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Entro em meu Corolla, ligo meu carro e a música Girls like you do Maroon 5
quebra o silêncio, saio do estacionamento do condomínio para enfrentar o trânsito
de São Paulo, gosto de ouvir música em tudo que faço porque me acalma, ainda
mais no trânsito. Moro próximo do trabalho, uns trinta minutos andando, mas
para não chegar todo dia suada acabo vindo de carro, tenho uma rotina bem
puxada, acordo as cinco e meia da manhã me arrumo, indo pra academia perto de
casa, as sete estou saindo da academia me trocando em casa para ir trabalhar
cuidar das minhas crianças. Procuro cuidar da minha saúde e consequentemente
do meu corpo. Geralmente depois do trabalho sempre faço alguma coisa, as vezes
cozinho pra não ficar comendo fora ou arrumo a casa, pago uma diarista duas
vezes na semana pra deixar as coisas sempre limpas, mas mesmo assim procuro
sempre deixar as coisas organizadas, porque odeio bagunça e sujeira.
Minha mãe sempre pegou no meu pé quando criança, consequentemente
cresci extremamente organizada e apaixonada por uma casa cheirando a limpeza.
Meus pais moram no interior em Sorocaba, com isso pelo menos duas vezes
ao mês vou visita-los, minha irmã Bárbara mora aqui em São Paulo também com
seu marido Marcos, que é um empresário de uma grande construtora, a vejo
sempre com frequência, até mesmo porque faço questão de visitar o meu
sobrinho/afilhado Nathan de três anos que sou completamente apaixonada.
Em vinte minutos chego em casa e sou recebida com um Bud mega eufórico.
— Hei garotão, como você passou o dia, bagunçou bastante na minha
ausência hein?? — falo com meu cachorro enquanto brinco mexendo atrás de sua
orelha, que tanto gosta, ele em resposta lambe mais meu rosto enquanto abana o
rabo mostrando sua total alegria em me ver. Acabo me lembrando de mais um
detalhe que me deixa insatisfeita em relação ao Henrique, ele não gosta muito de
cachorros (animais em geral), e é uma coisa que sempre me incomodou, porque
considero meu cachorro como um filho, rolo os olhos ao pensar nisso.
Acho que o Bud não vai sentir muita falta dele.
— Tudo bem, vamos entrar que a mamãe tem que cuidar de você e se
arrumar pra sair.
Dentro de casa com Bud, dou ração a ele para ir comendo, enquanto vou
escolher uma roupa pra usar e tomar meu banho.
Após lavar meu cabelo, coloco um roupão, seco os cabelos para destacar os
fios loiros, faço uma maquiagem básica, mas que tire as expressões de cansaço do
meu rosto e assim fico pronta. Coloquei um vestido de inverno cinza que é mais
justo em meus seios e cintura e soltinho em baixo, com meia fina preta e uma
bota cano curto. Olho no espelho e gosto do que vejo.
Não quero ficar mega produzida para não passar a impressão errada, como
se estivéssemos comemorando alguma coisa, sendo que é ao contrário. Me
despeço de Bud, pego minha bolsa, chave do carro e saio de casa para encontrar
Henrique.
Chego cinco minutos antes do combinado, já pedindo uma mesa para
jantarmos.
O garçom me oferece o cardápio, peço uma água enquanto aguardo
Henrique chegar, que pra variar está atrasado, bufo revirando os olhos em pensar
que nunca consegue chegar no horário em nada que combinamos.
Incrível viu...
Após vinte minutos, ele chega, Henrique é mais alto que eu, possui um
metro e oitenta, olhos e cabelos castanhos, tem o porte atlético porque corre todos
os dias, e bem simpático. Está vestindo uma camiseta polo verde claro e calça de
sarja na cor caqui, os cabelos estão molhados indicando que tomou banho
recentemente.
Me cumprimenta com um beijo no rosto se sentando em minha frente,
fazemos o nosso pedido ao garçom e conversamos um pouco sobre o dia de cada
um.
Após o jantar resolvo entrar no delicado assunto.
— Então Henrique, te chamei pra jantar hoje pois quero conversar com você.
— Sim Kat, percebi que estava um pouco tensa e não temos o costume de
nos encontrar durante a semana. – Percebo pelo remexer de suas mãos sua
ansiedade, imaginando que não seja boa coisa nossa conversa.
— Sim, mas não dava pra esperar até o final de semana, por isso achei
melhor conversarmos logo. – Penso em como vou entrar no assunto, mas não tem
muita saída, respiro fundo e começo — Não sei como você tem se sentido em
relação a gente, mas conforme já conversei com você algumas vezes, acho que a
nossa relação está um pouco estagnada, estou próxima de fazer 33 anos e quero
ter um filho, como percebo que nossa relação não está indo pra frente como
gostaria, é melhor terminarmos agora para não deixar isso mais pra frente e
nenhum de nós sermos felizes. Gosto muito de você, tenho um carinho enorme
por você, mas não estamos mais felizes juntos e quero muito realizar meu sonho.
— analiso sua fisionomia que mostra a decepção em seu olhar e resolvo falar tudo
de uma vez, já que ele não está tentando falar nada — resolvi que vou fazer
inseminação artificial tendo o meu filho, sozinha. — Jogo a bomba logo de uma
vez, antes que desista e amanhã me veja grávida imaginando que engravidei de
outro estando com ele, ou até mesmo que o filho seja dele.
Vejo pela cara que Henrique faz, que não é a conversa que ele estava
esperando, talvez imaginasse que seria um assunto delicado em relação a nós
dois, mas não que já havia tomado minha decisão sobre ir em frente pra ter um
filho sozinha. Mas não é de hoje que converso com ele e não vejo nenhuma
vontade de sua parte de mudar e levar a nossa relação para um âmbito mais sério.
Após limpar a garganta, comenta.
— Ual, não estava esperando por isso, sim você já conversou comigo sobre
nossa relação, mas acho que nos damos tão bem para terminarmos uma relação de
quatro anos e resolver que vai ter um filho — suspira e fala — sozinha... — ele
para um pouco e continua — não sei nem o que falar, sei que quer muito ter um
filho, mas ainda temos tempo pra isso.
Bufo, porque pra variar sempre tenta me enrolar com esse papo de que temos
tempo, acabo perdendo a paciência que tentava ter e jogo a real.
— Eu sei que você não se sente no momento de ter um filho, mas eu me
sinto, então não precisa se preocupar, não dá pra deixar mais pra frente porque
não quero ser uma mãe velha que parece uma avó ao lado dele. Por isso estou
colocando um ponto final em nossa relação, não é porque eu estou preparada para
dar um passo à frente que você também tem que estar. — Posso ter sido fria e
ignorante, mas realmente não temos muitas coisas em comum, preciso ser realista
e não agir com o coração, afinal, quem vai pensar em mim senão eu mesma?
Ele fica pensativo e continuo.
— Não é de hoje que percebo que não estamos em sintonia, não temos os
mesmos sonhos e objetivos, é melhor resolvermos agora essa situação para evitar
que nós dois Sofríamos no futuro. Você é uma excelente pessoa, só talvez não
sejamos a pessoa certa para o outro.
Ele pega a minha mão dizendo com os olhos cheio de lágrimas.
— Kat, eu sei que tá insatisfeita comigo ultimamente, mas podemos resolver
isso, eu posso melhorar...
Retiro minha mão delicadamente da dele, para não parecer mais grossa do
que já estou sendo o cortando.
— Eu sei que você pode, mas não quero continuar tentando, não mais, não
tenho idade para continuar esperando, daqui a pouco se vai mais um ano e
continuamos na mesma, — suspiro me acalmando — sinto muito, podemos tentar
ser amigos se quiser, mas realmente acabou.
Vejo que ele fica triste e eu também fico, nunca é fácil terminar um
relacionamento, se você ficou com a pessoa tanto tempo é porque sente algo por
ele. Chamo o garçom pedindo que feche a conta, pago o jantar — que por sinal
não faz nem um esforço de pagar ou rachar a conta — ah qual é, não me julguem,
sou romântica, sei que estamos no Sec. XXI e que a mulher tem a sua
independência, mas ainda aprecio um bom cavalheirismo e isso ultimamente está
escasso, por isso não posso ficar sentada, esperando o príncipe encantado no
cavalo branco pois ele nunca vai aparecer, dou um abraço rápido nele indo
embora.
Após vinte minutos estou em casa, tomo outro banho pensativa se tomei a
decisão certa, concluindo que sim, tomei.
Nunca é fácil terminar um relacionamento, esse já é o meu terceiro namoro
que não dá certo, talvez eu que seja muito crítica e não eles que sejam o problema
— apesar de no meu primeiro relacionamento eu ter terminado, não foi por culpa
minha, reviro os olhos só em lembrar daquele ser desprezível voltando ao meu
raciocínio.
Chego à conclusão de que é melhor ficar sozinha e ter o meu filho, assim
não preciso dar o fora, e muito menos sofrer por causa de outra pessoa.
Sofri muito no passado. Quem nunca teve um amor não correspondido, não
é? Pois é, nunca é fácil, por isso estou desistindo de encontrar uma pessoa ideal
para passar o resto da minha vida e sim ter a minha família sem precisar de um
marido ou namorado.
Não estou dizendo que vou virar celibatária, até parece que consigo, mesmo
que quisesse, mas acho que vou me espelhar em Sofi e deixar rolar mais sexo
casual, não no primeiro encontro, claro, não é pra tanto também, mas não quero
saber de namorado no momento, apenas quero ter meu filho e está ótimo. Até
mesmo porque quando eu tiver não vou ter tempo nem pra sexo casual por um
tempo. Se um dia eu encontrar a tampa da minha panela, excelente, senão vida
que segue. Termino meu banho, jogo no lixo esse sentimento de tristeza tentando
renovar meus pensamentos.
— Pronto, seguir em frente sempre, vou atrás do meu sonho e ser feliz.
Amanhã será um novo dia. – Acabo lembrando de uma música do Jota Quest que
se adequa com o pensamento que estou tentando ter começo a cantar.
— E se quiser saber pra onde eu vou, pra onde tenha sol, é pra lá que eu
vou...
Após vestir meu baby doll, separo a roupa para ir à academia e ir trabalhar
para o dia seguinte, pego meu livro Engano irresistível (sim, adoro um romance,
não me julguem) e celular me deitando.
Respondo algumas mensagens que ainda não tinha retornado, confirmando o
Happy Hour de sexta com minhas amigas e procurando uma desculpa pra dar a
minha irmã para não ir ao jantar da próxima quarta-feira que ela e o marido estão
organizando, pra apresentar um amigo deles para algumas pessoas, que está vindo
de outra cidade, não estou muito animada pra ficar fazendo sala pra gente fresca.
Digo a ela que não sei se vou conseguir ir mas não entro em detalhes, mas
conhecendo ela, tenho certeza de que vai me infernizar pra fazer eu ir, ainda mais
se souber que agora estou solteira, mas depois penso em uma desculpa melhor,
pego meu livro em cima do criado mudo, pensando mais uma vez antes de
começar a ler “amanhã será um novo dia”...
CAPÍTULO 2
Nos dirigimos para uma mesa próxima de onde estava com as meninas, e
pelo que mostrou apontando com a cabeça, também não muito distante seus
amigos estão.
Ele pede uma porção de calabresa frita, me olhando ao responder o garçom.
— Vou querer outra cerveja, e você Kat quer beber o que?
— Pode ser uma cerveja também. — Respondo.
As pessoas estão bem animadas, começando a dar os seus famosos
“vexames” por causa da cachaça. Eu mesma não estou muito atrás, só bebi e até
agora não comi, me sinto nervosa por estar com ele aqui, apesar de não ser nada
demais.
Talvez não esteja me sentindo pior, por causa das músicas, que acabam me
acalmando mesmo sem perceber, mexo meu corpo levemente conforme seus
ritmos cantando baixinho.
Tento evitar alguns pensamentos, mas é difícil, toda hora me pergunto se ele
não está com ninguém, pois afinal se estivesse com alguém, não estaria aqui,
agora, apenas comigo né, rio do meu próprio pensamento, porque isso não quer
dizer nada, quantos homens são casados e tem relacionamentos extra conjugais
certo? O traste do meu ex volta em minha mente, balanço a cabeça em negativa
como se isso fosse o suficiente para retirar ele da minha cabeça. Derik deve ter
percebido minha expressão, pois pergunta.
— O que está pensando pra ter ficado com essa cara? — me olha intrigado
com seus olhos azuis lindíssimos, penso no que vou dizer pra sair dessa, porque
soltar que ele pode ser um cara comprometido e tem a possibilidade de estar
traindo a sua namorada ou com intenção, seja lá o que for, não seria uma boa
ideia.
— Nada demais, só percebi que estou misturando as bebidas, e amanhã vou
ter uma bela de uma ressaca — rio dando de ombros, parece ter acreditado em
meu papo furado.
— Realmente ressaca não é uma boa, já tive muitas e hoje sempre tomo
cuidado para não ficar assim.
— Está certo! — comento e ele assente me olhando de uma maneira que
gostaria de conseguir ler seus pensamentos, após o garçom trazer nossa porção
junto das bebidas continua.
— Até mesmo que amanhã cedo trabalho, e não seria uma boa ideia ir de
ressaca trabalhar. E você amanhã vai para o consultório?
Digo que não, raramente abro o consultório aos sábados. O papo continua
rolando tranquilamente, não sei se é por causa da quantidade de álcool ingerido
ou qualquer outro motivo, mas me sinto um pouco mais confortável ao seu lado,
nem percebendo a hora passar.
O clima continua quente entre nós, é palpável em seu olhar, e o meu não
deve estar diferente. Sempre que tem a oportunidade, toca em meu braço, retira
uma mecha de meu cabelo do meu rosto, e eu estou adorando a sensação de
qualquer toque que esteja me dando, na verdade, estou me sentindo uma
adolescente que fica ansiando por qualquer proximidade de seu primeiro
namoradinho.
Derik arrasta a cadeira para mais próximo de mim, conforme vamos
conversando, assuntos quaisquer como o quanto gostava de morar em São José
dos Campos, o porquê resolveu se tornar um engenheiro, e até mesmo coisas
banais como uma música qualquer que toca nos lembrando de algo para
mencionar. Percebo que conforme conversa comigo, sempre se inclina para mais
próximo de mim, o que facilita eu sentir seu cheiro de homem perfumado, esbarra
seus braços nos meus, fazendo com que me arrepie dos pés à cabeça. Estamos
rindo enquanto conversamos sobre as pessoas na pista de dança, que já estão bem
exaltadas, quando sinto um olhar me queimando, procuro até que vejo, uma
mulher morena me fuzilando com seu olhar da mesa dos amigos de Derik,
bebendo uma caipirinha, acredito eu, não resisto e acabo comentando.
— Acho que sua namorada não deve estar muito satisfeita de estar aqui
conversando comigo, — sim, joguei o verde pra descobrir o que ele vai me falar,
tentando saber o seu status pessoal. Aponto com a cabeça na direção da garota ao
perceber que não entendeu de quem comentei.
Se vira na direção em que apontei, vendo a mulher morena desviar o olhar,
fingindo continuar a conversa com as demais mulheres na mesa e dois homens,
então dá de ombros comentando.
— Ah Larissa, não é minha namorada, na verdade sou livre e desimpedido
— diz me dando aquele sorriso estonteante com um ar de provocação com uma
piscadela — a conheci hoje, meu amigo que a conhece e lhe convidou.
Dou um sorriso, que talvez pela quantidade de álcool ingerida passe maior
interesse do que realmente queria lhe demonstrar. Livre e desimpedido então, as
coisas começaram a melhorar agora.
— E você Kat, também está livre? — Me pergunta dando um olhar
avassalador mexendo diretamente com um ponto específico da minha anatomia,
bem próximo da minha calcinha, o que me faz querer contorcer as pernas.
Quando sorrio, pensando em responder no mesmo tom de brincadeira que
usou comigo a pouco, somos interrompidas por uma Liv mega alterada com
certeza.
— Minha Kit Kat, mais gostosa que o chocolate — a olho porque já não
bastava o apelido ao lado de Derik, também precisava não só me constranger
como também me chamar de gostosa, reviro os olhos observando minha querida e
nada amada nesse exato momento — estávamos procurando você, por toda a
parte, pensamos que tinha fugido com o bonitão que estava dançando para ele em
um lugar mais reservado, — dá uma gargalhada, e é nesse momento que parece
ver Derik ao meu lado, comentando mais alto do que deveria — mas agora
entendo porque não tenha fugido com o bonitão — dá um sorriso para Derik que
deve ter adorado o leve comentário de minha amiga, ela estende a mão para ele se
apresentando com um beijo no rosto. — Sou Liv, Olívia na verdade, amiga de Kit
Kat e você quem é?
Ele me dá um olhar com o sorriso refletindo nos olhos, voltando a olhar para
Liv respondendo.
— Sou Derik, Liv, é um prazer conhece-la. — diz com seu sorriso
encantador.
— O prazer é todo meu, sem sombras de dúvidas — arfo com seu
comentário, pois Liv já é doida naturalmente, bêbada então, perde a noção do
espaço, se vira pra mim falando — amiga, eu vou voltar pra pista de dança, a Sofi
continua lá se atracando com o gato que conheceu, acho que vão embora juntos
pelo jeito que as coisas vão por lá — gargalha ao comentar — eu até estava
pegando um gostosão também, mas só quis dar uns pegas mesmo, vamos lá
dançar mais um pouco, antes de irmos embora? — olha pra Derik que está me
observando enquanto ouve a conversa disparada de Liv voltando seu olhar pra
mim — A não ser, é claro que tenha uma programação melhor para fazer depois
daqui. — dá uma piscadinha nada discreta por sinal pra mim ouvindo Derik rir de
seu comentário, mas pelo seu olhar está bem interessado nessa possível
programação.
Sim, ele é lindo, e mexe comigo sem sombras de dúvidas, com quem não
mexeria, só se a pessoa não gostar da coisa mesmo pra não querer, e apesar de
estar bem alterada por causa do álcool, não vou fazer nada bêbada, que possa me
arrepender amanhã e é pensando nisso que lhe respondo.
— Vai lá Liv, eu já desço atrás de você.
Ela me olha com aquela cara de quem está me xingando em pensamento,
algo como: para de ser louca e se joga no cara, mas balança a cabeça, vai até o
bar pedir mais uma dose voltando pra pista de dança, me deixando sozinha
novamente com Derik que comenta.
— Sua amiga é uma figura hein... gostei dela... – me olha de um jeito
hipnotizante — é bem espontânea, sem papas na língua. — Dá uma risada
deliciosa que parece ser música para meus ouvidos.
— Ela realmente é uma figura, doida de pedra, me deixa constrangida as
vezes, como pode perceber, mas me divirto com ela.
Continuamos conversando por mais uns vinte minutos, até que somos
interrompidos por ninguém mais, ninguém menos que a tal da Larissa.
Não vou negar, a garota é linda, tenho certeza de que não deve ter muitos
problemas em conseguir o homem que quer, pelo modo como ela chega tentando
marcar território, está mais que claro o homem que ela decidiu ter hoje.
Chega por trás de Derik, que percebe sua presença a olhando por cima do
ombro, ela não se deixa intimidar, se aproximando me ignorando por completo já
colocando as mãos em seus ombros descendo até o peito dele, como se estivesse
massageando-o, deixando claro sua intenção de dar pro cara ali mesmo na frente
de qualquer um. Não sou hipócrita de fingir que me decepciono por Derik não a
impedir desse contato todo com ela, afinal veio até mim, me trouxe para
conversarmos, mas talvez seja só a minha mente criativa me criando peças, devo
ter entendido errado, ele só quis me ajudar mesmo, como agradecimento pelo que
fiz com seu filho. É, deve ser isso mesmo.
Ela se abaixa falando em seu ouvido sensualmente, fazendo com que a ouça.
— Ei gato, senti sua falta lá na mesa, — desce a mão pelo peitoral até a
barriga, subindo até os ombros novamente e Derik não parece nada incomodado,
talvez eu quem esteja na verdade, dá uma risada baixa de quem está apreciando o
contato não solicitado. Abusada, penso revirando os olhos — você ainda tá me
devendo uma dança lembra, gato? — a piranha olha pra mim dizendo ainda em
seu ouvido enquanto me encara — Depois podemos ir para um lugar mais
reservado, aproveitar melhor o nosso fim de noite, o que você acha? — a vadia
não satisfeita vai e morde o canto da orelha de Derik que vejo dando um sorriso.
Tá vendo Katarina, se atenta, homem é tudo sem vergonha, e você mal o
conhece, não deveria nem se importar, acorda garota — me repreendo.
A seguir me surpreende, quando pega seus pulsos retirando as mãos dela de
cima dele dizendo.
— Agora estou um pouco ocupado como pode ver. — Olha pra mim um
pouco sem graça pelo que a vadia Mor estava fazendo.
Mas é nesse momento, que me recupero lembrando que não tenho motivos
para ficar incomodada com nada, pois mal o conheço, é óbvio que um tipo como
ele, teria milhares de mulheres jogada aos seus pés. E o que não preciso nesse
momento é me envolver com uma pessoa que só vai me dar dor de cabeça. É
claro que poderíamos ter uma noite louca de sexo casual apenas, matando esse
desejo doido que apareceu desde que o vi pela primeira vez. Mas tenho que me
dar valor, nunca fui de ficar competindo por macho, não é agora que vou fazer
isso, é pensando nisso que tomo uma decisão me levantando, enquanto Derik me
acompanha com seu olhar tentando entender o que houve.
— Na verdade, fica a vontade de ir dançar com ela ou ir aproveitar o resto
da noite em um lugar mais reservado, — faço questão de falar para ele saber que
ouvi a insinuação da vadia — estou indo encontrar Liv que está me esperando,
como viu mais cedo combinando comigo. — ele me encara de uma maneira e não
sei se é impressão minha, mas vejo um pouco de decepção em seus olhos — Mas,
foi um prazer te rever Derik. —Tento soar o mais casual possível.
Ele se levanta se afastando ainda mais de Larissa, vindo bem próximo de
mim, de uma maneira que volto a sentir o cheiro de seu delicioso perfume que
ainda está impregnado em sua pele bronzeada, tento me controlar não
demonstrando o quanto essa proximidade mexe comigo, ao ponto de quase jogar
toda essa conversa mole minha e lascar um beijo nessa boca que parece ser uma
delícia.
— Fica mais um pouco Kat, eu não prometi nenhuma dança com ela, — faz
questão de se justificar, suspira, sentindo seu hálito próximo de minha boca,
chamando minha atenção novamente, não resisto e a admiro, de novo,
intercalando entre seus olhos lindos e essa boca que parece ser uma perdição —
daqui a pouco você vai lá com a Liv — diz com um sorriso esperançoso, mas
parecendo ter percebido que perdeu a guerra.
— Eu realmente preciso ir. — vou falando — vamos dançar mais um pouco
e daqui a pouco vou embora, — suspiro tentando encontrar a calma que não
tenho, por causa de tamanha proximidade — mas vai lá aproveitar a noite com
sua amiga. — dou ênfase na última palavra — Seus amigos que devem estar
sentindo sua falta, afinal é aniversário de um deles.
Assente, vejo pelo seu olhar que realmente parece ser sincero, mas do jeito
que me atrai, é melhor não arriscar uma noite casual, com ele não, ou qualquer
outra coisa, pode me dar muito problema mais pra frente e o que menos preciso
nesse momento é problema, ele percebe que não tem jeito prosseguindo.
— Tudo bem, foi um prazer passar um tempo conhecendo você melhor, Kit
Kat. —dá aquele sorriso que me amolece todinha com um olhar que me devora,
rio e reviro os olhos para ele por ter me chamado da mesma maneira que minha
amiga, ele abre um sorriso de orelha a orelha ao ver a minha reação mediante ao
meu apelido — Espero esbarrar em você mais vezes. — sinto um arrepio
percorrer meu corpo todo só em imaginar isso acontecer novamente, é nesse
momento que olho para o lado, vendo a morena me fuzilando com o olhar por
ainda estar empacando o seu caminho. É nesse instante que resolvo atrapalhar um
pouquinho mais sua vida. Dou um sorriso perverso a ela, me viro novamente para
Derik que continua me encarando parecendo querer dizer algo mais, fazendo o
que não imaginei fazer até então, não dessa maneira pelo menos.
Dou um passo em direção a Derik, acabando com espaço que havia entre
nós, colando meu corpo ao dele, seguro seu lindo rosto com minhas mãos me
aproximando lhe dando um beijo casto, mas não tão rápido em sua boca.
Sinto meu corpo todo esquentar com nosso contato, ao sentir o toque macio
de sua boca, suas mãos de repente vêm até a minha cintura, e quando penso que
ele vai aprofundar o beijo, ouvimos uma voz masculina ao longe gritando.
— E aí Derikão, se deu bem hein — ouvimos algumas risadas junto dessa
mesma voz, é nesse momento que desperto, minha intenção era apenas dar um
selinho nele, e sem perceber estava ansiando para que ele aprofundasse o beijo.
Derik bufa visivelmente irritado pela intromissão do amigo, cola a testa na
minha, me olhando ao dizer.
— Desculpa por isso, realmente a cachaça faz as pessoas perderem a noção
das coisas — dá um sorriso sem jeito pela situação e total frustação.
Dou um passo para trás cortando o nosso contato, resolvendo me afastar
antes que perca o pouco juízo que tenho o agarrando aqui mesmo, de verdade
dessa vez, sorrio sem graça também pela minha atitude um pouco antes, me
despedindo de vez agora.
— Sei bem como é. — olho para os meus pés sem jeito pela situação, volto a
encará-lo – Bom... eu vou indo nessa... — me atrapalho a dizer — quero dizer,
vou ir lá — aponto com o dedo indicador em direção a pista de dança rindo pela
minha falta de jeito —encontrar Liv para irmos embora. Até mais Derik.
Quando me viro para sair, sinto segurando meu pulso, me virando para que
eu ouça o que ele diz.
— Me passa seu contato, para marcarmos algo qualquer dia desses. — Solta
meu braço percebendo que tem a minha atenção novamente, dou um sorriso pra
ele, porque realmente a ideia é tentadora demais, mas não estou podendo lidar
com isso no momento, afinal tenho outras prioridades.
— Vamos deixar ao acaso. — lhe dou uma piscada.
Acabo abrindo um sorriso de orelha a orelha, ao perceber que ele não parece
estar interessado na morena, que ainda se encontra em forma de estátua o
aguardando, enquanto ele está aqui me convidando para sair e pela sua cara ouve
toda nossa conversa, meu pensamento não aguenta a situação, começando a
comemorar a lei do retorno como é rápido as vezes. Toma distraída, não quis
fazer eu ver suas investidas e conversas inapropriadas pra cima dele, no fim
quem está aqui sendo convidada para fazer alguma coisa??? Hein... meu
pensamento briga com a vadia sem nem ela saber, vai recalcada, beijinho no
ombro pra você!! Vejo o sorriso lindo aqui a minha frente, me recordando que me
empolguei com meu fight com essa morena desqualificada, terminando meu
argumento ao deus grego
— Quem sabe não nos esbarramos por aí novamente?
Ele me dá aquele sorriso enorme com seus dentes perfeitos assentindo, mas
quando percebo que vai comentar mais alguma coisa, vou até ele rapidamente, lhe
dou um selinho para ele ficar com gostinho de quero mais, dou outra piscada
tentando ser sexy, saindo em disparada para a pista de dança, antes que não
consiga fugir mais, vejo pelo canto de olho um Derik abismado pôr ter o deixado
plantado após mais um beijo rápido.
Enquanto sigo para a pista de dança, pensando no toque de seus lábios, falo
comigo mesma.
Meu Deus! Sorrio tocando meus lábios que homem lindo da porra é esse...?
Preciso de mais uma dose de tequila urgente, continuo pensando comigo mesma,
ou algumas, pra esquecer o deus grego antes que volte lá efaça uma besteira, rio
com meu comentário, porque essa besteira talvez seja uma delícia de se cometer.
Deixo meu celular cair ao chão quando desperta para eu ir trabalhar, minha
cabeça está estourando por causa da bebedeira de ontem. Quando me viro,
abrindo meus olhos, vejo que não estou em meu quarto, de repente os flashes vão
trazendo a minha memória o que aconteceu na noite anterior. Olho ao lado vendo
uma mulher nua de bruços dormindo, coloco minha mão na testa lembrando de
tudo que aconteceu... bebidas... motel... sexo e mais sexo com ela enquanto
continuávamos bebendo, é realmente, não é à toa que estou com a cabeça
explodindo agora.
Você é foda Derik, me repreendo. Tem que trabalhar e agora vai ficar
indisposto o dia todo por causa da ressaca.
Me levanto devagar para tentar não acordar a mulher ao meu lado que agora
mal lembro seu nome, indo tomar um banho gelado pra ver se desperto melhor.
Tomo meu banho, o que me ajuda um pouco a recobrar a consciência,
lembrando de Katarina, que me deu um beijo rápido, saindo tão rápido quanto o
beijo fugindo de mim, e que quis deixar nas mãos do destino em nos
encontrarmos novamente.
Ela só se esqueceu que eu sei o telefone do consultório dela, podendo muito
bem dar um jeito de encontrá-la se quiser, dou um sorriso perverso ao pensar isso,
ela não contava com a minha astúcia. Mas não vou fazer nada por enquanto,
afinal, nunca precisei ficar correndo atrás de mulher nenhuma, por que iria correr
atrás dela? Se ela não quer, tem quem queira, e a prova disso está ali deitada na
cama depois de muito sexo pelo resto da noite.
Então porque apesar de ter tido e dado prazer por diversas horas a Larissa
(lembrei do nome dela com o banho) ainda estou perdendo meu tempo pensando
naquela fujona que não está interessada, só quis me atiçar com aquele beijo, só
pode.
Finalizo meu banho, indo até o quarto, percebo que Larissa continua
capotada, preciso ir trabalhar, e nunca sou de ficar esperando a pessoa acordar
nem nada, na verdade nunca durmo com ninguém, saio com a mulher, a satisfaço
de todas as maneiras possíveis e depois vou embora, já procuro não levar mulher
nenhuma em casa justamente para não saber onde moro e ter surpresas
indesejadas, ou passar uma impressão que não é a realidade. Hoje foi uma
exceção porque estava embriagado e desabamos na cama, por isso não preciso
ficar aqui esperando ela acordar.
É até melhor, para ela não ficar achando que é algo a mais que isso, sexo
puro e simples, porque definitivamente não é.
Termino de me trocar saindo quieto para não a acordar, deixo tudo pago na
recepção com direito a mais algumas horas até ela acordar, pois afinal, não ia
deixar pra ela pagar as coisas.
Não é porque não sou romântico, que também vou explorar uma mulher...
jamais!
O dia passa rapidamente, tive tantos problemas para resolver com alguns
imprevistos em obras que surgiram nem percebendo quando já estava
escurecendo.
Olho para fora da minha sala, que fica no último andar do prédio, apreciando
a vista que é possível ter por ter as paredes do prédio todas de vidro.
Os diversos prédios aqui na Av. Paulista iluminando a tão famosa cidade de
São Paulo, acabo me lembrando de um par de esmeraldas me olhando na noite
anterior e quando percebo estou sorrindo só de lembrar daquele olhar, daquela
boca encostando a minha.
Ah Kat, é melhor torcer para não nos encontrarmos de novo, sorrio
pensativo, torcendo para que aconteça o contrário do que acabei de falar pois se te
encontrar, você não vai me escapar.
Por que cargas d’água ainda estou pensando nela? Sinceramente não
entendo, é óbvio que devemos ter química, isso ficou nítido pela maneira que
fiquei só de dançar com ela, sem ela nem tentar me instigar, totalmente diferente
de Larissa que tanto tentou se sensualizando que conseguiu fazer eu sair com ela
de lá depois, Kat nem precisou se esforçar com nada, só de tocar nela, já sentia
meu corpo todo despertar, só em olhar ela mordendo aquela boquinha gostosa já
ficava imaginando se ela é tão boa com a boca quanto parece.
Devo estar com desejo reprimido, não tem outra explicação, pra estar aqui
no escritório, pensando nela, sendo que só a vi duas vezes.
Ela é linda realmente, inteligente, salvou a vida do meu filho, só pode ser
por isso que estou tão admirado e não paro de pensar nela.
Se tivesse saído com ela, teria matado meu desejo e não estaria agora aqui
pensando nela.
Talvez a noite com Larissa não tenha sido suficiente, precise sair com outra
mulher ou talvez duas pra tirar essa gata arisca e linda da minha cabeça. Mas logo
vou esquecer, um ou dois dias e já estou normal.
Nunca sou de ficar pensando em mulher depois que saio com ela,
definitivamente só estou pensativo porque não transei com ela.
Exato, só por isso.
É melhor nem levar Gui até a consulta, vou passar o contato para Alice,
pedir para ela levar, pronto, não preciso ter contato com ela, não a vendo, o desejo
vai passar e nem vou lembrar que um dia a conheci.
É isso, perfeito, resolvido.
Semana que vem quando encontrar Alice para pegar Gui, deixo o cartão com
ela e não terei nem isso para me lembrar dela.
Questão de poucos dias, nem vou saber quem é a Kit Kat, não resisto um
sorriso ao lembrar da sua expressão quando a chamei dessa maneira.
Argh... porra Derik, acho que você não bebeu suficiente ontem. Deve estar
precisando ir para um bar encontrar outra gostosa pra tirar essa mulher da sua
mente. Falo comigo mesmo.
É nesse instante que o meu celular toca aparecendo o nome de Vinicius, o
atendendo.
— Fala tranqueira — atendo já o zoando.
— Fala Derikão, você sumiu ontem... foi sequestrado por uma morena
gostosa é?? — dá risada o desgraçado.
— Acabamos nos empolgando na dança e resolvemos ir terminar a dança em
outro lugar. — Dou risada não querendo entrar em detalhes.
— É conheço bem essas danças, deixa qualquer homem doido, impossível
resistir, ainda mais uma morena daquela. Sabia que você não ia resistir.
Dou uma risada, porque se ele soubesse que quem não sai da minha cabeça,
é uma loira lindíssima, gostosa pra caralho, que coloca qualquer mulher no
chinelo, não estaria dizendo isso agora.
— Apesar de que, — Vini continua — o que você a deixou doida ficando
com ela, deixou ainda mais louca de raiva hoje por ser abandonada no motel
sozinha, — reviro os olhos perante o seu comentário — caralho cara, podia ter
deixado um bilhete pelo menos né. A garota ficou brava, me ligou pedindo seu
contato, porque quer conversar com você, depois de ter a abandonado sozinha. —
Bufo porque era isso que eu não queria, ter que ficar dando satisfação do que faço
depois do sexo para o meu amigo, e nem pra ela, afinal não prometi nenhum
compromisso, nem café na cama pela manhã.
— E você não deu não é? — já o corto perguntando, porque se ele deu, vou
matar ele.
— Não né, carai...— Suspiro aliviado — Falei que ia falar com você e
passar o contato dela pra você entrar em contato.
Sorrio, por ele ter me livrado dessa e penso, é melhor ela esperar sentada
pra não cansar. Vini continua falando e nem estava ouvindo mais, até que uma
parte da conversa chama minha atenção de novo.
— Depois que vi você com aquela loirinha, pensei que a Larissa ia ficar a
ver navios, vou te falar hein!? — grunhe falando — o que você faz pra atrair
tanta mulher gata assim, sem nem se esforçar?
Rio do modo que ele fala aproveitando a deixa para zoar ele
— Fodo gostoso com elas, elas sentem o cheiro quando o cara é bom no que
faz. — Gargalho.
Ele ri também me xingando.
— Filho da puta. — ri — Então, isso não é problema pra mim, porque não
brinco em serviço não.
Conversamos mais um pouco, até que ele parece ter ouvido meus
pensamentos mais cedo, perguntando se quero ir com ele em um barzinho aqui
perto.
Como já terminei de fazer minhas coisas e desejo distrair a cabeça, pra
esquecer um par de esmeraldas, aceito ir com ele.
Desligo meu notebook, pegando meu celular e carteira descendo até o carro
para ir encontrar meu amigo.
O sábado vai se arrastando, como imaginei acordei com uma baita ressaca,
extravasei nas bebidas ontem, misturei todo tipo, não sendo nenhuma novidade
agora minha cabeça estar mais pesada que eu.
— Parabéns Katarina, não pensou na hora de misturar as bebidas, agora
aguenta... — converso comigo mesma.
Me levantei, tomei um advil, tomei um banho pra me ajudar a acordar,
deixei a banheira enchendo enquanto isso para relaxar um pouco nela, aos poucos
fui recordando da noite anterior em como me diverti, como há muito tempo não o
fazia.
Realmente, nem me lembro da última vez que dancei tanto.
Olho para os meus pés todo marcado por causa dos sapatos de salto alto que
usei a noite toda, aí está o seu preço por ter judiado deles, entro na banheira
deixando meus pesinhos relaxarem um pouco, pensando alto.
— Uma massagem não seria nada mal agora não é... quem mandou terminar
o namoro Katarina. — Bufo com meu próprio comentário, lembrando que
Henrique não era muito fã de fazer massagem, eu tinha que implorar para
conseguir ganhar uma.
— Argh, o que não era difícil não é mesmo?! Mais fácil pensar dessa
maneira... – reviro os olhos lembrando do meu namoro nada convencional, nem
eu entendo o porquê de ter ficado tanto tempo com ele, se estava tão insatisfeita,
eu mesma me respondo. – Puro comodismo ué...
Olha que situação chega a pessoa, fica conversando e debatendo consigo
mesma.
De repente volta em minha mente um par de olhos azuis, que vire e mexe
vem atormentar meus pensamentos.
— Esse é outro que nem quero lembrar que existe, aff — xingo em
pensamento esse filho da puta que não perdeu tempo com aquela vadia
desqualificada.
Eu pensando que o fato de ter dado um beijo nele, leve que seja, ia ser
suficiente para não cair na rede daquela vaca. Leve engano meu.
Lembro como se tivesse em minha frente nesse momento, após ficar por
mais uma hora dançando com Liv na pista de dança, olhei algumas vezes em
direção a área VIP e não os via, finalmente consegui convencer minha amiga para
irmos embora porque meus pés estavam implorando por descanso. Quando
estávamos indo em direção a saída, já havíamos deixado a pista de dança, de
repente olho para o lado vendo quem está descendo as escadas com a vadia Mor?
Pois é, ele mesmo, ela o puxando pela mão em direção a pista de dança, falei que
ia ao banheiro para Liv para ganhar tempo observando mais um pouco e na volta
olhei novamente, vi que a oferecida se esfregava toda para ele, e ele parecia estar
gostando bastante do espetáculo. Claro que ia gostar, homem é tudo farinha do
mesmo saco. Cansei de ficar olhando aquilo, porque com certeza não ia demorar
muito para eles se pegarem. E meus pensamentos não estavam errados, pois Sofi
fez questão de me mandar mensagem de madrugada dizendo que o viu aos beijos
com uma morena na pista de dança e depois saíram juntos de lá sentido a saída,
ou seja, acertei, certo?
Volto a olhar os meus pés que estão cantando pra mim agora em
agradecimento por estarem relaxando como merecem voltando aos meus
pensamentos.
Homens não prestam, não tem jeito, eu sei que não tenho nada com ele, e
nem quero ter, longe disso. Mas o cara não perdeu tempo, caiu na rede é peixe,
esse sem-vergonha, viu que não conseguiu nada comigo e já se engraçou com a
outra oferecida.
Ainda bem que não dei meu telefone pra ele, senão ia me arrepender. Era
capaz de hoje, depois de uma noite suada de sexo me ligar com a maior cara
deslavada me chamando para nos vermos, igual havia sugerido antes de eu ir
embora.
— Foi melhor assim, foi bom ver que ele só queria tirar proveito de mim e
depois ia pegar outra, igual fez. – Rolo os olhos lembrando dele toda hora me
tocando, sendo carinhoso pra depois sair com aquela biscate sem classe.
— Eu que não vou ficar brigando por causa de homem. Olha bem pra minha
cara, até parece — continuo analisando comigo mesma minha fodida vida — não
é porque o cara é um deus grego, que vou sair aí abrindo as pernas para ele, só
por causa daquele olhar enlouquecedor e aqueles dentes branquíssimos que
poderia fazer até a propaganda da Colgate. Jamais vou brigar por causa de
macho. Se ele queria sexo, pronto, ele teve. Com certeza comigo seria muito
melhor, eu me garanto — dou de ombros ao pensar isso — mas é verdade — me
auto repreendo — não to com recalque, mas sou boa mesmo, ele quem perdeu em
não dar um jeito de me encontrar, porque agora, nem que encontre ele de novo, e
me implore pra sair com ele eu saio. Ele que vá se esfregar naquela
desqualificada — bato as mãos com tudo na água da banheira, jogando água para
todo lado.
O que está acontecendo comigo? Por que estou tão incomodada só porque o
cara saiu com a biscate?
Eu e ele não temos nada, ele realmente não estava interessado, só quis ser
grato por causa do almoço que salvei o filho dele e assim que sai de perto ficou
com quem queria de fato.
Pronto Katarina, está vendo, você achando que arrasa, mas não, o gostosão
não achou você tudo isso.
— É deve ser isso, ele deve gostar das morenas, não das loiras como eu. —
assinto concordando com meus pensamentos — Exato, o problema não sou eu
que não sou interessante, é ele quem não gosta do meu tipo. — É, isso mesmo.
Vida que segue, estou irritada porque pensei que ele estivesse dando em
cima de mim, e ficou com a outra. Mas agora que cheguei a conclusão mais
coerente, que ele só quis me ajudar e gosta de outro tipo de mulher, já posso ficar
calma e voltar a focar no que realmente importa.
— É isso mesmo, chega de pensar nesse deus grego, não é porque é lindo
que pode sair ocupando minha mente. — Vou ir atrás do contato do médico que
Barbara comentou comigo que é referência em inseminação artificial e ir atrás do
meu sonho.
Fico pronta olhando no espelho para ver como fiquei, vendo que não estou
nada mal.
Uso um vestido vinho de manga longa, um pouco acima do joelho, não é
decotado nem nada, só chama um pouco a atenção por ser justo e por eu ter
bastante curvas o que acaba marcando mais, mas eu estava doida pra usá-lo, pois
comprei recentemente e não tinha tido oportunidade ainda, por isso não pensei
duas vezes em estreá-lo hoje.
Coloco um scarpin preto de salto alto, mas de modo que me sinta confortável
e uma bolsa de mão no mesmo tom do sapato.
A maquiagem, deixei mais leve, destaquei meus olhos com um esfumaçar
mais escuro, mas coloquei um batom nude, troquei minha corrente de pescoço por
algo mais delicado e um brinco um pouco maior, como estou usando meus
cabelos loiros soltos de lado, o brinco não fica chamativo.
Deixo as coisas de Bud arrumadas, não pretendo demorar muito, mas prefiro
me prevenir a deixar o cachorro com fome.
Vou para o carro seguindo em direção a casa de minha irmã.
Como sempre venho visita-la minha entrada já é autorizada na portaria do
condomínio, por isso entro indo para sua casa.
O jantar está previsto para as oito, mas minha irmã pediu para eu chegar um
pouco mais cedo, por isso estou estacionando agora as sete e meia em frente à sua
casa.
Saio do carro, tocando a campainha, um minuto depois minha irmã abre a
porta toda eufórica por ver que eu vim, como se eu tivesse tido escolha penso.
— Hei maninha, chegou no horário combinado. Estou precisando de ajuda
para arrumar a mesa, você me ajuda enquanto estou terminando de arrumar o
Nathan? — já vai me perguntando enquanto me dá um beijo no rosto me
abraçando.
Minha irmã é muito parecida comigo, tendo apenas três anos de diferença,
temos o mesmo tipo físico, somos loiras, a única diferença é que seus olhos são
castanhos claros, puxando da parte de meu pai, enquanto os meus são verdes,
herdando de minha mãe.
— Pode ser, mas se quiser posso terminar de arrumar meu príncipe com o
maior prazer. — comento.
Ela sorri, pois já imaginava que eu fosse pedir por isso falando, enquanto
vamos entrando em sua sala de estar.
— Tudo bem, vai lá cuidar do pestinha. A roupa dele está em cima da cama
separada, ele está brincando na banheira do quarto dele, vai ficar feliz quando ver
que a dinda dele chegou. — Me viro para subir as escadas, quando me chama
novamente — Kat, só cuidado para não se molhar muito. — Dá um sorriso dando
de ombros, como quem diz, não diga que não avisei.
Subo em direção ao quarto dele, o vendo brincando na água com uns
barquinhos. Quando dou dois toquinhos na porta para chamar sua atenção, ele me
olha abrindo um sorriso enorme gritando eufórico.
— Tia Kat... — começa a bater nas águas com as duas mãozinhas para
chamar minha atenção, rio da graça que faz, brincando com ele.
— E aí lindão da tia, você está brincando na água? — faz que sim com a
cabeça continuando brincando, me olhando sorridente, quando vou me aproximar,
lembro do conselho de Bárbara, olho ao redor, vendo um roupão que
provavelmente ela ia usar, o coloco para não molhar meu vestido, vou até minha
bolsinha, pegando um laço para amarrar meus cabelos enquanto tiro meus
sapatos. Pronto, agora sim to pronta para enfrentar a ferinha.
Retiro Nathan do banho, coloco a roupa indicada por Barbara, uma calça
jeans clara e uma camisa social preto que ficando a coisa mais linda do mundo,
coloco seu sapa-tênis preto e penteio seu cabelo liso, deixando arrepiadinho.
Olho o horário no celular vendo que já deu oito horas as pessoas devem estar
chegando, retiro o roupão enquanto Nathan fica correndo pelo quarto, dou uma
arrumada no meu cabelo, visto meu sapato novamente.
Nathan pede para descer de cavalinho em mim e como não consigo dizer não
a ele, deixo.
— Sobe aqui no banquinho para facilitar a tia de te pegar, — o ajudo a subir
me virando de costas, envolve os bracinhos em meu pescoço, seguro suas pernas
enquanto vamos descendo cantarolando a música Upa cavalinho — pocotó,
pocotó, pocotó, pocotó, upa cavalinho, upa cavalinho... — ele vai cantando e
gargalhando enquanto vamos chegando a parte térrea ouvindo minha irmã
dizendo.
— Olha ela aí, finalmente desceu com o Nathan — fala vindo até mim.
Quando olho pra cima para olhar em direção a ela, percebo pelo canto do
olho alguém me observando, encontro seu olhar, estacando no último degrau com
meu sobrinho pulando ainda em minhas costa, sinto meu rosto esquentar, pois não
acredito que em tantos homens para aparecer aqui, tinha que ser ele a estar na
minha frente agora.
