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1ª Edição

Copyright© 2021 Karen Trujillo

Está é uma obra de ficção. Nomes, personagens, cenários, lugares e


acontecimentos descritos são produtos da imaginação do autor. Qualquer
semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
Qualquer outra obra semelhante, após essa, será considerada plágio: como
previsto na lei.
Todos os direitos reservados. É proibido o armazenamento e/ou a reprodução
de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios-tangível ou intangível-
sem o consentimento escrito do autor. A violação dos direitos autorais é crime
estabelecido na lei nº.9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.

ANTES DE VOCÊ CHEGAR


KAREN TRUJILLO – 2021

Revisão: Bianca Maria


Capa: L.A Creative
Diagramação: Maris Criando

1. Romance Contemporâneo. 2. Hot. 3. Comédia. 4. Título.


O texto segue as normas vigentes da Língua Portuguesa, entretanto,
características do vocabulário informal foram utilizados para deixar a leitura mais
atual e fluida.
A autora utilizou linguagem coloquial em passagens específicas para a
história ficar o mais próximo possível da vida real e dos leitores.
Sendo assim, é possível encontrar palavras e/ou frases que não estão em
conformidade com a Gramatica Normativa.
Os trechos em itálico, se referem a termos técnicos, estrangeirismos, gírias,
regionalismos e termos coloquiais.
Desejo a todos uma boa leitura.
Katarina, mais conhecida como Kit Kat ou Kat, é uma linda pediatra bem-
sucedida, estruturada financeiramente e determinada. E extremamente
traumatizada com homens. Seu sonho sempre foi ser mãe, mas por um trauma
vivido no passado, se vê cada dia mais distante de ver seu sonho realizado.
Com isso, decide não esperar pelo príncipe encantado aparecer, já que não
acredita mais nisso. Buscando novos métodos da medicina, resolve ter seu filho
por inseminação artificial, realizando seu sonho sem esperar por ninguém mais.
Nesse período, Derik surge em sua vida, um lindo homem que parece ser
mais um deus grego do que uma pessoa em si, ao conhecê-lo a química entre eles
é espontânea, mas Kat não quer nenhum envolvimento que atrapalhe seus
objetivos. Ainda mais com uma pessoa que não busca relacionamentos, assim
como ela.
Derik, com seus lindos olhos azuis e seu corpo escultural, faz sucesso por
onde anda, sem precisar se esforçar consegue a mulher que desejar, um excelente
engenheiro civil e sócio da empresa DM Arquitetura e Construções, um ótimo pai
e um tremendo sem-vergonha, até que conhece Katarina, que faz com que se veja
tendo que correr atrás pela primeira vez de alguma mulher.
O que pra ele, desperta seu desejo de caça, pra ela desperta o de fuga!
Quando o destino intervém brincando com a vida dos dois, será possível
resistir a química que os envolve?
Para ouvir a playlist de Antes de você chegar no Spotify, clique aqui.
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
EPÍLOGO
BÔNUS
A minha avó Otília e meu avô Walter, por ter me proporcionado uma
infância repleta de amor, carinho e diversão.
A minha querida tia Joseane, por ter me apresentado o caminho dos livros
ainda em minha infância, descobrindo uma paixão que levei para a vida.
Aos meus pais por sempre acreditarem em mim, mas sempre me mostrando
que apesar de desejar viver em um conto de fadas, devemos lembrar da realidade
que vivemos, mas nunca deixar de acreditar em nosso final feliz. Amo todos
vocês!
CAPÍTULO 1

Sempre me considerei uma pessoa determinada e objetiva em minha vida,


procuro ser compreensiva e paciente com as pessoas ao meu redor, desde que não
perceba que estão me fazendo de “idiota”, aí as coisas mudam, coloco a
compreensão de lado e deixo bem claro pra pessoa que tudo tem limite, e é o que
estou indo fazer agora!
Estou a quatro anos namorando com Henrique, se é que posso dizer que isso
é um namoro, é uma boa pessoa e por isso fiquei com ele todo esse tempo, mas a
vida vai passando, não vejo interesse da parte dele em crescer profissionalmente e
nem em nada, sendo sincera, totalmente acomodado, cada hora está em um
emprego diferente, não se preocupa em estudar pra ter uma profissão específica,
não procura fazer nada diferente por nós dois. Nos vemos geralmente duas vezes
na semana e mal fazemos sexo ultimamente, o tempo está passando e ele não fala
nada de darmos um passo adiante.
Pra ele do jeito que estamos está ótimo, mas pra mim, NÃO!
Não me levem a mal, estou com trinta e dois anos, modéstia à parte sou uma
excelente pediatra, já estou estruturada financeiramente mas até agora não
consegui resolver minha vida amorosa, o reloginho está andando e quero muito
ser mãe, não escolhi ser pediatra apenas para ser médica, mas porque amo
crianças, sempre quis ser mãe e agora que estou vendo que se depender de um
marido pra ter um vai demorar, ou talvez nunca vá acontecer, estou pensando
seriamente em tentar ter meu filho sozinha por inseminação artificial.
Como estou vendo que as coisas com o Henrique não estão indo pra frente,
vou tentar resolver do meu jeito, como disse, procuro ser objetiva em minha vida,
então já que ele não é, eu vou ser por nós dois.
Marquei um jantar com ele hoje as oito horas em um restaurante que
inaugurou próximo de onde trabalho para conversarmos sobre isso e resolver a
nossa situação.
Como moro próximo do trabalho, da tranquilamente para sair de lá as seis da
tarde da minha última consulta, passar em casa, cuidar do Bud (meu lindo Border
Collie, apesar de não ser um Golden Retriever, sim é isso mesmo que está
pensando, ele tem o mesmo nome do cachorro que joga basquete do filme, meu
sobrinho Nathan insistiu para eu colocar esse nome e assim o fiz para agradá-lo),
depois me arrumar para ir encontrar o Henrique.
Hoje foi um dia bem corrido, mal tive tempo de almoçar, uma consulta atrás
da outra, estamos no inverno e com isso aumenta muito a quantidade de
consultas, devido ao aumento de doenças respiratórias.
— Deixa a tia ver a sua garganta lindinho, abre o bocão bem grandão assim
ó — e faço um ÓÓÓ com a boca aberta para mostrar como ele deve fazer e imitar
o meu gesto — pra eu ver o que está causando essa febrinha — e assim ele faz.
Ao terminar de examiná-lo faço o devido diagnóstico.
— Então doutora, o que meu filho tem?
— Mãezinha, ele está com a garganta inflamada, vou passar os
medicamentos para ele melhorar logo.
Faço a receita médica e dou todas as orientações necessárias a mãe de
Gustavo.
— Mãezinha, meu celular está no final da receita, caso veja que ele não
melhorou em dois dias, fique à vontade em me ligar. – a mãe de Gustavo me dá
um aceno com a cabeça com um sorriso, me agradece, se levanta pegando
Gustavo para irem embora — Tchau Gus, logo você vai estar ótimo brincando por
aí. – ele dá um sorrisinho tristinho por estar com dor mas se despede.
— Tchau tia Kat.
E assim finalizo minha última consulta, organizo minhas coisas para o
próximo dia, pegando minha bolsa para ir embora.
Ao chegar na recepção pergunto a Celeste minha recepcionista se a dra.
Sofia já atendeu seu último paciente, que me informa que já atendeu sim e está no
consultório se arrumando para ir embora, seguindo até lá me despedir.
Dou três batidinhas na porta já entrando.
— Hei Sofi, já está indo?
— Oi Kat, já estou indo sim. Hoje foi uma loucura e você, preparada para o
seu jantar??
Comentei com Sofi a decisão que havia tomado e como ela nunca foi com a
cara de Henrique, mais que me apoia.
— Ai Sofi, é uma situação difícil, mas não tem jeito, nunca gosto de chegar
nessa parte, mas preciso resolver a minha vida, espero que não seja tão difícil e
que ele me entenda.
— Bom Kat, você sabe o que penso né, só perdeu quatro anos da sua vida,
está tomando essa atitude é tarde, já você encontra um bonitão que vai acelerar
seu coração e te fazer feliz e realizar seu sonho de ser mãe.
— Pode até ser Kat, mas eu sinceramente cansei de procurar, quero meu
filho e não vou ficar mais esperando pela pessoa certa, talvez eu nunca o
encontre, então, melhor prevenir do que remediar certo?
— Ainda acho que dá pra você esperar mais um pouco, mas estou aqui para
te apoiar para o que você quiser — Sofi levanta seu rosto lembrando de algo —
mudando de assunto, está confirmado nosso Happy Hour de sexta??
Liv nossa outra amiga, nos chamou para irmos fazer um Happy Hour na
sexta, toda semana nós marcamos alguma coisa e pra mim será ótimo ainda mais
depois de hoje, vou precisar de uns drinques.
— Opa, com certeza, essa semana está bem puxada, estou precisando dar
uma desestressada, ainda mais depois de hoje, vou confirmar lá no grupo depois.
— Combinado! Também vou confirmar lá depois.
— Certo, amiga vou indo nessa que não quero me atrasar.
Dou um beijo no rosto dela, saindo, me preparando psicologicamente para
esse jantar.
Me despeço de Celeste, que também já vai, e sigo até o meu carro para ir
embora.

Entro em meu Corolla, ligo meu carro e a música Girls like you do Maroon 5
quebra o silêncio, saio do estacionamento do condomínio para enfrentar o trânsito
de São Paulo, gosto de ouvir música em tudo que faço porque me acalma, ainda
mais no trânsito. Moro próximo do trabalho, uns trinta minutos andando, mas
para não chegar todo dia suada acabo vindo de carro, tenho uma rotina bem
puxada, acordo as cinco e meia da manhã me arrumo, indo pra academia perto de
casa, as sete estou saindo da academia me trocando em casa para ir trabalhar
cuidar das minhas crianças. Procuro cuidar da minha saúde e consequentemente
do meu corpo. Geralmente depois do trabalho sempre faço alguma coisa, as vezes
cozinho pra não ficar comendo fora ou arrumo a casa, pago uma diarista duas
vezes na semana pra deixar as coisas sempre limpas, mas mesmo assim procuro
sempre deixar as coisas organizadas, porque odeio bagunça e sujeira.
Minha mãe sempre pegou no meu pé quando criança, consequentemente
cresci extremamente organizada e apaixonada por uma casa cheirando a limpeza.
Meus pais moram no interior em Sorocaba, com isso pelo menos duas vezes
ao mês vou visita-los, minha irmã Bárbara mora aqui em São Paulo também com
seu marido Marcos, que é um empresário de uma grande construtora, a vejo
sempre com frequência, até mesmo porque faço questão de visitar o meu
sobrinho/afilhado Nathan de três anos que sou completamente apaixonada.
Em vinte minutos chego em casa e sou recebida com um Bud mega eufórico.
— Hei garotão, como você passou o dia, bagunçou bastante na minha
ausência hein?? — falo com meu cachorro enquanto brinco mexendo atrás de sua
orelha, que tanto gosta, ele em resposta lambe mais meu rosto enquanto abana o
rabo mostrando sua total alegria em me ver. Acabo me lembrando de mais um
detalhe que me deixa insatisfeita em relação ao Henrique, ele não gosta muito de
cachorros (animais em geral), e é uma coisa que sempre me incomodou, porque
considero meu cachorro como um filho, rolo os olhos ao pensar nisso.
Acho que o Bud não vai sentir muita falta dele.
— Tudo bem, vamos entrar que a mamãe tem que cuidar de você e se
arrumar pra sair.
Dentro de casa com Bud, dou ração a ele para ir comendo, enquanto vou
escolher uma roupa pra usar e tomar meu banho.
Após lavar meu cabelo, coloco um roupão, seco os cabelos para destacar os
fios loiros, faço uma maquiagem básica, mas que tire as expressões de cansaço do
meu rosto e assim fico pronta. Coloquei um vestido de inverno cinza que é mais
justo em meus seios e cintura e soltinho em baixo, com meia fina preta e uma
bota cano curto. Olho no espelho e gosto do que vejo.
Não quero ficar mega produzida para não passar a impressão errada, como
se estivéssemos comemorando alguma coisa, sendo que é ao contrário. Me
despeço de Bud, pego minha bolsa, chave do carro e saio de casa para encontrar
Henrique.
Chego cinco minutos antes do combinado, já pedindo uma mesa para
jantarmos.
O garçom me oferece o cardápio, peço uma água enquanto aguardo
Henrique chegar, que pra variar está atrasado, bufo revirando os olhos em pensar
que nunca consegue chegar no horário em nada que combinamos.
Incrível viu...
Após vinte minutos, ele chega, Henrique é mais alto que eu, possui um
metro e oitenta, olhos e cabelos castanhos, tem o porte atlético porque corre todos
os dias, e bem simpático. Está vestindo uma camiseta polo verde claro e calça de
sarja na cor caqui, os cabelos estão molhados indicando que tomou banho
recentemente.
Me cumprimenta com um beijo no rosto se sentando em minha frente,
fazemos o nosso pedido ao garçom e conversamos um pouco sobre o dia de cada
um.
Após o jantar resolvo entrar no delicado assunto.
— Então Henrique, te chamei pra jantar hoje pois quero conversar com você.
— Sim Kat, percebi que estava um pouco tensa e não temos o costume de
nos encontrar durante a semana. – Percebo pelo remexer de suas mãos sua
ansiedade, imaginando que não seja boa coisa nossa conversa.
— Sim, mas não dava pra esperar até o final de semana, por isso achei
melhor conversarmos logo. – Penso em como vou entrar no assunto, mas não tem
muita saída, respiro fundo e começo — Não sei como você tem se sentido em
relação a gente, mas conforme já conversei com você algumas vezes, acho que a
nossa relação está um pouco estagnada, estou próxima de fazer 33 anos e quero
ter um filho, como percebo que nossa relação não está indo pra frente como
gostaria, é melhor terminarmos agora para não deixar isso mais pra frente e
nenhum de nós sermos felizes. Gosto muito de você, tenho um carinho enorme
por você, mas não estamos mais felizes juntos e quero muito realizar meu sonho.
— analiso sua fisionomia que mostra a decepção em seu olhar e resolvo falar tudo
de uma vez, já que ele não está tentando falar nada — resolvi que vou fazer
inseminação artificial tendo o meu filho, sozinha. — Jogo a bomba logo de uma
vez, antes que desista e amanhã me veja grávida imaginando que engravidei de
outro estando com ele, ou até mesmo que o filho seja dele.
Vejo pela cara que Henrique faz, que não é a conversa que ele estava
esperando, talvez imaginasse que seria um assunto delicado em relação a nós
dois, mas não que já havia tomado minha decisão sobre ir em frente pra ter um
filho sozinha. Mas não é de hoje que converso com ele e não vejo nenhuma
vontade de sua parte de mudar e levar a nossa relação para um âmbito mais sério.
Após limpar a garganta, comenta.
— Ual, não estava esperando por isso, sim você já conversou comigo sobre
nossa relação, mas acho que nos damos tão bem para terminarmos uma relação de
quatro anos e resolver que vai ter um filho — suspira e fala — sozinha... — ele
para um pouco e continua — não sei nem o que falar, sei que quer muito ter um
filho, mas ainda temos tempo pra isso.
Bufo, porque pra variar sempre tenta me enrolar com esse papo de que temos
tempo, acabo perdendo a paciência que tentava ter e jogo a real.
— Eu sei que você não se sente no momento de ter um filho, mas eu me
sinto, então não precisa se preocupar, não dá pra deixar mais pra frente porque
não quero ser uma mãe velha que parece uma avó ao lado dele. Por isso estou
colocando um ponto final em nossa relação, não é porque eu estou preparada para
dar um passo à frente que você também tem que estar. — Posso ter sido fria e
ignorante, mas realmente não temos muitas coisas em comum, preciso ser realista
e não agir com o coração, afinal, quem vai pensar em mim senão eu mesma?
Ele fica pensativo e continuo.
— Não é de hoje que percebo que não estamos em sintonia, não temos os
mesmos sonhos e objetivos, é melhor resolvermos agora essa situação para evitar
que nós dois Sofríamos no futuro. Você é uma excelente pessoa, só talvez não
sejamos a pessoa certa para o outro.
Ele pega a minha mão dizendo com os olhos cheio de lágrimas.
— Kat, eu sei que tá insatisfeita comigo ultimamente, mas podemos resolver
isso, eu posso melhorar...
Retiro minha mão delicadamente da dele, para não parecer mais grossa do
que já estou sendo o cortando.
— Eu sei que você pode, mas não quero continuar tentando, não mais, não
tenho idade para continuar esperando, daqui a pouco se vai mais um ano e
continuamos na mesma, — suspiro me acalmando — sinto muito, podemos tentar
ser amigos se quiser, mas realmente acabou.
Vejo que ele fica triste e eu também fico, nunca é fácil terminar um
relacionamento, se você ficou com a pessoa tanto tempo é porque sente algo por
ele. Chamo o garçom pedindo que feche a conta, pago o jantar — que por sinal
não faz nem um esforço de pagar ou rachar a conta — ah qual é, não me julguem,
sou romântica, sei que estamos no Sec. XXI e que a mulher tem a sua
independência, mas ainda aprecio um bom cavalheirismo e isso ultimamente está
escasso, por isso não posso ficar sentada, esperando o príncipe encantado no
cavalo branco pois ele nunca vai aparecer, dou um abraço rápido nele indo
embora.

Após vinte minutos estou em casa, tomo outro banho pensativa se tomei a
decisão certa, concluindo que sim, tomei.
Nunca é fácil terminar um relacionamento, esse já é o meu terceiro namoro
que não dá certo, talvez eu que seja muito crítica e não eles que sejam o problema
— apesar de no meu primeiro relacionamento eu ter terminado, não foi por culpa
minha, reviro os olhos só em lembrar daquele ser desprezível voltando ao meu
raciocínio.
Chego à conclusão de que é melhor ficar sozinha e ter o meu filho, assim
não preciso dar o fora, e muito menos sofrer por causa de outra pessoa.
Sofri muito no passado. Quem nunca teve um amor não correspondido, não
é? Pois é, nunca é fácil, por isso estou desistindo de encontrar uma pessoa ideal
para passar o resto da minha vida e sim ter a minha família sem precisar de um
marido ou namorado.
Não estou dizendo que vou virar celibatária, até parece que consigo, mesmo
que quisesse, mas acho que vou me espelhar em Sofi e deixar rolar mais sexo
casual, não no primeiro encontro, claro, não é pra tanto também, mas não quero
saber de namorado no momento, apenas quero ter meu filho e está ótimo. Até
mesmo porque quando eu tiver não vou ter tempo nem pra sexo casual por um
tempo. Se um dia eu encontrar a tampa da minha panela, excelente, senão vida
que segue. Termino meu banho, jogo no lixo esse sentimento de tristeza tentando
renovar meus pensamentos.
— Pronto, seguir em frente sempre, vou atrás do meu sonho e ser feliz.
Amanhã será um novo dia. – Acabo lembrando de uma música do Jota Quest que
se adequa com o pensamento que estou tentando ter começo a cantar.
— E se quiser saber pra onde eu vou, pra onde tenha sol, é pra lá que eu
vou...
Após vestir meu baby doll, separo a roupa para ir à academia e ir trabalhar
para o dia seguinte, pego meu livro Engano irresistível (sim, adoro um romance,
não me julguem) e celular me deitando.
Respondo algumas mensagens que ainda não tinha retornado, confirmando o
Happy Hour de sexta com minhas amigas e procurando uma desculpa pra dar a
minha irmã para não ir ao jantar da próxima quarta-feira que ela e o marido estão
organizando, pra apresentar um amigo deles para algumas pessoas, que está vindo
de outra cidade, não estou muito animada pra ficar fazendo sala pra gente fresca.
Digo a ela que não sei se vou conseguir ir mas não entro em detalhes, mas
conhecendo ela, tenho certeza de que vai me infernizar pra fazer eu ir, ainda mais
se souber que agora estou solteira, mas depois penso em uma desculpa melhor,
pego meu livro em cima do criado mudo, pensando mais uma vez antes de
começar a ler “amanhã será um novo dia”...
CAPÍTULO 2

A manhã dessa quarta-feira passou rapidamente, fui a academia cedo, me


arrumei em casa tomando meu café da manhã e vim trabalhar.
Apesar de ainda estar um pouco chateada com o término com Henrique, me
sinto bem, ele me mandou mensagem logo cedo de Bom dia puxando conversa,
mas ainda não respondi, não sei se é uma boa, afinal, posso acabar passando a
impressão de querer voltar, e não é minha intenção.
Quando finalizo minha última consulta da manhã, envio uma mensagem a
Sofi pra saber se já está disponível para irmos almoçar, como nossa próxima
consulta é em uma hora e meia, então podemos ir comer tranquilamente, pouco
depois me confirma que já consegue ir, pego minha bolsa indo até a recepção
encontra-la para sairmos.
Sofi me encontra seguindo em direção ao elevador, sempre vamos em algum
restaurante próximo do escritório, como trabalhamos na Av. Paulista há muitas
opções para escolhermos.
Assim que tem oportunidade já me pergunta.
— E aí Kat como foi ontem o jantar? Deu tudo certo?
Suspiro, começando a contar como foi a nossa conversa, mas paro quando
entramos no elevador ao ver que está cheio e não quero as pessoas ouvindo o que
aconteceu comigo e os meus planos, até mesmo, porque ao entrar no elevador
Sofi acaba se distraindo com um rapaz muito gato que está nos encarando, e ela
não perde tempo trocando olhares insinuantes com o homem, não aguento
abaixando a cabeça dando risada em tom baixo, porque Sofi é assim mesmo, não
perde tempo, aonde vai e pinta um clima, ela investe. Ela é linda, está com 31
anos, cabelo castanho escuro, olhos azuis piscina, alta, ou seja, por onde passa
chama a atenção e ainda é solteira, eu me divirto com as histórias dela.
Assim que descemos do elevador volto a contar o restante de história pra ela,
que me encara comentando.
— É... pelo que está dizendo, parece que ele não aceitou muito bem o
término. E você apesar de ter terminado parece estar cabisbaixa também, ou é
impressão minha?
Reviro os olhos com o seu comentário em relação a mim, lhe respondendo.
— Não é que estou cabisbaixa, mas estávamos a quatro anos juntos,
acabamos nos acostumando com a pessoa, com a rotina, mas sei que sendo
racional foi a melhor decisão que tomei, não só por causa da possível gravidez,
mas também porque não me vejo casada com ele – analiso o que acabei de falar e
solto – apesar que do jeito que ia, nem íamos nos casar, pois ele não dava indícios
de querer isso também... enfim...
Sofi me olha com aquela cara que sei que lá vem bomba dizendo.
— Sabe do que você precisa? Sair, dar uns pega em um gostosão, se divertir
um pouco, rapidinho esquece dessa sua rotina.
Gargalho, porque fazer isso é bem a cara dela. Não sou santa, nem transo
apenas com namorados, já tive meus momentos de sexo casual, mas não tenho
esse costume de dormir com alguém logo no primeiro encontro.
Ela continua.
— Mas é verdade Kat, você mesma estava reclamando que mal sexo
estavam fazendo, está precisando sair com um cara que te deixe de cabelo em pé,
que te leve até o céu, é isso que está precisando para desestressar.
Continuo rindo e concordo porque o Henrique realmente estava me deixando
a desejar literalmente ultimamente, além de mal termos contato, ainda sempre
estava me deixando na mão, e parceiro egoísta igual a muitos homens que existe
por aí não rola, lhe respondo, omitindo essa última parte.
— É talvez você esteja certa mesmo, não seria má ideia, mas você sabe
muito bem que não tenho esse costume de sair logo no primeiro encontro abrindo
as pernas, mas se pintar um clima quem sabe eu abra uma exceção, afinal, nunca
se sabe...
Chegamos em um restaurante self-service, nos servimos, começando a
almoçar, ainda conversando.
Após meia hora, estamos na sobremesa, continuando jogando conversa fora,
como ainda estamos na metade do nosso horário para a próxima consulta. Rio dos
comentários de Sofi, quando de repente percebo um alvoroço em uma mesa não
muito distante que chama a minha atenção.
Percebo que há um homem desesperado pedindo ajuda e batendo nas costas
de uma criança.
Levanto rapidamente pois já percebi o que aconteceu indo até eles, vou
entrando no meio das pessoas dizendo em tom alto:
— DÁ LICENÇA, SOU MÉDICA, ME DEIXE PASSAR – as pessoas vão
liberando espaços até que alcanço a criança, já falo com o homem que está com a
criança que nem parece perceber minha presença de tão desesperado que está. –
MOÇO, DEIXA COMIGO, SOU MÉDICA.
É então que ele percebe soltando o menino que deve ter em torno de quatro
anos, vou até a criança, pego- pelas costas, com uma mão o apoio e com a outra
com o pulso fechado como um soco, coloco sobre a boca do estomago forçando
sentido para cima para a criança soltar o alimento que se engasgou. Faço mais
três repetições desse movimento até que a criança solta o alimento com tudo para
a frente, voltando a respirar normalmente, com isso respiro aliviada junto.
Percebo que as pessoas ao nosso redor, como o homem que está com a
criança, ficam aliviados, mas nem presto muita atenção ao meu redor, continuo
analisando apenas para a criança.
Peço um copo com água para o garçom que sai correndo buscar, me
abaixando na altura da criança perguntando.
— Olá lindinho, como você está? Está se sentindo melhor agora?
Ele olha pra mim com os olhos assustados e cheio de lágrimas me
respondendo.
— Sim, fiquei com medo, mas agora to bem moça. – algumas lágrimas
começam a cair de seus lindos olhos azuis.
Fico tocada porque engasgo é algo tão comum de acontecer, ainda mais com
crianças nessa faixa etária e muitas vezes as pessoas não sabem como agir, ainda
mais em um momento de desespero. Nesse instante o garçom chega com a água,
entrego para o garotinho lindo a minha frente que começa a tomar enquanto tento
acalmá-lo na sequência.
— Fica calmo tá, como é o seu nome? — tento distrair a criança fazendo
perguntas para ir se acalmando naturalmente. Me responde ainda em tom baixo.
— É Guilherme moça. — lhe dou um sorriso acolhedor tentando orientá-lo
para evitar que isso ocorra novamente.
— Olá Guilherme, que nome bonito o seu hein. – me dá um sorrisinho
tímido e percebo que aos pouco está se acalmando, tento instruí-lo – Olha... isso
que aconteceu é algo normal de acontecer em crianças, mas temos que tentar
evitar para você não ficar dodói, por isso sempre tem que tomar cuidado ao
mastigar, colocar aos poucos a comida e mastigar bem com esse monte de dentes
aí que você tem na boquinha, antes de engolir para não acontecer isso de novo
tudo bem? — ele faz que sim com a cabeça e continuo — Deixa eu ver se você
tem dente aí igual o dinossauro — faço uma leve cosquinha nele para abrir a
boca, que abre num O bem grande e falo — Olha só quantos dentes você já tem
aí, tá vendo só, não vai acontecer de novo, é só fazer o que a tia Kat te falou
combinado? Mastigar bem as comidinhas antes de engolir, e fica tudo bem, certo?
— dou um sorriso pra ele, que assente com a cabeça ainda um pouco assustado,
mas já dando um leve sorrisinho.
Olho para cima vendo que o homem que está acompanhando Guilherme me
observa, me levanto para conversar e lhe acalmar mas perco a noção do que ia
falar ao dar de cara com ele realmente.
Meu Deus! Que homem é esse? Será que fui até o céu de repente e voltei, ou
será que dormi na mesa e estou sonhando com uma imagem de um deus grego,
porque não é possível, que monumento é esse na minha frente?
Ele é alto, até mais alto que o Henrique, deve ter um metro e noventa
aproximadamente, olhos azuis acinzentado, o cabelo liso levemente bagunçado
num tom preto, um rosto quadrado, com uma barba rala de quem não deve ter
feito hoje, o nariz reto do tamanho correto e uma boca perfeita, bem desenhada
que dá uma vontade enorme de saber do que ela é capaz de fazer.
Sinto meu corpo esquentar e me pego pensando se só eu que estou com
calor, ou se de repente desligaram o ar-condicionado. Continuo admirando o
monumento gostosão a minha frente, até que vou voltando ao planeta terra, vou
percebendo o pessoal ao nosso redor comentando sobre o ocorrido e a sorte de ter
alguém perto que soube o que fazer, olho em volta vendo as pessoas aos poucos
retornando as suas respectivas mesas conversando a respeito, percebo Sofi
também voltando a nossa mesa, mas não sem antes me dar uma piscadinha com
um olho só... essa Sofi não perde nada... volto a olhar o bonitão a minha frente e
ao que parece ele também perdeu um pouco da fala porque fica me encarando não
dizendo nada, fico um pouco sem graça, limpo minha garganta tentando agir
naturalmente como se o gostosão a minha frente não tivesse afetado meus
neurônios por alguns instantes.
— Hum... é... então, o Guilherme vai ficar bem, graças a Deus foi apenas um
susto. — comento. Conforme falo o bonitão a minha frente também desperta
dando um sorriso de parar o trânsito agradecendo.
— Sim, ainda bem que você estava aqui e me ajudou, no desespero acabei
até esquecendo como agir em caso de engasgo em criança, não sei o que teria
acontecido se você não tivesse aparecido. — Meu rosto esquenta com o elogio e
ele continua — muito obrigado de verdade, eu realmente travei ao ver que ele
tinha engasgado.
Tento tranquilizá-lo.
— É, acontece muito isso mesmo, muitas pessoas sabem agir e como o fazer,
mas quando é com alguém próximo acabam se desesperando e esquecendo os
procedimentos adequados, mas o importante é que deu tudo certo com ele. Sou
pediatra, acabo lidando com isso com mais frequência, se torna um pouco mais
fácil de lidar com essas situações inusitadas. – Dou um sorrisinho pra ele, que
abre mais um sorriso enorme de tirar o folego de qualquer pessoa facilmente.
— Hum pediatra...— fala pensativo, de uma maneira que mexe ainda mais
comigo, atrapalhando o meu raciocínio — bom saber, me mudei recentemente
para cá e preciso mesmo encontrar uma para leva-lo às consultas de rotinas ou
alguma eventualidade... e pelo visto acabamos de encontrar uma né Gui... —olha
para Guilherme com um sorriso que assente para o bonitão que deve ser o pai
dele... exatamente pai dele, ou seja, Katarina se aquieta que com certeza esse
homem não está disponível no mercado, deve estar casado com certeza e você aí
toda eriçada com ele.
Tento voltar ao meu estado normal de médica e agir como falaria com
qualquer outro pai.
— Ótimo, trabalho aqui perto em um consultório, vou pegar um cartãozinho
na minha bolsa e lhe dou para caso precise marcar alguma consulta pro lindinho
aqui — dou uma olhada a Guilherme dando um sorriso doce a ele. O bonitão
ainda sorrindo assente com a cabeça — já volto, vou ali buscar. — digo
apontando minha mesa.
— Claro, eu fico muito grato — dou um sorriso sem graça indo até a minha
mesa buscar o cartão, mal conseguindo andar sentindo as pernas bambas.
Sofi que estava só nos observando de longe com aquele sorriso que sei muito
bem o que está pensando, assim que me aproximo, comenta.
— Nossa Kat, ele é o pai da criança? Porque senti que rolou um clima entre
vocês hein — dou um sorriso sem graça e tento cortar o assunto, porque com
certeza ele deve ser casado, e também é melhor nem entrar nessa, homem bonito
desse jeito é sinônimo de problema, e eu não estou animada de ter mais um.
— É parece ser sim, então com certeza deve ser casado, ou seja, indisponível
no mercado, vou levar um cartãozinho pra ele pois está procurando uma pediatra
pro Guilherme, já volto.
Sofi me olha com sua cara de desconfiada, mas concorda com a cabeça, saio
de perto para cortar o assunto.
Volto até a mesa do bonitão, que por sinal estava me acompanhando com o
olhar, desviando para a criança. Percebo que Gui voltou a comer e parece já ter se
acalmado totalmente me sentindo aliviada por isso.
Chego na mesa com um sorriso aparentemente calmo, não demonstrando
como estou em chamas por dentro, lhe estendo a mão com o cartão para caso
queira agendar uma consulta.
É apenas uma consulta Katarina, não é um encontro, relaxa, me repreendo.
Quando vai pegar o cartão nossos dedos se encostam, sinto uma onda de
calor subindo desde a ponta dos meus dedos do pé até a minha nuca me deixando
toda arrepiada, solto o cartãozinho mais depressa do que o normal, ele parece ter
sentido o mesmo, pois está me olhando com uma cara que não consigo decifrar
sobre o que esteja pensando. Nosso momento é quebrado com Guilherme me
chamando e comentando.
— Moça, — eu saio do transe olhando pra ele — to fazendo igual me
ensinou, mastigando bastante igual um dinossauro.
Dou um sorriso pra ele comentando.
— Isso mesmo, faz isso sempre e não vai ter mais nenhum problema.
— Podexá – ele comenta me fazendo rir do seu jeitinho meigo.
Volto a olhar para o bonitão a minha frente tentando, realmente tentando agir
com normalidade, se é que isso é possível.
— Bom, aí está o telefone do consultório, fique à vontade para você ou sua
esposa entrar em contato e agendar caso necessário. – Sim eu falei esposa, não me
julguem, mas estou curiosa pra saber se o bonitão é casado ou solteiro. Ele afirma
com a cabeça comentando.
— Vou passar sim o contato para a mãe de Guilherme também. Mas não é
minha esposa, não! — dá um sorriso que meu Deus, deveria ser proibido sorrir
dessa maneira e de tabela meu rosto esquenta ao perceber a informação que ele
acabou de me dar... oh Deus... mas não se empolgue Katarina, se atente, não é
esposa, mas pode ser noiva, namorada, ou até pode ter outra namorada, porque
um pacotão desse estar disponível, é muita sorte ou muito azar, porque deve dá
uma baita dor de cabeça se envolver com um cara desse, e é pensando nessa
última possibilidade que coloco um pouco do meu juízo nos eixos resolvendo
cortar o assunto.
— Certo.... bom fiquem a vontade de toda maneira, se precisarem estou à
disposição. Vou indo pois tenho algumas consultas, e já está quase no horário
delas, não posso me atrasar — Ele continua sorrindo pra mim com esses dentes
perfeitos, dou um sorriso pra ele, me viro para o Guilherme me despedindo — se
cuida lindinho, e mais cuidado, hein! — dou uma piscadinha pra ele e assinto
novamente me despedindo do bonitão que fala.
— Muito obrigado mais uma vez, te devo uma... quem sabe...
Percebo que ele vai falar mais alguma coisa, mas já o corto, pra evitar que
meus pensamentos ultra mega criativos não criem mais ilusões por hoje.
— Fica tranquilo, o importante é que deu tudo certo. — Viro de costas e saio
ao encontro de Sofi que está dando risada pra mim, já sacando que fiquei mexida
com o bonitão, mas sinceramente duvido que alguém não fique.
— Vamos Kat, sei que o papo estava bom lá, mas precisamos voltar para o
consultório. Já acertei aqui, podemos ir.
Confirmo com a cabeça, pego a minha bolsa saindo sem nem olhar para o
lado, com receio de olhar e ficar presa novamente naqueles olhos azuis
hipnotizantes.
Voltamos ao consultório e tento me concentrar no trabalho na medida do
possível, pois sempre que termino uma consulta lembro daqueles olhos azuis
penetrantes, pensando alto.
— Gente, o que foi aquilo!!!
Lembro o que apenas um leve toque no dedo me fez sentir, e tive a
impressão de que ele também sentiu... balanço a cabeça em negativa, porque devo
estar ficando é paranóica, de tanto a Sofi ficar falando do bonitão no meu ouvido,
devo tá criando coisa onde não existe. Começo a olhar em meu Macbook a ficha
do próximo paciente pra tentar me distrair.
Finalmente consegui me concentrar e esquecer o ocorrido do horário de
almoço, e assim o dia passou rápido.
Vejo que minha irmã tentou me ligar, me mandando mensagem como não a
atendi pois estava em atendimento, penso que acabei esquecendo totalmente de
arranjar uma desculpa pra fugir do jantar.
— To ferrada viu... – falo comigo mesma.
Preciso pensar em alguma desculpa! Chamo o penúltimo paciente deixando
pra ver isso mais tarde.
Termino minhas consultas um pouco depois das seis e meu celular toca
aparecendo o nome de minha amiga Liv, atendo enquanto vou terminando de
arrumar as minhas coisas.
— Oi Liv, como andam as coisas?
— Olá minha Kit Kat, — dou um sorriso revirando meus olhos por esse
apelido que ela não cansa de falar — há quanto tempo não nos falamos, hein? —
rio do seu comentário pois nos falamos quase que diariamente.
— Claro que não minha linda, nos falamos ontem se esqueceu?
Ela solta uma gargalhada.
— É eu sei, mas parece que faz uma eternidade... — suspira comentando —
queria saber sobre o jantar ontem, como você está com tudo isso?
Paro e penso antes de responder, lembrando daqueles olhos azuis que voltam
a minha mente, mas lembro que ela está perguntando do jantar, então começo a
contar toda a conversa com Henrique.
Fiquei com vontade de contar do ocorrido de mais cedo, mas balancei a
cabeça concluindo que não há necessidade uma vez que não tem nada demais, a
não ser claro, a aparência daquele deus grego que com certeza deve ser
comprometido. Mas mesmo que não seja Katarina, você não está interessado em
nenhum relacionamento lembra?
E com esses pensamentos que lembro que realmente, não há necessidade de
comentar nada sobre isso, porque já passou, vida que segue. Talvez ele nem entre
em contato agendando consulta, talvez nunca mais nos veja, ou talvez quem ligue
seja a mãe, que é o mais comum de acontecer, porque é raro algum pai
acompanhar ou trazer o filho na consulta, então Katarina, esqueça o que
aconteceu e bola pra frente.
Após comentar todo o meu drama de fim de namoro, Liv comenta toda
animada.
— Bom pelo menos você está bem né Kit Kat, e agora que nós três estamos
solteiríssimas poderíamos sair e ir em uma balada sertaneja, o que você acha? —
sabia que aí tinha coisa, só pelo tom de voz dela — Podemos comemorar nosso
Happy Hour de sexta em uma balada TOP que estou com muita vontade de
conhecer, e ainda tem Open bar a vontade — fala essa última palavra
cantarolando me fazendo rir da amiga palhaça que tenho, mas pensando bem, ela
está certa, estou solteira, tenho que aproveitar antes de engravidar, porque aí já
era as baladas e muito menos Open bar. Não sou cachaceira, mas de vez em
quando me permito ficar bem alegrinha abusando um pouco do álcool, é então
que confirmo.
— Combinado Liv, vamos sim, tenho que aproveitar porque depois não vou
poder mais me dar a esse luxo sempre.
Ela comemora no telefone disparando.
— Isso aí garota, já falei com a Sofi e ela também aceitou, então nos
encontramos na sexta lá. Vou mandar no grupo o endereço do local, mas podemos
ir juntas de táxi pra não termos que se preocupar em voltar depois dirigindo
bêbadas.
Gargalho com sua indireta de que é para realmente aproveitarmos o Open
bar.
Após desligar meu Macbook, pego minhas coisas saindo da sala do
consultório. Com ela ainda no telefone toda animada, dou uma batidinha na porta
de Sofi e falo sem som alto confirmei a balada de sexta dando uma piscada a ela,
que sorri pra mim feliz em termos uma noite das garotas como fazia tempo que
não tínhamos. Afinal como namorava até um dia atrás, sempre saía com elas, mas
para programas mais tranquilos, não em uma balada para dançarmos a noite toda
e nos embebedarmos.
Eu sei que muitos casais vão em baladas mesmo namorando, mas Henrique
não curtia muito esse programa e eu evitava de ir para não causar problemas
conosco, mas agora eu posso ir matar minha saudade de mexer os esqueletos.
Aceno pra Sofi que também está guardando as coisas saindo para ir embora.
Chego até o carro e conecto a ligação no Bluetooth para terminarmos de
conversar, até que Liv comenta que vai ir pra academia agora.
— Estou indo agora também, me passa o endereço e horário e até sexta
amiga.
— Até amanhã mando pra vocês, se cuida Kit Kat, beijinhos. — se despede.
— Beijos Liv, e juízo na academia hein, é pra malhar, não atacar um bonitão
no vestiário — rio, porque a Liv odeia malhar, apesar de ir todos os dias para
manter o corpo em forma, mas o que realmente a motiva em ir é ficar de olho nos
homens que vão treinar, cada dia está de papo com um novo e já chegou a se
pegar com um no vestiário masculino uma vez, pois não aguentaram esperar irem
para outro lugar.
Ela gargalha com meu comentário.
— Eu sempre tenho juízo Kit Kat, eles que ficam tentando tirar o meu. —
dou risada porque nem ela acredita na defesa dela — mas não tenho feito nada,
apenas conversando mesmo com um ou outro, estou supertranquila ultimamente.
— Ah sim, com certeza. — Continuo rindo da sua ênfase.
— Bom Kat, vou indo antes que desista de malhar hoje. Beijos amiga.
— Vai lá amiga, beijos também, até mais.
Após desligar a ligação aumento o som do carro e conecto o app de músicas,
selecionando uma playlist sertaneja para entrar no clima de sexta, começando a
tocar Tijolão de Jorge e Mateus, cantando junto em volume alto.
Pouco tempo depois estou estacionando em casa, entro com Bud indo tomar
meu banho enquanto penso no meu almoço nada comum de hoje.
Suspiro enquanto lembro daquele olhar que realmente me hipnotizou, só
pode ter sido isso...
CAPÍTULO 3

A sexta-feira chegou finalmente, eu e Sofi saímos juntas do consultório indo


nos arrumar em casa como é mais perto, tanto do trabalho como da balada que
vamos. Liv veio pra cá também para nos encontrar para sairmos todas juntas. Ela
também trabalha na área médica, é uma excelente ortopedista do Life’s hospital,
um dos hospitais mais renomados aqui da região.
Estamos animadas ouvindo músicas sertanejas, enquanto nos maquiamos,
coloco um batom vermelho de alta pigmentação, esfumaço uma sombra escura
em meus olhos verdes para destaca-los e finalizo com um delineado.
Coloco um vestido preto justo de manga longa um pouco pra cima dos
joelhos, nem muito curto e nem muito longo, posso dançar a vontade sem me
sentir vulgar. Olho no espelho aprovando meu look.
Tenho um corpo legal, então não quero chamar muito atenção passando a
impressão errada, mas também quero me sentir sensual, por isso acho que estou
muito bem dessa maneira.
As meninas ficam prontas na sequência, já chamando o táxi para irmos.
Liv escolheu uma balada em Moema que realmente está sendo muito bem
avaliada pelo que pesquisei, entramos no táxi, indo em direção a ela.
Estamos na fila da balada Lounge dance & Bar, compramos entradas com
direito a área VIP, seguindo para o local indicado.
Pedimos uma dose de tequila para esquentar assim que chegamos, quando o
garçom nos serve, levantamos as doses para brindar quando Liv sugere.
— A nossa liberdade!
Eu e Sofi gritamos juntas batendo as doses, as bebendo em seguida
chupando o limão.
A área VIP está começando a encher, já vemos alguns homens tentando se
aproximar olhando para o nosso trio.
Bebemos mais um pouco, rimos junto de algumas pessoas que fizemos
amizade, resolvendo descer para a pista de dança.
Está tocando Romance com Safadeza da Anitta com Wesley Safadão e nós
dançamos juntas, revezando entre dançar como parceiras e sozinhas, enquanto
cantamos extravasando todo o estresse da semana.
— Sabe por que eu não te largo? Cê faz gostoso e ainda põe leite
condensado. Sabe por que você não me deixa? É que eu misturo romance com
safadeza...
Danço sensualmente essa parte, lembrando do clipe dessa música, nem me
importando com o que estão pensando, só querendo curtir a noite ao lado de
minhas amigas.
Percebo um rapaz, que deve ter a mesma faixa de idade que eu, de muito boa
aparência se aproximar tentando entrar na dança comigo, o que permito.
Começamos a dançar juntos algumas músicas, mas percebo que o rapaz já deve
estar bem animadinho por causa do álcool tentando descer a mão, seguro elas,
para deixar claro que não estou interessada em nada além da dança. O rapaz
parece não entender o recado vindo cheirar o meu cangote tentando beijá-lo, tento
me afastar, mas ele parece não perceber, porque continua me segurando com certa
firmeza.
Resolvo falar pra ele...
— Olha acho melhor pararmos de dançar agora. — Ele me encara, mas
parecendo não ter entendido pelo olhar descarado que me lança.
— Nossa que apressadinha, já quer ir pra outro lugar é?! — reviro os olhos
porque não é possível que precise desenhar.
— Não bonitão, caso não tenha percebido, estou tentando sair das suas
investidas, então pode tirar seu cavalinho da chuva que aqui não vai rolar nada.
— Percebo que vai falar alguma coisa ainda, por isso tento me afastar antes que
continue.
Quando começo a me virar o rapaz pega o meu braço dizendo.
— Nossa você é uma delicinha sabia, e sei que tá gostando, não precisa dar
uma de difícil, não.
Era só o que me faltava, quer me irritar é ter essas cantadas baratas. Quando
vou dar uma resposta à altura, sou interrompida por uma voz que me parece
familiar.
— Já peguei sua bebida paixão, está com algum problema por aqui?
Vejo que o rapaz a minha frente, olha pra alguém atras de mim em direção a
voz grossa soltando o meu braço enquanto fala.
— Foi mal cara, pensei que ela estivesse apenas curtindo aqui.
Quando me viro para ver de quem é a voz, paraliso porque não é ninguém
mais, ninguém menos que o deus grego que se infiltrou nos meus pensamentos
desde o ocorrido no almoço.
Pisco algumas vezes, porque penso que devo ter bebido demais mesmo, pra
já estar alucinando, e é onde o bonitão vira pro rapaz dizendo.
— Sim, está curtindo, comigo, — dá ênfase na última palavra, olho pra ele
embasbacada, enquanto tento encontrar minha voz, porque nem me defender
estou conseguindo depois do choque que levei — então vai procurar alguma
mulher que queira algo com você, como percebeu, ela não está interessada não é
paixão? – olha pra mim com aqueles olhos penetrantes, só conseguindo dizer.
— Ahan... – literalmente ele me fez perder até a voz, já não basta o
raciocínio agora a minha linda voz... eu mereço viu?!
O rapaz percebe que perdeu essa finalmente se afastando, me deixando com
o bonitão que por sinal não sei o nome, no meio da pista de dança.
Nos encaramos, mais um pouco até que ele me oferece uma bebida apenas
com a mão, percebendo o modo como estou, que nem sequer havia percebido que
estava segurando, aceito pegando dele e tomo num gole só. A bebida desce
queimando pela minha garganta, mas não chega nem perto de como estou
queimando mais pra baixo nesse momento.
Ele gargalha com aquele sorriso que me amolece todinha.
— Nossa, você não tem frescura com bebida... — reflete um pouco sobre o
que disse — gosto disso — começa a tocar Suíte 14 de Henrique e Diego, ele me
estende a mão — dança comigo?
Olho pra mão dele, uma mão grande e bonita, acabo lembrando do calor que
senti aquela vez só de encostar em seu dedo, imagina se dançar, ainda mais
próximos, nos tocando, sentir o corpo dele que não parece ser nada mal. É nesse
momento que reparo em como ele está vestido, e não poderia estar mais lindo.
Veste uma camisa ¾ branca que marca seus ombros largos mostrando seu corpo
definido, uma calça de sarja preta, o cabelo liso meio bagunçado de uma maneira
que ficou ainda mais sexy, me dando um sorriso de canto, me fazendo concluir
que estou literalmente lascada se dançar com ele pra conseguir disfarçar como
mexe comigo, é pensando nisso que recupero a minha voz respondendo.
— Não vai dar, tenho que ir encontrar as meninas, estão me esperando —
minto é claro, porque elas estão bem ali perto de mim, nem percebendo o que está
acontecendo comigo, pois já estão dançando bem animadas com outros parceiros.
Ele se vira pra direção delas, olha pra mim, dizendo.
— Elas não parecem estar te esperando no momento — dá com os ombros,
com seu sorriso encantador surgindo em seus lábios, que me deixa agora sem
graça ao perceber que estava me observando pelo fato de saber com quem eu
estava.
Arfo porque vi que fiquei sem argumento depois dessa.
— Ok, você me pegou — dou um leve sorriso sem graça.
— É apenas uma dança. — Assinto com a cabeça, pois não encontro mais
desculpas, dizendo comigo mesma, é só uma dança, não é nada demais. Aceito
sua mão que me puxa pra próximo de seu corpo guiando os meus passos no ritmo
da música.
Ele não poderia dançar mal? Pisar no meu pé? Ser fedido? Não ter um
olhar hipnotizante?
Nem esse corpo delicioso que com certeza por baixo dessa roupa deve ser
uma loucura, que faz jus ao apelido que dei a ele de deus grego. Fora o sorriso...
Não ele tem que ser perfeito, pelo menos fisicamente, penso ironicamente.
Esse perfume dele deve estar mexendo com a minha libido não é possível,
porque um homem perfumado é tudo de bom, e está me enlouquecendo com esse
aroma. Sinto meu corpo todo esquentar, meus seios endurecer só com o pouco
contato, além de minha calcinha umedecer só de dançar com ele. Preciso distrair
minha mente urgentemente antes que eu pire de vez, lembro que não o agradeci
ainda pela ajuda de despachar o rapaz um pouco antes. Limpo minha garganta
falando próximo ao seu ouvido.
— A propósito, obrigada pela ajuda agora a pouco — percebo pelo canto de
sua boca que está sorrindo — ele realmente não estava se tocando que não ia rolar
nada, apesar de saber me defender sozinha, agradeço a ajuda.
Ele ri em meu ouvido, um som delicioso de se ouvir a propósito.
— Tenho certeza de que saberia colocar ele em seu devido lugar, mas fico
feliz em poder retribuir um pouco a você depois de quarta. — Me roda, me
deixando com as costas encostadas em seu peito. E meu Deus que peitoral é
esse?! Consigo sentir como é definido. Devido ao salto alto que estou usando,
nossa diferença de altura está um pouco menor, sendo que mesmo assim ainda é
uns dez centímetros maior que eu, sinto meu quadril encostar levemente em uma
abundância em sua calça que me faz soltar um gemido baixo de minha boca.
Como que posso colocar juízo dentro de mim nessas situações, hein Katarina?
Falo comigo mesma em pensamento. Ele me desvira, agora ficando com o corpo
colado um ao outro enquanto dançamos nos encarando Quarta Cadeira de
Matheus e Kauan, mas nem consigo prestar atenção mais na música.
– A propósito sou Derik — diz com aquele sorrisinho lindo me fazendo
lembrar da educação que minha mãe me deu, me apresentando também.
— É um prazer Derik, como você deve ter visto pelo cartãozinho, sou
Katarina Bittencourt, mas me chamam de Kat. — Tento soar normal como se
falasse com qualquer pessoa.
— O prazer é meu Kat — gosto do modo que meu apelido sai em sua boca, e
que boca, fico admirando essa perfeição divina enquanto continua – então, você
gosta de vir em uma balada?
Quando levanto os olhos para lhe responder, percebo que ele também está
olhando para meus lábios me fazendo sorrir, percebendo que não sou a única
afetada aqui.
— Sim, quero dizer não sou de ficar vindo pra ser sincera, mas de vez em
quando venho para dançar um pouco — umedeço meus lábios perguntando — E
você, é baladeiro? – ele dá uma risada rouca negando com a cabeça.
— Sou nada, até sei dançar porque já frequentei bastante quando mais novo
e muitas festas universitárias, mas não sou de frequentar não, meu amigo está
fazendo aniversário e ficou insistindo pra eu vir, como mudei há pouco tempo,
quer que me enturme, que conheça novas pessoas na cidade. — Pensa um pouco
com um sorriso malicioso. — Mas agora tenho que agradecer a ele pela
insistência.
— Por que diz isso? — pergunto sem entender seu comentário.
— Porque acabo de perceber que valeu a pena o sacrifício. – Percebo que
continua olhando para minha boca, dando um sorriso sem graça desviando um
pouco o rosto pra recobrar meu estado normal.
Observo as meninas que continuam dançando agora com outros parceiros, é
quando Sofi encontra meu olhar dando um sorriso de que provavelmente
reconheceu com quem estou dançando, me fazendo rir pra ela balançando a
cabeça.
— Quer beber ou comer alguma coisa? — Como já estamos dançando há um
tempo e só bebi até agora, percebo que preciso me alimentar, pois não estou a fim
de passar vexame.
— Claro, estou precisando comer algo, antes que eu fique muito bêbada.
Ele coloca as mãos em minha cintura me guiando em direção a área VIP,
enquanto isso tento controlar meus pensamentos super criativos que estão
nadando em expectativas, imaginando como seria sentir elas diretamente em
minha pele. Respiro fundo, tentando agir normalmente enquanto subo em sua
frente na escada, me perguntando se está gostando da vista de onde está, dou um
sorriso perverso, agradecendo por ter escolhido esse vestido para vir hoje, pois
marca bem as minhas curvas.
Quando Vinicius ficou insistindo para vir hoje comemorar seu aniversário,
tentei fugir de toda maneira, gosto de uma festa, mas balada, não estava no clima
para vir, preferia um barzinho, mas de tanto que ele insistiu acabei vindo, pois
realmente os argumentos dele foram convincentes.
Me mudei pra cá recentemente, há duas semanas, para ficar mais próximo do
meu filho. Sou sócio da construtora DM Arquitetura e Construções e trabalhava
na filial de São José dos Campos, como Alice, minha ex, fez o favor de se mudar
para São Paulo há seis meses, acabei ficando muito distante de meu filho, o que
não me agradou nenhum pouco. Com isso acabou surgindo uma conversa com
meu sócio Marcos e acabei desabafando sobre estar longe de Guilherme agora e
em como sentia falta dele, trabalho muito, sempre saio bem mais tarde do meu
horário, quando não estou com meu filho no final de semana, me foco no meu
trabalho mesmo, pois é a minha melhor distração, por isso o fato de estar longe
realmente me incomodava, foi onde Marcos sugeriu que eu viesse morar pra cá e
ficar junto dele trabalhando na matriz em São Paulo e acabei topando, fico
próximo de meu melhor amigo e ainda do meu filho.
Como minha rotina é bem pesada, acabo vendo meu filho mais no final de
semana, que geralmente acontece a cada 15 dias, mas consegui a autorização com
o juiz de vê-lo também uma vez por semana por algumas horas, e geralmente faço
isso de quarta-feira, só troco o dia quando tenho alguma reunião ou viagem que
não tenha como adiar.
Quando morava em São José dos Campos até isso ficava difícil, devido à
distância pra conseguir trabalhar e estar aqui para vê-lo, nem sempre conseguia
cumprir essa parte do acordo, e o que eu não quero é dar motivos pra Alice
colocar meu filho contra mim, então sim, mudar pra cá parece ter sido a melhor
decisão.
Estava com uma turma de umas dez pessoas aqui nessa balada, e Vini fez
questão de me apresentar algumas de suas lindas amigas, que aparentemente
gostaram muito de mim, pois tentaram chamar a minha atenção por boa parte da
noite, sim elas são lindas, e já faz uma semana que não saio com ninguém, então
não seria má ideia ir embora com uma delas, mas não estou me sentindo animado
com essa hipótese.
Já faz três horas que estamos aqui bebendo e rindo, Larissa uma das
mulheres que está flertando comigo se aproxima dizendo.
— Vamos lá embaixo dançar um pouco gato? — olho pra ela, realmente ela
é linda, abaixo meu olhar para ver se me animo um pouco, está com uma roupa
que deixa pouco pra imaginação, com um decote que vai até próximo do umbigo,
a costa praticamente nua, me comendo com os olhos, literalmente. Sinto sua mão
tocar em meu peito e a outra enrola uma mecha de seu cabelo mordendo os lábios
sugestivamente. Mas apesar de tudo isso, não estou nenhum pouco interessado, é
realmente hoje não estou no clima pra nada.
— Hoje não estou muito animado pra dançar, mas vai lá aproveitar um
pouco.
Ela faz um biquinho com a boca fingindo ter ficado chateada.
— Vou ir lá então, quem sabe me vendo dançar se anime e desça pra me
acompanhar. — Dá um sorriso com uma piscadela enquanto se vira rebolando,
chama Veronica sua outra colega que estava aqui também a pouco tempo,
descendo sentido a pista de dança.
Me debruço no para peito da área VIP apreciando a vista da pista de dança
enquanto tomo minha long neck, até que a vejo.
No início penso ser obra da minha mente traiçoeira, que desde quarta quando
a conheci, sua imagem volta em minha mente a todo instante.
Está mais linda do que na quarta, se é que isso seja possível. Está usando um
vestido justo que marca muito bem o seu corpo cheio de curvas — e grunhi só de
ver — que corpo!
Ela realmente não deixa a desejar em absolutamente nada, deve ter em torno
de 1,70, um corpo escultural, possui seios com tamanho perfeito, que com certeza
ficariam ótimos em minhas mãos, uma cintura fininha que penso ser capaz de
minha mão fechar em volta dela sem problemas, e uma bunda fenomenal, pois dá
pra perceber muito bem pelo modo como ela está rebolando, dançando a música
Romance com Safadeza de Anitta e Wesley Safadão. Ela dança sensualmente, me
fazendo imaginar ela comigo dentro de quatro paredes sentindo meu pau
despertar na mesma hora só de imaginá-la.
— Porra, é muito gata... — continuo vagando em pensamentos admirando a
linda imagem dela dançando. Até que, percebo um cara se aproximando dela para
dançar, será que é o namorado que resolveu cortar o espetáculo de todos os
homens, que assim como eu estão babando, deve ser isso com certeza, me
desanimando com essa hipótese.
Observo por mais um tempo os dois dançando, percebendo que não se
beijam, nem conversam nada, apenas estão dançando, dá pra perceber que ela está
interessada apenas em dançar, pelo modo como estava antes dele se aproximar e
assim continua, mas já da parte dele, é nítido que tem outras intenções, pelo modo
que a está comendo com aqueles olhos maliciosos. É não deve ser namorado.
Tento mudar um pouco o foco do meu olhar, porque não tenho nada a ver
com isso, ela é realmente linda, mas com certeza deve ter alguém que veio a
acompanhando, entretanto só a vi com as outras duas mulheres que estavam
dançando juntas, antes do cara se aproximar, mas que seja, isso não é da minha
conta.
Dou mais uma olhada pela pista de dança, vendo Larissa e Veronica
dançando com outros homens, nesse instante Larissa me vê a olhando dando um
sorriso sexy e uma piscada. Levanto minha long neck pra ela com um sorriso,
levo minha bebida até a boca mas desvio o olhar, voltando a admirar a linda
médica que tive o prazer de conhecer.
Ouço Vini me chamar para me aproximar do pessoal, relutante em perder a
doutora de vista vou até ele, pegando mais uma cerveja, conversando um pouco,
mas minha atenção indo todo instante na pista de dança, de onde estou consigo
enxerga-la, não tão bem como antes, mas ainda sim consigo apreciar a vista,
mesmo estando danificada com aquele paspalho agora.
Reviro os olhos bufando alto ao ver ele dançando tão colado nela. De
repente percebo que Katarina começa a se sentir um pouco incomodada pela sua
feição, dou um passo mais próximo do parapeito vendo que o cara estava
tentando abaixar a mão para seu quadril, mas ela segura suas mãos, isso me
incomoda, mas continuo observando para ver o que vai acontecer, se ela vai ceder
e querer algo ou se ele não vai respeitá-la.
Minha paciência vai para o espaço quando ele insisti indo beijar o seu
cangote mesmo ela se afastando dele, mas ele não permite, pego duas doses de
vodkas na mesa, bebo uma e levo a outra junto comigo, apenas dou um toque a
Vini que já volto seguindo até ela.
Ao descer para a pista parece que não chego nunca até seu encontro, mas
vejo de longe ela falando algo para ele, como se estivesse chamando a sua
atenção, mas ele debocha com certa malícia respondendo ainda agarrado nela.
Larissa me vê tentando vir até mim, animada pensando que resolvi descer dançar
com ela.
— Gato, você não resistiu e veio dançar comigo — dá aquele sorriso já
vindo apoiar em meu peito.
Me desvencilho dela retirando seu pulso de mim e a corto.
— Não, não desci pra isso, preciso resolver algo, depois nos falamos. — Já
vou saindo em direção a Katarina antes que ela me questione algo a mais.
Quando chego por trás dela, ouço o que o rapaz diz, já trincando meus
dentes, fechando meu pulso como um soco e o copo que seguro aperto tanto que é
capaz de trinca-lo me segurando para não perder o controle.
— Nossa você é uma delicinha sabia, e sei que tá gostando, não precisa dar
uma de difícil, não.
Percebo que Katarina fica chocada com a sua ousadia, penso como devo agir
para não a assustar e não parecer um louco que a está perseguindo também, vejo a
bebida em minha mão tendo uma ideia de que espero dar certo e ela entre junto na
minha mentira.
— Já peguei sua bebida paixão, está com algum problema por aqui?
Rio internamente por eu conseguir ser tão sarcástico a chamando de paixão,
sendo que nem meu nome ela sabe, isso vai ser melhor do que eu imaginava.
Percebo que Katarina fica lívida de repente, talvez associando a voz ou
tentando reconhece-la, não sei.
O rapaz até então a segurando, olha pra mim com cara de desconfiado e solta
o seu braço.
— Foi mal cara, pensei que ela estivesse apenas curtindo aqui.
Mas é um ridículo mesmo, curtindo ela estaria se quisesse continuar, e não
foi o que estava acontecendo.
Percebo que Katarina se vira olhando pra mim, fazendo meu coração
disparar em ver de perto como está linda, a boca vermelha destacando os seus
lábios cheios e seus olhos que parecem duas esmeraldas me olhando, ainda mais
destacado devido a maquiagem... porra, ela é muito linda. Tento reorganizar
meus pensamentos, voltando a encarar o rapaz, o corto vendo que ela não deve
estar acreditando que eu estou aqui devido a sua reação, afinal nos encontramos
em situações inusitadas dentro de dois dias, sendo que mal nos conhecemos.
— Sim, está curtindo comigo — ela me dá um olhar tão surpresa quanto eu
que estou aqui falando, mas não me desmente em nenhum momento, o que fico
aliviado, porque senão quem ia passar carão seria eu — então, vai procurar
alguma mulher que queira algo com você, como percebeu, ela não está
interessada né paixão? – não resisto dando um sorriso de lado pra ela, que pisca
mais uma vez, acredito que sem saber o que falar, confirmando com um mísero.
— Ahan... – dou risada ao perceber o quanto ela ficou surpresa em me ver
aqui, nem conseguindo falar nada.
Finalmente o intruso percebe que está sobrando aqui se afastando, nos
deixando a sós.
Percebo que Katarina não deve está entendendo nada, ainda meio atordoada
com o que aconteceu, lhe ofereço minha bebida, dá uma piscada como se tentasse
ter certeza do que está vendo, vendo a bebida em minha mão oferecendo a ela,
que aceita tomando da minha mão e a toma com tudo em um gole só.
Não resisto e gargalho, porque agora ela nem piscou, nem careta fez. Ela é
das minhas penso.
— Nossa, você não tem frescura com bebida... — comento com meu sorriso
irônico, apesar de totalmente sincero, não gosto dessas mulheres que ficam com
frescura e bebem apenas aquelas bebidas enfeitadas, ou tentando mostrar algo que
não é — gosto disso — ela continua me encarando e pra tentar acalma-la ao ouvir
que começa a tocar Suíte 14 de Henrique e Diego lhe estendo a mão e digo —
dança comigo?
Percebo que ela fica pensativa se aceita ou não, talvez esteja com receio de
aceitar meu pedido depois do que acabou de acontecer, mas não me deixo desistir,
continuando a encarando tentando decifrar seus muitos pensamentos, até que ela
corta o silêncio.
— Não vai dar, tenho que ir encontrar as meninas, elas estão me esperando
— analiso seu lindo rosto por um instante, me viro olhando na direção em que as
amigas dela estão, uma delas até reconheço do restaurante e falo.
— Elas não parecem estar te esperando no momento — não resisto, dando
de ombros com um sorriso para acalmá-la mas, deixando claro que sei com quem
ela veio, porque já a tinha visto antes e percebo que ela ficou sem graça ao
perceber isso, ponto pra mim.
— Ok, você me pegou — dá um sorriso encantador ao admitir sua desculpa
pra fugir de mim e jogo a real.
— É apenas uma dança. — assente finalmente aceitando minha mão, a pego
puxando para próximo de mim, doido para sentir o seu cheiro e poder saciar
minha curiosidade de estar próximo de seu corpo que tanto estava mexendo
comigo nesses dois dias.
Definitivamente, ela sabe dançar, não bastava ter visto aquele show de
sensualidade mais cedo, agora com ela aqui encostada em mim, sentindo seu
corpo próximo do meu, é enlouquecedor, até entendo um pouco do cara mais
cedo, não que justifique sua atitude é claro, porque respeito em primeiro lugar,
mas não tem como ficar intacto aqui.
É linda, cheirosa, gostosa pra caralho, e ainda sabe deixar um homem doido
apenas dançando, sem nem fazer esforço, porque pelo modo como está, é nítido
que ainda está pensativa por estar aqui comigo, talvez esteja achando que pelo
fato de ter um filho, seja comprometido e por isso esteja receosa.
Finalmente ela quebra o silêncio entre nós dois.
— A propósito, obrigada pela ajuda agora a pouco – sorrio ao ouvir seu
agradecimento – ele realmente não estava se tocando que não ia rolar nada, apesar
de saber me defender sozinha, agradeço a ajuda.
Sorrio em seu ouvido, me segurando para não dar uma mordida no canto de
sua orelha.
— Tenho certeza de que saberia colocar ele em seu devido lugar, mas fico
feliz em poder retribuir um pouco a você depois de quarta — mudo a posição da
dança a rodando e a deixando com as costas encostadas em meu peito,
percebendo de imediato que foi uma péssima ideia ficar dessa maneira, pois essa
bunda deliciosa começa a encostar levemente em meu pau o despertando-o no
mesmo instante. Só de imaginar o que poderia fazer com essa bunda se
estivéssemos em um lugar mais reservado agora... se controla Derik, ou vai piorar
a situação. Preciso pensar em outra coisa nesse momento para diminuir isso e não
aumentar, tento pensar em alguma situação totalmente broxante antes que ela
perceba o que está acontecendo comigo, ouço um gemido baixo sair de sua boca,
dando um leve sorriso feliz em perceber que não sou só eu que estou sofrendo
aqui pelo visto. Mas de toda maneira não quero que ela pense que sou um tarado
sem controle, começo a pensar no em um lutador de sumô dançando de sunguinha
rosa e no mesmo instante percebo que meu pau está voltando ao seu estado
normal, visão do inferno viu, mas pelo menos deu certo, aproveitando para mudar
a posição de dança antes que meu pau resolva acordar novamente me fazendo
passar mais vergonha, voltamos a ficar com o corpo colado um no outro
enquanto nos encaramos dançando Quarta Cadeira de Matheus e Kauan, me
lembro de um pequeno detalhe, que até agora ela não me perguntou meu nome,
nem eu me apresentei, tento agir com normalidade ao seu lado, ao invés de um
tarado.
– A propósito sou Derik. — Ela se apresenta apesar de já saber seu nome.
— É um prazer Derik, como você deve ter visto pelo cartãozinho, sou
Katarina, mas me chamam de Kat.
— O prazer é meu Kat – faço questão de pronunciar bem devagar seu
apelido para dar uma leve provocadinha e percebo que ficou olhando minha boca,
se ela soubesse na onde gostaria de colocar minha boca. Tento mudar o foco dos
meus pensamentos novamente puxando conversa — então gosta de vir em uma
balada?
Ao lhe perguntar, acabo descendo meu olhar para sua boca carnuda e ela de
repente abre um sorriso que faz meu coração disparar com tamanha perfeição,
como pode ser tão linda?
— Sim, quero dizer, não sou de ficar vindo pra ser sincera, mas de vez em
quando venho para dançar um pouco — sinto minha boca seca só de imaginar em
beijar essa boca — e você, é baladeiro? — dou risada da sua pergunta negando
com a cabeça.
— Sou nada, até sei dançar porque já frequentei bastante quando mais novo
e muitas festas universitárias, meu amigo está fazendo aniversário e ficou
insistindo pra eu vir, como mudei há pouco tempo, quer que me enturme, que eu
conheça novas pessoas na cidade. — De repente abro um sorriso lembrando que
não posso esquecer de agradecer Vini por fazer eu vir hoje — mas agora tenho
que agradecer a ele pela insistência.
— Por que diz isso? — me pergunta confusa, provavelmente por causa da
cara que fiz.
— Porque acabo de perceber que valeu a pena o sacrifício. — Não resisto
voltando a admirar sua linda boca, ela percebe me dando mais um sorriso tímido,
mas que faz com que esteja valendo com toda certeza à pena ter vindo pra cá
hoje.
Começo a ficar com calor e resolvo chama-la para ir para outro lugar, talvez
conversarmos melhor, fiquei interessado em conhece-la, nada demais, só parece
ser uma pessoa legal, se rolar algo mais, melhor ainda. Ela é linda, só um louco
não iria querer experimentar essa boca e esse corpo todinho.
— Quer beber ou comer alguma coisa?
— Claro, estou precisando comer algo, antes que eu fique bêbada.
Não êxito em colocar a mão em sua cintura a direcionando para a área VIP,
como vi que ela está com a pulseira também, fico tentando me controlar pelo
simples fato de um toque mexer tanto comigo, despertar um desejo descomunal
de querer tocar cada vez mais em sua pele. Vejo como estou ferrado quando
chegamos a escada para subir o andar com ela na minha frente rebolando com
essa bunda maravilhosa. É nesse momento que fecho meu pulso me dando uma
mordida para não gemer alto pensando...
Caralho, estou completamente fodido!
CAPÍTULO 4

Nos dirigimos para uma mesa próxima de onde estava com as meninas, e
pelo que mostrou apontando com a cabeça, também não muito distante seus
amigos estão.
Ele pede uma porção de calabresa frita, me olhando ao responder o garçom.
— Vou querer outra cerveja, e você Kat quer beber o que?
— Pode ser uma cerveja também. — Respondo.
As pessoas estão bem animadas, começando a dar os seus famosos
“vexames” por causa da cachaça. Eu mesma não estou muito atrás, só bebi e até
agora não comi, me sinto nervosa por estar com ele aqui, apesar de não ser nada
demais.
Talvez não esteja me sentindo pior, por causa das músicas, que acabam me
acalmando mesmo sem perceber, mexo meu corpo levemente conforme seus
ritmos cantando baixinho.
Tento evitar alguns pensamentos, mas é difícil, toda hora me pergunto se ele
não está com ninguém, pois afinal se estivesse com alguém, não estaria aqui,
agora, apenas comigo né, rio do meu próprio pensamento, porque isso não quer
dizer nada, quantos homens são casados e tem relacionamentos extra conjugais
certo? O traste do meu ex volta em minha mente, balanço a cabeça em negativa
como se isso fosse o suficiente para retirar ele da minha cabeça. Derik deve ter
percebido minha expressão, pois pergunta.
— O que está pensando pra ter ficado com essa cara? — me olha intrigado
com seus olhos azuis lindíssimos, penso no que vou dizer pra sair dessa, porque
soltar que ele pode ser um cara comprometido e tem a possibilidade de estar
traindo a sua namorada ou com intenção, seja lá o que for, não seria uma boa
ideia.
— Nada demais, só percebi que estou misturando as bebidas, e amanhã vou
ter uma bela de uma ressaca — rio dando de ombros, parece ter acreditado em
meu papo furado.
— Realmente ressaca não é uma boa, já tive muitas e hoje sempre tomo
cuidado para não ficar assim.
— Está certo! — comento e ele assente me olhando de uma maneira que
gostaria de conseguir ler seus pensamentos, após o garçom trazer nossa porção
junto das bebidas continua.
— Até mesmo que amanhã cedo trabalho, e não seria uma boa ideia ir de
ressaca trabalhar. E você amanhã vai para o consultório?
Digo que não, raramente abro o consultório aos sábados. O papo continua
rolando tranquilamente, não sei se é por causa da quantidade de álcool ingerido
ou qualquer outro motivo, mas me sinto um pouco mais confortável ao seu lado,
nem percebendo a hora passar.
O clima continua quente entre nós, é palpável em seu olhar, e o meu não
deve estar diferente. Sempre que tem a oportunidade, toca em meu braço, retira
uma mecha de meu cabelo do meu rosto, e eu estou adorando a sensação de
qualquer toque que esteja me dando, na verdade, estou me sentindo uma
adolescente que fica ansiando por qualquer proximidade de seu primeiro
namoradinho.
Derik arrasta a cadeira para mais próximo de mim, conforme vamos
conversando, assuntos quaisquer como o quanto gostava de morar em São José
dos Campos, o porquê resolveu se tornar um engenheiro, e até mesmo coisas
banais como uma música qualquer que toca nos lembrando de algo para
mencionar. Percebo que conforme conversa comigo, sempre se inclina para mais
próximo de mim, o que facilita eu sentir seu cheiro de homem perfumado, esbarra
seus braços nos meus, fazendo com que me arrepie dos pés à cabeça. Estamos
rindo enquanto conversamos sobre as pessoas na pista de dança, que já estão bem
exaltadas, quando sinto um olhar me queimando, procuro até que vejo, uma
mulher morena me fuzilando com seu olhar da mesa dos amigos de Derik,
bebendo uma caipirinha, acredito eu, não resisto e acabo comentando.
— Acho que sua namorada não deve estar muito satisfeita de estar aqui
conversando comigo, — sim, joguei o verde pra descobrir o que ele vai me falar,
tentando saber o seu status pessoal. Aponto com a cabeça na direção da garota ao
perceber que não entendeu de quem comentei.
Se vira na direção em que apontei, vendo a mulher morena desviar o olhar,
fingindo continuar a conversa com as demais mulheres na mesa e dois homens,
então dá de ombros comentando.
— Ah Larissa, não é minha namorada, na verdade sou livre e desimpedido
— diz me dando aquele sorriso estonteante com um ar de provocação com uma
piscadela — a conheci hoje, meu amigo que a conhece e lhe convidou.
Dou um sorriso, que talvez pela quantidade de álcool ingerida passe maior
interesse do que realmente queria lhe demonstrar. Livre e desimpedido então, as
coisas começaram a melhorar agora.
— E você Kat, também está livre? — Me pergunta dando um olhar
avassalador mexendo diretamente com um ponto específico da minha anatomia,
bem próximo da minha calcinha, o que me faz querer contorcer as pernas.
Quando sorrio, pensando em responder no mesmo tom de brincadeira que
usou comigo a pouco, somos interrompidas por uma Liv mega alterada com
certeza.
— Minha Kit Kat, mais gostosa que o chocolate — a olho porque já não
bastava o apelido ao lado de Derik, também precisava não só me constranger
como também me chamar de gostosa, reviro os olhos observando minha querida e
nada amada nesse exato momento — estávamos procurando você, por toda a
parte, pensamos que tinha fugido com o bonitão que estava dançando para ele em
um lugar mais reservado, — dá uma gargalhada, e é nesse momento que parece
ver Derik ao meu lado, comentando mais alto do que deveria — mas agora
entendo porque não tenha fugido com o bonitão — dá um sorriso para Derik que
deve ter adorado o leve comentário de minha amiga, ela estende a mão para ele se
apresentando com um beijo no rosto. — Sou Liv, Olívia na verdade, amiga de Kit
Kat e você quem é?
Ele me dá um olhar com o sorriso refletindo nos olhos, voltando a olhar para
Liv respondendo.
— Sou Derik, Liv, é um prazer conhece-la. — diz com seu sorriso
encantador.
— O prazer é todo meu, sem sombras de dúvidas — arfo com seu
comentário, pois Liv já é doida naturalmente, bêbada então, perde a noção do
espaço, se vira pra mim falando — amiga, eu vou voltar pra pista de dança, a Sofi
continua lá se atracando com o gato que conheceu, acho que vão embora juntos
pelo jeito que as coisas vão por lá — gargalha ao comentar — eu até estava
pegando um gostosão também, mas só quis dar uns pegas mesmo, vamos lá
dançar mais um pouco, antes de irmos embora? — olha pra Derik que está me
observando enquanto ouve a conversa disparada de Liv voltando seu olhar pra
mim — A não ser, é claro que tenha uma programação melhor para fazer depois
daqui. — dá uma piscadinha nada discreta por sinal pra mim ouvindo Derik rir de
seu comentário, mas pelo seu olhar está bem interessado nessa possível
programação.
Sim, ele é lindo, e mexe comigo sem sombras de dúvidas, com quem não
mexeria, só se a pessoa não gostar da coisa mesmo pra não querer, e apesar de
estar bem alterada por causa do álcool, não vou fazer nada bêbada, que possa me
arrepender amanhã e é pensando nisso que lhe respondo.
— Vai lá Liv, eu já desço atrás de você.
Ela me olha com aquela cara de quem está me xingando em pensamento,
algo como: para de ser louca e se joga no cara, mas balança a cabeça, vai até o
bar pedir mais uma dose voltando pra pista de dança, me deixando sozinha
novamente com Derik que comenta.
— Sua amiga é uma figura hein... gostei dela... – me olha de um jeito
hipnotizante — é bem espontânea, sem papas na língua. — Dá uma risada
deliciosa que parece ser música para meus ouvidos.
— Ela realmente é uma figura, doida de pedra, me deixa constrangida as
vezes, como pode perceber, mas me divirto com ela.
Continuamos conversando por mais uns vinte minutos, até que somos
interrompidos por ninguém mais, ninguém menos que a tal da Larissa.
Não vou negar, a garota é linda, tenho certeza de que não deve ter muitos
problemas em conseguir o homem que quer, pelo modo como ela chega tentando
marcar território, está mais que claro o homem que ela decidiu ter hoje.
Chega por trás de Derik, que percebe sua presença a olhando por cima do
ombro, ela não se deixa intimidar, se aproximando me ignorando por completo já
colocando as mãos em seus ombros descendo até o peito dele, como se estivesse
massageando-o, deixando claro sua intenção de dar pro cara ali mesmo na frente
de qualquer um. Não sou hipócrita de fingir que me decepciono por Derik não a
impedir desse contato todo com ela, afinal veio até mim, me trouxe para
conversarmos, mas talvez seja só a minha mente criativa me criando peças, devo
ter entendido errado, ele só quis me ajudar mesmo, como agradecimento pelo que
fiz com seu filho. É, deve ser isso mesmo.
Ela se abaixa falando em seu ouvido sensualmente, fazendo com que a ouça.
— Ei gato, senti sua falta lá na mesa, — desce a mão pelo peitoral até a
barriga, subindo até os ombros novamente e Derik não parece nada incomodado,
talvez eu quem esteja na verdade, dá uma risada baixa de quem está apreciando o
contato não solicitado. Abusada, penso revirando os olhos — você ainda tá me
devendo uma dança lembra, gato? — a piranha olha pra mim dizendo ainda em
seu ouvido enquanto me encara — Depois podemos ir para um lugar mais
reservado, aproveitar melhor o nosso fim de noite, o que você acha? — a vadia
não satisfeita vai e morde o canto da orelha de Derik que vejo dando um sorriso.
Tá vendo Katarina, se atenta, homem é tudo sem vergonha, e você mal o
conhece, não deveria nem se importar, acorda garota — me repreendo.
A seguir me surpreende, quando pega seus pulsos retirando as mãos dela de
cima dele dizendo.
— Agora estou um pouco ocupado como pode ver. — Olha pra mim um
pouco sem graça pelo que a vadia Mor estava fazendo.
Mas é nesse momento, que me recupero lembrando que não tenho motivos
para ficar incomodada com nada, pois mal o conheço, é óbvio que um tipo como
ele, teria milhares de mulheres jogada aos seus pés. E o que não preciso nesse
momento é me envolver com uma pessoa que só vai me dar dor de cabeça. É
claro que poderíamos ter uma noite louca de sexo casual apenas, matando esse
desejo doido que apareceu desde que o vi pela primeira vez. Mas tenho que me
dar valor, nunca fui de ficar competindo por macho, não é agora que vou fazer
isso, é pensando nisso que tomo uma decisão me levantando, enquanto Derik me
acompanha com seu olhar tentando entender o que houve.
— Na verdade, fica a vontade de ir dançar com ela ou ir aproveitar o resto
da noite em um lugar mais reservado, — faço questão de falar para ele saber que
ouvi a insinuação da vadia — estou indo encontrar Liv que está me esperando,
como viu mais cedo combinando comigo. — ele me encara de uma maneira e não
sei se é impressão minha, mas vejo um pouco de decepção em seus olhos — Mas,
foi um prazer te rever Derik. —Tento soar o mais casual possível.
Ele se levanta se afastando ainda mais de Larissa, vindo bem próximo de
mim, de uma maneira que volto a sentir o cheiro de seu delicioso perfume que
ainda está impregnado em sua pele bronzeada, tento me controlar não
demonstrando o quanto essa proximidade mexe comigo, ao ponto de quase jogar
toda essa conversa mole minha e lascar um beijo nessa boca que parece ser uma
delícia.
— Fica mais um pouco Kat, eu não prometi nenhuma dança com ela, — faz
questão de se justificar, suspira, sentindo seu hálito próximo de minha boca,
chamando minha atenção novamente, não resisto e a admiro, de novo,
intercalando entre seus olhos lindos e essa boca que parece ser uma perdição —
daqui a pouco você vai lá com a Liv — diz com um sorriso esperançoso, mas
parecendo ter percebido que perdeu a guerra.
— Eu realmente preciso ir. — vou falando — vamos dançar mais um pouco
e daqui a pouco vou embora, — suspiro tentando encontrar a calma que não
tenho, por causa de tamanha proximidade — mas vai lá aproveitar a noite com
sua amiga. — dou ênfase na última palavra — Seus amigos que devem estar
sentindo sua falta, afinal é aniversário de um deles.
Assente, vejo pelo seu olhar que realmente parece ser sincero, mas do jeito
que me atrai, é melhor não arriscar uma noite casual, com ele não, ou qualquer
outra coisa, pode me dar muito problema mais pra frente e o que menos preciso
nesse momento é problema, ele percebe que não tem jeito prosseguindo.
— Tudo bem, foi um prazer passar um tempo conhecendo você melhor, Kit
Kat. —dá aquele sorriso que me amolece todinha com um olhar que me devora,
rio e reviro os olhos para ele por ter me chamado da mesma maneira que minha
amiga, ele abre um sorriso de orelha a orelha ao ver a minha reação mediante ao
meu apelido — Espero esbarrar em você mais vezes. — sinto um arrepio
percorrer meu corpo todo só em imaginar isso acontecer novamente, é nesse
momento que olho para o lado, vendo a morena me fuzilando com o olhar por
ainda estar empacando o seu caminho. É nesse instante que resolvo atrapalhar um
pouquinho mais sua vida. Dou um sorriso perverso a ela, me viro novamente para
Derik que continua me encarando parecendo querer dizer algo mais, fazendo o
que não imaginei fazer até então, não dessa maneira pelo menos.
Dou um passo em direção a Derik, acabando com espaço que havia entre
nós, colando meu corpo ao dele, seguro seu lindo rosto com minhas mãos me
aproximando lhe dando um beijo casto, mas não tão rápido em sua boca.
Sinto meu corpo todo esquentar com nosso contato, ao sentir o toque macio
de sua boca, suas mãos de repente vêm até a minha cintura, e quando penso que
ele vai aprofundar o beijo, ouvimos uma voz masculina ao longe gritando.
— E aí Derikão, se deu bem hein — ouvimos algumas risadas junto dessa
mesma voz, é nesse momento que desperto, minha intenção era apenas dar um
selinho nele, e sem perceber estava ansiando para que ele aprofundasse o beijo.
Derik bufa visivelmente irritado pela intromissão do amigo, cola a testa na
minha, me olhando ao dizer.
— Desculpa por isso, realmente a cachaça faz as pessoas perderem a noção
das coisas — dá um sorriso sem jeito pela situação e total frustação.
Dou um passo para trás cortando o nosso contato, resolvendo me afastar
antes que perca o pouco juízo que tenho o agarrando aqui mesmo, de verdade
dessa vez, sorrio sem graça também pela minha atitude um pouco antes, me
despedindo de vez agora.
— Sei bem como é. — olho para os meus pés sem jeito pela situação, volto a
encará-lo – Bom... eu vou indo nessa... — me atrapalho a dizer — quero dizer,
vou ir lá — aponto com o dedo indicador em direção a pista de dança rindo pela
minha falta de jeito —encontrar Liv para irmos embora. Até mais Derik.
Quando me viro para sair, sinto segurando meu pulso, me virando para que
eu ouça o que ele diz.
— Me passa seu contato, para marcarmos algo qualquer dia desses. — Solta
meu braço percebendo que tem a minha atenção novamente, dou um sorriso pra
ele, porque realmente a ideia é tentadora demais, mas não estou podendo lidar
com isso no momento, afinal tenho outras prioridades.
— Vamos deixar ao acaso. — lhe dou uma piscada.
Acabo abrindo um sorriso de orelha a orelha, ao perceber que ele não parece
estar interessado na morena, que ainda se encontra em forma de estátua o
aguardando, enquanto ele está aqui me convidando para sair e pela sua cara ouve
toda nossa conversa, meu pensamento não aguenta a situação, começando a
comemorar a lei do retorno como é rápido as vezes. Toma distraída, não quis
fazer eu ver suas investidas e conversas inapropriadas pra cima dele, no fim
quem está aqui sendo convidada para fazer alguma coisa??? Hein... meu
pensamento briga com a vadia sem nem ela saber, vai recalcada, beijinho no
ombro pra você!! Vejo o sorriso lindo aqui a minha frente, me recordando que me
empolguei com meu fight com essa morena desqualificada, terminando meu
argumento ao deus grego
— Quem sabe não nos esbarramos por aí novamente?
Ele me dá aquele sorriso enorme com seus dentes perfeitos assentindo, mas
quando percebo que vai comentar mais alguma coisa, vou até ele rapidamente, lhe
dou um selinho para ele ficar com gostinho de quero mais, dou outra piscada
tentando ser sexy, saindo em disparada para a pista de dança, antes que não
consiga fugir mais, vejo pelo canto de olho um Derik abismado pôr ter o deixado
plantado após mais um beijo rápido.
Enquanto sigo para a pista de dança, pensando no toque de seus lábios, falo
comigo mesma.
Meu Deus! Sorrio tocando meus lábios que homem lindo da porra é esse...?
Preciso de mais uma dose de tequila urgente, continuo pensando comigo mesma,
ou algumas, pra esquecer o deus grego antes que volte lá efaça uma besteira, rio
com meu comentário, porque essa besteira talvez seja uma delícia de se cometer.

Após alguns segundo observando Kat se distanciar, sinto duas mãos


novamente me abraçando pelas costas em minha cintura, Larissa realmente é
brasileira, não desiste nunca, encosta seus peitos com certeza siliconados em
minhas costas falando em meu ouvido de uma maneira sexy.
— E aí gato, agora vai me dar a atenção que mereço? — viro meu rosto de
lado para conseguir vê-la, vendo como é linda realmente, e está aqui, com as
melhores intenções de como terminarmos essa noite.
Não sei se devo ouvir o que ela me fala, pois ainda me sinto mexido com um
simples toque de boca que Kat me deu. Mas apesar de ter tomado essa atitude em
me beijar e termos sido interrompidos graças ao Vini, bufo só de lembrar disso,
porque não tinha horário melhor para ele fazer isso, ela demonstrou tanto
interesse por meio de seu olhar, como também pareceu lutar contra seu desejo
fugindo de mim, igual o diabo foge da cruz. Será que ela é comprometida, por
isso saiu correndo, me dando esse beijo em um momento de deslize? Não, tento
frear meu pensamento, pois ela não parece ser o tipo de mulher que sai traindo o
parceiro, não que aparência diga algo, tenho motivo suficiente para crer no
contrário.
— E aquela dança, vamos lá comigo vai? — Larissa corta meus
pensamentos, descendo as mãos até o cós da minha calça, fazendo com que meu
pau acorde em imaginar, o que ela poderia fazer nessa noite, fecho os olhos
tentado entre aproveitar a noite com Larissa ou terminar no cinco contra um,
imaginando a boca daquela fujona com batom vermelho em volta do meu pau.
Ela vai com o rosto novamente em minha orelha, dando outra mordidinha no
canto dela, me deixando doido. — Vamos gato, só uma dança... — é nesse
momento que me viro e descido dar uma chance a ela, afinal, porque vou ficar
aqui me martirizando com uma garota que nem quis me dar o seu contato,
deixando nas mãos do destino, é melhor ficar com alguém real e que está aqui
totalmente disponível pra mim.
— Vamos tomar mais um drinque e danço uma música com você... —
comemora puxando minhas mãos sentido ao bar.
Nós vamos até o bar, tomo duas doses de tequila enquanto Larissa me
acompanha. Vini se aproxima com alguns de seus amigos, conversamos um
pouco enquanto tomo mais duas cervejas.
Larissa me arrasta para a pista de dança, como havia prometido, dou uma
olhada em volta para ver se encontro Kat ainda aqui, não a vendo, repreendo
meus pensamentos por estar procurando por ela, sendo que estou com uma
mulher gostosa aqui ao meu lado que não deve deixar nada a desejar.
A bebida subiu a minha cabeça, pois estou realmente excitado com a
maneira que Larissa se esfrega em mim enquanto dança colada a mim. Se
aproxima de meu ouvido dizendo.
— Vamos embora daqui gato, podemos dançar de uma maneira bem mais
interessante entre quatro paredes, o que acha? — dá um sorriso safado pra mim.
Abro meu sorriso enquanto assinto com a cabeça.
— Quero ver se você vai estar com esse fogo todo mesmo como parece,
enquanto te foder de todas as posições possíveis.
Ela me agarra, me dando um beijo desesperado, mostrando o quanto está
interessada em minha proposta, e é nesse momento que vamos saindo juntos da
balada para um motel próximo daqui.
CAPÍTULO 5

Deixo meu celular cair ao chão quando desperta para eu ir trabalhar, minha
cabeça está estourando por causa da bebedeira de ontem. Quando me viro,
abrindo meus olhos, vejo que não estou em meu quarto, de repente os flashes vão
trazendo a minha memória o que aconteceu na noite anterior. Olho ao lado vendo
uma mulher nua de bruços dormindo, coloco minha mão na testa lembrando de
tudo que aconteceu... bebidas... motel... sexo e mais sexo com ela enquanto
continuávamos bebendo, é realmente, não é à toa que estou com a cabeça
explodindo agora.
Você é foda Derik, me repreendo. Tem que trabalhar e agora vai ficar
indisposto o dia todo por causa da ressaca.
Me levanto devagar para tentar não acordar a mulher ao meu lado que agora
mal lembro seu nome, indo tomar um banho gelado pra ver se desperto melhor.
Tomo meu banho, o que me ajuda um pouco a recobrar a consciência,
lembrando de Katarina, que me deu um beijo rápido, saindo tão rápido quanto o
beijo fugindo de mim, e que quis deixar nas mãos do destino em nos
encontrarmos novamente.
Ela só se esqueceu que eu sei o telefone do consultório dela, podendo muito
bem dar um jeito de encontrá-la se quiser, dou um sorriso perverso ao pensar isso,
ela não contava com a minha astúcia. Mas não vou fazer nada por enquanto,
afinal, nunca precisei ficar correndo atrás de mulher nenhuma, por que iria correr
atrás dela? Se ela não quer, tem quem queira, e a prova disso está ali deitada na
cama depois de muito sexo pelo resto da noite.
Então porque apesar de ter tido e dado prazer por diversas horas a Larissa
(lembrei do nome dela com o banho) ainda estou perdendo meu tempo pensando
naquela fujona que não está interessada, só quis me atiçar com aquele beijo, só
pode.
Finalizo meu banho, indo até o quarto, percebo que Larissa continua
capotada, preciso ir trabalhar, e nunca sou de ficar esperando a pessoa acordar
nem nada, na verdade nunca durmo com ninguém, saio com a mulher, a satisfaço
de todas as maneiras possíveis e depois vou embora, já procuro não levar mulher
nenhuma em casa justamente para não saber onde moro e ter surpresas
indesejadas, ou passar uma impressão que não é a realidade. Hoje foi uma
exceção porque estava embriagado e desabamos na cama, por isso não preciso
ficar aqui esperando ela acordar.
É até melhor, para ela não ficar achando que é algo a mais que isso, sexo
puro e simples, porque definitivamente não é.
Termino de me trocar saindo quieto para não a acordar, deixo tudo pago na
recepção com direito a mais algumas horas até ela acordar, pois afinal, não ia
deixar pra ela pagar as coisas.
Não é porque não sou romântico, que também vou explorar uma mulher...
jamais!
O dia passa rapidamente, tive tantos problemas para resolver com alguns
imprevistos em obras que surgiram nem percebendo quando já estava
escurecendo.
Olho para fora da minha sala, que fica no último andar do prédio, apreciando
a vista que é possível ter por ter as paredes do prédio todas de vidro.
Os diversos prédios aqui na Av. Paulista iluminando a tão famosa cidade de
São Paulo, acabo me lembrando de um par de esmeraldas me olhando na noite
anterior e quando percebo estou sorrindo só de lembrar daquele olhar, daquela
boca encostando a minha.
Ah Kat, é melhor torcer para não nos encontrarmos de novo, sorrio
pensativo, torcendo para que aconteça o contrário do que acabei de falar pois se te
encontrar, você não vai me escapar.
Por que cargas d’água ainda estou pensando nela? Sinceramente não
entendo, é óbvio que devemos ter química, isso ficou nítido pela maneira que
fiquei só de dançar com ela, sem ela nem tentar me instigar, totalmente diferente
de Larissa que tanto tentou se sensualizando que conseguiu fazer eu sair com ela
de lá depois, Kat nem precisou se esforçar com nada, só de tocar nela, já sentia
meu corpo todo despertar, só em olhar ela mordendo aquela boquinha gostosa já
ficava imaginando se ela é tão boa com a boca quanto parece.
Devo estar com desejo reprimido, não tem outra explicação, pra estar aqui
no escritório, pensando nela, sendo que só a vi duas vezes.
Ela é linda realmente, inteligente, salvou a vida do meu filho, só pode ser
por isso que estou tão admirado e não paro de pensar nela.
Se tivesse saído com ela, teria matado meu desejo e não estaria agora aqui
pensando nela.
Talvez a noite com Larissa não tenha sido suficiente, precise sair com outra
mulher ou talvez duas pra tirar essa gata arisca e linda da minha cabeça. Mas logo
vou esquecer, um ou dois dias e já estou normal.
Nunca sou de ficar pensando em mulher depois que saio com ela,
definitivamente só estou pensativo porque não transei com ela.
Exato, só por isso.
É melhor nem levar Gui até a consulta, vou passar o contato para Alice,
pedir para ela levar, pronto, não preciso ter contato com ela, não a vendo, o desejo
vai passar e nem vou lembrar que um dia a conheci.
É isso, perfeito, resolvido.
Semana que vem quando encontrar Alice para pegar Gui, deixo o cartão com
ela e não terei nem isso para me lembrar dela.
Questão de poucos dias, nem vou saber quem é a Kit Kat, não resisto um
sorriso ao lembrar da sua expressão quando a chamei dessa maneira.
Argh... porra Derik, acho que você não bebeu suficiente ontem. Deve estar
precisando ir para um bar encontrar outra gostosa pra tirar essa mulher da sua
mente. Falo comigo mesmo.
É nesse instante que o meu celular toca aparecendo o nome de Vinicius, o
atendendo.
— Fala tranqueira — atendo já o zoando.
— Fala Derikão, você sumiu ontem... foi sequestrado por uma morena
gostosa é?? — dá risada o desgraçado.
— Acabamos nos empolgando na dança e resolvemos ir terminar a dança em
outro lugar. — Dou risada não querendo entrar em detalhes.
— É conheço bem essas danças, deixa qualquer homem doido, impossível
resistir, ainda mais uma morena daquela. Sabia que você não ia resistir.
Dou uma risada, porque se ele soubesse que quem não sai da minha cabeça,
é uma loira lindíssima, gostosa pra caralho, que coloca qualquer mulher no
chinelo, não estaria dizendo isso agora.
— Apesar de que, — Vini continua — o que você a deixou doida ficando
com ela, deixou ainda mais louca de raiva hoje por ser abandonada no motel
sozinha, — reviro os olhos perante o seu comentário — caralho cara, podia ter
deixado um bilhete pelo menos né. A garota ficou brava, me ligou pedindo seu
contato, porque quer conversar com você, depois de ter a abandonado sozinha. —
Bufo porque era isso que eu não queria, ter que ficar dando satisfação do que faço
depois do sexo para o meu amigo, e nem pra ela, afinal não prometi nenhum
compromisso, nem café na cama pela manhã.
— E você não deu não é? — já o corto perguntando, porque se ele deu, vou
matar ele.
— Não né, carai...— Suspiro aliviado — Falei que ia falar com você e
passar o contato dela pra você entrar em contato.
Sorrio, por ele ter me livrado dessa e penso, é melhor ela esperar sentada
pra não cansar. Vini continua falando e nem estava ouvindo mais, até que uma
parte da conversa chama minha atenção de novo.
— Depois que vi você com aquela loirinha, pensei que a Larissa ia ficar a
ver navios, vou te falar hein!? — grunhe falando — o que você faz pra atrair
tanta mulher gata assim, sem nem se esforçar?
Rio do modo que ele fala aproveitando a deixa para zoar ele
— Fodo gostoso com elas, elas sentem o cheiro quando o cara é bom no que
faz. — Gargalho.
Ele ri também me xingando.
— Filho da puta. — ri — Então, isso não é problema pra mim, porque não
brinco em serviço não.
Conversamos mais um pouco, até que ele parece ter ouvido meus
pensamentos mais cedo, perguntando se quero ir com ele em um barzinho aqui
perto.
Como já terminei de fazer minhas coisas e desejo distrair a cabeça, pra
esquecer um par de esmeraldas, aceito ir com ele.
Desligo meu notebook, pegando meu celular e carteira descendo até o carro
para ir encontrar meu amigo.

