O documento discute as três faces da globalização de acordo com Milton Santos: 1) A globalização como fábula, relacionada aos mitos de uma economia global unida e rica; 2) A globalização como perversidade, relacionada à desigualdade social onde os ricos se tornam mais ricos à custa dos pobres; 3) A possibilidade de uma outra globalização que coloque a humanidade em primeiro lugar.
O documento discute as três faces da globalização de acordo com Milton Santos: 1) A globalização como fábula, relacionada aos mitos de uma economia global unida e rica; 2) A globalização como perversidade, relacionada à desigualdade social onde os ricos se tornam mais ricos à custa dos pobres; 3) A possibilidade de uma outra globalização que coloque a humanidade em primeiro lugar.
O documento discute as três faces da globalização de acordo com Milton Santos: 1) A globalização como fábula, relacionada aos mitos de uma economia global unida e rica; 2) A globalização como perversidade, relacionada à desigualdade social onde os ricos se tornam mais ricos à custa dos pobres; 3) A possibilidade de uma outra globalização que coloque a humanidade em primeiro lugar.
Globalização, o grande marco da humanidade. Símbolo de evolução socioeconômica e também a
grande incógnita entre os intelectuais contemporâneos, sendo a responsável por inúmeros debates com divergências de opiniões sobre si. Mas afinal, porque essas argumentações ocorrem se todos somos apresentados a uma globalização que supostamente traz diversidade, riquezas e ligações socioculturais e econômicas? Tal dúvida pode ser respondida se embasada com a tese de Milton Santos, grande geógrafo brasileiro, sendo considerado por muitos o grande gênio historiador do Brasil e um dos maiores globalmente. Milton afirma que a globalização reúne três mundos em um só, e que a compreensão deles se baseia no conhecimento a respeito do que é exatamente a globalização, e devido a isso, o geógrafo define esses mundos de acordo com a “percepção, realidade e com a possibilidade”. O mundo como somos apresentados e conhecemos: a globalização como fábula A globalização como fábula é relacionada com os mitos e o grande marketing que a cercam: uma economia global unida, rica e fortalecida que teve início durante as Grandes Navegações, período de inúmeras relações econômicas (trocas comerciais) entre os países. Agregando-a ao século atual, ela é vista como um processo que foi acelerado e que promoveu grandes marcos, como a evolução das tecnologias de transporte e comunicação, de forma que as distâncias e as fronteiras geográficas deixem de ser vistas como obstáculo, o que contribui veemente com as trocas comerciais entre as nações, mantendo-as ligadas umas às outras. O mundo como realidade: a globalização como perversidade Aqueles que se afastam de Omelas, conto de Ursula K. Le Guin. Neste conto, nos é apresentado Omelas, a cidade com uma sociedade perfeita, onde todos são felizes, saudáveis, produzindo obras de artes, evoluindo a ciência e possuindo tecnologia de ponta. Mas por trás de toda essa beleza existe um ponto obscuro, para que Omelas se mantenha assim é necessário que uma pobre criança seja mantida pelo início ao fim de sua vida em cárcere privado em um porão escuro, estando nua e desnutrida. Porém o mais chocante vem a seguir, esse segredo na realidade não é um segredo, todos os moradores de Omelas são apresentados a esta situação que ocorre nas entrelinhas quando atingem entre 8 e 12 anos, idade suficiente para que haja compreensão sobre a situação ocorrente. Como toda pessoa normal reagiria, essas crianças e adolescentes se comovem com a situação, ficam furiosos e percebem a injustiça, dessa forma, voltando para casa e procurando soluções para a pobre vítima. Depois de muito tempo refletindo sobre a situação, eles chegam numa conclusão: se a criança for libertada, então toda a felicidade e prosperidade de Omelas também desaparecerá e, com isso, a criança não terá muito o que desfrutar fora de seu cárcere e muito menos eles. Dessa forma, uma parcela se contenta com essa linha de raciocínio e segue sua vida, enquanto outra parcela, carregada pela culpa, se afastam de Omelas. De acordo com Milton, o caráter perverso da globalização atual é baseado em duas violências: a tirania da informação, expressa no modo como ela é distribuída à humanidade, e a tirania do dinheiro, que representa o motor da vida econômica e social e cuja as bases são competitividade e consumo. Neste contexto, podemos relacionar o conto citado e a globalização, onde ela é apresentada como uma realidade, uma perversidade. O ponto básico dessa relação pode ser expressa pela desigualdade social, onde percebemos que ricos se tornam cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres. Ricos que sustentam uma ótima qualidade de vida, mantendo o lazer e o luxo, enquanto são conscientes dos pobres, aqueles que emergem de uma vida miserável, cruel, cujo o trabalho pouco sustenta, dando lugar a uma notória taxa de mortalidade, de analfabetismo. É nessa visão que percebemos a cegueira pelo poder, pela competitividade, pelo consumo, onde não há espaço para a empatia, tampouco a solidariedade. Tal argumento se reflete em dados da revista Forbes, na qual em meio a pandemia, o Brasil ampliou o número de bilionários do mundo. Segundo a revista, o mundo tem 2.700 bilionários e destes, 56 vivem no Brasil e na pandemia 11 novos empresários e executivos foram incluídos na lista. Estes acumulam um total e um patrimônio de 220 bilhões de dólares. Por outro lado, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas mostram que o Brasil tem mais de 13 milhões de pessoas que se afundam cada vez mais na extrema pobreza, aquelas que, de acordo com o Banco Mundial, vivem com até R$ 151 por mês. E quase 52 milhões na pobreza - com renda de até R$ 436 por mês. Destarte, fica perceptível a situação alarmante em que atualmente nos encontramos e na qual a pretensão é que se agrave mais a cada dia, a cada ano. De maneira que deve ser vista por outro lado, outro ponto, de uma maneira positiva. Dessa forma, apresentando o próximo e último tópico dessa tese. O mundo como possibilidade: uma outra globalização Por mais que a globalização possa ser cruel, Milton finaliza seu pensamento afirmando que essa evolução perversa tem limites e que há possibilidade de uma outra globalização. Na sua visão, não se trata apenas de uma utopia, pois os fatos não estão sustentando o globaritarismo, e há processos paralelos que sinalizam a transição para um novo período histórico, na qual as mesmas bases poderão servir a outros objetivos, se forem postas ao serviço de outros fundamentos sociais e políticos.