Ele parece já ter recuperado o susto com a surpresa que teve ao me
reencontrar, pois abre aquele sorriso que vai de orelha a orelha sempre mexendo
comigo. Era só o que me faltava viu.
Minha irmã chega até mim, retirando Nathan de minha costa enquanto fala.
— Estava te esperando maninha, quero que conheça Derik o amigo de
Marcos que se mudou recentemente pra cá, estamos fazendo esse jantar hoje para
apresenta-lo. — olha de mim pra Derik nos apresenta formalmente — Derik essa
é minha irmã, que te falei domingo Katarina ou Kat como a chamamos, e Kat
esse é Derik.
Tento recuperar a minha compostura para não mostrar a ele o quanto fiquei
surpresa com a sua presença, abro um sorriso como abriria para qualquer outra
pessoa o cumprimentando.
— Olá Derik, como vai?
Ele continua com aquele sorriso no rosto que parece estar grudado na cara
dizendo.
— Melhor agora — para e pensa um pouco antes de falar — parece que o
destino está sempre nos colocando um no caminho do outro, não é?
Quando penso em responder minha irmã se intromete, perguntando pasma.
— Como assim? Por acaso vocês já se conhecem? — olha de mim para
Derik. Encontro a minha voz, lhe respondendo olhando a Derik.
— Sim, nos conhecemos semana passada em um restaurante.
Marcos que até então estava quieto, fala.
— Caralho, que mundo pequeno — bate a mão no ombro de Derik,
comentando —então menos uma pessoa para conhecer hoje amigão, se sinta em
casa. — vai saindo para atender a campainha.
Derik assente, parecendo falar consigo mesmo.
— Mundo pequeno mesmo... — continua me encarando, me deixando sem
graça com seu olhar predador.
— Bom gente, fiquem a vontade, vou levar o Nathan para brincar com as
outras crianças, — Barbara vai dizendo enquanto sai — Kat, veja se Derik quer
beber alguma coisa.
Olho para ela que já se afastou levando Nathan pelas mãos até algumas
crianças na sala de brinquedos, próximo a sala de estar.
Me viro novamente a Derik, sem graça pela situação, me lembrando dele ter
saído com Larissa depois de ter mostrado interesse em mim, ou não, nem sei
mais. De toda maneira isso é o suficiente para me irritar com ele, querendo me
distanciar.
— Você quer beber o que, Derik? — vou perguntando tentando soar normal,
sem sorriso mas com educação, como trataria qualquer outro convidado.
Dá de ombros, dizendo ainda me analisando.
— Pode ser o mesmo que você — dá um sorriso de canto de boca. Eu
assinto, lhe respondendo.
— Ok, vou pegar água pra você! — lhe dou um olhar irônico mostrando que
meu humor não está dos melhores com ele.
Gargalha com meu comentário, parecendo ter percebido que estou de mal
humor dizendo.
— Sério que você vai beber água? — diz com um arquear de sobrancelha —
Não vai querer tequila hoje Kit Kat? — pergunta com aquele riso irônico me
irritando ainda mais.
Recupero minha compostura, lhe colocando em seu lugar.
— Primeiro, não quero que me chame assim, pode ser Katarina para você,
— ele volta a erguer as sobrancelhas com o modo que falei, porque estava me
chamando de Kat na balada e em nenhum momento me senti incomodada com
isso. Não deve estar entendendo minha mudança de atitude com ele agora. — E
segundo, prefiro me manter sóbria agora que conheci o motivo do jantar, melhor
evitar fadiga não caindo em lábia de qualquer um. — Dou uma piscada a ele, me
virando dizendo. — Vou buscar uma cerveja para você.
Saio em disparada quando percebo que Marcos está se aproximando de
Derik, sentindo meu corpo queimando com o olhar dele em mim mesmo me
afastando.
Droga, droga, droga Kat. Você realmente tinha que ter fugido desse jantar
enquanto era tempo, agora tem que se controlar ainda mais, não mostrar pra ele o
que ele faz com você, sem nenhum esforço.
Pego uma dose de vodka tomando na cozinha num gole só. Eu sei que falei
pra ele que não ia beber, mas ele não precisa saber disso, afinal não vou dar meu
braço a torcer para aquele convencido. Muito pelo contrário, vou mostrar que não
estou nem aí, caso tenha se pegado a noite toda aquela vadia. Tomo outra dose
caprichada agora, pego a cerveja dele levanto meu rosto falando comigo mesma.
— Vamos lá Kat, mostra que você não é qualquer uma que cai na conversa
dele e naquele olhar 43. Mostra o que ele perdeu, saindo com aquela lá.
Empino meu corpo saindo com um sorriso no rosto digno de Oscar em
direção a ele. Olho ao redor vendo as pessoas que estão chegando, cumprimento
algumas, sinto que o meu alvo está olhando de canto de olho em minha direção
enquanto conversa com Marcos e outro rapaz.
Me aproximando deles.
— Com licença — levanto a cerveja para Derik que a pega, olho em direção
do outro rapaz que percebo me olhar de uma maneira nada cavalheiresca e
Marcos nos apresenta.
— Kat esse é Vini, nosso amigo de faculdade e gerente comercial da DM. —
Agora me lembro de onde o achei familiar, foi da balada, ele estava com Derik
aquele dia e o vi de longe.
Abro meu melhor sorriso lhe cumprimentando.
— Olá Vini, é um prazer te conhecer. — ele pega minha mão se curvando
dando um beijo em minha mão, me fazendo rir de modo galanteador.
— O prazer é todo meu com certeza.
Ouço Derik bufando ao meu lado, meu sorriso se alargando em saber que
atingi meu alvo. Marcos vendo o espetáculo do amigo se intromete.
— Vini, pode tirar seu cavalinho da chuva, pois Kat não é pro seu bico —
gargalha, enquanto faz Vini o encarar — ela tem namorado — e Vini continua
atuando me fazendo rir ainda mais.
Coloca a mão no peito como se doesse dizendo.
— Ah não, pensei que tivesse encontrado o amor da minha vida — dá um
sorriso lindo para mim — Mas se não der certo com o felizardo, saiba que estou
aqui para te levar ao paraíso.
Gargalho com a sua cara de pau e assinto, quando penso em dizer que não
estou mais namorando, percebo que Derik está me encarando com uma cara nada
agradável, me tocando do porquê, eu dei um selinho nele, ele agora acha que
estou comprometida e deve ter se sentido usado. E olha a lei do retorno
aparecendo rapidamente de novo. Isso faz com que meu sorriso aumente,
resolvendo não dizer a verdade. Não tive oportunidade de comentar com minha
irmã ainda do nosso término, consequentemente Marcos também não sabe, me
aproveito da situação.
Marcos nesse momento corta o amigo perguntando.
— E falando nele, cadê Henrique? Ele não vai vir? — percebo Derik me
fuzilando com o olhar, respondendo fingindo nem ter notado.
— Ah não, ele teve um compromisso hoje e não vai poder vir. — Dou de
ombros fingindo não ter importância.
É nesse momento que Marcos se afasta para atender a campainha
novamente, e Vini começa a me perguntar onde moro, com o que trabalho,
mostrando total interesse em me conhecer, enquanto Derik só nos observa quieto
pensativo, mas vou lhe respondendo demonstrando total interesse em meu novo
conhecido.
De repente uma mulher se aproxima, vindo falando.
— Boa noite garotos! — Era só o que me faltava, essa noite não pode piorar
não? Já não bastava encontrar esse deus grego sem vergonha, agora a vadia Mor
também, reviro os olhos tentando me controlar, a mulher me olha parecendo ter se
lembrado de mim, pois me mede de cima a baixo com uma cara de nojo, com um
sorriso falso que retribuo na mesma proporção.
Vejo Derik arfando quando percebe quem os cumprimentou, não resistindo
ao pensar, ué, não ficou feliz em revê-la? A noite não deve ter sido tão boa assim
pelo visto, não consigo segurar meu riso, abaixando a cabeça tentando disfarçar
meus pensamentos irônicos.
Subo meu olhar vendo Derik me observando, enquanto a biscate se
aproxima dele, colocando as mãos em seu braço, lhe dando um beijo no canto da
boca, não me passa despercebido que fica rígido com a situação incomodado,
dando uma leve afastada.
— E aí gato, da próxima vez, não precisa fugir pela manhã não, poderia ter
feito sua manhã muito mais animada. — Me dá um sorrisinho perverso, querendo
deixar claro onde estavam naquele dia.
Derik me olha desconfortável, mas faço questão de encará-lo, dou um leve
balançar de cabeça, dando de ombros pois afinal como dizia minha avó mentira
tem perna curta. Ele limpa a garganta totalmente constrangido, olhando pra ela
dizendo de maneira seca.
— Tive que trabalhar! —diz apenas.
Resolvo sair de perto, porque essa situação está me enojando o estomago, e
como disse, não vou ficar brigando por causa de homem.
— Bom, fiquem a vontade — digo enquanto saio, percebo que Derik
continua me seguindo com os olhos, mas finjo não notar, indo conversar com
outros convidados.
Depois de uns trinta minutos, vejo que Kat sumiu. Apesar de não estarmos
juntos, sempre a estava observando, com quem conversava, como se comportava,
admirando seu sorriso e até seu modo de falar com as pessoas.
Agora só foi eu me distrair indo buscar outra cerveja pra mim e quando
voltei, ela não estava mais conversando com as mulheres que estava
anteriormente.
Dou mais uma olhada ao redor, não a vendo, é nesse momento que vejo
Bárbara procurando por alguém falando sozinha.
— Cadê a Kat? — diz procurando pela sala — deve ter ido na
brinquedoteca. — é nesse momento que me vê e me faz um pedindo — Derik,
você poderia ir chamar a Kat pra mim por gentileza na brinquedoteca? Preciso da
opinião dela referente com um assunto. — me dá um sorriso, como se com ele eu
iria aceitar seu pedido, mal sabe ela que só o fato dela ter me dado a desculpa
perfeita para falar com Kat, eu já teria aceitado.
— Ah sim, claro vou procura-la, por onde vou?
Ela me explica como chegar lá, seguindo pelo corredor. Percebo Larissa me
encarando, com cara de quem comeu e não gostou, mas simplesmente ignoro.
Quando chego próximo da brinquedoteca, ouço músicas infantis com
algumas gargalhadas, me aproximo devagar até próximo da porta, sentindo meu
coração disparar ao ver a cena de Kat guiando um trenzinho com as crianças atrás
dela a seguindo, ela está com um chapéu de fada e uma varinha mágica na mão
enquanto guia o trenzinho pelo cômodo dançando com as crianças.
Fico uns cinco minutos a observando encantado, com seu modo feliz
interagindo com as crianças que até esqueço do motivo que fui lá.
É nesse momento, que Nathan me vê gritando.
— Olha o tio ali — me delata apontando pra mim — quer vir brincar com a
gente também? — vejo Kat olhando em minha direção parecendo envergonhada
pela maneira que a vi agindo com eles. Se ela soubesse o quanto a achei mais
linda agora do que em qualquer outro momento, não ficaria envergonhada. —
Nós podemos colocar uma cartola de mágico em você, quer tio?
Rio dele, ficando tentado a brincar com eles, mas me lembro de que não fui
ali para esse motivo dizendo.
— Eu iria adorar, mas o tio veio aqui pra raptar sua tia um pouco. — Ele faz
um Ahhh, abaixando o rostinho olhando para os pés, enquanto Kat me olha
intrigada, deve estar pensando que estou inventando isso para conversar com ela.
Bom de certa forma é, mas realmente a irmã a chamou, por isso não estou
mentindo, após alguns segundos nos encarando peço — pode vir aqui um
minuto?
Eu sei que poderia ter dado o recado alto e saído, mas aí qual seria a graça de
poder ficar mais próximo dela.
Parece um pouco receosa mas assente vindo em minha direção, enquanto
retira o chapéu, o deixando junto da varinha em uma poltrona, eu fico satisfeito
em saber que poderei ficar um pouco que seja perto dela.
— O que você precisa, Derik? — fala levantando o queixo em minha
direção, olhando em meus olhos.
Ah, essas esmeraldas como são lindas, ainda mais quando está irritada,
parecem brilhar ainda mais.
Fico com vontade de falar “Você” para ela, só pra quebrar essa pose de
durona, mas deixo para outra ocasião, dizendo olhando seus lábios que parecem
ser deliciosos.
— Sua irmã pediu que eu viesse te buscar, precisa de sua opinião para
alguma coisa. — Volto a olhar seus olhos quando termino, tendo a impressão de
que pareceu decepcionada com o que falei, mas assente.
— Certo, obrigada por me avisar. — confirmo voltando meu olhar para sua
boquinha, de modo que quero que ela perceba onde estou olhando, deixando claro
qual é a minha vontade nesse momento.
Quando se vira pra sair, sinto o cheiro de seu perfume perfurar minhas
narinas, despertando em mim um desejo descomunal de a tocar, não resistindo a
segurando pelo braço ainda no corredor, mas longe da porta da brinquedoteca. Ela
se volta pra mim, dou um passo em sua direção, e não se afasta ficando bem
próximos um do outro, nos encarando por alguns segundos, seu olhar parece
querer a mesma coisa que eu, mas aos poucos vai se endurecendo, quando
percebo isso, tento amenizar o clima entre nós dizendo.
— Você está linda! — Subo minha mão até seu rosto, com um leve tocar
nele, sentindo esquentar a ponta dos meus dedos até a ponta dos meus pés só de
tocá-la, percebo que não fui o único atingido, pois Kat se arrepiou com meu
toque, me fazendo com que eu abra um sorriso, vendo que seu olhar desce para
meus lábios enquanto morde o canto de sua boca de uma maneira muito sexy,
despertando meu pau sem nenhum esforço.
— Aí estão vocês! — Kat dá um pulo saindo do transe em que estávamos,
me afastando também, tento recuperar meu folego do que estava prestes a fazer
— Obrigada Derik, por a ter encontrado, mas acho que esqueceu de dar o meu
recado né? — dá uma risada, nos olhando de um para o outro, parecendo ter
percebido algo, pois dá um sorriso, dizendo a Kat — eu ia pedir a sua ajuda
maninha, mas não tem problema, depois a gente se fala.
Percebo que Kat desperta nesse instante, dando um passo para longe de mim,
limpa a garganta respondendo a irmã.
— Não, o Derik comentou que estava me procurando, estava indo atrás de
você, — vai até ela a empurrando — vamos lá ver o que você precisa. —
Continuo parado em meu lugar, vendo se afastar mas o sorriso volta a brincar em
meus lábios, aumentando ainda mais quando vejo Kat olhando pra trás, me
encarando com um olhar que mostra o quanto que ficou perturbada quanto eu
com nossa proximidade, e o que quase aconteceu agora.
Sigo para a sala de estar, procurando por Kat, mas não a encontro. Volto a
conversar com Vini e Marcos sobre a casa que vi para alugar, mas não me
interessou.
É aí que Marcos me diz.
— Ah Derik, eu estou pra lhe falar isso mas acabei esquecendo de comentar
no domingo, e durante a semana no trabalho é corrido — levo a garrafa de cerveja
até a boca dando mais uma olhada ao redor para procurar Kat, a vejo colocando
as comidas na mesa com Bárbara — minha esposa tem uma casa muito boa em
um condomínio aqui próximo, ela acaba alugando como moramos aqui, é no
mesmo condomínio que Kat mora, — ele terminou de ganhar minha atenção
nesse instante, abro um sorriso de quem está adorando a sugestão dele — bem
localizado, boa vizinhança e o melhor que é próximo do trabalho, consegue ir até
a pé se quiser. Ela está alugada no momento, mas está próximo de vencer o
contrato, e a inquilina vai se mudar para o litoral na próxima semana devido a
uma oportunidade de trabalho que surgiu. — bebo mais um gole da minha cerveja
admirando a linda loira que ainda arruma a mesa percebendo que vira
discretamente seu rosto olhando em minha direção, fazendo meu sorriso aumentar
ainda mais ao perceber o leve rubor que tomou seu rosto, por ter sido pega em
flagrante, voltando a se concentrar com a mesa. — Então caso tenha interesse e
não encontre outra casa melhor para ficar, pode morar lá. Sei que está no hotel,
mas se quiser passar uns dias aqui em casa até ela desocupar também, fique à
vontade, a casa é sua.
— Valeu brother, fiquei muito interessado em conhecer a casa sim, a Kat
seria a vizinha da casa? — Sondo como quem não quer nada, bebendo minha
cerveja.
— Ela seria vizinha próxima, mora na mesma rua mas não ao lado. Acredito
que seja quatro casas de distância.
Interessante, assinto, porque seria ótimo ter que ir pedir um pouco de açúcar
na casa de minha querida vizinha de vez em quando.
— Gostaria de ir conhecer a casa se não se importar, como disse que a
inquilina vai sair na próxima semana, não vejo problema continuar no hotel mais
esse período, fica tranquilo.
— Ótimo, vou combinar com Bárbara para ela ver um dia com a inquilina
para você ir lá conhecer a casa e vê se gosta.
— Tenho certeza de que vou adorar! — rio pensando.
Eu já adorei por mais que seja um barraco.
Os dias vão se passando, tenho estado com minha cabeça ocupada, com o
trabalho e as consultas que tive com os especialistas em fertilização quinta e
sexta. Hoje terei a última consulta para decidir com quem farei o procedimento,
minha irmã fez questão de me acompanhar como foi ela quem me indicou e está
tão esperançosa quanto eu. Ela ficou de passar aqui em casa para irmos no carro
dela para a clínica.
Como já fui em dois médicos, eles me passaram os medicamentos necessário
para ovulação e os hormônios que devem ser aplicados para estar preparada
quando entrar em minha semana fértil, como até terça fico menstruada, tenho
tempo necessário para escolher o médico que vou prosseguir com o tratamento e
procurar um doador de espermas que tenha o perfil físico parecido com o meu,
para a criança ser semelhante comigo.
Estou me sentindo ansiosa, como uma criança que será levada ao parque e
conta os minutos até chegar lá. Finalmente estou próxima de realizar o meu
sonho.
Ouço meu celular tocar, vendo que Bárbara mandou uma mensagem dizendo
que está saindo de sua casa.
Ajeito as coisas de Bud para quando chegar, eu já poder sair, não quero me
atrasar para a consulta. Como é sábado e o trânsito está bem tranquilo, ela não vai
demorar a chegar.
Passo um batom rosa claro em mim, um rímel, calçando meus sapatos, estou
pronta para sair, quando ouço a buzina chamar minha atenção, indicando que
chegou.
Pego minha bolsa, falando com Bud.
— Fica aí garotão, daqui a pouco a mamãe está aqui e vamos lá no parque
correr um pouco.
Ele senta abanando o rabo, como se entendesse o que disse, indo ao encontro
de minha irmã.
Cumprimento e vamos conversando sobre o que os outros médicos disseram
sobre o tratamento, ambos comentaram que as chances de dar certo na minha
idade é em torno de 30%, mas eu não vou deixar me abalar, vou tentar. Senão der
certo, eu tento de novo.
Chegamos a clínica e enquanto aguardamos ser atendida, minha irmã me
questiona.
— E o Henrique, não quis te acompanhar nos médicos? — me pergunta
receosa.
É então que me lembro, que até agora não contei a ela que não estamos mais
juntos, pois quando fui comentar, o Nathan se machucou e depois não tive
oportunidade. Resolvo lhe conto logo a verdade.
— Na verdade não estamos mais juntos, — ela me olha surpresa com a
resposta —no dia do jantar que comentei com ele sobre minha decisão, também
terminei nosso namoro — suspiro, porque ainda me incomoda comentar sobre o
assunto — fui até lá decidida a terminar com ele independente dele querer ser o
pai ou não, nem dei essa opção a ele pra ser sincera. Percebi que não estava dando
certo, resolvendo fazer isso sozinha, por isso só o comuniquei para caso amanhã
me veja grávida, não pense que é porque o troquei rapidamente por outro...
Ela assente, pensando um pouco antes de dizer.
— Não é de hoje que percebi que você estava acomodada nessa relação, não
via amor de sua parte por ele, — suspiro enquanto a ouço, pois sei que é verdade,
fico triste em saber que estava tão insatisfeita ao ponto de não conseguir disfarçar
minha infelicidade — sei que nutre carinho por ele, pelo tempo que passaram
juntos, mas isso não é suficiente para manter um relacionamento por tanto tempo,
muito menos resolver criar uma família com ele, apesar de ser um pouco
individualista agindo dessa maneira, eu compreendo tanto que te apoio na decisão
que tomou, tanto na inseminação, quanto no término.
De repente ela estrala os olhos, como se estivesse lembrado de algo, olha pra
mim desconfiada perguntando.
— Esse jantar com o Henrique, não foi na semana passada? — Confirmo
com a cabeça, ainda sem entender aonde ela quer chegar, que continua seu
raciocínio. — Então por que não corrigiu Marcos sobre estar solteira no jantar de
quarta que fizemos? — pergunta me encarando.
Fico sem saber o que lhe responder, tento distraí-la mudando o foco da
conversa pra ela.
— E como é que você sabe que não desmenti para Marcos? — pergunto com
ar de deboche como quem não quer nada. Ela ri me respondendo.
— Simples, — ri, começando seu esclarecimento — meu lindo marido
comentou que tanto o Derik quando Vini e alguns convidados, estavam de olho
em você, e que Vini deu em cima de você descaradamente, por isso ele comentou
que você era comprometida, pra ver se ele sossegava te deixando em paz, apesar
do Henrique não ter ido porque segundo VOCÊ — da ênfase nessa última palavra,
revirando meus olhos pra ela — ele teve um compromisso e não pode comparecer
em nosso jantar, — quando penso que terminou ela se vira pra mim com um olhar
interrogativo e questiona — afinal foi impressão minha ou rolou um clima
naquele corredor entre você e Derik?— coloca o dedo indicador na bochecha e o
polegar no maxilar, indicando que está pensando no assunto.
Bufo, porque nem sei como lhe responder isso, mas tento sair pela tangente.
— Não rolou nada, para de criar coisa onde não existe pelo amor de Deus, e
sobre não ter desmentido, sei lá, nem pensei na hora, só acabei não falando,
porque achei engraçado o teatro todo que Vini estava fazendo ao saber disso,
acabei me distraindo. — Dou de ombros como se fosse indiferente pra mim,
penso que não estou mentindo por completo, pois realmente foi engraçado o
teatro dramático de Vini.
Ela continua me encarando dando o seu sorriso diabólico indicando que lá
vem bomba.
— Ainda bem maninha que não rolou clima nenhum, e tenha sido apenas
“IMPRESSÃO MINHA”, — diz essa última parte com as duas mãos fazendo
aspas — pois então não terá problema com seu novo vizinho, né. — Novamente
me lança aquele sorriso perverso de novo, dando de ombros com um piscar de
olhos como quem diz, se não rolou clima, então não tem por que se preocupar.
Enquanto já a minha cara, não esconde a surpresa sobre o que acabou de me
falar. Derik será meu vizinho? COMO ASSIM? Balanço a cabeça em negativa,
negando pra mim mesma que isso seja possível, essa brincadeira do destino ou o
que quer que seja, tento me fingir de desentendida, lhe perguntando.
— Como assim? Você está dizendo que o Vini ou Derik será meu vizinho?
— tento soar normalmente, mas acho que meu tom embasbacado não a
convenceu, devido a esse sorriso pretencioso de quem atingiu o alvo, continuo —
E a inquilina? Como ele será meu vizinho se a casa ainda está alugada? —
disparo.
Ela gargalha ao ver minha reação, dá de ombros novamente, começa a olhar
as unhas perfeitamente pintadas como se estivesse admirando-as enquanto diz
tranquilamente.
— Quem você gostaria que fosse maninha? Será o Derik, ué! — me olha de
canto de olho, com um sorriso em seu rosto, voltando a atenção para as mãos
novamente. — o Vini já está estruturado na cidade, quem está chegando agora e
ainda está dormindo no hotel enquanto procurava uma casa próximo do trabalho é
o Derik, por isso não entendo o motivo do espanto. — Suspira fingindo cansaço
de falar sobre o assunto, mas com um sorriso de canto de boca ainda. — E sobre a
inquilina, dona Marta está saindo essa semana da casa, pois conseguiu uma boa
oportunidade de trabalho no litoral, Marcos sugeriu a Derik se teria interesse, ele
se interessou é claro, foi até lá conhecer ontem à tarde e adorou a casa, o
condomínio, e ainda é perto do trabalho que é o que queria. Enfim maninha, está
tudo certo, dona Marta liberando a casa, só vou mandar pintar novamente, e ele já
se muda para lá. — Olha pra mim novamente mostrando seus dentes perfeitos –
Espero que seja uma boa anfitriã e ajude seu vizinho caso precise de alguma
coisa, dando dicas ou o que quer que seja.
Era só o que me faltava, eu estou ferrada, realmente parece que quanto mais
fujo, pior está ficando.
Preciso evita-lo de toda maneira, porque com tanta proximidade, será ainda
mais difícil resistir.
É nesse momento que cortam meus pensamentos sobre o deus grego virar
meu vizinho, quando ouço chamando pelo meu nome, nos levando a entrar na
consulta.
Nós jogamos bola, dando toque enquanto Bud corre de um lado para o outro
tentando pegar a bola.
Levamos Bud para tomar água nos bebedouros para cães, como está bem
cansado.
Gui pede sorvete, ofereço a Kat que aceita, parecendo mais solta ao meu
lado agora, mas o clima entre nós ainda palpável.
Guilherme fica puxando conversa com ela o tempo todo, demonstrando o
quanto tem gostado de sua companhia.
— Meu papai comentou que vai morar perto de você, é verdade?
Ela me olha com um sorriso no rosto.
— Sim, é verdade, seremos vizinhos. — Meu filho comemora deixando, eu e
Kat surpresos por tal reação.
— Eba, vou poder ver o Bud então né tia Kat?
Percebo que fica sem graça visivelmente e apesar de ter adorado a ajuda do
meu filho indiretamente para frequentar sua casa, tento amenizar a situação pra
ela.
— Filho, a Kat é muito ocupada, não dá pra ficar indo lá para ver o Bud, mas
quem sabe nos encontre novamente por aqui.
Ela observa meu comentário, vejo que Gui abaixa a cabeça, triste. E me
surpreendo quando diz.
— Na verdade, podemos combinar, quando eu tiver em casa e você for
visitar seu pai, ele pode levar você lá para brincar com Bud, combinado?
Gui pula agarrando Kat pelo pescoço, agora eu quem fico admirando os dois
interagindo juntos.
Pouco tempo depois Kat diz que precisa ir embora, uma parte de mim fica
decepcionado com essa notícia, pensando em uma maneira de prolongar isso,
quando percebo já falei.
— Eu e Gui vamos ir em um restaurante japonês hoje à noite, quer ir
conosco?
Me olha surpresa com o convite, parecendo pensar no assunto.
— Infelizmente não será possível, já marquei com minhas amigas de nos
encontrarmos mais tarde em um barzinho.
Assinto, pois provavelmente vai sair com o namorado, mas deve estar sem
graça de admitir, sendo que é palpável a atração que temos um pelo outro.
E apenas em pensar nisso, acabo ficando irritado imaginando-a com outro
homem hoje à noite, dormindo e fazendo outras coisas que eu gostaria que fizesse
comigo.
Bufo visivelmente, Kat parecendo não entender minha reação, tento não
demonstrar meu desapontamento a ela.
— Ok, se divirta a noite.
Ela confirma com a cabeça, provavelmente tentando entender meu tom seco
totalmente diferente de dois minutos atrás, olha pra Gui se abaixando, lhe dá um
beijo no rosto se despedindo.
— Tchau lindinho, foi muito bom brincar com você hoje tá? — Ele sorri a
abraçando.
— Tchau tia Kat. Logo, logo vou pedir pro meu pai me levar pra ver o Bud
de novo tá.
— Tudo bem, vai lá sim brincar com a gente, Bud vai adorar.
Ela se levanta ainda sem graça pelo modo que falei com ela.
— Vou indo Derik. — assinto ainda um pouco sério, ela dá um riso sem
vontade, assentindo também. — Realmente já combinei com elas, mas muito
obrigada pelo convite.
— Não se preocupe, acabei de me lembrar que uma conhecida minha vai
junto. — Dou de ombros.
Droga Derik! Por que você vai inventar uma merda dessa? Só pra não ficar
por baixo?
Pelo olhar que me dá, percebo que não era o que queria ouvir, não resistindo
em pensar... É Kit Kat, vai pensando que é só você que vai tá acompanhada hoje
à noite.
Por mais que ela não saiba a verdade, é bom que pense que não estou
rastejando por ela não, é só eu estalar o dedo que consigo uma mulher pra me
acompanhar. Kat balança a cabeça confirmando com um olhar decepcionada,
dizendo em tom baixo.
— Tá bom, bom jantar a vocês. Até mais Derik.
Se vira, saindo sem nem esperar eu dizer nada.
Quando vejo que está mais distante, coloco a mão na testa falando comigo
mesmo.
— Que merda Derik, pra que inventar isso? — Agora ela vai ficar com raiva
e aí que não vai terminar com o babaca. Eu sou foda viu, só faço merda.
Reviro os olhos pra mim mesmo, diante da minha atitude infantil, mas ao
mesmo tempo me repreendo.
Ela vai tá com outro, com certeza só falou que vai sair com as amigas, pra
não ficar chato, então você não tem que se sentir culpado de nada, só mostrou a
ela que da mesma maneira que ela não está a sua disposição, você também não
está.
Levo meu filho novamente no parquinho, para brincar nos brinquedos e
depois vamos no pedalinho, quando vejo que já está bem cansado vamos embora,
para ele dormir um pouco antes de jantar mais tarde.
Chego no hotel, dou banho em Gui, que se deita na cama para assistir seus
desenhos. Tiro minha camiseta, pois daqui a pouco já vou tomar meu banho, não
gosto de ficar cheio de roupa dentro de casa, mesmo estando em um hotel, por
enquanto, abro um leve sorriso ao lembrar, que daqui uma semana
aproximadamente vou estar próxima daquela fujona. Estou me sentindo irritado
em saber que Kat vai sair para um barzinho com as amigas e talvez se engrace
com alguém lá igual aconteceu comigo dançando, ou com a outra possibilidade
de ter tentado esconder que na verdade vai sair com o namorado e aí tenho
certeza de que será tocada.
Bufo irritado comigo mesmo de estar me estressando com isso.
Não tenho nada a ver com o que ela faz ou deixa de fazer.
Se situa Derik!
Ela faz o que bem entender, se quiser trair o namorado que traia, se quiser
sair com as amigas, que saia também.
Se Gui não tivesse aqui eu iria para um bar também sair com outra mulher,
só pra tirar isso da minha cabeça.
Pego uma cerveja no bar do hotel, abro levando até a boca, pensando, quem
eu estou tentando enganar? Bufo em minha própria ironia, estou tentando enganar
eu mesmo só se for, saí com Larissa pra tentar tirar ela da minha cabeça e a única
coisa que consegui além de uma baita ressaca, foi ficar mais obcecado em sair
com Kat, fui pro bar com Vini no outro dia e não tive interesse algum em sair
com nenhuma das garotas que tentaram se aproximar de mim, e eram muito
atraentes por sinal, não foi por falta de beleza que não quis seguir em frente com
certeza.
Era porque não era ela, balanço a cabeça pensando que só posso estar
ficando louco, só porque ela me deu um fora que estou assim, só tem essa
explicação. Nunca tive nenhum interesse em nenhuma outra mulher além de
Alice, e depois do que ela fez, quero distância de qualquer relacionamento, não
quero nunca mais ter uma relação com ninguém mais sério.
Ouço meu celular tocando na mesa indicando o recebimento de mensagens,
dou uma olhada, vendo que é Marcos, me chamando para jantar, respondo.
Derik: E aí cara, estou com Gui hoje, vamos jantar mais tarde em um
restaurante japonês aqui próximo, querem ir?
Marcos: Opa, vou falar com a patroa e já te respondo.
Aguardo o retorno dele, enquanto acabo com minha cerveja. Vejo as demais
mensagens que não havia retornado, inclusive de algumas mulheres querendo me
encontrar, sou sucinto respondendo que não posso nesse final de semana, mas
sem entrar em detalhes, não vou dispensar, pois nunca sabe o dia de amanhã.
Não sou de ficar saindo com a mesma mulher mais de uma vez, justamente
para não dar a entender nada a elas, mas já aconteceu de sair duas ou três vezes
com a mesma mulher, quando nos damos bem na cama.
Vejo que Marcos me respondeu, abrindo sua mensagem.
15 Anos atrás
Conheço Gustavo desde nosso primeiro ano, posso dizer que sempre fui
apaixonada por ele, nos tornamos grandes amigos e sempre estávamos juntos,
fazíamos os trabalhos, exercícios físicos, jogava bola e andávamos de bicicleta
juntos.
Ele parecia não me ver dessa mesma maneira, até que comecei a
desabrochar, meu corpo começando a chamar a atenção dos demais garotos.
De repente Gustavo passou a ficar mais superprotetor, não queria mais que
eu jogasse bola junto dos meninos.
Estava com dezesseis anos e percebia que Gustavo, apesar de demonstrar
certo interesse em mim, como muito ciúmes e não querendo que eu saísse com
ninguém, afastando os garotos que se aproximavam de mim, ele não tomava
nenhuma atitude para ficarmos juntos. Muito pelo contrário, cada hora estava
com uma garota diferente, sem se importar comigo.
Sempre achei Gustavo lindo, mas com o passar do tempo, foi amadurecendo
e hoje já está com ar mais de homem, apesar de ainda magro, mas definido graças
aos muitos esportes praticados, pele bronzeado devido ao sol que sempre
tomamos juntos, tanto na praia quando vamos com nossas famílias, quanto na
piscina de casa que sempre aproveitamos nos finais de semana, possui cabelos
escuros e curtos, deixa sempre arrepiado, olhos verdes claros, parecido com os
meus, mas mais alto aproximadamente dez centímetros, consequentemente fazia
muito sucesso entre as garotas, o que me deixava possessa.
Uma vez uma amiga minha disse, que saiu com um rapaz para chamar a
atenção do outro que ela estava a fim e o garoto ficou doido por saber disso,
resolvendo assumi-la para não deixar mais sair com ninguém.
Acabei chegando à conclusão de que o ideal era eu fazer a mesma coisa, se o
Gustavo não tomasse atitude, quem sabe eu não começasse a me interessar por
outra pessoa, saindo com outra pessoa poderia despertar meu interesse e foi o que
acabei fazendo.
Um garoto que estava se formando me convidou para ir ao baile com ele,
como sabia que Gustavo provavelmente iria com uma das garotas que vivia
saindo, aceitei o convite.
Seu nome era Jeferson, era uma gracinha, cabelos claros, parecia como um
anjo, com os olhos castanhos, um furinho no queixo que era um charme e parecia
de fato estar muito a fim de mim. Pensei por que não tentar? Quem sabe assim
esqueço Gustavo e paro de ser capacho na mão dele.
Chegou o dia do baile, quando Gustavo me viu dançando com Jeferson,
ficou doido, me chamou de canto puxando meu braço, perguntando com
ignorância.
— Que merda você pensa que está fazendo dançando dessa maneira com
esse cara Kat?
Não entendi seu tom ignorante comigo, pois não estava fazendo nada demais
além de dançar, o respondi com meu tom irônico.
— Estou fazendo o que você acabou de perguntar ué, dançando, não é o que
se fazem em bailes?
— Não dessa maneira, parece que está se insinuando pra ele.
Gargalhei em sua cara, o que o deixou ainda mais irritado comigo.
— Olha Gu, me poupe tá, vai lá dançar com a sua parceira, pois é com ela
quem você deve ser preocupar como dança, não comigo. — Dei uma piscada,
voltando para o lado de meu parceiro.
Continuamos dançando juntinhos, vire e mexe olhava em direção a Gustavo,
percebendo que estava me fuzilando, mal dando atenção a sua parceira de baile.
O que me fez comemorar internamente.
Depois de uma hora mais ou menos voltamos a dançar, mas agora tocava
uma música mais lenta, conforme dançávamos bem juntinhos um ao outro,
Jeferson me chamou baixinho, quando olhei vi que ficou me encarando como se
estivesse encantado, se aproximou de mim me beijando.
No início me assustei, sempre guardei meu primeiro beijo para Gustavo, mas
conforme ele começou a mexer seus lábios e a introduzir sua língua dentro da
minha boca, o aceitei e começamos a nos beijar, tentando aproveitar meu
primeiro beijo apesar de não ser com a pessoa que sempre sonhei, afinal, se
ficasse esperando por ele, talvez nunca seria beijada por ninguém.
Ele ficou ainda mais próximo conforme o beijo avançava, colocando suas
duas mãos em minha cintura, subi as minhas em volta de seu pescoço. Quando de
repente, senti Jeferson sendo puxado com tudo para longe de mim, quando abri
meus olhos não entendi nada do que estava acontecendo.
Vi Jeferson sendo jogado com tudo no chão, enquanto Gustavo subia em
cima dele o esmurrando. Fiquei paralisada tentando associar a cena a minha
frente, quando ouvi algumas pessoas gritando.
— PORRADA... PORRADA... PORRADA...
Foi aí que sai do transe que estava, corri pra cima de Gustavo, o puxando de
cima de Jeferson, gritando pra ele parar com isso.
De repente o zelador da escola e outro segurança chegaram separaram os
dois e os expulsando do baile.
Fiquei furiosa com Gustavo por ter sido tão idiota, fui com Jeferson para
fora, paramos em uma farmácia próxima, o ajudei com seus machucados, falando
que ia embora.
Ele tentou me convencer de irmos para outro lugar mais sossegado só nós
dois, mas não estava preparada para mais essa estreia, achei melhor não fazer
isso.
Quando estava chegando em casa, desci do táxi, vendo Gustavo sentado na
calçada me esperando.
Não queria nem conversa com ele, estava entrando sem nem falar com ele,
quando falou alto.
— Me desculpa Kat, fiquei muito irritado em ver ele te beijando.
Parei ao ouvir isso, me virei ainda mais brava por sua ironia.
— COMO É QUE É? Ficou bravo porque ele me beijou? — Fui me
aproximando dele ainda mais irritada, batendo os pés com força no chão, afinal
quantas vezes eu o vi se agarrando com um monte de garotas e não é por isso que
sai batendo em todas.
Deu de ombros, olhou para os seus pés falando em tom baixo.
— Sim, fiquei.
Arfei ainda mais irritada com sua cara de pau, de vir até a minha casa pra
dizer isso e esperar que eu faça o que, não beije mais ninguém porque ele não
quer?
— E aí quer que eu faça o que? Que peça a sua permissão da próxima vez?
Pois fique sabendo de uma coisa, você não é meu pai, você sai com várias garotas
e não se importa se eu vejo ou não, então por que eu devo me importar com você?
Ele levanta a cabeça, me encara com os olhos todo marejados.
— Desculpa Kat, — suspira como se estivesse tomando coragem para dizer
algo — eu fiquei com ciúmes.
Perco a fala com sua declaração, mas me lembro rapidamente das tantas
vezes que não se importou se eu estava com ciúmes e isso não o impediu de sair
com outras.
— Pois que fique! E se acostume, pois verá muitas e muitas vezes de agora
por diante.
Me viro me preparando para sair e entrar em casa, quando corre até mim,
segura meu braço me puxando com tudo, fazendo com que eu fique de frente para
ele.
Se aproxima de mim, me deixando tensa com sua proximidade, sinto seu
perfume e seu hálito quando diz.
— Você não se atreva a ficar com mais ninguém, você é minha!
Era só o que faltava, quando ele diz isso, minha raiva ferve, e quando abro a
boca para xingá-lo e dizer que não é meu dono, sou atacada por seus lábios com
tudo em minha boca me calando.
No início do nosso beijo, penso que estou sonhando por finalmente estar
sendo beijada por meu melhor amigo, até que percebo que não estou sonhando.
Ele começa a brincar com minha língua de uma maneira deliciosa, uma mão vai
até a minha nuca enquanto a outra desce até minha cintura me aproximando ainda
mais dele, eu reajo finalmente o abraçando, começando a aproveitar seu delicioso
beijo.
Ficamos nos beijando por alguns minutos, com medo de que se caso
parássemos o sonho acabasse e voltássemos a realidade.
Finalmente fomos nos acalmando, ele dá uma leve mordida em meus lábios
inferiores, cola a testa na minha dando uma risada gostosa enquanto fala.
— Não sabe quanto tempo quis fazer isso!
Pergunto ainda tentando recuperar a minha voz, em tom baixo.
— E por que nunca fez?
— Pois fiquei com medo que ficasse zangada, se afastando de mim, mas
hoje quando vi aquele idiota te tocando fiquei doido e acabei perdendo a cabeça.
Separa nossas testas, segura meu rosto com as duas mãos dizendo enquanto
olha em meus olhos.
— Me promete, que nunca mais vai deixar ninguém te tocar, a não ser eu
Kat, me promete?
Paro e penso em sua proposta, mas e ele? Não vou deixar ninguém me tocar,
mas ele também não vai? Limpo minha garganta.
— Eu prometo sim, — suspira aliviado e continuo — desde que você
também me prometa o mesmo.
Ele para, me olhando com um olhar ainda mais intenso, abre um sorriso
enorme enquanto diz.
— Desde quando você virou essa mulher que sabe negociar uma proposta
hein? — quando vou xingá-lo por parecer que está tentando se esquivar de sair
com outras garotas, enquanto eu não poderia. Levanta o dedo indicador, me
silenciando com o riso ainda nos lábios. — É claro que eu também prometo Kat,
só ficarei com você de agora em diante.
Solta os meus lábios, voltando a me beijar, mas agora de uma maneira mais
calma, como se estivéssemos selando nosso relacionamento, me sentindo nas
nuvens por finalmente estar com ele.
CAPÍTULO 11
Kat: E aí meninas, vocês acham que ficou bom ou tô parecendo que meu
único objetivo é levar ele pra cama? Não quero parecer vulgar afinal.
Sofi: Ual, ficou linda amiga, ele vai ficar babando com certeza, está
linda e não está nada vulgar, mas está sexy e esse é o objetivo né? kkkkkk
Liv: Arrasou Kit Kat, ficou muito gata, está sexy pra caramba e com
certeza ele vai ficar de queijo caído.
Kat: kkkkkk, obrigada meninas. Essa é a intenção, sexy sem ser vulgar.
Kat: Estou um pouco nervosa, afinal faz 4 anos que não saio com
ninguém diferente.
De repente ouço a campainha tocando, olho no relógio vendo que são sete
em ponto, Bud se levanta correndo até a porta para ver quem é.
— Ual, temos alguém que é pontual aqui. — Penso comigo mesma. —
Ponto positivo pra você, Derik.
Pego minha bolsa, meu celular respondendo as meninas, mas nem comento
nada sobre suas respostas, apenas me despeço.
O dia passou voando hoje, geralmente de sábado trabalho quando não vejo
Guilherme, mas como me mudei na sexta, quis organizar tudo da mudança, pois
odeio deixar minhas coisas fora de lugar sem saber onde está o que preciso.
Já havia deixado tudo organizado e embalado para a mudança, só não trouxe
o que era muito grande e daria muito trabalho, podendo até estragar com a
mudança, como aqui tinha os móveis planejados como guarda-roupa e armário,
nem precisei me preocupar de comprar, pois os da minha casa também eram, nem
conseguiria trazer, nem que quisesse.
Com isso organizei todas as minhas roupas, utensílios de cozinha, até
mesmo o que eu tinha de Guilherme como brinquedos, roupas de cama, até
mesmo as roupas dele que deixo em casa trouxe.
Pedi para um amigo meu que só abrisse a casa instruindo o responsável pela
mudança para carregar o caminhão quando eu conseguisse um lugar, para não ser
necessário voltar lá apenas pra isso.
Quando encontrei Kat na sexta em frente sua casa e a convidei para sair
hoje, pensei que fosse dar mais trabalho para aceitar sinceramente, mas para
minha enorme surpresa, aceitou sem tentar disfarçar. O que é ótimo por sinal, pois
minha vontade era ter agarrado ela lá mesmo, mas me segurei muito para não
fazer isso.
Posso não estar procurando um relacionamento sério, mas ela é cunhada do
meu melhor amigo, irmã da dona da casa que estou alugando, não vou trata-la
como uma qualquer também. Vou fazer da maneira certa, a chamei pra sair, e
quem sabe se rolar algo mais hoje mesmo ótimo, senão até um próximo encontro
é aceitável por ela ser quem é.
Não estou pensando em sair com ela muitas vezes, claro que não, mas ela vai
ser minha vizinha, não posso agir com ela, como costumo agir com uma mulher
que nunca mais vou ver, tendo que lidar com clima ruim depois. Por isso, se rolar
hoje, não preciso me preocupar em sair de novo, pois como disse, é raro sair mais
de uma vez com uma mesma mulher, geralmente assim que saio com elas, não
sinto vontade de repetir a dose, partindo pra outra.
Porém, ela é linda demais, se for tão boa na cama como é fisicamente, talvez
eu repita uma ou duas vezes, mas tenho certeza de que depois disso, vai perder a
graça como sempre acontece.
É pensando nisso que após terminar de arrumar as minhas coisas, reservo
uma mesa em uma parte mais reservada do restaurante que vou leva-la, peço para
colocar velas na mesa, dando um clima romântico, escolhendo minha melhor
roupa para vestir.
— Eu nunca disse que ia jogar limpo Kit Kat. — Dou um sorriso irônico
para mim mesmo no espelho enquanto termino de raspar minha barba.
Já são seis horas, e está tudo arrumado em casa, meus lençóis estão limpos
para caso eu a traga para cá, TV instalada, tudo em seu devido lugar, até a
geladeira já abasteci. Quem disse que brinco em serviço?
Resolvo me vestir estilo sport chic, com um tom de roupa que destaque
meus olhos, já percebi que ela sempre os admira, assim tenho que usar o que
tenho ao meu favor.
Coloco uma camisa azul marinho, com o primeiro botão aberto, uma calça
de sarja preto, uma sapa-tênis azul marinho pra combinar com a camisa junto de
meu blazer preto.
Minha barba está feita, passei um creme em meu cabelo, mas como é bem
liso, deixo jogado de lado, não estilo Justin Bieber, tô fora, nem emo. Mas posso
dizer que é mais parecido com do Tom Cruise.
Passo meu perfume porque não conheço mulher que não goste de um
homem cheiroso, vou pra sala aguardar dar o horário para encontrá-la. Vejo que
ainda são seis e meia, mas não vou ir ainda pois deve estar se arrumando e pode
não gostar que eu chegue antes do horário combinado.
Troco os canais sem nem ao menos ver o que realmente está passando,
olhando o relógio a cada dois minutos.