O sábado vai se arrastando, como imaginei acordei com uma baita ressaca,
extravasei nas bebidas ontem, misturei todo tipo, não sendo nenhuma novidade
agora minha cabeça estar mais pesada que eu.
— Parabéns Katarina, não pensou na hora de misturar as bebidas, agora
aguenta... — converso comigo mesma.
Me levantei, tomei um advil, tomei um banho pra me ajudar a acordar,
deixei a banheira enchendo enquanto isso para relaxar um pouco nela, aos poucos
fui recordando da noite anterior em como me diverti, como há muito tempo não o
fazia.
Realmente, nem me lembro da última vez que dancei tanto.
Olho para os meus pés todo marcado por causa dos sapatos de salto alto que
usei a noite toda, aí está o seu preço por ter judiado deles, entro na banheira
deixando meus pesinhos relaxarem um pouco, pensando alto.
— Uma massagem não seria nada mal agora não é... quem mandou terminar
o namoro Katarina. — Bufo com meu próprio comentário, lembrando que
Henrique não era muito fã de fazer massagem, eu tinha que implorar para
conseguir ganhar uma.
— Argh, o que não era difícil não é mesmo?! Mais fácil pensar dessa
maneira... – reviro os olhos lembrando do meu namoro nada convencional, nem
eu entendo o porquê de ter ficado tanto tempo com ele, se estava tão insatisfeita,
eu mesma me respondo. – Puro comodismo ué...
Olha que situação chega a pessoa, fica conversando e debatendo consigo
mesma.
De repente volta em minha mente um par de olhos azuis, que vire e mexe
vem atormentar meus pensamentos.
— Esse é outro que nem quero lembrar que existe, aff — xingo em
pensamento esse filho da puta que não perdeu tempo com aquela vadia
desqualificada.
Eu pensando que o fato de ter dado um beijo nele, leve que seja, ia ser
suficiente para não cair na rede daquela vaca. Leve engano meu.
Lembro como se tivesse em minha frente nesse momento, após ficar por
mais uma hora dançando com Liv na pista de dança, olhei algumas vezes em
direção a área VIP e não os via, finalmente consegui convencer minha amiga para
irmos embora porque meus pés estavam implorando por descanso. Quando
estávamos indo em direção a saída, já havíamos deixado a pista de dança, de
repente olho para o lado vendo quem está descendo as escadas com a vadia Mor?
Pois é, ele mesmo, ela o puxando pela mão em direção a pista de dança, falei que
ia ao banheiro para Liv para ganhar tempo observando mais um pouco e na volta
olhei novamente, vi que a oferecida se esfregava toda para ele, e ele parecia estar
gostando bastante do espetáculo. Claro que ia gostar, homem é tudo farinha do
mesmo saco. Cansei de ficar olhando aquilo, porque com certeza não ia demorar
muito para eles se pegarem. E meus pensamentos não estavam errados, pois Sofi
fez questão de me mandar mensagem de madrugada dizendo que o viu aos beijos
com uma morena na pista de dança e depois saíram juntos de lá sentido a saída,
ou seja, acertei, certo?
Volto a olhar os meus pés que estão cantando pra mim agora em
agradecimento por estarem relaxando como merecem voltando aos meus
pensamentos.
Homens não prestam, não tem jeito, eu sei que não tenho nada com ele, e
nem quero ter, longe disso. Mas o cara não perdeu tempo, caiu na rede é peixe,
esse sem-vergonha, viu que não conseguiu nada comigo e já se engraçou com a
outra oferecida.
Ainda bem que não dei meu telefone pra ele, senão ia me arrepender. Era
capaz de hoje, depois de uma noite suada de sexo me ligar com a maior cara
deslavada me chamando para nos vermos, igual havia sugerido antes de eu ir
embora.
— Foi melhor assim, foi bom ver que ele só queria tirar proveito de mim e
depois ia pegar outra, igual fez. – Rolo os olhos lembrando dele toda hora me
tocando, sendo carinhoso pra depois sair com aquela biscate sem classe.
— Eu que não vou ficar brigando por causa de homem. Olha bem pra minha
cara, até parece — continuo analisando comigo mesma minha fodida vida — não
é porque o cara é um deus grego, que vou sair aí abrindo as pernas para ele, só
por causa daquele olhar enlouquecedor e aqueles dentes branquíssimos que
poderia fazer até a propaganda da Colgate. Jamais vou brigar por causa de
macho. Se ele queria sexo, pronto, ele teve. Com certeza comigo seria muito
melhor, eu me garanto — dou de ombros ao pensar isso — mas é verdade — me
auto repreendo — não to com recalque, mas sou boa mesmo, ele quem perdeu em
não dar um jeito de me encontrar, porque agora, nem que encontre ele de novo, e
me implore pra sair com ele eu saio. Ele que vá se esfregar naquela
desqualificada — bato as mãos com tudo na água da banheira, jogando água para
todo lado.
O que está acontecendo comigo? Por que estou tão incomodada só porque o
cara saiu com a biscate?
Eu e ele não temos nada, ele realmente não estava interessado, só quis ser
grato por causa do almoço que salvei o filho dele e assim que sai de perto ficou
com quem queria de fato.
Pronto Katarina, está vendo, você achando que arrasa, mas não, o gostosão
não achou você tudo isso.
— É deve ser isso, ele deve gostar das morenas, não das loiras como eu. —
assinto concordando com meus pensamentos — Exato, o problema não sou eu
que não sou interessante, é ele quem não gosta do meu tipo. — É, isso mesmo.
Vida que segue, estou irritada porque pensei que ele estivesse dando em
cima de mim, e ficou com a outra. Mas agora que cheguei a conclusão mais
coerente, que ele só quis me ajudar e gosta de outro tipo de mulher, já posso ficar
calma e voltar a focar no que realmente importa.
— É isso mesmo, chega de pensar nesse deus grego, não é porque é lindo
que pode sair ocupando minha mente. — Vou ir atrás do contato do médico que
Barbara comentou comigo que é referência em inseminação artificial e ir atrás do
meu sonho.

Após ficar aproximadamente quarenta minutos em minha banheira, ouvindo


música agradecendo mentalmente ao meu pai por ter me dado uma casa
espetacular com direito a banheira com hidromassagem, e um bom quintal lá fora
com piscina para mim e minha irmã nesse condomínio.
Minha irmã, apesar de ter uma casa parecida com a minha aqui na mesma
rua do condomínio, não mora aqui, pois quando se casou com Marcos resolveu se
mudar para casa dele, que não é longe daqui, mas é em outro condomínio, por
isso ela aluga a casa dela, para não se desfazer de algo que nosso pai nos deu com
tanto carinho quando nos formamos, como recompensa.
Levanto e vou ocupar minha mente. Cuido de Bud, resolvendo leva-lo para
passear no Parque Trianon aqui perto, quando estou em casa de folga, gosto de
correr com Bud ao invés de ir para a academia, quando estamos no verão as vezes
faço isso após o trabalho, assim temos mais contato com a natureza e é isso que
vou fazer agora.
Pego meu fone de ouvido e conecto no bluetooth selecionando minha
playlist do Maroon 5, porque sofrência já ouvi bastante na noite anterior, e não
quero lembrar dela, por isso Maroon 5 é uma ótima escolha definitivamente.
Coloco a guia em Bud, indo em direção ao parque enquanto vou pensando
em como será uma delícia trazer Bud com o bebê pra cá passear, estou sorrindo
imaginando a cena quando meu celular toca, atendo pelo fone sem saber quem é.
— Alô...
— Até que enfim você me atendeu sua tratante — merda xingo pelo meu
deslize, ouço a voz do outro lado de minha irmã irritada comigo por ter ignorado
suas ligações e não ter respondido direitos suas muitas mensagens sobre o jantar
de quarta, só disse que talvez não conseguisse ir pois tinha compromisso, mas até
agora não consegui dar nenhuma desculpa plausível para não ir.
Tento contornar a situação, fingindo que não sei o porquê está tão irritada.
— Hei maninha, como você está? — ouço ela bufar do outro lado da linha,
porque sacou o que estou tentando fazer — E meu lindinho, como está? Vai
amanhã na casa de nossa mãe almoçar?
— Eu estaria muito melhor se você parasse de me enrolar inventando
desculpas esfarrapadas para não ir me dar uma força no jantar de quarta, — rolo
os olhos mediante ao seu drama que conheço bem, porque não precisa de força
nenhuma para isso, só está tentando me convencer a mudar de ideia — e sim, seu
sobrinho está bem até demais, cada hora com uma arte nova e amanhã não vou
conseguir ir almoçar com vocês, pois Marcos marcou de levarmos o amigo que se
mudou, em um rodízio japonês antes do jantar de quarta, mas se quiser levar o
Nathan junto para ver nossos pais pode levar, pois ela está brava comigo como
não vou ir.
Adoro a ideia, pois mato a saudade do meu lindinho, deixando meus pais
felizes antes de jogar a bomba neles dos meus planos. Isso, comemoro sozinha,
vou amansar as feras levando meu sobrinho, rio comigo mesma.
— Pode deixar que vou levar ele sim, pego ele amanhã cedo aí antes de ir
pra lá... deixa as coisas dele pronta ok?
— Sim senhora, mais alguma coisa folgadinha? — a abusada ainda me
chama de folgada, sendo que está despachando o filho para ficar sozinha com o
marido depois do almoço, ou pensa que me engana.
— Eu que sou folgada é? Vou dar um óleo de peroba para essa sua cara de
pau maninha.
Ela gargalha por perceber que eu saquei o real motivo dela pedir para eu
ficar com meu sobrinho.
— Irmã é para essas coisas, e tia também, como você é tia e madrinha, tem
obrigação em dobro de dar uma folguinha para a sua maninha do coração. — Já
até imagino ela piscando os cílios longos com as mãos cruzadas em frente ao
corpo enquanto diz isso.
— Ok maninha, você sabe que isso não é e nunca foi problema pra mim. —
Aproveito a deixa para comentar sobre o andamento dos meus planos — Até
mesmo porque em breve será você a ficar de vez em quando tiver que ficar com
seu sobrinho para a mamãe aqui dar umas escapulidas para curtir a noite...
Barbara começa a comemorar gritando no celular ao perceber que vou dar
seguimento com a inseminação. Ela até gostava do Henrique, mas sempre falou
que não fosse a pessoa certa pra mim, sempre falou de eu fazer inseminação
mesmo estando namorando, mas de algum doador anônimo, porque se amanhã a
gente terminasse, pelo menos o filho não seria dele, e não correria o risco de
puxar o pai.
Pois é, quem realmente me apoiava com o Henrique? Estou tentando
descobrir até hoje.
Pensando bem, acho que fiquei tanto tempo com ele por isso, para mostrar as
pessoas ao meu lado que eu estava com ele por livre e espontânea vontade, que
não ia terminar só porque todos diziam isso.
— Que bom que você finalmente se decidiu maninha — corta meus
pensamentos dizendo — o importante é você virar essa mãe maravilhosa que
tenho certeza de que será um dia, me dando um sobrinho ou sobrinha para fazer
companhia ao Nathan.
— Verdade, é isso que importa, falando nisso, me passa o contato do doutor
que comentou que conhece, pois vou ligar na segunda agendar uma consulta pra
resolver isso.
Conversamos mais um pouco sobre isso até que pergunta.
— E o Henrique? Aceitou bem você fazer a inseminação mesmo estando
com ele?
— Na verdade quando fui comentar com ele minha decisão, deu pra ver que
ele ficou bem chocado com a novidade, acho que não acreditava que eu fosse ter
coragem de fazer isso. — Quando vou comentar que acabei terminando com ele
nesse mesmo dia, mas não por esse motivo, ouço Marcos chamando por ela com
o Nathan chorando horrores do outro lado da linha, me cortando rapidamente.
— Kat, vou ter que desligar, Nathan caiu aqui machucando o joelho, vou
cuidar dele, depois a gente termina a conversa, tudo bem?
— Ah sim, vai lá cuidar do meu pequeno, amanhã o pego por volta das 9h,
— Combinado, e até quarta maninha, não pensa que vai fugir de mim não
com aquelas desculpas esfarrapadas.
Suspiro porque sei, que estou ferrada, ela vai me infernizar até o dia do
jantar e antes que eu possa dar alguma outra desculpa qualquer, já corta meus
pensamentos.
— Beijos maninha, até mais — desliga, simples assim, sem nem esperar eu
me despedir pra não ouvir outro motivo qualquer.
Balanço a cabeça enquanto começo a correr com Bud no parque pensando na
irmã atriz que eu tenho, a globo não sabe o que está perdendo.
— É Bud, pelo visto não vou ter como fugir e encarar esse bendito jantar.
Volto a ouvir minhas músicas, enquanto vamos fazendo nossa corrida pelo
parque admirando a paisagem.
CAPÍTULO 6

Os dias passam rapidamente, e quando percebo já chegou quarta-feira,


trabalho o dia todo, como tive uma consulta atrás da outra, mal tive tempo de
pensar em mais nada.
Na segunda-feira conforme havia planejado, liguei e marquei consulta com o
dr. Vasconcelos que minha irmã me indicou, para sábado pois quero saber como é
o procedimento correto para fazer, a probabilidade de dar certo ou não e tirar
todas as minhas dúvidas.
Agendei com outros dois doutores que Sofi e Liv me indicaram para amanhã
e sexta vou ir lá conversar com eles, ou seja, essa semana escolho meu médico
finalmente. Um sorriso surge em meu rosto só de imaginar estar com meu filhote
em meus braços.
Acabo lembrando do fatídico almoço que tivemos no domingo, estava tudo
perfeito até que comentei sobre a minha intenção de fazer inseminação artificial,
tudo desmoronou, pois minha mãe não acha que isso seja correto, uma vez que
nem terei contato com o doador de espermas e irei criar meu filho sozinha.
Sei que isso pode ser complicado pra criança quando tiver uma determinada
idade, afinal, ele pode sentir falta de uma figura paterna, mas estou disposta a
tentar ser pai e mãe de modo a suprir essa ausência para ele ou ela.
Minha mãe está apenas preocupada que eu esteja agindo precipitadamente,
mas não é algo que resolvi do nada, sem embasamento, ou apenas pela emoção do
momento.
Não! Sempre tive esse sonho de ser mãe, e como não consegui encontrar a
pessoa correta para estar ao meu lado, assumindo o papel de pai até hoje, vou
fazer do meu jeito.
Já me decepcionei muito no passado, é algo que ainda me dói quando me
lembro, acho que a mágoa foi tão grande que até hoje não cicatrizou totalmente.
Aprendi a viver com o que aconteceu, mas infelizmente isso fez com que criasse
uma barreira em mim, posso até namorar, me envolver com a pessoa, mas nunca
consigo me doar de verdade nessa relação, tenho medo de me machucar,
consequentemente prefiro sempre namorar sem me entregar cem por cento, na
verdade já namoro, pensando quanto tempo vai durar. Sei que é errado começar
assim, mas quando você tem uma decepção tão grande como eu tive, é a maneira
que encontra de se proteger. Quando chega ao final, não sofro.
Invejo as pessoas que conseguem perdoar e seguir em frente de verdade,
porque isso são para poucos. Eu queria muito conseguir fazer isso, porque sei que
sou a única afetada, mas não consigo ainda, quem sabe um dia consiga.
Finalizo minhas consultas e caminho até o meu carro indo direto para casa
me arrumar, pois hoje Sofi terminou suas consultas mais cedo, pois tinha consulta
agendada para fazer seus exames anuais.
Ligo meu carro conectando minha playlist, começa a tocar uma música que
está bem parecido como meu humor agora, em ter lembrado do meu fatídico
passado.
Começo a cantar junto a música Creep de Radiohead.
I want you to notice, when I'm not around, you're so fucking special, i wish I
was special (Eu quero que você perceba, quando eu não estiver por perto, que
você é especial pra caralho, eu queria ser especial).
— Eu só queria ser a pessoa especial de alguém — penso comigo mesma —
mas como se não consigo me sentir especial comigo mesma?

Fico pronta olhando no espelho para ver como fiquei, vendo que não estou
nada mal.
Uso um vestido vinho de manga longa, um pouco acima do joelho, não é
decotado nem nada, só chama um pouco a atenção por ser justo e por eu ter
bastante curvas o que acaba marcando mais, mas eu estava doida pra usá-lo, pois
comprei recentemente e não tinha tido oportunidade ainda, por isso não pensei
duas vezes em estreá-lo hoje.
Coloco um scarpin preto de salto alto, mas de modo que me sinta confortável
e uma bolsa de mão no mesmo tom do sapato.
A maquiagem, deixei mais leve, destaquei meus olhos com um esfumaçar
mais escuro, mas coloquei um batom nude, troquei minha corrente de pescoço por
algo mais delicado e um brinco um pouco maior, como estou usando meus
cabelos loiros soltos de lado, o brinco não fica chamativo.
Deixo as coisas de Bud arrumadas, não pretendo demorar muito, mas prefiro
me prevenir a deixar o cachorro com fome.
Vou para o carro seguindo em direção a casa de minha irmã.
Como sempre venho visita-la minha entrada já é autorizada na portaria do
condomínio, por isso entro indo para sua casa.
O jantar está previsto para as oito, mas minha irmã pediu para eu chegar um
pouco mais cedo, por isso estou estacionando agora as sete e meia em frente à sua
casa.
Saio do carro, tocando a campainha, um minuto depois minha irmã abre a
porta toda eufórica por ver que eu vim, como se eu tivesse tido escolha penso.
— Hei maninha, chegou no horário combinado. Estou precisando de ajuda
para arrumar a mesa, você me ajuda enquanto estou terminando de arrumar o
Nathan? — já vai me perguntando enquanto me dá um beijo no rosto me
abraçando.
Minha irmã é muito parecida comigo, tendo apenas três anos de diferença,
temos o mesmo tipo físico, somos loiras, a única diferença é que seus olhos são
castanhos claros, puxando da parte de meu pai, enquanto os meus são verdes,
herdando de minha mãe.
— Pode ser, mas se quiser posso terminar de arrumar meu príncipe com o
maior prazer. — comento.
Ela sorri, pois já imaginava que eu fosse pedir por isso falando, enquanto
vamos entrando em sua sala de estar.
— Tudo bem, vai lá cuidar do pestinha. A roupa dele está em cima da cama
separada, ele está brincando na banheira do quarto dele, vai ficar feliz quando ver
que a dinda dele chegou. — Me viro para subir as escadas, quando me chama
novamente — Kat, só cuidado para não se molhar muito. — Dá um sorriso dando
de ombros, como quem diz, não diga que não avisei.
Subo em direção ao quarto dele, o vendo brincando na água com uns
barquinhos. Quando dou dois toquinhos na porta para chamar sua atenção, ele me
olha abrindo um sorriso enorme gritando eufórico.
— Tia Kat... — começa a bater nas águas com as duas mãozinhas para
chamar minha atenção, rio da graça que faz, brincando com ele.
— E aí lindão da tia, você está brincando na água? — faz que sim com a
cabeça continuando brincando, me olhando sorridente, quando vou me aproximar,
lembro do conselho de Bárbara, olho ao redor, vendo um roupão que
provavelmente ela ia usar, o coloco para não molhar meu vestido, vou até minha
bolsinha, pegando um laço para amarrar meus cabelos enquanto tiro meus
sapatos. Pronto, agora sim to pronta para enfrentar a ferinha.
Retiro Nathan do banho, coloco a roupa indicada por Barbara, uma calça
jeans clara e uma camisa social preto que ficando a coisa mais linda do mundo,
coloco seu sapa-tênis preto e penteio seu cabelo liso, deixando arrepiadinho.
Olho o horário no celular vendo que já deu oito horas as pessoas devem estar
chegando, retiro o roupão enquanto Nathan fica correndo pelo quarto, dou uma
arrumada no meu cabelo, visto meu sapato novamente.
Nathan pede para descer de cavalinho em mim e como não consigo dizer não
a ele, deixo.
— Sobe aqui no banquinho para facilitar a tia de te pegar, — o ajudo a subir
me virando de costas, envolve os bracinhos em meu pescoço, seguro suas pernas
enquanto vamos descendo cantarolando a música Upa cavalinho — pocotó,
pocotó, pocotó, pocotó, upa cavalinho, upa cavalinho... — ele vai cantando e
gargalhando enquanto vamos chegando a parte térrea ouvindo minha irmã
dizendo.
— Olha ela aí, finalmente desceu com o Nathan — fala vindo até mim.
Quando olho pra cima para olhar em direção a ela, percebo pelo canto do
olho alguém me observando, encontro seu olhar, estacando no último degrau com
meu sobrinho pulando ainda em minhas costa, sinto meu rosto esquentar, pois não
acredito que em tantos homens para aparecer aqui, tinha que ser ele a estar na
minha frente agora.
Ele parece já ter recuperado o susto com a surpresa que teve ao me
reencontrar, pois abre aquele sorriso que vai de orelha a orelha sempre mexendo
comigo. Era só o que me faltava viu.
Minha irmã chega até mim, retirando Nathan de minha costa enquanto fala.
— Estava te esperando maninha, quero que conheça Derik o amigo de
Marcos que se mudou recentemente pra cá, estamos fazendo esse jantar hoje para
apresenta-lo. — olha de mim pra Derik nos apresenta formalmente — Derik essa
é minha irmã, que te falei domingo Katarina ou Kat como a chamamos, e Kat
esse é Derik.
Tento recuperar a minha compostura para não mostrar a ele o quanto fiquei
surpresa com a sua presença, abro um sorriso como abriria para qualquer outra
pessoa o cumprimentando.
— Olá Derik, como vai?
Ele continua com aquele sorriso no rosto que parece estar grudado na cara
dizendo.
— Melhor agora — para e pensa um pouco antes de falar — parece que o
destino está sempre nos colocando um no caminho do outro, não é?
Quando penso em responder minha irmã se intromete, perguntando pasma.
— Como assim? Por acaso vocês já se conhecem? — olha de mim para
Derik. Encontro a minha voz, lhe respondendo olhando a Derik.
— Sim, nos conhecemos semana passada em um restaurante.
Marcos que até então estava quieto, fala.
— Caralho, que mundo pequeno — bate a mão no ombro de Derik,
comentando —então menos uma pessoa para conhecer hoje amigão, se sinta em
casa. — vai saindo para atender a campainha.
Derik assente, parecendo falar consigo mesmo.
— Mundo pequeno mesmo... — continua me encarando, me deixando sem
graça com seu olhar predador.
— Bom gente, fiquem a vontade, vou levar o Nathan para brincar com as
outras crianças, — Barbara vai dizendo enquanto sai — Kat, veja se Derik quer
beber alguma coisa.
Olho para ela que já se afastou levando Nathan pelas mãos até algumas
crianças na sala de brinquedos, próximo a sala de estar.
Me viro novamente a Derik, sem graça pela situação, me lembrando dele ter
saído com Larissa depois de ter mostrado interesse em mim, ou não, nem sei
mais. De toda maneira isso é o suficiente para me irritar com ele, querendo me
distanciar.
— Você quer beber o que, Derik? — vou perguntando tentando soar normal,
sem sorriso mas com educação, como trataria qualquer outro convidado.
Dá de ombros, dizendo ainda me analisando.
— Pode ser o mesmo que você — dá um sorriso de canto de boca. Eu
assinto, lhe respondendo.
— Ok, vou pegar água pra você! — lhe dou um olhar irônico mostrando que
meu humor não está dos melhores com ele.
Gargalha com meu comentário, parecendo ter percebido que estou de mal
humor dizendo.
— Sério que você vai beber água? — diz com um arquear de sobrancelha —
Não vai querer tequila hoje Kit Kat? — pergunta com aquele riso irônico me
irritando ainda mais.
Recupero minha compostura, lhe colocando em seu lugar.
— Primeiro, não quero que me chame assim, pode ser Katarina para você,
— ele volta a erguer as sobrancelhas com o modo que falei, porque estava me
chamando de Kat na balada e em nenhum momento me senti incomodada com
isso. Não deve estar entendendo minha mudança de atitude com ele agora. — E
segundo, prefiro me manter sóbria agora que conheci o motivo do jantar, melhor
evitar fadiga não caindo em lábia de qualquer um. — Dou uma piscada a ele, me
virando dizendo. — Vou buscar uma cerveja para você.
Saio em disparada quando percebo que Marcos está se aproximando de
Derik, sentindo meu corpo queimando com o olhar dele em mim mesmo me
afastando.
Droga, droga, droga Kat. Você realmente tinha que ter fugido desse jantar
enquanto era tempo, agora tem que se controlar ainda mais, não mostrar pra ele o
que ele faz com você, sem nenhum esforço.
Pego uma dose de vodka tomando na cozinha num gole só. Eu sei que falei
pra ele que não ia beber, mas ele não precisa saber disso, afinal não vou dar meu
braço a torcer para aquele convencido. Muito pelo contrário, vou mostrar que não
estou nem aí, caso tenha se pegado a noite toda aquela vadia. Tomo outra dose
caprichada agora, pego a cerveja dele levanto meu rosto falando comigo mesma.
— Vamos lá Kat, mostra que você não é qualquer uma que cai na conversa
dele e naquele olhar 43. Mostra o que ele perdeu, saindo com aquela lá.
Empino meu corpo saindo com um sorriso no rosto digno de Oscar em
direção a ele. Olho ao redor vendo as pessoas que estão chegando, cumprimento
algumas, sinto que o meu alvo está olhando de canto de olho em minha direção
enquanto conversa com Marcos e outro rapaz.
Me aproximando deles.
— Com licença — levanto a cerveja para Derik que a pega, olho em direção
do outro rapaz que percebo me olhar de uma maneira nada cavalheiresca e
Marcos nos apresenta.
— Kat esse é Vini, nosso amigo de faculdade e gerente comercial da DM. —
Agora me lembro de onde o achei familiar, foi da balada, ele estava com Derik
aquele dia e o vi de longe.
Abro meu melhor sorriso lhe cumprimentando.
— Olá Vini, é um prazer te conhecer. — ele pega minha mão se curvando
dando um beijo em minha mão, me fazendo rir de modo galanteador.
— O prazer é todo meu com certeza.
Ouço Derik bufando ao meu lado, meu sorriso se alargando em saber que
atingi meu alvo. Marcos vendo o espetáculo do amigo se intromete.
— Vini, pode tirar seu cavalinho da chuva, pois Kat não é pro seu bico —
gargalha, enquanto faz Vini o encarar — ela tem namorado — e Vini continua
atuando me fazendo rir ainda mais.
Coloca a mão no peito como se doesse dizendo.
— Ah não, pensei que tivesse encontrado o amor da minha vida — dá um
sorriso lindo para mim — Mas se não der certo com o felizardo, saiba que estou
aqui para te levar ao paraíso.
Gargalho com a sua cara de pau e assinto, quando penso em dizer que não
estou mais namorando, percebo que Derik está me encarando com uma cara nada
agradável, me tocando do porquê, eu dei um selinho nele, ele agora acha que
estou comprometida e deve ter se sentido usado. E olha a lei do retorno
aparecendo rapidamente de novo. Isso faz com que meu sorriso aumente,
resolvendo não dizer a verdade. Não tive oportunidade de comentar com minha
irmã ainda do nosso término, consequentemente Marcos também não sabe, me
aproveito da situação.
Marcos nesse momento corta o amigo perguntando.
— E falando nele, cadê Henrique? Ele não vai vir? — percebo Derik me
fuzilando com o olhar, respondendo fingindo nem ter notado.
— Ah não, ele teve um compromisso hoje e não vai poder vir. — Dou de
ombros fingindo não ter importância.
É nesse momento que Marcos se afasta para atender a campainha
novamente, e Vini começa a me perguntar onde moro, com o que trabalho,
mostrando total interesse em me conhecer, enquanto Derik só nos observa quieto
pensativo, mas vou lhe respondendo demonstrando total interesse em meu novo
conhecido.
De repente uma mulher se aproxima, vindo falando.
— Boa noite garotos! — Era só o que me faltava, essa noite não pode piorar
não? Já não bastava encontrar esse deus grego sem vergonha, agora a vadia Mor
também, reviro os olhos tentando me controlar, a mulher me olha parecendo ter se
lembrado de mim, pois me mede de cima a baixo com uma cara de nojo, com um
sorriso falso que retribuo na mesma proporção.
Vejo Derik arfando quando percebe quem os cumprimentou, não resistindo
ao pensar, ué, não ficou feliz em revê-la? A noite não deve ter sido tão boa assim
pelo visto, não consigo segurar meu riso, abaixando a cabeça tentando disfarçar
meus pensamentos irônicos.
Subo meu olhar vendo Derik me observando, enquanto a biscate se
aproxima dele, colocando as mãos em seu braço, lhe dando um beijo no canto da
boca, não me passa despercebido que fica rígido com a situação incomodado,
dando uma leve afastada.
— E aí gato, da próxima vez, não precisa fugir pela manhã não, poderia ter
feito sua manhã muito mais animada. — Me dá um sorrisinho perverso, querendo
deixar claro onde estavam naquele dia.
Derik me olha desconfortável, mas faço questão de encará-lo, dou um leve
balançar de cabeça, dando de ombros pois afinal como dizia minha avó mentira
tem perna curta. Ele limpa a garganta totalmente constrangido, olhando pra ela
dizendo de maneira seca.
— Tive que trabalhar! —diz apenas.
Resolvo sair de perto, porque essa situação está me enojando o estomago, e
como disse, não vou ficar brigando por causa de homem.
— Bom, fiquem a vontade — digo enquanto saio, percebo que Derik
continua me seguindo com os olhos, mas finjo não notar, indo conversar com
outros convidados.

Quando vi Kat descendo as escadas rindo com o sobrinho, não acreditei,


pensei que minha mente estava me pregando uma peça.
Pisquei algumas vezes, pra ter certeza de que não estava fantasiando, nem
ouvia direito o que Bárbara e Marcos comentavam, só olhando a mulher linda a
minha frente.
Assim que Kat me viu ali, percebi que ficou tão surpresa com mais essa peça
do destino quanto eu fiquei, percebi que perdeu a fala mais uma vez por estar em
minha presença e meu sorriso subiu automaticamente pelos meus lábios, achando
a mais linda ainda constrangida.
Kat estava um arraso, linda como sempre, usava um vestido justo vinho que
deixava perceber todas as suas curvas, estava elegante e ao mesmo tempo sexy
pra caralho.
Não estava muito animado com esse jantar pra ser sincero, mas acabo de me
animar com ele, talvez seja melhor do que esperava.
Sua irmã se aproxima dela nos apresentando, Kat parece recuperar a
consciência tentando agir normalmente.
— Olá Derik, como vai?
Continuo sorrindo ao ouvir meu nome saindo de sua boca respondendo.
— Melhor agora — penso em como sempre nos encontramos, disparando
sem me importar com o que vão ouvir — parece que o destino está sempre nos
colocando um no caminho do outro, não é?!
Bárbara parece perceber que nos conhecemos, nos perguntando.
— Como assim? Por acaso vocês já se conhecem? — Kat responde.
— Sim, nos conhecemos semana passada em um restaurante.
Marcos também comenta abismado em um tom já bem animado.
— Caralho, que mundo pequeno — bate a mão em meu ombro — então
menos uma pessoa para conhecer hoje amigão, se sinta em casa. – diz saindo para
atender a campainha.
Assinto, pensando alto comigo mesmo.
— Mundo pequeno mesmo. – Continuo admirando a linda mulher a minha
frente, sentindo meu pau que até então estava quieto acordar só com a sua
presença.
— Bom gente, fiquem a vontade, vou levar o Nathan para brincar com as
outras crianças — Barbara diz já se afastando, mas olhando para sua irmã — Kat,
veja se Derik quer beber alguma coisa.
Kat olha para sua irmã com uma cara engraçada como se pedisse socorro em
silêncio, e depois que viu sua irmã já longe, volta a me olhar, visivelmente sem
graça com a situação. De repente é nítido a alteração de humor dela, de sem graça
para irritada me deixando sem entender tal alteração, me perguntando.
— Você quer beber o que, Derik?
Dou de ombros, tentando quebrar o clima ruim que se pairou sobre nós.
— Pode ser o mesmo que você. — Dou um sorriso de canto de boca. Ela
assente respondendo.
— Ok, vou pegar água pra você!— Caralho, ela pensa que brava vai me
intimidar, se soubesse que com esse ar irritado, fica ainda mais gata. Além disso,
adoro um desafio, não aguento, gargalhando entrando na onda dela.
— Sério que você vai beber água? — digo com ironia — Não vai querer
tequila hoje Kit Kat? — pergunto num tom irônico para lhe provocar como
percebi que não gosta que lhe chame assim.
Se ajeita, como se estivesse tentando recuperar o folego, soltando de uma
vez.
— Primeiro, não quero que me chame assim, pode ser Katarina para você —
não é que a fujona está mesmo de mal humor, a encaro tentando entender o
motivo dessa alteração toda. — E segundo, prefiro me manter sóbria agora que
conheci o motivo do jantar, melhor evitar fadiga não caindo em lábia de qualquer
um. — Me dá uma piscada, se vira dizendo — vou pegar uma cerveja para você.
— Saindo me deixando sem entender nada pelo segundo motivo que disse.
Ainda estou tentando entender o que aconteceu pra ela ter me tratado tão
bem, ao ponto de me dar um beijo antes de sair, deixando no ar que se nos
víssemos novamente poderia rolar algo a mais, e agora simplesmente parece que
viu um bicho que quer distância.
Sinceramente não entendo, começo a rever se aconteceu algo no dia da
balada depois que ela saiu, lembrando de Larissa, de ter bebido, dançado e saído
com ela de lá para um motel, mas eu olhei quando fui pra pista de dança e não a
vi. Não que precise fazer algo escondido porque não preciso, sou livre e
desimpedido, posso sair com quem quiser, pedi pra Kat continuar lá comigo, mas
preferiu ir embora. Se por acaso rolou um clima com Larissa, o que
provavelmente foi por causa da bebida convenhamos, senão teria me interessado
de imediato, igual aconteceu com Kat e sai com ela, mas por mais que a Kat
soubesse disso, não deveria ficar irritada comigo, afinal, não temos nada, mal nos
conhecemos.
Tenho um interesse nela sim, isso é fato e não tenho como fugir, mas é
apenas carne, depois que transar com ela, o interesse acaba.
Balanço a cabeça em negativa, porque estou colocando coisa na cabeça onde
não existe, ela deve estar de TPM, só isso justificaria seu mal humor, é isso, não
fiz nada para ela estar irritada comigo.
Vejo Vini se aproximando junto de Marcos, me cumprimenta, puxando para
um meio abraço.
— E aí cara?
— E aí Vini — lhe respondo.
Começamos a conversar sobre algumas coisas da empresa, volta e meia dou
uma olhada para procurar a fujona que disse que foi buscar uma bebida pra mim e
não voltou até agora.
Eu e Vini saímos no sábado, depois que sai do escritório, ficamos bebendo
até meia--noite, teve umas três mulheres que se aproximaram de mim, mas não
despertaram o meu interesse, elas eram lindas, isso é fato, mas não tive vontade
de sair com nenhuma delas. Um par de esmeraldas ficava aparecendo em minha
mente a todo instante.
Ela deve ter me enfeitiçado para ter inibido meu interesse em outras
mulheres até foder com ela, só pode, porque minha vontade é de fazer isso com
ela.
Com certeza quando conseguir isso, o feitiço vai acabar voltando pra pista
novamente.
Conversamos mais um pouco, até que a vejo vindo em minha direção,
andando com uma confiança, que com certeza invejaria muitas mulheres.
Como pode ser tão linda?
Vejo que vários homens viram a cabeça conforme passa com sua presença
marcante, cumprimenta alguns sorrindo, vem vindo em nossa direção com minha
cerveja em sua mão.
— Com licença — diz me oferecendo a cerveja, pegando de suas mãos,
percebo que olha em direção de Vini, que não sabe nem disfarçar seu olhar de
cobiça pra cima dela me irritando.
— Kat esse é Vini, nosso amigo de faculdade e gerente comercial da DM. —
Marcos o apresenta a ela.
Ela lhe dá um sorriso muito feliz para o meu gosto o cumprimentando.
— Olá Vini, é um prazer te conhecer — ele pega sua mão se curvando lhe
dando um beijo em sua mão, o que a faz rir e me tira do sério ainda mais.
— O prazer é todo meu com certeza.
Bufo porque esse desgraçado não deve ter se tocado que é a loira que estava
comigo na balada pra estar se engraçando com ela aqui na minha cara. Kat sorri
ainda mais pela maneira que meu amigo fala com ela, o que me incomoda por
estar com gracinha com ele, sendo que comigo está num baita mal humor.
Marcos ri o cortando.
— Vini, pode tirar seu cavalinho da chuva, pois Kat não é pro seu bico —
fala gargalhando — ela tem namorado. — COMO É QUE É?!
Vini continua com suas palhaçadas, mas mal presto atenção agora depois
dessa informação.
— Ah não, pensei que tivesse encontrado o amor da minha vida. — sorri pra
ela —Mas se não der certo com o felizardo, saiba que estou aqui para te levar ao
paraíso.
Rolo os olhos mediante a sua tentativa de chamar a atenção dela.
Marcos o corta, perguntando a Kat.
— E falando nele, cadê Henrique? Ele não vai vir? — Grunho com a
informação, a encarando, porque em nenhum momento ela me disse ser
comprometida, e percebi sim que estava tão interessada em mim quanto eu nela.
Que palhaçada é essa, não curto ficar com mulher comprometida. Saio e
fodo quem eu quiser, mas desde que estejam solteiras, se a pessoa quer trair o
namorado, que traia com outro, não comigo. Não compactuo com isso.
— Ah não, ele teve um compromisso hoje e não vai poder vir. — diz me
irritando ainda mais, com seu tom de que nem se importa pelo fato de ter omitido
uma informação dessas pra mim.
Marcos sai para atender a campainha novamente, nem presto atenção na
conversa de Vini com Kat, alheio em meus próprios pensamentos.
Porque se eu tinha alguma esperança de conseguir sair com ela depois de
encontrá-la hoje, essa esperança foi pelo ralo, ao saber que está comprometida.
Agora tudo se encaixa, ter me beijado, depois sair correndo. Deve ter tido
um impulso em me beijar, e quando o fez se tocou que não deveria, por ter
namorado, tentando fugir de mim para não piorar a situação.
Quando olho para o lado, penso que a noite não pode piorar, percebo que
estava redondamente enganado.
Que caralho de noite é essa, e eu achando que seria boa depois que vi Kat
aqui.
— Boa noite garotos! — Não aguento, revirando os olhos ao me lembrar das
diversas tentativas dela em tentar falar comigo depois daquela noite.
Continuou ligando pra Vini, até mesmo quando estávamos no bar pedindo o
meu contato, Vini até ameaçou dar o meu número pra ela pra me irritar, mas
estava apenas me zoando. Mas disse que se eu não der um chega pra lá nela, vai
passar meu contato, porque não vai ficar intermediando por nós dois mais.
Eu o entendo, é um porre mesmo ter que ficar se fazendo de desentendido
fugindo da garota que não se toca, pois se o cara estivesse interessado, ele mesmo
teria pedido o contato dela quando teve oportunidade, ou deixado o contato para
ela quando acordasse. E nenhuma das duas coisas aconteceram.
Pensei que ignorando-a, se tocaria.
Ouço um riso baixo me tirando dos meus devaneios, olhando para o lado,
vendo Kat rindo de cabeça baixa. Levanta o olhar, se deparando com meu olhar. E
é quando sinto Larissa se aproximando, pegando em meu braço, me dando um
beijo no canto da boca, o que me irrita ainda mais, porque foi apenas uma transa
de uma noite apenas, não temos nada e ainda Kat está aqui, vai pensar que estou
interessado na Larissa ao invés dela. Eu sei que ela é comprometida, mas vai que
eles terminem amanhã, quero deixar claro que meu interesse é nela, não em
Larissa. E é pensando nisso que me afasto dela, mesmo que ela não se dê por
vencida.
— E aí gato, da próxima vez, não precisa fugir não, poderia ter feito sua
manhã muito mais animada. — Olho pra ela, vendo um sorriso que deve achar ser
sexy, mas que não desperta absolutamente nada em mim, nem com sua sugestão.
É nesse momento que percebo o que ela acabou de fazer, deixando claro
para Kat que nós ficamos juntos naquele dia, sendo que havia falado pra Kat
quando ela apareceu me chamando pra dançar com Kat ao meu lado, que não
tinha combinado nada com ela.
Merda!!! E a noite só piora...
Olho para Kat de canto sem saber como agir, percebendo que me encara
dessa vez com raiva em seu olhar, balançando a cabeça em negativa, como se
estivesse me repreendendo por achar que não iria descobrir. Então dá de ombros,
como se dissesse, ainda bem que não cai na sua lábia e é aí que me toco com a
segunda colocação que ela disse mais cedo, ouço a voz dela agora em minha
mente “E segundo, prefiro me manter sóbria agora que conheci o motivo do
jantar, melhor evitar fadiga não caindo em lábia de qualquer um.”
Droga, só me fodo a cada instante que passa, vejo que Larissa está
aguardando minha resposta, limpo a garganta respondendo.
— Tive que trabalhar.
É nesse momento que Kat se afasta um pouco mais dizendo.
— Bom, fiquem a vontade! — Saindo de perto, enquanto continuo a
acompanhando indo conversar com os outros convidados.
Que porra eu fiz, agora como vou mudar essa situação? Me pergunto.
Por mais que ela esteja namorando, não quero que pense que não tive
interesse por ela. Não sou de me justificar para ninguém, mas me vejo nessa
situação agora. Mas como vou chegar e falar.
Olha eu queria muito sair com você, mas como você fugiu de mim, acabei
bebendo mais do que devia, Larissa ficou lá em cima de mim e acabei aceitando
sair com ela pra tentar tirar você da minha cabeça.
Arfo comigo mesmo, porque vou parecer um patético falando isso pra ela.
Mas quer saber, ela namora, também errou comigo não me contando isso,
não preciso me justificar com nada.
Exato, não vou me justificar porra nenhuma.
— Até que enfim essa aí saiu daqui, não se toca que estava sobrando aqui!
— ouço Larissa dizendo, o que me enfurece, porque se tem alguém que não se
toca, e não é bem-vinda, essa pessoa é ela. E é nesse momento que acabo falando
um pouco mais ríspido do que pretendia ser.
— Realmente, tem gente que não se toca.
Ela olha pra mim embasbacada, dou de ombros, me virando pra Vini
dizendo.
— Vou ir conversar com outras pessoas cara e pegar outra cerveja, porque
vou precisar pelo visto. — Saio de perto deles, irritado por Larissa agir como se
fosse minha dona, querendo marcar território, e ainda se desfazer de Kat, sendo
que quem está sobrando ali é ela.
Que merda que fiz em sair com ela. Mas espero que se toque agora parando
de ficar em cima de mim que nem um urubu.
CAPÍTULO 7

Depois de uns trinta minutos, vejo que Kat sumiu. Apesar de não estarmos
juntos, sempre a estava observando, com quem conversava, como se comportava,
admirando seu sorriso e até seu modo de falar com as pessoas.
Agora só foi eu me distrair indo buscar outra cerveja pra mim e quando
voltei, ela não estava mais conversando com as mulheres que estava
anteriormente.
Dou mais uma olhada ao redor, não a vendo, é nesse momento que vejo
Bárbara procurando por alguém falando sozinha.
— Cadê a Kat? — diz procurando pela sala — deve ter ido na
brinquedoteca. — é nesse momento que me vê e me faz um pedindo — Derik,
você poderia ir chamar a Kat pra mim por gentileza na brinquedoteca? Preciso da
opinião dela referente com um assunto. — me dá um sorriso, como se com ele eu
iria aceitar seu pedido, mal sabe ela que só o fato dela ter me dado a desculpa
perfeita para falar com Kat, eu já teria aceitado.
— Ah sim, claro vou procura-la, por onde vou?
Ela me explica como chegar lá, seguindo pelo corredor. Percebo Larissa me
encarando, com cara de quem comeu e não gostou, mas simplesmente ignoro.
Quando chego próximo da brinquedoteca, ouço músicas infantis com
algumas gargalhadas, me aproximo devagar até próximo da porta, sentindo meu
coração disparar ao ver a cena de Kat guiando um trenzinho com as crianças atrás
dela a seguindo, ela está com um chapéu de fada e uma varinha mágica na mão
enquanto guia o trenzinho pelo cômodo dançando com as crianças.
Fico uns cinco minutos a observando encantado, com seu modo feliz
interagindo com as crianças que até esqueço do motivo que fui lá.
É nesse momento, que Nathan me vê gritando.
— Olha o tio ali — me delata apontando pra mim — quer vir brincar com a
gente também? — vejo Kat olhando em minha direção parecendo envergonhada
pela maneira que a vi agindo com eles. Se ela soubesse o quanto a achei mais
linda agora do que em qualquer outro momento, não ficaria envergonhada. —
Nós podemos colocar uma cartola de mágico em você, quer tio?
Rio dele, ficando tentado a brincar com eles, mas me lembro de que não fui
ali para esse motivo dizendo.
— Eu iria adorar, mas o tio veio aqui pra raptar sua tia um pouco. — Ele faz
um Ahhh, abaixando o rostinho olhando para os pés, enquanto Kat me olha
intrigada, deve estar pensando que estou inventando isso para conversar com ela.
Bom de certa forma é, mas realmente a irmã a chamou, por isso não estou
mentindo, após alguns segundos nos encarando peço — pode vir aqui um
minuto?
Eu sei que poderia ter dado o recado alto e saído, mas aí qual seria a graça de
poder ficar mais próximo dela.
Parece um pouco receosa mas assente vindo em minha direção, enquanto
retira o chapéu, o deixando junto da varinha em uma poltrona, eu fico satisfeito
em saber que poderei ficar um pouco que seja perto dela.
— O que você precisa, Derik? — fala levantando o queixo em minha
direção, olhando em meus olhos.
Ah, essas esmeraldas como são lindas, ainda mais quando está irritada,
parecem brilhar ainda mais.
Fico com vontade de falar “Você” para ela, só pra quebrar essa pose de
durona, mas deixo para outra ocasião, dizendo olhando seus lábios que parecem
ser deliciosos.
— Sua irmã pediu que eu viesse te buscar, precisa de sua opinião para
alguma coisa. — Volto a olhar seus olhos quando termino, tendo a impressão de
que pareceu decepcionada com o que falei, mas assente.
— Certo, obrigada por me avisar. — confirmo voltando meu olhar para sua
boquinha, de modo que quero que ela perceba onde estou olhando, deixando claro
qual é a minha vontade nesse momento.
Quando se vira pra sair, sinto o cheiro de seu perfume perfurar minhas
narinas, despertando em mim um desejo descomunal de a tocar, não resistindo a
segurando pelo braço ainda no corredor, mas longe da porta da brinquedoteca. Ela
se volta pra mim, dou um passo em sua direção, e não se afasta ficando bem
próximos um do outro, nos encarando por alguns segundos, seu olhar parece
querer a mesma coisa que eu, mas aos poucos vai se endurecendo, quando
percebo isso, tento amenizar o clima entre nós dizendo.
— Você está linda! — Subo minha mão até seu rosto, com um leve tocar
nele, sentindo esquentar a ponta dos meus dedos até a ponta dos meus pés só de
tocá-la, percebo que não fui o único atingido, pois Kat se arrepiou com meu
toque, me fazendo com que eu abra um sorriso, vendo que seu olhar desce para
meus lábios enquanto morde o canto de sua boca de uma maneira muito sexy,
despertando meu pau sem nenhum esforço.
— Aí estão vocês! — Kat dá um pulo saindo do transe em que estávamos,
me afastando também, tento recuperar meu folego do que estava prestes a fazer
— Obrigada Derik, por a ter encontrado, mas acho que esqueceu de dar o meu
recado né? — dá uma risada, nos olhando de um para o outro, parecendo ter
percebido algo, pois dá um sorriso, dizendo a Kat — eu ia pedir a sua ajuda
maninha, mas não tem problema, depois a gente se fala.
Percebo que Kat desperta nesse instante, dando um passo para longe de mim,
limpa a garganta respondendo a irmã.
— Não, o Derik comentou que estava me procurando, estava indo atrás de
você, — vai até ela a empurrando — vamos lá ver o que você precisa. —
Continuo parado em meu lugar, vendo se afastar mas o sorriso volta a brincar em
meus lábios, aumentando ainda mais quando vejo Kat olhando pra trás, me
encarando com um olhar que mostra o quanto que ficou perturbada quanto eu
com nossa proximidade, e o que quase aconteceu agora.
Sigo para a sala de estar, procurando por Kat, mas não a encontro. Volto a
conversar com Vini e Marcos sobre a casa que vi para alugar, mas não me
interessou.
É aí que Marcos me diz.
— Ah Derik, eu estou pra lhe falar isso mas acabei esquecendo de comentar
no domingo, e durante a semana no trabalho é corrido — levo a garrafa de cerveja
até a boca dando mais uma olhada ao redor para procurar Kat, a vejo colocando
as comidas na mesa com Bárbara — minha esposa tem uma casa muito boa em
um condomínio aqui próximo, ela acaba alugando como moramos aqui, é no
mesmo condomínio que Kat mora, — ele terminou de ganhar minha atenção
nesse instante, abro um sorriso de quem está adorando a sugestão dele — bem
localizado, boa vizinhança e o melhor que é próximo do trabalho, consegue ir até
a pé se quiser. Ela está alugada no momento, mas está próximo de vencer o
contrato, e a inquilina vai se mudar para o litoral na próxima semana devido a
uma oportunidade de trabalho que surgiu. — bebo mais um gole da minha cerveja
admirando a linda loira que ainda arruma a mesa percebendo que vira
discretamente seu rosto olhando em minha direção, fazendo meu sorriso aumentar
ainda mais ao perceber o leve rubor que tomou seu rosto, por ter sido pega em
flagrante, voltando a se concentrar com a mesa. — Então caso tenha interesse e
não encontre outra casa melhor para ficar, pode morar lá. Sei que está no hotel,
mas se quiser passar uns dias aqui em casa até ela desocupar também, fique à
vontade, a casa é sua.
— Valeu brother, fiquei muito interessado em conhecer a casa sim, a Kat
seria a vizinha da casa? — Sondo como quem não quer nada, bebendo minha
cerveja.
— Ela seria vizinha próxima, mora na mesma rua mas não ao lado. Acredito
que seja quatro casas de distância.
Interessante, assinto, porque seria ótimo ter que ir pedir um pouco de açúcar
na casa de minha querida vizinha de vez em quando.
— Gostaria de ir conhecer a casa se não se importar, como disse que a
inquilina vai sair na próxima semana, não vejo problema continuar no hotel mais
esse período, fica tranquilo.
— Ótimo, vou combinar com Bárbara para ela ver um dia com a inquilina
para você ir lá conhecer a casa e vê se gosta.
— Tenho certeza de que vou adorar! — rio pensando.
Eu já adorei por mais que seja um barraco.

Anunciamos o jantar, Derik se aproxima de mim quando estamos chamando


a todos, fazendo questão de se sentar em minha frente, passando o jantar todo me
encarando com seu olhar profundo, fazendo eu contorcer minhas pernas debaixo
da mesa.
Depois do nosso “encontro” no corredor da brinquedoteca, não estou
conseguindo dar de durona como antes.
Ele consegue me amolecer sem fazer nenhum esforço.
Ainda estou irritada por ter me trocado tão fácil assim, sem nem tentar me
encontrar, e mais irritada ainda que possa nem ter tido interesse algum, apenas
gratidão pelo filho.
Mas se fosse só gratidão, por que fica me encarando a todo instante e
fazendo questão de me tocar? Sendo que a outra está aqui também, e parece nem
a notar, pois pela cara dela de poucos amigos, as coisas não devem estar muito
interessante essa noite.
Vire e mexe, ela me dá aqueles olhares assassinos, como se eu tivesse culpa
de seja lá o que esteja acontecendo com ela.
Um mais doido que o outro, eu hein.
Quando terminamos o jantar, me levanto pedindo licença dizendo que vou
até a cozinha pegar mais uma bebida, mas na verdade é só uma desculpa para sair
um pouco daqueles olhos hipnotizantes, preciso espairecer a cabeça antes que
caia em sua lábia outra vez.
Estou na cozinha pegando outra dose de vodka, quando sinto alguém se
aproximando por trás de mim, pelo perfume delicioso reconheço quem é.
— Você não disse que não ia beber hoje Kit Kat? — fala com a boca bem
próximo de meu ouvido, me arrepiando todinha, abro um sorriso com seu
comentário, pois ele não pode me ver pra saber que gostei como me chamou.
Tento recuperar minha compostura, tentando soar normal.
— Resolvi beber um pouco pra ajudar a encarar essa noite. — Dou de
ombros me virando.
Quando assim o faço, vejo que Derik está mais próximo do que percebi,
ficamos praticamente colados, comenta.
— Então, você tem namorado? — desce seus olhos para minha boca,
continuando — não achou importante essa informação na sexta, depois de ter me
dado um beijo, dando a entender que se nos encontrássemos, talvez poderia rolar
algo mais interessante entre nós? — dá mais um passo cortando o resto do espaço
que havia entre nós, me fazendo sentir sua protuberância em minha barriga, que
definitivamente faz cair por terra meus pensamentos que era apenas gratidão seu
interesse em mim.
Tento pensar no que dizer, porque não posso dizer agora que não tenho
namorado mais e nem tinha no dia, pois vai ficar claro que estava querendo
mostrar pra ele que não me importei dele ter saído com Larissa. Só o fato de
lembrar dela, recupero o resto de juízo que tenho, debatendo seu comentário com
outra pergunta.
— E você não achou necessário deixar claro que além de estar interessado
em mim, também estava em Larissa, ao invés de ter mentido, dizendo que não
havia prometido nada a ela e ter ido embora junto dela após alguns amassos na
pista de dança? — pronto, falei que sabia dos amassos e que saíram juntos.
Me encara, parecendo refletir sobre o que dizer.
— Olha, eu não menti, meu interesse era apenas em você, e ainda é, mesmo
que não vá avançar o sinal por saber agora que é comprometida, — fico
decepcionada com esse último comentário, mas fui eu que fiz ele pensar assim,
então não tenho o que fazer — apesar de querer muito te encostar nessa parede e
sentir o gosto de cada parte do seu corpo, — solto um gemido só em imaginar o
que pode fazer, isso faz com que seu sorriso presunçoso aumente ainda mais — e
eu sinto que você me quer também, por isso me beijou e saiu correndo na balada,
você me quer tanto quanto eu, mas depois que me beijou, — suspira — deve ter
lembrado que é comprometida com alguém se arrependendo disparando para
longe de mim.
Agora entendi o que quis dizer, apesar de não ser uma verdade cem por
cento, sai de perto dele antes que o agarrasse e fizesse mais do que apenas beijá-
lo, ele tem cheiro de encrenca e não quero ter mais uma nesse momento, mas é
melhor deixar que pense ser esse o motivo, por isso o corto.
— Isso não quer dizer nada, pois como você disse, dei a entender que
poderia rolar algo se nos encontrasse de novo, e você não perdeu tempo de ir
matar seu desejo com outra, que por sinal, é de bem baixo nível hein. — Reviro
os olhos irritada, ele se aproxima ainda mais de mim, ao ponto de conseguir sentir
seu hálito em minha boca.
— Tá com ciúmes fujona? — Ciúmes, jura que ele acha que tem esse poder
sobre mim? Até parece, não me conhece mesmo.
— Há, só porque você quer, o que te faz pensar que está com esse poder
todo sobre mim, ao ponto de me deixar com ciúmes? — o encaro fingindo que
essa proximidade não me afeta, levantando uma sobrancelha para intimidá-lo.
— Foi o que pareceu paixão, — suspira, olhando minha boca, depois
subindo seu olhar para os meus, enquanto parece pensar no que vai dizer — não
sou de ficar me justificando pra ninguém, mas realmente acho que teríamos uma
noite espetacular juntos se não estivesse namorando — lá vai minha mentira mais
uma vez me cutucando para dizer a verdade — mas aquele dia não estava com
interesse nenhum em Larissa, como ainda não tenho, acontece que me senti
frustrado quando saiu daquela maneira sendo que poderia ter ficado um pouco
mais lá comigo, mesmo eu te pedindo. Acabei misturando as bebidas e de tanto
ela ficar no meu pé pra ir dançar com ela, acabei descendo dançar uma música, só
que acho que o álcool, misturado com a frustração de ter tomado um fora e ela se
esfregando em mim ao ponto de me agarrar na pista de dança, acabei dando uma
chance para ela tentando me sentir melhor... — arfa abaixando os olhos, depois
me encarando novamente — foi isso, não preciso me justificar, mas não sei
porque sinto que preciso.
Estou em choque com tudo que ele acabou de falar, me sentindo ainda pior
por estar mentindo sobre esse namoro que não existe mais, ele acabou ficando
com Larissa para tentar me tirar da cabeça? Não, não foi isso que falou, mas acho
que não ficou muito atrás, ele estava com raiva pelo fora que tomou e tentou
descontar sua frustração saindo com outra.
Tadinho, não está acostumado a tomar fora, rio em pensamento.
Percebo que continua encarando meus lábios com desejo estampado em seus
olhos que quer tanto quanto eu, quando abro minha boca resolvendo me abrir com
ele que não estou namorando, ouvimos um pigarrear nos fazendo nos afastar em
um pulo assustados.
Vini está parado na porta da cozinha rindo, olhando de mim para Derik.
— Desculpa aí, vim só me despedir de Derik. — dá dois passos próximos,
falando — Cara, eu já vou indo porque amanhã cedo trabalhamos, e vou levar
Larissa em casa, ela está meio possessa, por você a ter ignorado a noite toda, —
olha pra mim dando mais um sorriso — mas é totalmente compreensível né? —
dando uma piscada pra mim —enfim... vou indo nessa, amanhã a gente se fala. —
chega próximo de Derik lhe dando um meio abraço, vem até mim me dando um
beijo no rosto — Prazer em te conhecer lindona, espero vê-la novamente. —
sorrio me despedindo ainda envergonhada com o clima que pegou entre mim e
seu amigo, enquanto vai saindo.
Derik volta me encarar com desejo e percebo que preciso ir embora também,
antes que faça algo que me arrependa.
Amanhã tenho que trabalhar, tenho três consultas essa semana e não posso
me distrair agora com ele, por isso desisto de contar sobre não estar namorando e
ir embora.
— Eu vou embora também, preciso colocar minha cabeça no lugar, — ele dá
um passo à frente para chegar mais próximo, mas coloco a mão a frente o
segurando de se aproximar muito — é melhor pararmos por aqui Derik, não sou o
tipo de mulher que está procurando no momento, esse tipo é a Larissa, devia ir
atrás dela. Agora vou embora, antes que faça besteira. — Mordo minha língua
grande ao perceber o que acabei de falar, isso era apenas para ficar em meu
pensamento e acabei pensando alto.
Derik ri do meu último comentário, percebo vai falar algo, coloco meu dedo
em seus lábios o impedindo, quando penso que entendeu que não quero que fale
mais nada sobre nós dois, faz pior.
Ele segura meu pulso, abre a boca chupando meu dedo que o estava
silenciando, não resisto, fechando meus olhos, gemendo baixinho mediante seu
toque em minha mão, umedecendo rapidamente minha calcinha. Puxo minha
mão, me afastando dele antes que perca o restante da minha sanidade mental,
quando estou próxima da porta, ouço sua voz dizendo.
— Você pode tentar fugir de mim Kat, mas se o destino está nos unindo, vai
fugir e acabar parando nos meus braços.
Me arrepio inteira com seu comentário, pois realmente parece que o destino
está brincando conosco, levanto minha cabeça saindo como se não estivesse
totalmente abalada internamente.
CAPÍTULO 8

Os dias vão se passando, tenho estado com minha cabeça ocupada, com o
trabalho e as consultas que tive com os especialistas em fertilização quinta e
sexta. Hoje terei a última consulta para decidir com quem farei o procedimento,
minha irmã fez questão de me acompanhar como foi ela quem me indicou e está
tão esperançosa quanto eu. Ela ficou de passar aqui em casa para irmos no carro
dela para a clínica.
Como já fui em dois médicos, eles me passaram os medicamentos necessário
para ovulação e os hormônios que devem ser aplicados para estar preparada
quando entrar em minha semana fértil, como até terça fico menstruada, tenho
tempo necessário para escolher o médico que vou prosseguir com o tratamento e
procurar um doador de espermas que tenha o perfil físico parecido com o meu,
para a criança ser semelhante comigo.
Estou me sentindo ansiosa, como uma criança que será levada ao parque e
conta os minutos até chegar lá. Finalmente estou próxima de realizar o meu
sonho.
Ouço meu celular tocar, vendo que Bárbara mandou uma mensagem dizendo
que está saindo de sua casa.
Ajeito as coisas de Bud para quando chegar, eu já poder sair, não quero me
atrasar para a consulta. Como é sábado e o trânsito está bem tranquilo, ela não vai
demorar a chegar.
Passo um batom rosa claro em mim, um rímel, calçando meus sapatos, estou
pronta para sair, quando ouço a buzina chamar minha atenção, indicando que
chegou.
Pego minha bolsa, falando com Bud.
— Fica aí garotão, daqui a pouco a mamãe está aqui e vamos lá no parque
correr um pouco.
Ele senta abanando o rabo, como se entendesse o que disse, indo ao encontro
de minha irmã.
Cumprimento e vamos conversando sobre o que os outros médicos disseram
sobre o tratamento, ambos comentaram que as chances de dar certo na minha
idade é em torno de 30%, mas eu não vou deixar me abalar, vou tentar. Senão der
certo, eu tento de novo.
Chegamos a clínica e enquanto aguardamos ser atendida, minha irmã me
questiona.
— E o Henrique, não quis te acompanhar nos médicos? — me pergunta
receosa.
É então que me lembro, que até agora não contei a ela que não estamos mais
juntos, pois quando fui comentar, o Nathan se machucou e depois não tive
oportunidade. Resolvo lhe conto logo a verdade.
— Na verdade não estamos mais juntos, — ela me olha surpresa com a
resposta —no dia do jantar que comentei com ele sobre minha decisão, também
terminei nosso namoro — suspiro, porque ainda me incomoda comentar sobre o
assunto — fui até lá decidida a terminar com ele independente dele querer ser o
pai ou não, nem dei essa opção a ele pra ser sincera. Percebi que não estava dando
certo, resolvendo fazer isso sozinha, por isso só o comuniquei para caso amanhã
me veja grávida, não pense que é porque o troquei rapidamente por outro...
Ela assente, pensando um pouco antes de dizer.
— Não é de hoje que percebi que você estava acomodada nessa relação, não
via amor de sua parte por ele, — suspiro enquanto a ouço, pois sei que é verdade,
fico triste em saber que estava tão insatisfeita ao ponto de não conseguir disfarçar
minha infelicidade — sei que nutre carinho por ele, pelo tempo que passaram
juntos, mas isso não é suficiente para manter um relacionamento por tanto tempo,
muito menos resolver criar uma família com ele, apesar de ser um pouco
individualista agindo dessa maneira, eu compreendo tanto que te apoio na decisão
que tomou, tanto na inseminação, quanto no término.
De repente ela estrala os olhos, como se estivesse lembrado de algo, olha pra
mim desconfiada perguntando.
— Esse jantar com o Henrique, não foi na semana passada? — Confirmo
com a cabeça, ainda sem entender aonde ela quer chegar, que continua seu
raciocínio. — Então por que não corrigiu Marcos sobre estar solteira no jantar de
quarta que fizemos? — pergunta me encarando.
Fico sem saber o que lhe responder, tento distraí-la mudando o foco da
conversa pra ela.
— E como é que você sabe que não desmenti para Marcos? — pergunto com
ar de deboche como quem não quer nada. Ela ri me respondendo.
— Simples, — ri, começando seu esclarecimento — meu lindo marido
comentou que tanto o Derik quando Vini e alguns convidados, estavam de olho
em você, e que Vini deu em cima de você descaradamente, por isso ele comentou
que você era comprometida, pra ver se ele sossegava te deixando em paz, apesar
do Henrique não ter ido porque segundo VOCÊ — da ênfase nessa última palavra,
revirando meus olhos pra ela — ele teve um compromisso e não pode comparecer
em nosso jantar, — quando penso que terminou ela se vira pra mim com um olhar
interrogativo e questiona — afinal foi impressão minha ou rolou um clima
naquele corredor entre você e Derik?— coloca o dedo indicador na bochecha e o
polegar no maxilar, indicando que está pensando no assunto.
Bufo, porque nem sei como lhe responder isso, mas tento sair pela tangente.
— Não rolou nada, para de criar coisa onde não existe pelo amor de Deus, e
sobre não ter desmentido, sei lá, nem pensei na hora, só acabei não falando,
porque achei engraçado o teatro todo que Vini estava fazendo ao saber disso,
acabei me distraindo. — Dou de ombros como se fosse indiferente pra mim,
penso que não estou mentindo por completo, pois realmente foi engraçado o
teatro dramático de Vini.
Ela continua me encarando dando o seu sorriso diabólico indicando que lá
vem bomba.
— Ainda bem maninha que não rolou clima nenhum, e tenha sido apenas
“IMPRESSÃO MINHA”, — diz essa última parte com as duas mãos fazendo
aspas — pois então não terá problema com seu novo vizinho, né. — Novamente
me lança aquele sorriso perverso de novo, dando de ombros com um piscar de
olhos como quem diz, se não rolou clima, então não tem por que se preocupar.
Enquanto já a minha cara, não esconde a surpresa sobre o que acabou de me
falar. Derik será meu vizinho? COMO ASSIM? Balanço a cabeça em negativa,
negando pra mim mesma que isso seja possível, essa brincadeira do destino ou o
que quer que seja, tento me fingir de desentendida, lhe perguntando.
— Como assim? Você está dizendo que o Vini ou Derik será meu vizinho?
— tento soar normalmente, mas acho que meu tom embasbacado não a
convenceu, devido a esse sorriso pretencioso de quem atingiu o alvo, continuo —
E a inquilina? Como ele será meu vizinho se a casa ainda está alugada? —
disparo.
Ela gargalha ao ver minha reação, dá de ombros novamente, começa a olhar
as unhas perfeitamente pintadas como se estivesse admirando-as enquanto diz
tranquilamente.
— Quem você gostaria que fosse maninha? Será o Derik, ué! — me olha de
canto de olho, com um sorriso em seu rosto, voltando a atenção para as mãos
novamente. — o Vini já está estruturado na cidade, quem está chegando agora e
ainda está dormindo no hotel enquanto procurava uma casa próximo do trabalho é
o Derik, por isso não entendo o motivo do espanto. — Suspira fingindo cansaço
de falar sobre o assunto, mas com um sorriso de canto de boca ainda. — E sobre a
inquilina, dona Marta está saindo essa semana da casa, pois conseguiu uma boa
oportunidade de trabalho no litoral, Marcos sugeriu a Derik se teria interesse, ele
se interessou é claro, foi até lá conhecer ontem à tarde e adorou a casa, o
condomínio, e ainda é perto do trabalho que é o que queria. Enfim maninha, está
tudo certo, dona Marta liberando a casa, só vou mandar pintar novamente, e ele já
se muda para lá. — Olha pra mim novamente mostrando seus dentes perfeitos –
Espero que seja uma boa anfitriã e ajude seu vizinho caso precise de alguma
coisa, dando dicas ou o que quer que seja.
Era só o que me faltava, eu estou ferrada, realmente parece que quanto mais
fujo, pior está ficando.
Preciso evita-lo de toda maneira, porque com tanta proximidade, será ainda
mais difícil resistir.
É nesse momento que cortam meus pensamentos sobre o deus grego virar
meu vizinho, quando ouço chamando pelo meu nome, nos levando a entrar na
consulta.

A consulta ocorre muito bem, me sentindo a vontade com Dr. Vasconcellos,


ele deve ter na faixa dos seus cinquenta anos, mas é muito simpático, tirou todas
as minhas dúvidas, acabei resolvendo na própria consulta que irei seguir meu
tratamento com ele.
Ele me passou o procedimento para indução da ovulação, me informou que
terei que comparecer ao consultório para fazer as ultrassonografias para
acompanhamento, tomar outro medicamento para liberação dos óvulos, assim que
estiver ovulando já marcamos a inseminação dos espermatozoides dentro de meu
útero.
Sei que as chances não são altas, mas pelo menos vou estar mais próxima
agora do que se estivesse aguardando a pessoa certa aparecer.
Saio otimista do consultório, eu e minha irmã resolvemos almoçar fora para
comemorar o início de uma nova fase.
Passo na farmácia na volta para comprar os medicamentos que irei precisar,
como minha menstruação já está se aproximando. Não quero ter o risco de algum
contratempo, não tendo o remédio na data correta.
Assim que chego em casa, vou me trocar para ir correr com Bud no parque,
pego meu celular para dar uma olhada se tem alguma mensagem para responder.
Vejo que Liv e Sofi me enviaram mensagens perguntando se gostei do
médico que fui hoje e se já me decidi.
Conto a elas os próximos passo e Sofi dá a ideia de nos encontrarmos em um
barzinho aqui próximo à noite para comemorarmos, porque depois que eu
engravidar não vou poder ingerir mais nada alcoólico, combinamos de nos
encontrar direto no local da Vila Madalena as oito.
Me arrumo, pego a guia de Bud, que vem saltitante até mim para colocar
nele, pois já sabe que vamos passear.
Começamos a caminhar, me lembrando da conversa com minha irmã sobre
Derik ser meu novo vizinho, uma parte de mim fica feliz apesar de não querer
admitir isso, pois será um colírio para os olhos o ter como vizinho, outra parte de
mim fica receosa, pois sei o quanto mexe comigo e parece estar bem-disposto a
tentar me levar pra cama, se fosse em outro momento não veria problema, mas
agora que já estou com a inseminação praticamente agendada, isso pode
complicar tudo.
Morando perto, pode ser um problema, se não fossemos nunca mais nos ver,
surgindo uma oportunidade, talvez eu toparia sair uma única vez com ele, mas
morando perto e com a química que já percebi termos com apenas um toque, é
melhor não arriscar, não preciso de um envolvimento agora que vou engravidar,
pode atrapalhar tudo, sei que as chances de eu me apaixonar é praticamente nula,
pois nunca permito que alguém se aproxime do meu coração, mas pra que
complicar agora que estou bem sozinha e resolvendo as minhas questões.
Eu e Bud estamos correndo pelo parque, quando ouço uma voz de criança
me chamando.
— Tia Kat... — reduzo os passos, procurando pela voz — Tia Kat, aqui —
quando olho para o lado vejo um lindo garotinho dos olhos azuis acenando pra
mim não muito longe, o reconhecendo no mesmo instante, Guilherme, paro de
correr, olho ao seu lado e o vejo, com seu sorriso arreganhado me olhando, Derik,
junto de Gui vindo ao meu encontro.
Está lindo como sempre, diferente das outra vezes que o vi, pois usa roupa
esporte agora, mostrando seus atributos físicos, seus braços fortes bem definidos
vestindo uma camiseta regata azul marinho, uma bermuda cinza que dá pra
perceber que suas pernas são tão definidas como seus braços junto de um tênis.
Volto a olhar Guilherme para tentar disfarçar a análise por completo que dei em
seu pai.
Dou um sorriso ao garotinho, levantando meu olhar para aquele monumento
os cumprimentando.
— Olá Guilherme, como você está? — me abaixo para conversar com ele e
Bud ao meu lado querendo fazer amizade com o garotinho o cheirando.
Abre um sorrisinho lindo.
— To bem tia Kat, esse é seu cachorro? Posso passar a mão nele?
— Claro que pode, ele é mansinho — dou lhe um sorriso, me levantando —
Olá, Derik.
— Quanto tempo Kit Kat — continua me encarando com aquele olhar
fascinante — você acabou de conquistar ele de vez, — dá risada, olhando para o
cachorro e Guilherme que brinca com ele enquanto Bud lambe seu rosto o
fazendo gargalhar — ele vive me pedindo pra dar um a ele, mas a mãe dele não
gosta de cachorro. — Dá de ombros.
Quando vou perguntar se ele gosta, porque me vejo interessada em saber
isso, sempre pensei que se a pessoa não gosta de animais, mostra muito sobre sua
personalidade. Se abaixa brincando com meu cachorro, que retribui adorando o
carinho dos seus novos dois amigos.
Fico admirando-os interagindo com meu cachorro nada exibido, vendo que
pelo visto Derik gosta de animais sim, de repente Gui me olha perguntando.
— Posso andar com ele só um pouquinho, segurando ele? Pui favo. —
Fazendo uma carinha do gato do Shrek.
Rio assentindo, olho para Derik para ver se não se importa, que sorri em
agradecimento.
— Pode sim, só fiquem perto.
Derik levanta ensinando seu filho como deve segurar a guia, lhe instruindo a
ficar longe de outros animais, orientando até onde pode ir longe de nós.
— Vamos nos sentar aqui. — Aponta para um banco próximo que dá para
observarmos os dois brincando, o seguindo até lá. Fico receosa em acompanha-lo,
mas que mal há nos sentarmos em público com seu filho praticamente junto? Não
terá risco de fazermos nada, sento ao seu lado, mas com uma certa distância para
não nos esbarrarmos.
Derik parece perceber o que fiz, pois ri abaixando a cabeça dizendo.
— Eu não mordo, não vou fazer nada com meu filho aqui do lado. — Me
encara com um sorriso nos olhos.
Fico envergonhada com seu comentário, por ter sido tão óbvia assim.
— Sei que não vai fazer nada com ele aqui, foi impressão sua. — Tento soar
indiferente ao que disse. Continua me encarando, descendo os olhos para minha
boca.
— Eu não mordo, mas dependendo da situação, eu gosto. — Coro
visivelmente enquanto me dá um riso malicioso.
Volto a olhar para Bud e Guilherme que estão correndo próximos para tentar
sair do transe que esse homem consegue ter sobre mim, percebendo que também
desvia o olhar para eles.
— Guilherme vai adorar saber que Bud será nosso vizinho. — Olho para ele,
vendo que voltou a me encarar, provavelmente tentando me sondar para saber se
eu já sabia da novidade.
— Verdade, vai ficar animado se souber disso. — Volto meu olhar para
frente porque não consigo ficar encarando-o por muito tempo, sem sentir um
rebuliço em meu ventre, procuro saber mais detalhes de sua mudança para me
preparar psicologicamente, perguntando enquanto continuo observando os dois
brincando. — E você, sabe quando vai se mudar? Bárbara comentou comigo hoje
pela manhã de sua mudança para a casa dela.
— Acredito que no próximo final de semana, já estou me mudando, — olho
para Derik enquanto fala, observando seus lábios bem delineados, percebendo
que boca perfeita tem, lábios carnudos, bem desenhado, macios. Quase solto um
gemido ao lembrar do contato dela com os meus, sinto meu corpo se esquentando
mediante a lembrança — pois pelo que Marcos informou a inquilina vai sair de lá
até quarta, depois vão pintar a casa, acredito que entre sexta e sábado já consigo
me mudar.
Ai Deus! Vou ter que me acostumar a ver esse monumento, para parar de me
sentir tão mexida ao seu lado, deve ser isso, meu corpo está entendendo como
carne nova no pedaço, por isso está se comportando dessa maneira.
Nunca fui de ficar me sentindo dessa maneira por homem nenhum, não
posso deixar que essa atração piore agora que vai ficar tão próximo de mim.
Após meus devaneios, que percebo Derik me encarando, parece tentar
decifrar meus pensamentos enquanto o estava observando falar, pois já terminou
sua fala enquanto continuo o olhando sem dizer nada. Limpo a garganta dizendo
em tom baixo.
— Lá é um bom condomínio, possui boa vizinhança, vai gostar de lá.
Assente respondendo olhando para minha boca, com seu olhar cheio de
desejo.
— Tenho certeza de que já gosto da vizinhança. — Dá um sorriso de lado,
fazendo reagir diretamente no meio de minhas pernas.
Sei que deveria desviar nossos olhares, mas não consigo, quando percebo
também estou desejando sua boca, mordendo meu lábio inferior, imaginando
como seria o gosto dela, que seu lábio é macio eu já percebi, mas será que o beijo
é tão bom quanto parece ser.
É nesse momento que ouvimos Guilherme gargalhando, o que faz com que
cortemos nossos olhares, vendo que está caído no chão, enquanto Bud lambe todo
seu rosto abanando o rabo, todo feliz com seu novo amigo. Não resisto dando
risada de vê-los juntos, e acaba passando por minha cabeça uma hipótese, de
Derik levando Guilherme em casa para brincar com Bud. Balanço a cabeça nesse
mesmo momento me recriminando por pensar nisso, me repreendendo.
Katarina, você está dizendo que tem que manter distância dele para não
fazer nada e agora imagina os dois frequentando a sua casa, bela distância
hein?!
Guilherme se levanta, vindo correndo até seu pai, pega a bola que estava ao
seu lado, que nem havia percebido, pedindo.
— Papai, joga bola comigo e com Bud, pui favo.
Derik me olha com um sorriso no rosto dizendo.
— Já volto, — quando está saindo se vira, me convidando — ou você quer
jogar conosco?
Abro um sorriso para ele.
— Claro, por que não? — me levanto indo em direção ao gramado que
estavam brincando — Saiba que sempre fui muito boa jogadora de futebol. – lhe
dou uma piscada junto de um sorriso, que o faz abrir ainda mais seu sorriso
perfeito, que derreteria qualquer mulher.
Vou correndo em sua frente com Bud pulando enquanto corre ao meu lado
todo feliz, sabendo que estou de shorts saia, com certeza Derik deve estar
admirando meus atributos nesse momento, o que faz aumentar meu sorriso
pensando.
Você pensa que só você sabe mexer comigo deus grego, eu também sei fazer
isso.
Quando fui com Marcos visitar a casa em que me ofereceu para morar,
passamos em frente à casa de Kat, sei disso pois ele me mostrou dizendo que
morava lá, fiz questão de prestar atenção na distância de onde ia morar.
A casa realmente era muito boa, estilo casa americana, com gramado na
frente sem portão, com um jardim que segundo Marcos, caso eu não goste de
cuidar, posso chamar um jardineiro que Bárbara pedia para cuidar antes de se
mudar, ao lado da casa há uma garagem com espaço coberto para dois carros, por
dentro é bem espaçosa, três quartos sendo um com suíte e banheira, uma sala de
estar enorme, uma cozinha americana e no fundo há um quintal enorme com
direito a piscina e churrasqueira. Ou seja, nem estava procurando por tudo isso,
claro que minha casa em São José dos Campos também era tão confortável
quanto essa, mas não estava preocupado caso não encontrasse, pois minha
intenção se eu me adaptar bem em SP, seja comprar uma pra mim.
Marcos comentou que a casa de Barbara e Kat são parecidas, tem
praticamente a mesma arquitetura pois foi um presente de seus pais para as duas,
ele mandou fazer parecidas para não dar briga de casa melhor para nenhuma. A
intenção dele era ter deixado as duas como vizinhas, mas não tinha terreno
disponível na época, por isso as deixou no mesmo condomínio, o mais próximas
que pôde.
— Há um parque também aqui próximo, não sei se já viu quando vai ao
escritório. — Marcos comentou — É o parque Trianon, Kat sempre leva Bud lá
para correr quando não tem consulta. Pode levar o Gui quando tiver com ele, com
certeza vai adorar.
— Muito bom saber disso, Gui adora parque. — Sorrio com a informação,
em saber que Kat sempre vai lá, e como amanhã é sábado talvez não seja uma má
ideia levar Gui no parque para conhecer, limpo a garganta perguntando como
quem não quer nada. — E Kat geralmente vai qual horário? — ele me olha de
canto de olho abrindo um sorriso como quem entendeu meu real interesse no
parque, balança a cabeça dizendo ainda sorrindo.
— Geralmente vai cedo, por volta das oito acho, mas como amanhã ela vai
em uma consulta que Bárbara vai acompanha-la, não sei se vai ir, mas se for
provavelmente será na parte da tarde.
Assinto, mudando de assunto, mas não deixo de pensar, porque Kat vai em
uma consulta em pleno sábado.
Quando o sábado chegou e peguei Gui logo cedo para passarmos o final de
semana juntos, comentei com ele sobre o parque, claro que tinha uma pontinha
minha querendo encontrar com Kat “coincidentemente”, mas de fato Gui adora
parques e faz tempo que não o levo, uni o útil ao agradável, vou levar meu filho
para se divertir, se a encontrar ótimo, senão meu filho vai se divertir pelo menos.
O levei nos parquinhos, o deixando se divertir na areia, no escorregador,
balanço entre outros. Quando estávamos indo para um lugar mais tranquilo para
jogarmos bola eu a vi correndo com um Border Collie lindo.
Fiquei encantado olhando-a enquanto corria, toda linda, de shorts saia verde,
e camiseta regata branco justinha marcando seu lindo corpo escultural. Está de
rabo de cavalo preso no alto, com um fone no ouvido.
Vejo que Gui parou, olhando na mesma direção que eu olhava, abriu um
sorriso me perguntando.
— É a tia Kat do restaurante papai?
Confirmo pra ele, quando penso em alguma maneira de fazer com que ela
nos veja, Guilherme sai correndo em sua direção, gritando por seu nome.
— Tia Kat... — ela parece não ter certeza se a chamaram pois começa a
procurar ao seu redor diminuindo os passos — Tia Kat... – é então que nos vê,
reconhecendo meu filho dando um sorriso lindo.
Vamos indo ao seu encontro, percebendo que me vê, me olhando de cima a
baixo com um olhar parecendo aprovar o que vê.
Eu não fico atrás, a observo mais de perto agora, percebendo que consegue
ser linda de toda maneira, até quando não se preocupa em se produzir, só
passando um batom consegue ser mais linda que muita mulher que ficaria horas
se produzindo.
Nos cumprimenta, e Guilherme pede para brincar um pouco com Bud, nos
sentamos próximos observando os dois.
Sinto seu perfume ao se aproximar de mim, apesar de tentar manter uma
certa distância entre nós.
Não resisto dando um riso abaixando a cabeça pelo seu medo de ficar
próxima a mim, o que só prova o quanto se sente mexida comigo quanto eu com
ela.
— Eu não mordo não, não vou fazer nada com meu filho aqui do lado. – Não
resisto, dizendo me segurando para não rir, pois se me pedisse eu morderia com
prazer.
Percebo que ficou sem graça, mas tenta disfarçar.
— Eu sei que não vai fazer nada com ele aqui, foi impressão sua. —
Continuo a encarando descendo os olhos para sua boquinha, provocando um
pouco mais, pois fica ainda mais linda quando sem graça.
— Eu não mordo, mas dependendo da situação, eu gosto. — Ela cora
visivelmente pela minha direta, lhe dando um riso malicioso.
Volta a olhar para os dois brincando, a observo por mais alguns segundos,
mas observando ao meu filho brincando com Bud, comento.
— Guilherme vai adorar saber que Bud será nosso vizinho. — sondo pois
não sei se já sabe que irei me mudar para próximo dela.
— Verdade, ele vai ficar animado se souber disso. — Diz voltando a olhar
para os dois. – E você sabe quando vai se mudar? Bárbara comentou comigo hoje
pela manhã de sua mudança para a casa dela.
— Acredito que no próximo final de semana, já estou me mudando, —
respondo olhando meu filho correndo todo feliz pelo gramado, voltando meu
olhar para ela — pois pelo que Marcos falou a inquilina vai sair de lá até quarta e
depois vão pintar a casa, então entre sexta e sábado já posso me mudar.
Após falar percebo que Kat continua me encarando, seu olhar desce para
minha boca, não resisto, descendo o meu também, com uma vontade gigante de
aproximar nossos lábios experimentando seu sabor de verdade, coisa que sempre
que isso vai acontecer alguém nos interrompe. E agora a situação não está nos
favorecendo, como meu filho está junto, preciso me controlar.
Subo meu olhar para suas esmeraldas novamente, que me encaram
parecendo perceber que foi pega em flagrante me admirando, tanto quanto eu a
ela, limpa a garganta comentando.
— Lá é um bom condomínio, possui boa vizinhança, vai gostar de lá.
Assinto, olhando para sua boca, não conseguindo frear meu pensamento.
— Tenho certeza de que já gosto da vizinhança — dou um sorriso, deixando
claro que ainda tenho intenções de terminar o que começamos.
Por incrível que pareça, Kat continua me encarando presa em seus
pensamentos, enquanto também não consigo desviar meu olhar de seus lindos
olhos.
Olho novamente para sua boca, colocando mais forças em minha mão que
segura no assento do banco que estamos para não a agarrar aqui mesmo, é quando
Kat morde seu lábio de uma maneira muito sexy, fazendo com que meu pau reaja
na mesma hora, fico tentado a me aproximar um pouco mais dela, mas sei que se
sentir seu toque não vou aguentar e preciso me resistir.
De repente ouvimos uma gargalhada de meu filho atraindo nossa atenção um
do outro, vejo meu filho caído no chão com Bud o lambendo enquanto gargalha,
volto a olhar Kat que percebo estar admirada observando os dois brincando,
achando mais linda ainda nesse momento, pensando por um breve momento
como seria ter Kat ao meu lado junto de Gui num futuro.
Nesse mesmo instante, volto meu olhar aos dois brincando, me repreendo
por pensar nisso, devo ter tomado muito sol forte na cabeça só pode, essa atração
precisa ser resolvido de uma vez, para voltar a ter sossego, parando de pensar
nela.
É isso, fico encantado com ela, pois tem sido mais difícil que a maioria, na
verdade as demais nem preciso me esforçar, as vezes elas vêm até mim sem eu
nem procurar, já com Kat tem sido diferente, por isso estou me sentindo assim,
como um caçador que precisa encontrar sua presa para sentir que cumpriu com
seu trabalho.
Preciso sair com Kat para colocar um fim nessa atração, pois depois que
ficar com ela vai perder a graça como sempre perde quando saio com qualquer
mulher. É isso, eu vou dar um jeito de sair com ela pra acabar com meu problema.
Gui vem correndo até mim, pegando a bola pedindo para que eu jogue bola
com eles.
Olho para minha presa com um sorriso.
— Já volto, — mas quando estou saindo penso, será que ela também joga
bola? Claro que não, mas vou perguntar só para conhece-la um pouco mais – ou
você quer jogar conosco?
Para minha total surpresa, se levanta respondendo.
— Claro, por que não? — E vai indo em direção ao gramado, me olhando de
lado com um olhar peralta — Saiba que sempre fui muito boa jogadora de
futebol. – Dá uma piscada com um sorriso encantador, fazendo abrir o meu ainda
mais depois dessa informação, pois não basta ser linda, simpática, inteligente,
ainda tem que jogar futebol, só tem um problema que estava me esquecendo para
eu ir em frente com minha caça, ela tem namorado. Droga, penso comigo mesmo,
olho para ela novamente vendo correndo com Bud a minha frente, meu olhar
desce automaticamente para sua bunda magnífica com essas pernas longas e
definidas bronzeada, e penso.
É Derik, você está fodido, precisa dar um jeito de fazer com que ela termine
esse namoro para você poder investir forte em sua presa, — abro um sorriso
presunçoso, é Kat, — quer me provocar, não esqueça que quem brinca com fogo
pode se queimar, e eu sou uma chama doido pra te queimar todinha.
CAPÍTULO 9

Nós jogamos bola, dando toque enquanto Bud corre de um lado para o outro
tentando pegar a bola.
Levamos Bud para tomar água nos bebedouros para cães, como está bem
cansado.
Gui pede sorvete, ofereço a Kat que aceita, parecendo mais solta ao meu
lado agora, mas o clima entre nós ainda palpável.
Guilherme fica puxando conversa com ela o tempo todo, demonstrando o
quanto tem gostado de sua companhia.
— Meu papai comentou que vai morar perto de você, é verdade?
Ela me olha com um sorriso no rosto.
— Sim, é verdade, seremos vizinhos. — Meu filho comemora deixando, eu e
Kat surpresos por tal reação.
— Eba, vou poder ver o Bud então né tia Kat?
Percebo que fica sem graça visivelmente e apesar de ter adorado a ajuda do
meu filho indiretamente para frequentar sua casa, tento amenizar a situação pra
ela.
— Filho, a Kat é muito ocupada, não dá pra ficar indo lá para ver o Bud, mas
quem sabe nos encontre novamente por aqui.
Ela observa meu comentário, vejo que Gui abaixa a cabeça, triste. E me
surpreendo quando diz.
— Na verdade, podemos combinar, quando eu tiver em casa e você for
visitar seu pai, ele pode levar você lá para brincar com Bud, combinado?
Gui pula agarrando Kat pelo pescoço, agora eu quem fico admirando os dois
interagindo juntos.
Pouco tempo depois Kat diz que precisa ir embora, uma parte de mim fica
decepcionado com essa notícia, pensando em uma maneira de prolongar isso,
quando percebo já falei.
— Eu e Gui vamos ir em um restaurante japonês hoje à noite, quer ir
conosco?
Me olha surpresa com o convite, parecendo pensar no assunto.
— Infelizmente não será possível, já marquei com minhas amigas de nos
encontrarmos mais tarde em um barzinho.
Assinto, pois provavelmente vai sair com o namorado, mas deve estar sem
graça de admitir, sendo que é palpável a atração que temos um pelo outro.
E apenas em pensar nisso, acabo ficando irritado imaginando-a com outro
homem hoje à noite, dormindo e fazendo outras coisas que eu gostaria que fizesse
comigo.
Bufo visivelmente, Kat parecendo não entender minha reação, tento não
demonstrar meu desapontamento a ela.
— Ok, se divirta a noite.
Ela confirma com a cabeça, provavelmente tentando entender meu tom seco
totalmente diferente de dois minutos atrás, olha pra Gui se abaixando, lhe dá um
beijo no rosto se despedindo.
— Tchau lindinho, foi muito bom brincar com você hoje tá? — Ele sorri a
abraçando.
— Tchau tia Kat. Logo, logo vou pedir pro meu pai me levar pra ver o Bud
de novo tá.
— Tudo bem, vai lá sim brincar com a gente, Bud vai adorar.
Ela se levanta ainda sem graça pelo modo que falei com ela.
— Vou indo Derik. — assinto ainda um pouco sério, ela dá um riso sem
vontade, assentindo também. — Realmente já combinei com elas, mas muito
obrigada pelo convite.
— Não se preocupe, acabei de me lembrar que uma conhecida minha vai
junto. — Dou de ombros.
Droga Derik! Por que você vai inventar uma merda dessa? Só pra não ficar
por baixo?
Pelo olhar que me dá, percebo que não era o que queria ouvir, não resistindo
em pensar... É Kit Kat, vai pensando que é só você que vai tá acompanhada hoje
à noite.
Por mais que ela não saiba a verdade, é bom que pense que não estou
rastejando por ela não, é só eu estalar o dedo que consigo uma mulher pra me
acompanhar. Kat balança a cabeça confirmando com um olhar decepcionada,
dizendo em tom baixo.
— Tá bom, bom jantar a vocês. Até mais Derik.
Se vira, saindo sem nem esperar eu dizer nada.
Quando vejo que está mais distante, coloco a mão na testa falando comigo
mesmo.
— Que merda Derik, pra que inventar isso? — Agora ela vai ficar com raiva
e aí que não vai terminar com o babaca. Eu sou foda viu, só faço merda.
Reviro os olhos pra mim mesmo, diante da minha atitude infantil, mas ao
mesmo tempo me repreendo.
Ela vai tá com outro, com certeza só falou que vai sair com as amigas, pra
não ficar chato, então você não tem que se sentir culpado de nada, só mostrou a
ela que da mesma maneira que ela não está a sua disposição, você também não
está.
Levo meu filho novamente no parquinho, para brincar nos brinquedos e
depois vamos no pedalinho, quando vejo que já está bem cansado vamos embora,
para ele dormir um pouco antes de jantar mais tarde.

Chego no hotel, dou banho em Gui, que se deita na cama para assistir seus
desenhos. Tiro minha camiseta, pois daqui a pouco já vou tomar meu banho, não
gosto de ficar cheio de roupa dentro de casa, mesmo estando em um hotel, por
enquanto, abro um leve sorriso ao lembrar, que daqui uma semana
aproximadamente vou estar próxima daquela fujona. Estou me sentindo irritado
em saber que Kat vai sair para um barzinho com as amigas e talvez se engrace
com alguém lá igual aconteceu comigo dançando, ou com a outra possibilidade
de ter tentado esconder que na verdade vai sair com o namorado e aí tenho
certeza de que será tocada.
Bufo irritado comigo mesmo de estar me estressando com isso.
Não tenho nada a ver com o que ela faz ou deixa de fazer.
Se situa Derik!
Ela faz o que bem entender, se quiser trair o namorado que traia, se quiser
sair com as amigas, que saia também.
Se Gui não tivesse aqui eu iria para um bar também sair com outra mulher,
só pra tirar isso da minha cabeça.
Pego uma cerveja no bar do hotel, abro levando até a boca, pensando, quem
eu estou tentando enganar? Bufo em minha própria ironia, estou tentando enganar
eu mesmo só se for, saí com Larissa pra tentar tirar ela da minha cabeça e a única
coisa que consegui além de uma baita ressaca, foi ficar mais obcecado em sair
com Kat, fui pro bar com Vini no outro dia e não tive interesse algum em sair
com nenhuma das garotas que tentaram se aproximar de mim, e eram muito
atraentes por sinal, não foi por falta de beleza que não quis seguir em frente com
certeza.
Era porque não era ela, balanço a cabeça pensando que só posso estar
ficando louco, só porque ela me deu um fora que estou assim, só tem essa
explicação. Nunca tive nenhum interesse em nenhuma outra mulher além de
Alice, e depois do que ela fez, quero distância de qualquer relacionamento, não
quero nunca mais ter uma relação com ninguém mais sério.
Ouço meu celular tocando na mesa indicando o recebimento de mensagens,
dou uma olhada, vendo que é Marcos, me chamando para jantar, respondo.

Derik: E aí cara, estou com Gui hoje, vamos jantar mais tarde em um
restaurante japonês aqui próximo, querem ir?
Marcos: Opa, vou falar com a patroa e já te respondo.

Aguardo o retorno dele, enquanto acabo com minha cerveja. Vejo as demais
mensagens que não havia retornado, inclusive de algumas mulheres querendo me
encontrar, sou sucinto respondendo que não posso nesse final de semana, mas
sem entrar em detalhes, não vou dispensar, pois nunca sabe o dia de amanhã.
Não sou de ficar saindo com a mesma mulher mais de uma vez, justamente
para não dar a entender nada a elas, mas já aconteceu de sair duas ou três vezes
com a mesma mulher, quando nos damos bem na cama.
Vejo que Marcos me respondeu, abrindo sua mensagem.

Marcos: Ela topou cara, é bom que os pequenos se reencontram e fazem


companhia um para o outro como tem a mesma faixa de idade.
Derik: Legal mesmo, é bom que brincam, pensei em ir as 20h no
restaurante Jin-Sushi, vi que eles possuem uma área para crianças, pode ser?
Marcos: Claro, combinado, nos encontramos lá as 20h.
Derik: Combinado, vou solicitar mais três lugares na mesa, até mais
tarde!
Marcos: Até mais cara.

