Neste ensaio filosófico vou discutir o problema da existência da pobreza bem
como o problema que surge quando a tentamos combater. Na discussão do problema vou apresentar as duas teses em confronto, isto é, a tese A defende que sim, temos o dever de ajudar quem se encontra na pobreza absoluta, e por outro lado a tese B é contra a ideia de que temos a obrigação de ajudar. Por fim chegarei à conclusão de que o combate à pobreza é de facto um dever moral de cada cidadão. É importante abordar e discutir este problema porque, no fundo, a pobreza afeta todos, seja de forma direta ou indireta. Todos nós a enfrentamos, logo temos de tentar explicar o porquê de ela ser um problema que não é muito tido em conta na mentalidade de cada indivíduo.
A erradicação da pobreza trata-se de assegurar direitos humanos e dar
oportunidade a novos possíveis membros de uma sociedade ativa com um desenvolvimento sustentável. Sabe-se que nem todos os países apresentam o mesmo nível de desenvolvimento, tanto economicamente quanto socialmente, originando-se assim desigualdades na distribuição da riqueza. Essas desigualdades provocam a pobreza, tendo como consequências a dificuldade do acesso a uma habitação, alimentação, cuidados de saúde, educação, desenvolvimento social, transporte, trabalho, entre outros. A pobreza é medida atualmente como pessoas que vivem com menos de 1.25$/1.03€ por dia. Em Portugal 1.8milhões de pessoas encontra-se na pobreza (21,6%) porém a situação tem vindo a melhorar. A agenda de 2030 reconhece que a erradicação da pobreza em todas as suas formas é o maior desafio a se atingir. Reconhece-se que a erradicação da pobreza é um fator e uma necessidade a ser resolvida, o contributo pessoal seria um auxílio favorável, mas por ser favorável deve ser considerado obrigatório?
Apresentando a tese A (a favor), é defendido que temos o dever de ajudar
quem se encontra na pobreza absoluta, uma vez que somos culpados por todos os desastres que poderíamos ter impedido, exemplificando, se não der uma esmola a um pobre que vi na rua, tendo ele pedido, a responsabilidade é minha caso ele morra de fome nas próximas horas, pois podia ter feito com que a situação não acontecesse. Portanto se tiver a capacidade e a oportunidade de ajudar quem precisa, essa ajuda deve ser feita. É possível contra-argumentar esta afirmação dizendo que não devo ser responsabilizado por uma acontecimento (neste caso a pobreza do pobre) ao qual não estou nem nunca estive associado. Não sou obrigado a nada para além daquilo que são os meus deveres e por isso ajudar ou não ajudar é uma escolha pessoal. (Livre arbítrio)
A tese A (a favor) também defende que temos o dever de ajudar quem se
encontra na pobreza dado que também gostaríamos de ser ajudados se nos encontrássemos na mesma situação. Aqui, de certa forma posso aplicar o famoso provérbio “não faças aos outros o que não queres que te façam a ti” como forma a provar que esta mentalidade de ajuda está intrínseca na cabeça de muitos cidadãos como um dever moral à séculos. Todavia é importante referir que esta suposição de que quereríamos ser ajudados não passa mesmo de uma suposição, isto porque, se não estamos nem nunca passámos pelo mesmo, não sabemos se de facto gostaríamos ou não de ser ajudados.
Por oposição à tese A, tenho a tese B que defende que não temos o dever de ajudar quem se encontra na pobreza absoluta visto que
No entanto acho plausível a afirmação de que não temos de ajudar quem se
encontra na pobreza absoluta já que não somos os causadores da pobreza e por isso não podemos ser responsabilizados pela mesma.