Me levanto, indo tomar água, percebendo que me esqueci de deixar o vinho
pra gelar o colocando na geladeira, nunca se sabe se vamos usar mais tarde.
Ainda são seis e quarenta, bufando comigo mesmo por minha impaciência,
devia ter marcado mais cedo viu.
Mexo no celular respondendo algumas pessoas que ainda não tinha
respondido, algumas mulheres que me mandaram mensagens simplesmente
ignoro, pois não estou no clima de responder nenhuma agora.
Coloco no aplicativo de GPS a rota do restaurante, vendo que o trânsito está
tranquilo.
Vejo no relógio que se passou cinco minutos.
— Caralho de hora que não passa.
Me sento novamente no sofá mexendo nos canais de filme agora, vendo se
há algum filme que possa ser interessante para assistir mais tarde, encontrando
um que dizem ser bom, Como eu era antes de você, mas que não assisti, pois não
curto filmes de romance não, mas se ela quiser assistir posso fazer esse sacrifico
hoje.
Agora faltam dez minutos, me levanto, pegando minha carteira e chave do
carro, desligo as luzes da casa, deixando apenas a de fora acesa. Entrando em
meu carro para busca-la.
Chego em frente à sua casa, coloco uma playlist de hard rock pra tocar, são
músicas que geralmente todos gostam, sou eclético, gosto mais de ouvir isso, mas
ouço de tudo um pouco, tanto que sei dançar até sertanejo. Crazy do Aerosmith
toca enquanto canto junto aguardando dar o horário para chama-la. Quando a
música termina penso que é melhor colocar uma música que crie um clima entre
nós dois, trocando Aerosmith por Ed Sheeran.
Finalmente está dando sete horas, desligo o carro indo avisar que cheguei.
Toco a campainha, enquanto aguardo, ouço depois de uns cinco segundos
Bud na porta latindo querendo sair.
— E aí garotão sou eu. — Falo por trás da porta para que saiba que é alguém
conhecido. O que dá certo, já que para de latir, mas imagino que ainda esteja ali.
Estou olhando para as ruas do condomínio, quando ouço a porta se abrir me
virando para vê-la.
PUTA MERDA... QUE MULHERÃO É ESSE?!
Acho que fico uns cinco segundos assimilando toda sua beleza estonteante
na minha frente, tentando sibilar as palavras que teimaram em fugir de repente me
deixando totalmente sem palavras. Olho Kat de cima a baixo, sem ter como
impedir meus olhos de vagarem pelo seu corpo escultural, juro que tentei ser
cavalheiro, mas como se ela me faz uma dessa, sinto meu corpo ascender apenas
vendo-a tão linda a minha frente, quando encontro seu olhar, noto que seus lindos
olhos cor de esmeralda — que por sinal conseguiram estar ainda mais destacados
nesse momento com a maquiagem — também estão vagando por meu corpo, e
pela mordida que Kat da no canto de seus lábios, acredito que aprovou tanto
quando eu o que vê.
Finalmente vou voltando a mim, limpando a garganta.
— Nossa, você conseguiu se superar. — Olho novamente para seu corpo,
parando em seus olhos — você já é linda naturalmente, mas hoje você conseguiu
me deixar sem palavras.
Estendo minha mão pra ela que aceita, não resisto, me curvando levemente
para a mão dela, lhe dando um beijo carinhoso. Me levanto, voltando a me
concentrar em seu olhar lhe dou um sorriso.
— Você também, não está nada mal. — mas pelo sorriso mordendo o canto
dos lábios, percebo que está apenas querendo me provocar, o que faz meu sorriso
aumentar ainda mais. Dou de ombros fingindo que me atingiu com seu
comentário.
— Fiz o melhor que pude. — Ela volta a apreciar meu corpo praticamente
me comendo com o olhar, sabendo que escolhi a roupa certa. — Então, está
pronta? Podemos ir?
— Podemos sim, só vou colocar comida para Bud, como não sei se vamos
demorar tá? — abre a porta me dando passagem estendendo a mão indicando que
eu entre. — Fica à vontade, serei rápida.
Vejo-a se afastar, não resistindo olhando como seu vestido ficou na parte de
trás, não podendo estar mais perfeito. O vestido é um tom vermelho que ficou
muito sexy nela, marcando seu corpo todo. Está perfeita!
Vou andando devagar pela sala de estar, observando que realmente o
desenho da casa é bem parecido com o de onde comecei a morar, só mudando a
decoração.
Kat deixa uma parede ou outra em um tom mais alegre, possui plantas em
sua casa, quadros, tudo muito organizado e bonito, bem a cara dela para ser
sincero.
Ouço seus passos se aproximando, quando a vejo digo.
— Bela casa, parece que combina com você mesmo.
Ri um pouco sem graça, dizendo.
— Espero que isso seja algo bom então.
— Com certeza é, a casa é linda como a dona.
Ela volta a morder o canto de seus lábios, olhando para seus pés. Me
aproximo ficando de frente com ela, levanto seu queixo devagar para olhar para
mim.
— Se você quer ir jantar realmente, para de ficar mordendo a sua boca desse
jeito. — Fico contemplando sua boquinha, soltando os dentes de seus lábios, não
aguento subindo meu dedo indicador passando carinhosamente aonde ela mordeu,
levantando meu olhar para o seu. — Agora melhorou, pois se continuasse me
provocando desse jeito, ia acabar levando você ao sofá mesmo que é o mais
próximo que conseguiríamos chegar.
Ela ri do meu comentário, o que me faz aquecer internamente quando a
ouço. Vou ao seu lado lhe oferecendo meu braço.
— Vamos madame?
— Com toda certeza Monsieur¹.[1] — diz dando uma leve abaixada como
cumprimento aceitando meu braço para ir até o carro.
Fecha a casa e corro para abrir a porta do carro para entrar, dou a volta
entrando começando a dirigir, tocando a playlist que havia deixado preparado.
— Nossa, você está inspirado hoje hein? — diz me olhando enquanto dirijo,
dou uma piscada a ela voltando olhar em direção à rua.
— Não sei se você gosta dessas músicas, mas pode trocar caso prefira outra
coisa, só achei que iria gostar. — Dou de ombros, percebendo que abre um
sorriso pelo canto do meu olho.
— Essa música pra mim está ótima. Adoro Ed Sheeran, na verdade gosto de
tudo um pouco, vai do meu humor, tem dia que ouço sertanejo para animar,
dançando um pouco, tem dia que ouço MPB, em outras ocasiões músicas
internacional, tanto românticas, quanto hard rock. — Levanta os ombros, ainda
me olhando. — Sou uma pessoa fácil de agradar em relação a isso.
Encaro-a rapidamente, sorrindo enquanto digo.
— Mais uma coisa que temos em comum, pois também sou eclético, pode
ver minha playlist pra saber que não estou dizendo isso para me aproximar de
você, claro que minha preferência é hard rock, mas ouço de tudo um pouco.
O restante do caminho é tranquilo até o restaurante, o assunto “música”
acaba dando uma amenizada para quebrar o gelo do primeiro encontro.
Chegamos ao restaurante, a recepcionista nos cumprimenta, nos guiando até
nossa mesa, percebo pelo semblante de Kat que a surpreendi novamente.
Tudo está do jeito que pedi, em um canto mais reservado, com uma luz em
tom mais baixo deixando o ambiente com ar romântico, algumas velas sobre a
mesa. Como o banco é um único estofado que contorna a mesa, opto por ficar de
frente com ela como acabamos de chegar, mas já planejando ficarmos lado a lado
caso queira mais tarde.
O garçom nos entrega o cardápio, escolhemos uma taça de vinho cada um,
fazemos nosso pedido para jantar. Quando o garçom se vai Kat é a primeira a
perguntar.
— E Gui, como está?
— Ele está ótimo, cada dia mais bagunceiro, almocei com ele na quarta-
feira, está doido para vir conhecer onde estou morando. — Rio lembrando de sua
empolgação com a minha casa nova. — Mas acho que a vontade na verdade é de
conhecer a sua casa e não a minha.
Kat dá risada de meu comentário, respondendo.
— É realmente eu não duvido, fazer o quê? — dá de ombros fingindo
modéstia. — As crianças me amam. — Rio do seu comentário e ela também. —
Mas falando sério agora, acho que ele e o Bud se apaixonaram um pelo outro, sei
que quer ir lá não por causa de mim, mas por meu cachorro... fazer o que!
— De fato, ele ficou enlouquecido com seu cachorro, toda vez vai me pedir
pra levar ver o Bud.
— Mas falei sério que pode leva-lo lá, você sabe onde moro, — dá uma
piscadinha com olhar travesso — se eu tiver em casa, não há problema algum
deles brincarem um pouco, Bud adora crianças.
Me sinto muito mais à vontade com ela pela maneira como trata meu filho,
não fica me olhando com cara de quem tá me julgando o porquê não estou mais
com a mãe dele como a maioria das pessoas fazem quando descobrem que sou pai
solteiro, e ela nem sequer perguntou nada a respeito, o que faz com que admire
ainda mais, por parecer discreta e compreensiva.
O assunto vai surgindo sem nem nos esforçarmos para procura-los, descobri
aonde fez faculdade, que morava em Sorocaba, sobre seu pai ser um grande
neurocirurgião, mas apesar de querer ser médica igual ao pai, não quis seguir a
mesma especialização por adorar trabalhar com crianças amando o que faz. Conto
um pouco sobre mim, e minha trajetória profissional e quando menos percebemos
já jantamos, mas parece que nenhum de nós gostaria de terminar a noite ainda.
— Nossa, esses burritos estavam divinos. — comenta.
— Realmente estava uma delícia, quer uma sobremesa? Ou já está cheia?
Ri me fazendo apreciá-la, enquanto responde.
— E eu tenho cara de quem nega sobremesa?
— Não, não tem. — Respondo rindo com sua espontaneidade, chamando o
garçom.
Enquanto analisa o cardápio, não resisto admirando a mulher linda,
simpática e alegre a minha frente, pensando no quão difícil é conseguir encontrar
esses três adjetivos em uma mesma pessoa, mas nela, já noto esses entre muito
mais pelo pouco que a conheço, me encantando.
— Derik... — ouço me chamando, cortando meus pensamentos percebendo
que olha pra mim confusa, provavelmente tentando decifrar o que se passa por
minha cabeça.
— O que disse? — Pergunto, pois nem sei o que falou.
Ela aponta para o garçom repetindo a pergunta.
— Perguntei se você não vai querer nada.
— Não, experimento do seu se não se importar, mas não faço questão de
uma apenas pra mim. — penso melhor — Na verdade gostaria de mais uma taça
de vinho por favor.
O garçom anota nosso pedido saindo, nos deixando a sós novamente.
Começa a tocar Photograph de Ed Sheeran, nos fazendo rir.
— O Edinho está nos perseguindo... — levanto as sobrancelhas mediante seu
comentário.
— Nossa que intimidade vocês têm! — comento fazendo-a rir.
— Sim, nós temos, está sempre em minha casa. — Gargalha.
Não resisto mais em ficar longe, me aproximando dela pelo banco, pego sua
mão acariciando com meu polegar.
O garçom chega nesse instante com minha bebida e sua sobremesa, vendo
seus olhos brilharem, me fazendo rir internamente com tal empolgação.
Tomo um gole do meu vinho, a observando comer com tanta devoção uma
simples sobremesa.
— Hum, isso aqui está maravilhoso, experimenta. — Pega um pedaço com a
colher trazendo até minha boca, como me aproximei dela, estamos praticamente
colados um no outro. — E aí o que achou? Não está uma delícia? — Dou um
sorriso malicioso a ela dizendo.
— Está uma delícia realmente, mas sabe onde quero experimentar? —
quando pensa no que responder, coloco minha mão em sua nuca, a puxando
devagar para mais perto, sussurrando sobre seus lábios. — Em sua boca deve ser
muito melhor. — Logo corto o pouco espaço que havia entre nossos lábios
finalmente a beijando.
Sinto seus lábios macios nos meus inicialmente, abro meus lábios
aprofundando nosso beijo, Kat não se nega deixando explorar sua boca com
minha língua, sentir seu sabor, seu beijo. Minha outra mão alcança sua cintura, a
puxando para mais próxima de mim, se é que seja possível. Sua mão passa por
meu peitoral, apoiando nele enquanto a outra coloca em minha coxa, de modo
que sinto acariciando minha perna levemente. Nossas línguas brincam uma com a
outra, sem nos lembrarmos de onde estamos, abaixo a mão que estava em sua
nuca para sua cintura, e a que estava em sua cintura abaixo para suas pernas a
puxando para cima das minhas a deixando sentada de lado sobre mim. Agora sim,
consigo abraçar melhor sua cintura fina, ela envolve seus braços em meu pescoço
enquanto continuamos nos beijando.
Vamos acalmando nosso beijo aos poucos para tomarmos folego, já sentindo
falta de seus lábios ao nos afastarmos.
Ela acaricia meu rosto, como se estivesse desenhado meu rosto com a ponta
do dedo, pouso uma mão em seu quadril, apertando levemente seu quadril,
enquanto com a outra acaricio sua coxa, passando minha mão levemente subindo
e descendo nela, como o vestido é curto, sentada subiu ainda mais, conseguindo
sentir sua coxa definida, como só possui uma meia fina entre minha mão e sua
pele macia.
Ela me dá um selinho demorado, se afastando perguntando.
— E aí o que achou da sobremesa afinal? — Pergunta com sua boca
praticamente colada a minha e seus olhos nos meus. Rio da sua pergunta,
respondendo com toda minha sinceridade.
— É a melhor sobremesa que já experimentei.
Volta a me beijar agora com mais calma, me permitindo apreciar cada toque
de seu beijo, a apertando ainda mais forte sobre mim. Depois de alguns minutos
nos beijando e acariciando com ela ainda sobre meu colo, ela diz.
— Vamos terminar a sobremesa de verdade agora?
Penso que vai se sentar no banco para comer, mas para minha total surpresa,
retira os braços em volta do meu pescoço, virando levemente sobre minhas pernas
apenas para conseguir alcançar o prato com a sobremesa, voltando na posição que
estava começando a comer, intercalando as colheradas entre ela e eu.
Eu nem ligo para sobremesa, mas comendo desse jeito, passei até a gostar.
Após terminarmos, tomo mais alguns goles do meu vinho, oferecendo para
ela que nega. Tornamos a nos beijar, mas dessa vez, com fome um do outro, como
se apenas o beijo já não fosse o suficiente, beijo abaixo de sua orelha, mordendo
levemente o canto de sua orelha ouvindo ela soltar um gemidinho próximo de
meu ouvido, me instigando.
Não aguento mais, convidando-a em um tom baixo.
— Vamos para casa continuar isso lá?
— Pensei que não fosse perguntar nunca. — diz com um riso safado,
encostando seu lábio no meu, mordendo de modo sexy meu lábio inferior, me
fazendo abrir um sorriso com sua atitude.
Essa mulher é demais! – penso comigo mesmo.
— Preciso de alguns minutos para sairmos daqui. — Aponto com a cabeça
para baixo em direção a suas pernas, entendendo o que quis dizer, me dá um novo
selinho demorado, nossa nunca imaginei que até de selinho ia gostar tanto com
ela, voltando ao seu assento, enquanto chamo o garçom pedindo a conta.
— Vou ao toilette, já volto. — Me dá uma piscada se levantando, o que é
ótimo porque o garçom chega e consequentemente meu pau vai entendendo que
não é ele que quer, voltando ao seu estado normal para irmos embora.
CAPÍTULO 14
14 anos atrás
Um ano se passou desde que eu e Gustavo demos o nosso primeiro beijo, ele
me pediu em namoro depois de um mês e meus pais disseram que sempre
imaginaram que íamos ficar juntos, ficando muito feliz.
Nós dois nos inscrevemos para as Universidades públicas para prestar
medicina, por ser onde tem os melhores cursos, mas me inscrevi em algumas
renomada que são particulares também, pois meus pais iriam pagar caso não
desse certo as públicas, mas a que fazia questão mesmo eram as federais.
Gustavo já não tinha uma família com poder aquisitivo muito bom para
pagarem uma faculdade de medicina, mas sempre foi muito inteligente e
esforçado, por isso estudávamos juntos, como era bolsista.
Quando recebemos o retorno da faculdade, nos parabenizando dizendo que
fomos aprovados a estudar lá, comemoramos muito, com a família e mais tarde
em sua casa.
Seus pais haviam ido viajar, e Gustavo estava com a casa só pra ele, pois o
irmão havia viajado com alguns amigos. Ele me convidou para irmos assistir um
filme, em sua casa e comermos uma pizza.
Sabia que poderia rolar alguma coisa a mais entre nós, pois toda vez que
ficávamos juntos o clima esquentava demais e eu já estava me sentindo pronta
para dar esse passo adiante, próxima de completar 18 anos, finalmente
namorando a pessoa que sempre fui apaixonada, confiava e era meu melhor
amigo acima de tudo. Por que não arriscar, afinal? Melhor ser com uma pessoa
assim, certo?
Foi pensando nisso que coloquei minha melhor lingerie, um vestidinho que
me caía muito bem, me perfumei, passando uma maquiagem leve.
— Pronto Kat, se rolar rolou. Você está pronta para dar esse passo com ele!
Saí de casa, pedindo um táxi até a casa dele.
Assim que Gustavo abriu a porta, meu coração acelerou ainda mais.
— Nossa Kat. — me olhou de cima abaixo com um olhar apaixonado,
voltando a me encarar. — Nossa... você está linda, mais do que já é.
Dei um sorriso a ele, que já me beijou me puxando pela cintura para dentro
de casa.
Fechou a porta com o pé sem me soltar, continuando nos beijando como
senão houvesse mais nada que importasse, que não fosse ele e eu.
Se afastou um pouco, me oferecendo.
— Quer beber alguma coisa? Sei que não está acostumada a ficar bebendo,
mas acho que hoje merecemos uma comemoração mais apropriada. — Me puxou
pela mão, pegando um champagne nas mãos com um sorriso de canto. — O que
acha?
— Hoje podemos abrir uma exceção, afinal é o início de um novo ciclo de
nossas vidas. Daqui dois meses iremos nos mudar para São Paulo, morar em
repúblicas, — respiro fundo, falando o que estou determinada a fazer — e
também podemos dar um novo passo em nossa relação a partir de hoje.
Ele me encara parecendo não acreditar no que falei, nós havíamos
conversado algumas vezes sobre isso, mas disse que ainda não estava pronta, mas
quando estivesse iria avisá-lo, sendo o que estou fazendo agora. Gustavo
cavalheiro que é, havia aceitado, sem me pressionar.
— Nossa, sério? — vem até mim, toca meu rosto enquanto diz. — Não
quero que se sinta obrigada a isso, eu aguardo o tempo que for por você.
Dou um passo à frente cortando o restante do espaço que há entre nós, lhe
dando um beijo calmo dessa vez, que responde o quanto estou certa do que quero.
Me afasto devagar, com um sorriso para ele.
— Eu estou pronta desde que seja com você!
Ele abre um sorriso ainda maior, me beijando novamente.
Após se afastar, abre o champagne, colocando uma taça para cada um de
nós, ainda me olhando parecendo não acreditar no que está prestes a acontecer.
Gustavo será meu primeiro homem, mas já possui bastante experiência
desde os seus quinze anos.
Nós subimos para o seu quarto, coloca algumas músicas românticas para
entrarmos no clima, bebemos os champagnes enquanto nos beijamos.
Gustavo começa a me despir calmamente, apesar de estar um pouco nervosa
por ser minha primeira vez e ter medo que machuque, confio nele cegamente, sei
que vai ser cuidadoso comigo.
Não tenho vergonha do meu corpo, apenas tenho receio de não ser boa o
suficiente para ele pela minha falta de experiência.
Mas não poderia estar mais enganada, pois fomos perfeitos juntos, ele foi
perfeito comigo, foi tudo maravilhoso, e quando terminamos, me senti flutuando,
olho para Gustavo percebendo que está me encarando com um olhar, que se
parece com fascínio. Me beija calmamente mostrando que está tão feliz quanto
eu, e quando termina nosso beijo se afasta um pouco dizendo o que nunca
imaginei ouvir de sua boca.
— Eu te amo Kat. — Meus olhos se enchem de lágrimas emocionada por
ver que estou sendo amada por ele, sorrio lhe beijando, demonstrando o quanto
lhe amo também. Quando termino de beijá-lo, seguro seu rosto com as duas
mãos, dizendo também pela primeira vez, mas o que já sei há muito tempo.
— Eu também te amo, Gu! — Dou um selinho nele — Você é o homem da
minha vida, sempre te amei e sempre vou te amar.
Depois disso, nos amamos novamente, mas agora com a certeza de que não
estávamos apenas transando, mas fazendo amor.
Após uma hora dessa maneira, pedimos pizza, enquanto não chega vamos
tomar nosso primeiro banho juntos.
Quando estamos nos enxugando Gustavo vira pra mim, se senta em sua
cama, me puxando pela mão para o meio de suas pernas, me segurando pelo
quadril me surpreendendo pela segunda vez, ouvindo o que jamais pensei ouvir
nessa mesma noite.
— Estava pensando há uns dias, e como vamos morar em república, por que
não vermos um apartamento pequeno próximo da faculdade e morarmos juntos
lá? — meus olhos se arregalam com seu pedido, pois não estava esperando por
isso. — Sei que ainda estamos há pouco tempo juntos, nem dois meses, mas nos
conhecemos a anos, eu quero ficar perto de você o tempo todo, e com os estudos
isso será difícil, é uma maneira de termos a nossa privacidade e ficarmos mais
próximos, o que acha?
— Nossa, não sei nem o que falar. — Paro, analisando a situação, ele
realmente está certo, mas não será um passo muito grande em tão pouco tempo de
namoro? Mas de fato, nem vamos nos ver direito por causa dos estudos, talvez a
gente estude na mesma sala, mas estaremos estudando, assim podemos ajudar um
ao outro, vou poder dormir com ele todos os dias. Nossa e meus pais, eles não
vão aceitar isso, mas quer saber, vou conversar com eles e é melhor com Gustavo
que eles conhecem do que com pessoas que não conhecemos, tomando minha
decisão nesse momento. — Quer saber? Acho uma excelente ideia, vamos morar
juntos!
Ele me levanta em seu colo, me fazendo soltar um gritinho com a surpresa,
me beijando e lá se vai outra comemoração essa noite.
Lembro de tanta coisa que aconteceu nesse ano, eu e Gustavo nos firmamos
em nosso namoro a tal ponto, que começamos a namorar e agora moramos juntos
aqui em São Paulo em um bairro próximo a faculdade.
Nosso namoro está mais firme do que nunca e não me arrependo em nenhum
momento da decisão que tomei.
Não estudamos juntos apesar de ser o mesmo curso, caímos em classes
separadas, mas tem suas vantagens, pois assim temos um pouco de distância para
não enjoarmos um do outro, se é que isso seja possível, mas nos intervalos
ficamos todos juntos, eu e Gustavo, os amigos dele e as minhas novas amigas Liv
e Sofi, que conheci logo no primeiro dia e nos demos super bem, nossa amizade
tem ficado cada vez mais forte.
Gustavo está preocupado em conseguir um trabalho de meio período para
ajudar com as despesas do apartamento, e com os materiais de estudo que
precisamos comprar que são muito caros.
Os pais dele ajudam no que pode, mas infelizmente não possuem tanta
condição para conseguir arcar com todas as despesas. Até tentei entrar no assunto
de pedir para os meus pais o ajudar com os materiais, pelo menos enquanto
estudamos, depois se ele se sentisse melhor devolvia quando começasse a exercer
a função, mas Gustavo não aceitou se sentindo ofendido, eu o entendo, por isso, o
que posso fazer é apoiá-lo a procurar um novo trabalho, já o custo com o
apartamento meus pais estão pagando, é visível que ele não está gostando, mas
está aceitando.
O que me preocupa é isso começar a afetar a nossa relação, por isso tenho
tentado apoiá-lo em suas decisões, pois não quero que isso vire uma barreira entre
nós.
CAPÍTULO 16
Nosso banho de banheira foi uma delícia, ensaboei Kat, que fez o mesmo
comigo, voltamos a nos beijar e consequentemente o clima esquentou novamente,
terminando com mais um sexo enlouquecedor.
Já transei com muitas mulheres, posso dizer sem sombra de dúvidas, que
essa tem sido as melhores transas que já tive.
Mais um item para a lista de qualidades de Kat. Após sairmos da banheira,
nos deitamos na cama, Kat colocou apenas suas lingeries e eu minha cueca.
Ficamos conversando entre um beijo e outro. Está deitada sobre meu ombro,
abraçando minha barriga, com uma mão seguro a sua e com a outra mexo em seus
cabelos. Não costumo ficar conversando depois de algumas transas, mas com Kat
isso vai acontecendo naturalmente, quando percebo já estou fazendo.
A música em som ambiente continua tocando, quando de repente Kat olha
pra cima encontrando meus olhos com um ar pensativo.
— A propósito, não estou mais namorando tá.
Dou risada por agora vir avisar isso, resolvo esclarecer para não pensar que
saio com mulher comprometida.
— Eu sei Kit Kat. — Franze as sobrancelhas se questionando como
obviamente eu sei. — Sua irmã me disse. — Relaxa a feição voltando a se deitar
em meu ombro. — Não saio com mulher comprometida, no dia que jantamos
juntos na semana passada, ela comentou que você não estava mais namorando,
inclusive no dia do jantar na casa dela, já não estava não é Katarina?
Ela dá risada, me fazendo rir junto dela.
— É realmente naquele dia já tinha terminado meu namoro, mas como ainda
não tinha contado pra ela e o Marcos falou que estava namorando, deixei você
acreditar que estava. — Dá de ombros. — Sei lá, não estava querendo me
envolver com ninguém, — Olha pra mim espantada com o que disse. — Não que
agora eu quero, pois não quero, apenas isso que estamos tendo, sexo e nada mais.
— Não sei por que uma parte de mim fica decepcionado em saber disso, mas
melhor assim, pois ambos queremos a mesma coisa, dessa maneira ninguém se
machuca.
A curiosidade, fala mais alto e quando percebo, estou perguntando.
— Por que terminou com ele?
Ela fica um pouco quieta, penso até que não vai me responder.
— Não estava dando certo, pensamentos e objetivos diferentes. — Simples
assim, sem muitos detalhes.
— Entendo. — Tento soar normalmente. — Quando chega nesse ponto é o
melhor a se fazer mesmo.
— E você já namorou? Ou só é esse solteirão, livre e desimpedido? — Rio
da sua pergunta, por lembrar de ter dito isso na balada quando dançamos juntos.
Não gosto de entrar em detalhes nisso, resolvo ser sem rodeios como foi.
— Namorei apenas uma vez, a mãe de Guilherme, depois disso vi que é
melhor ser solteiro. Sem compromisso, sem ninguém pra encher o saco, sem
reclamação. — Sem galho na cabeça, penso comigo mesmo dando de ombros —
estou melhor assim e não sinto falta sinceramente.
Desvio meus olhos dela, sentindo sua cabeça voltando a encostar em meus
ombros. Suspira, pensativa por alguns minutos, até que diz.
— Eu te entendo, é o que quero no momento.
— E você namorou apenas esse Henrique? — sinto seu corpo enrijecer
quando pergunto, percebo que devo ter tocado em algum assunto delicado para
Kat, que me responde de maneira sucinta.
— Tive mais dois namorados e sinto que já foi o suficiente.
Como percebo que não se sente à vontade pra falar no assunto, resolvo
mudar de assunto para não estragar o restante da nossa noite.
— Bom vamos parar de falar sobre ex, pois é um assunto que ambos não
gostamos muito pelo visto. — Faço uma careta de nojo pra tentar descontrair,
aparentemente dando certo pois a faço rir. — Quer comer alguma coisa ou beber?
— Aceito uma água.
— Vamos lá, então. — Me levanto, estendendo minha mão pra segurar,
descendo de mãos dadas para o térreo.
Tomamos água, conversamos alguns assuntos aleatórios sobre a casa, Kat
comenta alguns restaurantes bons que há aqui próximo e que adora a localização,
ainda mais por ser próximo do parque possibilitando correr com Bud.
— Durante a semana faço academia aqui perto antes de ir trabalhar, só corro
com o Bud quando não tenho consulta, ou quando minha primeira consulta é mais
tarde. — O assunto academia me interessou, pois estava interessado em me
matricular em alguma próximo daqui.
— Onde é a academia? Preciso voltar a malhar, desde que cheguei tenho
feito apenas os exercícios no quarto do hotel.
Ela ri, fazendo aquela cara sexy mordendo o canto dos lábios que deve ter
me imaginado malhando, não resisto me aproximando dela.
— Se você morder seu lábio assim, eu vou ter que te levar para o quarto de
novo e repetir tudo que fizemos. — Ela me abraça dizendo próximo de meus
lábios.
— Talvez eu morda o lábio mais vezes então.
E era tudo que eu queria ouvir, encosto meu lábio do dela, voltando a nos
devorar mostrando um ao outro o quanto queremos repetir novamente tudo que
fizemos até agora.
Quando acaba nosso beijo, ainda mantemos nossos olhares preso um ao
outro, ela quebrando o silencio entre nós.
— Se quiser, segunda posso te acompanhar na academia para conhecer, se
gostar de lá pode começar a frequentar.
— Ótima ideia.
De repente começa a tocar Not Today de Imagine Dragons, lembro de como
foi gostoso dançar com ela na balada, imagino como seria ainda mais interessante
dançar agora, apenas nós dois, com roupa íntima, abro um sorriso de canto, dou
dois passos para trás para manter distância, estendo a mão perguntando.
— Dança comigo?
Ela me olha admirada, sem hesitar responde.
— Claro. — Segura a minha mão, enquanto a puxo colando seu corpo quase
nu ao meu tirando outra risada dela, seguro sua cintura, ela envolve seus braços
em meu pescoço, começamos a dançar lentamente conforme o ritmo da música
sem desviar nossos olhares um do outro.
Quando estamos chegando no refrão da música, Kat fica na ponta dos pés —
pois agora está sem seus saltos — vem em minha direção me beijando,
tranquilamente como se quisesse aproveitar cada momento do beijo.
Após três músicas dançando enquanto nos beijamos, nosso fogo se reacende,
subimos para o quarto novamente com Kat pendurada em meu colo me abraçando
com as pernas da mesma maneira que fizemos da primeira vez para fazermos
nada mais, nada menos, do que aquilo que fazemos de melhor, dar prazer um ao
outro.
Desperto com o barulho de passarinho cantando, sinto um corpo quente
colado ao meu. Abro meus olhos lentamente quando vejo cabelos loiros
espalhados entre nós dois, Kat está deitada dormindo calmamente em meu braço,
olho pra baixo percebendo que está nua, como eu também e nota-se: dormindo de
conchinha.
Eu Derik Miller dormindo de conchinha!
Essa mulher conseguiu realmente despertar em mim o que nem sabia que
existia ainda. O que me surpreende ainda mais, é que não sinto a repulsa em sair
de perto dela, como quando alguma mulher dá a sugestão de dormirmos dessa
maneira, eu me esquivo. Mas agora, está sendo ao contrário, quando percebo
estou com um sorriso no rosto lembrando de todo o sexo esplêndido que fizemos
durante a madrugada toda.
Depois que subimos, transamos mais algumas vezes, até desabarmos na
cama para descansar um pouco, mas capotamos aparentemente.
Sinto meu corpo despertar apenas em ver seu traseiro delicioso encostado
em meu pau, subo minha mão devagar para acordar calmamente minha bela
adormecida, me assusto com o que acabei de pensar. Minha, rio do meu
pensamento, — foi apenas força de expressão porque ela está dormindo na
MINHA cama. — Volto a fazer o que meu pau está implorando, brinco fazendo
movimentos delicados em seu mamilo, e por incrível que pareça sinto reagindo
pra mim endurecendo igual quando está excitada. Kat se remexe um pouco, o que
me satisfaz em conseguir despertá-la para uma foda matinal, para assim
começarmos bem o dia. Sinto seu cheiro adocicado entrando em minhas narinas.
Seu cheiro vai ficar no meu travesseiro me torturando toda vez que for
dormir. Haja punheta hein, Derik.
Subo meu rosto até sua orelha esfregando a barba por fazer levemente em
seu cangote, percebo que se arrepia com meu toque, me estimulando ainda mais
para alcançar minha meta, dou um beijo casto em seu pescoço, subindo meus
lábios até o lóbulo da orelha dando uma leve mordida, ouço Kat suspirar com
meu toque soltando um risinho ainda de olhos fechados. Meu pau duro como
pedra encostando entre suas nádegas, cheio de desejo.
— Você já acorda assim, é? — Vira a cabeça levemente pra mim, me
observando com suas duas esmeraldas ainda mais reluzentes pela manhã,
pensando que não seria tão ruim assim acordar todas as manhãs com uma visão
dessa em minha cama. Abro meu melhor sorriso, esfregando meu queixo com
minha barba aonde já vi ser seu ponto fraco.
— Quem manda ser gostosa assim, não tenho como resistir.
Ela parece gostar do que ouve, nos encaramos por mais alguns segundos até
que se vira procurando o celular, encontrando na cabeceira, percebendo que já são
nove horas.
— Meu Deus, dormi demais... — Rio do seu comentário, porque o que mal
fizemos essa noite foi isso, a última vez que olhei pela janela já estava clareando.
— Tenho que sair daqui a pouco.
Quando ouço isso, sinto um certo incomodo, não que eu imaginei que
fossemos passar o dia todo juntos transando loucamente ou fazendo comida, e
coisas que casais costumam fazer, mas não imaginei que iria sair com outro logo
depois de mim.
Mas porque teria que ser com outro? Me repreendo.
Derik que porra você está pensando, primeiro vocês não têm nada, se ela
quiser sair com outro, ela pode sair e segundo, a última vez que você a julgou
errado descobriu que ela estava realmente com as amigas, porque já estava
solteira e você ficou achando que estava com o namorado.
Tento tirar esses pensamentos possessivos de dentro de mim, disfarçando
tentando soar normal.
— Na verdade o que mal fizemos essa noite foi dormir. — Sorrio de lado,
pois percebi que ela gosta. Volta a me olhar com riso nos olhos concordando.
— Realmente o que não fizemos hoje foi dormir. — Fica de frente pra mim
passando a mão pela lateral do meu corpo. — E foi ótimo ficar sem dormir dessa
maneira. — diz com um sorriso no rosto com uma piscada. — Mas se eu chegar
atrasada para o almoço, minha mãe vai me matar e eu não quero morrer ainda. —
Diz rindo, se aproximando me dando um beijo.
Tá vendo Derik, e você já achando que ia sair com outro, ela não é igual a
Alice, para de julgar todas como ela.
Recebo seus lábios, começamos a nos beijar calmamente, mas despertando
ainda mais meu desejo, que não vai se satisfazer apenas com um beijo, quando
termina se vira pra mim ainda com um sorriso.
— Bom dia gato, mas agora tenho que ir.
Quando vai se levantar, a puxo pelo pulso para a cama imprensando embaixo
de mim.
— Podemos fazer uma rapidinha de bom dia, — dou um selinho demorado
em seus lábios — nem vai te atrasar, prometo. — Dou minha piscada pra ela, que
a faz abrir um sorriso ainda maior.
— Como resistir a você?! — sendo apenas o que precisava ouvir. Volto a
beijá-la, mas animado por saber que minha manhã vai começar muito melhor
agora
CAPÍTULO 17
Estou chegando na casa de minha mãe, atrasada como imaginei. Mas como
resistir àquele deus grego logo cedo me agarrando, me levando nas alturas nos
poucos minutos que tivemos juntos quando acordei.
A cada quinze dias geralmente eu e Barbara vamos visitar nossos pais em
Sorocaba, ela passa em casa, e vamos juntos em um carro só. Como Nathan usa
cadeirinha é mais fácil irmos com o dela.
Estava saindo da casa de Derik próximo das dez horas, sendo esse o horário
que tinha combinado de Bárbara me buscar, saí da casa dele rapidamente afinal
era perto, não quis que me acompanhasse pois sabia do risco de Bárbara chegar
uns minutos antes nos pegando no flagra, ela não ia me deixar em paz, por isso,
prefiro evitar a fadiga, o que foi por pouco.
Quando comecei abrir a porta ouvi o barulho do carro dela estacionando,
mas não me dignei a olhar, porém Barbara foi rápida na perspicácia já
perguntando em tom alto.
— De onde que você tá vindo essa hora hein mocinha? Ou vai me dizer que
vai na casa da mãe com essa roupa toda sexy?
Droga!
Me viro devagar dando um sorrisinho de quem foi pega no flagra, brincando
com ela.
— Pensei em ir assim, acha que exagerei?
— Tá brincando né? Esqueceu que ela mora em uma fazenda?
Reviro os olhos voltando a abrir a porta.
— Claro que não, só vou me trocar rapidão. Podem entrar.
— Quelu vê o Bud mamanhê — ouço meu sobrinho falando.
— Você vai ver filho, sua tia sempre leva ele esqueceu? Mas vamos entrar
porque pelo visto vai demorar um pouco pra sairmos. — Bárbara bufa — Mamãe
vai nos encher a paciência, sabe como ela é com horário.
— VOU SER RÁPIDA, PROMETO! — grito ouvindo-os entrando em casa
enquanto subo apressadamente as escadas pra tomar um banho rápido como não
deu tempo de tomar na casa do Derik.
Chego ao quarto tirando minha roupa, entro no banheiro já ligando o
chuveiro. Quando me olho no espelho me sinto diferente, me sinto mais bonita,
mais leve, feliz, depois de uma boa noite de sexo como há muito tempo não tinha.
Tomo um banho rápido, lavando meu cabelo pra tirar o suor pós foda. Assim
que termino visto um shorts jeans junto de uma regata — pois apesar de estarmos
no final do inverno o tempo está ensolarado — penteio o cabelo rapidamente sem
nem me olhar no espelho direito, calço meu tênis descendo correndo pra sairmos.
Vejo que Barbara já deu comida para o Bud enquanto me arrumava, só pego
a guia dele, minha bolsa – a mesma que usei ontem, só por causa dos
documentos, não dá tempo de trocar.
— Pronto! — Chego esbaforida encontrando-os na sala. — Nem demorei
tanto. Meia horinha, nem vamos nos atrasar tanto assim.
Bárbara me olha com aquela cara que diz, quer enganar quem? — Já
dizendo.
— Vamos Kat, Bud já comeu.
— Vamos filho — Marcos chama Nathan enquanto eu e Barbara
caminhamos para o carro.
Marcos está trancando minha casa enquanto coloco Bud no porta-malas —
sempre retiramos a tampa dele pra ir junto conosco, até mesmo que o carro da
minha irmã é bem espaçoso.
— E aí vai me dizer aonde estava até agora? Ou vou ter que te torturar pra
me dizer.
Gargalho da sua delicadeza em tentar descobrir alguma coisa.
Não posso dizer com quem estava realmente, mas não preciso mentir
totalmente.
— Sai pra me divertir um pouco, só isso. — Dou de ombros enquanto fecho
o porta-malas.
— Isso eu já percebi gatinha, conheço ele? — Uhhh e como conhece hein —
Onde conheceu?
Pronto! Começou o interrogatório.
— Maninha, não foi nada demais, nos conhecemos numa balada, ele é muito
atraente, pegou meu telefone, me ligou convidando para sairmos e eu aceitei
enquanto posso. — Tento falar com a maior cara deslavada possível. — Só isso!
— Hum sei e pelo visto você aproveitou bastante né? — Fala rindo me
encarando.
— Sim, foi bem legal. — Bem legal? Sério Kat? Foi espetacular, melhor
noite da minha vida.
— Estou vendo. — Não entendo o que diz enquanto coloca Nathan na
cadeirinha. Depois se debruça sobre ele me alcançando no banco do passageiro,
puxando um pouco meu cabelo de lado apontando a cabeça. — Viu só como sei
que se divertiu?
Quando eu olho, não vejo nada, pego meu celular, colocando na câmera
frontal e então vejo.
Puta merda Derik.
O filho de uma boa mãe, me deixou um chupão enorme no pescoço,
conforme me arrumei rapidamente nem percebi como o cabelo está solto.
Droga!
Pego minha maquiagem na bolsa, passando desesperada tentando esconder,
porque se der um vento, qualquer um vê.
Desperto das minhas lembranças quando ouço meu sobrinho gritando.
— Tamu cegandu tia Kat. — Estendo minha mão em sua mãozinha
concordando.
— Sim lindinho, estamos chegando na casa da vovó.
Chegamos na casa de minha mãe próximo do meio-dia, quando vem nos
cumprimentar não perde a oportunidade.
— Nossa, pensei que fossem me deixar sozinha hoje.
— E eu sou ninguém agora? — meu pai se intromete fingindo chateação
com o drama de minha mãe.
— Claro que não meu bem, mas você, eu vejo todos os dias, elas não. —
Dou lhe um beijo em seu rosto abraçando enquanto digo.
— Desculpe mãe, tive um imprevisto acabei me atrasando, mas estamos aqui
para nosso almoço quinzenal.
— E que imprevisto hein. — Minha irmã me cutuca com seu cinismo.
Quando solto minha mãe, a repreendo com o olhar fazendo com que
gargalhe da minha cara.
Irmãos, pra que precisamos deles mesmo?
Vejo meu pai terminando de abraçar meu sobrinho e Marcos, me aproximo
indo cumprimenta-lo.
— Ei papai. — O abraço bem forte, sentindo meu porto seguro como todas
as vezes que estou nele.
— Minha filhinha linda, sua mãe me contou que fez o procedimento essa
semana. — Dou uma leve afastada mas encaixando meu braço no dele indo em
direção a casa. — Está ansiosa?
Suspiro com um sorriso no rosto.
— Estou sim papai, estou bem pé no chão, mas com esperança de que vai
dar certo, daqui uns quinze dias vamos descobrir se deu certo.
— Vai dar sim filha, se você está feliz com isso, também estou.
Meu pai sempre foi mais cabeça aberta que minha mãe, mais compreensivo.
Mas também sei que minha mãe pode não ter concordado com minha atitude, mas
será uma avó coruja com meu bebê.
Almoçamos tranquilamente, passeamos um pouco pela fazenda, contei sobre
o procedimento explicando que daqui aproximadamente quinze dias irei descobrir
se deu certo ou não a inseminação. Minha mãe já mais conformada com o
assunto, assente dizendo.
— Ainda preferia no método tradicional, mas o que está feito, está feito.
Dando certo, que venha com saúde te trazendo a felicidade que procura minha
filha.
Estendo minha mão sobre a dela com um sorriso no rosto lhe agradecendo.
— Obrigada minha mãe pelo apoio, isso é muito importante pra mim.
Seus olhos lacrimejam assentindo com a cabeça.
Assim passamos o restante da tarde, conversando animadamente, nos
divertindo com Nathan e Bud brincando no quintal dos fundos da casa, fizemos
bolo e depois partimos para casa.
Estamos voltando para São Paulo, quando Marcos comenta.
— Derik se mudou na sexta Kat, você já o viu?
Ai caramba, — estralo os olhos sem saber o que dizer — acho que sim,
talvez tenha dormido na cama dele essa noite por acaso. – Penso em dizer, mas
acabo optando por uma breve confirmação.
— Sim, o vi na sexta quando cheguei do trabalho, o caminhão estava
chegando com a mudança, conversamos um pouco.
Pronto falei a verdade, sem mentiras.
— Sério, que bom. Pelo menos você vai estar perto dele pra caso precise de
alguma dica, indicação ou algo assim.
Sim, será ótimo depois de saber como ele é ótimo na cama, ficar tendo
contato com ele que seja para lhe emprestar uma xícara de açúcar, é o vizinho
que sempre quis.
— É verdade, comentei da academia com ele que frequento, acredito que
vou o acompanhar na segunda para que conheça. — Dou de ombros voltando
meu olhar pra fora. — Como é perto de casa, se interessou.
— Verdade, tinha até esquecido dessa academia, ele comentou comigo
mesmo que precisava encontrar uma boa, próximo do trabalho, mas realmente
mais perto de onde mora, é melhor ainda. Ele pratica todos os dias, é bem regrado
em relação a isso.
É cunhado, percebi o quanto pratica, tudo muito bem definido.
— Ahan. — Me comprometo apenas em dizer.
Apoio minha cabeça na janela refletindo sobre o que me aguarda agora que
já saí com Derik.
Já tivemos nossa noite de sexo casual, dentro de alguns dias, minha vida
pode mudar radicalmente e estou torcendo por isso. Consequentemente, por mais
tentador que seja quando o ver, não posso cair mais em tentação.
Saímos, foi uma delícia, valeu a pena cada segundo juntos, mas agora
acabou.
Vou apenas me focar em qualquer outra coisa e chega.
Até mesmo porque Derik também só quer o mesmo que eu, logo, não tenho
com o que me preocupar. Não vou procura-lo para isso e acredito que ele também
não.
Apenas amigos agora, mas com uma certa distância. Na verdade, seria
apenas vizinho, amigos exige mais contato do que posso ter com ele.
Apesar de saber que isso é o correto a se fazer, não impede de sentir uma
pequena decepção interna que gostaria de aproveitar um pouco mais esse período
com ele. Mesmo sabendo que não será possível, pois isso só poderia me
atrapalhar.
E, Derik também não quer, só estou me sentindo assim por causa da noite
esplêndida que tivemos juntos, mas amanhã já estarei normal, com meu
pensamento em ordem.
Quando Kat foi embora mais cedo, tomei um banho voltando pra cama na
sequência, afinal praticamente não dormimos.
Senti seu perfume me envolver em meu travesseiro, me recordando da noite
em que tivemos e assim adormeci.
Por volta das três horas da tarde acordei, me sentindo descansado, porém
inquieto, a todo momento olhando o horário no celular, verificava se havia
alguma notificação de mensagem interessante.
Mas não havia.
Recebi mensagem de algumas mulheres que já sai querendo me encontrar,
como também de Vini me convidando para nos encontrarmos, mas nenhuma delas
me interessam, de quem eu queria receber, não recebo.
— Droga! — Me repreendo ao constatar o mais importante. — É claro que
ela não ia mandar nada, não trocamos o número de telefone. — Reviro meus
olhos mediante não ter pensado nisso antes.
E mesmo que tivéssemos, por que receberia senão temos o costume de trocar
mensagens?
Rio comigo mesmo de estar tão paranoico a esse ponto, geralmente saio com
alguma mulher, ela vai embora e vida que segue, não fico me torturando se recebi
ou não alguma mensagem dela. Isso nunca me interessa, e por qual motivo agora
estou aqui pensando nisso?
Abro a geladeira pegando uma garrafa com água, bebendo um gole enquanto
penso.
Derik, vida que segue, foi uma transa deliciosa, mas acabou, você conseguiu
o que queria e agora pode voltar a ficar com mulher nova como sempre fez.