E assim nos despedimos, combinando nosso jantar, acabo pensando na ironia


que falei para Kat mais cedo, dizendo que uma conhecida ia comigo, no fim se
tornou verdade, a irmã dela, rio do meu pensamento, vendo que Gui dormiu
assistindo desenho.
Resolvo ir tomar meu banho pois daqui a pouco já vai dar o horário de sair,
tiro minha bermuda, minha cueca boxer preto entrando no chuveiro, deixando a
água escorrer sobre meu corpo.
Estou me ensaboando, quando penso naqueles olhos cor de esmeraldas me
encarando mais cedo, quando ficou comendo minha boca com seus olhos
mordendo seus lábios de uma maneira muito sexy.
Levo minha mão até o meu pau, que reagiu apenas a lembrança daquela
boquinha, quando percebo estou de olhos fechados lembrando de nós dois quase
se beijando na cozinha, dançando com ela na balada, em seu cheiro.
Começo a me masturbar com nossas lembranças, em como senti meu corpo
todo queimando com apenas um toque dela em meu rosto, seus lábios macios nos
meus, seu corpo cheio de curvas, quando percebo chego ao orgasmo esporrando
na parede do banheiro.
Meu corpo vai se acalmando, percebendo o que acabei de fazer.
— Era só o que faltava agora, virar a porra de um adolescente na fase da
masturbação. — Rio de mim mesmo enquanto finalizo meu banho, mais leve
com o alívio recebido no banho.
Chegamos ao jantar, nos encontramos com Marcos, Barbara e Nathan. Gui e
Nathan eram muito pequenos quando se viram, devido à distância e eu ficar com
ele com pouca frequência, são poucas as datas que conseguíamos sair com as
crianças juntos.
Nos sentamos na mesa reservada, começando a fazer nossos pedidos,
enquanto as crianças desenham juntas trocando os gizes de cera que o garçom deu
para eles.
Conversamos sobre a casa que vou alugar de Barbara e os demais assuntos
vão rolando.
— Hoje levei Gui no parque que o Marcos comentou, ele se divertiu muito.
Nesse momento Gui ouve a conversa, comentando.
— A tia Kat apareceu lá com Bud, e binquei batante com ele, ele me lambeu
todo. — Diz gargalhando.
Barbara olha pra mim nesse momento, pois acho que não deve ter entendido
direito, ou pensou não ter entendido.
Suspiro explicando, tentando soar como um assunto qualquer.
— Nós estávamos indo jogar bola, quando vimos a Kat correndo com Bud
no parque, Gui a reconheceu chamando-a, ela foi até nós deixando Gui brincar
com Bud. — dou de ombros como se fosse um assunto normal e não fosse nada
demais, ela dá um sorriso, perguntando ainda sem entender.
— Mas como é que Gui a conhece? — pergunta confusa.
— No restaurante que nos conhecemos, na verdade foi por causa de Gui, ele
havia se engasgado no restaurante que estávamos almoçando, e Kat estava lá e
correu para me ajudar desengasgando-o, por isso nos conhecemos.
Ela assente, aumentando ainda mais o sorriso.
— Nossa que coincidência, não é? Se conheceram em um restaurante, depois
se encontram em minha casa, hoje no parque, e agora vão virar vizinhos. — Olha
pra Marcos, que também está sorrindo com um olhar travesso, enquanto continua
seu raciocínio. — Parece até coisa do destino. — Dá um sorriso com uma piscada
pra mim, voltando a rir para Marcos, enquanto leva sua bebida até a boca.
Percebo que está insinuando alguma coisa, e para tentar disfarçar qualquer
interesse de minha parte por ela, comento logo.
— É até parece mesmo, mas ela é comprometida, e eu também não estou
procurando ninguém pra me amarrar não. — Dou de ombros enquanto rio.
Barbara gargalha com Marcos acompanhando, enquanto não entendo o
motivo.
— Lindinho conta pra ele.
Marcos limpa a garganta.
— Na verdade ela está solteira! — olho para ele, pois esse assunto começou
a me interessar ainda mais. — Quando comentei no jantar que era comprometida,
não sabia que ela havia terminado com o namorado naquela mesma semana.
Barbara foi saber hoje cedo quando a acompanhou no médico. — Fico
impressionado com essa ótima notícia, não conseguindo esconder o sorriso que se
forma em meu rosto, mas que filha da mãe, deixou eu pensar que namorava para
não avançar o sinal, rio internamente com minha sorte virando ao meu favor
novamente.
Percebo que Barbara está me encarando com um sorriso pensativo,
lembrando de comentar o assunto. Dou de ombros como quem fingi que a
informação não importa.
— Bem que eu estranhei, sempre a encontro sozinha, em algumas dessas
vezes era pra estar com o namorado.
Volto a comer sem saber o que dizer, para não demonstrar a satisfação da
notícia que acabei de ter. Nem precisei fazer nada para que terminasse com o
cara, não que eu fosse fazer algo, mas passou pela minha cabeça.
Barbara comenta que Kat quase não o via mesmo durante a semana, mais no
fim de semana, mas não costumavam a ficar pra cima e pra baixo com ele, era
uma relação monótona.
Continuamos conversando sobre outras coisas, até que Barbara pede para
tirar uma foto nossa ao garçom, depois sorri enquanto mexe no celular com olhar
de criança que está aprontando.
CAPÍTULO 10

15 Anos atrás

Conheço Gustavo desde nosso primeiro ano, posso dizer que sempre fui
apaixonada por ele, nos tornamos grandes amigos e sempre estávamos juntos,
fazíamos os trabalhos, exercícios físicos, jogava bola e andávamos de bicicleta
juntos.
Ele parecia não me ver dessa mesma maneira, até que comecei a
desabrochar, meu corpo começando a chamar a atenção dos demais garotos.
De repente Gustavo passou a ficar mais superprotetor, não queria mais que
eu jogasse bola junto dos meninos.
Estava com dezesseis anos e percebia que Gustavo, apesar de demonstrar
certo interesse em mim, como muito ciúmes e não querendo que eu saísse com
ninguém, afastando os garotos que se aproximavam de mim, ele não tomava
nenhuma atitude para ficarmos juntos. Muito pelo contrário, cada hora estava
com uma garota diferente, sem se importar comigo.
Sempre achei Gustavo lindo, mas com o passar do tempo, foi amadurecendo
e hoje já está com ar mais de homem, apesar de ainda magro, mas definido graças
aos muitos esportes praticados, pele bronzeado devido ao sol que sempre
tomamos juntos, tanto na praia quando vamos com nossas famílias, quanto na
piscina de casa que sempre aproveitamos nos finais de semana, possui cabelos
escuros e curtos, deixa sempre arrepiado, olhos verdes claros, parecido com os
meus, mas mais alto aproximadamente dez centímetros, consequentemente fazia
muito sucesso entre as garotas, o que me deixava possessa.
Uma vez uma amiga minha disse, que saiu com um rapaz para chamar a
atenção do outro que ela estava a fim e o garoto ficou doido por saber disso,
resolvendo assumi-la para não deixar mais sair com ninguém.
Acabei chegando à conclusão de que o ideal era eu fazer a mesma coisa, se o
Gustavo não tomasse atitude, quem sabe eu não começasse a me interessar por
outra pessoa, saindo com outra pessoa poderia despertar meu interesse e foi o que
acabei fazendo.
Um garoto que estava se formando me convidou para ir ao baile com ele,
como sabia que Gustavo provavelmente iria com uma das garotas que vivia
saindo, aceitei o convite.
Seu nome era Jeferson, era uma gracinha, cabelos claros, parecia como um
anjo, com os olhos castanhos, um furinho no queixo que era um charme e parecia
de fato estar muito a fim de mim. Pensei por que não tentar? Quem sabe assim
esqueço Gustavo e paro de ser capacho na mão dele.
Chegou o dia do baile, quando Gustavo me viu dançando com Jeferson,
ficou doido, me chamou de canto puxando meu braço, perguntando com
ignorância.
— Que merda você pensa que está fazendo dançando dessa maneira com
esse cara Kat?
Não entendi seu tom ignorante comigo, pois não estava fazendo nada demais
além de dançar, o respondi com meu tom irônico.
— Estou fazendo o que você acabou de perguntar ué, dançando, não é o que
se fazem em bailes?
— Não dessa maneira, parece que está se insinuando pra ele.
Gargalhei em sua cara, o que o deixou ainda mais irritado comigo.
— Olha Gu, me poupe tá, vai lá dançar com a sua parceira, pois é com ela
quem você deve ser preocupar como dança, não comigo. — Dei uma piscada,
voltando para o lado de meu parceiro.
Continuamos dançando juntinhos, vire e mexe olhava em direção a Gustavo,
percebendo que estava me fuzilando, mal dando atenção a sua parceira de baile.
O que me fez comemorar internamente.
Depois de uma hora mais ou menos voltamos a dançar, mas agora tocava
uma música mais lenta, conforme dançávamos bem juntinhos um ao outro,
Jeferson me chamou baixinho, quando olhei vi que ficou me encarando como se
estivesse encantado, se aproximou de mim me beijando.
No início me assustei, sempre guardei meu primeiro beijo para Gustavo, mas
conforme ele começou a mexer seus lábios e a introduzir sua língua dentro da
minha boca, o aceitei e começamos a nos beijar, tentando aproveitar meu
primeiro beijo apesar de não ser com a pessoa que sempre sonhei, afinal, se
ficasse esperando por ele, talvez nunca seria beijada por ninguém.
Ele ficou ainda mais próximo conforme o beijo avançava, colocando suas
duas mãos em minha cintura, subi as minhas em volta de seu pescoço. Quando de
repente, senti Jeferson sendo puxado com tudo para longe de mim, quando abri
meus olhos não entendi nada do que estava acontecendo.
Vi Jeferson sendo jogado com tudo no chão, enquanto Gustavo subia em
cima dele o esmurrando. Fiquei paralisada tentando associar a cena a minha
frente, quando ouvi algumas pessoas gritando.
— PORRADA... PORRADA... PORRADA...
Foi aí que sai do transe que estava, corri pra cima de Gustavo, o puxando de
cima de Jeferson, gritando pra ele parar com isso.
De repente o zelador da escola e outro segurança chegaram separaram os
dois e os expulsando do baile.
Fiquei furiosa com Gustavo por ter sido tão idiota, fui com Jeferson para
fora, paramos em uma farmácia próxima, o ajudei com seus machucados, falando
que ia embora.
Ele tentou me convencer de irmos para outro lugar mais sossegado só nós
dois, mas não estava preparada para mais essa estreia, achei melhor não fazer
isso.
Quando estava chegando em casa, desci do táxi, vendo Gustavo sentado na
calçada me esperando.
Não queria nem conversa com ele, estava entrando sem nem falar com ele,
quando falou alto.
— Me desculpa Kat, fiquei muito irritado em ver ele te beijando.
Parei ao ouvir isso, me virei ainda mais brava por sua ironia.
— COMO É QUE É? Ficou bravo porque ele me beijou? — Fui me
aproximando dele ainda mais irritada, batendo os pés com força no chão, afinal
quantas vezes eu o vi se agarrando com um monte de garotas e não é por isso que
sai batendo em todas.
Deu de ombros, olhou para os seus pés falando em tom baixo.
— Sim, fiquei.
Arfei ainda mais irritada com sua cara de pau, de vir até a minha casa pra
dizer isso e esperar que eu faça o que, não beije mais ninguém porque ele não
quer?
— E aí quer que eu faça o que? Que peça a sua permissão da próxima vez?
Pois fique sabendo de uma coisa, você não é meu pai, você sai com várias garotas
e não se importa se eu vejo ou não, então por que eu devo me importar com você?
Ele levanta a cabeça, me encara com os olhos todo marejados.
— Desculpa Kat, — suspira como se estivesse tomando coragem para dizer
algo — eu fiquei com ciúmes.
Perco a fala com sua declaração, mas me lembro rapidamente das tantas
vezes que não se importou se eu estava com ciúmes e isso não o impediu de sair
com outras.
— Pois que fique! E se acostume, pois verá muitas e muitas vezes de agora
por diante.
Me viro me preparando para sair e entrar em casa, quando corre até mim,
segura meu braço me puxando com tudo, fazendo com que eu fique de frente para
ele.
Se aproxima de mim, me deixando tensa com sua proximidade, sinto seu
perfume e seu hálito quando diz.
— Você não se atreva a ficar com mais ninguém, você é minha!
Era só o que faltava, quando ele diz isso, minha raiva ferve, e quando abro a
boca para xingá-lo e dizer que não é meu dono, sou atacada por seus lábios com
tudo em minha boca me calando.
No início do nosso beijo, penso que estou sonhando por finalmente estar
sendo beijada por meu melhor amigo, até que percebo que não estou sonhando.
Ele começa a brincar com minha língua de uma maneira deliciosa, uma mão vai
até a minha nuca enquanto a outra desce até minha cintura me aproximando ainda
mais dele, eu reajo finalmente o abraçando, começando a aproveitar seu delicioso
beijo.
Ficamos nos beijando por alguns minutos, com medo de que se caso
parássemos o sonho acabasse e voltássemos a realidade.
Finalmente fomos nos acalmando, ele dá uma leve mordida em meus lábios
inferiores, cola a testa na minha dando uma risada gostosa enquanto fala.
— Não sabe quanto tempo quis fazer isso!
Pergunto ainda tentando recuperar a minha voz, em tom baixo.
— E por que nunca fez?
— Pois fiquei com medo que ficasse zangada, se afastando de mim, mas
hoje quando vi aquele idiota te tocando fiquei doido e acabei perdendo a cabeça.
Separa nossas testas, segura meu rosto com as duas mãos dizendo enquanto
olha em meus olhos.
— Me promete, que nunca mais vai deixar ninguém te tocar, a não ser eu
Kat, me promete?
Paro e penso em sua proposta, mas e ele? Não vou deixar ninguém me tocar,
mas ele também não vai? Limpo minha garganta.
— Eu prometo sim, — suspira aliviado e continuo — desde que você
também me prometa o mesmo.
Ele para, me olhando com um olhar ainda mais intenso, abre um sorriso
enorme enquanto diz.
— Desde quando você virou essa mulher que sabe negociar uma proposta
hein? — quando vou xingá-lo por parecer que está tentando se esquivar de sair
com outras garotas, enquanto eu não poderia. Levanta o dedo indicador, me
silenciando com o riso ainda nos lábios. — É claro que eu também prometo Kat,
só ficarei com você de agora em diante.
Solta os meus lábios, voltando a me beijar, mas agora de uma maneira mais
calma, como se estivéssemos selando nosso relacionamento, me sentindo nas
nuvens por finalmente estar com ele.
CAPÍTULO 11

Estou em minha banheira pensando no dia de hoje e realmente tive um dia


muito bom, como há muito tempo não tinha.
Primeiro a consulta foi ótima, adorei dr. Vasconcellos, fiquei bem animada
em saber que ainda essa semana já começo a preparar meu corpo para a
inseminação, o que é bem animador. Isso parecia ser algo tão longe de acontecer e
de repente já está acontecendo.
Fico imaginando como será o quarto do bebê como vou montar, as coisas
que vou precisar comprar e isso só me anima ainda mais para sua chegada quando
acontecer.
Ainda nem estou grávida e já penso como se estivesse. Afinal estou tentando
ser confiante que vai dar certo, pode até não ser na primeira vez, mas vou
conseguir, estou confiante disso.
Apenas nisso que preciso me focar, e é aí que entra a segunda questão do
meu dia. Meu encontro inesperado com Derik, de novo.
Como pode isso? Em menos de duas semanas nos encontrarmos em quatro
lugares, sem ao menos termos combinado, se estivéssemos combinados não teria
dado tão certo.
Sorrio antes que perceba ao me lembrar do nosso dia de hoje, algo que
estava fora do cronograma por assim dizer, e foi uma delícia de dia.
Guilherme é um fofo, uma criança alegre e dócil, Bud o adorou, se
divertiram demais. E o pai – suspiro ainda rindo ao me lembrar, dos seus olhares,
suas indiretas – ele adora criança, é nítido, não só porque é pai, mas porque é um
pai presente, prova disso é ter vindo embora de São José dos Campos para ficar
próximo do filho. Além disso gosta de cachorros, nem precisou me falar isso, a
maneira como brincou com Bud e deixou Gui brincar já mostra, pois se fosse um
pai que estivesse tentando ser apenas educado, ia tirar o cachorro do filho com
delicadeza para não me ofender.
Mas Derik não! Não só deixou Gui brincar com Bud, como o deixou lamber
a cara dele todo – rio ao lembrar das gargalhadas de Gui com Bud – foi uma cena
muito gostosa de se ver, me deixando realmente encantada.
Depois jogamos bola, e me diverti muito brincando com eles, tomamos
sorvete, realmente foi um dia incrível.
É nessa parte que fico chateada pois meu filho não terá uma figura paterna
ao seu lado, não me entendam mal, eu sempre fui moleca, vou jogar bola com
meu filho ou filha, mas seria hipócrita se pensasse que em nenhum momento vai
sentir falta de um homem ao lado.
Claro, meu filho pode se apegar ao Marcos, pelo menos ele será o mais próximo
de um pai que terá, como não tenho nenhum irmão homem.
Mas será apenas isso, caso eu não encontre alguém para suprir essa ausência,
o que sinceramente, acredito ser bem provável.
Fecho os olhos enquanto tento relaxar em meu banho, não tentando pensar
no lado ruim do que estou fazendo, vou preencher essa a ausência, vou ser por
dois para ele ou ela. E vou conseguir!
Pouco tempo depois, me lembro do modo que Derik agiu após dizer que iria
sair à noite com as meninas, tive a impressão de que não acreditou em minha
história, mas porque eu iria mentir sobre isso?
Vai entender... eu hein. — Dou de ombros ao lembrar de sua frieza e
rispidez, após isso.
Fiquei até sem reação em como agir com ele, parecia outra pessoa ao meu
lado, não o homem brincalhão, que estava me dando várias indiretas com
segundas intenções em relação a nós dois.
Quando comentei com Gui que poderia vir em casa com o pai, me arrependi
na hora pelo vacilo que dei, ao dar liberdade para ele frequentar a minha casa, é o
mesmo que trazer o lobo para a casa da vovozinha, não tem muita diferença.
Ele já investe em nós dois em um momento de descontração, se é que posso
chamar assim, imagina nós dois aqui sozinhos. Sei que se Guilherme vir junto, a
chance é praticamente nula, mas nunca se sabe, melhor não dar asa a cobra. Pode
se aproveitar da situação e preciso ficar de olho para isso não acontecer, tenho
que me proteger acima de tudo, ainda mais sabendo que posso ficar grávida
dentro de vinte dias.
Volto meus pensamentos para minha despedida com Derik, me recordando
que estragou o resto de minha tarde tão agradável. O fato do deus grego sem
vergonha, ficar se engraçando para o meu lado, com todas suas indiretas, até me
chamando pra jantar com eles, depois vir dizer que não tinha problema, pois se
lembrou de que uma conhecida iria junto deles – rolo os olhos com essa
informação nojenta.
Pra que me chamou então? Se já estava de conversinha com outra.
Ridículo. O xingo para mim mesma, ainda com meus olhos fechados.
Após vinte minutos ainda relaxando em minha banheira, resolvo me levantar
e ir cuidar das minhas coisas para sair mais tarde.

Cuidei de mim o resto do dia, eu mesma resolvi arrumar minhas unhas,


escovei meus cabelos, tentei ocupar minha cabeça para evitar pensar em um certo
par de olhos azuis encantadores.
Como diz o ditado, mente vazia, oficina do diabo. – Recito comigo mesma
enquanto estou terminando minha maquiagem.
Visto um vestido verde justo até a cintura de meia manga, levemente solto
até os joelhos, um scarpin preto. Faço uma maquiagem leve no rosto, mas coloco
um batom rosa choque, faço um rabo de cavalo lateral em meus cabelos e solicito
o táxi.
Encontro as meninas já em nossa mesa, quando chego pedimos alguns
drinques para comemorar meu novo passo, pedimos algumas porções para
acompanhar pois não estou com o mínimo interesse de outra ressaca.
Conto para as meninas sobre a consulta, que comemoram comigo e
brindamos a inseminação que irei fazer.
Depois de um tempo comento sobre o restante do meu dia, quem encontrei
no parque com o filho e o que fizemos, a nossa despedida totalmente estranha,
com um Derik aparentemente ríspido e irritado.
Sofi vira pra mim perguntando.
— Perai, deixa eu ver se estou entendendo a história direito. — Suspira —
você estava correndo no parque e encontrou o gostosão, depois disso se
divertiram como uma família linda e feliz passeando no parque, — reviro os
olhos mediante seu comentário irônico – após um dia perfeito juntos, ele te
convida pra jantar com eles, e você recusa porque iria nos encontrar e ele fica
estranho após isso?
— Exatamente, isso mesmo. Tirando a parte da família feliz dona Sofia. —
Suspiro ainda indignada com o fim dessa tarde — Depois de uma tarde super
agradável, ele simplesmente ficou irritado porque disse que não poderia ir, se
desfez do pedido dizendo que esqueceu que uma conhecida iria acompanha-los.
Liv e Sofi se entreolham com um sorriso cumplice, me perguntando o que
foi que eu perdi que ainda não entendi. Até que Liv resolve acabar com meu
sofrimento.
— Kat, percebeu que ele disse isso, após tomar um “fora”, provavelmente
deve ter achado que você vai encontrar com algum homem e não as amigas. — é
nesse momento que me lembro que ele ainda acha que namoro — E outra,
provavelmente ele disse a questão de outra acompanhante para não ficar por
baixo, pois pensa que vai sair com outro.
Então começo a analisar com outros olhos o que aconteceu depois que
neguei o convite, realmente está fazendo sentido o que Liv comentou. E pelo
sorriso insinuante de Sofi no rosto, também concorda com Liv.
De toda maneira, não faz diferença, pois agora não é o momento de pensar
nisso, preciso me focar na gestação apenas e nada mais. Respondo o comentário
de Liv com um ar de desdém.
— Bom pode até ser... — levo meu copo até a boca tomando um gole de
minha bebida — mas, não faz diferença, porque não estou interessada.
Olho meu drinque para não olhar para as meninas, nisso Sofi diz.
— Kat, olha pra mim... — levanto meu olhar a encarando — por que você
não sai logo com ele? Não to dizendo para se casar, ou até mesmo namorar. Sai
com ele, e deixa rolar, se acontecer algo a mais, aconteceu, — dá de ombros – às
vezes você pode desencantar depois do primeiro beijo.
Respiro fundo, porque tenho certeza de que isso não irá acontecer, se com
um toque, me senti incendiar, imagina com um beijo. Balanço a cabeça em
negativa, preciso manter distância. Liv continua.
— Kat, é nítido que você está interessada, vocês dois estão atraídos pelo
outro. Sai com ele, mata a vontade e vida que segue. Pelo menos assim você vai
poder tirar ele da sua cabeça.
— Vocês não entendem né? — bufo comigo mesma, por ter que entrar nesse
assunto — ele será meu vizinho, daqui uns quinze dias vou fazer a inseminação,
posso engravidar, como que vou sair com o cara desse jeito? — Olho ao redor
tentando encontrar alguma distração para desviar minha atenção delas.
— Simples, — Sofi comenta — sexo casual, justamente por você engravidar
em breve que você deveria sair, pois vai saber se quando ver que você está
gravida ele não vai perder o interesse, a gente não o conhece. Tem homem que
não curte ficar com grávidas, como tem outros que tem fetiche por isso. — dá de
ombros — por isso acho que você deveria ficar logo com ele pra esquecer essa
atração. — Sofi suspira virando pra mim, coloca a mão sobre a minha, me
fazendo a olhar — Kat, ele não é o Gustavo, você tem que parar de achar que
todos serão iguais ao finado.
Rio do seu comentário, pois tocou em minha ferida, balanço a cabeça como
se estivesse vendo coisa que não existe.
— Claro que ele não é o Gustavo, e não estou comparando ninguém com
Gustavo... — falo ríspida, porque esse é um assunto que ainda me incomoda. —
Gustavo é passado, está morto e enterrado, isso não me afeta mais.
Liv abaixa seu olhar para a bebida, visivelmente desacreditada no que acabei
de dizer e Sofi apenas acena com a cabeça.
— Você sabe que pode ser sincera conosco não sabe? — continua me dando
um olhar de que sabe o que estou pensando — Nós somos como suas irmãs e
sabemos como realmente se sente, sei que Derik lembra um pouco de Gustavo
fisicamente, e talvez por isso esteja se sentindo atormentada com ele e não quer
ceder, pois acredita que vai ser igual ao Gustavo.
— Sofi, sei que está preocupada comigo, mas não estou evitando Derik por
causa da sua aparência lembrar um pouco de Gustavo, até mesmo porque ele
consegue ser mais bonito que a peste, mas como você mesma disse, eles não são
a mesma pessoa... — suspiro tentando manter a calma pra passar confiança no
que vou dizer. — Eu só estou procurando não me envolver com ninguém agora
que irei fazer a inseminação, para evitar problemas futuros. — Dou um olhar
determinado dizendo com convicção. — Posso muito bem ter sexo casual com ele
ou qualquer um e não passará disso.
Ela ri de mim, me encarando, lançando um desafio.
— Então tenha, a hora é agora, porque depois você vai engravidar, e aí sim
não irá querer ter, e depois que o bebê nascer, vai ficar um bom tempo sem se dar
esse luxo. — Abre um sorriso malicioso com um arquear de sobrancelha — a
hora é agora amiga, aproveita pra matar sua vontade, já que não está o
comparando com ninguém, nem com medo de se envolver.
Fico pensativa sobre o que falaram, nisso mudam o assunto, me sentindo
aérea sobre o que conversamos.
Realmente, eu sei ter sexo casual, poderia muito bem ter com Derik sem me
envolver, e depois sigo minha vida com meu filho e ele segue sua vida. Posso
encontrar com ele no condomínio sem problema algum certo? Por que não
poderia afinal? É apenas um vizinho que eu terei ficado e nada mais, ele não
procura um relacionamento e eu também não, então seria perfeito.
Bom, também não sei se ainda quer depois de hoje, mas quem sabe se surgir
oportunidade. Rio em pensamento com essa possibilidade.
Sinto meu celular vibrar indicando o recebimento de uma mensagem, abro
ela vendo que é Barbara mandando uma foto, meu sorriso se abre
automaticamente fazendo meu coração disparar ao ver quem está nela.
Na imagem, está ela, Marcos Nathan, Derik e Guilherme jantando juntos.
Não tenho como evitar meu pensamento, a acompanhante dele é a minha irmã. O
que me lembra do que Liv disse: “provavelmente ele disse a questão de outra
acompanhante para não ficar por baixo, porque pensa que você vai sair com
outro”.
Meus pensamentos são interrompidos por Liv.
— Qual o motivo do sorriso Kat? — pergunta com um sorriso nos olhos, de
quem sabe que algo está acontecendo, resolvendo ser sincera, mas sem soar
interesse.
— Barbara acabou de me mandar uma foto. — Dou de ombros. — E acabei
descobrindo quem seria a acompanhante de Derik, — dou um sorriso mostrando
para elas — seria ela! — Elas sorriem ao ver, me dando um olhar malicioso que
sei muito bem o que estão pensando.
Pego minha bebida, tomando pequenos goles, não conseguindo evitar um
leve sorriso em meus lábios.
É Kat, deixa rolar! — penso comigo mesma, se surgir uma oportunidade,
talvez o ideal não seja mais fugir e encarar de vez essa atração de vocês dois,
após isso você segue em frente.
CAPÍTULO 12

As próximas duas semanas passaram rapidamente, e como previsto minha


menstruação chegou no dia esperado, começando a tomar os medicamentos para
o início do tratamento para a inseminação.
Como iniciei os medicamentos na terça, já havia deixado agendado para
quinta, sábado e terça dessa semana meus ultrassons, para assim vermos se o
remédio estava fazendo o efeito esperado. Com a previsão para que nessa semana,
entre quinta e sábado fazer a tão esperada inseminação.
Me sinto super ansiosa, mas preciso controlar minha ansiedade, pois todos
dizem que isso atrapalha, por isso tento me acalmar. Pensando nisso Sofi me
convidou para fazermos Yoga após o trabalho, e claro aceitei, tendo feito nessas
quase duas semanas.
Como os dias de trabalho tem sido corrido, uma consulta atrás da outra, a
noite vou com Sofi na aula de Yoga e pela manhã para a academia,
consequentemente estou conseguindo me controlar.
Fiz meus ultrassons e só tenho a comemorar pois está tudo ocorrendo muito
bem.
Eu e as meninas resolvemos ir hoje como é sexta em uma pizzaria, fazer um
programa mais leve, até mesmo porque sábado pela manhã tenho que fazer a
inseminação, e como estou realizando o tratamento não posso ficar bebendo.
Saio do trabalho avisando Sofi pelo aplicativo de mensagens que estou indo
me arrumar nos encontrando na pizzaria.
Pego meu carro seguindo para casa, ouvindo minhas músicas enquanto canto
junto delas. Ao chegar no condomínio há um caminhão de mudanças na minha
frente, acabo pensando, será que são as mudanças de Derik?
Ele havia comentado que seria entre sexta e sábado sua mudança, mas
procurei não perguntar nada pra minha irmã para não mostrar interesse demais.
Não vou mentir, porque cheguei a pensar algumas vezes durante a semana, na
hipótese de encontra-lo aqui no condomínio e em como seria.
Paro em frente à minha casa, permanecendo dentro do carro observando o
caminhão seguindo em frente, por mera curiosidade, em saber se realmente vai
parar em frente à casa agora de Derik, ou não. E percebo que sim, parou
exatamente lá.
Sinto uma ansiedade me invadir em ir até lá, mas me controlo respirando
fundo e pensando comigo mesma.
— Katarina, saia desse carro e vai se arrumar que você tem compromisso
daqui a pouco, as vezes ele nem vai estar lá, pode ter mandado alguém receber as
mudanças...
De repente dou um pulo, com uma buzina ao meu lado, levando minha mão
ao coração com o susto, olho para o lado pronta para xingar o indivíduo, mas
perco a fala ao ver que o indivíduo nada mais é que o próprio Derik, dentro de
uma SUV rindo da minha cara pelo susto que me deu.
Olho para ele com meu melhor olhar mortal, mas não parece inibir ele. Para
o carro na minha frente, descendo, vindo até mim.
Respiro fundo enquanto saio do carro, tentando controlar meus hormônios
que estão em ebulição só ao vê-lo.
Derik se aproxima de mim dizendo.
— E aí vizinha? — quando vou responder, vem até mim me dando um beijo
no rosto um pouco mais demorado do que de costume, sentindo minha bochecha
esquentar com seu toque.
— Olá Derik, você me assustou sabia! — falo num tom irritado, o que o faz
gargalhar.
— É eu percebi! — dá de ombros, me encarando ainda com um sorriso no
rosto. — Mas não resisti, vendo você ali concentrada falando sozinha.
Era só o que me faltava, já o corto logo me defendendo.
— Eu não estava falando sozinha!
— Hum, então sua boca estava se mexendo enquanto pensava no vizinho
gostoso que vai morar aqui do seu lado agora. — Dá uma piscada com um sorriso
malicioso no rosto.
Meu Deus será que ouviu o que eu estava pensando? Não, não tem como
estava com o vidro fechado, não tem como ele ter ouvido.
— Pois cadê o vizinho gostoso que ainda não conheci? — falo tentando
disfarçar meu embaraço lhe dando um sorriso irônico.
Ele dá um passo à frente, me fazendo sentir seu perfume cítrico que mexe
com minha libido, dizendo ainda mais próximo.
— Pois está bem aqui na sua frente, não precisa fingir que não pensa que sou
gostoso. — Se abaixa até minha orelha, enquanto fecho os olhos sem perceber
sentindo sua respiração. — Eu sei que sou!
Afasta sua cabeça do meu pescoço, raspando sua barba que está começando
a crescer em meu pescoço, me arrepiando com seu toque, me segurando pra não
soltar um gemido com sua proximidade.
Voltamos a nos encarar, ele ainda está bem próximo de mim, permitindo
sentir seu hálito com cheiro de menta, limpo a garganta, tentando demonstrar que
não me afeta, por mais que não consiga convencer nem a mim mesma.
— Que bom que tem a autoestima bem elevada, não precisando saber o que
penso a respeito. — Levanto a sobrancelha, para enfatizar meu argumento. — Até
mesmo porque pode não gostar.
Ele assente ainda prendendo meu olhar no seu, olha para baixo puxando
minha mão, acariciando com o polegar, me fazendo sentir o que seu toque faz
comigo diretamente no meio de minhas pernas.
Meu Deus, o que esse homem consegue fazer comigo, que me deixa sem
fala?!
Ele se vira olhando em direção do caminhão de mudanças parado em frente
à sua casa, voltando seu olhar pra mim, dizendo em um tom baixo.
— Tenho que ir lá receber a mudança.
Assinto com a cabeça com uma leve decepção por ter que nos afastar,
quando vou dar um passo atrás para entrar pra minha casa, ele segura minha mão
com mais força me impedindo de nos soltar.
— O que vai fazer amanhã à noite?
Penso no que responder, se invento alguma desculpa ou não, mas antes que
consiga concluir meu pensamento diz.
— Jantar amanhã as 19h, comida mexicana, o que acha?
Abaixo meu olhar para os pés, vendo nossas mãos que ainda estão juntas e
que continua acariciando-as. Subo meu olhar até aqueles olhos fascinantes
dizendo em meio a um tímido sorriso.
— Adoro comida mexicana.
Ele abre ainda mais seu sorriso estonteante, confirmando com a cabeça, dá
mais um passo quase acabando com o espaço que há entre nós, se abaixando
vindo em minha direção, sinto meu coração disparar quando sinto o toque de seus
lábios no canto dos meus.
Derik vai se afastando aos poucos andando de costas segurando minhas
mãos, ainda com um sorriso lindo, dando uma piscadela dizendo.
— Até amanhã Kit Kat, te pego aqui as 19h. — Permaneço sem fala,
sentindo o toque de sua mão soltar a minha, vendo-o se afastar entrando em seu
carro.
Nesse momento, ouço Bud latir de dentro do quintal, saindo do transe em
que estava, vou até meu carro pego minha bolsa, vendo que Derik está chegando
próximo do caminhão de mudança, balanço a cabeça rindo comigo mesma.
— É Katarina, amanhã você tem o encontro com o deus grego. — Coloco
minha mão na boca como se sentisse seu toque ainda nela, continuando com um
sorriso bobo no rosto.
Nossa, estou parecendo adolescente. Reviro meus olhos mediante meu
próprio pensamento.
É aí que paro com a chave na porta para abrir, estralo meus olhos pensando
alto.
— Droga, que roupa que vou vestir?!

Encontro com as meninas na Margherita Pizzaria, nos sentando em uma


mesa reservada.
Após fazer nossos pedidos da pizza e bebidas, Liv olha pra mim e direta
como sempre já me pergunta.
— Desembucha...
Eu olho pra ela, com cara de quem não entendeu.
— Oi? Desembuchar o que?
— Você tá com cara de quem aprontou algo, com um sorriso no rosto
enquanto escolhia as pizzas, então fala logo, qual o motivo do riso. — Sofi
dispara dando risada.
Dou de ombros, como quem não tem nada para contar, porque adoro deixa-
las roendo as unhas.
— Não sei do que estão falando... — olho para minhas unhas pensando
alarmada. Meu Deus, preciso ir em uma manicure depois do ultrassom, mais essa
pra ajudar.
Coloco a mão na testa, balançando a cabeça e quando percebo as duas estão
me encarando com cara de quem estão aguardando-me falar logo.
— Encontrei com Derik hoje...
O garçom chega com nossas bebidas, me cortando de continuar, o que
aproveito para fazer um suspense maior.
Assim que ele se vai, as duas perguntam juntas.
— E?
Pego meu copo com suco de maracujá, pois estou precisando de muita calma
nessa hora fazendo Sofi perder a paciência.
— Fala logo Kat, eu sei que tá fazendo de propósito.
Rio da ansiedade de minhas amigas dizendo logo.
— Conversamos um pouco, e ele me chamou pra jantar amanhã.
— E você? — Liv me questiona. — Me diz que aceitou senão vou dar uns
tapas na sua cara.
Gargalho com sua delicadeza, dou de ombros.
— É acabei aceitando, é melhor acabar logo com isso. — Vejo o brilho no
olhar de Sofi dando um sorriso a ela. — É Sofi, pensei no que você disse, então se
for pra sair com ele, melhor ser agora, saio com ele de uma vez, e vida que segue.
— Isso aí garota... é assim que se faz.
Liv comemora junto conosco fazendo um brinde.
Conversamos sobre outras coisas aleatórias como os rolos de minhas amigas,
até que resolvo pedir a opinião delas.
— Meninas, acabei de me tocar, que após ir ao médico vou ter que ir ao
shopping ver alguma roupa para vestir e fazer minhas unhas.
As meninas riem e Liv diz.
— Vamos juntas, te ajudamos a escolher um vestido que te deixe bem sexy,
já aproveitando para fazermos as unhas juntas, o que acha Sofi?
— Opa, tamo junto... nos encontramos no shopping?
— Pode ser, acredito que 11h já consigo estar lá, pode ser pra vocês? —
pergunto.
E assim combinamos de nos encontrar.
A pizza chega, comemos rindo, e conversando, mas não deixando de me
sentir ansiosa para o que esperar com meu encontro com Derik.
Mexo no meu suco, olhando para ele rindo, lembrando do seu beijo de
despedida hoje como deixou muitas promessas para nosso encontro.

O sábado chega, me arrumo indo até a consulta fazer o tão esperado


procedimento para a inseminação.
Dr. Vasconcellos me examina com a máquina de ultrassom, vendo que estou
no meu melhor período fértil, começando o procedimento com a inseminação.
Alguns minutos depois, termina o processo, pedindo para que eu permaneça
deitada por mais alguns minutos.
— Está tudo saindo como esperávamos, daqui quinze dias pode fazer o
exame de sangue para confirmarmos se deu certo. Pois o teste de farmácia, pode
dar um falso negativo, devido o tempo gestacional. Dando certo, ou não você
volta aqui após realizar o exame para conversarmos.
Ele prescreve o exame para que eu faça, me entregando.
Abro um enorme sorriso.
— Nossa sério, que ótima notícia!
Alguns minutos após permanecer deitada com as pernas para cima, me
levanto para me arrumar, colocando minha calcinha, pois já vim de vestido para
facilitar minha vida.
Deixo agendado o retorno com o doutor, mas quando vou saindo penso em
um detalhe.
Antes de abrir a porta, me viro lentamente um pouco sem graça, o chamo.
— Doutor...
— Sim? — Levanta a cabeça me olhando com os óculos na ponta do nariz.
— Tenho uma dúvida. — Dou um passo à frente ainda sem jeito mas
perguntando logo. — Tenho um encontro hoje à noite, se por acaso rolar algo
mais, — falo gesticulando as mãos pra me ajudar a falar — teria problema por
causa da inseminação?
Dr. Vasconcellos, ri tirando os óculos, falando com um sorriso no rosto.
— Não precisa se preocupar Katarina, só não seria aconselhável se fossemos
usar o sêmen do seu parceiro, que não é o caso, então pode ter relação à vontade.
Usando camisinha é claro, para não correr o risco do filho ser dele depois.
Dou um riso sem graça acenando com a cabeça.
— Obrigada doutor. Era só por desencargo, não sei se vai rolar nada, mas
caso role, pelo menos não vou sentir que posso ter atrapalhado o tratamento.
— Fica tranquila Katarina. Aproveite o encontro!
— Obrigada doutor, vou indo agora.
— Até mais Katarina! — abaixa novamente a cabeça ainda rindo com minha
pergunta.
— Tchau doutor.
Saio do consultório, ainda mais animada, por saber que não vou precisar me
privar de nada hoje à noite.
— Ótima notícia Katarina. — Falo comigo mesma. — Na verdade duas
ótimas notícias.
Depois de vinte minutos, chego no shopping para encontrar as meninas.
Nós vamos no salão, fazemos as unhas dos pés e mãos, resolvo fazer um
leve corte no cabelo.
Após o corte vejo que adorei como ficou, apesar de não ter tirado quase o
comprimento, dei uma leve repicada nas pontas ficando ótimo.
Quando saímos do salão vamos almoçar, para depois procurar um vestido
para usar essa noite.
Acabo vendo uma lingerie preta rendada com uma calcinha fio dental em
uma vitrine, ficando tentada a comprar. Mas não faço nada.
Encontro um vestido que achei perfeito em mim e as meninas também
mostraram bastante empolgação quando o coloquei e decido por levar ele.
Quando estamos nos despedindo para irmos embora, Sofi se vira pra mim
me abraçando dizendo.
— Aproveita hoje hein Kat... — me dá um beijo no rosto enquanto me
abraça. — Não faça nada que eu não faria.
Dá uma piscadela com um sorriso se afastando, enquanto Liv vem.
— Aproveite a noite Kit Kat. —Também nos abraçamos, me dando um beijo
no rosto. — E depois nos conte tudo nos mínimos detalhes.
Saindo rindo junto de Sofi, me fazendo revirar os olhos perante seus
comentários.
Vejo que já se distanciaram, me lembrando da lingerie linda que vi mais
cedo.
Eu tenho lingerie bonita, não preciso comprar uma pra isso, você tá indo
com muita expectativa nesse encontro, pra quem fugia tanto Katarina.
É não vou comprar nada, tenho lingerie lá, não preciso comprar só pra sair
com ele. Não é pra tanto também.
Guardo as coisas no carro, quando vou liga-lo penso, mas ela é tão linda. Se
não usar com ele pode usar com outro, é bom sempre estar prevenida né.
É pensando nisso, que saio do carro indo buscar minha lingerie animada.

Estou terminando de me arrumar, coloquei o vestido que comprei, é um tom


de vermelho vivo, modelo meia manga pois ainda está frio por causa do inverno,
justo marcando todas as minhas curvas, um leve decote em V mostrando um
pouco meu decote de maneira sexy, mas sem ser vulgar, na altura ficando pra
cima dos joelhos. Coloquei uma meia fina 7/8 preto rendada no início de minhas
coxas com um scarpin preto salto 12.
Deixo meu sobretudo preto separado na cama para quando saímos.
Já está quase no horário combinado, e como não sei se é pontual, quero estar
pronta no horário. Meu cabelo já está lavado e escovado como cortei no salão, só
faltando me maquiar agora.
Passo uma sombra esfumaçada escura em meus olhos com um leve tom
dourado, faço um delineado em meus olhos destacando sua cor, finalizo com um
batom rosa nude não deixando sobrecarregado a maquiagem, jogo meu cabelo de
lado para deixar mais atraente.
Dou uma olhada no espelho gostando muito do que vejo, mas me sentindo
insegura se Derik irá aprovar meu look.
Acredito que por ter ficado muito tempo em uma mesma relação, está me
causando essa hesitação com um novo encontro, me fazendo sentir esse friozinho
na barriga.
Bud está ao meu lado deitado com a cabeça encostada nas duas patinhas
dianteiras me olhando enquanto me arrumo. Dou uma volta como quem mostra
como estou vestida pra ele, perguntando.
— E aí Bud, o que acha? Derik vai gostar? – olho novamente para o espelho
tirando uma foto mandando no grupo de mensagens para as meninas.

Kat: E aí meninas, vocês acham que ficou bom ou tô parecendo que meu
único objetivo é levar ele pra cama? Não quero parecer vulgar afinal.

Na mesma hora visualizam a mensagem, respondendo.

Sofi: Ual, ficou linda amiga, ele vai ficar babando com certeza, está
linda e não está nada vulgar, mas está sexy e esse é o objetivo né? kkkkkk
Liv: Arrasou Kit Kat, ficou muito gata, está sexy pra caramba e com
certeza ele vai ficar de queijo caído.
Kat: kkkkkk, obrigada meninas. Essa é a intenção, sexy sem ser vulgar.
Kat: Estou um pouco nervosa, afinal faz 4 anos que não saio com
ninguém diferente.

De repente ouço a campainha tocando, olho no relógio vendo que são sete
em ponto, Bud se levanta correndo até a porta para ver quem é.
— Ual, temos alguém que é pontual aqui. — Penso comigo mesma. —
Ponto positivo pra você, Derik.
Pego minha bolsa, meu celular respondendo as meninas, mas nem comento
nada sobre suas respostas, apenas me despeço.

Kat: Meninas, ele chegou, me desejem sorte =P

Seguro a maçaneta, fechando os olhos, respiro fundo pensando comigo


mesma.
Calma Kat, é só um encontro, pode rolar sexo depois e vida que segue, não
tem motivo para estar nervosa, não tem compromisso, cada um para o seu lado
depois.
Abro os olhos girando a maçaneta, então o vejo.
Puta merda, como conseguiu ficar mais lindo ainda!
CAPÍTULO 13

O dia passou voando hoje, geralmente de sábado trabalho quando não vejo
Guilherme, mas como me mudei na sexta, quis organizar tudo da mudança, pois
odeio deixar minhas coisas fora de lugar sem saber onde está o que preciso.
Já havia deixado tudo organizado e embalado para a mudança, só não trouxe
o que era muito grande e daria muito trabalho, podendo até estragar com a
mudança, como aqui tinha os móveis planejados como guarda-roupa e armário,
nem precisei me preocupar de comprar, pois os da minha casa também eram, nem
conseguiria trazer, nem que quisesse.
Com isso organizei todas as minhas roupas, utensílios de cozinha, até
mesmo o que eu tinha de Guilherme como brinquedos, roupas de cama, até
mesmo as roupas dele que deixo em casa trouxe.
Pedi para um amigo meu que só abrisse a casa instruindo o responsável pela
mudança para carregar o caminhão quando eu conseguisse um lugar, para não ser
necessário voltar lá apenas pra isso.
Quando encontrei Kat na sexta em frente sua casa e a convidei para sair
hoje, pensei que fosse dar mais trabalho para aceitar sinceramente, mas para
minha enorme surpresa, aceitou sem tentar disfarçar. O que é ótimo por sinal, pois
minha vontade era ter agarrado ela lá mesmo, mas me segurei muito para não
fazer isso.
Posso não estar procurando um relacionamento sério, mas ela é cunhada do
meu melhor amigo, irmã da dona da casa que estou alugando, não vou trata-la
como uma qualquer também. Vou fazer da maneira certa, a chamei pra sair, e
quem sabe se rolar algo mais hoje mesmo ótimo, senão até um próximo encontro
é aceitável por ela ser quem é.
Não estou pensando em sair com ela muitas vezes, claro que não, mas ela vai
ser minha vizinha, não posso agir com ela, como costumo agir com uma mulher
que nunca mais vou ver, tendo que lidar com clima ruim depois. Por isso, se rolar
hoje, não preciso me preocupar em sair de novo, pois como disse, é raro sair mais
de uma vez com uma mesma mulher, geralmente assim que saio com elas, não
sinto vontade de repetir a dose, partindo pra outra.
Porém, ela é linda demais, se for tão boa na cama como é fisicamente, talvez
eu repita uma ou duas vezes, mas tenho certeza de que depois disso, vai perder a
graça como sempre acontece.
É pensando nisso que após terminar de arrumar as minhas coisas, reservo
uma mesa em uma parte mais reservada do restaurante que vou leva-la, peço para
colocar velas na mesa, dando um clima romântico, escolhendo minha melhor
roupa para vestir.
— Eu nunca disse que ia jogar limpo Kit Kat. — Dou um sorriso irônico
para mim mesmo no espelho enquanto termino de raspar minha barba.
Já são seis horas, e está tudo arrumado em casa, meus lençóis estão limpos
para caso eu a traga para cá, TV instalada, tudo em seu devido lugar, até a
geladeira já abasteci. Quem disse que brinco em serviço?
Resolvo me vestir estilo sport chic, com um tom de roupa que destaque
meus olhos, já percebi que ela sempre os admira, assim tenho que usar o que
tenho ao meu favor.
Coloco uma camisa azul marinho, com o primeiro botão aberto, uma calça
de sarja preto, uma sapa-tênis azul marinho pra combinar com a camisa junto de
meu blazer preto.
Minha barba está feita, passei um creme em meu cabelo, mas como é bem
liso, deixo jogado de lado, não estilo Justin Bieber, tô fora, nem emo. Mas posso
dizer que é mais parecido com do Tom Cruise.
Passo meu perfume porque não conheço mulher que não goste de um
homem cheiroso, vou pra sala aguardar dar o horário para encontrá-la. Vejo que
ainda são seis e meia, mas não vou ir ainda pois deve estar se arrumando e pode
não gostar que eu chegue antes do horário combinado.
Troco os canais sem nem ao menos ver o que realmente está passando,
olhando o relógio a cada dois minutos.
Me levanto, indo tomar água, percebendo que me esqueci de deixar o vinho
pra gelar o colocando na geladeira, nunca se sabe se vamos usar mais tarde.
Ainda são seis e quarenta, bufando comigo mesmo por minha impaciência,
devia ter marcado mais cedo viu.
Mexo no celular respondendo algumas pessoas que ainda não tinha
respondido, algumas mulheres que me mandaram mensagens simplesmente
ignoro, pois não estou no clima de responder nenhuma agora.
Coloco no aplicativo de GPS a rota do restaurante, vendo que o trânsito está
tranquilo.
Vejo no relógio que se passou cinco minutos.
— Caralho de hora que não passa.
Me sento novamente no sofá mexendo nos canais de filme agora, vendo se
há algum filme que possa ser interessante para assistir mais tarde, encontrando
um que dizem ser bom, Como eu era antes de você, mas que não assisti, pois não
curto filmes de romance não, mas se ela quiser assistir posso fazer esse sacrifico
hoje.
Agora faltam dez minutos, me levanto, pegando minha carteira e chave do
carro, desligo as luzes da casa, deixando apenas a de fora acesa. Entrando em
meu carro para busca-la.
Chego em frente à sua casa, coloco uma playlist de hard rock pra tocar, são
músicas que geralmente todos gostam, sou eclético, gosto mais de ouvir isso, mas
ouço de tudo um pouco, tanto que sei dançar até sertanejo. Crazy do Aerosmith
toca enquanto canto junto aguardando dar o horário para chama-la. Quando a
música termina penso que é melhor colocar uma música que crie um clima entre
nós dois, trocando Aerosmith por Ed Sheeran.
Finalmente está dando sete horas, desligo o carro indo avisar que cheguei.
Toco a campainha, enquanto aguardo, ouço depois de uns cinco segundos
Bud na porta latindo querendo sair.
— E aí garotão sou eu. — Falo por trás da porta para que saiba que é alguém
conhecido. O que dá certo, já que para de latir, mas imagino que ainda esteja ali.
Estou olhando para as ruas do condomínio, quando ouço a porta se abrir me
virando para vê-la.
PUTA MERDA... QUE MULHERÃO É ESSE?!
Acho que fico uns cinco segundos assimilando toda sua beleza estonteante
na minha frente, tentando sibilar as palavras que teimaram em fugir de repente me
deixando totalmente sem palavras. Olho Kat de cima a baixo, sem ter como
impedir meus olhos de vagarem pelo seu corpo escultural, juro que tentei ser
cavalheiro, mas como se ela me faz uma dessa, sinto meu corpo ascender apenas
vendo-a tão linda a minha frente, quando encontro seu olhar, noto que seus lindos
olhos cor de esmeralda — que por sinal conseguiram estar ainda mais destacados
nesse momento com a maquiagem — também estão vagando por meu corpo, e
pela mordida que Kat da no canto de seus lábios, acredito que aprovou tanto
quando eu o que vê.
Finalmente vou voltando a mim, limpando a garganta.
— Nossa, você conseguiu se superar. — Olho novamente para seu corpo,
parando em seus olhos — você já é linda naturalmente, mas hoje você conseguiu
me deixar sem palavras.
Estendo minha mão pra ela que aceita, não resisto, me curvando levemente
para a mão dela, lhe dando um beijo carinhoso. Me levanto, voltando a me
concentrar em seu olhar lhe dou um sorriso.
— Você também, não está nada mal. — mas pelo sorriso mordendo o canto
dos lábios, percebo que está apenas querendo me provocar, o que faz meu sorriso
aumentar ainda mais. Dou de ombros fingindo que me atingiu com seu
comentário.
— Fiz o melhor que pude. — Ela volta a apreciar meu corpo praticamente
me comendo com o olhar, sabendo que escolhi a roupa certa. — Então, está
pronta? Podemos ir?
— Podemos sim, só vou colocar comida para Bud, como não sei se vamos
demorar tá? — abre a porta me dando passagem estendendo a mão indicando que
eu entre. — Fica à vontade, serei rápida.
Vejo-a se afastar, não resistindo olhando como seu vestido ficou na parte de
trás, não podendo estar mais perfeito. O vestido é um tom vermelho que ficou
muito sexy nela, marcando seu corpo todo. Está perfeita!
Vou andando devagar pela sala de estar, observando que realmente o
desenho da casa é bem parecido com o de onde comecei a morar, só mudando a
decoração.
Kat deixa uma parede ou outra em um tom mais alegre, possui plantas em
sua casa, quadros, tudo muito organizado e bonito, bem a cara dela para ser
sincero.
Ouço seus passos se aproximando, quando a vejo digo.
— Bela casa, parece que combina com você mesmo.
Ri um pouco sem graça, dizendo.
— Espero que isso seja algo bom então.
— Com certeza é, a casa é linda como a dona.
Ela volta a morder o canto de seus lábios, olhando para seus pés. Me
aproximo ficando de frente com ela, levanto seu queixo devagar para olhar para
mim.
— Se você quer ir jantar realmente, para de ficar mordendo a sua boca desse
jeito. — Fico contemplando sua boquinha, soltando os dentes de seus lábios, não
aguento subindo meu dedo indicador passando carinhosamente aonde ela mordeu,
levantando meu olhar para o seu. — Agora melhorou, pois se continuasse me
provocando desse jeito, ia acabar levando você ao sofá mesmo que é o mais
próximo que conseguiríamos chegar.
Ela ri do meu comentário, o que me faz aquecer internamente quando a
ouço. Vou ao seu lado lhe oferecendo meu braço.
— Vamos madame?
— Com toda certeza Monsieur¹.[1] — diz dando uma leve abaixada como
cumprimento aceitando meu braço para ir até o carro.
Fecha a casa e corro para abrir a porta do carro para entrar, dou a volta
entrando começando a dirigir, tocando a playlist que havia deixado preparado.
— Nossa, você está inspirado hoje hein? — diz me olhando enquanto dirijo,
dou uma piscada a ela voltando olhar em direção à rua.
— Não sei se você gosta dessas músicas, mas pode trocar caso prefira outra
coisa, só achei que iria gostar. — Dou de ombros, percebendo que abre um
sorriso pelo canto do meu olho.
— Essa música pra mim está ótima. Adoro Ed Sheeran, na verdade gosto de
tudo um pouco, vai do meu humor, tem dia que ouço sertanejo para animar,
dançando um pouco, tem dia que ouço MPB, em outras ocasiões músicas
internacional, tanto românticas, quanto hard rock. — Levanta os ombros, ainda
me olhando. — Sou uma pessoa fácil de agradar em relação a isso.
Encaro-a rapidamente, sorrindo enquanto digo.
— Mais uma coisa que temos em comum, pois também sou eclético, pode
ver minha playlist pra saber que não estou dizendo isso para me aproximar de
você, claro que minha preferência é hard rock, mas ouço de tudo um pouco.
O restante do caminho é tranquilo até o restaurante, o assunto “música”
acaba dando uma amenizada para quebrar o gelo do primeiro encontro.
Chegamos ao restaurante, a recepcionista nos cumprimenta, nos guiando até
nossa mesa, percebo pelo semblante de Kat que a surpreendi novamente.
Tudo está do jeito que pedi, em um canto mais reservado, com uma luz em
tom mais baixo deixando o ambiente com ar romântico, algumas velas sobre a
mesa. Como o banco é um único estofado que contorna a mesa, opto por ficar de
frente com ela como acabamos de chegar, mas já planejando ficarmos lado a lado
caso queira mais tarde.
O garçom nos entrega o cardápio, escolhemos uma taça de vinho cada um,
fazemos nosso pedido para jantar. Quando o garçom se vai Kat é a primeira a
perguntar.
— E Gui, como está?
— Ele está ótimo, cada dia mais bagunceiro, almocei com ele na quarta-
feira, está doido para vir conhecer onde estou morando. — Rio lembrando de sua
empolgação com a minha casa nova. — Mas acho que a vontade na verdade é de
conhecer a sua casa e não a minha.
Kat dá risada de meu comentário, respondendo.
— É realmente eu não duvido, fazer o quê? — dá de ombros fingindo
modéstia. — As crianças me amam. — Rio do seu comentário e ela também. —
Mas falando sério agora, acho que ele e o Bud se apaixonaram um pelo outro, sei
que quer ir lá não por causa de mim, mas por meu cachorro... fazer o que!
— De fato, ele ficou enlouquecido com seu cachorro, toda vez vai me pedir
pra levar ver o Bud.
— Mas falei sério que pode leva-lo lá, você sabe onde moro, — dá uma
piscadinha com olhar travesso — se eu tiver em casa, não há problema algum
deles brincarem um pouco, Bud adora crianças.
Me sinto muito mais à vontade com ela pela maneira como trata meu filho,
não fica me olhando com cara de quem tá me julgando o porquê não estou mais
com a mãe dele como a maioria das pessoas fazem quando descobrem que sou pai
solteiro, e ela nem sequer perguntou nada a respeito, o que faz com que admire
ainda mais, por parecer discreta e compreensiva.
O assunto vai surgindo sem nem nos esforçarmos para procura-los, descobri
aonde fez faculdade, que morava em Sorocaba, sobre seu pai ser um grande
neurocirurgião, mas apesar de querer ser médica igual ao pai, não quis seguir a
mesma especialização por adorar trabalhar com crianças amando o que faz. Conto
um pouco sobre mim, e minha trajetória profissional e quando menos percebemos
já jantamos, mas parece que nenhum de nós gostaria de terminar a noite ainda.
— Nossa, esses burritos estavam divinos. — comenta.
— Realmente estava uma delícia, quer uma sobremesa? Ou já está cheia?
Ri me fazendo apreciá-la, enquanto responde.
— E eu tenho cara de quem nega sobremesa?
— Não, não tem. — Respondo rindo com sua espontaneidade, chamando o
garçom.
Enquanto analisa o cardápio, não resisto admirando a mulher linda,
simpática e alegre a minha frente, pensando no quão difícil é conseguir encontrar
esses três adjetivos em uma mesma pessoa, mas nela, já noto esses entre muito
mais pelo pouco que a conheço, me encantando.
— Derik... — ouço me chamando, cortando meus pensamentos percebendo
que olha pra mim confusa, provavelmente tentando decifrar o que se passa por
minha cabeça.
— O que disse? — Pergunto, pois nem sei o que falou.
Ela aponta para o garçom repetindo a pergunta.
— Perguntei se você não vai querer nada.
— Não, experimento do seu se não se importar, mas não faço questão de
uma apenas pra mim. — penso melhor — Na verdade gostaria de mais uma taça
de vinho por favor.
O garçom anota nosso pedido saindo, nos deixando a sós novamente.
Começa a tocar Photograph de Ed Sheeran, nos fazendo rir.
— O Edinho está nos perseguindo... — levanto as sobrancelhas mediante seu
comentário.
— Nossa que intimidade vocês têm! — comento fazendo-a rir.
— Sim, nós temos, está sempre em minha casa. — Gargalha.
Não resisto mais em ficar longe, me aproximando dela pelo banco, pego sua
mão acariciando com meu polegar.
O garçom chega nesse instante com minha bebida e sua sobremesa, vendo
seus olhos brilharem, me fazendo rir internamente com tal empolgação.
Tomo um gole do meu vinho, a observando comer com tanta devoção uma
simples sobremesa.
— Hum, isso aqui está maravilhoso, experimenta. — Pega um pedaço com a
colher trazendo até minha boca, como me aproximei dela, estamos praticamente
colados um no outro. — E aí o que achou? Não está uma delícia? — Dou um
sorriso malicioso a ela dizendo.
— Está uma delícia realmente, mas sabe onde quero experimentar? —
quando pensa no que responder, coloco minha mão em sua nuca, a puxando
devagar para mais perto, sussurrando sobre seus lábios. — Em sua boca deve ser
muito melhor. — Logo corto o pouco espaço que havia entre nossos lábios
finalmente a beijando.
Sinto seus lábios macios nos meus inicialmente, abro meus lábios
aprofundando nosso beijo, Kat não se nega deixando explorar sua boca com
minha língua, sentir seu sabor, seu beijo. Minha outra mão alcança sua cintura, a
puxando para mais próxima de mim, se é que seja possível. Sua mão passa por
meu peitoral, apoiando nele enquanto a outra coloca em minha coxa, de modo
que sinto acariciando minha perna levemente. Nossas línguas brincam uma com a
outra, sem nos lembrarmos de onde estamos, abaixo a mão que estava em sua
nuca para sua cintura, e a que estava em sua cintura abaixo para suas pernas a
puxando para cima das minhas a deixando sentada de lado sobre mim. Agora sim,
consigo abraçar melhor sua cintura fina, ela envolve seus braços em meu pescoço
enquanto continuamos nos beijando.
Vamos acalmando nosso beijo aos poucos para tomarmos folego, já sentindo
falta de seus lábios ao nos afastarmos.
Ela acaricia meu rosto, como se estivesse desenhado meu rosto com a ponta
do dedo, pouso uma mão em seu quadril, apertando levemente seu quadril,
enquanto com a outra acaricio sua coxa, passando minha mão levemente subindo
e descendo nela, como o vestido é curto, sentada subiu ainda mais, conseguindo
sentir sua coxa definida, como só possui uma meia fina entre minha mão e sua
pele macia.
Ela me dá um selinho demorado, se afastando perguntando.
— E aí o que achou da sobremesa afinal? — Pergunta com sua boca
praticamente colada a minha e seus olhos nos meus. Rio da sua pergunta,
respondendo com toda minha sinceridade.
— É a melhor sobremesa que já experimentei.
Volta a me beijar agora com mais calma, me permitindo apreciar cada toque
de seu beijo, a apertando ainda mais forte sobre mim. Depois de alguns minutos
nos beijando e acariciando com ela ainda sobre meu colo, ela diz.
— Vamos terminar a sobremesa de verdade agora?
Penso que vai se sentar no banco para comer, mas para minha total surpresa,
retira os braços em volta do meu pescoço, virando levemente sobre minhas pernas
apenas para conseguir alcançar o prato com a sobremesa, voltando na posição que
estava começando a comer, intercalando as colheradas entre ela e eu.
Eu nem ligo para sobremesa, mas comendo desse jeito, passei até a gostar.
Após terminarmos, tomo mais alguns goles do meu vinho, oferecendo para
ela que nega. Tornamos a nos beijar, mas dessa vez, com fome um do outro, como
se apenas o beijo já não fosse o suficiente, beijo abaixo de sua orelha, mordendo
levemente o canto de sua orelha ouvindo ela soltar um gemidinho próximo de
meu ouvido, me instigando.
Não aguento mais, convidando-a em um tom baixo.
— Vamos para casa continuar isso lá?
— Pensei que não fosse perguntar nunca. — diz com um riso safado,
encostando seu lábio no meu, mordendo de modo sexy meu lábio inferior, me
fazendo abrir um sorriso com sua atitude.
Essa mulher é demais! – penso comigo mesmo.
— Preciso de alguns minutos para sairmos daqui. — Aponto com a cabeça
para baixo em direção a suas pernas, entendendo o que quis dizer, me dá um novo
selinho demorado, nossa nunca imaginei que até de selinho ia gostar tanto com
ela, voltando ao seu assento, enquanto chamo o garçom pedindo a conta.
— Vou ao toilette, já volto. — Me dá uma piscada se levantando, o que é
ótimo porque o garçom chega e consequentemente meu pau vai entendendo que
não é ele que quer, voltando ao seu estado normal para irmos embora.
CAPÍTULO 14

Volto do toilette, vendo Derik me olhar com um sorriso malicioso quando se


levanta.
— Vamos Kat?
— Vamos. — Digo com um sorriso sexy mordendo o canto da boca como já
sei que o excita, pego minha bolsa seguindo em direção a saída, Derik me
guiando com sua mão em minha cintura.
Estou me sentindo completamente excitada apenas com seu toque, ele abre a
porta do carro pra mim, me sento enquanto dá a volta se sentando no lugar do
motorista.
Nossos olhares se atraem por alguns segundos e quando percebo estamos
nos beijando desesperadamente, não sei quem foi que tomou a atitude, ou se
tomamos ao mesmo tempo, mas é nítido que estamos sentindo a necessidade de
nos tocarmos. Nosso beijo agora é de urgência, devorando a língua um do outro,
minhas mãos percorrendo por todo seu peito, consigo sentir seus músculos por
cima do tecido, seus gominhos mostrando o quanto deve se exercitar para manter
esse corpo, subo minhas mãos até alcançar seu cabelo puxando-o entre meus
dedos. Enquanto uma mão de Derik está em minha nuca, a outra aperta minha
cintura, sua mão esquerda desce até minhas pernas alcançando minha coxa a
apertando de um modo excitante, enquanto beija meu pescoço fazendo com que
jogue minha cabeça para trás facilitando seu acesso, a mão que estava em minha
nuca alcança meus seios massageando com o polegar meu mamilo ainda por cima
do vestido me deixando ainda mais molhada.
Derik afasta o banco para trás, sem soltar meus lábios, me levando para seu
colo de modo que fique montada sobre ele.
— Você é muito gostosa Kat. — Volta a me beijar.
Suas mãos agora em minhas coxas alcançam meu quadril me pressionando
mais sobre sua ereção, me fazendo gemer com o contato.
Trilha com beijos do meu pescoço até chegar em meu decote, encontrando
meus seios, com uma mão toca em meu seio intumescido massageando com o
polegar meu mamilo excitado devido ao seu toque. Rebolo em sua ereção,
sentindo o tamanho de sua ereção. Seus lábios encontram os meus novamente,
meu vestido cobre apenas minha bunda conforme montei nele, sinto sua mão
subindo por minha coxa quando sente o fim da minha meia rendada gemendo em
minha boca. Se afasta um pouco olhando em direção a ela para confirmar o que
deve imaginar que estou usando, me deixando satisfeita por ter colocado minha
meia 7/8 preto, como está escuro não consegue visualizar direito, ligando a luz
interna, sinto seu olhar aprovando o que visto, soltando um gemido sexy,
encontrando meu olhar como um predador admira sua presa.
— Meu... — seu olhar volta pra minha coxa. — Preciso ver direito você
usando isso. — diz contornando o fim da meia com o indicador.
Confirmo com a cabeça, pois mal estou conseguindo raciocinar com os
hormônios a flor da pele. Me devora com seus lábios sentindo sua mão subindo
por dentro do meu vestido alcançando minha calcinha. Seus dedos seguem
desvendando minha lingerie percebendo que estou usando uma calcinha fio
dental, contornando a calcinha de um modo sexy me excitando ainda mais, sinto
seu dedo penetrar dentro de minha calcinha, sentindo minha umidade.
— Porra Kat... — beija meu pescoço enquanto continua. — Você está
encharcada.
Desço minha mão até sua ereção o sentindo duro como pedra por cima da
calça, aperto provocando um gemido seu em meu ouvido.
— Quero você dentro de mim. — Digo, surpreendendo a mim mesma por
minha atitude.
— Vamos embora daqui logo, antes que eu te foda gostoso aqui no
estacionamento.
Rio do seu desespero, porque me sinto do mesmo jeito. Sendo provável que
não o impedisse caso fosse em frente.
Retira o dedo de mim, levando até sua boca sentindo meu sabor. Segura meu
rosto com as duas mãos me beijando novamente.
Quando paramos de nos beijar, me afasto retornando ao meu assento para
seguirmos para sua casa.
Derik estaciona o carro em frente à sua casa, me guiando com sua mão em
minha cintura, agindo normalmente como se não estivéssemos quase transados, a
quinze minutos atrás no estacionamento do restaurante.
Ainda estou me sentindo excitada e muito ansiosa para senti-lo. Abre a porta
esticando o braço sentido a entrada, dizendo.
— As damas primeiro.
— Obrigada. — Dou um sorriso pelo seu cavalheirismo entrando na casa
que sempre frequentei antes de minha irmã se casar.
Derik me acompanha, ouço quando fecha a porta. Tira seu blazer, me
olhando de um modo que promete muitas coisas e mantenho seu olhar
demonstrando a mesma intenção.
— Quer que eu guarde seu sobretudo?
— Claro. — Retiro sem desviar nosso olhar, percebo que desvia apenas para
apreciar meu corpo. Lhe estendo, que o pega de minhas mãos, ainda admirando
minhas curvas — Obrigada!
Pendura nossos casacos no hall da entrada, voltando a me encarar com seus
lindos olhos azuis.
— Quer beber alguma coisa? Vinho, cerveja, suco, água?
Sei que não posso ficar abusando de álcool, mas como bebi só uma taça no
jantar e nada mais na semana, aceito uma taça para me soltar mais no decorrer da
noite.
— Vinho está ótimo. — Ele abre seu sorriso de lado que me enlouquece,
indo até a cozinha, enquanto observo suas coisas.
Vejo o grande sofá cinza que parece ser bem confortável, uma TV enorme na
sala com home theater, um porta-retrato reconhecendo de longe ser Guilherme
com Derik. Percebo que tudo já está organizado, não há muitos enfeites nem
nada, mas tudo bem-organizado, com um ar masculino em seus itens.
Ouço uma música em som ambiente, me virando para procurar Derik que
segue em minha direção com duas taças de vinho tinto, me entregando uma.
— Obrigada, conseguiu organizar tudo?
Leva sua taça até a boca tomando um gole quando me responde olhando em
volta.
— Sim, não trabalhei hoje para organizar tudo, não gosto das coisas
bagunçadas. — Dá um sorriso dando de ombros. — Sou organizado, fazer o
que?!
— Ual, um homem organizado... difícil de encontrar isso hein. — Brinco
com ele, tomando um gole do meu vinho.
Ri do meu comentário, ainda me encarando, com o clima sexual palpável
entre nós.
Termina seu vinho enquanto tomo mais um grande gole do meu. Nesse
momento se aproxima de mim, toca meu rosto passando o polegar sobre minha
boca, me beijando.
O beijo inicia calmo, sentindo cada toque em minha língua, sua mão desce
até minha cintura enquanto as minhas sobem até seu pescoço o abraçando. Nosso
beijo passa a seguir para outro rumo, brincando com minha língua, mordendo
meu lábio, puxo seus cabelos macios o agarrando entre meus dedos. Ele cola seu
corpo ainda mais ao meu, ouço ao fundo a música Like a Virgin da Madonna, não
conseguindo frear meu pensamento que está de acordo com nosso clima do
momento.
Suas mãos sobem até o topo do meu vestido descendo meu zíper lentamente,
sentindo seu toque levemente em minhas costas me deixando totalmente
arrepiada. Solta meus lábios, beijando meu queixo, meu maxilar, mordendo o
lóbulo de minha orelha, chupando meu pescoço — que é meu ponto fraco, —
jogo minha cabeça para trás, deixando escapar um gemido de minha boca.
Dou um pequeno passo para trás, sem interromper nossos toques, alcançando
sua camisa desabotoando seus botões, quando termino o último a empurro para
baixo de seus ombros, ele me ajuda soltando de seus braços. Olho para o homem
a minha frente sentindo meu corpo ferver com a visão que tenho.
Sabia que era lindo, imaginava que fosse definido, mas o vendo totalmente,
percebo que superou minhas expectativas, pois é ainda mais lindo, forte e
definido, é nítido seus músculos, ombros largos, seu peitoral bem definido e liso,
há apenas um pouco de pelugem pra baixo do umbigo há caminho de seu sexo.
Não resistindo mais, coloco minhas mãos sobre ele o acariciando.
— Você é ainda mais lindo do que imaginava. — Seu sorriso safado aparece,
sobe suas mãos até o topo do meu vestido, deixando cair sobre meus pés. Saio de
dentro dele, mantendo o sapato, pois além de deixar mais sexy também ficamos
com uma diferença de altura menor.
Quando subo meu olhar para Derik, vejo que está me devorando com os
olhos, aprovando o que vesti.
Estou usando a lingerie preta que comprei hoje, junto da meia 7/8 preto,
ajudando a ficar mais sexy.
— Nossa, você quer acabar comigo hoje Kat? — Puxa minha mão pra cima
me fazendo rodar, fico um pouco sem jeito mas o faço — Caralho, você é muito
gostosa e ficou sexy demais com essa lingerie.
Acaba com o espaço que há entre nós, tornando a nos engolir, nossas mãos
passeiam pelo corpo todo um do outro como se tivéssemos pressa de sentir tudo
que podemos ter nesse momento. Derik desce com as mãos sobre minha bunda
me agarrando ainda mais sobre sua ereção, me levanta para seu colo, o
envolvendo com minhas pernas em seu quadril sem desgrudar nossos lábios.
Quando percebo estamos subindo os degraus da escada indo em direção ao seu
quarto.
Sinto meu corpo sendo deitado devagar sobre a cama, com seu corpo sobre o
meu. Morde meu lábio inferior, beijando meu pescoço enquanto com um braço se
apoia para não jogar seu peso sobre mim, com a outra mão sobe tocando meus
seios empinados com o tesão que estou sentindo, puxa minha lingerie para baixo
apertando meu mamilo intumescido entre o polegar e o indicador me fazendo
arfar enquanto me remexo embaixo dele puxando seus cabelos, ele se apoia sobre
os joelhos descendo seus lábios sobre meu corpo até chegar em meu outro seio, o
chupando por cima da lingerie de renda, com a outra mão agora livre, abaixa o
tecido que nos separa abocanhando meu mamilo o devorando deliciosamente.
Me sinto tão enlouquecida com o que faz em meus seios aumentando
necessidade de o tocar, abaixo minhas mãos sobre seu peitoral, até chegar no cós
de sua calça, solto seu cinto, desabotoando sua calça, abaixando com cuidado seu
zíper, retirando sua calça até onde consigo. Derik percebe o que quero, se levanta
puxando o resto dela ficando apenas de cueca boxer preta, me fazendo perceber o
grande volume em sua cueca.
Volta a sugar meu outro mamilo agora, gemendo graças ao que sua boca é
capaz de fazer comigo.
— Derik... — me remexo abaixo dele me esfregando em seu sexo
precisando senti-lo em mim.
Solta meu mamilo com um riso no rosto, beijando o canto de meus seios,
minha barriga, lambendo meu umbigo enquanto admiro cada movimento seu,
pois não quero perder nada. Vejo seu olhar encontrar o meu, quando se aproxima
de minha parte íntima, sentindo meu coração disparar em expectativa com o que
vai acontecer.
Derik roça seu nariz em meu sexo, me chupando por cima da calcinha, me
esfregando ainda mais nele, puxando ela para o lado tocando com seu indicador
em meu onde mais preciso de sua atenção, sentindo minha boceta total e
completamente úmida para ele.
— Você é uma delícia sabia? — diz penetrando seu dedo em mim, me
fazendo gemer ainda mais. — Vou fazer você gozar bem gostoso na minha boca,
depois vou comer você de todas as maneiras possíveis, mal conseguindo andar
amanhã. Você quer gostosa? Diz pra mim o que você quer... — me pergunta
penetrando agora dois dedos em mim, estou próximo do orgasmo só dele me
tocar. De repente ele para dizendo com sua voz sedutora. — Fala o que você quer,
senão, eu paro.
Olho pra ele frustrada por ter parado enquanto está com um sorriso
malicioso nos lábios, ainda sem perder o contato visual, chupa minha virilha.
— E aí Kat fala pra mim o que você quer?
Nunca fui de ficar falando o que queria na cama, mas esse homem está
conseguindo quebrar qualquer paradigma que tinha, sinto beijar o interior de
minha coxa, não aguentando sua tortura, falo.
— Quero gozar pra você.
Seu sorriso vitorioso surge, com seus lábios ainda em minhas pernas subindo
aos poucos dizendo roucamente.
— Como? — Reviro os olhos, mas abro um sorriso por sua persistência.
— Quero gozar na sua boca. — Sobe mais próximo de meu sexo dizendo.
— Seu pedido é uma ordem, gostosa.
Puxa minha calcinha pelas pernas dessa vez, se ajoelhando no chão me
puxando pelo quadril para o canto da cama, não perdendo tempo quando me
abocanhando com vontade penetrando sua língua dentro de mim, sugando meu
clitóris. Estou tão excitada que me remexo ao seu encontro.
Enquanto chupa meu clitóris, penetra dois dedos dentro de mim, acariciando
meu seio com o polegar o beliscando. Eu não estou aguentando mais, sinto que
estou próxima de estourar de tanto tesão.
— Derik... — gemo me remexendo sobre seu toque. — Eu vou... —
explodindo em um grande orgasmo em sua boca deliciosa.
Ele continua me chupando até perceber que meus espasmos se acalmaram.
Ainda estou arfante, tentando voltar ao normal do gozo esplêndido que me
proporcionou, quando ouço um barulho de plástico se rasgando. Abro meus os
olhos, vendo que Derik desgrudou um pacote de camisinha das demais, quando
vai abrir tenho uma ideia. Me sento, segurando suas mãos o impedindo de rasgar
a embalagem. Levanto, puxando ele para a cama, enquanto me obedece com os
olhos brilhando de curiosidade sobre o que vou fazer.
— Agora é minha vez. — Umedeço meus lábios com a língua, quando vejo
que está sentado na cama, o empurro para se deitar completamente, o que faz com
aquele sorriso zombeteiro, olho sua cueca, arfando em expectativa com o
tamanho que parece ser seu pau.
Subo em cima dele roçando meu sexo sobre sua cueca, o beijando, brincando
com sua língua enquanto rebolo sobre seu pau deliciosamente.
Mordo seu lábio com a ansiedade de tudo que quero fazer com ele, desço
meus lábios por seu pescoço, inalando seu perfume, me estimulando ainda mais
pois adorei seu cheiro, beijo seu peitoral, chupo seus mamilos, enquanto sinto
suas mãos brincando com meus seios. Continuo descendo beijando seu abdômen
delicioso.
Me levanto não perdendo tempo, retiro sua cueca, Derik me ajuda
levantando o quadril pra facilitar a saída dela, quando volto pra ele, vejo seu sexo
ereto a minha frente, me assustando com seu tamanho.
Não sou nenhuma santa, já saí com alguns homens e muitos pensei serem
bem-dotados, mas acabo de perceber que achava isso porque não conhecia Derik.
Ele deve ter percebido minha surpresa porque acaba rindo olhando pra mim.
Mas não me importo, o achei lindo, não resistindo levando minha mão até
seu pau enorme, grosso, cheio de veias começando a massageá-lo para cima e
para baixo, sinto minha boca salivar com o desejo de sentir seu gosto em minha
boca, dando o prazer na mesma proporção que me deu.
Será que vou conseguir colocar ele todo em minha boca?
Acabo pensando, mas não quero saber, vou fazer tudo para satisfazê-lo como
fez comigo.
Umedeço meus lábios descendo até ele, abrindo minha boca lambendo a
ponta de sua cabeça devagar aproveitando cada momento, aproximo minha boca
do seu comprimento o engolindo, faço o movimento de subir e descer o engolindo
cada vez mais, ouço seu gemido em meus ouvidos, o que acaba me estimulando
em ir cada vez mais fundo apesar de grande, me esforçando para o engolir todo.
Sinto meus olhos lacrimejarem quando encosta em minha garganta, mas continuo
sem me importar pois quero deixa-lo louco de desejo como me deixou.
— Isso gostosa... — continua gemendo enquanto ajuda nos movimentos
empurrando minha cabeça em direção ao seu sexo. — Que boca deliciosa...
Levanto meu olhar, vendo o tesão em seu olhar enquanto me observa o
abocanhando. Tiro minha boca dele, o seguro com a mão voltando a massageá-lo,
desço um pouco mais com minha boca, chupo cada uma de suas bolas, lambendo
todo seu comprimento, admirando seus olhos arderem de desejo por mim. Volto a
chupá-lo gostoso agora com um ritmo mais rápido, enquanto massageio suas
bolas enormes...
— Nossa Kat...— respira — para, se não vou gozar. — Não me importo em
sentir gozar em minha boca, continuando no mesmo ritmo, pois quero engolir
todo seu prazer. Mas de repente ele me puxa pra cima da cama com seu olhar
feroz, pegando a camisinha que tinha deixado do seu lado abrindo a embalagem,
dizendo enquanto coloca em seu pau. — Quero gozar dentro de você gostosa.
Outra hora gozo na sua boquinha.
Mordo o canto de minha boca em expectativa de tê-lo dentro de mim, ele se
vira me deixando abaixo dele num rápido movimento, voltando a devorar meus
lábios enquanto agarro suas costas, sinto seu pau me penetrar de uma vez.
Nós dois gememos de prazer na boca um do outro, continuamos nos
beijando, me remexendo ao seu encontro com a ansiedade de senti-lo totalmente,
Derik percebendo que já me adaptei ao seu tamanho, começa a entrar e sair de
dentro do meu sexo num ritmo calmo inicialmente, descendo seus lábios para
meu pescoço, sem parar nossos movimentos, alcança meus seios o sugando forte.
Aumentando o ritmo cada vez mais, enquanto muda para o outro seio, estou tão
excitada que cravo minhas unhas em sua bunda durinha o puxando para mais
perto de mim se é que seja possível.
Ele sai de repente, dizendo.
— Fica de quatro. — Não me privo, pois sempre senti mais prazer nessa
posição, se já estava sentindo antes, imagina agora.
Fico na posição que pediu, quando menos espero me dá um tapa na minha
bunda, que não dói, apenas me assustou, fazendo com que fique ainda mais
excitada.
Ele agarra meu quadril me penetrando de uma vez indo até o fundo, me
fazendo gemer de prazer, as estocadas ficam cada vez mais forte, suas mãos
seguram meus seios enquanto me puxa de encontro a ele, Derik levanta meu
corpo sem sair de mim me deixando com as costas coladas em seu peitoral,
enquanto brinca com meu seio, já não estou aguentando mais, percebo que me
aproximo de outro orgasmo, sinto seus dedos em meu clitóris com movimentos
circulares, e é o meu fim, não consigo segurar mais.
— Derik... ah... — explodo num orgasmo ainda mais fenomenal que o
primeiro.
— Kat... — Estoca com mais pressa gemendo no meu ouvido, — nossa... —
gozando logo depois de mim.
Nós dois caímos na cama exaustos, ele sobre mim, mas sem jogar seu peso.
Se retira com cuidado de dentro de mim se deitando ao meu lado.
Me sinto exausta com certeza depois do sexo espetacular que acabamos de
ter, mas totalmente saciada com a performance do deus grego ao meu lado.
Vou me acalmando aos poucos, quando olho para o lado, vejo Derik me
observando com um sorriso lindo no rosto me deixando sem graça.
— Que foi? — pergunto curiosa com o que pode estar pensando.
— Você é uma delícia sabia? – Vira de lado, apoiando a cabeça em sua mão,
faço a mesma posição ficando de frente pra ele.
— Você também dá pro gasto. — Digo rindo quando abre a boca em espanto
com o que acabei de dizer.
— Ah é sua abusada, você tá muito convencida. — diz rindo, por saber que
estou tão deliciada quanto ele.
Derik traz sua mão até minha cintura, me puxa para perto dele, colando
nosso corpo, me deito de costas na cama, se abaixando tocando meu rosto
delicadamente fazendo carinho em mim, me beijando, um beijo calmo dessa vez,
sem toda afobação que estávamos quando chegamos, o abraço, adorando sentir
sua pele na minha.
Após nos beijarmos, afasta apenas nossos lábios colando sua testa na minha
dizendo com aquele sorriso que faz meu estomago se retorcer.
— Precisamos de um banho, vamos tomar juntos?
— Estamos necessitados de um banho realmente. — sorrio lhe dando mais
um beijo, pois o beijo dele é espetacular, viciei, simples assim. Derik se afasta
quando terminamos nosso beijo.
— Vou colocar a banheira para encher, já volto. — Se levanta indo em
direção ao banheiro, abro um sorriso ao lembrar do sexo maravilhoso que fizemos
juntos, me sentindo excitar novamente querendo repetir a dose.
Katarina, que fogo é esse, você acabou de gozar duas vezes e já quer de
novo? — Penso comigo mesma.
Mas fazer o quê? Quero aproveitar a noite ao máximo, pois depois não vou
poder mais. Sinto uma pequena tristeza tentar me invadir com a possibilidade de
não ficar mais com ele, mas balanço a cabeça em negativa, chamando minha
atenção.
Katarina, sexo casual lembra? Depois vida que segue, usa e abusa desse
corpo maravilhoso essa noite e depois chega. Homem bonito dá muito trabalho,
você sabe disso melhor que ninguém.
Ouço o barulho da água caindo no banheiro cortando meus pensamentos,
olho para o lado, avistando Derik voltar ainda totalmente nu, mas sem a
camisinha que deve ter descartado no banheiro.
Como pode ser tão lindo e tão gostoso assim? Como não me excitar
novamente com um monumento desses?
Ele se aproxima ainda com seu sorriso devasso e seu olhar de predador, se
deitando ao meu lado novamente.
— Pronto, está enchendo. — Me puxa novamente pela nuca rindo. — Você
me deu muito trabalho para te beijar, quero tirar o atraso! — Dá de ombros com
riso no olhar, voltando a nos beijar.
Quando paramos de nos beijar como dois adolescentes, Derik se levanta me
puxando pelas mãos para irmos para a banheira. Comemoro internamente com as
promessas que vejo em seus olhos.
CAPÍTULO 15

14 anos atrás

Um ano se passou desde que eu e Gustavo demos o nosso primeiro beijo, ele
me pediu em namoro depois de um mês e meus pais disseram que sempre
imaginaram que íamos ficar juntos, ficando muito feliz.
Nós dois nos inscrevemos para as Universidades públicas para prestar
medicina, por ser onde tem os melhores cursos, mas me inscrevi em algumas
renomada que são particulares também, pois meus pais iriam pagar caso não
desse certo as públicas, mas a que fazia questão mesmo eram as federais.
Gustavo já não tinha uma família com poder aquisitivo muito bom para
pagarem uma faculdade de medicina, mas sempre foi muito inteligente e
esforçado, por isso estudávamos juntos, como era bolsista.
Quando recebemos o retorno da faculdade, nos parabenizando dizendo que
fomos aprovados a estudar lá, comemoramos muito, com a família e mais tarde
em sua casa.
Seus pais haviam ido viajar, e Gustavo estava com a casa só pra ele, pois o
irmão havia viajado com alguns amigos. Ele me convidou para irmos assistir um
filme, em sua casa e comermos uma pizza.
Sabia que poderia rolar alguma coisa a mais entre nós, pois toda vez que
ficávamos juntos o clima esquentava demais e eu já estava me sentindo pronta
para dar esse passo adiante, próxima de completar 18 anos, finalmente
namorando a pessoa que sempre fui apaixonada, confiava e era meu melhor
amigo acima de tudo. Por que não arriscar, afinal? Melhor ser com uma pessoa
assim, certo?
Foi pensando nisso que coloquei minha melhor lingerie, um vestidinho que
me caía muito bem, me perfumei, passando uma maquiagem leve.
— Pronto Kat, se rolar rolou. Você está pronta para dar esse passo com ele!
Saí de casa, pedindo um táxi até a casa dele.
Assim que Gustavo abriu a porta, meu coração acelerou ainda mais.
— Nossa Kat. — me olhou de cima abaixo com um olhar apaixonado,
voltando a me encarar. — Nossa... você está linda, mais do que já é.
Dei um sorriso a ele, que já me beijou me puxando pela cintura para dentro
de casa.
Fechou a porta com o pé sem me soltar, continuando nos beijando como
senão houvesse mais nada que importasse, que não fosse ele e eu.
Se afastou um pouco, me oferecendo.
— Quer beber alguma coisa? Sei que não está acostumada a ficar bebendo,
mas acho que hoje merecemos uma comemoração mais apropriada. — Me puxou
pela mão, pegando um champagne nas mãos com um sorriso de canto. — O que
acha?
— Hoje podemos abrir uma exceção, afinal é o início de um novo ciclo de
nossas vidas. Daqui dois meses iremos nos mudar para São Paulo, morar em
repúblicas, — respiro fundo, falando o que estou determinada a fazer — e
também podemos dar um novo passo em nossa relação a partir de hoje.
Ele me encara parecendo não acreditar no que falei, nós havíamos
conversado algumas vezes sobre isso, mas disse que ainda não estava pronta, mas
quando estivesse iria avisá-lo, sendo o que estou fazendo agora. Gustavo
cavalheiro que é, havia aceitado, sem me pressionar.
— Nossa, sério? — vem até mim, toca meu rosto enquanto diz. — Não
quero que se sinta obrigada a isso, eu aguardo o tempo que for por você.
Dou um passo à frente cortando o restante do espaço que há entre nós, lhe
dando um beijo calmo dessa vez, que responde o quanto estou certa do que quero.
Me afasto devagar, com um sorriso para ele.
— Eu estou pronta desde que seja com você!
Ele abre um sorriso ainda maior, me beijando novamente.
Após se afastar, abre o champagne, colocando uma taça para cada um de
nós, ainda me olhando parecendo não acreditar no que está prestes a acontecer.
Gustavo será meu primeiro homem, mas já possui bastante experiência
desde os seus quinze anos.
Nós subimos para o seu quarto, coloca algumas músicas românticas para
entrarmos no clima, bebemos os champagnes enquanto nos beijamos.
Gustavo começa a me despir calmamente, apesar de estar um pouco nervosa
por ser minha primeira vez e ter medo que machuque, confio nele cegamente, sei
que vai ser cuidadoso comigo.
Não tenho vergonha do meu corpo, apenas tenho receio de não ser boa o
suficiente para ele pela minha falta de experiência.
Mas não poderia estar mais enganada, pois fomos perfeitos juntos, ele foi
perfeito comigo, foi tudo maravilhoso, e quando terminamos, me senti flutuando,
olho para Gustavo percebendo que está me encarando com um olhar, que se
parece com fascínio. Me beija calmamente mostrando que está tão feliz quanto
eu, e quando termina nosso beijo se afasta um pouco dizendo o que nunca
imaginei ouvir de sua boca.
— Eu te amo Kat. — Meus olhos se enchem de lágrimas emocionada por
ver que estou sendo amada por ele, sorrio lhe beijando, demonstrando o quanto
lhe amo também. Quando termino de beijá-lo, seguro seu rosto com as duas
mãos, dizendo também pela primeira vez, mas o que já sei há muito tempo.
— Eu também te amo, Gu! — Dou um selinho nele — Você é o homem da
minha vida, sempre te amei e sempre vou te amar.
Depois disso, nos amamos novamente, mas agora com a certeza de que não
estávamos apenas transando, mas fazendo amor.
Após uma hora dessa maneira, pedimos pizza, enquanto não chega vamos
tomar nosso primeiro banho juntos.
Quando estamos nos enxugando Gustavo vira pra mim, se senta em sua
cama, me puxando pela mão para o meio de suas pernas, me segurando pelo
quadril me surpreendendo pela segunda vez, ouvindo o que jamais pensei ouvir
nessa mesma noite.
— Estava pensando há uns dias, e como vamos morar em república, por que
não vermos um apartamento pequeno próximo da faculdade e morarmos juntos
lá? — meus olhos se arregalam com seu pedido, pois não estava esperando por
isso. — Sei que ainda estamos há pouco tempo juntos, nem dois meses, mas nos
conhecemos a anos, eu quero ficar perto de você o tempo todo, e com os estudos
isso será difícil, é uma maneira de termos a nossa privacidade e ficarmos mais
próximos, o que acha?
— Nossa, não sei nem o que falar. — Paro, analisando a situação, ele
realmente está certo, mas não será um passo muito grande em tão pouco tempo de
namoro? Mas de fato, nem vamos nos ver direito por causa dos estudos, talvez a
gente estude na mesma sala, mas estaremos estudando, assim podemos ajudar um
ao outro, vou poder dormir com ele todos os dias. Nossa e meus pais, eles não
vão aceitar isso, mas quer saber, vou conversar com eles e é melhor com Gustavo
que eles conhecem do que com pessoas que não conhecemos, tomando minha
decisão nesse momento. — Quer saber? Acho uma excelente ideia, vamos morar
juntos!
Ele me levanta em seu colo, me fazendo soltar um gritinho com a surpresa,
me beijando e lá se vai outra comemoração essa noite.
Lembro de tanta coisa que aconteceu nesse ano, eu e Gustavo nos firmamos
em nosso namoro a tal ponto, que começamos a namorar e agora moramos juntos
aqui em São Paulo em um bairro próximo a faculdade.
Nosso namoro está mais firme do que nunca e não me arrependo em nenhum
momento da decisão que tomei.
Não estudamos juntos apesar de ser o mesmo curso, caímos em classes
separadas, mas tem suas vantagens, pois assim temos um pouco de distância para
não enjoarmos um do outro, se é que isso seja possível, mas nos intervalos
ficamos todos juntos, eu e Gustavo, os amigos dele e as minhas novas amigas Liv
e Sofi, que conheci logo no primeiro dia e nos demos super bem, nossa amizade
tem ficado cada vez mais forte.
Gustavo está preocupado em conseguir um trabalho de meio período para
ajudar com as despesas do apartamento, e com os materiais de estudo que
precisamos comprar que são muito caros.
Os pais dele ajudam no que pode, mas infelizmente não possuem tanta
condição para conseguir arcar com todas as despesas. Até tentei entrar no assunto
de pedir para os meus pais o ajudar com os materiais, pelo menos enquanto
estudamos, depois se ele se sentisse melhor devolvia quando começasse a exercer
a função, mas Gustavo não aceitou se sentindo ofendido, eu o entendo, por isso, o
que posso fazer é apoiá-lo a procurar um novo trabalho, já o custo com o
apartamento meus pais estão pagando, é visível que ele não está gostando, mas
está aceitando.
O que me preocupa é isso começar a afetar a nossa relação, por isso tenho
tentado apoiá-lo em suas decisões, pois não quero que isso vire uma barreira entre
nós.
CAPÍTULO 16

Nosso banho de banheira foi uma delícia, ensaboei Kat, que fez o mesmo
comigo, voltamos a nos beijar e consequentemente o clima esquentou novamente,
terminando com mais um sexo enlouquecedor.
Já transei com muitas mulheres, posso dizer sem sombra de dúvidas, que
essa tem sido as melhores transas que já tive.
Mais um item para a lista de qualidades de Kat. Após sairmos da banheira,
nos deitamos na cama, Kat colocou apenas suas lingeries e eu minha cueca.
Ficamos conversando entre um beijo e outro. Está deitada sobre meu ombro,
abraçando minha barriga, com uma mão seguro a sua e com a outra mexo em seus
cabelos. Não costumo ficar conversando depois de algumas transas, mas com Kat
isso vai acontecendo naturalmente, quando percebo já estou fazendo.
A música em som ambiente continua tocando, quando de repente Kat olha
pra cima encontrando meus olhos com um ar pensativo.
— A propósito, não estou mais namorando tá.
Dou risada por agora vir avisar isso, resolvo esclarecer para não pensar que
saio com mulher comprometida.
— Eu sei Kit Kat. — Franze as sobrancelhas se questionando como
obviamente eu sei. — Sua irmã me disse. — Relaxa a feição voltando a se deitar
em meu ombro. — Não saio com mulher comprometida, no dia que jantamos
juntos na semana passada, ela comentou que você não estava mais namorando,
inclusive no dia do jantar na casa dela, já não estava não é Katarina?
Ela dá risada, me fazendo rir junto dela.
— É realmente naquele dia já tinha terminado meu namoro, mas como ainda
não tinha contado pra ela e o Marcos falou que estava namorando, deixei você
acreditar que estava. — Dá de ombros. — Sei lá, não estava querendo me
envolver com ninguém, — Olha pra mim espantada com o que disse. — Não que
agora eu quero, pois não quero, apenas isso que estamos tendo, sexo e nada mais.
— Não sei por que uma parte de mim fica decepcionado em saber disso, mas
melhor assim, pois ambos queremos a mesma coisa, dessa maneira ninguém se
machuca.
A curiosidade, fala mais alto e quando percebo, estou perguntando.
— Por que terminou com ele?
Ela fica um pouco quieta, penso até que não vai me responder.
— Não estava dando certo, pensamentos e objetivos diferentes. — Simples
assim, sem muitos detalhes.
— Entendo. — Tento soar normalmente. — Quando chega nesse ponto é o
melhor a se fazer mesmo.
— E você já namorou? Ou só é esse solteirão, livre e desimpedido? — Rio
da sua pergunta, por lembrar de ter dito isso na balada quando dançamos juntos.
Não gosto de entrar em detalhes nisso, resolvo ser sem rodeios como foi.
— Namorei apenas uma vez, a mãe de Guilherme, depois disso vi que é
melhor ser solteiro. Sem compromisso, sem ninguém pra encher o saco, sem
reclamação. — Sem galho na cabeça, penso comigo mesmo dando de ombros —
estou melhor assim e não sinto falta sinceramente.
Desvio meus olhos dela, sentindo sua cabeça voltando a encostar em meus
ombros. Suspira, pensativa por alguns minutos, até que diz.
— Eu te entendo, é o que quero no momento.
— E você namorou apenas esse Henrique? — sinto seu corpo enrijecer
quando pergunto, percebo que devo ter tocado em algum assunto delicado para
Kat, que me responde de maneira sucinta.
— Tive mais dois namorados e sinto que já foi o suficiente.
Como percebo que não se sente à vontade pra falar no assunto, resolvo
mudar de assunto para não estragar o restante da nossa noite.
— Bom vamos parar de falar sobre ex, pois é um assunto que ambos não
gostamos muito pelo visto. — Faço uma careta de nojo pra tentar descontrair,
aparentemente dando certo pois a faço rir. — Quer comer alguma coisa ou beber?
— Aceito uma água.
— Vamos lá, então. — Me levanto, estendendo minha mão pra segurar,
descendo de mãos dadas para o térreo.
Tomamos água, conversamos alguns assuntos aleatórios sobre a casa, Kat
comenta alguns restaurantes bons que há aqui próximo e que adora a localização,
ainda mais por ser próximo do parque possibilitando correr com Bud.
— Durante a semana faço academia aqui perto antes de ir trabalhar, só corro
com o Bud quando não tenho consulta, ou quando minha primeira consulta é mais
tarde. — O assunto academia me interessou, pois estava interessado em me
matricular em alguma próximo daqui.
— Onde é a academia? Preciso voltar a malhar, desde que cheguei tenho
feito apenas os exercícios no quarto do hotel.
Ela ri, fazendo aquela cara sexy mordendo o canto dos lábios que deve ter
me imaginado malhando, não resisto me aproximando dela.
— Se você morder seu lábio assim, eu vou ter que te levar para o quarto de
novo e repetir tudo que fizemos. — Ela me abraça dizendo próximo de meus
lábios.
— Talvez eu morda o lábio mais vezes então.
E era tudo que eu queria ouvir, encosto meu lábio do dela, voltando a nos
devorar mostrando um ao outro o quanto queremos repetir novamente tudo que
fizemos até agora.
Quando acaba nosso beijo, ainda mantemos nossos olhares preso um ao
outro, ela quebrando o silencio entre nós.
— Se quiser, segunda posso te acompanhar na academia para conhecer, se
gostar de lá pode começar a frequentar.
— Ótima ideia.
De repente começa a tocar Not Today de Imagine Dragons, lembro de como
foi gostoso dançar com ela na balada, imagino como seria ainda mais interessante
dançar agora, apenas nós dois, com roupa íntima, abro um sorriso de canto, dou
dois passos para trás para manter distância, estendo a mão perguntando.
— Dança comigo?
Ela me olha admirada, sem hesitar responde.
— Claro. — Segura a minha mão, enquanto a puxo colando seu corpo quase
nu ao meu tirando outra risada dela, seguro sua cintura, ela envolve seus braços
em meu pescoço, começamos a dançar lentamente conforme o ritmo da música
sem desviar nossos olhares um do outro.
Quando estamos chegando no refrão da música, Kat fica na ponta dos pés —
pois agora está sem seus saltos — vem em minha direção me beijando,
tranquilamente como se quisesse aproveitar cada momento do beijo.
Após três músicas dançando enquanto nos beijamos, nosso fogo se reacende,
subimos para o quarto novamente com Kat pendurada em meu colo me abraçando
com as pernas da mesma maneira que fizemos da primeira vez para fazermos
nada mais, nada menos, do que aquilo que fazemos de melhor, dar prazer um ao
outro.
Desperto com o barulho de passarinho cantando, sinto um corpo quente
colado ao meu. Abro meus olhos lentamente quando vejo cabelos loiros
espalhados entre nós dois, Kat está deitada dormindo calmamente em meu braço,
olho pra baixo percebendo que está nua, como eu também e nota-se: dormindo de
conchinha.
Eu Derik Miller dormindo de conchinha!
Essa mulher conseguiu realmente despertar em mim o que nem sabia que
existia ainda. O que me surpreende ainda mais, é que não sinto a repulsa em sair
de perto dela, como quando alguma mulher dá a sugestão de dormirmos dessa
maneira, eu me esquivo. Mas agora, está sendo ao contrário, quando percebo
estou com um sorriso no rosto lembrando de todo o sexo esplêndido que fizemos
durante a madrugada toda.
Depois que subimos, transamos mais algumas vezes, até desabarmos na
cama para descansar um pouco, mas capotamos aparentemente.
Sinto meu corpo despertar apenas em ver seu traseiro delicioso encostado
em meu pau, subo minha mão devagar para acordar calmamente minha bela
adormecida, me assusto com o que acabei de pensar. Minha, rio do meu
pensamento, — foi apenas força de expressão porque ela está dormindo na
MINHA cama. — Volto a fazer o que meu pau está implorando, brinco fazendo
movimentos delicados em seu mamilo, e por incrível que pareça sinto reagindo
pra mim endurecendo igual quando está excitada. Kat se remexe um pouco, o que
me satisfaz em conseguir despertá-la para uma foda matinal, para assim
começarmos bem o dia. Sinto seu cheiro adocicado entrando em minhas narinas.
Seu cheiro vai ficar no meu travesseiro me torturando toda vez que for
dormir. Haja punheta hein, Derik.
Subo meu rosto até sua orelha esfregando a barba por fazer levemente em
seu cangote, percebo que se arrepia com meu toque, me estimulando ainda mais
para alcançar minha meta, dou um beijo casto em seu pescoço, subindo meus
lábios até o lóbulo da orelha dando uma leve mordida, ouço Kat suspirar com
meu toque soltando um risinho ainda de olhos fechados. Meu pau duro como
pedra encostando entre suas nádegas, cheio de desejo.
— Você já acorda assim, é? — Vira a cabeça levemente pra mim, me
observando com suas duas esmeraldas ainda mais reluzentes pela manhã,
pensando que não seria tão ruim assim acordar todas as manhãs com uma visão
dessa em minha cama. Abro meu melhor sorriso, esfregando meu queixo com
minha barba aonde já vi ser seu ponto fraco.
— Quem manda ser gostosa assim, não tenho como resistir.
Ela parece gostar do que ouve, nos encaramos por mais alguns segundos até
que se vira procurando o celular, encontrando na cabeceira, percebendo que já são
nove horas.
— Meu Deus, dormi demais... — Rio do seu comentário, porque o que mal
fizemos essa noite foi isso, a última vez que olhei pela janela já estava clareando.
— Tenho que sair daqui a pouco.
Quando ouço isso, sinto um certo incomodo, não que eu imaginei que
fossemos passar o dia todo juntos transando loucamente ou fazendo comida, e
coisas que casais costumam fazer, mas não imaginei que iria sair com outro logo
depois de mim.
Mas porque teria que ser com outro? Me repreendo.
Derik que porra você está pensando, primeiro vocês não têm nada, se ela
quiser sair com outro, ela pode sair e segundo, a última vez que você a julgou
errado descobriu que ela estava realmente com as amigas, porque já estava
solteira e você ficou achando que estava com o namorado.
Tento tirar esses pensamentos possessivos de dentro de mim, disfarçando
tentando soar normal.
— Na verdade o que mal fizemos essa noite foi dormir. — Sorrio de lado,
pois percebi que ela gosta. Volta a me olhar com riso nos olhos concordando.
— Realmente o que não fizemos hoje foi dormir. — Fica de frente pra mim
passando a mão pela lateral do meu corpo. — E foi ótimo ficar sem dormir dessa
maneira. — diz com um sorriso no rosto com uma piscada. — Mas se eu chegar
atrasada para o almoço, minha mãe vai me matar e eu não quero morrer ainda. —
Diz rindo, se aproximando me dando um beijo.
Tá vendo Derik, e você já achando que ia sair com outro, ela não é igual a
Alice, para de julgar todas como ela.
Recebo seus lábios, começamos a nos beijar calmamente, mas despertando
ainda mais meu desejo, que não vai se satisfazer apenas com um beijo, quando
termina se vira pra mim ainda com um sorriso.
— Bom dia gato, mas agora tenho que ir.
Quando vai se levantar, a puxo pelo pulso para a cama imprensando embaixo
de mim.
— Podemos fazer uma rapidinha de bom dia, — dou um selinho demorado
em seus lábios — nem vai te atrasar, prometo. — Dou minha piscada pra ela, que
a faz abrir um sorriso ainda maior.
— Como resistir a você?! — sendo apenas o que precisava ouvir. Volto a
beijá-la, mas animado por saber que minha manhã vai começar muito melhor
agora
CAPÍTULO 17

Estou chegando na casa de minha mãe, atrasada como imaginei. Mas como
resistir àquele deus grego logo cedo me agarrando, me levando nas alturas nos
poucos minutos que tivemos juntos quando acordei.
A cada quinze dias geralmente eu e Barbara vamos visitar nossos pais em
Sorocaba, ela passa em casa, e vamos juntos em um carro só. Como Nathan usa
cadeirinha é mais fácil irmos com o dela.
Estava saindo da casa de Derik próximo das dez horas, sendo esse o horário
que tinha combinado de Bárbara me buscar, saí da casa dele rapidamente afinal
era perto, não quis que me acompanhasse pois sabia do risco de Bárbara chegar
uns minutos antes nos pegando no flagra, ela não ia me deixar em paz, por isso,
prefiro evitar a fadiga, o que foi por pouco.
Quando comecei abrir a porta ouvi o barulho do carro dela estacionando,
mas não me dignei a olhar, porém Barbara foi rápida na perspicácia já
perguntando em tom alto.
— De onde que você tá vindo essa hora hein mocinha? Ou vai me dizer que
vai na casa da mãe com essa roupa toda sexy?
Droga!
Me viro devagar dando um sorrisinho de quem foi pega no flagra, brincando
com ela.
— Pensei em ir assim, acha que exagerei?
— Tá brincando né? Esqueceu que ela mora em uma fazenda?
Reviro os olhos voltando a abrir a porta.
— Claro que não, só vou me trocar rapidão. Podem entrar.
— Quelu vê o Bud mamanhê — ouço meu sobrinho falando.
— Você vai ver filho, sua tia sempre leva ele esqueceu? Mas vamos entrar
porque pelo visto vai demorar um pouco pra sairmos. — Bárbara bufa — Mamãe
vai nos encher a paciência, sabe como ela é com horário.
— VOU SER RÁPIDA, PROMETO! — grito ouvindo-os entrando em casa
enquanto subo apressadamente as escadas pra tomar um banho rápido como não
deu tempo de tomar na casa do Derik.
Chego ao quarto tirando minha roupa, entro no banheiro já ligando o
chuveiro. Quando me olho no espelho me sinto diferente, me sinto mais bonita,
mais leve, feliz, depois de uma boa noite de sexo como há muito tempo não tinha.
Tomo um banho rápido, lavando meu cabelo pra tirar o suor pós foda. Assim
que termino visto um shorts jeans junto de uma regata — pois apesar de estarmos
no final do inverno o tempo está ensolarado — penteio o cabelo rapidamente sem
nem me olhar no espelho direito, calço meu tênis descendo correndo pra sairmos.
Vejo que Barbara já deu comida para o Bud enquanto me arrumava, só pego
a guia dele, minha bolsa – a mesma que usei ontem, só por causa dos
documentos, não dá tempo de trocar.
— Pronto! — Chego esbaforida encontrando-os na sala. — Nem demorei
tanto. Meia horinha, nem vamos nos atrasar tanto assim.
Bárbara me olha com aquela cara que diz, quer enganar quem? — Já
dizendo.
— Vamos Kat, Bud já comeu.
— Vamos filho — Marcos chama Nathan enquanto eu e Barbara
caminhamos para o carro.
Marcos está trancando minha casa enquanto coloco Bud no porta-malas —
sempre retiramos a tampa dele pra ir junto conosco, até mesmo que o carro da
minha irmã é bem espaçoso.
— E aí vai me dizer aonde estava até agora? Ou vou ter que te torturar pra
me dizer.
Gargalho da sua delicadeza em tentar descobrir alguma coisa.
Não posso dizer com quem estava realmente, mas não preciso mentir
totalmente.
— Sai pra me divertir um pouco, só isso. — Dou de ombros enquanto fecho
o porta-malas.
— Isso eu já percebi gatinha, conheço ele? — Uhhh e como conhece hein —
Onde conheceu?
Pronto! Começou o interrogatório.
— Maninha, não foi nada demais, nos conhecemos numa balada, ele é muito
atraente, pegou meu telefone, me ligou convidando para sairmos e eu aceitei
enquanto posso. — Tento falar com a maior cara deslavada possível. — Só isso!
— Hum sei e pelo visto você aproveitou bastante né? — Fala rindo me
encarando.
— Sim, foi bem legal. — Bem legal? Sério Kat? Foi espetacular, melhor
noite da minha vida.
— Estou vendo. — Não entendo o que diz enquanto coloca Nathan na
cadeirinha. Depois se debruça sobre ele me alcançando no banco do passageiro,
puxando um pouco meu cabelo de lado apontando a cabeça. — Viu só como sei
que se divertiu?
Quando eu olho, não vejo nada, pego meu celular, colocando na câmera
frontal e então vejo.
Puta merda Derik.
O filho de uma boa mãe, me deixou um chupão enorme no pescoço,
conforme me arrumei rapidamente nem percebi como o cabelo está solto.
Droga!
Pego minha maquiagem na bolsa, passando desesperada tentando esconder,
porque se der um vento, qualquer um vê.
Desperto das minhas lembranças quando ouço meu sobrinho gritando.
— Tamu cegandu tia Kat. — Estendo minha mão em sua mãozinha
concordando.
— Sim lindinho, estamos chegando na casa da vovó.
Chegamos na casa de minha mãe próximo do meio-dia, quando vem nos
cumprimentar não perde a oportunidade.
— Nossa, pensei que fossem me deixar sozinha hoje.
— E eu sou ninguém agora? — meu pai se intromete fingindo chateação
com o drama de minha mãe.
— Claro que não meu bem, mas você, eu vejo todos os dias, elas não. —
Dou lhe um beijo em seu rosto abraçando enquanto digo.
— Desculpe mãe, tive um imprevisto acabei me atrasando, mas estamos aqui
para nosso almoço quinzenal.
— E que imprevisto hein. — Minha irmã me cutuca com seu cinismo.
Quando solto minha mãe, a repreendo com o olhar fazendo com que
gargalhe da minha cara.
Irmãos, pra que precisamos deles mesmo?
Vejo meu pai terminando de abraçar meu sobrinho e Marcos, me aproximo
indo cumprimenta-lo.
— Ei papai. — O abraço bem forte, sentindo meu porto seguro como todas
as vezes que estou nele.
— Minha filhinha linda, sua mãe me contou que fez o procedimento essa
semana. — Dou uma leve afastada mas encaixando meu braço no dele indo em
direção a casa. — Está ansiosa?
Suspiro com um sorriso no rosto.
— Estou sim papai, estou bem pé no chão, mas com esperança de que vai
dar certo, daqui uns quinze dias vamos descobrir se deu certo.
— Vai dar sim filha, se você está feliz com isso, também estou.
Meu pai sempre foi mais cabeça aberta que minha mãe, mais compreensivo.
Mas também sei que minha mãe pode não ter concordado com minha atitude, mas
será uma avó coruja com meu bebê.
Almoçamos tranquilamente, passeamos um pouco pela fazenda, contei sobre
o procedimento explicando que daqui aproximadamente quinze dias irei descobrir
se deu certo ou não a inseminação. Minha mãe já mais conformada com o
assunto, assente dizendo.
— Ainda preferia no método tradicional, mas o que está feito, está feito.
Dando certo, que venha com saúde te trazendo a felicidade que procura minha
filha.
Estendo minha mão sobre a dela com um sorriso no rosto lhe agradecendo.
— Obrigada minha mãe pelo apoio, isso é muito importante pra mim.
Seus olhos lacrimejam assentindo com a cabeça.
Assim passamos o restante da tarde, conversando animadamente, nos
divertindo com Nathan e Bud brincando no quintal dos fundos da casa, fizemos
bolo e depois partimos para casa.
Estamos voltando para São Paulo, quando Marcos comenta.
— Derik se mudou na sexta Kat, você já o viu?
Ai caramba, — estralo os olhos sem saber o que dizer — acho que sim,
talvez tenha dormido na cama dele essa noite por acaso. – Penso em dizer, mas
acabo optando por uma breve confirmação.
— Sim, o vi na sexta quando cheguei do trabalho, o caminhão estava
chegando com a mudança, conversamos um pouco.
Pronto falei a verdade, sem mentiras.
— Sério, que bom. Pelo menos você vai estar perto dele pra caso precise de
alguma dica, indicação ou algo assim.
Sim, será ótimo depois de saber como ele é ótimo na cama, ficar tendo
contato com ele que seja para lhe emprestar uma xícara de açúcar, é o vizinho
que sempre quis.
— É verdade, comentei da academia com ele que frequento, acredito que
vou o acompanhar na segunda para que conheça. — Dou de ombros voltando
meu olhar pra fora. — Como é perto de casa, se interessou.
— Verdade, tinha até esquecido dessa academia, ele comentou comigo
mesmo que precisava encontrar uma boa, próximo do trabalho, mas realmente
mais perto de onde mora, é melhor ainda. Ele pratica todos os dias, é bem regrado
em relação a isso.
É cunhado, percebi o quanto pratica, tudo muito bem definido.
— Ahan. — Me comprometo apenas em dizer.
Apoio minha cabeça na janela refletindo sobre o que me aguarda agora que
já saí com Derik.
Já tivemos nossa noite de sexo casual, dentro de alguns dias, minha vida
pode mudar radicalmente e estou torcendo por isso. Consequentemente, por mais
tentador que seja quando o ver, não posso cair mais em tentação.
Saímos, foi uma delícia, valeu a pena cada segundo juntos, mas agora
acabou.
Vou apenas me focar em qualquer outra coisa e chega.
Até mesmo porque Derik também só quer o mesmo que eu, logo, não tenho
com o que me preocupar. Não vou procura-lo para isso e acredito que ele também
não.
Apenas amigos agora, mas com uma certa distância. Na verdade, seria
apenas vizinho, amigos exige mais contato do que posso ter com ele.
Apesar de saber que isso é o correto a se fazer, não impede de sentir uma
pequena decepção interna que gostaria de aproveitar um pouco mais esse período
com ele. Mesmo sabendo que não será possível, pois isso só poderia me
atrapalhar.
E, Derik também não quer, só estou me sentindo assim por causa da noite
esplêndida que tivemos juntos, mas amanhã já estarei normal, com meu
pensamento em ordem.

