhecido é a principal âncora profissional que nos coloca nessa zona
de estagnação. Esse lugar faz com que todas as mudanças sejam vistas com certo medo pela
maioria das pessoas. Infelizmente, existem profissionais que preferem o mal que já conhecem do
que os riscos que podem correr ao buscar algo novo. E é por isso que a capacidade de assumir
riscos é também o motor que nos impulsiona em busca de melhores oportunidades na vida
profissional.

Sair da zona de conforto implica, em primeiro lugar, identificar esse lugar de comodidade. Existe
uma diferença entre estar acomodado na carreira e desfrutar as conquistas alcançadas. Após uma
promoção, mudança de emprego, entrega de um grande projeto, existe uma fase de adaptação,
quase como um período de estabilização para o próximo salto. Cada profissional leva um tempo
para recarregar as energias e, portanto, a maneira mais fácil de distinguir não é o tempo desde a
última conquista, mais sim os desafios que estão sendo encontrados e superados dia após dia.

O primeiro sinal de uma zona de conforto é a rotina. É estar diante de processos conhecidos,
facilmente superados, entregas medianas dentro do prazo, sem desafio e sem sabor de vitória.
Após alguns meses nessa inércia, o profissional perde a vontade e o estímulo de ir trabalhar. São
profissionais que depois de um tempo começam a reclamar, se vitimizam quando algo dá errado
e colocam em fatores externos a “culpa” por algum resultado não alcançado. Quando se está na
zona de conforto, a falta de desafios faz com que a pessoa perca o interesse em realizar, concluir,
concretizar e, esse baixo engajamento e energia, o colocam em um estado de entregar o mínimo
possível.
Para os que acham que estabilidade é confortável, acho que ficou claro que a falta de engajamento
e brilho nos olhos é capaz de desmotivar até o melhor dos profissionais. Portanto, ao perceber que
se está entrando nesse estado letárgico, é fundamental o próprio profissional provocar um ligeiro
desconforto em si mesmo. É importante se colocar em movimento, independentemente de alguém
estar percebendo seu descontentamento ou não.

Procurar cursos de atualização, se envolver em novos projetos dentro da empresa, ainda que sejam
fora de sua área de atuação, realizar atividades diferentes na vida pessoal e profissional são
algumas dicas. Manter o networking ativo com pessoas da sua e de outras áreas, sair pra tomar
um café com profissionais que estudam outras formas de fazer o que você faz, também é um
excelente caminho, uma vez que esses relacionamentos darão indícios do que outras pessoas e
empresas estão fazendo para se atualizar.

A primeira emoção que precisa ser superada é o medo e a vergonha para o erro. O risco é
indispensável no processo de dar o próximo passo. É claro que é possível minimizar os riscos de
uma decisão ruim. Isso se faz com planejamento e ações responsáveis, mas ninguém é capaz de
crescer sem sair do lugar e sem errar algumas vezes.

Outra maneira de sair da zona de conforto é expandi-la gradativamente. Aqui na Trend


Recruitment, somos desafiados a entregar o melhor enquanto profissionais e empresa e, para
tanto, não só temos o impulso necessário para propor inovações como também somos uma equipe
que acolhe novas ideias, diversificação e diversidade. Essa flexibilidade para inovar, sabendo que
seremos suportados pela equipe, cria um ambiente propício para romper - aos poucos e um passo
de cada vez - a zona de conforto.

Mostrar essa energia por mudança, disposição para arriscar, confiança em seus planejamentos e
próximos passos, assim como a maturidade para lidar com as consequências, são características
comportamentais indispensáveis para crescer profissionalmente. Não é à toa que são encontradas
apenas nos profissionais que estão dispostos a se desafiarem mais a cada dia.

Avalie sempre. Se há muito tempo sua carreira está quentinha e confortável, talvez seja a hora de
se desafiar mais. Boa zona de desconforto para nós!

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