— É só empolgação do novo, é isso! — afirmo pra mim.
Após terminar minha água, resolvo dar uma corrida no parque pois preciso
espairecer e quem sabe me animar de sair com Vini mais tarde.
Visto uma roupa mais leve de corrida, ligo minha playlist no Spotfy saindo,
mas não sem resistir em olhar a casa de Kat quando passo em frente, para ter
certeza de que ainda não chegou.
Vejo que seu carro está na garagem, dificultando meu conhecimento.
Bufo com raiva de mim.
Ela está lá com a família dela, nem lembra que você existe, e você está aqui
olhando sua casa pra saber se já chegou? Que patético Derik.
Balanço a cabeça em negativa irritado comigo mesmo, seguindo em frente
com minha corrida.
Correr realmente me ajudou a distrair minha mente, me exercitar sempre me
auxiliou quando fico nervoso com alguma coisa ou ansioso.
Vejo uma mulher muito atraente me encarando com um sorriso convidativo
quando paro para beber água, mas isso não me atrai a ir lá puxar papo com ela, é
no sorriso perfeito de uma loira com olhos cor de esmeralda que me lembro.
Aceno com a cabeça para a loira do parque voltando a minha corrida.
Deve ter sido a quantidade de sexo que fizemos essa noite, ainda está muito
recente tudo que fizemos, por isso estou me sentindo assim, sem querer outra
mulher, amanhã já vou estar no meu normal.
Continuo correndo por uma hora finalmente me sentindo cansado,
resolvendo voltar a minha casa.
Ao chegar em casa vou direto ao quintal, minha cabeça está a mil por hora, a
corrida ajudou temporariamente, agora só me resta o cansaço. No caminho coloco
minha playlist na caixa de som portátil levando junto para o quintal, chego já
tirando minha camiseta, bermuda, mergulhando de cueca mesmo na piscina,
porque é isso que preciso, de água gelada para refrescar meu corpo e minha
mente.
Fico nadando até cansar, deitando na beira da piscina aproveitando o sol de
fim de tarde, já está próximo das cinco, daqui a pouco escurece e a temperatura
volta a cair nesse final de inverno.
Os pensamentos voltam com tudo, lembro do beijo de Kat, do seu toque, do
seu gosto, de ouvi-la gemendo no momento que alcança ao clímax, quando
percebo sinto meu corpo reagindo com suas lembranças. Abaixo meu olhar até
meu pau já o vendo ereto.
— Sério? — rio voltando a me deitar colocando meu antebraço em cima de
meus olhos tentando acalmar meu corpo.
Pelo visto uma noite inteira transando com ela e hoje de manhã nos
despedindo não foi o suficiente para enjoar.
É isso, só pode ser!
Já sai uma vez ou outra mais de uma vez com a mesma mulher, não é sempre
que acontece, mas já aconteceu, então se acontecer com a Kat não será nada
demais, estarei apenas fazendo isso para tirar ela da cabeça.
Depois enjoo como sempre acontece, seguindo pra próxima.
Ela também deixou claro que não quer nada sério, e eu com minha
experiência de vida sei que também não quero, afinal, relacionamento exige
confiança, coisa que não possuo por mais ninguém, não apenas por mulher, mas
qualquer pessoa.
Tenho meus amigos que me dou bem, Marcos é o único que posso dizer que
está próximo de minha confiança, mas mesmo assim não consigo confiar 100%
nem nele, em ninguém mais.
Se nem em minha família que deveria ser meu ponto forte pude confiar,
quem dirá em um amigo ou em outra mulher.
Nunca mais me deixarei ser fraco a esse ponto.
Bufo comigo mesmo ao lembrar disso, pois é um assunto que costumo
deixar trancado a sete chaves, ninguém sabe, nem pretendo que saibam.
Marcos é uma pessoa que sabe um pouco a respeito, pois precisei da ajuda
dele com a empresa quando descobri tudo até resolver meus problemas, mas nem
ele sabe em detalhes, como é discreto respeitou meu espaço sem ficar me
questionando, apenas me apoiou.
Por isso me deu a maior força de vir embora para São Paulo quando
comentei da distância que estava de Gui, ele sabe o quanto é difícil pra mim vir
morar próximo de Alice, mas apesar de estarmos na mesma cidade, fiz questão de
morar do outro lado, para não ter risco de cruzar com ela pela rua, a não ser
quando tenho de pegar Guilherme, fora isso, evito qualquer contato.
Ouço um carro passando com som alto tocando Suíte 14 e me pego sorrindo
ao lembrar de quando eu e Kat dançamos na balada, levanto indo até meu celular
vendo que está próximo das seis, me lembrando que Kat se ofereceu de ir comigo
até a academia no dia seguinte mas não combinou nenhum horário, o que faz de
mim ter a desculpa perfeita para fazer uma visitinha quando chegar.
Deixo meu celular novamente em cima da mesinha da churrasqueira
correndo mais animado agora até a piscina para um novo mergulho.
Só preciso ficar de olho no momento em que chegar.
Após ter feito a janta, tomo um banho relaxante para ir procurar por Kat, vou
até a varanda da sala olhando para sua casa, percebendo que as luzes já estão
acesas, indicando que já chegou.
Após me arrumar, passo um perfume, coloco duas camisinhas no bolso,
afinal, nunca se sabe o que pode acontecer né, — melhor estar prevenido – penso
rindo.
Pego meu celular indo em direção a porta, tranco minha casa seguindo em
direção a casa de Kat, sentindo um nervoso que não é do meu costume.
E se ela estiver acompanhada?
E se não quiser me ver?
E se estiver dormindo?
— Calma Derik, — falo em tom baixo para apenas eu ouvir, me acalmando
— você só vai lá combinar o horário de amanhã, e deixar rolar.
Estava impaciente aguardando Kat me atender, pensando se realmente fiz
certo em vir. Mas quando abriu a porta e a vi, todas as minhas dúvidas e
nervosismos foram embora. Estava linda vestida pra dormir, como pode ser linda
assim até pra dormir?
O resto foi consequência, percebi pelo olhar dela que me desejava tanto
quanto eu, não resistindo mais beijando-a.
Estamos os dois ofegantes após nos darmos prazer, Kat voltou a sentar em
cima de mim me encarando com seus lindos olhos, me fazendo questionar o que
será que tanto pensa.
Será que se arrependeu?
Quando crio coragem para lhe perguntar isso, aproxima seus lábios dos
meus, me beijando calmamente, deixando minhas dúvidas se dispersarem.
Se afasta ainda segurando meu rosto com suas mãos, perguntando com seu
sorriso estonteante.
— Quer assistir um filme? — por mais estranho que pareça ser, pois nunca
tenho o costume de assistir nada com as mulheres com quem saio, na verdade,
depois que transo com elas vou embora, ou começo o segundo round.
Mas com Kat tem sido tudo diferente, não quero ir embora ainda, não estou
pronto para me despedir, abro meu melhor sorriso aceitando.
— Claro.
Me dá um selinho, saindo de cima de mim, admirando sua bunda gostosa
enquanto coloca seu shorts do pijama, me pegando em flagra.
— Nem vem com essa cara de tarado, — gargalha — acabamos de transar,
fizemos de manhã, vamos assistir um filme agora, preciso descansar porque uma
certa pessoa, não me deixou dormir a noite toda e amanhã trabalho sabe.
Levanto indo ao seu encontro, abraço-a lhe roubando um beijo que retribui
sem pestanejar.
— Vou deixar você descansar, escolhe o filme. — Dou um selinho indo ao
toilette da parte de baixo para jogar a camisinha fora.
Quando volto, coloco minha camiseta para não dar a impressão de que estou
provocando-a, parecendo agora sim uma pessoa comportada, por mais que
minhas intenções com ela nunca sejam.
— Você gosta de romance?
— Gosto mais de ação, mas assisto também. — Sento no sofá sem saber
como devo me comportar, se posso abraça-la ou será apenas como amigo.
Mas Kat resolve esse momento para tirar minha dúvida, quando diz.
— Senta aqui pra eu deitar em você. — Sendo toda a desculpa que eu queria,
me aproximo dela enquanto inclina se encaixando embaixo do meu braço. Sinto o
cheiro perfumado de seus cabelos em minha narina não resistindo deslizando
meus dedos por eles enquanto começa a passar o filme que escolheu.
— Coloquei Amor com data marcada, parece ser legal, está bem avaliado na
Netflix, pelo menos.
— Vamos ver se você tem bom gosto pra filme.
— Tenho sim, sou uma mulher de muito bom gosto.
— Verdade, estou aqui. — Rio recebendo um tapa no abdômen.
— Para de ser convencido, — finge uma seriedade que não tem, — vamos
assistir agora.
O filme começa a passar e apesar de não ser o gênero que costumo assistir
fico interessado no desenrolar da história, ainda mais pela companhia que estou.
Já passou de uma hora de duração, percebo que Kat está muito quieta, de
repente envolve um braço em minha barriga, inclino minha cabeça levemente
para frente vendo-a dormir calmamente, não resistindo em admirar como parece
um anjo dormindo. Tão linda.
Quando o filme acaba, pois afinal eu queria saber o final que ia ter, resolvo ir
embora permitindo que descanse.
Pego-a em meu colo com cuidado, resmungando algo sem sentido, mas não
acorda, mostrando que realmente está muito cansada. Conforme vou subindo para
seu quarto seus cabelos caem para trás me permitindo ver uma marca de chupão
que deixei na noite anterior, me fazendo rir baixinho e satisfeito por ter feito isso,
afinal qualquer homem que ver isso pode imaginar que tem namorado.
Deito-a na cama cobrindo com seu edredom, não resisto acariciando
levemente seu rosto, me aproximo lhe dando um selinho, dizendo em tom baixo
próximo de seus lábios.
— Durma bem Kat.
Dou um último selinho nela, me afastando. Apago as luzes da casa, tranco a
porta jogando a chave por debaixo dela para Kat abrir pela manhã, indo embora
para minha casa.
Chego em casa satisfeito com a noite que tivemos, apesar de diferente,
interessante, leve.
Me peguei querendo deitar ao seu lado na cama acordando novamente ao seu
lado, mas achei ser algo muito além do que devemos ter, já dormimos juntos a
noite anterior, dormir juntos de novo já será demais.
Alcanço meu celular salvando o número dela, não resistindo em mandar uma
mensagem para que veja ao acordar.
Após me trocar para dormir, me deito em minha cama ainda com seu cheiro,
me sentindo satisfeito com meu final de semana.
CAPÍTULO 19
Derik: Hei Kit Kat, você apagou no meu colo assistindo o filme e não
tive coragem de te acordar como estava dormia tranquilamente. A levei para
seu quarto e fica tranquila que apesar da tentação não abusei de você rsrs.
Apaguei as luzes, tranquei a porta e joguei a chave da entrada por debaixo
da porta para abrir pela manhã, como não sei se tinha uma reserva.
Termino de ler a mensagem com um sorriso no rosto com todo seu cuidado,
resolvendo responde-lo.
Kat: Bom dia, Derik, desculpa ter adormecido com você aqui, realmente
estava muito cansada, acordei apenas agora rs. Obrigada por todo cuidado,
eu tinha uma chave reserva sim, poderia ter levado e me devolvido depois =P
Tentei mandar uma mensagem tranquila sem mostrar minha animação por
ter se preocupado comigo na noite anterior, se justificando com tudo que fez após
sua saída. Percebo que a mensagem já foi visualizada e está respondendo me
causando um alvoroço no estômago.
Derik: Bom dia Kit Kat, percebi que estava cansada, meu corpo é bem
confortável, obviamente ia dormir melhor sobre ele rsrs. Não precisa revirar
os olhos, sei que adorou dormir agarradinha comigo. Bom saber da próxima
vez trago a chave, assim posso invadir sua cama pela madrugada quando
menos esperar hahaha.
Leio a mensagem dando risada de como consegue ter esse jeito sedutor e
irônico até quando acorda, sendo convencido essa criatura, mas jamais vou
admitir que está certo, e realmente me senti muito confortável como há muito
tempo não sentia me permitindo dormir.
Kat: Mas como você é convencido até quando acorda hein, estava
apenas cansada, ia dormir até sobre um sofá duro do jeito que estava =P. E
sobre invadir minha cama, não se esqueça que posso pensar que é um tarado
doido me assustando e acabar te castrando acidentalmente, afinal sei lutar
Taekwondo.
Derik: Mas quem disse que não será um tarado? Afinal quando estou do
seu lado eu fico totalmente louco por você! Bom saber que sabe lutar
Taekwondo, mas saiba que também sei lutar isso, por isso sei me defender ;)
Kat : Ual, mais uma coisa que não sabia sobre você, gostamos do mesmo
estilo de luta... bom saber. E sobre você ser tarado comigo, acho que já
percebi depois desse final de semana, mas não posso falar muito porque não
tenho ficado atrás.
Não acredito que falei essa última parte, mas quando percebi já escrevi. Até
pensei em apagar, mas como estamos conversando simultaneamente não deu
tempo. Mas não adianta mentir pra mim mesma, é fato que química nós temos um
com o outro, nos demos muito bem na cama, não estou admitindo nada que não
tenhamos percebido.
Não resisto, abrindo a foto do perfil de Derik, admirando como pode ser tão
gato, nela está de perfil com um óculos modelo aviador preto com o mar de fundo
azulado, no mesmo tom de seus olhos, os cabelos bagunçados, mas de um modo
que o deixa ainda lindo e sem camiseta, exibindo seus músculos bem definidos.
— Como não dizer que é um deus grego um monumento desses? —
Pergunto pra mim mesma.
Fecho a foto de perfil dele, salvando seu contato em minha agenda, me
questionando como as mulheres devem cair em cima dele, tendo uma aparência
dessas.
Já tive uma breve noção pelo que presenciei na balada. — me recordo
revirando os olhos ao lembrar daquela vadia.
Suspiro me levantando, resolvendo ir malhar mesmo tendo que voltar a noite
lá com Derik, preciso tirar ele de minha cabeça, afinal se envolver com uma
pessoa que deve ter inúmeras mulheres em cima dele todo instante, não é do que
preciso no momento.
Já aproveitei com ele no final de semana, até no domingo, que nem era
minha intenção. Agora o melhor é evitar toda essa aproximação, pra evitar dores
de cabeça futuramente.
Homem bonito é sinônimo de problemas, e problemas já tenho o suficiente.
Não estou dizendo que meus últimos namorados foram feios, claro que não,
mas depois de...
Balanço a cabeça como se isso fosse fazer meu pensamento evaporar, pois
não quero nem pensar nessa criatura de novo. Nunca mais!
Desço cuidar de Bud, brinco um pouco com ele, após fazer um ovo mexido,
tomando meu Whey vou me arrumar para ir malhar, pois é isso que preciso,
queimar energia.
Após voltar da academia a pé, como sempre faço, tomo meu banho indo
trabalhar.
Domingo
9:00 Liv: E aí Kit Kat, nos conta como foi com o gato ontem?
9:05 Sofi: Liv, provavelmente esse horário eles estão juntos ainda, só se a
noite deixou a desejar e não terminaram juntos.
9:06 Liv: Verdade, é a curiosidade. Kit Kat, quando dispensar o gato, nos
conte como foi.
13:10 Sofi: E aí amiga, agora já está sozinha né, nos atualize por favor.
13:15 Liv: Kit Kat, você quer que eu termine de roer minhas unhas? Você
está conseguindo.
14:10 Sofi: Caramba, nem pra dar uma resposta Kat, a noite deve ter
sido ótima hein. Foi pra sua mãe hoje né? Senão ia aí na sua casa agora fazer
você desembuchar.
14:20 Liv: Acho que está fazendo de propósito, só pode, sabe as amigas
curiosas que tem e está tentando aumentar nossa curiosidade.
14:21 Sofi: Será que estão juntos ainda? Não é possível.
14:22 Liv: Será?
14:23 Sofi: NÃO
14:23 Liv: Com certeza Nãooo
14:24 Liv: Só deve estar com a família agora, sem ver as conversas, mas
poderia ter respondido de manhã.
14:25 Sofi: Bom... vamos aguardar né. É o que nos resta :S
— Dramáticas... – resmungo.
21:00 Sofi: Ah não, vou mandar alguém resgatar você desse jeito, não é
possível.
21:10 Liv: Amiga, você está bem? Estou começando a me preocupar.
21:15 Sofi: Nem pra atender o telefone? Tá de brincadeira Kat, vou ligar
pra sua irmã.
21:16 Liv: Isso liga, não deve ser nada sério, mas o seguro morreu de
velho né.
21:20 Sofi: Poxa Kat, vou matar você amanhã sabia! Liv, Bárbara falou
que está ótima, realmente foram pra Sorocaba hoje mas disse não ter visto
ela com o celular e que não deve ter tido tempo de responder como ficou a
noite fora, pois quando chegou pra busca-la para saírem, ela estava
chegando com a maior cara deslavada da rua.
21:21 Liv: Hahaha, isso mostra como a noite foi boa hein Kit Kat. Mas
isso não vai impedir de te matarmos amanhã, ou melhor, deixo isso pra Sofi
como não vou te ver, mas ligo pra te xingar depois do trabalho de toda
maneira.
21:22 Sofi: Pode deixar Liv que mato ela por nós duas.
Segunda-feira
7:30 Liv: Bom dia meninas lindas, e aí Kit Kat vai acabar com a greve de
silêncio ou vai continuar nos aterrorizando.
8:03 Sofi: Bom dia gatonas, pelo visto alguém ainda não mexeu no celular
hein.
9:05 Liv: Nossa, o que aquele gato fez com minha amiga que tirou ela dá
vida social?
9:30 Sofi: É tem gente que deve estar nas nuvens hein, para nem lembrar
de nós pobres mortais.
10:15 Liv: É amiga, fomos trocadas pelo visto, é o que nos resta, ficar na
curiosidade pra saber se valeu a pena pelo menos ter sido trocada por
macho.
11:05 Sofi: A cara de pau nem responde aqui no consultório, vou invadir
sua sala Katarina se não me responder.
11:15 Liv: Hahaha, fight... fight... Mas calma Sofi, já vocês vão almoçar e
aí pega ela de jeito.
Não estou aguentando de tanto rir, tenho que chamar meu próximo paciente,
mas resolvo mostrar a elas que estou bem, afinal não conhecemos o Derik direito
e estavam preocupadas com razão. Ia responde-las hoje cedo, mas comecei a
conversar com ele me distraindo.
Mas não preciso entrar nesse detalhe.
11:30 Kat: Olá minhas lindas, porém dramáticas amigas do meu coração,
também amo vocês rsrs. Estou ótima, desculpe não ter respondido antes,
realmente foi bem corrido esse final de semana, mal mexi no celular. Vou dar
uma pequena resumida por aqui, mas depois dou maiores detalhes, ok?
11:31 Liv: Finalmenteeee deu o ar da graça.
11:32 Sofi: Nada que uma leve ameaçada não tenha feito até nos
responder. Aprendeu Liv?
11:33 Kat: Hahaha, não foi por causa da ameaça dona Sofia... foi porque
acabei de abrir as mensagens que não paravam de vibrar me atrapalhando
nas consultas.
Enfim, vamos lá... saí com Derik no sábado, foi tudo ótimo, melhor do
que eu imaginava, acabei dormindo com ele, se é que posso dizer que dormi
rsrs. Saí correndo da casa dele pra ir pra Sorocaba, cheguei na minha junto
de Bárbara, o que já podem imaginar a quantidade de perguntas que me fez,
mas não contei com quem foi pra ela. Espero que você Sofi, não tenha dito
viu. Fui pra Sorocaba e na volta estava em casa de boa assistindo meu Grey’s
Anatomy até que Derik apareceu por lá, aí já viu... resumindo estava tão
cansada que acabei dormindo no colo dele depois, quando estávamos
assistindo um filme, acordei hoje cedo em minha cama mas sem ele. Nem o vi
indo embora de tão cansada que estava, por isso, não me julguem, jamais
deixaria de responde-las amores minhas.
11:35 Kat: Agora vou atender meu paciente e depois conversamos.
Beijinhos!
Fecho meu aplicativo de mensagens sabendo que vão ficar doidas por mais
detalhes em saber que nos vimos ontem de novo, mas foi apenas um acaso, isso
não vai ficar acontecendo. Não posso deixar que continue.
Atendo meu último paciente da manhã, sentindo já meu estômago roncar de
fome. Abro a conversa de Sofi no computador, chamando-a para irmos almoçar.
Depois de cinco minutos nos encontramos na recepção, conversamos sobre
assuntos banais até estarmos no restaurante, quando Sofi não aguenta mais.
— Agora me conte tudo e não me esconda nada Kat!
Rio por ser tão objetiva indo direta no assunto.
— Bom, não sei o que tanto falar, é basicamente aquilo que mandei no
grupo, — suspiro pensando no que dizer sem que me comprometa demais e sem
dar muitos detalhes de Derik também — saímos pra jantar, foi muito agradável,
não faltou assunto entre nós, apesar de ter me sentido nervosa no início, passou,
me sentindo muito confortável ao lado dele. Depois de muita conversa rolou
alguns beijos ainda no restaurante fazendo com que o clima esquentasse e fomos
pra casa dele. – Dou de ombros, fingindo não ser nada demais. — Nos demos
muito bem na cama, ele realmente me surpreendeu. – Sinto meu rosto corando.
— Então além de gato, ainda é bom de cama e bom de papo?
— Pois é amiga, de fato ele é. — confirmo, me lembrando de fato como
realmente é bom de cama, me permitindo admitir, afinal Sofi sabe tudo que passei
até hoje e merece que eu compartilhe com ela a verdade. — Fazia muito tempo
que não me sentia tão bem na cama com alguém, é uma pena que nenhum de nós
dois queremos nada sério, e nem posso mais continuar saindo com ele
esporadicamente devido a minha situação, mas se eu pudesse sair mais algumas
vezes, com certeza sairia.
— Ele voltou na sua casa ontem à noite ainda?
— Sim, voltou, não sei exatamente o que foi fazer, acredito que tenha sido
por causa da academia que na correria do nosso encontro acabei convidando-o
para acompanha-lo aonde frequento hoje mas não combinamos o horário, como
não tínhamos trocado contato, ele foi lá, mas acabou que ficamos juntos de novo,
depois o chamei pra assistir um filme, — digo envergonhada por parecer mais
que apenas sexo casual — ele aceitou, mas acabei dormindo no braço dele, ele me
colocou na cama antes de sair, trancou a casa, me mandando uma mensagem
avisando o que fez ontem, mas só fui visualizar hoje cedo.
— Amiga, — levanto meu olhar para ela, enquanto coloca sua mão sobre a
minha em cima da mesa — ele está muito afim de você!
Nego com a cabeça, porque é apenas química.
— Está sim amiga, e pelo que conheço você, também está na dele.
— Não Sofi, é apenas química, nos entrosamos muito bem na cama. Isso é
muito difícil de encontrar, você sabe disso, mas é apenas isso.
— Se você está tentando se enganar, ok, mas eu que estou de fora, pelo visto
enxergo melhor que você. — Suspiro pensando no que está dizendo, mas não
posso deixar ficar analisando muito o assunto. — Ele não foi até sua casa apenas
por causa da academia, senão teria falado e ido embora, mas ele nem falou nada
sobre isso pelo que acabou de falar, rolou tudo, menos assunto de academia, ou
estou errada? Pois você disse que deduziu que foi pra isso, então nem surgiu o
devido assunto.
Penso no que ela diz, tentando lembrar de nosso diálogo, percebendo que
talvez esteja correta.
— Realmente não combinou nada sobre horário, fez um leve comentário,
mas sem combinar nada certo. Fomos combinar hoje cedo, quando respondi a
mensagem dele de ontem agradecendo o que fez.
— Está vendo só Kat, ele está sim, muito afim de você. Talvez nem ele
esteja percebendo ainda, mas, é fato que está.
Dou de ombros tomando um gole do meu suco.
— Que seja Sofi, não posso seguir em frente com isso, você sabe melhor do
que ninguém que posso ter um filho a qualquer instante. Não posso me envolver
com ninguém agora. Só complicaria tudo!
— Deixa que ele decida por si amiga, deixa rolar, amanhã vocês dois podem
perder o encanto e seguir em frente, como podem continuar cada vez mais
próximos. Você conta pra ele, caso esteja grávida né, pois ainda não sabemos se
deu certo, mas se estiver, você conta e cabe a ele decidir querer ficar junto ou não.
— Talvez. — Paro e penso sobre tudo que disse, mas de repente sinto a
insegurança de sempre que tenho em meus relacionamentos me invadir, me
repreendendo. — Melhor não, você sabe melhor que ninguém o que passei, e que
isso interfere até hoje em minha vida, logo, pra que o envolver nessa história se o
final será o mesmo?
Sofi suspira cansada já de tentar mudar meu pensamento em relação ao meu
passado, quando vejo que vai dizer algo, sigo determinada.
— Vou ter meu filho ou filha sozinha, não quero mais tentar dar certo com
ninguém, pois já sei que nunca vou conseguir esquecer tudo pelo que passei.
— Tudo bem amiga, vou estar aqui para te apoiar no que achar melhor para
você e nosso pequeno, mas pensa no que comentei. Você precisa seguir sua vida
em frente, hoje você é outra mulher, mais experiente, mais madura, não vai passar
por nada daquilo novamente.
Voltamos a trabalhar, um pouco mais chateada pela conversa do almoço, mas
aos poucos esquecendo toda nossa conversa.
No meio da tarde, ouço meu celular vibrando, pego para ver do que se trata
quando meu paciente se vai, leio o nome Derik (deus grego) em meu visor e é
impossível impedir de um sorriso surgir em meu rosto. Abro a mensagem sendo
uma selfie dele na mesa do escritório com cara de pensativo, com a seguinte
legenda.
Derik (deus grego): Acho que você me enfeitiçou não é possível, ansioso
pra te ver a noite. Nem que seja pra ir à academia .
Kat: Como é que descobriu que te enfeiticei? O que vou fazer agora que
descobriu meu plano diabólico? Hahaha.
Pensei em dizer que também estou ansiosa, mas ele já é convencido demais,
não preciso deixa-lo ainda mais.
13 anos atrás
Desperto pela manhã com meu alarme, em meu horário habitual para ir
trabalhar, estranho o ambiente que estou, me recordando que dormi junto de Kat,
mas ela não se encontra ao meu lado. Vou me sentando ainda sonolento, quando
ouço abrindo a porta do banheiro da suíte encontrando meus olhos.
— Ah você acordou? — questiona com um sorriso parecendo estar sem
graça — Te acordei fazendo barulho? Ai Deus, desculpe, tentei fazer tudo em
silêncio...
— Kat! — a corto dando um sorriso para tranquilizá-la. — Primeiramente,
bom dia. — Me levanto da cama indo ao seu encontro. — Segundo, você não me
acordou, meu alarme me despertou para ir trabalhar, pode ficar calma agora. —
Ela parece um pouco mais aliviada, mas aparentemente sem jeito, talvez por
termos dormidos juntos, não sei, pode ser impressão minha. — Agora o meu beijo
de bom dia!
Ri envergonhada, mas antes que questione qualquer coisa, a beijo
calmamente, retribuindo sem pestanejar, sinto seus braços me envolver, conforme
minhas mãos passeiam por seu corpo, estranho as roupas que está usando me
distanciando para verificar com mais calma.
Olho-a de cima a baixo, vendo que está com traje para ir à academia, com
um TOP verde, uma legging preto, os cabelos presos em um rabo de cavalo,
coloco minhas mãos na cintura fingindo indignação.
— Aonde a senhorita pensa que vai nesse momento?
Levanta a sobrancelha, imitando meu gesto com as mãos na cintura. – o que
acaba me desconcentrando ao notar sua cintura fininha, e como seu TOP deixa
seus seios ainda mais gostosos nessa roupa, salivando de vontade em senti-los em
minha boca. Até que me desperta, lembrando do meu objetivo inicial com essa
conversa.
— Eu vou malhar, aonde mais iria com essa roupa? Trabalhar que não seria,
não é?
— Ainda é bocuda logo cedo! — Surpreendo a pegando em meu colo
deixando escapar um grito agudo com o susto. — Pois sinto te informar, que a
única malhação que você vai fazer agora, é cavalgar em cima de mim.
Gargalha, me abraçando envolta do meu pescoço.
— Você é doido sabia? — Aproxima seus lábios do meu iniciando um novo
beijo. — Mas como te disse, sempre vou pra academia esse horário.
— Eu me lembro que comentou, mas hoje você vai abrir uma exceção e ir
comigo a noite, o que acha?
Fica pensativa ainda olhando em meus olhos, por isso resolvo distraí-la
convencendo-a. Desço meus lábios por seu pescoço, até chegar em seus seios,
beijando seu lindo decote. Levanta meu rosto com uma das mãos dizendo com
um olhar sensual.
— Ok, não vou na academia agora, mas ir à noite sem chance, já tenho
compromisso a noite com Sofi, estamos fazendo yoga.
— Pra mim está ótimo a primeira parte. — Deito ela em sua cama, despindo-
a lentamente. – Vou te ensinar como dar um bom dia decentemente agora.
O dia passa rapidamente pois com a correria do trabalho, logo pela manhã
tive que ir a uma obra resolver um imprevisto com um funcionário, chegando na
empresa já entrei em uma reunião junto de Marcos com alguns de nossos
gerentes. Não parando por aí, após o almoço mais algumas reuniões para
solucionar outras questões que surgiram fora de nossa programação.
Ou seja, o dia não foi nada produtivo, apenas apagando incêndio. Agora que
estou finalmente respirando um pouco, admiro a vista da famosa Av. Paulista de
minha sala localizada no último andar notando que já escureceu.
Lembro de como meu dia começou deliciosamente com Kat em sua cama,
transamos algumas vezes antes de irmos tomar banho para trabalharmos.
É engraçado, como as coisas quando estou com ela, fluem naturalmente, não
é necessário forçar nada. Bem diferente do que costumo viver.
Olho meu celular finalmente, notando que não há nenhuma mensagem dela
até o momento, sendo que já se aproxima das oito da noite.
Talvez até já tenha voltado da yoga, se quisesse que nos víssemos
novamente, entraria em contato, mandaria alguma mensagem, ligaria, qualquer
coisa. Mas não fez! E eu aqui pensando nela.
— Derik, você precisa sair com uma nova mulher, é isso que está
precisando! – Me repreendo.
Pensando melhor, eu e Kat já estamos ficando juntos há alguns dias, é
melhor nos afastarmos, talvez seja isso que ela esteja fazendo.
Pode ter se arrependido de ter me convidado para dormir essa noite lá, ou
simplesmente quer evitar de ficarmos nos vendo tanto para não termos futuros
problemas.
Ela está certa, e vou fazer o mesmo!
Afinal, também não quero nada sério com ninguém, nem com ela, por mais
gostoso que seja sair com ela, não quero isso pra mim.
Tenho meu filho pra cuidar, meu trabalho ocupa grande parte do meu tempo,
e esse final de semana mal trabalhei por causa da mudança, não preciso de nada
mais para tirar meu foco, preciso me focar em minha empresa e meu filho,
apenas.
Não vou ir mais atrás dela, todas as vezes que nos falamos por mensagem foi
porque eu tomei a iniciativa de mandar alguma, não vou ficar correndo atrás.
Nunca fui de ficar mandando mensagem pra nenhuma mulher, não será
agora que vou começar a fazer isso.
Pronto, está decidido!
Mas, se por acaso surgir alguma oportunidade de nos vermos e rolar alguma
coisa a mais, também não vou impedir nada.
Ouço alguém batendo na porta, me virando para mandar entrar quando vejo
Marcos entrar em minha sala.
— E aí cara, ainda aqui? Estava indo embora, mas vi a luz acesa, pensei que
tivesse esquecido de apagar.
— Estava terminando de responder alguns e-mails, como fiquei preso em
reunião o dia todo, nem percebi a hora passando, fui notar agora que já escureceu.
— Nossa, nem fale. Hoje foi muito corrido, fiquei até esse horário pelo
mesmo motivo. — Senta na cadeira a minha frente relaxado. — Bárbara, já está
me lotando de mensagem perguntando a hora que vou chegar.
— Por isso que sou solteiro até hoje. — Rio dele — Melhor do que ficar
tendo que dar satisfação a todo instante do que faço.
— Realmente tem suas vantagens, — apoia seus braços na mesa me
encarando, — mas pelo menos tenho alguém me esperando quando chegar em
casa prontinha pra me receber.
Reviro os olhos pra ele, sentindo um leve incomodo pela primeira vez com
sua provocação, ouvindo sua gargalhada.
— Foi na academia ontem com Kat? Gostou de lá?
Kat... já me lembro de tudo que rolou após a volta da academia. Beijos,
jantar, sexo, sexo e sexo de novo, dormir de conchinha, sexo hoje de novo.
— E aí? Que cara é essa? — Marcos corta minhas lembranças, perguntando
desconfiado.
Tento disfarçar meu silêncio, limpando a garganta fechando os programas
em meu computador para desliga-lo.
— Sim, me acompanhou até lá, gostei sim, ia agora a noite, mas com a
correria do dia não fui. Acho que vou começar a ir pela manhã, pra não deixar de
ir, afinal nunca tenho horas pra sair daqui.
— Realmente fazer pela manhã é o melhor horário, além de dar mais
disposição, evita faltar por sair tarde do trabalho como hoje.
Ouvimos algum celular tocando, ambos olhamos os celulares para saber de
quem é, percebo que não é o meu.
— Oi amor. — Marcos atende, aproveitando que está no celular com sua
mulher, abrindo meu aplicativo de mensagens para ver se há alguma novidade,
entro na conversa de Kat vendo-a online, o que me deixa ainda mais irritado, pois
está conversando sabe se lá com quem e não me manda absolutamente nenhuma
mensagem. — Ah tá bom, você e Kat vão ir quando fazer a degustação do buffet?
— O nome de Kat chama minha atenção, fingindo mexer no celular, mas
prestando atenção no que diz. — Entendi, já estou saindo daqui, conversamos
melhor durante a janta. Até mais!
Droga! Não falou nada.
Marcos desliga, se levantando da cadeira arrumando seu terno.
— Vamos fazer o aniversário do Nathan daqui um mês, já veja se bate com
seu final de semana pra levar Gui junto.
Devia ser disso que estava dizendo sobre Kat.
— Pode deixar, — respondo me levantando. – qualquer coisa troco o final de
semana ou o pego apenas para levar na festa, ele vai adorar com certeza.
— Legal, vou indo nessa, Barbara está me esperando.
— Vamos!
Saímos juntos da empresa, entro em meu carro seguindo para minha casa. O
trânsito está tranquilo pelo horário, chegando rapidamente.
Meus olhos traidores não resistem dando uma olhada na casa de Kat, ao
passar por lá, percebendo que as luzes estão acesas o que indica já estar em casa.
Entro em casa, dando uma nova olhada no celular e nada dela até agora.
— Argh!
Vou tomar meu banho, me recordando do nosso hoje cedo, nos beijando nos
acariciando. Quando percebo estou excitado me masturbando pensando nela
novamente.
Que porra tá acontecendo comigo!
Saio do banheiro, colocando uma roupa confortável para dormir, não
resistindo em olhar novamente meu celular, percebo que não há nada dela, me
deixando ainda mais enfurecido comigo mesmo por esperar que me mande algo.
Resolvo deixar o celular longe, indo fazer minha janta, lavo a louça, coloco
minhas roupas pra lavar, lembrando que preciso encontrar uma lavanderia pra
lavar meus ternos e camisas sociais, também uma diarista para fazer faxina em
casa.
Deixo minhas coisas organizadas e sempre limpas, mas o grosso preciso de
ajuda, pois com a correria não tenho tempo. Penso em pedir a Kat alguma
indicação, mas na mesma hora repreendo meus pensamentos.
— Esquece a Kat, Derik! Vou ver com o Marcos amanhã, pronto!
Me sento em meu sofá para assistir um documentário.
Quando estou me sentindo cansado, subo para dormir, verificando meu
celular.
E nada!
— Que caralho, Derik!
Fico irritado comigo mesmo, me deitando para dormir na esperança de
amanhã acordar sem essa feiticeira em minha mente.
Pela manhã, desperto com o alarme de meu celular, admirando Derik ainda
dormindo, quando percebo que está próximo de acordar levanto indo escovar
meus dentes, agradecendo por sempre andar com uma escova na bolsa.
Quando saio do banheiro o encontro acordado. Monto em cima dele, com
uma perna de cada lado, debruçando sobre meu peito.
— Bom dia gatinho.
Derik, que está com um sorriso no rosto, as mãos atrás da cabeça, me
responde.
— Bom dia linda, dormiu bem?
— Muito bem. — Dou um selinho nele, sentindo sua ereção aumentando
embaixo de meu sexo. — Tem gente querendo dar bom dia também ou é
impressão minha? — faço graça.
— Ele sempre quer te cumprimentar.
Derik toma minha boca com desejo, sentindo seus dedos alcançarem meu
ponto sensível me acariciando, me deixando pronta para recebe-lo.
Estica a mão no criado mudo ao lado da cama, pegando uma camisinha, se
ajeita embaixo de mim me levantando um pouco, encaixando seu pênis em minha
entrada, sinto me penetrando deliciosamente, o que me faz gemer em seus lábios.
— Nossa que delícia. — diz em minha boca.
Cavalgo em seu pau rebolando gostoso em seu colo, Derik chupa meus seios
enquanto pulo em cima dele cada vez mais rápido.
Sinto o clímax se aproximar cada vez mais.
— Derik... — gemo — eu vou...
Não conseguindo finalizar meu pensamento, quando alcanço o prazer que
esse homem me proporciona, ouço seus gemidos se intensificarem, gozando logo
após, caindo meu corpo por sobre ele.
Levanta meu rosto pra ele, me observando por um tempo até que diz com
seu olhar matreiro.
— Agora sim, bom dia!
Rio com seu jeito sedutor.
— E que bom dia hein.
Continuamos assim juntos um ao outro por mais um tempo, até me lembrar
que preciso ir pra academia, senão vou me atrasar para o trabalho. Levanto meu
tronco apenas, sem descolar nossos sexos.
— Vou pra academia, você vai agora?
— Está tão bom aqui...
— Nem vem hein. Você já fez eu deixar de ir segunda, hoje tenho que ir.
Ele gargalha concordando.
— Ok, vamos lá, melhor que a noite não preciso ir.
Dou lhe um selinho me afastando.
Enquanto coloco minha roupa, Derik vai até o banheiro escovar os dentes,
avisando-o.
— Estou indo em casa me trocar.
Vejo sair do banheiro, já com cabelo arrumado, envolvendo minha cintura.
— Ok, daqui dez minutos passo por lá. — Me dá um selinho.
— Tá bom, vou deixar a porta aberta.
Quando me viro pra sair, ele me dá um tapa na bunda me assustando.
— Ai. — Grito com o susto.
Olho pra ele com seu ar zombeteiro me encarando.
— Que foi...? não resisti. Essa calça te deixa muito gostosa.
Dou risada, pegando minha bolsa indo me arrumar.
Cuido de Bud rapidamente, colocando uma roupa de malhar rapidamente,
quando ouço Derik avisando da sala.
— Cheguei, estou te esperando aqui!
— Já estou descendo. — Devolvo.
Nos encontramos, seguindo para a academia, lado a lado, conversando sobre
o que nos espera de nosso dia.
Após uma hora de exercícios, sigo para a recepção esperar por meu querido
vizinho, pois marcamos de nos encontrar aqui quando terminássemos.
Ele chega na sequência todo soado, mas ainda mais sexy se é que seja
possível.
Quando estamos se aproximando de minha casa, sinto uma tristeza me
envolver por saber que vamos nos separar agora. Derik parece sentir o mesmo,
me observando com seus pensamentos longe, até que corta o silêncio.
— Posso vir aqui hoje depois do trabalho?
Sinto uma estranha alegria me envolver com seu pedido.
— Claro, vou me arrumar agora.
— Vai lá, também tenho que ir. — Me dá seu beijo fantástico de despedida
— Até mais tarde Kit Kat.
Entro para me arrumar cantarolando, feliz por saber que vou vê-lo mais
tarde.
Quando estou subindo no elevador, recebo uma mensagem de Bárbara, me
perguntando se está tudo certo para irmos ao buffet após o trabalho.
Droga! Esqueci completamente.
Logo penso em Derik, que não vou conseguir encontra-lo.
Respondo Barbara confirmando que vou direto do trabalho para o local.
Mandando na sequência uma mensagem para Derik.
Quando vou desligar o aparelho, vejo que a mensagem foi visualizada e está
online, aguardo para ver sua resposta, vindo na sequência.
Kat: Hahaha não brinca, desculpa, pensei que tivesse chegado quando
mandou a foto, por isso mandei.
Vejo que visualizou a mensagem, mas não está mais online, por isso resolvo
pegar meu filho para entrar com ele.
Gui acorda, levo para conhecer seu quarto que está com as suas coisas, seus
brinquedos e alguns novos deixando brincar enquanto vou faço o jantar.
Após uma hora, jantamos bife com batata frita – comida preferida de Gui –
lavo a louça indo assistir a um filme juntos.
Enquanto coloco o filme para assistirmos, resolvo contar sobre nossa
acompanhante de amanhã e o local que vamos passear.
— Gui, amanhã pensei em irmos em um parque aquático, o que acha?
— Eba, adolo bincar na piscina papai, vai demorar muito pa chegar
amanhã?
Acho graça com sua ansiedade.
— Não, vamos assistir ao filme e depois dormir tá bom, pois vamos acordar
cedo para irmos.
— Tá bom, papai.
— Ah! Lembra da tia Kat?
Pensa um pouco respondendo.
— Lembo, a mamãe do Bud né, que deixou eu bincar com ele bastante?
— Isso, ela mesma. Como você sabe, ela mora aqui do lado do papai, por
isso eu a convidei pra ir conosco no parque, tá bom.
— Ela vai levar o Bud também papai? — pergunta esperançoso, me fazendo
rir.
— Não filho, não dá pra levar cachorro em parque aquático, mas ela disse
que se você quiser, pode ir lá ve-lo.
Gui já se levanta puxando minha mão com pressa.
— Então vamos papai... — me fazendo perceber que acredita ser agora, me
fazendo rir, enquanto lhe informo.
— Não Gui, ela não está em casa agora, disse que pode ir lá ver ele, mas
quando estiver em casa.
— Ah. — Volta a se sentar no sofá.
— Dependendo do horário que chegarmos amanhã, se você não estiver tão
cansado, vamos lá pra brincar com ele combinado? — Abre o sorrisão de sempre
mostrando ter gostado da ideia.
— Combinado papai.
— Vamos assistir agora o filme dos Carros.
Depois de duas horas, coloco Guilherme dormindo em sua cama, no quarto
ao lado do meu.
Dou uma olhada no horário de abertura do parque, programando o horário
que devemos sair, avisando Kat.
Derik: Olá linda! Tudo certo? Amanhã, podemos sair as nove, ok?
Nos divertimos muito no parque aquático, Kat e Gui se dão muito bem, ela
sempre o acompanha nas piscinas infantis, jogam água um no outro, ele pula em
cima dela como se estivesse brincando comigo e o mais interessante é que ela não
se importa, muito pelo contrário, entra na brincadeira.
Estou me sentindo encantado, como foi um dia agradável, não poderia ter
sido melhor.
Todas as oportunidades que tínhamos com a distração de Gui, nos
beijávamos rapidamente como dois adolescentes que estão namorando escondido
com medo de serem pegos pelos pais.
No final do dia Gui está exausto, dormindo rapidamente assim que o carro
entra em movimento.
— Já dormiu. — Kat diz olhando em sua direção.
— Imaginei, — debocho — é que preciso que acorde para dar banho e janta,
senão não me surpreenderia se dormisse direto até amanhã. — Me lembro do que
meu filho pediu para comer hoje, comentando: — Guilherme pediu pra comer
pizza hoje, quer jantar conosco?
Vejo que me observa enquanto falo, mordendo o lábio apreensiva.
— Tem certeza? Não quero trazer problemas para você.
— Claro que tenho, não há problema algum nisso.
Kat olha pra frente pensativa, até que me pergunta.
— Será que a mãe de Gui não vai achar ruim? Pensando que está namorando
ou algo parecido, levando Gui junto em seus encontros?
— Não esquenta Kat, Alice mora com outro homem, e não tem que se meter
com quem saio ou deixo de sair, e outra. — Tomo sua mão junto da minha
enquanto seguro o volante com a outra. — Nunca levei nenhuma mulher com
quem saio para perto dele, você é a única que fiz isso até hoje.
Percebo que o que digo a surpreende, surgindo um sorriso tímido em seu
rosto, acenando com a cabeça.
— Certo, vou tomar banho, me arrumar, quando puder ir lá você me avisa.
Dou um olhar de lado pra ela, como quem está tramando alguma coisa,
dizendo.
— Tenho uma ideia melhor. — Ela arqueia a sobrancelha aguardando que
eu continue. — Ao invés de acordar Gui quando chegar, podemos tomar banho
juntos, paro o carro, você pega uma roupa, vindo tomar banho comigo, depois o
acordo para tomar o dele.
— Você não dá ponto sem nó, não é? — Diz rindo, mas captando que gostou
da minha brilhante ideia. — Combinado, podemos ir direto então, tenho uma
roupa reserva aqui na bolsa para o caso de molhar a minha no parque.
E assim o fazemos ao chegar.
Como imaginei Gui não acordou, o deixei dormindo em seu quarto, fomos
para minha suíte, tomamos banho juntos, nos beijamos, nos demos prazer por
algumas vezes matando a vontade que sentimos um do outro durante o dia todo,
até que Kat diz.
— Está uma delícia ficar aqui com você, mas é melhor acordar Gui agora.
— Verdade, senão é perigoso dar trabalho pra acordar amanhã.
Dou um último beijo nela, sem vontade de me afastar, mas feliz por saber
que continuaria aqui conosco.
Vou acordar Gui enquanto Kat coloca sua roupa de volta.
Quando Gui a vê na sala, pede pra ver Bud de novo, dando outra sugestão.
— Por que você não o traz aqui Kat? Como vamos jantar aqui, Gui fica
brincando com ele.
— Pode ser, vou ir busca-lo, já aproveito, me trocando, pois está esfriando.
— Combinado, vou ir dar banho no Gui enquanto isso.
Kat trás Bud depois, Gui se diverte brincando com ele no quintal e até
mesmo dentro de casa. Enquanto eu e Kat ficamos observando, conversando, nos
conhecendo melhor.
Comemos pizza, percebo que Kat não quis beber nada alcoólico mesmo
sendo final de semana, estranhando. Mas não questiono, talvez só não esteja afim
de beber hoje.