Marcos e Barbara me deixam em casa no início do anoitecer, o cansaço por


ter tido poucas horas de sono está dando as caras, resolvo tomar um banho bem
relaxante, fazer uma pipoquinha enquanto assisto meu seriado do Grey’s
Anatomy.
Coloco ração para Bud, soltando-o no fundo do quintal para ficar mais à
vontade. Entro em meu banheiro, indo tomar meu banho, as lembranças da noite
passada voltam a visitar minha mente com nosso banho juntos me fazendo
suspirar com a sensação de satisfação que tivemos juntos, quando percebo estou
rindo sozinha me perguntando o que será que Derik está fazendo agora? Será que
está em casa descansando? Trabalhando? Ou já foi aproveitar a noite com outra?
Bufo comigo mesma mediante essa última possibilidade, não é possível que já
esteja na cama com outra, será que é tão rápido assim?
Bom, não me interessa!
Coloco um baby doll azul bebê de ceda bem confortável junto do meu robe
que faz parte do conjunto até o horário de dormir, pegando também uma manta
para levar ao sofá.
Desço na cozinha, faço uma pipoca de micro-ondas, e enquanto deixo
estourando, vou preparando meu seriado predileto.
Despejo as pipocas em uma tigela, indo para meu sofá, me enfiando debaixo
das cobertas, começando a assistir.
Quando vejo Derek com Meredith no decorrer do episódio rio ao lembrar
que até no seriado sou obrigada a me lembrar do meu vizinho gostoso, pois além
do mesmo nome, ambos possuem olhos azuis e cabelo escuro.
Incrível que quando você quer esquecer algo, até um seriado faz com que se
lembre. Arfo da minha grande sorte.
Estou no terceiro episódio quando ouço a campainha tocando, olho o relógio
percebendo que está próximo das nove horas, acho estranho pois não costumo
receber ninguém esse horário de domingo.
Bud já está latindo querendo ver quem é, mas mantenho ele no fundo do
quintal, amarro meu robe enquanto chego a porta, dou uma espiada pelo olho
mágico, sentindo meu coração disparar com a visão que tenho.
Me afasto, dando uma olhada em como estou vestida, dou uma leve
arrumada em meu pijama, abrindo a porta para Derik.
Ele levanta o rosto encontrando meus olhos mostrando todos os seus dentes
perfeitamente brancos.
— Olá vizinha. — Abaixa seus olhos azuis percebendo que já estou vestida
pra dormir, sinto seu olhar queimar em meu corpo parecendo aprovar a roupa que
uso. — Estava dormindo?
— Não, estou assistindo série. — Sinto meu coração acelerar cada vez mais
mediante a sua presença, mas respiro fundo tentando agir normalmente. Kat, você
precisa se acostumar com a presença dele. — Quer entrar?
Ele assente entrando em minha casa, fechando a porta enquanto observa a
sala.
— Grey’s Anatomy? — me pergunta rindo. — Por que isso não me
surpreende? — diz colocando as mãos em seus bolsos da calça.
— Sou médica, sou suspeita para falar sobre o assunto, você gosta?
— Já assisti alguns episódios, apesar de preferir Game of Thrones.
— Ouço falar muito bem deles, mas ainda não assisti, quer pipoca? — não
sei exatamente como me comportar ao seu lado, ainda está muito recente a noite
que tivemos, vou indo para a sala me sentar no sofá, vendo Derik me
acompanhar.
O que será que ele veio fazer aqui a essa hora?
— Aceito sim. — Se senta ao meu lado começando a comer pipoca do meu
pote que ainda estava na metade, pois já estava satisfeita.
Só de sentir seu corpo próximo, meu corpo traiçoeiro desperta a vontade de
sentir tudo novamente da noite anterior.
— Como foi o almoço? Se atrasou muito? — pergunta divertido por saber
que ele foi o motivo do meu atraso.
Reviro meus olhos para ele, me lembrando de um detalhe muito importante.
— Minha mãe ficou com seus dramas pelo nosso atraso, e tive que passar
por um imenso interrogatório de Barbara que me pegou abrindo a porta quando
chegou, percebendo que dormi fora querendo saber com quem estava. — Ele
gargalha de mim, pois sabia que era justamente dela que tentei fugir, não
deixando que me acompanhasse.
— E você? Falou que estava comigo? — soa curioso.
— Não, né. — Ele franze o cenho me sentindo na obrigação de explicar o
motivo. — Acontece que ela já fica com suas indiretas em relação a nós dois, se
eu dissesse que estávamos juntos, já ia começar a preparar meu enxoval, para nos
casarmos daqui a seis meses.
Derik arregala os olhos me fazendo gargalhar agora.
— Nossa sério que ela é assim em relação a você? — Assinto pra ele.
— Ela quer que eu encontre a pessoa certa, tem esperanças de que vou
encontra-lo e me casar. — Dou de ombros voltando a olhar para a televisão. —
Mas eu não estou procurando e sinceramente nem acredito mais nisso, sou feliz
comigo mesma, não preciso de uma pessoa ao meu lado pra me sentir completa.
Volto a olhar Derik vendo que está me encarando pensativo com o que disse.
Seu silencio me incomoda, como se estivesse me analisando, volto a tagarelar
para quebrar o silêncio.
— Estou brincando que iria querer nos casar, mas que de fato iria criar
expectativas para nós dois, isso sim iria acontecer, por isso não quis dizer com
quem estava.
— E o que disse? — pergunta em um tom rouco baixo.
— Apenas que era alguém que conheci na balada, pegou meu contato me
ligou me convidando para sairmos e dormimos juntos.
Derik estreita os olhos, levanta sua mão tirando uma mecha de cabelo que
caiu em meu rosto, colocando atrás de minha orelha.
— Falando em telefone, me empresta o seu celular um momento?
Estranho seu pedido, mas o alcanço em cima do painel da sala entregando-o.
Vejo que está digitando alguma coisa, ouvindo um celular vibrar, me
devolvendo meu celular.
— O que você fez? — pergunto confusa.
— Nada demais, só liguei pra mim do seu celular. — Responde com um
olhar travesso.
— Era só pedir, que eu te dava meu contato.
— Pra você deixar nas mãos do destino de novo? — balança a cabeça em
negativa. –— Pronto, já me resolvi com o destino, ele fez eu pegar por mim
mesmo seu número.
— Só você mesmo. — Digo tentando segurar o sorriso em meu rosto por ele
ter dado um jeito de ter contato comigo, mas falho em disfarçar, voltando meus
olhos para o seriado que nem sei o que tem acontecido mais. — E pra que quer
meu contato se agora é meu vizinho?
— Não sei, nunca se sabe. Amanhã mesmo uma vizinha gostosa ficou de me
acompanhar na academia para que eu conheça, mas não combinou o horário
comigo. Caso eu não a encontre, agora tenho o contato dela para combinar o
horário.
— Você é bem ligeirinho né? — Se vira um pouco de lado colocando um
abraço envolta de meus ombros me aproximando mais dele. — Você já pensou
que talvez sua vizinha gostosa tenha feito isso de propósito?
— Sim já pensei, ela costuma ser bem fujona. — Aproxima seu rosto do
meu, passando a ponta do nariz pelos meus lábios. — Por isso já me resolvi com
o destino.
Meu corpo anseia pelo seu, estou segurando minhas mãos uma na outra para
impedir que o agarre, preciso ser forte, mas a guerra entre minha mente e meu
corpo está grande. Minha mente me recorda que preciso me afastar, já meu corpo
lembra de cada toque, de como ficamos bem juntos, fazendo meu cérebro pensar
que só mais uma vez não fará diferença.
Derik desisti de resistir, segura minha nuca com a mão que estava em meu
ombro colando nossos lábios um ao outro, aceito seu beijo recebendo sua língua
junto da minha mandando minha razão para o espaço.
Só mais uma vez Kat, é a última!
Determinando isso comigo mesma, me entrego de vez ao beijo, subindo
minha mão até seu rosto, enquanto a outra passeia por seu abdômen alcançando
seu peito, abraçando seu pescoço. Derik segura minha cintura me puxando para
seu colo, fazendo com que me deixe sentada sobre ele com uma perna de cada
lado.
Suas mãos percorrem por todo meu corpo tentando amenizar o desejo que
despertamos um do outro, abre o cinto do meu robe retirando-o de mim sem
desgrudar nossos lábios.
Alcanço sua camiseta polo, puxando desesperadamente para cima a fim de
me livrar delas para que sinta seu corpo junto ao meu. Ele encontra meus seios
soltando um gemido em minha boca.
— Porra Kat, você está sem sutiã. — Sorrio em sua boca feliz por ter
vestido essa roupa mesmo que não imaginasse o que ia acontecer. Ele massageia
com o polegar meu mamilo ainda por cima do meu baby doll revezando com
beliscões. Jogo minha cabeça pra trás com o tesão que isso me dá, me remexendo
sobre seu sexo ainda sobre a bermuda que usa.
Derik beija meu pescoço, minha orelha de maneira a me excitar ainda mais.
Abaixo minhas mãos por seu corpo encontrando o cós de sua bermuda, soltando
seu cinto, dou uma pequena levantada apoiando meu corpo em meus joelhos,
puxando seu pau ereto enorme para fora, massageando enquanto Derik solta
alguns gemidos ao sentir meu toque, abaixa meu baby doll liberando meus seios,
chupando-o com força, sua mão volta a beliscar meu mamilo duro intumescido, a
outra desce por meu corpo passa por cima de minha roupa, afastando meu shorts
encontrando meu sexo, me fazendo gemer com seu toque.
— Prontinha pra me receber Kat.
— Sempre. — Parece gostar de minha resposta, pois com seu olhar
malicioso começa a penetrar um dedo dentro de mim voltando a devorar meus
lábios.
Derik retira sua mão que estava em meu seio, sinto ele dar uma pequena
levantada com seu quadril como se estivesse pegando algo em seu bolso, retira
seu dedo que estava me penetrando ouvindo o rasgar de uma embalagem,
compreendendo o que estava buscando.
Afasto meus lábios do seu, percebendo que vai inserir a camisinha, retirando
minha mão do seu pau para que coloque. Enquanto vai colocando retiro meu
shorts, retornando a sentar em seu colo.
Percebo que admira a lingerie que uso aprovando com seu olhar de predador,
acariciando minhas coxas definidas com suas mãos.
— Como pode ser tão gostosa assim?
— Estou me perguntando o mesmo de você? Fica difícil resistir desse jeito.
Ri do meu comentário, me levantando pelo quadril, afastando minha
calcinha para o lado me penetrando de uma vez.
Começo a cavalga-lo enquanto me ajuda com as mãos em meu quadril, seus
lábios voltam a chupar meu seio enquanto minhas mãos agarram seus cabelos
ainda úmidos.
Nos beijamos, nos acariciamos, enquanto estoca cada vez mais forte dentro
de mim vindo ao meu encontro num ritmo perfeito.
Gemo com o prazer que me envolve, virando meus olhos com o que esse
homem me faz sentir.
Sinto seus lábios me mordendo levemente, chupando meu pescoço, puxando
meu lábio inferior com seus dentes.
Meu corpo sente o orgasmo se aproximando, me fazendo arquear meu corpo
ainda mais com o tesão que me envolve, tento avisa-lo.
— Derik... — gemo em seu ouvido. — Ah...vou... gozar.
— Goza pra mim gostosa.
Não consigo resistir mais, explodindo em prazer, me deixando derrubar em
seus ombros.
Derik se levanta comigo no colo, me colocando no sofá saindo de dentro de
mim ordenando.
— Empina essa bunda gostosa pra mim.
Na mesma hora subo no sofá me apoiando empinando meu traseiro pra ele.
Derik puxa meu quadril ao seu encontro metendo forte em mim do jeito que
gosto, uma de suas mãos envolve meu cabelo em um rabo de cavalo o puxando
enquanto mete gostoso, urrando com sua excitação. Sinto outro orgasmo se
aproximando conforme mais força coloca em mim, fazendo com que gozemos ao
mesmo tempo.
CAPÍTULO 18

Quando Kat foi embora mais cedo, tomei um banho voltando pra cama na
sequência, afinal praticamente não dormimos.
Senti seu perfume me envolver em meu travesseiro, me recordando da noite
em que tivemos e assim adormeci.
Por volta das três horas da tarde acordei, me sentindo descansado, porém
inquieto, a todo momento olhando o horário no celular, verificava se havia
alguma notificação de mensagem interessante.
Mas não havia.
Recebi mensagem de algumas mulheres que já sai querendo me encontrar,
como também de Vini me convidando para nos encontrarmos, mas nenhuma delas
me interessam, de quem eu queria receber, não recebo.
— Droga! — Me repreendo ao constatar o mais importante. — É claro que
ela não ia mandar nada, não trocamos o número de telefone. — Reviro meus
olhos mediante não ter pensado nisso antes.
E mesmo que tivéssemos, por que receberia senão temos o costume de trocar
mensagens?
Rio comigo mesmo de estar tão paranoico a esse ponto, geralmente saio com
alguma mulher, ela vai embora e vida que segue, não fico me torturando se recebi
ou não alguma mensagem dela. Isso nunca me interessa, e por qual motivo agora
estou aqui pensando nisso?
Abro a geladeira pegando uma garrafa com água, bebendo um gole enquanto
penso.
Derik, vida que segue, foi uma transa deliciosa, mas acabou, você conseguiu
o que queria e agora pode voltar a ficar com mulher nova como sempre fez.
— É só empolgação do novo, é isso! — afirmo pra mim.
Após terminar minha água, resolvo dar uma corrida no parque pois preciso
espairecer e quem sabe me animar de sair com Vini mais tarde.
Visto uma roupa mais leve de corrida, ligo minha playlist no Spotfy saindo,
mas não sem resistir em olhar a casa de Kat quando passo em frente, para ter
certeza de que ainda não chegou.
Vejo que seu carro está na garagem, dificultando meu conhecimento.
Bufo com raiva de mim.
Ela está lá com a família dela, nem lembra que você existe, e você está aqui
olhando sua casa pra saber se já chegou? Que patético Derik.
Balanço a cabeça em negativa irritado comigo mesmo, seguindo em frente
com minha corrida.
Correr realmente me ajudou a distrair minha mente, me exercitar sempre me
auxiliou quando fico nervoso com alguma coisa ou ansioso.
Vejo uma mulher muito atraente me encarando com um sorriso convidativo
quando paro para beber água, mas isso não me atrai a ir lá puxar papo com ela, é
no sorriso perfeito de uma loira com olhos cor de esmeralda que me lembro.
Aceno com a cabeça para a loira do parque voltando a minha corrida.
Deve ter sido a quantidade de sexo que fizemos essa noite, ainda está muito
recente tudo que fizemos, por isso estou me sentindo assim, sem querer outra
mulher, amanhã já vou estar no meu normal.
Continuo correndo por uma hora finalmente me sentindo cansado,
resolvendo voltar a minha casa.
Ao chegar em casa vou direto ao quintal, minha cabeça está a mil por hora, a
corrida ajudou temporariamente, agora só me resta o cansaço. No caminho coloco
minha playlist na caixa de som portátil levando junto para o quintal, chego já
tirando minha camiseta, bermuda, mergulhando de cueca mesmo na piscina,
porque é isso que preciso, de água gelada para refrescar meu corpo e minha
mente.
Fico nadando até cansar, deitando na beira da piscina aproveitando o sol de
fim de tarde, já está próximo das cinco, daqui a pouco escurece e a temperatura
volta a cair nesse final de inverno.
Os pensamentos voltam com tudo, lembro do beijo de Kat, do seu toque, do
seu gosto, de ouvi-la gemendo no momento que alcança ao clímax, quando
percebo sinto meu corpo reagindo com suas lembranças. Abaixo meu olhar até
meu pau já o vendo ereto.
— Sério? — rio voltando a me deitar colocando meu antebraço em cima de
meus olhos tentando acalmar meu corpo.
Pelo visto uma noite inteira transando com ela e hoje de manhã nos
despedindo não foi o suficiente para enjoar.
É isso, só pode ser!
Já sai uma vez ou outra mais de uma vez com a mesma mulher, não é sempre
que acontece, mas já aconteceu, então se acontecer com a Kat não será nada
demais, estarei apenas fazendo isso para tirar ela da cabeça.
Depois enjoo como sempre acontece, seguindo pra próxima.
Ela também deixou claro que não quer nada sério, e eu com minha
experiência de vida sei que também não quero, afinal, relacionamento exige
confiança, coisa que não possuo por mais ninguém, não apenas por mulher, mas
qualquer pessoa.
Tenho meus amigos que me dou bem, Marcos é o único que posso dizer que
está próximo de minha confiança, mas mesmo assim não consigo confiar 100%
nem nele, em ninguém mais.
Se nem em minha família que deveria ser meu ponto forte pude confiar,
quem dirá em um amigo ou em outra mulher.
Nunca mais me deixarei ser fraco a esse ponto.
Bufo comigo mesmo ao lembrar disso, pois é um assunto que costumo
deixar trancado a sete chaves, ninguém sabe, nem pretendo que saibam.
Marcos é uma pessoa que sabe um pouco a respeito, pois precisei da ajuda
dele com a empresa quando descobri tudo até resolver meus problemas, mas nem
ele sabe em detalhes, como é discreto respeitou meu espaço sem ficar me
questionando, apenas me apoiou.
Por isso me deu a maior força de vir embora para São Paulo quando
comentei da distância que estava de Gui, ele sabe o quanto é difícil pra mim vir
morar próximo de Alice, mas apesar de estarmos na mesma cidade, fiz questão de
morar do outro lado, para não ter risco de cruzar com ela pela rua, a não ser
quando tenho de pegar Guilherme, fora isso, evito qualquer contato.
Ouço um carro passando com som alto tocando Suíte 14 e me pego sorrindo
ao lembrar de quando eu e Kat dançamos na balada, levanto indo até meu celular
vendo que está próximo das seis, me lembrando que Kat se ofereceu de ir comigo
até a academia no dia seguinte mas não combinou nenhum horário, o que faz de
mim ter a desculpa perfeita para fazer uma visitinha quando chegar.
Deixo meu celular novamente em cima da mesinha da churrasqueira
correndo mais animado agora até a piscina para um novo mergulho.
Só preciso ficar de olho no momento em que chegar.
Após ter feito a janta, tomo um banho relaxante para ir procurar por Kat, vou
até a varanda da sala olhando para sua casa, percebendo que as luzes já estão
acesas, indicando que já chegou.
Após me arrumar, passo um perfume, coloco duas camisinhas no bolso,
afinal, nunca se sabe o que pode acontecer né, — melhor estar prevenido – penso
rindo.
Pego meu celular indo em direção a porta, tranco minha casa seguindo em
direção a casa de Kat, sentindo um nervoso que não é do meu costume.
E se ela estiver acompanhada?
E se não quiser me ver?
E se estiver dormindo?
— Calma Derik, — falo em tom baixo para apenas eu ouvir, me acalmando
— você só vai lá combinar o horário de amanhã, e deixar rolar.
Estava impaciente aguardando Kat me atender, pensando se realmente fiz
certo em vir. Mas quando abriu a porta e a vi, todas as minhas dúvidas e
nervosismos foram embora. Estava linda vestida pra dormir, como pode ser linda
assim até pra dormir?
O resto foi consequência, percebi pelo olhar dela que me desejava tanto
quanto eu, não resistindo mais beijando-a.
Estamos os dois ofegantes após nos darmos prazer, Kat voltou a sentar em
cima de mim me encarando com seus lindos olhos, me fazendo questionar o que
será que tanto pensa.
Será que se arrependeu?
Quando crio coragem para lhe perguntar isso, aproxima seus lábios dos
meus, me beijando calmamente, deixando minhas dúvidas se dispersarem.
Se afasta ainda segurando meu rosto com suas mãos, perguntando com seu
sorriso estonteante.
— Quer assistir um filme? — por mais estranho que pareça ser, pois nunca
tenho o costume de assistir nada com as mulheres com quem saio, na verdade,
depois que transo com elas vou embora, ou começo o segundo round.
Mas com Kat tem sido tudo diferente, não quero ir embora ainda, não estou
pronto para me despedir, abro meu melhor sorriso aceitando.
— Claro.
Me dá um selinho, saindo de cima de mim, admirando sua bunda gostosa
enquanto coloca seu shorts do pijama, me pegando em flagra.
— Nem vem com essa cara de tarado, — gargalha — acabamos de transar,
fizemos de manhã, vamos assistir um filme agora, preciso descansar porque uma
certa pessoa, não me deixou dormir a noite toda e amanhã trabalho sabe.
Levanto indo ao seu encontro, abraço-a lhe roubando um beijo que retribui
sem pestanejar.
— Vou deixar você descansar, escolhe o filme. — Dou um selinho indo ao
toilette da parte de baixo para jogar a camisinha fora.
Quando volto, coloco minha camiseta para não dar a impressão de que estou
provocando-a, parecendo agora sim uma pessoa comportada, por mais que
minhas intenções com ela nunca sejam.
— Você gosta de romance?
— Gosto mais de ação, mas assisto também. — Sento no sofá sem saber
como devo me comportar, se posso abraça-la ou será apenas como amigo.
Mas Kat resolve esse momento para tirar minha dúvida, quando diz.
— Senta aqui pra eu deitar em você. — Sendo toda a desculpa que eu queria,
me aproximo dela enquanto inclina se encaixando embaixo do meu braço. Sinto o
cheiro perfumado de seus cabelos em minha narina não resistindo deslizando
meus dedos por eles enquanto começa a passar o filme que escolheu.
— Coloquei Amor com data marcada, parece ser legal, está bem avaliado na
Netflix, pelo menos.
— Vamos ver se você tem bom gosto pra filme.
— Tenho sim, sou uma mulher de muito bom gosto.
— Verdade, estou aqui. — Rio recebendo um tapa no abdômen.
— Para de ser convencido, — finge uma seriedade que não tem, — vamos
assistir agora.
O filme começa a passar e apesar de não ser o gênero que costumo assistir
fico interessado no desenrolar da história, ainda mais pela companhia que estou.
Já passou de uma hora de duração, percebo que Kat está muito quieta, de
repente envolve um braço em minha barriga, inclino minha cabeça levemente
para frente vendo-a dormir calmamente, não resistindo em admirar como parece
um anjo dormindo. Tão linda.
Quando o filme acaba, pois afinal eu queria saber o final que ia ter, resolvo ir
embora permitindo que descanse.
Pego-a em meu colo com cuidado, resmungando algo sem sentido, mas não
acorda, mostrando que realmente está muito cansada. Conforme vou subindo para
seu quarto seus cabelos caem para trás me permitindo ver uma marca de chupão
que deixei na noite anterior, me fazendo rir baixinho e satisfeito por ter feito isso,
afinal qualquer homem que ver isso pode imaginar que tem namorado.
Deito-a na cama cobrindo com seu edredom, não resisto acariciando
levemente seu rosto, me aproximo lhe dando um selinho, dizendo em tom baixo
próximo de seus lábios.
— Durma bem Kat.
Dou um último selinho nela, me afastando. Apago as luzes da casa, tranco a
porta jogando a chave por debaixo dela para Kat abrir pela manhã, indo embora
para minha casa.
Chego em casa satisfeito com a noite que tivemos, apesar de diferente,
interessante, leve.
Me peguei querendo deitar ao seu lado na cama acordando novamente ao seu
lado, mas achei ser algo muito além do que devemos ter, já dormimos juntos a
noite anterior, dormir juntos de novo já será demais.
Alcanço meu celular salvando o número dela, não resistindo em mandar uma
mensagem para que veja ao acordar.
Após me trocar para dormir, me deito em minha cama ainda com seu cheiro,
me sentindo satisfeito com meu final de semana.
CAPÍTULO 19

Ao despertar me sinto descansada quando me espreguiço, as lembranças do


dia anterior vão voltando aos poucos me recordando que estava com Derik
quando adormeci assistindo filme, olho ao meu lado não o encontrando, mas
percebendo que fez questão de me trazer até a cama sem me acordar.
Uma parte de mim fica feliz com sua preocupação com meu descanso e
cuidado, mas outra parte se sente mal por ter adormecido com ele aqui.
Pego meu celular para ver a hora, vendo que já são cinco e vinte, mostrando
que meu alarme está próximo de despertar, abro meu aplicativo de mensagens
pois mal mexi nele nesse final de semana com toda a correria, vendo uma
mensagem de um número desconhecido ontem à noite, sinto meu coração se
acelerar quando percebo quem é na foto de perfil, abrindo a mensagem.

Derik: Hei Kit Kat, você apagou no meu colo assistindo o filme e não
tive coragem de te acordar como estava dormia tranquilamente. A levei para
seu quarto e fica tranquila que apesar da tentação não abusei de você rsrs.
Apaguei as luzes, tranquei a porta e joguei a chave da entrada por debaixo
da porta para abrir pela manhã, como não sei se tinha uma reserva.

Termino de ler a mensagem com um sorriso no rosto com todo seu cuidado,
resolvendo responde-lo.

Kat: Bom dia, Derik, desculpa ter adormecido com você aqui, realmente
estava muito cansada, acordei apenas agora rs. Obrigada por todo cuidado,
eu tinha uma chave reserva sim, poderia ter levado e me devolvido depois =P

Tentei mandar uma mensagem tranquila sem mostrar minha animação por
ter se preocupado comigo na noite anterior, se justificando com tudo que fez após
sua saída. Percebo que a mensagem já foi visualizada e está respondendo me
causando um alvoroço no estômago.

Derik: Bom dia Kit Kat, percebi que estava cansada, meu corpo é bem
confortável, obviamente ia dormir melhor sobre ele rsrs. Não precisa revirar
os olhos, sei que adorou dormir agarradinha comigo. Bom saber da próxima
vez trago a chave, assim posso invadir sua cama pela madrugada quando
menos esperar hahaha.

Leio a mensagem dando risada de como consegue ter esse jeito sedutor e
irônico até quando acorda, sendo convencido essa criatura, mas jamais vou
admitir que está certo, e realmente me senti muito confortável como há muito
tempo não sentia me permitindo dormir.

Kat: Mas como você é convencido até quando acorda hein, estava
apenas cansada, ia dormir até sobre um sofá duro do jeito que estava =P. E
sobre invadir minha cama, não se esqueça que posso pensar que é um tarado
doido me assustando e acabar te castrando acidentalmente, afinal sei lutar
Taekwondo.
Derik: Mas quem disse que não será um tarado? Afinal quando estou do
seu lado eu fico totalmente louco por você! Bom saber que sabe lutar
Taekwondo, mas saiba que também sei lutar isso, por isso sei me defender ;)
Kat : Ual, mais uma coisa que não sabia sobre você, gostamos do mesmo
estilo de luta... bom saber. E sobre você ser tarado comigo, acho que já
percebi depois desse final de semana, mas não posso falar muito porque não
tenho ficado atrás.

Não acredito que falei essa última parte, mas quando percebi já escrevi. Até
pensei em apagar, mas como estamos conversando simultaneamente não deu
tempo. Mas não adianta mentir pra mim mesma, é fato que química nós temos um
com o outro, nos demos muito bem na cama, não estou admitindo nada que não
tenhamos percebido.

Derik: É, aparentemente há muitas coisas que temos em comum Kit


Kat, e não é apenas da luta que digo, mas também do jeito que nos demos
bem na cama.
Kat: Isso não posso discordar de você, você tem sido uma caixinha de
surpresas.
É nesse momento que meu alarme desperta, me trazendo para a vida real
lembrando que tenho que me arrumar para ir trabalhar, pois a semana está apenas
começando.
Kat: Vou ir me arrumar para trabalhar, bom trabalho e um bom dia
Derik.
Derik: Bom trabalho Kit Kat, e não se esqueça de me falar o horário
que vai comigo na academia para eu me programar não te deixando
esperando.
Kat: Nossa verdade, já tinha esquecido rs. Geralmente vou agora, mas
vamos as sete da noite pode ser? Acredito que pra você será melhor esse
horário, agora seria muito corrido.
Derik: Combinado, te pego aí as sete. Bom trabalho novamente e boa
semana =D.
Kat: Ok, te espero aqui. Obrigada, pra você também uma excelente
semana!

Não resisto, abrindo a foto do perfil de Derik, admirando como pode ser tão
gato, nela está de perfil com um óculos modelo aviador preto com o mar de fundo
azulado, no mesmo tom de seus olhos, os cabelos bagunçados, mas de um modo
que o deixa ainda lindo e sem camiseta, exibindo seus músculos bem definidos.
— Como não dizer que é um deus grego um monumento desses? —
Pergunto pra mim mesma.
Fecho a foto de perfil dele, salvando seu contato em minha agenda, me
questionando como as mulheres devem cair em cima dele, tendo uma aparência
dessas.
Já tive uma breve noção pelo que presenciei na balada. — me recordo
revirando os olhos ao lembrar daquela vadia.
Suspiro me levantando, resolvendo ir malhar mesmo tendo que voltar a noite
lá com Derik, preciso tirar ele de minha cabeça, afinal se envolver com uma
pessoa que deve ter inúmeras mulheres em cima dele todo instante, não é do que
preciso no momento.
Já aproveitei com ele no final de semana, até no domingo, que nem era
minha intenção. Agora o melhor é evitar toda essa aproximação, pra evitar dores
de cabeça futuramente.
Homem bonito é sinônimo de problemas, e problemas já tenho o suficiente.
Não estou dizendo que meus últimos namorados foram feios, claro que não,
mas depois de...
Balanço a cabeça como se isso fosse fazer meu pensamento evaporar, pois
não quero nem pensar nessa criatura de novo. Nunca mais!
Desço cuidar de Bud, brinco um pouco com ele, após fazer um ovo mexido,
tomando meu Whey vou me arrumar para ir malhar, pois é isso que preciso,
queimar energia.
Após voltar da academia a pé, como sempre faço, tomo meu banho indo
trabalhar.

A manhã passou rapidamente, com uma consulta atrás da outra. No intervalo


de uma delas vejo meu celular gritando praticamente de tanto vibrar notificando
o recebimento de mensagens, me fazendo dar uma olhada quem é o desesperado
ou desesperada.
Percebo que há diversas mensagens de Sofi e Liv em nosso grupo desde
domingo de manhã, me fazendo rir alto com o tamanho da curiosidade das duas,
incrível que Sofi mesmo estando atendendo aqui ao lado, está me mandando
mensagem também a cada intervalo de consulta, além do bate papo do
consultório que temos.

Domingo

9:00 Liv: E aí Kit Kat, nos conta como foi com o gato ontem?
9:05 Sofi: Liv, provavelmente esse horário eles estão juntos ainda, só se a
noite deixou a desejar e não terminaram juntos.
9:06 Liv: Verdade, é a curiosidade. Kit Kat, quando dispensar o gato, nos
conte como foi.
13:10 Sofi: E aí amiga, agora já está sozinha né, nos atualize por favor.
13:15 Liv: Kit Kat, você quer que eu termine de roer minhas unhas? Você
está conseguindo.
14:10 Sofi: Caramba, nem pra dar uma resposta Kat, a noite deve ter
sido ótima hein. Foi pra sua mãe hoje né? Senão ia aí na sua casa agora fazer
você desembuchar.
14:20 Liv: Acho que está fazendo de propósito, só pode, sabe as amigas
curiosas que tem e está tentando aumentar nossa curiosidade.
14:21 Sofi: Será que estão juntos ainda? Não é possível.
14:22 Liv: Será?
14:23 Sofi: NÃO
14:23 Liv: Com certeza Nãooo
14:24 Liv: Só deve estar com a família agora, sem ver as conversas, mas
poderia ter respondido de manhã.
14:25 Sofi: Bom... vamos aguardar né. É o que nos resta :S

To me rachando de rir dessas minhas amigas mega curiosas, meu Deus,


como se nunca saísse com ninguém, se eu fosse ficar assim com cada um que elas
saem ficaria só no celular, principalmente com Sofi.
Mas não parou por aí.

20:30Sofi: Cri cri, cri cri...


20:35 Liv: (Figurinha de caveira com mensagem, aguardando você me
responder)

— Dramáticas... – resmungo.

21:00 Sofi: Ah não, vou mandar alguém resgatar você desse jeito, não é
possível.
21:10 Liv: Amiga, você está bem? Estou começando a me preocupar.
21:15 Sofi: Nem pra atender o telefone? Tá de brincadeira Kat, vou ligar
pra sua irmã.
21:16 Liv: Isso liga, não deve ser nada sério, mas o seguro morreu de
velho né.
21:20 Sofi: Poxa Kat, vou matar você amanhã sabia! Liv, Bárbara falou
que está ótima, realmente foram pra Sorocaba hoje mas disse não ter visto
ela com o celular e que não deve ter tido tempo de responder como ficou a
noite fora, pois quando chegou pra busca-la para saírem, ela estava
chegando com a maior cara deslavada da rua.
21:21 Liv: Hahaha, isso mostra como a noite foi boa hein Kit Kat. Mas
isso não vai impedir de te matarmos amanhã, ou melhor, deixo isso pra Sofi
como não vou te ver, mas ligo pra te xingar depois do trabalho de toda
maneira.
21:22 Sofi: Pode deixar Liv que mato ela por nós duas.

Segunda-feira

7:30 Liv: Bom dia meninas lindas, e aí Kit Kat vai acabar com a greve de
silêncio ou vai continuar nos aterrorizando.
8:03 Sofi: Bom dia gatonas, pelo visto alguém ainda não mexeu no celular
hein.
9:05 Liv: Nossa, o que aquele gato fez com minha amiga que tirou ela dá
vida social?
9:30 Sofi: É tem gente que deve estar nas nuvens hein, para nem lembrar
de nós pobres mortais.
10:15 Liv: É amiga, fomos trocadas pelo visto, é o que nos resta, ficar na
curiosidade pra saber se valeu a pena pelo menos ter sido trocada por
macho.
11:05 Sofi: A cara de pau nem responde aqui no consultório, vou invadir
sua sala Katarina se não me responder.
11:15 Liv: Hahaha, fight... fight... Mas calma Sofi, já vocês vão almoçar e
aí pega ela de jeito.

Não estou aguentando de tanto rir, tenho que chamar meu próximo paciente,
mas resolvo mostrar a elas que estou bem, afinal não conhecemos o Derik direito
e estavam preocupadas com razão. Ia responde-las hoje cedo, mas comecei a
conversar com ele me distraindo.
Mas não preciso entrar nesse detalhe.

11:30 Kat: Olá minhas lindas, porém dramáticas amigas do meu coração,
também amo vocês rsrs. Estou ótima, desculpe não ter respondido antes,
realmente foi bem corrido esse final de semana, mal mexi no celular. Vou dar
uma pequena resumida por aqui, mas depois dou maiores detalhes, ok?
11:31 Liv: Finalmenteeee deu o ar da graça.
11:32 Sofi: Nada que uma leve ameaçada não tenha feito até nos
responder. Aprendeu Liv?
11:33 Kat: Hahaha, não foi por causa da ameaça dona Sofia... foi porque
acabei de abrir as mensagens que não paravam de vibrar me atrapalhando
nas consultas.
Enfim, vamos lá... saí com Derik no sábado, foi tudo ótimo, melhor do
que eu imaginava, acabei dormindo com ele, se é que posso dizer que dormi
rsrs. Saí correndo da casa dele pra ir pra Sorocaba, cheguei na minha junto
de Bárbara, o que já podem imaginar a quantidade de perguntas que me fez,
mas não contei com quem foi pra ela. Espero que você Sofi, não tenha dito
viu. Fui pra Sorocaba e na volta estava em casa de boa assistindo meu Grey’s
Anatomy até que Derik apareceu por lá, aí já viu... resumindo estava tão
cansada que acabei dormindo no colo dele depois, quando estávamos
assistindo um filme, acordei hoje cedo em minha cama mas sem ele. Nem o vi
indo embora de tão cansada que estava, por isso, não me julguem, jamais
deixaria de responde-las amores minhas.
11:35 Kat: Agora vou atender meu paciente e depois conversamos.
Beijinhos!
Fecho meu aplicativo de mensagens sabendo que vão ficar doidas por mais
detalhes em saber que nos vimos ontem de novo, mas foi apenas um acaso, isso
não vai ficar acontecendo. Não posso deixar que continue.
Atendo meu último paciente da manhã, sentindo já meu estômago roncar de
fome. Abro a conversa de Sofi no computador, chamando-a para irmos almoçar.
Depois de cinco minutos nos encontramos na recepção, conversamos sobre
assuntos banais até estarmos no restaurante, quando Sofi não aguenta mais.
— Agora me conte tudo e não me esconda nada Kat!
Rio por ser tão objetiva indo direta no assunto.
— Bom, não sei o que tanto falar, é basicamente aquilo que mandei no
grupo, — suspiro pensando no que dizer sem que me comprometa demais e sem
dar muitos detalhes de Derik também — saímos pra jantar, foi muito agradável,
não faltou assunto entre nós, apesar de ter me sentido nervosa no início, passou,
me sentindo muito confortável ao lado dele. Depois de muita conversa rolou
alguns beijos ainda no restaurante fazendo com que o clima esquentasse e fomos
pra casa dele. – Dou de ombros, fingindo não ser nada demais. — Nos demos
muito bem na cama, ele realmente me surpreendeu. – Sinto meu rosto corando.
— Então além de gato, ainda é bom de cama e bom de papo?
— Pois é amiga, de fato ele é. — confirmo, me lembrando de fato como
realmente é bom de cama, me permitindo admitir, afinal Sofi sabe tudo que passei
até hoje e merece que eu compartilhe com ela a verdade. — Fazia muito tempo
que não me sentia tão bem na cama com alguém, é uma pena que nenhum de nós
dois queremos nada sério, e nem posso mais continuar saindo com ele
esporadicamente devido a minha situação, mas se eu pudesse sair mais algumas
vezes, com certeza sairia.
— Ele voltou na sua casa ontem à noite ainda?
— Sim, voltou, não sei exatamente o que foi fazer, acredito que tenha sido
por causa da academia que na correria do nosso encontro acabei convidando-o
para acompanha-lo aonde frequento hoje mas não combinamos o horário, como
não tínhamos trocado contato, ele foi lá, mas acabou que ficamos juntos de novo,
depois o chamei pra assistir um filme, — digo envergonhada por parecer mais
que apenas sexo casual — ele aceitou, mas acabei dormindo no braço dele, ele me
colocou na cama antes de sair, trancou a casa, me mandando uma mensagem
avisando o que fez ontem, mas só fui visualizar hoje cedo.
— Amiga, — levanto meu olhar para ela, enquanto coloca sua mão sobre a
minha em cima da mesa — ele está muito afim de você!
Nego com a cabeça, porque é apenas química.
— Está sim amiga, e pelo que conheço você, também está na dele.
— Não Sofi, é apenas química, nos entrosamos muito bem na cama. Isso é
muito difícil de encontrar, você sabe disso, mas é apenas isso.
— Se você está tentando se enganar, ok, mas eu que estou de fora, pelo visto
enxergo melhor que você. — Suspiro pensando no que está dizendo, mas não
posso deixar ficar analisando muito o assunto. — Ele não foi até sua casa apenas
por causa da academia, senão teria falado e ido embora, mas ele nem falou nada
sobre isso pelo que acabou de falar, rolou tudo, menos assunto de academia, ou
estou errada? Pois você disse que deduziu que foi pra isso, então nem surgiu o
devido assunto.
Penso no que ela diz, tentando lembrar de nosso diálogo, percebendo que
talvez esteja correta.
— Realmente não combinou nada sobre horário, fez um leve comentário,
mas sem combinar nada certo. Fomos combinar hoje cedo, quando respondi a
mensagem dele de ontem agradecendo o que fez.
— Está vendo só Kat, ele está sim, muito afim de você. Talvez nem ele
esteja percebendo ainda, mas, é fato que está.
Dou de ombros tomando um gole do meu suco.
— Que seja Sofi, não posso seguir em frente com isso, você sabe melhor do
que ninguém que posso ter um filho a qualquer instante. Não posso me envolver
com ninguém agora. Só complicaria tudo!
— Deixa que ele decida por si amiga, deixa rolar, amanhã vocês dois podem
perder o encanto e seguir em frente, como podem continuar cada vez mais
próximos. Você conta pra ele, caso esteja grávida né, pois ainda não sabemos se
deu certo, mas se estiver, você conta e cabe a ele decidir querer ficar junto ou não.
— Talvez. — Paro e penso sobre tudo que disse, mas de repente sinto a
insegurança de sempre que tenho em meus relacionamentos me invadir, me
repreendendo. — Melhor não, você sabe melhor que ninguém o que passei, e que
isso interfere até hoje em minha vida, logo, pra que o envolver nessa história se o
final será o mesmo?
Sofi suspira cansada já de tentar mudar meu pensamento em relação ao meu
passado, quando vejo que vai dizer algo, sigo determinada.
— Vou ter meu filho ou filha sozinha, não quero mais tentar dar certo com
ninguém, pois já sei que nunca vou conseguir esquecer tudo pelo que passei.
— Tudo bem amiga, vou estar aqui para te apoiar no que achar melhor para
você e nosso pequeno, mas pensa no que comentei. Você precisa seguir sua vida
em frente, hoje você é outra mulher, mais experiente, mais madura, não vai passar
por nada daquilo novamente.
Voltamos a trabalhar, um pouco mais chateada pela conversa do almoço, mas
aos poucos esquecendo toda nossa conversa.
No meio da tarde, ouço meu celular vibrando, pego para ver do que se trata
quando meu paciente se vai, leio o nome Derik (deus grego) em meu visor e é
impossível impedir de um sorriso surgir em meu rosto. Abro a mensagem sendo
uma selfie dele na mesa do escritório com cara de pensativo, com a seguinte
legenda.

Derik (deus grego): Acho que você me enfeitiçou não é possível, ansioso
pra te ver a noite. Nem que seja pra ir à academia .

Admiro um pouco mais o lindo rosto dele na foto, respondendo.

Kat: Como é que descobriu que te enfeiticei? O que vou fazer agora que
descobriu meu plano diabólico? Hahaha.

Pensei em dizer que também estou ansiosa, mas ele já é convencido demais,
não preciso deixa-lo ainda mais.

Estou terminando de me arrumar para ir à academia com Derik, como já


malhei de manhã, tomei um banho pra tirar o cansaço do dia, coloquei apenas
uma calça jeans com uma camiseta básica justa e tênis, afinal vamos caminhando
até lá, não preciso ir de salto.
Passei uma maquiagem básica apenas para ficar com um semblante melhor e
cobrir o bendito chupão que ainda está aparecendo bem, deixo meu cabelo solto
jogado de lado, não quero que pareça que estou me arrumando porque vou vê-lo,
claro que não é por isso, sempre passo uma base, um rímel e batom pra sair de
casa no mínimo.
E é o que estou fazendo agora!
Ouço a campainha tocar, sentindo um embrulho no estomago. Vou descendo
até a entrada, respirando fundo ao abrir a porta.
— Boa noite Kit Kat. — Derik diz com um olhar sedutor me fazendo sentir
tudo acender dentro de mim.
Abro um sorriso respondendo.
— Boa noite Derik.
Ele vem até a mim me dando um beijo no rosto próximo do canto da boca,
me fazendo suspirar ao sentir o calor que emana dele. Quando se afasta, pergunta.
— Já está pronta?
— Estou sim, podemos ir, só vou pegar minha carteira. Entra.
Vou até minha bolsa, pego um cartão e meu documento colocando no bolso
da calça, deixando o celular. Ao me virar, dou de cara com Derik atrás de mim,
me assustando, mas me fazendo rir com sua proximidade, sentindo sua respiração
devido sua proximidade.
Ele finaliza o espaço que há entre nós, me puxando pela cintura colando
nossos lábios um ao outro, sinto meu coração disparar ao sentir seu toque em
mim, convidando meus lábios com sua língua aprofundando nosso beijo, e eu o
aceitando de bom grado. Nosso beijo não é afoito, fogoso igual das outras vezes,
é um beijo calmo, como se quisesse apreciar a cada instante, parecendo
demonstrar o quanto sentiu minha falta durante o dia.
Envolvo-o em meus braços, enquanto me abraça com os dois braços em
minha cintura. Ficamos assim pelos próximos minutos, nos beijando apenas.
Ao finalizar nosso beijo, ficamos nos encarando ainda próximos sem nos
afastar, sem saber o que está pensando, dou um sorriso sem graça resolvendo
cortar o silêncio que paira entre nós brincando.
— Isso tudo é saudade de ontem pra hoje? — Contorno meus dedos pelo seu
rosto, chegando a sua boca carnuda e bem desenhada, admirando seus lábios, já
sentindo falta de beijá-lo.
— Como disse, você me enfeitiçou, não tem outra explicação. — Diz com
seu sorriso de dentes perfeitos que faz qualquer mulher perder o fôlego, com
certeza.
— E não deve ver a hora do feitiço acabar, não é? — sondo.
— Geralmente ficaria sim, mas por incrível que pareça, não estou me
sentindo assim com você.
Quando vou responde-lo, se aproxima me dando mais um beijo de tirar o
fôlego.
Percebo que o clima entre nós, está voltando a esquentar, lembrando do
motivo dele estar aqui.
Me afasto, segurando as duas mãos sobre seu ombro dizendo.
— Vamos na academia? Senão daqui a pouco não vamos sair daqui.
— Até que não seria má ideia, — diz esfregando meu quadril sobre seu sexo
— mas preciso voltar a treinar, não posso me exercitar apenas fazendo sexo com
você, por melhor que seja. Tenho que manter a forma.
— Isso não é problema pra você, mas como é que vai manter a fila grande
com suas pretendentes senão se cuidar, não é?
— Tem gente com ciúmes é? — pergunta rindo.
Eu gargalho dele, enquanto lanço meu olhar de desdém, por mais que por
dentro sim, talvez me sinta incomodada em imaginar outras admirando esse
corpo.
— Não estou não, apenas constatando um fato.
— Hum sei..., — me dá um selinho — pois você não fica atrás, o que deve
ter de homem interessado em você, não deve estar escrito.
Rio balançando a cabeça em negativa.
— Claro que não, nem são tantos assim. — Dou uma piscada pra ele. — E aí
vamos?
Me dá um último selinho se afastando.
— Vamos, antes que mude de ideia, te levando para a cama.
Tranco minha casa, vendo que Derik está com seu carro estacionado.
— Vamos andando, não precisa de carro.
— Nossa perto assim. Bora lá então!
Seguimos conversando sentido a academia, é incrível como a conversa com
Derik flui naturalmente, não é algo forçado, simplesmente acontece.
Percebo no caminho algumas mulheres o cobiçando, secando-o
descaradamente de cima abaixo, mas ele parece nem as ver, deve estar tão
acostumado com o assédio em cima dele, que já é natural.
Chegamos na academia, vou até a recepção pedir para algum atendente
mostrar a academia a ele, quando a recepcionista o vê, seus olhos brilham de
cobiça, arruma os cabelos, indo até ele rebolando.
— Olá, — estende a mão para ele. — Sou a Mônica, você que quer conhecer
a academia?
Derik responde naturalmente apertando a mão dela.
— Sim, sou eu mesmo.
— Você vai adorar aqui, tem um espaço excelente, equipamentos modernos,
diversas modalidades de lutas, dança, natação. Venha comigo, vou leva-lo até um
representante para lhe mostrar todo o ambiente.
A garota se vira rebolando com sua calça legging, não resistindo, reparando
o olhar de Derik descendo até seu quadril, mas subindo seu olhar na sequência,
me deixando irritada.
Cara de pau, não disfarça nem comigo aqui do lado. Sei que não temos
nada sério, mas estávamos dando uns amassos há dez minutos atrás, poderia
esperar eu sair de perto pelo menos pra não ferir minha autoestima.
— Homens — falo baixo revirando os olhos. — Tudo igual.
Derik olha pra mim sem entender, me fazendo virar o rosto para a frente para
não demonstrar meu incômodo.
A garota nos apresenta a um homem muito atraente chamado Bernardo para
mostrar a academia, e como a lei do retorno tarda mas não falha, é a minha vez de
me vingar de Derik.
Pois Bernardo pareceu muito interessado em apresentar a academia,
explicando tudo que está incluso sempre olhando para mim com um sorriso
encantador no rosto, e eu como adorei a deixa percebendo que Derik não está
gostando, olhando torto para o rapaz, comento toda simpática com ele, permitindo
sentir na pele, que não é só ele que atrai olhares interessados.
Percebo que Derik está bufando, até que corta o coitado do rapaz dizendo.
— Você pode apresentar todas as modalidades agora olhando pra mim, afinal
a Katarina já conhece o local, quem vai fechar o pacote ou não, serei eu!
O rapaz fica desconcertado, mas assente com a cabeça.
— Desculpe senhor, não foi a intenção. Como estava dizendo...
Continua lhe explicando tudo que está incluso nos planos, lhe informando
sobre ter a opção de contratar personal trainer também, com todo o
acompanhamento que pode ter.
Derik está visivelmente irritado, mas conversa educadamente, enquanto eu
comemoro internamente nem prestando mais atenção no diálogo dos dois, afinal,
tem gente que pareceu ficar enciumado com o flerte de Bernardo comigo.
Pimenta no rabo dos outros é refresco né gatinho.
Derik fecha com o rapaz, assina o contrato, para irmos embora.
Quando estamos nos despedindo de Bernardo, ele me olha dizendo.
— Foi um prazer conhece-la Katarina, se precisar de alguma ajuda, trabalho
sempre no período da noite.
Como adorei provocar a criatura que voltou a ficar com a fisionomia fechado
nesse instante, revirando os olhos mediante ao interesse dele por mim, resolvo dar
mais uma cutucadinha.
Fazer o que?! Não resisto!
— Ah o prazer foi meu, pode deixar, quando vir nesse horário faço questão
de te procurar.
Bernardo abre um sorriso enorme assentindo com a cabeça enquanto
seguimos para fora.
Derik está quieto desde que saímos, resolvo cortar o clima pesado que pairou
entre nós perguntando.
— Pelo visto gostou da academia.
— Parece que sim, para ter fechado o pacote com eles.
— Eita, algum bicho te picou ignorante?
Derik me lança um olhar enfezado, me fazendo encolher perante ele.
— Só achei muito pouco profissional o cara me apresentando o pacote dando
em cima de você descaradamente!
Dou de ombros, fingindo não ser nada demais, mas segurando meu riso para
não piorar a situação, resolvo descontrair.
— Fazer o que se sou irresistível. Mamãe passou açúcar em mim! — Ele me
encara, percebendo um leve sorriso surgir no canto de seus lábios. — Mas você
não pode falar nada de mim, porque aquela garota só faltou quebrar o quadril de
tanto que rebolou, e você bem que gostou, ou pensa que não percebi você a
comendo com os olhos.
O cara de pau gargalha me olhando com uma sobrancelha levantada.
— Eu não olhei, com vontade de nada, só percebi por que como você mesma
disse, ela quase quebrou o quadril, foi impossível não reparar, mas foi apenas
isso. — diz com seu sorriso devasso. — Sua bunda é muito melhor, posso
confirmar pois já a vi ao vivo e em cores.
Dou um tapa em seu braço brincando por sua ousadia no meio da rua.
— Homens, todos sem vergonha.
— Mulheres, todas com mente fértil.
CAPÍTULO 20

13 anos atrás

Estamos no segundo ano de faculdade, tenho estudado demais, mal tenho


tido uma vida.
Quando não estou na sala de aula, estou estudando, quando não estou
estudando ou estou na sala de aula ou dormindo – o que é bem difícil
ultimamente.
Nem meus pais tenho visto direito, tento ir pelo menos uma vez ao mês vê-
los, claro que por telefone converso sempre, praticamente todos os dias com
minha mãe, mas vê-los tem sido difícil realmente.
Sair? – O que é isso? – Beber? – Nem lembro a última vez – Transar? –
Piorou, estou criando teia de aranha.
De verdade, essa última parte tem sido a pior, Gu e eu mais estudamos
juntos do que temos uma vida sexual. Sei que vai valer a pena depois que nos
formarmos, ou até mesmo quando entrarmos de férias, que para minha alegria,
será dentro de duas semanas, estou contando os minutos para isso, estamos em
semana de provas, resumindo.
Estou me sentindo um caco.
Estou me sentindo só o pó da rabiola.
Estou me sentindo tensa.
Estou me sentindo frustrada – Não me julguem, sinto falta de ter uma
relação sexual diária. Gu e eu parecíamos dois coelhos, e olha que o fato de
morarmos juntos nos ajuda um pouco, porque se morássemos longe, aí estava
chupando o dedo literalmente.
Ele conseguiu um trabalho de final de semana e por poucas horas durante o
início da noite em um barzinho, não ganha muito, mas pelo menos está ajudando
um pouco nos custos que temos com materiais e do apartamento.
Por mim ele nem trabalharia lá, se eu sem trabalhar já estou exausta
mentalmente e fisicamente, imagine ele como não está. Meus pais ainda pagam o
aluguel e me ajudam com as despesas, afinal, senão fosse Gu morar comigo eu
teria esse custo da mesma maneira, por isso nos ajudam de bom grado. O
problema que Gu se sente um fardo pra mim, pelo menos ganhando o dinheiro
dele, já se sente melhor de também ajudar dentro de casa.
Tento ser compreensiva, pois se sente melhor assim, por mim melhor ainda,
o conheço, conheço seu caráter, sei que jamais se acomodaria nas minhas costas,
está apenas correndo atrás do seu sonho tanto quanto eu, infelizmente só não tem
uma base financeira estruturada pra lhe ajudar.
O que posso fazer para lhe auxiliar eu faço, como somos de salas diferentes,
geralmente nossas aulas práticas são separadas, por isso empresto meus livros
quando necessário e até meu estetoscópio. E assim estamos terminando o segundo
ano de curso.
Agora pensa comigo, se trabalha de final de semana, durante a semana
estudamos praticamente em período integral, fora o horário a noite que trabalha
também, e que geralmente uso para estudar. Qual horário nos vemos? Pois bem,
praticamente ficarmos juntos quando acordamos para estudar, pois o horário que
chega raramente consigo me manter acordada esperando-o.
Gostaria de aguentar, até tento, mas quando percebo já dormi no sofá,
acordando pela manhã na minha cama ao lado dele.
Combinamos de irmos no barzinho que trabalha comemorar quando
terminarmos a última prova. Estou contando as horas, vou beber até cair.

Duas semanas depois.

Finalmente se passaram as semanas de prova, e me sinto confiante que


passei em todas, agora é apenas aguardar os resultados, mas já posso me
considerar de férias finalmente.
Como fiz a última prova, agora já posso ir embora, mas vou esperar um
pouco pra ver se Gu vai demorar, senão vou embora e nos encontramos em casa.
Após trinta minutos estou indo pra casa com Gustavo para nos arrumar pois
nossa turma vai comemorar o fim desse semestre hoje no bar, que será aonde Gu
trabalha também.
Chegamos em casa mais cedo e nada melhor que uma comemoração a dois
antes de mais nada, assim passamos o restante da tarde, matando a saudade um do
outro como há tempos não podíamos fazer.
Quando chega sete horas já estou pronta, indo juntos encontrar a todos no
barzinho, Gu tentou folgar, compensando em outro dia como estará de férias, mas
por se tratar de sexta que há muito movimento, ainda mais com muitos alunos da
faculdade, ficou difícil ficar com uma pessoa a menos para atendimento.
Consequentemente, sempre que puder vai dar uma fugida pra nossa mesa.
O decorrer da noite vai passando enquanto nos divertimos muito, já tomei
altas doses de tequila, estamos dançando e dando muitas risadas, Sof e Liv são
muito engraçadas e sempre que estamos juntas é diversão garantida. Sof
paqueradora como sempre, não que precise, porque o que não falta são flertes em
cima dela, mas pra ela não tem tempo ruim, caso se interesse vai pra cima.
Ao voltar do toilette, estou dançando, quando se aproxima de mim dizendo
discretamente em meu ouvido.
— Kat, você viu a cinquentona ali perto do Gu?
Dou uma reduzida na dança procurando por meu namorado, o encontrando
conversando com uma mulher que parece beirar os cinquenta anos mesmo, e
parece cheirar a dinheiro, é nítido que há muito botox em seu rosto, plástica no
corpo todo, mas é muito atraente para sua idade. Vejo que ele está rindo de algo
que diz pra ele, percebendo que conversa tocando em seu braço, o que parece não
o incomodar.
Gu sempre me passou confiança, desde que assumimos nossa relação, não
costumo ser do tipo namorada ciumenta, mas ver que se sente tão à vontade com
aquilo, me incomoda um pouco, mas tento não colocar coisa na cabeça.
Ele só tá tentando ser educado Kat, não pode ser mal-educado com cliente.
Só isso, desencana!
— Não tinha reparado não, só deve estar sendo educado, deve ser uma
cliente rentável pela aparência dela.
— Pode ser, mas acredita que ouvi quando passei por eles vindo do toilette
ela o convidando pra sair, que paga bem e é muito boa de cama. A cinquentona
tem fogo no rabo, isso sim.
Vaca fogueteira ela é, isso sim.
Continuo observando os dois de longe, vendo quando Gu encontra meu olhar
neles, retirando discretamente a mão da vaca ambulante de seu braço.
— É ela deve estar com fogo mesmo, mas ela que vá procurar outro pra
aquietar o fogo dela. — Digo pra Sofi soltando faíscas em direção de Gu que
parece perceber que não gostei de tal aproximação.
— Bom amiga, não quis fofocar, só comentei porque se fosse comigo iria
querer saber, homem é homem né, nunca se sabe. É bom ficar de olho.
Ele jamais se envolveria com uma mulher da idade dela, ainda mais estando
namorando comigo. Nós nos amamos, ele me prova isso diariamente, então não
tenho com que me preocupar.
— Obrigada Sofi pelo toque, mas confio nele, sei que jamais se envolveria
com uma mulher com o dobro da idade dele, por dinheiro ainda. Ele me ama!
Sofi dá de ombros, voltando a beber sua caipirinha.
— Só falei o que ouvi, não ouvi o que respondeu, mas realmente ele parece
te amar. Sou só eu que sou muito desconfiada, desculpa amiga.
— Claro que não, obrigada por ter me avisado. Mas acredito que esteja
apenas sendo educado, mas vou ficar de olho de toda maneira.
Percebo que poucos minutos depois Gustavo se afastou da mulher, apesar de
vire e mexe voltar para atende-la.
O resto da noite foi passando me divertindo bastante, mas a todo instante de
olho na vaca ambulante que não tira o olho do meu homem.
Fomos os últimos a sair do bar, como Gustavo já vai sair também como
estão fechando fico do lado de fora o aguardando para irmos embora juntos. Não
demora cinco minutos quando me encontra.
— Ei Kat, já posso ir. Se divertiu?
— Sim, me diverti bastante, que pena que não conseguiu escapar muito pra
ficar conosco, estava bem movimentado né. — Principalmente com uma vaca
cinquentona com fogo no rabo.
— É, estava mesmo muito cheio, se não tivesse trabalhado teria deixado o
pessoal na mão mesmo. Mas pelo menos ganhei algumas caixinhas gordas hoje.
— Diz rindo.
Hum até imagino de quem seja, quero só vê se vai comentar alguma coisa
dá proposta inusitada que recebeu hoje.
— Que ótimo não é. — Tento soar feliz por ele e não desconfiada de quem
tenha dado. — Algum cliente em particular? — sondo.
— Há foram de vários, tem alguns que são mão aberta. — Está omitindo a
cliente da informação, porque viu que não gostei da aproximação dos dois.
Mas não deve ser nada sério, apenas evitando briga desnecessária. E é
concluindo isso que deixo meus pensamentos desconfiados de lado, tentando
esquecer esse assunto.
Chegamos em casa, ele me agarra assim que fechamos a porta, aproveitando
o resto da noite, me fazendo abandonar qualquer desconfiança que tivesse em
minha mente. Afinal amanhã ele só trabalha a noite, e a noite é uma criança!
CAPÍTULO 21

Chegamos na casa de Kat, me sinto tentado a terminar o que continuamos


mais cedo, mas não sei se devo.
Fiquei com muita raiva de ficar incomodado com o flerte daquele cara, nem
com ela ao meu lado ele respeitou, imagina sozinha como não deve chover
convites para saírem, ainda mais quando sai com as amigas para barzinho, pois
pelo que já comentou comigo, toda semana saem juntas.
Minha cabeça diz que devo ir embora, mas sinto algo me puxando para perto
dela, como se uma parte de mim não quisesse ir ainda.
Kat abre a porta de sua casa, me sentindo em dúvida do que fazer, até que
me lança um olhar convidativo.
— Quer entrar?
Sei que deveria ir embora, mas como? Se ainda sinto que preciso dela para
voltar ao meu estado normal.
— Claro, só um pouco, não quero te atrapalhar. — Digo fazendo doce.
— Que isso, você não atrapalha. — Fecha a porta atrás de mim seguindo
para os fundos da casa. — Só vou cuidar do Bud, fica à vontade, se quiser beber
alguma coisa.
Ia pegar um copo d’água, mas resolvo ir junto dela ver Bud, aproveitando
para conhecer seu quintal.
Me vê a acompanhando, dando um risinho de canto de boca.
— Hei garotão, mamãe chegou. Olha só quem está aqui.
Rio internamente por ver que ela trata seu cachorro como um filho.
Bud me vê, correndo em minha direção pulando em mim como se estivesse
me cumprimentando.
— E aí Bud, fazendo bastante arte pra sua mãe? — bagunço os pelos de sua
cabeça. — Guilherme está com saudade, sempre pergunta dele pra mim.
— Quando você vai vê-lo?
— No próximo final de semana ele vem dormir em casa.
— Pode trazer ele aqui se quiser, acredito que este final de semana não irei
sair.
— Tudo bem, eu falo com você quando tiver mais próximo, senão for te
atrapalhar, tenho certeza de que ele vai adorar.
— Combinado, e não atrapalha, Gui é uma criança muito cativante.
Fico satisfeito pela maneira como fala de meu filho, pois vejo em seu olhar
que é o que realmente sente, não algo forçado para me agradar, e isso me deixa
satisfeito.
Olho em volta observando seu quintal, percebendo que realmente é bem
parecido com aonde moro.
— Seu pai realmente deixou tudo similar entre essa casa e de sua irmã hein.
Ela ri, confirmando com a cabeça,
— Sim, quis deixar praticamente igual, disse que não queria briga, o que
mudou foi apenas a decoração, que cada uma deixou de acordo com seu gosto,
fora isso, tudo igual.
— Tá certo, esperto ele.
Voltamos pra dentro de casa, pegando uma água pra ela, me oferecendo.
— Quer beber alguma coisa? Água, cerveja, vinho, suco?
— Pode ser água por favor, evito beber durante a semana.
— Isso mesmo, também evito, só quando vou em algum Happy hour, mas
geralmente dia sexta para não quebrar a semana.
— Está com fome? — coloca a garrafa de água na bancada da cozinha. —
Acho que vou fazer um macarrão com brócolis e queijo, gosta? Só comi uma
fruta quando cheguei do trabalho.
— Sim, eu gosto, quer ajuda?
— Você cozinha? — pergunta curiosa com um arquear de sobrancelhas.
— Claro que cozinho, não gosto de comer fora com frequência, já como no
almoço nesses restaurantes próximo da empresa.
— Nossa, mil e uma utilidades, está me surpreendendo.
— Você não viu nada, qualquer dia vou te chamar pra jantar em casa.
— Vou adorar experimentar sua comida, pra ver se é tudo isso mesmo.
Nesse momento, começo a me programar em um dia para fazer isso nessa
semana, como Guilherme vai vir no final de semana não vai dar, talvez na quinta-
feira.
Kat pede pra eu colocar uma música em seu som JBL enquanto faz a janta.
Após meia hora estamos jantando ouvindo Coldplay, já se aproxima das
nove da noite, me fazendo sentir desgostoso por ter que ir embora, pensando em
uma maneira de evitar, mas sei que nós dois trabalhamos cedo no dia seguinte,
não podendo ficar farreando até tarde.
— Ficou uma delícia, você me surpreendeu, pensei que não soubesse
cozinhar.
Kat gargalha, me fazendo admirar seu lindo sorriso.
— Ual, não sou uma dondoquinha.
Fico sem graça por ter levado pra esse lado, tentando amenizar a situação
expondo meu ponto de vista.
— Não é isso, mas como é médica, imaginei que não tenha tido muito tempo
pra ficar cozinhando em seu período de faculdade.
Kat fica quieta, percebo que se retrai tentando disfarçar algum incomodo
com o que falei, mas não consigo imaginar o que disse de errado.
Alguns instantes depois, tenta disfarçar, forçando um sorriso, falando em
tom baixo.
— Minha mãe me ensinou quando morava com ela, quando estudei fora
também precisava me virar, afinal havia alugado uma casa próximo da faculdade.
— Morava sozinha quando estudava? Ou com as meninas?
Kat se levanta engolindo em seco indo levar os pratos até a pia, visivelmente
inquieta com minha pergunta, percebo que realmente alguma coisa na época da
faculdade a magoa em tocar no assunto.
— Não morava sozinha. — Responde apenas.
Fico intrigado com sua resposta sucinta, mas decido mudar de assunto para
não estragar o clima leve que estávamos. Me levanto indo até ela.
— Você fez a janta, eu lavo a louça.
— Claro que não! — Diz rindo. — Não precisa se incomodar.
— Faço questão.
Agarro-a por trás beijando seu cangote vendo a se arrepiar, a afastando da
pia.
Lavo rapidamente a louça, indo até ela que está sentada na mesa,
respondendo alguma mensagem.
Levanta o olhar, estendo minha mão, que a segura a puxando de encontro a
mim.
Tiro seu celular de sua mão, colocando em cima da mesa, beijando-a com
toda a vontade que estou desde que voltamos.
Kat não faz pose de durona, mostrando que me quer tanto quanto eu.
Nosso beijo agora é quente, como se estivesse necessitados um pelo outro,
afasto um pouco nossos lábios perguntando.
— Sala ou quarto?
Ela joga a cabeça pra trás gargalhando, me fazendo rir junto.
— Quarto por favor, já ficamos por lá logo de uma vez.
Não sei se quis dizer o que entendi, mas pareceu ser um convite entre linhas
para dormirmos juntos, sei que não tenho o costume, Kat está fazendo eu quebrar
todas as minhas regras, o que me deixa em alerta, mas também me sentindo bem
por estar tão à vontade em quebra-las nesse momento.
Pula em meu colo me abraçando com suas pernas, enquanto continuamos
nos beijando, a levando para cima para matarmos esse desejo que tem nos
consumindo, como há tempos não acontecia.
Ao entrar no quarto retiro meu tênis, sem desgrudar nossos corpos e lábios,
Kat abaixa seus braços levantando minha camiseta jogando longe, afastando seus
lábios apenas para puxar da cabeça. A coloco na cama, me livrando de sua
camiseta sem delicadeza, pois a única coisa que estamos sentindo nesse momento
é a urgência de nos tocarmos.
Se ergue, colando nossos lábios, alcançando o cós de minha calça me
ajudando a retirar elas, faço o mesmo com ela, desabotoando sua calça jeans
atirando longe, me vira deixando-me de costas para a cama, fazendo que me
sente, enquanto sobe em meu colo para que me deite, sinto seus lábios se afastar
dos meus, deixando rastro de chupões, beijos, mordidas, em meu pescoço,
queixo, meu peito me permitindo ficar ainda mais excitado do que já estava.
Desabotoo seu sutiã, sentindo seus mamilos intumescidos rasparem em meu
abdômen, começo a massageá-los, preciso sentir ela de alguma maneira, com a
outra mão alcanço sua calcinha encontrando sua umidade por cima do tecido.
Sinto Kat mordiscando meu pau por cima do tecido me enlouquecendo.
— Senta no meu rosto gostosa.
No mesmo momento entende o que quero, mudando sua posição, de modo
que meu rosto fique no meio de suas pernas, abaixa minha cueca boxer e sinto sua
língua me lamber debaixo pra cima de uma maneira muito sexy.
Soltando um gemido com tamanha excitação.
Não aguento mais, afastando sua calcinha para o lado abocanhando-a
sentindo como está encharcada de desejo por mim, ouço Kat gemendo com meu
pau em sua boca enquanto rebola gostoso em minha cara, subo uma mão até seu
seio o beliscando, enquanto com a outra mão encontro seu buraquinho
massageando delicadamente com o polegar, percebo que Kat gosta do que faço
me incentivando a seguir adiante. Solto sua bocetinha subindo minha língua para
seu outro buraquinho lambendo enquanto massageio seu clitóris.
Kat me chupa tão gostoso que não sei por quanto tempo mais irei aguentar,
vou intercalando entre suas duas entradas chupando-a.
Estou ansiando por sentir o gosto do seu prazer todo, penetrando um dedo
em seu buraquinho enquanto chupo seu clitóris, penetro minha língua em seu
sexo, chupo seu clitóris agora metendo com dois dedos em seu ânus, percebendo
que está ainda mais doida gemendo enquanto me abocanha por inteiro. Estou a
ponto de explodir quando a sinto gozando forte em minha boca, não resistindo
mais, gozando junto dela. Kat continua me chupando, até o último espasmo
acabar, fazendo o mesmo com ela, engolindo todo seu prazer delicioso.
Se levanta, vindo até mim com seu sorriso sensual no rosto, deixando claro
quanto satisfeita ficou, assim como eu também.
— Você é uma delícia sabia, não dá vontade de parar de te chupar.
Agarro seus peitos, mordendo o canto dos meus lábios.
— Gostosa é você, — belisco seu mamilo ainda duro — você me deixou
louco me chupando desse jeito, não ia gozar na sua boca, mas não aguentei.
Se debruça sobre mim, colocando os braços ao redor de minha cabeça,
encostando seu sexo melado sobre o meu, roçando nele lentamente com sua cara
de pervertida de quem já está com vontade de repetir a dose, sinto meu pau se
recuperando do primeiro round.
— Eu queria que você gozasse na minha boca, queria sentir seu gosto, e
adorei. Mas ainda quero você dentro de mim. — Lambe a boca lentamente me
estimulando.
Corto a distância a beijando, não resistindo mais, enquanto vamos para o
segundo round, agradecendo a mim mesmo por ter lembrado de trazer algumas
camisinhas quando vim pra cá.
Após darmos prazer um ao outro por mais duas vezes, vamos tomar banho
para tirar o suor do corpo.
Quando estou terminando de me secar, Kat se vira pra mim perguntando.
— Quer dormir aqui?
Sorrio pra ela, sem saber o que responder, uma parte de mim quer, mas a
outra me fala pra ir embora, afinal estou perto de casa também, não que isso me
impedisse se realmente não quisesse.
Só mais hoje, penso comigo mesmo.
— Mas vou dormir só de cueca, porque não vou dormir de calça jeans.
— Por mim você pode dormir até sem se quiser. — diz com seu olhar
travesso de que tem outras intenções comigo.
— Só se você dormir sem nada também.
Ela dá de ombros, jogando a toalha no chão, andando rebolando de costas
pra mim entrando debaixo do edredom com seu olhar sedutor por cima dos
ombros.
Meu Deus, que mulher é essa? Ela vai me enlouquecer.
Faço o mesmo que ela, deixando minha toalha cair no chão a seguindo.
Se acomoda em meu peito, por cima dos meus braços, acaricio seus cabelos,
enquanto abraça meu abdômen.
Levanta o rosto me encarando por alguns segundos, até que dá seu sorriso
angelical dizendo.
— Boa noite Derik.
— Boa noite Kit Kat.
Damos um último beijo de boa noite, agora com mais calma, aproveitando
cada toque de sua língua, enquanto acaricio seu rosto delicado.
Volta a se acomodar para dormir, mas antes que consiga, me vejo pensando
um pouco mais sobre o que estamos vivendo juntos, imaginando que não seria tão
ruim viver uma vida dessa com Kat.

Desperto pela manhã com meu alarme, em meu horário habitual para ir
trabalhar, estranho o ambiente que estou, me recordando que dormi junto de Kat,
mas ela não se encontra ao meu lado. Vou me sentando ainda sonolento, quando
ouço abrindo a porta do banheiro da suíte encontrando meus olhos.
— Ah você acordou? — questiona com um sorriso parecendo estar sem
graça — Te acordei fazendo barulho? Ai Deus, desculpe, tentei fazer tudo em
silêncio...
— Kat! — a corto dando um sorriso para tranquilizá-la. — Primeiramente,
bom dia. — Me levanto da cama indo ao seu encontro. — Segundo, você não me
acordou, meu alarme me despertou para ir trabalhar, pode ficar calma agora. —
Ela parece um pouco mais aliviada, mas aparentemente sem jeito, talvez por
termos dormidos juntos, não sei, pode ser impressão minha. — Agora o meu beijo
de bom dia!
Ri envergonhada, mas antes que questione qualquer coisa, a beijo
calmamente, retribuindo sem pestanejar, sinto seus braços me envolver, conforme
minhas mãos passeiam por seu corpo, estranho as roupas que está usando me
distanciando para verificar com mais calma.
Olho-a de cima a baixo, vendo que está com traje para ir à academia, com
um TOP verde, uma legging preto, os cabelos presos em um rabo de cavalo,
coloco minhas mãos na cintura fingindo indignação.
— Aonde a senhorita pensa que vai nesse momento?
Levanta a sobrancelha, imitando meu gesto com as mãos na cintura. – o que
acaba me desconcentrando ao notar sua cintura fininha, e como seu TOP deixa
seus seios ainda mais gostosos nessa roupa, salivando de vontade em senti-los em
minha boca. Até que me desperta, lembrando do meu objetivo inicial com essa
conversa.
— Eu vou malhar, aonde mais iria com essa roupa? Trabalhar que não seria,
não é?
— Ainda é bocuda logo cedo! — Surpreendo a pegando em meu colo
deixando escapar um grito agudo com o susto. — Pois sinto te informar, que a
única malhação que você vai fazer agora, é cavalgar em cima de mim.
Gargalha, me abraçando envolta do meu pescoço.
— Você é doido sabia? — Aproxima seus lábios do meu iniciando um novo
beijo. — Mas como te disse, sempre vou pra academia esse horário.
— Eu me lembro que comentou, mas hoje você vai abrir uma exceção e ir
comigo a noite, o que acha?
Fica pensativa ainda olhando em meus olhos, por isso resolvo distraí-la
convencendo-a. Desço meus lábios por seu pescoço, até chegar em seus seios,
beijando seu lindo decote. Levanta meu rosto com uma das mãos dizendo com
um olhar sensual.
— Ok, não vou na academia agora, mas ir à noite sem chance, já tenho
compromisso a noite com Sofi, estamos fazendo yoga.
— Pra mim está ótimo a primeira parte. — Deito ela em sua cama, despindo-
a lentamente. – Vou te ensinar como dar um bom dia decentemente agora.

O dia passa rapidamente pois com a correria do trabalho, logo pela manhã
tive que ir a uma obra resolver um imprevisto com um funcionário, chegando na
empresa já entrei em uma reunião junto de Marcos com alguns de nossos
gerentes. Não parando por aí, após o almoço mais algumas reuniões para
solucionar outras questões que surgiram fora de nossa programação.
Ou seja, o dia não foi nada produtivo, apenas apagando incêndio. Agora que
estou finalmente respirando um pouco, admiro a vista da famosa Av. Paulista de
minha sala localizada no último andar notando que já escureceu.
Lembro de como meu dia começou deliciosamente com Kat em sua cama,
transamos algumas vezes antes de irmos tomar banho para trabalharmos.
É engraçado, como as coisas quando estou com ela, fluem naturalmente, não
é necessário forçar nada. Bem diferente do que costumo viver.
Olho meu celular finalmente, notando que não há nenhuma mensagem dela
até o momento, sendo que já se aproxima das oito da noite.
Talvez até já tenha voltado da yoga, se quisesse que nos víssemos
novamente, entraria em contato, mandaria alguma mensagem, ligaria, qualquer
coisa. Mas não fez! E eu aqui pensando nela.
— Derik, você precisa sair com uma nova mulher, é isso que está
precisando! – Me repreendo.
Pensando melhor, eu e Kat já estamos ficando juntos há alguns dias, é
melhor nos afastarmos, talvez seja isso que ela esteja fazendo.
Pode ter se arrependido de ter me convidado para dormir essa noite lá, ou
simplesmente quer evitar de ficarmos nos vendo tanto para não termos futuros
problemas.
Ela está certa, e vou fazer o mesmo!
Afinal, também não quero nada sério com ninguém, nem com ela, por mais
gostoso que seja sair com ela, não quero isso pra mim.
Tenho meu filho pra cuidar, meu trabalho ocupa grande parte do meu tempo,
e esse final de semana mal trabalhei por causa da mudança, não preciso de nada
mais para tirar meu foco, preciso me focar em minha empresa e meu filho,
apenas.
Não vou ir mais atrás dela, todas as vezes que nos falamos por mensagem foi
porque eu tomei a iniciativa de mandar alguma, não vou ficar correndo atrás.
Nunca fui de ficar mandando mensagem pra nenhuma mulher, não será
agora que vou começar a fazer isso.
Pronto, está decidido!
Mas, se por acaso surgir alguma oportunidade de nos vermos e rolar alguma
coisa a mais, também não vou impedir nada.
Ouço alguém batendo na porta, me virando para mandar entrar quando vejo
Marcos entrar em minha sala.
— E aí cara, ainda aqui? Estava indo embora, mas vi a luz acesa, pensei que
tivesse esquecido de apagar.
— Estava terminando de responder alguns e-mails, como fiquei preso em
reunião o dia todo, nem percebi a hora passando, fui notar agora que já escureceu.
— Nossa, nem fale. Hoje foi muito corrido, fiquei até esse horário pelo
mesmo motivo. — Senta na cadeira a minha frente relaxado. — Bárbara, já está
me lotando de mensagem perguntando a hora que vou chegar.
— Por isso que sou solteiro até hoje. — Rio dele — Melhor do que ficar
tendo que dar satisfação a todo instante do que faço.
— Realmente tem suas vantagens, — apoia seus braços na mesa me
encarando, — mas pelo menos tenho alguém me esperando quando chegar em
casa prontinha pra me receber.
Reviro os olhos pra ele, sentindo um leve incomodo pela primeira vez com
sua provocação, ouvindo sua gargalhada.
— Foi na academia ontem com Kat? Gostou de lá?
Kat... já me lembro de tudo que rolou após a volta da academia. Beijos,
jantar, sexo, sexo e sexo de novo, dormir de conchinha, sexo hoje de novo.
— E aí? Que cara é essa? — Marcos corta minhas lembranças, perguntando
desconfiado.
Tento disfarçar meu silêncio, limpando a garganta fechando os programas
em meu computador para desliga-lo.
— Sim, me acompanhou até lá, gostei sim, ia agora a noite, mas com a
correria do dia não fui. Acho que vou começar a ir pela manhã, pra não deixar de
ir, afinal nunca tenho horas pra sair daqui.
— Realmente fazer pela manhã é o melhor horário, além de dar mais
disposição, evita faltar por sair tarde do trabalho como hoje.
Ouvimos algum celular tocando, ambos olhamos os celulares para saber de
quem é, percebo que não é o meu.
— Oi amor. — Marcos atende, aproveitando que está no celular com sua
mulher, abrindo meu aplicativo de mensagens para ver se há alguma novidade,
entro na conversa de Kat vendo-a online, o que me deixa ainda mais irritado, pois
está conversando sabe se lá com quem e não me manda absolutamente nenhuma
mensagem. — Ah tá bom, você e Kat vão ir quando fazer a degustação do buffet?
— O nome de Kat chama minha atenção, fingindo mexer no celular, mas
prestando atenção no que diz. — Entendi, já estou saindo daqui, conversamos
melhor durante a janta. Até mais!
Droga! Não falou nada.
Marcos desliga, se levantando da cadeira arrumando seu terno.
— Vamos fazer o aniversário do Nathan daqui um mês, já veja se bate com
seu final de semana pra levar Gui junto.
Devia ser disso que estava dizendo sobre Kat.
— Pode deixar, — respondo me levantando. – qualquer coisa troco o final de
semana ou o pego apenas para levar na festa, ele vai adorar com certeza.
— Legal, vou indo nessa, Barbara está me esperando.
— Vamos!
Saímos juntos da empresa, entro em meu carro seguindo para minha casa. O
trânsito está tranquilo pelo horário, chegando rapidamente.
Meus olhos traidores não resistem dando uma olhada na casa de Kat, ao
passar por lá, percebendo que as luzes estão acesas o que indica já estar em casa.
Entro em casa, dando uma nova olhada no celular e nada dela até agora.
— Argh!
Vou tomar meu banho, me recordando do nosso hoje cedo, nos beijando nos
acariciando. Quando percebo estou excitado me masturbando pensando nela
novamente.
Que porra tá acontecendo comigo!
Saio do banheiro, colocando uma roupa confortável para dormir, não
resistindo em olhar novamente meu celular, percebo que não há nada dela, me
deixando ainda mais enfurecido comigo mesmo por esperar que me mande algo.
Resolvo deixar o celular longe, indo fazer minha janta, lavo a louça, coloco
minhas roupas pra lavar, lembrando que preciso encontrar uma lavanderia pra
lavar meus ternos e camisas sociais, também uma diarista para fazer faxina em
casa.
Deixo minhas coisas organizadas e sempre limpas, mas o grosso preciso de
ajuda, pois com a correria não tenho tempo. Penso em pedir a Kat alguma
indicação, mas na mesma hora repreendo meus pensamentos.
— Esquece a Kat, Derik! Vou ver com o Marcos amanhã, pronto!
Me sento em meu sofá para assistir um documentário.
Quando estou me sentindo cansado, subo para dormir, verificando meu
celular.
E nada!
— Que caralho, Derik!
Fico irritado comigo mesmo, me deitando para dormir na esperança de
amanhã acordar sem essa feiticeira em minha mente.

Desperto me arrumando rapidamente para ir à academia antes de ir trabalhar,


não sei como será o dia hoje, melhor evitar tentar ir à noite e acabar faltando de
novo.
Passo em frente à casa de Kat seguindo meu caminho, não impedindo a
curiosidade de saber se já foi ou está indo pra lá, caso vá todos os dias.
Ontem era em um horário próximo que estava indo, imagino que já esteja lá
ou próximo de chegar.
Entro na academia, percebendo algumas mulheres me notando, mas não são
elas que estou procurando.
Um personal trainer vem até mim para montarmos meu treino, me
distraindo um pouco do que está em minha volta.
Ao finalizar meu treino, quando estou me dirigindo para a saída, ouço
alguém me chamando, me viro para trás sentindo meu coração disparar com
quem vejo.
— Oi vizinho, pensei que viria a noite apenas. — Minha linda vizinha
desaparecida puxa conversa com seu sorriso estonteante no rosto, notando que
está com o rosto levemente corado provavelmente por causa dos exercícios que
fazia.
— Olá vizinha! — a espero me alcançar, quando me alcança lhe respondo.
— Pois é, minha intenção era essa, mas ontem acabei não vindo porque sai tarde
do trabalho, achei melhor não arriscar, vindo esse horário quando não tiver
nenhum compromisso longe. Já está indo?
— Estou sim, você também?
— Sim, também.
— Vamos embora juntos! — Diz passando a catraca da saída. — Eu prefiro
esse horário, me sinto mais animada para enfrentar o restante do dia, mesmo que
saia todos os dias em meu horário como as consultas são todas agendadas, mas
pra você parece ser a melhor opção mesmo.
— Verdade, esse horário é o ideal mesmo, só vou trocar, ao invés de entrar
mais cedo no trabalho, irei começar a trabalhar no horário que seria estipulado
pela empresa. E você foi na yoga ontem?
— Ah fui sim, me faz bem, tenho estado muito ansiosa, me sinto mais
tranquila.
— Esperando alguma coisa para causar a ansiedade? — Sondo.
Noto que Kat morde o canto dos lábios, pensando no que responder, penso
que irá ignorar minha pergunta quando responde.
— Nada demais. — Estranho seu comentário sentindo que tem algo por
detrás, muda de assunto rapidamente, seguindo sua conversa.
A conversa desenrola naturalmente o restante do caminho, não passando
despercebido nossos braços se encostando a todo instante.
Paramos em frente à casa de Kat, sentindo que ambos estamos inquietos por
ter chegado tão rápido, resolvo seguir meu instinto e ver no que dá.
— Vai sair hoje depois do trabalho? — Lembrando que iria fazer algo com a
Barbara algum dia desses.
— Hoje não, vou vir direto pra casa, por quê? — Pergunta com seus olhos
cor de esmeraldas brilhando em expectativa.
— Estava pensando naquele jantar que comentei com você segunda, posso
fazer em casa hoje, o que acha?
Kat morde o canto de seus lábios, me segurando para não a agarrar agora
mesmo.
— Mas você não disse que vai sair mais tarde?
— Talvez, não é certeza. Vamos fazer o seguinte, te mando mensagem no
fim da tarde confirmando se vou sair no horário.
— Combinado. Vamos nos falando. — Quando Kat vai se virar para entrar
em casa, seguro seu braço puxando para meu encontro beijando-a.
— Agora sim, você pode entrar. — Dá um sorriso dando um passo pra trás,
mas de frente pra mim. — Até mais tarde Kat.
— Até mais Derik.
Se vira seguindo para a entrada de casa, permaneço aguardando que entre
para seguir, antes de entrar dá uma última olhada em minha direção por cima dos
ombros, junto de uma piscada.
Quando sai de minha vista, me viro retornando para minha casa.
Me arrumo um pouco mais animado, na possibilidade de nos encontrarmos
mais tarde.
Fico na expectativa, para que meu dia seja mais tranquilo hoje, não
precisando trabalhar até tarde novamente.
CAPÍTULO 22

Após voltar da academia, me vejo animada com a possibilidade de encontrar


Derik mais tarde, sei que não é certeza, mas isso não impede o entusiasmo de
surgir.
Sei que não deveria ficar assim, pois nossa “noite casual” está ficando além
do que deveria, já dormimos juntos duas vezes, sem contar as vezes que veio aqui
e ficamos juntos.
Ontem me senti tentada em convidá-lo para passar aqui, mas me segurei pois
não quero dar a impressão de que já estava sentindo sua falta, sendo que
havíamos dormido juntos, fiquei esperando por uma mensagem dele, e NADA!
Como não recebi, também não enviei nada, não quero que tenha a impressão
errada, sei que foi ele quem enviou das outras vezes tomando a iniciativa, mas
não posso esquecer que dentro de alguns dias posso descobrir estar grávida, ter
um relacionamento agora só iria atrapalhar nossas vidas.
Uma porque ele não quer relacionamento, e eu também não quero!
Portanto, por que estou pensando nisso senão estou procurando nada sério
também?
Por isso evitei encontra-lo ontem à noite, pois depois que me envolvi com
Derik me vejo pensando como se estivéssemos caminhando para um
relacionamento, sendo que a coisa não é bem assim.
Primeiro porque eu não consigo me entregar para mais ninguém depois do
traste. – Sinto meu estômago revirar só em lembrar dele. Mas infelizmente é um
fato, ele me estragou pra qualquer outro relacionamento.
Com Derik sinto as coisas mais leves, quando estou ao seu lado, esqueço
meu passado, esqueço meu coração machucado, me sinto viva como há muito
tempo não me sentia.
Mas isso deve ser só a emoção do novo, se entrarmos em um
relacionamento, esse entusiasmo irá de acabar. Não preciso envolver mais
ninguém nesse meu infeliz coração que desaprendeu a corresponder qualquer
sentimento.
Se for pra ficarmos mais algumas vezes, tem que ser apenas sexo e nada
mais!
Mesmo me policiando para não deixar me envolver, me sinto ansiosa com o
fim da tarde em saber se iremos nos encontrar ou não, todo final de consulta dou
uma olhada em meu celular para saber se há alguma novidade e por enquanto
nada.
— Kat, relaxa! — suspiro tentando me acalmar — Se for pra se verem,
vocês vão se ver, sem criar expectativa por isso.
Dou continuidade em meus atendimentos, evitando olhar em meu celular. O
restante do dia passa rapidamente, quando percebo estou terminando minha
última consulta.
Após organizar minhas coisas para o próximo dia, passo no consultório de
Sofi para me despedir.
— Hei Sofi, — vou entrando em sua sala devagar para caso esteja ocupada.
— Oi amiga, pode entrar. Já está indo?
— Estou sim, vai demorar?
— Não, já vou arrumar minhas coisas para ir também, ia te chamar pra ir
comigo em um restaurante que abriu perto de casa, Liv aceitou, vamos?
— Quando? – indago em dúvida.
— Hoje, só o tempo de nos arrumarmos se encontrando lá, o que acha?
Desvio meu olhar para os pés pois não comentei nada sobre meu possível
jantar com Derik com elas, mas agora vai ser difícil esconder.
— Kat?
Encontro seus olhos azuis.
— Não sei se consigo hoje.
Sofi me olha desconfiada, lançando seu olhar malicioso.
— E posso saber o motivo?
Dou risada sem graça, mas sabendo que vou contar, pois nunca escondo
nada delas.
— Derik me convidou para jantar em sua casa hoje, ficou de me confirmar
por agora, caso saia tarde do trabalho, eu te mando mensagem e encontro vocês lá
qualquer coisa, combinado?
Sofi que está com um sorriso no rosto, apenas assente com a cabeça.
— Tá bom Kat, vou te mandar o endereço do local de qualquer jeito, caso
não jantem hoje você nos fala.
Conversamos mais um pouco nos despedindo.
Quando estou no elevador, ouço o toque de recebimento de mensagens,
abrindo o aplicativo de mensagens vendo que é de Derik.

Derik (deus grego): Confirmado nosso jantar mais tarde?


Já estou indo pra casa!

Não consigo evitar um sorriso surgir em meu rosto.


Quando vou responder, penso.
Vou aguardar uns minutos, senão vai parecer que estava esperando a
mensagem desesperada.
Entro no carro seguindo para minha casa ao som de Nickelback.
Depois de quinze minutos chego em casa, lhe respondendo.

Kat: Por mim combinado, que hora devo ir?


Derik: Pode ser a partir das oito.

Cuido de Bud, indo me arrumar para jantar na casa dele.


Pelo que entendi será mais um jantar normal, não um jantar romântico como
um encontro, seria apenas porque fiz aquele dia aqui, agora ele quer me mostrar
seus dons culinários, pensando assim, resolvo me vestir de maneira simples, sem
mostrar muito entusiasmo.
Em meu banho cuido de minha higiene, ao sair dele passo um creme em meu
corpo o deixando bem macio, parando em frente ao guarda-roupa.
Tem estado menos frio ultimamente, coloco uma calça de sarja na cor caqui,
com uma camiseta preta manga longa marcando minhas curvas com um leve
decote. Seco meus cabelos deixando-o solto de lado de um modo sensual,
finalizando com uma leve maquiagem e um salto não muito alto.
Olho no espelho apreciando o que vejo. Simples e atraente!
Tomara que Derik também goste.

