CHATÍSSIMO, MAS NECESSÁRIO

Dica de leitura de hoje. Nota: 7,0. Livro chatíssimo, mas necessário. Vivemos na
era da informação, rodeados de pessoas jornalistas ou não!) que, com um tom de
alarde sobre os fatos noticiados, afetam a maneira como interpretamos as
ocorrências ao nosso redor. O livro nos mostra como frear esse instinto e enxergar
menos o tom sensacionalista do noticiário, focando nos fatos. Isso é Factfulness!

Hans Rosling nos apresenta dez instintos que distorcem nossa perspectiva (cada
instinto é um capítulo do livro), de modo que você não fique (consciente ou
inconscientemente) refém da narrativa, mas sim atento aos fatos e, em especial, aos
DADOS.

Por exemplo, pense na fome no mundo hoje. Ela é um problema grave e digno de toda a
nossa atenção...governantes deveriam fazer tudo ao seu alcance para que nenhuma
pessoa vivesse nessa condição. Porém, não vemos notícias dos avanços das últimas
décadas, mundo afora, sobre a diminuição drástica dessa mazela no mundo. Coisas
boas não dão IBOPE...não viram notícia.

Os dados nos mostram que a população na extrema pobreza caiu pela metade, que a
expectativa de vida cresceu consideravelmente, que o número de crianças vacinadas
ao redor do mundo é de mais de 80%, assim como o total de pessoas com acesso à
eletricidade.

Uma das grandes dificuldades que temos em perceber que o mundo está melhorando é
que não conseguimos entender que as palavras melhor e ruim podem coexistir. Algo
que ainda tem espaço para melhorar pode ter evoluído muito em relação ao que era.
Essa nossa percepção se deve, em parte, à dificuldade que temos em perceber que o
mundo está melhorando, pois só enxergamos uma mudança quando ela é drástica. No
entanto, mudanças geralmente são paulatinas. Aqui está a importância do
Factfulness.

Outra constatação: cobertura mais consternadora do que aquela de acidentes de avião

não há, correto? No entanto, dados de 2016 mostram que apenas 10 dos 40 milhões de
voos comerciais terminam em acidentes fatais. Incríveis 0,000025%!

Outros exemplos falaciosos:

- A maioria da população vive na extrema pobreza.
- O continente africano é péssimo para receber investimentos.
- Atos de terrorismo vem aumentando ano após ano.
- A expectativa de vida média está em franca diminuição.

Os dados nos mostram que todos os exemplos acima são falaciosos. Por isso o livro
mostra-se necessário: para nos ajudar a substituir nossa visão dramática de mundo
por uma baseada em fatos. Pela nossa tendência de dar mais atenção às coisas ruins
do que às boas, acabamos distorcendo os fatos.

Ou seja, além de nos mostrar, com base em dados, o progresso que a humanidade vem
obtendo, serve também para nos mostrar quão boa é a nossa vida e como somos
privilegiados em viver em um país livre de guerras, com algum saneamento básico,
cobertura hospitalar (ainda que com muito espaço para melhoras), acesso a
medicamentos básicos, emprego, etc.

Ou seja, o livro, embora de uma obviedade absurda, é útil para nos mostrar como
desarmar falsos números. Obra com 360 páginas, lidas em 14 dias. Vale a leitura.