Quando percebo que Gui está cansado, o coloco no sofá deitado com Bud ao
seu lado no chão assistindo um filme para se acalmar e dormir.
Eu e Kat seguimos para o quintal, deitando juntos na rede.
— Quer dormir aqui? — pergunto pra ela. — Gui já vai dormir, nem vai
perceber, amanhã podemos ir um pouco no parque pela manhã e depois faço um
almoço pra gente.
Ela fica quieta pensando um instante, penso que nem vai responder quando
diz.
— É melhor não, ele pode acordar pela madrugada e nos pegar juntos, como
vamos explicar que não temos nada, apenas estamos aproveitando o corpo um do
outro. — diz tentando soar como piada, mas me incomodando seu comentário. —
Podemos ir amanhã no parque sim, eu sempre levo Bud correr comigo no final de
semana, podemos ir juntos e depois te ajudo no almoço se quiser. Não tenho nada
programado para amanhã, mas claro se não for te atrapalhar, afinal é um
momento pai e filho.
Me sinto decepcionado por não ter aceitado dormir aqui, mas compreendo
seu ponto de vista.
Só não tendo gostado da parte de estarmos apenas aproveitando do corpo um
do outro, por mais que essa seja a nossa realidade.
Isso, saindo de sua boca, me incomodou mais do que eu achei que deveria
incomodar.
Tento frear meus pensamentos, respondendo de maneira casual.
— Tudo bem, combinado, as oito te encontro para irmos ao parque?
— Sim, pode ser.
Beijo-a calmamente, dizendo quando paramos.
— Mas só porque não vai dormir aqui, não quer dizer que não podemos nos
divertir um pouco antes de ir embora. — Esfrego minha barba em sua nuca vendo
a se arrepiar, me deixando satisfeito ao perceber o efeito que tenho sobre ela.
— É, isso não impede.
CAPÍTULO 24
Esse final de semana foi tão bom, como há muito tempo não era.
Na verdade, esses dois últimos foram ótimos, desde que Derik passou a
participar dele, por mais que não queira admitir, estou gostando muito mais do
que deveria me permitir de sua companhia.
Não digo que meus finais de semana eram ruins, geralmente não, não é isso.
Mas esse foi diferente do que costumo ter, mas muito especial.
Derik saiu de sua casa pra levar Gui embora, vindo para minha.
Ele até disse para eu o esperar em sua casa, mas não há lógica. Por isso,
disse que viria aqui organizar minhas coisas para o dia seguinte, afinal amanhã
trabalhamos.
É incrível como já estou sentindo sua falta pelo pouco tempo que estamos
separados, senti falta de dormir com ele nesses dois dias apesar de termos passado
o dia todo juntos, e isso não é bom sinal.
Quando namorava com Henrique, nunca dormia com ele, não conseguia, é
claro que me convidou algumas vezes, mas não sei explicar, simplesmente não
conseguia.
Na verdade, todos os namorados que tive após o traste, foram da mesma
maneira, namorava com eles, saíamos juntos, transávamos obviamente, mas sem
ter muita convivência, gosto de ter meu espaço, de voltar pra minha casa, ficar
sozinha, me sentia sufocada quando dormia com eles, consequentemente aos
poucos inventava alguma desculpa, vindo embora.
Com Derik, tem sido diferente de tudo que já vivi, tem sido natural, e nem
temos nada sério, e isso me intriga.
Como posso me dar tão tempo com uma pessoa que nem namorando estou?
Me sentir à vontade em dormirmos juntos, — e sentir sua falta quando não
dormimos — conhecer seu filho, passar o final de semana com eles como se
fossemos uma família?
Realmente, não estou me reconhecendo, se fosse antes, estaria agoniada,
fugindo de qualquer contato mais sério.
Mas, com ele não tem acontecido isso.
Me senti tão bem, nos divertimos tanto. Já sabia que Derik era um paizão,
mas convivendo nesse final de semana, percebi o quanto estava certa sobre isso.
Após ver tudo isso, é impossível não imaginar que meu filho ou filha não
terá essa experiência, — repouso minhas mãos em meu ventre – sei que quando
fiz a inseminação já sabia disso, mas vendo a maneira como estou me dando bem
com Derik e como é um grande pai, não há como não fantasiar se seria um bom
pai para o meu filho.
Balanço a cabeça negativamente para espantar esses pensamentos.
Não é porque ele disse que só está ficando comigo, que temos algum
relacionamento, muito menos que será algo duradouro.
Sei muito bem que não consigo me envolver, me entregar de coração a mais
ninguém. Eu tentei, posso ter todos os defeitos do mundo, mas tentei seguir em
frente, encontrar a tampa da minha panela como diz o ditado popular, mas aquele
ridículo danificou meu coração para receber qualquer outra pessoa, por isso
estranho em me sentir tão à vontade com Derik.
É impossível não imaginar que nossa “curtição” esteja chegando ao fim,
sinto meu coração apertar com a possibilidade de não o sentir, ou ter o que
estamos tendo.
Provavelmente Derik nem vai sentir minha falta, mas eu sei que infelizmente
irei, pois por mais que meu sonho seja ser mãe, ele conseguiu despertar algo em
mim que estava adormecido há onze anos.
Não sei explicar o que seria exatamente, mas sinto que com Derik tem sido
diferente, não apenas porque temos essa química avassaladora, mas por tudo que
me faz sentir e pensava não ser mais possível.
Sigo para o quintal junto de Bud, me deitando na espreguiçadeira em frente a
piscina com ele deitado ao meu pé.
— Está cansado né bonitão, Gui não te deu descanso. — Bud balança o rabo
olhando pra mim, como quem confirma o que disse me fazendo rir.
As lembranças de hoje voltam em minha mente me fazendo sorrir, em como
a toda oportunidade que tínhamos eu e Derik nos beijávamos, nos abraçávamos,
parecendo dois adolescentes apaixonados.
— Apaixonados, sério Kat?? — jogo a cabeça pra trás fechando meus olhos
deixando o sol de fim de tarde aquecer meu rosto e quem sabe iluminar a minha
mente. — Foi apenas modo de falar, não que eu esteja, claro que não estou.
Imagens do nosso corpo preenchendo um ao outro, de como nossos lábios
parecem ter sido feitos sob medida, em como apenas sua presença já é o
suficiente para me fazer incendiar, até mesmo quando dormimos juntos, consigo
dormir tão bem quando estou em seus braços.
Coloco as mãos em meu rosto, irritada comigo mesma.
— Meu Deus, o que está acontecendo comigo?
Não posso estar me apaixonando, não posso!
Ele não sai da minha cabeça, durmo pensando nele, acordo pensando nele,
quando estou com ele me sinto feliz, completa, mas agora posso estar grávida,
essa semana vou descobrir se minha inseminação deu certo, e caso tenha dado,
será nosso fim.
A voz de Sofi vem a minha mente dizendo.
“Deixe que ele decida por si”
Eu sei que o correto se der positivo, é o informar, permitindo que decida se
quer continuar como estamos ou não, mas sei muito bem que estando grávida os
hormônios vão estar mais aflorados, se já estou me sentindo mexida por ele sem
estar, imagina quando estiver ainda mais sensível?
Posso acabar me apegando ainda mais a ele, e envolver uma criança para
depois tirar dela alguém que aprendeu a amar. Não é o que quero!
Além também, do receio de deixar me envolver com alguém e terminar de
quebrar o que sobrou do meu coração. Não aguentaria outra desilusão, outra
mentira.
Não! Eu não quero sentir nada daquilo que já senti uma vez. Não quero
sentir aquilo nunca mais! E não preciso.
E outra! Derik também não quer nada sério, porque estou pensando em tudo
isso mesmo?
— Argh! Relaxa Kat, você vai fazer o exame essa semana, resolver sua vida,
colocando tudo nos trilhos de novo...
— Que exame? — Dou um pulo com o susto ao ouvir a voz de Derik
próximo de mim, coloco a mão no peito sentindo meu coração disparado.
— Nossa você me assustou. — Sorri, puxando meus pés para cima de seu
colo, se sentando ao pé da espreguiçadeira.
Droga, preciso parar com essa mania de falar sozinha, que desculpa irei dar
agora?
— Percebi, pelo pulo que deu. — diz massageando meus pés de maneira
relaxante. – Mas você não me respondeu, que exame tem que fazer?
Mas é claro que não ia esquecer né Kat, boca aberta!
— Nada demais, apenas exame de rotina. — Tento disfarçar mudando de
assunto. — Nossa você foi rápido, pensei que fosse demorar mais.
Derik me observa desconfiado, me fazendo sentir mal por esconder isso
dele, mas como contar isso pra ele.
Ah! Então lembra no dia que saímos juntos, fiz uma inseminação naquele
dia e posso estar grávida, vou saber daqui alguns dias, e aí o que acha?
Não tem lógica, quanto menos souber, melhor para todos. Penso que nem vai
comentar nada quando diz.
— Domingo, sem trânsito, acabou sendo rápido. — Nossa essa massagem
que está fazendo está divina, nem sabia que precisava até perceber agora o quanto
me sinto relaxar com ela.
— Nossa vou contratar você para ser meu massagista pessoal.
Seu sorriso malicioso aparece, levando meu pé até seus lábios chupando meu
dedão de maneira muito sexy.
— Sei fazer outras coisas para te relaxar também. — Levanto minhas
sobrancelhas em expectativa.
— Hum, bem que você poderia me mostrar não é.
Era tudo que precisava ouvir para o incentivar, como um leão caçando sua
presa, aproxima sua boca de meu corpo, me lambendo, chupando, mordendo
subindo lentamente se debruçando sobre mim, me fazendo esquecer tudo a minha
volta que me afligia.
Só conseguindo pensar agora que estou exatamente aonde deveria estar,
sendo preenchida por esse deus grego que tem virado minha vida de cabeça pra
baixo.
12 anos atrás
Os dias vão se passando lentamente, não encontrei mais Kat, tenho evitado ir
à academia pela manhã para não encontrá-la, o que significa que uma vez ou
outra acabo não indo por causa do horário que saio do trabalho.
Tenho tentado ocupar minha cabeça o máximo possível, tenho trabalhado até
tarde frequentemente, quando não vou a academia, me exercito em casa mesmo
para não deixar cair o ritmo, até no domingo trabalhei o dia todo, para evitar de
encontrar com ela pelo condomínio. No outro, fiz questão de sair com Guilherme
nos dois dias, porque ele ficava pedindo o tempo todo pra ir ver Bud, por isso, foi
uma maneira que encontrei para o distrair.
Não vou dizer que esteja sendo fácil, pois não está.
Diversas vezes me vi escrevendo uma mensagem a ela, mas ao invés de
enviar, apagava antes que me arrependesse.
Fui mais duas vezes com Vini em um barzinho, em uma delas uma morena
se aproximou de mim e tentei, juro que tentei seguir em frente, paguei uma
bebida pra mulher, tentei conversar, mas nada aconteceu, não senti um interesse
sequer.
Consequentemente, não segui com ela para um motel, não queria correr o
risco de passar vergonha. Algo que nunca havia acontecido comigo.
Parece que essa feiticeira enraizou as garras dela no meu pau, me impedindo
de ter interesse por qualquer outra mulher, senão for isso, qual outra explicação
seria?
Só consigo ter algum alívio em meu banheiro com a minha mão, imaginando
a própria feiticeira pra conseguir ter algum efeito.
Às vezes me pego perguntando se ela não está sentindo minha falta, será que
apenas eu estou me sentindo um cego perdido sem saber que direção tomar?
Não é possível que tudo que vivemos não tenha tido nenhum valor pra ela.
Sei que estou parecendo um dramático falando isso, mas estou me sentindo
assim ultimamente, nem estou me reconhecendo sendo sincero comigo mesmo,
me sinto como se um trator tivesse passado por cima de mim, mal tenho me
alimentado, almoço porque Marcos me arrasta para o restaurante.
Ele obviamente percebeu que não estou nos meus melhores dias e ficou me
questionando até eu contar o que aconteceu.
Claro que não entrei em muitos detalhes, mas contei tudo para ele dentro do
possível, apenas omiti a pessoa.
Pra variar, ficou surpreendido com tudo que contei, pois sabe melhor do que
ninguém que nunca deixei me envolver tanto com uma pessoa, ele acompanhou
meu “namoro” com Alice e sabe que o real motivo dele ter acontecido foi apenas
a gravidez, senão nunca teria começado.
Comentei sobre o que Vini disse, que me deixou intrigado sobre a
possibilidade de isso ser por causa de algum trauma e concordou dizendo fazer
sentido seu raciocínio.
Marcos me incentivou a ir atrás dela, se é o que realmente quero, mas me
pergunto, é o que quero?
Nunca quis ter um relacionamento sério com ninguém, será que só estou
assim porque não estou acostumado a tomar um fora?
Estou acostumado as mulheres virem atrás de mim, e o fato de com ela não
ter sido assim, me deixa encabulado.
Sei que é uma maneira machista de pensar, mas prefiro não ir atrás dela
enquanto não tiver certeza do que quero.
Não gosto de brincar com as pessoas, e por mais que Kat não fosse querer
nada comigo, só iria a luta como Marcos me estimulou, se eu tiver absoluta
certeza do que quero.
Se for parar pra pensar, estou pensando mais nela do que em mim.
Já se passaram duas semanas desde que Kat terminou comigo, eu e Marcos
estamos almoçando agora, quando resolvo sondar se sabe alguma coisa sobre ela.
— E a Kat, como está?
Marcos sobe os olhos escuros do prato para mim, estranhando minha
pergunta, mas responde.
— Está bem, fomos pra Sorocaba no final de semana retrasado almoçar com
os sogros, e nesse final de semana ficou em casa conosco — para e pensa no que
vai dizer, dando continuidade, — na verdade a achei um pouco abatida, mas não
quis ficar perguntando, Barbara sempre está conversando com ela, mas não entra
em detalhes comigo, e não fico perguntando.
— Hum... — Abatida? Será que é por causa de mim? Um pequeno fio de
esperança tenta surgir. — Por que será que está abatida? Está com algum
problema?
Marcos dá de ombros, continuando sua refeição.
Merda! Nem pra ele me ajudar.
— Você não tem visto ela na academia ou condomínio? — Me pergunta com
um estreitar de olhos parecendo desconfiado.
Limpo a garganta desconfortável.
— Não, — coloco um pouco de comida na boca tentando ganhar tempo para
responde-lo. — Tenho ido à noite, e pelo que ela comentou comigo uma vez,
costuma ir de manhã.
Marcos continua me encarando intrigado até que me pergunta.
— Tem algo a me contar Derik?
Engasgo com a água que tomo com sua pergunta repentina.
— O que eu teria pra falar cara?
Ele coloca o dedo no queixo parecendo pensar, até que diz.
— Sei lá. — Dá de ombros. — Talvez seja coisa de minha cabeça, — parece
refletir antes de seguir com seu raciocínio — mas vocês dois estão abatidos
praticamente ao mesmo tempo, e não tinha comentado nada comigo sobre sua
garota, até tomar um fora dela. — Batuca os dedos na mesa inquieto com sua
conclusão. — Pensei que essa garota poderia ser por acaso, minha cunhada? —
Pergunta desconfiado.
Droga, fui pego em flagrante, o que eu falo agora?
— Só perguntei por curiosidade, para puxar conversa, não foi com interesse
nenhum.
Pronto, respondi sem mentir, caso descubra no futuro pelo menos não vai
ficar com raiva por ter mentido pra ele.
— Ah! Não esquece do aniversário do Nathan, — finalmente muda de
assunto — vai ser sábado agora, consegue levar Gui?
— Vou mandar uma mensagem para a mãe dele, espero que não cause nada
por isso.
Aniversário do Nathan, como é que fui esquecer isso? Kat com certeza
estará lá, tenho que pensar em uma maneira de me aproximar dela.
De repente sinto uma ansiedade se infiltrar em mim para que essa festa
chegue logo.
CAPÍTULO 27
Esses dias não têm sido fáceis, desde que eu e Derik nos afastamos, tenho
andado desanimada, não imaginava que fosse sentir tanta falta dele com tão
pouca convivência, mas sei que assim foi o melhor.
Se continuássemos juntos teria chances de me apegar ainda mais a ele, e não
é o ideal.
Às vezes me sinto tentada a ir atrás dele, saber como está, mandar uma
mensagem qualquer, quando vou a academia, meus olhos traidores sempre o
procuram, afinal não sei o horário que tem ido, mas como nunca mais o encontrei
imagino que seja no período da noite.
Deve estar me evitando, tanto quanto eu o estou evitando.
Nos finais de semana, procurei companhia para diminuir a tentação em
procurar por ele, passei o final de semana na casa de Bárbara, no anterior fui pra
casa de meus pais logo no sábado pela manhã.
Obviamente, Bárbara tem me questionado o motivo de estar tão quieta,
chegou até a me perguntar se estou arrependida de ter feito a inseminação, o que
achei um absurdo.
A única coisa que tem me dado forças para seguir em frente é justamente o
fato de saber que há uma pessoinha crescendo aqui dentro de mim, que precisa
que eu seja forte por ele.
Sei que não tem sido fácil, que a saudade tem apertado, mas nada dura para
sempre, e um dia eu vou conseguir esquecer tudo que vivemos.
Apesar do pouco tempo juntos, foi mais intenso que qualquer relação que
tive anteriormente, o que me surpreende ter permitido chegar nesse ponto.
As meninas sempre conversam comigo, falando para procura-lo, dar mais
uma chance a nós dois, que preciso ser sincera com ele sobre a gravidez e deixar
que decida se quer continuar ou não, mas continuo seguindo firme em minha
opinião que trazer mais uma pessoa pode ser pior.
Outro fato importante, é que Derik desapareceu, não veio atrás nenhuma
única vez desde aquela conversa pela manhã, o que me deixa ainda mais chateada
com a certeza de que realmente nossa história tinha data de validade, se não
tivesse sido eu aquele dia, logo mais seria ele a colocar um fim em nosso suposto
relacionamento.
Não tenho tido vontade de me alimentar, de trabalhar, nem de ir à academia,
tenho me forçado a fazer essas coisas.
Às vezes me lembro dos momentos que passamos juntos, como parecíamos
ter sido feito sob medida, como se um completasse o outro.
Seu olhar conseguia mexer comigo como nenhuma outra pessoa um dia
conseguiu, seus lábios faziam com que esquecesse tudo que estava ao meu redor.
Suspiro, tocando em meus lábios com a recordação atingindo minha mente,
com a saudade que tenho estado dele todos os dias, até em dormir tenho tido
dificuldade, acordo de madrugada procurando por ele, — afinal estávamos
dormindo juntos todos os dias, acabei me acostumando — e muitas vezes não
consigo voltar a dormir pensando no que está fazendo, ou com quem está.
Não duvido que já esteja com outra, ou outras — reviro os olhos mediante
meu pensamento — mas não é de se duvidar, o que não falta são mulheres
esperando uma brecha para ter o prazer de sua companhia.
Graças aos céus pelo menos por enquanto tem sido tranquilo minha
gestação, agendei para próxima semana minha consulta para iniciar o pré-natal,
poucas vezes me sinto enjoada, mas no geral tenho estado bem, até a sonolência
que toda gestante diz sentir não tenho tido. Me sinto mais cansada isso é fato, mas
não sei se é apenas por causa da gestação ou indisposição mesmo.
Amanhã é aniversário do meu sobrinho, contratamos buffet, brinquedos
infantis para espalhar pelo quintal da casa de minha irmã, e também personagens
vivos, é o que tem me dado um pouco de disposição hoje, em ver a animação que
Nathan se encontra pelo seu aniversário.
Sei que as chances de encontrar com Derik amanhã são grandes, e depois do
que aconteceu entre nós dois, não sei como será, se vai deixar de ir para me
evitar, ou se não faz diferença em me ver ou não.
Sinto a ansiedade invadir meu corpo em expectativa com nosso reencontro,
sei que não devo, mas é impossível não imaginar como será. E sofrer em
antecipação com tudo que não posso mais ter.
O dia seguinte finalmente chega, mal consegui dormir com a inquietação que
domina meu corpo e mente.
Apesar das grandes olheiras abaixo de meus olhos, faço o possível para
amenizar a aparência com uma boa maquiagem.
Escolho um macacão que marca bem minhas curvas, nada vulgar, mas que
fique atraente, até mesmo porque vamos estar em uma festa infantil. Visto uma
sandália com salto grosso não muito alto, ideal para a ocasião.
Prendo o cabelo bem no alto em um rabo de cavalo, me sentindo pronta para
sair.
Vou chegar mais cedo para ajudar nas organizações do que for necessário,
sei que não é muito preciso como foi tudo contratado, mas é bom para caso
Bárbara precise de algo, ou surja alguma eventualidade.
O dia está muito agradável, bem ensolarado como que dando as boas-vindas
a primavera que se inicia, também sendo um excelente dia para se dar uma festa,
com a poucas chances de o clima estragar.
Estou me sentindo extremamente nervosa com o desenrolar dessa festa, com
medo de ser ignorada, mas total apreensão como posso me sentir quando o ver,
isso se ele for a festa.
Ele e marcos são muito amigos, não é possível que não vai aparecer
morando aqui perto, a não ser é claro que tenha algum compromisso inadiável.
Talvez seria melhor se isso acontecesse, não vindo, não precisaria vê-lo, tudo
seria mais fácil, talvez essa aflição toda que estou sentindo sumiria ao perceber
que não irei encontrar seu olhar de raiva novamente.
Chego a casa de minha irmã duas horas antes da previsão de início de festa,
como era previsível, Bárbara está uma pilha de nervos com os preparativos,
Nathan está com a energia a todo vapor, correndo pela casa a deixando ainda mais
irritada por não conseguir parar para o arrumar.
— Maninha, espera mais uma hora e deixa que eu o arrumo, ok? — Falo a
segurando pelos dois ombros tentando passar segurança, mas sabendo que quem
mais precisa se distrair sou eu. — Não adianta o arrumar agora, ele vai se sujar,
criança é assim mesmo.
Ela arfa parecendo cansada, concordando.
— Certo Kat, vou deixar as roupas dele separadas para você o arrumar.
— Combinado.
Enquanto isso, vou dar uma olhada no quintal nos preparativos da festa, os
brinquedos praticamente todos montados, já inflados, para diversão de todas as
crianças e alguns adultos que sempre entram juntos, e posso me incluir nessa.
Coloco a mão na barriga com um leve sorriso no rosto, sabendo que devido
ao início da gestação não vou poder aproveitar os brinquedos junto de meu
sobrinho.
Após ajudar com as dúvidas de alguns fornecedores, vou arrumar Nathan
para seu grande dia.
A hora vai passando até que percebo alguns convidados chegando pelo
quarto de Nathan, sinto minhas mãos suarem com o nervoso me dominando, as
seco em minha roupa com minha agitação interna.
Será que ele já chegou?
— Que foi titia? — Nathan me chama cortando meus pensamentos.
— Nada não príncipe, e aí está pronto para sua festinha?
Pula no chão gritando com toda sua animação para curtir a festa.
Estendo minha mão para a pequenina dele, respirando fundo me acalmando
enquanto descemos para a área da festa.
Chegamos no quintal, aonde percebo alguns convidados já acomodados nas
mesas abaixo da grande tenda que espalhamos no quintal para evitar o sol.
Nathan solta minha mão correndo em direção aos brinquedos infláveis que
irá desfrutar, percebendo um fotógrafo seguindo-o para disparar fotos sobre ele.
Rio acompanhando a correria do fotógrafo em cima dele, de repente ouço
uma vozinha conhecida gritando por mim.
Paraliso pensando se estou imaginando coisas, sinto meu coração disparar
em expectativa, minhas mãos suam ainda mais, minhas pernas bambeiam como
gelatinas, ao me virar lentamente em direção a voz que me chama novamente
agora mais próximo.
Vejo Gui correndo em minha direção, meu sorriso se espalha pelo rosto com
a alegria contagiante que sinto dele, ele pula para que eu o pegue em meus
braços, me lembrando que não posso carregar peso, me abaixo com os joelhos no
gramado ficando próximo de seu tamanho o abraçando.
— Tia Kat, senti saudades de você e do Bud. — Rio de sua espontaneidade
por nunca se esquecer de meu cachorro.
— Também sentimos gatinho, Bud também está com saudades viu.
Vejo uma sombra se aproximar de nós, já imaginando de quem se trata,
simplesmente sei que é ele, meu corpo traiçoeiro sente sua presença como se
provocasse desejos que ficaram submersos em sonhos apenas, nessas últimas três
semanas.
Respiro fundo para acalmar meus sentidos, me afastando levemente de Gui
levantando meu rosto em direção ao corpo que nos tampa do sol.
Então, eu o vejo!
Se meu coração estava disparado antes, agora sinto como se uma escola de
samba tivesse se apossado dele, de todo meu corpo que reage imediatamente
apenas com seu olhar penetrante ao encontrar com os meus.
Ainda bem que estou ajoelhada, senão corria o risco de me desequilibrar.
Sinto seu olhar me queimando, notando cada detalhe em mim, não perdendo
a oportunidade faço o mesmo.
Como se fosse possível, Derik parece ainda mais lindo do que já vi alguma
vez, seu cabelo um pouco mais cumprido do que dá última vez que o vi, a barba
cresceu bastante, o deixando com um semblante mais duro, mas ainda assim sexy
de todo maneira.
— Papai... — Gui nos tira do nosso transe, chamando nossa atenção para ele,
vendo-o puxando a perna do pai. — Posso ir brincar com Nathan no pula-pula?
Derik olha pra mim novamente com um olhar inquisidor, respondendo seu
filho.
— Pode sim Gui, só tome cuidado.
Percebo que ainda estou ajoelhada, me colocando de pé devagar enquanto
limpo as gramas de meus joelhos.
Quando levanto meu olhar encontro o de Derik, percebendo o quanto senti
sua falta, sinto meu corpo aquecendo e um reboliço visceral tomando conta de
mim.
Vejo seu pomo de adão subindo e descendo mostrando a rigidez em seu
maxilar, cortando finalmente o silêncio que paira entre nós.
— Como está Kat?
Essa voz, meu Deus, como senti falta de o ouvir me chamar, apenas de falar
comigo.
Sinto um alívio invadir meu peito ao perceber que me chama por Kat e não
Katarina como dá última vez que nos vimos.
Respiro e inspiro para responde-lo da maneira mais normal que consigo.
— E... estou ... — gaguejo, limpando a garganta — Estou bem Derik, e você
como tem passado?
— Muito bem também.
Apesar de mais sério do que o normal, vejo em seu olhar não a raiva igual a
última vez, mas algo que parece refletir com o meu, talvez saudade, se não estiver
confundindo as coisas.
Ao observar melhor seu rosto, percebo que seus olhos estão mais fundos do
que o habitual, mostrando que não tem dormido bem ultimamente.
Desvio o olhar para meus pés sem saber o que dizer, ou como me comportar
perante ele.
Por que estou me sentindo tão nervosa com sua presença? É apenas o Derik
Kat, você pode agir normalmente como com qualquer outra pessoa.
Ao levantar meus olhos, vejo Gui e Nathan se divertindo no pula-pula,
resolvendo entrar em um assunto mais seguro para nós no momento.
— Gui já está se divertindo com Nathan. — Aponto com a cabeça em
direção a eles, com um sorriso tímido em meus lábios.
Derik dá uma olhada rápida para eles, meneando a cabeça.
— Verdade, estava animado em vir hoje.
— Nathan também, estava muito ansioso por hoje.
Finalmente vejo um meio sorriso aparecer em seus lábios, amenizando o
clima pesado entre nós.
Derik fica novamente com o maxilar rígido, olhando para trás de mim, viro
meu rosto seguindo seu olhar encontrando Marcos nos observando de longe ao
beber sua long neck.
Um garçom nos oferece algumas bebidas nesse instante, aceito uma água,
enquanto Derik aceita uma cerveja.
— Não vai beber hoje também? — pergunta estreitando os olhos
desconfiado.
Droga viu! Ele está achando que sou uma cachaceira agora?
Mas tento responder sem dar margem para mais perguntas por enquanto.
— Não, não estou muito afim de bebidas alcoólicas ultimamente.
— Está certa. — Diz levando a garrafa até sua boca.
— Gui vai dormir na sua casa hoje? — Balança a cabeça negando — E está
bebendo sendo que vai dirigir?
Minha intenção era apenas perguntar, mas acabou soando como repreensão.
Quando vou me desculpar por me intrometer, responde.
— Só vou beber essa, até o levar embora já saiu o efeito do meu corpo.
Concordo agora mais aliviada com seu bom senso, em não os colocar em
risco.
Vejo meus pais chegando ao longe, percebendo que minha mãe me viu,
resolvo ir até eles com receio de que fale algo que me comprometa em frente a
Derik.
Pedi para mantermos em segredo por enquanto minha gestação, pelos
primeiros três meses, principalmente para que Marcos não fale nada para Derik, e
espero que tenha respeitado minha vontade. Ele é muito discreto e na dele, mas
como são muito amigos, nunca se sabe.
Vendo minha mãe se aproximando, resolvo me apressar.
Volto meu olhar para Derik que estava olhando na mesma direção que eu
intrigado, quando digo.
— Meus pais acabaram de chegar, vou ir cumprimenta-los.
Quando vou sair, ao mesmo tempo preocupada que minha mãe possa dar
com a língua nos dentes e triste em me afastar dele, ouço sua voz ainda próximo
de mim.
— Não vai me apresentar?
Droga! O que eu faço?
— C...claro, por que não? — Digo com um sorriso apreensivo no rosto.
O que deu em mim de começar a gaguejar hoje hein? Relaxa Kat, vai dar
tudo certo.
Respiro fundo enquanto aguardo meus pais chegarem até nós.
— Kat, — minha mãe chega me abraçando, — que saudades filha, nem
parece que te vi no final de semana.
Abraço-a também, tenho uma ideia de reforçar meu pedido em seus ouvidos.
— Mãe, não esquece do que te pedi hein, não vai comentar com ninguém
sobre a novidade aqui. — Falo em tom baixo em seus ouvidos, torcendo para que
respeite meu pedido.
Ao se afastar a vejo confirmar com a cabeça de uma maneira discreta o que
me deixa aliviada,
Olho para meu pai que observa Derik desconfiado.
— Hei pai, vocês demoraram. — Vou até ele, o abraçando também.
— Foi culpa da sua mãe, que enrola mais que tudo para se arrumar, — vejo
minha mãe revirando os olhos, parecendo não se importar com sua reclamação,
— parecia que estava indo viajar, não apenas em uma festa, voltando hoje mesmo
pra casa.
Bufa, me fazendo rir. Olho para Derik que nos observa com ar de riso no
rosto, pelo modo que meu pai fala de minha mãe, resolvendo apresenta-los.
— Mãe, pai. — Aponto com a mão para ele. — Esse é Derik, meu novo
vizinho, está morando na casa de Barbara, é amigo e sócio de Marcos. Derik,
meus pais, Arthur e Elena.
Ele entende a mão para meu pai, que o cumprimenta de modo firme, talvez
tentando o amedrontar, o que me faz rir baixando o rosto tentando esconder.
— Muito prazer, sr. Arthur.
Quando Derik vai estender a mão para minha mãe, ela o agarra em um
abraço.
— Olá, meu filho, é um prazer conhece-lo, Barbara e Marcos já haviam
comentado sobre você.
— O prazer é meu. — Retribui educadamente.
— Até que enfim chegaram, já estava mandando o resgate atrás de vocês. —
Ouço Bárbara falando alto ao se aproximar, junto de Marcos.
Meus pais os cumprimentam também, até que minha mãe pergunta por
Nathan.
— E cadê meu pequeno aniversariante? Quero vê-lo e dar meu presente a
ele.
— Está brincando, vamos lá? — Bárbara diz os puxando em direção de meu
sobrinho.
Percebo que Marcos dá um olhar intrigado a Derik antes de sair, mas os
acompanha. Estranho, mas volto a olhar para Derik que diz.
— Seus pais são bem simpáticos, mas seu pai em específico não pareceu ir
com a minha cara. — Diz com olhar matreiro.
— Nada, só quer te intimidar, — desvio o olhar continuando — pensou que
temos alguma coisa. — Falo baixo, sem jeito por meu pai ter percebido que
tivemos algo.
— Talvez, não esteja tão errado quanto pensa, não é? — Me pergunta com
um olhar desafiador.
— Por que diz isso? — Pergunto confusa, afinal não temos mais nada.
— Porque nós tínhamos, até você se afastar de mim. De certa forma
tínhamos algo.
Confirmo com a cabeça abaixando meu olhar, enquanto mexo minhas mãos
uma na outra, sem saber o que comentar.
Levanta meu rosto com o indicador levemente, sentindo queimar o local que
me toca.
— Senti sua falta Kat. — Sinto meus olhos lacrimejar mediante sua
confissão, por saber que não fui a única que senti saudades.
— Também senti. — Admito em tom baixo, me surpreendendo em assumir
isso, fora de meus pensamentos.
Percebo um leve sorriso surgir em seus lábios, espelhando no meu também.
— Papai... – ouvimos Gui se aproximando estourando nossa bolha particular
— peciso ir no banhelo — alcança a mão de Derik o puxando com pressa.
Ele olha pra mim como quem diz, “mais tarde nós continuamos essa
conversa”.
Aceno, concordando.
Quando me viro vejo que Sofi e Liv já chegaram, mas não vieram me
cumprimentar, e pelos seus olhares, já sei que estavam de olho em nossa
conversa.
Abro um sorriso um tanto sem graça, por ter sido observada sem nem notar,
indo até elas.
— Vocês chegaram e nem me avisaram. — Digo as beijando no rosto.
— Não queríamos te atrapalhar Kit Kat. — Liv diz com seu olhar malicioso.
— É nunca se sabe como seria o desenrolar dessa história. — Sofi agora
quem insinua algo. — Estávamos aqui imaginando o que conversavam.
— Na verdade, — digo me sentando ao lado delas. — Mal conversamos,
estava um clima estranho inicialmente, agora que estava amenizando, Gui chegou
o levando ao banheiro.
— E aquele toque no seu rosto, foi o que? — Sofi pergunta se debruçando
sobre a mesa curiosa.
— O que ele falou Kit Kat? – Liv pergunta também interessada.
Rio baixando o olhar mordendo o canto dos lábios, subo meu olhar
envergonhada dizendo.
— Disse que sentiu minha falta.
— E você? — As duas me perguntam ao mesmo tempo me fazendo rir.
— Admiti que também senti. — Falo tampando meu rosto com as duas mãos
envergonhada por ter chegado nesse ponto.
— Hoje vai dar bom — Sofi cantarola, dançando com os braços.
— Claro que não amiga, — digo a repreendendo, mas ao mesmo tempo não
deixando que cresça nenhum ponto de esperança dentro de mim. — Isso não
significa nada.
Continuo com elas conversando sobre assuntos aleatórios, mas sempre me
pego procurando por Derik, sem perceber. Como se nossos olhares se atraíssem
por imãs, o vejo ao lado de Marcos conversando, mas com seu olhar fixo em
mim, de maneira tão penetrante que sinto um arrepio minha espinha, percebo
surgir um sorriso torto sexy em seus lábios, me fazendo ruborizar.
Depois de um tempo, Bárbara convida a todos a tirar foto na decoração do
Hulk — tema da festa — com Nathan para guardar de recordação, e então
cantarmos os parabéns.
Após todos cantarmos para Nathan que ficou extremamente feliz em apagar
as velinhas, vou seguindo para o banheiro, entro no cômodo, mas ao ir fechar a
porta sinto algo impedindo que a feche, vendo Derik com o pé no vão da porta.
Sinto meu coração disparar em ansiedade com sua proximidade, ele dá um
passo à frente me fazendo andar para trás consequentemente.
Não estou com medo dele, mas não sei o que esperar, tranca a porta atrás de
si sem desviar os olhos de mim.
Ele não diz nada, nem eu consigo hipnotizada em sua íris azuis, dá mais um
passo à frente cortando o espaço que havia entre nós, mas não me afasto dessa
vez.
Sua mão alcança meu rosto acariciando minha face, seu dedo passeia por
meus lábios, fazendo com que feche meus olhos com as carícias recebidas, ao
mesmo tempo sentindo sua respiração próxima a mim. Suas duas mãos agora
seguram meu rosto, como para me impedir de fugir, — como se eu quisesse —
quando finalmente acaba com o espaço que há entre nossos lábios me beijando.
Aceito seu beijo abrindo meus lábios, nossas línguas se encontram, sugando
minha língua, mordendo meus lábios, o envolvo em meus braços, pois sinto a
necessidade de toca-lo como se dependesse disso para sobreviver, sinto suas mãos
passeando por meu corpo demonstrando a saudade que sentiu de mim também,
me levantando pelo quadril me apoiando no armarinho do banheiro, aproveito a
oportunidade para o envolver com minhas pernas enquanto me segura.
Nossos lábios não se desgrudam, continuamos assim não sei por quanto
tempo, se afastando para tomar fôlego beijando meu pescoço, inalando meu
cheiro como se necessitasse disso, me fazendo sentir finalmente como se
estivesse finalmente em casa, no lugar de onde nunca deveria ter saído.
Derik se afasta levemente encostando sua testa na minha, quando diz.
— Eu preciso sentir você por inteiro Kat.
— Eu também preciso. — Concordo não querendo pensar em mais nada
nesse instante, além de nós dois, retornando a beijá-lo.
— Tenho que levar Gui embora, — sinto uma pequena decepção em ter que
me afastar dele — mas vou ir te encontrar quando voltar, pode ser?
— Pode sim. — Confirmo sorrindo voltando a nos beijar.
Meu Deus, como senti falta desse beijo.
De repente sinto minha bexiga me pressionar, lembrando do motivo de ter
vindo ao banheiro.
— Acho melhor voltarmos para a festa, o pessoal já deve estar indo embora,
e eu preciso fazer xixi. — Falo rindo.
Derik mostra seu sorriso perfeito, que tanto senti falta em apreciar, me
colocando no chão, me dando um último beijo se despedindo.
— Ok, vou ir buscar Gui para o levar embora, quero voltar logo. — Dá uma
piscadela que aquece meu coração em expectativa. – É o tempo de você ir embora
até eu chegar.
— Tá bom, vai lá. — Derik se aproxima novamente dando um último beijo
de tirar o fôlego antes de sair do banheiro.
Ual, o que foi isso?
Estou me sentindo nas nuvens apenas por esses amassos no banheiro.
— O que esse homem está fazendo comigo? — Pergunto para mim mesma,
me abanando sentindo o ambiente incendiar.
CAPÍTULO 28
Volto para festa mais animado com o que vai rolar quando retornar para
casa, quando vi Kat mais cedo tentei me manter distante, me sentia inquieto com
nosso reencontro, pensativo em como agir, mas quando a vi senti um aperto
dentro de mim, Guilherme acabou ajudando me levando até ela, como foi
correndo ao seu encontro, me deixando sem alternativa além de o seguir.
No início tentei ser frio, mas percebi que Kat estava tão nervosa quanto eu,
reparei que apesar da maquiagem seus olhos estavam mais fundos do que de
costume, e um pouco mais magra do que da última vez. Fiquei me perguntando se
seria por ter sentido minha falta tanto quanto eu, se perdeu o sono como eu, mas
ao mesmo tempo não acreditando nessa possibilidade, pois afinal quem terminou
comigo foi ela mesma, por isso não fazia sentido meu pensamento, deveria estar
bem.
Quando a toquei, um simples encostar de dedo em seu rosto, foi como se um
calor percorresse por todo o meu corpo, algo que nunca havia tido com nenhuma
outra mulher antes. Na verdade, tudo com Kat tem sido novo.
Se um contato no rosto me permitiu sentir tudo isso, foi impossível não ir
atrás dela quando percebi que entrava dentro da casa de Marcos, precisava me
aproximar dela, compreender se também a afetava da mesma maneira, se ansiava
por meu toque assim como eu, se mexia com suas entranhas do mesmo modo que
tem acontecido comigo.
Eu necessitava descobrir, para tentar entender o motivo de ter se afastado de
mim.
E nossa!
A maneira como correspondeu meu beijo mostrou que sim, sentia tudo
também na mesma proporção que eu. Por meio dele, soube que precisa de mim
tanto quanto eu precisava dela, e era a desculpa que procurava para seguir meu
instinto e vir atrás, quebrando todo meu orgulho de não correr atrás de ninguém.
Mas que se dane meu orgulho agora, nunca me senti tão bem por ter
mandado ele para o espaço.
Resisti em ir atrás dela por todas essas semanas, como foi ela quem terminou
comigo, meu ego estava ferido, mesmo querendo não querendo dar meu braço a
torcer. Nunca fui de perseguir nenhuma mulher, não era agora que gostaria de
fazer.
Mas meu desejo todos os dias era em tentar voltar com ela, e agora que
tenho certeza de que me quer tanto quanto eu a quero, não irei desistir dela.
Não sei onde isso vai dar, nunca procurei um relacionamento, nunca me vi
interessado em uma mulher além de sexo, mas com Kat tudo isso está caindo por
terra, e quando ficarmos juntos hoje, se perceber que nossa química continua da
mesma maneira, que nada entre nós dois mudou, nosso desejo, nosso
entrosamento continua igual, estou disposto a tentar algo a mais se ela assim
desejar também.
Afinal, tenho que parar de me enganar, nem conseguindo me envolver com
mais ninguém, tenho conseguido. É como se ela tivesse me estrago para qualquer
outra mulher, por isso se é pra ser monogâmico, o que é assumir um
relacionamento logo de uma vez?
Agora se ela voltar atrás da decisão... — suspiro, tentando não pensar nessa
hipótese.
Chamo Guilherme no brinquedo para irmos embora, as pessoas já estão se
despedindo também, sendo a desculpa que precisava para o levar, voltando logo
para ver Kat.
Me despeço de Marcos e Bárbara, seguindo para casa de Gui, esse horário
pelo menos o trânsito está a meu favor, ainda mais por ser um sábado.
Enquanto dirijo, me recordo de Marcos mais cedo, vindo até mim após ter
levado Gui ao banheiro.
— Minha intuição estava certa no fim não é, Derik? — Falou diretamente,
sem rodeios.
Estava me sentindo mal em esconder dele algo assim, mas não sabia o que
Kat ia achar se assumisse, afinal ele é cunhado dela, mas por consideração a
nossa amizade resolvi ser sincero.
— Desculpa cara, como você é cunhado dela, não quis envolver família
nisso, mas sim, ela é a mulher com quem estava saindo.
Ele parece refletir sobre o que falei.
— Derik, só não quero que brinque com ela, — diz de maneira séria me
encarando nos olhos, mostrando o quanto se importa — Kat não é uma qualquer
que você usa e abusa como está acostumado a fazer.
— Eu sei que Kat não é como as outras, — me defendo, mas o entendendo
por achar isso, afinal meu passado me condena — cara, jamais iria trata-la como
as mulheres que costumava sair.
— Costumava? — Questiona intrigado.
— Sim, — Marcos franze o cenho curioso com minha resposta, cruzando os
braços junto de um arquear de sobrancelhas me interrogando, — depois que
fiquei com ela não me envolvi com mais ninguém.
Vejo ele arregalar seus olhos, visivelmente surpreendido pelo que admiti.
— Ual, agora me deixou sem palavras, nem depois de quando terminou com
você?
Balanço a cabeça negando, o que até pra mim é uma surpresa. De repente o
homem a minha frente começa a gargalhar, me deixando sem entender o motivo
de tanto riso.
— Nossa. — Marcos fala enquanto limpa as lágrimas dos olhos de tanto que
riu, e eu continuo sério esperando me explicar o motivo da graça que ainda não
encontrei. — Pensei que esse dia nunca iria chegar.
— Que dia?! — pergunto intrigado — Você deve tá chapado só pode, pra
estar rindo sem motivo algum. — Respondo de maneira grosseira, não gostando
do teor dessa conversa.
— O dia que veria você apaixonado Derik, é disso que estou falando.
Bufo, desviando os olhos pra Kat, que também está me olhando.
Eu apaixonado? Não é pra tanto, talvez até goste dela, gosto da companhia,
de transar com ela, mas apaixonado?
— Não, — nego com a cabeça voltando a olhar para Marcos, — você está
viajando. Não chega a esse ponto.
Até parece, eu apaixonado?
11 anos atrás
Os dias foram se passando e Gustavo não foi trabalhar essa semana, depois
de dois dias da nossa discussão fui pegar sua calça e percebi que o cartão havia
sumido de lá, me deixando ainda mais intrigada. Ele tem tentado agir
normalmente comigo, e por mais difícil que esteja sendo pra eu guardar minhas
desconfianças, não quero julgá-lo sem ter certeza de nada, por isso tenho o
tratado normalmente.
Hoje uma semana após o ocorrido ele diz que vai ter que trabalhar após a
faculdade e chegará tarde.
Confirmo com a cabeça, sem dizer nada, apenas em minha mente.
É hoje que vou descobrir!
Gustavo percebendo minha apreensão, se aproxima de mim dizendo.
— Amor, olha pra mim, vou conversar com o cara e te levar na próxima
sessão de fotos para conhecer onde trabalho, ok?
— Ok. — Digo com um meio sorriso, um pouco mais animada com tudo não
passar de imaginações da minha mente.
Está vendo Kat, não é nada.
Mas o seguro morreu de velho certo? E para tirar isso da minha cabeça sigo
em frente com meu plano.
Envio uma mensagem para Sofi marcando para nos encontrar após a
faculdade.
Após a aula Gustavo informa que vai em casa pegar o carro, e digo que irei
estudar com Sofi em sua casa.
Seguimos para o carro alugado com insulfilm G5, para não ter risco de
Gustavo nos reconhecer, se fosse com meu carro ele poderia perceber, e o de Sofi
ele também conhece, como espero estar enganada, não vou me entregar assim
minhas desconfianças.
Respiro fundo entrando no carro como passageiro, pois não estou preparada
psicologicamente para o que posso ver, por isso deixo que Sofi dirija.
— Está pronta? — Sofi me questiona visivelmente chateada com a situação,
acenando para ela que sim.
Ficamos um pouco à frente da entrada de minha garagem aguardando que
passe por nós, quando vemos seu carro saindo, Sofi liga o carro o seguindo.
Gustavo segue para o bairro de Jardins, uma área nobre de São Paulo me
deixando ainda aflita com o que posso encontrar, ele para em frente a um grande
apartamento luxuoso com o pisca alerta ligado, nós paramos um pouco mais atrás
tentando não ser notada, até que a vejo.
A mulher do facebook entrando em seu carro, sinto meu coração ser
destruído aos poucos conforme o carro segue adiante, Sofi segura minhas mãos
me confortando perguntando.
— Quer ir em frente com isso mesmo?
Confirmo com a cabeça sem conseguir processar as palavras. Ela me
entende, voltando a segui-lo.