Chego na casa de Derik, sinto minhas mãos soarem ao apertar a campainha.


Derik me atende lindo como sempre, usando camiseta azul claro parecido
com a cor de seus olhos, uma calça jeans escura e tênis, seu cabelo ainda molhado
mostrando que tomou banho a pouco tempo. Quando vou cumprimenta-lo puxa
minha nuca me dando um beijo de tirar o fôlego.
Após soltar meus lábios, diz ainda próximo.
— Olá Kit Kat.
— Oi. — Sorrio ainda sem fôlego por seu cumprimento.
Vai me guiando pra dentro de sua casa.
— Fica à vontade, já está tudo pronto, só terminando de assar a carne. Quer
beber alguma coisa?
— Não, por enquanto estou bem.
Derik está tomando água, se aproxima de mim tocando meu rosto dizendo.
— Senti sua falta ontem.
Seus olhos azuis arrebatador prendem meu olhar, quando percebo solto sem
pensar.
— Eu também senti.
Ele me encara com um estreitar de olhos desconfiado.
— Então por que não entrou em contato?
Droga! Katarina boca aberta.
— Ué, não sei, havíamos dormido juntos, não quero ficar no seu pé.
Ele se aproxima acabando com o espaço entre nós segurando minha nuca,
dando um selinho com seus lábios macios.
— Você nunca atrapalha. — Olha o relógio, abrindo seu sorriso sexy —
Temos trinta minutos antes do jantar ficar pronto.
Percebo sua indireta, abraço seu pescoço, perguntando com um sorriso
próximo de seus lábios.
— E o que tem em mente para fazermos nesse tempo?
— Vou te mostrar!
Derik me toma outro beijo agora mais quente, me devorando com seus
lábios em meu corpo todo, mostrando o quanto seu corpo também sentiu minha
falta de diversas maneiras.

Depois de nos darmos prazer algumas vezes, vamos jantar, eu apenas de


lingerie e ele de cueca boxer, ia colocar minha roupa de novo, mas Derik não
permitiu, pois segundo ele vai retirar tudo de novo. E aqui estamos, jantando
quase nus, o que por sinal me agrada mais do que imaginei.
— Nossa, você está de parabéns, ficou uma delícia. — Derik fez carne
assada com batata, realmente me surpreendendo.
— Fico feliz que tenha gostado.
Conversamos sobre assuntos banais em um clima leve, Derik me oferece
vinho, mas como posso estar grávida, ainda não sei, prefiro evitar tomando suco.
Após o jantar levo as coisas para lavar a louça.
— Não, não precisa lavar nada. – Me repreende.
— Até parece, você fez a janta, eu lavo a louça. — Digo usando da sua
mesma fala em minha casa.
— Ok, vou colocar pra encher a banheira. — diz com seu sorrisinho de canto
irresistível.
— Ótima ideia.
Após lavar a louça, Derik me leva para sua suíte para curtirmos juntos a
banheira, ensaboamos um ao outro de maneira sensual e provocativa, sempre nos
beijando.
Não sei o que está acontecendo comigo, gozei antes do jantar três vezes e
parece que faz um mês que não tenho um orgasmo com o tamanho do desejo que
esse homem me provoca.
Não consigo me lembrar de já ter ficado dessa maneira por ninguém, sempre
pronta para recebe-lo.
Ele nem precisa se esforçar, apenas em sentir seu perfume, já sinto meu
corpo se excitar para encontrar com o seu. Quando me toca, sinto meu corpo
entrando em ebulição.
Quando saímos da banheira já enrugados devido o tempo na água, vamos
para sua cama ainda nus embaixo do edredom. Ficamos entre carícias, beijos,
conversas amenas, até que resolvemos assistir a um filme, dessa vez permito que
Derik escolha algum de seu gosto.
Assistimos ao filme abraçados um ao outro, adorando o clima que paira
entre nós, de maneira que é impossível evitar o pensamento se alojar em minha
mente.
Era uma pessoa assim que gostaria de encontrar para minha vida, era o que
sempre almejei.
Mas acabo me lembrando do finado, e em como destruiu os meus sonhos de
um dia ser feliz com alguém, em como destruiu meu coração destroçando em
cacos para eu tentar montar hoje, impossibilitando de me entregar a alguém
novamente.
Devo estar me sentindo assim com Derik porque apesar de toda sintonia na
cama, — isso é fato, — não temos nenhum relacionamento sério,
consequentemente sei que não pode me machucar pois ambos somos solteiros.
Argh!
Só de imaginar ele saindo com outra pessoa sinto uma ânsia subir pela
minha garganta, o que faz com que me repreenda.
Katarina, vocês não possuem nada juntos, só estão se divertindo, ele pode
sair com quem quiser, assim como você também!
Derik deve perceber a tensão que fiquei de repente, pausando o filme,
puxando meu rosto para cima.
— O que foi Kat?
Tento disfarçar, colocando um sorriso no rosto.
— Nada, por quê? Só prestando atenção no filme.
— Quer trocar? Não está gostando?
— Não precisa, está interessante. Vamos terminar de assistir. — Dou um
selinho demorado nele voltando a me acomodar em seu peito envolvendo com
meu braço seu abdômen definido.
Katarina, viva o hoje, sem sofrer por antecipação.
Tento me concentrar no filme, tirando esses pensamentos de dentro de mim.
Quando o filme termina, resolvo ir me trocar para ir embora, quando Derik
percebe o que estou fazendo, pergunta desconfiado.
— Aonde você pensa que vai hein linda?
Encontro seus olhos hipnotizantes, tentando não me derreter com seu elogio,
respondendo-o com um arquear de sobrancelhas.
— Embora?
Vem até mim, tirando a camiseta de minha mão, jogando em uma poltrona
próximo.
— Dorme aqui comigo?
Fico receosa depois dos pensamentos que vieram em minha mente, com
temor de deixar me envolver demais.
— Derik...
Ele cala minha tentativa de dizer que vou embora com um beijo tranquilo,
mas que sempre me faz esquecer de onde estou, mas me mostrando o quanto quer
que eu fique aqui sem precisar de palavras.
Aceito ficar hoje com ele.
Só mais hoje Kat.
Quando se afasta segura meu rosto com as duas mãos, me perguntando de
maneira penetrante.
— Consegui te convencer?
Rio pra ele, mas resolvo me fazer de difícil.
— Um pouco, acho que precisa me convencer um pouco mais.
Seu sorriso estonteante surge sabendo que ganhou, mas entrando na
brincadeira.
— Deixa comigo.
Me puxa para seu colo, envolvendo minhas pernas ao seu redor me levando
de volta para sua cama.

Pela manhã, desperto com o alarme de meu celular, admirando Derik ainda
dormindo, quando percebo que está próximo de acordar levanto indo escovar
meus dentes, agradecendo por sempre andar com uma escova na bolsa.
Quando saio do banheiro o encontro acordado. Monto em cima dele, com
uma perna de cada lado, debruçando sobre meu peito.
— Bom dia gatinho.
Derik, que está com um sorriso no rosto, as mãos atrás da cabeça, me
responde.
— Bom dia linda, dormiu bem?
— Muito bem. — Dou um selinho nele, sentindo sua ereção aumentando
embaixo de meu sexo. — Tem gente querendo dar bom dia também ou é
impressão minha? — faço graça.
— Ele sempre quer te cumprimentar.
Derik toma minha boca com desejo, sentindo seus dedos alcançarem meu
ponto sensível me acariciando, me deixando pronta para recebe-lo.
Estica a mão no criado mudo ao lado da cama, pegando uma camisinha, se
ajeita embaixo de mim me levantando um pouco, encaixando seu pênis em minha
entrada, sinto me penetrando deliciosamente, o que me faz gemer em seus lábios.
— Nossa que delícia. — diz em minha boca.
Cavalgo em seu pau rebolando gostoso em seu colo, Derik chupa meus seios
enquanto pulo em cima dele cada vez mais rápido.
Sinto o clímax se aproximar cada vez mais.
— Derik... — gemo — eu vou...
Não conseguindo finalizar meu pensamento, quando alcanço o prazer que
esse homem me proporciona, ouço seus gemidos se intensificarem, gozando logo
após, caindo meu corpo por sobre ele.
Levanta meu rosto pra ele, me observando por um tempo até que diz com
seu olhar matreiro.
— Agora sim, bom dia!
Rio com seu jeito sedutor.
— E que bom dia hein.
Continuamos assim juntos um ao outro por mais um tempo, até me lembrar
que preciso ir pra academia, senão vou me atrasar para o trabalho. Levanto meu
tronco apenas, sem descolar nossos sexos.
— Vou pra academia, você vai agora?
— Está tão bom aqui...
— Nem vem hein. Você já fez eu deixar de ir segunda, hoje tenho que ir.
Ele gargalha concordando.
— Ok, vamos lá, melhor que a noite não preciso ir.
Dou lhe um selinho me afastando.
Enquanto coloco minha roupa, Derik vai até o banheiro escovar os dentes,
avisando-o.
— Estou indo em casa me trocar.
Vejo sair do banheiro, já com cabelo arrumado, envolvendo minha cintura.
— Ok, daqui dez minutos passo por lá. — Me dá um selinho.
— Tá bom, vou deixar a porta aberta.
Quando me viro pra sair, ele me dá um tapa na bunda me assustando.
— Ai. — Grito com o susto.
Olho pra ele com seu ar zombeteiro me encarando.
— Que foi...? não resisti. Essa calça te deixa muito gostosa.
Dou risada, pegando minha bolsa indo me arrumar.
Cuido de Bud rapidamente, colocando uma roupa de malhar rapidamente,
quando ouço Derik avisando da sala.
— Cheguei, estou te esperando aqui!
— Já estou descendo. — Devolvo.
Nos encontramos, seguindo para a academia, lado a lado, conversando sobre
o que nos espera de nosso dia.
Após uma hora de exercícios, sigo para a recepção esperar por meu querido
vizinho, pois marcamos de nos encontrar aqui quando terminássemos.
Ele chega na sequência todo soado, mas ainda mais sexy se é que seja
possível.
Quando estamos se aproximando de minha casa, sinto uma tristeza me
envolver por saber que vamos nos separar agora. Derik parece sentir o mesmo,
me observando com seus pensamentos longe, até que corta o silêncio.
— Posso vir aqui hoje depois do trabalho?
Sinto uma estranha alegria me envolver com seu pedido.
— Claro, vou me arrumar agora.
— Vai lá, também tenho que ir. — Me dá seu beijo fantástico de despedida
— Até mais tarde Kit Kat.
Entro para me arrumar cantarolando, feliz por saber que vou vê-lo mais
tarde.
Quando estou subindo no elevador, recebo uma mensagem de Bárbara, me
perguntando se está tudo certo para irmos ao buffet após o trabalho.
Droga! Esqueci completamente.
Logo penso em Derik, que não vou conseguir encontra-lo.
Respondo Barbara confirmando que vou direto do trabalho para o local.
Mandando na sequência uma mensagem para Derik.

Kat: Oii gatinho, acabei de lembrar que tenho um compromisso com


Barbara depois do trabalho, não sei que horas vou chegar. Desculpe, havia
esquecido completamente!
Suspiro, agora não tão animada chegando no trabalho, próximo do horário
do almoço, olho meu celular percebendo que Derik me respondeu, curiosa para
saber sua resposta.

Derik: Entendi, se quiser pode me mandar uma mensagem quando


chegar, dependendo da hora, vou lá te roubar um beijo.

O sorriso volta a surgir em meus lábios, percebendo que está se esforçando


em estar comigo, nem que seja tarde.

Kat: Combinado, quando chegar em casa, te aviso, ficarei feliz se for,


roubar um beijo meu rs.

Meu Deus, o que está acontecendo comigo? Pareço uma adolescente na


puberdade.
— Katarina, Katarina, menos né? — Me censuro.
O dia flui rapidamente, encontro com Barbara após o trabalho, nos
interessando pelo que o buffet oferece junto de suas atrações infantis, para
entreter as crianças, me animando em saber que meu pequeno vai adorar a
festinha que estamos preparando para ele.
Quando estamos seguindo para nossos carros para ir embora, Barbara me
questiona.
— Está ansiosa para saber o resultado da fertilização?
Penso no que responder, porque eu deveria estar sim, mas tudo que tem
acontecido comigo essa semana junto de Derik, me distraiu um pouco, me
deixando de certa maneira temerosa com o que pode acontecer se o resultado for
positivo.
Claro que quero muito que dê positivo, mas uma parte de mim sabe que isso
acontecendo, será adeus definitivamente ao Derik, e com relação essa parte fico
angustiada em não ter mais esse contato, pois realmente estou curtindo o que
estamos tendo, por mais que tenha data de validade.
Suspiro, respondendo.
— Estou um pouco, mas não tanto como imaginei que estaria. Não quero
criar expectativas sem necessidade, ansiedade atrapalha.
— Está certa maninha, é o melhor, deixa as coisas acontecerem.
Nos despedimos seguindo cada uma para sua casa.
Assim que chego, aviso Derik.
Tomo um banho pra tirar o cansaço do corpo, assim que termino ouço a
campainha, feliz em saber quem chegou.
Me enrolo na toalha descendo com o cabelo ainda pingando.
Atendo a porta encontrando Derik com uma pequena mochila em sua costa,
com suas mãos nos bolsos dianteiros da calça. Me olha de cima pra baixo
parecendo aprovar o que vê.
— Ual, adorei a recepção. — Vai dizendo se aproximando, fecha a porta
atrás dele retirando minha toalha jogando longe.
Gargalho com seu olhar predador em cima de mim.
— Acabei de sair do banho quando apertou a campainha. — Explico.
— E se fosse outra pessoa? — Corta o espaço entre nós agarrando meu
quadril com suas mãos.
— Sabia que era você, afinal estava te esperando.
Me pega em seu colo, seguindo para o quarto de onde não saímos mais por
hoje.
Derik já veio preparado para dormir comigo e irmos a academia logo cedo,
por isso trouxe a mochila.
Na quinta acabamos tendo a mesma rotina sem perceber, vamos juntos a
academia, quando chega do trabalho um pouco mais tarde de seu horário segue
pra minha casa, vindo dormir comigo.
Na sexta, quando estamos voltando da academia, entra pra pegar sua
mochila pra ir embora se arrumar para trabalhar.
Quando vem se despedir diz.
— Hoje vou buscar Gui pra passar o final de semana comigo, por isso vou
dormir em casa, tudo bem?
Sei que é pai, e tem suas obrigações com seu filho, mas é impossível evitar
um pouco da decepção surgir dentro de mim em saber que não o verei mais tarde.
Balanço a cabeça afastando esses pensamentos possessivos de dentro de mim me
lembrando.
Kat, vocês não possuem nada, não tem por que ficar chateada, é o filho dele.
Relaxa!
Não é ciúmes do filho dele, adorei Guilherme, só uma parte de mim queria
poder participar desse momento mesmo sabendo que não temos nada sério.
Me aproximo de Derik abraçando-o dizendo.
— Claro, dá um beijão nele por mim, vou sair com as meninas mais tarde,
vou chegar tarde. — Derik estreita os olhos me analisando. — Não que isso fosse
um problema para nos vermos depois. — Tento deixar claro que é apenas uma
noite com as amigas, nada mais que isso.
— Vão aonde? — pergunta tentando soar sem nenhum interesse, mas
percebo em seus olhos a curiosidade, aquecendo meu coração.
— Vamos em um restaurante próximo da casa de Sofi que inaugurou, elas
foram lá durante a semana, mas como jantamos no dia não fui, hoje não tenho
como escapar. — Digo rindo.
— Certo. — Parece refletir sobre o que disse, limpando a garganta, abre a
boca pra dizer algo, mas fecha de novo, abrindo novamente soltando algo que me
surpreende. — Sei que estamos só curtindo um ao outro, mas saiba que não gosto
de compartilhar mulher que está comigo!
Ual, isso é uma maneira discreta de dizer que não quer que eu fique com
ninguém além dele, enquanto estivermos juntos?
Ótimo, direitos iguais então gatinho. Arqueio minha sobrancelha, deixando
claro minha parte também.
— Nem pensei em ficar com outra pessoa além de você, mas saiba que
também não gosto de compartilhar.
Seu sorriso sensual surge, me beijando do jeito que só ele sabe fazer.
— Estamos combinados, ficando apenas um com o outro!
— Sim, estamos acertados.
— Agora preciso ir. — Dá um último beijo em despedida, se afastando
seguindo para a porta, quando vou fechar ele se vira me perguntando. — Quer
passar o dia conosco amanhã?
Arregalo os olhos com o convite que acabo de receber, pois agora mesmo
estava me sentindo triste em não o ver, e ele está fazendo de alguma maneira para
que eu participe do final de semana deles. Continua argumentando, como percebe
que ainda não respondi.
— Sei que é com criança, não vai dar pra ficarmos juntos como fazemos,
mas sei lá... — Sinto que está nervoso, então o corto respondendo.
— Vou adorar!
Pareceu que Derik soltou o ar que estava segurando, não tenho certeza se
percebi certo.
— Como o tempo está melhor esses dias, estava pensando em leva-lo em um
parque aquático, até mesmo porque tem águas quentes. Por isso prepara o biquini.
— Combinado, depois me fala o horário que vai passar aqui para irmos.
— Pode deixar! — Me lança uma piscadela se virando para ir embora.
Derik segue para sua casa agora realmente, me deixando entusiasmada com
o final de semana que teremos juntos.
CAPÍTULO 23

Quem te viu, quem te vê hein Derik!


É o que penso o dia todo pelo convite que fiz a Kat.
Não estou arrependido por tê-la convidado, muito pelo contrário, estou me
sentindo ansioso com a expectativa de como será.
Acredito que Gui ficará feliz quando souber que ela vai, ele sempre me
pergunta por ela.
Mas que fiquei surpreso comigo mesmo pôr a ter convidado para ir junto
amanhã, ah sim, isso me surpreendeu.
Senti vontade e simplesmente a convidei, não parei pra pensar que poderia
estar dando uma impressão errada a ela, ou que talvez estivéssemos indo longe
demais.
Não sei, simplesmente quando percebi já havia feito.
Mas em minha própria defesa, Kat é uma pessoa que além de linda por fora,
é linda por dentro, de bom coração, esforçada, alegre, nos divertimos juntos, não
consigo me lembrar da última vez que me dei tão bem com uma mulher como
temos nos dado.
Ao mesmo tempo que me sinto bem ao seu lado, isso tem me assustado.
O que tive com Alice nem se compara com a maneira como eu e Kat nos
entrosamos.
Com Alice, foi algo mais forçado a tentar dar certo, saímos algumas vezes, e
em uma delas, bebemos demais esquecendo da camisinha, o que acabou gerando
Gui. Sempre quis ter um filho, não me via em um casamento, mas filho sempre
tive vontade de ter, por isso apesar de não amar Alice, fiquei feliz com a
possibilidade de ser pai.
Como meus pais me deram uma boa educação, pedi Alice em namoro para
ver no que daria, afinal cresci em um lar estruturado, com meus pais juntos em
toda a minha vida, e gostaria que meu filho tivesse o mesmo, como ela parecia ser
uma pessoa agradável, divertida e nos dávamos bem na cama, achei que o amor
viria com o tempo.
Ledo engano!
Não poderia ter me engano mais.
— Argh! Se concentra em seu trabalho Derik que você ganha mais do que
pensar naquela maluca.
Dou continuidade em meu trabalho, resolvo algumas coisas que irão
acontecer no final de semana em obras para sair buscar Guilherme.
Um pouco antes do horário do rush, saio buscar meu filho, prefiro busca-lo
na escola para evitar ter que encontrar com a mãe dele, mas hoje infelizmente ele
não teve aula, me obrigando a ir até sua casa.
Depois de um pouco mais de uma hora de trânsito em uma sexta-feira na
grande São Paulo chego no condomínio para encontrar meu filho.
Me identifico na portaria, seguindo para a casa tão frequentada por mim
antigamente.
Tento evitar de pensar no que me machuca, mas vir aqui, é como se uma
faca apunhalasse meu coração novamente, quando a traição vem de quem você
menos espera, a dor se torna insuportável, para cicatrizar a ferida vai muito além
do que apenas seguir em frente.
Estaciono na grande residência, que um dia chamei de lar, respirando fundo
seguindo até a campainha.
Após poucos minutos Alice abre a porta.
— Olá, você já chegou? Quer entrar? — pergunta enrolando o cabelo na
ponta do dedo se insinuando, me medindo de cima a baixo.
Ranço! Essa é a palavra que defini quando a olho. Ranço e Nojo com
certeza!
Reviro os olhos para deixar claro minha resposta sendo direto como sempre
com suas indiretas.
— Guilherme já está pronto?
— Praticamente, estava terminando de arrumar a mala dele. — me encara
um pouco mais do que é necessário ainda com seu olhar de interesse. — Não
precisa ser grosso Derik, só quero manter uma relação agradável com o pai do
meu filho.
— E eu uma objetiva! — Encaro-a mostrando que não estou pra brincadeira.
— O que Anthony acha do seu interesse em manter uma boa relação comigo? —
Alice arregala os olhos com a possibilidade de desmascará-la. — Quer que eu
entre ainda ou vai chamar meu filho para irmos embora?
— Vou chama-lo, espere aqui!
Rio satisfeito com meu argumento, besta ela não é, já me fez de idiota uma
vez, ela que faça o outro de idiota hoje. Não vai correr o risco de não ter ninguém
para bancar sua vidinha fútil.
Aguardo por alguns minutos, até que ouço meu filho correndo vindo me
encontrar.
— Papai... — Gui chega pulando em meu colo, que o pego abraçando e
beijando seu rosto.
— E aí garotão, estava com saudades!
Gui agarra ainda mais envolta do meu pescoço.
— Também estava papai.
Vejo Alice na porta nos observando com a mala na mão, estendo a mão
pegando dela.
— Vamos lá garotão. Já se despediu da sua mãe?
— Vamos... não perai. — Se solta do meu colo, vai até sua mãe lhe dando
um beijo no rosto. — Tchau mamãe.
— Tchau meu filho, obedeça a seu pai viu. Tchau Derik.
— Tchau Alice! — Pego a mão de meu filho o levando para meu carro.
Gui vai conversando comigo pelo caminho contando da sua semana, do que
fez na escola, o que aprendeu, até que percebo que ficou em silêncio, vejo pelo
espelho do carro que adormeceu. — Rio pois sempre é assim quando entra no
carro, não demora muito e já está dormindo.
Sigo caminho para minha casa pensando em Kat, me perguntando se já saiu
do trabalho, se já foi jantar com as amigas, provavelmente deve estar indo.
Como estamos parados no trânsito, alcanço meu celular tirando uma selfie
minha com Gui dormindo enviando a ela com a seguinte legenda.

Derik: Esse meu companheiro sempre me abandonando nas viagens!

Coloco meu celular no suporte do carro prestando atenção no trânsito, que


anda lentamente, ouço a notificação de mensagem, mas não vou ser irresponsável
de olhar agora em movimento.
Quando paro em um semáforo, dou uma olhada na mensagem de Kat.

Kat: Ownnn tadinho, está cansado e criança adora dormir em um carro,


incrível rs.

Em seguida me envia uma foto, dela no espelho de corpo inteiro arrumada


pra sair. Está usando um vestido meia manga azul claro, justo em seus seios,
acinturado e solto no quadril, sapato preto no pé de salto com o cabelo arrumado.
Admiro um pouco mais a imagem enviada, até que ouço uma buzina.
Jogo o celular ao lado, vendo que o farol abriu, saindo apressadamente com
o carro.
Argh!
Decido responder em casa apenas, pra não me distrair no trânsito de novo.
Após trinta minutos chego no condomínio, ao passar pela casa de Kat
percebo que seu carro não está mais na garagem, indicando que já saiu para o
jantar.
Estaciono em minha garagem, vejo que Gui ainda dorme, resolvo responder
a mensagem antes de entrar.
Admiro a linda mulher na foto por alguns segundos retornando.

Derik: Ualll linda como sempre!!


Ahh e tomei uma buzinada por culpa sua haha, fiquei babando na sua
foto não percebendo que o semáforo havia aberto.

Quando vou desligar o aparelho, vejo que a mensagem foi visualizada e está
online, aguardo para ver sua resposta, vindo na sequência.

Kat: Hahaha não brinca, desculpa, pensei que tivesse chegado quando
mandou a foto, por isso mandei.

Quando vou responder, vejo que chega uma nova mensagem.

Kat: Já chegou em casa?

Me surpreendo com sua curiosidade, mas respondendo-a.

Derik: Sim, acabamos de chegar, e você já está com suas amigas?


Kat: Estou sim, a propósito vou parar de te responder aqui, antes que
elas me matem rsrs. Depois me avisa o horário de amanhã. Beijos!
Derik: Haha, ok bom jantar. Mais tarde te mando mensagem, Beijos na
boca rs!!

Vejo que visualizou a mensagem, mas não está mais online, por isso resolvo
pegar meu filho para entrar com ele.
Gui acorda, levo para conhecer seu quarto que está com as suas coisas, seus
brinquedos e alguns novos deixando brincar enquanto vou faço o jantar.
Após uma hora, jantamos bife com batata frita – comida preferida de Gui –
lavo a louça indo assistir a um filme juntos.
Enquanto coloco o filme para assistirmos, resolvo contar sobre nossa
acompanhante de amanhã e o local que vamos passear.
— Gui, amanhã pensei em irmos em um parque aquático, o que acha?
— Eba, adolo bincar na piscina papai, vai demorar muito pa chegar
amanhã?
Acho graça com sua ansiedade.
— Não, vamos assistir ao filme e depois dormir tá bom, pois vamos acordar
cedo para irmos.
— Tá bom, papai.
— Ah! Lembra da tia Kat?
Pensa um pouco respondendo.
— Lembo, a mamãe do Bud né, que deixou eu bincar com ele bastante?
— Isso, ela mesma. Como você sabe, ela mora aqui do lado do papai, por
isso eu a convidei pra ir conosco no parque, tá bom.
— Ela vai levar o Bud também papai? — pergunta esperançoso, me fazendo
rir.
— Não filho, não dá pra levar cachorro em parque aquático, mas ela disse
que se você quiser, pode ir lá ve-lo.
Gui já se levanta puxando minha mão com pressa.
— Então vamos papai... — me fazendo perceber que acredita ser agora, me
fazendo rir, enquanto lhe informo.
— Não Gui, ela não está em casa agora, disse que pode ir lá ver ele, mas
quando estiver em casa.
— Ah. — Volta a se sentar no sofá.
— Dependendo do horário que chegarmos amanhã, se você não estiver tão
cansado, vamos lá pra brincar com ele combinado? — Abre o sorrisão de sempre
mostrando ter gostado da ideia.
— Combinado papai.
— Vamos assistir agora o filme dos Carros.
Depois de duas horas, coloco Guilherme dormindo em sua cama, no quarto
ao lado do meu.
Dou uma olhada no horário de abertura do parque, programando o horário
que devemos sair, avisando Kat.

Derik: Olá linda! Tudo certo? Amanhã, podemos sair as nove, ok?

Será que já chegou? — me pego curioso.


Poucos minutos depois responde.
Kat: Cansada só, acabei de chegar, e você? Combinado, você me pega
aqui esse horário?

Nem precisei olhar se o carro já estava na garagem, penso satisfeito.

Derik: Se divertiu? Sim, te pego aí para irmos.


Kat: Sim, sempre me divirto com elas, e vocês o que fizeram de bom?
Derik: Sessão pipoca haha, assistimos Carros. Agora está dormindo.
Kat: Adoro esses desenhos da Disney, não terei problemas em assistir
com meus filhos quando os tiver, claro!
Derik: Não sei por que isso não me surpreende haha.

Conversamos por mais um tempo, me sentindo tentado a convidá-la a vir


aqui para ficarmos juntos um pouco, mas me repreendo.
Não Derik, que isso?! Você já dormiu junto dela vários dias essa semana,
que abstinência é essa que não consegue ficar um dia longe, seu filho está aqui,
hoje não!
É pensando nisso que resolvo ficar apenas pelas mensagens mesmo.
Depois de uma hora conversando, se despede.

Kat: Vou ir tomar outro banho agora, e descansar para sairmos


amanhã.
Derik: Pensa em mim no banho? Que vou pensar em você no meu
também.
Kat: Estava demorando kkk, vou pensar sim enquanto me toco
imaginando ser você!
Mas assumo, que adoro esse seu jeito devasso, sabia!
Derik: Que bom que gosta, pois é a maneira como fico quando estou
com você, amanhã vai ser muito difícil me controlar a vendo de biquini o dia
todo, será uma tortura.
Kat: kkkk até parece, nada que você não esteja vendo com frequência.
Vamos descansar, até amanhã gatinho, boa noite, beijinhos!
Derik: Boa noite linda, beijos na boca!!

Depois de me despedir dela, tomo meu banho para descansar, me sentindo


ansioso com o que o final de semana me aguarda.
Pela manhã Gui, acorda sozinho vindo pular em minha cama me acordando.
Tomamos café da manhã, nos arrumamos, próximo do horário combinado com
Kat, saímos de casa para busca-la.
— Papai, posso ver o Bud? Só um poquinho pui favo?
— É POR FAVOR que diz filho, vamos lá chamar tia Kat e vemos se
consegue ver, mas só um pouco hein, senão vamos nos atrasar.
— Eba, vamos.
Pego o no colo, seguindo para a entrada apertando a campainha. Logo depois
Kat abre a porta.
— Bom dia garotos!!
Kat pra variar está linda e muito gostosa com a roupa que usa, veste um
shorts branco curto, com uma camiseta verde justa modelando seu corpo, a cor de
sua roupa destaca ainda mais seus olhos, o cabelo preso em um rabo de cavalo,
usando ray-ban modelo aviador preso no decote da camiseta.
— Oi tia Kat, posso ver o Bud? — saio do transe após o pedido de Gui.
— Bom dia Kit Kat, — dou um sorriso de lado pra ela — desculpe por isso,
mas ele está pedindo desde ontem pra ver o Bud.
Ela ri, Gui desce do meu colo, enquanto Kat estende a mão pra ele, dizendo.
— Claro gatinho, vamos lá ver ele, está no quintal no fundo.
Acompanho os dois indo para o fundo da casa, admirando o corpo de Kat
por trás.
To ferrado hoje, serei torturado, tendo que ver esse corpo de biquini e não
poder tirar uma casquinha.
Reviro os olhos pra mim mesmo, estou parecendo cachorro no cio.
Gui agarra Bud ao vê-lo agarrando uma bola ao lado jogando pra ele.
Poucos minutos depois, observando a interação entre eles, tenho uma ideia.
— Gui, toma cuidado com a piscina viu, brinca longe de lá, papai já vem.
— Tá bom papai, vou ficar aqui.
Continuando brincando com Bud sem nem prestar atenção em mim e Kat, a
puxo pelo pulso para dentro de casa, que me acompanha com um olhar
desconfiado, levo até a cozinha, não muito longe de Gui mas o suficiente para
fazer um pouco do que desejo, sem ser pego no flagra por meu filho.
Imprenso seu corpo na parede com o meu, a beijando, que corresponde no
mesmo instante, parecendo ansiar por isso tanto quanto eu.
Nossas mãos tocam nossos corpos com pressa, como se a qualquer momento
fossemos ser surpreendidos.
Minha vontade é retirar sua roupa, metendo dentro dela com força até faze-la
gozar, mas preciso me controlar, logo, seguro minhas mãos em sua cintura
diminuindo o ritmo de nosso beijo. Quando afasto nossos lábios, digo.
— Agora sim, um bom dia decente. — Sorri pra mim segurando meu rosto
entre suas mãos.
— Ual, o que foi isso? Nada mal um bom dia desses.
— Ainda não é o bom dia que gostaria de te dar, mas é melhor que nada, não
é?
— Até gostaria de mais detalhes do que gostaria de fazer, mas é melhor não
entrarmos nesse assunto, pois Gui pode aparecer a qualquer momento.
— Verdade. — Volto a tomar seus lábios nos meus, apreciando cada detalhe
de sua boca. — Senti sua falta essa noite.
Me observa por alguns segundos, até que abre seu sorriso estonteante com
um brilho nos olhos.
— Eu também senti.
Tomando a iniciativa agora de nosso beijo.
Ouvimos ao longe Gui chamando Bud gargalhando, afastando nossos lábios.
Encosto minha testa na sua, buscando tranquilizar meu corpo.
— Vou ir ao banheiro jogar uma água no rosto para me acalmar. — Aponto
com minha cabeça para meu sexo indicando minha atual situação, que nota
gargalhando. — Isso, ri mesmo, homem sofre.
Dou um selinho nela.
— Vou lá, depois seguimos viagem.
— Vai lá gatinho, vou ir lá com Gui.

Nos divertimos muito no parque aquático, Kat e Gui se dão muito bem, ela
sempre o acompanha nas piscinas infantis, jogam água um no outro, ele pula em
cima dela como se estivesse brincando comigo e o mais interessante é que ela não
se importa, muito pelo contrário, entra na brincadeira.
Estou me sentindo encantado, como foi um dia agradável, não poderia ter
sido melhor.
Todas as oportunidades que tínhamos com a distração de Gui, nos
beijávamos rapidamente como dois adolescentes que estão namorando escondido
com medo de serem pegos pelos pais.
No final do dia Gui está exausto, dormindo rapidamente assim que o carro
entra em movimento.
— Já dormiu. — Kat diz olhando em sua direção.
— Imaginei, — debocho — é que preciso que acorde para dar banho e janta,
senão não me surpreenderia se dormisse direto até amanhã. — Me lembro do que
meu filho pediu para comer hoje, comentando: — Guilherme pediu pra comer
pizza hoje, quer jantar conosco?
Vejo que me observa enquanto falo, mordendo o lábio apreensiva.
— Tem certeza? Não quero trazer problemas para você.
— Claro que tenho, não há problema algum nisso.
Kat olha pra frente pensativa, até que me pergunta.
— Será que a mãe de Gui não vai achar ruim? Pensando que está namorando
ou algo parecido, levando Gui junto em seus encontros?
— Não esquenta Kat, Alice mora com outro homem, e não tem que se meter
com quem saio ou deixo de sair, e outra. — Tomo sua mão junto da minha
enquanto seguro o volante com a outra. — Nunca levei nenhuma mulher com
quem saio para perto dele, você é a única que fiz isso até hoje.
Percebo que o que digo a surpreende, surgindo um sorriso tímido em seu
rosto, acenando com a cabeça.
— Certo, vou tomar banho, me arrumar, quando puder ir lá você me avisa.
Dou um olhar de lado pra ela, como quem está tramando alguma coisa,
dizendo.
— Tenho uma ideia melhor. — Ela arqueia a sobrancelha aguardando que
eu continue. — Ao invés de acordar Gui quando chegar, podemos tomar banho
juntos, paro o carro, você pega uma roupa, vindo tomar banho comigo, depois o
acordo para tomar o dele.
— Você não dá ponto sem nó, não é? — Diz rindo, mas captando que gostou
da minha brilhante ideia. — Combinado, podemos ir direto então, tenho uma
roupa reserva aqui na bolsa para o caso de molhar a minha no parque.
E assim o fazemos ao chegar.
Como imaginei Gui não acordou, o deixei dormindo em seu quarto, fomos
para minha suíte, tomamos banho juntos, nos beijamos, nos demos prazer por
algumas vezes matando a vontade que sentimos um do outro durante o dia todo,
até que Kat diz.
— Está uma delícia ficar aqui com você, mas é melhor acordar Gui agora.
— Verdade, senão é perigoso dar trabalho pra acordar amanhã.
Dou um último beijo nela, sem vontade de me afastar, mas feliz por saber
que continuaria aqui conosco.
Vou acordar Gui enquanto Kat coloca sua roupa de volta.
Quando Gui a vê na sala, pede pra ver Bud de novo, dando outra sugestão.
— Por que você não o traz aqui Kat? Como vamos jantar aqui, Gui fica
brincando com ele.
— Pode ser, vou ir busca-lo, já aproveito, me trocando, pois está esfriando.
— Combinado, vou ir dar banho no Gui enquanto isso.
Kat trás Bud depois, Gui se diverte brincando com ele no quintal e até
mesmo dentro de casa. Enquanto eu e Kat ficamos observando, conversando, nos
conhecendo melhor.
Comemos pizza, percebo que Kat não quis beber nada alcoólico mesmo
sendo final de semana, estranhando. Mas não questiono, talvez só não esteja afim
de beber hoje.
Quando percebo que Gui está cansado, o coloco no sofá deitado com Bud ao
seu lado no chão assistindo um filme para se acalmar e dormir.
Eu e Kat seguimos para o quintal, deitando juntos na rede.
— Quer dormir aqui? — pergunto pra ela. — Gui já vai dormir, nem vai
perceber, amanhã podemos ir um pouco no parque pela manhã e depois faço um
almoço pra gente.
Ela fica quieta pensando um instante, penso que nem vai responder quando
diz.
— É melhor não, ele pode acordar pela madrugada e nos pegar juntos, como
vamos explicar que não temos nada, apenas estamos aproveitando o corpo um do
outro. — diz tentando soar como piada, mas me incomodando seu comentário. —
Podemos ir amanhã no parque sim, eu sempre levo Bud correr comigo no final de
semana, podemos ir juntos e depois te ajudo no almoço se quiser. Não tenho nada
programado para amanhã, mas claro se não for te atrapalhar, afinal é um
momento pai e filho.
Me sinto decepcionado por não ter aceitado dormir aqui, mas compreendo
seu ponto de vista.
Só não tendo gostado da parte de estarmos apenas aproveitando do corpo um
do outro, por mais que essa seja a nossa realidade.
Isso, saindo de sua boca, me incomodou mais do que eu achei que deveria
incomodar.
Tento frear meus pensamentos, respondendo de maneira casual.
— Tudo bem, combinado, as oito te encontro para irmos ao parque?
— Sim, pode ser.
Beijo-a calmamente, dizendo quando paramos.
— Mas só porque não vai dormir aqui, não quer dizer que não podemos nos
divertir um pouco antes de ir embora. — Esfrego minha barba em sua nuca vendo
a se arrepiar, me deixando satisfeito ao perceber o efeito que tenho sobre ela.
— É, isso não impede.
CAPÍTULO 24

Esse final de semana foi tão bom, como há muito tempo não era.
Na verdade, esses dois últimos foram ótimos, desde que Derik passou a
participar dele, por mais que não queira admitir, estou gostando muito mais do
que deveria me permitir de sua companhia.
Não digo que meus finais de semana eram ruins, geralmente não, não é isso.
Mas esse foi diferente do que costumo ter, mas muito especial.
Derik saiu de sua casa pra levar Gui embora, vindo para minha.
Ele até disse para eu o esperar em sua casa, mas não há lógica. Por isso,
disse que viria aqui organizar minhas coisas para o dia seguinte, afinal amanhã
trabalhamos.
É incrível como já estou sentindo sua falta pelo pouco tempo que estamos
separados, senti falta de dormir com ele nesses dois dias apesar de termos passado
o dia todo juntos, e isso não é bom sinal.
Quando namorava com Henrique, nunca dormia com ele, não conseguia, é
claro que me convidou algumas vezes, mas não sei explicar, simplesmente não
conseguia.
Na verdade, todos os namorados que tive após o traste, foram da mesma
maneira, namorava com eles, saíamos juntos, transávamos obviamente, mas sem
ter muita convivência, gosto de ter meu espaço, de voltar pra minha casa, ficar
sozinha, me sentia sufocada quando dormia com eles, consequentemente aos
poucos inventava alguma desculpa, vindo embora.
Com Derik, tem sido diferente de tudo que já vivi, tem sido natural, e nem
temos nada sério, e isso me intriga.
Como posso me dar tão tempo com uma pessoa que nem namorando estou?
Me sentir à vontade em dormirmos juntos, — e sentir sua falta quando não
dormimos — conhecer seu filho, passar o final de semana com eles como se
fossemos uma família?
Realmente, não estou me reconhecendo, se fosse antes, estaria agoniada,
fugindo de qualquer contato mais sério.
Mas, com ele não tem acontecido isso.
Me senti tão bem, nos divertimos tanto. Já sabia que Derik era um paizão,
mas convivendo nesse final de semana, percebi o quanto estava certa sobre isso.
Após ver tudo isso, é impossível não imaginar que meu filho ou filha não
terá essa experiência, — repouso minhas mãos em meu ventre – sei que quando
fiz a inseminação já sabia disso, mas vendo a maneira como estou me dando bem
com Derik e como é um grande pai, não há como não fantasiar se seria um bom
pai para o meu filho.
Balanço a cabeça negativamente para espantar esses pensamentos.
Não é porque ele disse que só está ficando comigo, que temos algum
relacionamento, muito menos que será algo duradouro.
Sei muito bem que não consigo me envolver, me entregar de coração a mais
ninguém. Eu tentei, posso ter todos os defeitos do mundo, mas tentei seguir em
frente, encontrar a tampa da minha panela como diz o ditado popular, mas aquele
ridículo danificou meu coração para receber qualquer outra pessoa, por isso
estranho em me sentir tão à vontade com Derik.
É impossível não imaginar que nossa “curtição” esteja chegando ao fim,
sinto meu coração apertar com a possibilidade de não o sentir, ou ter o que
estamos tendo.
Provavelmente Derik nem vai sentir minha falta, mas eu sei que infelizmente
irei, pois por mais que meu sonho seja ser mãe, ele conseguiu despertar algo em
mim que estava adormecido há onze anos.
Não sei explicar o que seria exatamente, mas sinto que com Derik tem sido
diferente, não apenas porque temos essa química avassaladora, mas por tudo que
me faz sentir e pensava não ser mais possível.
Sigo para o quintal junto de Bud, me deitando na espreguiçadeira em frente a
piscina com ele deitado ao meu pé.
— Está cansado né bonitão, Gui não te deu descanso. — Bud balança o rabo
olhando pra mim, como quem confirma o que disse me fazendo rir.
As lembranças de hoje voltam em minha mente me fazendo sorrir, em como
a toda oportunidade que tínhamos eu e Derik nos beijávamos, nos abraçávamos,
parecendo dois adolescentes apaixonados.
— Apaixonados, sério Kat?? — jogo a cabeça pra trás fechando meus olhos
deixando o sol de fim de tarde aquecer meu rosto e quem sabe iluminar a minha
mente. — Foi apenas modo de falar, não que eu esteja, claro que não estou.
Imagens do nosso corpo preenchendo um ao outro, de como nossos lábios
parecem ter sido feitos sob medida, em como apenas sua presença já é o
suficiente para me fazer incendiar, até mesmo quando dormimos juntos, consigo
dormir tão bem quando estou em seus braços.
Coloco as mãos em meu rosto, irritada comigo mesma.
— Meu Deus, o que está acontecendo comigo?
Não posso estar me apaixonando, não posso!
Ele não sai da minha cabeça, durmo pensando nele, acordo pensando nele,
quando estou com ele me sinto feliz, completa, mas agora posso estar grávida,
essa semana vou descobrir se minha inseminação deu certo, e caso tenha dado,
será nosso fim.
A voz de Sofi vem a minha mente dizendo.
“Deixe que ele decida por si”
Eu sei que o correto se der positivo, é o informar, permitindo que decida se
quer continuar como estamos ou não, mas sei muito bem que estando grávida os
hormônios vão estar mais aflorados, se já estou me sentindo mexida por ele sem
estar, imagina quando estiver ainda mais sensível?
Posso acabar me apegando ainda mais a ele, e envolver uma criança para
depois tirar dela alguém que aprendeu a amar. Não é o que quero!
Além também, do receio de deixar me envolver com alguém e terminar de
quebrar o que sobrou do meu coração. Não aguentaria outra desilusão, outra
mentira.
Não! Eu não quero sentir nada daquilo que já senti uma vez. Não quero
sentir aquilo nunca mais! E não preciso.
E outra! Derik também não quer nada sério, porque estou pensando em tudo
isso mesmo?
— Argh! Relaxa Kat, você vai fazer o exame essa semana, resolver sua vida,
colocando tudo nos trilhos de novo...
— Que exame? — Dou um pulo com o susto ao ouvir a voz de Derik
próximo de mim, coloco a mão no peito sentindo meu coração disparado.
— Nossa você me assustou. — Sorri, puxando meus pés para cima de seu
colo, se sentando ao pé da espreguiçadeira.
Droga, preciso parar com essa mania de falar sozinha, que desculpa irei dar
agora?
— Percebi, pelo pulo que deu. — diz massageando meus pés de maneira
relaxante. – Mas você não me respondeu, que exame tem que fazer?
Mas é claro que não ia esquecer né Kat, boca aberta!
— Nada demais, apenas exame de rotina. — Tento disfarçar mudando de
assunto. — Nossa você foi rápido, pensei que fosse demorar mais.
Derik me observa desconfiado, me fazendo sentir mal por esconder isso
dele, mas como contar isso pra ele.
Ah! Então lembra no dia que saímos juntos, fiz uma inseminação naquele
dia e posso estar grávida, vou saber daqui alguns dias, e aí o que acha?
Não tem lógica, quanto menos souber, melhor para todos. Penso que nem vai
comentar nada quando diz.
— Domingo, sem trânsito, acabou sendo rápido. — Nossa essa massagem
que está fazendo está divina, nem sabia que precisava até perceber agora o quanto
me sinto relaxar com ela.
— Nossa vou contratar você para ser meu massagista pessoal.
Seu sorriso malicioso aparece, levando meu pé até seus lábios chupando meu
dedão de maneira muito sexy.
— Sei fazer outras coisas para te relaxar também. — Levanto minhas
sobrancelhas em expectativa.
— Hum, bem que você poderia me mostrar não é.
Era tudo que precisava ouvir para o incentivar, como um leão caçando sua
presa, aproxima sua boca de meu corpo, me lambendo, chupando, mordendo
subindo lentamente se debruçando sobre mim, me fazendo esquecer tudo a minha
volta que me afligia.
Só conseguindo pensar agora que estou exatamente aonde deveria estar,
sendo preenchida por esse deus grego que tem virado minha vida de cabeça pra
baixo.

Hoje é sexta-feira, o tão esperado dia finalmente chegou, eu e Sofi estamos


terminando de almoçar quando limpo a garganta dizendo.
— Sofi, preciso ir em um laboratório quando sairmos daqui.
Ela sobe os olhos azuis me encarando já sabendo do que se trata.
— Vai fazer o exame hoje?
— Sim, vou! — Remexo com o talher o restante da comida. — Já adiei por
dois dias, preciso fazer pra descobrir o que me espera. — pois apesar do médico
ter me orientado fazer em 15 dias, ele havia comentado que com 12 dias já seria
possível identificar, e hoje faço 15 dias.
Ela assente com a cabeça, puxando minha mão para debaixo da sua me
confortando.
— E se der positivo? — Me pergunta, pois sabe como eu e Derik estamos
vivendo ultimamente, parecendo um casal, mesmo sem esse título definido entre
nós.
Dormimos juntos todos os dias desde que Gui voltou para sua casa, quando
não na sua casa, na minha, mas sempre estamos juntos com uma rotina pré-
definida, vamos pra academia juntos, nos arrumamos juntos pois estamos levando
roupa pra ir trabalhar no dia seguinte.
Suspiro angustiada mediante sua pergunta pois sei o que me aguarda se der
positivo e por incrível que pareça isso me entristece.
— Se der positivo, vou parar de sair com Derik. — Minha voz falha ao dizer
isso, mas sei que ouviu.
— Você tem certeza de que deve fazer isso? — Sonda. — Olha pra mim Kat.
— Levanto meus olhos para os seus. — Se vocês estão se dando tão bem. Por que
acabar algo que pode dar certo?
Coloco minha testa em minha mão que apoia o cotovelo na mesa
respondendo-a.
— Você sabe o porquê Sofi, você melhor do que ninguém sabe que não
posso confiar em mais ninguém, não posso envolver uma criança nisso sabendo
que no fim não vai dar certo, e só vamos sair machucados, ou melhor, eu irei sair,
se me entregar.
— Kat, já te falei que Derik não é o Gustavo, são situações totalmente
diferente!
— Sabe o que não é diferente Sofi, eu me deixar envolver com alguém que
pode ter o direito de destruir minha vida de novo, prefiro não correr o risco. —
Respiro fundo continuando. — Estou curtindo muito ficar com Derik, isso é fato
e não tenho como fugir disso, mas quanto mais tempo eu adiar isso, pode ser pior.
No início sei que vou sentir falta dele, de tudo que temos vivido, mas vou
esquecer, sempre consegui separar meu coração de meus relacionamentos, não
será agora que vou deixar que seja diferença.
Sofi suspira pensando no que disse, até que assente concordando com a
cabeça.
— Ok amiga, estou aqui para o que precisar!
Abaixo meu olhar para o prato sem nem ao menos vê-lo sabendo o que me
aguarda.
Pagamos a conta seguindo para o laboratório, aguardo alguns minutos para
realizar o exame que já havia deixado agendado, sentindo meu coração apertar
com todas as possibilidades.
Uma parte de mim quer muito que dê positivo, pois sempre foi meu sonho e
estou preste a realiza-lo, mas uma parte de mim, aquela que está relutante em
admitir, se sente angustiada com a possibilidade de acabar com Derik de vez.
O restante do dia parece não passar, ao mesmo tempo ansiosa, ao mesmo
tempo gostaria de adiar para o próximo dia ou próxima semana em realizar esse
exame.
Mas sei que preciso descobrir.
Quando saio do escritório vejo mensagens de minhas amigas pedindo para
informa-las quando souber e de Barbara perguntando quando vou fazer o exame
para descobrir.
Respondo-as informando que assim que tiver o resultado vou avisá-las. Pois
esse exame sai o resultado no mesmo dia, ainda não entrei para ver se está
disponível, mas acredito que senão está, em breve estará.
Derik também mandou uma mensagem informando que vai demorar um
pouco para sair hoje, mas que mais tarde passa em casa.
Chego em casa, cuido de Bud, como alguma coisa, lavo a louça que acabei
de sujar, resolvo tomar banho e colocar uma roupa mais leve.
Após terminar tudo vejo que não há mais como adiar, me sentindo
apreensiva, mas preciso parar de fugir.
Pego o login do laboratório de exame em minha bolsa, para acessar o
aguardado resultado.
Se der negativo, vou ficar angustiada, e irei me preparar para fazer
novamente quando puder.
Acesso pelo meu Macbook o site do laboratório, colocando meu login e
senha, vendo que o resultado já está disponível, sento meu coração disparar
mediante as possibilidades.
Deixo o computador, um pouco de lado indo tomar um pouco de água para
me acalmar.
— Mas que merda está acontecendo com você Kat? — me repreendo.
Respiro fundo voltando próximo ao computador, para ver logo o resultado.
Pego em minhas mãos, abaixando meus olhos para a página, clicando no
local indicado para o resultado do exame realizado. Leio os detalhes dele até ver
o resultado.
Positivo.
Levo minha mão até minha boca desacreditada com o que vejo.
— Meu Deus... — me sento sobre o sofá sentindo minhas pernas bambear.
— Vou ser mãe.
Meus olhos lacrimejam em emoção, sentindo lágrimas escorrendo por meu
rosto.
Levo minhas mãos até meu ventre, agora tendo certeza de que há uma
pessoinha habitando aqui dentro, falando com ele pela primeira vez.
— Oi bebê, sou eu a mamãe. — Rio ao mesmo tempo que choro
emocionada, minhas lágrimas são tantas que molham minha camiseta. — A
mamãe já te ama muito tá, e saiba que vou fazer tudo pra te fazer feliz e te
proteger de todo mal.
Nesse momento, ouço meu celular disparando ao som de mensagens, me
levanto indo até ele percebendo que já passa das sete.
Abro a mensagem de Derik informando que já está a caminho, vai passar em
casa pegar uma roupa e vir pra cá ficar comigo.
Sinto meu coração apertar em saber o que terei que fazer, mas não há mais
nada a ser decidido, preciso resolver isso.
Acabo não o respondendo, sem saber o que dizer, e tomando a decisão de já
começar a me afastar acostumando minha mente a ficar sem ele.
As outras mensagens são das meninas e Bárbara querendo saber se já sei o
resultado.
A alegria que estava sentindo agora foi substituída pela angústia do que me
aguarda quando Derik chegar, estou sem palavras para responde-las, tiro uma foto
do exame na tela do computador enviando a elas, desligando o celular na
sequência.
Salvo o exame, enviando a meu e-mail para impressão amanhã no
consultório, desligando o computador, lavo meu rosto para amenizar as marcas de
choro sabendo que isso não será suficiente, desço para minha varanda no quintal
me sentando em meu sofá pensando como irei conversar com Derik, sem entrar
em detalhes do real motivo de meu afastamento.
Sei que em breve ele vai descobrir que estou grávida, isso é inevitável ainda
mais morando na mesma rua, mas vou fazer o possível para evita-lo, até mesmo
para não pensar ser dele. Afinal nenhuma proteção é 100% segura.
Após alguns minutos se passarem, ouço a porta da frente se abrindo com
Derik me chamando ao longe.
— Kat, cheguei, onde você está? — Respiro fundo tentando colocar um
sorriso em meu rosto.
— Estou aqui fora.
Pouco tempo depois vejo a porta do quintal se abrir, com ele aparecendo.
Meu Deus, como será difícil esquecer tudo que vivemos nesse pouco tempo
juntos.
Admiro seu rosto, seus lábios macios, seus olhos azuis penetrantes que me
observam desconfiados e me fascinam, seus cabelos macios e liso jogado de lado
que o deixa muito sexy parecendo um ator de Hollywood. Suspiro já sentindo
falta de tudo isso que não terei mais.
Derik se aproxima devagar, se ajoelhando no meio de minhas pernas me
encarando.
— O que você tem Kat? — me analisa parecendo ler dentro de mim, me
fazendo desviar meu olhar do dele com medo que consiga ler minha mente. —
Por que está chorando?
Droga! Por que precisa ser tão fofo?
Sinto um de seus dedos em meu rosto secando minhas lágrimas que nem
havia percebido estar escorrendo.
Balanço a cabeça, tentando colocar um sorriso em meu rosto para disfarçar
meu interior.
— Não é nada demais. — Ergo minhas mãos até seu rosto acariciando.
— Você sabe que pode conversar comigo, não sabe? — Confirmo com a
cabeça, aproximando meus lábios do dele, pois é disso que preciso nesse
momento.
Me despedir.
Derik corresponde meu beijo, calmo, apreciando, tocando em minha alma
como se fosse possível, tento mostrar pra ele em como me fez feliz nesse pouco
tempo que passamos juntos. Se levanta me pegando no colo sem desgrudar
nossos lábios nos levando para meu quarto.
Não precisamos conversar, nosso corpo, nosso beijo diz por nós nesse
momento, e é disso que precisamos agora, aproveitarmos nossa última vez.
Hoje nosso toque foi diferente do que geralmente acontece entre nós, não
houve aquele fogo, aquela pressa, só quisermos sentir cada toque, cada beijo,
cada sensação para guardar na lembrança.
Após chegarmos no clímax juntos com toda nossa sintonia, permaneço
quieta, mas abraçada dele, chegando à conclusão que hoje será minha despedida,
amanhã será um novo dia e irei conversar com ele.
Não sei se Derik está sentindo o mesmo, pois parece pensativo, puxa
conversa comigo, respondo tentando ser eu mesma, mas acredito que não esteja
conseguindo esconder realmente como me sinto, pois percebo em seu olhar que
está estranhando a maneira como estou agindo.
Após nos darmos prazer mais duas vezes, tomarmos banho, depois Derik
adormece, mas eu, apesar de me sentir exausta mentalmente não consigo dormir.
Fico admirando-o ressonar baixinho, enquanto acaricio seu peito, seu
abdômen, seu rosto, seus lábios, seu nariz, tudo que posso, tentando memorizar
todos os detalhes possíveis em minha mente como uma boa lembrança do que
tivemos.
O alarme de Derik desperta, pois ele havia comentado comigo que precisaria
trabalhar o período da manhã mesmo sendo sábado. Ainda estou acordada, não
consegui dormir nem um minuto sequer, sabendo o que me aguarda.
Vejo Derik se mexer mostrando que está despertando, respiro fundo pelo que
vem a seguir pedindo mentalmente.
Meu Deus, não me deixe fraquejar.
Seus olhos azuis encontram os meus, se estreitando aos poucos me
perguntando.
— Bom dia Kit Kat, — se aproxima de dando um selinho mais demorado.
— Você não dormiu linda? Que olheiras são essas?
— É não consegui dormir. — Respondo dando um sorriso fraco, respiro
fundo novamente, como se com isso fosse me dar forças para o que preciso fazer.
— Derik, — limpo minha garganta. — Precisamos conversar.
— Tudo bem. — Responde desconfiado. — Conversamos mais tarde, pode
ser?
Nego com a cabeça.
— Não, não irei demorar, mais tarde será complicado. — Digo me sentando
na cama, poderia adiar para mais tarde, mas pra que? Pra continuar aflita por essa
conversa por mais tempo? Melhor resolver logo de uma vez, e depois tentar
distrair minha cabeça.
Derik me acompanha puxando seu cabelo, me dando a impressão que
percebeu não ser uma boa conversa que virá.
— Certo, quer conversar agora?
Confirmo acenando pra ele.
— É sobre a maneira como está desde ontem?
Confirmo novamente com a cabeça olhando para minhas mãos entrelaçadas,
devido ao nervosismo que me envolve.
— Kat, olha pra mim. — Levanto meu rosto encontrando seu olhar
penetrante mostrando preocupação. — Conversa comigo.
Suspiro, limpando a garganta, começando.
— Derik, não sei como falar isso, mas acho melhor ser direta. — Vejo que
concorda comigo com o balançar de cabeça me encorajando. —Certo, nós
estamos nos dando muito bem, tem sido tudo muito bom o que vivemos nessas
duas semanas juntos, mas não posso continuar com isso, como te disse não estou
procurando um relacionamento, não consigo me relacionar com ninguém mais, e
isso que estamos vivendo tem parecido com um namoro. Desculpe, — abaixo
meus olhos para minhas mãos novamente sem conseguir encarar seus olhos —
mas não posso continuar, tenho outros objetivos no momento, estava me deixando
levar com você esquecendo deles.
Derik fica quieto por um tempo, levanto meus olhos para o encarar, não
gostando do que percebo em seu olhar.
Decepção, talvez? Raiva? Não sei dizer.
— Ok, Katarina.
O que? Katarina agora? Sério?
— Não fica com raiva de mim, estou fazendo isso para o nosso bem.
— Fica tranquila, — diz se levantando colocando sua boxer sem me olhar,
— não estou com raiva, você está certa. Também não quero um relacionamento,
agora nem nunca. — Sinto um punhal atravessar meu peito com a maneira como
confirma o que disse, afinal se continuasse com ele, ia levar um fora daqui alguns
dias. — Me deixei levar sem perceber, como nos demos bem na cama, não
percebendo que realmente é o que estávamos tendo, mesmo que não fosse a
intenção. — Ele suspira quando termina de colocar sua camiseta, olhando em
meus olhos dando de ombros, terminando de girar o punhal dentro do meu peito.
— Afinal, era apenas sexo, nada mais.
Coloca seu sapa tênis, pega sua mochila, se virando para sair. Quando está
chegando na porta se vira, dizendo.
— Não precisava perder seu sono por causa disso, era só falar que teríamos
resolvido o problema. — Sinto uma lágrima escorrer por meu rosto. — Não vou
mais te atrapalhar Katarina. Se cuida!
Me dá as costas, saindo de meu quarto, de minha vida. Mas não sem levar
junto dele o que restou de meu coração.
CAPÍTULO 25

12 anos atrás

Mais um ano se passou e finalmente estamos terminando o terceiro ano de


faculdade.
Eu e Gustavo continuamos cada dia mais apaixonados um pelo outro, apesar
de toda correria que levamos com a faculdade, Gustavo com seu novo trabalho de
modelo, pois é, isso mesmo meu namorado virou modelo.
Há quase um ano atrás surgiu uma pessoa no bar que trabalhava, se
interessou pela aparência dele dizendo que se daria muito bem como modelo de
fotografia.
Claro que Gustavo não quer seguir carreira com isso, aceitou apenas para
conseguir um dinheiro de maneira mais fácil até começar a residência, assim se
sente mais másculo, podendo manter a casa sem a ajuda de meus pais.
As vezes ele tem que sair à noite para ir em alguns eventos, ou posar para as
fotos a noite, como estuda em período integral, mas acaba sendo menos puxado
do que quando estava no bar, e financeiramente tem valido muito a pena.
Estou muito curiosa para conhecer algum trabalho dele, mas disse que os
trabalhos estão em andamento, por isso ainda não consegui ver nada nas revistas,
nem em nada.
Acho muito estranho quase um ano e até agora não ter nada pra me mostrar,
os eventos também não posso acompanhar, o que também não me agrada, sei que
um ou outro é normal não poder levar acompanhante, mas em todos?
Às vezes me sinto um pouco desconfiada, mas como me trata muito bem,
vive me presenteando, me levando pra jantar fora além de continuar fogoso como
sempre, tento tirar da minha cabeça qualquer desconfiança, porque não há
necessidade de ficar pensando besteira, afinal, mente vazia, oficina do diabo.
Quando penso isso, procuro ocupar minha cabeça, lembrando de tudo que
faz por nós dois, em como é esforçado e jamais faria qualquer coisa para nos
destruir.
Hoje completamos três anos juntos e ele está preparando alguma coisa, pois
pediu que me arrume para jantarmos fora, dizendo que fará uma surpresa pra
mim.
Estou me sentindo ansiosa com o que pode estar tramando, como disse que
passaria aqui me buscar as oito da noite, como ia resolver algumas coisas estou
terminando de me arrumar.
Coloquei um vestido preto bem sexy, com um leve decote na frente e as
costas nuas, enrolei meus cabelos prendendo a frente com uma presilha com
strass, caprichei na maquiagem como sei que gosta, finalizando com uma
sandália de salto 12.
Ouço meu celular tocar, percebendo que é Gustavo me ligando.
— Oi amor. — Atendo.
— Oi mô, já está pronta?
— Estou sim, já está chegando?
— Sim, estou estacionando aqui, se quiser ir descendo.
— Mas você não vai se arrumar? — estranho.
— Já estou pronto baby, passei na casa do César pra deixar algo lá e já me
arrumei.
Fico receosa pois não o vi saindo com nenhuma roupa reserva, mas tento não
ficar pensando demais para não estragar a noite.
— Ok, vou descer. — Me limito a dizer.
Quando encontro Gustavo, noto que está lindo se é que seja possível estar
mais.
Usa um terno preto com camisa azul claro, calça jeans escuro e sapato preto,
num estilo sport chic. Definitivamente, lindo!
Assim que me vê, vem até mim me rodando dizendo.
— Nossa, acho que vou mudar a programação e ficar em casa mesmo,
comemorando com você de outra maneira.
Rio da sua proposta, sabendo que se realmente quiser isso, irei adorar cada
minuto
— Olha que não vou achar ruim hein!
Ele me beija, mas ao se afastar diz.
— Não, vamos sair, tenho tudo programado, você está linda e quero exibir o
que é meu, afinal se arrumou para isso.
— Verdade, além de ter me deixado curiosa, podemos deixar sua proposta
para mais tarde. — Dou lhe uma piscada passando por ele rebolando, entrando no
carro de maneira sexy.
Gustavo dá a volta no carro nos levando para o restaurante que fez reserva.
Paramos em frente a um prédio enorme, Gustavo deixa o carro com o
manobrista, seguindo para o elevador.
Chegamos no 42º andar, vejo o nome Terraço Itália as portas do elevador se
abrem me deixando de queixo caído com a elegância do local, assim que a maître
nos encaminha até nossa mesa fico surpreendida com a vista da cidade que temos.
Sempre ouvi dizer que é linda a visão desse restaurante, mas nunca tinha tido
a oportunidade de vir aqui.
Nossa mesa fica bem próxima a vidraça, com uma excelente vista durante
nosso jantar.
Escolhemos nosso prato, conversando animadamente enquanto tomamos
uma taça de champagne.
Terminamos de jantar, pedimos uma sobremesa, enquanto vemos alguns
casais dançando na pista de dança, Gustavo se levanta, vindo até mim estendendo
sua mão.
— A senhorita me concederia a honra de uma dança?
Aceito sua mão, com um sorriso enorme no rosto.
— Mas é claro, seria um prazer.
Gustavo me guia até o centro da pista, começando a dançar comigo.
Pouco tempo depois a banda para de tocar, a cantora dizendo que vai
precisar de alguém para cantar junto dela a próxima música, estranho, mas
torcendo para que eu não seja a escolhida.
Mas para minha total surpresa, aponta para Gustavo dizendo.
— Você aí do lado da loira, — Gustavo olha pra mim, olha pra cantora
apontando pra ele mesmo como quem pergunta se é ele. — Isso você mesmo,
sobe aqui, vem cantar com a gente essa música.
Gustavo dá de ombros subindo, enquanto gargalho com a situação um tanto
inusitada, pois ele sempre gostou de cantar em Karaokê, mas nunca imaginei o
ver cantando em um restaurante para o público apesar de ter uma bela voz.
A cantora fala alguma coisa com ele longe do microfone, que a responde
começando a tocar de janeiro a janeiro da Roberta Campos e Nando Reis.
Gu canta a música olhando diretamente em meus olhos, me deixando
extasiada.
Quando chega no último refrão, começa a descer a escada ainda cantando
vindo em minha direção.
“Que meu amor, não será passageiro, te amarei de janeiro a janeiro, até o
mundo acabar...”
Meus olhos estão lacrimejados com a intensidade de sua declaração, de
repente para de cantar, mas a banda continua tocando ao fundo, percebo que
respira fundo ainda olhando em meus olhos fazendo o que jamais imaginei um
dia.
— Kat, essa música retrata bem a nossa história, eu tive que fugir do meu
sentimento quando éramos apenas amigos por medo de perde-la se um dia
mostrasse o que sentia de fato por você. Mas o universo conspirou a nosso favor e
a consequência do destino é o nosso amor, para sempre eu vou te amar. — As
lágrimas começam a descer pelo meu rosto sem me importar com mais nada. —
O meu amor não é, nem nunca será passageiro, te amarei de janeiro a janeiro, por
todos os dias de minha vida, até o mundo ou a minha vida acabar. Não consigo
me imaginar longe de você, sou feliz porque acordo e durmo ao seu lado, e é
assim que quero passar o resto dos meus dias.
Se ajoelha em minha frente, levo uma mão a boca de maneira trêmula sem
acreditar no que vejo. Gu retira do bolso uma caixinha de veludo azul da Tiffany
abrindo-a para mim, me mostrando um lindo anel de diamante.
— Kat, você continuaria me fazendo o homem mais feliz do mundo pelo
resto dos meus dias, me dando a honra de se tornar a minha esposa?
Meu choro se intensifica, soluçando pela surpresa enorme que me fez, não
conseguindo nem responder, balanço a cabeça positivamente respondendo a ele o
que minha boca não conseguiu soltar.
Gustavo retira o anel da caixinha colocando em meu dedo, se levanta me
beijando apaixonadamente, enquanto ouvimos várias pessoas assoviando e
batendo palmas. Me levanta pelo quadril rodando comigo em seu colo
comemorando, deixando comigo uma felicidade que não cabe em mim.
CAPÍTULO 26

Ontem quando cheguei e encontrei Kat com os olhos inchados de chorar,


primeiramente fiquei preocupado com o que poderia a ter magoado pra ficar
daquela maneira. Depois quando veio me beijar, o modo como ficamos juntos,
senti que estava sendo uma despedida, não sei explicar, mas pareceu ser.
Tentei não colocar nada na cabeça, pensei que talvez tivesse apenas
acontecido algo com ela, que a tenha deixado chateada, mas que no dia seguinte
estaria melhor.
Pois minha primeira intuição estava correta, ela não conseguia olhar em
meus olhos, ali percebi que havia algo de errado.
Esperar que iria tomar um fora logo cedo, por essa eu não esperava
realmente.
Quem ela pensa que é? Pra vir terminar comigo assim, dessa maneira?!
Não consigo nem lembrar quando alguém terminou comigo, se é que isso
alguma vez aconteceu, sempre sou eu quem o faço.
Na verdade, eu nem fico tantas vezes com ninguém, como fiquei com Kat,
consequentemente não tenho que terminar, nem terminam comigo.
No máximo digo que não iremos mais repetir a dose, para aquelas que ficam
no meu pé querendo que saiamos juntos novamente.
Simplesmente não respondo mais suas mensagens, não retorno as ligações
quando tem troca de telefones obviamente, evito isso pra não ter ninguém no meu
pé.
Com Kat tudo foi diferente, sei que explicou que não quer relacionamento
sério, e nem quero também, mas parece que algo não se encaixa, pensando
melhor agora depois de um tempo raciocinando com o que houve assim que
acordei.
Se não queria que continuássemos juntos, por que estava chorando e abatida
daquela maneira?
Não foi coisa da minha cabeça, se quer tanto ser solteira, livre e
desimpedida, por que não ficou aliviada ao invés de abatida?
Sinto que tem algo mais nessa história que não me contou.
Mas também não me interessa mais.
Se é o que quer, se quer ficar livre pra sair com outros babacas, pois que
saia, faça bom proveito.
Se ela pensa que vou ficar implorando para voltarmos, está muito enganada,
caso tenha sido essa sua intenção.
Pois não irei!
Se não quer, tem quem queira. Comigo é assim, a fila não anda, corre!
Posso até sentir falta dela no início, afinal estávamos convivendo bastante,
íamos juntos a academia, dormíamos juntos todos os dias, e até o final de semana
ficamos juntos. Tudo estava sendo feito juntos.
— Caralho de mulher. — Bato no volante irritado por pensar tudo que
estávamos tendo.
Vou trabalhar que eu ganho mais, até o final do dia já esqueci quem é
Katarina.
Parece que um bicho me mordeu hoje, pois mal humor é pouco para como
me sinto o dia inteiro.
Além de diversos problemas que resolveram surgir tudo de uma vez hoje
para eu ter que me virar e resolver, é cada pergunta idiota que sou obrigado a
responder que haja paciência pra não mandar embora cada incompetente que me
aparece.
Só faltam me perguntar se posso fazer o trabalho deles também.
Porque é só o que está faltando hoje!
O que custa conferir a merda do relatório direito, antes de enviar? Qual a
dificuldade em conferir se os dados estão batendo.
Ou averiguar se a conta está batendo ao invés de confiar cegamente no que
inseriram na planilha.
Minha paciência está se esgotando, se mais alguém vir perguntar algo sem
sentido de novo, vou mandar passear direto no RH.
Porque eu pago a porra do salário deles, pra fazer o que lhe foram atribuído
direito, não pra ficar a cada cinco minutos me perguntando coisas ridículas.
Ouço alguém bater na porta, respiro fundo contando mentalmente até dez,
pra não mandar ir direto assinar o contrato de rescisão.
Olho por cima do computador, com cara de poucos amigos pra ver quem
vem me atrapalhar agora, lançando flechas invisíveis pra pessoa que aparecer.
— E aí cara? — Vini quem surge a minha vista. — Nossa, devo voltar em
outra hora? — Pergunta, mas já fechando a porta atrás de si, o que significa que
está apenas me provocando.
Reviro os olhos mediante sua hipocrisia.
— O que você quer Vinícius?
— Nada demais, só vim papear. — Encosto na cadeira confortável de minha
sala, cruzando meus braços em meu peito, encarando-o com um arquear de
sobrancelhas. — Nossa, o que você tem hoje?
— Não tenho nada. Só estou ocupado. — Volto a mexer em meu notebook. –
Alguém precisa trabalhar nessa merda.
Vini assovia, rodando na cadeira como uma criança brincando.
— Acho que está precisando transar mais, está muito estressado.
Bufo mediante seu comentário insolente.
Mal sabe ele que o que mais tenho feito todos esses dias é isso, que meu mal
humor é justamente da falta dela, por saber que hoje quando chegar, vou ter que ir
direto pra minha casa ao invés de ficar com ela.
— Vim te convidar para beber alguma coisa hoje, talvez ajude a melhorar
seu humor, topa?
Estava planejando ficar trabalhando até tarde, mas até que ir beber, distrair a
cabeça, seja uma opção melhor.
Quem sabe, encontrar uma mulher que me agrade, seja melhor ainda.
— Até que enfim, alguma coisa que preste saiu da sua boca.
— Ao invés de agradecer o convite, ainda é malcriado, eu hein. — Reviro os
olhos para seu humor dramático. — Vou ver se Marcão quer ir junto. Saímos as
seis.
— Ok.

Estamos Vini e eu no barzinho próximo do trabalho, ele não para de falar,


enquanto eu finjo que presto atenção, mas a única coisa que faço, é beber uma
dose de Whisky atrás da outra tentando esquecer aquela feiticeira que se infiltrou
em minha mente e em meu corpo.
— Derik. — Vejo uma mão acenando na frente de meus olhos de repente me
tirando de meus pensamentos, olho para o lado vendo Vini me encarando. —
Estou te chamando a um tempo, o que aconteceu com você que está desse jeito?
— Que jeito? — Tento ganhar tempo para pensar no que responder.
— Seu corpo está aqui, mas você não. Você está viajando cara, o que
aconteceu para ficar desse jeito?
— Já falei que nada, caralho! — Bufo, chamando o garçom pedindo mais
uma dose com a mão. — Só quero beber em paz.
Vini continua bebendo sua cerveja calmamente, me irritando ainda mais por
ficar me analisando com seu olhar.
— Quem é ela?
— Oi?!
— Oi, tudo bem? — Ri o idiota — Quem é ela? A mulher que finalmente te
fisgou?
Era só o que me faltava, achar que fui fisgado por alguma mulher.
— Você tá é louco, achando isso.
— Bom... — ele parece refletir sobre o que vai dizer. — Então me explique,
senão é uma mulher é o que então, porque não me lembro de já ter visto você tão
mal-humorado desse jeito antes.
Penso no que responde-lo, posso contar um pouco sobre o assunto, mas sem
dizer quem é, e sem detalhes.
— Nada demais, estava saindo com uma mulher aí, estávamos nos dando
bem, ficando todo dia juntos que nem percebermos, até que hoje cedo ela
terminou tudo do nada.
— Do nada? Não explicou o porquê?
— Não falou nada com nada. — Tomo mais um gole de meu Whisky
sentindo descer queimando pela minha garganta.
— Como assim? Que merda ela disse? — soa curioso.
— Sei lá, disse que não quer relacionamento sério e é praticamente o que
estavamos tendo, e que não consegue se relacionar mais com ninguém.
Vini fica quieto refletindo sobre o que falei, enquanto continuo tomando meu
Whisky.
Não quer relacionamento, e quem disse que eu quero, pois foi um favor o
que me fez, isso sim!
— Sabe o que estava me perguntando aqui? — Vini questiona.
— Que eu saiba não leio pensamentos. — Ele gargalha da minha cara, vê se
pode uma coisa dessas, a pessoa está querendo ficar com o olho roxo, só pode.
Permaneço o encarando, como quem diz “qual é a graça?”, quando se recupera,
continua.
— Quero conhecer ela, a mulher que finalmente te pegou de jeito. — Reviro
os olhos para seu comentário nada humorístico. — Mas voltando ao assunto,
estava me perguntando se por acaso você quer algum relacionamento sério com
ela?
Volto a beber meu drink pensando no que devo responder a ele?
Eu quero? Claro que não, não confio em ninguém, como é que iria querer
algo sério com alguém?
Então por que estou desse jeito? Só pode ser porque tomei um fora, e isso
nunca tinha acontecido.
— Claro que não, — finalmente respondo — só não estou acostumado a ser
dispensado.
Preciso colocar minha cabeça no lugar.
Vini gargalha novamente ao meu lado, me deixando ainda mais furioso.
— É amigão, pra tudo tem a primeira vez. — O fuzilo com meus olhos, mas
parece nem perceber. Após se recompor, bate em meu ombro chamando minha
atenção. — Cara, sério agora. Pensa no que acabei de te perguntar, não precisa
responder isso pra mim, responde pra si mesmo. Pois desde que nos conhecemos,
você sempre disse não querer nada sério com ninguém, e se estava praticamente
em um, sem perceber, talvezm isso tenha mudado dentro de você sem que
notasse.
Continuo bebendo meu drink pensando no que disse, até que corta o silencio
novamente.
— E outra coisa, segundo você, ela disse que não consegue se relacionar
com MAIS — frisa no “mais” — ninguém, parou pra pensar que talvez tenha
algum trauma aí? Talvez um medo de se envolver de novo e acabar mal por
algum motivo que tenha tido no passado? São tantos talvez... — diz essa última
parte em tom baixo.
Olho pra Vini refletindo sobre o que acabou de me dizer, fazendo sentido
finalmente alguma coisa que disse.
Será? Será que está fugindo de alguma coisa do passado?
— Não tinha parado para pensar por esse lado.
— É percebi pela fossa que se encontra hoje. — diz rindo. — Mas sério,
agora bora levantar esse ânimo, e vamos comer alguma coisa, senão amanhã você
não consegue nem se levantar. Depois você pensa em tudo isso e decide o que
fazer.
Concordo com a cabeça, chamando o garçom para pedir mais uma dose,
quando o mesmo vai anotar meu pedido, Vini se intromete, me surpreendendo.
— Cancela essa dose e traz um refrigerante pra ele, junto de uma porção de
frango.
O garçom anota o novo pedido se afastando.
— Preciso de babá agora?
— De nada beleza? Você já tomou muito Whisky hoje, sei que está
chateado, mas isso não vai resolver nada, só estou te ajudando. Amanhã você me
agradece.
Bufo mais pra mim mesmo do que pra ele, por saber que no fundo sei que
está certo.
Meu humor dá uma pequena melhorada, conversar com Vini no fim acabou
me fazendo bem, depois irei refletir com mais calma em tudo que me disse e
pensar no que fazer.
O tempo vai passando dando uma maneirada no consumo alcoólico para
conseguir pensar com clareza.
Jogamos bilhar, conversamos sobre assuntos aleatórios, mas uma vez ou
outra dou uma olhada em meu celular para ver se há alguma mensagem de Kat
pedindo para conversarmos, voltando atrás em tudo o que disse.
Mas nada até agora.
Estou sentado em uma mesa com Vini, quando sinto uma mão acariciar meu
ombro chamando minha atenção, viro meu rosto para ver quem é.
Noto uma mulher muito atraente, ruiva dos olhos verdes, mas não tão
bonitos quanto os de Kat, um vestido agarrado deixando pouco pra imaginação
para seu corpo escultural, puxa uma cadeira ao meu lado se sentando de maneira
insinuante com seu vestido curto mostrando quase a polpa da bunda,
aproximando seu rosto de mim ao dizer.
— Estou te observando há um tempo, toma uma bebida comigo? — Lambe
seus lábios de maneira provocante, mas ao invés de me sentir tentado em dar
continuidade com qualquer coisa, há única coisa que sinto é meu estômago
embrulhar com sua insinuação.
— Valeu, mas hoje estou apenas curtindo a noite com meu amigo. — Tento
ser educado ao dispensá-la.
A garota faz um bico com os lábios tentando ser atraente, mas acaba tendo o
efeito ao contrário dentro de mim.
Que merda está acontecendo comigo?
— Poxa que pena, gatinho. — Gatinho sério? Isso faz com que me lembre
de Kat me chamando de gatinho, com ela eu gostava quando saía de sua boca,
dessa daí, só me causa repulsa. — Pensei que poderíamos terminar a noite de uma
maneira bem mais agradável, não quer reconsiderar?
Vejo que Vini nos observa, parecendo incrédulo.
A mulher é bonita, isso é fato, gostosa também.
Por que a merda do meu pau não tenta corresponder a ela? Não dá sinal de
vida mostrando algum interesse pra eu ir em frente e tirar aquela feiticeira gostosa
da minha cabeça?
Respiro fundo, a respondendo.
— Hoje não, quem sabe uma próxima vez. — Não vou descartar, quem sabe
o interesse amanhã volte a surgir. Afinal meu corpo vai sentir falta, ainda mais
mal-acostumado como estava transando várias vezes por dia.
A garota, se levanta indo até o garçom pedindo algo, vejo ela anotar alguma
coisa em um pedaço de papel voltando até mim, me entregando seu telefone.
Assinto com a cabeça, se aproxima de mim, dando um selinho no canto de
meus lábios, me causando nojo ao sentir seu contato em minha boca.
Assim que a mulher, se afasta, Vini estarrecido.
— Cara, você realmente tá gamado, nunca vi dispensar nenhuma mulher
antes, ainda mais uma nesse naipe.
— Não é pra tanto. — Desconverso, mas sabendo que há algum problema
sério comigo.

Os dias vão se passando lentamente, não encontrei mais Kat, tenho evitado ir
à academia pela manhã para não encontrá-la, o que significa que uma vez ou
outra acabo não indo por causa do horário que saio do trabalho.
Tenho tentado ocupar minha cabeça o máximo possível, tenho trabalhado até
tarde frequentemente, quando não vou a academia, me exercito em casa mesmo
para não deixar cair o ritmo, até no domingo trabalhei o dia todo, para evitar de
encontrar com ela pelo condomínio. No outro, fiz questão de sair com Guilherme
nos dois dias, porque ele ficava pedindo o tempo todo pra ir ver Bud, por isso, foi
uma maneira que encontrei para o distrair.
Não vou dizer que esteja sendo fácil, pois não está.
Diversas vezes me vi escrevendo uma mensagem a ela, mas ao invés de
enviar, apagava antes que me arrependesse.
Fui mais duas vezes com Vini em um barzinho, em uma delas uma morena
se aproximou de mim e tentei, juro que tentei seguir em frente, paguei uma
bebida pra mulher, tentei conversar, mas nada aconteceu, não senti um interesse
sequer.
Consequentemente, não segui com ela para um motel, não queria correr o
risco de passar vergonha. Algo que nunca havia acontecido comigo.
Parece que essa feiticeira enraizou as garras dela no meu pau, me impedindo
de ter interesse por qualquer outra mulher, senão for isso, qual outra explicação
seria?
Só consigo ter algum alívio em meu banheiro com a minha mão, imaginando
a própria feiticeira pra conseguir ter algum efeito.
Às vezes me pego perguntando se ela não está sentindo minha falta, será que
apenas eu estou me sentindo um cego perdido sem saber que direção tomar?
Não é possível que tudo que vivemos não tenha tido nenhum valor pra ela.
Sei que estou parecendo um dramático falando isso, mas estou me sentindo
assim ultimamente, nem estou me reconhecendo sendo sincero comigo mesmo,
me sinto como se um trator tivesse passado por cima de mim, mal tenho me
alimentado, almoço porque Marcos me arrasta para o restaurante.
Ele obviamente percebeu que não estou nos meus melhores dias e ficou me
questionando até eu contar o que aconteceu.
Claro que não entrei em muitos detalhes, mas contei tudo para ele dentro do
possível, apenas omiti a pessoa.
Pra variar, ficou surpreendido com tudo que contei, pois sabe melhor do que
ninguém que nunca deixei me envolver tanto com uma pessoa, ele acompanhou
meu “namoro” com Alice e sabe que o real motivo dele ter acontecido foi apenas
a gravidez, senão nunca teria começado.
Comentei sobre o que Vini disse, que me deixou intrigado sobre a
possibilidade de isso ser por causa de algum trauma e concordou dizendo fazer
sentido seu raciocínio.
Marcos me incentivou a ir atrás dela, se é o que realmente quero, mas me
pergunto, é o que quero?
Nunca quis ter um relacionamento sério com ninguém, será que só estou
assim porque não estou acostumado a tomar um fora?
Estou acostumado as mulheres virem atrás de mim, e o fato de com ela não
ter sido assim, me deixa encabulado.
Sei que é uma maneira machista de pensar, mas prefiro não ir atrás dela
enquanto não tiver certeza do que quero.
Não gosto de brincar com as pessoas, e por mais que Kat não fosse querer
nada comigo, só iria a luta como Marcos me estimulou, se eu tiver absoluta
certeza do que quero.
Se for parar pra pensar, estou pensando mais nela do que em mim.
Já se passaram duas semanas desde que Kat terminou comigo, eu e Marcos
estamos almoçando agora, quando resolvo sondar se sabe alguma coisa sobre ela.
— E a Kat, como está?
Marcos sobe os olhos escuros do prato para mim, estranhando minha
pergunta, mas responde.
— Está bem, fomos pra Sorocaba no final de semana retrasado almoçar com
os sogros, e nesse final de semana ficou em casa conosco — para e pensa no que
vai dizer, dando continuidade, — na verdade a achei um pouco abatida, mas não
quis ficar perguntando, Barbara sempre está conversando com ela, mas não entra
em detalhes comigo, e não fico perguntando.
— Hum... — Abatida? Será que é por causa de mim? Um pequeno fio de
esperança tenta surgir. — Por que será que está abatida? Está com algum
problema?
Marcos dá de ombros, continuando sua refeição.
Merda! Nem pra ele me ajudar.
— Você não tem visto ela na academia ou condomínio? — Me pergunta com
um estreitar de olhos parecendo desconfiado.
Limpo a garganta desconfortável.
— Não, — coloco um pouco de comida na boca tentando ganhar tempo para
responde-lo. — Tenho ido à noite, e pelo que ela comentou comigo uma vez,
costuma ir de manhã.
Marcos continua me encarando intrigado até que me pergunta.
— Tem algo a me contar Derik?
Engasgo com a água que tomo com sua pergunta repentina.
— O que eu teria pra falar cara?
Ele coloca o dedo no queixo parecendo pensar, até que diz.
— Sei lá. — Dá de ombros. — Talvez seja coisa de minha cabeça, — parece
refletir antes de seguir com seu raciocínio — mas vocês dois estão abatidos
praticamente ao mesmo tempo, e não tinha comentado nada comigo sobre sua
garota, até tomar um fora dela. — Batuca os dedos na mesa inquieto com sua
conclusão. — Pensei que essa garota poderia ser por acaso, minha cunhada? —
Pergunta desconfiado.
Droga, fui pego em flagrante, o que eu falo agora?
— Só perguntei por curiosidade, para puxar conversa, não foi com interesse
nenhum.
Pronto, respondi sem mentir, caso descubra no futuro pelo menos não vai
ficar com raiva por ter mentido pra ele.
— Ah! Não esquece do aniversário do Nathan, — finalmente muda de
assunto — vai ser sábado agora, consegue levar Gui?
— Vou mandar uma mensagem para a mãe dele, espero que não cause nada
por isso.
Aniversário do Nathan, como é que fui esquecer isso? Kat com certeza
estará lá, tenho que pensar em uma maneira de me aproximar dela.
De repente sinto uma ansiedade se infiltrar em mim para que essa festa
chegue logo.
CAPÍTULO 27

Esses dias não têm sido fáceis, desde que eu e Derik nos afastamos, tenho
andado desanimada, não imaginava que fosse sentir tanta falta dele com tão
pouca convivência, mas sei que assim foi o melhor.
Se continuássemos juntos teria chances de me apegar ainda mais a ele, e não
é o ideal.
Às vezes me sinto tentada a ir atrás dele, saber como está, mandar uma
mensagem qualquer, quando vou a academia, meus olhos traidores sempre o
procuram, afinal não sei o horário que tem ido, mas como nunca mais o encontrei
imagino que seja no período da noite.
Deve estar me evitando, tanto quanto eu o estou evitando.
Nos finais de semana, procurei companhia para diminuir a tentação em
procurar por ele, passei o final de semana na casa de Bárbara, no anterior fui pra
casa de meus pais logo no sábado pela manhã.
Obviamente, Bárbara tem me questionado o motivo de estar tão quieta,
chegou até a me perguntar se estou arrependida de ter feito a inseminação, o que
achei um absurdo.
A única coisa que tem me dado forças para seguir em frente é justamente o
fato de saber que há uma pessoinha crescendo aqui dentro de mim, que precisa
que eu seja forte por ele.
Sei que não tem sido fácil, que a saudade tem apertado, mas nada dura para
sempre, e um dia eu vou conseguir esquecer tudo que vivemos.
Apesar do pouco tempo juntos, foi mais intenso que qualquer relação que
tive anteriormente, o que me surpreende ter permitido chegar nesse ponto.
As meninas sempre conversam comigo, falando para procura-lo, dar mais
uma chance a nós dois, que preciso ser sincera com ele sobre a gravidez e deixar
que decida se quer continuar ou não, mas continuo seguindo firme em minha
opinião que trazer mais uma pessoa pode ser pior.
Outro fato importante, é que Derik desapareceu, não veio atrás nenhuma
única vez desde aquela conversa pela manhã, o que me deixa ainda mais chateada
com a certeza de que realmente nossa história tinha data de validade, se não
tivesse sido eu aquele dia, logo mais seria ele a colocar um fim em nosso suposto
relacionamento.
Não tenho tido vontade de me alimentar, de trabalhar, nem de ir à academia,
tenho me forçado a fazer essas coisas.
Às vezes me lembro dos momentos que passamos juntos, como parecíamos
ter sido feito sob medida, como se um completasse o outro.
Seu olhar conseguia mexer comigo como nenhuma outra pessoa um dia
conseguiu, seus lábios faziam com que esquecesse tudo que estava ao meu redor.
Suspiro, tocando em meus lábios com a recordação atingindo minha mente,
com a saudade que tenho estado dele todos os dias, até em dormir tenho tido
dificuldade, acordo de madrugada procurando por ele, — afinal estávamos
dormindo juntos todos os dias, acabei me acostumando — e muitas vezes não
consigo voltar a dormir pensando no que está fazendo, ou com quem está.
Não duvido que já esteja com outra, ou outras — reviro os olhos mediante
meu pensamento — mas não é de se duvidar, o que não falta são mulheres
esperando uma brecha para ter o prazer de sua companhia.
Graças aos céus pelo menos por enquanto tem sido tranquilo minha
gestação, agendei para próxima semana minha consulta para iniciar o pré-natal,
poucas vezes me sinto enjoada, mas no geral tenho estado bem, até a sonolência
que toda gestante diz sentir não tenho tido. Me sinto mais cansada isso é fato, mas
não sei se é apenas por causa da gestação ou indisposição mesmo.
Amanhã é aniversário do meu sobrinho, contratamos buffet, brinquedos
infantis para espalhar pelo quintal da casa de minha irmã, e também personagens
vivos, é o que tem me dado um pouco de disposição hoje, em ver a animação que
Nathan se encontra pelo seu aniversário.
Sei que as chances de encontrar com Derik amanhã são grandes, e depois do
que aconteceu entre nós dois, não sei como será, se vai deixar de ir para me
evitar, ou se não faz diferença em me ver ou não.
Sinto a ansiedade invadir meu corpo em expectativa com nosso reencontro,
sei que não devo, mas é impossível não imaginar como será. E sofrer em
antecipação com tudo que não posso mais ter.
O dia seguinte finalmente chega, mal consegui dormir com a inquietação que
domina meu corpo e mente.
Apesar das grandes olheiras abaixo de meus olhos, faço o possível para
amenizar a aparência com uma boa maquiagem.
Escolho um macacão que marca bem minhas curvas, nada vulgar, mas que
fique atraente, até mesmo porque vamos estar em uma festa infantil. Visto uma
sandália com salto grosso não muito alto, ideal para a ocasião.
Prendo o cabelo bem no alto em um rabo de cavalo, me sentindo pronta para
sair.
Vou chegar mais cedo para ajudar nas organizações do que for necessário,
sei que não é muito preciso como foi tudo contratado, mas é bom para caso
Bárbara precise de algo, ou surja alguma eventualidade.
O dia está muito agradável, bem ensolarado como que dando as boas-vindas
a primavera que se inicia, também sendo um excelente dia para se dar uma festa,
com a poucas chances de o clima estragar.
Estou me sentindo extremamente nervosa com o desenrolar dessa festa, com
medo de ser ignorada, mas total apreensão como posso me sentir quando o ver,
isso se ele for a festa.
Ele e marcos são muito amigos, não é possível que não vai aparecer
morando aqui perto, a não ser é claro que tenha algum compromisso inadiável.
Talvez seria melhor se isso acontecesse, não vindo, não precisaria vê-lo, tudo
seria mais fácil, talvez essa aflição toda que estou sentindo sumiria ao perceber
que não irei encontrar seu olhar de raiva novamente.
Chego a casa de minha irmã duas horas antes da previsão de início de festa,
como era previsível, Bárbara está uma pilha de nervos com os preparativos,
Nathan está com a energia a todo vapor, correndo pela casa a deixando ainda mais
irritada por não conseguir parar para o arrumar.
— Maninha, espera mais uma hora e deixa que eu o arrumo, ok? — Falo a
segurando pelos dois ombros tentando passar segurança, mas sabendo que quem
mais precisa se distrair sou eu. — Não adianta o arrumar agora, ele vai se sujar,
criança é assim mesmo.
Ela arfa parecendo cansada, concordando.
— Certo Kat, vou deixar as roupas dele separadas para você o arrumar.
— Combinado.
Enquanto isso, vou dar uma olhada no quintal nos preparativos da festa, os
brinquedos praticamente todos montados, já inflados, para diversão de todas as
crianças e alguns adultos que sempre entram juntos, e posso me incluir nessa.
Coloco a mão na barriga com um leve sorriso no rosto, sabendo que devido
ao início da gestação não vou poder aproveitar os brinquedos junto de meu
sobrinho.
Após ajudar com as dúvidas de alguns fornecedores, vou arrumar Nathan
para seu grande dia.
A hora vai passando até que percebo alguns convidados chegando pelo
quarto de Nathan, sinto minhas mãos suarem com o nervoso me dominando, as
seco em minha roupa com minha agitação interna.
Será que ele já chegou?
— Que foi titia? — Nathan me chama cortando meus pensamentos.
— Nada não príncipe, e aí está pronto para sua festinha?
Pula no chão gritando com toda sua animação para curtir a festa.
Estendo minha mão para a pequenina dele, respirando fundo me acalmando
enquanto descemos para a área da festa.
Chegamos no quintal, aonde percebo alguns convidados já acomodados nas
mesas abaixo da grande tenda que espalhamos no quintal para evitar o sol.
Nathan solta minha mão correndo em direção aos brinquedos infláveis que
irá desfrutar, percebendo um fotógrafo seguindo-o para disparar fotos sobre ele.
Rio acompanhando a correria do fotógrafo em cima dele, de repente ouço
uma vozinha conhecida gritando por mim.
Paraliso pensando se estou imaginando coisas, sinto meu coração disparar
em expectativa, minhas mãos suam ainda mais, minhas pernas bambeiam como
gelatinas, ao me virar lentamente em direção a voz que me chama novamente
agora mais próximo.
Vejo Gui correndo em minha direção, meu sorriso se espalha pelo rosto com
a alegria contagiante que sinto dele, ele pula para que eu o pegue em meus
braços, me lembrando que não posso carregar peso, me abaixo com os joelhos no
gramado ficando próximo de seu tamanho o abraçando.
— Tia Kat, senti saudades de você e do Bud. — Rio de sua espontaneidade
por nunca se esquecer de meu cachorro.
— Também sentimos gatinho, Bud também está com saudades viu.
Vejo uma sombra se aproximar de nós, já imaginando de quem se trata,
simplesmente sei que é ele, meu corpo traiçoeiro sente sua presença como se
provocasse desejos que ficaram submersos em sonhos apenas, nessas últimas três
semanas.
Respiro fundo para acalmar meus sentidos, me afastando levemente de Gui
levantando meu rosto em direção ao corpo que nos tampa do sol.
Então, eu o vejo!
Se meu coração estava disparado antes, agora sinto como se uma escola de
samba tivesse se apossado dele, de todo meu corpo que reage imediatamente
apenas com seu olhar penetrante ao encontrar com os meus.
Ainda bem que estou ajoelhada, senão corria o risco de me desequilibrar.
Sinto seu olhar me queimando, notando cada detalhe em mim, não perdendo
a oportunidade faço o mesmo.
Como se fosse possível, Derik parece ainda mais lindo do que já vi alguma
vez, seu cabelo um pouco mais cumprido do que dá última vez que o vi, a barba
cresceu bastante, o deixando com um semblante mais duro, mas ainda assim sexy
de todo maneira.
— Papai... — Gui nos tira do nosso transe, chamando nossa atenção para ele,
vendo-o puxando a perna do pai. — Posso ir brincar com Nathan no pula-pula?
Derik olha pra mim novamente com um olhar inquisidor, respondendo seu
filho.
— Pode sim Gui, só tome cuidado.
Percebo que ainda estou ajoelhada, me colocando de pé devagar enquanto
limpo as gramas de meus joelhos.
Quando levanto meu olhar encontro o de Derik, percebendo o quanto senti
sua falta, sinto meu corpo aquecendo e um reboliço visceral tomando conta de
mim.
Vejo seu pomo de adão subindo e descendo mostrando a rigidez em seu
maxilar, cortando finalmente o silêncio que paira entre nós.
— Como está Kat?
Essa voz, meu Deus, como senti falta de o ouvir me chamar, apenas de falar
comigo.
Sinto um alívio invadir meu peito ao perceber que me chama por Kat e não
Katarina como dá última vez que nos vimos.
Respiro e inspiro para responde-lo da maneira mais normal que consigo.
— E... estou ... — gaguejo, limpando a garganta — Estou bem Derik, e você
como tem passado?
— Muito bem também.
Apesar de mais sério do que o normal, vejo em seu olhar não a raiva igual a
última vez, mas algo que parece refletir com o meu, talvez saudade, se não estiver
confundindo as coisas.
Ao observar melhor seu rosto, percebo que seus olhos estão mais fundos do
que o habitual, mostrando que não tem dormido bem ultimamente.
Desvio o olhar para meus pés sem saber o que dizer, ou como me comportar
perante ele.
Por que estou me sentindo tão nervosa com sua presença? É apenas o Derik
Kat, você pode agir normalmente como com qualquer outra pessoa.
Ao levantar meus olhos, vejo Gui e Nathan se divertindo no pula-pula,
resolvendo entrar em um assunto mais seguro para nós no momento.
— Gui já está se divertindo com Nathan. — Aponto com a cabeça em
direção a eles, com um sorriso tímido em meus lábios.
Derik dá uma olhada rápida para eles, meneando a cabeça.
— Verdade, estava animado em vir hoje.
— Nathan também, estava muito ansioso por hoje.
Finalmente vejo um meio sorriso aparecer em seus lábios, amenizando o
clima pesado entre nós.
Derik fica novamente com o maxilar rígido, olhando para trás de mim, viro
meu rosto seguindo seu olhar encontrando Marcos nos observando de longe ao
beber sua long neck.
Um garçom nos oferece algumas bebidas nesse instante, aceito uma água,
enquanto Derik aceita uma cerveja.
— Não vai beber hoje também? — pergunta estreitando os olhos
desconfiado.
Droga viu! Ele está achando que sou uma cachaceira agora?
Mas tento responder sem dar margem para mais perguntas por enquanto.
— Não, não estou muito afim de bebidas alcoólicas ultimamente.
— Está certa. — Diz levando a garrafa até sua boca.
— Gui vai dormir na sua casa hoje? — Balança a cabeça negando — E está
bebendo sendo que vai dirigir?
Minha intenção era apenas perguntar, mas acabou soando como repreensão.
Quando vou me desculpar por me intrometer, responde.
— Só vou beber essa, até o levar embora já saiu o efeito do meu corpo.
Concordo agora mais aliviada com seu bom senso, em não os colocar em
risco.
Vejo meus pais chegando ao longe, percebendo que minha mãe me viu,
resolvo ir até eles com receio de que fale algo que me comprometa em frente a
Derik.
Pedi para mantermos em segredo por enquanto minha gestação, pelos
primeiros três meses, principalmente para que Marcos não fale nada para Derik, e
espero que tenha respeitado minha vontade. Ele é muito discreto e na dele, mas
como são muito amigos, nunca se sabe.
Vendo minha mãe se aproximando, resolvo me apressar.
Volto meu olhar para Derik que estava olhando na mesma direção que eu
intrigado, quando digo.
— Meus pais acabaram de chegar, vou ir cumprimenta-los.
Quando vou sair, ao mesmo tempo preocupada que minha mãe possa dar
com a língua nos dentes e triste em me afastar dele, ouço sua voz ainda próximo
de mim.
— Não vai me apresentar?
Droga! O que eu faço?
— C...claro, por que não? — Digo com um sorriso apreensivo no rosto.
O que deu em mim de começar a gaguejar hoje hein? Relaxa Kat, vai dar
tudo certo.
Respiro fundo enquanto aguardo meus pais chegarem até nós.
— Kat, — minha mãe chega me abraçando, — que saudades filha, nem
parece que te vi no final de semana.
Abraço-a também, tenho uma ideia de reforçar meu pedido em seus ouvidos.
— Mãe, não esquece do que te pedi hein, não vai comentar com ninguém
sobre a novidade aqui. — Falo em tom baixo em seus ouvidos, torcendo para que
respeite meu pedido.
Ao se afastar a vejo confirmar com a cabeça de uma maneira discreta o que
me deixa aliviada,
Olho para meu pai que observa Derik desconfiado.
— Hei pai, vocês demoraram. — Vou até ele, o abraçando também.
— Foi culpa da sua mãe, que enrola mais que tudo para se arrumar, — vejo
minha mãe revirando os olhos, parecendo não se importar com sua reclamação,
— parecia que estava indo viajar, não apenas em uma festa, voltando hoje mesmo
pra casa.
Bufa, me fazendo rir. Olho para Derik que nos observa com ar de riso no
rosto, pelo modo que meu pai fala de minha mãe, resolvendo apresenta-los.
— Mãe, pai. — Aponto com a mão para ele. — Esse é Derik, meu novo
vizinho, está morando na casa de Barbara, é amigo e sócio de Marcos. Derik,
meus pais, Arthur e Elena.
Ele entende a mão para meu pai, que o cumprimenta de modo firme, talvez
tentando o amedrontar, o que me faz rir baixando o rosto tentando esconder.
— Muito prazer, sr. Arthur.
Quando Derik vai estender a mão para minha mãe, ela o agarra em um
abraço.
— Olá, meu filho, é um prazer conhece-lo, Barbara e Marcos já haviam
comentado sobre você.
— O prazer é meu. — Retribui educadamente.
— Até que enfim chegaram, já estava mandando o resgate atrás de vocês. —
Ouço Bárbara falando alto ao se aproximar, junto de Marcos.
Meus pais os cumprimentam também, até que minha mãe pergunta por
Nathan.
— E cadê meu pequeno aniversariante? Quero vê-lo e dar meu presente a
ele.
— Está brincando, vamos lá? — Bárbara diz os puxando em direção de meu
sobrinho.
Percebo que Marcos dá um olhar intrigado a Derik antes de sair, mas os
acompanha. Estranho, mas volto a olhar para Derik que diz.
— Seus pais são bem simpáticos, mas seu pai em específico não pareceu ir
com a minha cara. — Diz com olhar matreiro.
— Nada, só quer te intimidar, — desvio o olhar continuando — pensou que
temos alguma coisa. — Falo baixo, sem jeito por meu pai ter percebido que
tivemos algo.
— Talvez, não esteja tão errado quanto pensa, não é? — Me pergunta com
um olhar desafiador.
— Por que diz isso? — Pergunto confusa, afinal não temos mais nada.
— Porque nós tínhamos, até você se afastar de mim. De certa forma
tínhamos algo.
Confirmo com a cabeça abaixando meu olhar, enquanto mexo minhas mãos
uma na outra, sem saber o que comentar.
Levanta meu rosto com o indicador levemente, sentindo queimar o local que
me toca.
— Senti sua falta Kat. — Sinto meus olhos lacrimejar mediante sua
confissão, por saber que não fui a única que senti saudades.
— Também senti. — Admito em tom baixo, me surpreendendo em assumir
isso, fora de meus pensamentos.
Percebo um leve sorriso surgir em seus lábios, espelhando no meu também.
— Papai... – ouvimos Gui se aproximando estourando nossa bolha particular
— peciso ir no banhelo — alcança a mão de Derik o puxando com pressa.
Ele olha pra mim como quem diz, “mais tarde nós continuamos essa
conversa”.
Aceno, concordando.
Quando me viro vejo que Sofi e Liv já chegaram, mas não vieram me
cumprimentar, e pelos seus olhares, já sei que estavam de olho em nossa
conversa.
Abro um sorriso um tanto sem graça, por ter sido observada sem nem notar,
indo até elas.
— Vocês chegaram e nem me avisaram. — Digo as beijando no rosto.
— Não queríamos te atrapalhar Kit Kat. — Liv diz com seu olhar malicioso.
— É nunca se sabe como seria o desenrolar dessa história. — Sofi agora
quem insinua algo. — Estávamos aqui imaginando o que conversavam.
— Na verdade, — digo me sentando ao lado delas. — Mal conversamos,
estava um clima estranho inicialmente, agora que estava amenizando, Gui chegou
o levando ao banheiro.
— E aquele toque no seu rosto, foi o que? — Sofi pergunta se debruçando
sobre a mesa curiosa.
— O que ele falou Kit Kat? – Liv pergunta também interessada.
Rio baixando o olhar mordendo o canto dos lábios, subo meu olhar
envergonhada dizendo.
— Disse que sentiu minha falta.
— E você? — As duas me perguntam ao mesmo tempo me fazendo rir.
— Admiti que também senti. — Falo tampando meu rosto com as duas mãos
envergonhada por ter chegado nesse ponto.
— Hoje vai dar bom — Sofi cantarola, dançando com os braços.
— Claro que não amiga, — digo a repreendendo, mas ao mesmo tempo não
deixando que cresça nenhum ponto de esperança dentro de mim. — Isso não
significa nada.
Continuo com elas conversando sobre assuntos aleatórios, mas sempre me
pego procurando por Derik, sem perceber. Como se nossos olhares se atraíssem
por imãs, o vejo ao lado de Marcos conversando, mas com seu olhar fixo em
mim, de maneira tão penetrante que sinto um arrepio minha espinha, percebo
surgir um sorriso torto sexy em seus lábios, me fazendo ruborizar.
Depois de um tempo, Bárbara convida a todos a tirar foto na decoração do
Hulk — tema da festa — com Nathan para guardar de recordação, e então
cantarmos os parabéns.
Após todos cantarmos para Nathan que ficou extremamente feliz em apagar
as velinhas, vou seguindo para o banheiro, entro no cômodo, mas ao ir fechar a
porta sinto algo impedindo que a feche, vendo Derik com o pé no vão da porta.
Sinto meu coração disparar em ansiedade com sua proximidade, ele dá um
passo à frente me fazendo andar para trás consequentemente.
Não estou com medo dele, mas não sei o que esperar, tranca a porta atrás de
si sem desviar os olhos de mim.
Ele não diz nada, nem eu consigo hipnotizada em sua íris azuis, dá mais um
passo à frente cortando o espaço que havia entre nós, mas não me afasto dessa
vez.
Sua mão alcança meu rosto acariciando minha face, seu dedo passeia por
meus lábios, fazendo com que feche meus olhos com as carícias recebidas, ao
mesmo tempo sentindo sua respiração próxima a mim. Suas duas mãos agora
seguram meu rosto, como para me impedir de fugir, — como se eu quisesse —
quando finalmente acaba com o espaço que há entre nossos lábios me beijando.
Aceito seu beijo abrindo meus lábios, nossas línguas se encontram, sugando
minha língua, mordendo meus lábios, o envolvo em meus braços, pois sinto a
necessidade de toca-lo como se dependesse disso para sobreviver, sinto suas mãos
passeando por meu corpo demonstrando a saudade que sentiu de mim também,
me levantando pelo quadril me apoiando no armarinho do banheiro, aproveito a
oportunidade para o envolver com minhas pernas enquanto me segura.
Nossos lábios não se desgrudam, continuamos assim não sei por quanto
tempo, se afastando para tomar fôlego beijando meu pescoço, inalando meu
cheiro como se necessitasse disso, me fazendo sentir finalmente como se
estivesse finalmente em casa, no lugar de onde nunca deveria ter saído.
Derik se afasta levemente encostando sua testa na minha, quando diz.
— Eu preciso sentir você por inteiro Kat.
— Eu também preciso. — Concordo não querendo pensar em mais nada
nesse instante, além de nós dois, retornando a beijá-lo.
— Tenho que levar Gui embora, — sinto uma pequena decepção em ter que
me afastar dele — mas vou ir te encontrar quando voltar, pode ser?
— Pode sim. — Confirmo sorrindo voltando a nos beijar.
Meu Deus, como senti falta desse beijo.
De repente sinto minha bexiga me pressionar, lembrando do motivo de ter
vindo ao banheiro.
— Acho melhor voltarmos para a festa, o pessoal já deve estar indo embora,
e eu preciso fazer xixi. — Falo rindo.
Derik mostra seu sorriso perfeito, que tanto senti falta em apreciar, me
colocando no chão, me dando um último beijo se despedindo.
— Ok, vou ir buscar Gui para o levar embora, quero voltar logo. — Dá uma
piscadela que aquece meu coração em expectativa. – É o tempo de você ir embora
até eu chegar.
— Tá bom, vai lá. — Derik se aproxima novamente dando um último beijo
de tirar o fôlego antes de sair do banheiro.
Ual, o que foi isso?
Estou me sentindo nas nuvens apenas por esses amassos no banheiro.
— O que esse homem está fazendo comigo? — Pergunto para mim mesma,
me abanando sentindo o ambiente incendiar.
CAPÍTULO 28

Volto para festa mais animado com o que vai rolar quando retornar para
casa, quando vi Kat mais cedo tentei me manter distante, me sentia inquieto com
nosso reencontro, pensativo em como agir, mas quando a vi senti um aperto
dentro de mim, Guilherme acabou ajudando me levando até ela, como foi
correndo ao seu encontro, me deixando sem alternativa além de o seguir.
No início tentei ser frio, mas percebi que Kat estava tão nervosa quanto eu,
reparei que apesar da maquiagem seus olhos estavam mais fundos do que de
costume, e um pouco mais magra do que da última vez. Fiquei me perguntando se
seria por ter sentido minha falta tanto quanto eu, se perdeu o sono como eu, mas
ao mesmo tempo não acreditando nessa possibilidade, pois afinal quem terminou
comigo foi ela mesma, por isso não fazia sentido meu pensamento, deveria estar
bem.
Quando a toquei, um simples encostar de dedo em seu rosto, foi como se um
calor percorresse por todo o meu corpo, algo que nunca havia tido com nenhuma
outra mulher antes. Na verdade, tudo com Kat tem sido novo.
Se um contato no rosto me permitiu sentir tudo isso, foi impossível não ir
atrás dela quando percebi que entrava dentro da casa de Marcos, precisava me
aproximar dela, compreender se também a afetava da mesma maneira, se ansiava
por meu toque assim como eu, se mexia com suas entranhas do mesmo modo que
tem acontecido comigo.
Eu necessitava descobrir, para tentar entender o motivo de ter se afastado de
mim.
E nossa!
A maneira como correspondeu meu beijo mostrou que sim, sentia tudo
também na mesma proporção que eu. Por meio dele, soube que precisa de mim
tanto quanto eu precisava dela, e era a desculpa que procurava para seguir meu
instinto e vir atrás, quebrando todo meu orgulho de não correr atrás de ninguém.
Mas que se dane meu orgulho agora, nunca me senti tão bem por ter
mandado ele para o espaço.
Resisti em ir atrás dela por todas essas semanas, como foi ela quem terminou
comigo, meu ego estava ferido, mesmo querendo não querendo dar meu braço a
torcer. Nunca fui de perseguir nenhuma mulher, não era agora que gostaria de
fazer.
Mas meu desejo todos os dias era em tentar voltar com ela, e agora que
tenho certeza de que me quer tanto quanto eu a quero, não irei desistir dela.
Não sei onde isso vai dar, nunca procurei um relacionamento, nunca me vi
interessado em uma mulher além de sexo, mas com Kat tudo isso está caindo por
terra, e quando ficarmos juntos hoje, se perceber que nossa química continua da
mesma maneira, que nada entre nós dois mudou, nosso desejo, nosso
entrosamento continua igual, estou disposto a tentar algo a mais se ela assim
desejar também.
Afinal, tenho que parar de me enganar, nem conseguindo me envolver com
mais ninguém, tenho conseguido. É como se ela tivesse me estrago para qualquer
outra mulher, por isso se é pra ser monogâmico, o que é assumir um
relacionamento logo de uma vez?
Agora se ela voltar atrás da decisão... — suspiro, tentando não pensar nessa
hipótese.
Chamo Guilherme no brinquedo para irmos embora, as pessoas já estão se
despedindo também, sendo a desculpa que precisava para o levar, voltando logo
para ver Kat.
Me despeço de Marcos e Bárbara, seguindo para casa de Gui, esse horário
pelo menos o trânsito está a meu favor, ainda mais por ser um sábado.
Enquanto dirijo, me recordo de Marcos mais cedo, vindo até mim após ter
levado Gui ao banheiro.
— Minha intuição estava certa no fim não é, Derik? — Falou diretamente,
sem rodeios.
Estava me sentindo mal em esconder dele algo assim, mas não sabia o que
Kat ia achar se assumisse, afinal ele é cunhado dela, mas por consideração a
nossa amizade resolvi ser sincero.
— Desculpa cara, como você é cunhado dela, não quis envolver família
nisso, mas sim, ela é a mulher com quem estava saindo.
Ele parece refletir sobre o que falei.
— Derik, só não quero que brinque com ela, — diz de maneira séria me
encarando nos olhos, mostrando o quanto se importa — Kat não é uma qualquer
que você usa e abusa como está acostumado a fazer.
— Eu sei que Kat não é como as outras, — me defendo, mas o entendendo
por achar isso, afinal meu passado me condena — cara, jamais iria trata-la como
as mulheres que costumava sair.
— Costumava? — Questiona intrigado.
— Sim, — Marcos franze o cenho curioso com minha resposta, cruzando os
braços junto de um arquear de sobrancelhas me interrogando, — depois que
fiquei com ela não me envolvi com mais ninguém.
Vejo ele arregalar seus olhos, visivelmente surpreendido pelo que admiti.
— Ual, agora me deixou sem palavras, nem depois de quando terminou com
você?
Balanço a cabeça negando, o que até pra mim é uma surpresa. De repente o
homem a minha frente começa a gargalhar, me deixando sem entender o motivo
de tanto riso.
— Nossa. — Marcos fala enquanto limpa as lágrimas dos olhos de tanto que
riu, e eu continuo sério esperando me explicar o motivo da graça que ainda não
encontrei. — Pensei que esse dia nunca iria chegar.
— Que dia?! — pergunto intrigado — Você deve tá chapado só pode, pra
estar rindo sem motivo algum. — Respondo de maneira grosseira, não gostando
do teor dessa conversa.
— O dia que veria você apaixonado Derik, é disso que estou falando.
Bufo, desviando os olhos pra Kat, que também está me olhando.
Eu apaixonado? Não é pra tanto, talvez até goste dela, gosto da companhia,
de transar com ela, mas apaixonado?
— Não, — nego com a cabeça voltando a olhar para Marcos, — você está
viajando. Não chega a esse ponto.
Até parece, eu apaixonado?

Deixei Gui em sua casa, agora entrando no condomínio que moro me


sentindo ansioso em como será, fico receoso de que nesse tempo que ficamos
longe, ter sido o suficiente para desistir de me ver.
Estaciono em frente de sua casa, sentindo um nervoso me invadir que nunca
senti antes.
Limpo minhas mãos suadas em minha calça ainda sentado, me sentindo
tenso, retiro o cinto, respirando fundo e criando coragem seguindo para a casa de
Kat que já está com a luz de fora acesa indicando que já ter chegado.
Suspiro, apertando a campainha, após poucos minutos a porta se abre.
Kat ainda veste a mesma roupa da festa, indicando que chegou a pouco
tempo, percebo que morde o lábio inferior da maneira que sempre me excita,
mesmo que faça isso no automático.
Dou um passo à frente sentindo seu perfume adentrar em minhas narinas.
Nossa, como senti falta desse perfume!
Kat toma a iniciativa levantando uma das mãos, agarrando minha camisa me
puxando ao seu encontro, me beijando com o mesmo anseio que estou.
A empurro para dentro fechando a porta atrás de mim com o pé, sem a soltar
em nenhum momento, nossas mãos percorrem por todo nosso corpo de maneira
desesperada, Kat começa a abrir minha camisa, enquanto encontro o zíper na
lateral de seu macacão o descendo, retiro minhas mãos de dentro da camisa com
sua ajuda, da mesma maneira vou puxando seu macacão por seu corpo esbelto
cheio de curvas, quando o mesmo chega até seu quadril, afasto rapidamente
minha boca da sua, a admirando.
Kat usa uma lingerie de renda vermelha, parecendo que seus seios
empinados estão ainda maiores do que antes, me deixando com água na boca.
Levo minhas mãos até eles os massageando da maneira que sei que gosta,
não resistindo descendo minha boca os chupando com todo o desejo que sinto
dentro de mim.
— Derik... — Kat geme ao sentir minha boca sugando seus mamilos
deliciosos, com as mãos volto a descer seu macacão pelas suas pernas
estonteantes, que me auxilia a retirá-los de seus pés.
Subo minhas mãos até seu quadril, agarrando seu traseiro gostoso, enquanto
a outra mão trago pra frente ainda por cima da calcinha sentindo sua bocetinha
encharcada de desejo.
— Molhadinha do jeito que gosto, delícia.
Ela agarra meus cabelos, desalinhando com suas mãos, trazendo minha boca
até a sua enquanto alcança o cós de minha calça liberando meu pau apertado
dentro da cueca.
Eu preciso estar dentro dela, antes que exploda em sua mão.
A levanto em meu colo, encostando suas costas na parede ainda no hall da
entrada, Kat envolve suas pernas ao redor de meu corpo, puxo sua calcinha para o
lado penetrando finalmente dentro dela.
A sensação de estar novamente dentro dela, é inebriante, entorpecido, como
se agora estivesse completo como há três semanas não me sentia, não vazio como
me sentia todo esse período sem perceber.
Kat geme em meus lábios, jogando sua cabeça pra trás de prazer, chupo seu
pescoço em seu ponto sensível atrás da orelha, com uma mão vou até seu mamilo
beliscando a deixando ainda mais embriagada de prazer.
Apesar de estar no meu colo, rebola gostoso em meu pau, sentindo seus
dedos pressionarem minhas costas me arranhando com ferocidade, me deixando
ainda mais louco de tesão.
Sinto sua bocetinha quentinha se contrai ao meu redor, aumentando a
intensidade de minha libido.
— Se continuar fazendo isso, — gemo fechando os olhos — não vou
aguentar muito tempo. — a filha da mãe ri, continuando me torturando de prazer.
De repente seus gemidos se intensificam, ainda mais altos em meus ouvidos,
percebendo que está tão próxima quanto eu.
— Ai... — Kat grita com o orgasmo de formando — Derik... eu ... — meto
ainda mais forte incentivando para que alcance seu clímax.
Sinto se contrair gozando deliciosamente em volta do meu pau, não
resistindo mais me deixando levar em meu próprio prazer junto dela.
Com o pensamento, retornando em minha mente.
Como senti falta de tudo isso!
Mas notando que com devido a saudade, tudo pareceu ter sido ainda mais
intenso do que antes.
Após alguns segundos continuamos na mesma posição comigo ainda dentro
dela, encostados na parede, Kat está com o rosto debruçado em meu cangote,
ambos ofegantes com nosso esforço. Tentando nos recuperar para podermos nos
mexer.
Beijo seu pescoço, roçando meu nariz levemente. A levanto lentamente
desencaixando seu sexo de mim, a colocando no chão, constatando que meu pau
ao sair de dentro dela estava sem camisinha.
Caralho! Não acredito que esqueci estando sóbrio ainda por cima.
Kat nesse mesmo momento, também percebe quando olha meu pau,
parecendo sentir meu esperma escorrer por suas pernas, quando as observo.
— Desculpa, na hora acabei esquecendo totalmente da camisinha, — digo
constrangido — mas estou limpo, nunca faço sem.
— Eu também estou, nem lembrei na hora. — Sorri levemente corada —
Mas além da mãe do Guilherme você nunca fez assim? — Me pergunta
visivelmente envergonhada.
— Não, nunca, na verdade foi apenas uma vez de tão bêbado que estávamos
e deu no que deu. — Dou de ombros. — E depois que terminamos fiz exames
para ter certeza de que não tinha me passado nada, mesmo usando camisinha
costumo fazer regularmente.
— Entendi, também não tenho esse costume. — Fico intrigado com seu
comentário, em imaginar que com seus ex, fizesse sem proteção. — Mas também
não tenho nada, estou com meus exames em dia.
— Mas que foi muito bom sem camisinha, ah isso foi. — Rio a abraçando,
matando a saudade que senti de tê-la em meus braços, limpo a garganta,
resolvendo perguntar outra coisa além de doença que envolve o que acabamos de
fazer. — Você toma algum contraceptivo?
Percebo que o corpo de Kat enrijece, desviando seu olhar para trás de mim,
estranho sua reação, mas aguardo responder. Limpa a garganta visivelmente
incomodada.
— Não precisa se preocupar com isso, não tem risco de me engravidar.
Suspiro aliviado, adoro meu filho, mas uma coisa de cada vez, não quero
atropelar as coisas conosco.
Percebo que Kat percebeu meu alívio, se afastando de mim olhando para o
chão parecendo chateada pela minha reação talvez. Observo agarrando suas
roupas, as colocando novamente, me sentindo um idiota por ser tão insensível na
maneira como falei.
Vou até ela, a envolvendo por traz.
— O que você pensa que está fazendo?
— Me vestindo, o que você acha? — Nossa, realmente ficou brava comigo
pela rispidez em seu tom de voz.
— Olha pra mim, — a viro tocando seu rosto — por que ficou assim de
repente? Por que perguntei do anticoncepcional? — não me responde, apenas
olhando dentro dos meus olhos, parecendo refletir sobre algo que não consigo
identificar — Não quis parecer aliviado, só... — olho para cima pensando em
uma maneira de falar isso sem detalhar meu passado — só quero dar um passo de
cada vez, nem sei em que pé estamos, não quero acelerar nada entre nós, entende?
Kat suspira olhando em meus olhos, me abraçando com seu rosto colado em
meu peito, enquanto a seguro em meus braços acariciando seus cabelos macios
ainda presos.
Após alguns minutos nessa posição ainda próximo da entrada, vamos ao
banheiro nos limpar, ao sairmos, agarro sua cintura, levantando seu rosto com
delicadeza a beijando agora com calma, usufruindo, deleitando de seu toque, sem
a euforia de antes.
Nos guiando para seu quarto, para matarmos a saudade que ainda nos aflige
por todas essas semanas separados. Mas ainda sentindo algo diferente do que
jamais senti antes, não sendo apenas sexo que tivemos, mas como se tivéssemos
feito amor.
Quando Derik chegou não conseguia pensar em mais nada além de o ter, de
senti-lo, só ansiava por seu toque, seu beijo, mostrar a ele quanta falta senti, e
devido ao nosso desespero — ficou nítido que não foi apenas eu quem senti isso
— tanto que nem nos lembramos de nos proteger, sei que risco de engravidar eu
não corro, mas ainda existem as DST, não podemos vacilar, mas não sei porque,
não deveria confiar nele, meu passado me comprova isso, mas acredito em Derik
que esteja em dia, ele até se prontificou em me mostrar seus exames depois me
enviando por mensagem, mesmo eu dizendo que não precisava.
Depois de ficarmos juntos ainda na entrada de casa devido o nosso desejo
avassalador, sem nem ter dado tempo de ir para outro local, fomos para o quarto
nos dando mais e mais prazer, mas senti que dessa vez havia algo além de sexo.
Não sei explicar, mas como se não houvesse apenas tesão ali, como se
houvesse sentimento também, diferente de todas as vezes que fizemos antes.
Talvez a saudade, tenha ajudado, ainda não sei.
Diferente até de quando estava com o babaca. – Meu pensamento acaba
comparando.
Curtimos um ao outro, aproveitamos cada toque, tudo com calma,
memorizando cada detalhe, como se não houvesse mais nada além de nós ao
nosso redor, simplesmente esquecendo tudo que nos impedia de ficarmos juntos.
Depois da exaustão nos alcançar adormecemos nus, abraçados, não querendo
estourar nossa bolha, voltando ao mundo real onde devemos tomar decisões.
Que nem sempre nos agradam, mas são necessárias.
Acordei recentemente, me sentindo finalmente descansada, como há três
semanas não dormia tão bem para ter uma noite tranquila de sono.
Mesmo desperta, não me levantei, mal me mexi com receio de acordar
Derik, enquanto isso, permaneci admirando seu rosto tranquilo adormecido
próximo do meu.
Fiquei me sentindo muito mal ontem quando Derik me questionou sobre o
uso de contraceptivo, não sabia o que responder, e notar seu alívio por saber que
“não há perigo de me engravidar”, foi como se levasse um soco em meu
estomago, me sentindo extremamente chateada em saber que realmente tomei a
decisão certa em me afastar, afinal, além dele não querer um relacionamento
também não quer um filho para complicar tudo ainda mais.
E eu o entendo, ele já tem um filho fora de um relacionamento, por que iria
querer outro? Por que assumir um filho que nem dele é? Com uma pessoa que
nem tem nada. Não tem lógica.
Me senti tão bem estando com ele ontem à noite e nessa madrugada, me
trazendo um pouco de alegria e satisfação nessas três semanas longe dele, que
foram difíceis de lidar, por mais que não queira admitir nem pra mim, mas não
foram dias fáceis. Derik conseguiu ocupar um espaço dentro de mim que nem
imaginava existir ainda, me fez sentir vontade de tentar mais uma vez um
relacionamento, como há onze anos não sabia ser possível mais.
Suspiro chateada em saber que nada disso importa.
Por mais que tenha despertado esse desejo internamente, nada disso importa
mais, não sou apenas eu envolvida nisso tudo, preciso pensar com a razão, todas
as vezes que pensei com o coração só o quebrei, quase nem existindo mais um
hoje.
Preciso pensar nesse bebezinho que está crescendo aqui dentro a cada dia
mais, que sempre foi o meu maior sonho, e estou finalmente realizando.
É apenas nisso que preciso que me focar, não preciso me envolver com
alguém que pode me rejeitar, ou ainda pior, meu filho.
Além de que também não ter certeza se não são meus hormônios falando por
mim, querendo seguir em frente com Derik, as vezes ao tentar algo não daria
certo novamente, só nos frustraria ainda mais, então pra que arriscar?
Pensando nisso que vou continuar com minha decisão seguindo em frente,
foi muito bom ter matado esse desejo que arde dentro de mim, mas não posso
continuar alimentando isso entre nós.
— Sabia que é muito estranho você ser observado enquanto dorme? —
Derik diz ainda com os olhos fechados com um meio sorriso nos lábios cortando
meus pensamentos, me fazendo rir por sua percepção.
— Desculpa, quem manda ser lindo dormindo, — contorno meu indicador
por seu maxilar — não resisti.
— Eu sei que sou irresistível. — Reviro os olhos perante sua falta de
modéstia.
— Convencido também. — Abre seus lindos olhos azuis me observando
com um riso no olhar. — A propósito gostei da barba.
Derik mostra seus dentes branquíssimos em um sorriso estonteante.
— Na verdade foi a preguiça de fazer ultimamente, acabou ficando assim. –
Dá de ombros fingindo não ser nada demais.
— Mesmo assim, ficou lindo, — debruço sobre seu peito admitindo — na
verdade você é lindo de todo jeito.
Ele me olha com um estreitar de olhos, com a cabeça de lado dizendo
intrigado.
— Quem é você? E o que fez com a Kat? — Me fazendo gargalhar. — Ué
não estou acostumado com todo esse elogio de você, isso tudo é a saudade
falando?
Monto em cima dele roçando meus seios sobre ele, sentindo seu pau já ereto
encostando em meu sexo.
— Quem manda ser bom de cama, difícil esquecer tudo isso. — Mordo
devagar seu lábio inferior.
— Sei bem como é, tenho sofrido do mesmo mal.
Sendo apenas isso que precisávamos, o resto foi apenas consequência do
nosso desejo que parece nunca acabar um pelo outro, ou pode ser também a
quantidade de hormônios que está cada dia maior dentro de mim, aumentando
minha libido por ele.
Depois de chegarmos ao clímax como uma ótima maneira de dar bom dia,
vou fazer um café da manhã, pois já sinto um leve mal-estar me envolver, me
lembrando que agora preciso me alimentar por outra pessoa também, coloco um
roupão descendo até a cozinha preparar algo para comermos.
Derik brinca com Bud no fundo da casa, enquanto espremo algumas laranjas
fazendo suco.
Quando estou distante dele, consigo raciocinar melhor, o que me faz
repreender por ter sido tão fraca logo cedo, vai acabar dificultando minha
conversa com ele, mas não é justo ficar escondendo isso, com certeza se souber
que estou grávida seu desejo por mim irá acabar, podendo haver me rejeitar,
talvez sinta até nojo, não é do que preciso agora, isso vai acabar comigo.
Por isso é melhor continuar seguindo minha linha de pensamento inicial
quando terminamos a primeira vez.
Após tomarmos café, me sinto melhor, meu mal-estar melhorou, mostrando
que meu filhotinho estava realmente faminto.
Derik lava a louça após comermos, me deixando pensativa como entrar no
assunto novamente, gostaria de passar o dia junto dele, aproveitar cada minuto ao
seu lado, mas sei que não seria justo com ele, no final do dia acabar com tudo
depois de passarmos o dia todo juntos.
Respiro fundo observando meu deus grego finalizando a louça.
Meu? – arfo com meu pensamento possessivo. – Quem dera...
— Derik, — falo em tom baixo brincando com o pote de requeijão na mesa,
— precisamos conversar.
Apoia as duas mãos na pia me encarando já imaginando o assunto que deve
ser, olha para o teto refletindo algo, até que volta a me encarar dizendo.
— Certo, vamos nos sentar e conversar.
Seguimos até o sofá nos sentando um de frente para o outro, respiro fundo
para criar forças e começo.
— Olha, não sei como falar isso, realmente senti muito a sua falta nessas três
semanas longe um do outro. — Derik assente. — Mas ainda acho que apesar da
“recaída” — faço sinal de aspas com os dedos das mãos, — que tivemos ontem e
hoje, acredito que o melhor para nós dois ainda é não seguir adiante com o que
quer que seja isso que estamos tendo.
Derik continua me observando em silêncio, parecendo analisar tudo que
disse, pega minhas mãos acariciando quando diz.
— Olha, eu sei que você não quer relacionamento sério, você já teve alguns
pelo que me disse, e não deram certo. Eu também não tive sorte na única vez que
tentei, apesar disso, nunca ter me interessado de verdade. — Suspira, pensando
em como continuar. — Mas apesar de tudo, nunca tinha tido alguém que me
chamasse a atenção para querer tentar um relacionamento, até você aparecer.
Sinto meus olhos lacrimejarem com o que diz, continuando.
— Estou me sentindo perdido, sempre tive o controle da minha vida, e
depois que nos afastamos, não tenho conseguido voltar a mesma rotina, parece
que as coisas não se encaixam mais do jeito que eram, nem seguir em frente sem
você estou conseguindo, não sei o que isso faz de nós dois, ou o que sinto
realmente por você, mas uma coisa é fato, — levanta meus olhos para encará-lo,
— não quero mais ficar longe de você, podemos ir devagar, deixar as coisas
acontecerem naturalmente, como você quiser, mas só te peço que não me afaste
novamente.
Penso em tudo o que disse, é claro que quero continuar ao seu lado, mas será
que estaremos agindo corretamente dessa maneira, daqui a pouco minha barriga
vai crescer, não sei o que fazer.
— Não sei Derik... — ele coloca um dedo em meu lábio me silenciando.
— Olha, me responde uma coisa, você não sente nada por mim? Essa
atração louca que vejo ter entre nós dois, é coisa da minha cabeça ou você
também sente isso tanto quanto eu?
Pergunta me encarando sem desviar o olhar, em expectativa com minha
resposta, resolvo ser sincera com ele.
— Também sinto, por isso tem sido difícil me manter longe de você, mas
não quero agir pelo tesão, quero agir com a razão.
— Concordo com você, mas sinceramente não me parece ser apenas tesão.
Nós nos damos bem, nos divertimos, temos diversas coisas em comum. — Toca
meu rosto delicadamente. — Olha, vamos deixar rolar e ver no que dá, —
continua acariciando meu rosto com sua mão, apreciando seu carinho em mim, —
se amanhã você ver que não sente mais essa atração por mim e realmente não
quer mais nada, ok, te deixo em paz. Vamos mais devagar dessa vez, se assim vai
fazer com que se sinta melhor, deixar rolar naturalmente, sem dormir todos os
dias como estávamos, agir com mais cautela, o que acha? — Vejo a esperança em
seu olhar refletindo dos meus.
Ai meu Deus, como resistir a tudo isso?
— Tá bom. — Solto o ar que nem percebi estar prendendo, com um sorriso
tímido em meus lábios. — Vamos ir com mais calma, ter certeza do que queremos
antes de mais nada.
— Combinado! — Derik assente segurando meu rosto com as duas mãos
selando nosso acordo com um beijo.
Ai meu Deus, só preciso descobrir o momento correto e a melhor maneira de
contar para ele, afinal não vai dar para esconder por muito tempo.

Os dias foram se passando calmamente, esse acordo que fizemos acabou


sendo muito bom para minha saúde mental, pois automaticamente o ânimo que
antes havia evaporado de dentro de mim, retornou, sentindo disposição, fome,
apenas o sono ainda não está da mesma maneira, pois ainda sinto falta de dormir
com Derik, durmo melhor quando estou ao seu lado, mas no geral tenho me
sentido bem em seguirmos com calma agora, conversamos por mensagem
diariamente, não temos nos visto durante a semana, hoje é quarta-feira e só nos
vimos no domingo quando passamos o dia juntos.
Estou atendendo um paciente atrás do outro, vou almoçar e na sequência vou
para minha consulta de pré-natal para acompanhamento da minha gestação, estou
ansiosa para ouvir o coraçãozinho do meu bebezinho e o ver apesar de ainda tão
pequenino.
O horário do almoço finalmente chega, Sofi e eu vamos em um restaurante
próximo, conversando amenidades, combinamos nosso encontro semanal com
Liv para sexta pois quinta vou encontrar com Derik, já que na sexta vai buscar o
Gui para passar o final de semana.
Sofi gostaria de ir comigo na consulta, mas como possui consultas
agendadas logo após o almoço não foi possível remanejar os horários,
terminamos de almoçar seguindo para o consultório próximo de onde trabalho.
Resolvendo ir andando, para já fazer digestão do meu almoço.
Me pego distraída olhando as vitrines das lojas, parando em frente a uma
encantada com uma loja de bebê, entro, dando uma olhada em algumas, mas
apesar da tentação, não levo nada até ter certeza do sexo do bebê.
Continuo seguindo meu caminho, quando ouço uma voz familiar me
chamando ao longe, estaco no lugar paralisada com receio de meu subconsciente
estar certo. A voz me chama novamente agora mais próximo.
Fecho meus olhos, respiro e inspiro tentando acalmar meus nervos, sentindo
minhas mãos tremerem, pernas enfraquecer e coração disparar, abro meus olhos
me virando lentamente em direção a voz.
— Kat!
Então eu o vejo, aquele que um dia amei com todas as minhas forças, e com
a mesma intensidade destruiu tudo que me fez acreditar em confiança e amor um
dia.
Gustavo!
CAPÍTULO 29

11 anos atrás

Passou-se cinco meses que Gustavo me pediu em casamento, pensei que


iríamos esperar terminarmos a faculdade para nos casarmos, mas ele diz que quer
me tornar sua oficialmente o quanto antes, com isso, resolvemos nos casar em
nossas férias, para que possamos viajar e não atrapalhar nosso curso.
Dentro de um mês irá acontecer o grande dia, estou uma pilha de nervos,
tendo que estudar e nas poucas horas vagas que possuo ter que resolver os
assuntos referente ao casamento, claro que pedi ajuda de minha irmã com isso,
afinal ela sempre adorou lidar com uma festa e faz isso muito bem, até mesmo
porque já terminou sua faculdade o que facilita para ela.
Meus pais ficaram muito felizes com a novidade, todos gostam muito de
Gustavo, mesmo minha mãe não gostando da maneira que está ganhando seu
dinheiro até a carreira médica vingar, mas o importante é estar recebendo isso
honestamente, pelo menos é o que penso a respeito.
Eles tentaram mudar nossos pensamentos com relação a data do casamento,
pois acreditam que deveríamos esperar finalizar nosso curso para nos casarmos,
mas além isso, nos apoiam.
Apesar de toda correria, eu e Gustavo continuamos nos dando muito bem,
mas tem trabalhado bastante ultimamente, tem surgido muitas oportunidades pra
ele, o que é claro fico muito feliz com tudo isso, afinal conquistou sua
independência financeira e tem se sentido muito melhor.
Gustavo nesse momento está trabalhando e permitiu que eu escolhesse as
fotos da retrospectiva para envio ao fotografo, por isso aqui estou, revendo nossos
momentos juntos escolhendo foto por foto, como sempre estudamos juntos e
fomos muito amigos temos muitas opções para envio, sendo difícil escolher
apenas algumas.
Após duas horas nisso, finalmente escolho todas enviando ao fotógrafo para
preparar nosso vídeo.
Me levanto para ir arrumar algumas roupas que precisam ser lavadas antes
que desista, estou cansada, amanhã tenho que acordar cedo para estudar e preciso
terminar um trabalho daqui a pouco.
Começo a olhar os bolsos das calças de Gustavo antes de colocar na
máquina, sentindo um pedaço de papel, puxo, pensando ser um pedaço de lixo
qualquer para jogar fora, dou uma olhada notando que na verdade seria um cartão
de visitas de uma mulher com seu número de celular, fico sem saber o que pensar
por um instante.
— Não deve ser nada demais Kat. — Me repreendo, mas algo me
incomodando minha mente para dar uma olhada do que se trata, resolvendo
seguir meu instinto. — Não estou desconfiando, apenas vendo do que se trata.
Jogo no google o nome da mulher vendo que na verdade é casada com um
empresário milionário, possui em torno de cinquenta anos e aparentemente não
trabalha com nada, apenas aproveita do dinheiro do marido.
Entro em seu perfil no facebook, notando ser uma mulher viajada, sempre
postando fotos exibindo suas curvas, que apesar da idade, está nos lugares certos
e bem conservada, sou obrigada a admitir.
Respiro fundo não gostando do que minha cabeça me induz a pensar.
— Não deve ser nada Kat, deve estar precisando apenas de fotos, — nego
com a cabeça pra mim mesma, — mas que merda Kat, ele não é um fotógrafo,
por qual motivo guardou esse contato?
Resolvo não lavar essa calça, deixar onde estava junto do cartão para
observar o que Gustavo irá fazer ou se vai comentar algo comigo, mas antes claro
tiro uma foto do cartão para o ter caso precise em algum momento.
Após algumas horas Gustavo finalmente chega em casa, tento agir
normalmente com ele, vejo que chegou de banho tomado e não sei se por causa
do que encontrei isso me intriga, na verdade sempre estranhei vir dr banho
tomado do trabalho, mas diz que é por causa das maquiagens que usa, as vezes
passam óleo no corpo dependendo da foto, sempre acreditei nele, mas agora não
sei, parece que algo apita dentro de mim para ir atrás disso.
Por que nunca me mostrou nada do seu trabalho?
Resolvo tentar entrar no assunto para ver o que me fala, perguntava tanto
que ultimamente com a correria não entrei mais no assunto, mas agora tudo volta
à tona.
— Trabalhou bastante hoje? — Sondo como quem não quer nada, fingindo
que estou estudando.
— Nossa, demais, estou exausto.
— Hum... — mordo a tampa da caneta pensativa — e as fotos, quando vai
me mostrar algo de que tanto trabalha?
Percebo seu corpo enrijecer com minha pergunta, mesmo estando de costas.
— Quando estiverem prontas, te mostro.
— Nossa Gustavo, mas que merda de fotógrafo é esse que em anos não tem
nenhuma foto para me mostrar. Como pode levar tanto tempo assim para você ter
acesso ao seu trabalho.
— Porque está falando dessa maneira comigo hein Kat? — percebo seu
maxilar rígido — Acha que estou mentindo pra você?
Talvez, é o que penso em responder, mas seguro minha língua respirando
fundo criando uma frieza que nem sabia existir.
— Não, você jamais faria isso certo? — ele assente em concordância. —
Pois sabe que se fizesse, eu jamais te perdoaria, e não colocaria em risco nosso
futuro certo Gustavo?
Ele devia os olhos de mim para seus pés visivelmente desconfortável
respondendo em tom baixo sem me olhar nos olhos.
— Claro que sei Kat. — Bufa irritado. — Vou ir dar uma volta, você está
insuportável hoje.
Saindo de casa.
Fico pensando em tudo que aconteceu, na maneira como lidou com meu
questionamento, em não ter olhado em meus olhos ao responder, sentindo meu
coração se apertar com a possibilidade de estar sendo enganada pela pessoa que
mais amo além de minha família.
Pego meu celular ligando para a pessoa que sei que vai pensar com a razão e
me ajudar caso eu precise ir em frente com o que penso.
Ela atende no segundo toque.
— Hei Kat, o que manda?
— Sofi, preciso da sua ajuda!

Os dias foram se passando e Gustavo não foi trabalhar essa semana, depois
de dois dias da nossa discussão fui pegar sua calça e percebi que o cartão havia
sumido de lá, me deixando ainda mais intrigada. Ele tem tentado agir
normalmente comigo, e por mais difícil que esteja sendo pra eu guardar minhas
desconfianças, não quero julgá-lo sem ter certeza de nada, por isso tenho o
tratado normalmente.
Hoje uma semana após o ocorrido ele diz que vai ter que trabalhar após a
faculdade e chegará tarde.
Confirmo com a cabeça, sem dizer nada, apenas em minha mente.
É hoje que vou descobrir!
Gustavo percebendo minha apreensão, se aproxima de mim dizendo.
— Amor, olha pra mim, vou conversar com o cara e te levar na próxima
sessão de fotos para conhecer onde trabalho, ok?
— Ok. — Digo com um meio sorriso, um pouco mais animada com tudo não
passar de imaginações da minha mente.
Está vendo Kat, não é nada.
Mas o seguro morreu de velho certo? E para tirar isso da minha cabeça sigo
em frente com meu plano.
Envio uma mensagem para Sofi marcando para nos encontrar após a
faculdade.
Após a aula Gustavo informa que vai em casa pegar o carro, e digo que irei
estudar com Sofi em sua casa.
Seguimos para o carro alugado com insulfilm G5, para não ter risco de
Gustavo nos reconhecer, se fosse com meu carro ele poderia perceber, e o de Sofi
ele também conhece, como espero estar enganada, não vou me entregar assim
minhas desconfianças.
Respiro fundo entrando no carro como passageiro, pois não estou preparada
psicologicamente para o que posso ver, por isso deixo que Sofi dirija.
— Está pronta? — Sofi me questiona visivelmente chateada com a situação,
acenando para ela que sim.
Ficamos um pouco à frente da entrada de minha garagem aguardando que
passe por nós, quando vemos seu carro saindo, Sofi liga o carro o seguindo.
Gustavo segue para o bairro de Jardins, uma área nobre de São Paulo me
deixando ainda aflita com o que posso encontrar, ele para em frente a um grande
apartamento luxuoso com o pisca alerta ligado, nós paramos um pouco mais atrás
tentando não ser notada, até que a vejo.
A mulher do facebook entrando em seu carro, sinto meu coração ser
destruído aos poucos conforme o carro segue adiante, Sofi segura minhas mãos
me confortando perguntando.
— Quer ir em frente com isso mesmo?
Confirmo com a cabeça sem conseguir processar as palavras. Ela me
entende, voltando a segui-lo.
Após vinte minutos os seguindo, percebo um motel a frente em nosso
caminho, Gustavo liga a seta indicando que irá entrar no local.
Um soluço sofrido solta minha garganta, por ver meu amor sendo destruído
pela pessoa que mais confiava, a pessoa que dorme comigo todos os dias e diz me
amar.
Que me toca mesmo depois de me trair com outra mulher.
Sofi para o carro um pouco distante da entrada do hotel, com o pisca alerta
ligado, me abraçando enquanto deixo as lágrimas caírem sem me importar com
mais nada, além da decepção que meu coração acabou de ter, da única pessoa que
entreguei meu coração de verdade.
A ânsia toma conta de mim não sendo possível segurar o nojo que sinto pelo
que estão fazendo dentro daquele quarto, abro a porta do carro despejando tudo
do meu estômago para fora, a ânsia aumenta com as lembranças em cada beijo
que demos depois do seu “trabalho”, cada vez que fizemos amor após voltar do
seu “trabalho”.
Como ele pôde fazer isso comigo?
Por isso estava me enchendo de presentes ultimamente, isso se chama
remorso, gastando seu dinheiro sujo comigo, como se isso fosse amenizar a
podridão que se tornou.
Após uma hora nessa situação, pergunto mais pra mim do que pra Sofi.
— Por que ele está fazendo isso com a gente? Ele diz todos os dias que me
ama Sofi, como pode dizer isso em vão sem se sentir mal com o que está fazendo
conosco.
— Não sei Kat. — Continua abraçada comigo acariciando meus cabelos
molhados por causa das lágrimas. — Vocês vão conversar e entender tudo, você
quer ir lá pra casa, não há porque continuar aqui.
Nego com a cabeça.
— Não, quero continuar aqui para ver o que vai fazer depois.
— Tá bom.
Continuamos assim por mais duas horas, até que vemos seu carro saindo do
motel, Sofi liga o carro olhando pra mim como que esperando uma confirmação.
— Vamos em frente. — Digo fria já sem lágrimas para escorrer.
O seguimos até que vejo seu carro parando em frente novamente ao
apartamento, e sua amante descendo rebolando se exibindo depois de algumas
horas de muito sexo pelo visto.
Sinto a ânsia voltando, mas respiro fundo conseguindo impedi-la de aparecer
novamente.
Sofi volta a seguir seu carro, quando percebemos ele para em frente a um
banco, deixa seu carro estacionado com o pisca alerta ligado entrando,
estacionamos do outro lado da rua de uma maneira que é possível o ver no caixa
eletrônico contando várias notas de dinheiro, as inserindo dentro de um envelope
para depósito, não aguento mais ver isso, abro a porta do carro vomitando tudo
que me restava de dignidade, após terminar de soltar tudo que ainda tinha dentro
de mim. Fecho a porta do carro, pego um pano em minha bolsa limpando minha
boca dizendo a Sofi.
— Vamos embora, acho que já vi o suficiente.
Sofi nos leva embora para sua casa, pois não vou conseguir lidar com ele
hoje depois de tudo que presenciei.
Gustavo está se vendendo, saindo com outras mulheres, e isso é demais para
mim, jamais imaginava que seu trabalho fosse prostituição, acompanhante de
luxo ou qualquer merda parecida.
Chego a casa de Sofi, pedindo para ficar quieta e sozinha, indo para um
quarto vago que está disponível, me encolho em posição fetal deixando as
lágrimas caírem, todas naquele dia, prometendo a mim mesma que será a última
vez que irei me permitir chorar por alguém e depois disso nunca mais irei confiar
em mais ninguém.
Após alguns minutos meu celular começa a disparar em ligações de Gustavo,
não atendendo nenhuma.
Vejo mensagem dele perguntando se está tudo bem, se quer que venha me
buscar.
Não consigo lidar com ele hoje, por isso só respondo que estou bem, irei
dormir aqui com as meninas e amanhã conversamos.
Ele obviamente estranha, pergunta o motivo se nunca dormi longe dele
desde que começamos a morar juntos, mas desligo o celular o ignorando.
No dia seguinte antes da aula, contamos a Liv tudo que aconteceu a
deixando de boca aberta, após relatar tudo me pergunta.
— E agora o que vai fazer?
Respiro fundo sendo sensata.
— Vou procurar outro lugar para morar e cancelar o casamento obviamente.
Poderia o expulsar de lá, mas não quero ficar me torturando com as lembranças
do que tivemos todos esses anos, e todas as mentiras que vivemos.
— Kat — Sofi me chama. — Venha morar conosco, há um quarto sobrando
que íamos anunciar, ele é seu amiga.
E era tudo que eu precisava.
— Obrigada meninas, posso me mudar ainda hoje?
— Claro, precisa de ajuda?
— Sim, vou aproveitar que ele vai para a faculdade, buscar minhas coisas,
não vou a aula hoje, vou trazer tudo que conseguir, quando chegar lá não terá
mais nada meu que me faça ter que voltar e olhar em sua cara.
As meninas resolvem faltar a aula também, digo para elas irem, mas não
vão, resolvem ir comigo ao apartamento me ajudando a pegar tudo quanto seja
possível.
Após ter levado tudo em nossos carros, vejo que está próximo do horário de
Gustavo voltar, sigo para o apartamento, colocar um ponto final em tudo.
Estou sentada no sofá quando entra com uma feição preocupado, quando me
vê respira aliviado.
— Amor, — vem até mim se ajoelhando em minha frente preocupado —
estava quase indo até a casa de Sofi, você não foi nem para a aula, o que você
tem? Porque está com essa cara. — Levanta a mão para tocar meu rosto, mas me
afasto, ficando visivelmente intrigado com meu comportamento.
— Como foi o trabalho ontem Gustavo?
Ele estranha minha pergunta, sem saber o que responder.
— Onde você foi trabalhar? Em que lugar? Fez fotos para divulgar motel por
acaso? — pergunto irônica.
Vejo a cor sumir de seu rosto quando percebe que sei aonde estava.
— Não é o que está pensando... — tenta argumentar, mas o corto levantando
a mão para que fique em silêncio.
— Só tenho uma coisa pra te dizer, NUNCA mais se aproxime de mim, se
dirija a mim ou a minha família, esqueça que um dia eu existi, já peguei todas as
minhas coisas que importam e estou saindo de casa.
— O QUE?! — Grita incrédulo, se levantando puxando seus cabelos
perturbado.
— É isso mesmo que ouviu, — continuo com toda a frieza que possuo
dentro de mim surpreendendo a mim mesma, — ou você achou que após
descobrir que está vendendo seu corpo iria continuar com você, como se estivesse
indo em um mercado? Acabou qualquer coisa que tínhamos um com o outro,
espero que respeite pelo menos isso, se mantendo a distância de mim, pois tenho
NOJO de você, se vender Gustavo, sério que precisava disso?
— Você nunca vai entender Kat...
— Katarina pra você! E não, nunca vou entender, por mais que precisasse,
ganhar pouco mas honestamente é muito mais bonito do que você vender seu
corpo por dinheiro e depois vir deitar na minha cama, dizendo que me ama, como
sua consciência não dói quando faz isso? — Ele vai responder, vejo as lágrimas
caindo de seus olhos, mas nada me comove, só me incentiva a continuar. — Eu te
entreguei meu coração, eu me entreguei a você, você foi meu primeiro homem, e
olha o que você fez? Você me destruiu, acabou com qualquer confiança que eu
tinha nas pessoas, pois eu confiava em você! — digo revoltada — como posso
confiar em alguém de novo, com a decepção que me causou? Eu dava a minha
vida pela sua e você acabou com ela quando descobri que nunca me amou.
— Eu sempre te amei Kat, nunca menti em relação a isso, fiz tudo isso para
te dar algo melhor, te fazer feliz...
— CALA A PORRA DA BOCA GUSTAVO! — Respiro fundo me
levantando. — Pra mim você morreu!
Seguro minha bolsa indo até a porta, quando ele tenta me puxar pelo braço, o
olho com tanto ódio que o faz me soltar na mesma hora.
— Se por acaso, você não respeitar minha vontade, irei te denunciar pedindo
ordem de restrição.
— Você não pode, nunca te machuquei.
— Fisicamente não, mas você destruiu meu coração. — Respiro fundo
olhando no fundo dos seus olhos. — Mas tente, para ver se não consigo!
Saio do apartamento que por tanto tempo pensei ser feliz, dando as costas a
pessoa que mais amava até ontem, antes dele destroçar meu coração, antes de
destruir qualquer confiança que tinha nos seres humanos.
CAPÍTULO 30

A semana tem passado rapidamente, tenho trabalhado tanto que mal tempo
de deixar a ansiedade entrar em minha mente de saudades de Kat consigo, sempre
que posso envio alguma mensagem a ela, temos nos comunicado com frequência.
Não digo que tem sido fácil, morar tão perto e permanecer distante dela. Não
tem sido! Quando chego em casa minha vontade é ir até ela e matar toda a
saudade que senti o dia todo, mas disse que iríamos devagar e assim tenho feito.
Percebi que ia me afastar novamente, mesmo vendo em seus olhos que me
quer tanto quanto eu, por isso dei a ela essa sugestão, para que possamos tentar
seguir em frente, dando um tempo para que assimile seja o que lhe aflige.
Fiquei pensando em tudo que Vini comentou aquela vez, fazendo sentido.
Talvez tenha medo de algo, por algum trauma que carrega consigo, eu mesmo
parando pra pensar é o que acontece comigo, nunca quis ter um relacionamento
com ninguém e a única vez que tentei, quebrei a cara, então porque confiar em
outra mulher, em outra pessoa de novo?
Sei que posso estar dando murro em ponta de faca, dando essa chance para
nós dois dessa maneira, mas sinto que ela é diferente, tanto que foi sincera
comigo em se afastar dizendo que não quer nada sério com ninguém.
Se quisesse apenas brincar comigo, ou seja lá com quem quer que fosse, não
teria tido essa consideração, até mesmo porque não temos nada sério. Se saísse
com outra pessoa, não necessariamente estaria me traindo, mas ainda assim teve
consideração em conversar comigo antes.
Totalmente diferente de Alice.
Amanhã vamos finalmente nos ver, estou me sentindo ansioso, pois desde
domingo não nos vemos.
Ouço alguém batendo a porta entrando.
— E aí, vamos almoçar? — Marcos me chama.
— Vamos sim.
Deixo a proteção de tela do notebook ativada, pegando minha carteira e
celular o seguindo para o elevador.
Seguimos conversando sobre alguns problemas que surgiram no trabalho
hoje e a reunião que teremos mais tarde caminhando pela calçada até um
restaurante que gostamos sempre de ir.
De repente como se meu corpo fosse atraído como um imã ao de Kat, meus
olhos parecem encontra-la um pouco mais a frente parada com um homem de
costa pra mim passando seu dedo sobre o rosto da minha mulher.
Que PORRA é essa Kat?
Não vejo mais nada a minha frente, vou pisando duro até os alcançar,
puxando o cara para longe dela.
— Que porra é essa? Tira o dedo da minha mulher! — Rosno para o babaca
que me olha sem entender nada.
Noto Kat pálida olhando para o babaca a minha frente parecendo estar em
choque, um sinal de alerta se acende dentro de mim.
Vou até ela preocupado, segurando as duas mãos em seu rosto,
— Kat, o que foi? — A inspeciono para ver se há algum machucado. —
Esse babaca te machucou?
— Eu não machuquei ninguém, só estávamos conversando. — O babaca diz
ao meu lado.
Kat pisca ainda aérea, com lágrima nos olhos, quando me vê, parece associar
quem eu sou, me abraçando fortemente.
Dou um beijo em seu rosto, passando minha mão em suas costas a
acalmando.
Não sei o que aconteceu, mas isso não está me cheirando nada bem.
Me afasto lentamente, perguntando.
— Está tudo bem com você? Quem é esse cara?
— Kat, eu só quero conversar com você. — O babaca volta a dizer, me
fazendo xingar em volume baixo esse intrometido.
Ela respira fundo, segurando em minhas mãos de forma trêmula. Quando o
olha, vejo a frieza em seu olhar, sentindo em mim seu rancor. Olho para Marcos
que está apenas observando tudo parecendo tão confuso quanto eu, voltando a
olhar para o babaca a minha frente.
— Gustavo, não temos nada a conversar!
Ele dá um passo à frente, enquanto trago Kat para mais perto de mim como
se sentisse que preciso a proteger do que quer que seja.
— Cinco minutos Kat, por favor? Tenho te procurado há anos, só cinco
minutos.
Como assim a procurando por anos?
— Como eu disse, não tenho mais nada para falar com você, o que tinha pra
dizer já disse, agora estou com Derik, estamos namorando e muito felizes, então
se me dá licença, tenho mais o que fazer.
Vejo Gustavo fechar as mãos com a raiva estampada em seu rosto, me
fuzilando com o olhar, e eu permaneço o encarando da mesma maneira travando
uma batalha interna sem nem mesmo saber o motivo, tendo apenas uma certeza,
ele quer a minha mulher e não vou aceitar isso. A abraço mais forte por perceber
que Kat precisa de mim, e muito satisfeito por ter dito a ele que somos
namorados, mesmo sabendo que ainda não oficializamos isso.
O cara é quase da mesma altura que eu, e dá pra ver pelo seu porte físico que
também se exercita, mas isso não me inibe, se tiver que estourar a cara dele para
protege-la, farei com o maior prazer.
— Por favor Kat, é a última vez que te peço!
O infeliz ainda tenta uma última vez, mas Kat o fuzila com o olhar.
— Já disse que não tenho nada a falar com você, agora me esquece! — Olha
pra mim e Marcos. — Vamos meninos! — Diz me puxando com a mão
entrelaçada na dela.
Percebo que o tal do Gustavo não fica nada satisfeito com o arranjo da
conversa, observando enraivecido nossas mãos juntas, mas não faz nada para a
impedir.
Sigo um pouco a frente com Kat e Marcos ao meu lado, quando ela olha para
trás vendo que não o vê mais, solta minha mão, me fazendo já sentir sua falta.
— Obrigada Derik por não me desmentir, — olha de mim para Marcos sem
graça pelo que presenciamos, — tenho uma consulta aqui próximo e preciso ir,
depois nos falamos. — Dá um beijo em meu rosto e no de Marcos seguindo seu
caminho apressadamente, mas me deixando preocupado com a maneira abalada
que ficou.
Eu e Marcos permanecemos alguns minutos a observando se afastar em
silêncio, até mesmo para ter certeza de que o tal do Gustavo não irá importuná-la
de novo.
Quando a perdemos de vista, Marcos quebra o silêncio.
— Vamos lá almoçar cara, temos uma reunião daqui a pouco.
Confirmo com a cabeça ainda quieto, intrigado com tudo que aconteceu.
Fico pensando em tudo que presenciei, Kat não estava em seu estado normal,
estava pálida como se tivesse visto um fantasma na sua frente.
Eu não sei qual sua história com esse cara, mas coisa boa não é.
Olho para Marcos a minha frente comendo em silêncio, parecendo pensativo
também, percebendo que ficou preocupado tanato quanto eu com Kat, por mais
que não fique falando, ele a tem como uma irmã.
Será que ele não sabe quem é esse cara?
Resolvo sondar para ver o que descubro, limpo a garganta perguntando.
— Que merda foi tudo aquilo?
Marcos dá de ombros, limpando sua boca com o guardanapo.
— Não sei, mas pareceu que Kat não queria conversa com ele.
— É não parecia mesmo, você não o conhece? Nunca ouviu falar nada desse
tal Gustavo?
Marcos se remexe na cadeira pensando provavelmente se deve me falar ou
não.
— Olha Derik, quando comecei a namorar com Bárbara ouvi algum assunto
sobre um ex de Kat que senão me engano se chamava Gustavo, não tenho como
entrar em muitos detalhes porque nem eu sei. — Toma um gole de água
nitidamente angustiado com o que presenciamos. — O que sei, é o que todos da
família sabem, que ela terminou com ele, mas não explicou o motivo. Só que
pediu para nunca mais tocar no nome dele quando estivesse por perto.
— Estranho... muito estranho.
Não sei o que houve, mas vou descobrir.

Saio apressada de perto de Derik e Marcos, me sentindo ainda tremula em


ter encontrado com Gustavo.
Sinceramente, nunca imaginei que fosse o encontrar depois de tantos anos, e
o que mais me irrita é em ver como reagi apenas por estar em sua presença. Como
fiquei sem reação, como se estivesse vendo um fantasma em minha frente que
tivesse morrido e ressuscitado.
Na hora fiquei sem reação, percebi que tocava em meu rosto, mas estava tão
em choque com sua presença que não tinha forças nem para o colocar no lugar
dele, nem pra me afastar, absolutamente em nada.
Fiquei totalmente sem reação, e isso está me assustando em saber que ainda
tem essa influência sobre mim.
Não sei como, nem de onde Derik surgiu, mas foi ouvir a sua voz que me
deu forças de voltar em si e criar coragem de sair de perto daquele canalha.
Como ele ousa depois de todos esses anos se aproximar de mim e ainda dizer
que me procura a anos, e ainda vir me tocar como se tivéssemos algo entre nós.
Sinto meu coração se apertar em lembrar de tudo que me fez passar, do
quanto sofri com sua traição descabida por dinheiro, e que até hoje sofro por não
conseguir confiar em mais ninguém por tudo que me fez.
Após ter descoberto seu suposto trabalho, fiquei morando com minhas
amigas até o final do curso, mas só Deus e elas sabem como realmente fiquei, não
me permiti derramar uma lágrima sequer por ele, me recusava em ser fraca a esse
ponto.
Ele claramente tentou contato comigo, ficou me ligando, mandando diversas
mensagens, deixando recado na caixa postal, tentou conversar comigo nos
corredores da faculdade em seus intervalos, e até mesmo após as aulas, mas eu
simplesmente o ignorava como se não ouvisse e nem o visse em minha frente.
As meninas como dois cães de guarda quando o viam tentando se aproximar
entravam em minha frente o colocando pra correr, por isso sempre evitava ficar
sozinha em locais que sabiam ser mais fácil de o encontrar.
Como ele não me deixava em paz pelo celular, fui obrigada a trocar de
número pois foi a única maneira que consegui evitar suas impertinentes ligações.
Com o passar do tempo pensei ter se conformado, que não iria conseguir
retomar nada comigo, e apesar de perceber que sempre ficava me observando
pelos corredores, finalmente passou a respeitar meu pedido mantendo distância.
Tive também minha fase rebelde, fazendo questão de ficar com os garotos
nas festas da faculdade, independente dele estar lá me vigiando ou não, ficando
com alguém na frente dele jogando em sua cara o que perdeu, claro que não
prestou, pois ainda se achou no direito de bater no coitado, como se tivéssemos
algo ainda, me deixando ainda mais possessa, fazendo meu ódio aumentar ainda
mais por ele.
Ouvi falar que depois disso conseguiu voltar ao trabalho no bar a noite, por
isso acredito que deve ter parado de fazer seu trabalho nojento, mas não quis
saber, isso não me interessava mais, afinal um vidro quebrado jamais é
consertado, e foi o que fez com minha confiança e sentimento, a estilhaçou
totalmente.
Após terminarmos o curso as coisas foram ficando mais fáceis, iniciei minha
residência, consequentemente não o via mais nos corredores, consegui vaga em
um hospital renomado aqui em São Paulo, onde Liv trabalha até hoje, nós três
conseguimos lá na verdade, me afundei no trabalho me dedicando e fazendo o
máximo de horas extras possíveis para evitar pensar nele.
Saía com as meninas, ficava com alguns homens para saciar minha carne,
mas nunca mais me deixei envolver, após alguns anos tentei namorar, mas nunca
consegui me entregar realmente. Não meu coração, pelo menos.
Entro no prédio em que terei minha consulta, tentando me concentrar em
meu bebê, que irei ver em alguns instantes, tentando esquecer o que houve a
pouco, mas mesmo assim me sinto nervosa, tomo três copos de água para acalmar
meu coração e a aflição que me acompanha com medo de o encontrar novamente.
Não sei o que queria comigo, mas preciso me preparar para o enfrentar caso
o encontre novamente, o colocando em seu devido lugar.
Recebo uma mensagem em meu celular me tirando de meu devaneio, vendo
que é de Derik, o que faz um sorriso surgir em meu rosto mesmo a toda essa
angústia que senti.

Derik (deus grego): Hei Kit Kat, como você está? Me deixou
preocupado! Conte comigo para o que precisar tá? =D
Kat: Oi, não se preocupe já estou melhor, depois nos falamos.

Respondo rapidamente assim que ouço meu nome ser chamado pelo médico.
Entro na consulta, o médico questiona como estou, se tenho me sentido bem,
sentido enjoos, náuseas, mal-estar, desânimo, respondendo que tenho me sentido
bem, que muitas vezes nem parece que estou grávida.
Apesar de tentar agir normalmente, o médico para de digitar em seu
computador e me observando, fazendo com que fique intrigada ao ser observada
dessa maneira, até que diz.
— Você está bem mesmo? Estou sentindo você nervosa, ou é impressão
minha.
Se levanta pegando seu Aparelho de pressão arterial, vindo até mim para
medir minha pressão, enquanto respiro fundo tentando me acalmar respondendo.
— Acabei de encontrar uma pessoa que não me agrada, fiquei um pouco
exaltada, mas fora isso tenho estado bem sim.
— 14,8. — Franze o cenho me fitando. — Está um pouco alta, vamos fazer
um controle de que realmente só está alta por causa do seu nervoso, e que depois
irá normalizar, como você é médica é mais fácil. Quero que meça sua pressão três
vezes ao dia, e anote dia e horário por sete dias, me trazendo daqui uma semana
para dar uma olhada, se ficou nervosa é comum que aumente, mas por favor, tente
manter a calma, você não deve ficar se estressando, ainda mais no início da
gestação que o risco de aborto é tão comum.
Sinto meu coração apertar só em imaginar perder meu bebezinho por causa
daquele babaca. Não vou permitir me afligir depois de tudo que já destruiu em
minha vida. Respiro fundo, assentindo ao médico que irei me cuidar.
— Bom, vamos ver como está esse bebê agora? Talvez isso até te ajude a
acalmar.
Acompanho o doutor até a mesa ginecológica me posicionando para o início
do ultrassom.
Pouco tempo depois, vejo o pequeno embrião na tela a minha frente, o
doutor coloca o som de seu coraçãozinho em volume alto, sentindo meus olhos
lacrimejar com a emoção de o ouvir, permitindo esquecer por um tempo o caos
que tive a pouco.
O doutor conversa comigo por mais um tempo, me passando alguns
remédios que posso precisar, como estou entrando no segundo mês de gestação,
quando vou me levantar para sair me chama.
— Katarina?
— Sim, doutor.
— Se conseguir, vai para casa descansar para sua pressão normalizar, e tente
manter a calma, pensa no seu filho acima de tudo.
— Pode deixar doutor, obrigada!
Me despeço seguindo meu caminho tensa até meu consultório, com receio de
Gustavo aparecer novamente em meu trajeto.
Assim que chego em meu consultório vejo o horário da próxima consulta
percebendo que ainda tenho meia hora antes do atendimento, ligando no ramal de
Celeste.
— Pois não, doutora.
— Celeste, Sofi ainda está em consulta?
— Está sim, mas já deve estar acabando, a próxima começa em dez minutos.
— Certo, peça para ela vir ao meu consultório assim que acabar, diz que é
rápido por favor.
Encosto minha cabeça em minha cadeira, refletindo em tudo que aconteceu
hoje, me perguntando o que tanto Gustavo ainda quer conversar comigo após
todos esses anos.
Cinco minutos depois, ouço uma batida na porta, vendo Sofi entrar em
minha sala com ar preocupada, pois sabe que nunca a chamo em horário de
trabalho pessoalmente e há algum motivo pra isso.
Apenas olho para ela, ainda na mesma posição que estava, enquanto se senta
à minha frente.
— O que houve Kat? Algum problema com o bebê?
Me levanto, respirando fundo, soltando logo de uma vez.
— Gustavo me encontrou no caminho da minha consulta.
— O quê?! — Sofi pergunta atônita com os olhos arregalados. — O que ele
queria? Esse cara não cansa não, depois de todos esses anos ainda está atrás de
você! — Dispara indignada se levantando andando de um lado para o outro
pensando o mesmo que eu. — Como você ficou?
— Nervosa. — Dou de ombros. — Na verdade não tive reação no início,
como se tivesse visto um fantasma, mas aí o Derik e o Marcos apareceram,
consegui voltar a mim, dizendo para me deixar em paz, que estou namorando
com Derik e graças aos céus ele não me desmentiu, mas mesmo assim o
inconveniente ainda tentou conversar comigo pedindo alguns minutos, mas saí
com eles até não o ver mais indo pra minha consulta, o doutor percebeu minha
aflição, viu que minha pressão estava alterada, me pedindo para que eu faça um
acompanhamento. — Respiro fundo, voltando me sentar, encostando minha
cabeça na cadeira olhando para o teto.
— Nossa Kat, esse cara é muito sem noção, você tem que manter a calma
acima de tudo e pensar no seu filho agora, ele é passado. E o Derik?
— O que tem ele?
— Como assim o que tem ele? Você diz para o Gustavo que namora Derik,
está ficando com ele de fato, você acha que não vai querer saber o que houve
entre vocês dois? Você vai contar pra ele?
— Claro que não, no máximo caso pergunte algo posso dizer apenas que
namoramos no passado, mas não irei entrar em detalhes. Você sabe que não gosto
de reviver aquilo, e hoje esse babaca já me fez reviver tudo quando o vi.
Sofi se aproxima de mim, encostando em minha mesa segurando minha
mão.
— Amiga, talvez seja exatamente isso que te aflige, ficar guardando isso
dentro de você, acaba não deixando você colocar um ponto final nisso de uma vez
por todas e seguir em frente, você e Derik tem se dado bem, por que não arriscar
com sinceridade no relacionamento desde o início?
Fico quieta pensando no que diz, e talvez esteja certa. Mas ao mesmo tempo,
deixar aquilo dentro de mim faz com que não me deixe abaixar a guarda, sempre
me fazendo lembrar do porquê não posso confiar em mais ninguém.
Suspiro cansada com tudo isso, sentindo minha cabeça explodir resolvo
fazer o que o médico me orientou.
— Vou atender esses dois próximos pacientes e pedir para Celeste desmarcar
os demais e vou embora.
Sofi assente, vindo até mim me puxando para um abraço que nem sabia o
quanto estava precisando, dizendo.
— Faz o seguinte, pede para ela desmarcar os próximos, mas esses dois eu
atendo, por mais que atrase um pouco minhas consultas.
— Tem certeza Sofi?
— Claro, vai lá, você precisa espairecer a mente. Mas prometa que vai
pensar no que disse e descansar?
Dou um sorriso, concordando.
— Pode deixar amiga, muito obrigada por hoje, quando precisar cubro você.
— Que isso, agora vaza daqui. — Me fazendo rir um pouco com seu jeito
espontâneo.
Aviso Celeste o que combinamos, seguindo para minha casa.
CAPÍTULO 31

Tentei me concentrar o dia todo, mas a todo instante me pegava lembrando


do encontro de Kat com aquele cara e o quanto pareceu abalada em encontrá—lo,
ainda mais depois do que Marcos disse, sobre ter tido um namorado chamado
Gustavo, fiquei incomodado a tarde toda com isso.
Participei da reunião, mas a todo momento revezando entre olhar o celular
para saber se havia alguma mensagem de Kat, e verificando a hora agoniado para
ir embora.
Marcos obviamente percebeu o quanto estava disperso, chamando minha
atenção para parar de pensar besteira, que depois iria conversar com ela
esclarecendo tudo. Mas apesar dele, tentar demonstrar seriedade, sabia que
também estava preocupado com o que houve.
Mesmo assim tentei fazer o meu trabalho da melhor maneira possível, acabei
enviando uma mensagem para ela um pouco depois do ocorrido, perguntando
como estava, ela respondeu, mas de maneira sucinta, mostrando que não estava
interessada em conversar, consequentemente respeitei sua vontade não
comentando mais nada durante o restante da tarde.
Após resolver todos os imprevistos, organizar as equipes que iriam para as
obras no dia seguinte e conseguir zerar meus e—mails, vejo que já passa das seis,
resolvendo ir embora.
Me despeço de Marcos seguindo para minha casa, como ainda as ruas estão
bem movimentadas devido o horário de trânsito, demoro um pouco para chegar
no condomínio, passo em frente à casa de Kat vendo que as luzes estão acesas e
seu carro na garagem, me sentindo tentado em ir até ela, mesmo tendo combinado
que só nos veríamos no dia seguinte.
Vou para minha casa comer alguma coisa, tomar um banho primeiro e depois
decido o que fazer.
Coloco uma música para distrair minha mente, me ajudando a pensar, não
quero parecer um homem pegajoso, por isso tento me controlar agindo com a
razão.
Enquanto tomo um banho relaxante, fico pensando em tudo que aconteceu,
sendo inevitável evitar o pensamento que me afligiu o dia todo.
Será que Kat ainda sente algo por aquele cara? Pois pareceu que ele ainda
a afeta, para não sentir nada.
E pensar nisso tem me incomodado mais do que deveria, afinal apesar de
sim querer ficar com ela, talvez tentar até um namoro, não temos nada. Não
deveria me sentir tão incomodado com essa hipótese, mas estou!
E que tanto médico que tem ido ultimamente, será que está doente e não tem
me contado?
Não é possível, ela cuida bastante da saúde para estar doente, deve ser
alguns exames de rotinas, nada sério. Concluindo isso, o pensamento de que ela
ainda é apaixonada pelo outro volta a me torturar.
— Preciso descobrir isso, não posso me envolver cada vez mais, se gosta de
outro, pois as chances que eu tome outro chifre é grande — e não gostaria de
repetir a sensação.
Saio do meu banho, colocando uma roupa confortável, mas opto pelo jeans
mesmo, com uma camiseta azul marinho, pois sei que destaca meus olhos e Kat
gosta quando uso escuro, passo meu perfume, indo comer um lanche natural
antes, para ir a sua casa.
Quando termino de comer, sinto a ansiedade mais controlada, escovo meus
dentes, seguindo a pé até lá, não levo nenhuma roupa para não parecer que estou
indo com intenção de dormir junto dela.
Só quero saber como está, se precisa de algo, e volto embora.
Coloco minhas mãos no bolso da calça, enquanto caminho afirmando meu
pensamento para mim mesmo, pois não posso forçar a barra, ainda mais se há
outro na parada.
Respiro fundo, apertando a campainha.
Pouco depois Kat abre a porta pra mim, está com o cabelo preso em um
coque alto, com um pijama largo bem diferente do que costuma usar quando
apareço por aqui, até mesmo quando venho de surpresa. Mas o mais estranho é
ela já estar de pijama a essa hora, afinal passa pouco das sete.
Ela me dá passagem pela porta com um pedido silencioso para que eu entre,
e o faço, quando fecha a porta resolvo quebrar o silêncio.
— Já está de pijama? Chegou mais cedo? — Sondo seu humor.
Kat vai voltando para cozinha, percebendo que está fazendo algo no fogão.
— Sim, sai mais cedo hoje, estava com muita dor de cabeça, desmarquei
minhas consultas.
Nesse pouco tempo que nos conhecemos nunca a vi desmarcar nenhuma
consulta para vir embora, sinto minha garganta fechar incomodado com a
possibilidade de meu pensamento estar correto.
— Certo, e melhorou a dor?
— Sim, tomei um remédio, dormi um pouco a tarde, acordei faz pouco
tempo me sentindo melhor.
— Que bom, precisa de alguma coisa? Já jantou? O que está fazendo aí?
Chego próximo do fogão curioso pelo cheiro que sinto, me mostrando a
panela com um sorriso sem graça no rosto.
— Brigadeiro. — Diz dando de ombros. — Gosta?
— Adoro, deixa que eu termino, vai se sentar. — Ela me obedece sem
pestanejar o que é algo estranho vindo dela, vejo o prato untado com a manteiga
próximo, despejando alguns minutos depois sobre ele, colocando na sequência na
geladeira para esfriar. — Está de TPM? Ou é só vontade de comer besteira?
— Só vontade mesmo, — se levanta pegando minha mão, me puxando para
a sala, — vem, vamos nos sentar aqui um pouco.
Nos sentamos no sofá, se acomodando com a cabeça em meu colo ao se
deitar, ligando a TV enquanto acaricio seus cabelos macios. Kat está quieta,
parece não querer conversar sobre o que houve e apesar de estar agoniado
querendo a questionar, resolvo respeitar seu momento dando o carinho que talvez
precise e quem sabe se sinta a vontade em se abrir comigo.
Coloca um filme para assistirmos, tento me concentrar apesar de a todo
instante a observar intrigado, após uma hora do início do filme, ela pausa indo ao
banheiro e na volta pega o brigadeiro trazendo duas colheres para comermos.
— Hum... — geme enquanto come o brigadeiro me torturando com suas
insinuações mesmo que sem perceber — isso está uma delícia.
— De fato está, — assumo — mas se continuar gemendo assim enquanto
come, quem vai acabar comendo outra coisa, serei eu.
Ela arregala seus olhos, parecendo notar agora o que fez, gargalhando com
sua suposta inocência.
— Talvez, eu queira que você coma essa outra coisa. — Diz chupando a
colher de modo provocante.
Um simples comentário, que aquece meu coração em saber que seu humor
parece melhorar.
— Podemos resolver isso a hora que quiser. — Pego mais um pouco do
brigadeiro, dando em sua boca já excitado com seu olhar safado.
Kat coloca o prato em cima do sofá, subindo em meu colo, montando sobre
mim, mas deixo que tome as rédeas da situação, pois apesar de estar sempre
excitado ao seu lado, sei que não está bem e não quero a pressionar.
Aproxima seus lábios do meu roçando de maneira sexy, até que cola nossos
lábios me beijando, um beijo calmo, mostrando o quanto hoje precisa de carinho,
sendo assim, será isso que darei a ela, todo apreço possível, demonstrando o
quanto pode contar comigo mesmo sem saber do que precisa.
Continuamos nos beijando por alguns minutos, até que não resisto,
alcançando levemente sua cintura por baixo do pijama a acariciando. Kat esfrega
seu sexo em mim me instigando a avançar o sinal, não perdendo tempo, subo sua
blusa a retirando por completo, percebendo que Kat está sem sutiã.
— Argh! — gemo admirando seus lindos seios os abocanhando, da maneira
que sei que a enlouqueço, sinto ela se jogando sobre mim arfando e gemendo
enquanto a chupo e aperto seus mamilos.
Ela sempre adorou quando faço isso com eles, mas ultimamente parece que
seus seios estão mais sensíveis ao ser tocados, — além de maiores — não sei se
pode ser impressão minha, mas é o que tem parecido.
Kat abaixa as mãos em meu peitoral retirando minha camiseta a jogando
longe, acariciando todo meu corpo, com uma mão alcanço o prato sem soltar
nossas bocas que estão juntas de novo, colocando na mesinha de centro, deitando
seu lindo corpo sobre o sofá enquanto retiro sua calça, seus dedos ágeis libera
meu pau de dentro da calça e cueca mesmo sem a abaixar completamente,
massageando minha extensão, me fazendo gemer em seus lábios, até que a
penetro de uma vez, enquanto Kat geme palavras incoerentes conforme seu prazer
aumenta, estoco mais forte nos deixando enlouquecidos com o prazer que emana
entre nós.
Belisco seus mamilos intumescidos, aumentando ainda mais a intensidade
em minhas estocadas, cada vez mais rápido ao sentir que está se aproximando do
clímax assim como eu.
Poucos minutos depois, Kat geme alto em minha boca se contorcendo ao
alcançar o orgasmo de maneira deliciosa, me fazendo perder o controle
despejando todo o meu prazer dentro dela.
Pouco tempo depois ainda sobre seu corpo, recuperando nossa energia
devido a intensidade do que acabamos de ter, ela ataca minha boca novamente,
com calma, parecendo selar o amor que acabamos de fazer, me mostrando que
estamos bem, o que sem imaginar, acalma meu coração.
— Quer tomar um banho? — pergunto instantes após afastarmos nossos
lábios.
— Talvez seja uma boa ideia, estamos todos suados.
Me afasto com cuidado de dentro dela, seguindo nus de mãos dadas para o
banheiro, enchemos a banheira para relaxarmos, nos acariciamos, nos beijamos,
literalmente namoramos sem pressa, apenas nos curtindo como se não houvesse
mais nada além de nós dois, todos os problemas tivessem desaparecidos.
E assim fazemos amor outras duas vezes, uma na banheira e outra em sua
cama.
Após nossa sessão de sexo, ligamos a TV do quarto enquanto acalmamos
nossos corpos, completamente relaxados agora, ouço sua barriga roncar me
fazendo rir.
— Já está com fome? Ou melhor, você comeu alguma coisa, — estreito os
olhos questionando — ou vai me dizer que só comeu brigadeiro?
Kat desvia o olhar para a televisão, enquanto acaricia meu peitoral
respondendo visivelmente sem jeito.
— Acho que só comi o brigadeiro.
— Ah! Você acha? Não vai me dizer que só comeu isso o dia todo?
— Ah não briga comigo, estava irritada, queria comer besteira.
— Kat, Kat, não sou médico, mas você melhor do que ninguém sabe que
deve comer algo que sustente pelo menos, vou fazer alguma coisa pra você
comer, fica aqui.
— Você não existe sabia. — diz derretida, me puxando para mais um beijo,
até que ouço sua barriga roncando alto novamente, me fazendo rir no meio do
beijo.
— Meu Deus! Você tem uma draga aí dentro passando fome. — Falo rindo,
enquanto me levanto, colocando minha boxer de volta para descer até a cozinha.
Faço um lanche natural com queijo branco e peito de peru para nós dois,
espremo algumas laranjas fazendo suco, quando estou terminando Kat desce se
juntando a mim, lhe entregando seu lanche.
— Ia levar pra você na cama. — Abre um sorriso me respondendo.
— Desse jeito vai me deixar mal-acostumada. — Me aproximo, deixando
um beijo em seu rosto.
— Essa é a intenção! — Nos sentamos lado a lado, comendo também meu
lanche.
Quando terminamos, vou lavar a louça que sujei, lhe perguntando.
— E o médico hoje, deu certo?
Kat desvia o olhar para as migalhas de pães na mesa brincando com elas,
enquanto acena dizendo.
— Sim, deu tudo certo.
— Que bom, que médico foi? — Kat estreita os olhos me observando e
estranho seu desconforto resolvendo me explicar. — Desculpa a pergunta, é que
tem ido com frequência em médicos, fiquei curioso.
— Fui apenas ao ginecologista, acompanhamento de rotina, nada demais.
Confirmo com a cabeça, mas desconfiando por seu desvio de olhar todas as
vezes e desconforto com uma simples pergunta.
Se levanta vindo até mim me abraçando por trás, enquanto termino de lavar
a louça beijando minhas costas.
— Vai dormir aqui comigo, não é?
Seco minhas mãos no pano ao meu lado me virando para ela, segurando sua
cintura.
— Não sei, você quer que eu durma? — envolve meu pescoço com seus
braços, me dando um selinho.
— Claro que quero, durmo melhor quando está comigo.
Mal sabe ela que também me acostumei a dormir ao seu lado e tenho
sentido sua falta todos os dias.
Mas me contenho, apenas sorrindo lhe dando um beijo de tirar o fôlego.
Depois subimos para o quarto, nos deitando abraçados de conchinha
acariciando os cabelos de Kat, até que percebo que adormece.
Fico pensando um pouco em tudo que aconteceu hoje, como Kat agiu com
aquele encontro, que não quis comentar nada comigo a respeito por livre e
espontânea vontade pelo menos. Mas a maneira como me tratou, como nos
envolvemos não parecia ser uma pessoa que nutre sentimentos ainda por outra
pessoa, parecia bem entregue a nós dois a todo instante.
Suspiro, cheirando seus cabelos perfumados, resolvendo deixar o tempo agir,
pois pode ser a melhor resposta, ainda estamos no início de qualquer coisa que
temos tido, para ficar lhe pressionando.
Concluindo isso, me sinto finalmente mais leve, conseguindo pegar no sono.

Ouço o despertador ao longe indicando que já está no horário para eu ir


trabalhar, sinto Kat se mexer em meus braços também acordando. Retiro com
cuidado meu braço debaixo de seu pescoço, me levantando, indo até o celular o
silenciar.
Quando volto para a cama percebo que Kat já despertou, me observando
enquanto pegava o celular, me fazendo rir sem graça com seu olhar.
— Bom dia dorminhoca... – dou lhe um beijo casto, sendo retribuído com
seu sorriso.
— Bom dia, que horas são? Nem sei onde meu celular está?
— Ainda está cedo, mas tenho entrado antes no trabalho, para não ficar até
tarde. Vai para academia? — Kat se aconchega em meu corpo.
— Acho que vou, apesar de estar me sentindo preguiçosa hoje.
— É uma boa, só não te acompanho, pois preciso ir cedo resolver algumas
coisas no escritório. Vamos jantar fora mais tarde mesmo tendo nos visto ontem?
— Seus olhos esmeraldas me encaram.
— Sim, claro, nem ouse me dar cano hein... — diz fingindo estar brava, me
faz rir — vou ir escovar os dentes, já volto.
— Eu nem trouxe nada ontem, tenho que ir embora para me arrumar.
— Escova reserva eu tenho aqui. — Me oferece.
— Eu aceito. — Me levanto junto dela indo até o banheiro de seu quarto.
Enquanto fazemos nossa higiene matinal, percebo pelo espelho que Kat fica
incomodada com algo, quando vou lhe perguntar, tira a escova rapidamente da
boca, a tampando com a mão, levanta a tampa do vaso sanitário se abaixando
sobre ele passando mal. Vou até ela com minha mão limpa, segurando seus
cabelos para não o sujar.
Poucos minutos vejo que se acalmou, limpa a boca com papel higiênico
dando descarga se levantando visivelmente envergonhada, por ter presenciado
essa situação.
Enxaguo agora minha boca, após me enxugar a encaro enquanto começa sua
nova escovação.
— Está se sentindo melhor? — Kat confirma com a cabeça — Será que foi o
que comeu ontem à noite que não lhe fez bem? Ou está sentindo algum outro
sintoma?
Ela enxagua sua boca, me olhando pelo espelho, após finalizar sua higiene
me responde.
— Estou bem, só me senti enjoada agora, mas não deve ser nada sério.
— Hum... certo, talvez não seja nada mesmo. Mas se ver que não está se
sentindo bem, me avisa que ficamos em casa hoje à noite, faço uma janta para nós
dois. O que prefere? Não quero que saia, se não estiver bem. — Ela ri abraçando
meu pescoço.
— Estou ótima, ok? — dando um selinho — me pega as oito? — a olho
intrigado, não gostando do que presenciei, mas confirmo com a cabeça.
Saímos do banheiro, coloco minhas roupas do dia anterior indo me arrumar
em casa, me despeço dela com um beijo decente agora, mas ainda incomodado
com a sensação de que talvez ela esteja escondendo alguma coisa de mim.
Médicos... exames... vômitos... tem alguma coisa aí que não quer me falar.
CAPÍTULO 32

Quando Derik sai de casa para ir se arrumar, me esparramo em meu sofá


olhando para o teto me sentindo esgotada mentalmente pela situação que me
enfiei.
Por isso não queria me envolver com ninguém, lutei tanto contra isso, pois ia
dificultar toda a minha vida.
Minha intenção era apenas ter meu filho ou filha em paz, o criar sozinha, e
se um dia encontrasse alguém meu filho já estaria comigo e a pessoa saberia antes
de se envolver.
Agora a situação é diferente, engravidei logo que conheci Derik, o que era
apenas para ser sexo casual, está virando um relacionamento mesmo sem
assumirmos publicamente, pois estou apenas com ele e pelo que deu a entender,
também está apenas comigo, estamos cada vez mais próximo, dormindo juntos e
convivendo. Agora como falo pra ele que estou grávida de outra pessoa? Mesmo
que tenha sido por inseminação.
Por mais que não queira admitir pra mim mesma, me sinto bem ao seu lado
como há muito tempo não me sentia, me sinto mais leve, mais alegre, tem me
feito bem mesmo que nem saiba disso, caso resolva se afastar após descobrir
tudo, irei sentir sua falta, isso será inevitável.
Se naquelas poucas semanas que nos afastamos nem conseguir comer direito
estava, e fui eu quem tomei a iniciativa, imagina agora sabendo que irá se
distanciar por causa de algo que deveria o ter contado desde o início, antes de
deixar chegar no ponto que chegamos.
Inspiro chateada comigo mesma por ter permitido chegar nessa situação
antes de resolver tudo.
Me levanto para ir comer alguma coisa, antes que passe mal de novo.
Que vergonha... – balanço a cabeça irritada comigo mesma, por começar a
sentir o bendito enjoo matinal hoje na presença de Derik.
Enquanto faço uma vitamina para tomar, volto a me recordar de como
pareceu preocupado em saber como estava e também desconfiado perguntando
ontem sobre o médico que fui.
Meu corpo ainda não está tendo grandes alterações, até sinto minha barriga
diferente de como era, meus seios estão maiores e meus mamilos bem mais
sensíveis. Mas visivelmente, bem pouco perceptível, talvez nem perceba se não
for uma pessoa muito observadora.
Outra alteração que sinto, é meu apetite sexual estar ainda maior, e olha que
já era antes mesmo de engravidar quando se trata desse deus grego.
Bufo enfurecida, pois preciso encontrar alguma maneira de relatar a ele o
que fiz quando o conheci, afinal independente de ficarmos juntos ou não, não é
algo que dê para esconder por muito tempo, em breve meu corpo terá mudanças
significativas para a percepção de todos. Imagina ele que me vê nua
frequentemente, não tem como achar apenas que estou engordando.
Finalizo meu café, indo me arrumar para ir à academia, apesar de me sentir
pouco disposta, não posso me entregar. Quem sabe me exercitando, ajude a abrir
minha mente com uma maneira melhor, de contar tudo a ele.
Após voltar da academia, me arrumo rapidamente indo ao trabalho, me
sentindo mais disposta após meu banho.
Quando entro em meu carro, vejo algumas mensagens de Sofi e Liv
questionando como estou depois de ontem, contei por cima para Liv por
mensagem, mas estava com tanta dor de cabeça que nem quis prolongar o assunto
com maiores detalhes, pedi para que Sofi contasse a ela, pois realmente não
estava com cabeça e não quis ser mal-educada.
Agora que vejo suas mensagens, percebo que desde quando eu e Derik
estávamos juntos ontem nem havia me lembrado do ocorrido com Gustavo,
inclusive hoje acordei, fiquei até agora me questionando uma maneira de contar a
Derik sobre minha gestação, mas em nenhum momento lembrei do babaca que
encontrei, e isso me faz confirmar em como realmente ele tem me feito bem, pois
mesmo tendo ficado chateada ontem por o ter reencontrado, não foi algo que me
abateu de fato, pois hoje já estou me sentindo bem.
Na verdade, minha dor de cabeça agora é outra, — rio do meu sarcasmo
enquanto dirijo a caminho do meu consultório — só mudou o problema, pois
agora minha preocupação é como Derik irá reagir ao saber de tudo, se vai aceitar
continuar comigo, coisa que duvido muito.
Se nem relacionamento até pouco tempo não queria, quem dirá um filho no
pacote.
— Argh! — resmungo chateada com minha dramática vida.
Esse pensamento me faz lembrar do dia em que perguntou se usava algum
contraceptivo, justamente porque não quer filho agora.
Não sei como foi o término dele com a mãe de Guilherme, mas pelo que
comentou não foi muito bom, por isso talvez esteja traumatizado, não querendo
outro problema para se preocupar.
Suspiro, chateada com a possibilidade, dele ver meu filho ou filha como um
problema na vida dele, sendo que não tem obrigação nenhuma em cria-lo.
Mas não adianta eu me enganar, pois por mais que não queira criar a criança,
minha vida vai mudar, e não quero me envolver com uma pessoa que queira
apenas a mim, mas não meu filho.
Não resolvi colocar um filho no mundo, colocando homem na sua frente,
minha prioridade agora é apenas meu bebê, se Derik quiser fazer parte de minha
vida quando descobrir minha gestação, terá que aceitar a nós dois, ou então, quem
não vai querer mais nada com ele, serei eu.

Atendo um paciente atrás do outro, tive alguns casos de encaixe pois as


crianças estavam doentes, com isso mal tive tempo de ir ao banheiro e as horas
voaram, termino meu último atendimento antes do almoço indo me encontrar com
Sofi que me aguarda na recepção para irmos almoçar.
Assim que saímos do elevador, ela não perde tempo em me questionar como
estou depois de tudo que aconteceu ontem, se consegui descansar, preocupada
que eu passe algum nervoso para o bebê, rio dela fazendo com que pare de
tagarelar no mesmo instante, olhando pra mim sem compreender.
— Não estou entendendo o motivo do riso? Você tem ideia de que eu e Liv,
quase fomos ontem na sua casa porque você não nos respondia, e estávamos
preocupadas com você?
— Desculpa, — digo com um sorriso tímido — mas é que estou bem de
verdade, de fato fiquei mexida na hora em que o vi, mas acredito que foi porque
fui pega de surpresa. Não estava esperando o encontrar depois de tanto tempo,
ainda mais próximo ao meu trabalho quando estava sozinha na rua.
— Que bom que está se sentindo melhor, mas realmente fiquei preocupada!
— Imagino, desculpa não ter respondido, estava com muita dor de cabeça e
acabei dormindo, depois Derik apareceu, pois como me viu com ele, ficou
preocupado apesar de não ter perguntado diretamente, percebi sua perturbação,
mas não entrei em detalhes obviamente.
— Ah, agora está explicado o porquê do não retorno! — diz com a mão na
cintura fingindo uma indignação que é nítido não existir — Eu preocupada com a
pessoa, e ela lá com o love de boa, dando uns pegas obviamente. — Sinto meu
rosto corar imediatamente, por ter acertado de primeira, o que faz Sofi gargalhar
— Sabia. Ah, Kat não te julgo amiga, você sabe que se fosse eu com um homem
daquele faria o mesmo.
Gargalho com sua sinceridade, essa Sofi é doida, amo essa mulher.
— Pois é amiga, eu realmente estava de mal humor depois que o vi, mesmo
tendo melhorado a dor de cabeça. Mas Derik chegou, todo preocupado, sendo
carinhoso, daí a pouco já viu né, esqueci até o motivo de estar irritada, e sabe o
que é mais engraçado? — vejo Sofi me observando com um ar risonho no rosto
enquanto falava.
— O que Kat?
— Que só fui perceber hoje, que me esqueci do encontro que tive com
Gustavo depois que ele chegou em casa, na verdade só recordei hoje cedo quando
li as mensagens de vocês me questionando, — Sofi abri um sorriso enorme
enquanto relato meu pensamento, me deixando intrigada, mas continuando meu
raciocínio — provavelmente iria lembrar nesse instante por estar próxima de onde
o encontrei, mas não foi algo que ficou me atormentando, na verdade até me
esqueci do ocorrido, — suspiro aliviada — e fiquei muito satisfeita ao constatar
isso.
— Isso é maravilhoso amiga, você percebe o quanto isso é uma excelente
notícia? — afirmo com a cabeça, percebendo realmente o quanto é ótimo — quer
dizer que você finalmente está seguindo em frente, e isso é motivo para
comemorar hein... mas pensando melhor, você já se perguntou do motivo de estar
assim? Que tenha um nome, seja alto, cabelos escuros e olhos azuis lindíssimos?
Rio balançando a cabeça com seu argumento.
— Acredito sim, que Derik tenha me ajudado a distrair, temos nos dando
bem sim, gosto de estar junto dele, mas não posso ficar animada demais, afinal
ele ainda não sabe da minha gestação e talvez não queira continuar comigo
quando souber...
— Não acredito nisso amiga, — Sofi me corta já o defendendo — ele ficou
visivelmente chateado com a separação de vocês, imagino que vai tentar pelo
menos, dá mesma maneira que está tentando, afinal pelo que você disse ele está
até disposto a ter um relacionamento com você, e só não tem ainda, porque você é
tapada o suficiente para ficar enrolando em assumir.
— Eu não sou tapada! — me finjo de ofendida — só sou uma mulher pé no
chão e prevenida.
— Prevenida? Está mais para tapada com certeza, fica fingindo que não tá
enxergando o que tem acontecido entre vocês.
Reviro os olhos mediante seu comentário, resolvendo cortar esse assunto de
sentimento e pedir sua ajuda enquanto nos sentamos para comermos.
— Agora me ajude senhora sabe tudo, — friso o senhora pois sei que odeia
quando alguém a chama assim, e na mesma hora rio internamente, por a ver
fechar a cara — bem hoje acabei tendo meu primeiro enjoo matinal, e como sou
uma pessoa sortuda, Derik presenciou meu mal-estar ficando preocupado,
inclusive acabou de me mandar uma mensagem perguntando se estou me
sentindo bem para sairmos, além de ter questionado ontem o motivo que tenho
ido tanto em médicos...
— Será que está desconfiando de algo?
— Não sei, mas isso tem me incomodado a manhã toda, acho que está
chegando o momento de contar a verdade, antes que descubra sozinho, mas estou
receosa com sua reação ou em como contar.
— Acredito eu, que se você explicar o motivo que te levou a fazer isso e
porque não contou antes, ele irá entender, afinal vocês tinham acabado de se
conhecer, não é algo que vai sair espalhando por aí, mas caso descubra de outra
maneira, pode ficar chateado, talvez se sinta enganado, por isso... — se inclina na
mesa frisando o que vai dizer — é algo que se deve falar logo.
— É isso que estou pensando, só não sei como começar ou o que exatamente
contar.
— Amiga, se você realmente está gostando dele, deveria contar toda sua
história, seus traumas e motivação para tomar a atitude que tomou... — Sofi toma
um gole de sua água — até mesmo, porque não é algo que vá conseguir esconder
por muito tempo...
— Nem me fale... — levo minhas mãos até a testa apreensiva — mas não sei
se estou confortável em já lhe falar sobre isso, ainda não tenho certeza do que
sinto por ele, sei que gosto de sua companhia, que me faz bem, mas não sei, a
insegurança ainda tem prevalecido dentro de mim, a última vez que me entreguei
a alguém, quebrei a cara, não sei se estou disposta a correr esse risco de novo.
— Você já tem percebido que Derik é diferente de Gustavo, pensa bem em
tudo com calma, e vai saber que decisão tomar, mas uma coisa é fato, sobre a
gestação você precisa se abrir.
— Sim, você está certa, vou tentar encontrar uma maneira de entrar nesse
assunto até o final de semana, sem falta!
— Isso aí, garota!
Voltamos a comer nosso almoço, conversamos assuntos aleatórios, Sofi
conta seus rolos me fazendo rir, mas a todo instante me penso em como contar a
ele.
O restante do dia passou rapidamente, e quando percebo já estou indo
embora para encontrar com meu deus grego, rio do meu pensamento por perceber
a possessividade que já estou dele o chamando de meu.
Após meia hora entro em casa, faço minha rotina de sempre, percebendo que
ainda falta um pouco mais de uma hora para Derik me buscar, cuido e brinco com
Bud jogando a bola para buscar no quintal, quando retorno para dentro, como
uma banana para disfarçar o estômago, pois não quero chegar com muita fome no
restaurante, nem correr o risco de passar mal de novo. Me dirijo ao banheiro, para
tomar meu banho, após um longo dia de trabalho.
Coloco um vestido azul marinho que destaca meus olhos, um salto
confortável, afinal não posso ficar abusando mais deles, faço uma maquiagem
que me deixe atraente, mas sem exageros, finalizo com um colar discreto e um
brinco que combine. Ouço a campainha tocar, dou uma olhada no celular, notando
que acaba de dar oito horas, me fazendo sorrir por sempre ser tão pontual, algo
que preso muito em uma pessoa.
Sempre me irritava quando saía com Henrique, pois se atrasava todas as
vezes, e quando digo sempre, é sempre mesmo, não me lembro de nunca ter
chegado no horário em nenhum dos nossos encontros, as vezes até marcava antes
do horário para se atrasar menos, e nossa, como isso me incomodava.
Imagine só, se tivéssemos nos casado, com certeza seria o noivo a se atrasar
e não a noiva.
Não é à toa, que não deu certo, somos muito diferentes!
Desço animada atender a porta, apesar de já estar aberta, ao abrir a porta sou
atacada por um gato chamado Derik, que pelo visto está sentindo a minha falta
tanto quanto eu dele, pela bela recepção que me dá com seu beijo delicioso,
quando afasta nossos lábios, mas não nosso corpo dá seu sorriso avassalador
fazendo meu coração errar uma batida, sentindo meu rosto corar com a
intensidade de seu olhar.
— Ual, o que foi tudo isso?
— Senti sua falta, — dá de ombros – fazer o que, estava contando os
minutos para te encontrar.
— Eu também senti a sua, e por sinal, você está lindo! — Seu sorriso mostra
o quanto gostou do que disse, mordendo meu lábio inferior.
— Você também está além de linda e cheirosa, uma delícia como sempre. —
Aperta meu quadril, o que faz retorcer minhas pernas em ansiedade por seu toque.
— Tá bom, vamos sair logo daqui antes que a gente deixe esse jantar pra
outra hora.
— Melhor, porque te levar para o quarto não seria uma má ideia, mas você
está muito gata pra ficar em casa, então vamos lá.