Após vinte minutos os seguindo, percebo um motel a frente em nosso
caminho, Gustavo liga a seta indicando que irá entrar no local.
Um soluço sofrido solta minha garganta, por ver meu amor sendo destruído
pela pessoa que mais confiava, a pessoa que dorme comigo todos os dias e diz me
amar.
Que me toca mesmo depois de me trair com outra mulher.
Sofi para o carro um pouco distante da entrada do hotel, com o pisca alerta
ligado, me abraçando enquanto deixo as lágrimas caírem sem me importar com
mais nada, além da decepção que meu coração acabou de ter, da única pessoa que
entreguei meu coração de verdade.
A ânsia toma conta de mim não sendo possível segurar o nojo que sinto pelo
que estão fazendo dentro daquele quarto, abro a porta do carro despejando tudo
do meu estômago para fora, a ânsia aumenta com as lembranças em cada beijo
que demos depois do seu “trabalho”, cada vez que fizemos amor após voltar do
seu “trabalho”.
Como ele pôde fazer isso comigo?
Por isso estava me enchendo de presentes ultimamente, isso se chama
remorso, gastando seu dinheiro sujo comigo, como se isso fosse amenizar a
podridão que se tornou.
Após uma hora nessa situação, pergunto mais pra mim do que pra Sofi.
— Por que ele está fazendo isso com a gente? Ele diz todos os dias que me
ama Sofi, como pode dizer isso em vão sem se sentir mal com o que está fazendo
conosco.
— Não sei Kat. — Continua abraçada comigo acariciando meus cabelos
molhados por causa das lágrimas. — Vocês vão conversar e entender tudo, você
quer ir lá pra casa, não há porque continuar aqui.
Nego com a cabeça.
— Não, quero continuar aqui para ver o que vai fazer depois.
— Tá bom.
Continuamos assim por mais duas horas, até que vemos seu carro saindo do
motel, Sofi liga o carro olhando pra mim como que esperando uma confirmação.
— Vamos em frente. — Digo fria já sem lágrimas para escorrer.
O seguimos até que vejo seu carro parando em frente novamente ao
apartamento, e sua amante descendo rebolando se exibindo depois de algumas
horas de muito sexo pelo visto.
Sinto a ânsia voltando, mas respiro fundo conseguindo impedi-la de aparecer
novamente.
Sofi volta a seguir seu carro, quando percebemos ele para em frente a um
banco, deixa seu carro estacionado com o pisca alerta ligado entrando,
estacionamos do outro lado da rua de uma maneira que é possível o ver no caixa
eletrônico contando várias notas de dinheiro, as inserindo dentro de um envelope
para depósito, não aguento mais ver isso, abro a porta do carro vomitando tudo
que me restava de dignidade, após terminar de soltar tudo que ainda tinha dentro
de mim. Fecho a porta do carro, pego um pano em minha bolsa limpando minha
boca dizendo a Sofi.
— Vamos embora, acho que já vi o suficiente.
Sofi nos leva embora para sua casa, pois não vou conseguir lidar com ele
hoje depois de tudo que presenciei.
Gustavo está se vendendo, saindo com outras mulheres, e isso é demais para
mim, jamais imaginava que seu trabalho fosse prostituição, acompanhante de
luxo ou qualquer merda parecida.
Chego a casa de Sofi, pedindo para ficar quieta e sozinha, indo para um
quarto vago que está disponível, me encolho em posição fetal deixando as
lágrimas caírem, todas naquele dia, prometendo a mim mesma que será a última
vez que irei me permitir chorar por alguém e depois disso nunca mais irei confiar
em mais ninguém.
Após alguns minutos meu celular começa a disparar em ligações de Gustavo,
não atendendo nenhuma.
Vejo mensagem dele perguntando se está tudo bem, se quer que venha me
buscar.
Não consigo lidar com ele hoje, por isso só respondo que estou bem, irei
dormir aqui com as meninas e amanhã conversamos.
Ele obviamente estranha, pergunta o motivo se nunca dormi longe dele
desde que começamos a morar juntos, mas desligo o celular o ignorando.
No dia seguinte antes da aula, contamos a Liv tudo que aconteceu a
deixando de boca aberta, após relatar tudo me pergunta.
— E agora o que vai fazer?
Respiro fundo sendo sensata.
— Vou procurar outro lugar para morar e cancelar o casamento obviamente.
Poderia o expulsar de lá, mas não quero ficar me torturando com as lembranças
do que tivemos todos esses anos, e todas as mentiras que vivemos.
— Kat — Sofi me chama. — Venha morar conosco, há um quarto sobrando
que íamos anunciar, ele é seu amiga.
E era tudo que eu precisava.
— Obrigada meninas, posso me mudar ainda hoje?
— Claro, precisa de ajuda?
— Sim, vou aproveitar que ele vai para a faculdade, buscar minhas coisas,
não vou a aula hoje, vou trazer tudo que conseguir, quando chegar lá não terá
mais nada meu que me faça ter que voltar e olhar em sua cara.
As meninas resolvem faltar a aula também, digo para elas irem, mas não
vão, resolvem ir comigo ao apartamento me ajudando a pegar tudo quanto seja
possível.
Após ter levado tudo em nossos carros, vejo que está próximo do horário de
Gustavo voltar, sigo para o apartamento, colocar um ponto final em tudo.
Estou sentada no sofá quando entra com uma feição preocupado, quando me
vê respira aliviado.
— Amor, — vem até mim se ajoelhando em minha frente preocupado —
estava quase indo até a casa de Sofi, você não foi nem para a aula, o que você
tem? Porque está com essa cara. — Levanta a mão para tocar meu rosto, mas me
afasto, ficando visivelmente intrigado com meu comportamento.
— Como foi o trabalho ontem Gustavo?
Ele estranha minha pergunta, sem saber o que responder.
— Onde você foi trabalhar? Em que lugar? Fez fotos para divulgar motel por
acaso? — pergunto irônica.
Vejo a cor sumir de seu rosto quando percebe que sei aonde estava.
— Não é o que está pensando... — tenta argumentar, mas o corto levantando
a mão para que fique em silêncio.
— Só tenho uma coisa pra te dizer, NUNCA mais se aproxime de mim, se
dirija a mim ou a minha família, esqueça que um dia eu existi, já peguei todas as
minhas coisas que importam e estou saindo de casa.
— O QUE?! — Grita incrédulo, se levantando puxando seus cabelos
perturbado.
— É isso mesmo que ouviu, — continuo com toda a frieza que possuo
dentro de mim surpreendendo a mim mesma, — ou você achou que após
descobrir que está vendendo seu corpo iria continuar com você, como se estivesse
indo em um mercado? Acabou qualquer coisa que tínhamos um com o outro,
espero que respeite pelo menos isso, se mantendo a distância de mim, pois tenho
NOJO de você, se vender Gustavo, sério que precisava disso?
— Você nunca vai entender Kat...
— Katarina pra você! E não, nunca vou entender, por mais que precisasse,
ganhar pouco mas honestamente é muito mais bonito do que você vender seu
corpo por dinheiro e depois vir deitar na minha cama, dizendo que me ama, como
sua consciência não dói quando faz isso? — Ele vai responder, vejo as lágrimas
caindo de seus olhos, mas nada me comove, só me incentiva a continuar. — Eu te
entreguei meu coração, eu me entreguei a você, você foi meu primeiro homem, e
olha o que você fez? Você me destruiu, acabou com qualquer confiança que eu
tinha nas pessoas, pois eu confiava em você! — digo revoltada — como posso
confiar em alguém de novo, com a decepção que me causou? Eu dava a minha
vida pela sua e você acabou com ela quando descobri que nunca me amou.
— Eu sempre te amei Kat, nunca menti em relação a isso, fiz tudo isso para
te dar algo melhor, te fazer feliz...
— CALA A PORRA DA BOCA GUSTAVO! — Respiro fundo me
levantando. — Pra mim você morreu!
Seguro minha bolsa indo até a porta, quando ele tenta me puxar pelo braço, o
olho com tanto ódio que o faz me soltar na mesma hora.
— Se por acaso, você não respeitar minha vontade, irei te denunciar pedindo
ordem de restrição.
— Você não pode, nunca te machuquei.
— Fisicamente não, mas você destruiu meu coração. — Respiro fundo
olhando no fundo dos seus olhos. — Mas tente, para ver se não consigo!
Saio do apartamento que por tanto tempo pensei ser feliz, dando as costas a
pessoa que mais amava até ontem, antes dele destroçar meu coração, antes de
destruir qualquer confiança que tinha nos seres humanos.
CAPÍTULO 30
A semana tem passado rapidamente, tenho trabalhado tanto que mal tempo
de deixar a ansiedade entrar em minha mente de saudades de Kat consigo, sempre
que posso envio alguma mensagem a ela, temos nos comunicado com frequência.
Não digo que tem sido fácil, morar tão perto e permanecer distante dela. Não
tem sido! Quando chego em casa minha vontade é ir até ela e matar toda a
saudade que senti o dia todo, mas disse que iríamos devagar e assim tenho feito.
Percebi que ia me afastar novamente, mesmo vendo em seus olhos que me
quer tanto quanto eu, por isso dei a ela essa sugestão, para que possamos tentar
seguir em frente, dando um tempo para que assimile seja o que lhe aflige.
Fiquei pensando em tudo que Vini comentou aquela vez, fazendo sentido.
Talvez tenha medo de algo, por algum trauma que carrega consigo, eu mesmo
parando pra pensar é o que acontece comigo, nunca quis ter um relacionamento
com ninguém e a única vez que tentei, quebrei a cara, então porque confiar em
outra mulher, em outra pessoa de novo?
Sei que posso estar dando murro em ponta de faca, dando essa chance para
nós dois dessa maneira, mas sinto que ela é diferente, tanto que foi sincera
comigo em se afastar dizendo que não quer nada sério com ninguém.
Se quisesse apenas brincar comigo, ou seja lá com quem quer que fosse, não
teria tido essa consideração, até mesmo porque não temos nada sério. Se saísse
com outra pessoa, não necessariamente estaria me traindo, mas ainda assim teve
consideração em conversar comigo antes.
Totalmente diferente de Alice.
Amanhã vamos finalmente nos ver, estou me sentindo ansioso, pois desde
domingo não nos vemos.
Ouço alguém batendo a porta entrando.
— E aí, vamos almoçar? — Marcos me chama.
— Vamos sim.
Deixo a proteção de tela do notebook ativada, pegando minha carteira e
celular o seguindo para o elevador.
Seguimos conversando sobre alguns problemas que surgiram no trabalho
hoje e a reunião que teremos mais tarde caminhando pela calçada até um
restaurante que gostamos sempre de ir.
De repente como se meu corpo fosse atraído como um imã ao de Kat, meus
olhos parecem encontra-la um pouco mais a frente parada com um homem de
costa pra mim passando seu dedo sobre o rosto da minha mulher.
Que PORRA é essa Kat?
Não vejo mais nada a minha frente, vou pisando duro até os alcançar,
puxando o cara para longe dela.
— Que porra é essa? Tira o dedo da minha mulher! — Rosno para o babaca
que me olha sem entender nada.
Noto Kat pálida olhando para o babaca a minha frente parecendo estar em
choque, um sinal de alerta se acende dentro de mim.
Vou até ela preocupado, segurando as duas mãos em seu rosto,
— Kat, o que foi? — A inspeciono para ver se há algum machucado. —
Esse babaca te machucou?
— Eu não machuquei ninguém, só estávamos conversando. — O babaca diz
ao meu lado.
Kat pisca ainda aérea, com lágrima nos olhos, quando me vê, parece associar
quem eu sou, me abraçando fortemente.
Dou um beijo em seu rosto, passando minha mão em suas costas a
acalmando.
Não sei o que aconteceu, mas isso não está me cheirando nada bem.
Me afasto lentamente, perguntando.
— Está tudo bem com você? Quem é esse cara?
— Kat, eu só quero conversar com você. — O babaca volta a dizer, me
fazendo xingar em volume baixo esse intrometido.
Ela respira fundo, segurando em minhas mãos de forma trêmula. Quando o
olha, vejo a frieza em seu olhar, sentindo em mim seu rancor. Olho para Marcos
que está apenas observando tudo parecendo tão confuso quanto eu, voltando a
olhar para o babaca a minha frente.
— Gustavo, não temos nada a conversar!
Ele dá um passo à frente, enquanto trago Kat para mais perto de mim como
se sentisse que preciso a proteger do que quer que seja.
— Cinco minutos Kat, por favor? Tenho te procurado há anos, só cinco
minutos.
Como assim a procurando por anos?
— Como eu disse, não tenho mais nada para falar com você, o que tinha pra
dizer já disse, agora estou com Derik, estamos namorando e muito felizes, então
se me dá licença, tenho mais o que fazer.
Vejo Gustavo fechar as mãos com a raiva estampada em seu rosto, me
fuzilando com o olhar, e eu permaneço o encarando da mesma maneira travando
uma batalha interna sem nem mesmo saber o motivo, tendo apenas uma certeza,
ele quer a minha mulher e não vou aceitar isso. A abraço mais forte por perceber
que Kat precisa de mim, e muito satisfeito por ter dito a ele que somos
namorados, mesmo sabendo que ainda não oficializamos isso.
O cara é quase da mesma altura que eu, e dá pra ver pelo seu porte físico que
também se exercita, mas isso não me inibe, se tiver que estourar a cara dele para
protege-la, farei com o maior prazer.
— Por favor Kat, é a última vez que te peço!
O infeliz ainda tenta uma última vez, mas Kat o fuzila com o olhar.
— Já disse que não tenho nada a falar com você, agora me esquece! — Olha
pra mim e Marcos. — Vamos meninos! — Diz me puxando com a mão
entrelaçada na dela.
Percebo que o tal do Gustavo não fica nada satisfeito com o arranjo da
conversa, observando enraivecido nossas mãos juntas, mas não faz nada para a
impedir.
Sigo um pouco a frente com Kat e Marcos ao meu lado, quando ela olha para
trás vendo que não o vê mais, solta minha mão, me fazendo já sentir sua falta.
— Obrigada Derik por não me desmentir, — olha de mim para Marcos sem
graça pelo que presenciamos, — tenho uma consulta aqui próximo e preciso ir,
depois nos falamos. — Dá um beijo em meu rosto e no de Marcos seguindo seu
caminho apressadamente, mas me deixando preocupado com a maneira abalada
que ficou.
Eu e Marcos permanecemos alguns minutos a observando se afastar em
silêncio, até mesmo para ter certeza de que o tal do Gustavo não irá importuná-la
de novo.
Quando a perdemos de vista, Marcos quebra o silêncio.
— Vamos lá almoçar cara, temos uma reunião daqui a pouco.
Confirmo com a cabeça ainda quieto, intrigado com tudo que aconteceu.
Fico pensando em tudo que presenciei, Kat não estava em seu estado normal,
estava pálida como se tivesse visto um fantasma na sua frente.
Eu não sei qual sua história com esse cara, mas coisa boa não é.
Olho para Marcos a minha frente comendo em silêncio, parecendo pensativo
também, percebendo que ficou preocupado tanato quanto eu com Kat, por mais
que não fique falando, ele a tem como uma irmã.
Será que ele não sabe quem é esse cara?
Resolvo sondar para ver o que descubro, limpo a garganta perguntando.
— Que merda foi tudo aquilo?
Marcos dá de ombros, limpando sua boca com o guardanapo.
— Não sei, mas pareceu que Kat não queria conversa com ele.
— É não parecia mesmo, você não o conhece? Nunca ouviu falar nada desse
tal Gustavo?
Marcos se remexe na cadeira pensando provavelmente se deve me falar ou
não.
— Olha Derik, quando comecei a namorar com Bárbara ouvi algum assunto
sobre um ex de Kat que senão me engano se chamava Gustavo, não tenho como
entrar em muitos detalhes porque nem eu sei. — Toma um gole de água
nitidamente angustiado com o que presenciamos. — O que sei, é o que todos da
família sabem, que ela terminou com ele, mas não explicou o motivo. Só que
pediu para nunca mais tocar no nome dele quando estivesse por perto.
— Estranho... muito estranho.
Não sei o que houve, mas vou descobrir.
Derik (deus grego): Hei Kit Kat, como você está? Me deixou
preocupado! Conte comigo para o que precisar tá? =D
Kat: Oi, não se preocupe já estou melhor, depois nos falamos.
Respondo rapidamente assim que ouço meu nome ser chamado pelo médico.
Entro na consulta, o médico questiona como estou, se tenho me sentido bem,
sentido enjoos, náuseas, mal-estar, desânimo, respondendo que tenho me sentido
bem, que muitas vezes nem parece que estou grávida.
Apesar de tentar agir normalmente, o médico para de digitar em seu
computador e me observando, fazendo com que fique intrigada ao ser observada
dessa maneira, até que diz.
— Você está bem mesmo? Estou sentindo você nervosa, ou é impressão
minha.
Se levanta pegando seu Aparelho de pressão arterial, vindo até mim para
medir minha pressão, enquanto respiro fundo tentando me acalmar respondendo.
— Acabei de encontrar uma pessoa que não me agrada, fiquei um pouco
exaltada, mas fora isso tenho estado bem sim.
— 14,8. — Franze o cenho me fitando. — Está um pouco alta, vamos fazer
um controle de que realmente só está alta por causa do seu nervoso, e que depois
irá normalizar, como você é médica é mais fácil. Quero que meça sua pressão três
vezes ao dia, e anote dia e horário por sete dias, me trazendo daqui uma semana
para dar uma olhada, se ficou nervosa é comum que aumente, mas por favor, tente
manter a calma, você não deve ficar se estressando, ainda mais no início da
gestação que o risco de aborto é tão comum.
Sinto meu coração apertar só em imaginar perder meu bebezinho por causa
daquele babaca. Não vou permitir me afligir depois de tudo que já destruiu em
minha vida. Respiro fundo, assentindo ao médico que irei me cuidar.
— Bom, vamos ver como está esse bebê agora? Talvez isso até te ajude a
acalmar.
Acompanho o doutor até a mesa ginecológica me posicionando para o início
do ultrassom.
Pouco tempo depois, vejo o pequeno embrião na tela a minha frente, o
doutor coloca o som de seu coraçãozinho em volume alto, sentindo meus olhos
lacrimejar com a emoção de o ouvir, permitindo esquecer por um tempo o caos
que tive a pouco.
O doutor conversa comigo por mais um tempo, me passando alguns
remédios que posso precisar, como estou entrando no segundo mês de gestação,
quando vou me levantar para sair me chama.
— Katarina?
— Sim, doutor.
— Se conseguir, vai para casa descansar para sua pressão normalizar, e tente
manter a calma, pensa no seu filho acima de tudo.
— Pode deixar doutor, obrigada!
Me despeço seguindo meu caminho tensa até meu consultório, com receio de
Gustavo aparecer novamente em meu trajeto.
Assim que chego em meu consultório vejo o horário da próxima consulta
percebendo que ainda tenho meia hora antes do atendimento, ligando no ramal de
Celeste.
— Pois não, doutora.
— Celeste, Sofi ainda está em consulta?
— Está sim, mas já deve estar acabando, a próxima começa em dez minutos.
— Certo, peça para ela vir ao meu consultório assim que acabar, diz que é
rápido por favor.
Encosto minha cabeça em minha cadeira, refletindo em tudo que aconteceu
hoje, me perguntando o que tanto Gustavo ainda quer conversar comigo após
todos esses anos.
Cinco minutos depois, ouço uma batida na porta, vendo Sofi entrar em
minha sala com ar preocupada, pois sabe que nunca a chamo em horário de
trabalho pessoalmente e há algum motivo pra isso.
Apenas olho para ela, ainda na mesma posição que estava, enquanto se senta
à minha frente.
— O que houve Kat? Algum problema com o bebê?
Me levanto, respirando fundo, soltando logo de uma vez.
— Gustavo me encontrou no caminho da minha consulta.
— O quê?! — Sofi pergunta atônita com os olhos arregalados. — O que ele
queria? Esse cara não cansa não, depois de todos esses anos ainda está atrás de
você! — Dispara indignada se levantando andando de um lado para o outro
pensando o mesmo que eu. — Como você ficou?
— Nervosa. — Dou de ombros. — Na verdade não tive reação no início,
como se tivesse visto um fantasma, mas aí o Derik e o Marcos apareceram,
consegui voltar a mim, dizendo para me deixar em paz, que estou namorando
com Derik e graças aos céus ele não me desmentiu, mas mesmo assim o
inconveniente ainda tentou conversar comigo pedindo alguns minutos, mas saí
com eles até não o ver mais indo pra minha consulta, o doutor percebeu minha
aflição, viu que minha pressão estava alterada, me pedindo para que eu faça um
acompanhamento. — Respiro fundo, voltando me sentar, encostando minha
cabeça na cadeira olhando para o teto.
— Nossa Kat, esse cara é muito sem noção, você tem que manter a calma
acima de tudo e pensar no seu filho agora, ele é passado. E o Derik?
— O que tem ele?
— Como assim o que tem ele? Você diz para o Gustavo que namora Derik,
está ficando com ele de fato, você acha que não vai querer saber o que houve
entre vocês dois? Você vai contar pra ele?
— Claro que não, no máximo caso pergunte algo posso dizer apenas que
namoramos no passado, mas não irei entrar em detalhes. Você sabe que não gosto
de reviver aquilo, e hoje esse babaca já me fez reviver tudo quando o vi.
Sofi se aproxima de mim, encostando em minha mesa segurando minha
mão.
— Amiga, talvez seja exatamente isso que te aflige, ficar guardando isso
dentro de você, acaba não deixando você colocar um ponto final nisso de uma vez
por todas e seguir em frente, você e Derik tem se dado bem, por que não arriscar
com sinceridade no relacionamento desde o início?
Fico quieta pensando no que diz, e talvez esteja certa. Mas ao mesmo tempo,
deixar aquilo dentro de mim faz com que não me deixe abaixar a guarda, sempre
me fazendo lembrar do porquê não posso confiar em mais ninguém.
Suspiro cansada com tudo isso, sentindo minha cabeça explodir resolvo
fazer o que o médico me orientou.
— Vou atender esses dois próximos pacientes e pedir para Celeste desmarcar
os demais e vou embora.
Sofi assente, vindo até mim me puxando para um abraço que nem sabia o
quanto estava precisando, dizendo.
— Faz o seguinte, pede para ela desmarcar os próximos, mas esses dois eu
atendo, por mais que atrase um pouco minhas consultas.
— Tem certeza Sofi?
— Claro, vai lá, você precisa espairecer a mente. Mas prometa que vai
pensar no que disse e descansar?
Dou um sorriso, concordando.
— Pode deixar amiga, muito obrigada por hoje, quando precisar cubro você.
— Que isso, agora vaza daqui. — Me fazendo rir um pouco com seu jeito
espontâneo.
Aviso Celeste o que combinamos, seguindo para minha casa.
CAPÍTULO 31
Bárbara: Sabia que aí tinha coisa, sua tratante, nem pra me contar
antes...
Marcos: Amor, para de cuidar da vida da sua irmã, se ela não falou
antes teve seus motivos.
Bárbara: Claro que não, já tinha questionado e essa cara de pau não me
confirmou nada, mas meu sexto sentido não falha.
Mãe: Derik é aquele homem lindo que me apresentou na festa do
Nathan? Ai minha filha, fico tão feliz que esteja namorando e o trazendo
finalmente para nos conhecer de fato.
Pai: Conhece esse cara há quanto tempo hein Kat? Sabe se realmente é
decente?
Bárbara: Sim mãe, é ele mesmo, formam um lindo casal, não é?
Mãe: E como formam! Aiii que lindos (carinha de apaixonada).
Kat: Gente, calma pelo amor de Deus, por enquanto eu e Derik estamos
apenas nos conhecendo, então vamos com calma.
Mãe: Mas mesmo assim filha, já é um ótimo sinal, os outros namorados
que teve depois de Gustavo, você não trouxe nenhum para conhecermos.
Minha mãe sempre jogando isso na minha cara, resolvo cortar o assunto e
pedir a eles o mais importante.
Kat: Eu ainda não contei a Derik sobre minha gravidez, então peço a
todos por favor que não comentem nada sobre esse assunto no domingo,
OK?
Mãe: Como assim ainda não disse algo sobre isso?
Bárbara: Ai ai viu, realmente precisamos conversar.
Kat: Posso contar com vocês ou não? Senão vou cancelar o almoço de
domingo com uma desculpa qualquer!
Mãe: Pode deixar minha filha.
Bárbara: Ok!
Marcos: Combinado Kat!
Pai: Sim minha filha.
Kat: Obrigada a todos!
Derik (deus grego): Oi linda, está tudo bem sim, só numa correria
enorme hoje, e estou tentando resolver tudo antes de ir buscar Gui, por isso
mal peguei no celular. E você como está? Saudades, e aí vai ir para casa mais
tarde? =D
Kat: Oi gato, estou bem também, parei um pouco agora, mas já vou
chamar o próximo paciente. Também estou com saudades, mas hoje vou
deixar você curtir apenas seu filhote, amanhã cedo nos vemos, mas me liga
mais tarde! Bjs.
Derik (deus grego): Com certeza irei te ligar, ansioso por amanhã. Bjs
linda!
Odeio a sensação de que estou nesse instante, todas as vezes que levo Gui
embora torço em silêncio para não encontrar com Antony, pois sempre é isso que
acontece, sinto o gosto da traição como se tivesse acabado de acontecer. Tenta se
aproximar de mim como se nada tivesse acontecido, como se jamais tivesse
quebrado a confiança que um dia tive nele.
Percebo que Kat está quieta durante todo o percurso, e também não consigo
dizer nada pois ainda estou com a raiva a flor da pele, não quero descontar nela
ou que perceba como me sinto.
Será que ela percebeu quem ele é?
Seu silêncio me incomoda, mas ao mesmo tempo não sei o que dizer, pois
nem eu me sinto à vontade para dizer nada no momento.
Pensei que iria conseguir chegar antes dele, ou que teria o bom senso de não
vir atrás de mim, mas não, sempre teimoso, como se o que sinto por ele fosse
mudar de um dia para o outro.
Estamos chegando no condomínio, respiro fundo para me acalmar e tentar
agir normalmente como se Antony não tivesse estragado o agradável domingo
que passei com Kat e sua família. Afinal, segundo ela há algo para conversarmos
agora que não me pareceu ser nada muito agradável, mas importante.
Estaciono o carro, ao desligar Kat olha pra mim com seus olhos lacrimejados
dizendo.
— Acho melhor você ir embora!
Me espanto com seu comentário, sendo que havíamos combinado de
conversar agora e estou morrendo de saudade dela, pois apesar de ficarmos o dia
todo lado a lado, não pudemos namorar, nem fazer nada.
— Por quê? — questiono intrigado – não ficamos de conversar agora... —
ela me corta.
— Ficamos, mas não precisamos mais! Não quero conversar com você, não
importa mais.
— O que aconteceu? Porque você mudou de ideia.
— Você ainda pergunta? — bufa indignada olhando pra frente desviando de
meu olhar.
— Sim pergunto, não estou entendendo nada, tivemos um ótimo final de
semana juntos, você mesma disse que queria conversar comigo quando
chegássemos para seguirmos em frente com nossa relação e agora vem dizer pra
eu ir embora, que não quer mais conversar. Não estou compreendendo de
verdade.
— Bom, é simples, pensei sim que poderíamos talvez seguir em frente após
te esclarecer algo, mas depois do que vi na casa da sua ex, vi que não será
possível. — rio nervoso pelo que estou percebendo.
— Certo, e por acaso o que foi que você viu? — vira pra mim com raiva nos
olhos, me deixando nervoso, porque se olhar matasse, com certeza iria cair duro
no chão nesse instante.
— O que foi que eu vi? — pergunta debochada com um riso falso em seus
lábios.
— Sim, o que você viu?
— Simples, além de ver que sua ex ainda tem interesse em você pela
maneira como se insinuava até o outro chegar, — reviro os olhos mediante seu
comentário, como se eu pudesse fazer algo a respeito disso — vi também o
descaso que tratou o atual dela, que estava tentando ser simpático, porque
obviamente você ainda não a superou, não conseguindo nem manter uma
conversa civilizada com o cara com quem ela está.
Nego com a cabeça, olhando pra frente, percebendo que está associando
tudo errado.
— Você está enganada...
— ESTOU ENGANADA? — grita irritada comigo — eu sei o que vi, então
pra que vou seguir por um caminho com você que vou quebrar a cara lá na frente?
Não obrigada!
— Kat, não é o que está pensando?
— Ah não?! — me olha magoada, segurando suas lágrimas para não caírem,
me deixando ainda mais aflito com o andar dessa história. — é óbvio que não iria
admitir nada, é melhor me manter em banho-maria até ter a outra de volta em
seus braços consequentemente me dando um pé na bunda quando conseguir de
volta o que quer, não é?
Assim que termina de falar, sai apressadamente do carro, abrindo a porta do
passageiro, tirando Bud que sai alegremente por chegar em casa, batendo a porta
com tudo, disparando para a entrada de sua casa.
Disparo do carro indo em direção de sua casa, antes que me tranque para
fora, não permitindo que explique.
Assim que feche a porta na minha cara, coloco o pé no vão dela a
impedindo. Ela bufa irritada, largando a porta aberta, desistindo de me impedir de
entrar.
— Já falei que não tenho mais nada para conversar com você, qual a parte
que não entendeu ainda?
Me sento no sofá, com as duas mãos na cabeça frustrado com o andar da
nossa noite, respiro fundo tomando a decisão necessária para que acredite em
mim, não terminando novamente para o que estamos evoluindo, pois só em
imaginar ficar longe dela novamente, sinto meu coração se apertar, preferindo me
expor com a verdade e assim ela me conhecer por inteiro do que a perder de
novo.
Isso eu não irei permitir! Não mais...
— Kat... — vejo que está tomando um copo d’água, provavelmente para
tentar se acalmar, assim que termina, me olha ainda magoada — senta aqui, vou
te explicar o porquê agi daquela maneira.
Ela balança a cabeça olhando para baixo, pensando se deve ou não me dar a
chance de falar, dizendo.
— E quem me garante que não vai inventar uma história qualquer? Tentando
me enganar ganhando tempo?
Uma bofetada teria doído menos com sua total falta de confiança em mim,
ao ponto de achar que iria inventar algo do tipo. Me levanto irritado indo até ela,
olhando em seus olhos enquanto digo.
— Se você está acostumada a se envolver com mentirosos, não posso fazer
nada, mas eu abomino mentiras, posso ter o defeito que for mas isso não sou.
Estou disposto a falar algo do meu passado que não me agrada, todas as vezes que
recordo e que na verdade ninguém além de Marcos e meus pais sabem. Por isso,
você tem duas opções, terminar tudo comigo como está prestes a fazer como
sempre, fugindo do que estamos tendo, e não saber a verdadeira história, ou —
friso essa última palavra — me deixar esclarecer tudo que precisa saber podendo
decidir se acredita em mim ou não! —– vejo seus olhos lacrimejar, pensativa com
o que lhe disse — mas não desiste de nós, não por isso! — seguro suas mãos
aguardando sua resposta.
Abaixa seu olhar para nossas mãos, analisando tudo que expus por alguns
segundos que parecem minutos para mim, até que assente com a cabeça aceitando
meu pedido.
A levo até o sofá me sentando de frente para ela, respirando fundo iniciando
minha história.
— Há uns cinco anos atrás conheci Alice em um aniversário de um amigo
nosso em comum, nós nos divertimos juntos e acabamos saindo da festa para um
motel, nunca fui de ficar mais de uma vez com uma mesma pessoa, já aconteceu
obviamente, mas sempre evitei para que não passasse a impressão errada para a
mulher de que iria dar em algo mais, por isso sempre ia para o motel, nunca em
minha casa e nunca dormindo com ninguém.
“Depois houve mais duas festas que acabamos nos encontrando por acaso de
novo, e acabamos ficando juntos novamente, na última vez bebemos tanto, que
acabamos indo até um banheiro, transando sem camisinha, sempre fui muito
correto em relação a isso, pois sempre presei a minha saúde acima de tudo, além
de também não querer engravidar uma mulher que sabia que amanhã não veria
mais, mas esse foi o meu erro, estava tão bêbado que me esqueci totalmente da
camisinha. Aí você já pode imaginar o que houve, um mês depois meu celular
tocou, sendo ela pedindo para me encontrar, fiquei receoso no início pois nunca
me encontrava com os meus casos de uma noite, mas como disse ser importante,
achei melhor ir ver o que era, nos encontramos em um restaurante, percebendo
que estava nervosa com o que ia comentar, logo depois esclareceu que
esquecemos de usar camisinha na última festa e que estava grávida.
Obviamente não acreditei que o filho poderia ser meu naquele instante,
afinal quem me garante que não teria saído com outros, não tendo se protegido
também, fiquei nervoso comigo mesmo naquele momento por ter sido tão
estúpido, me deixando esquecer de algo tão importante, mas após ela me garantir
que sempre usava camisinha quando saía com alguém e que fui o único que havia
feito isso, resolvi acompanhar a gravidez de perto afinal era um filho meu, mas
deixei claro que assim que nascesse gostaria de uma confirmação com um exame
de DNA, nesse tempo acabamos ficando juntos sem assumir nenhuma relação,
mas me senti na obrigação para com ela por estar carregando um filho meu, evitei
sair com outras mulheres até que ele nascesse, segundo ela, também fez o mesmo,
agora se é verdade eu não sei.
Quando meu filho nasceu, vi o quanto se parecia comigo, mas mesmo assim
pedi um exame para confirmação, o que consequentemente deu como positivo.
Com isso, como sempre tive uma boa base familiar, resolvi dar uma chance a nós
dois de criarmos nosso filho juntos para que ele tivesse o mesmo que tive, mesmo
que não tivesse sentimentos por ela, estava disposto a fazer o que achava ser
correto, e quem sabe o sentimento viesse com o tempo. Afinal ela era a mãe do
meu filho, precisava tentar pelo menos.
Pedi ela em namoro, apresentei a minha família, conheci a dela e fomos
morar juntos.
Após um tempo estava tudo indo bem, ela parecia cuidar bem de nosso filho,
nos dávamos bem, mas não existia amor de minha parte e ela sabia disso, pois
não escondia quando me questionava.
Percebi que ela e meu irmão estavam se dando muito bem, vire e mexe o
encontrava em casa quando chegava do trabalho, dizia que estava com saudade
do sobrinho e havia passado para o ver, e eu não desconfiava de nada até então.
Sempre saía tarde do meu trabalho, afinal não tinha nenhum interesse em
voltar para casa pra uma mulher que apenas aturava, minha única vontade em
voltar era para ver meu filho, nada mais, nisso Gui já estava próximo de fazer seu
primeiro aninho.
No horário de almoço, vi um carro automático para vender, não pensei duas
vezes, o comprando pra ele, como estava ansioso para o dar, resolvi sair um
pouco mais cedo para evitar congestionamento, consequentemente bem mais cedo
do que costumava chegar em casa, já que todos os dias trabalhava em torno de
três horas após meu horário exigido.
Quando cheguei ainda estava de dia, vi o carro do meu irmão estacionado,
não estranhei como sempre ia visitar Gui, ou era isso que eu imaginava.
Abri a porta, fui entrando estranhando o silêncio, sem as brincadeiras,
músicas infantis que costumava ouvir quando chegava, fui subindo devagar
intrigado como vi o carro de Antony lá, até que encontrei diversas roupas jogadas
pelo andar de cima e ouvi risos no banheiro. Já sabia o que teria atrás daquela
porta, mas não queria ver, fui até o quarto de Gui, não o encontrando, voltei
furioso, abri a porta do banheiro com tudo que por acaso nem se importaram em
trancar, pegando os dois transando juntos em minha banheira. Quando me viram,
Alice se afastou rapidamente, se enrolando na toalha enquanto Antony parecia ter
visto um fantasma.
Naquele momento, me vi no espelho, dei um murro nele o quebrando
imaginando ser Antony, como sempre fomos muito parecidos, Alice veio
desesperada até mim mas só me afastei com nojo dela, olhei para Antony que já
tinha se levantado até então e se coberto com uma toalha, falando.
— De todas as pessoas que poderiam estar aqui, jamais imaginei que você
teria coragem em fazer isso.
Ele se desesperou talvez, ao notar a decepção em meu olhar, se aproximou
de mim tentando falar mas o cortei, dizendo.
— Não me interessa o que queira falar, pra mim você morreu junto dessa
vadia a partir de hoje.
Dei as costas aos dois, deixando Alice aos prantos, Antony desceu
desesperado atrás de mim, gritei para Alice perguntando aonde estava o meu
filho, e sabe aonde estava? — pergunto rindo, mesmo que sem humor algum. —
Na casa dos meus pais, que era próxima de onde morava, quando fui até lá o
buscar, os questionei se tinham conhecimento do que estava acontecendo debaixo
do meu nariz, e nem precisaram responder, pelo silêncio de minha mãe percebi
que sim, tanto sabia quanto o estava encobrindo sua traição para comigo.
Antony chegou logo depois, tentando conversar comigo, dei um soco na cara
dele, que doeu mais em mim do que nele, me pediu desculpas caído no chão
dizendo que ia me contar, só não sabia como, que havia se apaixonado por ela.”
Termino de contar minha trágica história, olho para Kat que está chorando,
horrorizada com minha história.
— Nossa... — diz soluçando — como ele pôde fazer isso com você?
— Pois é, — suspiro — agora que você sabe, que minha reação mais cedo
não foi pela Alice, e sim por Antony. — Vejo que me observa entendendo aonde
quero chegar — Nunca amei Alice, apenas tentei fazer dar certo pela minha
consciência, mas claro que não gostei de ser traído, porque mesmo não a amando
nunca o fiz, e não foi por falta de interesse em outras mulheres, e oportunidade,
foi apenas porque não achava correto, e ela além de me trair, traiu com a pessoa
que mais amava além de meus pais.
— E os seus pais? — pergunta receosa.
— Eles tentam se reaproximar de mim até hoje, mas evito ficar indo lá, é
como se tivessem quebrado o laço que tínhamos, pois preferiram ser conivente a
ele o ajudando cuidando do meu filho para me traírem, ao invés de me contarem.
Ou também poderia não aceitar o que estavam fazendo pela minha costa.
— Nossa Derik, não sei nem o que te falar...
— Não precisa dizer nada, não é algo que goste de sair contando as pessoas,
mas achei que era necessário você saber a verdade ao invés de ficar pensando
besteira.
— Desculpa...
— Por que está se desculpando?
— Por ter te julgado mal, vi a maneira como ela ficou te olhando, depois a
maneira como o tratou, interpretei tudo errado, — dou um sorriso a ela, secando
suas lágrimas — me deu uma raiva ver a maneira como ela te olha.
— Ficou com ciúmes, linda? — a provoco rindo da possibilidade.
— Argh! Fiquei sim, não gostei da maneira como te olhou mesmo, como
pode fazer isso sendo que o namorado ou sei lá o que são, estava lá dentro.
— São namorados, mas Kat... — levanto seu rosto para olhar em suas
esmeraldas – ela nunca significou nada pra mim, é óbvio que dá em cima de mim
até hoje, mas todas as vezes a coloco em seu lugar, não precisa se preocupar.
Assente, mesmo ainda estando incomodada, tentando passar ainda mais
confiança a ela do que está tendo, assumindo pra mim e resolvendo me abrir por
completo com ela.
— Eu estou apaixonado por você Kat... — seu olhar encontra o meu,
espantada com o que ouviu — acho que isso está mais que óbvio, não estava
querendo admitir isso pra mim mesmo, mas só em imaginar hoje que você quase
terminou comigo por um mal entendido, fiquei desesperado, mas fez enxergar o
que realmente não queria ver, — vejo seus olhos umedecerem com um sorriso no
olhar, me passando confiança em continuar, seguro seu rosto com as duas mão a
beijando castamente — eu estou completamente, — beijo sua bochecha —
enlouquecidamente — beijo sua outra bochecha — irremediavelmente — beijo a
ponta do seu nariz a fazendo rir — apaixonado por você e não há nada,
absolutamente nada, que faça, que vá fazer me afastar de você, entendeu?
Ela me agarra nesse instante, colando nossos lábios, me beijando
apaixonadamente, ao se afastar, olha fundo em meus olhos se declarando para
minha alegria.
— Eu também estou completamente apaixonada por você meu deus grego...
— rio do seu apelido a beijando desesperadamente, esquecendo qualquer briga e
desentendimento.
A única coisa importante no momento, é selar nosso amor, agora mais do
que nunca, subimos para o quarto, nos amando como se não houvesse amanhã.
CAPÍTULO 36
Nunca me senti tão feliz quando Derik disse estar apaixonado por mim, e
nunca senti tanta necessidade em retribuir essa declaração, por isso, surpreendi a
mim mesma me declarando a ele, finalmente assumindo uma paixão que negava a
mim mesma em não sentir.
Sabia que com ele não estava sendo apenas mais um caso qualquer, que com
ele, havia conseguido superar o que passei mais do que com qualquer outra
pessoa, uma prova disso era ter reencontrado Gustavo recentemente e nem me
lembrar que existia, isso só provava minha teoria que enfim havia encontrado
uma pessoa que me ajudou a juntar o caquinhos do meu coração, mesmo sem ele
saber, com seu carisma, encanto, sua sensualidade, tem preenchido cada
pedacinho que um dia imaginei jamais conseguir com outro alguém.
Em seus braços me sentia protegida, como se nada mais ao nosso redor
importasse, apenas nós dois, como se essa segurança estivesse me dando a certeza
de que iríamos conseguir ultrapassar qualquer obstáculo juntos, mesmo que esteja
me iludindo. Afinal, não poderia me esquecer do mais importante, ainda tínhamos
uma conversa para ter, uma conversa muito importante, que decidiria nosso futuro
juntos, e em apenas lembrar desse detalhe faz toda a segurança que estava
sentindo evaporar por entre meus dedos.
Observo Derik dormindo ao meu lado, pensando em como irei lhe contar,
preciso criar coragem e fazer isso antes que perceba, minha barriga não é mais a
mesma, não é algo que dê para se esconder, ainda mais quando parecemos dois
cachorros no cio todas as vezes que nos vemos.
Quero contar a ele, preciso contar a ele. Só não sei como entrar no assunto
de uma maneira que entenda, e continue me querendo.
Acredito que esse seja o meu maior receio em lhe contar, o medo de que seu
sentimento por mim desapareça quando souber. Amo meu bebê, sempre foi meu
sonho, havia perdido a esperança em um dia poder construir uma família,
encontrar alguém que me ajudasse a realizar meu sonho, por isso fiz o que fiz,
não me arrependo da decisão que tomei.
Mas também, não imaginava conhecer Derik na mesma fase de minha ação,
nem que iria me apaixonar por ele, me deixando tão aflita em perde-lo antes
mesmo de tê-lo.
Os dias foram passando, fomos trabalhar juntos como um verdadeiro casal,
Derik fez questão de me deixar em frente ao meu consultório, combinando de vir
me buscar para irmos embora juntos também, estava adorando a sensação de
rotina se formando entre nós.
Havia finalizado minha última consulta, quando olhei a capa de minha tela
de celular, uma foto minha e de Derik sorrindo, que tiramos no final de semana na
fazenda de meu pai, percebo que estou sorrindo admirando a imagem. Nesse
instante, recebo uma notificação de mensagem dele, abro rapidamente lendo que
está me informando já estar saindo da empresa vindo me buscar.
Me despeço de Sofi e Celeste descendo para o esperar em frente à entrada da
portaria, me pego lembrando de quando contei as meninas sobre nós dois, era
nítido o quanto ficaram felizes por termos assumidos para nós mesmo nosso
sentimento, mas ao mesmo tempo não esconderam suas preocupações em eu
ainda não ter mencionado a ele sobre meu bebê, afirmei que vou contar até o
próximo final de semana, que teremos mais tempo juntos, dando para contar com
mais calma.
Sinto meu estomago revirar em imaginar a conversa que teremos, mas não
há mais como fugir, já estou próximo de fazer três meses, em breve minha barriga
irá mostrar que não é gordura que tem aqui.
Respiro fundo colocando meu melhor sorriso, escondendo a aflição que sinto
dentro de mim quando Derik estaciona o carro para eu entrar.
— Oi lindo. — O cumprimento dando um selinho demorado em seus lábios.
— Oi linda, já estava com saudades. — Essa afirmação aquece meu coração,
me fazendo sorrir em resposta.
— Eu também estava.
Derik dá a partida com o carro, enquanto conversamos sobre nosso dia.
Apesar do trânsito devido ao horário que todos estão indo para sua casa, ou
escolas, logo chegamos em minha casa.
Temos revezado, um dia ficando em cada casa, quando durmo lá levo o Bud
junto para não o deixar sozinho aqui.
Entramos em casa, deixo minha bolsa junto de meu celular em cima da mesa
da cozinha, indo cuidar de Bud no quintal enquanto Derik continua contando
sobre seu almoço com Gui de hoje e em como estava animado contando sobre o
passeio na fazenda que fizemos no domingo.
— Isso é ótimo, podemos levar ele lá de novo quando quiser, meus pais vão
adorar. — digo do início do quintal em tom alto para que ouça.
Percebo que Derik não responde, e imagino que não tenha ouvido, coloco
ração e água fresca para Bud, depois faço um carinho no meu cachorro enquanto
entro em casa fazer algo para comermos, quando me aproximo da cozinha vejo
que ele está de costas pra mim mexendo no celular com a postura rígida, estranho,
mas tento descontrair.
— Ouviu o que disse? — pergunto rindo pra ele, mas quando Derik se vira
me encarando, sinto um arrepio percorrer por toda minha espinha, me deixando
tensa com o olhar frio que me lança, percebo em suas mãos que está com meu
celular, na mesma hora sinto minha bile subir com a apreensão do que pode ter
visto, não sei o que fazer, nem o que falar, simplesmente estaco no chão
paralisada com a maneira como me fuzila, seus olhos azuis, que agora parecem
opacos com a raiva que me queima. Tento me recompor, engolindo em seco,
fazendo a pergunta que me aflige sair, ou tentando fazer pelo menos. – O que... —
pigarreio pra limpar minha garganta — que aconteceu? — digo em tom baixo,
nem sabendo se conseguiu ouvir.
— Você está grávida? — pergunta em um tom tão frio, que sinto um frio me
percorrendo por todo meu corpo, como nunca antes. — Quem é o pai? — grita
questionando, então ri, nitidamente desconcertado me deixando sem reação, sem
conseguir sibilar uma palavra sequer — obviamente não sou eu, pois sempre
conferi a camisinha, sou muito idiota em me deixar levar de novo por outra
mulher...
Joga meu celular em cima da mesa, virando as costas, saindo nervoso porta
afora, é nesse momento que desperto para o que está acontecendo, saio correndo
atrás dele chamando seu nome.