Chegamos entusiasmados, em um clima romântico no restaurante que Derik


reservou para nós, o restaurante possui um ambiente retrô, com móveis rústicos,
iluminação baixa com velas nas mesas criando um ambiente aconchegante para
casais, vejo um pianista tocando MPB ao vivo completando ainda mais o
ambiente.
Após darmos nosso nome a hostess, ela nos encaminha até nossa mesa
próximo da janela que possui uma vista linda da cidade, Derik se senta ao meu
lado para termos mais contato um com o outro.
Fazemos nosso pedido ao maître de nosso prato e bebidas, Derik escolhe
vinho e eu fico no suco. Ele obviamente estranha por não o acompanhar, mas dou
a desculpa que irei trabalhar no dia seguinte.
Conversamos interessados sobre como nosso dia, ele me conta um pouco
mais sobre sua vida, como conheceu Marcos, sobre as últimas que Guilherme tem
aprontado e que está animado perguntando se vai poder ver Bud no final de
semana quando vir pra cá, me surgindo uma ideia.
— No domingo irei almoçar na casa de meus pais, é uma fazenda muito
bonita e confortável, por que vocês não nos acompanham até lá para passarmos o
dia? Tenho certeza de que Gui irá adorar. — Derik me observa com sorriso nos
olhos enquanto faço o convite.
— Tem certeza? Seus pais podem pensar que estamos namorando? —
pergunta com uma sobrancelha arqueada me questionando — não que me
importe, já que por mim não vejo mais problema, mas não sei se é a imagem que
você gostaria de passar.
Ele toma um gole de seu vinho enquanto me observa pensativa, concluindo
que realmente, meus pais vão me questionar o que realmente temos, Bárbara nem
se fale, mas quer saber, dou de ombros, respondendo.
— Por mim não tem problemas, do jeito que estamos agindo, não está muito
longe disso mesmo. — Lhe dou um selinho demorado em seus lábios, sentindo
sua mão apertando minha coxa embaixo da mesa, resolvo sondar como tem agido
longe de mim. — Ou você por acaso tem saído com mais alguém além de mim?
— me afasto observando seus olhos para detectar se está mentindo pra mim.
Ele se endireita, ficando de frente para mim segurando minhas mãos,
dizendo com total convicção, dificultando em não acreditar.
— Desde que te conheci, só tenho tido olhos pra você minha linda, você me
estragou para as outras mulheres, nem quando nos separamos consegui ficar com
ninguém. – Meu coração derrete mediante sua informação, me aproximo dele
dando um beijo calmo, mas que mostra o quanto sua resposta me agradou,
quando nos afastamos Derik continua. — Mas não vou mentir que não foi por
falta de interesse delas viu. — Fala rindo da minha cara ao ver minha boca aberta
com sua insinuação, dou um tapa de leve em seus braços o fazendo gargalhar.
— Claro que não ia faltar mulher interessada em você né, só se fossem
cegas, mas o que me importa é você, se vai dar trela ou não?!
— Deixa eu pensar, dependendo de como ela for... — coloca o dedo no
queixo fingindo pensar.
— Derik... Derik... olha que já termino antes mesmo de começar seja lá o
que estamos tendo...
Ele me agarra, abraçando me beijando com todo seu desejo explícito.
— Estou brincando sua boba, já disse que você me estragou para as outras,
só quero você e mais ninguém. Então sim, quero ir com você almoçar na casa de
seus pais no final de semana. — Roça seu nariz no meu de maneira delicada,
continuando próximo de meus lábios. — Afinal, preciso conquistar meus sogros.
Meu peito se aquece mediante seu desejo com relação aos meus pais.
— Você sabe como dar uma boa resposta hein... vou os avisar amanhã,
minha mãe vai ficar superanimada tenho certeza. Mas e seus pais, nunca
comentou nada comigo sobre eles. — O corpo de Derik se enrijece ao meu lado
ao perguntar, mas aguardo para ouvir o que irá comentar.
— Meus pais sempre foram bons para mim, nos deram uma boa educação,
nos colocaram em boas escolas, mas sempre senti da parte deles um favoritismo
por meu irmão, que aos meus olhos não deveria existir, uma vez que ambos
somos seus filhos. Mas mesmo assim sempre relevei, só que há alguns anos, eu e
meu irmão tivemos um grande desentendimento e achei que meus pais não
tomaram a atitude que deveriam ter tido, consequentemente dei uma afastada de
todos.
— Nossa, não imaginava...
— Pois é, claro que os visito, mas não com a mesma frequência que antes,
tenho dado preferência aos telefonemas... — Derik toma um longo gole de seu
vinho, deixando claro seu incomodo ao tocar nesse assunto, resolvo não
questionar o motivo da briga, se um dia se sentir à vontade, ele mesmo irá
comentar — então é isso!
Nesse momento o garçom trás nossos pratos, começamos a comer mudando
de assunto, mas ainda pensativa com o que pode ter acontecido de tão grave para
o ter afastado de toda a família.
Após comermos, sinto minha bexiga pedir alívio com urgência, peço licença
a Derik indo em direção ao toilette do outro lado do restaurante, quando estou me
aproximando do local, sinto uma mão agarrando com força meu braço me
assustando, me empurrando com tudo comigo dentro de um banheiro para
cadeirantes, quando a luz se acende olho irritada para a pessoa que me puxou com
essa brusquidão, me surpreendendo ao dar de cara com Gustavo me fuzilando
com seus olhos verdes.
— Que merda você pensa que está fazendo com esse cara aqui de novo? —
Na mesma hora meu espanto se torna em fúria, me recompondo para colocá-lo
em seu devido lugar.
— Oi?! — arqueio a sobrancelha lhe questionando — Quem você pensa que
é para me puxar com essa grosseria e ainda por cima me questionar com quem
estou ou deixo de estar?
— Isso não vem ao caso... — desvia seu olhar para cima enfurecido,
passando as mãos pelos cabelos – quando te vi aquele dia com ele pensei que
tivesse feito aquilo apenas para me afastar, mas vendo vocês dois juntos aqui, me
tirou do sério...
— Bom Gustavo, não posso fazer nada quanto a isso, você perdeu qualquer
direito sobre mim há muito tempo, agora dá licença que preciso voltar para minha
mesa antes que ele perceba que estou demorando.
— Kat, — segura meu braço agora com mais delicadeza — eu não consigo
te esquecer, me dá uma chance de conversarmos, mostrar o quanto me arrependi.
Solto meu braço irritada do dele, sentindo meu estomago embrulhar apenas
por sentir seu toque.
— Gustavo! Eu. Não. Quero. Conversar. Com. Você! Não quero olhar na tua
cara, estou seguindo com a minha vida e espero que você também siga com a sua,
agora sai da minha frente antes que eu grite e faça você ir pra cadeia dizendo que
estava tentando me estuprar. — Sim, eu teria coragem de fazer isso, mediante a
raiva que estou dele nesse momento, por mais que não desse nada, mas pelo
menos iria dar um susto nele. Ah! Isso iria com certeza!
Gustavo respira fundo visivelmente frustrado por não conseguir me dobrar e
passo por ele abrindo a porta rapidamente, antes que me segure novamente, saio,
entrando no toilette correto ao lado para me acalmar e fazer o que vim de fato
fazer.
CAPÍTULO 33

Após cinco minutos pensando no que acabou de acontecer, respiro fundo


voltando a mesa antes que Derik venha me procurar.
Vejo ao longe, olhando em minha direção, assim que o alcanço tento agir
normalmente apesar de ainda estar irritada com a audácia de Gustavo.
— Nossa, você demorou, pensei que tivesse ido embora e me deixado aqui
sozinho. — Rio negando com a cabeça com seu comentário.
— Até parece que faria isso com você, desculpa a demora.
— Está tudo bem?
— Está sim, vamos comer sobremesa? — Desvio do assunto, o que dá certo.
— Opa! Claro, o garçom já trouxe os cardápios para escolhermos.
— Ótimo, deixa eu dar uma olhada.
O restante de nosso jantar, continua num clima de romance entre nós, tanto
que até me esqueço do ocorrido mais cedo no toilette, após uma hora resolvemos
ir pra casa terminar nossa noite do jeito que adoramos, apenas eu e ele e mais
ninguém.
Após Derik pagar a conta em nossa mesa, nos levantamos para seguir para a
saída e não muito atrás de nossa mesa vejo Gustavo me encarando com cara de
poucos amigos acompanhado com uma morena muito bonita, visivelmente
tentando chamar sua atenção, mas aparentemente sem ter muito sucesso.
O encaro, fazendo questão de olhar para a morena depois para ele
balançando a cabeça em reprovação mediante sua atitude mais cedo.
Como que pode ter a coragem de me procurar aqui indignado por estar
acompanhada, enquanto ele mesmo está em um encontro, mas é muito sem
noção!
Depois de alguns minutos o manobrista trás o carro de Derik, seguindo para
minha casa.
Chegamos em casa, mal entramos na porta, já nos agarramos, nos beijando,
retirando nossas roupas às pressas sentindo a necessidade de termos um ao outro
o mais próximo possível. Subimos para meu quarto, fazemos amor, tomamos
banho junto nos dando prazer novamente, acabando exaustos após outra sessão de
sexo em minha cama nos fazendo cair no sono pouco depois.

Após acordarmos ficamos juntos novamente, depois seguimos para a


academia, quando voltamos nos arrumamos em casa como Derik trouxe sua roupa
para ir trabalhar daqui.
No final da tarde ele irá buscar Gui na escola para passar o fim de semana, e
como combinei com as meninas de nos encontrarmos hoje, só vamos nos ver
amanhã pela manhã, pois combinamos de levar Gui e Bud ao parque juntos.
Derik até disse para eu ir dormir em sua casa quando voltasse, mas acho
legal dar um tempo para os dois juntos como quase não se veem, e o restante do
final de semana vou os acompanhar, por isso resolvi ficar em casa hoje, até
mesmo pois preciso pensar em uma maneira de conversar com ele até domingo e
contar sobre minha gestação.
Fico receosa na maneira como vai reagir, se vai aceitar bem ou vai preferir
se afastar, não sei o que pensar a respeito.
Enquanto vou trabalhar fico pensando em nossa noite ontem, como foi tudo
perfeito, até quando Gustavo apareceu e tentou destruí-la, mas não conseguiu.
De fato, estou cada vez mais envolvida com Derik e ao mesmo tempo que
sinto uma alegria tomar conta de mim em saber que finalmente estou conseguindo
seguir em frente, em como tem me feito bem, uma outra parte de mim ainda está
receosa em se entregar rápido demais e acabar quebrando a cara, por isso sempre
fico com um pé atrás, analisando tudo antes de tomar qualquer decisão que possa
fazer eu me arrepender lá na frente.
Respiro fundo, torcendo para que dessa vez dê certo e Derik aceite bem
minha gravidez, pois vou me sentir muito angustiada se isso não acontecer, por
mais que tente manter a razão a frente de nós dois, sei que estou cada dia mais
envolvida com ele e não estou conseguindo manter a distância que precisava
antes de lhe contar toda a verdade, tanto que o convidei para ir à casa de meus
pais.
Meu Deus, preciso avisá-los que Derik vai me acompanhar.
Assim que estaciono o carro no prédio de meu consultório, pego meu celular
entrando logo no grupo da família, para avisar a todos de uma vez.

Kat: Bom dia família, como estão todos?


Domingo irei levar Derik e seu filho junto em nosso almoço, tudo bem
mãe e pai?

Vou subindo para meu consultório quando ouço as notificações de


mensagem do grupo indicando que já receberam. Sabia que isso iria acontecer,
como tenho alguns minutos antes da primeira consulta entro na conversa para os
responder.

Bárbara: Sabia que aí tinha coisa, sua tratante, nem pra me contar
antes...
Marcos: Amor, para de cuidar da vida da sua irmã, se ela não falou
antes teve seus motivos.
Bárbara: Claro que não, já tinha questionado e essa cara de pau não me
confirmou nada, mas meu sexto sentido não falha.
Mãe: Derik é aquele homem lindo que me apresentou na festa do
Nathan? Ai minha filha, fico tão feliz que esteja namorando e o trazendo
finalmente para nos conhecer de fato.
Pai: Conhece esse cara há quanto tempo hein Kat? Sabe se realmente é
decente?
Bárbara: Sim mãe, é ele mesmo, formam um lindo casal, não é?
Mãe: E como formam! Aiii que lindos (carinha de apaixonada).

Ai Deus! Minha mãe já está imaginando eu me casando de véu e grinalda.

Kat: Gente, calma pelo amor de Deus, por enquanto eu e Derik estamos
apenas nos conhecendo, então vamos com calma.
Mãe: Mas mesmo assim filha, já é um ótimo sinal, os outros namorados
que teve depois de Gustavo, você não trouxe nenhum para conhecermos.

Minha mãe sempre jogando isso na minha cara, resolvo cortar o assunto e
pedir a eles o mais importante.

Kat: Bom, ok mãe, todo mundo já entendeu. Agora gostaria de pedir


um favor a todos.
Mãe: Certo, minha filha.
Bárbara: Manda aí sua tratante, depois vou te ligar por sinal, viu.
Reviro os olhos mediante o comentário de Bárbara.

Kat: Eu ainda não contei a Derik sobre minha gravidez, então peço a
todos por favor que não comentem nada sobre esse assunto no domingo,
OK?
Mãe: Como assim ainda não disse algo sobre isso?
Bárbara: Ai ai viu, realmente precisamos conversar.
Kat: Posso contar com vocês ou não? Senão vou cancelar o almoço de
domingo com uma desculpa qualquer!
Mãe: Pode deixar minha filha.
Bárbara: Ok!
Marcos: Combinado Kat!
Pai: Sim minha filha.
Kat: Obrigada a todos!

O decorrer do dia transcorre como o esperado, atendo a todos os meus


pacientes da melhor maneira que posso, almoço com Sofi, voltamos a trabalhar já
combinando o melhor horário de nos encontrarmos mais tarde com Liv.
Encaminho uma mensagem a Derik no intervalo de uma de minhas
consultas, como hoje não disse nada, me fazendo estranhar seu silêncio, pergunto
se está tudo bem e como está seu dia, após meia hora me retorna.

Derik (deus grego): Oi linda, está tudo bem sim, só numa correria
enorme hoje, e estou tentando resolver tudo antes de ir buscar Gui, por isso
mal peguei no celular. E você como está? Saudades, e aí vai ir para casa mais
tarde? =D

Rio da sua insistência, lhe respondendo.

Kat: Oi gato, estou bem também, parei um pouco agora, mas já vou
chamar o próximo paciente. Também estou com saudades, mas hoje vou
deixar você curtir apenas seu filhote, amanhã cedo nos vemos, mas me liga
mais tarde! Bjs.
Derik (deus grego): Com certeza irei te ligar, ansioso por amanhã. Bjs
linda!

Desligo o celular com um sorriso no rosto com sua maneira carinhosa em


falar comigo, me fazendo suspirar, mas volto a realidade, chamando meu próximo
paciente.
O restante do dia passa rapidamente, após finalizar minha última consulta
organizo meu consultório para a próxima semana, e para a faxineira que virá aqui
no dia seguinte limpar, pego minha bolsa e celular me despeço de Celeste
deixando um recado a Sofi que continua em sua última consulta.
— Bom final de semana Celeste...
— Pra doutora também, um ótimo final de semana!
— Obrigada, pode fazer um favor, assim que Sofi acabar a consulta avisa a
ela que já fui e lhe mando mensagem daqui a pouco.
— Ah! Sim, aviso a ela.
— Mais uma vez, obrigada! Até mais.
Saio do consultório em direção ao elevador, já encaminhando uma
mensagem para as meninas confirmando o horário e local que iremos nos
encontrar.
Ao chegar em casa, faço minha rotina de sempre, tomando meu banho para
tirar o cansaço do corpo, tenho tido uma boa gestação, sem enjoos praticamente,
sinto que meu corpo está mudando, meu humor tem oscilado, mas algo que tenho
sentido muito ultimamente é o cansaço, sempre fui uma pessoa bem-disposta,
mas essa moleza tem tirado essa disposição ultimamente.
Mesmo assim, procuro o vencer indo contra meu desejo de me deitar e ficar
sem fazer absolutamente nada, por isso tomo um banho bem demorado agora para
me relaxar esperando que isso melhore meu ânimo, e percebo que ajuda, pois saio
mais animada para encontrar com minhas amigas.
Me arrumo, passo minha maquiagem, coloco um sapato confortável e
admiro o brilho em meus olhos pelo espelho, decidindo tirar uma foto enviando a
Derik para o atiçar um pouco, esse horário deve estar dirigindo, por isso nem
espero uma resposta logo, aviso as meninas que estou pronta me encaminhando
até meu carro.
Após vinte minutos, chego ao restaurante combinado, percebendo que Liv já
se encontra na mesa, pois acena discretamente para mim, vou até ela lhe
cumprimentando com um abraço, começando a conversar animadamente, poucos
minutos depois Sofi chega para assim iniciarmos nossa noite colocando o papo
em dia.
Liv conta do rapaz que tem saído e o quanto animada está em relação a ele,
já Sofi conta sobre todos os seus encontros, pois sim, dificilmente sai mais de
uma vez com uma mesma pessoa, após contarem sobre sua vida amorosa, me
perguntam sobre meu jantar romântico com Derik, apesar de Sofi já saber por
cima, conto para Liv o quanto foi tudo ótimo e como tenho ficado admirada com
ele, digo que o convidei a passar o domingo na fazenda de meus pais o que as
surpreendem.
— Como assim? — Liv pergunta embasbacada — Você, Katarina convidou
um homem para ir até lá, sendo que ainda nem assumiu namoro com ele?
Sofi só ri me olhando com cara de quem diz: Tá vendo, não sou só eu, quem
acha isso?!
— Não é isso, pelo que conversamos estamos praticamente namorando, pois
ambos estamos saindo apenas um com o outro, temos nos vistos com frequência,
sempre vai em casa, dorme comigo, então não tem muita diferença de um namoro
né?
— Sim, de um namoro normal, não tem muita diferença, — Sofi dispara
enquanto toma um gole de sua Smirnoff ice — mas para você é um progresso e
tanto, considerando que os seus ex-namorados nem dormiam na sua casa, ou
melhor, com você, — reviro os olhos para ela, a fazendo rir — Derik está fazendo
um milagre acontecer.
— Ai amiga fico tão feliz por ver isso finalmente, você merece ser feliz
depois de tudo que passou, e fazem um casal tão lindo. — Liv diz empolgada.
— Obrigada amiga, de fato estou me sentindo muito bem com ele, nem
imaginava que conseguiria me sentir assim com alguém novamente. — Falar isso
me faz lembrar de quem encontrei no restaurante, resolvendo contar a elas. —
Falando nisso, adivinha quem encontrei no dia do jantar?
As duas arregalam seus olhos em espanto, pois como não faz muito tempo
que encontrei com Gustavo, não fica difícil imaginar que seja ele.
— Não brinca que foi aquele vagabundo? — rio de Liv sempre tomar
minhas dores, o xingando como se tivesse sido com ela que aprontou.
— Não vai me dizer que foi atrás de você lá? — Sofi já questiona irritada.
— Pois sim, ele não só foi atrás de mim quando fui ao banheiro, como me
arrastou com tudo para dentro de um gabinete para deficiente, todo nervoso
porque estava lá com Derik, segundo ele “em um clima de romance”. — Faço
aspas com as mãos nessa última parte.
— Bem-feito pra ele ter presenciado isso, e o que ele falou, e você como
reagiu? — Sofi pergunta preocupada.
— Ele não te machucou né amiga? – Liv indaga aflita.
— Ele não é nem louco, — respondo tomando um gole de meu suco — mas
me recompus logo, o colocando em seu lugar, dizendo que perdeu o direito sobre
mim há muito tempo e que não tem nada a ver com minha vida.
— Isso aí garota. — Sofi comemora.
— Claro que ficou sem graça com isso, pediu uma chance para mostrar o
quanto se arrependeu com tudo que me fez, que nunca conseguiu me esquecer e
gostaria de conversar comigo...
— Ridículo! — Liv resmunga indignada.
— Obviamente não aceitei, sendo bem grossa ao dizer que não tenho mais
nada a falar com ele e para não me procurar mais, saindo de perto dele. — Volto a
tomar um gole de meu suco, pois me incomoda de falar sobre ele.
— Esse cara não tem semancol não? — Sofi diz indignada — Espero que
agora não te procure mais.
— Ah! Sabe o que é mais engraçado? — questiono — Quando estávamos
indo embora, vi onde estava sentado, uma mesa pra trás de mim por isso não o
tinha visto antes, mas estava acompanhado de uma mulher, e ainda tem a coragem
de me procurar dizendo que não me esqueceu sendo que estava com outra, em um
encontro. — Reviro os olhos indignada com sua audácia.
— Quer ter uma step para caso não consiga você de volta, como pode uma
pessoa mudar tanto. — Liv diz isso mais pra ela pensativa do que para nós
mesmo.
— Mas e o Derik, percebeu? Você contou a ele? — Sofi me pergunta.
— Não, nem comentei, por incrível que pareça consegui disfarçar minha
raiva quando cheguei na mesa, depois Derik com seu jeito incrível até me fez
esquecer do que tinha acontecido.
— Se tivesse visto, com certeza Gustavo agora estaria mais feio! — Liv diz
rindo.
Continuamos conversando sobre o ocorrido, me questionam sobre quando
irei contar a Derik que estou grávida, afirmando que desse final de semana não
passa.
O restante da noite nos divertimos conversando, até que vejo que já se
aproxima da meia-noite, resolvendo ir embora, pois combinei com Derik de o
encontrar bem cedo.

Pela manhã, me arrumo rapidamente com uma roupa leve e um tênis de


corrida, tomo um café reforçado para não ter risco de passar mal de novo por
estar com o estomago vazio, quando ouço a campainha tocar, indo atender.
Fico sem saber como cumprimentar Derik, como Gui está junto, por isso lhe
dou um beijo no rosto e em Gui. Percebo que não gosta da maneira que o
cumprimentei, mas não fala nada por enquanto.
— Tia, o Bud vai junto com a gente? — Gui me pergunta ansioso em ver
meu cachorro.
— Vai sim, vou ir buscar ele para ir conosco, quer vir comigo? — estendo a
mão pra ele, que a agarra me acompanhando, Derik fecha a porta nos seguindo.
Bud fica eufórico ao ver Gui, que corre em sua direção brincar com ele.
— Fica longe da piscina hein... — Derik orienta o filho puxando minha mão
para dentro da casa, mas não muito longe da porta que dá ao quintal. — Agora
faça o favor de me cumprimentar direito! — abro um sorriso a ele me
aproximando dando um beijo decente dessa vez.
— Não sabia como te cumprimentar na frente dele, por isso dei um beijo no
rosto.
— É, estava pensando nisso, vou conversar com ele depois, explicar que
estamos juntos para evitar isso para os próximos casos.

O dia transcorre como o esperado, cheio de diversão e brincadeiras, Gui se


divertiu no parque conosco e Bud, que está até cansado de tanto correr.
Almoçamos por lá mesmo, comendo um lanche conforme pedido de Gui,
jogamos bola, eu na verdade, só tocava a bola, pois afinal minha condição não
permite ficar correndo, com isso para não ficar de fora apenas chutava a bola para
eles correrem atrás. Percebi que Derik estranhou como a última vez corria
normalmente com eles, pois me perguntou se já estava cansada, claro, preferi que
acreditasse que era esse o motivo.
Foi impossível ver o amor dele com seu filho e não imaginar se aceitaria da
mesma maneira o meu filho como dele, se iria o amar, o tratar bem, como um pai
age com seu filho. Mas a realidade é outra, não é seu pai e talvez nunca se
considere como tal.
Houve momentos que sentei apenas no banco, observando a interação dos
dois com Bud e me peguei torcendo para que sua conduta fosse boa, que quisesse
permanecer ao meu lado e criar meu filho, mas ao mesmo tempo me repreendia
por pensar assim, pois sei que não será uma decisão fácil para ele e não quero me
iludir, é melhor imaginar que vai terminar comigo de uma vez do que esperar por
algo que talvez nunca aconteça.
Voltamos a tarde para casa e Gui pede para irmos a piscina, vamos para
minha casa, nos trocamos aproveitando o restante do dia que está ensolarado.
Após algum tempo, descanso na esteira tomando um pouco de sol,
aproveitando mais uma vez para admirar Derik interagindo com seu filho o
ensinando a nadar, me encantando ainda mais com seu jeito leve de ser.
Quando o sol começa a se pôr, resolvemos entrar tomar um banho para
evitar que Gui tome friagem, enquanto Derik vai cuidar dele, resolvo fazer um
lanche para comermos.
Após nos alimentarmos, Gui assisti Procurando Nemo ao lado do pai,
enquanto aproveito para tomar um banho.
Enquanto estou lavando meus cabelos, deixando a água correr sobre meu
rosto como se pudesse limpar minha mente, me dando uma luz em como contar a
Derik o que estou passando, sinto se aproximar por trás de mim beijando meu
pescoço cortando meus pensamentos, sorrindo por sentir seu toque, me viro
admirando seus lindos olhos azuis sem necessitar de palavras para expressar
nosso desejo, ele corta o pouco espaço que há entre nós me beijando da maneira
que tanto amo.
— Gui fica de boa lá embaixo sozinho? Não tem perigo de vir atrás de nós?
— Tranquei a porta do banheiro, mas estava praticamente dormindo, por isso
subi, — toca meus seios com as duas mãos — agora vamos aproveitar o pouco
tempo que temos juntos.
Era apenas o que estava ansiando o dia todo, mesmo sem perceber, e assim
fazemos amor juntos no chuveiro matando a saudade que estávamos um do outro,
agora sim, me sentindo finalmente em casa.
CAPÍTULO 34

O almoço de domingo na casa de meus pais finalmente chega, apesar de


ansiosa em levar Derik para passar o dia conosco, uma parte de mim se sente
apreensiva de alguém dar com a língua nos dentes, sendo mais provável que esse
alguém seja a minha doce mãe.
Apesar dele querer dormir aqui, achei melhor ir para casa com Gui, como
ainda não conversou com ele, afinal é criança, e poderia comentar com sua mãe e
ela achar ruim dele ficar dormindo na casa de uma “ficante” qualquer, já estou
com problemas demais para mais esse para encarar. Aceitou mesmo não
querendo, e com isso dormimos sozinhos mais essa noite.
Coloco um shorts jeans curto com uma camiseta um pouco mais larga junto
de uma rasteirinha, faço um rabo de cavalo com uma maquiagem leve, apenas
rímel, um pouco de blush e um batom nude.
Tomo um café da manhã reforçado para evitar o enjoo matinal na frente de
Derik novamente e como a viagem é um pouco longa resolvo tomar um remédio
para evitar passar mal durante a viagem.
Envio uma mensagem reforçando meu pedido no grupo da família para que
todos não falem nada relacionado a minha gestação.
Melhor prevenir do que remediar, quero que saiba por mim.
Pouco tempo depois a campainha toca indicando que Derik chegou, indo os
atender.
— Bom dia... — Os cumprimento dando um beijo no rosto de Gui e quando
vou dar no de Derik, me surpreende puxando minha cintura colando nossos lábios
com um selinho demorado, me afasto sem graça por Gui nos olhar sorrindo para
nós — então vamos?
— Agora sim, podemos ir! — Derik diz com uma piscadela para mim.
— Tia, posso ir lá buscar o Bud? — Gui pergunta empolgado.
— Claro, ele está no quintal. Vou abaixar o banco para ir atrás com você!
— Eba... — grita correndo em direção ao quintal.
Me viro para Derik que me observa com um sorriso safado no rosto, o
repreendendo.
— Seu doido, você por acaso já falou com o Gui sobre nós dois, pra já vir
me cumprimentando assim? — digo com as mãos na cintura para dar mais ênfase
em minha indignação.
— Claro minha linda, comentei ontem à noite que estamos namorando.
Minha boca se abre com o que acabou de dizer, ergo minha sobrancelha o
questionando.
— E por acaso nós estamos namorando? Pois não me recordo de termos
dado esse nome para nosso “rolo”! — faço aspas no ar com os dedos na última
palavra.
— Sim, nós estamos, só você que não assumiu ainda pra si mesma, mas não
vejo diferença do que estamos tendo, com um namoro... — me olha com seu
olhar hipnotizante — ou por acaso você vê?
Fico sem saber o que responder, pois de fato, não há diferença de um
namoro, mas só vou aceitar de fato esse título, após conversar com ele, então sim,
se aceitar meu filho e quiser continuar comigo podemos seguir para um
relacionamento mais sério, por isso resolvo entrar no assunto para mais tarde
finalizarmos.
— De fato não há muita diferença, mas para rotularmos o que estamos
tendo... — olho para o chão respirando fundo criando coragem de continuar, volto
meu olhar para seus dois lagos azuis que me observam com ansiedade — como
namoro, preciso conversar com você primeiro, sobre algo.
— Que seria? — pergunta intrigado.
— Algo que se você entender e aceitar, então sim podemos seguir em frente
com esse relacionamento, não vou fugir mais do que estamos tendo Derik, mas
para isso preciso conversar com você antes.
— Certo, então me fale...
— Não! — o corto — não aqui e não agora, talvez na volta quando
chegarmos, pode ser?
Ele assente com um ar pensativo, parecendo com receio do que posso ter a
dizer.
Nesse mesmo instante Gui aparece com a guia na mão e Bud correndo ao
seu lado, cortando nosso assunto, solto o ar aliviada com sua presença, sem ter
percebido que minha apreensão era tão grande que estava segurando o ar.
— Vamos tia, vamos papai...
— Vamos lá! — digo com um sorriso amarelo para Derik, que corresponde
da mesma maneira.
Seguimos a viagem um pouco mais quietos do que imaginei que iríamos,
olho para a estrada pensativa na reação que Derik pode vir a ter, pois obviamente
ficou intrigado apenas por saber que temos algo a conversar, ele alcança minha
mão entrelaçando nossos dedos me tirando de meus pensamentos, quando o olho
me dá um sorriso acalmando meu coração, retribuindo a ele.
Conversamos sobre o local que meus pais moram depois que se
aposentaram, conto como foi bom passar minha infância em uma fazenda, pois
apesar de não morarmos quando jovem, meu pai a comprou quando ainda era
pequena, consequentemente sempre nos feriados, finais de semana e férias íamos
para lá, com exceção de quando viajávamos.
Uma hora depois estamos entrando na entrada principal, mexo meus dedos o
apertando receosa em como será, o que meus pais vão achar de Derik, o que ele
vai achar de meus pais, se vão conseguir segurar a língua dentro da boca. Afinal,
é a primeira vez depois de Gustavo que trago alguém para almoçar conosco,
sendo um grande passo para mim, por mais que não queira admitir.
Estacionamos, percebendo que Bárbara ainda não chegou, não sabendo se
me sinto aliviada ou não.
Derik coloca a mão sobre as minhas, fazendo com que pare de remexê-las.
— Calma linda, por que está nervosa? — dou risada tentando disfarçar
minha aflição negando.
— Não estou nervosa...
Nesse instante vemos minha mãe com meu pai descendo as escadas da
varanda vindo nos encontrar. Descemos do carro, Derik ajuda Gui a sair do
assento da cadeirinha enquanto abro a porta para Bud sair também. Minha mãe
me alcança já me abraçando.
— Minha filha, que bom que já chegaram. — Após a abraçar, envolvo meu
pai em meus braços, apresentando meus convidados.
— Mãe, pai não sei se lembram de Derik? Ele foi na festa do Nathan.
— Mas é claro que lembro minha filha, como que não ia lembrar de um
homem tão bonito assim...
— Helena... – meu pai rosna ao meu lado me fazendo rir.
Minha mãe abraça Derik com um beijo no rosto.
— Como vai dona Helena? Prazer em revê-la.
— Não precisa me chamar de dona, apenas de Helena por favor. E o prazer é
todo meu. E esse garotão lindo?
— Esse é Guilherme mãe, filho de Derik.
Reapresento meu pai, que cumprimenta Derik um pouco mais contido do
que minha mãe, analisando o terreno antes de qualquer coisa.
— Como vai Sr. Arthur?
— Estou bem e você?
— Estou ótimo... — apertam a mão um do outro — a propósito lugar
fantástico aqui pelo que já pude ver.
Derik sem perceber já amansou meu pai com seu comentário, pois quer o
deixar mais à vontade, é só comentar sobre a beleza de sua fazenda.
— Sim, aqui é uma ótima fazenda, depois vamos levar vocês para conhecer
melhor, tenho certeza de que Guilherme irá adorar.
— Eu quero papai, tia Kat disse que tem cavalos, patos, cachorros...
Meus pais riem da empolgação de Guilherme.
— Sim, tem mesmo, tem até um pônei que dá pra você andar depois, o que
acha? — minha mãe diz estendendo a mão para ele que a pega sem nenhuma
vergonha.
— Sério, eu quelo andar no pônei sim.
— Vamos lá pra dentro, gosta de bolo, fiz um bolo que está uma delícia.
— Eu gosto, adolo bolo.
Seguimos atrás deles dois entrando na casa de meus pais, enquanto Derik e
meu pai continuam conversando sobre a fazenda.
Pouco tempo depois ouço o barulho de mais um carro se aproximando,
percebendo que Bárbara chegou.
Eles entram nos cumprimentando animados, minha irmã me cumprimenta
com aquela cara de “sabia que vocês dois iam ficar juntos” para mim e Derik,
que o faz rir.
Nathan e Guilherme já começam a correr brincando com seus aviõezinhos
pela casa, descontraindo o ambiente.
Eu e Bárbara vamos ajudar minha mãe com o almoço que já está
praticamente pronto, enquanto os homens ficam na varanda conversando de olho
nas crianças.
Arrumamos a mesa para o almoço, chamando a todos para almoçarmos.
Tudo está correndo muito bem até que minha mãe muda o assunto questionando
Derik.
— Então Derik, você tem interesse em ter mais um filho? — me viro para
ela a fuzilando com meus olhos, enquanto toma um gole de seu suco de uva
dando de ombros como quem não perguntou nada demais.
Respiro fundo, contando até dez para não chamar sua atenção em voz alta,
olho para Derik, com um olhar pedindo desculpas por isso, ele ri limpando a
garganta respondendo.
— Sinceramente não cheguei a pensar no assunto depois de Gui, mas porque
não? — dá de ombros rindo — não agora claro, mas não vejo problemas.
Sua resposta me surpreende, considerando a última vez que ficou todo
preocupado em eu usar anticoncepcional, imaginei que não fosse querer outro de
jeito nenhum.
Talvez nem tudo esteja perdido — me pego pensando enquanto bebo meu
suco de laranja.
— Own isso é ótimo, é bom para Gui ter um irmãozinho ou irmãzinha não
é? Deve ser muito triste ser filho único, — diz pensativa — a propósito a indireta
já serve para vocês dois... — aponta o indicador para Marcos e Bárbara que riem
dela, fingindo não ter ouvido nada.
Marcos levanta a mão na defensiva como quem não tem nada a ver com isso.
— Você tem irmãos Derik? — meu pai pergunta curioso.
Percebo que o corpo dele se enrijece, estrala o pescoço desconfortável, mas
responde mesmo incomodado.
— Sim, tenho um irmão. — Percebo Marcos o olhar com cumplicidade, me
deixando curiosa do porque ficou dessa maneira.
— Ah! Isso é ótimo não é? — minha mãe diz animada entrelaçando as duas
mãos em cima da mesa sorridente sem perceber o que acontece ao seu redor —
Queria tanto ter tido irmãos, mas minha mãe não quis me presentear com isso.
Ele assente visivelmente sem saber o que falar bebendo um grande gole de
sua cerveja. Resolvo mudar de assunto.
— Vamos para a sobremesa?
— Ah sim por favor, estou com água na boca com aquele pudim, vou te
ajudar a buscar. — Bárbara me socorre.
O restante do dia ocorre tranquilamente, Derik volta ao seu estado bem-
humorado como sempre, passeamos pela fazenda levando Gui conhecer os
animais, Derik anda a cavalo com ele, enquanto Marcos anda com Nathan os
deixando ainda mais eufóricos, me fazendo admirá-lo ainda mais montado de
modo tão galanteador sobre o lindo cavalo branco que escolheu.
Parecendo até um príncipe encantado em seu cavalo. Suspiro com meu
romantismo florescendo.
Me chama para cavalgarmos juntos, percebendo em seu olhar que sua
intenção seria de dar um perdido em minha família comigo por alguns minutos,
mas apesar de tentador não aceito afinal minha condição não permite.
Mas esse segredo hoje vai acabar — penso — não sei como irei contar, mas
vou!
Nos despedimos de todos, seguindo viagem para deixar Gui em sua casa que
está dormindo de tanto brincar em sua cadeirinha.
Derik diz ter gostado de minha família e adorado o ambiente da fazenda,
acalmando meu coração, pois nem havia percebido até então o quanto sua opinião
a respeito era importante para mim.
Conversamos animadamente até chegar em um condomínio de alto padrão,
Derik passa pela portaria sem problemas já com permissão liberada, poucos
minutos depois estaciona o carro em frente a uma bela casa com gramado aparado
em frente, pega Gui no colo com cuidado, nisso vejo uma linda morena abrir a
porta aguardando com um sorriso sedutor no rosto com um pequeno vestido justo
marcando suas curvas, aguardando por Derik.
Vadia!
Está óbvio do seu interesse ainda nele, pelo olhar que dá de cima a baixo,
nesse mesmo instante a porta termina de abrir saindo um homem alto e forte por
trás dela, notando que a postura da vadia mãe muda automaticamente para mais
contida, como se há poucos segundos não estivesse comendo meu quase
namorado com os olhos, observo o rapaz passar por ela para pegar Gui do colo de
Derik, não me escapando em como os dois se parecem, ambos possuem a estatura
parecidas, o olhar no mesmo tom, mas o cabelo do outro rapaz é mais claro, um
loiro escuro ao invés de quase pretos como do Derik, fico intrigada com o quanto
se parecem, não resistindo abaixo um pouco o vidro para ouvir o que o outro
rapaz tenta dizer a Derik após pegar Gui dormindo de seu colo.
— Como você está Derik? — percebo que respira fundo ignorando sua
pergunta com o corpo tenso — Gui se divertiu? — mais silêncio.
— Alice, quarta-feira o vejo novamente no almoço semanal. — diz cortando
literalmente o outro rapaz, me deixando incomodada com sua atitude e o outro
aparentemente frustrado.
Vira as costas saindo sério sem se despedir de ambos, ouvindo uma última
tentativa do rapaz, falando um pouco mais alto, mas não tanto para não acordar
Gui em seu colo.
— Vai me ignorar até quando cara? — Mais silêncio, continuando
caminhando até o carro — já está na hora de superarmos isso. — nenhuma
resposta. — Ah que se dane então!
O rapaz se vira entrando em casa irritado sendo seguido pela mãe de Gui,
fecho a fresta da janela rapidamente enquanto Derik entra no carro visivelmente
nervoso.
Ficamos em silencio grande parte do caminho, eu incomodada com sua
reação ao reencontrar a ex, além de me sentir extremamente irritada pelo olhar de
cobiça dela por ele, como Gui estava em seu colo, não consegui ver se
correspondia ou não.
Sem contar a maneira como tratou o namorado, marido, sei lá o que era dela,
deixou mais claro ainda que talvez ainda não tenha superado seu passado, não
sendo apenas ela que nutra sentimentos por ele, tudo indica pelo jeito que agiu,
que ainda alimenta algo forte, senão não teria ficado da maneira como ficou ao
encontra-los juntos.
Como não pensei nisso antes, possuem um filho juntos, uma história, por
mais que diga que nunca sentiu nada por ela, não foi o que pareceu, não foi o que
meus olhos presenciaram.
Sinto meu coração incomodado com tamanha tristeza me invadindo, em
pensar que estava pela primeira vez em anos conseguindo me envolver com
alguém de verdade, seguindo em frente.
Como fui trouxa! Nunca vou aprender que não posso confiar em mais
ninguém.
Em pensar que estava disposta hoje mesmo em contar sobre meu filho e
aceitar seu pedido de namoro.
Burra! — xingo em pensamentos — é isso que sou!
Mereço viver sozinha mesmo, porque uma pessoa que depois de tudo que
passou, ainda tenta confiar novamente em outra pessoa é pra tomar na cara
mesmo.
É o que mereço para não me deixar esquecer que não devo confiar em
ninguém.
Talvez ele não esteja com ela hoje, porque está com esse cara, não porque
ele não quer. Talvez seja apenas questão de tempo para ficarem juntos e aí quem
irá Sofirer?
EU!
Pois por mais que não queira admitir, Derik já se apossou do meu coração,
sinto que estou apaixonada por ele, suas garras penetrando em meu coração cada
dia mais a fundo. Como nunca mais havia permitido estar por ninguém, e apesar
de parecer sim estar envolvido comigo também, pode só estar me usando para
tentar esquecer seu amor do passado.
Respiro fundo, tomando a decisão que já deveria ter tomado há semanas,
antes de dar uma nova chance a nós dois.
Vou terminar tudo hoje definitivamente, seja lá o que for isso que estamos
tendo!
CAPÍTULO 35

Odeio a sensação de que estou nesse instante, todas as vezes que levo Gui
embora torço em silêncio para não encontrar com Antony, pois sempre é isso que
acontece, sinto o gosto da traição como se tivesse acabado de acontecer. Tenta se
aproximar de mim como se nada tivesse acontecido, como se jamais tivesse
quebrado a confiança que um dia tive nele.
Percebo que Kat está quieta durante todo o percurso, e também não consigo
dizer nada pois ainda estou com a raiva a flor da pele, não quero descontar nela
ou que perceba como me sinto.
Será que ela percebeu quem ele é?
Seu silêncio me incomoda, mas ao mesmo tempo não sei o que dizer, pois
nem eu me sinto à vontade para dizer nada no momento.
Pensei que iria conseguir chegar antes dele, ou que teria o bom senso de não
vir atrás de mim, mas não, sempre teimoso, como se o que sinto por ele fosse
mudar de um dia para o outro.
Estamos chegando no condomínio, respiro fundo para me acalmar e tentar
agir normalmente como se Antony não tivesse estragado o agradável domingo
que passei com Kat e sua família. Afinal, segundo ela há algo para conversarmos
agora que não me pareceu ser nada muito agradável, mas importante.
Estaciono o carro, ao desligar Kat olha pra mim com seus olhos lacrimejados
dizendo.
— Acho melhor você ir embora!
Me espanto com seu comentário, sendo que havíamos combinado de
conversar agora e estou morrendo de saudade dela, pois apesar de ficarmos o dia
todo lado a lado, não pudemos namorar, nem fazer nada.
— Por quê? — questiono intrigado – não ficamos de conversar agora... —
ela me corta.
— Ficamos, mas não precisamos mais! Não quero conversar com você, não
importa mais.
— O que aconteceu? Porque você mudou de ideia.
— Você ainda pergunta? — bufa indignada olhando pra frente desviando de
meu olhar.
— Sim pergunto, não estou entendendo nada, tivemos um ótimo final de
semana juntos, você mesma disse que queria conversar comigo quando
chegássemos para seguirmos em frente com nossa relação e agora vem dizer pra
eu ir embora, que não quer mais conversar. Não estou compreendendo de
verdade.
— Bom, é simples, pensei sim que poderíamos talvez seguir em frente após
te esclarecer algo, mas depois do que vi na casa da sua ex, vi que não será
possível. — rio nervoso pelo que estou percebendo.
— Certo, e por acaso o que foi que você viu? — vira pra mim com raiva nos
olhos, me deixando nervoso, porque se olhar matasse, com certeza iria cair duro
no chão nesse instante.
— O que foi que eu vi? — pergunta debochada com um riso falso em seus
lábios.
— Sim, o que você viu?
— Simples, além de ver que sua ex ainda tem interesse em você pela
maneira como se insinuava até o outro chegar, — reviro os olhos mediante seu
comentário, como se eu pudesse fazer algo a respeito disso — vi também o
descaso que tratou o atual dela, que estava tentando ser simpático, porque
obviamente você ainda não a superou, não conseguindo nem manter uma
conversa civilizada com o cara com quem ela está.
Nego com a cabeça, olhando pra frente, percebendo que está associando
tudo errado.
— Você está enganada...
— ESTOU ENGANADA? — grita irritada comigo — eu sei o que vi, então
pra que vou seguir por um caminho com você que vou quebrar a cara lá na frente?
Não obrigada!
— Kat, não é o que está pensando?
— Ah não?! — me olha magoada, segurando suas lágrimas para não caírem,
me deixando ainda mais aflito com o andar dessa história. — é óbvio que não iria
admitir nada, é melhor me manter em banho-maria até ter a outra de volta em
seus braços consequentemente me dando um pé na bunda quando conseguir de
volta o que quer, não é?
Assim que termina de falar, sai apressadamente do carro, abrindo a porta do
passageiro, tirando Bud que sai alegremente por chegar em casa, batendo a porta
com tudo, disparando para a entrada de sua casa.
Disparo do carro indo em direção de sua casa, antes que me tranque para
fora, não permitindo que explique.
Assim que feche a porta na minha cara, coloco o pé no vão dela a
impedindo. Ela bufa irritada, largando a porta aberta, desistindo de me impedir de
entrar.
— Já falei que não tenho mais nada para conversar com você, qual a parte
que não entendeu ainda?
Me sento no sofá, com as duas mãos na cabeça frustrado com o andar da
nossa noite, respiro fundo tomando a decisão necessária para que acredite em
mim, não terminando novamente para o que estamos evoluindo, pois só em
imaginar ficar longe dela novamente, sinto meu coração se apertar, preferindo me
expor com a verdade e assim ela me conhecer por inteiro do que a perder de
novo.
Isso eu não irei permitir! Não mais...
— Kat... — vejo que está tomando um copo d’água, provavelmente para
tentar se acalmar, assim que termina, me olha ainda magoada — senta aqui, vou
te explicar o porquê agi daquela maneira.
Ela balança a cabeça olhando para baixo, pensando se deve ou não me dar a
chance de falar, dizendo.
— E quem me garante que não vai inventar uma história qualquer? Tentando
me enganar ganhando tempo?
Uma bofetada teria doído menos com sua total falta de confiança em mim,
ao ponto de achar que iria inventar algo do tipo. Me levanto irritado indo até ela,
olhando em seus olhos enquanto digo.
— Se você está acostumada a se envolver com mentirosos, não posso fazer
nada, mas eu abomino mentiras, posso ter o defeito que for mas isso não sou.
Estou disposto a falar algo do meu passado que não me agrada, todas as vezes que
recordo e que na verdade ninguém além de Marcos e meus pais sabem. Por isso,
você tem duas opções, terminar tudo comigo como está prestes a fazer como
sempre, fugindo do que estamos tendo, e não saber a verdadeira história, ou —
friso essa última palavra — me deixar esclarecer tudo que precisa saber podendo
decidir se acredita em mim ou não! —– vejo seus olhos lacrimejar, pensativa com
o que lhe disse — mas não desiste de nós, não por isso! — seguro suas mãos
aguardando sua resposta.
Abaixa seu olhar para nossas mãos, analisando tudo que expus por alguns
segundos que parecem minutos para mim, até que assente com a cabeça aceitando
meu pedido.
A levo até o sofá me sentando de frente para ela, respirando fundo iniciando
minha história.
— Há uns cinco anos atrás conheci Alice em um aniversário de um amigo
nosso em comum, nós nos divertimos juntos e acabamos saindo da festa para um
motel, nunca fui de ficar mais de uma vez com uma mesma pessoa, já aconteceu
obviamente, mas sempre evitei para que não passasse a impressão errada para a
mulher de que iria dar em algo mais, por isso sempre ia para o motel, nunca em
minha casa e nunca dormindo com ninguém.
“Depois houve mais duas festas que acabamos nos encontrando por acaso de
novo, e acabamos ficando juntos novamente, na última vez bebemos tanto, que
acabamos indo até um banheiro, transando sem camisinha, sempre fui muito
correto em relação a isso, pois sempre presei a minha saúde acima de tudo, além
de também não querer engravidar uma mulher que sabia que amanhã não veria
mais, mas esse foi o meu erro, estava tão bêbado que me esqueci totalmente da
camisinha. Aí você já pode imaginar o que houve, um mês depois meu celular
tocou, sendo ela pedindo para me encontrar, fiquei receoso no início pois nunca
me encontrava com os meus casos de uma noite, mas como disse ser importante,
achei melhor ir ver o que era, nos encontramos em um restaurante, percebendo
que estava nervosa com o que ia comentar, logo depois esclareceu que
esquecemos de usar camisinha na última festa e que estava grávida.
Obviamente não acreditei que o filho poderia ser meu naquele instante,
afinal quem me garante que não teria saído com outros, não tendo se protegido
também, fiquei nervoso comigo mesmo naquele momento por ter sido tão
estúpido, me deixando esquecer de algo tão importante, mas após ela me garantir
que sempre usava camisinha quando saía com alguém e que fui o único que havia
feito isso, resolvi acompanhar a gravidez de perto afinal era um filho meu, mas
deixei claro que assim que nascesse gostaria de uma confirmação com um exame
de DNA, nesse tempo acabamos ficando juntos sem assumir nenhuma relação,
mas me senti na obrigação para com ela por estar carregando um filho meu, evitei
sair com outras mulheres até que ele nascesse, segundo ela, também fez o mesmo,
agora se é verdade eu não sei.
Quando meu filho nasceu, vi o quanto se parecia comigo, mas mesmo assim
pedi um exame para confirmação, o que consequentemente deu como positivo.
Com isso, como sempre tive uma boa base familiar, resolvi dar uma chance a nós
dois de criarmos nosso filho juntos para que ele tivesse o mesmo que tive, mesmo
que não tivesse sentimentos por ela, estava disposto a fazer o que achava ser
correto, e quem sabe o sentimento viesse com o tempo. Afinal ela era a mãe do
meu filho, precisava tentar pelo menos.
Pedi ela em namoro, apresentei a minha família, conheci a dela e fomos
morar juntos.
Após um tempo estava tudo indo bem, ela parecia cuidar bem de nosso filho,
nos dávamos bem, mas não existia amor de minha parte e ela sabia disso, pois
não escondia quando me questionava.
Percebi que ela e meu irmão estavam se dando muito bem, vire e mexe o
encontrava em casa quando chegava do trabalho, dizia que estava com saudade
do sobrinho e havia passado para o ver, e eu não desconfiava de nada até então.
Sempre saía tarde do meu trabalho, afinal não tinha nenhum interesse em
voltar para casa pra uma mulher que apenas aturava, minha única vontade em
voltar era para ver meu filho, nada mais, nisso Gui já estava próximo de fazer seu
primeiro aninho.
No horário de almoço, vi um carro automático para vender, não pensei duas
vezes, o comprando pra ele, como estava ansioso para o dar, resolvi sair um
pouco mais cedo para evitar congestionamento, consequentemente bem mais cedo
do que costumava chegar em casa, já que todos os dias trabalhava em torno de
três horas após meu horário exigido.
Quando cheguei ainda estava de dia, vi o carro do meu irmão estacionado,
não estranhei como sempre ia visitar Gui, ou era isso que eu imaginava.
Abri a porta, fui entrando estranhando o silêncio, sem as brincadeiras,
músicas infantis que costumava ouvir quando chegava, fui subindo devagar
intrigado como vi o carro de Antony lá, até que encontrei diversas roupas jogadas
pelo andar de cima e ouvi risos no banheiro. Já sabia o que teria atrás daquela
porta, mas não queria ver, fui até o quarto de Gui, não o encontrando, voltei
furioso, abri a porta do banheiro com tudo que por acaso nem se importaram em
trancar, pegando os dois transando juntos em minha banheira. Quando me viram,
Alice se afastou rapidamente, se enrolando na toalha enquanto Antony parecia ter
visto um fantasma.
Naquele momento, me vi no espelho, dei um murro nele o quebrando
imaginando ser Antony, como sempre fomos muito parecidos, Alice veio
desesperada até mim mas só me afastei com nojo dela, olhei para Antony que já
tinha se levantado até então e se coberto com uma toalha, falando.
— De todas as pessoas que poderiam estar aqui, jamais imaginei que você
teria coragem em fazer isso.
Ele se desesperou talvez, ao notar a decepção em meu olhar, se aproximou
de mim tentando falar mas o cortei, dizendo.
— Não me interessa o que queira falar, pra mim você morreu junto dessa
vadia a partir de hoje.
Dei as costas aos dois, deixando Alice aos prantos, Antony desceu
desesperado atrás de mim, gritei para Alice perguntando aonde estava o meu
filho, e sabe aonde estava? — pergunto rindo, mesmo que sem humor algum. —
Na casa dos meus pais, que era próxima de onde morava, quando fui até lá o
buscar, os questionei se tinham conhecimento do que estava acontecendo debaixo
do meu nariz, e nem precisaram responder, pelo silêncio de minha mãe percebi
que sim, tanto sabia quanto o estava encobrindo sua traição para comigo.
Antony chegou logo depois, tentando conversar comigo, dei um soco na cara
dele, que doeu mais em mim do que nele, me pediu desculpas caído no chão
dizendo que ia me contar, só não sabia como, que havia se apaixonado por ela.”
Termino de contar minha trágica história, olho para Kat que está chorando,
horrorizada com minha história.
— Nossa... — diz soluçando — como ele pôde fazer isso com você?
— Pois é, — suspiro — agora que você sabe, que minha reação mais cedo
não foi pela Alice, e sim por Antony. — Vejo que me observa entendendo aonde
quero chegar — Nunca amei Alice, apenas tentei fazer dar certo pela minha
consciência, mas claro que não gostei de ser traído, porque mesmo não a amando
nunca o fiz, e não foi por falta de interesse em outras mulheres, e oportunidade,
foi apenas porque não achava correto, e ela além de me trair, traiu com a pessoa
que mais amava além de meus pais.
— E os seus pais? — pergunta receosa.
— Eles tentam se reaproximar de mim até hoje, mas evito ficar indo lá, é
como se tivessem quebrado o laço que tínhamos, pois preferiram ser conivente a
ele o ajudando cuidando do meu filho para me traírem, ao invés de me contarem.
Ou também poderia não aceitar o que estavam fazendo pela minha costa.
— Nossa Derik, não sei nem o que te falar...
— Não precisa dizer nada, não é algo que goste de sair contando as pessoas,
mas achei que era necessário você saber a verdade ao invés de ficar pensando
besteira.
— Desculpa...
— Por que está se desculpando?
— Por ter te julgado mal, vi a maneira como ela ficou te olhando, depois a
maneira como o tratou, interpretei tudo errado, — dou um sorriso a ela, secando
suas lágrimas — me deu uma raiva ver a maneira como ela te olha.
— Ficou com ciúmes, linda? — a provoco rindo da possibilidade.
— Argh! Fiquei sim, não gostei da maneira como te olhou mesmo, como
pode fazer isso sendo que o namorado ou sei lá o que são, estava lá dentro.
— São namorados, mas Kat... — levanto seu rosto para olhar em suas
esmeraldas – ela nunca significou nada pra mim, é óbvio que dá em cima de mim
até hoje, mas todas as vezes a coloco em seu lugar, não precisa se preocupar.
Assente, mesmo ainda estando incomodada, tentando passar ainda mais
confiança a ela do que está tendo, assumindo pra mim e resolvendo me abrir por
completo com ela.
— Eu estou apaixonado por você Kat... — seu olhar encontra o meu,
espantada com o que ouviu — acho que isso está mais que óbvio, não estava
querendo admitir isso pra mim mesmo, mas só em imaginar hoje que você quase
terminou comigo por um mal entendido, fiquei desesperado, mas fez enxergar o
que realmente não queria ver, — vejo seus olhos umedecerem com um sorriso no
olhar, me passando confiança em continuar, seguro seu rosto com as duas mão a
beijando castamente — eu estou completamente, — beijo sua bochecha —
enlouquecidamente — beijo sua outra bochecha — irremediavelmente — beijo a
ponta do seu nariz a fazendo rir — apaixonado por você e não há nada,
absolutamente nada, que faça, que vá fazer me afastar de você, entendeu?
Ela me agarra nesse instante, colando nossos lábios, me beijando
apaixonadamente, ao se afastar, olha fundo em meus olhos se declarando para
minha alegria.
— Eu também estou completamente apaixonada por você meu deus grego...
— rio do seu apelido a beijando desesperadamente, esquecendo qualquer briga e
desentendimento.
A única coisa importante no momento, é selar nosso amor, agora mais do
que nunca, subimos para o quarto, nos amando como se não houvesse amanhã.
CAPÍTULO 36

Nunca me senti tão feliz quando Derik disse estar apaixonado por mim, e
nunca senti tanta necessidade em retribuir essa declaração, por isso, surpreendi a
mim mesma me declarando a ele, finalmente assumindo uma paixão que negava a
mim mesma em não sentir.
Sabia que com ele não estava sendo apenas mais um caso qualquer, que com
ele, havia conseguido superar o que passei mais do que com qualquer outra
pessoa, uma prova disso era ter reencontrado Gustavo recentemente e nem me
lembrar que existia, isso só provava minha teoria que enfim havia encontrado
uma pessoa que me ajudou a juntar o caquinhos do meu coração, mesmo sem ele
saber, com seu carisma, encanto, sua sensualidade, tem preenchido cada
pedacinho que um dia imaginei jamais conseguir com outro alguém.
Em seus braços me sentia protegida, como se nada mais ao nosso redor
importasse, apenas nós dois, como se essa segurança estivesse me dando a certeza
de que iríamos conseguir ultrapassar qualquer obstáculo juntos, mesmo que esteja
me iludindo. Afinal, não poderia me esquecer do mais importante, ainda tínhamos
uma conversa para ter, uma conversa muito importante, que decidiria nosso futuro
juntos, e em apenas lembrar desse detalhe faz toda a segurança que estava
sentindo evaporar por entre meus dedos.
Observo Derik dormindo ao meu lado, pensando em como irei lhe contar,
preciso criar coragem e fazer isso antes que perceba, minha barriga não é mais a
mesma, não é algo que dê para se esconder, ainda mais quando parecemos dois
cachorros no cio todas as vezes que nos vemos.
Quero contar a ele, preciso contar a ele. Só não sei como entrar no assunto
de uma maneira que entenda, e continue me querendo.
Acredito que esse seja o meu maior receio em lhe contar, o medo de que seu
sentimento por mim desapareça quando souber. Amo meu bebê, sempre foi meu
sonho, havia perdido a esperança em um dia poder construir uma família,
encontrar alguém que me ajudasse a realizar meu sonho, por isso fiz o que fiz,
não me arrependo da decisão que tomei.
Mas também, não imaginava conhecer Derik na mesma fase de minha ação,
nem que iria me apaixonar por ele, me deixando tão aflita em perde-lo antes
mesmo de tê-lo.
Os dias foram passando, fomos trabalhar juntos como um verdadeiro casal,
Derik fez questão de me deixar em frente ao meu consultório, combinando de vir
me buscar para irmos embora juntos também, estava adorando a sensação de
rotina se formando entre nós.
Havia finalizado minha última consulta, quando olhei a capa de minha tela
de celular, uma foto minha e de Derik sorrindo, que tiramos no final de semana na
fazenda de meu pai, percebo que estou sorrindo admirando a imagem. Nesse
instante, recebo uma notificação de mensagem dele, abro rapidamente lendo que
está me informando já estar saindo da empresa vindo me buscar.
Me despeço de Sofi e Celeste descendo para o esperar em frente à entrada da
portaria, me pego lembrando de quando contei as meninas sobre nós dois, era
nítido o quanto ficaram felizes por termos assumidos para nós mesmo nosso
sentimento, mas ao mesmo tempo não esconderam suas preocupações em eu
ainda não ter mencionado a ele sobre meu bebê, afirmei que vou contar até o
próximo final de semana, que teremos mais tempo juntos, dando para contar com
mais calma.
Sinto meu estomago revirar em imaginar a conversa que teremos, mas não
há mais como fugir, já estou próximo de fazer três meses, em breve minha barriga
irá mostrar que não é gordura que tem aqui.
Respiro fundo colocando meu melhor sorriso, escondendo a aflição que sinto
dentro de mim quando Derik estaciona o carro para eu entrar.
— Oi lindo. — O cumprimento dando um selinho demorado em seus lábios.
— Oi linda, já estava com saudades. — Essa afirmação aquece meu coração,
me fazendo sorrir em resposta.
— Eu também estava.
Derik dá a partida com o carro, enquanto conversamos sobre nosso dia.
Apesar do trânsito devido ao horário que todos estão indo para sua casa, ou
escolas, logo chegamos em minha casa.
Temos revezado, um dia ficando em cada casa, quando durmo lá levo o Bud
junto para não o deixar sozinho aqui.
Entramos em casa, deixo minha bolsa junto de meu celular em cima da mesa
da cozinha, indo cuidar de Bud no quintal enquanto Derik continua contando
sobre seu almoço com Gui de hoje e em como estava animado contando sobre o
passeio na fazenda que fizemos no domingo.
— Isso é ótimo, podemos levar ele lá de novo quando quiser, meus pais vão
adorar. — digo do início do quintal em tom alto para que ouça.
Percebo que Derik não responde, e imagino que não tenha ouvido, coloco
ração e água fresca para Bud, depois faço um carinho no meu cachorro enquanto
entro em casa fazer algo para comermos, quando me aproximo da cozinha vejo
que ele está de costas pra mim mexendo no celular com a postura rígida, estranho,
mas tento descontrair.
— Ouviu o que disse? — pergunto rindo pra ele, mas quando Derik se vira
me encarando, sinto um arrepio percorrer por toda minha espinha, me deixando
tensa com o olhar frio que me lança, percebo em suas mãos que está com meu
celular, na mesma hora sinto minha bile subir com a apreensão do que pode ter
visto, não sei o que fazer, nem o que falar, simplesmente estaco no chão
paralisada com a maneira como me fuzila, seus olhos azuis, que agora parecem
opacos com a raiva que me queima. Tento me recompor, engolindo em seco,
fazendo a pergunta que me aflige sair, ou tentando fazer pelo menos. – O que... —
pigarreio pra limpar minha garganta — que aconteceu? — digo em tom baixo,
nem sabendo se conseguiu ouvir.
— Você está grávida? — pergunta em um tom tão frio, que sinto um frio me
percorrendo por todo meu corpo, como nunca antes. — Quem é o pai? — grita
questionando, então ri, nitidamente desconcertado me deixando sem reação, sem
conseguir sibilar uma palavra sequer — obviamente não sou eu, pois sempre
conferi a camisinha, sou muito idiota em me deixar levar de novo por outra
mulher...
Joga meu celular em cima da mesa, virando as costas, saindo nervoso porta
afora, é nesse momento que desperto para o que está acontecendo, saio correndo
atrás dele chamando seu nome.
— DERIK... — ele não para, entrando no carro o ligando — DERIK... —
tento abrir a porta do passageiro, mas está trancada, ele me olha decepcionado
balançando a cabeça saindo com o carro rapidamente — NÃO É O QUE VOCÊ
ESTÁ PENSANDO... — tento correr gritando atrás de seu carro mas não para,
não me deixando explicar, quando percebo estou ajoelhada no meio da rua do
condomínio chorando pelo meu medo ter se concretizado.
Não sei quanto tempo permaneci daquela maneira, chorando angustiada
naquela rua, só percebi que estava sendo levada para casa quando o síndico do
condomínio veio até mim, perguntando o que tinha, me ajudando a levantar para
sair da rua, que era perigoso me machucar mais sério.
Me ajudou a entrar em casa, e eu o acompanhei no automático, só
conseguindo pensar em quão burra fui em não ter contado antes para Derik, e
agora o perdi da pior maneira, achando que estava saindo com ele e outra pessoa
ao ponto de ter engravidado, Sr. João me deixa sentada no sofá, indo até a cozinha
pegar um copo de água para mim dizendo.
— Minha filha, chamei a dona Bárbara, ela já está a caminho.
Apenas assinto sem querer responder qualquer coisa, sinto minha garganta
fechada sem saber o que falar, o que fazer, apenas me derramo em lágrimas me
recriminando por não ter falado nada antes.
Pouco tempo depois, ou eu imagino que tenha sido pouco, Bárbara vai
entrando em casa com Marcos e Nathan, percebo Sr. João respirar aliviado, nem
tinha notado que estava aqui ainda.
— Sr. João, muito obrigada por ter me ligado. — Minha irmã agradece.
— Imagina minha filha, a menina Katarina estava ajoelhada no meio da rua
aos prantos, fiquei sem saber o que fazer, não quis deixar ela aqui sozinha até
chegarem.
— Obrigado Sr. João por ter cuidado dela pra nós, pode ir descansar agora.
— Marcos diz o levando até a porta, enquanto minha irmã se abaixa na minha
frente apoiando seus braços em meu joelho.
— O que houve Kat? — pergunta apreensiva — você e o Derik brigaram?
— Ele descobriu Bárbara... — não consigo terminar de falar voltando a
chorar descontroladamente.
— Amor, faz uma água com açúcar pra ela por favor, — pede Bárbara a
Marcos, voltando seu rosto pra mim — se acalma primeiro, depois você me
explica.
Marcos traz o copo até mim, bebo respirando fundo para me acalmar e
conseguir formar algum pensamento coerente em minha cabeça.
— Titia, não fica tisti... — meu sobrinho me abraça dando um beijo em meu
rosto, acalmando meu coração com seu gesto inocente.
Um tempo se passa e minhas lágrimas derramam de maneira mais calma
agora, percebo que Bárbara conversa com alguém em seu celular um pouco mais
afastado de mim, mas não presto atenção no que diz ou com quem fala.
Me levanto rapidamente, indo pegar meu celular, voltando a me sentar
enquanto ligo para Derik com a esperança de que me atenda, após tocar duas
vezes a ligação cai direto na caixa postal, tento mais algumas vezes até que as
ligações começam a ir direto para a caixa postal, indicando que provavelmente
desligou o celular para não falar comigo, o que me deixa ainda mais chateada
pela situação.
Preciso tentar conversar com ele, me explicar!
Olho para Marcos, que está sentado ao meu lado pensativo, até que surge
uma ideia em minha mente.
— Marcos, — ele olha em minha direção me ouvindo — o Derik te ligou?
Nega com a cabeça.
— Não, tentei ligar para ele, mas não me atende.
— É, eu também não, — remexo meus dedos apreensivas — será que você
não consegue encontra-lo? Ele saiu muito nervoso daqui, fico com medo dele
dirigir dessa maneira.
— Posso tentar...
— É... é que ele te ouve, talvez você consiga o acalmar e o convencer para
que me ouça, ele não deixou me explicar.
Bárbara chega nesse momento ao nosso lado dizendo.
— Pedi reforços, suas amigas daqui a pouco estarão aqui. Mas agora que
você está mais calma, me diga o que aconteceu?
Olho para minha irmã com seu olhar preocupado, depois para Marcos que
assente me incentivando a contar.
— É até melhor ter conhecimento do que houve, pra saber o que posso falar
com o Derik quando o encontrar.
Confirmo positivamente com a cabeça contando o pouco que sei.
— Na verdade nem eu sei o que aconteceu, tínhamos chegado do trabalho e
fui cuidar do Bud, quando voltei ele estava mexendo no meu celular, o que
pensando bem é muito estranho pois nunca havia feito isso antes, — me viro
rapidamente para Marcos desconfiada — você não abriu a boca para ele né?
— Claro que não, isso não é assunto meu para sair falando, mas ele estava
desconfiado dos seus médicos, tentando descobrir comigo.
— Bom, melhor, mas de toda maneira estava mexendo no meu celular,
quando voltei ele me olhava com raiva, perguntei o que aconteceu e perguntou se
eu estava grávida, na hora fiquei sem reação, pois minha intenção era contar no
final de semana com calma, não imaginei que fosse descobrir mexendo em meu
celular.
Bárbara olha para Marcos parecendo culpada, mordendo o lábio inferior até
que diz.
— Será que ele leu minha mensagem? — pergunta incomodada.
— Que mensagem?
Não entendo seu questionamento. Pego meu celular rapidamente abrindo
minha conversa com Bárbara que já consta como lida, percebendo que sim, ela
havia me enviado uma mensagem perguntando se já havia contado a Derik sobre
minha gestação, próximo do horário que chegamos em casa e eu não tinha lido
até então, o que apenas confirma como descobriu.
— É acho que foi isso, eu não tinha visto essa mensagem, e ela já está lida.
— Suspiro frustrada, por minha sorte grande — havia deixado o celular jogado
aqui na mesa, ele deve ter tocado e Derik viu a mensagem no visor abrindo a
conversa. — Me jogo no sofá com o antebraço nos olhos me sentindo ainda mais
angustiada.
— Desculpa Kat, não pensei que ele poderia ver seu celular, só estava
curiosa como tinha dito que ia conversar no domingo. — Ela abaixa o olhar
entristecida.
— Não se preocupa maninha, a culpa é minha que enrolei para falar com
medo de sua reação, e agora ele descobriu da pior maneira me julgando que
estava saindo com outro junto dele, sendo que sempre nos prevenimos.
Marcos alcança minha mão apertando em sinal de conforto.
— Vou ir procurar ele, ok? Tenta se acalmar porque você não pode passar
nervoso.
— Obrigada Marcos, só quero que ele me ouça, que entenda que nunca o
trai.
Ele se levanta, assentindo com a cabeça, dando um beijo em minha irmã,
saindo procurar por Derik.
Depois de Marcos sair, volto a tentar ligar para Derik que continua com a
ligação indo direto para a caixa de mensagens, resolvo encaminhar uma
mensagem a ele para quando ligar o celular.

Kat: Derik, não é nada do que está imaginando, por favor preciso que
me ouça!

Vejo que a mensagem ainda não foi recebida por ele, só confirmando que seu
celular estar desligado.
Me levanto apreensiva, andando de um lado para o outro.
— Kat, é melhor você manter a calma, o bebê pode sentir sua aflição. — diz
minha irmã.
— É tudo culpa minha, sou muito burra... — repreendo a mim mesma por
não ter conversado antes.
As vezes esquecia o quanto azarada eu era, em meus relacionamentos,
estava bom demais pra ser verdade, quando penso que as coisas estavam
começando a dar certo em minha vida, eu levava outra rasteira me lembrando que
sou Katarina a solteirona, se tinha algo para dar errado quando estava começando
a ficar feliz, era óbvio que ia dar, senão não seria eu.
— A culpa não é sua Kat, foi uma coincidência do destino se conhecerem
depois que você fez a inseminação.
— Eu sei, mas a culpa de ser uma medrosa e não ter falado nada antes. É
minha sim!
— Fica calma que tudo se ajeita no momento certo. — Tenta me reconfortar.
Volto para o sofá me voltando para ela, indignada comigo mesma.
— Ele disse que estava apaixonado por mim Bárbara, no domingo, você tem
noção disso, — percebo que seu queixo cai com minha novidade — agora corro o
risco do amor virar ódio, por me achar uma mentirosa.
— Ele disse que está apaixonado por você? — pergunta desacreditada.
— Disse, agora você me entende? — confirma com a cabeça ainda sem fala,
depois que um minuto se passa diz.
— Kat, pelo que Marcos comenta, Derik nunca se apaixonou antes.
Seu comentário só faz com que volte a ficar aos prantos com a possibilidade
de o perder de vez, por ter tido medo de ser sincera com ele.
— Kat mantenha a calma, ok? Se vocês estão apaixonados, é questão de
tempo para conversarem e se entender. — Assinto esperançosa de que esteja certa
— Ele está nervoso, deixa que se acalme, para então conversarem.
CAPÍTULO 37

Quando vi o celular de Kat tocando não ia olhar, mas fiquei curioso pois não
parava de indicar o recebimento de mensagens, me aproximei da mesa, vendo
uma mensagem de Bárbara perguntando se já havia me contado sobre sua
gestação.
Na hora que li essa mensagem no visor de seu celular, gelei, senti minhas
pernas bambearem, minhas mãos tremiam com medo de confirmar que tinha lido
corretamente.
Mesmo com as mãos trêmulas, agarrei seu celular abrindo o aplicativo de
mensagens que para minha sorte não era bloqueado, olhei a conversa com
Bárbara, vendo de fato que não havia lido errado, olhei um pouco mais de suas
conversas lendo outras que confirmaram que já estava sabendo há um certo
tempo, e nunca comentou nada, absolutamente nada comigo a respeito.
Quando a questionei, percebi que paralisou, foi o que precisava para
confirmar sua mentira, não aguentei continuar olhando para a mulher, por quem
estava apaixonado.
Lembrar disso me faz rir, eu trouxa como sempre, me declarei para ela no
domingo, e em pensar que foi hipócrita ao ponto de dizer que também estava
apaixonada por mim, bela paixão essa hein.
Sai com um aqui, outro ali, engravida e ainda diz que está apaixonada, deve
dizer o mesmo para o outro, se não tiver mais de um, afinal não estava querendo
me encontrar durante a semana até a semana anterior, deve ser esse o motivo,
para ter seus outros encontros sem o idiota aqui desconfiar de nada.
E não é que deu certo seu plano!
Porque de fato não desconfiei, quando minha mente vinha tentar me alertar
que poderia ser igual a Alice, uma interesseira, ou simplesmente vagabunda, eu
defendia dos meus próprios pensamentos, não querendo acreditar que fosse igual,
confiando que demonstrava ser uma boa pessoa, de boa família, e olha só o que
deu.
Nem assumimos direito nosso “namoro” e já estou tomando chifre.
Saí de lá sem rumo, decepcionado comigo mesmo por ter me permitido
acreditar nela, de ter corrido tanto atrás dela, quando não se mostrava interessada.
Fiquei dirigindo por uns trinta minutos sem saber o que fazer, sentindo
minha camisa molhada, quando toquei meu rosto percebi de onde saía a água que
molhava minha camisa, era com minhas lágrimas que nem havia percebido ter
derramado enquanto dirigia.
Acabei voltando um pouco mais próximo de casa e aqui estou eu nesse
momento, em um bar que costumo vir com Vini ou Marcos, tomando minha
terceira dose de Whisky para tentar amenizar a dor que estou sentindo nesse
momento.
Levanto o dedo ao garçom indicando mais uma dose dupla enquanto finalizo
minha bebida em um grande gole, percebo que me olha receoso em trazer minha
bebida, mas prepara mesmo assim, me deixando satisfeito.
Brinco com o gelo que sobrou em meu copo, lembrando de cada momento
que tive com Kat, todas as vezes usamos camisinha, começamos a parar de usar
de duas semanas pra cá, forço minha memória pois lembro que havia perguntado
se tomava remédio.
O que foi mesmo que ela disse?! — fico olhando as prateleiras de bebidas
concentrado, como se elas fossem me ajudar a recordar. Como sou patético.
Vejo meu celular tocando, dou uma olhada em quem me liga sem interesse
de atender, aparecendo a imagem de Kat em meu visor, sinto uma lágrima
escorrer da saudade que já sinto, mas não me deixo amolecer, rejeitando a
ligação.
Volto a tentar me lembrar o que havia respondido, quando sua imagem volta
a aparecer novamente, rejeitando de novo. Um minuto depois continua insistindo,
rejeito mais algumas vezes até que canso, desligando o celular com raiva.
— Devia ter falado antes, agora já descobri, não me interessa mais. — Digo
para o celular como se pudesse me ouvir.
O barman trás minha nova dose, levanto meu copo brindando com ele.
Volto a me lembrar da imagem dela pelo espelho do carro, quando saí de sua
casa, correndo atrás, se ajoelhando no chão, como doeu em mim presenciar isso,
minha vontade era de voltar até ela, a abraçar dizendo que ficaria tudo bem, mas
não sabia mais se iria ficar tudo bem.
Como posso pensar que iríamos nos entender, se nosso namoro já estava
começando baseado em mentiras?
Quando me envolvi com Alice, não tinha sentimentos por ela, e mesmo
assim me decepcionei com sua traição, ainda mais por quem foi, agora só de
imaginar Kat nos braços de outro, sinto uma raiva avassaladora, se eu visse quem
é essa pessoa na minha frente agora cortaria suas mãos para nunca mais tocar na
minha mulher.
Minha mulher? Interessante pensar isso, pois enquanto estava me privando
de ficar com outras mulheres porque meus pensamentos só a envolviam, nada
impediu dela ficar se deitando com outros.
Perco noção do tempo por meio dos meus pensamentos até que uma voz
conhecida corta meu raciocínio.
— Hei gato, faz tempo que não te vejo. — Coloco minha bebida no balcão,
olhando para a voz que está ao meu lado, vendo Larissa toda sorridente para mim.
— E aí. — Digo sem muito interesse.
— Sozinho hoje? — diz se sentando ao meu lado cruzando as pernas com
seu microvestido que nada deixa para a imaginação.
— É o que parece.
— Nossa, está de mal humor? — pega o canudinho de sua saquerita o
mordendo de maneira provocante, inclina seu enorme decote me dando uma
melhor visão — posso te deixar mais animado.
Talvez um bom sexo me ajudaria a esquecer Kat e me fazer voltar ao meu
estado normal.
Olho para seus seios chamativos, seu corpo cheio de curvas, subindo para
seu rosto bem esculpido e percebo que não, não estou interessado, voltando a
tomar um gole de meu whisky.
Pode até ser uma mulher atraente, mas não fez nenhum interesse surgir
dentro de mim.
Toca meu braço levemente tentando chamar minha atenção.
— Vamos gato, vamos repetir a dose daquela noite, tenho certeza de que
consigo fazer você esquecer do que quer que seja que te aflija.
— Acho difícil... — dou de ombros sem interesse.
— Ah, eu gosto do que é difícil, se torna muito mais prazeroso... — abaixa
sua mão devagar indo até a minha perna se aproximando do meu pau, quando
encosta nele sinto como se me queimasse.
Agarro sua mão a retirando de lá, olho bem em seus olhos frisando cada
palavra.
— Não. Estou. Interessado. Entendeu?
— Grosso... — se levanta irritada, pega sua bebida saindo de perto de mim.
— Isso eu sou mesmo! Em todos os sentidos e você sabe disso. — rio
tomando meu último gole do meu copo, enquanto Larissa se afasta pisando duro,
coloco meu copo no balcão já pedindo outra dose para o barman.
Estou me sentindo totalmente aéreo, o efeito das doses que estou tomando
uma atrás da outra já estão cobrando seu preço, mas não sinto vontade de tomar
água, comer, nada que eu sei que irá ajudar a diminuir minha ressaca no dia
seguinte.
Eu quero mais é sentir ressaca e qualquer outro sintoma que ajude a
amenizar essa dor dentro de mim que estou sentindo agora.
Fico brincando com a bebida em minha mão, me lembrando do rosto de Kat
dormindo, tão serena, quando a fazia gozar enlouquecidamente gritando meu
nome, sentindo mais uma lágrima escorrer por meu rosto, enquanto a limpo
irritado por estar me permitindo ficar dessa maneira por uma mulher que não
merece.
Tomo um grande gole da minha bebida secando meu copo, sentindo descer
queimando minha garganta, dou um sinal para o barman pedindo outra, ele exita
por um instante vindo até mim.
— Acho melhor você parar por hoje cara, já bebeu demais...
— Para de cortar meu barato, e traz logo minha bebida que eu não pedi a xua
opinião.
— Come alguma coisa então, ou toma um refrigerante... — tenta argumentar
novamente.
— Xabia que voxê é muito intrometido, hoje eu xó quero beber, então trás
logo a porra da minha bebida. — Digo enfurecido.
O barman bufa resmungando algo como que se dane saindo de perto de
mim, indo buscar a minha bebida.
— Acho que o barman está certo hein... — reconheço aquela voz
imediatamente revirando o olho mediante seu comentário — pelo seu estado,
você já deve ter bebido além da conta.
— E o que voxê tem haver com ixo mexmo?
— Eu absolutamente nada. — diz Marcos — amanhã vou estar bem, em
total condição de trabalhar, sem nenhuma ressaca, já não posso dizer o mesmo de
você. — Faz um sinal para o barman pedindo uma cerveja.
— Não to nem aí, xó to a fim de beber hoje, e não me enche... — digo
tomando mais um gole do meu drinque.
— Você quem sabe. — Dá de ombros.
— O que voxê tá fazendo aqui a propósito?
— Vim ver como você está, Kat está preocupada. — Sinto meu coração
apertar, em imaginar que esteja preocupada comigo, mas tento não me abalar com
a informação.
— Como pode ver, extou ótimo. — Digo abrindo os braços — E não fala
maiz dela pra mim, que num quero xaber.
— Com você nesse estado, nem compensa falar nada mesmo. — diz Marcos
levando sua long neck até a boca.
— Voxê xabia né? — ele assente olhando pra frente — Por que não me dixe?
— Porque não me diz respeito, e ela ia te contar no domingo.
— Maz não contou. — Resmungo mais pra mim mesmo. – Voxê devia ter me
contado, é meu amigo porra...
— E ela é minha cunhada... — diz irritado por minha acusação.
— Mexmo axim, amigos devem contar.
— Eu não vou perder meu tempo falando com você nesse estado, agora
vamos embora.
— Eu to de carro, e não vou agora... — reclamo irritado.
— Eu sei, mas não está em condições de dirigir, do jeito que está não vai
saber nem chegar em casa. — Bufo revirando meus olhos tomando um grande
gole de meu drinque fingindo não ouvir.
— Ow... — chamo o barman novamente — outra...
— Não, me traz a conta por favor. — Marcos me corta.
— Que tráx a conta nada...
— Ou melhor, traz uma Coca-Cola e a conta.
— Voxê é chato pra carai meu... — reclamo — vou sair depoix de novo pra
beber e quero ver voxê me impedir...
Marcos dá risada, balançando a cabeça.
— Do jeito que está, não consegue chegar nem na porta de casa, quem dirá
chamar um táxi. Já que seu carro vai ficar aqui.
O barman aparece com o refrigerante, Marcos coloca na minha frente me
tratando como criança.
— Agora bebe logo, pra irmos embora.
Bufo irritado por não poder nem tomar meu porre sossegado, mas resolvo
tomar a bebida porque meu olho está pesando e sei que falta pouco pra dormir por
aqui mesmo, mas não vou admitir isso pra ele nem fodendo.
Marcos paga toda a conta, se levantando para irmos. Tento me levantar, mas
como estava muito tempo sentado, perco o equilíbrio, mas sinto os braços de meu
amigo me amparando rapidamente, saindo me arrastando até seu carro
visivelmente irritado.
Assim que me sento no carro, vejo Marcos dirigindo, digo chorando
novamente sem me importar dele presenciar isso.
— Ela me traiu cara, estava comigo grávida de outro... — limpo meu rosto
com as mãos deixando minha cabeça tombar no vidro, meus olhos estão pesados,
mas ouço Marcos dizer distantemente.
— Nem tudo que parece é, meu amigo.
Mas não ouço mais nada depois disso, simplesmente apago.
Sinto minha cabeça latejando, tento abrir meus olhos mas tudo dói, consigo
abrir uma pequena fresta com muito esforço percebendo que já está claro,
notando que perdi a hora para ir trabalhar.
— Merda! — xingo a mim mesmo por ter ficado nesse estado.
— Bom dia belo adormecido. — Ouço a voz de Marcos não muito longe
dizendo.
Limpo meu rosto, tentando forçar meus olhos a abrirem se acostumando com
a claridade, até que o vejo sentado com o notebook no colo em minha poltrona.
— E aí a ressaca está boa? — pergunta ironicamente.
— Cala a boca!
— Tem um advil e um copo de água aí na cabeceira, toma que vai te ajudar.
Faço um esforço descomunal para me levantar, parece que fui atropelado por
um caminhão, alcanço o remédio e a água o colocando para dentro, torcendo para
que faça efeito logo.
— O que você está fazendo aqui? — pergunto me sentando encostando na
cabeceira devagar.
— Trabalhando pelo que parece.
— Que horas são? Por que não me acordou para ir trabalhar? — pergunto
passando a mão pelos meus cabelos, tentando me lembrar do que aconteceu
ontem e como vim parar em casa.
— Já se aproxima do meio-dia. E simples, você não estava em condições em
trabalhar. Agora se conseguir ir agora a tarde, ótimo. Só estava esperando você
acordar pra ir.
Assinto sem saber o que dizer.
— Como vim pra casa? — Marcos me olha balançando a cabeça em
reprovação.
— Eu te achei no bar, te trouxe embora, temos que pegar seu carro lá,
falando nisso.
— Como sabia que estava no bar se não te chamei? — pergunto curioso, não
lembro de nada do que conversamos.
— Kat estava preocupada e pediu para eu te procurar, conhecendo a peça
imaginei que estivesse afogando as mágoas na cachaça. — diz rindo.
— Cala a boca! — digo irritado por seu sarcasmo — então você já sabe que
descobri sobre ela. — se endireita na poltrona afirmando com a cabeça — e por
que não me contou porra?
— De novo essa pergunta, — ele me olha irritado — vamos lá, você é meu
amigo, e ela é minha cunhada, me pediu que não contasse nada porque gostaria de
te contar, justamente para você não descobrir do jeito que descobriu e pensar
merda.
— Ah, então eu tô errado em pensar merda agora? Não ela em fazer?
— Sim, você está errado em julgar sem ouvir o contexto da história toda, —
ele respira fundo tentando se recompor — olha eu te entendo em estar chateado e
até ter deduzido errado, mas antes de já sair correndo que nem louco com o carro,
bebendo até seu corpo não aguentar mais, você tem que aprender a ouvir, coisa
que você não fez.
Fico quieto pensando no que falou, sei que o correto seria sim ouvir sua
versão da história, mas me dói saber que estava com outro, estando comigo ao
ponto de não ter se protegido.
— Não sei se consigo falar com ela.
— Então toma um tempo para se acalmar, quando estiver pronto para ouvir,
você a procura, — confirmo com ele em silêncio — só te digo uma coisa, nem
tudo que parece é, não a julgue pelo erro dos outros. — Diz isso olhando em
meus olhos me deixando esperançoso, de que talvez nem tudo esteja perdido. —
Agora vai tomar um banho para irmos ao escritório, porque está fedendo.
Mesmo me sentindo quebrado fisicamente e principalmente
emocionalmente, vou tomar banho pensativo em tudo que aconteceu ontem e no
que Marcos acabou de falar.
De fato, o ideal é conversar com ela e tentar entender o que aconteceu,
porque não me contou, eu acho difícil entender uma gravidez, pois pra mim só
existe uma maneira de ser feito, e comigo não foi pois sempre nos protegendo.
Mas só em pensar em vê-la, ao mesmo tempo que sinto saudade também
sinto a decepção me invadir por ter me enganado, me feito de idiota por todo esse
tempo, enquanto estava me entregando em nossa relação, assumindo o que sentia,
ela estava me usando como um step, e é isso que me dói.
Deixo a água cair em meu rosto, como se com ela fosse clarear minha mente,
me dando uma direção em como agir.
Lembro do que Marcos acabou de dizer, “nem tudo que parece é”, será que
estou interpretando toda essa situação errada? Suspiro me sentindo frustrado com
toda isso.
Finalizo meu banho, me sentindo bem melhor fisicamente pelo menos,
coloco uma roupa para ir trabalhar no próximo meio período, encontrando
Marcos para irmos.
Ligo meu celular que está desligado desde ontem, vejo algumas mensagens
de Kat e notificações das muitas tentativas de ligações que recebi dela, sinto meu
coração disparar em ansiedade em as ler, mas ao mesmo tempo tenho receio em
amolecer junto dela, não é o que quero, pois ela precisa decidir o que quer, e se
realmente me quisesse teria sido sincera comigo desde o início.
Tenho um filho poxa e ela aceitou o meu, por que não poderia aceitar o dela
também? Agora em saber que enquanto estava comigo, também estava com
outro, me irrita com tamanha frieza, nem eu que saía com diversas mulheres antes
de a conhecer fiz isso, não quero parecer machista, mas ela não me pareceu ser
esse tipo de mulher e me decepcionou descobrir que estava enganado.
Encontro Marcos ainda em meu quarto trabalhando, assim que me vê guarda
o notebook para irmos buscar meu carro, depois ir trabalhar.
— Você dormiu aqui? — pergunto curioso.
— Sim, dormi no quarto de hóspede, a Bárbara dormiu na casa de Kat para
não a deixar sozinha e como você estava péssimo fiquei por aqui mesmo, para
caso precisasse de algo.
— Não precisava de babá, mas valeu.
— Quem te viu, quem te vê hein... — Marcos diz com ironia, sabendo que
vai me provocar pelo tom de voz — ficando bêbado por causa de mulher? Pensei
que não fosse viver pra ver esse dia...
— Para de ser idiota... — bufo indignado comigo mesmo pela situação que
cheguei e incomodado pela informação que me deu sobre Kat ter precisado ficar
acompanhada.
Será que está tão chateada com a situação quanto eu?

Após pegarmos meu carro no bar de ontem, fomos almoçar e trabalhar,


apesar da curiosidade, não perguntei nada para Marcos, mesmo percebendo que
gostaria de falar algo, se segurou e não disse mais nada a respeito.
A mesma coisa fiz com meu celular, deixei ligado por causa do trabalho,
mas não abri as conversas por enquanto, tentei me focar em meu trabalho mesmo
com a ressaca ainda estando forte, o remédio ajudou a aliviar, mas não curou
totalmente.
E assim me arrastei pelo restante do dia, trabalhando, resolvendo os
problemas que surgiram nas obras me ajudando a esquecer um pouco dos meus
problemas.
Quando as pessoas começaram a ir embora, consegui terminar meus e-mails,
percebi que havia uma nova mensagem de Kat, fiquei olhando para o celular por
alguns minutos pensativo se deveria ler as mensagens ou continuar na
curiosidade, e a curiosidade me venceu.
Abro o aplicativo de mensagens e a conversa com Kat lendo todas que me
enviou.

Kat: Derik, não é nada do que você está pensando, por favor preciso que
me ouça!
Kat: Por favor me atende!
Kat: Olha, eu sei que está chateado, mas só quero me explicar.
Kat: Vai ficar me dando um gelo até quando?
Kat: Se depois que eu explicar, você não quiser continuar tudo bem! Eu
paro de ir atrás de você.
Kat: Poxa Derik, estou sentindo sua falta, me perdoa. Eu falei pra você
que queria conversar com você no domingo, era isso que ia te contar.
Kat: Mas discutimos por causa da sua ex, acabei me esquecendo no
momento de falar, depois achei melhor contar com calma no final de semana,
mas juro que ia contar e explicar tudo!
Kat: Bom... você não quer conversa mesmo, vou respeitar seu espaço e
dar um tempo para colocar a cabeça no lugar, se quiser me ouvir, sabe onde
me procurar!

Leio mais algumas vezes as mensagens enviadas por ela, pensando se devo
responder algo ou não, ela parece realmente estar arrependida de não ter
comentado e de fato a mensagem dela me lembra que pediu pra conversar comigo
no domingo. Quem me garante que não era esse assunto mesmo.
Lembro de Marcos ter comentado também que ela ia conversar comigo, o
que acaba confirmando sua afirmação, caso não esteja mentindo.
Arfo indignado me jogando na cadeira me sentindo cansado, com a
ansiedade aumentando dentro de mim para conversar com ela e resolver isso de
uma vez.
CAPÍTULO 38

Após Marcos sair continuei tentando falar com Derik mas de fato a ligação
não completava, devia ter desligado o celular o que indicava o quanto estava
chateado comigo, pois nunca havia feito isso antes.
Um pouco depois Sofi e Liv chegaram para me fazer companhia, mas
Bárbara continuou comigo junto delas.
Aproveitou que tinha companhia e foi colocar meu sobrinho para dormir no
quarto de hóspede, enquanto eu contava para as meninas o que havia acontecido.
Relatei o pouco que sabia, e o que deduzi ser sua descoberta, a frieza em seu
olhar, o modo disparado que saiu daqui não me atendendo depois disso. Só em
lembrar tudo o que aconteceu já voltava a chorar.
— Ah, amiga, é só questão de tempo ele vai te ouvir e vão se entender você
vai ver. — Liv me consola segurando minha mão.
— Não sei Liv, ele tem problemas com confiança, a ex dele o traiu com o
irmão.
— Com o irmão? — Sofi questiona indignada. Assinto confirmando a ela.
— Mas que vadia!
— Concordo com você, agora se coloca no lugar dele, se o próprio irmão
teve coragem de fazer isso, você acha que vai acreditar em mim? — choro ainda
mais em imaginar que o perdi antes mesmo de o ter.
— Realmente para confiar em alguém não deve ser fácil. — Liv diz
pensativa, me deixando ainda mais chateada por não ser apenas eu a pensar dessa
maneira. – Mas por outro lado, ele conseguiu confiar em você uma vez certo? —
assinto limpando minhas lágrimas com a costa da mão — consequentemente,
pode confiar de novo, quando descobrir o que aconteceu de verdade.
— E outra... — Sofi a corta — até entendo que esteja chateado por não ter
contado a ele. Mas vocês não tinham nada sério até então, começaram a namorar
de certa forma de duas semanas pra cá, por isso se saiu com outro cara também e
tivesse engravidado, ele não tem nada a ver com isso, não quer dizer que você o
traiu.
Sofi sempre a mais revoltada de nós três, mas de certa forma está correta,
pois além de não o ter traído, também nem estávamos namorando quando
engravidei, mesmo que tivesse sido da maneira tradicional.
— O que também não aconteceu já que foi inseminação, — Liv tenta
amenizar as palavras de Sofi — por isso digo que assim que ouvir a história toda
ou se acalmar vai compreender.
— Mas mesmo que entenda meninas, não é só essa a questão, ele não vai
querer assumir o filho de outra pessoa, porque de certa forma é isso que é... —
declaro entristecida — acho que por isso não queria contar, sabia que ia dar
merda.
— Não sofra por antecipação amiga, você não sabe como ele pensa a
respeito... — Liv tenta aliviar meu sofrimento — esqueceu que tem um filho
também, que você já aceitou por sinal?
Pensando por esse lado, de fato, quem sabe pense dessa maneira.
— Ele nem me atende, desligou o celular para não me atender... —
choramingo me encolhendo no sofá.
— Kat, ele está chateado, — Sofi diz em tom baixo — dá um tempo para as
coisas se acalmarem.
Respiro fundo, percebendo que sim preciso deixar que esfrie a cabeça para
conversarmos, talvez se nos falássemos assim, a conversa seria pior.
— Vocês estão certas, preciso deixar que se acalme, nós somos vizinhos, não
tem como fugir de mim o resto da vida.
— Isso mesmo, logo logo ele vem esclarecer tudo isso. — Liv afirma.
Concordo pensativa.
— Sabe o que mais me irrita nisso tudo? — digo em volume alto. Vejo que
negam com a cabeça continuando meu raciocínio — porque eu estava bem,
estava decidida. Por que ele tinha que aparecer pra estragar todos os meus planos?
— questiono frustrada comigo mesma.
— Você está nervosa amiga, — Liv alisa meu cabelo com sua mão — faz
tempo que não te via tão feliz como tenho visto desde que Derik apareceu em sua
vida, concorda Sofi?
— Sim Kat, Liv está certa, seu brilho voltou a se acender depois que se
envolveu com ele, tenho que admitir que tem te feito muito bem.
— Concordo com vocês meninas. — Bárbara entra na sala dizendo —
Estava com saudades da minha irmã alegre novamente.
— Vocês estão exagerando... — resmungo por seus comentários, mas
refletindo sobre o que disseram.
— E mais... — continua dizendo — isso que está sentindo é a prova de que
realmente está envolvida com Derik. Não é apenas um namorico igual os que teve
antes, que nem apresentava para nossos pais, nem dormiam juntos em um final de
semana que seja.
Realmente, depois do que aconteceu com Gustavo não me lembro da última
vez que consegui me envolver com alguém tão a sério, ao ponto de me sentir tão
mal como estou nesse momento.
Derik reacendeu meu desejo de tentar um relacionamento novamente. De
verdade dessa vez!
— Isso é verdade, — Sofi concorda com Bárbara — além do que Bárbara
mencionou, dormem juntos praticamente todos os dias, então assuma pra você
mesma Kat quão longe você está se deixando ir dessa vez, sendo que isso é algo
bom, não tente regredir.
— Sofrer é um bom sinal Kat, — Liv me encara — mostra que finalmente
seguiu em frente, agora levanta a cabeça, deixa as coisas se acalmarem e lute pelo
que sente por ele, não desista sem lutar.
Quando as meninas percebem que me acalmei e estou mais confiante, vão
embora, Bárbara resolveu dormir aqui em casa para não me deixar sozinha, pois
fiquei muito nervosa com tudo que aconteceu e poderia passar mal por causa da
gestação.
Não gostava de incomodar as pessoas, mas me senti melhor em saber que
teria alguém aqui caso precisasse, agradeci a ela indo me deitar.
Depois que tomei um banho reconfortante, ouço batidas na porta, com
Bárbara adentrando devagar.
— Que bom que ainda está acordada, só queria te dizer antes que dormisse,
que Marcos encontrou Derik e o trouxe pra casa, vai ficar lá junto dele essa noite.
— Por quê? Ele está bem? — estranho a última informação desconfiada.
— Está bem, só bebeu demais, Marcos o encontrou no bar. — diz dando de
ombros.
Depois de me informar, retorna para o quarto de hóspede junto de meu
sobrinho, me deixando pensativa em minha cama.
Nunca havia visto Derik perder o controle na bebida ao ponto de ter que ser
trazido para casa, sempre disse não ser de beber, indicando o quanto chateado
comigo está.
Me reviro na cama, não conseguindo dormir refletindo sobre tudo o que
aconteceu hoje, no que as meninas e minha irmã me falaram, percebendo que
estão certas.
Mudei depois dele, não sou mais a mesma. Quero tentar fazer dar certo,
posso até estar sendo equivocada, mas preciso tentar, senão irei me arrepender
pelo resto de minha vida.
Eu o amo, tentei me enganar, dizer que era apenas uma atração muito forte,
depois percebi que existia um sentimento dentro de mim, mas não o quis nomear
como amor, com medo de quebrar meu coração novamente, mas Derik o
consertou sem que eu mesma percebesse, colando cada pedacinho que estava
estilhaçado, então por que quebraria novamente?
Não acredito em conto de fadas, mas acredito que o amor verdadeiro exista,
mesmo que tivesse fugido dele por todos esses anos depois do que passei.
Mas talvez seja a hora de me dar uma chance novamente em ser feliz. E se a
felicidade bateu em minha porta quando não o procurava, por que agora vou
deixar que vá embora sem tentar lutar por ela?
Quando eu fugi, terminei com Derik, ele veio atrás de mim, e não deixou eu
me afastar mais, aceitou o meu tempo e pedido para irmos devagar, mesmo
querendo ir mais rápido visivelmente, agora eu ia aceitar ele se afastar de mim
sem nem tentar o convencer do que sinto?
Não, eu não ia desistir, sempre fui uma pessoa determinada, não ia ser
agora que ia deixar de ser.
Finalmente sinto meu corpo relaxar com minha determinação tomando conta
de mim, sem perceber adormeço.

Acordo mais disposta, mesmo ainda chateada com tudo que aconteceu, não
vou a academia, mas vou trabalhar mesmo assim para distrair minha mente.
Sofi havia sugerido de atender meus pacientes mais urgentes hoje e Celeste
remarcaria os demais, mas ficar em casa o dia todo sem fazer nada, não seria uma
boa opção, por isso me arrumei, coloquei uma boa maquiagem para disfarçar
meus olhos inchados e olheiras, e mesmo sem fome tomei um café reforçado,
pois não posso pensar apenas em mim mais, tenho um bebê que precisa ser
alimentado.
Olho o celular para ver se há algum retorno das muitas mensagens que
enviei ontem a Derik e não foi visualizada até agora, mas se estava tão ruim como
Marcos informou talvez nem tenha acordado ainda.
Suspiro agoniada, mas determinada a resolver essa situação da melhor
maneira possível.
Coloco as mãos em minha barriga ainda reta, falando com meu bebê.
— Não sei se ele vai me entender e querer ficar conosco ainda, mas vou
tentar. Caso não queira vou sofrer, mas vou me levantar pra ser a mãe e pai que
você precisa meu anjinho.
Bárbara se levanta logo na sequência descendo com meu sobrinho arrumado
para ir à escola, tomamos café juntas conversando um pouco, seguindo para o
trabalho.
A manhã passa rapidamente apesar de a cada intervalo entre as consultas
olhar meu celular, e não, não havia nenhuma notificação que me interessasse o
que me entristecia, mas respirava fundo e chamava meu próximo paciente.
Quando o almoço chegou, Sofi já me aguardava na recepção para irmos ao
restaurante.
Assim que entramos no elevador, me pergunta.
— Está se sentindo melhor?
— Estou sim. Refleti bastante em tudo que falaram ontem, estou me
sentindo melhor, não vou desistir fácil assim.
— Isso garota, é assim que se fala, ele vai entender a situação quando souber
de tudo.
— Assim espero! — digo esperançosa, mas com medo de não ser o que pode
acontecer na realidade.
Sofi muda o assunto, tentando me distrair dizendo sobre a viagem que irá
fazer dentro de alguns meses, o quanto está animada, e tudo que tem pesquisado a
respeito da região para conhecer, conseguindo me distrair um pouco do caos que
estou vivendo desde ontem.
Quando estamos terminando nossa refeição, ela me pega olhando meu
celular entristecida, me questionando.
— Ele não retornou até agora?
Nego com a cabeça, sentindo meus olhos lacrimejarem com seu silêncio.
— Deve estar chateado, o Marcos vai conversar com ele, e a curiosidade vai
ser maior, você vai ver, em breve vai passar por cima do orgulho e te procurar.
— É deve ser, o Marcos ontem o trouxe do bar, estava muito bêbado parece,
tanto que ficou na casa dele de guarda.
— Ah, então está explicado, deve estar com uma baita ressaca e por isso
ainda não teve cabeça para refletir sobre tudo o que aconteceu, e Marcos pode
estar esperando que fique sóbrio para conversar com ele.
— Faz sentido, conversar com ele bêbado, não seria muito útil. — Digo com
um sorriso triste.
— Exato, seria perda de tempo.
Peço um pudim de sobremesa, pois me sinto irritada, precisando de açúcar
para me sentir mais calma, nem que seja temporário.
Quando estamos esperando chegar digo o que estava pensando mais cedo
para Sofi.
— Sabe... — olho para nossa foto na tela de bloqueio tomando coragem para
dizer o que pensei — estava pensando, vou me abrir com ele, além de assumir
meu amor, também vou contar minha história com Gustavo para entender por que
sou assim.
Vejo o queixo de Sofi cair com minha revelação me fazendo rir, por a deixar
sem palavras, afinal isso é raro.
Ela se inclina sobre a mesa, colocando a mão sobre minha testa, estranho sua
atitude, e meu olhar confuso a faz sorrir, esclarecendo.
— Estava conferindo se não estava com febre... — rio da sua ironia — quem
é você e o que fez com minha amiga?
— Para de ser boba. — Digo sem graça.
— Desculpa, estava brincando, — me dá um sorriso meigo — mas estou
orgulhosa de você Kat, isso mostra o quanto deixou o passado finalmente em seu
lugar... no passado.
— Sim, se quero que dê certo, preciso ser sincera e que me conheça por
inteiro. — O garçom chega com nossa sobremesa, e depois que dou a primeira
colherada, continuo meu raciocínio. — Vou fazer a minha parte, lhe explicando
tudo, assim espero que entenda, aceitando a mim e meu filho, agora se não aceitar
meu filho, — sinto minha garganta se fechar apenas em mencionar essa
possibilidade — vou sofrer, mas vou seguir em frente porque preciso ser forte por
mim e meu bebê acima de tudo.
— Tenho certeza de que vai te surpreender, ele só precisa se acalmar,
refletindo sobre tudo.
Assinto torcendo internamente para que Sofi esteja certa, nos dando uma
chance de sermos felizes.
O restante do dia passa rapidamente, quando acaba meu expediente vejo que
que não há nenhuma mensagem ou ligação de Derik em meu celular, mas percebo
que recebeu a todas, sinto meu coração apertado pelo gelo que está me dando.
Respiro fundo, mandando uma última mensagem deixando claro minha
decisão de não ficar em cima dele mais, esperando seu tempo para que me
procure.
Minha vontade é ir até o trabalho dele agora mesmo, ou sua casa, mas não
posso ser essas mulheres sem noção que sufocam seus parceiros, o afastando ao
invés de o aproximar, se precisa pensar a respeito, vou respeitar seu espaço.
É pensando nisso que me levanto, indo encontrar Sofi que irá comigo para
casa, hoje seria nosso encontro semanal e como as meninas querem me animar,
não quiseram desmarcar, mas como não estava animada para sair, pedi para irmos
lá para casa, comprando algo para comermos, e claro elas aceitaram.
Uma parte de mim, não queria sair pois tinha a esperança de Derik aparecer
para conversar comigo, por isso não queria correr o risco de não estar lá para o
receber.
Sei que posso parecer depressiva com essa atitude, mas não quero correr o
risco de nos desencontrarmos, caso resolva me ouvir.
A esperança é a última que morre, fazer o que!

Um pouco depois de chegarmos em casa, Liv também chega.


Começamos a conversar me sentindo mais animada por ter companhia hoje
também, pois sei que se ficasse sozinha, iria ficar angustiada pelo silêncio de
Derik.
Dou uma olhada no celular, observando que não há nenhuma notícia sua,
respiro fundo tentando ser uma companhia agradável.
Tomo um suco de uva, enquanto as meninas bebem seu vinho, pedindo pizza
para comermos.
Liv conta sobre seu dia turbulento no trabalho, causado por um acidente de
carro grave que ocasionou um engavetamento e com isso houve diversos casos na
emergência que precisou de sua especialidade.
Os assuntos vão surgindo, até que me perguntam se não tenho interesse em
fazer o exame de sexagem para descobrir o sexo do bebê, para ir montando o
enxoval, mas por incrível que pareça estou me sentindo bem controlada quanto a
isso, quero descobrir pelo ultrassom mesmo, já estou com dez semanas, em talvez
um mês descubra o sexo do meu bebê, dá pra aguentar.
— E o nome? — Liv pergunta animada.
— Sinceramente ainda nem consegui pensar a respeito, as coisas foram
corridas desde que descobri... — tomo um gole de suco angustiada em lembrar de
Derik ao comentar isso, pois ele foi o motivo de minha distração.
— Mas ainda tem tempo para escolher um. — Sofi me diz com uma
piscadela, imaginando onde meus pensamentos estavam.
Terminamos de comer, continuamos sentadas no chão da sala conversando
até que ouço a campainha tocar.
Sinto meu coração disparar em expectativa na mesma hora, pego
rapidamente meu celular para saber se há alguma mensagem de Derik, mas não
há.
Respiro fundo, enquanto as meninas me olham encorajando para ir abrir a
porta.
— Talvez não seja ele, pode ser a Bárbara de novo. — Mas sei que não é,
pois me ligou antes de sair do consultório perguntando se estava bem, se queria
que viesse para cá me fazer companhia.
— Só atendendo para descobrir. — Sofi diz dando de ombros, tomando mais
um gole de seu vinho.
A campainha toca novamente, respiro fundo criando coragem, me levanto
indo atender a porta com o coração disparado parecendo que irá saltar pela boca a
qualquer instante.
CAPÍTULO 39

Após a última mensagem recebida por Kat, resolvi parar de trabalhar para
pensar em tudo que aconteceu, agora que minha cabeça estava melhor da ressaca
e não iam ficar me distraindo a todo instante com atividades do trabalho.
Lembrei do fato de Kat querer me contar algo no domingo, dizendo que após
conversarmos poderia dar a resposta referente ao meu pedido de namoro.
Com o que aconteceu referente a Alice, deve ter mudado de ideia
momentaneamente e como contei minha história, nos distraímos esquecendo do
outro assunto, pelo menos aconteceu isso comigo. Se estivermos sem roupa, é
certeza que não irei me lembrar de mais nada além de nós dois.
Sinto meu coração se apertar de saudade ao me lembrar das nossas noites
juntos, do seu toque, seu beijo, o amor que fazemos, até mesmo o sexo selvagem
que não resistimos também em algumas ocasiões, sempre senti que se entregava a
mim quando ficávamos juntos, não é possível que o que vivemos não foi real pra
ela como foi pra mim.
Após me torturar com as lembranças de nós dois juntos, volto a pensar com
a cabeça de cima para resolver minha incógnita que se chama Katarina.
Volto a reler as mensagens enviadas por ela, e quando diz que não é o que
parece ser, que pode explicar. Foi a mesma coisa que disse quando fui sair de sua
casa e não quis ouvir.
Mas o que não seria que estou pensando?!
Que me lembre só existe uma maneira de se fazer um filho, envolvendo duas
pessoas.
Como que pode não ser o que estou pensando?
Será que o filho pode ser de seu ex, assim que terminaram? Descobrindo que
estava grávida, faz o que? Uns três meses que a conheci, poderia ser, apesar de
mal ter barriga ainda.
Percebi que sua barriga está diferente, mas não imaginei que fosse gravidez,
pensei que tivesse engordado um pouco, bem pouco por sinal.
Não sei com quanto tempo a barriga começa a aparecer, ainda mais uma
mulher que tem a barriga negativa igual ela.
Me estico em minha cadeira voltado para a vista da grande São Paulo que
minha sala permite, retornando ao meu raciocínio.
Tento me lembrar de todas as vezes que tivemos relação, se por acaso a
camisinha estourou alguma vez e não olhei, passando despercebido.
Lembro que olhava todas as vezes, mas pode ter acontecido uma vez ou
outra de não ter conferido.
Será que há a possibilidade do filho ser meu? Nenhum contraceptivo é cem
por cento seguro, quem me garante que não seja meu?
Começo a imaginar a possibilidade de ser o pai dessa criança, e me pego
sorrindo sem perceber, imaginando nós dois acompanhando o crescimento do
bebê em sua barriga, indo junto dela fazer o pré-natal, em como Gui ficaria feliz
com a notícia de ganhar um irmãozinho.
Será que pode ser meu, e não ter me contado por medo da minha reação,
como sempre nos prevenimos?
Isso faz meu coração galopar em ansiedade com essa possibilidade, não era a
minha intenção ter um filho agora obviamente, mas se tivesse iria adorar, amo
meu filho mais que tudo em minha vida, e jamais renegaria um filho.
Se com Alice que nem sentimento tinha, aceitei e fiz questão de participar de
tudo que envolvia meu filho, imagina com Kat por quem me apaixonei, seria
fantástico.
Talvez seja isso, deve ser meu e ficou com receio em me contar, vejo a
esperança surgindo dentro de mim de que nem tudo está perdido.
Me levanto rapidamente, como se de repente tivesse tomado uma injeção de
ânimo, pego minha carteira e celular colocando em meu bolso saindo para sanar
todas as dúvidas que me afligem, preciso esclarecer essa história, quando vou
abrir a porta, dou de cara com Marcos, que ia bater em minha porta
provavelmente.
— Já está indo? — me pergunta.
— Sim, não consigo trabalhar mais por hoje. — Dou espaço para que entre e
assim conversarmos melhor.
— Imagino que não esteja com cabeça, até que conseguiu trabalhar
considerando o estado em que estava.
— Nem me fale, não me lembro da última vez que bebi daquela maneira. —
Assumo envergonhado.
— Nem eu, na verdade nunca o tinha visto daquele jeito Derik. — Afirma
com seu olhar especulador. — E o que decidiu?
— Estou bem confuso pra ser sincero, mas como ela disse que poderia me
explicar, e você também disse que nem tudo que parece é, pensei na possibilidade
de que o filho seja meu, e tenha ficado com medo em me falar, decidi ir atrás dela
para esclarecer essa história.
Percebo que ao dizer a última parte, o corpo de Marcos enrijece, abaixando
seu olhar.
Me incomoda perceber sua reação, mas tento não colocar mais coisas em
minha cabeça do que já estou, a melhor opção é ouvir da própria Kat o que
aconteceu.
— De fato, o que disse permanece, nem tudo que parece é, mas acho melhor
não ir criando expectativas antes de conversar com ela.
Com isso, sinto que talvez eu esteja deduzindo errado, podendo eu não ser o
pai do bebê que espera.
Respiro fundo frustrado com essa possibilidade, porque se for isso, tudo
indica que ou o filho é do ex dela, ou saiu com outra pessoa enquanto estava
saindo comigo, e nenhuma das duas alternativas me agradam.
— É acho que só vou descobrir quando conversar com ela, não é? — penso
em volume alto o que me aflige.
— Sim, mas não vá armado contra ela, vá disposto a ouvir, se está bem para
ter essa conversa hoje, ótimo, mas se ainda está angustiado por ontem, talvez seja
melhor esperar a poeira abaixar para conversarem.
Concordo, pensando no que acabou de dizer.
Conversamos um pouco mais sobre algumas atividades que precisavam ser
resolvidas para o próximo dia, seguindo para minha casa apreensivo se devo
procurar Kat para conversarmos hoje ou é melhor aguardar mais um dia ou mais.
Pouco mais de meia hora chego ao condomínio, passando em frente à casa
de Kat percebendo que há dois carros em frente à sua casa, e os maus
pensamentos voltam a me atormentar, de quem estaria lá.
Não é o carro de Bárbara, pois sei qual tem, será que é algum homem? Será
que é o pai do bebê que está conversando com ela?
Sinto meu sangue ferver com a possibilidade de ser outro homem, nem
chegamos a terminar, faz apenas um dia que não nos falamos e já corre colocar
outro homem dentro de casa?
Não é possível que seja isso, me recuso a acreditar nessa hipótese, ela não
seria tão fria ao ponto de nem terminarmos nosso “namoro”, porque sim, nós não
demos esse nome a nossa relação, mas é o que estávamos tendo, nós estamos
namorando, só faltou rotular isso.
Estaciono o carro incomodado, olhando de volta para sua residência, me
segurando para não invadir sua residência, apenas para descobrir quem está com
ela.
Respiro fundo, me repreendendo.
— Calma Derik, pode ser as amigas dela, não necessariamente seja um
homem. Não faz as coisas de cabeça quente, só vai piorar a situação.
E é pensando nisso, que sigo para a entrada de minha casa, resolvo tomar um
banho para clarear as ideias, comer alguma coisa para então decidir se irei até lá
hoje ou não.
Tomo um banho demorado, pensando em tudo que Marcos me falou
recentemente, refletindo se estou bem para ouvir o que tem a dizer.
Coloco uma roupa limpa, para dar uma aparência melhor do que realmente
estou, passo um perfume afinal alguns hábitos nunca mudam, não porque ela
gosta que fique perfumado, apenas por força do hábito. Apenas isso.
Dou uma olhada pela varanda do meu quarto em direção a casa dela, vendo
que os carros ainda se encontram lá, suspiro incomodado, descendo ir comer
alguma coisa, pois talvez depois da conversa perca o apetite.
Quando estou pronto para ir, me sento no sofá por aproximadamente trinta
minutos, pensando no que devo fazer se o filho não for meu, concluindo comigo
mesmo.
Primeiro você ouve o que ela tem a dizer, para então decidir que decisão
tomar.
Respiro fundo criando coragem da onde não sei que tenho, pois toda que
tinha parece ter desaparecido, fecho minha casa seguindo até a dela determinado
a ouvir, apenas ouvir, e depois de tudo esclarecido decido o que fazer. Não
necessariamente precise ser hoje.
Hoje só quero ouvir o que tem a me dizer, pois sei que amanhã irei me
arrepender se não a ouvir, podendo não conseguir nunca mais a esquecer.
Chego a casa dela, tomo coragem tocando a campainha, ia responder sua
mensagem avisando que iria vir conversar com ela, mas depois de ver os carros
aqui, junto de todos os pensamentos que perturbaram minha mente, achei melhor
vir sem avisar, pois se houvesse alguém que não quisesse que visse, agora não
teria como esconder.
Passa alguns minutos, ninguém atende, ficando mais incomodado, com a
possibilidade de estar tentando esconder sua visita de mim. Toco mais uma vez,
me segurando para não deixar a boa educação do lado de fora, arrombando essa
porta.
Quando mais dois minutos se passam e a porta não se abre, estou decidindo
abrir a porta para a pegar no flagra, ela abre a porta me encarando visivelmente
envergonhada.
— Oi! — me cumprimenta olhando para seus pés.
Quando a vejo, sinto meu coração disparar descompassado, com a saudade
que senti dela com apenas um dia de silêncio total. Limpo minha garganta
tentando recompor meus pensamentos.
— Oi. — Digo sério, pois ainda estou intrigado com sua demora em me
atender – Cheguei em um momento ruim? — pergunto ironicamente.
Ela levanta seu olhar até o meu, me fazendo perceber como seus olhos estão
fundos, indicando que alguém dormiu mal essa noite.
— Não, as meninas estão aqui comigo, mas não tem problema. — diz
apontando para a sala de estar. — Entra!
Assinto, entrando no hall de entrada, quando olho para a sala, vejo dois pares
de olhos me observando com curiosidade, ao me verem desviam o olhar
rapidamente fingindo estarem conversando. Sinto o alívio invadir meu coração,
por ter pensado na possibilidade dela já estar com outro dentro de casa, me
sentindo culpado, em pensar tão baixo sobre ela.
Ela não é a Alice, você não deve comparar uma com a outra.
Cumprimento as duas com um boa noite ainda sério, que me respondem se
levantando.
— Amiga, nós já vamos indo tá? — acho que é a tal da Liv, dando um beijo
no rosto e um abraço em Kat.
— Qualquer coisa você nos liga ok? — a outra que acredito ser Sofi diz, me
dando uma olhada de rabo de olho, que diria ser ameaçador se não estiver
enganado, se despedindo também de Kat.
— Obrigada meninas por tudo! — Kat diz acompanhando as duas até a
porta, enquanto a observo de longe.
Quando volta, nos olhamos por alguns segundos sem ninguém dizer uma
palavra, até que quebra o silêncio.
— Senta, quer beber alguma coisa? — pergunta educadamente, mas
visivelmente nervosa.
— Vou precisar? — pergunto na defensiva, lembrando na mesma hora da
voz de Marcos em minha mente. “Não vá armado contra ela”.
Respiro fundo tentando encontrar a calma que estava disposto a ter para
conversar com ela hoje, resolvendo tudo isso.
— Talvez. — Dá de ombros.
Segue até onde suas amigas estavam sentadas, pegando a garrafa de vinho,
levando consigo a cozinha colocando a bebida em uma taça limpa pra mim, me
trazendo em silêncio.
Aceito, pois talvez um pouco de álcool me ajude a digerir toda a informação
que vou receber.
— Só vou buscar algumas coisas e já venho. — Assinto a vendo se afastar
seguindo para o segundo andar.
Após poucos minutos, retorna se sentando há uma certa distância de mim
com alguns envelopes em sua mão, nitidamente apreensiva.
— Sei que deve estar pensando mil e uma coisas a meu respeito, mas não é
nada do que esteja imaginando, pensei em tudo que aconteceu desde ontem,
acredito ser importante te contar minha história toda, para entender o porquê
tomei essa decisão, até chegar no assunto da gravidez, pode ser?
Concordo, sentindo uma ansiedade dentro de mim crescer em conhecer sua
verdadeira história, torcendo para que não me decepcionar com ela.
Coloca os envelopes ao seu lado, respira fundo disparando sua história.
— Lembra do homem que encontrei esses dias atrás, na rua, quando você e
Marcos me viram com ele, sendo que estava nervosa?
— Lembro. — Digo sentindo meu sangue esquentar apenas em lembrar da
maneira como ficou em o ver e do olhar que ele a dava, mostrando o quanto a
queria.
— Bom, eu o conheço nem sei mais há quantos anos, acho que mais de vinte
anos, nós estudávamos juntos e éramos melhores amigos, fazíamos tudo juntos,
absolutamente tudo. Depois de alguns anos percebi que meu sentimento não era
apenas de amizade, estava apaixonada, mas Gustavo só me via como uma amiga,
ficava com várias garotas, parecendo nunca ter olhado pra mim. Quando chegou a
formatura do terceiro ano, ainda faltava um ano para acabarmos o ensino médio,
um aluno veio me convidar para ir ao baile com ele, apesar de querer ir com
Gustavo, estava disposta a tentar dar uma chance a outra pessoa, já que nem me
notava e ia com outra garota ao baile, com isso aceitei e fomos juntos. Estava me
divertindo muito com meu parceiro, dançando e aproveitando a noite, até que
Jeferson resolveu avançar o sinal me beijando, era meu primeiro beijo e me
peguei o retribuindo, quando de repente Jeferson foi jogado para longe de mim,
não havia entendido nada, até que enxerguei Gustavo em cima dele batendo no
coitado. Fiquei irritada na hora, por ter feito tudo que fez, e fui embora do baile,
Gustavo não satisfeito me seguiu até em casa, e acabou se declarando para mim,
dizendo que não queria que mais ninguém encostasse um dedo em mim e que eu
era dele, me beijando.
“A partir daquele momento, nós começamos a namorar, assumimos para
minha família, aproveitando nosso último ano juntos, estudamos juntos para os
vestibulares, conseguimos passar para a faculdade federal para fazer medicina,
estávamos animados pois continuaríamos juntos mesmo após a escola acabar.
Com isso, iríamos morar em república, mas Gustavo me surpreendeu me
chamando para morar com ele alugando uma casa ao invés de morarmos em
república, e eu aceitei, até mesmo porque meus pais queriam que alugasse uma
casa para morar. Estava me sentindo nas nuvens, pois estudávamos na mesma
faculdade, não na mesma turma, mas sempre nos víamos nos intervalos,
morávamos juntos e nos dávamos muito bem, era raro brigarmos por alguma
coisa.
Meus pais me ajudavam, pagavam o aluguel e tudo que precisasse, porque
independentemente de estar ou não com Gustavo, ia estudar lá e o sonhos deles,
era que me formasse como uma médica igual ao meu pai, os pais de Gustavo já
não tinham a mesma condição que os meus, por isso começou a se sentir inferior
por estar morando comigo sem me ajudar com o aluguel e os demais custos,
como se tivesse se aproveitando de mim. No segundo ano começou a trabalhar a
noite em um bar próximo a faculdade para ajudar com nossos custos, ele
melhorou, estava se sentindo mais útil dentro de casa, mas mal nos víamos por
causa da correria de faculdade e trabalho dele. Depois de dois anos que
estudávamos juntos, ou seja três anos namorando, conseguiu um trabalho como
modelo, estava ganhando uma boa grana por fora, consequentemente parou de
trabalhar no bar, o que achei ótimo porque pelo menos iríamos ter mais tempo
juntos e conseguir estudar mais para a faculdade.
Quando estávamos com quatro anos de namoro, me convidou para jantar
fora, me levando em um restaurante super romântico com música ao vivo, depois
que jantamos, me convidou para dançar, e a cantora convidou Gustavo para
cantar junto dela, ele começou a cantar, mas olhando diretamente para mim como
se a música tivesse sido escolhida por ele para fazer isso, quando o último refrão
chegou, desceu do palco, vindo até mim cantando olhando em meus olhos, a
música acabou com ele fazendo uma declaração para mim, se ajoelhando me
pedindo em casamento na frente de todas aquelas pessoas e eu como era
perdidamente apaixonada por ele, aceitei sem nem pensar duas vezes. É
engraçado pois pensava que estava vivendo literalmente em um conto de fadas,
mas como conto de fadas não existem, logo depois descobri que tudo que é bom
dura pouco.
Gustavo queria casar logo, por isso marcamos nosso casamento para dentro
de seis meses, como ele trabalhava muito, mais a correria da faculdade,
aproveitava cada tempo livre que tinha junto da ajuda da minha irmã para ir atrás
das coisas do casamento, quando faltava um mês para me casar com ele, tinha
acabado de enviar as fotos para a retrospectiva para o fotógrafo, enquanto
Gustavo trabalhava, aproveitei para colocar algumas roupas para lavar, ao olhar o
bolso da calça dele, encontrei um cartão de uma mulher no bolso, fiquei intrigada
com aquilo, não sei porque, talvez fosse um sexto sentido, não sei, tirei uma foto
do cartão e devolvi no bolso para saber se iria comentar algo comigo sobre algum
trabalho novo.
Dei uma olhada na internet para saber quem era ela, vendo que era apenas
uma mulher fútil que vivia esbanjando dinheiro do marido, e Gustavo não era
fotógrafo, era modelo, então pra que teria o contato dela? Fiquei intrigada com
aquilo, coloquei o cartão no lugar, a calça também para saber o que ia fazer, com
isso, várias coisas começaram a passar por minha cabeça, como o fato de nunca
ter visto nenhum trabalho dele, toda vez que questionava, me dava alguma
desculpa, comecei a ficar irritada, com que tanto trabalho tinha que não poderia
nunca me mostrar algum pronto, o questionei sobre isso quando chegou,
obviamente ficou nervoso, falou que ia me levar qualquer dia para o ver
trabalhando.
Aceitei, mas me sentindo inquieta sobre o assunto, mesmo assim tomei uma
decisão, ligando para Sofi pedindo para me acompanhar o seguindo, quando fosse
trabalhar e ela aceitou. Depois de dois dias fui olhar a calça, o cartão não estava
mais lá. Depois que o imprensei, ficou duas semanas sem nenhum trabalho em
vista segundo me informou. Quando surgiu um trabalho, a noite, combinei com
Sofi, alugamos um carro para não reconhecer, afinal tinha esperança de estar
sendo paranoica com tudo aquilo, o seguindo assim que saiu de casa, fomos parar
na área nobre de São Paulo, ele estacionou em frente a um condomínio de luxo,
quando aquela mesma mulher que havia pesquisado na internet apareceu entrando
dentro do carro dele, naquele momento já percebi que estava me traindo, mas foi
ainda pior. Continuamos seguindo o carro, quando entrou em um motel, naquele
momento senti meu coração ser destruído, pois o idolatrava desde jovem, jamais
teria desconfiado de sua traição. Além dele não me deixar nada a desejar, era
carinhoso, romântico como te falei, vivia dizendo que me amava, estávamos de
casamento marcado para dentro de um mês, e estava me traindo a véspera? Me
senti um lixo, comecei a vomitar ali mesmo na rua com o carro parado, Sofi
queria ir embora, mas não permiti, fiz questão de esperar que saíssem para ver no
que ia dar. Depois de algumas longas horas de tortura, saíram indo embora,
Gustavo a deixou de volta em seu condomínio, mas ao invés de ir embora para
casa, parou em um banco, paramos do outro lado da rua, mas como era tudo de
vidro consegui ver nitidamente tirando o maço de dinheiro do bolso e depositando
em sua conta, foi aí que vi que contos de fadas só existem na Disney e nada mais.
Que a pessoa que mais amava, além de meu noivo e meu amigo, me traiu da pior
maneira possível, pois além de trair minha confiança, estava vendendo seu corpo
por dinheiro, tudo por orgulho.
— Nossa Kat, não sei nem o que falar. — Digo indignado por esse
vagabundo ter tido a coragem de jogar fora uma mulher como ela.
— Pois é, por isso não comento sobre ele com ninguém, não é algo que me
agrade de contar, nem minha família sabe o que aconteceu, só disse que terminei
e que não queria mais nada com ele e para nunca mais tocarem em seu nome na
minha frente.
— Agora entendo, porque ficou daquela maneira quando o viu. — Murmuro
compreensivo.
— Sim, depois disso fui para casa de Liv e Sofi, desmascarei ele, que ficou
tentando me cercar na faculdade pelo restante do curso para me mostrar que havia
mudado e não estava mais trabalhando com isso, voltou a trabalhar no bar até o
final do curso para poder fazer a residência, mas nunca mais falei com ele,
quando terminamos a faculdade, tudo ficou mais fácil, pois não tinha o risco de o
encontrar no corredor. Depois dele, não conseguir mais me envolver de fato com
ninguém, até namorei algumas pessoas como você sabe, mas não conseguia criar
sentimentos, não tinha nenhum elo com nenhum, não dormia com nenhum, não
apresentei aos meus pais, saíamos juntos, tínhamos relação, mas depois voltava
embora pra casa, tanto que nenhum durou, pois não conseguia me entregar mais,
não conseguia confiar em mais ninguém. Com o passar dos anos, já estava com
mais de trinta anos, e começava a me sentir frustrada por imaginar que jamais
teria uma família, um filho, já que não conseguia encontrar alguém que
despertasse meu interesse em tentar algo ao ponto mais a fundo, pelo menos.
Com meu último namorado, Henrique, não tínhamos nada em comum, resolvi
terminar, pois já estava com meus trinta e dois anos, resolveria meu problema por
si só, procurando um médico especializado em fertilização, e foi o que fiz.
“Decidi que iria ter meu filho sozinha, pois não acreditava ser possível
encontrar mais ninguém, não acreditava ser capaz em querer e conseguir confiar
em mais ninguém novamente. — Assinto para ela, com os pensamentos
compreendendo onde quer chegar — procurei um médico, fiz todos os exames
necessários, escolhi um doador que tivesse os traços semelhantes ao meu, para
que meu filho se parecesse comigo, marquei a data da inseminação. Nessa mesma
semana, você me convidou para sairmos, fiquei com receio justamente pela
decisão que havia tomado, mas conversando com as meninas decidi que precisava
sair com alguém, extravasar um pouco, porque depois que o bebê nascesse não
teria mais tempo para isso.
Como você me atraiu de imediato, te achei lindo, aceitei pois, imaginei que
seria apenas uma vez e nunca mais o veria, não passaria de um encontro casual e
nada mais. Naquele mesmo dia que saímos acabei fazendo a inseminação,
coincidiu a data, e mesmo esperançosa de que desse certo, tentei não colocar nada
em minha cabeça, pois sabia que as chances de vingar em uma primeira tentativa
era baixa. Nisso acabamos saindo mais algumas vezes, mas sempre deixando
claro que era apenas sexo e nada mais, pois sabia que se me envolvesse mais a
sério chegaria na conversa que estamos tendo agora. Depois de quinze dias após a
inseminação, fiz o exame que deu positivo, mesmo já bem envolvida com você,
resolvi me afastar, pois não sabia o que sentia ainda, percebia que estava gostando
do que estávamos tendo, me sentia muito atraída por você, me interessando cada
vez mais.
Talvez justamente por isso, achei melhor cortar o mal pela raiz antes que
ficasse mais difícil terminar, não queria envolver você em uma decisão que
apenas eu havia tomado, não achava justo. Depois você já sabe, ficamos
separados algumas semanas, mas senti muito a sua falta, e quando voltamos,
estava disposta a te contar a verdade, deixando que você decidisse se gostaria de
ficar comigo e com meu filho, mas tinha medo de te perder ao contar.
Não me arrependo da decisão que tomei, era um sonho meu e fiz o que achei
ser correto no momento, mas também não queria te perder, com isso fiquei
enrolando por receio.
Quando resolvi te contar, escolhi que seria no domingo após deixarmos Gui,
só que fiquei enciumada em ver sua ex dando em cima de você, interpretei tudo
errado a maneira como ficou, como se ainda gostasse dela, e com isso, minhas
inseguranças voltaram com toda força, a falta de confiança em alguém,
consequentemente desisti de te contar, pois resolvi naquele instante em terminar
tudo novamente, com medo de amanhã você terminar tudo comigo para voltar
com ela. Não me leve a mal, mas demorei onze anos pra conseguir entregar meu
coração a alguém de novo, se isso acontecer, não vou conseguir me levantar, não
mais em relação a isso pelo menos. Depois de você me contar toda a sua história,
acabei me esquecendo do que ia falar, pois fiquei chocada com o que passou,
também porque começamos a ficar juntos, com isso quando me recordei que não
havia te contado, decidi contar no próximo final de semana, pois teríamos mais
tempo para lhe explicar tudo com calma.
Paro para refletir sobre toda a história que Kat acabou de me dizer, se disser
que não me decepcionei com o fato de não ser o pai do bebê estou mentindo, mas
também me sinto aliviado em saber que não ficou com mais ninguém além de
mim, pelo menos foi isso que entendi, mas resolvo esclarecer.
— Então, você não saiu com mais ninguém além de mim, desde que
começamos a ficar? — encontro seu olhar lacrimejado.
— Não, desde que conheci você, nunca mais houve ninguém. — diz olhando
em meus olhos, me passando a confiança que precisava, soltando o ar que nem
havia percebido estar prendendo.
Ela alcança os envelopes que estavam em seu lado, retirando algumas folhas
de dentro, me entregando para ler.
— Veja, não estou mentindo, aí está toda a documentação para a
inseminação que fiz para engravidar.
Dou uma olhada por cima dos documentos, vendo que de fato explica o
procedimento, a data agendada, a assinatura do médico e dela entre outras
informações necessárias.
— Não havia necessidade de me mostrar isso, acreditei no que me disse.
Vejo suspirar visivelmente aliviada, abrindo um sorrindo e se aproximando
um pouco mais de mim.
— Olha, sei que você perdeu a confiança nas pessoas por causa do que
passou, também perdi, antes de você chegar, eu apenas vivia um dia de cada vez,
sem me permitir ser feliz novamente. Mas você fez reacender a chama do amor
que havia se apagado dentro de mim, e consegui mesmo sem perceber voltar a
confiar e a querer viver em uma relação novamente, algo que já havia perdido a
esperança. — Suspira limpando uma lágrima que escapa de seus olhos.
— Kat, eu... — tento falar mas ela me corta levantando as mãos para deixa-
la terminar.
— Eu sei que é muita coisa para assimilar e não é uma decisão que precise
tomar hoje, mas eu te amo — dá de ombros, com um sorriso nervoso no rosto —
não sei como, nem quando aconteceu, mas sei que hoje não consigo mais
imaginar minha vida sem você, se puder me perdoar por não ter lhe contado, e
caso sinta um pouco do que sinto por você, aceitando, eu e meu filho juntos em
sua vida. Se quiser arriscar no que pode dar isso que temos tido, gostaria de tentar
o namoro que você havia me pedido anteriormente.
Sinto meu coração se aquecer com a linda declaração que acabei de escutar,
parecendo música aos meus ouvidos, não conseguindo acreditar que Kat disse me
amar.
Não estava em meus planos me apaixonar, nem ter um filho agora, mas
nunca me senti tão feliz como estou, quando estou ao seu lado.
E isso é o suficiente para tomar a decisão que pensei ser difícil, quando saí
de casa mais cedo.
CAPÍTULO 40

Quando vi Derik em minha porta meu coração pareceu que a qualquer


instante iria saltar pela boca, senti vergonha por ter escondido algo tão importante
dele, e o nervosismo veio com tudo ao meu encontro, com medo de ser rejeitada
após abrir meu coração.
Mas isso não me impediu de dizer tudo que aconteceu em minha vida, falar
algo que me machucou tanto e nunca havia dito em volume alto para ninguém,
fez eu reviver tudo que passei, senti a angústia, a raiva, a decepção me dominar
por ter sido tão idiota, não tendo percebido nada antes.
Mesmo sentindo todas as dores novamente, continuei pois não quero deixar
mais o passado dominar a minha vida, por isso enfrentei minha dor, me expondo
a ele como nunca havia feito a ninguém.
Via a dor em seu olhar conforme contava a ele, e foi impossível não perceber
a decepção quando disse que o bebê era de um doador de esperma, posso ter
percebido errado, mas a impressão que tive, é que tinha esperanças do filho ser
dele.
Quando me declarei a ele, não vou dizer que foi algo fácil de se dizer, pois
nunca mais me permiti amar ninguém, mas agora que assumi para mim mesma
que sim, eu o amo, não ia deixar sair da minha vida sem ter conhecimento disso,
se a paixão que diz sentir por mim é verdadeira, quanto a minha por ele, iria ficar
feliz em ter ciência sobre isso, e não ia esconder mais nada dele, nem o meu
sentimento.
Agora vejo que está pensando em tudo que disse, me sentindo aflita com o
qual decisão irá tomar.
Não aguento mais o silêncio que nos rodeia, pois meus pensamentos
parecem gritar em meus ouvidos.
— Derik, se quiser pensar com calma, em tudo que falei, irei entender. —
Digo com a voz tremendo em apreensão.
Ele nega com a cabeça, encontrando meu olhar com seus olhos
hipnotizantes.
— Não é necessário pensar em mais nada Kat. — Sinto meu coração se
partir com o que falou, sentindo meus olhos inundarem com a tristeza que me
envolve ao perceber que irei perder a única pessoa que me permiti amar, as
lágrimas começam a escorrer por meu rosto involuntariamente, vejo levantar meu
rosto para olhar em seus olhos. — Por que está chorando?
Limpo meu rosto com as mãos tentando achar a voz que perdi, o
respondendo.
— Porque vou te perder, por não ter sido sincera.
— Olha pra mim Kat, — diz segurando as minhas mãos, respiro fundo
tentando me acalmar, xingando mentalmente esses hormônios que estão me
deixando mais sensível do que já estaria na situação — você não me deixou
terminar de falar, já começando a chorar.
— Desculpe... — enxugo meu rosto tentando criar forças para ouvir o que
tem a me dizer.
Ele abre um sorriso compreensivo, limpando meu rosto com suas mãos, me
permitindo apreciar seu toque nem que seja uma última vez.
— Eu disse que não é necessário pensar em mais nada, porque o que sinto
por você e ver a verdade em cada palavra que me disse, é o suficiente para passar
por cima de qualquer coisa e querer me arriscar em ter uma vida ao seu lado. Eu
também te amo Kit Kat. — Se declara me fazendo rir por usar meu apelido no
meio de uma declaração, sentindo uma alegria enorme inundar meu coração, por
estar me correspondendo, fazendo as lágrimas descerem ainda mais, mas de
alegria finalmente. — Minha intenção não era me apaixonar por você, nem por
ninguém, mas me apaixonei e nunca fui tão feliz como tenho sido desde que te
conheci, não tinha intenção em ser pai de novo também, mas se esse filho será
com você, eu ficaria honrado em ser o pai que precisa ter, esse bebê pode não ter
o meu sangue, mas terá o meu amor, e o meu cuidado, pois pai é quem cria, não
apenas quem faz.
Ouvir de sua boca que quer ser o pai do meu bebê, e que me ama, acalma
meu coração, crescendo a ansiedade de sentir seu amor o mais próximo possível
de mim, não aguentando a distância que nos separa puxo seu rosto de encontro ao
meu beijando seus lábios com todo meu amor, toda gratidão por ter confiado em
mim e estar nos dando uma chance de sermos felizes finalmente.
Derik me corresponde com o mesmo anseio, parecendo tão necessitado
quanto estou. Me leva com cuidado para cima de seu colo, aprofundando ainda
mais nossos beijos, que pareciam fazer uma eternidade que não os tinha.
Preciso sentir mais dele, marcar nossa união, puxo sua camiseta polo para
me livrar de tudo que nos separa rapidamente, ele com a mesma necessidade que
eu, faz o mesmo com meu vestido, descendo meu zíper em minhas costas, dou
uma leve levantada para tirar de meu quadril, puxando por meu corpo,
desgrudando nossas bocas apenas para tirarmos nossas roupas do pescoço
urgentemente.
Seus lábios encontram meu pescoço, descendo por minha clavícula enquanto
retira meu sutiã jogando longe, abocanhando um dos meus mamilos, enquanto
com a mão acaricia o outro, empino meus seios ao seu encontro com o desejo
aflorado dentro de mim, esfregando meu sexo em sua grande extensão ainda
dentro da calça.
Desço minhas mãos pelo seu peitoral, os gomos de seu abdômen, até
alcançar o cós de sua calça desafivelando seu cinto, abrindo seu zíper e botão
liberando meu maior desejo de dentro de sua cueca, o acariciando com todo meu
desejo. Sinto a ponta de seu pênis lubrificado, passando meu dedo por ele,
levando até minha boca para sentir o gosto de seu prazer.
Seus lábios voltam a encontrar os meus, enquanto suas mãos nesse
momento, afastam minha calcinha sem a retirar penetrando seu dedo dentro de
minha abertura, me fazendo gemer em sua boca em expectativa, penetra mais um
dedo dentro de mim girando em sentido horário, sinto seu polegar fazendo
movimentos circulares em meu clitóris me deixando enlouquecida com seu toque,
enquanto o masturbo com o mesmo desejo.
— Amor, não vou aguentar... — digo sentindo que estou próxima de
alcançar meu prazer, se continuar fazendo isso, — ah gostoso — grito
descontrolada em seus lábios, encontrando o orgasmo que tanto ansiava.
Nesse momento, Derik retira seus dedos de dentro de mim, encaixando seu
pau em minha entrada me penetrando deliciosamente, começo a cavalgar ainda
necessitada para ser preenchida até o fundo pelo meu homem, enquanto esfrego
meus seios endurecidos em sua cara, fazendo com que os chupe ainda mais.
Depois me segura se levantando com seu membro ainda dentro de mim, percebo
sua calça cair, me deita na cama olhando dentro de meus olhos com seus dois
lagos azuis, enquanto me penetra ainda mais fundo, com todo seu desejo
estampado, refletindo os meus em meu olhar, envolvo minhas pernas ao redor de
sua cintura para o sentir ainda mais, gemendo de tesão.
Percebo que estou próximo de gozar novamente, quando dá mais três
estocadas dentro de mim, não aguento mais, explodindo de desejo me sentindo
finalmente em casa, sentindo todo o amor que sinto por ele inundar ainda mais
meu coração, não resisto me declarando enquanto sinto espasmos do prazer que
me proporcionou.
— Eu te amo... — falo sem fôlego, beijando seus lábios, enquanto Derik
estoca ainda mais forte dentro de mim encontrando seu prazer logo na sequência.
— Eu também... te amo... linda — diz ofegante quando termina de gozar
deliciosamente dentro de mim.
Aprofundo meus beijos, agora calmamente, flutuando com tamanha
felicidade.
Depois de nossa sessão de amor, subimos para tomar um banho relaxante em
minha banheira, para nos lavarmos, acabando por fazer amor novamente dentro
dela.
Quando saímos, nos deitando ainda nus na cama, Derik se vira para mim,
acariciando meu rosto me fazendo sorrir como uma boba apaixonada que sempre
fica hipnotizada pelo azul de seu olhar, diz.
— Você ainda não me respondeu, se me daria a honra de ser o pai do bebê
que está esperando?
Sorrio emocionada pelo pedido inusitado que me dá, respondendo.
— Não teria pessoa melhor para isso, meu amor.
O sorriso que me lança quando respondo, me emociona ainda mais. Mas o
que faz a seguir me deixa sem chão.
Ele se abaixa, indo até a minha barriga, dando um beijo carinhoso em meu
ventre dizendo.
— Bebê, você me daria a honra de ter sua mãe como minha esposa?
Coloco a mão espantada em minha boca com o que acabei de ouvir, Derik
vira seu rosto em direção ao meu com seu sorriso encantador. Se levanta indo até
o meu lado da cama, se ajoelha, puxa minha mão junto da sua com um beijo
suave, não conseguindo de um soluço escapar de meus lábios com o que está
fazendo.
— Eu não comprei um anel enorme de diamante porque não imaginava fazer
esse pedido hoje, mas não vejo melhor momento para isso. Não estou cantando
em um restaurante sofisticado, com uma banda ao vivo me ajudando, nem trouxe
flores para te oferecer. Mas te garanto fidelidade, respeito e sinceridade acima de
tudo nos bons e maus momentos, e o mais importante cuidar de nosso filho e de
você com todo amor e carinho que vocês merecem até o meu último suspiro nessa
terra. — Respira fundo visivelmente apreensivo — Kat, eu te amo como nunca
amei ninguém, você me daria a honra de se tornar minha esposa me fazendo o
homem mais feliz desse mundo?
As lágrimas descem cada vez mais rápido de meus olhos, não acreditando no
que acabou de dizer, agarro seu rosto trazendo em minha direção o beijando
enquanto o respondo.
— Sim... Sim... e com certeza mil vezes SIM!
Vejo Derik respirar aliviado, me abraçando em comemoração pela minha
resposta me dando um beijo de tirar o fôlego, enquanto lembro das palavras
usadas em sua declaração, vejo a necessidade de lhe dizer algo.
— Lindo, não pense que seu pedido foi inferior a qualquer outro, foi perfeito
e não poderia ter sido melhor. Aprendi que o que importa, não são os presentes,
ou romantismo excessivo, mas sim as verdadeiras demonstrações de amor, que
são feitas em nosso dia a dia, e isso sim, é o verdadeiro significado do amor.
Depois do pedido inesperado de casamento, comemoramos da melhor
maneira que poderia ser possível, fazendo amor um com o outro.

Após acalmarmos nossos ânimos, Derik acaricia meus cabelos dizendo com
seu jeito zombeteiro.
— Deveria ter deixado para vir aqui amanhã.
Olho para ele desacreditada com o que acabou de dizer.
— Como é que é? Ia me deixar sofrendo por mais um dia inteiro?
Ri da minha cara manhosa, esclarecendo.
— Acontece, que se tivesse vindo amanhã que é sexta-feira, poderíamos
fazer uma viagem rápida no final de semana só nós dois para comemorarmos
nossa reconciliação e noivado, afinal nunca fizemos isso. Até podemos fazer isso
ainda, mas seria mais gostoso, fazer direto.
Uma ideia surge de repente em minha cabeça, expondo a ele.
— E o que impede de fazermos direto de nossa reconciliação?
Derik me olha desconfiado, pois sabe que eu não sou de faltar em serviço.
— Por que temos que trabalhar, ou você está disposta a dar um cano no
serviço amanhã? Porque não vejo problemas em deixar as coisas na mão de
Marcos por apenas um dia.
Sorrio, imaginando que Marcos vai me matar a qualquer instante com toda
dor de cabeça que dei a ele esses dias, e agora mais essa.
— E eu não vejo problema em pedir para Sofi cobrir minhas consultas de
emergência, apenas amanhã.
— Sério? — me pergunta esperançoso — vamos os avisar então?
— Só se for agora!
Me dá um selinho, se levantado indo buscar nossos celulares na sala, quando
me traz, encaminho minha mensagem no grupo para Liv já saber que eu e ele nos
entendemos enquanto Derik manda para Marcos, que consequentemente já sabe e
conta a minha irmã.

Kat: Meninas, eu e Derik nos entendemos, ele me pediu em casamento e


quer ser pai do meu bebê, Sofi minha amiga linda, pode cobrir minhas
consultas de urgência de amanhã? Pois vou fazer uma loucura pela primeira
vez na vida, indo viajar com meu NOIVO amanhã para aproveitar o final de
semana.
Amo vocês garotas S2
Nota: Se não responder é porque estou muito ocupada com meu love...
beijinhos!!!

— Prontinho, já as avisei contando a novidade também, já deixando no


mudo para não atrapalharem a nós dois.
Derik ri.
— Ótima ideia, vou fazer o mesmo.
Como só temos três dias para a nossa viagem surpresa, resolvemos ir para
uma praia próxima para não perdermos tempo com viagem.
Coloco meu robe de seda enquanto Derik se arruma para ir buscar algumas
peças de roupas para sairmos daqui bem cedo.
Vou separando alguns biquinis que por sorte ainda me servem, saídas de
praia, vestidos, entre outras coisas.
Pouco tempo depois, volta com uma pequena mala na mão já feita, enquanto
coloco minhas coisas dentro da minha.
— Meu Deus, Bud... — digo brava por ter esquecido de resolver isso.
— Não se preocupe com isso, já falei com Marcos. Vai pegar Bud aqui
amanhã e o levar para sua casa.
— Ual... e você me surpreendendo mais uma vez. — O abraçado lhe dando
um selinho.

Acordamos bem cedo viajando para uma praia no litoral norte que
escolhemos.
É localizada dentro de um condomínio, como não possui grandes
movimentação nessa época do ano, nem nessa praia, nos deixará mais à vontade
para curtirmos um ao outro.
O ambiente do condomínio é uma delícia, muitas árvores espalhadas pelas
casas e ruas, abrimos as janelas do carro para sentir o cheiro da natureza, da
maresia que nos invade, me sentindo relaxar como há muito tempo não permitia
completamente.
Chegamos na casa que alugamos de um amigo de Derik, levando nossas
malas para dentro. A casa é espetacular, bem-organizada com móveis de primeira
linha, sofisticados, possui uma piscina no fundo próximo de uma área com
churrasqueira.
A suíte que iremos dormir, possui uma grande hidromassagem com uma
cama king size bem confortável, assim que a deixamos no quarto sinto os braços
do meu querido noivo me envolver por minhas costas retirando meu vestido de
uma única vez.
— Tenho outros planos antes de irmos à praia. — diz de maneira sexy em
meu ouvido.
— Acho que estou mais interessada neles. — Gemendo perante seu toque
em meus mamilos.
Pela próxima hora, esquecemos totalmente de praia, sol ou qualquer outra
coisa que não seja nosso corpo colado um ao outro.
Após nossa sessão de prazer, nos arrumamos para ir aproveitar nossa
viagem.
Ficamos próximo de um quiosque que possui espreguiçadeiras, conversando
animados aproveitando o sol que está na medida certa.
Quando resolvemos almoçar, apesar do quiosque servir almoço, Derik diz
que precisa ir ao centro comprar algo que acabou se esquecendo de trazer e já
aproveitamos para almoçar por lá em um restaurante que acredita que irei adorar.
E não estava errado, fomos em um restaurante que serve o melhor salmão
que já havia comido, quando saímos de lá, noto uma loja de biquinis me atraindo
indo dar uma olhada.
— Aproveita para ver com calma o que quer levar, que vou em uma loja
próxima daqui e já volto. — Derik diz ao entrar comigo no estabelecimento —
Qualquer coisa me liga.
— Tudo bem! — estranho não querer que vá junto, mas não insisto, olhando
com mais calma todos os lindos biquinis.
Após um tempo, Derik se aproxima com um sorriso enorme no rosto,
coincidindo de ter escolhido o que vou levar nesse instante. Quando pego minha
carteira para pagar, Derik a fecha dizendo.
— Deixa que eu pago. — Estranho seu pedido não aceitando.
— Claro que não, eu pago. — Quando vou entregar meu cartão a atendente,
que seca meu lindo noivo sem nem disfarçar, me irrita com sua falta de noção.
Derik retira meu cartão de meus dedos, entregando o dele a atendente.
— Passe no meu por favor.
Olho brava para ele, pois nunca gostei de ficar dependendo de ninguém,
trabalho para isso e tenho muito bem condições de pagar por isso.
— Derik, já tinha dito que iria pagar seu teimoso.
— Eu sei minha linda, — diz acariciando meu rosto, me fazendo derreter
com seu carinho — mas eu quero poder dar para minha noiva o que quiser, afinal
ganho muito bem pra isso.
Respiro fundo, pois não quero arranjar confusão com ele na nossa primeira
viagem, mas resolvo que depois vou conversar a respeito.
— Ok, obrigada meu lindo. — Seu sorriso se amplia com minha
demonstração de afeto.
Voltamos para a praia, aproveitando o restante do dia.

O dia seguinte passa rapidamente, Derik me fez uma surpresa alugando uma
lancha para passearmos em algumas ilhas maravilhosas da região, fazemos
mergulho, nadamos, tomamos sol, namoramos, tivemos um dia esplendido, nem
imaginando ser possível ser melhor do que já estávamos tendo.
Ele já havia me informado que tinha feito uma reserva para nós em um
restaurante para jantarmos, para eu levar uma roupa para me arrumar na suíte da
lancha e foi o que fiz.
Quando o dia estava acabando, fomos tomar banho juntos fazendo amor
novamente na linda suíte que havia, aproveitando para descansarmos um pouco
além de aproveitarmos um ao outro.
Faltando quase uma hora para o jantar, vou me arrumar empolgadíssima pois
quero ficar linda para meu noivo.
Fico feliz por ter trazido alguns vestidos para uma possível ocasião como
está, escolho um vermelho vivo justo com as costas nua, que Derik ainda não me
viu usar. Faço uma maquiagem destacando meus olhos, junto de um batom nude,
enrolando as pontas do meu cabelo com uma chapinha dando um toque especial.
Quando estou pronta, sinto meu coração disparar em ansiedade para que
Derik goste.
Visto minha sandália preto salto doze, subindo para encontrar Derik na parte
de cima da lancha, como não o vejo no quarto.
Me aproximo sem que perceba, vendo o admirar as estrelas pensativo.
Observo sua beleza com seu semblante sereno, Derik usa uma calça de sarja bege
— que lhe cai muito bem por sinal — uma camisa azul marinho, destacando seus
lindos olhos azuis, um sapato escuro combinando. Após alguns segundos
apreciando o lindo homem por quem tive a sorte de me apaixonar e ser
correspondida, ele me vê.
Seus olhos passeiam por meu corpo, dos pés à cabeça, sentindo meu rosto
corar com o olhar de desejo que queima em seus olhos, ele se aproxima com as
mãos em seu bolso lateral devagar, como um caçador que se aproxima de sua
presa, dizendo.
— Quando penso que você não pode me surpreender, percebo que estou
errado, — puxa minhas mãos as acariciando — você está ainda mais linda, se é
que isso seja possível.
Sinto um alívio invadir meu peito, por ter gostado tanto do modo que me
arrumei.
— Você também está maravilhoso! — Seus olhos brilham com meu elogio,
se aproxima me dando um beijo calmo, mostrando seu amor e carinho por meio
dele.
Poucos minutos depois, chegamos ao restaurante, a hostess nos guia até
nossa mesa.
Escolhemos nossa bebida, eu sem álcool, claro, e Derik uma taça de vinho.
Fazemos o pedido do nosso prato, apreciando a vista que o restaurante nos
permite do céu estrelado e o mar a nossa frente, com uma música ambiente super
agradável.
Comemos em um clima super agradável, Derik me pergunta como estou me
sentindo com a gravidez, como não me vê reclamando de enjoo, nem dores. O
que de fato é um ótimo sinal, pois não tenho tido problemas até o momento.
Conversamos sobre os possíveis nomes, me deixando ainda mais animada
por seu interesse em minha gestação, dou as sugestões que pensei e peço para
pensar a respeito também para decidirmos juntos, percebo que meu comentário o
agrada por seu sorriso de satisfação surgir quando dou a sugestão.
Quando terminamos de jantar, o gerente nos informa que ganhamos uma
sobremesa e irá providenciar, já ia pedir o cardápio para dar uma olhada, mas
resolvo aguardar a sobremesa chegar para pedir outra. se houver ainda essa
necessidade.
Enquanto aguardamos a sobremesa, Derik me abraça me puxando para
próxima dele, sinto seu perfume agradável despertando meu desejo.
Não sei se são os hormônios, ou apenas sua presença, não nunca me senti tão
fogosa como tenho estado desde que o conheci, e isso parece nunca ser suficiente.
Inclino meu rosto, o beijando, enquanto acaricia meus cabelos e eu seu
abdômen perfeito.
Pouco tempo depois, o garçom traz nossa sobremesa, me deixando com
água na boca ao ver o Petit gateou que parece estar delicioso.
Derik de repente parece ficar ansioso, talvez preocupado, não sei se é coisa
de minha cabeça, mas resolvo esperar para ver se melhora antes de perguntar o
que houve.
Dou uma colher a ele para comermos, mas diz.
— Pode comer você primeiro, depois dou uma colherada. — Olho intrigada
a ele — Você que é a prioridade aqui. — diz rindo.
— Se o gosto tiver igual a cara, vamos ter que pedir outro desse jeito. —
Não resisto mais cortando com a colher o bolo recheado de chocolate, enquanto
explode o vulcão de chocolate derretido, fazendo meu desejo em comer aumentar
ainda mais.
Quando vou cortar um pedaço do bolo para comer, tenho a impressão de ver
algo brilhando no meio do chocolate, coloco a colher sobre ele cutucando,
percebendo ser duro, puxo com cuidado o afastando do chocolate para olhar
melhor, até que meu coração dispara quando meus olhos vê uma pedra reluzente
brilhar.
Coloco a mão na boca surpresa com que meus olhos frisam, me viro para
Derik, vendo seu olhar avaliando minha reação visivelmente ansioso.
— Meu Deus... — volto meu olhar para o doce, sentindo meus olhos
lacrimejarem, afasto totalmente o anel com a colher.
Derik toma um papel em nossa mesa, retirando o anel do prato e o limpando
com cuidado, após limpo se vira para mim limpando a garganta.
— Kat, minha linda, agora oficialmente, você me daria a honra de se tornar a
minha esposa e de ser o pai do bebê que está carregando?
Não consigo segurar mais minhas lágrimas, que escorrem rapidamente por
meu rosto ao olhar o lindo anel de ouro branco com pedra de diamante na cor
esmeralda, do mesmo tom de meus olhos, que me oferece. Vejo seu olhar
apreensivo por uma resposta, até respondo com a voz rouca por causa do choro
entalado em minha garganta.
— Sim, meu amor. — Seguro seu lindo rosto o beijando por todos os lados.
— Mil vezes sim...
CAPÍTULO 41

Voltamos para casa no entardecer de domingo, felizes pelo final de semana


esplendido que tivemos.
Nunca me imaginei pedindo alguém em casamento, mas agora observando a
aliança que consegui comprar para Kat apesar de ser em cima da hora, meu
coração dispara em ansiedade de a ver vestida de noiva.
Conversamos sobre o assunto e apesar de pensar que Kat iria querer esperar
ter o bebê para nos casarmos, me enganei, pois informou que acharia lindo ter as
fotos de sua gestação como recordação de casamento.
Sei que é antiquado e que sua família já soube da novidade, mas fomos
almoçar no final de semana com eles, para formalizarmos o pedido aos seus pais.
Algo reservado, apenas entre família, com exceção das amigas de Kat que
fez questão de convidá-las e Vini que também chamei para comparecer.
Sua família pareceu muito feliz com nossa união, principalmente sua mãe,
que dizia estar recebendo mais um filho para a família, dizendo que assim que
bateu os olhos em nós dois, sentiu que dessa vez sua filha encontraria a felicidade
do lado da pessoa certa, e que prova disso foi minha atitude em querer assumir o
bebê como meu filho.
Suas palavras me emocionaram, mesmo tentando disfarçar. Pois ter sido bem
recebido entre pessoas tão importantes para ela, me fez ter certeza de que tudo
iria dar certo.
Kat tem me questionado sobre minha família, e apesar de certa resistência de
minha parte inicialmente, cheguei à conclusão que sim, é importante que a
conheçam, não apenas no dia de nosso casamento, com isso, agendei um almoço
no próximo final de semana para leva-la.
Fico angustiado com tudo que aconteceu entre meu irmão e eu, talvez não
voltemos a ser o que éramos nunca mais, mas preciso seguir em frente com isso
deixando a mágoa de lado, pois a mágoa corrói e estraga, sendo algo que não
quero carregar mais.
Nunca me senti tão em paz como tenho estado desde que conheci Kat, como
se ela com sua força de superação acreditando em mim, em nós, estivesse me
dando a força que preciso seguir em frente.
Vejo que meus pais sofrem com meu afastamento, apesar de na época querer
que fossem mais duros com Anthony, ao invés de ter encobrido e aceitado sua
relação com Alice. Kat me fez enxergar que ambos somos seus filhos, algo que
nunca irá mudar. Não é porque aceitamos determinada atitude de alguém que
amamos, que concordemos com ela.
Minha linda noiva abriu minha mente em relação a isso, não é porque meus
pais aceitaram a relação dos dois, que concordaram, talvez só não queriam que
outro filho se afastasse, como aconteceu comigo.
A mesma coisa serve para mim, não concordei com meu irmão, com sua
atitude, pois era algo que eu jamais teria feito com ele. Apesar de não amar Alice,
estava com ela tentando ter uma família por consideração ao meu filho. Sua
traição me machucou demais, mas justamente por isso me doeu, porque o amor
entre nós dois sempre existiu, mesmo não concordando com sua atitude e talvez
nunca mais confiando outra vez nele, não apagava o amor que sentia por ele.
Alice não é flor que se cheire, isso é fato, pode até ser uma boa mãe, mas
para ter um relacionamento não é confiável, e um dia sei que Anthony verá isso
com seus próprios olhos. Não posso deixar que um erro que cometeu, entre tantos
acertos definam o resto de nossas vidas, por isso nesse fim de tarde quando estava
próximo de ir buscar minha noiva, vi seu nome em meu celular, resolvendo
atender sua ligação depois de anos o ignorando.
— Derik... — ouço sua voz surpreso por ter atendido a ligação.
— Sim, Anthony.
— Nossa, — percebo ouvir um riso nervoso ao fundo da linha — nem
acredito que finalmente me atendeu.
Sua reação me surpreende, pois apesar de toda a insistência ao longo dos
anos, percebi que ligava, mas sem acreditar que iria conseguir falar comigo. —
Respiro fundo, continuando em silêncio aguardando, que volte seu raciocínio.
— Desculpa, nossa mãe me ligou convidando para almoçarmos juntos, disse
que irá apresentar sua noiva. — Suspira, pensando no que vai falar — Você
realmente me convidou para fazer parte desse almoço ou é ela tentando nos unir
novamente? — Percebo a apreensão em seu tom de voz, com receio de talvez
nossa mãe estar armando algo para fazermos as pazes.
— Sim, falei que poderia convidar a vocês. — Confirmo sem muitos
detalhes.
Anthony fica quieto por alguns segundos, talvez desacreditado, até que
quebra o silêncio entre nós.
— Irei sim, com o maior prazer. Mas posso pedir para Alice não ir se isso for
incomodar você, levando apenas Gui.
Resolvo deixar claro meu pensamento antes que perca a coragem.
— Anthony, Alice não faz diferença na minha vida, não concordo como agiu
comigo e nunca irei concordar. Mas isso não muda os fatos, só quero seguir com
minha vida em frente, e você faz parte da minha família, se escolheu ela para
passar o resto dos seus dias com ela, irei aceitar apesar de não concordar, mesmo
sabendo que um dia irá se arrepender por ter me traído e pôr a ter a escolhido
como mulher, pois você merecia coisa melhor. Mas a escolha é sua, não minha.
— Eu sempre me arrependi Derik, era o que sempre tentei te falar. Nunca
quis que acontecesse, quando me aproximei dela, era apenas com intenção de ver
meu sobrinho, mas você nunca estava em casa, sempre chegava tarde.
Consequentemente, acabamos nos aproximando e eu sabia que você não a amava.
Isso não faz de mim menos errado, jamais deveria ter permitido que isso
acontecesse. E tentei evitar, tentei resistir no início de todas as maneiras, deveria
ter tido pulso firme, conversado com você sobre o que estava sentindo antes de
ser fraco. Mas eu sabia que não iria me perdoar, fiquei com medo de te perder,
por isso fui adiando. Aos poucos nossa mãe foi desconfiando, quando Alice pedia
para cuidar de Gui por algumas horas, e quando descobriu disse que se eu não
contasse e resolvesse isso, ela iria contar a você, pois não ia ficar encobrindo
meus erros. Ficou meses sem falar comigo direito, apenas o essencial depois que
você descobriu. — Me surpreende seu esclarecimento — Nunca imaginava que
fosse me apaixonar por ela, e sei sim que talvez me arrependa de ter continuado
com ela mesmo após sua descoberta, mas nunca havia me apaixonado por
ninguém até acontecer entre nós dois. Mas só queria que soubesse que nunca foi
minha intenção, ter te magoado, e que não foi algo premeditado. Simplesmente
aconteceu mesmo tentando evitar ao máximo.
Penso por alguns segundos em tudo que acabou falando, lembrando de meu
início com Kat, o quanto fugi de assumir meu sentimento por ela, mas mesmo
evitando a todo custo, tentando que fosse apenas sexo casual, foi mais forte que
eu, e consigo entender seu ponto de vista por ter sido fraco e se deixado levar.
— Anthony, não faria com você o que fez comigo, isso é fato, e sim, eu não
amava Alice, apenas a respeitava como a respeito por ser mãe do meu filho, nada
mais que isso. Mas mesmo não a amando, estava tentando por consideração a Gui
em lhe dar uma família. Se você tivesse sido sincero comigo, ia ficar chocado por
ter se deixado apaixonar pela mãe do meu filho? Com certeza, mas eu sei, ainda
mais hoje do que antes que ninguém manda no coração, e teria saído do caminho
de vocês, pois é algo que um dia seria inevitável, pois nunca existiu amor entre
nós, sendo assim nossa relação estava fadada ao fracasso.
Meu irmão fica em silêncio por algum tempo, refletindo em tudo que falei,
até que percebo estar emocionado por seu tom de voz.
— Me desculpa brother, — sinto meus olhos se emocionarem por mencionar
nosso antigo apelido — deveria ter falado com você antes de ter me envolvido,
fiquei com medo e fui fraco, mas se tem algo que me arrependo hoje é de ter
permitido que isso nos afastasse, e sei que ainda é cedo, que é a primeira vez que
conversamos dentro desses quatro anos. Mas espero de coração, que um dia
consiga me perdoar e reconstruir nossa amizade como era antes de eu a estragar.
— Eu também espero. — Digo sendo sincero — Mas um passo de cada vez,
quem sabe um dia.
Após desligarmos, fico um tempo sentado olhando para fora sem notar nada,
pensando na conversa que finalmente consegui ter com meu irmão, sentindo que
finalmente as coisas estavam voltando ao seu devido lugar, quando percebo estou
com um sorriso no rosto.
De repente olho meu celular, percebendo que estou atrasado para buscar Kat
em seu trabalho, vejo que me encaminhou uma mensagem há pouco tempo atrás.

Kat: Estou em uma cafeteria próximo do consultório, quando estiver


vindo me avisa. Depois te explico. Beijinhos.
Derik: Também tive um imprevisto, por isso ainda não sai, mas estou
saindo, sei onde está, te encontro aí. Beijos linda.
Aliviado após um problema resolvido, pego minhas coisas seguindo em
direção ao meu carro, ansioso para ver minha noiva e contar as últimas
novidades.
Pouco tempo depois estaciono o carro próximo do consultório de Kat, para ir
até a cafeteria como não me respondeu ainda que já saiu.
Quando estou me aproximando, vejo uma loja de bebê no caminho, sentindo
uma necessidade de entrar para fazer uma surpresa a ela.
Durante essas duas semanas que nos entendemos, estou cada dia que passa
mais animado com a chegada de nosso bebê, e apesar do instinto materno dela
acreditar ser um menino, algo dentro de mim diz que será uma menina.
Uma linda menininha como a mãe.
Fiz questão de acompanha-la na última consulta, e a emoção me dominou
quando ouvi seu coraçãozinho disparado pelo monitor do consultório, além de
ver o bebê agitado dentro de seu ventre.
Se já não estivesse apaixonado por essa criança, com certeza ali teria.
Dou uma olhada nas roupinhas femininas, e sei que não deveria comprar
nada com o tom rosa ainda, mas não resisto, quando noto um macacão rosa bebê
com um vestido florido por cima, peço para a vendedora embrulhar para presente
levando todo animado para mostrar a minha noiva.
Se por acaso eu estiver errado, eu troco por outro ou damos para alguém.
Apesar de saber que estou certo.
Rio comigo mesmo com a expectativa de ter um casalzinho.
Guilherme que fiquei com receio que ficasse enciumado ao contar que iria
ganhar um irmãozinho / irmãzinha nos surpreendeu pulando de alegria, e nem
preciso dizer que está ao lado de Kat torcendo para que seja um menino para
brincar de futebol com ele junto de Bud, como diz.
Pouco depois finalmente chego na cafeteria que imagino que esteja, como
até agora não me confirmou o local.
Quando entro no estabelecimento, procurando minha noiva, estaco no lugar
desacreditado por ver que com quem está conversando, já o reconhecendo de
longe.
Que porra é essa, Katarina?

Tenho vivido um sonho finalmente, após ter perdido todas as minhas


esperanças em encontrar uma pessoa que iria desejar passar o resto de minha
vida, o amor que tenho vivido me fez renascer, curou minhas feridas, e tem me
feito tão feliz como nunca imaginei ser possível.
Derik e eu estamos cada dia mais grudados um com o outro, se isso for
possível, praticamente está morando em casa, tanto que conversou no final de
semana que fomos para a casa de meus pais anunciar nosso noivado oficialmente
com minha irmã e Marcos a respeito da entrega da casa, como pretendemos nos
casar em breve, não há necessidade de continuar alugando uma casa, sendo que já
tenho uma.
Até mesmo, pois já está morando comigo, tem ido lá apenas para buscar
roupas para o dia e fechar as janelas que deixa aberta durante o dia para arejar a
casa.
Minha irmã, não poderia ter ficado mais feliz por nós dois, e até mesmo
Marcos que o vê como um irmão.
Minha mãe ficou radiante com a novidade, e meu pai apesar de ciumento e
zeloso, vindo me perguntar se estou certa sobre a decisão que tomei, se realmente
estou feliz ao lado dele, percebi que também ficou satisfeito com o desfecho de
nossa história.
Apesar de não ter entrado em detalhes com nenhum deles sobre o final de
minha história com Gustavo, acredito que meu pai sempre desconfiou que houve
traição para eu ter sido tão radical como algumas pessoas me julgaram na época,
sem saber o real motivo.
Bárbara parece mais ansiosa que eu, já indo atrás de buffet, decoração para
casamento, só não foi atrás de espaço para a festa, pois já decidimos fazer na
própria fazenda a cerimônia. Meus pais adoraram a sugestão, o que facilitou por
estar em cima da hora, pois talvez nem conseguiríamos encontrar um local que
nos agrade com data disponível.
Como também tenho que arrumar a casa, pois vamos montar um quarto para
Gui e outro para o bebê conforme montarmos o enxoval para a chegada dele,
Bárbara ficou encarregada – o que pra ela é um sonho – de ir atrás de tudo para
meu casamento, eu apenas escolhendo qual me agrada mais, o que é ótimo, pois
nunca gostei dessa parte, amo uma festa, mas não dos detalhes até a realização
dele, diferente dela.
Todos os dias, Derik tem me deixado no trabalho e me buscado, e estou
amando a rotina que se formou entre nós.
Finalizo minha última consulta, ansiosa para ir embora curtir meu noivo,
quando pego meu celular para avisar Derik que já posso ir, Celeste me manda
uma mensagem pelo aplicativo da empresa, dizendo que há uma pessoa me
aguardando na recepção que gostaria de conversar comigo, perguntei quem seria,
me respondendo apenas ser um homem mas que não quer se identificar, e
informou que não irá embora enquanto não falar comigo pessoalmente.
Sinto um frio percorrer minha espinha com a possibilidade de quem poderia
estar tão disposto a conversar comigo, peço para Celeste descrever a fisionomia
dele para mim, confirmando minhas suspeitas.
— Mas que merda ainda quer falar comigo?
Respiro fundo desacreditada com sua audácia, em vir me procurar no meu
local de trabalho, crescendo uma revolta dentro de mim.
Determinada me levanto disposta a colocar um ponto final nessa história,
que pra mim agora mais do que nunca já está enterrada.
Abro minha porta irritada, mas paro na porta surpresa quando observo Sofi
discutindo com minha visita inesperada.
— Mas o que você pensa que está fazendo aqui? — Sofi diz apontando um
dedo em sua cara.
— Sofi, eu só quero conversar com Kat, vim em paz.
— Sofi é para os íntimos querido, pra você é SO.FI.A, — diz irônica com a
mão na cintura, — e a Kat não tem mais nada para conversar com você, será que
você não se toca garoto?
— Eu sei que ela não quer conversar comigo, mas eu quero, nunca tive
oportunidade de...
— Nem tem que ter, você já mostrou mais do que palavras podem expressar,
agora vaza daqui e deixa minha amiga em paz.
Fico emocionada com a maneira que minha amiga me protege, mas resolvo
intervir antes que avance sobre ele. – Não que ele não mereça. – Mas não quero
que quebre uma unha com isso, pois não vale a pena.
Limpo a garganta, mostrando a todos que estou ali ouvindo tudo, até Celeste
estava tão entretida com a briga de Sofi com Gustavo, que nem percebeu eu
entrar na recepção.
Vou até próximo de Sofi, dando um aceno com a cabeça indicando para
deixar comigo, que parece entender, dando um passo para trás, mas não sem antes
o fuzilar com seu olhar mortal.
Gustavo me olha esperançoso, por estar ali em sua frente pensando que irei
facilitar para ele.
— O que você quer Gustavo? — pergunto ríspida.
— Desculpa Kat vir aqui dessa maneira, mas só queria alguns minutos da
sua atenção.
— Está tendo. — Finjo parecer ouvir com meu olhar desdenhoso.
Ele olha para Sofi que parece querer avançar nele e Celeste que observa a
cena com curiosidade, depois voltando seu olhar para mim.
— Poderíamos ir aqui do lado em uma cafeteria conversar?
— Mas é muito cara de pau... — Sofi diz nervosa.
— Sofi... — coloco uma mão sobre seu braço a acalmando, pedindo em
silêncio para que deixe comigo, que cruza os braços visivelmente irritada.
— Gustavo, já te disse que não tenho interesse em conversar com você.
— Eu sei Kat, mas eu preciso de uma chance apenas, não vou sair daqui sem
antes falar com você, sozinha.
— Mas, seu... — Sofi avança um passo em sua direção, mas a seguro a
puxando de volta.
Respiro fundo, tomando a decisão que jamais imaginei.
— Faz o seguinte, me encontra na cafeteria aqui ao lado do prédio daqui dez
minutos.
Ele assente, apreensivo.
— Mas quem me garante que você vai ir? Prefiro te esperar e descermos
juntos.
Olho bem no fundo dos seus olhos, dizendo com toda a frieza que possuo.
— O mentiroso da história sempre foi você Gustavo, não eu. — Vejo seu
rosto corar envergonhado. — Se eu não fosse, falaria que não iria. Agora me
espera lá, que já vou.
Ele olha por alguns segundos para mim, concordando indo em direção ao
elevador.
— Você só pode tá de brincadeira que vai ir lá falar com ele Kat?
Volto para minha sala com Sofi me seguindo indignada.
— Sofi, preciso resolver isso de uma vez, ele parece uma assombração que
sempre volta, e quero colocar um ponto final de uma vez.
— Mas você já colocou há mais de dez anos atrás, ele que se conforme.
— Eu sei, mas parece que ele ainda não entendeu. — Respiro fundo
enquanto pego minha bolsa e meu celular. — Mas se para me deixar em paz,
precisa falar o que quer que seja, então que fale, desde que não me procure mais.
— Ainda acho que não deveria ir sozinha, e se Derik ver, ou descobrir?
— Eu não vou esconder nada dele, e ele tem que confiar em mim, da mesma
maneira que confio quando vai levar e buscar Gui daquela ex vadia que tem.
— Verdade, mas ainda fico com medo de você ficar nervosa, você está
grávida caramba.
— Eu sei amiga, e agradeço a preocupação, mas Gustavo não me afeta mais,
vou ficar bem, ok?
Sofi grunhe levantando as mãos para o alto como quem perdeu a batalha.
— Mas me promete que assim que sair de lá, me avisa que está tudo bem, ou
se precisar de qualquer coisa me liga que desço imediatamente. – Assinto
sorrindo a ela. – Só vou ir embora quando avisar que saiu de lá.
— Combinado, agora deixa eu ir, antes que volte aqui pensando que não irei.
Saio do consultório apreensiva, torcendo para ter tomado a decisão certa, e
resolver isso de uma vez por todas. Quando estou no elevador, envio uma
mensagem a Derik informando onde estarei, avisando que depois explico o
motivo torcendo para que não fique com raiva de mim.
Chego na cafeteria, respiro fundo entrando no estabelecimento. Gustavo se
levanta assim que me vê, visivelmente ansioso, parecendo aliviado em ver que
cheguei, vindo puxar a cadeira para mim, mas o corto.
— Não precisa! — digo ríspida, fica sem graça se sentando em seu lugar.
A garçonete vem até nossa mesa fazer o pedido aceitando apenas uma água,
e Gustavo também.
Ele limpa as mãos na calça, nervoso até que corta o silêncio quando a
garçonete se afasta.
— Você está linda, Kat! — seu elogio me irrita, resolvo o colocar em seu
lugar.
— Obrigada, é o amor! — digo irônica. — Agora diz o que você tanto
precisa falar comigo, porque estou com pressa.
Gustavo desce seu olhar por meu corpo até minhas mãos em cima da mesa,
até que parece ver minha aliança, vejo seu pomo de adão subindo e descendo,
enquanto se mexe inquieto na cadeira, perguntando irritado.
— Você está noiva?
— Não que seja da sua conta, mas sim, estou! — levanto minha mão com a
aliança o exibindo com gosto, não era minha intenção fazer isso, mas que foi bom
mostrar para ele ver o que perdeu, isso foi ótimo. Vejo seu maxilar trincar. — Mas
acredito que não tenha sido para isso que me chamou, certo?
Fica pensativo por alguns segundos, tentando se recompor, até que limpa a
garganta dizendo olhando em meus olhos.
— Não, não foi por isso que lhe chamei.
— Estou ouvindo. — Arqueio a sobrancelha aguardando.
— Bom, primeiramente queria te pedir desculpas por tudo que te fiz passar,
sei que errei, me deixei levar pensando no dinheiro em primeiro lugar, mas
sempre te amei Kat.
Não aguento sua declaração, me fazendo rir ao ponto de sair lágrimas de
meus olhos.
— Desculpa, mas você falar de amor, enquanto vendia seu corpo chega a ser
cômico. — Respiro fundo, vendo o quanto ficou incomodado com minha reação.
— Pode continuar.
— Eu sei que pode parecer mentira minha. Que me divertia enquanto
ganhava dinheiro, mas nunca foi o caso, sempre sentia nojo de todas as mulheres
que tive que tocar, — abaixa o tom de voz envergonhado com o que diz — só
conseguia seguir em frente quando imaginava ser você ali comigo.
— Meu Deus, — coloco a mão na boca surpresa com o que falou — devo
ficar lisonjeada, então? Que imaginava transar comigo, enquanto me traía se
prostituindo? — o encaro indignada — Jura, Gustavo?
— Claro que não, Kat!
— Katarina! — o corto, não vou facilitar pra ele.
— Certo, Katarina. — diz tristemente — Sei que não acredita em mim, e
acha que fui um monstro, e posso ter sido de fato porque se fosse ao contrário
jamais aguentaria, mataria quem encostasse um dedo em você, por isso te
compreendo que não me entenda. Mas, sempre te amei. Ficava desesperado em
não conseguir dar pra você o que merecia, ter que ficar dependendo dos seus pais,
me sentia humilhado, — percebo seus olhos umedecidos, me deixando chateada
por ter se sentido dessa maneira — quando surgiu essa oportunidade, neguei,
jamais quis outra mulher que não fosse você, mas a pessoa ficou insistindo, indo
todos os dias me procurar no bar, até que aceitei jurando a mim mesmo que seria
provisório, até conseguir me formar seguindo minha carreira. O remorso era tão
grande, que usava todo o dinheiro com você, te mimando, tentando te agradar,
com o máximo que pudesse.
— Olha Gustavo, eu sabia que se sentia mal em depender da ajuda de meus
pais, mas preferia mil vezes que você trabalhasse dignamente não me dando nada,
mas sendo fiel, do que o que você fez.
— Eu sei, Kat... Katarina. — Se corrige rapidamente. — Hoje eu entendo,
tanto que quando te perdi, não pensei duas vezes saindo dessa vida, com a
esperança que visse que parei com isso, me perdoando e talvez me dando mais
uma chance.
Nego com a cabeça ao ouvir seu comentário, enquanto continua.
— Se fosse por prazer, quando te perdi poderia ter continuado concorda?
Mas não foi o caso. Quando saiu da minha vida, não vi mais sentido em me
sacrificar percebendo a besteira que fiz com minha vida.
Respiro fundo, pensando no que responder.
— Certo Gustavo, o que você quer me contando tudo isso? Trazendo essa
história à tona depois de tantos anos.
— Gostaria que me entendesse, e me perdoasse. Sei que não mereço seu
perdão, mas é algo que sempre me doeu por ter te machucado, doeu mais em mim
do que em você.
— Impossível! Ninguém te obrigou a fazer o que fez, você tomou a atitude
que achou melhor, mas sabia que se eu descobrisse iria me perder, mas preferiu
pagar pra ver. — Dou de ombros tomando um gole de minha água.
— Sim, e você não imagina o quanto me dói todos os dias ter te perdido.
Nunca mais consegui me apaixonar por ninguém, além de você Kat. — Estica seu
braço tocando minha mão com carinho, mas seu toque faz queimar minha mão a
recolhendo rapidamente. — Ainda sou apaixonado por você, por mais que não
acredite eu ainda te amo, e sei que podemos não retomar de onde paramos de um
dia para o outro, mas quero a chance de tentar te reconquistar, nos reaproximar de
novo, mas fazendo tudo certo a partir de agora.
Em pensar que há um tempo, apesar de machucada meu sonho era ouvir
isso, ver em seus olhos o quanto estava arrependido e que me amava.
Mas hoje, não consigo sentir satisfação nenhuma em ouvir tudo isso, nem
sentir meu coração palpitar com a declaração que ainda me ama e poderíamos
retomar de onde paramos.
Não sinto absolutamente, nada. Há não ser, compaixão talvez.
Olho minha aliança, lembrando do meu noivo, no quanto tem me feito feliz,
em como o amo, como é lindo, carismático, esforçado, trabalhador e um ótimo
pai, sentindo meu coração se aquecer com as lembranças de nossos toques.
Percebo Gustavo inquieto aguardando que eu diga alguma coisa, respiro
fundo colocando meus pensamentos para fora.
— Eu entendo todas as suas frustrações, e apesar de não concordar com a
atitude que tomou para nos sustentar, compreendo ter feito o que fez. Mas isso
não muda o que sofri, e na maneira que me estragou para outras pessoas desde
então, não conseguia confiar em mais ninguém depois de você, até Derik aparecer
em minha vida e colar todos os caquinhos do meu coração, que você destruiu. Se
você quer meu perdão, eu te perdoo do fundo do meu coração. Mas é apenas isso
que terá de mim, nada mais!
— Você o ama? — me pergunta olhando para sua água.
— Sim, Gustavo, — nem exito em responder — depois de muitos anos
sofrendo, finalmente encontrei alguém que mereça meu amor, eu o amo muito.
Nós vamos nos casar em poucos meses, estou feliz finalmente — falo com um
sorriso no rosto — vamos ter um filho em breve...
— Filho? — questiona desacreditado.
— Isso, um filho. Por isso, sinto muito, mas é tarde para seu arrependimento
e tentativa de reconciliação, pois hoje meu coração já tem dono.
— Você sabe muito bem que sempre tentei me reaproximar Kat!
— Sim, mas o trauma e decepção foram maiores que o amor que sentia por
você. — Digo sincera.
— Então por que agora resolveu me ouvir? E não antes? — fala num tom
irritado, por não ter dado a oportunidade de lutar por nós antigamente.
— Porque agora as feridas do meu coração foram cicatrizadas e consigo
conversar a respeito com você, sem sentir nojo ao te olhar, e isso tudo é graças ao
Derik.
Ele revira os olhos, pensativo por alguns instantes, enquanto pego o dinheiro
em minha bolsa para pagar minha água, ouvindo seu pedido.
— Podemos pelo menos tentar ser amigos, de novo?
Quando vou responde-lo, uma voz autoritária conhecida se aproxima por trás
de mim me arrepiando toda.
— Cheguei amor! — olho para cima vendo meu homem ainda mais lindo do
que pela manhã, parado ao meu lado com as mãos em meu ombro, direcionando
um olhar assassino a Gustavo que o encara da mesma maneira.
— Oi lindo. — Digo tentando voltar sua atenção para mim. — Já estava de
saída.
Derik volta seu olhar hipnotizante para mim, me cumprimentando com um
beijo em meus lábios marcando território, me fazendo sorrir.
Vou me levantando, enquanto Derik coloca suas mãos possessivas em minha
cintura. Olho para Gustavo, que me olha decepcionado.
— Respondendo a sua pergunta, Gustavo. Não, não podemos ser mais
amigos. — Pego minha bolsa, voltando meu olhar a ele — Espero que agora que
conversamos, possa seguir em frente como eu segui e ser feliz como estou sendo.
— Dou um sorriso reconfortante me despedindo — Adeus, se cuida!
Deixo o dinheiro na mesa, me virando para Derik com seu olhar orgulhoso
para mim.
— Vamos lindo!
— Com certeza. — Dá um meneio de cabeça para Gustavo, me seguindo.
EPÍLOGO

4 meses depois.

Finalmente chegou o grande dia, estou me sentindo nas nuvens por enfim
realizar meu sonho em formar minha família.
O cabelereiro já terminou de arrumar meus cabelos, escolhi um penteado
pouco preso na frente e totalmente solto atrás com leves cachos presos com um
arranjo com strass descendo da metade da cabeça até a nuca, com algumas pontas
soltas na frente e laterais do penteado.
Na maquiagem pedi algo não muito carregado como o casamento será no
final do dia, destacando meus olhos com um esfumaçado junto de brilho, um
delineado destacando o verde de meus olhos, e o batom em um tom nude rose.
Coloco os acessórios necessários com a ajuda de Bárbara, para finalizar com
meu vestido. Seu tecido é leve, estilo voal, com alças não muito grossas, sem
decote, mas justo nos seios, abaixo deles um cinto de strass marcando minha
grande barriga que está próximo dos sete meses, sendo mais solto até os pés com
um corte dá minha coxa em diante na perna esquerda ficando mais sexy. Lindo,
simples e confortável da maneira que gosto.
Assim que fico pronta, sinto meu coração disparar em ansiedade com o
grande momento chegando.
— Você está maravilhosa maninha! — Bárbara diz emocionada.
— Não vai chorar, porque senão também vou e não quero parecer uma noiva
cadáver. — Falo brincando, porque obviamente minha maquiagem é a prova
d’água.
— Preparada? — diz me abraçando se controlando para não chorar.
— Com certeza! — digo sorrindo radiante.
Nesse momento, minha mãe entra no quarto emocionada ao me ver pronta,
junto do meu pai vendo seus olhos lacrimejarem, apesar de tentar disfarçar.
Sinto nesse momento Gaby chutar, o que sempre me faz sorrir com a
sensação em sentir. Sim, Derik acertou com seu instinto melhor do que eu, vê se
pode isso!
Meu coração aquece ao lembrar em como tem agido desde que resolvemos
ficar juntos e nos casar, apesar de não ter procurado ser pai, já está sendo um pai e
tanto, sempre preocupado comigo e com nossa bebê, fazendo minhas vontades,
até quando comento algo sem muita vontade, faz questão de ir atrás comprar para
me agradar independente do horário que for. Tem arrumado todos os detalhes ele
mesmo do quartinho dela, pois diz ser um prazer poder fazer isso, como pintar,
montar o berço, sempre compra algum presentinho para colocar de enfeite no
quartinho. As vezes parece até estar mais empolgado do que eu.
Não poderia ter escolhido alguém melhor para dividir esse momento tão
importante comigo.
Gui também está todo animado em ter uma irmãzinha, diz que irá ajudar a
cuidar dela, ao ponto de ter pedido para Derik para ficar mais tempo conosco.
Adoramos a ideia, tanto que meu noivo, pediu a guarda compartilhada ao juiz
para ficarmos mais tempo junto dele, o que para nossa alegria foi concedido pela
justiça, claro, que não agradou muito sua mãe, mas quando ela pede para o ver e
passar o dia com ele, Derik permite, pois ele pode precisar também quando
estiver nos dias dela, é melhor termos um bom relacionamento para evitar
problemas futuros.
O quarto dele também está pronto do jeitinho que pediu.
Ficamos em minha casa mesmo, afinal é um bom lugar, espaçoso,
condomínio organizado e perto de onde trabalhamos.
Na mesma semana que tive aquela conversa com Gustavo, conheci
finalmente a família do meu querido noivo, adorei seus pais e até mesmo seu
irmão que me tratou muito bem.
Derik e ele aos poucos tem se reaproximado, deixando as mágoas no
passado, que é onde devem ficar. Sempre tem conversado por telefone, e como os
dois moram hoje em São Paulo, as vezes vem nos visitar. E antes que pense que
Alice também se aproximou de nós a esse ponto, não, Anthony descobriu que ela
o estava traindo, além de ter percebido que ainda se insinuava ao meu futuro
marido, sendo o que precisava para colocar um fim em seu relacionamento com
ela.
Bárbara de repente me tira do meu devaneio.
— Maninha, vou descendo para entrarmos, seu noivo está uma pilha de
nervos, achando que está demorando demais. — diz rindo do nervoso de Derik.
— Certo, maninha! Vão indo.
Me abraça mais uma vez, seguida de minha mãe, indo em direção ao local da
cerimônia, me deixando apenas com meu pai.
— Você é a noiva mais linda que já vi minha filha, voltou a brilhar de alegria
e não sabe o quanto fico feliz em ver isso, depois de tantos anos que estava com
seu brilho apagado, é por isso que me sinto em paz em te entregar a Derik, pois
vejo o bem que te fez.
Suas palavras me emocionam, não conseguindo segurar uma lágrima que
escorre por meu rosto.
— Mas não chora filhota, hoje é o seu grande dia, o início do seu feliz para
sempre!
— Ai paizinho... — falo emocionada o abraçando — obrigada por ser o
melhor pai do mundo!
Ouço meu pai fungando, se segurando para não chorar, mas não
conseguindo.
A cerimonialista bate na porta nos despertando para o grande momento.
— Vamos indo? Os padrinhos e o noivo já entraram.
Sorrio para ela, meu pai limpa seu rosto oferecendo seu braço para segurar,
que o aceito de bom grado. Dou lhe um beijo no rosto, dizendo.
— Vamos!
E assim seguimos para o grande amor da minha vida.
A marcha nupcial começa a tocar, indicado minha chegada enquanto
caminho devagar para o local de minha entrada, quando paro no início do
corredor, começa a tocar a música escolhida, que acredito dizer o que sentimos
um pelo outro.
Com música ao vivo e uma cantora, tocando enquanto entro devagar,
olhando diretamente para o homem mais lindo que já conheci, emocionado com a
surpresa que faço para ele.
A voz da cantora canta “No meu coração você sempre vai estar” do filme
Tarzan.

Não tenha medo, pare de chorar


Me dê a mão, venha cá
Vou proteger-te de todo mal
Não há razão pra chorar
No seu olhar eu posso ver
A força pra lutar e pra vencer
O amor nos une para sempre
Não há razão pra chorar
Pois no meu coração
Você vai sempre estar
O meu amor contigo vai seguir
No meu coração
Aonde quer que eu vá
Você vai sempre estar aqui
Por que não podem ver o nosso amor?
Por que o medo, por que a dor?
Se as diferenças não nos separam
Ninguém vai nos separar
E no meu coração
Você vai sempre estar
O meu amor contigo vai seguir

Percebo Derik limpando algumas lágrimas que escorrem por seus olhos sem
se importar com quem vê, consigo sentir em seu olhar o amor que sente por mim,
me emocionando ainda mais.
Meu pai entrega minha mão a ele, dizendo em seu ouvido conforme o abraça
“cuida bem dela hein”, me fazendo sorrir com seu jeito protetor, enquanto Derik
responde emocionado, “com toda a certeza, cuidarei com minha vida, dela e de
minha filha!”.
O juiz de paz junto do celebrante do casamento, iniciam nossa cerimônia,
mas mal presto atenção no que dizem apenas admirando o homem maravilhoso ao
meu lado.
Poucos minutos depois nós estamos casados, quando enfim o celebrante diz.
— Pode beijar a noiva!
Derik se aproxima dando o beijo que tanto amo selando o início de uma
grande vida juntos.
Nossos pais primeiramente nos cumprimentam, depois nossos queridos
padrinhos Bárbara e Marcos, Sofi junto de Anthony — que por sinal ficaram
lindos juntos — e Liv junto de Vini, o que é outra história a ser contada.
Curtimos a festa até o sol raiar, com muita dança e bebidas para quem bebe.
No dia seguinte viajamos para Maldivas, como tenho tido uma gravidez
tranquila o médico autorizou desde que prometesse tomar cuidado não me
excedendo muito para não correr o risco de Gaby nascer por lá mesmo.
Aproveitamos cada momento juntos em nossa lua de mel, fazendo amor,
conhecendo novos lugares, curtindo um ao outro como senão houvesse amanhã,
nunca tendo sido tão feliz como agora.
Assim que emergimos da água que estamos mergulhando, abraço o meu
lindo marido, vendo o quanto a cor de seus olhos, se parecem com a água que
estamos nadando, admirando ainda mais sua beleza esplêndida, me declarando a
ele.
— Obrigada por ter aparecido em minha vida e por me fazer a mulher mais
feliz desse mundo. Te amo meu deus grego.
— Obrigado você minha linda, por ter me ensinado a amar e mostrar que
antes de você chegar no meu caminho, eu não conhecia o que era felicidade.
Em pensar que tudo começou graças aos jogos que o destino fez conosco,
criando diversas possibilidades de encontro entre nós, desde um acidente em um
restaurante, uma ida a balada e até um jantar que minha irmã me obrigou a ir.
Levanto meu rosto para o lindo céu anil agradecendo ao destino por intervir
em nossas vidas.
Derik aproxima seus lábios dos meus, me beijando como se fosse a primeira
vez, transbordando meu coração de alegria.
BÔNUS

Um ano se passou desde que Kat e eu nos casamos, e temos vivido uma
grande lua de mel.
Claro que nem tudo são flores, com a chega da princesinha Gaby ficamos
muitas noites sem dormir, — não no bom sentido — quando as cólicas surgiram,
o cansaço bateu, mas sempre fazendo o possível para ajudar Kat para não a
sobrecarregar.
Mas mesmo com toda a correria e cansaço, nunca fomos tão felizes, nossa
princesinha é linda, tão parecida com a mãe que já faço planos em um futuro
próximo de comprar uma espingarda para espantar os meninos de perto dela,
loirinha de cabelos lisos com os olhos cor de esmeraldas, tão linda.
Assim que nasceu, fiz questão de ficar algumas semanas de férias, para
ajudar o máximo que pudesse minha linda esposa, pois sim, Kat continua linda,
seu corpo já voltou ao normal há um tempo, mas ficou com mais curvas ainda do
que antes, o que adorei por sinal.
Nós dois continuamos com o mesmo fogo de antes, o que foi uma tortura na
fase da quarentena quando não podíamos transar, mas deu tudo certo.
Hoje Kat resolveu fazer um jantar especial para nós três, mesmo não sendo
uma data comemorativa, já comemoramos nosso primeiro ano de casados há um
mês, deixando nossa princesinha com seus pais para passarmos a noite juntos, o
que foi uma delícia, sinto meu pau despertar apenas em recordar de tudo que
fizemos naquela noite, já sentindo vontade de repetir.
Kat fez uma lasanha de beringela para jantarmos, e legumes refogado com
frango assado para Gaby como ainda não pode comer qualquer coisa.
Seguro minha filha que está gargalhando com as cócegas que faço nela,
enquanto Gui também faz graça ao ver sua irmãzinha rir de suas palhaçadas.
Assim que sentamos a mesa, coloco Gaby em sua cadeirinha, enquanto Gui
se senta ao seu lado, protetor como sempre, com uma caixa em suas mãos.
Jantamos animados, conversando, brincando com Gaby enquanto Kat dá sua
papinha para ela.
Quando terminamos o jantar, Kat olha para Gui acenando a ele, me
questionando o que os dois estão aprontando.
Gui olha para mim, estendendo para mim a caixa que estava em seu colo.
— Papai pra você!
— Ual, presente pra mim fora de época. — Digo surpreso. — O que vocês
estão aprontando hein?!
Vou soltando o laço que prende a caixa pequena em minhas mãos, retirando
a tampa que a fecha, enquanto Kat se remexe inquieta na cadeira.
Quando meus olhos, descem para a caixinha descoberta, fico desacreditado
com o que vejo.
Dois sapatinhos de crochê amarelo para bebês, com um cartãozinho em
cima, dizendo.
Parabéns, você será papai de novo! =D
Olho para Kat, visivelmente apreensiva, sentindo meus olhos lacrimejarem,
limpando a garganta para perguntar.
— Sério isso? Vamos ter um bebê?
Ela assente com um leve sorriso no rosto, buscando saber como fiquei com a
novidade.
Me levanto da cadeira, a puxando para meus braços a abraçando, seguro seu
rosto em minhas mãos a beijando com todo meu amor, por me proporcionar mais
essa alegria em me dar mais um filho, sendo esse fruto de nosso amor.
As lágrimas escorrem pelo rosto de minha esposa, quando me ajoelho em
frente à minha esposa, trazendo para perto de mim beijando sua barriga ainda
reta, dizendo emocionado.
— Seja bem-vindo a família meu filho, papai já te ama muito!
Gui se levanta vindo correndo até nós, nos abraçando por ter entendido o que
está acontecendo, enquanto ouvimos Gaby batendo palminhas dando risada com a
cena em sua frente, mesmo sem entender, nos fazendo rir.
Quando pensava que não poderia ser mais feliz, descubro que mais uma vez
estava errado.
[1]na França, forma de tratamento que antecede ger. o sobrenome de um
homem, podendo tb. anteceder à função por ele exercida; senhor.
Agradeço primeiramente a Deus, por ter me permitido finalizar esse trabalho
tão importante para mim, e por me fazer acreditar que mesmo em meio as lutas,
nunca podemos deixar de acreditar que iremos alcançar a vitória.
Ao meu marido, por ter me incentivado e acreditado mais em mim, do que
muitas vezes eu mesma acreditei, pelo amor e paciência comigo ao longo dessa
jornada. Sem você não teria conseguido.
Aos meus pais por sempre me incentivar a correr atrás dos meus sonhos, por
mais difíceis que parecessem em alcançar.
A minha família, que acreditou em meu potencial me apoiando a seguir em
frente, em meio a muitas críticas, sempre me encorajando a continuar não
ouvindo as palavras negativas que tentam nos desanimar no meio do caminho.
As minhas leitoras betas e também grandes amigas, que leram em primeira
mão minha estória, me mostrando que estava no caminho certo, quando a
insegurança tentava me desanimar. Vocês foram essenciais para chegar até aqui.
A minha revisora, pelas dicas e por ter acreditado nela.
E aos meus queridos leitores, nada disso seria possível sem vocês, obrigada
por fazerem parte de minha empreitada, espero ter conseguido trazer um pouco de
alívio em meio a um momento tão difícil que temos vivido. Pois da mesma
maneira que muitas vezes outras estórias me ajudaram a espairecer, assim
também espero ajudar a todos vocês que caminham junto de mim nessa nova fase.
Meu muito obrigada a todos!
Não esquece de avaliar no final do livro, deixe seu comentário, sua avaliação
é muito importante para o desenvolvimento do meu trabalho.
Caso queira enviar algum comentário, sugestão ou críticas segue meus
contatos:

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