— DERIK... — ele não para, entrando no carro o ligando — DERIK... —
tento abrir a porta do passageiro, mas está trancada, ele me olha decepcionado
balançando a cabeça saindo com o carro rapidamente — NÃO É O QUE VOCÊ
ESTÁ PENSANDO... — tento correr gritando atrás de seu carro mas não para,
não me deixando explicar, quando percebo estou ajoelhada no meio da rua do
condomínio chorando pelo meu medo ter se concretizado.
Não sei quanto tempo permaneci daquela maneira, chorando angustiada
naquela rua, só percebi que estava sendo levada para casa quando o síndico do
condomínio veio até mim, perguntando o que tinha, me ajudando a levantar para
sair da rua, que era perigoso me machucar mais sério.
Me ajudou a entrar em casa, e eu o acompanhei no automático, só
conseguindo pensar em quão burra fui em não ter contado antes para Derik, e
agora o perdi da pior maneira, achando que estava saindo com ele e outra pessoa
ao ponto de ter engravidado, Sr. João me deixa sentada no sofá, indo até a cozinha
pegar um copo de água para mim dizendo.
— Minha filha, chamei a dona Bárbara, ela já está a caminho.
Apenas assinto sem querer responder qualquer coisa, sinto minha garganta
fechada sem saber o que falar, o que fazer, apenas me derramo em lágrimas me
recriminando por não ter falado nada antes.
Pouco tempo depois, ou eu imagino que tenha sido pouco, Bárbara vai
entrando em casa com Marcos e Nathan, percebo Sr. João respirar aliviado, nem
tinha notado que estava aqui ainda.
— Sr. João, muito obrigada por ter me ligado. — Minha irmã agradece.
— Imagina minha filha, a menina Katarina estava ajoelhada no meio da rua
aos prantos, fiquei sem saber o que fazer, não quis deixar ela aqui sozinha até
chegarem.
— Obrigado Sr. João por ter cuidado dela pra nós, pode ir descansar agora.
— Marcos diz o levando até a porta, enquanto minha irmã se abaixa na minha
frente apoiando seus braços em meu joelho.
— O que houve Kat? — pergunta apreensiva — você e o Derik brigaram?
— Ele descobriu Bárbara... — não consigo terminar de falar voltando a
chorar descontroladamente.
— Amor, faz uma água com açúcar pra ela por favor, — pede Bárbara a
Marcos, voltando seu rosto pra mim — se acalma primeiro, depois você me
explica.
Marcos traz o copo até mim, bebo respirando fundo para me acalmar e
conseguir formar algum pensamento coerente em minha cabeça.
— Titia, não fica tisti... — meu sobrinho me abraça dando um beijo em meu
rosto, acalmando meu coração com seu gesto inocente.
Um tempo se passa e minhas lágrimas derramam de maneira mais calma
agora, percebo que Bárbara conversa com alguém em seu celular um pouco mais
afastado de mim, mas não presto atenção no que diz ou com quem fala.
Me levanto rapidamente, indo pegar meu celular, voltando a me sentar
enquanto ligo para Derik com a esperança de que me atenda, após tocar duas
vezes a ligação cai direto na caixa postal, tento mais algumas vezes até que as
ligações começam a ir direto para a caixa postal, indicando que provavelmente
desligou o celular para não falar comigo, o que me deixa ainda mais chateada
pela situação.
Preciso tentar conversar com ele, me explicar!
Olho para Marcos, que está sentado ao meu lado pensativo, até que surge
uma ideia em minha mente.
— Marcos, — ele olha em minha direção me ouvindo — o Derik te ligou?
Nega com a cabeça.
— Não, tentei ligar para ele, mas não me atende.
— É, eu também não, — remexo meus dedos apreensivas — será que você
não consegue encontra-lo? Ele saiu muito nervoso daqui, fico com medo dele
dirigir dessa maneira.
— Posso tentar...
— É... é que ele te ouve, talvez você consiga o acalmar e o convencer para
que me ouça, ele não deixou me explicar.
Bárbara chega nesse momento ao nosso lado dizendo.
— Pedi reforços, suas amigas daqui a pouco estarão aqui. Mas agora que
você está mais calma, me diga o que aconteceu?
Olho para minha irmã com seu olhar preocupado, depois para Marcos que
assente me incentivando a contar.
— É até melhor ter conhecimento do que houve, pra saber o que posso falar
com o Derik quando o encontrar.
Confirmo positivamente com a cabeça contando o pouco que sei.
— Na verdade nem eu sei o que aconteceu, tínhamos chegado do trabalho e
fui cuidar do Bud, quando voltei ele estava mexendo no meu celular, o que
pensando bem é muito estranho pois nunca havia feito isso antes, — me viro
rapidamente para Marcos desconfiada — você não abriu a boca para ele né?
— Claro que não, isso não é assunto meu para sair falando, mas ele estava
desconfiado dos seus médicos, tentando descobrir comigo.
— Bom, melhor, mas de toda maneira estava mexendo no meu celular,
quando voltei ele me olhava com raiva, perguntei o que aconteceu e perguntou se
eu estava grávida, na hora fiquei sem reação, pois minha intenção era contar no
final de semana com calma, não imaginei que fosse descobrir mexendo em meu
celular.
Bárbara olha para Marcos parecendo culpada, mordendo o lábio inferior até
que diz.
— Será que ele leu minha mensagem? — pergunta incomodada.
— Que mensagem?
Não entendo seu questionamento. Pego meu celular rapidamente abrindo
minha conversa com Bárbara que já consta como lida, percebendo que sim, ela
havia me enviado uma mensagem perguntando se já havia contado a Derik sobre
minha gestação, próximo do horário que chegamos em casa e eu não tinha lido
até então, o que apenas confirma como descobriu.
— É acho que foi isso, eu não tinha visto essa mensagem, e ela já está lida.
— Suspiro frustrada, por minha sorte grande — havia deixado o celular jogado
aqui na mesa, ele deve ter tocado e Derik viu a mensagem no visor abrindo a
conversa. — Me jogo no sofá com o antebraço nos olhos me sentindo ainda mais
angustiada.
— Desculpa Kat, não pensei que ele poderia ver seu celular, só estava
curiosa como tinha dito que ia conversar no domingo. — Ela abaixa o olhar
entristecida.
— Não se preocupa maninha, a culpa é minha que enrolei para falar com
medo de sua reação, e agora ele descobriu da pior maneira me julgando que
estava saindo com outro junto dele, sendo que sempre nos prevenimos.
Marcos alcança minha mão apertando em sinal de conforto.
— Vou ir procurar ele, ok? Tenta se acalmar porque você não pode passar
nervoso.
— Obrigada Marcos, só quero que ele me ouça, que entenda que nunca o
trai.
Ele se levanta, assentindo com a cabeça, dando um beijo em minha irmã,
saindo procurar por Derik.
Depois de Marcos sair, volto a tentar ligar para Derik que continua com a
ligação indo direto para a caixa de mensagens, resolvo encaminhar uma
mensagem a ele para quando ligar o celular.
Kat: Derik, não é nada do que está imaginando, por favor preciso que
me ouça!
Vejo que a mensagem ainda não foi recebida por ele, só confirmando que seu
celular estar desligado.
Me levanto apreensiva, andando de um lado para o outro.
— Kat, é melhor você manter a calma, o bebê pode sentir sua aflição. — diz
minha irmã.
— É tudo culpa minha, sou muito burra... — repreendo a mim mesma por
não ter conversado antes.
As vezes esquecia o quanto azarada eu era, em meus relacionamentos,
estava bom demais pra ser verdade, quando penso que as coisas estavam
começando a dar certo em minha vida, eu levava outra rasteira me lembrando que
sou Katarina a solteirona, se tinha algo para dar errado quando estava começando
a ficar feliz, era óbvio que ia dar, senão não seria eu.
— A culpa não é sua Kat, foi uma coincidência do destino se conhecerem
depois que você fez a inseminação.
— Eu sei, mas a culpa de ser uma medrosa e não ter falado nada antes. É
minha sim!
— Fica calma que tudo se ajeita no momento certo. — Tenta me reconfortar.
Volto para o sofá me voltando para ela, indignada comigo mesma.
— Ele disse que estava apaixonado por mim Bárbara, no domingo, você tem
noção disso, — percebo que seu queixo cai com minha novidade — agora corro o
risco do amor virar ódio, por me achar uma mentirosa.
— Ele disse que está apaixonado por você? — pergunta desacreditada.
— Disse, agora você me entende? — confirma com a cabeça ainda sem fala,
depois que um minuto se passa diz.
— Kat, pelo que Marcos comenta, Derik nunca se apaixonou antes.
Seu comentário só faz com que volte a ficar aos prantos com a possibilidade
de o perder de vez, por ter tido medo de ser sincera com ele.
— Kat mantenha a calma, ok? Se vocês estão apaixonados, é questão de
tempo para conversarem e se entender. — Assinto esperançosa de que esteja certa
— Ele está nervoso, deixa que se acalme, para então conversarem.
CAPÍTULO 37
Quando vi o celular de Kat tocando não ia olhar, mas fiquei curioso pois não
parava de indicar o recebimento de mensagens, me aproximei da mesa, vendo
uma mensagem de Bárbara perguntando se já havia me contado sobre sua
gestação.
Na hora que li essa mensagem no visor de seu celular, gelei, senti minhas
pernas bambearem, minhas mãos tremiam com medo de confirmar que tinha lido
corretamente.
Mesmo com as mãos trêmulas, agarrei seu celular abrindo o aplicativo de
mensagens que para minha sorte não era bloqueado, olhei a conversa com
Bárbara, vendo de fato que não havia lido errado, olhei um pouco mais de suas
conversas lendo outras que confirmaram que já estava sabendo há um certo
tempo, e nunca comentou nada, absolutamente nada comigo a respeito.
Quando a questionei, percebi que paralisou, foi o que precisava para
confirmar sua mentira, não aguentei continuar olhando para a mulher, por quem
estava apaixonado.
Lembrar disso me faz rir, eu trouxa como sempre, me declarei para ela no
domingo, e em pensar que foi hipócrita ao ponto de dizer que também estava
apaixonada por mim, bela paixão essa hein.
Sai com um aqui, outro ali, engravida e ainda diz que está apaixonada, deve
dizer o mesmo para o outro, se não tiver mais de um, afinal não estava querendo
me encontrar durante a semana até a semana anterior, deve ser esse o motivo,
para ter seus outros encontros sem o idiota aqui desconfiar de nada.
E não é que deu certo seu plano!
Porque de fato não desconfiei, quando minha mente vinha tentar me alertar
que poderia ser igual a Alice, uma interesseira, ou simplesmente vagabunda, eu
defendia dos meus próprios pensamentos, não querendo acreditar que fosse igual,
confiando que demonstrava ser uma boa pessoa, de boa família, e olha só o que
deu.
Nem assumimos direito nosso “namoro” e já estou tomando chifre.
Saí de lá sem rumo, decepcionado comigo mesmo por ter me permitido
acreditar nela, de ter corrido tanto atrás dela, quando não se mostrava interessada.
Fiquei dirigindo por uns trinta minutos sem saber o que fazer, sentindo
minha camisa molhada, quando toquei meu rosto percebi de onde saía a água que
molhava minha camisa, era com minhas lágrimas que nem havia percebido ter
derramado enquanto dirigia.
Acabei voltando um pouco mais próximo de casa e aqui estou eu nesse
momento, em um bar que costumo vir com Vini ou Marcos, tomando minha
terceira dose de Whisky para tentar amenizar a dor que estou sentindo nesse
momento.
Levanto o dedo ao garçom indicando mais uma dose dupla enquanto finalizo
minha bebida em um grande gole, percebo que me olha receoso em trazer minha
bebida, mas prepara mesmo assim, me deixando satisfeito.
Brinco com o gelo que sobrou em meu copo, lembrando de cada momento
que tive com Kat, todas as vezes usamos camisinha, começamos a parar de usar
de duas semanas pra cá, forço minha memória pois lembro que havia perguntado
se tomava remédio.
O que foi mesmo que ela disse?! — fico olhando as prateleiras de bebidas
concentrado, como se elas fossem me ajudar a recordar. Como sou patético.
Vejo meu celular tocando, dou uma olhada em quem me liga sem interesse
de atender, aparecendo a imagem de Kat em meu visor, sinto uma lágrima
escorrer da saudade que já sinto, mas não me deixo amolecer, rejeitando a
ligação.
Volto a tentar me lembrar o que havia respondido, quando sua imagem volta
a aparecer novamente, rejeitando de novo. Um minuto depois continua insistindo,
rejeito mais algumas vezes até que canso, desligando o celular com raiva.
— Devia ter falado antes, agora já descobri, não me interessa mais. — Digo
para o celular como se pudesse me ouvir.
O barman trás minha nova dose, levanto meu copo brindando com ele.
Volto a me lembrar da imagem dela pelo espelho do carro, quando saí de sua
casa, correndo atrás, se ajoelhando no chão, como doeu em mim presenciar isso,
minha vontade era de voltar até ela, a abraçar dizendo que ficaria tudo bem, mas
não sabia mais se iria ficar tudo bem.
Como posso pensar que iríamos nos entender, se nosso namoro já estava
começando baseado em mentiras?
Quando me envolvi com Alice, não tinha sentimentos por ela, e mesmo
assim me decepcionei com sua traição, ainda mais por quem foi, agora só de
imaginar Kat nos braços de outro, sinto uma raiva avassaladora, se eu visse quem
é essa pessoa na minha frente agora cortaria suas mãos para nunca mais tocar na
minha mulher.
Minha mulher? Interessante pensar isso, pois enquanto estava me privando
de ficar com outras mulheres porque meus pensamentos só a envolviam, nada
impediu dela ficar se deitando com outros.
Perco noção do tempo por meio dos meus pensamentos até que uma voz
conhecida corta meu raciocínio.
— Hei gato, faz tempo que não te vejo. — Coloco minha bebida no balcão,
olhando para a voz que está ao meu lado, vendo Larissa toda sorridente para mim.
— E aí. — Digo sem muito interesse.
— Sozinho hoje? — diz se sentando ao meu lado cruzando as pernas com
seu microvestido que nada deixa para a imaginação.
— É o que parece.
— Nossa, está de mal humor? — pega o canudinho de sua saquerita o
mordendo de maneira provocante, inclina seu enorme decote me dando uma
melhor visão — posso te deixar mais animado.
Talvez um bom sexo me ajudaria a esquecer Kat e me fazer voltar ao meu
estado normal.
Olho para seus seios chamativos, seu corpo cheio de curvas, subindo para
seu rosto bem esculpido e percebo que não, não estou interessado, voltando a
tomar um gole de meu whisky.
Pode até ser uma mulher atraente, mas não fez nenhum interesse surgir
dentro de mim.
Toca meu braço levemente tentando chamar minha atenção.
— Vamos gato, vamos repetir a dose daquela noite, tenho certeza de que
consigo fazer você esquecer do que quer que seja que te aflija.
— Acho difícil... — dou de ombros sem interesse.
— Ah, eu gosto do que é difícil, se torna muito mais prazeroso... — abaixa
sua mão devagar indo até a minha perna se aproximando do meu pau, quando
encosta nele sinto como se me queimasse.
Agarro sua mão a retirando de lá, olho bem em seus olhos frisando cada
palavra.
— Não. Estou. Interessado. Entendeu?
— Grosso... — se levanta irritada, pega sua bebida saindo de perto de mim.
— Isso eu sou mesmo! Em todos os sentidos e você sabe disso. — rio
tomando meu último gole do meu copo, enquanto Larissa se afasta pisando duro,
coloco meu copo no balcão já pedindo outra dose para o barman.
Estou me sentindo totalmente aéreo, o efeito das doses que estou tomando
uma atrás da outra já estão cobrando seu preço, mas não sinto vontade de tomar
água, comer, nada que eu sei que irá ajudar a diminuir minha ressaca no dia
seguinte.
Eu quero mais é sentir ressaca e qualquer outro sintoma que ajude a
amenizar essa dor dentro de mim que estou sentindo agora.
Fico brincando com a bebida em minha mão, me lembrando do rosto de Kat
dormindo, tão serena, quando a fazia gozar enlouquecidamente gritando meu
nome, sentindo mais uma lágrima escorrer por meu rosto, enquanto a limpo
irritado por estar me permitindo ficar dessa maneira por uma mulher que não
merece.
Tomo um grande gole da minha bebida secando meu copo, sentindo descer
queimando minha garganta, dou um sinal para o barman pedindo outra, ele exita
por um instante vindo até mim.
— Acho melhor você parar por hoje cara, já bebeu demais...
— Para de cortar meu barato, e traz logo minha bebida que eu não pedi a xua
opinião.
— Come alguma coisa então, ou toma um refrigerante... — tenta argumentar
novamente.
— Xabia que voxê é muito intrometido, hoje eu xó quero beber, então trás
logo a porra da minha bebida. — Digo enfurecido.
O barman bufa resmungando algo como que se dane saindo de perto de
mim, indo buscar a minha bebida.
— Acho que o barman está certo hein... — reconheço aquela voz
imediatamente revirando o olho mediante seu comentário — pelo seu estado,
você já deve ter bebido além da conta.
— E o que voxê tem haver com ixo mexmo?
— Eu absolutamente nada. — diz Marcos — amanhã vou estar bem, em
total condição de trabalhar, sem nenhuma ressaca, já não posso dizer o mesmo de
você. — Faz um sinal para o barman pedindo uma cerveja.
— Não to nem aí, xó to a fim de beber hoje, e não me enche... — digo
tomando mais um gole do meu drinque.
— Você quem sabe. — Dá de ombros.
— O que voxê tá fazendo aqui a propósito?
— Vim ver como você está, Kat está preocupada. — Sinto meu coração
apertar, em imaginar que esteja preocupada comigo, mas tento não me abalar com
a informação.
— Como pode ver, extou ótimo. — Digo abrindo os braços — E não fala
maiz dela pra mim, que num quero xaber.
— Com você nesse estado, nem compensa falar nada mesmo. — diz Marcos
levando sua long neck até a boca.
— Voxê xabia né? — ele assente olhando pra frente — Por que não me dixe?
— Porque não me diz respeito, e ela ia te contar no domingo.
— Maz não contou. — Resmungo mais pra mim mesmo. – Voxê devia ter me
contado, é meu amigo porra...
— E ela é minha cunhada... — diz irritado por minha acusação.
— Mexmo axim, amigos devem contar.
— Eu não vou perder meu tempo falando com você nesse estado, agora
vamos embora.
— Eu to de carro, e não vou agora... — reclamo irritado.
— Eu sei, mas não está em condições de dirigir, do jeito que está não vai
saber nem chegar em casa. — Bufo revirando meus olhos tomando um grande
gole de meu drinque fingindo não ouvir.
— Ow... — chamo o barman novamente — outra...
— Não, me traz a conta por favor. — Marcos me corta.
— Que tráx a conta nada...
— Ou melhor, traz uma Coca-Cola e a conta.
— Voxê é chato pra carai meu... — reclamo — vou sair depoix de novo pra
beber e quero ver voxê me impedir...
Marcos dá risada, balançando a cabeça.
— Do jeito que está, não consegue chegar nem na porta de casa, quem dirá
chamar um táxi. Já que seu carro vai ficar aqui.
O barman aparece com o refrigerante, Marcos coloca na minha frente me
tratando como criança.
— Agora bebe logo, pra irmos embora.
Bufo irritado por não poder nem tomar meu porre sossegado, mas resolvo
tomar a bebida porque meu olho está pesando e sei que falta pouco pra dormir por
aqui mesmo, mas não vou admitir isso pra ele nem fodendo.
Marcos paga toda a conta, se levantando para irmos. Tento me levantar, mas
como estava muito tempo sentado, perco o equilíbrio, mas sinto os braços de meu
amigo me amparando rapidamente, saindo me arrastando até seu carro
visivelmente irritado.
Assim que me sento no carro, vejo Marcos dirigindo, digo chorando
novamente sem me importar dele presenciar isso.
— Ela me traiu cara, estava comigo grávida de outro... — limpo meu rosto
com as mãos deixando minha cabeça tombar no vidro, meus olhos estão pesados,
mas ouço Marcos dizer distantemente.
— Nem tudo que parece é, meu amigo.
Mas não ouço mais nada depois disso, simplesmente apago.
Sinto minha cabeça latejando, tento abrir meus olhos mas tudo dói, consigo
abrir uma pequena fresta com muito esforço percebendo que já está claro,
notando que perdi a hora para ir trabalhar.
— Merda! — xingo a mim mesmo por ter ficado nesse estado.
— Bom dia belo adormecido. — Ouço a voz de Marcos não muito longe
dizendo.
Limpo meu rosto, tentando forçar meus olhos a abrirem se acostumando com
a claridade, até que o vejo sentado com o notebook no colo em minha poltrona.
— E aí a ressaca está boa? — pergunta ironicamente.
— Cala a boca!
— Tem um advil e um copo de água aí na cabeceira, toma que vai te ajudar.
Faço um esforço descomunal para me levantar, parece que fui atropelado por
um caminhão, alcanço o remédio e a água o colocando para dentro, torcendo para
que faça efeito logo.
— O que você está fazendo aqui? — pergunto me sentando encostando na
cabeceira devagar.
— Trabalhando pelo que parece.
— Que horas são? Por que não me acordou para ir trabalhar? — pergunto
passando a mão pelos meus cabelos, tentando me lembrar do que aconteceu
ontem e como vim parar em casa.
— Já se aproxima do meio-dia. E simples, você não estava em condições em
trabalhar. Agora se conseguir ir agora a tarde, ótimo. Só estava esperando você
acordar pra ir.
Assinto sem saber o que dizer.
— Como vim pra casa? — Marcos me olha balançando a cabeça em
reprovação.
— Eu te achei no bar, te trouxe embora, temos que pegar seu carro lá,
falando nisso.
— Como sabia que estava no bar se não te chamei? — pergunto curioso, não
lembro de nada do que conversamos.
— Kat estava preocupada e pediu para eu te procurar, conhecendo a peça
imaginei que estivesse afogando as mágoas na cachaça. — diz rindo.
— Cala a boca! — digo irritado por seu sarcasmo — então você já sabe que
descobri sobre ela. — se endireita na poltrona afirmando com a cabeça — e por
que não me contou porra?
— De novo essa pergunta, — ele me olha irritado — vamos lá, você é meu
amigo, e ela é minha cunhada, me pediu que não contasse nada porque gostaria de
te contar, justamente para você não descobrir do jeito que descobriu e pensar
merda.
— Ah, então eu tô errado em pensar merda agora? Não ela em fazer?
— Sim, você está errado em julgar sem ouvir o contexto da história toda, —
ele respira fundo tentando se recompor — olha eu te entendo em estar chateado e
até ter deduzido errado, mas antes de já sair correndo que nem louco com o carro,
bebendo até seu corpo não aguentar mais, você tem que aprender a ouvir, coisa
que você não fez.
Fico quieto pensando no que falou, sei que o correto seria sim ouvir sua
versão da história, mas me dói saber que estava com outro, estando comigo ao
ponto de não ter se protegido.
— Não sei se consigo falar com ela.
— Então toma um tempo para se acalmar, quando estiver pronto para ouvir,
você a procura, — confirmo com ele em silêncio — só te digo uma coisa, nem
tudo que parece é, não a julgue pelo erro dos outros. — Diz isso olhando em
meus olhos me deixando esperançoso, de que talvez nem tudo esteja perdido. —
Agora vai tomar um banho para irmos ao escritório, porque está fedendo.
Mesmo me sentindo quebrado fisicamente e principalmente
emocionalmente, vou tomar banho pensativo em tudo que aconteceu ontem e no
que Marcos acabou de falar.
De fato, o ideal é conversar com ela e tentar entender o que aconteceu,
porque não me contou, eu acho difícil entender uma gravidez, pois pra mim só
existe uma maneira de ser feito, e comigo não foi pois sempre nos protegendo.
Mas só em pensar em vê-la, ao mesmo tempo que sinto saudade também
sinto a decepção me invadir por ter me enganado, me feito de idiota por todo esse
tempo, enquanto estava me entregando em nossa relação, assumindo o que sentia,
ela estava me usando como um step, e é isso que me dói.
Deixo a água cair em meu rosto, como se com ela fosse clarear minha mente,
me dando uma direção em como agir.
Lembro do que Marcos acabou de dizer, “nem tudo que parece é”, será que
estou interpretando toda essa situação errada? Suspiro me sentindo frustrado com
toda isso.
Finalizo meu banho, me sentindo bem melhor fisicamente pelo menos,
coloco uma roupa para ir trabalhar no próximo meio período, encontrando
Marcos para irmos.
Ligo meu celular que está desligado desde ontem, vejo algumas mensagens
de Kat e notificações das muitas tentativas de ligações que recebi dela, sinto meu
coração disparar em ansiedade em as ler, mas ao mesmo tempo tenho receio em
amolecer junto dela, não é o que quero, pois ela precisa decidir o que quer, e se
realmente me quisesse teria sido sincera comigo desde o início.
Tenho um filho poxa e ela aceitou o meu, por que não poderia aceitar o dela
também? Agora em saber que enquanto estava comigo, também estava com
outro, me irrita com tamanha frieza, nem eu que saía com diversas mulheres antes
de a conhecer fiz isso, não quero parecer machista, mas ela não me pareceu ser
esse tipo de mulher e me decepcionou descobrir que estava enganado.
Encontro Marcos ainda em meu quarto trabalhando, assim que me vê guarda
o notebook para irmos buscar meu carro, depois ir trabalhar.
— Você dormiu aqui? — pergunto curioso.
— Sim, dormi no quarto de hóspede, a Bárbara dormiu na casa de Kat para
não a deixar sozinha e como você estava péssimo fiquei por aqui mesmo, para
caso precisasse de algo.
— Não precisava de babá, mas valeu.
— Quem te viu, quem te vê hein... — Marcos diz com ironia, sabendo que
vai me provocar pelo tom de voz — ficando bêbado por causa de mulher? Pensei
que não fosse viver pra ver esse dia...
— Para de ser idiota... — bufo indignado comigo mesmo pela situação que
cheguei e incomodado pela informação que me deu sobre Kat ter precisado ficar
acompanhada.
Será que está tão chateada com a situação quanto eu?
Kat: Derik, não é nada do que você está pensando, por favor preciso que
me ouça!
Kat: Por favor me atende!
Kat: Olha, eu sei que está chateado, mas só quero me explicar.
Kat: Vai ficar me dando um gelo até quando?
Kat: Se depois que eu explicar, você não quiser continuar tudo bem! Eu
paro de ir atrás de você.
Kat: Poxa Derik, estou sentindo sua falta, me perdoa. Eu falei pra você
que queria conversar com você no domingo, era isso que ia te contar.
Kat: Mas discutimos por causa da sua ex, acabei me esquecendo no
momento de falar, depois achei melhor contar com calma no final de semana,
mas juro que ia contar e explicar tudo!
Kat: Bom... você não quer conversa mesmo, vou respeitar seu espaço e
dar um tempo para colocar a cabeça no lugar, se quiser me ouvir, sabe onde
me procurar!
Leio mais algumas vezes as mensagens enviadas por ela, pensando se devo
responder algo ou não, ela parece realmente estar arrependida de não ter
comentado e de fato a mensagem dela me lembra que pediu pra conversar comigo
no domingo. Quem me garante que não era esse assunto mesmo.
Lembro de Marcos ter comentado também que ela ia conversar comigo, o
que acaba confirmando sua afirmação, caso não esteja mentindo.
Arfo indignado me jogando na cadeira me sentindo cansado, com a
ansiedade aumentando dentro de mim para conversar com ela e resolver isso de
uma vez.
CAPÍTULO 38
Após Marcos sair continuei tentando falar com Derik mas de fato a ligação
não completava, devia ter desligado o celular o que indicava o quanto estava
chateado comigo, pois nunca havia feito isso antes.
Um pouco depois Sofi e Liv chegaram para me fazer companhia, mas
Bárbara continuou comigo junto delas.
Aproveitou que tinha companhia e foi colocar meu sobrinho para dormir no
quarto de hóspede, enquanto eu contava para as meninas o que havia acontecido.
Relatei o pouco que sabia, e o que deduzi ser sua descoberta, a frieza em seu
olhar, o modo disparado que saiu daqui não me atendendo depois disso. Só em
lembrar tudo o que aconteceu já voltava a chorar.
— Ah, amiga, é só questão de tempo ele vai te ouvir e vão se entender você
vai ver. — Liv me consola segurando minha mão.
— Não sei Liv, ele tem problemas com confiança, a ex dele o traiu com o
irmão.
— Com o irmão? — Sofi questiona indignada. Assinto confirmando a ela.
— Mas que vadia!
— Concordo com você, agora se coloca no lugar dele, se o próprio irmão
teve coragem de fazer isso, você acha que vai acreditar em mim? — choro ainda
mais em imaginar que o perdi antes mesmo de o ter.
— Realmente para confiar em alguém não deve ser fácil. — Liv diz
pensativa, me deixando ainda mais chateada por não ser apenas eu a pensar dessa
maneira. – Mas por outro lado, ele conseguiu confiar em você uma vez certo? —
assinto limpando minhas lágrimas com a costa da mão — consequentemente,
pode confiar de novo, quando descobrir o que aconteceu de verdade.
— E outra... — Sofi a corta — até entendo que esteja chateado por não ter
contado a ele. Mas vocês não tinham nada sério até então, começaram a namorar
de certa forma de duas semanas pra cá, por isso se saiu com outro cara também e
tivesse engravidado, ele não tem nada a ver com isso, não quer dizer que você o
traiu.
Sofi sempre a mais revoltada de nós três, mas de certa forma está correta,
pois além de não o ter traído, também nem estávamos namorando quando
engravidei, mesmo que tivesse sido da maneira tradicional.
— O que também não aconteceu já que foi inseminação, — Liv tenta
amenizar as palavras de Sofi — por isso digo que assim que ouvir a história toda
ou se acalmar vai compreender.
— Mas mesmo que entenda meninas, não é só essa a questão, ele não vai
querer assumir o filho de outra pessoa, porque de certa forma é isso que é... —
declaro entristecida — acho que por isso não queria contar, sabia que ia dar
merda.
— Não sofra por antecipação amiga, você não sabe como ele pensa a
respeito... — Liv tenta aliviar meu sofrimento — esqueceu que tem um filho
também, que você já aceitou por sinal?
Pensando por esse lado, de fato, quem sabe pense dessa maneira.
— Ele nem me atende, desligou o celular para não me atender... —
choramingo me encolhendo no sofá.
— Kat, ele está chateado, — Sofi diz em tom baixo — dá um tempo para as
coisas se acalmarem.
Respiro fundo, percebendo que sim preciso deixar que esfrie a cabeça para
conversarmos, talvez se nos falássemos assim, a conversa seria pior.
— Vocês estão certas, preciso deixar que se acalme, nós somos vizinhos, não
tem como fugir de mim o resto da vida.
— Isso mesmo, logo logo ele vem esclarecer tudo isso. — Liv afirma.
Concordo pensativa.
— Sabe o que mais me irrita nisso tudo? — digo em volume alto. Vejo que
negam com a cabeça continuando meu raciocínio — porque eu estava bem,
estava decidida. Por que ele tinha que aparecer pra estragar todos os meus planos?
— questiono frustrada comigo mesma.
— Você está nervosa amiga, — Liv alisa meu cabelo com sua mão — faz
tempo que não te via tão feliz como tenho visto desde que Derik apareceu em sua
vida, concorda Sofi?
— Sim Kat, Liv está certa, seu brilho voltou a se acender depois que se
envolveu com ele, tenho que admitir que tem te feito muito bem.
— Concordo com vocês meninas. — Bárbara entra na sala dizendo —
Estava com saudades da minha irmã alegre novamente.
— Vocês estão exagerando... — resmungo por seus comentários, mas
refletindo sobre o que disseram.
— E mais... — continua dizendo — isso que está sentindo é a prova de que
realmente está envolvida com Derik. Não é apenas um namorico igual os que teve
antes, que nem apresentava para nossos pais, nem dormiam juntos em um final de
semana que seja.
Realmente, depois do que aconteceu com Gustavo não me lembro da última
vez que consegui me envolver com alguém tão a sério, ao ponto de me sentir tão
mal como estou nesse momento.
Derik reacendeu meu desejo de tentar um relacionamento novamente. De
verdade dessa vez!
— Isso é verdade, — Sofi concorda com Bárbara — além do que Bárbara
mencionou, dormem juntos praticamente todos os dias, então assuma pra você
mesma Kat quão longe você está se deixando ir dessa vez, sendo que isso é algo
bom, não tente regredir.
— Sofrer é um bom sinal Kat, — Liv me encara — mostra que finalmente
seguiu em frente, agora levanta a cabeça, deixa as coisas se acalmarem e lute pelo
que sente por ele, não desista sem lutar.
Quando as meninas percebem que me acalmei e estou mais confiante, vão
embora, Bárbara resolveu dormir aqui em casa para não me deixar sozinha, pois
fiquei muito nervosa com tudo que aconteceu e poderia passar mal por causa da
gestação.
Não gostava de incomodar as pessoas, mas me senti melhor em saber que
teria alguém aqui caso precisasse, agradeci a ela indo me deitar.
Depois que tomei um banho reconfortante, ouço batidas na porta, com
Bárbara adentrando devagar.
— Que bom que ainda está acordada, só queria te dizer antes que dormisse,
que Marcos encontrou Derik e o trouxe pra casa, vai ficar lá junto dele essa noite.
— Por quê? Ele está bem? — estranho a última informação desconfiada.
— Está bem, só bebeu demais, Marcos o encontrou no bar. — diz dando de
ombros.
Depois de me informar, retorna para o quarto de hóspede junto de meu
sobrinho, me deixando pensativa em minha cama.
Nunca havia visto Derik perder o controle na bebida ao ponto de ter que ser
trazido para casa, sempre disse não ser de beber, indicando o quanto chateado
comigo está.
Me reviro na cama, não conseguindo dormir refletindo sobre tudo o que
aconteceu hoje, no que as meninas e minha irmã me falaram, percebendo que
estão certas.
Mudei depois dele, não sou mais a mesma. Quero tentar fazer dar certo,
posso até estar sendo equivocada, mas preciso tentar, senão irei me arrepender
pelo resto de minha vida.
Eu o amo, tentei me enganar, dizer que era apenas uma atração muito forte,
depois percebi que existia um sentimento dentro de mim, mas não o quis nomear
como amor, com medo de quebrar meu coração novamente, mas Derik o
consertou sem que eu mesma percebesse, colando cada pedacinho que estava
estilhaçado, então por que quebraria novamente?
Não acredito em conto de fadas, mas acredito que o amor verdadeiro exista,
mesmo que tivesse fugido dele por todos esses anos depois do que passei.
Mas talvez seja a hora de me dar uma chance novamente em ser feliz. E se a
felicidade bateu em minha porta quando não o procurava, por que agora vou
deixar que vá embora sem tentar lutar por ela?
Quando eu fugi, terminei com Derik, ele veio atrás de mim, e não deixou eu
me afastar mais, aceitou o meu tempo e pedido para irmos devagar, mesmo
querendo ir mais rápido visivelmente, agora eu ia aceitar ele se afastar de mim
sem nem tentar o convencer do que sinto?
Não, eu não ia desistir, sempre fui uma pessoa determinada, não ia ser
agora que ia deixar de ser.
Finalmente sinto meu corpo relaxar com minha determinação tomando conta
de mim, sem perceber adormeço.
Acordo mais disposta, mesmo ainda chateada com tudo que aconteceu, não
vou a academia, mas vou trabalhar mesmo assim para distrair minha mente.
Sofi havia sugerido de atender meus pacientes mais urgentes hoje e Celeste
remarcaria os demais, mas ficar em casa o dia todo sem fazer nada, não seria uma
boa opção, por isso me arrumei, coloquei uma boa maquiagem para disfarçar
meus olhos inchados e olheiras, e mesmo sem fome tomei um café reforçado,
pois não posso pensar apenas em mim mais, tenho um bebê que precisa ser
alimentado.
Olho o celular para ver se há algum retorno das muitas mensagens que
enviei ontem a Derik e não foi visualizada até agora, mas se estava tão ruim como
Marcos informou talvez nem tenha acordado ainda.
Suspiro agoniada, mas determinada a resolver essa situação da melhor
maneira possível.
Coloco as mãos em minha barriga ainda reta, falando com meu bebê.
— Não sei se ele vai me entender e querer ficar conosco ainda, mas vou
tentar. Caso não queira vou sofrer, mas vou me levantar pra ser a mãe e pai que
você precisa meu anjinho.
Bárbara se levanta logo na sequência descendo com meu sobrinho arrumado
para ir à escola, tomamos café juntas conversando um pouco, seguindo para o
trabalho.
A manhã passa rapidamente apesar de a cada intervalo entre as consultas
olhar meu celular, e não, não havia nenhuma notificação que me interessasse o
que me entristecia, mas respirava fundo e chamava meu próximo paciente.
Quando o almoço chegou, Sofi já me aguardava na recepção para irmos ao
restaurante.
Assim que entramos no elevador, me pergunta.
— Está se sentindo melhor?
— Estou sim. Refleti bastante em tudo que falaram ontem, estou me
sentindo melhor, não vou desistir fácil assim.
— Isso garota, é assim que se fala, ele vai entender a situação quando souber
de tudo.
— Assim espero! — digo esperançosa, mas com medo de não ser o que pode
acontecer na realidade.
Sofi muda o assunto, tentando me distrair dizendo sobre a viagem que irá
fazer dentro de alguns meses, o quanto está animada, e tudo que tem pesquisado a
respeito da região para conhecer, conseguindo me distrair um pouco do caos que
estou vivendo desde ontem.
Quando estamos terminando nossa refeição, ela me pega olhando meu
celular entristecida, me questionando.
— Ele não retornou até agora?
Nego com a cabeça, sentindo meus olhos lacrimejarem com seu silêncio.
— Deve estar chateado, o Marcos vai conversar com ele, e a curiosidade vai
ser maior, você vai ver, em breve vai passar por cima do orgulho e te procurar.
— É deve ser, o Marcos ontem o trouxe do bar, estava muito bêbado parece,
tanto que ficou na casa dele de guarda.
— Ah, então está explicado, deve estar com uma baita ressaca e por isso
ainda não teve cabeça para refletir sobre tudo o que aconteceu, e Marcos pode
estar esperando que fique sóbrio para conversar com ele.
— Faz sentido, conversar com ele bêbado, não seria muito útil. — Digo com
um sorriso triste.
— Exato, seria perda de tempo.
Peço um pudim de sobremesa, pois me sinto irritada, precisando de açúcar
para me sentir mais calma, nem que seja temporário.
Quando estamos esperando chegar digo o que estava pensando mais cedo
para Sofi.
— Sabe... — olho para nossa foto na tela de bloqueio tomando coragem para
dizer o que pensei — estava pensando, vou me abrir com ele, além de assumir
meu amor, também vou contar minha história com Gustavo para entender por que
sou assim.
Vejo o queixo de Sofi cair com minha revelação me fazendo rir, por a deixar
sem palavras, afinal isso é raro.
Ela se inclina sobre a mesa, colocando a mão sobre minha testa, estranho sua
atitude, e meu olhar confuso a faz sorrir, esclarecendo.
— Estava conferindo se não estava com febre... — rio da sua ironia — quem
é você e o que fez com minha amiga?
— Para de ser boba. — Digo sem graça.
— Desculpa, estava brincando, — me dá um sorriso meigo — mas estou
orgulhosa de você Kat, isso mostra o quanto deixou o passado finalmente em seu
lugar... no passado.
— Sim, se quero que dê certo, preciso ser sincera e que me conheça por
inteiro. — O garçom chega com nossa sobremesa, e depois que dou a primeira
colherada, continuo meu raciocínio. — Vou fazer a minha parte, lhe explicando
tudo, assim espero que entenda, aceitando a mim e meu filho, agora se não aceitar
meu filho, — sinto minha garganta se fechar apenas em mencionar essa
possibilidade — vou sofrer, mas vou seguir em frente porque preciso ser forte por
mim e meu bebê acima de tudo.
— Tenho certeza de que vai te surpreender, ele só precisa se acalmar,
refletindo sobre tudo.
Assinto torcendo internamente para que Sofi esteja certa, nos dando uma
chance de sermos felizes.
O restante do dia passa rapidamente, quando acaba meu expediente vejo que
que não há nenhuma mensagem ou ligação de Derik em meu celular, mas percebo
que recebeu a todas, sinto meu coração apertado pelo gelo que está me dando.
Respiro fundo, mandando uma última mensagem deixando claro minha
decisão de não ficar em cima dele mais, esperando seu tempo para que me
procure.
Minha vontade é ir até o trabalho dele agora mesmo, ou sua casa, mas não
posso ser essas mulheres sem noção que sufocam seus parceiros, o afastando ao
invés de o aproximar, se precisa pensar a respeito, vou respeitar seu espaço.
É pensando nisso que me levanto, indo encontrar Sofi que irá comigo para
casa, hoje seria nosso encontro semanal e como as meninas querem me animar,
não quiseram desmarcar, mas como não estava animada para sair, pedi para irmos
lá para casa, comprando algo para comermos, e claro elas aceitaram.
Uma parte de mim, não queria sair pois tinha a esperança de Derik aparecer
para conversar comigo, por isso não queria correr o risco de não estar lá para o
receber.
Sei que posso parecer depressiva com essa atitude, mas não quero correr o
risco de nos desencontrarmos, caso resolva me ouvir.
A esperança é a última que morre, fazer o que!
Após a última mensagem recebida por Kat, resolvi parar de trabalhar para
pensar em tudo que aconteceu, agora que minha cabeça estava melhor da ressaca
e não iam ficar me distraindo a todo instante com atividades do trabalho.
Lembrei do fato de Kat querer me contar algo no domingo, dizendo que após
conversarmos poderia dar a resposta referente ao meu pedido de namoro.
Com o que aconteceu referente a Alice, deve ter mudado de ideia
momentaneamente e como contei minha história, nos distraímos esquecendo do
outro assunto, pelo menos aconteceu isso comigo. Se estivermos sem roupa, é
certeza que não irei me lembrar de mais nada além de nós dois.
Sinto meu coração se apertar de saudade ao me lembrar das nossas noites
juntos, do seu toque, seu beijo, o amor que fazemos, até mesmo o sexo selvagem
que não resistimos também em algumas ocasiões, sempre senti que se entregava a
mim quando ficávamos juntos, não é possível que o que vivemos não foi real pra
ela como foi pra mim.
Após me torturar com as lembranças de nós dois juntos, volto a pensar com
a cabeça de cima para resolver minha incógnita que se chama Katarina.
Volto a reler as mensagens enviadas por ela, e quando diz que não é o que
parece ser, que pode explicar. Foi a mesma coisa que disse quando fui sair de sua
casa e não quis ouvir.
Mas o que não seria que estou pensando?!
Que me lembre só existe uma maneira de se fazer um filho, envolvendo duas
pessoas.
Como que pode não ser o que estou pensando?
Será que o filho pode ser de seu ex, assim que terminaram? Descobrindo que
estava grávida, faz o que? Uns três meses que a conheci, poderia ser, apesar de
mal ter barriga ainda.
Percebi que sua barriga está diferente, mas não imaginei que fosse gravidez,
pensei que tivesse engordado um pouco, bem pouco por sinal.
Não sei com quanto tempo a barriga começa a aparecer, ainda mais uma
mulher que tem a barriga negativa igual ela.
Me estico em minha cadeira voltado para a vista da grande São Paulo que
minha sala permite, retornando ao meu raciocínio.
Tento me lembrar de todas as vezes que tivemos relação, se por acaso a
camisinha estourou alguma vez e não olhei, passando despercebido.
Lembro que olhava todas as vezes, mas pode ter acontecido uma vez ou
outra de não ter conferido.
Será que há a possibilidade do filho ser meu? Nenhum contraceptivo é cem
por cento seguro, quem me garante que não seja meu?
Começo a imaginar a possibilidade de ser o pai dessa criança, e me pego
sorrindo sem perceber, imaginando nós dois acompanhando o crescimento do
bebê em sua barriga, indo junto dela fazer o pré-natal, em como Gui ficaria feliz
com a notícia de ganhar um irmãozinho.
Será que pode ser meu, e não ter me contado por medo da minha reação,
como sempre nos prevenimos?
Isso faz meu coração galopar em ansiedade com essa possibilidade, não era a
minha intenção ter um filho agora obviamente, mas se tivesse iria adorar, amo
meu filho mais que tudo em minha vida, e jamais renegaria um filho.
Se com Alice que nem sentimento tinha, aceitei e fiz questão de participar de
tudo que envolvia meu filho, imagina com Kat por quem me apaixonei, seria
fantástico.
Talvez seja isso, deve ser meu e ficou com receio em me contar, vejo a
esperança surgindo dentro de mim de que nem tudo está perdido.
Me levanto rapidamente, como se de repente tivesse tomado uma injeção de
ânimo, pego minha carteira e celular colocando em meu bolso saindo para sanar
todas as dúvidas que me afligem, preciso esclarecer essa história, quando vou
abrir a porta, dou de cara com Marcos, que ia bater em minha porta
provavelmente.
— Já está indo? — me pergunta.
— Sim, não consigo trabalhar mais por hoje. — Dou espaço para que entre e
assim conversarmos melhor.
— Imagino que não esteja com cabeça, até que conseguiu trabalhar
considerando o estado em que estava.
— Nem me fale, não me lembro da última vez que bebi daquela maneira. —
Assumo envergonhado.
— Nem eu, na verdade nunca o tinha visto daquele jeito Derik. — Afirma
com seu olhar especulador. — E o que decidiu?
— Estou bem confuso pra ser sincero, mas como ela disse que poderia me
explicar, e você também disse que nem tudo que parece é, pensei na possibilidade
de que o filho seja meu, e tenha ficado com medo em me falar, decidi ir atrás dela
para esclarecer essa história.
Percebo que ao dizer a última parte, o corpo de Marcos enrijece, abaixando
seu olhar.
Me incomoda perceber sua reação, mas tento não colocar mais coisas em
minha cabeça do que já estou, a melhor opção é ouvir da própria Kat o que
aconteceu.
— De fato, o que disse permanece, nem tudo que parece é, mas acho melhor
não ir criando expectativas antes de conversar com ela.
Com isso, sinto que talvez eu esteja deduzindo errado, podendo eu não ser o
pai do bebê que espera.
Respiro fundo frustrado com essa possibilidade, porque se for isso, tudo
indica que ou o filho é do ex dela, ou saiu com outra pessoa enquanto estava
saindo comigo, e nenhuma das duas alternativas me agradam.
— É acho que só vou descobrir quando conversar com ela, não é? — penso
em volume alto o que me aflige.
— Sim, mas não vá armado contra ela, vá disposto a ouvir, se está bem para
ter essa conversa hoje, ótimo, mas se ainda está angustiado por ontem, talvez seja
melhor esperar a poeira abaixar para conversarem.
Concordo, pensando no que acabou de dizer.
Conversamos um pouco mais sobre algumas atividades que precisavam ser
resolvidas para o próximo dia, seguindo para minha casa apreensivo se devo
procurar Kat para conversarmos hoje ou é melhor aguardar mais um dia ou mais.
Pouco mais de meia hora chego ao condomínio, passando em frente à casa
de Kat percebendo que há dois carros em frente à sua casa, e os maus
pensamentos voltam a me atormentar, de quem estaria lá.
Não é o carro de Bárbara, pois sei qual tem, será que é algum homem? Será
que é o pai do bebê que está conversando com ela?
Sinto meu sangue ferver com a possibilidade de ser outro homem, nem
chegamos a terminar, faz apenas um dia que não nos falamos e já corre colocar
outro homem dentro de casa?
Não é possível que seja isso, me recuso a acreditar nessa hipótese, ela não
seria tão fria ao ponto de nem terminarmos nosso “namoro”, porque sim, nós não
demos esse nome a nossa relação, mas é o que estávamos tendo, nós estamos
namorando, só faltou rotular isso.
Estaciono o carro incomodado, olhando de volta para sua residência, me
segurando para não invadir sua residência, apenas para descobrir quem está com
ela.
Respiro fundo, me repreendendo.
— Calma Derik, pode ser as amigas dela, não necessariamente seja um
homem. Não faz as coisas de cabeça quente, só vai piorar a situação.
E é pensando nisso, que sigo para a entrada de minha casa, resolvo tomar um
banho para clarear as ideias, comer alguma coisa para então decidir se irei até lá
hoje ou não.
Tomo um banho demorado, pensando em tudo que Marcos me falou
recentemente, refletindo se estou bem para ouvir o que tem a dizer.
Coloco uma roupa limpa, para dar uma aparência melhor do que realmente
estou, passo um perfume afinal alguns hábitos nunca mudam, não porque ela
gosta que fique perfumado, apenas por força do hábito. Apenas isso.
Dou uma olhada pela varanda do meu quarto em direção a casa dela, vendo
que os carros ainda se encontram lá, suspiro incomodado, descendo ir comer
alguma coisa, pois talvez depois da conversa perca o apetite.
Quando estou pronto para ir, me sento no sofá por aproximadamente trinta
minutos, pensando no que devo fazer se o filho não for meu, concluindo comigo
mesmo.
Primeiro você ouve o que ela tem a dizer, para então decidir que decisão
tomar.
Respiro fundo criando coragem da onde não sei que tenho, pois toda que
tinha parece ter desaparecido, fecho minha casa seguindo até a dela determinado
a ouvir, apenas ouvir, e depois de tudo esclarecido decido o que fazer. Não
necessariamente precise ser hoje.
Hoje só quero ouvir o que tem a me dizer, pois sei que amanhã irei me
arrepender se não a ouvir, podendo não conseguir nunca mais a esquecer.
Chego a casa dela, tomo coragem tocando a campainha, ia responder sua
mensagem avisando que iria vir conversar com ela, mas depois de ver os carros
aqui, junto de todos os pensamentos que perturbaram minha mente, achei melhor
vir sem avisar, pois se houvesse alguém que não quisesse que visse, agora não
teria como esconder.
Passa alguns minutos, ninguém atende, ficando mais incomodado, com a
possibilidade de estar tentando esconder sua visita de mim. Toco mais uma vez,
me segurando para não deixar a boa educação do lado de fora, arrombando essa
porta.
Quando mais dois minutos se passam e a porta não se abre, estou decidindo
abrir a porta para a pegar no flagra, ela abre a porta me encarando visivelmente
envergonhada.
— Oi! — me cumprimenta olhando para seus pés.
Quando a vejo, sinto meu coração disparar descompassado, com a saudade
que senti dela com apenas um dia de silêncio total. Limpo minha garganta
tentando recompor meus pensamentos.
— Oi. — Digo sério, pois ainda estou intrigado com sua demora em me
atender – Cheguei em um momento ruim? — pergunto ironicamente.
Ela levanta seu olhar até o meu, me fazendo perceber como seus olhos estão
fundos, indicando que alguém dormiu mal essa noite.
— Não, as meninas estão aqui comigo, mas não tem problema. — diz
apontando para a sala de estar. — Entra!
Assinto, entrando no hall de entrada, quando olho para a sala, vejo dois pares
de olhos me observando com curiosidade, ao me verem desviam o olhar
rapidamente fingindo estarem conversando. Sinto o alívio invadir meu coração,
por ter pensado na possibilidade dela já estar com outro dentro de casa, me
sentindo culpado, em pensar tão baixo sobre ela.
Ela não é a Alice, você não deve comparar uma com a outra.
Cumprimento as duas com um boa noite ainda sério, que me respondem se
levantando.
— Amiga, nós já vamos indo tá? — acho que é a tal da Liv, dando um beijo
no rosto e um abraço em Kat.
— Qualquer coisa você nos liga ok? — a outra que acredito ser Sofi diz, me
dando uma olhada de rabo de olho, que diria ser ameaçador se não estiver
enganado, se despedindo também de Kat.
— Obrigada meninas por tudo! — Kat diz acompanhando as duas até a
porta, enquanto a observo de longe.
Quando volta, nos olhamos por alguns segundos sem ninguém dizer uma
palavra, até que quebra o silêncio.
— Senta, quer beber alguma coisa? — pergunta educadamente, mas
visivelmente nervosa.
— Vou precisar? — pergunto na defensiva, lembrando na mesma hora da
voz de Marcos em minha mente. “Não vá armado contra ela”.
Respiro fundo tentando encontrar a calma que estava disposto a ter para
conversar com ela hoje, resolvendo tudo isso.
— Talvez. — Dá de ombros.
Segue até onde suas amigas estavam sentadas, pegando a garrafa de vinho,
levando consigo a cozinha colocando a bebida em uma taça limpa pra mim, me
trazendo em silêncio.
Aceito, pois talvez um pouco de álcool me ajude a digerir toda a informação
que vou receber.
— Só vou buscar algumas coisas e já venho. — Assinto a vendo se afastar
seguindo para o segundo andar.
Após poucos minutos, retorna se sentando há uma certa distância de mim
com alguns envelopes em sua mão, nitidamente apreensiva.
— Sei que deve estar pensando mil e uma coisas a meu respeito, mas não é
nada do que esteja imaginando, pensei em tudo que aconteceu desde ontem,
acredito ser importante te contar minha história toda, para entender o porquê
tomei essa decisão, até chegar no assunto da gravidez, pode ser?
Concordo, sentindo uma ansiedade dentro de mim crescer em conhecer sua
verdadeira história, torcendo para que não me decepcionar com ela.
Coloca os envelopes ao seu lado, respira fundo disparando sua história.
— Lembra do homem que encontrei esses dias atrás, na rua, quando você e
Marcos me viram com ele, sendo que estava nervosa?
— Lembro. — Digo sentindo meu sangue esquentar apenas em lembrar da
maneira como ficou em o ver e do olhar que ele a dava, mostrando o quanto a
queria.
— Bom, eu o conheço nem sei mais há quantos anos, acho que mais de vinte
anos, nós estudávamos juntos e éramos melhores amigos, fazíamos tudo juntos,
absolutamente tudo. Depois de alguns anos percebi que meu sentimento não era
apenas de amizade, estava apaixonada, mas Gustavo só me via como uma amiga,
ficava com várias garotas, parecendo nunca ter olhado pra mim. Quando chegou a
formatura do terceiro ano, ainda faltava um ano para acabarmos o ensino médio,
um aluno veio me convidar para ir ao baile com ele, apesar de querer ir com
Gustavo, estava disposta a tentar dar uma chance a outra pessoa, já que nem me
notava e ia com outra garota ao baile, com isso aceitei e fomos juntos. Estava me
divertindo muito com meu parceiro, dançando e aproveitando a noite, até que
Jeferson resolveu avançar o sinal me beijando, era meu primeiro beijo e me
peguei o retribuindo, quando de repente Jeferson foi jogado para longe de mim,
não havia entendido nada, até que enxerguei Gustavo em cima dele batendo no
coitado. Fiquei irritada na hora, por ter feito tudo que fez, e fui embora do baile,
Gustavo não satisfeito me seguiu até em casa, e acabou se declarando para mim,
dizendo que não queria que mais ninguém encostasse um dedo em mim e que eu
era dele, me beijando.
“A partir daquele momento, nós começamos a namorar, assumimos para
minha família, aproveitando nosso último ano juntos, estudamos juntos para os
vestibulares, conseguimos passar para a faculdade federal para fazer medicina,
estávamos animados pois continuaríamos juntos mesmo após a escola acabar.
Com isso, iríamos morar em república, mas Gustavo me surpreendeu me
chamando para morar com ele alugando uma casa ao invés de morarmos em
república, e eu aceitei, até mesmo porque meus pais queriam que alugasse uma
casa para morar. Estava me sentindo nas nuvens, pois estudávamos na mesma
faculdade, não na mesma turma, mas sempre nos víamos nos intervalos,
morávamos juntos e nos dávamos muito bem, era raro brigarmos por alguma
coisa.
Meus pais me ajudavam, pagavam o aluguel e tudo que precisasse, porque
independentemente de estar ou não com Gustavo, ia estudar lá e o sonhos deles,
era que me formasse como uma médica igual ao meu pai, os pais de Gustavo já
não tinham a mesma condição que os meus, por isso começou a se sentir inferior
por estar morando comigo sem me ajudar com o aluguel e os demais custos,
como se tivesse se aproveitando de mim. No segundo ano começou a trabalhar a
noite em um bar próximo a faculdade para ajudar com nossos custos, ele
melhorou, estava se sentindo mais útil dentro de casa, mas mal nos víamos por
causa da correria de faculdade e trabalho dele. Depois de dois anos que
estudávamos juntos, ou seja três anos namorando, conseguiu um trabalho como
modelo, estava ganhando uma boa grana por fora, consequentemente parou de
trabalhar no bar, o que achei ótimo porque pelo menos iríamos ter mais tempo
juntos e conseguir estudar mais para a faculdade.
Quando estávamos com quatro anos de namoro, me convidou para jantar
fora, me levando em um restaurante super romântico com música ao vivo, depois
que jantamos, me convidou para dançar, e a cantora convidou Gustavo para
cantar junto dela, ele começou a cantar, mas olhando diretamente para mim como
se a música tivesse sido escolhida por ele para fazer isso, quando o último refrão
chegou, desceu do palco, vindo até mim cantando olhando em meus olhos, a
música acabou com ele fazendo uma declaração para mim, se ajoelhando me
pedindo em casamento na frente de todas aquelas pessoas e eu como era
perdidamente apaixonada por ele, aceitei sem nem pensar duas vezes. É
engraçado pois pensava que estava vivendo literalmente em um conto de fadas,
mas como conto de fadas não existem, logo depois descobri que tudo que é bom
dura pouco.
Gustavo queria casar logo, por isso marcamos nosso casamento para dentro
de seis meses, como ele trabalhava muito, mais a correria da faculdade,
aproveitava cada tempo livre que tinha junto da ajuda da minha irmã para ir atrás
das coisas do casamento, quando faltava um mês para me casar com ele, tinha
acabado de enviar as fotos para a retrospectiva para o fotógrafo, enquanto
Gustavo trabalhava, aproveitei para colocar algumas roupas para lavar, ao olhar o
bolso da calça dele, encontrei um cartão de uma mulher no bolso, fiquei intrigada
com aquilo, não sei porque, talvez fosse um sexto sentido, não sei, tirei uma foto
do cartão e devolvi no bolso para saber se iria comentar algo comigo sobre algum
trabalho novo.
Dei uma olhada na internet para saber quem era ela, vendo que era apenas
uma mulher fútil que vivia esbanjando dinheiro do marido, e Gustavo não era
fotógrafo, era modelo, então pra que teria o contato dela? Fiquei intrigada com
aquilo, coloquei o cartão no lugar, a calça também para saber o que ia fazer, com
isso, várias coisas começaram a passar por minha cabeça, como o fato de nunca
ter visto nenhum trabalho dele, toda vez que questionava, me dava alguma
desculpa, comecei a ficar irritada, com que tanto trabalho tinha que não poderia
nunca me mostrar algum pronto, o questionei sobre isso quando chegou,
obviamente ficou nervoso, falou que ia me levar qualquer dia para o ver
trabalhando.
Aceitei, mas me sentindo inquieta sobre o assunto, mesmo assim tomei uma
decisão, ligando para Sofi pedindo para me acompanhar o seguindo, quando fosse
trabalhar e ela aceitou. Depois de dois dias fui olhar a calça, o cartão não estava
mais lá. Depois que o imprensei, ficou duas semanas sem nenhum trabalho em
vista segundo me informou. Quando surgiu um trabalho, a noite, combinei com
Sofi, alugamos um carro para não reconhecer, afinal tinha esperança de estar
sendo paranoica com tudo aquilo, o seguindo assim que saiu de casa, fomos parar
na área nobre de São Paulo, ele estacionou em frente a um condomínio de luxo,
quando aquela mesma mulher que havia pesquisado na internet apareceu entrando
dentro do carro dele, naquele momento já percebi que estava me traindo, mas foi
ainda pior. Continuamos seguindo o carro, quando entrou em um motel, naquele
momento senti meu coração ser destruído, pois o idolatrava desde jovem, jamais
teria desconfiado de sua traição. Além dele não me deixar nada a desejar, era
carinhoso, romântico como te falei, vivia dizendo que me amava, estávamos de
casamento marcado para dentro de um mês, e estava me traindo a véspera? Me
senti um lixo, comecei a vomitar ali mesmo na rua com o carro parado, Sofi
queria ir embora, mas não permiti, fiz questão de esperar que saíssem para ver no
que ia dar. Depois de algumas longas horas de tortura, saíram indo embora,
Gustavo a deixou de volta em seu condomínio, mas ao invés de ir embora para
casa, parou em um banco, paramos do outro lado da rua, mas como era tudo de
vidro consegui ver nitidamente tirando o maço de dinheiro do bolso e depositando
em sua conta, foi aí que vi que contos de fadas só existem na Disney e nada mais.
Que a pessoa que mais amava, além de meu noivo e meu amigo, me traiu da pior
maneira possível, pois além de trair minha confiança, estava vendendo seu corpo
por dinheiro, tudo por orgulho.
— Nossa Kat, não sei nem o que falar. — Digo indignado por esse
vagabundo ter tido a coragem de jogar fora uma mulher como ela.
— Pois é, por isso não comento sobre ele com ninguém, não é algo que me
agrade de contar, nem minha família sabe o que aconteceu, só disse que terminei
e que não queria mais nada com ele e para nunca mais tocarem em seu nome na
minha frente.
— Agora entendo, porque ficou daquela maneira quando o viu. — Murmuro
compreensivo.
— Sim, depois disso fui para casa de Liv e Sofi, desmascarei ele, que ficou
tentando me cercar na faculdade pelo restante do curso para me mostrar que havia
mudado e não estava mais trabalhando com isso, voltou a trabalhar no bar até o
final do curso para poder fazer a residência, mas nunca mais falei com ele,
quando terminamos a faculdade, tudo ficou mais fácil, pois não tinha o risco de o
encontrar no corredor. Depois dele, não conseguir mais me envolver de fato com
ninguém, até namorei algumas pessoas como você sabe, mas não conseguia criar
sentimentos, não tinha nenhum elo com nenhum, não dormia com nenhum, não
apresentei aos meus pais, saíamos juntos, tínhamos relação, mas depois voltava
embora pra casa, tanto que nenhum durou, pois não conseguia me entregar mais,
não conseguia confiar em mais ninguém. Com o passar dos anos, já estava com
mais de trinta anos, e começava a me sentir frustrada por imaginar que jamais
teria uma família, um filho, já que não conseguia encontrar alguém que
despertasse meu interesse em tentar algo ao ponto mais a fundo, pelo menos.
Com meu último namorado, Henrique, não tínhamos nada em comum, resolvi
terminar, pois já estava com meus trinta e dois anos, resolveria meu problema por
si só, procurando um médico especializado em fertilização, e foi o que fiz.
“Decidi que iria ter meu filho sozinha, pois não acreditava ser possível
encontrar mais ninguém, não acreditava ser capaz em querer e conseguir confiar
em mais ninguém novamente. — Assinto para ela, com os pensamentos
compreendendo onde quer chegar — procurei um médico, fiz todos os exames
necessários, escolhi um doador que tivesse os traços semelhantes ao meu, para
que meu filho se parecesse comigo, marquei a data da inseminação. Nessa mesma
semana, você me convidou para sairmos, fiquei com receio justamente pela
decisão que havia tomado, mas conversando com as meninas decidi que precisava
sair com alguém, extravasar um pouco, porque depois que o bebê nascesse não
teria mais tempo para isso.
Como você me atraiu de imediato, te achei lindo, aceitei pois, imaginei que
seria apenas uma vez e nunca mais o veria, não passaria de um encontro casual e
nada mais. Naquele mesmo dia que saímos acabei fazendo a inseminação,
coincidiu a data, e mesmo esperançosa de que desse certo, tentei não colocar nada
em minha cabeça, pois sabia que as chances de vingar em uma primeira tentativa
era baixa. Nisso acabamos saindo mais algumas vezes, mas sempre deixando
claro que era apenas sexo e nada mais, pois sabia que se me envolvesse mais a
sério chegaria na conversa que estamos tendo agora. Depois de quinze dias após a
inseminação, fiz o exame que deu positivo, mesmo já bem envolvida com você,
resolvi me afastar, pois não sabia o que sentia ainda, percebia que estava gostando
do que estávamos tendo, me sentia muito atraída por você, me interessando cada
vez mais.
Talvez justamente por isso, achei melhor cortar o mal pela raiz antes que
ficasse mais difícil terminar, não queria envolver você em uma decisão que
apenas eu havia tomado, não achava justo. Depois você já sabe, ficamos
separados algumas semanas, mas senti muito a sua falta, e quando voltamos,
estava disposta a te contar a verdade, deixando que você decidisse se gostaria de
ficar comigo e com meu filho, mas tinha medo de te perder ao contar.
Não me arrependo da decisão que tomei, era um sonho meu e fiz o que achei
ser correto no momento, mas também não queria te perder, com isso fiquei
enrolando por receio.
Quando resolvi te contar, escolhi que seria no domingo após deixarmos Gui,
só que fiquei enciumada em ver sua ex dando em cima de você, interpretei tudo
errado a maneira como ficou, como se ainda gostasse dela, e com isso, minhas
inseguranças voltaram com toda força, a falta de confiança em alguém,
consequentemente desisti de te contar, pois resolvi naquele instante em terminar
tudo novamente, com medo de amanhã você terminar tudo comigo para voltar
com ela. Não me leve a mal, mas demorei onze anos pra conseguir entregar meu
coração a alguém de novo, se isso acontecer, não vou conseguir me levantar, não
mais em relação a isso pelo menos. Depois de você me contar toda a sua história,
acabei me esquecendo do que ia falar, pois fiquei chocada com o que passou,
também porque começamos a ficar juntos, com isso quando me recordei que não
havia te contado, decidi contar no próximo final de semana, pois teríamos mais
tempo para lhe explicar tudo com calma.
Paro para refletir sobre toda a história que Kat acabou de me dizer, se disser
que não me decepcionei com o fato de não ser o pai do bebê estou mentindo, mas
também me sinto aliviado em saber que não ficou com mais ninguém além de
mim, pelo menos foi isso que entendi, mas resolvo esclarecer.
— Então, você não saiu com mais ninguém além de mim, desde que
começamos a ficar? — encontro seu olhar lacrimejado.
— Não, desde que conheci você, nunca mais houve ninguém. — diz olhando
em meus olhos, me passando a confiança que precisava, soltando o ar que nem
havia percebido estar prendendo.
Ela alcança os envelopes que estavam em seu lado, retirando algumas folhas
de dentro, me entregando para ler.
— Veja, não estou mentindo, aí está toda a documentação para a
inseminação que fiz para engravidar.
Dou uma olhada por cima dos documentos, vendo que de fato explica o
procedimento, a data agendada, a assinatura do médico e dela entre outras
informações necessárias.
— Não havia necessidade de me mostrar isso, acreditei no que me disse.
Vejo suspirar visivelmente aliviada, abrindo um sorrindo e se aproximando
um pouco mais de mim.
— Olha, sei que você perdeu a confiança nas pessoas por causa do que
passou, também perdi, antes de você chegar, eu apenas vivia um dia de cada vez,
sem me permitir ser feliz novamente. Mas você fez reacender a chama do amor
que havia se apagado dentro de mim, e consegui mesmo sem perceber voltar a
confiar e a querer viver em uma relação novamente, algo que já havia perdido a
esperança. — Suspira limpando uma lágrima que escapa de seus olhos.
— Kat, eu... — tento falar mas ela me corta levantando as mãos para deixa-
la terminar.
— Eu sei que é muita coisa para assimilar e não é uma decisão que precise
tomar hoje, mas eu te amo — dá de ombros, com um sorriso nervoso no rosto —
não sei como, nem quando aconteceu, mas sei que hoje não consigo mais
imaginar minha vida sem você, se puder me perdoar por não ter lhe contado, e
caso sinta um pouco do que sinto por você, aceitando, eu e meu filho juntos em
sua vida. Se quiser arriscar no que pode dar isso que temos tido, gostaria de tentar
o namoro que você havia me pedido anteriormente.
Sinto meu coração se aquecer com a linda declaração que acabei de escutar,
parecendo música aos meus ouvidos, não conseguindo acreditar que Kat disse me
amar.
Não estava em meus planos me apaixonar, nem ter um filho agora, mas
nunca me senti tão feliz como estou, quando estou ao seu lado.
E isso é o suficiente para tomar a decisão que pensei ser difícil, quando saí
de casa mais cedo.
CAPÍTULO 40
Após acalmarmos nossos ânimos, Derik acaricia meus cabelos dizendo com
seu jeito zombeteiro.
— Deveria ter deixado para vir aqui amanhã.
Olho para ele desacreditada com o que acabou de dizer.
— Como é que é? Ia me deixar sofrendo por mais um dia inteiro?
Ri da minha cara manhosa, esclarecendo.
— Acontece, que se tivesse vindo amanhã que é sexta-feira, poderíamos
fazer uma viagem rápida no final de semana só nós dois para comemorarmos
nossa reconciliação e noivado, afinal nunca fizemos isso. Até podemos fazer isso
ainda, mas seria mais gostoso, fazer direto.
Uma ideia surge de repente em minha cabeça, expondo a ele.
— E o que impede de fazermos direto de nossa reconciliação?
Derik me olha desconfiado, pois sabe que eu não sou de faltar em serviço.
— Por que temos que trabalhar, ou você está disposta a dar um cano no
serviço amanhã? Porque não vejo problemas em deixar as coisas na mão de
Marcos por apenas um dia.
Sorrio, imaginando que Marcos vai me matar a qualquer instante com toda
dor de cabeça que dei a ele esses dias, e agora mais essa.
— E eu não vejo problema em pedir para Sofi cobrir minhas consultas de
emergência, apenas amanhã.
— Sério? — me pergunta esperançoso — vamos os avisar então?
— Só se for agora!
Me dá um selinho, se levantado indo buscar nossos celulares na sala, quando
me traz, encaminho minha mensagem no grupo para Liv já saber que eu e ele nos
entendemos enquanto Derik manda para Marcos, que consequentemente já sabe e
conta a minha irmã.
Acordamos bem cedo viajando para uma praia no litoral norte que
escolhemos.
É localizada dentro de um condomínio, como não possui grandes
movimentação nessa época do ano, nem nessa praia, nos deixará mais à vontade
para curtirmos um ao outro.
O ambiente do condomínio é uma delícia, muitas árvores espalhadas pelas
casas e ruas, abrimos as janelas do carro para sentir o cheiro da natureza, da
maresia que nos invade, me sentindo relaxar como há muito tempo não permitia
completamente.
Chegamos na casa que alugamos de um amigo de Derik, levando nossas
malas para dentro. A casa é espetacular, bem-organizada com móveis de primeira
linha, sofisticados, possui uma piscina no fundo próximo de uma área com
churrasqueira.
A suíte que iremos dormir, possui uma grande hidromassagem com uma
cama king size bem confortável, assim que a deixamos no quarto sinto os braços
do meu querido noivo me envolver por minhas costas retirando meu vestido de
uma única vez.
— Tenho outros planos antes de irmos à praia. — diz de maneira sexy em
meu ouvido.
— Acho que estou mais interessada neles. — Gemendo perante seu toque
em meus mamilos.
Pela próxima hora, esquecemos totalmente de praia, sol ou qualquer outra
coisa que não seja nosso corpo colado um ao outro.
Após nossa sessão de prazer, nos arrumamos para ir aproveitar nossa
viagem.
Ficamos próximo de um quiosque que possui espreguiçadeiras, conversando
animados aproveitando o sol que está na medida certa.
Quando resolvemos almoçar, apesar do quiosque servir almoço, Derik diz
que precisa ir ao centro comprar algo que acabou se esquecendo de trazer e já
aproveitamos para almoçar por lá em um restaurante que acredita que irei adorar.
E não estava errado, fomos em um restaurante que serve o melhor salmão
que já havia comido, quando saímos de lá, noto uma loja de biquinis me atraindo
indo dar uma olhada.
— Aproveita para ver com calma o que quer levar, que vou em uma loja
próxima daqui e já volto. — Derik diz ao entrar comigo no estabelecimento —
Qualquer coisa me liga.
— Tudo bem! — estranho não querer que vá junto, mas não insisto, olhando
com mais calma todos os lindos biquinis.
Após um tempo, Derik se aproxima com um sorriso enorme no rosto,
coincidindo de ter escolhido o que vou levar nesse instante. Quando pego minha
carteira para pagar, Derik a fecha dizendo.
— Deixa que eu pago. — Estranho seu pedido não aceitando.
— Claro que não, eu pago. — Quando vou entregar meu cartão a atendente,
que seca meu lindo noivo sem nem disfarçar, me irrita com sua falta de noção.
Derik retira meu cartão de meus dedos, entregando o dele a atendente.
— Passe no meu por favor.
Olho brava para ele, pois nunca gostei de ficar dependendo de ninguém,
trabalho para isso e tenho muito bem condições de pagar por isso.
— Derik, já tinha dito que iria pagar seu teimoso.
— Eu sei minha linda, — diz acariciando meu rosto, me fazendo derreter
com seu carinho — mas eu quero poder dar para minha noiva o que quiser, afinal
ganho muito bem pra isso.
Respiro fundo, pois não quero arranjar confusão com ele na nossa primeira
viagem, mas resolvo que depois vou conversar a respeito.
— Ok, obrigada meu lindo. — Seu sorriso se amplia com minha
demonstração de afeto.
Voltamos para a praia, aproveitando o restante do dia.
O dia seguinte passa rapidamente, Derik me fez uma surpresa alugando uma
lancha para passearmos em algumas ilhas maravilhosas da região, fazemos
mergulho, nadamos, tomamos sol, namoramos, tivemos um dia esplendido, nem
imaginando ser possível ser melhor do que já estávamos tendo.
Ele já havia me informado que tinha feito uma reserva para nós em um
restaurante para jantarmos, para eu levar uma roupa para me arrumar na suíte da
lancha e foi o que fiz.
Quando o dia estava acabando, fomos tomar banho juntos fazendo amor
novamente na linda suíte que havia, aproveitando para descansarmos um pouco
além de aproveitarmos um ao outro.
Faltando quase uma hora para o jantar, vou me arrumar empolgadíssima pois
quero ficar linda para meu noivo.
Fico feliz por ter trazido alguns vestidos para uma possível ocasião como
está, escolho um vermelho vivo justo com as costas nua, que Derik ainda não me
viu usar. Faço uma maquiagem destacando meus olhos, junto de um batom nude,
enrolando as pontas do meu cabelo com uma chapinha dando um toque especial.
Quando estou pronta, sinto meu coração disparar em ansiedade para que
Derik goste.
Visto minha sandália preto salto doze, subindo para encontrar Derik na parte
de cima da lancha, como não o vejo no quarto.
Me aproximo sem que perceba, vendo o admirar as estrelas pensativo.
Observo sua beleza com seu semblante sereno, Derik usa uma calça de sarja bege
— que lhe cai muito bem por sinal — uma camisa azul marinho, destacando seus
lindos olhos azuis, um sapato escuro combinando. Após alguns segundos
apreciando o lindo homem por quem tive a sorte de me apaixonar e ser
correspondida, ele me vê.
Seus olhos passeiam por meu corpo, dos pés à cabeça, sentindo meu rosto
corar com o olhar de desejo que queima em seus olhos, ele se aproxima com as
mãos em seu bolso lateral devagar, como um caçador que se aproxima de sua
presa, dizendo.
— Quando penso que você não pode me surpreender, percebo que estou
errado, — puxa minhas mãos as acariciando — você está ainda mais linda, se é
que isso seja possível.
Sinto um alívio invadir meu peito, por ter gostado tanto do modo que me
arrumei.
— Você também está maravilhoso! — Seus olhos brilham com meu elogio,
se aproxima me dando um beijo calmo, mostrando seu amor e carinho por meio
dele.
Poucos minutos depois, chegamos ao restaurante, a hostess nos guia até
nossa mesa.
Escolhemos nossa bebida, eu sem álcool, claro, e Derik uma taça de vinho.
Fazemos o pedido do nosso prato, apreciando a vista que o restaurante nos
permite do céu estrelado e o mar a nossa frente, com uma música ambiente super
agradável.
Comemos em um clima super agradável, Derik me pergunta como estou me
sentindo com a gravidez, como não me vê reclamando de enjoo, nem dores. O
que de fato é um ótimo sinal, pois não tenho tido problemas até o momento.
Conversamos sobre os possíveis nomes, me deixando ainda mais animada
por seu interesse em minha gestação, dou as sugestões que pensei e peço para
pensar a respeito também para decidirmos juntos, percebo que meu comentário o
agrada por seu sorriso de satisfação surgir quando dou a sugestão.
Quando terminamos de jantar, o gerente nos informa que ganhamos uma
sobremesa e irá providenciar, já ia pedir o cardápio para dar uma olhada, mas
resolvo aguardar a sobremesa chegar para pedir outra. se houver ainda essa
necessidade.
Enquanto aguardamos a sobremesa, Derik me abraça me puxando para
próxima dele, sinto seu perfume agradável despertando meu desejo.
Não sei se são os hormônios, ou apenas sua presença, não nunca me senti tão
fogosa como tenho estado desde que o conheci, e isso parece nunca ser suficiente.
Inclino meu rosto, o beijando, enquanto acaricia meus cabelos e eu seu
abdômen perfeito.
Pouco tempo depois, o garçom traz nossa sobremesa, me deixando com
água na boca ao ver o Petit gateou que parece estar delicioso.
Derik de repente parece ficar ansioso, talvez preocupado, não sei se é coisa
de minha cabeça, mas resolvo esperar para ver se melhora antes de perguntar o
que houve.
Dou uma colher a ele para comermos, mas diz.
— Pode comer você primeiro, depois dou uma colherada. — Olho intrigada
a ele — Você que é a prioridade aqui. — diz rindo.
— Se o gosto tiver igual a cara, vamos ter que pedir outro desse jeito. —
Não resisto mais cortando com a colher o bolo recheado de chocolate, enquanto
explode o vulcão de chocolate derretido, fazendo meu desejo em comer aumentar
ainda mais.
Quando vou cortar um pedaço do bolo para comer, tenho a impressão de ver
algo brilhando no meio do chocolate, coloco a colher sobre ele cutucando,
percebendo ser duro, puxo com cuidado o afastando do chocolate para olhar
melhor, até que meu coração dispara quando meus olhos vê uma pedra reluzente
brilhar.
Coloco a mão na boca surpresa com que meus olhos frisam, me viro para
Derik, vendo seu olhar avaliando minha reação visivelmente ansioso.
— Meu Deus... — volto meu olhar para o doce, sentindo meus olhos
lacrimejarem, afasto totalmente o anel com a colher.
Derik toma um papel em nossa mesa, retirando o anel do prato e o limpando
com cuidado, após limpo se vira para mim limpando a garganta.
— Kat, minha linda, agora oficialmente, você me daria a honra de se tornar a
minha esposa e de ser o pai do bebê que está carregando?
Não consigo segurar mais minhas lágrimas, que escorrem rapidamente por
meu rosto ao olhar o lindo anel de ouro branco com pedra de diamante na cor
esmeralda, do mesmo tom de meus olhos, que me oferece. Vejo seu olhar
apreensivo por uma resposta, até respondo com a voz rouca por causa do choro
entalado em minha garganta.
— Sim, meu amor. — Seguro seu lindo rosto o beijando por todos os lados.
— Mil vezes sim...
CAPÍTULO 41
4 meses depois.
Finalmente chegou o grande dia, estou me sentindo nas nuvens por enfim
realizar meu sonho em formar minha família.
O cabelereiro já terminou de arrumar meus cabelos, escolhi um penteado
pouco preso na frente e totalmente solto atrás com leves cachos presos com um
arranjo com strass descendo da metade da cabeça até a nuca, com algumas pontas
soltas na frente e laterais do penteado.
Na maquiagem pedi algo não muito carregado como o casamento será no
final do dia, destacando meus olhos com um esfumaçado junto de brilho, um
delineado destacando o verde de meus olhos, e o batom em um tom nude rose.
Coloco os acessórios necessários com a ajuda de Bárbara, para finalizar com
meu vestido. Seu tecido é leve, estilo voal, com alças não muito grossas, sem
decote, mas justo nos seios, abaixo deles um cinto de strass marcando minha
grande barriga que está próximo dos sete meses, sendo mais solto até os pés com
um corte dá minha coxa em diante na perna esquerda ficando mais sexy. Lindo,
simples e confortável da maneira que gosto.
Assim que fico pronta, sinto meu coração disparar em ansiedade com o
grande momento chegando.
— Você está maravilhosa maninha! — Bárbara diz emocionada.
— Não vai chorar, porque senão também vou e não quero parecer uma noiva
cadáver. — Falo brincando, porque obviamente minha maquiagem é a prova
d’água.
— Preparada? — diz me abraçando se controlando para não chorar.
— Com certeza! — digo sorrindo radiante.
Nesse momento, minha mãe entra no quarto emocionada ao me ver pronta,
junto do meu pai vendo seus olhos lacrimejarem, apesar de tentar disfarçar.
Sinto nesse momento Gaby chutar, o que sempre me faz sorrir com a
sensação em sentir. Sim, Derik acertou com seu instinto melhor do que eu, vê se
pode isso!
Meu coração aquece ao lembrar em como tem agido desde que resolvemos
ficar juntos e nos casar, apesar de não ter procurado ser pai, já está sendo um pai e
tanto, sempre preocupado comigo e com nossa bebê, fazendo minhas vontades,
até quando comento algo sem muita vontade, faz questão de ir atrás comprar para
me agradar independente do horário que for. Tem arrumado todos os detalhes ele
mesmo do quartinho dela, pois diz ser um prazer poder fazer isso, como pintar,
montar o berço, sempre compra algum presentinho para colocar de enfeite no
quartinho. As vezes parece até estar mais empolgado do que eu.
Não poderia ter escolhido alguém melhor para dividir esse momento tão
importante comigo.
Gui também está todo animado em ter uma irmãzinha, diz que irá ajudar a
cuidar dela, ao ponto de ter pedido para Derik para ficar mais tempo conosco.
Adoramos a ideia, tanto que meu noivo, pediu a guarda compartilhada ao juiz
para ficarmos mais tempo junto dele, o que para nossa alegria foi concedido pela
justiça, claro, que não agradou muito sua mãe, mas quando ela pede para o ver e
passar o dia com ele, Derik permite, pois ele pode precisar também quando
estiver nos dias dela, é melhor termos um bom relacionamento para evitar
problemas futuros.
O quarto dele também está pronto do jeitinho que pediu.
Ficamos em minha casa mesmo, afinal é um bom lugar, espaçoso,
condomínio organizado e perto de onde trabalhamos.
Na mesma semana que tive aquela conversa com Gustavo, conheci
finalmente a família do meu querido noivo, adorei seus pais e até mesmo seu
irmão que me tratou muito bem.
Derik e ele aos poucos tem se reaproximado, deixando as mágoas no
passado, que é onde devem ficar. Sempre tem conversado por telefone, e como os
dois moram hoje em São Paulo, as vezes vem nos visitar. E antes que pense que
Alice também se aproximou de nós a esse ponto, não, Anthony descobriu que ela
o estava traindo, além de ter percebido que ainda se insinuava ao meu futuro
marido, sendo o que precisava para colocar um fim em seu relacionamento com
ela.
Bárbara de repente me tira do meu devaneio.
— Maninha, vou descendo para entrarmos, seu noivo está uma pilha de
nervos, achando que está demorando demais. — diz rindo do nervoso de Derik.
— Certo, maninha! Vão indo.
Me abraça mais uma vez, seguida de minha mãe, indo em direção ao local da
cerimônia, me deixando apenas com meu pai.
— Você é a noiva mais linda que já vi minha filha, voltou a brilhar de alegria
e não sabe o quanto fico feliz em ver isso, depois de tantos anos que estava com
seu brilho apagado, é por isso que me sinto em paz em te entregar a Derik, pois
vejo o bem que te fez.
Suas palavras me emocionam, não conseguindo segurar uma lágrima que
escorre por meu rosto.
— Mas não chora filhota, hoje é o seu grande dia, o início do seu feliz para
sempre!
— Ai paizinho... — falo emocionada o abraçando — obrigada por ser o
melhor pai do mundo!
Ouço meu pai fungando, se segurando para não chorar, mas não
conseguindo.
A cerimonialista bate na porta nos despertando para o grande momento.
— Vamos indo? Os padrinhos e o noivo já entraram.
Sorrio para ela, meu pai limpa seu rosto oferecendo seu braço para segurar,
que o aceito de bom grado. Dou lhe um beijo no rosto, dizendo.
— Vamos!
E assim seguimos para o grande amor da minha vida.
A marcha nupcial começa a tocar, indicado minha chegada enquanto
caminho devagar para o local de minha entrada, quando paro no início do
corredor, começa a tocar a música escolhida, que acredito dizer o que sentimos
um pelo outro.
Com música ao vivo e uma cantora, tocando enquanto entro devagar,
olhando diretamente para o homem mais lindo que já conheci, emocionado com a
surpresa que faço para ele.
A voz da cantora canta “No meu coração você sempre vai estar” do filme
Tarzan.
Percebo Derik limpando algumas lágrimas que escorrem por seus olhos sem
se importar com quem vê, consigo sentir em seu olhar o amor que sente por mim,
me emocionando ainda mais.
Meu pai entrega minha mão a ele, dizendo em seu ouvido conforme o abraça
“cuida bem dela hein”, me fazendo sorrir com seu jeito protetor, enquanto Derik
responde emocionado, “com toda a certeza, cuidarei com minha vida, dela e de
minha filha!”.
O juiz de paz junto do celebrante do casamento, iniciam nossa cerimônia,
mas mal presto atenção no que dizem apenas admirando o homem maravilhoso ao
meu lado.
Poucos minutos depois nós estamos casados, quando enfim o celebrante diz.
— Pode beijar a noiva!
Derik se aproxima dando o beijo que tanto amo selando o início de uma
grande vida juntos.
Nossos pais primeiramente nos cumprimentam, depois nossos queridos
padrinhos Bárbara e Marcos, Sofi junto de Anthony — que por sinal ficaram
lindos juntos — e Liv junto de Vini, o que é outra história a ser contada.
Curtimos a festa até o sol raiar, com muita dança e bebidas para quem bebe.
No dia seguinte viajamos para Maldivas, como tenho tido uma gravidez
tranquila o médico autorizou desde que prometesse tomar cuidado não me
excedendo muito para não correr o risco de Gaby nascer por lá mesmo.
Aproveitamos cada momento juntos em nossa lua de mel, fazendo amor,
conhecendo novos lugares, curtindo um ao outro como senão houvesse amanhã,
nunca tendo sido tão feliz como agora.
Assim que emergimos da água que estamos mergulhando, abraço o meu
lindo marido, vendo o quanto a cor de seus olhos, se parecem com a água que
estamos nadando, admirando ainda mais sua beleza esplêndida, me declarando a
ele.
— Obrigada por ter aparecido em minha vida e por me fazer a mulher mais
feliz desse mundo. Te amo meu deus grego.
— Obrigado você minha linda, por ter me ensinado a amar e mostrar que
antes de você chegar no meu caminho, eu não conhecia o que era felicidade.
Em pensar que tudo começou graças aos jogos que o destino fez conosco,
criando diversas possibilidades de encontro entre nós, desde um acidente em um
restaurante, uma ida a balada e até um jantar que minha irmã me obrigou a ir.
Levanto meu rosto para o lindo céu anil agradecendo ao destino por intervir
em nossas vidas.
Derik aproxima seus lábios dos meus, me beijando como se fosse a primeira
vez, transbordando meu coração de alegria.
BÔNUS
Um ano se passou desde que Kat e eu nos casamos, e temos vivido uma
grande lua de mel.
Claro que nem tudo são flores, com a chega da princesinha Gaby ficamos
muitas noites sem dormir, — não no bom sentido — quando as cólicas surgiram,
o cansaço bateu, mas sempre fazendo o possível para ajudar Kat para não a
sobrecarregar.
Mas mesmo com toda a correria e cansaço, nunca fomos tão felizes, nossa
princesinha é linda, tão parecida com a mãe que já faço planos em um futuro
próximo de comprar uma espingarda para espantar os meninos de perto dela,
loirinha de cabelos lisos com os olhos cor de esmeraldas, tão linda.
Assim que nasceu, fiz questão de ficar algumas semanas de férias, para
ajudar o máximo que pudesse minha linda esposa, pois sim, Kat continua linda,
seu corpo já voltou ao normal há um tempo, mas ficou com mais curvas ainda do
que antes, o que adorei por sinal.
Nós dois continuamos com o mesmo fogo de antes, o que foi uma tortura na
fase da quarentena quando não podíamos transar, mas deu tudo certo.
Hoje Kat resolveu fazer um jantar especial para nós três, mesmo não sendo
uma data comemorativa, já comemoramos nosso primeiro ano de casados há um
mês, deixando nossa princesinha com seus pais para passarmos a noite juntos, o
que foi uma delícia, sinto meu pau despertar apenas em recordar de tudo que
fizemos naquela noite, já sentindo vontade de repetir.
Kat fez uma lasanha de beringela para jantarmos, e legumes refogado com
frango assado para Gaby como ainda não pode comer qualquer coisa.
Seguro minha filha que está gargalhando com as cócegas que faço nela,
enquanto Gui também faz graça ao ver sua irmãzinha rir de suas palhaçadas.
Assim que sentamos a mesa, coloco Gaby em sua cadeirinha, enquanto Gui
se senta ao seu lado, protetor como sempre, com uma caixa em suas mãos.
Jantamos animados, conversando, brincando com Gaby enquanto Kat dá sua
papinha para ela.
Quando terminamos o jantar, Kat olha para Gui acenando a ele, me
questionando o que os dois estão aprontando.
Gui olha para mim, estendendo para mim a caixa que estava em seu colo.
— Papai pra você!
— Ual, presente pra mim fora de época. — Digo surpreso. — O que vocês
estão aprontando hein?!
Vou soltando o laço que prende a caixa pequena em minhas mãos, retirando
a tampa que a fecha, enquanto Kat se remexe inquieta na cadeira.
Quando meus olhos, descem para a caixinha descoberta, fico desacreditado
com o que vejo.
Dois sapatinhos de crochê amarelo para bebês, com um cartãozinho em
cima, dizendo.
Parabéns, você será papai de novo! =D
Olho para Kat, visivelmente apreensiva, sentindo meus olhos lacrimejarem,
limpando a garganta para perguntar.
— Sério isso? Vamos ter um bebê?
Ela assente com um leve sorriso no rosto, buscando saber como fiquei com a
novidade.
Me levanto da cadeira, a puxando para meus braços a abraçando, seguro seu
rosto em minhas mãos a beijando com todo meu amor, por me proporcionar mais
essa alegria em me dar mais um filho, sendo esse fruto de nosso amor.
As lágrimas escorrem pelo rosto de minha esposa, quando me ajoelho em
frente à minha esposa, trazendo para perto de mim beijando sua barriga ainda
reta, dizendo emocionado.
— Seja bem-vindo a família meu filho, papai já te ama muito!
Gui se levanta vindo correndo até nós, nos abraçando por ter entendido o que
está acontecendo, enquanto ouvimos Gaby batendo palminhas dando risada com a
cena em sua frente, mesmo sem entender, nos fazendo rir.
Quando pensava que não poderia ser mais feliz, descubro que mais uma vez
estava errado.
[1]na França, forma de tratamento que antecede ger. o sobrenome de um
homem, podendo tb. anteceder à função por ele exercida; senhor.
Agradeço primeiramente a Deus, por ter me permitido finalizar esse trabalho
tão importante para mim, e por me fazer acreditar que mesmo em meio as lutas,
nunca podemos deixar de acreditar que iremos alcançar a vitória.
Ao meu marido, por ter me incentivado e acreditado mais em mim, do que
muitas vezes eu mesma acreditei, pelo amor e paciência comigo ao longo dessa
jornada. Sem você não teria conseguido.
Aos meus pais por sempre me incentivar a correr atrás dos meus sonhos, por
mais difíceis que parecessem em alcançar.
A minha família, que acreditou em meu potencial me apoiando a seguir em
frente, em meio a muitas críticas, sempre me encorajando a continuar não
ouvindo as palavras negativas que tentam nos desanimar no meio do caminho.
As minhas leitoras betas e também grandes amigas, que leram em primeira
mão minha estória, me mostrando que estava no caminho certo, quando a
insegurança tentava me desanimar. Vocês foram essenciais para chegar até aqui.
A minha revisora, pelas dicas e por ter acreditado nela.
E aos meus queridos leitores, nada disso seria possível sem vocês, obrigada
por fazerem parte de minha empreitada, espero ter conseguido trazer um pouco de
alívio em meio a um momento tão difícil que temos vivido. Pois da mesma
maneira que muitas vezes outras estórias me ajudaram a espairecer, assim
também espero ajudar a todos vocês que caminham junto de mim nessa nova fase.
Meu muito obrigada a todos!
Não esquece de avaliar no final do livro, deixe seu comentário, sua avaliação
é muito importante para o desenvolvimento do meu trabalho.
Caso queira enviar algum comentário, sugestão ou críticas segue meus
contatos: