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Antes de começarmos, tem algumas coisas que você deve saber sobre esse
lugar.
Agora que você sabe o básico sobre os Hamptons, você já está pronto para
ouvir sobre o dia que foi importante para o começo dessa história.
Foi um dia importante porque, além dos Tigers terem ganhado a final do futebol
americano no campo da Hamptons High, foi um dia onde algumas coisas
começaram e acabaram para Louis Tomlinson.
Que os dois eram opostos, todo mundo já sabia. Mas Louis conseguiu
conquistar não só Tyler, como todo o time de futebol e todo o colégio com o
seu jeito. Ser reconhecido nos corredores era inevitável, já que ele passou de
ajudante da biblioteca para o simpático namorado de Tyler Jones. Mas Louis
sempre foi humilde e gentil, namorar com Jones era apenas um bônus, pelo
menos pra ele.
Nos primeiros três meses era tudo perfeito. Os dois estavam realmente
apaixonados e as coisas estavam dando certo, até não darem mais. Como já
era de se esperar, o namoro foi se desgastando e as diferenças entre os dois
foram ficando cada vez mais gritantes.
A verdade é que Louis odiava ter que ir pra os treinos e andar com a jaqueta do
time só pra agradar o namorado, ele odiava o jeito como Tyler o mostrava pra
os amigos do time como se fosse um troféu, ele odiava sentar com Tyler na
mesa do almoço e ficar longe de Niall e Zayn. E por ultimo, mas não menos
importante, ele odiava, com todas as suas forças, futebol americano.
E é claro que Tyler Jones nunca percebeu isso. O garoto estava mais ocupado
em tirar notas boas, treinar 5 horas por dia e ir pra academia 5 vezes por
semana. Ele era lindo demais, gostoso demais e perfeito demais. Ao contrário
de Louis, que tinha vários D's em seu boletim, não fazia uma atividade física e
comia pizza toda semana.
– Cansado? Você não vai pra festa na casa do Styles quando sair daqui? –
Horan estava quase desacreditado mas entendeu tudo no momento em que
Louis respondeu.
Então Louis sorriu pra Niall, porque Niall o entendia e Niall o fazia se sentir
bem. Quando voltou a olhar pro campo, procurou Tyler em meio aquelas
pessoas pra ver se o garoto estava sorrindo e apontando pra ele como em
todas as outras vezes que um jogo acabava, mas não o encontrou. Outros
olhos estavam fixados em Louis, olhos conhecidos, bonitos e verdes.
– Vou procurar o Tyler. – Louis desviou o olhar, voltando a encarar Niall. – Vejo
você na festa?
– Yep, vou passar na casa do Zayn pra buscar ele e depois chegamos lá.
Tomlinson sorriu se despedindo e indo em direção ao campo, esbarrando em
algumas pessoas durante o caminho e quando finalmente chegou perto do
time, uma voz gritou seu nome no meio de todo aquele barulho.
– Você não vai acreditar na notícia que a gente recebeu quando acabou o jogo.
– Ele disse o abraçando com força em seguida. – Os olheiros gostaram muito
da gente, Louis, eles disseram que três de nós se destacaram, e que esses
três iam ganhar uma bolsa na NYU no final do semestre que vem!
– Eu, Tyler e Harry! – Ele sorriu com todos os dentes e os olhos brilhando. –
Nós conseguimos, Lou!
– Você está brincando, porra! – Louis quase gritou com um sorriso gigante no
rosto e o abraçando de novo. – Meu Deus, cadê o Tyler? Eu preciso falar com
ele, eu-
– Ele foi correndo pro vestiário tomar banho, vai lá.
Então Louis o parabenizou pela última vez antes de sair correndo pro vestiário
com o coração quase explodindo de alegria. Ele reconhecia o quanto Tyler
trabalhou duro pra isso, e o ver conquistando esse sonho era gratificante. Mas
foi ao chegar no vestiário escuro e silencioso que Louis presenciou uma das
cenas mais humilhantes e nojentas que ele já viu em toda sua vida.
Ele não sabe ao certo o que passou pela sua cabeça naquele momento, a
única coisa que fez foi colocar a mão na boca em surpresa e tentar sair
daquele lugar o mais rápido possível.
Quando já estava fora do vestiário, andando em choque sem saber direito pra
onde ir ou o que fazer, um ombro nú e forte esbarrou no seu, e ele acordou por
um momento.
Louis já teve uma queda por Styles há algum tempo atrás, já que eles tinham
aula de biologia juntos, mas como a maioria dos garotos populares, Harry não
notava garotos como Louis. Quando começou a namorar com Tyler, Tomlinson
achava que ia ser amigo de Styles assim como virou amigo do resto do time,
mas de uma maneira estranha, o garoto dos olhos verdes era o único que não
tinha nenhum tipo de relação com Louis e eles nunca tiveram uma conversa
além de "Ei, Styles, qual a resposta da sétima questão?" no meio do teste de
biologia com a resposta "Glândulas salivares, porra".
Então o próprio Louis havia chegado a conclusão que o garoto era meio
estranho. Porque Louis já se pegou várias vezes encarando ele e observando
seu jeito simpático, sorrindo pra todo mundo e dando vários beijos e as vezes,
ele mesmo já reparou que Styles o encarava de um jeito diferente, com as
sobrancelhas franzidas analisando seu rosto de um jeito indiscreto demais pro
seu gosto. Ou é isso, ou é tudo coisa da cabeça de Louis.
– Oi, tudo bem. – Tomlinson falou baixo, meio perdido, sem olhar os olhos de
Styles, enquanto voltava a andar rápido pra longe dali, completamente abalado
com o que tinha acabado de ver.
Mas foi quando Tyler estacionou o carro na casa de Styles para a festa, que
Louis conseguiu falar de verdade.
– Tyler, eu acho que a gente precisa conversar. – A voz de Louis saiu rude
assim que Jones estacionou o seu carro.
– Podemos fazer isso depois? – O moreno disse com uma pequena careta no
rosto, sorrindo em seguida. – Eu sei que quando você começa com isso de
querer conversar do nada é porque tem algum problema. Mas eu tô feliz
demais, Lou. Acabei de jogar a melhor partida da minha vida e ganhar a
confirmação da minha bolsa em New York no próximo semestre. Podemos
comemorar hoje e deixar a conversa pra amanhã, por favor?
Louis estava pronto para dar um tapa na cara dele. O garoto respirou fundo
provavelmente umas três vezes e contou até 10 pra não perder a paciência.
Ele não ia fazer isso. Ele não ia dizer que viu Tyler com Jessica no vestiário,
ele não ia assumir que foi traído. Louis era orgulhoso demais pra se quer tocar
nesse assunto com alguém.
– Eu estou terminando com você, Jones. - Então ele bateu a porta do carro e
saiu pra bem longe de Tyler Jones, sem olhar pra trás.
✧Two
Louis se sentiu um pouco melhor quando percebeu que Tyler não veio atrás
dele.
Entrou na festa com as mãos no bolso e sem conseguir não observar cada
detalhe daquela enorme casa com todas as paredes de vidro e móveis
escuros, tecnológica e aconchegante ao mesmo tempo. Algumas pessoas
estavam conversando ali enquanto a maioria estava no quintal que, para a
surpresa de Louis, era a praia.
Os moradores dos Hamptons eram ricos em sua grande maioria, mas Louis
nunca viu nada daquele tipo. Ele sabia que a maior classe morava na beira da
praia e ele ja ouviu alguns comentários sobre a família Styles mas ele nunca
imaginou que fosse daquele jeito.
Estava meio perdido olhando ao redor e nem percebeu Zayn Malik andando
rápido em sua direção.
– Que bom que você está aqui. – O moreno suspirou aliviado, dando um
abraço rápido em Louis e entregando um copo em sua mão. – Onde está
Tyler? O time todo está procurando ele pra tirar a foto, estou atrás de vocês
dois há meia hora. Por que não estava atendendo seu celular? Vocês estavam
transando?
– E-eu não... O quê? Não... – Ele disse confuso sentindo um indício de dor de
cabeça, respirando fundo e massageando as têmporas.
– Você tá meio pálido, o que houve? Você tá bem? – Ele finalmente perguntou,
falando rápido como de costume e olhando Louis com preocupação em
seguida. – Tá tudo bem?
– Aconteceu alguma coisa, Lou? Onde está o Tyler? – Louis não precisou
responder para Zayn entender o que estava acontecendo, o moreno apenas
respirou fundo deixando seu alvoroço um pouco de lado e ficando sério no
mesmo momento. – Quer conversar sobre isso?
– Na verdade, não. – Riu sem vontade alguma, passando a mão pelo cabelo
em seguida. – Não hoje. Amanhã eu te falo tudo. Eu quero esquecer tudo, só
por essa noite.
Liam não era esse babaca e Louis sabia disso. Mas Louis também sabia que
Payne tinha uma implicância estranha com o moreno, que começou do nada e
nunca mais parou. Que eles se odiavam não era novidade pra ninguém, a
pergunta que todos tinham era como essa história tinha começado e porquê.
– Eu não preciso ficar repetindo isso pra mim mesmo, querido, você já fez isso
por mim noite passada, esqueceu?
Desceu as escadas do terraço sentindo em seguida o chão mais fofo em seus pés e a
brisa do mar batendo em seu rosto, bagunçando seus cabelos. Andou um pouco pela
praia até que viu um tronco de árvore deitado propositalmente na areia e lá mesmo
ele sentou de frente pro mar, observando as ondas indo e voltando na noite escura
daquela sexta feira. Olhou pra casa de Styles e agora estava afastada dele e conseguiu
ver
Niall conversando com uma das líderes de torcida animadamente na beira da praia e
ele riu ao ver a cena porque a garota se curvava para frente segurando a barriga e com
lágrimas nos olhos ao rir de algo que Horan falava e Louis só conseguia pensar no
quanto o seu amigo era bom naquilo.
Niall sempre foi o mais popular entre ele e Zayn, sempre fez amigos em qualquer lugar
que fosse e as pessoas realmente choravam de rir em cinco minutos conversando com
o loiro e Louis queria ser assim. Ele sempre foi ruim em flertar ou coisas do tipo,
escondia sua timidez por trás de sarcasmo e de algum jeito aquilo chamava atenção
dos caras e das garotas.
Ele já tinha ficado com alguns caras, mas ele sempre estava bêbado todas as vezes. O
primeiro beijo sóbrio que Louis deu foi em Tyler Jones, fundo da sala escura de
Biologia enquanto todo o resto da turma estava vendo um documentário sobre o
sistema reprodutor. Uma semana depois, eles estavam namorando e Jones acabou
tirando sua virgindade algum tempo depois.
E agora que ele estava solteiro novamente, não sabia direito o que fazer. Tudo o que
passava pela cabeça dele era que provavelmente ele iria passar um bom tempo sem
beijar ou transar com alguém agora. Ele não sabia flertar, como ele iria ficar com
alguém? Nem todos os caras são como Tyler e vão se apaixonar por Louis antes
mesmo de beija-lo, agora ele teria que realmente conquistar outra pessoa e aquilo o
assustava. Ele estava realmente indo fundo nessa linha de raciocínio quando ouviu
uma voz.
– Louis Tomlinson. – Uma voz rouca e lenta atrás de si, então se virou para ver quem
era.
O que Louis não esperava era ver um par de olhos verdes e um sorriso charmoso
estampado no rosto de Harry Styles.
O garoto olhou pra trás, procurando alguém pra ter certeza de que Styles estava
realmente falando com ele, mas antes que ele pudesse falar alguma coisa, Harry deu
uma risada.
– Existe algum Louis Tomlinson além de você? - Ele perguntou sem tirar o sorrisinho de
lado e sentando ao lado de Louis. – Porque se existir, ficaria lisongeado se me
apresentasse. Mas só se ele for tão bonito quanto você, é claro.
– Eu não bebo. – A long neck em sua mão dizia o contrário, então Tomlinson bufou,
rolando os olhos. – O que você está fazendo aqui?
– O que você está fazendo aqui? – O garoto perguntou de volta, arrebitando o nariz. –
Você é o anfitrião, volte pra festa.
– Por que eu voltaria? – Louis riu franzindo levemente as sobrancelhas. Ele não era tão
chato assim, aquele só era um péssimo momento. – Você volta sozinho, eu vou ficar
aqui.
– Então eu vou ficar aqui com você. – Louis quase abriu a boca pra falar alguma
grosseria, mas Styles foi mais rápido. – Hamptons está cada ano mais perigoso, são
sete assaltos por hora, Tomlinson. Eu não vou te deixar sozinho aqui numa hora
dessas.
E Louis realmente pensou em alguma coisa pra rebater aquele argumento, mas
qualquer coisa que ele falasse parecia não ser muito relevante perto da decisão de
Styles então ele apenas deixou pra lá.
E assim eles ficaram por alguns minutos. Os dois calados encarando o mar enquanto
Harry dava longos goles em sua cerveja e levava o olhar na direção de Louis, sem
receber um de volta.
– Que rumores? – E um pequeno toque de medo tomou o corpo de Louis, porque tudo
o que ele não queria era que as pessoas soubessem que foi traído.
– Que você e o Jones acabaram? – Harry o olhou no fundo de seus olhos, mas Louis
não conseguiu segurar o olhar. – Disseram que viram ele dirigindo meio louco, e ele
não apareceu por aqui... É verdade?
– É verdade.
Ele só respondeu isso, não tinha o que falar. Ele não estava triste ou chateado, estava
com raiva de si mesmo por ter confiado em Tyler esse tempo todo, nunca imaginou
que o garoto poderia fazer uma coisa desse tipo. Nunca passou pela sua cabeça ser
traído, e minutos antes de ver aquela cena nojenta, Louis estava se sentindo mal
porque iria acabar o namoro.
Então ele evitou se quer tocar no assunto, apenas acabou tudo de uma fez por todas,
coisa que ele já devia ter feito há muito tempo.
Louis levou seus olhos ao garoto e viu que ele estava mordendo o lábio inferior, e
aquilo chamou a sua atenção. Chamou a sua atenção porque ele parou por alguns
segundos para analisar Styles, suas calças jeans pretas, sua blusa preta com as mangas
dobradas até o cotovelo e - como sempre- seu boné pra trás.
– Por que você está aqui? – Foi a única coisa que Louis conseguiu falar. – Tyler te
mandou aqui pra arrancar alguma coisa de mim ou algo do tipo? Mande ele se foder,
eu não-
– Ei, ei, ei. – Harry ficou ofendido de repente, sobrancelhas franzidas e um olhar
confuso. – O que você está falando? Eu não sou um dos capachos de Tyler e você sabe
muito bem disso. – Louis realmente sabia. – Eu só te vi aqui sozinho com essa cara de
merda e vim ajudar, não precisa ser um babaca sobre isso.
– Tanto faz. – Louis respirou fundo, esfregando a mão no rosto. – Você nunca olhou na
minha cara em todos esses meses e agora quer conversar sobre o meu término do
nada? De verdade, qual o seu problema, Styles?
Então Louis se levantou pra ir embora porque isso era tudo o que ele queria naquele
momento, e quando ele se virou, percebeu que Harry era o capitão do time de futebol,
Harry era rápido. Os dedos grandes e cheios de anéis de Styles seguraram o pulso de
Louis de uma forma delicada - totalmente ao contrário de sua aparência - o impedindo
de ir embora. O mais baixo se virou quase falando um monte de merda, mas o garoto
dos olhos verdes o interrompeu antes mesmo que ele começasse.
– Ninguém precisa ficar sabendo disso. – Louis disse baixo e rude. – Está acabado, isso
não precisa vim a tona. Seja lá o que você viu naquele vestiário, Harry, é melhor você
esquecer.
– Por que está sorrindo? – Ele realmente não queria perguntar, mas não se conteve.
– Você... – O cacheado fechou o punho na frente dos lábios para tossir levemente. –
Você me chamou de Harry.
Tomlinson sentiu alguma coisa estranha dentro de si quando viu o garoto com sorriso
discreto nos lábios, mas conseguiu disfarçar quando rolou os olhos bufando.
– E dai? Esse é ou não é seu nome? – Ele disse, voltando a se sentar na madeira e
vendo Styles sentar do seu lado.
– Ninguém nunca me chama de Harry. É estranho. – Ele fez uma pequena careta.
– Você acha? – O garoto perguntou com olhos curiosos e uma expressão divertida no
rosto, mas Louis apenas o encarou por alguns segundos antes de voltar a olhar o mar,
optando por não responder sua pergunta. – De todo jeito, é por causa do Tigers. – Ele
comentou com a voz lenta e preguiçosa enquanto brincava com a areia meio
silencioso, respirando fundo e falando em seguida. – Eu posso não ser seu amigo ou
conversar com você como o resto dos caras do time, mas, acredite ou não, eu sou uma
pessoa muito observadora. – Ele deu um pequeno sorriso, voltando a encarar Louis. –
Sei que você não quer que as pessoas saibam dessa história e sei que eu descobri o
que era pra ser um segredo seu, mas eu prometo que esse segredo vai ficar salvo
comigo. Sei também que você não pediu minha opinião, mas eu vou dar do mesmo
jeito, porque eu sou assim... Tyler Jones é um babaca. Você merece muito mais que
isso, Louis.
O garoto de olhos azuis ficou sem palavras por alguns segundos, mas ele tinha o dom
de não deixar climas desconfortáveis demais, então ele respondeu com um sorriso.
– Essa provavelmente foi a vez que eu mais ouvi sua voz em uma sentença só. – Harry
deu uma risada. – Você está me surpreendendo.
– Por favor, não fique pelado aqui. – Harry riu alto novamente e Louis sorriu, ele
gostou de ver o garoto rindo por causa dele.
"Oi."
– Impossível pra caralho. - Louis disse pausadamente e Styles desatou a rir. – Você já
tinha o meu número, isso é impossível.
– Desculpe, não quero ofender nenhum ex namorado, mas... eu não sou co-capitão, eu
sou o capitão do Tigers. – Harry deu uma piscadela e Louis, uma risada. – Tyler Jones é
um mero mortal perto de mim. Não acho que alguém vai precisar de um co-capitão
quando se tem o próprio capitão, certo, Louis?
– Fale por você. – Tomlinson respondeu meio rindo mas percebeu que o garoto o
encarava com um pequeno sorriso no rosto, olhando pra sua boca algumas vezes
então Louis apenas falou de um jeito engraçado: – Você está me paquerando?
– Quer parar? – O garoto disse sem jeito, empurrando seu ombro levemente. Sabia
que Styles estava brincando, mas aquilo o deixava envergonhado do mesmo jeito. –
Deus...
– Ah, sim... então você flerta naturalmente com todo mundo em poucos minutos de
conversa. – Disse com um sorriso, vendo o de Harry aumentar ao seu lado.
– Não, não com todo mundo. Eu sou bem seletivo, na verdade. – O garoto disse com
um sorriso ainda maior, se aquilo fosse possível. – Por isso estou aqui com você.
– Nossa, obrigado, estou realmente lisongeado. É uma honra ter a sua presença aqui,
capitão. – Louis segurou uma mão de Harry enquanto respondia com um sorriso
sarcástico no rosto, vendo Styles rir em seguida.
– Não há de quê. – O maior disse levando a pequena mão de Louis até sua boca, dando
um pequeno beijo ali sem tirar os olhos do garoto.
Louis foi pego de surpresa, olhando seu gesto por alguns longos segundos sem saber o
que falar, mas depois de um tempo com os olhares presos um no outro, Louis puxou
sua mão de volta, rolando os olhos com um sorriso nos lábios.
Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos, apenas ouvindo a música alta vindo da
casa de Styles e Louis de repente lembrou que teria que acordar cedo no outro dia
para ajudar na feira de livros da biblioteca do Hamptons High. Quando viu 02:45
estampado na tela do celular, ele respirou fundo se levantando, com Harry fazendo o
mesmo ao seu lado.
– Eu tenho que ir, amanhã de manhã tenho que ajudar na biblioteca da escola, então...
– Ele disse meio sem jeito, com as mãos no bolso vendo Harry tirar o boné, passar a
mão pelo cabelo e colocar o boné de novo.
– Tudo bem, quer que eu te leve em casa? – O garoto perguntou também sem graça e
de repente o clima entre os dois ficou um pouco desconfortável para ambos.
– Não, não precisa, eu vou voltar com Niall. – Ele disse meio nervoso, recebendo um
aceno de cabeça de Styles como resposta. – Então... Muito obrigado pela conversa,
Harry. A propósito, eu esqueci de te parabenizar pelo jogo, você foi ótimo. Liam me
disse que vocês conseguiram a bolsa...
– Eu também.
– Sim, Harry. – Ele respondeu em meio a um suspiro e com um sorriso leve no rosto
porque, sim, ele estava feliz pra caralho. – Eu estou feliz pelo Tigers, que conseguiu o
troféu, estou feliz por vocês três, que conseguiram a bolsa e estou feliz por mim, que
consegui tirar um peso das minhas costas.
Então, ainda com um sorriso no rosto, Louis se virou para ir embora, e ele deu quatro
passos antes de ouvir a voz de Harry novamente.
– Ei, Louis Tomlinson. – O garoto se virou para Styles novamente e por alguns
segundos os olhos verdes não conseguiam encarar alguma outra coisa sem ser os
azuis. E Louis achou que Harry não poderia estar sorrindo de uma forma mais linda do
que aquela. – Então hoje é um dia feliz?
Ele não queria pensar na conversa que ele teria mais tarde, por isso colocou
The Lumineers pra tocar enquanto tomava banho e em seguida fazia sua
higiene matinal. Vestiu uma calça jeans apertada e colocou um vans junto com
a blusa de auxiliar da biblioteca que ele sempre usava todas as segundas e
quartas de tarde.
Desceu as escadas da sua casa vendo sua mãe cozinhando alguma coisa e
Dan brincando com os gêmeos no chão da sala.
– Bom dia, mãe. Obrigado, mas não estou com fome. As meninas ainda estão
dormindo? – Falou enquanto pegava uma maça em cima da mesa.
– Sim, elas fizerem uma festa do pijama ontem e ficaram acordadas até tarde.
– Jay suspirou. – Você volta pro almoço?
– Yep. – Ele falou se virando pra ir embora antes de ver seus irmãos o olharem
com sorrisos no rosto. – Oi bebês, já estão acordados a essa hora? – Andou na
direção de Ernest e Doris e deu um beijo na cabeça de cada um vendo os
gêmeos falarem palavras emboladas enquanto pulavam no colo de Dan.
– Não precisa, Dan, eu vou andando. – Ele sorriu de boca fechada, indo em
direção a porta. – Tenho que ir, até mais tarde.
– You can drive all night, looking for the answers in the pouring rain, you wanna
find a peace of mind, looking for the answer...
– Sabe, eles estão vindo pra cá... – Uma voz conhecida disse distraidamente e
quando Louis olhou pro lado, lá estava Harry Styles olhando alguns livros na
prateleira.
Louis ficou alguns segundos sem saber o que fazer, até que Styles finalmente
o encarou, com um pequeno sorriso no rosto e uma sobrancelha arqueada. E
uma... blusa da biblioteca da Hamptons High.
– Desde quando você é auxiliar na biblioteca? – Foi a única coisa que Louis
conseguiu falar.
E então Louis lembrou. Lembrou do "Oi." que Harry havia o mandando na noite
interior e lembrou que ele realmente não tinha respondido.
– Eu esqueci. – Tomlinson deu de ombros tentando parecer indiferente e Harry
o encarou e sorriu em seguida, respirando fundo e passando a mão pelo
cabelo.
– Cage the Elephant. – Harry o interrompeu. – Eles estão vindo com a nova
tour pra cá. O show vai ser daqui a duas semanas.
– Você está brincando. – Ele disse pausadamente e Harry deu uma pequena
risada.
– Você não sabia? Sinceramente, em que mundo você vive, Louis Tomlinson?
Você não lê os jornais?
Ele pensou em alguns palavrões para expressar sua felicidade por sua banda
favorita estar fazendo show na sua cidade, mas algo chamou sua atenção.
– Você não?
– Bem, levando em conta que eu tenho dezessete anos e não oitenta e que
estamos no século vinte e um, não, eu não leio jornal. – Bufou, tentando olhar
pra qualquer lugar que não fosse os olhos verdes de Harry. – Você é um
velhinho disfarçado de capitão do time de futebol americano ou algo do tipo?
– Acredite, já estou muito surpreso em saber que você escuta Cage the
Elephant e não Kanye West.
– E quem disse que eu não escuto Kanye West? Você ficaria mais surpreso
ainda se soubesse o quanto eclético eu sou. – O garoto piscou enquanto
voltava a procurar mais livros nas prateleiras.
– Você já está me julgando só por ser capitão do time, usar boné pra trás e ter
supostamente mil garotas aos meus pés. – O garoto parou o que fazia para o
encarar. – Isso me faria ser burro ou ter um péssimo gosto musical? É bem
preconceituosa essa sua visão, se quer saber...
E Louis não tinha o que falar, tinha? Ele realmente falou algo estúpido e depois
da resposta de Harry, Louis só ficou lá, parado, o encarando.
E Louis sorriu enquanto via ele rindo e saindo daquele corredor até sumir de
sua vista. Ele nunca confessaria que passou alguns segundos desnecessários
olhando para o final do corredor onde Harry desaparecera, mas ele só estava
realmente feliz em ter feito um novo amigo.
A manhã se passou rapidamente e Louis estava tão ocupado com tudo que
perdeu Styles de vista e acabou indo embora sem se despedir. Ele estava
voltando pra casa, com a voz de John Lennon cantando satisfatoriamente em
seu fone de ouvido até que um carro preto estacionou ao seu lado.
– Você tem dez segundos pra aceitar uma carona. – Harry Styles disse assim
que o vidro fumê de seu Jaguar abaixou e Louis ficou apenas parado o
encarando por alguns segundos, antes de correr e entrar em seu carro com um
sorriso suspeito no rosto.
✧Four
Louis deveria saber.
Deveria saber que foi uma má idéia ter entrado naquele carro. Mas no
momento pareceu a coisa certa a se fazer, então foi exatamente o que ele fez.
Uma conversa tranquila sobre o colégio foi o suficiente para os dois estarem a
vontade quando Styles estacionou o carro em frente a uma lanchonete na beira
mar e os dois comeram hamburgers gigantes com batata frita entre risos e
mais risos sobre coisas aleatórias.
Pela casa, carro e fama de Harry, Louis realmente pensou que quando o garoto
de olhos verdes disse "vou te levar pra almoçar no melhor restaurante da
cidade" ele estava se referindo a o mais caro ou o mais chique, mas eles
terminaram em uma lanchonete simples e aconchegante que Tomlinson nunca
tinha ido antes.
Harry pagou a conta escondido enquanto Louis tinha ido no banheiro e isso
acabou gerando uma pequena discussão entre os dois que foi logo esquecida
quando um garoto tropeçou na calçada e caiu fazendo os dois simplesmente se
encararem por exatos três segundos e depois se explodirem em risadas altas e
gostosas.
E o mais louco era que Tomlinson nunca imaginou que teria um bom tempo
assim com Harry Styles, que já foi uma paixão sua no primeiro ano do ensino
médio e agora estava se tornando um amigo enquanto ele menos esperava.
– Está animado pra entrar na faculdade? – Louis perguntou olhando pro mar
enquanto eles estavam sentados em cima de uma toalha que Harry achou em
seu carro, logo depois que eles almoçaram, atravessaram a avenida e ficaram
na areia da praia vendo algumas pessoas jogando vôlei.
– Tá com frio? – O garoto perguntou e Louis pensou em negar, mas sua boca
tremeu levemente e Harry continuou antes dele responder. – Vou buscar uma
jaqueta no carro.
Quando Harry voltou, estava com um sorriso sem graça estampado no rosto.
– Eu jurei que tinha deixado outra no porta-malas, mas essa foi o única que eu
achei. – O garoto estendeu pra Louis a jaqueta do time de futebol. A jaqueta
gigante e bastante conhecida com um tigre do lado direito, dessa vez tinha
"STYLES" bordado nas costas. – Não sei porquê, mas sempre tive a impressão
que você odeia essa jaqueta.
– É meio difícil você ficar horrível com qualquer tom de qualquer cor, Louis
Tomlinson. – Então o garoto virou para encarar Harry sentado ao seu lado e
ver algum vestígio de brincadeira em sua frase, mas tudo que encontrou foi
olhos sérios o encarando de volta. – Acredite em mim.
– Garotos.
– Hm?
Oh.
Louis estava surpreso com aquela revelação mesmo tendo noção de que Harry
flertava com ele algumas (muitas) vezes, mas ele soube disfarçar.
– Então você está pretendendo fazer as pessoas pensarem que eu sou mais
um nome da sua extensa lista de garotos? – Ele perguntou de um jeito
engraçado. – Eu já deveria saber.
– Está falando isso porque você realmente tem sentimentos pela jaqueta ou só
porque tem bordado "capitão" em baixo do seu nome? – Louis mal terminou de
perguntar e Harry já estava rindo. – Ok, ok, eu já entendi... ser capitão é só um
bônus de ser Harry Styles.
– Sim, aqui. – E Harry levantou sua cabeça, mostrando uma pequena cicatriz
no seu queixo. – Apertei o freio cedo demais. E a sua?
– Bem... Chatlottie tem 16, ela tá numa fase meio rebelde então está realmente
certa em que pintar seu cabelo toda semana de uma cor diferente é a coisa
certa. Felicite tem 14 e basicamente não faz nada da vida além de assistir
seriados. Phoebe e Daisy tem 12, são gêmeas, elas falam na mesma hora,
vestem roupas iguais e acham um absurdo o fato das Mean Girls usarem rosa
toda quarta, então como protesto elas usam amarelo todo domingo porque
dizem que domingo é um dia triste e o amarelo dá um equilíbrio por ser uma
cor alegre, ou alguma merda do tipo...
Louis percebeu a maneira que Harry o encarava e não era normal. O garoto
estava com os olhos brilhando e um sorriso bobo nos lábios, realmente
interessado e prestando atenção em cada palavra que Tomlinson dizia.
– Continue.
– Tem Ernest e Doris, os mais novos. Eles só têm 1 ano, e são ruivos,
realmente lindos. E por enquanto tudo o que fazem é assistir Peppa Pig. –
Disse rindo vendo Styles rir junto a ele em seguida.
– Nossa, deve ser incrível ter vários irmãos. – O garoto comentou, levando os
olhos ao mar em sua frente. – Casa cheia e tudo mais...
– Você é filho único? – Louis perguntou com receito da sua resposta, mas
Styles apenas negou com a cabeça.
– Não, eu tenho uma irmã mais velha, Gemma. Ela tem 22, mas está morando
em New York.
– E como Gemma é? Eu gosto desse nome. Sua mãe tem muito bom gosto
com nomes. – Louis disse e Harry sorriu pra ele com covinhas fofas
aparecendo na sua bochecha.
– Gemma é... linda. Por fora e por dentro. Ela se daria muito bem com a sua
irmã Charlottie porque toda vez que eu a vejo, ela está com uma cor de cabelo
diferente. No momento é um rosa pastel. Aqui. – Então o garoto tirou a carteira
de seu bolso e a abriu, pegando uma pequena foto 3x4 de sua irmã e dando na
mão de Louis. – Ela é incrível, não é?
– Nossa, Harry, ela é linda... – Louis viu a garota com tratos delicados e um
sorriso com covinhas, extremamente parecida com Harry. – Por que você não
puxou a ela, hm?
– Porque se eu puxasse, não seria tão lindo quanto eu sou assim. – Deu uma
piscadela pra Louis vendo o garoto rir ao dar a foto na sua mão e em seguida
guardar na carteira. – Mas me conte mais sobre a sua família, o que vocês
fazem no Natal?
E então eles engataram numa conversa longa sobre histórias de festas de fim
de ano em família e assim a tarde se passou rapidamente com os dois rindo
um com o outro na areia da praia. Até que quando viram, o céu já tinha
escurecido e já estava tarde, então Harry foi deixar Louis em casa.
– Está entregue. – A voz rouca de Harry disse e Louis respirou fundo, ficando
subitamente nervoso.
– Obrigado pela tarde, Harry, foi muito legal. – Ele deu um sorriso pequeno e
Harry o acompanhou. – Sei que a hora da despedida é a mais tensa e de um
jeito estranho sempre parece que somos dois desconhecidos e que não
passamos algumas horas conversando, mas... Tenho certeza de que vamos
conseguir trabalhar melhor isso nas próximas vezes.
Louis riu alto e ele tentou segurar o riso, mas não conseguiu e acabou
acompanhando o garoto.
– Você também. – Foi o que Louis respondeu, antes de acenar e bater a porta
do carro, andando até chegar em seu terraço.
Louis deveria saber quando pegou a chave na sua bolsa e acabou percebendo
que ainda estava usando a jaqueta de Harry.
Louis deveria saber quando se virou rapidamente pra trás para devolver a
jaqueta e o carro de Harry já não estava mais lá.
E foi por isso que quando ele abriu a porta de casa e deu de cara com Tyler
Jones sentado no sofá e conversando animadamente com seus pais, ele
deveria saber.
✧Five
– Será que podemos conversar agora? – A voz rouca de Tyler fez Louis tremer
um pouco assim que ele fechou a porta do seu quarto, ficando enfim a sós com
o ex namorado.
Sim, Tomlinson tinha esquecido que Jones iria em sua casa a noite e quando
chegou em casa - vestindo a jaqueta de Harry - e encontrou o garoto lá, ele
não fez nada além de ficar uns bons segundos parado na frente da porta
encarando Jones.
– Quando eu quis conversar você não estava muito interessado, não lembra?
Porque estava feliz demais em ter ganhado a bolsa e não estava afim de lidar
com um problema naquele momento. – Foi o que Tomlinson disse enquanto se
encostava na escrivaninha com os braços cruzados e a expressão fechada.
– Lou, eu estou no escuro aqui, ok? Você terminou comigo do nada, não me
deu nenhum motivo, só saiu do carro sem olhar pra trás. – Jones disse com as
sobrancelhas franzidas e tudo o que Louis queria era dar um murro na cara
daquele garoto. – O que foi aquilo?
– Eu não preciso dar um motivo, eu só não quero mais. – Louis disse sério
dando de ombros e Tyler respirou fundo enquanto passava a mão pelo cabelo.
– Você conheceu alguém, não é? – Louis arregalou os olhos em surpresa com
aquela pergunta e quando ia responder, Jones continuou. – Eu não vejo outro
motivo de estar agindo assim agora. De umas semanas pra cá você tem sido
completamente entranho e frio comigo, acha que eu não percebi? É por isso,
não é? Você conheceu alguém? Quem é ele?
– Se o problema aqui sou eu, me diga, porra! – O moreno falou alto e Louis
pode ver seu punho fechado com força. – Não, eu não estou entendendo nada
dessa merda, então faça o favor de me explicar, Louis! Eu não consigo ver algo
ruim que eu fiz pra você, então me diga! Me diga, porque eu gostaria muito de
entender o que está acontecendo aqui.
Louis ficou em silêncio por algum tempo apenas encarando o rosto expressivo
e confuso de Tyler, antes de respirar fundo e continuar.
– Eu sempre fiz tudo por você. Fiz todas as suas vontades, fiz questão de te ter
por perto sempre, abri mão da minha vida de solteiro que eu tanto gostava,
deixei de ir pra festas pra ficar com você, deixei de sair com os caras pra ficar
com você. Eu te enxerguei quando você era ninguém, eu te amei quando
ninguém te-
E foi nesse momento que Louis pode finalmente chorar. Chorar pelos oito
meses que passou ao lado de uma pessoa que não valia a pena, chorar por ter
sido tão burro em acreditar que Jones realmente o amava quando na verdade
ele o traía.
E no meio do seu choro silencioso, sentiu seu celular vibrando no seu bolso e
quando viu a mensagem não conteve um pequeno sorriso, apesar das
lágrimas.
– Louis, esses foram todos que eu achei em casa. – Zayn disse colocando uma
pilha em cima da bancada. – Roubei alguns do escritório do meu pai mas acho
que ele não vai notar.
– Droga, Niall, eu disse pra ser forte. – Zayn falou baixo ao seu lado, voltando a
encarar Louis. – Louis, nós sabemos que você não quer falar sobre Tyler, mas
não podemos fingir que não aconteceu e seguir nossas vidas. Fazem dois dias
e você ainda não contou todos os detalhes. Quer dizer, que tipo de amigo você
é? Isso não se faz. Namoros não acabam por nenhum motivo e você sabe
disso. Então trate de superar seja lá o que aconteceu entre vocês dois e
comece a falar tudo porque somos seus amigos e temos o direito de saber. –
Zayn suspirou cansado depois que falou. – É isto.
– Não é que eu não quero falar sobre isso com vocês. Eu não quero falar sobre
isso com ninguém. – Louis respondeu sério. – O namoro não estava mais a
mesma coisa, eu não estava mais feliz. Acabou e eu estou bem agora. De
verdade. Só quero esquecer isso e seguir em frente.
Depois que os garotos foram embora, Louis recebeu mais alguns livros antes
de pegar a jaqueta de Harry em sua bolsa e sair de sua barraca.
Tomlinson foi até a barraca do garoto mas ela estava vazia, então quando
estava prestes a se virar pra sair dali, ouviu uma voz.
– Procurando alguém? – Ele sorriu antes mesmo de se virar e encontrar Harry
encarando-o.
– Você precisa parar de aparecer de surpresa. – Louis disse e Styles riu.
– Ei, é impressão minha ou a sua barraca destacou a cor dos seus olhos? – Ele
perguntou com a mão nos bolsos. – Isso foi proposital? Porque eu duvido que
alguém nesse colégio vai conseguir olhar pra qualquer outra coisa que não
sejam eles.
– Você dormiu cheirando ela, não dormiu? – Harry brincou pegando a jaqueta e
cheirando-a em seguida, dando um pequeno sorriso. – Agora tem seu cheiro
nela. Yay. Acho que nunca mais vou lava-la.
– Foi tudo bem ontem em casa? – Perguntou baixo e ficando mais sério.
– Dessa vez não foi intencional. – Styles riu, enquanto parecia se lembrar de
algo e olhava pra os lados, se aproximando mais de Louis e falando baixo,
perto de seu ouvido. – Eu acabei de ter uma idéia incrível.
– O que você-
– Vem cá. – Então Harry puxou Louis pela mão e foi andando rapidamente
enquanto Louis apenas o acompanhava sem entender nada.
– Shh, Louis Tomlinson. – Ele disse olhando pra trás para encarar Louis,
sussurrando em seguida. – Estamos prestes a cometer um crime, temos que
ser discretos.
E Louis deu uma risada baixinha enquanto via Harry balançar a cabeça
negativamente se virando pra pegar algo na pilha de livros embaixo da mesa.
– Olha o que eu tenho aqui. – Styles voltou pra Louis com um livro grande de
capa dura e extremamente antigo, então Louis se aproximou para ler o título.
– Você está louco? A pessoa que doou esse livro não o deu pra mim e sim pra
biblioteca.
– E alguém sabe disso? – Harry riu. – A pessoa entregou nas minhas mãos,
ninguém além de mim sabe sobre esse livro. Vamos lá, coloque-o na sua bolsa
e dê o fora daqui.
– Ninguém além de nós dois lê Oscar Wilde nessa escola, ninguém vai sentir
falta. – Deu de ombros. – É só um livro.
Louis engoliu em seco com medo do que poderia acontecer ali se ele
continuasse tão próximo assim de Harry, então tudo o que ele fez foi respirar
fundo antes de se afastar e colocar o livro apressadamente dentro de sua
bolsa, voltando a encarar Harry, que estava com um pequeno sorriso nos
lábios.
– Me siga. – Harry disse animado antes de levantar com Louis atrás deles e os
dois andarem apressadamente e olhando pros lados parecendo bastante
suspeitos.
– O Jaguar é pra dias frios, a Mercedes pra dias ensolarados. – Harry deu de
ombros colocando o cinto de seguranças e ligando o carro em seguida.
Louis não tinha o que falar, tinha? Ele apenas ficou encarando o garoto com a
boca aberta e sobrancelhas arqueadas e Harry segurou seu olhar sério por
alguns segundos antes de rir alto, jogando a cabeça pra trás.
– Vocês ricos com suas contas bancárias, eu não duvido de nada que vocês
são capazes de fazer. – Ele disse fazendo Styles rir novamente, acelerando o
carro quando chegou na Avenida na beira mar. – Nossa, que dia lindo.
E realmente estava.
O céu estava lindo, com nuvens espalhadas e o sol brilhando especialmente
naquele dia para Harry e Louis. O de olhos verdes dirigindo com um sorriso no
rosto só por ter o de olhos azuis sentado no banco do passageiro, com o vento
batendo fortemente em seus cabelos e bagunçando-os.
– Hoje é um dia feliz. – E Louis respondeu com um sorriso gigante aquilo que
acabou virando uma coisa entre eles.
✧Eight
No outro dia, Louis entrou no colégio com Russ tocando no seu fone de ouvido,
mochila nas costas e mãos no bolso.
Viu Harry de longe conversando com os caras do Tigers. Calça jeans preta e
blusa branca. Ele deveria estar normal, mas nunca estava. Sempre parecia que
ele estava pronto para ir a um encontro o tempo todo e Louis se perguntava as
vezes se ele se arrumava pra sair de casa com essa intenção ou se ele apenas
era um dos caras mais lindos que Louis já viu na vida mesmo.
No dia anterior Harry deixou Louis em casa cedo porque tinha que jantar com
os pais em seguida.
– Eu sempre estou bem. – Ele sorri pra o garoto. – Apenas continue com suas
respostas afiadas e seu sorriso lindo e eu sempre vou estar bem, Louis
Tomlinson.
Mas agora já era segunda feira e ele não sabia o que iria acontecer depois de
todos os acontecimentos do final de semana. Então quando entrou no colégio,
tentou evitar contato visual com todas as pessoas que o olhavam e
cochichavam enquanto ele passava. Aquela altura do campeonato toda escola
já sabia do seu término com Tyler e eles não abriam mão em ser discretos
quanto a isso. Por isso que quando Louis viu Zayn sentado em uma das mesas
do campus, andou rápido até ele soltando um suspiro de alívio.
– Oi, Lou. Bom dia. – Zayn deu um beijo estalado em sua bochecha, olhando
rapidamente ao redor e ouvindo um oi de volta. – A escola toda está olhando
pra você agora, arrume o seu cabelo.
– Zayn. – Ele riu sem vontade e o garoto sorriu de volta. – Não sei como vou
aguentar passar o dia aqui com essas pessoas olhando e sussurrando coisas
sobre mim.
– Eu sei que eu vou, mas não sei se estou preparado pra isso. Ninguém nunca
olhou pra mim antes e agora eu tenho que entrar no colégio com a cabeça
baixa porque, literalmente, todos os olhos estão sob mim. E eu odeio isso.
– Lou, namorar com Tyler Jones te dava o privilégio de não sofrer na mão
desses fofoqueiros nojentos, você sabe. Os caras respeitam ele porque
querem ser ele e as garotas babam ele porque querem ficar com ele. E se você
era o centro das atenções quando namorava com ele, imagine como será
agora que você terminou com ele. – Zayn fala gesticulando antes de respirar
fundo. – Não se subestime, você vai ter que lidar isso agora porque daqui há
duas semanas algum nude vai vazar e ninguém mais vai lembrar de você. Esse
é o Ensino Médio e nós meio que temos que passar por ele.
Antes que Louis pudesse responder, Liam chegou na mesa deles, murmurando
um "eei" animado enquanto sentava do lado do garoto.
– Ok... Liam! – Louis chamou o garoto, ganhando sua atenção. – O que está
fazendo aqui?
– Vim saber se você está bem. – Ele respondeu calmo e Louis já sabia o que
ele ia perguntar em seguida. – Acabou mesmo, não é? – Perguntou com um
sorriso triste no rosto e o garoto apenas balançou a cabeça, afirmando. – Jones
me disse ontem, eu quase não acreditei. Sei que nos conhecemos por causa
dele, mas não quero me afastar de você só porque vocês terminaram.
Liam sorriu mais uma vez, se aproximando de Louis e dando um beijo em sua
cabeça como ele sempre fazia antes de se aproximar de Zayn, segurar seu
rosto com a mão e dar um beijo na bochecha dele com força.
– Russ. – Ele diz com a voz rouca, fechando os olhos enquanto tocava o
refrão. – Você se supera no gosto musical. As vezes acho que fomos feitos um
pro outro.
Louis riu enquanto pegava outro livro e fechava seu armário, encostando no
mesmo ao lado de Harry no corredor praticamente vazio.
– Você tem tempo de ir pra academia? Quantas horas o seu dia tem? Você
também pesca nos finais de semana ou algo do tipo? Por que eu sempre sinto
que sei o mínimo sobre você? – Louis faz mil perguntas e Styles apenas ri em
resposta.
– Porque você sabe o mínimo. E pra onde essa conversa está indo,
sinceramente? – Ele franze a sobrancelhas tirando o pirulito da boca e Louis
apenas respira fundo.
– Não me pergunte, você que me deixa louco. – Ele responde brincando com
um pequeno sorriso nos lábios.
Foi obrigado a ver mais cinco aulas depois daquilo. Em um dos intervalos,
esbarrou em Tyler que o encarou com rancor e nojo enquanto seus amigos
riam e faziam comentários maldosos. Na aula de literatura, a menina do seu
lado parecia estar estudando todos os detalhes do rosto de Louis e realmente
esperando que ele começasse a chorar ali na frente de todo mundo e ela só
parou quando o garoto respirou fundo e virou pra ela cuspindo um "posso te
ajudar, caralho?".
E quando finalmente estava indo pra casa, passou pelo campo onde o os caras
do Tigers estavam no intervalo do treino e quando reconheceu Harry com as
ombreiras de longe imediatamente abaixou a cabeça tentando de qualquer jeito
passar despercebido. Ele estava confuso, angustiado e cansado. Tudo o que
menos queria era ter que fingir que estava tudo bem pra Harry.
Mas é claro que o garoto o viu, gritando duas vezes um 'hey' (no primeiro Louis
fingiu que não ouviu) e caminhando em direção a ele enquanto tirava o
capacete mostrando seu rosto suado e suas bochechas vermelhas. Ele não
ficava feio nunca?
– Hm... não. – Ele respondeu sério com as mãos no bolso das calças. – Estou
indo pegar o ônibus.
– Eu te deixo em casa. Não pode esperar o treino acabar? São só mais trinta
minutos.
– Não precisa, eu estou bem. – Ele sorriu sem graça. – Pode ir lá treinar. Vejo
você amanhã? – Disse se afastando.
– Sim, sim. Vai lá... – Falou balançando a mão no ar como se fizesse pouco
caso, voltando a se afastar. – Não quero atrapalhar nem nada...
– Tomlinson. – Harry disse sério e ele parou. – Desde quando você nega as
minhas caronas? Você é um péssimo mentiroso, sabe disso não sabe?
– Sim.
– Louis.
– Quer dizer... hm, é só que... Não sei. – Deu de ombros parecendo frustrado,
decidindo falar a verdade. – Foi tão legal passar tempo com você durante o
final de semana que eu realmente esqueci que teria que lidar com tudo na
segunda, sabe? – Louis sorriu meio triste em meio a um suspiro, sem olhar nos
olhos de Harry. – É uma droga.
– Ei. – Ele chamou baixinho então Louis o encarou. – Eu sei que é uma droga,
mas você não precisa lidar com nada, se não quiser. E eu ainda estou aqui,
não estou?
– Por quanto tempo você quiser eu que esteja. – Ele respondeu com a
expressão chateada. Os dois se encaram por longos segundos até que uma
voz é ouvida.
– Ok. – Louis responde apertando com força a alça da mochila. – Bom treino.
– Obrigado. – Styles sorri com os lábios fechados, antes de virar pra trás e
ouvir a voz de Tyler gritar seu nome novamente, voltando seu olhar para Louis
enquanto se afastava. – Aguenta firme.
– Puta merda. – Tyler disse irritado vendo Styles colocando seu capacete. –
Que merda de capitão você-
– Você acabou de tirar uma foto minha, capitão? – Louis perguntou com as
sobrancelhas franzidas vendo o sorriso de Styles aumentar.
– Você está incrível assim encostado no meu carro então eu precisei registrar.
– Ele disse dando de ombros e chegando mais perto, fazendo Louis corar. – Oi.
– Põe o cinto. Você escolhe a música. – Ele disse olhando para Louis que saiu
de seu transe, colocou o cinto e conectou seu celular com o bluetooth do carro,
passeando sobre sua playlist.
Harry logo reconheceu quando Khalid começou a tocar, olhando para Louis
com um sorriso no rosto enquanto balançava a cabeça discretamente no ritmo
da música.
– Living the good life full of goodbyes, my eyes are on the grey skies saying I
don't want to come home tonight... – Harry cantou baixinho saindo com o carro
da escola.
Louis olhou pra o garoto cantando ao seu lado e achando que Harry nunca
ficara mais bonito do que ele estava agora, dirigindo sério com atenção
enquanto cantarolava quase sussurrando batendo os dedos longos no volante.
– Então... – Ele olha para Louis rapidamente. – Como foi o seu dia?
– Não tão bom. – Deu de ombros, olhando as ruas pela janela. – E o seu?
– Não...
– Você pode falar comigo. – Ele respondeu sério, olhando pra Louis
rapidamente. – Olha, eu sei que viramos amigos há três dias e isso é pouco
tempo, mas pra ser sincero eu nunca me senti tão confortável pra falar
qualquer coisa com você. A conversa flui e quando eu vejo, já estou falando
sobre Kanye West e festas de Natal, sendo que minhas conversas com o resto
do mundo se baseiam em Hamptons-Tigers-Colégio. O que eu quero dizer é,
você pode falar comigo porque eu confio em você e quero que confie em mim
também.
– Eu confio em você. – Ele suspirou, frustrado. – Por mais louco que pareça.
Eu não costumo me abrir e confiar assim em pessoas que eu acabei de
conhecer mas eu não sei o que aconteceu com você... não sei o que você tem,
que agora eu sinto que posso falar a minha vida toda pra você. E isso é louco.
– Eu estava bem. Com tudo o que tinha acontecido com Tyler. Eu já estava
pensando em terminar de algumas semanas pra cá e naquele dia eu fui no
vestiário pra fazer isso. O que eu vi lá dentro - e que você também viu - foi mais
um motivo pra eu fazer o que tinha que fazer. Eu já não estava em um bom
relacionamento há algum tempo.
A verdade é que eu tentei fingir pra mim mesmo que essa traição do Tyler não
me afetou em nada e que eu estava bem, mas acho que no fundo me afetou
mais do que eu esperava e eu me sinto péssimo. A única coisa que eu
realmente quero agora é voltar a ser o Louis invisível e me afastar um pouco do
foco dessas pessoas. Não quero chamar a atenção deles. Não quero dar
motivos pra eles falarem de mim.
Louis quase tomou um susto quando percebeu que já estava na rua de sua
casa quando Harry, que ouviu tudo calado e com muita atenção, estacionou
seu carro na frente da casa dele e se virou para o garoto sem esboçar
nenhuma reação, respirando fundo antes de dizer:
– E eu sou o motivo pra eles falarem de você. – Ele concluiu sozinho. – Você
quer se afastar.
– Harry...
– Eu entendo. – Ele sorriu triste. – Se é isso que você quer, tudo bem. O que
você quiser, Louis.
– Eu acho que é. – Ele responde baixo. – Não posso te obrigar a fazer qualquer
coisa que te faça se sentir mal. Se precisa ir com calma nisso, vamos com
calma. Tome o seu tempo. Eu sou um cara paciente.
Louis assente com a cabeça quieto e calmo demais, enquanto pega sua
mochila e dá um sorriso triste pra Styles antes de quase sussurrar um
"obrigada pela carona", saindo do carro em seguida e fechando a porta.
Depois de dar alguns passos em direção a sua casa, ele escuta a porta do
carro se abrindo então se vira para trás vendo Harry em pé com o braço
apoiado no teto do carro mais baixo que ele.
– Você nunca foi invisível. – Ele finalmente diz, com um pequeno sorriso no
rosto. – Na verdade eu te enxergo desde a sétima série com a sua franja lisa
caindo sobre os seus olhos e suas roupas folgadas andando pelo colégio e
tentando passar despercebido por todos. Menos por mim. Você nunca foi
invisível pra mim.
✧Eleven
A próxima semana sem Harry passou se arrastando.
Louis achou que seria tranquila, achou que nem iria sentir tanta falta do garoto,
que se afastar dele seria fácil já que eles se tornaram amigos a pouco tempo,
mas logo no outro dia ele viu que estava enganado quando passou pelo
campus vendo Harry conversar calmamente com uma garota dando um sorriso
charmoso enquanto olhava nos olhos dela.
E no outro dia Louis viu de longe Harry andar apressado pelo corredor
esbarrando em um garoto e derrubando todas as coisas dele antes de se
abaixar na mesma hora, pegar todo o material espalhado pelo chão e devolver
para o mesmo pedindo desculpa 3 vezes.
E ter que assistir essa aula sem poder virar pra trás e conversar com Harry ou
só perguntar como ele estava ou só sorrir pra ele... isso foi como tortura para
Louis.
Quando Niall foi pra sua casa naquela quinta-feira fazer um trabalho que a
professora de literatura havia passado, o assunto Harry surgiu de uma maneira
nem um pouco casual da parte de Horan.
– Sei lá, é o que eu quero saber. – Diz e Louis respira fundo, decidindo contar a
verdade.
– Conversamos naquela festa na casa dele depois do jogo, depois nos
encontramos na biblioteca pra o dia das doações. Eu e Harry somos amigos,
só isso.
E então Louis contou tudo. Contou como estava se sentindo em relação a tudo
aquilo. Contou que achou que se afastando de Harry as coisas iriam melhorar
mas elas só pioraram e agora ele estava verdadeiramente arrependido.
– Cara, qual é o seu problema? – Horan riu com o cenho franzido, antes de
jogar a almofada de volta no garoto. – Se você realmente gosta dele e ele de
você... então qual é o problema? Mande todo mundo ir se foder e não se afaste
dele por causa disso.
Quando Niall foi embora naquele dia, Louis pensou em mil jeitos de conseguir
consertar as coisas com Styles.
Ainda inseguro, conseguiu fazer a única coisa que ele achava que Harry
poderia gostar. E depois de passar uma hora resolvendo aquilo no computador,
imprimiu o papel e colocou ele em um envelope, guardando na sua mochila da
escola.859
Mais tarde quando se deitou para dormir, pensou se aquilo iria funcionar
mesmo. Riu sozinho enquanto lembrava das vezes que Harry o fez rir e se
perguntou se o garoto pensou nele durante esses dias que eles passaram sem
se falar. E com a imagem de Styles na cabeça, ele adormeceu.
"Lou, eu sei que você não gosta de falar abertamente sobre a sua vida
conosco. Apesar de ser o filho mais carinhoso, você sempre foi o mais fechado
e eu entendo isso e te amo do jeitinho que você é. Mas eu sou sua mãe e as
vezes me preocupo com você, você entende? – Ele respirou fundo, assentindo
com a cabeça e se sentindo um pouco mal por nunca ter criado o hábito de
conversar sobre essas coisas com sua mãe ou com qualquer pessoa, na
verdade. – Quando Tyler veio aqui naquele dia ele nos contou tudo e eu
esperei que você viesse até mim pra falar o que tinha acontecido porque você
sabe que a única versão que importa pra mim é a sua. Mas você não veio e eu
tinha que esclarecer isso, tinha que saber se você estava bem... Você está
bem, meu amor? Mamãe te ama tanto..."
"Sim, mãe. – Ele resolveu falar, sorrindo pra Jay e dando um beijo em sua
bochecha. – Eu estou bem. Eu estou feliz. Não se preocupe comigo, tá? Você
tem bebês pra cuidar e se preocupar. Eu sei me virar, e se estiver precisando
de alguma coisa eu prometo que te falo, ta bem? Eu também amo você."
E o assunto se encerrou ali, com Louis saindo de casa e andando até a escola
nervoso, ansioso e apreensivo porque ele não via a hora de falar com Harry. E
ele acha que foi justamente por isso que o dia passou extremamente devagar,
o torturando aos poucos a cada nova aula que começava.
Finalmente no final do dia, quando Louis foi para biblioteca já imaginando que
veria Harry lá, ele realmente estava. E estava sozinho, sentado em uma mesa
afastada com óculos de grau redondos e um livro aberto em cima da mesa,
lendo-o com atenção e parecendo extremamente atraente.
Louis respirou fundo uma única vez, juntando toda coragem que tinha no seu
corpo e andando até Harry, sentindo que poderia desmaiar de nervoso a
qualquer momento.
– Eu tenho um presente pra você. – Louis disse parado de frente para o garoto
com apenas a mesa os separando, tentando esconder seu nervosismo e vendo
Harry levantar o olhar até ele calmamente e com a expressão completamente
séria e sobrancelhas levemente franzidas.
– Oi. – Styles disse com a voz rouca tirando os óculos e agora de volta com um
sorriso discreto nos lábios como era de costume.
– Também...
Então um silêncio foi instaurado quando Harry pegou o livro e caminhou para
um corredor mais afastado, fazendo um gesto com a cabeça para que Louis o
seguisse e assim ele o fez.
Depois que Harry guardou o livro em uma das últimas prateleiras do corredor, o
mesmo se vira para Tomlinson com as mãos no bolso incerto do que falar,
então o garoto começa sem jeito.
– Me desculpa. Eu acho que não fiz a coisa certa. – Louis diz baixo, olhando
pro chão enquanto falava. – Eu surtei por motivos estúpidos e acabei
descontando em você e tudo o que você disse foi 'tome o seu tempo'. – Riu
fraco, balançando a cabeça negativamente. – Eu já sei que você é uma pessoa
boa e compreensiva e eu não deveria me surpreender com isso a essa altura
mas eu continuo me surpreendendo diariamente mesmo assim porque é raro
encontrar pessoas assim, Harry. E eu meio que senti sua falta.
– Você não tem porque se desculpar. Não foram motivos estúpidos, foram
motivos seus e foram válidos. – Harry respondeu depois de uns segundos em
silêncio e Louis continuou brincando com seus dedos para evitar encara-lo. –
Eu entendi a situação e escolhi respeitar, mesmo não sendo a minha vontade.
Tenho que confessar que essa semana sem você passou mais devagar que o
normal... – Ele mordeu o lábio inferior quase tímido. – E... eu pensei muito em
você esses dias.
Louis levantou o rosto finalmente, olhando nos seus olhos e vendo o sorriso do
garoto aumentar um pouco enquanto ele esbarrava seu ombro no de
Tomlinson em uma afirmação silenciosa de que estava tudo bem.
– Isso são ingressos pro show do Cage the Elephant? – Harry perguntou com
os olhos arregalados sem demonstrar mais nenhuma reação e Louis pigarreou
o encarando meio triste.
– Você está brincando?! – Ele falou mais alto enquanto sorria com todos os
dentes. – Puta que pariu, Louis, eu amei! Não acredito que você fez isso...
– Uau, foi impressão minha ou você acabou de flertar comigo? – Ele disse
rindo em seguida. – Acho que você sentiu mesmo minha falta, yeh?
– Harry... – Ele disse rolando os olhos sorrindo antes de ficar um pouco mais
sério. – Mas sério, eu fiquei com medo de você jogar os ingressos na minha
cara. Depois de eu ter sido um idiota e dessa semana horrível... eu realmente
achei que você fosse me mandar pro inferno, sei lá.
– Você está falando sério? Esse foi o melhor presente de todos. – Então Harry
dá dois passos e pela pela primeira vez, passa os braços ao redor da cintura
fina de Louis, colando-o na prateleira do corredor vazio enquanto apoiava seu
queixo no ombro do garoto, o abraçando com força. – Eu amei, obrigado.
– Estou feliz que você gostou. – Louis sussurrou perto de seu ouvido enquanto
o abraçava de volta pelo pescoço e ombros largos, podendo ver o pelinhos de
sua nuca se arrepiarem e sentindo o cheiro de Styles por todo canto.
Quando os dois saíram do abraço sem realmente se afastar, Harry colocou sua
mão apoiada sobre a prateleira atrás de Louis olhando pra baixo para encara-lo
com uma expressão séria.
– Não faça mais isso, tudo bem? – Harry quase mandou baixinho e ele estava
perto demais para a sanidade de Louis. – Não se afaste novamente.
– Eu não vou, mas... tenho que ir agora. – Tomlinson disse sem jeito sentindo
suas bochechas queimarem um pouco pelo olhar penetrante de Harry, que
agora se afastava um pouco. – Vejo você depois?
– Yeh. – Styles responde olhando Louis dos pés a cabeça enquanto o garoto
se afastava ainda o encarando. – Carona?
– Você ainda precisa perguntar? – Ele responde a pergunta com outra e com
um sorriso, finalmente se virando pra frente e caminhando para fora do
corredor.
Porque aquilo era o que Louis causava em todas as pessoas ao seu redor.
Aquilo era o que fazia Harry sorrir minimamente toda vez que pensava no
garoto. Aquilo era Louis na mais pura essência: felicidade.
✧Twelve
– Eu descobri que próximo sábado vai ter a festa de aniversário de algum
garoto do segundo ano no East Side. – Malik dizia calmamente tentando se
distrair do frio, balançando as pernas. – E nós vamos.
– Só porque você não é rico... – Niall falou rindo, sussurrando para ele em
seguida com um sorrisinho malicioso. – Aposto que o Harry gosta do East Side.
– Ninguém-
– Styles. – Niall disse na mesma hora que Louis, fazendo Zayn arregalar os
olhos para Tomlinson.
– Eu gosto de jogar golf. – Niall deu de ombros, apenas jogando conversa fora
e Zayn respirou fundo.
– Uns beijos, então, tanto faz. – Rebateu gesticulando e fazendo Horan rir.
– Se ele quiser dar uns beijos ele tem que ir pro South Side, onde nós
pertencemos. – Niall disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo,
também se virando pra Tomlinson em seguida. – Lou, faz quanto tempo que
você não sai a noite com a gente? Invade uma festa? Chega em casa as 4 da
manhã completamente bêbado e só com um sapato? Exato, muito tempo.
Então é disso que você precisa. Foda-se o East quando nós vivemos no South.
– Argh, cala a boca. – Zayn grunhiu, tentando convencer Louis daquilo que
parecia ter virado uma batalha entre ele e Horan. Team East vs Team South. –
Tommo, agora é questão de honra, você precisa escolher: East Hampton
tradicional e elegante ou South Hampton jovem e festeiro?
– O que você vai fazer, então? Ficar em casa em pleno sábado a noite vendo
seriados e ouvindo música? – Niall riu.
– É que esse final de semana não tem nada pra fazer. – Zayn disse
resmungando. – Podemos ir a praia de manhã e assistir um filme a noite, né?
Faz tempo que não saímos juntos só nós três sem aquele babaca do Tyler e
seus amiguinhos insuportáveis vulgo Liam Payne. – Continuou falando pelos
cotovelos enquanto fazia careta ao falar o nome dos garotos. – Mas enfim... o
que você vai fazer amanhã, Lou?
Louis iria pra um show com Harry Styles. Mas ele deveria dizer? Uma hora ou
outra Zayn e Niall iriam saber, mas não precisava ser agora, precisava?
– Olá, garotos. – Louis levantou a cabeça na mesma hora que viu Harry se
aproximando de onde estava sentado com os meninos com um sorriso no
rosto.
– Oi... – Niall murmurou lançando um olhar cúmplice pra Louis, que não tirara
os olhos do garoto.
– E aí, Styles. – Zayn sorriu de volta um pouco confuso com a presença do
garoto ali, mas disfarçando muito bem. – Camiseta legal.
– Valeu, cara. Eu até queria falar com você sobre algo... vi no facebook as
fotos que você tirou do jogo sexta-feira passada e fiquei surpreso. Você é muito
bom. Pretende seguir com isso? – Ele perguntou simpático fazendo Zayn sorrir
verdadeiramente.
– Está falando sério? Isso seria incrível! – Malik respondeu animado e surpreso
ao mesmo tempo enquanto recebia um sorriso de orelha a orelha de Styles.
– Legal, eu falo com você depois pra a gente fechar tudo direitinho então. –
Ainda sorrindo, se virou para Louis que o encarava com um sorrisinho – Hey,
você. Vem comigo? – Perguntou com o tom de voz mais baixo olhando pra
Louis quase tímido de estar falando com ele na frente de seus amigos e
fazendo Zayn e Niall se entreolharem.
– Ele tem uma personalidade, não tem? – Harry riu, manobrando o carro para
tira-lo da sua vaga exclusiva e desnecessária, na opinião de Louis. – Mas as
fotos são realmente boas e nós estamos precisando de alguém pra isso. De
todo jeito, seus amigos são meus amigos então só juntei o útil ao agradável.
Louis sorriu pra o garoto, virando pra frente em seguida enquanto se abraçava
um pouco pelo frio daquele fim de tarde e Styles ligou o aquecedor ao perceber
a ação do garoto na mesma hora.
– Está confortável?
Louis franziu o cenho com aquele apelido, nunca admitindo em voz alta que
tinha gostado. Tirou o cinto e ficou confortável no carro quentinho de Harry com
o seu cheiro por todo canto. Quando viu o garoto saindo do estabelecimento
com dois copos em uma mão só, sorriu automaticamente.
– A não ser que você queira fazer outras coisas, sim. – Harry respondeu e
Louis subiu o olhar pra encarar o garoto com um sorrisinho debochado nos
lábios vendo ele dar uma risada gostosa em seguida que fez Tomlinson sorrir
de volta na mesma hora.
Tomlinson fez uma careta, passando a língua pelo lábio com força, chupando-o
em seguida para aliviar a dor. Quando o incômodo tinha aliviado, ele subiu os
olhos até Harry, vendo o garoto com os olhos vidrados em sua boca, sem um
pingo de vergonha.
– Queria muito poder te beijar agora. – Ele disse baixinho, levando os olhos até
os azuis de Louis, que não tinha reação.
Os dois continuaram se encarando e Louis sabia que Harry tinha o provocado
para saber sua reação mas ele não conseguiu pensar em nenhuma sem ser:
– Imagino que deve ser difícil ter que aguentar Tyler nos campos. – Louis riu
baixinho, dessa vez assoprando seu café e dando um gole em seguida quase
gemendo pelo gosto maravilhoso aquilo tinha.
– Imagino que devia ser difícil ter que aguentar Tyler em qualquer lugar, o
tempo todo. – Ele respondeu fazendo Tomlinson rir. – Em casa, no colégio, na
praia, na cama... Deus, Lou, como você aguentou, huh?
Louis não sabia se morria por Harry ter mencionado o sexo dele com Jones de
uma maneira mais discreta ou se morria por Harry ter usado aquele apelido
pela primeira vez.
– Você gosta?
– Não. – Harry riu sem jeito. – Mas isso é a única coisa que eu realmente acho
útil.
– Não importa pra mim. – Deu de ombros genuinamente e Louis quis bate-lo
porque aquele garoto era, sem dúvidas, algo a mais.
– Eu acho que esse é o melhor elogio que eu já recebi em toda minha vida. –
Styles disse baixinho com um pequeno sorriso nos lábios.
– Como estão seus irmãos? – Foi o que Harry perguntou e aí eles começaram
uma conversa animada sobre os gêmeos mais novos e Harry pedindo várias
vezes para conhece-los um dia.
– Há. Claro. – Riu irônico. – E aí nós vamos namorar e daqui a cinco anos
vamos nos casar e formar uma família feliz.
– Pare de brincar comigo. – Styles riu abertamente, dando um soquinho leve
em seu braço. – Você sabe que eu crio expectativas.
Agora foi a vez de Louis rir realmente, sentindo-se quente por dentro e
desejando ter Harry por perto pra sempre.
– Você é assim com todo mundo, capitão? – Perguntou enquanto ainda ria do
garoto.
– Não, só com você. – Mas a resposta de Harry não foi nem um pouco
engraçada, muito pelo contrário, ele estava um pouco mais sério, dirigindo e
olhando pra frente, entrando na rua de Louis. – Você está no topo da lista,
lembra?
– Exceto pelo fato de que eu não estou na lista. – Louis respondeu rolando os
olhos.
– Ainda. – Harry disse sorrindo de lado enquanto estacionava em frente a sua
casa.
Quando o carro estava parado, Harry pode finalmente virar para Louis, vendo o
garoto tirar o cinto e pegar sua mochila antes de falar.
– Você não é todo mundo. – Harry disse com um sorriso chegando ainda mais
perto o suficiente para deixar um beijo na bochecha do garoto. – Esse foi meu
beijo de boa noite por enquanto.
– Obrigado, daddy. – Louis rolou os olhos novamente, abrindo a porta para sair
do carro e ouvindo a voz de Harry antes de fecha-la.
Tomlinson riu divertido, levantando o dedo do meio enquanto sorria com o lábio
inferior entre os dentes e as sobrancelhas arqueadas, vendo ele rir em
resposta.
Mordeu os lábios tentando esconder o sorriso bobo como se Harry pudesse ver
sua reação, digitando logo em seguida.
"Há. Você vale o esforço, mas não. Passo na sua casa amanhã as 8. Esteja
lindo como sempre."
"Estarei."
"Ps: você sabe que eu vou ter que subir nos seus ombros pra conseguir ver o
show, não sabe? E não me responsabilizo por futuras dores de coluna :)"
"Você é um folgado, não é? Mas tudo bem. Tudo por você, Tomlinson."
✧Thirteen
– Eu pedi pra você ficar lindo, não pra humilhar todos os garotos da cidade. –
Foi a primeira coisa que Harry Styles disse quando Louis entrou em seu carro,
pronto para o show de Cage The Elephant.
– Hey, Lou... – Disse mais sério, dando um beijo lento e demorado em sua
bochecha e se afastando um pouco novamente apenas para olhar seus olhos,
mas ainda assim perto demais. – Você está lindo.
– Você também não está nada mal. – Tomlinson disse segurando um sorriso
enquanto colocava o cinto, podendo ouvir Ain't No Rest For The Wiked tocando
baixinho no som do carro e imaginando por um segundo como iria ser ouvir
aquela música ao vivo com Harry em poucas horas.
– Eu sei. – Ele sorriu, virando o rosto para ver se vinha algum carro e
manobrando para sair de frente da casa de Louis, acelerando em seguida.266
Quando Harry virou o rosto, Louis pode ver na parte da frente do seu boné -
que ele insistia em colocar pra trás - escrito "in dog years im gay", então ele riu.
– Boné legal. – Disse baixinho sorrindo e vendo Harry olhar pra ele
rapidamente enquanto dirigia.
– Você gostou? – Perguntou encarando a rua a sua frente. – Só espero que
isso não faça algum cara chegar em mim, porque provavelmente ele não vai
gostar do que eu vou dizer...
– E o que você vai dizer? – Louis arqueia uma sobrancelha e Harry sorri de
lado.
Louis mordeu o lábio inferior, sentindo uma coisa estranha no estômago - que
ele nunca admitiria ser borboletas estúpidas - enquanto encarava o garoto:
Eles foram até o local do show em silêncio, com Styles as vezes cantarolando
alguns pedaços das músicas e Louis segurando o sorriso porque achava aquilo
adorável. Quando chegaram no local e Harry estacionou o carro, eles saíram
do mesmo já conversando animadamente enquanto andavam em direção a
entrada do local.
– Quais foram os shows que você mais gostou? – Louis perguntou no meio de
uma conversa sobre um festival que Harry fora com a irmã a um ano atrás.
Tiveram uma pequena dificuldade para passar pelas pessoas para ir até a fila,
chegando lá e conversando mais uns 20 minutos sobre bandas aleatórias que
Louis achava que só ele conhecia, mas acabou descobrindo - e se
surpreendendo mais uma vez - que Harry também conhecia e amava assim
como ele. E Louis acabou se dando conta que quando estava com Harry, o
tempo passava mais rápido, pois os vinte minutos na fila mais pareceram dois
e logo eles já estavam entregando os ingressos e entrando no local.
– Você gosta desse lugar? – O mais alto perguntou, soltando a mão de Louis e
segurando um sorriso debochado. – Podemos ir mais pra frente se você não
conseguir enxergar daqui.
– Está insinuando algo, capitão? – Louis cerrou os olhos quando percebeu que
o garoto estava brincando com a sua altura, vendo ele rir e ajeitar o boné em
sua cabeça.
– Nunca faria isso, Lou. – Disse com o sorriso de lado que Louis tanto odiava
ou amava, ele não saberia dizer.– Escuta, você quer uma cerveja?
– Eu aceito.
– Eu te ensino.
– No seu Jaguar?– Styles jurou que podia ver os olhos do garoto brilhando,
então jogou a cabeça pra trás daquele jeito que só ele sabia fazer e riu
abertamente.
– Só se você se comportar.
Os acordes de Back Against The Wall foram ouvidos e Louis sorriu na mesma
hora, emocionado, sem conseguir tirar os olhos do palco escuro que se
iluminava por segundos de acordo com a batida da música que Louis tanto
gostava, desde pequeno.
E não só Louis, mas Harry e toda a multidão de pessoas que estavam ali
cantaram junto com o vocalista, em uma animação e excitação que ele nunca
tinha visto antes.
Quando o refrão chegou, Matt Shultz cantou com todo o seu pulmão, pulando
em cima do palco com seus cabelos voando como o perfeito rockstar que ele
era. Tomlinson mal conseguia olhar para Harry atrás de si, apenas cantava e
bebia sua cerveja com os olhos brilhando por estar vivendo aquele momento.
Quando a primeira música acabou, Louis mal teve tempo de pensar, já que
Shake Me Down começou logo em seguida, fazendo ele sorrir
automaticamente, se virando para falar com Harry, que tinha um sorriso tão
grande quanto o dele.
– Não precisa-
– É a sua banda favorita, não quero que perca nenhuma música. – Styles
disse. – Você já comprou os ingressos, isso é o mínimo que eu posso fazer.
Fique aí, volto em um minuto.
Então ele saiu dali e Louis logo o perdeu de vista, respirando fundo com um
sorriso e voltando a dar a devida atenção ao show.
Ele cantou junto com Matt de olhos fechados quando sentiu uma mão pousar
em sua cintura. Nem teve tempo de de virar para ver quem era, e logo
reconheceu Harry o entregando sua cerveja e o abraçando por trás.
– Tudo bem? – Styles perguntou perto do seu ouvido, e Tomlinson entendeu
que o garoto estava perguntando se era tudo bem abraça-lo daquele jeito.
Afraid of what the truth might bring, he locks his doors and never leaves
E no refrão, ele puxou o boné de Harry e colocou para trás em sua própria
cabeça, assim como o garoto usava. Pulou e cantou as letras, jogando a
cabeça de um lado pro outro enquanto tinha crises de riso, sendo observado
por Styles que o olhava como se ele fosse tudo.
– Eu quero outra cerveja! – Louis gritou para Harry com um sorriso de orelha a
orelha, recebendo um de volta.
Voltou a pular e cantar com toda sua força, sentindo seu corpo meio dormente.
Ouviu os acordes de Ain't No Rest For The Wicked e gritou comemorando
porque amava aquela música.
E estava tudo bem, até que sentiu uma mão apertar sua cintura com força, e
aquela definitivamente não era a de Harry.
– Eu te vi de longe e acho que um garoto tão lindo como você não deve ficar
dançando sozinho. – O desconhecido era moreno com a pele bronzeada e
olhos castanhos, falando perto demais e fazendo Louis tentar se afastar
automaticamente, mas o cara era mais forte e o puxou mais pra perto. – Gostei
do boné, a propósito.
– Me solta. – Foi tudo o que Tomlinson disse, puxando seu braço de volta e
querendo muito que Harry estivesse ali.
– Eu estou acompanhado.
– Está? Onde está seu namorado, então? – Riu debochado, aproximando seu
rosto ainda mais do de Tomlinson.
– Ei. – Ouviu a voz grave de Harry atrás de si e se virou, vendo o garoto com
um copo de cerveja na mão e as sobrancelhas franzidas olhando o homem
com a expressão tão séria que dava até medo. Voltou o olhar para Louis, ainda
sério e com a voz firme. – Esse cara tá te incomodando, Lou?
– Ah, então ele está mesmo acompanhado... – O homem sorriu sem graça, se
afastando de Louis e se dirigindo a Styles. – Desculpa aí, dude. Eu não sabia
que ele era o seu garoto, foi mal mesmo...
– Ele não é o meu garoto e mesmo se fosse, não é a mim que você deve se
desculpar. – Harry respondeu, segurando Louis pela cintura discretamente e o
puxando para perto calmamente, para o afastar do homem. – Se você estava o
incomodando simplesmente porque ele não quis nada com você e você não
acreditou que ele estava aqui com alguém, então peça desculpas a ele, dude.
– Desculpa, cara.
E quando ele foi embora, Tomlinson abriu a boca em choque, se virando pra
Harry em seguida e vendo o garoto respirar fundo enquanto passava a mão
pelos cabelos.
– Isso foi... – Louis começou ainda surpreso pelo que tinha acontecido, mas
Harry logo o interrompeu.
– Eu sei que eu fui rude, não queria que você visse isso, me desculpe. – Ele
disse com a expressão chateada. – Eu não costumo tratar as pessoas assim,
mas é que ele foi tão babaca que eu não-
– Louis. – Disse com a voz firme em um tom de repreensão porque sabia que o
garoto estava brincando com a sua cara.
– Louis! – Styles disse rindo com cara de surpreso de novo, ficando mais sério
em seguida. – Você está bêbado.
– Cala a boca. – Rolou os olhos, olhando o rosto do garoto tão perto do dele
com o lábio inferior entre os dentes antes de balançar a cabeça negativamente
com um sorriso no rosto. – Você vai se arrepender de falar essas coisas
amanhã e vai sentir vergonha.
– Tanto faz, agora me coloque no seus ombros porque a próxima é Too Late
To Say Goodbye. – Sorriu forçado fechando os olhos.
– Como você sabe disso?
Então Harry apenas sorriu rápido, se abaixando para Louis sentar em seus
ombros, levantando tranquilamente em seguida graças a força que havia
adquirido com o futebol americano.
And the echo of my mother's words: Baby, don't you play with fire...
Os dois cantavam alto e se divertiam, Louis bebia sua cerveja com uma mão e
com a outra, acariciava os cabelos macios de Harry, e o garoto segurava suas
coxas em cima de seus ombros com firmeza para que Tomlinson não caísse.
Em How Are You True, Louis continuou nos ombros de Harry e enquanto
cantava baixinho, olhou pra baixo vendo a mão enorme de Harry segurando
sua coxa. Não conseguiu se segurar e colocou sua mão sobre a do garoto, que
pego de surpresa, olhou pra cima com um pequeno sorriso antes de segurar
sua mão com força.
– Tão lindo preocupado, Lou... – Styles riu novamente, ouvindo Come A Little
Closer começar a tocar e estendendo a mão para o garoto. – Vem, eu amo
essa.
Louis segurou sua mão sem entender o que ele queria fazer antes de ver o
garoto pedir licença para o casal na sua frente e passar entre eles, segurando
fortemente a mão de Louis enquanto, novamente, passava pela multidão até
chegar na grade, que surpreendeu ambos quando viram que não estava tão
apertado e até dava pra respirar.
Louis pulava e gritava as letras agarrado na grade e sem tirar os olhos de Matt
e sua banda preferida na sua frente enquanto Harry, atrás do garoto, curtia o
momento, cantando baixinho e sem tirar os olhos de Tomlinson, pensando que
nunca vira o garoto feliz daquele jeito.
– Pelo quê? – Perguntou em meio a um riso nervoso quando viu que Harry
parou de abraça-lo e ficou de frente pra ele apenas para poder encara-lo.
– Não seria a mesma coisa se fosse outra pessoa. – Ele disse inebriado pelo
cheiro do maior e então Trouble foi iniciada, com Shultz anunciando que o
show ia acabar. Harry se virou para Louis e com cuidado, ajeitou o boné em
sua cabeça, se inclinando para falar no seu ouvido:
E por um segundo, todo álcool no corpo de Tomlinson pareceu ter ido pro
espaço. O que estava dormente, naquele momento se tornou sensível. Ele
sentiu a maneira que o garoto na sua frente segurou sua cintura, com toda
delicadeza e firmeza do mundo, como se Louis pudesse quebrar apenas com
um toque. Sua mão segurou o ombro de Harry e a outra, o garoto juntou com a
sua.
Subiu em cima dos pés de Harry para ficar mais alto e os dois colaram suas
testas e ficaram assim durante toda a música, perto demais. Louis conseguia
sentir a respiração de Harry bater em seu rosto e subitamente ele sentiu a
necessidade de olhar seus olhos verdes. Por isso se afastou o mínimo apenas
para poder encarar o garoto, que o olhava de volta com toda intensidade que
carregava consigo.
E Tomlinson ficou quieto encarando seu rosto enquanto Cage the Elephant
estourava em seus ouvidos e ele estava feliz naquele momento, pendurado em
Harry, em cima do seu pé. Tirou os olhos de Harry e os levou as mãos dos dois
entrelaçadas e suspensas no ar, com os dedos longos, finos e cheios de anéis
de Harry misturados com os pequenos de Louis.
– Você está bravo comigo?– Foi o que o ele perguntou manhoso com as
palavras embolando, encostando a cabeça no banco do carro e virando o rosto
para olhar o garoto dirigir.– O que eu fiz?
– Você não fez nada. Eu só estou pensando em umas coisas, só isso.– Harry
respondeu com a voz mais carinhosa, sorrindo pra Tomlinson ao seu lado, mas
sem conseguir esconder a preocupação estampada em seu rosto.
– O quê? Por que? – Ele franziu o cenho enquanto Harry segurava sua cintura
e o ajudava a sair do carro, fechando a porta em seguida sem soltá-lo.
– Porque você está bêbado, Louis. – O garoto respondeu com calma, como se
tivesse falando com uma criança de 5 anos. – Não posso deixar você ir pra
casa assim, ok? Vamos, ande comigo.
Então Louis apenas assentiu com a cabeça, andando com a ajuda de Harry
para entrar na casa do garoto, que foi ágil ao abrir a porta e fechá-la em
seguida.
Louis olhou para a escada de vidro em sua frente e conseguiu ver ela aumentar
e diminuir na mesma hora.
– Não, fiquei tonto só de olhar. – Ele respondeu fazendo uma careta e olhando
pro chão.
Tudo que ele fez foi fechar os olhos e sentir Harry subir as escadas com ele no
seu colo sem o menor esforço, antes de andar mais um pouco e em seguida
colocá-lo sentado sobre uma cama fofinha demais.
– Humm... – Ele murmurou enquanto se deitava na cama, querendo ficar ali pra
sempre e não pensando antes de perguntar em seguida. – Vamos dormir
juntos?
– Droga... – Ele murmurou baixinho e Harry não tinha entendido o que ele tinha
dito.
– Me empresta seu celular? – Styles pediu. – Vou mandar uma mensagem pra
sua mãe avisando que você está bem.
Com a ajuda de Harry ele caminhou pra o banheiro do quarto de hóspedes com
preguiça, e quando entrou no mesmo, se encostou na pia vendo Styles ligar o
chuveiro e ajustar a água rapidamente antes de voltar para ele.
– Posso?
Coloca a blusa em cima da bancada da pia e volta a ficar de frente para Louis
antes de levar as mãos até a barra de sua calça jeans, vendo o garoto
acompanhar seu gesto com o olhar enquanto desabotoava a calça com toda
calma do mundo e a puxava levemente para baixo.
Quando se abaixou para arrastar a peça pelas suas pernas e tirar seu tênis e
meia, e subiu novamente para colocar tudo em cima da bancada junto com a
blusa, pode finalmente ver Louis o encarando imóvel com o lábio inferior entre
os dentes prendendo a respiração.
– Vem cá. – Ele chamou quase sussurrando e deu sua mão para o garoto
segurar, entrando em seguida com ele no box.
– Eu vou buscar boxers novas e um pijama pra você, tudo bem? – Perguntou
baixinho, vendo Tomlinson assentir abraçado na toalha enrolada no seu corpo.
– Você precisa pentear o cabelo. – Styles disse sorrindo com a voz rouca e
uma expressão cansada no rosto.
– Penteia pra mim. – Foi tudo o que o garoto disse manhoso, sentando em
cima da pia.
– Você não tem que se desculpar. – Harry respondeu penteando com calma os
cabelos molhados do garoto. – Você só estava se divertindo, não tem problema
nenhum nisso.
– Não diga isso. Se fosse eu quem ficasse bêbado, você cuidaria de mim? –
Ele perguntou sem tirar os olhos dos azuis de Tomlinson que confirmou com a
cabeça. – Então me deixe cuidar de você. Eu estou aqui pra isso.
– Preciso confessar que fiquei muito orgulhoso quando vi que você sabia
cantar todas as músicas... – Louis falou baixinho, cutucando a cintura do garoto
entre suas pernas.
Então Harry Styles riu verdadeiramente, jogando sua cabeça para trás e
franzindo os olhos e o nariz de um jeito que Louis achou encantador, por isso
ele parou tudo o que fazia para apreciar aquele momento, os olhos grudados
em Harry, que tinha o sorrindo sumindo aos poucos, dando lugar a uma
expressão mais séria enquanto encarava Louis de volta.
E assim eles ficaram por pelo menos três minutos que mais pareceram três
horas, um encarando o outro como se não existe mais vida naquele quarto,
como se estivessem apreciando a obra-prima mais bonita que já viram em sua
vida. Quando os olhos verdes do jogador desceram até a boca de Louis, o
garoto sentiu um peso estranho em seus estômago e seus lábios secarem um
pouco. Ele queria aquilo, mas algo parecia segurar Harry para trás.
– O quê? – Ele respondeu com a voz também baixa e mais grave que o normal
enquanto engolia em seco.
E Styles trava por alguns segundos, parecendo sair de transe quando respira
fundo, balançando a cabeça negativamente.
– Louis. – Ele começa incerto, levando sua mão até o rosto de Louis,
acariciando sua bochecha e maxilar com delicadeza. – Você... – Tenta
novamente, suspirando em seguida. – Você é lindo.
– Eu sei, mas eu também quero fazer isso quando estou sóbrio.– Disse,
colocando uma mão na cintura do garoto. – Harry...
– Lou... – O garoto parecia estar sentindo uma dor insuportável quando pegou
a mão de Tomlinson da sua cintura e tirou ela de lá calmamente. – Me mata
fazer isso, mas não podemos ainda, tudo bem? – Ele disse carinhoso. – O
único lugar que eu posso beijar agora é aqui. – disse inclinando suas costas
largas para baixo, aproximando sua boca da bochecha do garoto passando seu
nariz sobre o de Louis antes de depositar um beijo em sua bochecha com
ternura.
– Mas e o meu beijo de boa noite? – Tomlinson perguntou com a voz quase
inaudível enquanto olhava pra baixo com vergonha.
– Eu acabei de dar.
– Aham. – Ele disse ainda de olhos fechados falando em seguida. – Boa noite,
Harry.
– Boa noite, Lou. Qualquer coisa eu estou aqui do lado, ok? – Deu um pequeno
beijo em sua testa e caminhou para fora do cômodo, fechando a porta.
Então Harry Styles se jogou em sua cama com uma mistura de sentimentos
que ele nunca saberia explicar. E assim ele ficou acordado a noite inteira, com
os pensamentos rondando o quarto ao lado e o lindo garoto de olhos azuis que
dormia dentro dele.
✧Fifteen
No dia seguinte, surpreendentemente, Louis acordou perfeito depois da melhor
noite de sono da sua vida.
Achou que iria acordar de ressaca e quando percebeu que na verdade estava
ótimo, seu humor melhorou um pouco mais. Sentou-se naquela cama
desconhecida e muito confortável e olhou ao seu redor enquanto coçava os
olhos inchados, achando um pedaço de papel na cabeceira da cama, junto com
seu celular.
No fundo Louis sabia que sentia uma atração pelo garoto – não que um dia ele
fosse admitir – mas depois daquele show ele se perguntou se aquilo era só
atração ou se Harry realmente fazia ele sentir coisas.
Era óbvio que Tomlinson ficava nervoso quando via o garoto de longe vindo em
sua direção com o seu sorriso de lado e seu maldito boné pra trás. Era óbvio
que suas pernas ficavam meio fracas quando Styles estava perto demais. Era
óbvio que seu coração batia um pouco mais rápido quando o jogador flertava
daquele jeito que só ele sabia fazer. Mas o que tudo isso significava?
Ele mesmo poderia responder essa pergunta, mas antes disso se perguntou
como havia parado ali, na casa de Harry. E então, como um balde de água fria
na sua cabeça, lembrou de tudo que aconteceu.
Ele bêbado, sendo carregado por Styles para o andar de cima, perguntando se
eles iriam dormir juntos. Harry no banheiro com ele enquanto ele tomava banho
apenas de boxers. Ele tentando beijar o garoto e o mesmo se esquivando.
Louis Tomlinson tinha sido rejeitado por Harry Styles, seu amigo. Styles deixou
claro que não faria aquilo porque Louis estava bêbado, e aquilo só piorava a
situação.
– Boa tarde pra você também, Lou. – A voz rouca de Harry o tirou de seu
transe, mas o garoto continuava de costas fazendo o café, sem encara-lo. –
Espero que não se importe em tomar café da manhã ás duas da tarde... – Se
virou, ficando de frente para Tomlinson exibindo seu tronco definido e sorrindo
maroto. – É a minha refeição preferida.
– Relaxa. – Ele sorri. – E se você estiver carente, eu posso te deixar tirar uma
casquinha de mim. Você sabe, dormir de conchinha, beijinhos de esquimó ou
até mesm-
Louis enfia um morango na boca dele e a conversa se encerra ali.
✧Sixteen
– Você é um desastre no fifa. – Louis disse finalmente, se jogando no sofá da
sala de TV da casa de Styles após a partida de fifa mais rápida e fácil da sua
vida.
Durante a tarde que passaram juntos na casa do jogador, eles jogaram jenga,
comeram um pote de sorvete inteiro enquanto assistiam Friends e jogaram
video-game. Ao longo do dia, Louis teve que se concentrar bastante pra não
ficar encarando a barriga um pouco definida de Harry, mas ele confessa que
falhou em alguns (vários) momentos.
– Eu não sou tão ruim assim. – Harry resmungou, sentado ao seu lado com os
braços cruzados e um bico enorme no rosto.
Então Styles jogou uma almofada em sua direção e Louis a pegou no ar,
arqueando as sobrancelhas.
– Yeh? – O jogador disse com seu sorriso de lado, esperando Louis levantar a
mão pra jogar a almofada em seu rosto, mas Styles foi mais rápido e o puxou
pelo pulso, fazendo o garoto cair em cima do seu corpo.
Os dois riram sozinhos e Harry aproveitou a oportunidade para testar algo que
nunca tinha feito antes. Apertou seus dedos com força na cintura de Tomlinson
algumas vezes até o garoto começar a gargalhar e se contorcer em cima dele.
– Styles! – Louis falou sem fôlego em meio a crise de riso pelas cócegas mas
ele continuou porque descobriu que o som da gargalhada de Louis Tomlinson
era o seu novo som preferido.
Depois de mais alguns segundos, Harry resolveu ceder e na mesma hora Louis
se afastou do garoto e se jogou de volta no sofá ofegando e com a respiração
descompassada. Styles só o encarava com um sorriso divertido no rosto, como
se tivesse provado algo incrível pela primeira vez.
– Seu merdinha. – Foi o que Tomlinson disse sorrindo e com o sotaque forte,
encarando o garoto na sua frente. – Você é o cara mais clichê que eu já
conheci na minha vida.
– E o que isso significa? – Perguntou, franzindo levemente o cenho ainda com
o sorriso de canto no rosto.
Ao ouvir aquelas palavras, a feição de Harry caiu, dando lugar a um olhar triste
e uma expressão de desgosto quando ele balançou a cabeça negativamente,
olhando pra baixo.
– Eu odeio esse cara. – Ele disse.
O jeito que Styles levantou o seu olhar até Louis e foi abrindo um sorriso leve e
sincero conforme ia ouvindo tudo o que o garoto dizia foi a melhor coisa que
Tomlinson já viu.
– Eu só tento ser uma pessoa legal. – Harry falou ainda com o pequeno sorriso
nos lábios, dando de ombros. – É o mínimo que eu posso fazer.
– Eu não me importo.
Harry encarou ele por alguns segundos, sério dessa vez. Respirou fundo e
mordeu o lábio inferior antes de falar.
– Todo esse tempo que você passou com Tyler... Eu conseguia ver de longe
que você não estava verdadeiramente feliz. – Fez uma pequena pausa, mas o
garoto de olhos azuis não pareceu desconfortável com o assunto, então ele
continuou. – Passei algum tempo me perguntando se as pessoas também
notavam isso ou se elas realmente eram burras demais pra perceberem que
tinha algo de errado. É só que pra mim estava bastante óbvio e ainda assim eu
não podia te ajudar, não podia perguntar o que estava acontecendo, se você
estava bem, se você precisava sair daquela situação ou algo do tipo. Não cabia
a mim naquele momento. E não poder fazer isso na época me frustrava
bastante, então quando eu decidi me aproximar, prometi pra mim mesmo que
ia me certificar todos os dias, de algum jeito, de que você estava feliz.
Louis naquele momento já estava sério, encarando o garoto sem piscar e sem
demonstrar uma reação.
– O que te fez achar que eu não estava feliz? – Foi a primeira coisa que ele
perguntou, depois de segundos em um silêncio gritante.
– Você está certo. – Ele o interrompeu. – Eu não estou triste por sua causa, eu
estou triste porque o que você está falando é a verdade. Eu estava nesse
relacionamento, eu vivi tudo isso e eu tinha a consciência de que tinha alguma
coisa errada ali e mesmo assim, eu demorei demais pra tomar alguma decisão.
Na época eu achava que era coisa da minha cabeça, que eu estava ficando
louco, que as prioridades dele eram mais importantes e significantes que as
minhas. Em algum momento eu me perdi, e dei o meu lugar a ele. – Respirou
fundo, balançando a cabeça negativamente. – Você está certo. Eu não estava
feliz.
– Nunca.
– É bom ouvir isso. – Foi o que Harry falou com voz baixinha, como se aquilo
fosse um segredo.
E só deu tempo de Styles abrir aquele sorriso de lado que fazia qualquer perna
ficar bamba, antes de puxar o garoto pela cintura para um abraço apertado.
Tomlinson respirou fundo com o nariz entre o pescoço e o ombro do jogador
apenas para puxar seu cheiro e sorrir satisfeito, sentindo um aperto na sua
cintura como resposta.
– Você acha que isso funcionaria? – A voz de Harry perguntou, baixa e grave.
– Está tarde... – Disse sem jeito e sem conseguir olhar na direção de Harry. –
Eu... eu vou trocar de roupa pra pegar o ônibus e-
Sem falar nada, Harry saiu da sala de TV, que ficava no primeiro andar e foi até
o seu quarto, enquanto Tomlinson foi até o quarto de hóspedes. Depois que ele
vestiu a roupa do show de novo (era a única que ele tinha) e saiu do quarto,
encontrou Styles com uma calça jeans, blusa branca, a chave do carro nas
mãos e o cabelo bagunçado, extremamente lindo esperando por ele na escada.
Ainda calados, desceram as escadas juntos se deparando com um homem e
uma mulher sentados na mesa de jantar e com taças de vinho na mão.
– Por que vocês não me avisaram que viriam tão cedo? – O filho perguntou
ignorando o homem e se virando para a sua mãe, tentando esconder a irritação
em suas palavras.
Na mesma hora Louis teve uma sensação estranha, uma mistura de angústia e
constrangimento. Ele não deveria estar ali.
– Eu vou levar Louis em casa e já volto. Podem começar sem mim. – Styles
disse frio por fim, saindo dali e mais rápido possível e sendo acompanhado por
Louis.
– Eu sinto muito pelos meus pais. – Harry disse com a voz rouca, encarando a
rua na sua frente e parecendo envergonhado.
– Tá tudo bem. Não se preocupa com isso. – Respondeu nervoso, mordendo o
lábio inferior. – Eu vou indo. Obrigada pela carona, Harry.
– Não há de quê.
E Louis murmurou um "ok" antes de se virar para sair do carro, mas algo
pareceu o segurar para trás, então encarou a porta ao seu lado por cinco
segundos antes de tomar a coragem necessária pra se aproximar de Harry e
deixar um beijo em sua bochecha antes de finalmente sair do carro, fechar a
porta e caminhar para dentro de casa, sem olhar pra trás.
– Lou, amor, que saudade! – Johannah disse com o maior sorriso do mundo,
enquanto os gêmeos faziam festa que o irmão mais velho tinha chegado em
casa. – Vem jantar com a gente, estávamos esperando por você.
Então Louis apenas sorriu, respirando fundo. Não sabia o que seria dele se não
tivesse uma família como essa quando chegasse em casa. Pensou em como
era para Harry por um instante, mas resolveu deixar aquilo pra depois.
E ele não deu chance de alguém responder, subiu as escadas quase correndo,
sentindo a necessidade de um banho quente. Assim que entrou no seu quarto,
exausto, tirou a blusa e em seguida a calça jeans com preguiça, sentindo algo
duro dentro do seu bolso de trás e franzindo o cenho quando tirou de lá um
pedaço de papel dobrado.
Não lembrava de ter deixado aquele papel ali, então logo abriu para ver o que
era, sentindo suas pernas falharem e sentando rapidamente na cama quando
entendeu do que e de quem se tratava:
"Louis Tomlinson,
Antes que você me zoe por ter escrito uma carta e não uma mensagem de
texto, se lembre que eu sou um cara de 18 anos que ainda lê jornal e gosta de
manter hábitos antigos - mesmo escutando Kanye West (foda-se).
Já é madrugada e eu estou exausto mas não estou conseguindo dormir porque
vou de 10 em 10 minutos no quarto ao lado checar se você está bem – e você
está, lindo, dormindo como o anjo que você é.
Só queria que você soubesse que eu já vivi muitas coisas, mas ontem foi um
daqueles momentos que eu nunca vou esquecer.
Provavelmente meus netos vão saber sobre o quanto o vovô Harry se divertia
em shows de bandas rock alternativo quando era mais novo. De qualquer
forma, meu ponto é: eles também vão saber que você estava lá comigo o
tempo todo. Então obrigado. Eu espero que seu dia tenha sido tão feliz quanto
o meu e, mais do que tudo, espero poder viver mais momentos memoráveis
como esse ao seu lado.
Odiava os domingos.
Passou alguns minutos daquele jeito, tomando coragem pra sair dali e
enfrentar seus pais em mais um jantar depois de toda a cena que eles fizeram
na frente de Louis. Respirou fundo e desceu do carro, resolvendo entrar pela
cozinha e tentar passar despercebido. Quando finalmente entrou em casa, viu
as três secretárias trabalhando e organizando as coisas para o jantar.
– Boa noite, senhoritas. – Styles fez reverência e as três riram na mesma hora,
devolvendo o boa noite.
Ele se aproximou de Celine, que estava cortando uns tomates, e deu um beijo
carinhoso em sua bochecha. A cozinheira chef da casa era praticamente sua
segunda mãe, já que esteve mais presente em sua vida do que a própria
Anne.1.3K
– Nós sabemos, criança. – Sally disse quase com um sorriso triste no rosto. –
Mas você sobreviveu até agora, não sobreviveu?
As três senhoras riram, desejando o boa sorte mas sabendo que aquilo não
adiantaria. Anne Styles tinha olhos em todos os lugares.
– Harry, onde você pensa que está indo? – A voz de Anne perguntou e ele
fechou os olhos com força antes de se virar para ver seus pais o encarando.
– Quem era aquele seu amigo? Nunca o vi antes. – Anne disse com toda sua
classe, colocando vinho na terceira taça e entregando nas mãos do filho. – Ele
é do time?
– Ele é filho de quem? – Sra. Styles perguntou e Harry pensou que era claro
que sua mãe não perguntaria se Louis era um cara legal ou o que ele gostava
de fazer.
– Hm. – Então a mulher do seu lado o analisou. Passou os olhos pela roupa
que usava e em seguida encarou seu rosto, procurando alguma coisa ali que
Harry não fazia ideia do que era.
Seu pai era muito poderoso no mundo dos negócios. Fundou a Styles
Company aos seus 23 anos assim que saiu da universidade, acompanhado da
sua namorada, que daqui a alguns anos se tornou sócia, esposa e mãe dos
seus filhos. Fora de casa, certamente, ele era um homem de grande influencia,
mas dentro de casa quem mandava e desmandava ali era Anne.
Apesar de desaprovar algumas escolhas de Harry, o pai tentava amenizar o
clima pesado que sempre ficava nos jantares entre o garoto e a mãe, fingindo
ter algum interesse na vida do filho e puxando assuntos aleatórios como o
Tigers e jogos de futebol.
– Bem. – Respondeu quase animado, mas no fundo sabia que Des não queria
realmente saber. – A última temporada é no final do semestre então já estamos
nos preparando de novo. Dessa vez vocês vão poder ir no jogo, certo?
– Você sabe que no último jogo nós tinhamos um jantar importante. – O pai
respondeu e Harry riu sem humor.
Ouvir aquilo naquele tom fez com que Harry se sentisse um idiota. Não sabia
porque insistia e fazia tanta questão de ter os pais presentes nesses
momentos, eles nunca estiveram, não existia motivos para estarem agora.
O último jogo da meia temporada para o Tigers foi o mais definitivo. Eles
levaram o troféu para casa e junto com Tyler e Liam, Harry ganhou a bolsa
para estudar na NYU no final do semestre, quando acabasse o colégio. Queria
muito que os seus pais estivessem lá para ver que ele era realmente bom, mas
cinco minutos antes de entrar em campo, recebeu uma mensagem de sua
mãe.
Logo em seguida, sua mãe seu pai começaram a comer em silêncio, mas o
garoto não estava com fome, então só colocou a comida de um lado pro outro
no prato.
– Eu tenho que dizer que não gosto de você trazendo amigos quando não
estamos em casa. – A mulher voltou a falar antes de comer um pouco da
salada.
– Sim. E no contrato que assinamos é exigido que a gente se mude pra lá.
Na mesma hora o garoto tirou os olhos da comida e encarou os pais,
esperando que eles dissessem mais alguma coisa, mas eles apenas comiam
normalmente.
– Eu não vou sair de Hamptons.
– Harry. – Anne suspirou, bebendo um gole do vinho. – Você já vai ter que ir
pra Nova York daqui a seis meses quando acabar o colégio por causa da bolsa
na NYU. Sinceramente, eu não vejo motivo para ficar aqui se-
– E daí? Eu convivi mais com elas na minha vida do que com vocês.
– Já chega. – Anne disse alto, perdendo sua pose por um instante antes de
voltar pra o filho e falar olhando nos seus olhos. – Já que você não quer ir
conosco pra NY, você pode ficar. Não é como se fosse nosso primeiro filho a
virar as costas pra nós.
– Nós realmente devemos ter sido uns pais de merda pra os nossos próprios
filhos irem embora, certo, Des? – Riu em deboche, balançando a cabeça
negativamente e voltando a prestar atenção no jantar.
– Você sabe porque ela foi embora. – O jogador disse tentando manter a
calma.171
– Gemma foi embora porque ela é uma ingrata. – Foi a vez do seu pai falar.
– Meu Deus... – O garoto passou a mão pelo cabelo, sem acreditar que estava
ouvindo aquilo. Estava tão sobrecarregado com aqueles poucos minutos de
conversa que desejou sair dali imediatamente.
– Seu pai está certo, Harry.
– Não, ele não está. – Resolveu se impor, sabendo que aquela já era uma
briga perdida. Seus pais sempre tinham um jeito de culpar Gemma pelas
besteiras que eles fizeram. – Por que hoje vocês fazem tanta questão da
presença dela? Não é como se vocês fossem os pais mais presentes e
amorosos do mundo quando ela ainda estava aqui.
– Ela só trouxe desgosto para nós depois de tudo que fizemos por ela. – Sra.
Styles rebateu.
– Não fala desse jeito. – O jogador franziu o cenho, chateado de ouvir aquilo da
própria mãe.
– A gente sustentou ela todos esses anos, demos tudo o que ela queria, todos
os brinquedos, todas as roupas... tudo. Nunca faltou nada pra sua irmã, nem
pra você. – Ela continuou. – E aí um dia ela simplesmente passa em uma
faculdade de Nova York e vai embora, sem olhar pra trás. Todo dinheiro que a
gente mandou pra ela quando ela estava lá, ela devolveu tudo de volta. Disse
que não precisava da gente, que se virava sozinha. Até hoje, depois de todo
esses anos, ela não liga uma vez sequer. Gemma esqueceu de nós. Gemma
esqueceu de você.
– É patético o jeito que você defende ela. Sempre defendeu. – Des balança a
cabeça negativamente. – Me diga, filho, quando foi a última vez que ela veio te
visitar?
– Eu falo com ela todos os dias e eu sei que ela não pode vim porque ela
trabalha muito pra se sustentar em Nova York. – Coloca as maos em cima da
mesa. – Onde vocês querem chegar com essa conversa?
– Em lugar algum. Só queremos que você entenda de uma vez por todas que a
sua irmã não é a vítima da história e que você deveria pelo menos tentar
entender o lado dos seus pais. – Anne pareceu abalada com aquela conversa,
com um olhar triste encarando seu filho. – Você é um ótimo filho, Harry. O
melhor de todos. Você é carinhoso, calmo, educado, inteligente... mas quando
se trata da sua irmã você só-
– Isso é exaustivo. – Fecha os olhos, respirando fundo e balançando a cabeça
negativamente. – Eu não vou mais discutir sobre isso. Eu vou pro meu quarto.
– Mas você não comeu nada.
E sem colocar uma colher de comida na boca, ele saiu da mesa, subindo as
escadas com pressa pra sair dali o quanto antes. Quando entrou no seu quarto
se jogou na cama, colocando a mão na cabeça e fechando os olhos com força
enquanto respirava fundo. Aquele assunto, aquela discursão conseguia tirar
toda a sua energia.
Queria gritar, queria colocar pra fora toda aquela angústia e frustração que
sempre vinham nos jantares dos domingos, mas não podia. Ele não tinha
ninguém.
Resolveu mandar mensagem pra a única e primeira pessoa que veio na sua
cabeça.
– Eu também.
– O quê?
– E respondendo a sua pergunta de hoje mais cedo, sim, eu acho que nós
funcionaríamos.
Ele respirou fundo umas três vezes, desejando parar o tempo e sentir tudo
aquilo pra sempre, desejando que a vida fosse tão boa quanto a sensação de
ouvir Louis falando aquelas coisas.
– Bom, eu acho que gostei de ouvir isso porque estou sorrindo feito um idiota
até agora por sua culpa, Louis Tomlinson. E se te fizer se sentir melhor, é
completamente reciproco.
Louis, que passava por ali naquela segunda ensolarada enquanto caminhava
para sua primeira aula do dia, parou para rir daquela cena, tentando se
esconder.
– Malik, você-
– Não precisa responder, Tyler, eu sei que você é. – O moreno cortou Jones na
mesma hora, fazendo os outros caras rirem.
– Bom, eu só estava dizendo que se você quer saber onde o Styles está, acho
que deveria perguntar pro Louis. – Tyler disse alto o suficiente para que Louis,
que estava mais afastado, e todos os garotos do time ouvissem.
Quando Jones finalmente levou seu olhar até o do garoto, todo o time e Zayn
fizeram o mesmo, deixando Tomlinson com as sobrancelhas arqueadas e sem
saber o que fazer. Desde quando as pessoas sabiam dele e Harry?
– Claro que não- eu achei que ele estaria com o time. O que está fazendo? Por
que Tyler falou aquilo? – O garoto de olhos azuis diz rápido quase em
desespero.
– Eu comecei a trabalhar hoje com os Tigers e preciso tirar uma foto do time,
mas não posso fazer isso sem a porra do capitão. – Respira fundo, olhando no
relógio. – Eu avisei a eles que deveriam estar aqui pontualmente ás 7, mas
aparentemente o cara mais importante do time se esqueceu, então-
– Nunca falei tão sério. – O moreno se aproxima mais um pouco e volta a falar
sussurrando dessa vez. – Isso era pra ser um romance secreto ou algo do tipo?
– Não, claro que não. Somos amigos, gostamos da mesma banda e fomos ao
show. Como amigos. – Tomlinson suspirou, passando a mão pelo cabelo. – Eu
só não falei antes pra você e Niall porque não queria causar nenhuma emoção
muito grande.
Louis ficou calado, com medo de como seria a partir de agora. Mordeu o lábio
inferior e deu de ombros, derrotado.
– Eu deveria saber.
– Deveria. – Malik sorriu sem vontade. – Agora eu tenho que voltar e tirar essa
foto de todo jeito. Te vejo depois?
– Yeh.
E ele acompanhou Zayn com o olhar, vendo ele se juntar ao time. Quando
olhou para o grupo de garotos, dois deles o encaravam de volta. Liam deu um
tchauzinho e recebeu um sorriso em troca, mas Tyler não fez nada além de o
encarar sem expressão nenhuma no rosto.
Voltou a andar pelo colégio, colocando seu fone e procurando Harry pelos
corredores mas não o encontrou então desistiu e foi para aula. Sentiu os
olhares das pessoas sob ele quando ele passava e aquilo o incomodava, mas
não tanto quanto da primeira vez.
– E aí, Lou? – O loiro sorriu assim que Tomlinson sentou do seu lado. – Como
foi o final de semana?
– Aham...
Então os dois ficaram em silêncio e Louis estava se segurando para não rir
porque Niall não sabia disfarçar.
– Eu ia contar, mas os fofoqueiros desse colégio foram mais rápidos que eu. –
Deu de ombros.
Então eles engataram uma conversa aleatória e divertida, mas Louis não
conseguia se segurar, olhava para a mesa dos Tigers de cinco em cinco
minutos procurando aqueles olhos verdes que ele tanto gostava.198
Mas Harry Styles não foi pra aula na segunda-feira. Nem na terça, e nem em
nenhum dos outros dias da semana.
Ao longo da semana, sua ausência foi notada por todo colégio, afinal além de
ser um dos garotos mais populares do Hamptons High, qual é o capitão que
não aparece nos treinos por uma semana inteira, justamente no começo da
preparação para a nova temporada?
Durante aqueles cinco dias sem sinal de Harry Styles, só se falava sobre isso.
Onde ele estava? Com quem estava? Estava bem? Por que ninguém sabia
dele? Tomlinson passou a semana inteira preocupado. Não conseguia
entender porque Styles tinha sumido daquele jeito, sem dizer nada.
Na segunda-feira, ele digitou várias mensagens diferentes, várias vezes mas
não conseguiu mandar nenhuma. Harry podia ter ido no dentista, ou
simplesmente ter acordado sem vontade de ir pro colégio e Louis não queria
parecer um obcecado.
– Styles. – Respondeu. – Surgiram boatos que os pais dele vão sair dos
Hamptons. Parece que ele foi embora.
– Isso é besteira.
– É verdade. – O garoto deu de ombros. – Mas tem uma boa notícia. Eu sou o
capitão agora. Você sabe o quanto eu queria isso.
– Eu não te odeio, eu só não te respeito mais. – Ele disse com um sorriso triste.
– E se você quiser um conselho, pare de se iludir achando que você é o
capitão agora. Harry vai voltar. E você sabe que ele é melhor nisso do que
você.
Então Louis saiu dali o mais rápido que pode, deixando Tyler Jones sozinho
com uma cara nem um pouco amigável. Tomlinson não tinha ideia se Harry
voltaria ou não, mas ele nunca deixaria Jones se aproveitar disso para coloca-
lo pra baixo.
Na quinta-feira ele olhou ao redor procurando Styles mesmo sabendo que não
o encontraria ali e desde que ele tinha sumido, toda vez que o seu celular
tocava, o coração parava de bater por um segundo só de pensar que poderia
ser o jogador. Mas nunca era. Assim aquela semana passou, se arrastando, e
Louis quase estranhou não ter ninguém pra conversar nos intervalos além de
Zayn e Niall. Algo estava claramente faltando.
– Styles está em Nova York. – Foi o que Niall disse assim que encontrou Louis
parado em frente ao seu armário, guardando alguns livros.
Tomlinson abriu a boca algumas vezes, tentando falar alguma coisa, mas não
saiu nada. Balançou a cabeça negativamente enquanto passava a mão pelos
cabelos.
Achava que depois da ligação dos dois no domingo á noite, ele tinha deixado
claro que Harry podia contar com ele. Mas parece que o garoto não se
importou muito com isso.
– Relaxa, Lou. É o Styles. – Horan deu de ombros, dando um tapinha no ombro
do garoto. – Provavelmente estará de volta na semana que vem. Agora vem
comigo que eu vou esperar Zayn terminar as fotos e posso deixar vocês em
casa.
Assim que Malik viu os amigos o esperando, fez um legal com a mão se
virando para os jogadores.
– As fotos ficaram ótimas, garotos. Obrigado por hoje, vejo vocês segunda. –
Ele sorriu, se virando para pegar sua bolsa e ir embora.
E todo o time fez aquele famoso coral de gritinhos, fazendo Malik rolar os olhos
teatralmente.
– Bom, provavelmente você vai me ver sim, como o bom obcecado por mim
que você é, mas se isso acontecer, por favor, faça o possível para que eu não
veja você, afinal os finais de semana são justamente os dias que, felizmente,
eu não preciso olhar na sua cara e eu realmente não quero estragar isso. –
Depois de falar tudo isso quase sem respirar e deixando todo mundo em um
silêncio desconfortável, Zayn desvia o olhar de Liam para o resto dos garotos.
– Mas enquanto ao resto de vocês, vocês foram ótimos. E você foi mais ou
menos, Jones. Essa blusa de capitão realmente não combina com você. Até
mais.
E então Malik saiu dali, e Tomlinson e Horan que olhavam a cena de longe
viram Liam e Tyler com a boca meio aberta e as sobrancelhas franzidas,
encarando Zayn indo embora. O clima pesou por um momento no campo, mas
logo o treinador chegou para conversar com os garotos e aquilo tinha sido
esquecido, pelo menos por enquanto.
– O que foi isso com Liam? Não precisava falar daquele jeito...
– Para de ser ingênuo, Louis. Ele estava debochando de mim, você não
percebeu? – Malik falou, quase nervoso quando eles chegaram no
estacionamento. – Esse Liam Payne é um babaca. Consegue ser pior que
Jones.
– Eu não gosto de implicar com ele, eu o desprezo, ok? Ele é indiferente pra
mim.
– Yeh... – Horan disse rindo. – Okay.
– Mas você acabou de dizer que ele era indiferente. – Louis disse.
– Tá, tá. – Zayn fez uma careta, respirando fundo em seguida. – Vamos parar
de falar sobre esse garoto, meu dia já foi ruim o suficiente. Escuta, Louis,
amanhã tem aquela festa do East, esteja pronto lá em casa ás 2, ok?
– Por que não? – O moreno insistiu. – Vai ser a melhor festa do ano.
– Não vai ser não, as melhores são sempre as do Styles. – Niall disse e de
repente um silêncio desconfortável se instaurou por alguns segundos.
– Você conhece sim, ele vive andando com os garotos do Tigers e está em
quase todos os treinos.
Se Zayn fosse realmente falar o que ele queria, ele diria que Bradley Simpson
é uma miniatura de Harry Styles, que é um de seus baba-ovo oficiais com o
mesmo cabelo jogado para trás com cachos grossos nas pontas, mesmo anéis
espalhados pelos dedos e mesma mania de usar blusas tão velhas e
desbotadas que poderiam ser usadas como pano de chão.
Mas Louis já sabia disso. Já tinha visto Harry e Brad conversarem no colégio e
nos treinos várias vezes, sempre rindo e se tocando. Em uma das festas dos
Tigers, Louis viu os dois de longe tão próximos que poderia jurar que eles
estavam ficando, mas Tyler negou na hora, alegando que o mais novo era meio
apaixonado por Styles, mas ele nunca o viu além de um bom amigo.
– Eu não sei se é boa ideia, Zayn. – Ele disse, respirando fundo e passando a
mão pelo cabelo.
– Sair e ficar bêbado com a gente sempre é uma boa idéia. – Horan disse
sorrindo com seu sotaque forte enquanto dirigia. – O pior que pode acontecer é
Zayn e Liam se encontrarem no meio da festa e só ter nós dois pra separar a
briga.
– Não se preocupem com isso porque eu vou estar muito ocupado nessa festa,
ok? – Ele disse com as sobrancelhas arqueadas. – Vou estar tão bem com o
meu acompanhante que Liam Payne vai magicamente se tornar invisível aos
meus olhos...
– Você vai ter que ir pra saber. – Malik piscou assim que Niall estacionou o
carro na frente da casa de Tomlinson. – Vemos você amanhã?
Então Tomlinson olhou pra Zayn, depois olhou pra Niall, respirou fundo e rolou
os olhos.
– Até amanhã, seus pentelhos. – Ele diz saindo do carro e entrando em casa.
"Cade você?
Você está atrasado!"
"Estava estudando.
Não é como se você fosse pontual, hm?"
"Vem logo!"
Ele riu porque conseguia até ouvir a voz de Zayn. Saiu da sua conversa e
desceu as abas, encontrando "Harry Styles" em uma delas, com uma foto do
garoto perto demais da câmera, fazendo um biquinho fofo e com um óculos de
sol rosa. E aquilo fez Louis sorrir, porque não existia uma foto no mundo que
representasse mais quem Harry era.
Pensou se deveria ou não abrir a conversa, mas seus dedos foram mais
rápidos e abriram na mesma hora, vendo ali uma mensagem antiga que o fez
se aquecer por dentro.
Então ele respirou fundo, jogando o celular na cama e tentando não pensar no
garoto de olhos verdes e tentando tomar coragem para se arrumar. Odiava
essas mesmas festas, com as mesmas pessoas e as mesmas músicas, mas
Zayn e Niall o convenceram que era melhor do que ficar em casa então ele
decidiu ir.
Quando chegou lá, Zayn e Niall já estavam prontos bebendo whisky e ouvindo
Drake na sala. Louis mal chegou e os garotos já pediram outro taxi para o
Eastside alegando estarem muito atrasados. Conversaram coisas aleatórias o
caminho inteiro e quando finalmente chegaram, Louis quase deixou seu queixo
tocar o chão com a grandiosidade daquele lugar.
– Como assim alguém mora aqui? Isso parece mais um museu. – Niall
comentou baixinho enquanto eles davam o nome para os recepcionistas na
frente da casa que, como todas as mais luxuosas dos Hamptons, era de frente
pro mar.
– Eu sabia que o Simpson tinha dinheiro, só não sabia que era tanto assim... –
Zayn comentou logo que eles entraram no lugar.
Uma gramado verde enorme ficava na frente da casa, com algumas pessoas
jogando golfe ali enquanto uns garçons andavam de cima pra baixo com taças
de champanhe e outras pessoas espalhadas perto da piscina maior do que a
casa de Louis, toda iluminada. Mais próximo a casa tinha um lounge com sofás
e mais pessoas sentadas conversando. A paisagem de tudo isso era um pôr do
sol lindo no mar, com o céu laranja bem na frente deles.
Uma música estranha tocava de fundo, parecia ser Ariana Grande, mas Louis
não saberia dizer. Os três caminharam até o lounge que tinha a iluminação
baixa e logo encontraram o aniversariante.
– Hey, Brad! – Zayn sorriu quando viu o garoto com uma blusa social branca,
blazer preto e uma porra de uma gravata borboleta.
Os três garotos riram, e Bradley saiu para conversar com um outro grupo. Zayn
respirou fundo olhando ao redor, parecendo procurar alguém.
E Zayn se virou pra onde o loiro tinha apontado, vendo, de fato, Liam Payne. O
garoto estava com uma blusa social preta e um blazer cinza jogando golf com
um copo de whisky na mão, charmoso como nunca. Mas Malik apenas rolou os
olhos, voltando a encarar os amigos.
– Olha ele ali. – Zayn ignorou a pergunta quando achou o cara misterioso perto
da piscina, suspirando e arrumando sua blusa antes de passar a mão pelo
topete perfeito. – Como eu estou?
– Você já perguntou trinta vezes e nós já falamos trinta vezes que você está
lindo. – Niall bufou, olhando ao redor.
Então ele deu uma risadinha e saiu dali, sem dar tempo de Louis ou Niall
responderem alguma coisa. Tomlinson riu, balançando a cabeça
negativamente.
– Lou, eu vou lá dentro pegar alguma coisa pra beber, você quer? – O loiro
perguntou.
– Não, valeu. Eu te espero aqui.
Niall saiu e ele ficou finalmente sozinho. Respirou fundo e coçou a nuca sem
jeito, sentando em um dos sofás e tirando o celular do bolso apenas para ficar
abrindo e fechando aplicativos - já que não tinha nenhuma notificação
interessante ali - e não parecer tão excluído e sozinho. Riu de si mesmo,
começando a ouvir uma conversa de dois garotos atrás de si que pareceu
muito mais interessante.
– A festa está incrível, Brad. Você é um anfitrião tão bom quanto o Styles. – Um
dos garotos disse. E Louis logo entendeu que o outro era o aniversariante. –
Falando nele... por incrível que pareça, o capitão era a última pessoa que eu
esperava encontrar aqui.
Ele estava tão nervoso que não sabia o que fazer. Nunca tinha visto uma sala
tão grande na sua vida e com tantas pessoas. Olhou ao redor e não demorou
muito pra achar.
Lá estava Harry.
Do outro lado da sala enorme que dividia os dois, sentado em um dos sofás
com as pernas cruzadas, a postura perfeita enquanto ria e tomava seu whisky
calmamente, conversando e sendo simpático, espontâneo e gentil com as (pelo
menos) dez pessoas ao seu redor,
todas olhando pra ele, sorrindo pra ele, falando com ele. Era inevitável um
garoto como Harry Styles não ser o centro das atenções.
Louis mal consegue respirar durante os vinte segundos que Harry Styles leva
para atravessar aquela sala enorme, sendo parado por algumas pessoas mas
logo se livrando delas e caminhando na direção de Louis, sem tirar os olhos
dele. Com sua calça social e blazer bege claro, quase em um tom de areia,
cabelo penteado para trás e as bochechas em um tom rosado como se ele
tivesse tomado sol, Harry finalmente se aproxima com as mãos no bolso e um
olhar penetrante apesar da expressão leve, fazendo o coração de Tomlinson
bater mais rápido quase automaticamente.
Nunca tinha se sentindo assim antes, assim como Harry Styles o olhava de um
jeito que nunca havia olhado antes. E foi assim que Louis percebeu que
alguma coisa tinha mudado entre eles dois.
✧Nineteen
– Eu não esperava te ver aqui. – Foi a primeira coisa que Harry Styles disse,
depois de alguns segundos apenas encarando o garoto de olhos azuis, que
sentiu um frio na barriga assim que ouviu sua voz grossa.
– Eu acho que posso dizer o mesmo. – Respondeu com a voz baixa, tentando
acalmar toda festa que ele fazia por dentro só de ver Harry.
– Você está bem? – O jogador perguntou baixo e Louis não olhou ao redor,
mas sabia que a sala inteira estava olhando eles dois.
Então eles voltam a ficar em silêncio por mais alguns segundos. Styles parece
querer falar algo, mas algo o segura para trás. Ele respira fundo e diz em
seguida.
– Eu sinto muito. Tenho tantas coisas pra te falar... – Falou parecendo exausto
enquanto tirava a mão do bolso e passava pelo cabelo, extremamente bonito e
atraente. – Eu senti sua falta pra caralho, Louis.
– Podemos conversar depois. – Louis respondeu, tentando ignorar a ultima
parte por enquanto.
Ainda estava chateado pela maneira como Harry tinha ido embora e
principalmente pela maneira como o garoto tinha voltado, bebendo e
conversando em uma festa como se nada tivesse acontecido. Mas mesmo
assim, de um jeito estranho, ao falar com Styles ele parecia o mesmo de
sempre.
– Eu ia gostar disso. – Disse sem jeito, tentando não demonstrar sua decepção
com a reação fria de Louis, mas ele entendia. Analisou o garoto por um
momento, falando sem pensar em seguida.– Você está lindo.
– Talvez seja.
Louis também sorriu sem graça, quase um sorriso triste por ver Styles ali na
sua frente depois de uma semana e sentir que eles dois não eram os mesmos.
Se uma semana poderia mudar tanto o relacionamento de duas pessoas Louis
não sabia, e tinha medo de como seria a partir de agora. A idéia de se afastar
de Harry agora o aterrorizava.
– Olá, pombinhos. – A voz bêbada de Tyler Jones atrapalhou o momento dos
dois e Tomlinson prendeu a respiração quando viu o ex namorado passar o
braço pelos ombros de Harry, o abraçando de lado e falando pra o garoto. – Eu
até diria que senti sua falta, dude, mas você saberia que eu estaria mentindo.
– Relaxa, Styles. Era só uma brincadeira. – Ele sorriu novamente com todo os
dentes como se aquilo fosse a coisa mais divertida de todas. Deu dois tapinhas
no peito do garoto em um abraço de lado. – Lou sabe que estou brincando, não
sabe, babe?
– Você sempre gostou. – Jones cortou Tomlinson, dessa vez com a expressão
séria no rosto e deixando o clima mais tenso do que já estava. – Mas não se
preocupem, eu não vou mais atrapalhar vocês dois.
– Eu vou procurar Niall. – Tomlinson disse depois que o ex namorado saiu dali,
coçando a nuca sem jeito.
– Tudo bem. – O garoto de olhos verdes respondeu calmo. – Vejo você depois.
Louis assentiu, mas não saiu do lugar. Continuou parado encarando Harry,
desejando mais do que tudo abraça-lo, mas ele não conseguia. E como se
lesse os pensamentos do garoto, Styles disse:
– Vem cá, por favor. – Abriu os braços e Louis foi na mesma hora, ficando na
ponta dos pés e agarrando o garoto pelo pescoço em um abraço apertado e
cheio de saudade.
Saiu da sala e foi para parte de fora da festa, olhando ao seu redor para achar
Niall, mas acabou encontrando Payne encostado na parede com os braços
cruzados e a cara fechada enquanto encarava um ponto específico sem piscar.
Louis franziu o cenho e seguiu o olhar de Liam, vendo Zayn do outro lado,
perto da piscina conversando com um garoto moreno, alto, forte e bonito.
– Já chega causando, puta merda. – O garoto disse com a expressão mais leve
e um pequeno sorriso nos rosto, dando um beijo em sua testa. – Essa cara de
merda é porque o seu amiguinho me dá nos nervos.
Tomlinson abriu a boca, sem conseguir falar nada. Olhou pra Zayn e depois
olhou pra Liam indo embora com a cabeça baixa. Ficou algum tempo sozinho,
olhando o mar na sua frente com o céu já escuro a essa ponto e resolveu
finalmente beber um pouco.
Foi para a cozinha e viu que até naquele cômodo, a festa estava rolando.
Bebeu um pouco conversando com um garoto que também ajudava na
biblioteca e depois com uma garota que tinha aula de inglês com ele.
Passou pela sala escura e cheia de gente espalhada, com uma música
qualquer estourando nos seus ouvidos e avistou Niall de longe, sentado em um
dos sofás. Andou rapidamente na direção dele e se sentou ao seu lado
engatando uma conversa animada sobre a quantidade de bebidas e o tamanho
da casa de Bradley Simpson.
Enquanto conversavam, Louis passou o olhar pela festa ao seu redor e como
um imã, seu olhar foi direto de encontro com Harry.
Dessa vez o jogador estava com os caras do Tigers no outro sofá enorme,
alguns sentados e outros em pé conversando e rindo. Styles tinha um garoto
do seu lado que falava no seu ouvido e passava a mão pelos botões de sua
camisa branca, mas o garoto de olhos verdes parecia não se importar, não
tocava no garoto nem tinha seus olhos pra ele em momento nenhum.
Louis se sentiu um stalker olhando Harry daquele jeito quase escondido, mas
ele não ligava. Quando viu o garoto descendo a mão do abdômen de Styles
para a virilha dele, prendeu sua respiração. O jogador calmamente segurou seu
pulso, tirando a mão dele dali e se virando para falar algo em seu ouvido com
um sorriso no rosto. O garoto do seu lado sorriu sem jeito e se levantou saindo
dali, mas algum dos amigos de Harry logo chamou sua atenção novamente.
– Louis, é mais fácil fazer com que Styles te veja gritando o nome dele invés de
ficar o encarando como um psicopata. – Niall disse ao seu lado, fazendo o
garoto tomar um susto e tirar seus olhos de Harry na mesma hora.
– Eu só estava olhando.
– Eu sei. – Riu com as sobrancelhas arqueadas. – Já conversou com ele?
– Ele é Harry Styles. – O loiro disse ao seu lado. – Ele é o centro das atenções
em qualquer lugar que ele vai. Sempre foi assim, você só reparou nisso agora.
– Bom, quando ele está com as pessoas todos os olhos são pra ele. – Niall
sorriu. – Mas eu tenho certeza porque já presenciei, quando vocês estão
juntos, os olhos dele são pra você, Lou.
– Quer companhia? – Ouviu aquela voz familiar atrás de si, e se virou para ver
Harry sentar do seu lado e cruzar as pernas enquanto se encostava e apoiava
o cotovelo na parte de trás do sofá.
– Achei que você estivesse ocupado. – Louis respondeu se referindo a todas
aquelas pessoas que cercavam Styles para onde ele fosse.
– Eu sempre tenho tempo pra você. – Olhou o garoto nos olhos, se
aproximando para sussurrar perto dele, como se estivesse contando um
segredo. – E não fale pra ninguém, mas você é meio que a minha prioridade
nessa festa.
– Harry...
– Me deixa te recompensar. – Styles pediu, segurando a mão pequena do
garoto de olhos azuis. – Eu sei que eu estraguei tudo e eu fui burro por ter ido
embora daquele jeito e arriscado perder um garoto como você. Eu prometo que
vou te explicar tudo, mas, por favor, me deixa te recompensar e me redimir
pela besteira que eu fiz, Louis.
– Você mal chegou nos Hamptons e já está com esses discursos perfeitos. –
Riu incrédulo e sorriu enquanto dava um tapinha na mão de Harry, fazendo ele
dar uma risada. – Você é uma porra de um conquistador, não é?
– Nem um pouco.
– Eu gosto de desafios.
– E é justamente isso que me deixa fascinado por você. – Ele disse, dessa vez
mais sério. – Eu não tenho pressa, Lou. Tudo no seu tempo.
– É rapidinho, cap. – O mais novo insistiu, segurando sua mão e se virando pra
o garoto de olhos azuis. – Louis, você se importa?
– Oh, não. – Sorriu sem jeito. – Vai lá, depois nos falamos.
E não deu tempo nem de responder, Styles já foi puxado com Brad para um
lugar qualquer naquela casa gigante.
Não pensou duas vezes antes de descer a escada que dava acesso a praia,
completamente vazia e deserta.
Ficou ali por vários minutos, fingindo estar pensando em nada mas na verdade
estava pensando em Harry, claro.
Tomlinson não poderia mais negar a esse ponto. Nunca conheceu ninguém
que mexia tanto com ele como Styles. E como sempre, como se soubesse que
era praticamente o único pensamento que rondava a cabeça do garoto, Harry
estava ali.
– Oi. – Ele disse com a voz rouca ficando um pouco afastado de Louis e
encarando o mar na sua frente.
– Eu não falei com ninguém durante essa semana, tentei o máximo não pegar
no meu telefone e aproveitar o pouco tempo que eu tinha com Gemma. É claro
que eu pensei em te ligar, te mandar uma mensagem. Ficava encarando seu
número por minutos pensando se eu deveria ligar ou não. Escrevi no mínimo
trinta mensagens diferentes pra te mandar, mas não consegui enviar nenhuma
e eu sinto muito. Eu sinto muito pelo jeito que fui embora, sem falar nada, sem
te dar uma satisfação...
– Sim, é clichê pra caralho... mas aconteceu comigo também. – O garoto disse,
olhando Styles nos olhos. – E o que isso significa?
– Eu não sei o que significa mas eu acho que só tem um jeito de descobrir.
E quando Harry caminhou em sua direção sem dizer nada, ele achou que fosse
morrer. O garoto tirou as mãos do bolso e levou as duas até a nuca de Louis,
causando um arrepio inevitável. Respirou fundo aproximando seus rostos e
sussurrou:
– Desde quando você pede permissão pra beijar alguém? – Louis sussurrou de
volta, sentindo uma carícia na parte de trás da sua nuca.
– Louis! Styles! – O grito de Niall Horan interrompeu o momento dos dois, que
rapidamente se afastaram para ver o loiro na frente da casa. – Vocês tem que
vir aqui! Liam entrou em uma briga por causa de Zayn e... eu acho que ele vai
precisar ir pro hospital.
✧Twenty
"And you understand now why
...
Harry dirigindo seu carro com Louis no passageiro e no banco de trás Liam de
um lado da janela olhando a estrada e Zayn do outro lado fazendo o mesmo,
enquanto Niall estava no meio dos dois, esperando alguém dizer alguma coisa.
– Você acha melhor levar todo mundo lá pra casa? – Harry perguntou baixinho
pra Tomlinson, mas por causa do silêncio, todo mundo ouviu e o garoto só
assentiu calado.
Após dar partida no carro a única coisa ouvida foi um "porra, eu não acredito
que bebi e estou dirigindo" vindo de Harry, mas ele estava sóbrio, então foi
mesmo assim. Tirando isso, o caminho inteiro foi sem uma palavra, só Styles
falando de novo que iria levar todo mundo pra casa dele e eles podiam dormir
por lá. E quando finalmente chegaram, todos entraram em silêncio e em um
clima estranho demais pro gosto de Louis.
– Vem, Liam. Deixa eu cuidar do seu corte. – O garoto disse, vendo Zayn
sentar em um dos sofás com a cabeça baixa.
– Horan, você pode me ajudar a fazer uns sanduíches? – Harry perguntou com
a voz cansada e Niall rapidamente assentiu.
E eles foram pra cozinha e Liam sentou em um dos bancos da ilha, olhando
fixamente pra Zayn, que encarava o mar pelas janelas enormes da casa de
Styles.
– Harry, tem kit de primeiros socorros? – Louis perguntou baixinho, sem querer
chamar muita atenção, mas Liam o encarou na mesma hora com as
sobrancelhas franzidas, mas não disse nada.
– O que foi?
– Nada. – Deu de ombros, abaixando o olhar.
Quando Harry voltou com o kit, entregou para Louis que rapidamente começou
a limpar o corte no canto superior da sobrancelha de Payne e na maça do seu
rosto, enquanto o garoto fazia uma careta pela dor.
– Por quê?
Então Liam levou seus olhos até Zayn, que continuava do mesmo jeito.
Suspirou e voltou a encarar Louis.
– Você já acabou?
Tomlinson suspirou, assentindo com a cabeça e vendo Payne se levantar e
sentar em um outro sofá, afastado de Malik mas sem tirar seus olhos dele.
– Hoje. Eu não vou conseguir dormir sem saber o que houve. – Tomlinson
disse e Niall concordou.
Depois de mais uns minutos os três voltaram com o lanche para a sala,
encontrando Liam e Zayn no silêncio mais estridente de todos. O moreno não
tirava os olhos da janela, parecendo perdido em pensamentos enquanto o
jogador apenas o encarava, tentando decifrar alguma expressão no seu rosto.
– Aqui, pra vocês comerem. – Horan quebrou o silêncio com a voz calma,
pegando um dos sanduíches e comendo-o sem cerimônia.
Liam, Louis e Harry pegaram um, mas Zayn não moveu um músculo, dessa
vez encarando o chão enquanto apertava o blazer ao redor de seu corpo.
– Mas você precisa comer, amor. – Insistiu e Harry que estava do seu lado,
colocou a mão sobre a sua perna em um aviso silencioso de que estava tudo
bem, e que ele não deveria insistir novamente.
– Você tá bem? – Harry perguntou com a voz serena e recebeu um aceno com
a cabeça como resposta. – Se precisar de alguma coisa é só pedir, tudo bem?
Sinta-se em casa. Payne, e você? Está tudo bem?
– Que bom. – Sorriu minimamente. – Agora que está todo mundo bem, alguém
pode nos contar o que aconteceu? Estamos muito preocupados e queríamos
poder ajudar no que for preciso...
Então Liam e Zayn trocaram o primeiro olhar desde que toda aquela confusão
aconteceu. Liam parecia hesitante, querendo contar, mas permaneceu em
silêncio. Zayn voltou a encarar o chão, respirando fundo algumas vezes antes
de começar a falar.
– Tem esse cara do East. – Ele disse baixinho. – Nós conversamos durante
alguns dias e nos vimos hoje pela primeira vez. Ele parecia ser um cara legal.
Ficamos bebendo e conversando a noite toda e uma hora eu subi pra ir no
banheiro, e quando eu saí, ele me empurrou pra um dos quartos e...
Parou de falar quando o choro veio, cobrindo o rosto com as mãos e chorando
com força, se esforçando para não soluçar.
– O cara tampou minha boca com a mão dele, então eu não consegui gritar
quando percebi que você estava na porta. – Respirou fundo, deixando uma
última lágrima escapar. – Não aconteceu nada. Não deu tempo de acontecer.
Graças a você.
– Meu Deus, Zaynie. – Louis disse chocado e pela falta de palavras. – Eu não
sei nem o que dizer...
– Spencer Hayes. – Zayn respondeu, finalmente olhando pra algo que não
fosse os olhos castanhos de Liam.
– Eu não sei, Styles... Ele é muito rico, eu não... Eu não sei se eu tenho poder
pra isso.
Os dois assentiram longe um do outro, mas estava claro que queriam estar
perto.
– Foi só um susto, né? – Payne falou pra Zayn, que sorriu triste fazendo que
sim com a cabeça.
– Eu não quero que você pense nisso. – Payne franziu o cenho, negando com
a cabeça. – Pense que você está bem agora, com pessoas que se importam e
que cuidam de você. Você está seguro aqui. Está tudo bem.
Zayn se levantou, mas antes foi até Liam que estava em pé perto dele, tirou o
blazer de seus ombros e o entregou nas mãos do garoto.
– Valeu pelo blazer... – Ele disse baixo sem tirar os olhos do chão. – E pelo o
que você fez mais cedo, eu nunca vou conseguir retribuir isso. Sinto muito pelo
machucado.
– Não se preocupa com isso. – Payne respondeu no mesmo tom e o resto dos
garotos observavam a cena em silêncio. – Eu só quero que você fique bem.
Recebeu um coro de boa noite de volta e Harry falando onde ficava o quarto de
hóspedes antes de subir as escadas com Horan. Harry se certificou se Payne
estava realmente bem e ele e Louis desejaram boa noite antes de também
subir para o primeiro andar.
Quando ele saiu do quarto, Louis respirou fundo, sentando na ponta da cama e
passando a mão pelo rosto, completamente exausto por aquele dia. Tirou os
sapatos e as meias e ficou observando sentado os livros na estante de Harry.
O garoto voltou rapidamente, caminhando calmamente até se sentar ao lado de
Tomlinson e, assim como ele, respirando fundo antes de dizer:
– Eu também. – Harry sorriu triste. – Mas vamos passar o dia inteiro com ele
amanhã, dar muita atenção e cuidado e deixar ele falar a vontade e até tirar
fotos nossas se for preciso.
– Seus amigos são meus amigos. – Ele respondeu baixinho. – Você sabe que
estou aqui pra o que precisar.
Louis mordeu o lábio inferior para esconder seu sorriso, olhando pra baixo
antes de dizer.
– É o meu também.
– Também não. – Ele respira fundo, virando seu rosto para Louis. – Você não
quer ter?
Eles ficam em silêncio novamente, Louis apenas aproveitando a brisa fria que
entrava pela janela enquanto Harry pensava e repensava aquele trecho do
livro.
– Lord Henry é uma pessoa sábia. – Ele diz vendo Styles balançar a cabeça
negativamente.
– Lord Henry não acredita no amor. – Corrige o garoto. – Ele apenas vive uma
rotina chata com suas terdes de chá e idas ao teatro enquanto envelhece
vendo Dorian se aventurar e se apaixonar pelo mundo. Ele não acredita no
amor, então foda-se ele.
– Sim, deve ser maravilhoso. – Eles se encaram por uns segundos até que
Harry sorri triste.
– Eu quero isso, Louis. Quero estar apaixonado. Quero uma grande paixão. –
Ele suspira parecendo frustrado. – Eu vivi 18 anos sem amar ninguém e a ideia
de não ter essa experiência me apavora.
Pessoas como você não passam despercebidas, pessoas como você são
correspondidas. Não por causa dos seus olhos ou seu sorriso ou seu corpo,
mas por causa do seu coração. Você é uma pessoa genuinamente boa e é isso
que te faz ser tão incrível. Então não se preocupe. Algum dia nos Hamptons,
em Nova York... em qualquer lugar do mundo, alguém vai se encantar por você
e por toda bagagem que você trás consigo, todos seus defeitos e suas
qualidades, seus erros e seus acertos, seus piores pecados... alguém vai se
encantar por tudo em você porque, sinceramente, depois de te conhecer,
Harry, isso se torna meio inevitável. Quer dizer, olhe só pra você...
Louis permaneceu em silêncio com mil e uma emoções explodindo dentro dele
e ele nunca saberia explicar aquela sensação porque era nova e era rara.
– Olhe só pra você. – Ele continua, e agora da um pequeno riso. – Seus olhos
são o oceano, Louis, e eles me encantam.
Eles ficaram assim por um tempo, tentando ao máximo curtir aquele momento
único e em seguida partiram o pequeno beijo, dando mais selinhos longos
enquanto se acariciavam. Harry voltou a colar seus lábios, puxando o inferior
de Louis com os dentes calmamente e segurando uma das coxas do garoto e a
puxando um pouco pra cima, para terem mais contato e finalmente
aprofundando o beijo.
Aos poucos, o beijo foi cessando para que os dois pudessem respirar mas sem
se afastar. Continuaram se encarando sérios e com a respiração
descompassada até que Harry se afastou o mínimo possível, apoiando o
cotovelo na cama e encarando Tomlinson e seus olhos azuis curiosos e lábios
avermelhados.
– Você me faz sentir, Louis. – O garoto disse completamente sério, mas seus
olhos brilhavam.
– Sentir o quê? – Ele perguntou tão baixo que Harry quase não entendia.
Naquele momento eles ainda não sabiam, mas era tão óbvio que dava pra
ouvir no silêncio e enxergar com as luzes apagadas: eles estavam
apaixonados.
✧Twenty One
Louis achou que iria acordar nos braços de Harry, mas estava apenas
abraçando um travesseiro e o quarto estava escuro e vazio.
A primeira coisa que fez quando abriu os olhos foi lembrar de cada segundo da
noite passada. Os lábios grossos e macios de Harry contra os seus, a mão
grande e firme do garoto apertando sua coxa, seu cabelo bagunçado pelos
dedos de Louis, seu cheiro em cada canto daquele lugar. Tomlinson dormiu
perfeitamente nos braços do garoto, mas acordou sozinho naquela cama
enorme.
– É sua última chance, Horan! – O grito de Liam fora ouvido do lado de fora da
casa, então Louis caminhou pra mais perto daquela vista linda, podendo
finalmente ver a cena que o fez sorrir automaticamente.
Fez sua higiene matinal e desceu as escadas, podendo ver a casa de Styles
toda iluminada, com as janelas abertas. Andou calmamente até a parte de fora,
finalmente vendo os quatro rindo e se divertindo. Estavam com bermudas que
iam até a metade da coxa e com estampas diferentes como pizzas, frutas e
ET's. Harry, Niall e Liam estavam sem camisa, provavelmente por causa do
calor, mas Zayn estava com uma branca e lisa.
– Bom dia pra você também, Tommo. – Niall disse rolando os olhos apesar do
sorriso no rosto. – Styles nos emprestou. Legal, né?
Seu coração, como o bom fracote que era, logo vacilou quando viu o garoto
sem camisa e com óculos escuros RayBan, clássico modelo quadrado que caia
perfeitamente em seu rosto simétrico. O sorriso de lado de Harry enquanto
caminhava calmamente até ele o fez prender a respiração por alguns segundos
antes do garoto se aproximar.
– Eu não pedi seu perdão, gatinho. – Styles disse e apesar do óculos de sol,
Louis sabia que ele tinha piscado em sua direção. – Agora o que acha de se
trocar e vim aqui ajudar eu e Zaynie com o bruch, hm?
Ele falou, voltando para perto da mesa e arrumando as louças de um jeito
bonito e sofisticado.
– Melhor. – Respondeu com um pequeno sorriso que Louis julgou ser sincero.
– Styles e Niall.
– Desde quando Niall sabe cozinhar?
– Ele não sabe, ele só cortou os tomates que Styles pediu e ficou dizendo que
ajudou na cozinha. – Zayn deu uma risadinha, balançando a cabeça
negativamente.
– Típico dele.
Os dois ficaram em um silêncio confortável, e Louis não se conteve em olhar
para Harry todo concentrado arrumando perfeitamente os guardanapos da
mesa.
– Eu vi o jeito que ele te olhou. – Malik disse baixo um tempo depois,
chamando a atenção de Tomlinson que insistia em ir toda pra Styles.
Tomlinson abriu e fechou a boca algumas vezes sem saber o que falar, já que
Zayn tinha pego ele de surpresa com aquele discurso.
– Como você sabe disso?
E Louis ficou lá, parado, encarando Harry, parecendo um bobo com a boca um
pouco aberta pela nova descoberta. Será que Harry realmente gostava dele?
Ele estava tão perdido em pensamentos bons que nem percebeu o jogador
caminhando em sua direção com o cenho franzido o encarando.
– Hey. – Harry sorriu, fazendo Tomlinson morder o lábio inferior e se recompor.
– Onde você aprendeu a montar uma mesa? – Perguntou a primeira coisa que
veio em sua cabeça mas tudo que ele conseguia pensar era na possibilidade
de Harry gostar dele.
– Yeah, eu só... – Não aguentou conter o sorriso com a remota ideia do garoto
ter sentimentos por ele, Louis só queria beija-lo. – Acordei feliz, só isso.
E sem dizer mais uma palavra, Louis puxou Styles pela mão e saiu correndo
pelo jardim indo em direção a lateral da casa com o garoto, que não estava
entendendo nada. Tomlinson olhou ao redor e assim que viu a garagem mais
escondida e vazia, entrou nela com Harry sem pensar muito, colocando o
jogador de costas pra uma das paredes.
Só de pensar que estava beijando Harry Styles sem camisa em uma garagem
escura, Louis apertava um pouco mais seus dedos finos na nuca arrepiada do
garoto. Depois de mais alguns minutos se beijando sem parar, quando Styles
finalmente desceu um pouco as mãos para o quadril de Tomlinson e o puxou
para colar contra o seu, o garoto de olhos azuis se afastou minimamente para
respirar. Os dois ficaram assim por alguns segundos, alternando os olhares
entre a boca e os olhos um do outro, se encarando perto demais com os
corpos colados e os peitos subindo e descendo pela respiração
descompassada.
– Isso é tudo, capitão. – A voz um pouco rouca de Louis disse com um sorriso
brincalhão no rosto.
Ele se afasta do jogador e tenta sair dali correndo enquanto ri, mas Harry é
mais rápido e o segura pela cintura por trás, tirando seus pés do chão e o
colocando contra a parede em seguida mordendo o lábio inferior com força.
– Harry!
– O que você pensa que está fazendo? – Ele diz com um sorriso safado no
rosto, colando os corpos dos dois e segurando o rosto de Louis com as duas
mãos, depositando beijos molhados em seus lábios. – Como me beija desse
jeito e depois tenta sair assim, hm?
– Eu fiquei com vontade mas não podia fazer na frente dos garotos. –
Tomlinson disse rindo ao receber beijos espalhados por todo seu rosto.
– Tenho que dizer... – Harry disse depois que partiu o beijo enquanto
acariciava a bochecha do garoto na sua frente. – Fiquei com medo de acordar
e não te ver do meu lado.
Styles gargalhou com os olhos e nariz franzidos e Louis não conseguiu não se
juntar a ele. Os dois rindo juntos, abraçados no canto de uma garagem escura.
– Nem acredito que isso tá acontecendo com a gente. – O jogador disse sério,
mas seus olhos brilhavam enquanto encaravam os de Louis.
– Nem eu. – Respirou fundo, acariciando as costas de Harry. – Não sei o que
estamos fazendo mas eu estou gostando.
– Então isso vai ser um segredo nosso? – Harry pergunta segurando sua mão
e o impedindo de sair dali com um sorriso cúmplice no rosto.
– Só por enquanto. – Ele responde, mais sério. – Não quero falar pra eles
antes de ter certeza.
– Estamos juntos, Lou. Não se preocupe com isso. – Então ele deixa um beijo
simples e longo em seus lábios e sai dali.
Tomlinson demora uns dez segundos parados, olhando para a porta que Harry
tinha saído com o coração acelerado e um sentimento bom no peito. Quando
se recompôs, também saiu dali, encontrando os meninos ainda jogando futebol
sem ter percebido a ausência dos dois.
Então todos foram ajudar a levar as comidas pra mesa do jardim e quando tudo
estava em seu devido lugar, com Harry sentado na ponta, Louis de um lado
com Niall e Liam do outro com Zayn, eles começaram a comer enquanto
conversavam animadamente.
– Então você estava em Nova York na casa da sua irmã? – Niall perguntou
para Styles, tomando um gole do café e vendo o garoto assentir para ele. –
Essa teoria eu não ouvi das garotas.
– Eles disseram até que você estava fazendo um mochilão pela Europa, bud. –
Payne comentou rindo e fazendo Harry rir verdadeiramente.
– Eu gostaria. – Disse se virando pra Louis. – E você ouviu alguma coisa sobre
o meu paradeiro, Lou?
– Então, Z... O que você quer fazer hoje? – Niall perguntou comendo um
morango e o garoto deu de ombros.
– Você não vai sugerir algo e obrigar todo mundo a concordar? – O loiro
questionou.
– Por que eu faria isso? – Malik rebateu com o cenho franzido deixando Niall e
Louis com uma expressão confusa no rosto.
– Porque você fez isso tipo... sua vida inteira, eu acho. – Tomlinson disse. –
Mas nós podemos fazer compras...
– Ou tirar fotos. – Liam disse.
– Ou ver tutoriais de skin care no youtube! – Horan sorriu pra o garoto com
todos os dentes.
– Sim, nós precisamos, bud. – Niall ficou sério, respirando fundo e odiando
puxar aquele assunto. – Você está quieto e estranho demais. E a gente sabe
que você passou por uma merda mas... Não sei, só queremos nos certificar de
que você está bem.
– Eu estou bem, só ainda estou tentando digerir tudo o que aconteceu, mas eu
não estou psicologicamente traumatizado ou algo do tipo. – Resolveu se abrir.
– É só... ruim pra caralho a sensação de não poder se proteger diante de uma
situação dessas, sabe? Eu me senti fraco, frágil, incapaz. E se eu que sou
homem me senti assim, imagino como deve ser pra as mulheres diariamente.
Que porra de mundo é esse que não podemos ir em festas com os nossos
amigos sem nos sentir seguros? Ou andar na rua com medo? Eu não quero
viver em um mundo assim. Sempre tive empatia por pessoas que já foram
abusadas sexualmente, mas depois de passar por isso... Empatia não é o
suficiente. Eu quero fazer algo. Quero ajudar essas pessoas, quero me mover
de alguma forma. Só tenho que descobrir um jeito de como fazer isso.
– Eu tenho certeza que você vai pensar em algo incrível, Zaynie. – Tomlinson
sorriu pra o amigo. – E já sabe que se precisar da nossa ajuda, estamos aqui.
– Eu sei disso. – Ele também sorriu antes de suspirar. – Agora já que vocês
estão propondo, eu não vou negar que eu queria desopilar um pouco. Domingo
já é um dia ruim pra caralho e eu não quero piora-lo pensando muito nisso.
Niall e Liam começaram a falar um por cima do outro dando sugestões e Louis
se lembrou o que Harry tinha dito sobre os domingos, então se virou para o
garoto, encontrando-o olhando para baixo.
– Ei. – Tomlinson chamou baixo para apenas o jogador ouvir, falando com
cuidado em seguida. – Seus pais não vem hoje?
– Não. – Passou a mão pelos cabelos, respirando fundo. – Eles tiveram que se
mudar para Nova York por um tempo, a trabalho. Acho que meus domingos
não serão os mesmos durante os próximos meses.
– Você pode ir lá pra casa nos domingos. – Foi tudo o que Louis disse com um
sorriso pequeno no rosto, vendo os olhos de Harry brilharem na mesma hora.
– Ei, nós podemos fazer uma festinha! – Pergunta com um sorriso de quem
está sugerindo alguma loucura.
– Então todo mundo falta e não tem aula. – Payne ri, dando de ombros.
– É sério que-
Harry ligou rapidamente para todos os contatos que tinha, e em minutos alguns
homens chegaram com vários garrafões de cerveja, o DJ montou seus
equipamentos na sala de estar e as comidas já estavam sendo preparadas por
uma pequena equipe.
– Como você consegue fazer tudo isso tão rápido? – Louis perguntou em
algum momento olhando ao redor enquanto eles estavam terminando de
organizar tudo.
Tomlinson estava receoso, principalmente com o fato de que viria Harry sendo
um anfitrião pela primeira vez e recebendo toda aquela atenção que ele
recebeu no dia anterior. Mas diferente da festa de Bradley, dessa vez Styles
estava sentado no sofá ao lado de Louis, Niall, Liam e Zayn. Ninguém estava
entendendo o porquê daquilo, ninguém sabia como tinha surgido aquela
amizade com pessoas aleatórias e completamente diferentes, mas de algum
jeito aquilo deu certo.
Harry virou seu amigo do nada, o conquistou com seu jeito carinhoso e seus
elogios inesperados, com uma educação impressionante. Niall era aquele
amigo que o fazia rir com suas piadas sem graça e com sua própria risada
escandalosa quando estava bêbado - que era quase sempre - e também
quando estava sóbrio. Zayn era o alvoroço em pessoa, que o aconselhava
mesmo quando Louis não pedia e defendia os seus com garras e dentes. E pra
completar, Liam era o engraçadinho e lerdo na maioria das vezes, mas que
tinha um coração enorme e lindo de se ver. E de um jeito muito louco, essas
quatro pessoas, que Louis tanto gostava, agora eram amigos entre si e aquilo o
deixava tão feliz que ele não saberia dizer o quanto.
Era incrível ver Harry cantarolando bêbado e fazendo dancinhas enquanto Niall
gritava coisas como "essa noite vai durar para sempre" e Zayn tirava fotos de
cada momento com a polaroid que o jogador o emprestou, até uma foto de
Liam sorrindo com a boca aberta e estendendo a garrafa em direção a câmera,
Zayn tirou, rindo em seguida com o garoto quando viram o resultado
aparecendo aos poucos no filme em suas mãos.
– Ei, Styles! – Um garoto loiro e muito bonito chamou o jogador. Louis não
sabia quem era, mas pelo jeito que se vestia, alegava ser do East. – Cadê o
nosso anfitrião? Estão convocando você lá fora, dude.
– Hoje eu tenho convidados especiais, mate. Mas eu sei que vocês vão
conseguir se virar sem mim. – Volta a se sentar ao lado de Louis, passando o
braço pelos ombros do garoto. – Aproveite a festa.
– Você me surpreende, party boy. – Louis disse no seu ouvido com um sorriso,
podendo ver ele se arrepiar e sorrir.
– Porque você abriu mão de ficar com seus convidados pra ficar aqui, com a
gente.
– E por que isso te surpreende? – Ele pergunta. – Quando eu te disse ontem
que você era minha prioridade, eu estava falando sério. Eu abro mão de ficar
com qualquer pessoa pra ficar aqui com você. E com Niall, é claro.
Quando Louis abriu a boca pra responder, outro garoto aleatório veio falar com
Harry, que respirou fundo forçando um sorriso e se levantando para
cumprimentar a pessoa. Enquanto isso, Tomlinson pegou o celular
rapidamente para avisar pra Johannah que chegaria em casa mais tarde, mas
acabou vendo uma mensagem que Fizzy tinha mandado a meia hora atrás.
"Lou, você ainda lembra que iamos assistir filme com os gêmeos hoje, certo?
Ernie já está chorando chamando pelo 'Ou dele. Estamos te esperando!"
– Tenho más notícias. – O de olhos azuis disse com um biquinho triste nos
lábios. – Vou ter que ir embora.
– Sim, você pode passar a noite bebendo e ouvindo Niall contar as histórias da
família dele no interior. Ou tentar entender o que está acontecendo com Liam e
Zayn.
Os dois olharam na mesma hora para os amigos que ainda estavam ali, juntos,
conversando e rindo, parecendo realmente civilizados pela primeira vez.
– Mas você não pode fazer isso aqui. – Disse quase morrendo pra não agarrar
Harry ali na frente de todo mundo.
– Eu vou pedir seu taxi. – Se levanta e dá a mão pra Louis fazer o mesmo. –
Vem comigo.
Louis se senta em uma caixa de madeira alta que estava encostada na parede
e não consegue tocar os pés no chão por sua altura enquanto observa Harry
em pé na sua frente, um pouco afastado, com o peso do corpo apoiado em
uma perna, cabeça baixa com o cabelo caindo em seus olhos enquanto mexia
no celular pedindo o taxi do garoto. A coxa malhada por causa do futebol ficava
ainda mais a amostra quando ele estava assim, o braço forte e as costas
perfeitamente torneadas. Ele era um dos caras mais atraentes que Louis já viu.
– Mas você nem me respondeu, gatinho. – Harry diz com a expressão séria,
mas Louis consegue ver um pequeno sorriso no canto de sua boca.
– Ok.
– Já falei que amo seus olhos? – Ele perguntou do nada, depois de algum
tempo calado e Louis teve vontade de rir porque ele gostava de Harry bêbado.
E aquilo foi o suficiente para Harry abrir a boca e aprofundar o beijo, apertando
o corpo de Louis contra o seu como sempre fazia. Depois de alguns minutos
assim, com Tomlinson puxando levemente os fios encaracolados de Styles e
ele passeando as mãos grandes pelas coxas do garoto, o jogador aproveitou a
posição para friccionar seu quadril contra o de Louis levemente, de um jeito
quase imperceptível. Mas Louis pareceu gostar, descendo uma mão para a
cintura do maior e o puxando pra mais perto ainda, mexendo o quadril para ter
mais contato e fazendo Harry arfar durante o beijo.
Eles poderiam continuar ali por horas, mas ouviram uma buzina de carro e se
afastaram na mesma hora, olhando para a rua e avistando o taxi.
Ele se afastou para homem sair com o carro, e Louis o olhou pela última vez
recebendo um beijo sorridente do jogador. Era inevitável só pensar em Harry
depois de tudo que aconteceu entre os dois nos últimos dois dias, então
quando chegou em casa a primeira coisa que fez foi mandar uma mensagem
pra o garoto.
"Cheguei em casa agora. Aproveite a festa, prometo que na próxima eu fico até
o final."
"A festa já perdeu a graça. Você é a melhor atração em qualquer lugar, Lou.
Mal posso esperar pra te ver de novo."
Então ele foi assistir o filme com seus irmãos, mas não podia negar que só
pensava em uma única pessoa, lendo e relendo aquela mensagem com um
sorriso no rosto. E quando o filme finalmente acabou, ele foi dormir cansado,
mas muito feliz. Tomou seu banho quente e quando deitou na sua cama, pegou
o celular para dar uma olhada em suas redes sociais.
Desceu o dedo pelo feed no Instagram, procurando algo interessante, mas não
achou, então atualizou uma ultima vez até ver aquela foto que chamou sua
atenção imediatamente, postada a 30 minutos atrás: apesar de ser tirada com
flash e estar meio borrada, dava para perceber claramente a cozinha de Harry,
onde ele estava com sua blusa preta de corações brancos segurando
firmemente a cintura de Bradley Simpson enquanto eles se beijavam.
"@bradsimpson: com o Tiger e anfitrião mais gostoso de todos, sempre me
proporcionando os melhores momentos. ótimo beijo btw, HÁ."
✧Twenty Two
– Então deixa eu ver se eu entendi. Vocês ficaram ontem, passaram o dia todo
juntos e foi incrível. Mas quando você foi embora da festa ele ficou com outro
garoto? – Fizzy perguntou com Lottie do seu lado, vendo o irmão na sua frente
assentir com a cabeça. – Que escroto ele é então.
Louis mal conseguiu dormir depois de ter visto aquela publicação na noite
anterior. Sentiu uma coisa estranha no peito e cochilou algumas vezes, mas
passou a maior parte da noite virando na cama de um lado pro outro, pensando
em várias coisas.
Acordou na manhã seguinte com olheiras profundas e Lottie percebeu isso pela
manhã, enquanto eles tomavam café com Fizzy. E bastou a loira insistir um
pouco mais que o normal e Louis falou tudo o que tinha acontecido, cada
detalhe.
Tomlinson não era um livro aberto, não gostava de falar de si mesmo e não se
sentia confortável em se abrir com os outros. Menos com suas irmãs. Elas sim
eram as únicas que sabiam de tudo que acontecia em sua vida.
– Mas você disse que foi a primeira vez que vocês ficaram, certo? – Charlottie
questionou. – Então vocês não tinham compromisso nenhum?
– Não, por isso que eu não posso cobrar nada dele. Nós não combinamos
nada, mas eu achei que... – O garoto respirou fundo, balançando a cabeça. –
Sei lá, eu não esperava isso dele.
– Claro, do jeito que você disse parecia que ele gostava de você. – A loira
complementou. – Independentemente se vocês não tinham algo sério ou não,
vocês já eram muito amigos antes de ficar, então ele deveria ter o mínimo de
consideração por você e pela sua amizade antes de ficar com outra pessoa no
mesmo dia.
– Estou mal. Não esperava isso dele, mas ao mesmo tempo não posso cobra-
lo de nada. – Deu de ombros, exausto. – Estou mal porque isso me afetou e eu
percebi que talvez gosto dele mais do que eu deveria gostar. Acho que eu
confundi as coisas e agora a nossa amizade nunca vai ser a mesma.
– Então você tem que falar com ele sobre isso, Lou. Tem que dizer como se
sente, jogar limpo. – A mais nova disse sorrindo triste.
– Se eu fizer isso vai piorar tudo. – Tomlinson disse decidido. – Eu prefiro
acabar o que quer que seja que nós temos agora, do que esperar algo pior
acontecer e nossa amizade acabar de vez.
– Então pergunte a ele se ele esteve com outra pessoa. Dê a chance dele de
falar a verdade e quem sabe se redimir. – Lottie pareceu encontrar uma
solução. – Se ele admitir o que fez e estiver realmente arrependido, você pode
pensar melhor se quer ou não dar a ele uma segunda chance. Se ele negar e
mentir pra você... aí ele é apenas um babaca que não te merece.
– Eu não sei...
– Eu concordo com a Lots. Não acho que você deve tomar qualquer decisão
sem antes conversar com ele. – Fizzy respirou fundo antes de olhar o relógio. –
Já tá na minha hora. Me conta depois como foi, ok?
Então ela pegou uma maça e se levantou da mesa, sendo acompanhada por
Lottie que também já estava atrasada pro colégio. As duas saíram de casa e
mandaram beijo pra Louis que sorriu antes de respirar fundo, sem vontade
nenhuma de sair de casa naquela segunda de manhã.
Mas ele tinha que fazer isso, então colocou Samm Hamshaw no fone e foi
andando até o Hamptons High tranquilamente no sol matinal leve que ele tanto
gostava. As músicas conseguiram melhorar um terço daquele dia de merda,
mas ele não podia negar que a suas irmãs o convenceram de falar com Harry e
aquilo só o deixava cada vez mais ansioso.
Ao entrar nos portões da escola e caminhar pelo gramado, ele avistara Zayn de
longe, sentado em uma das mesas com Styles do seu lado em uma conversa
animada. Respirou fundo porque tinha que ir até lá, então foi, em passos
demorados, se aproximando e tirando os fones, sorrindo meio forçado ao ouvir
o "Hey" dos garotos.
– Bom dia. – Ele respondeu, tentando não olhar na direção de Harry e sentindo
o olhar do garoto sobre si o tempo todo, talvez esperando alguma reação sua.
– A gente tava conversando sobre o jogo dos Tigers sexta. – Zayn disse
animado, sorrindo. – Vai ser o primeiro da nova temporada. Você vai, certo?
– Eu não sei ainda. – Respondeu depois de algum tempo, olhando para seus
pés.
Zayn franziu o cenho, alternando o olhar entre Harry e Louis algumas vezes.
– Mas...
– Não tem problema. – Styles disse sorrindo sem graça, pois sabia que o
garoto odiava futebol americano e nunca faria-o assistir só por causa dele. –
Louis pode ver as fotos que você tirar depois.
– Você deveria ir pra festa que vai ter depois pelo menos, Lou.
– Foi um jogo de merda então tivemos que beber pra afogar as mágoas. –
Styles responde dando de ombros.
– Legal.
– Hey, Lou. – Ouviu a voz rouca do garoto atrás de si, mas continuou andando
rápido. – Hey.
– Tudo bem. – Analisou seu rosto mais uma vez, respirando fundo. – Te vejo
depois?
E assim o resto do dia se passou: ele tentando passar despercebido por Harry
nos corredores, não chegando perto da cantina na hora do intervalo e fazendo
o máximo que podia para não ter que conversar com o jogador.
Mas Louis sabia que tinha que ter essa conversa com Styles e continuar agindo
normalmente só piorava as coisas porque estava na cara de que alguma coisa
tinha acontecido.
Quando todas as aulas do dia acabaram, ele saiu pra almoçar com Niall mas
teve que voltar para o colégio porque naquela segunda ele voltaria a ajudar na
biblioteca. Horan o deixou no estacionamento e ele foi caminhando
calmamente em direção a biblioteca, mas algo chamou sua atenção.
Viu Harry de longe sozinho treinando no campo de futebol, jogando a bola pro
alto e pegando-a enquanto corria e se exercitava. Respirou fundo e foi até ele,
em passos nervosos.
– Hey... – Tomlinson disse de longe, com as mãos no bolso enquanto via Harry
jogar a bola repetidas vezes.
E Harry hesitou.
– Porque eu quero saber. – Louis deu de ombros fazendo pouco caso, mas no
fundo nunca esteve tão nervoso.
– Não, eu não estou com outras pessoas. – Styles respondeu na mesma hora,
ainda com a expressão confusa no rosto.
– É claro que eu tenho certeza. O que foi? Você está com outras pessoas?
E aquilo foi o ápice para Louis. Tudo o que ele realmente queria era que Harry
o falasse a verdade, e ao mentir daquele jeito, o jogador só o provou que ele
era exatamente tudo o que Louis não achava que ele fosse. O de olhos azuis
diante daquela situação, balançou a cabeça negativamente, sorrindo nasalado
sem humor algum, olhando para qualquer canto que não fosse os olhos de
Styles.
– Nós. – Louis finalmente o olhou nos olhos. Precisava fazer aquilo parecer
convincente. – Foi um erro, foi inconsequente, não vai acontecer de novo.
– Eu também queria. Mas acho que foi inconsequente porque deixamos nossos
desejos pessoais se meterem no meio do que a gente já tinha.
– Eu não estou entendendo onde você quer chegar com essa conversa.
– Você entendeu a parte de que isso não vai mais acontecer entre nós? Se
você entendeu isso, você entendeu o suficiente.
E aquilo o fez parar. Respirou fundo, se virando novamente para Harry Styles e
vendo o garoto como nunca viu: cenho franzido, olhos vermelhos e os ombros
caídos. Não parecia o mesmo Styles que andava pelos corredores do colégio
ou o Styles que era cercado de pessoas nas festas. Aquele Harry parado em
sua frente com uma bola de futebol na mão era um Harry vulnerável, frágil e
indefeso.
– E você me tinha. Até eu perceber a merda que estávamos fazendo. – Foi o
que Louis respondeu, sério.
– Não podemos ficar juntos. – Disse sentindo uma angústia enorme tomar
conta do seu peito. – Então, sim, isso é tudo.
E Tomlinson foi embora, andando rápido para fora do campo, olhando para trás
uma última vez apenas para ver Harry jogando a bola com toda sua força para
o outro lado antes de sentar no chão e abaixar a cabeça.3.1K
Aquela foi a imagem que ficou na cabeça de Louis durante as três horas que
ele passou na biblioteca, arrumando os livros. Não sabia ao certo o que estava
sentindo, mas definitivamente nunca se sentiu tão angustiado em sua vida
antes.
Por um lado, sabia que estava fazendo a coisa certa. Styles tinha mentido para
ele, disse que nunca esteve com outra pessoa quando na verdade aquela foto
que Bradley havia postado provava o contrário. Por outro lado, o que Louis
realmente queria era que Harry apenas falasse a verdade e dissesse que se
arrependeu, que só queria ficar com Louis ou algo do tipo. Mas não.
Pensou em tantas coisas, em tantas coisas que poderiam ser ditas, em tantas
formas daquela conversa ter terminado bem, em tantas maneiras que eles
pudessem ficar juntos no final. Estava tão disperso que mal percebeu que as
bibliotecárias já estavam arrumando as coisas para fechar o local, então se
despediu de todas elas e saiu dali, levando 5 minutos para sair do colégio.
Andou até ele calmamente, fazendo seu máximo para acalmar seu coração e
não tropeçar ou cair no meio da rua.
– Eu não concordo com o que você disse, eu não quero que as coisas sejam
desse jeito, e eu não gosto de pensar que o que tivemos foi coisa de uma noite
só. Mas isso não é sobre mim. – Balançou a cabeça negativamente, com a
expressão séria. – Se você não quer mais, se você acha que foi
inconsequente, se você não vê mais sentido nisso... eu te respeito. O que eu
sinto por você é o que eu sinto por você. Você não tem obrigação de sentir o
mesmo por mim e está tudo bem. Eu não estou pedindo nada em troca. Nunca
pediria. – Sorri triste. – Eu não vou aceitar nada além do que você queira me
dar.
E Louis queria gritar, mas tudo o que conseguiu fazer foi perguntar baixinho:
– Uma hora você me olha como se eu fosse tudo e depois age como se isso
não significasse nada. – Respira fundo. – Eu não vou mais procurar algo na
sua expressão, nos seus olhos, algo que me diga que talvez isso seja
recíproco. Também não vou mais tentar achar uma pista nas suas palavras,
qualquer coisa que eu ache que tenha sido subentendido. Eu cansei de tentar
te decifrar.
Ele nunca pensou que ouvir aquilo fosse doer tanto. Engoliu em seco se
recompondo como quem acabou de levar um soco no estômago, sentindo seus
olhos arderem.
– Se você quer que sejamos amigos, é isso que vamos ser. Não vou
questionar, não vou pressionar e não vou forçar a barra. Eu não sou esse tipo
de cara. Eu não forço a barra. Sinto muito se fiz isso em algum momento.
Louis não conseguiu responder, então o garoto de olhos verdes respirou fundo
antes de se desencostar do capô do carro e caminhar até a porta do motorista,
abrindo-a e se virando para Tomlinson parado em sua frente uma última vez,
antes de dizer em seguida:
– Eu sei que não vai ser eu, mas em algum momento você vai conhecer outra
pessoa e isso vai mudar tudo. Quando isso acontecer, apenas tenha em mente
que... não é porque o seu ex namorado foi um merda que todos os caras vão
ser.
✧Twenty Three
– Go, Tigers! – Louis ouviu um grito de um garoto qualquer enquanto olhava ao
redor, procurando por Niall naquela noite de sexta-feira.
Louis não deveria estar ali. Ele tinha se programado para ficar em casa
assistindo série, ele odiava futebol americano. Mas sentiu que deveria ir, por
um motivo desconhecido, então apenas estava ali. Mandou outra mensagem
pra Niall, parado em frente a entrada do campo.
– Tomlinson. – Aquela voz conhecida disse dessa vez em um tom nunca usado
antes. Era um tom firme, duro.
A voz de Harry. Ele não ouvia a voz de Harry desde que tinha falado com ele
pela última vez, na segunda-feira quando acabou tudo entre eles. Agora era
mais difícil do que nunca evitar o garoto porque agora aparentemente ele era
melhor amigo de Niall e Zayn, além de Liam que também estava sempre por
perto.
Então a semana dos dois funcionou da seguinte maneira: quando Harry estava
com os garotos e Louis chegava, Harry inventava alguma desculpa para sair
dali, e o mesmo ao contrário. Estavam se evitando e aquilo estava claro pois o
clima tenso sempre se instalava quando um estava perto do outro. Claro que
Zayn e Niall tentaram arrancar alguma coisa de Louis, mas tudo o que ele se
permitiu dizer foi "nos desentendemos mas vai ficar tudo bem".
Lottie e Felicite souberam de toda conversa assim que Louis chegou em casa
na segunda-feira e ficaram intrigadas com o rumo que as coisas tomaram.
Tomlinson nunca admitiria, mas Harry Styles tinha sido uma decepção maior
que Tyler Jones, e talvez ele tenha segurado o choro em um momento antes
de dormir quando pensou no garoto de olhos verdes.
Quando ouviu Styles chamar seu nome, levantou o olhar surpreso e encontrou
o jogador caminhando na sua direção e o encarando com as sobrancelhas
fortemente franzidas e a cara fechada. Usava a ombreira e a blusa vermelha do
Tigers, uma bermuda preta colada até o joelho, meias e tênis. Tinham dois
riscos preto de tinta em cada lado da sua bochecha vermelha e seu cabelo
estava bagunçado. Lindo, como sempre, tirando a respiração de Tomlinson por
um breve momento.
– O quê...?
– Isso não é mais relevante. – Balbuciou a primeira coisa que veio na sua
cabeça, ele tinha sido pego totalmente de surpresa.
– Então não é relevante o fato de que você acabou tudo o que tínhamos por
causa daquela maldita foto? – Styles arqueou o cenho, parecendo realmente
disposto a discutir aquele assunto ali.
Louis olhou ao redor rapidamente. Algumas poucas pessoas passavam por ali,
o jogo estava prestes a começar, ele não estava entendendo porque Harry
estava falando aquilo naquele momento. Respirou fundo, voltando seu olhar
para o jogador a sua frente.
– Você acreditou mesmo nessa merda, não acreditou? – O jogador riu sem
humor algum, balançando a cabeça negativamente e voltando a ficar sério em
seguida. – Bradley nunca esteve na minha casa naquele domingo, Louis.
Aquela é uma foto antiga.
– Você deveria ter vindo falar comigo. – O garoto de olhos verdes disse baixo e
triste. – Por que não veio falar comigo?
– Eu acho que eu não queria parecer um idiota inseguro que tem ciúmes de
você. – Tomlinson conseguiu dizer, completamente envergonhado daquela
situação, encarando o chão para não ter que olhar nos olhos de Harry.
– É melhor ser esse idiota do que o idiota que não confia em mim e acaba tudo
sem procurar saber a minha versão da história. – Seu tom de voz é amargo
quando ele volta a falar. – Toda essa merda porque não conversamos o
suficiente.
Harry e Louis ficaram alguns segundos encarando o loiro que sorria com as
sobrancelhas franzidas, confuso. O jogador respirou fundo, tentando sorrir mas
falhando miseravelmente.
– E aí, mate. – O cumprimentou, passando a mão pelo cabelo mais uma vez. –
Eu tenho que entrar agora. Vejo você lá em casa?
E Harry não conseguiu não rir com a empolgação do garoto, soltando uma
piscadinha e voltando correndo para o vestiário, deixando os dois ali sozinhos.
– Você tá bem, Lou? – Horan perguntou quando viu o estado de Louis meio
abalado. – Tem certeza que você quer ver o jogo? Você odeia fute-
– Eu acho que sim. – Ele respondeu, sorrindo triste. – Eu acho que eu gosto
dele, Niall. Mas eu estraguei tudo.
– Eu percebi que tinha algo estranho entre vocês. Não sei o que é, mas tenho
certeza que vai se resolver. – Disse calmo. – Agora trate de se animar porque
vamos ver um bando de caras idiotas se batendo enquanto tomamos uma
cerveja e comemos cachorro-quente. Dessa vez é por minha conta.
Horan explicou rapidamente para Louis que eles iriam assistir o jogo na
primeira fila da arquibancada, praticamente dentro do campo junto com Zayn,
que não parava de tirar fotos das líderes de torcida, dos torcedores e do
mascote do Tigers que pulava e dançava ao som da banda com sua cabeça
enorme de tigre. Olhando o clima ao redor, Louis decidiu que não iria pensar
em Harry e na conversa que eles acabaram de ter. Deixaria pra resolver tudo
aquilo no dia seguinte com calma, e tudo ia ficar bem.
– Puta merda. – Niall disse firme, com a expressão dura no rosto enquanto
encarava Harry caído no chão.
– Com quem ele está falando? – Perguntou para Niall, apontando para o
treinador andando de um lado pro outro quando um quarto do jogo acabou.
– Liam é o wide receiver, ele corre o maximo possivel pra receber a bola do
quarterback e marcar uma pontuação. Jones é o runninback, se posiciona
geralmente atrás de Styles e ele corre com a bola nas trincheiras e nos
espaços deixados pela defesa. – Niall explicou calmamente, antes de franzir o
cenho. – Você assiste esses jogos a oito meses desde que começou a namorar
com Jones e nunca entendeu o que estava acontecendo?
– Não. – Riu, dando de ombros. – Eu nunca vi sentido nessa merda, pra mim
eram só 22 caras se batendo.
Lions 6 x Tigers 0
– Puta que pariu. – Horan xingou ao seu lado, passando a mão pelo cabelo.
– Calma, vamos ganhar. – Louis tentou acalmar o amigo, mas estava tão
nervoso quanto ele.
No terceiro período, com mais um touchdown, o Lions fez mais seis pontos, e
logo em seguida, Tyler Jones marcou um field goal, no valor de 3 pontos ao
chutar a bola no meio do Y gigante que ficava na área do time adversário.
Lions 12 x Tigers 3
No quarto período, Tyler Jones fez a torcida gritar novamente quando entrou
com a bola na endzone dos Lions, marcando um touchdown perfeito.522
Lions 12 x Tigers 9
E na última jogada do Tigers, faltando apenas dois minutos para o jogo acabar,
os nervos de todos já estavam a flor da pele quando perceberam que aquela
era a última chance que o time tinha de sair vitorioso. Um silêncio
ensurdecedor se fez presente quando Danny Adams jogou a bola para Styles,
que a segurou com força e correu o mais rápido que pode em direção ás jardas
dos Lions, sendo protegido pela sua linha de defesa para que não fosse
derrubado. E tudo aconteceu muito rápido quando um dos jogadores do time
adversário avançou em sua direção, o derrubando novamente e brutalmente no
chão, mas antes que caísse ele conseguiu arremessar a bola para Liam, que
em questão se segundos alcançou a endzone, marcando o touchdown que
definiu o jogo.
A comemoração da torcida foi tanta que o apito do juiz afirmando o fim do jogo
foi apenas a cereja do bolo. Ao som de gritos e da blechers foi alta enquanto
Niall o abraçava Louis quase chorando de emoção, com o rosto completamente
vermelho. Tomlinson ria e se divertia, feliz pela vitória. Olhou para o campo
vendo Zayn gritando e comemorando, tirando fotos dos garotos se abraçando e
da torcida.
Zayn apenas suspirou, ainda sorrindo, tirando uma foto daquele momento e
voltando para o meio do campo para fotografar mais e Louis o acompanhou
com o olhar, conseguindo ver do outro lado, o número 17 atrás da camisa de
Harry enquanto ele saía do campo, deixando o resto do time para trás.
– Você viu o que acabou de acontecer? – Horan quase gritou. – Liam ia beijar
Zayn ou foi só impressão minha?
Ver Harry saindo dali com os ombros baixos o fez lembrar da conversa que os
dois tiveram antes de jogo, e aquilo o desanimou completamente. Respirou
fundo, sentindo-se angustiado.
– Eu vou pra casa. – Ele disse. – Dê parabéns ao Liam por mim. Vejo você
amanhã?
– Como assim? Você não vai pra festa? – Ele perguntou confuso.
Foi difícil sair da arquibancada com todas aquelas pessoas gritando, dançando
e comemorando a vitória do Tigers, mas ele conseguiu. Pediu um taxi
rapidamente e em questão de segundos já estava em casa.
Não pensar em Harry no meio de um jogo decisivo não era difícil, mas não
pensar em Harry em casa, deitado na sua cama sem fazer absolutamente
nada, era impossível. Então ele tentou se distrair de todas as maneiras
possíveis: ajudou Jay a fazer um bolo de chocolate, assistiu Toy Story 1 e 2
com os gêmeos e ouviu Lottie falar sobre a sua nova paixonite da aula de
música por uma hora sem parar.
– Certo, o mérito é todo meu. – Brincou rindo. – Mas não to muito afim de
beber hoje. Deixa pra comemorar outro dia.
– Tudo bem... – Riu, achando estranho já que não tem tempo ruim para o
amigo beber. – Bom, eu não vou ficar por muito tempo, só queria falar com o
anfitrião. Você viu ele por ai?
– Ele não tá muito bem hoje. – Payne disse, ficando mais sério que o normal.
– Eu não sei, faz tempo desde a última vez que ele fez isso. Eu não sei o que
aconteceu, mas acredite em mim, você não quer ver ele assim. Eu tentei ajuda-
lo, pedi pra ele parar, perguntei qual era o problema, mas não adiantou.
– Do que você está falando? – Sentiu uma angustia dentro do peito. – Onde ele
está?
– Não tenho idéia. A última vez que eu o vi foi a duas horas atrás na cozinha
com uma garrafa de whisky na mão.
E não deu tempo para Liam responder, apenas saiu pela festa procurando
Harry. Esbarrou em algumas pessoas, outras o cumprimentavam e ele apenas
tentava sorrir, mas não conseguia, estava preocupado demais para aquilo. Foi
na cozinha, no banheiro, no jardim, na praia, em todos os lugares possíveis,
mas não o encontrou. O único lugar que o restava era o andar de cima da sua
casa, então ele subiu as escadas rapidamente, encontrando o corredor escuro
e vazio e caminhando até a porta do quarto do garoto. Fechou os olhos com
força por um momento, pedindo aos céus que ele estivesse ali.
E quando abriu a porta, congelou ao ver aquela cena: Harry Styles com apenas
uma calça jeans preta, jogado no chão do quarto encarando a parede em sua
frente com os olhos vermelhos, cabelo bagunçado e uma garrafa de whisky
vazia na mão.
✧Twenty Four
– Harry? – A voz baixa e delicada de Louis chamou, entrando no quarto e
trancando a porta atrás de si, quase sem conseguir tirar os olhos do garoto.
Ele parecia devastado. Não chorava, mas seus olhos estavam vermelhos e a
expressão do seu rosto estava naturalmente triste, como se estivesse com dor.
O cheiro de álcool se fazia presente no quarto e seu cabelo estava bagunçado
como se ele estivesse puxando e mexendo nele sem parar. Tudo parecia
errado em sua aparência, apesar de estar lindo como sempre.
– Você não deveria estar aqui. – Styles disse com a voz arrastada, balançando
a cabeça negativamente. – Eu estou uma bagunça... Você não deveria me ver
assim.
– O que você está escondendo aí? – Tomlinson foi mais rápido e se inclinou
para ver o que era, seu coração parando por um momento quando viu uma
carreira de um pó branco em cima da bancada de vidro. – Harry... o que é
isso?
– Não é nada. – O jogador disse nervoso, puxando Louis pela mão para o tirar
dali, mas ele já tinha entendido tudo. – Você tem que sair daqui.
– Meu Deus, por que você fez isso? – Tomlinson perguntou um tom mais alto,
com a testa franzida enquanto não conseguia controlar o choro que já estava
ali. – O que estava pensando, Harry?
Enquanto ele fazia isso, Louis desarrumou sua cama, tirando o edredom e
colocando os travesseiros necessários para Harry ficar confortável e quentinho.
Ligou o ar condicionado e viu o garoto sair do banheiro em seguida e caminhar
diretamente para a cama, sentando ali com o olhar pesado.
– Está tudo bem? – Ele perguntou para o jogador com cuidado, ficando na sua
frente. – Você precisa de alguma coisa?
Tomlinson acabou o que estava fazendo e pode finalmente encarar Harry, que
ainda o segurava.
– Peça pra Liam acabar com a festa, diga que os meninos também podem
ficar... eu preciso de você, Louis. – O garoto disse com a voz baixa e grave.
Desceu as escadas com pressa, olhando ao redor e vendo que a festa ainda
rolava normalmente. Procurou Liam por todos os cantos, mas não o encontrou.
Viu Niall de longe bebendo e conversando com algumas meninas mas ele não
podia o ajudar em nada. Procurou Zayn mas também não o viu em canto
nenhum.
Andou rapidamente até a cozinha, esbarrando em algumas pessoas no
caminho e quando chegou no cômodo viu Zayn e Liam no meio de uma
discussão.
– Você é patético. – Ele disse baixo, parecendo abalado com os olhos vazios. –
Eu não preciso que você me salve.
– Claro, eu vou resolver isso agora. – Payne assentiu preocupado. – Pode ficar
tranquilo.
E antes de cair no sono, com um Harry Styles agarrado em seu corpo pequeno,
Louis conseguiu ouvir o garoto sussurrar enquanto dormia:
– Você é tudo
.
✧Twenty Five
Louis acordou no meio da noite desnorteado, sentou na cama enorme coçando
o olho e franzindo o cenho quando viu a porta da varanda aberta deixando um
vento forte entrar dentro do quarto.
Caminhou até o local com cuidado para não fazer muito barulho, entrando na
varanda e encontrando Harry sentado no sofá apenas de boxers brancas
encarando o céu escuro a sua frente parecendo pensativo.
– Que horas são? – A voz de Tomlinson tirou o garoto de seus devaneios, que
o encarou em seguida se surpreendendo ao vê-lo apenas com uma blusa sua
cobrindo até metade de suas coxas.
E aquilo foi tudo o que Harry Styles precisava para se abrir de uma vez por
todas e falar pela primeira vez a sua história para alguém.
– Anne e Des sempre quiseram ter só um filho. O plano era vir um menino pra
herdar as empresas, então quando Gemma nasceu foi meio que uma
frustração pra eles. Uma vez ela me disse que eles até gostavam dela. Faziam
tudo o que ela queria, todos os desejos, todas as vontades. Ela não era o que
eles queriam, mas também não era tão ruim assim... até que a minha mãe
engravidou de novo. Finalmente um homem, o herdeiro que eles tanto
sonhavam.
A partir daquele momento, eles só davam atenção a mim. Tudo era eu, eu, eu.
Gemma foi deixada de lado e eles passaram a fazer todos os meus gostos e
tudo o que eu queria. Eu fui escolhido para ser o filho preferido pelo simples
fato de ter nascido homem.
Mas mesmo sendo o filho perfeito que eles tanto queriam, não demorou muito
para colocarem o trabalho em primeiro lugar, e foi assim que eu cresci,
vestindo as melhores roupas, dirigindo os melhores carros, frequentando os
melhores lugares, fazendo as melhores festas... Tudo isso como uma maneira
de me encher de coisas materiais e irrelevantes para substituir a presença
deles.
E mais do que isso, cresci vendo a minha irmã mais velha se sentir rejeitada
pelos próprios pais, e eu era o motivo disso tudo. Ela aprendeu na marra a ser
independente muito cedo. Ia ao médico sozinha com 12 anos. Fazia limonada e
cookies com a ajuda de Celine aos 14 anos e vendia na praia. Ninguém
entendia porque a filha de Anne e Des Styles fazia aquilo, eu lembro de ter
questionado ela milhares de vezes, mas ela nunca me disse o porquê.
Então alguns anos mais tarde, foi uma surpresa pra mim e pra os meus pais
quando descobrimos que ela tinha se inscrito para as melhores faculdades de
Nova York e tinha passado em todas. O dinheiro da limonada e dos cookies,
que ela vendeu por anos, era pra isso. E ela foi, sem olhar pra trás. Eu ainda
lembro dela arrumando a mala e pegando todas suas economias. Saiu de casa
sem um centavo dos meus pais e foi morar em NY, alugou um apartamento,
arranjou um emprego em um restaurante e está lá até hoje, no ultimo período
da faculdade.
Meus pais nunca aceitaram o fato dela ter ido embora. Dizem que ela é ingrata,
que não reconhece o que eles fizeram por ela, mas eu entendo o lado dela.
Tem tanta coisa de errado nessa família que eu entendo ela querer se afastar.
Não de mim, claro, eu sei que ela me ama. Mas deles.
E eu tenho que dizer, depois que ela foi embora, eu me perdi por um momento.
Estava com 15 anos, tinha acabado de entrar pro Tigers e me deslumbrei um
pouco. Bebia quase todos os dias, sempre com um maço de cigarros no bolso,
transando com pessoas que nem lembro o nome. Eu não era eu. Então um dia
Celine viu um dos garotos com quem eu dormi, saindo de fininho pela manhã.
Ela subiu até o meu quarto e me encontrou dormindo com várias garrafas de
vodka espalhadas pelo quarto assim como as bitucas de cigarros no chão.
Quando eu finalmente acordei, quase a noite, ela me chamou pra conversar,
sentamos na mesa da cozinha e ela falou por uma hora, sem parar. Disse que
estava decepcionada, que não me reconhecia mais. Naquele dia eu chorei no
colo dela e percebi que a vida que os meus pais me proporcionavam, que o
Tigers me proporcionava, não era a vida que eu queria levar.
Minha vida não se resume a festas, álcool, drogas e garotos. Eu não ligo se
eles acham que eu sou o rei da escola, o melhor, foda-se. Isso não significa
nada pra mim e não deveria significar pra ninguém. Eu não entendo porque
eles continuam dando valor a coisas tão banais, quando é muito mais
importante e válido ter uma família saudável em casa do que uma reputação
perfeita fora dela. E eu aprendi isso com elas, Gemma e Celine, as únicas
pessoas que não me fizeram virar um completo babaca. Aprendi que o fato de
ser homem não me faz ser melhor que ninguém, que respeitar as pessoas e
ser gentil não custa nada e que um título de capitão do time de futebol só quer
dizer que eu jogo bem, e nada além disso.
Depois de ouvir tudo aquilo, Louis não sabia o que dizer. Tinha percebido que a
relação de Harry com os pais era complicada, mas não imaginava que era tudo
isso. Se sentia enjoado, angustiado conforme Styles ia contando a história e
definitivamente não sabia o que dizer para conforta-lo diante aquilo.
– Mas-
– Sem mas, Harry. Olha pra mim? – Louis pediu e ele o fez. – Eu sei que você
gosta que as coisas aconteçam do seu jeito, mas as vezes as coisas apenas
fogem do seu controle e está tudo bem. Você não tem que se culpar por
qualquer coisa que der errado na sua vida.
– Foi por isso que bebeu tanto hoje? Porquê você não estava bem? –
Tomlinson pergunta, dessa vez com cuidado por tocar naquele assunto que
parecia ser tão frágil, mas Styles não moveu um músculo. – Você faz isso com
frequência?
– Ei, não precisa ter vergonha de mim. – Fez um carinho nas costas da sua
mão, incentivando-o a falar sobre aquilo. – Você sabe que pode falar comigo
sobre qualquer coisa.
Então Harry respirou fundo algumas vezes antes de olhar novamente nos olhos
azuis de Louis e tomar coragem para falar.
– Eu faço isso... eu bebo demais quando as coisas dão errado, quando estou
triste por algum motivo. – Disse devagar, como se fosse difícil falar sobre
aquilo. – A nossa briga, o jogo, a ligação de Gemma... Foi demais pra mim. Eu
queria esquecer, queria me divertir. Mas parece que quanto mais eu bebo, pior
eu fico.
– Só bebo. Eu juro, eu nunca cheguei a usar, eu... – Volta a ficar nervoso antes
de dar de ombros, suspirando. – Eu não sei onde eu tava com a cabeça
quando aceitei aquela merda de Danny. E mais do que tudo, eu não queria que
você me visse daquele jeito. Eu prometo que eu vou melhorar.
– Vamos fazer isso juntos, eu estou aqui. – Tomlinson sorriu para ele, beijando
sua mão sem tirar os olhos dos seus verdes brilhantes.
– E eu sou muito grato por isso. – Também sorri leve, ficando sério em seguida
como se tivesse lembrado de algo ruim, mordendo o lábio antes de falar. – Eu
tive dias ruins, Lou.
– Eu também tive. – Disse sério. – E foi por isso que eu vim aqui. Não consegui
ficar em casa e esperar até o dia seguinte. Não quis estragar sua festa, mas eu
precisava conversar.
– Vim me desculpar e dizer que eu sinto muito por tudo. – Suspirou, sorrindo
triste. – Sinto muito por ter tirado minhas próprias conclusões, por não ter
conversado e esclarecido tudo com você. Eu estive por meses em uma relação
onde não havia diálogo, então eu meio que me acostumei com essa situação.
Acho que vou precisar da sua ajuda para voltar a me abrir e ser sincero em
relação a tudo.
– E quanto a nós... você sabe. Se você não quiser mais, eu entendo. – Louis
disse sem jeito, e dava pra perceber o quanto estava nervoso ao tocar naquele
assunto. – Depois de tudo que aconteceu, é completamente compreensível que
a partir de agora você ache melhor sermos só amigos e-
– Eu estou ouvindo.
– Bom... essa semana foi um inferno sem você. – Começou, olhando no fundo
dos seus olhos. – Tinha que me preparar pro jogo, mas só conseguia pensar
em você. Tinha que estar concentrado quando entrei no campo depois da
nossa conversa, mas só conseguia pensar em você. Bebi hoje como se fosse o
último dia da minha vida e, ainda assim, eu só conseguia pensar em você. Eu
pensei tanto, Louis, que eu finalmente entendi... você nunca me levou a sério.
Todo esse tempo você achou que isso era uma grande piada, que eu estava
flertando com você pra me divertir, que eu estava brincando. Acha que eu
estou brincando quando digo que não quero mais ninguém, não acha, Lou?
E era exatamente aquilo. Quando Harry dizia que amava seus olhos, quando
Harry dizia que ele era o garoto mais bonito dos Hamptons, que ele ficava bem
em qualquer tom de qualquer cor, que ele gostava de Louis... tudo aquilo era
uma brincadeira para o garoto. A verdade é que Tomlinson nunca acreditou
que um garoto como Harry poderia estar verdadeiramente interessado em um
garoto como ele. Ele nunca iria admitir isso mas agora Styles percebeu e ele
não tinha mais motivos para negar. O garoto de olhos verdes o conhecia bem.
– Não sei quantas vezes eu vou precisar falar isso, mas vou falar até que você
entenda de uma vez por todas... eu não quero mais ninguém. – Riu com os
olhos brilhando, balançando a cabeça. – Eu não estou brincando, eu não estou
tentando te conquistar. Não quando você já me conquistou.
– Harry...
– Depois desses dias de merda, eu tenho que dizer, as coisas não funcionam
quando você não está por perto. E foi aí que eu percebi... aquela paixão que
Lord Henry fala para Dorian. Pela primeira vez na minha vida, eu acho que eu
estou sentindo isso. Eu acho que eu estou apaixonado por você. – E agora ele
dizia sorrindo emocionado, com os olhos cheios de lágrimas. – Eu quero poder
dirigir com você no banco do passageiro e te comprar café expresso sem
açúcar, hardcore do jeito que você gosta. Quero ler Oscar Wilde pra você e
escutar Cage the Elephant no volume máximo. Quero andar de mãos dadas na
praia, te beijar no mar e ver o sol nascer e se pôr ao seu lado. Eu quero você,
Louis, mais do que tudo. E quero saber se você me quer também.
– Então estamos juntos? – Ele perguntou sorrindo com todos os dentes, Louis
nunca tinha o visto tão feliz antes. – De verdade?
– Porra, eu sou o cara mais sortudo desse mundo. – O jogador disse com um
sorrisinho de lado, dando um selinho nos lábios de Louis enquanto ele ria. – Já
que vamos mesmo fazer isso, por mais que eu queira, eu não consigo saber o
que você sente, não consigo adivinhar o que está passando pela sua cabeça,
não sei dizer seus medos, suas inseguranças... – Dizia olhando pro rosto de
Tomlinson com cuidado, acariciando seus cabelos como se estivesse com uma
criança nos braços. – Você tem que conversar comigo. Antes de qualquer
coisa, eu sou seu amigo, então sinta-se a vontade pra falar comigo sobre o que
quiser. Eu sei que eu amo falar o tempo todo, mas eu amo ainda mais a sua
voz. Estou aqui pra te ouvir e te ajudar no que eu puder, mas eu preciso que
você confie em mim primeiro.
– Promete?
– Prometo.
E Harry o beijou de novo, apertando sua cintura novamente e deixando
beijinhos em sua boca, bochecha, nariz, pálpebra, fazendo garoto dar risada.
Ao deixar o último beijo abaixo do seu ouvido, sussurrou ali em seguida
fazendo Louis se arrepiar dos pés a cabeça.
– Hoje foi um dia feliz... – Ele disse, sentindo um outro beijo em seu pescoço e
o sorriso de Harry contra sua pele bronzeada. – Você me faz feliz.
✧Twenty Six
Louis prendeu a respiração mordendo os lábios quando Harry o empurrou
levemente na cama apenas para subir em cima dele com uma perna em cada
lado do seu tronco e inclinando suas costas musculosas para beijar o garoto
com a luz da lua iluminando sua pele bronzeada.
Agora Harry deitado em cima dele, com as mãos apoiadas na cama do lado da
cabeça de Louis enquanto ele puxava o quadril dele para mais perto,
desejando um contato maior e mais intenso. Foi questão de segundos para
Styles tirar a camisa do garoto e imediatamente descer beijos pela nuca,
pescoço, clavícula e peitoral de Tomlinson, enquanto ele puxava os cachos de
Harry com força, inclinando as costas para frente, derretendo nos lábios
carnudos do maior.
– Você é lindo. – A voz rouca e grave de Harry disse contra sua barriga
enquanto ele distribuía beijos molhados no local, fazendo o garoto se arrepiar
dos pés a cabeça. – Olhe pra mim.
– Eu quero que você veja o que eu vou fazer com você. – O maior quase
sussurrou, deixando um outro beijo entre o umbigo e a virilha de Louis,
descendo os beijos ainda mais enquanto brincava com a barra da cueca do
garoto. – Não tire os olhos de mim.
– Louis?
O quê?
– Lou, acorda.
– Hm? – Ele balbuciou confuso, com sua mente processando lentamente que
aquilo tudo tinha sido um sonho. Oh...
– Oi. Você está bem? – O garoto perguntou baixinho, levando a mão até seus
olhos e tirando sua franja dali para poder vê-lo melhor. – Você estava se
contorcendo e suando. Era um pesadelo?
– É bom que você se acostume. – O maior sorriu de volta, sem parar de fazer
carinho em seus cabelos enquanto deixava uns beijos em seu rosto. – Vou te
sequestrar todos os finais de semana, ok? Posso ser grudento quando eu
quero.
– Fisicamente nenhum. – Harry disse. – Obrigado por cuidar tão bem de mim,
me ouvir ontem e tipo... ser você, eu acho. Nunca estive em um lugar melhor
do que eu estou agora.
– Que praia?
– Cooper's.
– Você apenas ama essa cidade, não ama? – Ele riu, vendo Harry o
acompanhar com um sorriso.
– Eu amo. Eu te conheci aqui. – Disse calmo.
– Posso dizer uma coisa? – Perguntou e pelo jeito que Harry arqueou as
sobrancelhas, ele nem precisou de uma resposta antes de continuar. – Não
quero me intrometer na sua relação com sua família, mas acho que seria bom
se você... sabe, se você ligasse pra Gemma hoje? Eu não sei. Para se
resolver, conversar, explicar o que aconteceu, entende? Fiquei preocupado
quando você me disse tudo ontem.
– Yep.
– Eu sou apenas uma garota, parada diante de um garoto... – Styles disse com
a voz melosa, olhos piscando em uma falsa inocência, como se estivesse
atuando. – Pedindo a ele que a ame.
– Wow. – Louis falou alto, gargalhando e jogando a cabeça pra trás, fazendo o
maior rir junto a ele. – Você atua tão bem que eu praticamente não sei se é
você ou a Julia Roberts.
– Porra. – Harry soltou com os olhos fechados com força, voltando a segurar a
cintura de Louis e abrindo os olhos para encontrar os azuis o encarando
intensamente. – Lou, eu to muito...
A verdade era que Louis queria ir com calma. É claro que ele gostava de Harry
e que agora eles estavam juntos, mas Louis ainda tinha algumas inseguranças
que o faziam andar pra trás na questão sexual. Todas as suas poucas
experiências tinham sido com Tyler e ele só não sabia se estava pronto pra ter
isso agora com outra pessoa, por mais que ele confiasse em Styles de olhos
fechados.
– Podemos ir com calma. – O jogador disse com a voz rouca, como se lesse
seus pensamentos. – Tudo bem pra você?
– Yeh, seria bom. – Louis apertou os lábios sem graça, se sentindo um idiota
quando levou os olhos até Harry e percebeu que o garoto ja o encarava. –
Tudo bem pra você?
– Pare de ser bobo. – Ele sorriu ofegante tentando fazer pouco caso, pegando
a mão de Tomlinson e dando um beijo ali. – Vou tomar banho no quarto de
hóspedes pra me... hm, acalmar. Você pode ficar com meu banheiro. – Se
levantou da cama, deixando Louis apreciar ainda mais seu corpo semi-nú e
antes de sair do quarto, se voltou para ele com um sorrisinho malicioso no
canto dos lábios. – Divirta-se no chuveiro.
Tomou um banho frio do jeito que gostava pela manhã tentando tirar da sua
mente o sonho com Harry e o momento que eles tiveram e por incrível que
pareça, ele conseguiu. Também conseguiu achar uma blusa e uma bermuda
no guarda roupa gigante do jogador que de fato vestissem bem nele. Se olhou
uma última vez no espelho antes de descer as escadas, encontrando
novamente o garoto jogado no sofá com roupas limpinhas e cabelos úmidos.
– Então sair de casa em uma bicicleta é uma aventura agora? – Louis riu,
passando os braços ao redor da cintura do maior. – Seu Jaguar vai ficar com
ciúmes?
– Ele está muito mal acostumado. – Ele riu de volta, piscando e o puxando pela
mão para fora da casa.
– Faz alguns anos que eu não ando. – Ele disse vendo Harry subir na azul,
esperando-o fazer o mesmo. – E se eu desaprendi?
– Você nunca ouviu? Ninguém nunca desaprende a andar de bicicleta. É só
subir e pedalar, você não vai cair. E se cair, eu te ajudo a levantar.
Louis respirou fundo escondendo um sorriso e subiu na bicicleta, se
aproximando de Harry e vendo o garoto tirar um airpod e colocar em seu
próprio ouvido, dando o outro para Louis.
– Não é certo andar de bicicleta nos Hamptons sem uma trilha sonora de
fundo. – Styles se justificou, fazendo ele rir e colocar o airpod.
– Tudo bem, capitão. Vamos.
Enquanto pedalavam pela rua ensolarada e vazia, Louis olhou ao redor. O céu
estava azul sem praticamente nenhuma nuvem, tinham arvores dos dois lados
da rua, deixando a paisagem ainda mais bonita com um Harry Styles ao seu
lado pedalando uma bicicleta azul e vintage.
Quando achou que não poderia ficar melhor, o jogador deu play em uma
música no seu celular e Louis na mesma hora reconheceu a batida na
introdução.
– Oh where, oh where, can my baby be? The lord took her away from me... –
Harry começa a cantar junto com a voz de Eddie Vedder, com um sorriso
enorme no rosto. – She's gone to heaven so I got to be good, so I can see my
baby when I leave this world...
Então Styles volta a olhar pra frente, aperta os lábios em uma linha fina tirando
as mãos do guidom da bicicleta e batendo palmas no ritmo da música enquanto
balançava a cabeça de um lado pro outro. Louis ri, vendo ele pedalar mais
rápido em sua frente e abrir os braços. O vento forte bagunçando seus cabelos
e Pearl Jam de trilha sonora para aquela visão que ficou marcada na memória
do garoto de olhos azuis.
Uma melodia tão linda para uma história tão trágica, Louis pensou.
– Em 96, Pearl Jam ganhou um Grammy por Spin The Black Circle e quando
ele subiu no palco disse que achava que aquilo não significava nada... – Ele ri,
balançando a cabeça. – Todo mundo ficou chocado porque o sonho de
qualquer músico é ganhar um prêmio daqueles, mas pra Vedder aquilo tudo
não tinha sentido nenhum. Não o validava como artista, assim como não valida
ninguém. Enfim... – Deu uma risadinha quando percebeu que tinha falado
demais. – Ele é um gênio meio babaca, mas eu gosto dele.
Então Harry timidamente voltou a falar sobre suas paixões e Louis se deu
conta que os olhos verdes do garoto brilhavam naquele momento exatamente
do mesmo jeito que brilhavam quando falava dele.
✧Twenty Seven
Harry e Louis deixaram as bicicletas na calçada e entraram de mãos dadas no
Navy's, um restaurante e café que ficava em frente a praia do Cooper,
recebendo os olhares curiosos de algumas pessoas que estavam ali.
Styles escolheu uma mesa perfeita ao ar livre naquela tarde de sábado e puxou
a cadeira para Louis sentar, sentando-se em sua frente em seguida com um
sorriso no rosto.
– Harold, quanto tempo! – Uma voz madura disse, e o garoto de olhos azuis
apenas observou o homem de aparentemente 50 anos com um avental preto
caminhar sorridente até o garoto que se levantou para abraça-lo com força. –
Como você está, criança?
– Estou ótimo, e você parece bem também. – Ele respondeu ainda sorrindo, se
virando para Louis. – Acredito que você ainda não conheçe o meu namorado,
Louis Tomlinson.
– Ele é garçom daqui a mais de 20 anos. – Styles explicou. – Foi ele que
convenceu o gerente a me deixar trabalhar aqui.
– As três da tarde?
Louis ri pelo trocadilho bobo, sem cansar de encarar Styles com aquele sorriso
de covinhas que só ele tinha.
– Eu amo a Audrey assim como amo Grace Kelly e Marilyn Monroe, mas
confesso que eu não perderia a oportunidade de dar um beijos no Dean. – Da
um risinho pela conversa de nerd que estavam tendo.
– Você quer dizer dar uns beijos em mim. – Harry deposita um beijo terno nas
costas de sua mão, sem solta-la. – Não sabia que você conhecia a velha
Hollywood.
Então o jogador sorri mais uma vez, quebrando o contato visual e dando uma
olhada para trás, vendo Jules andar até eles dois novamente.
– Ela está bem, essa semana aprendeu a escrever o próprio nome. – Jules
disse sorrindo orgulhoso, provavelmente falando da sua filha. – Nunca vou
conseguir retribuir tudo que você faz por ela, Harry.
– Não precisa retribuir, faço porque a amo. Já faz algumas semanas que eu
não a vejo por causa dos treinos, mas diga a ela que eu disse oi. Vou tentar
busca-la no colégio essa semana pra passar o dia com ela, tudo bem pra
você?
– Claro, Harry. Ruby ama você e você é o padrinho dela. – Jules sorri uma
última vez depois de se afastar novamente.
– Yeah, eu nunca te falei dela, não é? Ela é uma garotinha adorável de apenas
4 anos. – Respondeu pegando o celular no bolso e mexendo rapidamente
antes de dar o aparelho na mão de Louis, que viu a foto de Harry com um
sorriso de orelha a orelha abraçando a pequena menina de cabelos ruivos que
sorria na mesma intensidade com as mãozinhas nos cachos do garoto. – Ela
não é a coisa mais linda?
– Jules foi abandonado pela mulher assim que Ruby nasceu, então ele teve
que se virar para cria-la sozinha. Ele não tinha condições de pagar uma creche
pra ela, então as vezes trazia ela pro trabalho e ela ficava com as cozinheiras.
Foi assim que eu a conheci. – Harry sorri. – Sempre gostei de crianças e não
tinha nenhuma na minha família então depois do trabalho eu brincava com ela
na praia enquanto Jules ainda estava trabalhando. Acabamos criando um laço
muito forte e Ruby chorava quando eu me despedia para ir embora. Depois de
Jules eu era a pessoa que mais a amava, então ele me perguntou se eu queria
ser padrinho dela e eu não podia negar, não queria negar.
– Você paga a escola dela? – Louis perguntou sem se importar em parecer
intrometido demais.
– Sim. Ele não tem condições e eu tenho dinheiro sobrando. Ela é uma ótima
garota, faz tranças no meu cabelo e me chama de tio Harry. – Disse todo
orgulhoso, mostrando um anel com uma pedra vermelha que brilhava em seu
dedo anelar. – É um rubi, em homenagem a ela.
Então algo bobo surge na mente de Louis e ele sorri animado pra o garoto de
olhos verdes.
E Louis se levanta, saindo dali sem dar tempo para Harry responder algo. Vai
até o caixa e pede duas canetas emprestado, voltando para a mesa com um
sorriso orgulhoso.
– Nós vamos escrever nossas coisas preferidas, o que vier na cabeça. Pode
ser música, filme, livro, cor, lugar... o que quiser. Então vamos trocar nossas
listas, guardar em algum lugar, e depois, quando estivermos sozinhos, vamos
ler. E ai, ao longo dos dias, vamos discutindo nossas preferências e o porquê
delas serem especiais para nós.
– Eu amei. – O jogador diz e Louis suspira aliviado por ele entrar nas suas
maluquices. – Isso parece um roteiro de um filme adolescente.
– Ok.
Verde
The Hamptons
Friends
Bowie
Por do sol
– A nós.
– Você não vai ligar para Gemma? – Louis perguntou baixinho depois de um
tempo em que permaneceram calados.
– Vai ser bom pra vocês, Haz. – O garoto de olhos azuis disse, fazendo um
carinho em seus cachos. – Tenho certeza que tudo vai se resolver.
Então o jogador respirou fundo, pegando o celular no bolso e dando um último
gole no vinho antes de ligar para a irmã.
– Gem? – Sua voz disse baixa, mostrando um lado vulnerável que Tomlinson
ainda não conhecia muito bem. – Oi. Você está bem? – Fez uma pausa. –
Tudo bem também. Então... eu queria falar com você. Fui um idiota quando
falamos ontem e... me desculpa, Gem. Tem tanta coisa acontecendo que eu...
sei lá, perdi o controle das coisas, eu acho. Acabei descontando em você e eu
sinto muito.
Louis ficou com medo de estar sendo invasivo demais, então sussurrou um "já
volto" para Styles, dando um beijo em sua bochecha e saindo dali.
Andou pela calçada, vendo a mágica acontecer ao seu redor. O sol estava
quase se pondo, tinham algumas pessoas espalhadas pela praia conversando,
lendo, ouvindo música. Alguns jogavam futvôlei e outros apenas andavam de
bicicleta e skate na avenida. O céu tinha tons de laranja e Harry, de longe, com
o celular no ouvido e as sobrancelhas franzidas, era tão lindo quanto de perto.
Louis se vira para ver o dono da voz, encontrando com Bradley Simpson o
encarando com uma sobrancelha arqueada. Então Tomlinson o lança apenas
um pequeno sorriso forçado e volta seu olhar para os morangos.
– Escuta, Louis, eu queria te falar uma coisa. – A voz do garoto diz mais
amigável dessa vez e Tomlinson respira fundo e se vira para ele novamente
com um sorriso falso. – Eu sinto muito se eu causei algum tipo de problema
entre você e Styles. Ele conversou comigo sobre a foto que eu postei naquele
dia e tudo mais. Não imaginei que aquilo fosse abalar tanto você, era só uma
brincadeira. Quer dizer, é claro que eu e ele tivemos um lance, mas já faz um
tempo, então você não deve se preocupar. Você não precisa me ver como uma
ameaça.
– Você tem quantos anos mesmo? – Ele resolveu perguntar, não deixando
transparecer que aquilo o atingiu minimamente.
– Dezessete.
– Não há de quê. Você sabe como ele é, ele adora uma diversão. – Simpson
dá de ombros. – Tenho certeza que você está o divertindo agora. Bom, pelo
menos até ele se cansar de você, assim como ele fez comigo e com todos os
garotos que vieram antes.
– Não sei que o que você está tentando insinuar, mas não vai funcionar. Na
verdade é meio deprimente te ver tão frustrado ao ponto de querer fazer com
que Harry saia da história como o babaca, quando na verdade o babaca aqui é
você. Agora se me der licença, o meu namorado está me esperando.
E com o sangue correndo rápido entre as veias, Louis foi até o caixa, comprou
a droga dos morangos e saiu dali o mais rápido que pode.
Do jeito que Bradley tinha falado, parecia que Harry era um cara superficial,
que saia colecionando garotos para o entreter e o satisfazer e em seguida
jogava-os fora como rosas murchas. Aqui estava errado, Harry não era assim.
Com mil pensamentos rondando sua cabeça, ele se aproximou do namorado
sentado na praia, de costas para ele enquanto ainda falava no telefone.
– É claro que eu sou apaixonado por ele, eu te disse isso quando estava aí em
Nova York. Enfim, deixe-me contar... Ele é o meu namorado agora. Dá pra
acreditar?! – Styles diz sussurrando/gritando no telefone sem perceber sua
presença e Louis apenas parou, vendo o garoto calado por alguns segundos e
depois dando uma gargalhada. – Eu sei, as vezes nem eu acredito. É louco.
Mas obrigado, Gem. A última vez que eu lembro de me sentir tão feliz assim foi
quando você ainda morava aqui com a gente.
– Ah, Gem, ele está aqui, você quer falar com ele? Tudo bem, espera. – Harry
se vira para ele, estendendo o celular em sua direção. – Desculpa. Ela insistiu.
– Tudo bem. – Ele ri, dando os morangos para o jogador e pegando o celular. –
Er... alô?
– Oi, Louis! Aqui é a Gemma, irmã do Harry. – A voz da garota disse animada.
– Deus, finalmente eu estou falando com você! Escuto seu nome da boca do
meu irmão faz um tempo...
– Oi, Gemma. Harry também fala muito de você. – Sorriu, vendo o maior comer
um dos morangos com olhos curiosos cravados em si. – Eu estou bem, e
você?
– Eu estou ótima, melhor agora ao saber das notícias. Quando Haz veio me
visitar aqui em NY semana passada, ele só falou sobre você. Tipo, o tempo
todo. Ele realmente gosta de você e é incrível ver meu irmãozinho finalmente
apaixonado!
– Pode deixar, eu digo sim. Até logo, Gemma, foi um prazer. – Disse,
desligando o celular e entregando para Harry que o olhava com expectativa. –
Ela disse que te amava.
– Claro que sim, ela é ótima. – Sorriu de volta, lembrando da conversa que teve
com Bradley a alguns minutos e respirando fundo, ficando sério.
– Sim.
Louis não conseguia se segurar. Era difícil pra ela ter que falar abertamente
sobre as coisas, ele nunca teve uma relação assim. Não queria criar problemas
para Harry, não queria incomoda-lo com besteiras. Mas o garoto parecia o
conhecer melhor do que imaginava.
– Harry-
– Lou. – Enfatizou seu apelido daquele jeito que ele sempre fazia quando
estava falando sério.
– Ele disse que vocês já tiveram um lance e que você está se divertindo
comigo enquanto não... – Quando percebeu que estava falando besteira,
balançou a cabeça negativamente. – Deixa pra lá, foi idiota.
– Eu sei, mas eu disse porque eu não quero e nem vou esconder nada de
você. Não vou dizer que nunca aconteceu nada entre eu e Bradley porque já
aconteceu, mas isso é passado. O que importa agora é você. – Ele disse
parecendo ler seus pensamentos.
– Bom, eu não o culpo por ter caído nos seus charmes. – Dá de ombros
brincando, tentando não pesar o clima entre eles. – Você pode conquistar
qualquer homem dessa cidade com esses olhos e essas covinhas, Sr. Styles.
– Meu garoto lindo. – O jogador diz, e finalmente o beija. – Tem certeza que
está tudo bem? Quer que eu converse com Brad?
– Sabe que isso não é uma diversão temporária, não sabe? – Perguntou
carinhoso, acariciando a nuca do menor vendo ele assentir com a cabeça. –
Sabe dos meus sentimentos por você?
– Sei, mas gosto de ouvir você falar. – Tomlinson respondeu sorrindo divertido.
Mais uma vez, o mundo pareceu parar e só existiam eles dois, apaixonados
sob o céu laranja fazendo carinho na mão um do outro, até Harry se virar para
Louis e sussurrar em seu ouvido conforme a música:
– And I would answer all your wishes if you asked me too, but if you deny me
one of your kisses don't know what I'd do...
– Você sabe que dia é amanhã? – Louis perguntou do nada, e Harry franziu o
cenho.
– Louis...
– Aqui estamos nós. – Harry disse assim que chegaram na frente da casa do
garoto.
– Tem certeza que não quer ficar? – Ele perguntou uma última vez, só pra ter
certeza.
– Sim, eu prometi a Celine que iria jantar com ela hoje. Mas te vejo amanhã,
certo?
– Alguém algum dia não gostou de você? Você é o cara mais legal que eu
conheço. Você parece o Mick Jagger jovem, tem uma personalidade
impressionante, é educado como um príncipe e com o rosto tão bonito quanto o
coração. Sabe o que é isso, Harry Styles? Isso é raro. Eles vão amar você, é
inevitável não amar.
Aquilo foi o suficiente. Louis tinha dito, não tinha? Não com todas as palavras,
mas ele tinha dito, certo? Harry travou na mesma hora, a expressão séria e os
olhos brilhando em surpresa. Ficaram em silêncio por um tempo até que Styles
suspirou, dando um beijo demorado nas costas da mão do garoto.
– Obrigado por hoje. – O jogador disse, deixando um beijo nos lábios dele. –
Nunca tenho o suficiente de você, Lou. Nunca terei.
– Vejo você amanhã. – Harry sorri se despedindo e pedalando para longe dali.
O resto da noite pareceu se passar rápido demais. Louis jantou com a família e
comunicou para todos que amanhã o seu namorado, Harry Styles estaria ali.
Foi quase uma festa, Lottie e Felicite pediram por todos os detalhes e Jay
sorriu de um jeito que só ela sabia fazer, como se estivesse orgulhosa dele.
The notebook
Azul
The Hamptons
Futebol americano
Literatura valeriana
R&B
Banana
Chiclete
Louis Tomlinson
– Você não me ligou as 4 da manhã apenas para me acordar e não dizer nada,
certo?
– Eu estou ouvindo.
– Hm, ok. É que tipo... E se... – Harry parecia nervoso, desconcertado. Tossiu
levemente e continuou. – E se eu não alcançar nada na minha vida?
– Hãn... o que?
Aquilo pareceu estimula-lo, já que ele respirou fundo e tentou mais uma vez.
– Ok...
– Eu já tenho 18 anos e não fiz nada memorável. As vezes sinto que não tenho
potencial o suficiente para ser lembrado. Eu não quero ser irrelevante, Louis.
"Eu vivi 18 anos sem amar ninguém e a idéia de não ter essa experiência me
apavora." Foi o que Harry o disse na noite em que eles deram o primeiro beijo.
E Louis percebeu que por trás de toda imagem forte e confiante que Harry
passava, por dentro existia um cara vulnerável, ansioso, aflito e imediatista.
– Querido, você é padrinho de uma criança linda e saudável, você tem Gemma
e Celine, tem a mim, é adorado por todos que te conhecem... – Disse com a
maior calma e carinho do mundo. – Você nunca vai ser irrelevante, Harry.
– Você vê além de mim, Louis. Mas o resto... Eles não se importam comigo,
eles só vêem a embalagem. Eles não ligam pra mim, eles não sentiriam a
minha falta. – Ele parecia agoniado.
– Como assim sentir a sua falta? Não gosto quando você fala desse jeito, H.
– A única coisa que eu sei fazer bem é jogar futebol, isso não vai mudar em
nada na vida de ninguém. Eu já tenho 18 anos, mas e quando eu tiver 28 ou
38? E se eu não conseguir chegar em lugar nenhum?
– Você não já tem 18 anos, Harry, você apenas tem 18 anos. Se tiver sorte e
se der tudo certo, você vai viver 90. Pra quê a pressa?
– Você está certo. É que... as vezes eu tenho insônia, fico pensando demais
nas coisas e me desespero um pouco. – A voz de Styles disse baixinho. – Acho
que sou um pouco ansioso.
E no momento que Louis citou o primeiro verso de Vienna, a música que Harry
tinha colocado na sua lista, o maior ficou calado por alguns segundos,
entendendo tudo.
– Pra isso, sim. E também pra te ajudar a tomar banho quando você estiver
bêbado demais, pra gritar seu nome quando você estiver brilhando no campo e
pra te acolher nos jantares do domingo. Estou aqui pra isso.
– Você cuida de mim e eu de você, não é, gatinho? – Sua voz fez Louis sorrir
enquanto se arrepiava. – É o nosso combinado?
– Já estive feliz muitas vezes na minha vida, mas essa é uma felicidade
diferente. Não sei se você sabe o que estou dizendo...
– Você me beijaria?
– Amo o som da sua risada, Lou. Poderia passar horas falando besteira só pra
te ouvir rir desse jeito. A propósito, eu sei que já agradeci pelo dia de hoje, mas
só queria que você soubesse que eu acho incrível como consegue fazer um dia
qualquer parecer o melhor de todos, só por estar presente. Estou tendo os
melhores dias da minha existência com você, Louis Tomlinson. Então
obrigado por isso.
– Eu sempre soube que você era algo a mais, só nunca imaginei que seria
tanto. – Disse em meio a um suspiro. – Boa noite, Harry.
E de repente começa uma gritaria, a garota corre com Lottie e o resto das
crianças para o sofá maior e eles se sentam em ordem descrescente, dos mais
velhos para os mais novos. Até os pequenos Ernest e Doris sentam enquanto
riem sem entender nada do que estava acontecendo.
E eles voltam a falar um por cima do outro até que a campainha toca e todos
se calam na mesma hora para observar Louis caminhar calmamente até a
porta e abri-la.
– Hey... – Ele sorri assim que dá de cara com um Harry de calça jeans preta e
blusa branca irresistível.
– Oi, gatinho. – O maior se inclina para baixo para dar um pequeno selinho em
seus lábios antes de o abraçar com força.
– Você não usa nada além de jeans preto e camiseta branca? – Pergunta
dando uma risadinha enquanto se afasta para o jogador entrar.
– Meus irmãos estão muito empolgados com a sua visita então apenas ignore
qualquer coisa estranha que eles fizerem. – Tomlinson sussurrou em seu
ouvido para que as crianças no sofá não ouvissem nada. – Seja bem vindo.
– Obrigado. – Sorri com todos os dentes antes de ser puxado pela mão até a
sala.
– Esses são meus irmãos, Harry. – Louis disse mais alto, quase rindo quando
estavam de frente pra o sofá. – Se apresentem, vocês não estavam ensaiando
mais cedo?
– Que bobagem, Lou. – Lottie, na ponta do sofá, riu sem graça balançando a
mão no ar antes de encarar Styles. – Bom, oi... Eu sou Charlottie, mas pode
me chamar de Lottie. Tenho 16 anos.
– Oi, eu sou Felicite mas todo mundo me chama de Fizzy. – A garota disse
sorrindo com uma touquinha preta na cabeça. – Tenho 14 anos, mas Louis diz
que eu pareço ter mais porque realmente eu sou muito madura pra minha
idade. Você vai ver.
– Fizzy, isso não estava no roteiro! – Phoebe do seu lado sussurrou/gritou para
que apenas ela escutasse, mas Louis e Harry ouviram perfeitamente.
– Cala a boca. – A garota sussurrou de volta, ainda encarando Styles com um
sorriso de orelha a orelha.
– Eu sou Phoebe e essa é Daisy. Eu sou a gêmea que fala porque ela é um
pouco tímida, sabe... – A garotinha de cabelos claros ri sem graça. – Nós
temos 12 anos.
– Olá. – Harry sorri beijando a mão de cada uma e lembrando-se de algo que
Louis falara a algum tempo atrás sobre elas, no primeiro encontro dos dois. –
Tem algum motivo especial para estarem usando amarelo hoje?
– Pode segura-lo se quiser... – Louis disse sorrindo vendo aquela cena. – Ele
adora um colo.
– Peppa pig? – Harry perguntou, sem tirar os olhos de Ernest no seu colo que
agora brincava com seus cachos.
– É... – Felicite disse sorrindo mas parecendo estar confusa. – Você parece
saber muito sobre a nossa família.
– Você vai ser nosso irmão agora também? – Daisy pergunta baixo e
timidamente.
Harry abre a boca para falar alguma coisa, mas não consegue, então olha pra
Louis que apenas curva os lábios para cima em um sorriso pequeno.
– Você quer que ele seja seu irmão, Dai? – Tomlinson perguntou com a voz
calma.
– Yeh, ele parece legal. – Ela deu de ombros. – Tyler me trazia chocolates,
mas mesmo assim, ele parece mais legal.
Lottie arregalou os olhos diante da fala da irmã e Louis ficou nervoso na
mesma hora. Aquele era um assunto delicado. Olhou pra Harry, buscando
algum sinal de surpresa ou desconforto em seus olhos mas tudo o que viu foi
um sorriso em seu rosto.
– Que honra, então. – Styles disse pra garota, quebrando qualquer tipo de
clima tenso. – Qual seu chocolate favorito?
– Milka.
– Então você deve ser o Harry. – Ela sorriu simpática, o abraçando com força.
– Estou feliz em finalmente poder conhecer você. Seja bem-vindo.
– Como vai, Harry? – Ele perguntou sorrindo. – Louis me disse que você
também joga no Tigers. Qual é a sua posição?
Harry também jogava. Aquela foi uma menção subjetiva a Tyler, mas Styles
pareceu não notar.
– Uau, você deve jogar muito bem, então. Está acompanhando essa
temporada da NFL? Só não me diga que torce pro Patriots.
E bastou isso para que Harry engatasse outra conversa sem fim, dessa vez
com Dan sobre futebol americano e sobre a possível final do Super Bowl:
Green Bay Packers e New England Patriots.
Tomlinson suspirou fundo quando viu que estava tudo bem, seu namorado
estava se saindo perfeitamente bem. Começou a ajudar sua mãe a guardar as
compras e separar as coisas que ela precisava para fazer o jantar e quando
voltou o olhar para checar Harry, ele já estava sentado com seu padrasto na
mesa, ambos com uma garrafa de cerveja na mão conversando sem parar.
Depois de ajudar Jay por um tempo, Louis roubou o garoto e o puxou para o
primeiro andar entrando no quarto e colocando sua garrafa de cerveja em cima
da mesa, o empurrando levemente pelos ombros para ele se sentar na cama,
se inclinando para baixo para beijar seus lábios carnudos.
– Hm... – Harry tentou dizer durante o beijo enquanto segurava a sua cintura
fina. – Estava com toda essa saudade, amor?
– Você estava lindo criando laços com a minha família então eu não resisti. –
Tomlinson sorriu, sentando no seu colo e o abraçando pelo pescoço.
– Eles são incríveis, Lou. Sua família é linda. – Respirou fundo, com os lábios
curvados para cima mas Louis podia ver um brilho levemente triste em seus
olhos. – Você é sortudo.
– Tenho eles e tenho você. É claro que eu sou sortudo. – Deixa um beijo em
seus lábios, falando sério em seguida olhando no fundo dos seus olhos verdes.
– Eu adoro você, Harry.
E dessa vez seus olhos brilharam mais forte, mas não foi de tristeza. Quando
ele abriu a boca pra responder, os dois ouviram uma batida na porta.
– Pode entrar. – Tomlinson falou mais alto enquanto saia do colo do maior,
sentando-se ao seu lado na cama.
– Eu não posso deixar Harry sozinho. – Ele falou qualquer desculpa que veio
na sua cabeça para não sair de perto do namorado.
– O que vocês estão fazendo aí? – Perguntou rindo e Jay o olhou com um
sorriso carinhoso no rosto.
– Estamos falando sobre Harry, é claro. Ele é maravilhoso, Lou! Dan o adorou,
certo? – Ela respondeu animada.
– Sim, ele é um ótimo garoto. E ao contrário do seu antigo namorado, ele torce
pro Packers! Isso foi o que eu mais gostei nele.
Passaram uns cinco minutos fofocando sobre Styles, Jay dizendo que o achou
extremamente bonito e educado e Dan dizendo que ele realmente entende
sobre futebol e é muito sensato. Depois disso Louis ajudou a mãe e preparar o
jantar e arrumou rapidamente a mesa, sorrindo bobo enquanto colocava um
prato a mais do seu lado.
Após passar cerca de meia hora lá embaixo com os pais e dando uma olhada
em Phoebe e Daisy brincando com os gêmeos na sala, ele subiu as escadas e
entrou no seu quarto mas não encontrou ninguém lá, franziu o cenho quando
ouviu vozes vindo do quarto de Lottie e Fizzy, se aproximando da porta para
escutar melhor.
– Eu amo How I Met Your Mother com todo o meu coração, mas Friends. –
Harry respondeu.
– Hmm... – Ele demorou um tempo para pensar. – Phoebe. Mas eu tenho uma
queda pelo Chandler.
– Chandler é perfeito. – Fizzy suspirou. – Uma pergunta importante: o Ross e a
Rachel estavam dando um tempo ou não?
– Não, obviamente.
– Você é tão sensato! – Lottie disse com a voz afetada. – Sinto muito pelo mal
entendido que aconteceu entre você e o Lou. Eu que disse pra ele não falar da
foto.
– Meu Deus, o que vocês estão fazendo com o meu namorado?! – Ele
perguntou alto enquanto ria daquela situação.
– Agora pintamos apenas de base, mas da próxima vez vai ser de preto, certo,
Harry? – A mais nova disse com um sorrisinho cúmplice.
– É claro, porque você não ficava flertando comigo de cinco em cinco minutos,
né?
– Correto. – Olhou suas unhas finalizadas. – Nossa, por que eu nunca fiz isso
antes? É muito higiênico. Obrigado, Fiz.
Então Harry finalmente se virou para a cama quando Lottie parou de pentear
seus cabelos, encarando ela e Louis com um sorriso no rosto.
– Há uns dois anos atrás eu lembro que não tinha vontade de levantar da
cama. – Harry disse do nada, com a voz grave enquanto encarava o teto. – Eu
estava vivendo no automático, como um robô programado para fazer a mesma
coisa todos os dias sem sentir prazer nenhum. Eu acordava triste e tinha a
sensação que ia ficar triste daquele jeito pra sempre, olhava pro futuro e via um
ponto de interrogação enorme. Observava as pessoas ao meu redor vivendo
suas vidas e sendo felizes e me eu me sentia atrasado, como se estivesse
ficando sempre pra trás. Você já teve isso? Já teve a sensação de que vai ficar
preso pra sempre em uma fase ruim da sua vida? Como se aquilo não fosse
passar nunca? Já quis dormir e acordar em outro lugar do mundo, longe de
todas as pessoas que conhece?
Eu costumava sentir isso o tempo todo, e lembro bem que na época eu não
enxergava nenhum feixo de luz no fim do túnel. E eu vivi assim durante alguns
meses até fazer um novo amigo qualquer, até Here Comes The Sun melhorar
meu humor de manhã, até me pegar cantarolando enquanto dirigia pela cidade.
Meu ponto é... as vezes as coisas são fodidas e parecem que vão durar pra
sempre. Mas por mais clichê que seja, é verdade, tudo passa. A felicidade mais
explosiva, o maior momento de euforia, a dor mais dolorosa, o fundo do poço...
vai passar. O mundo não vai acabar, vamos acordar amanhã e vamos ter que
lidar com os mesmos problemas de ontem. Temos que respirar fundo continuar
indo. Não existe nada como um dia após o outro.
– Eu sei do que você está falando. – Louis suspirou. – Há uns três meses atrás,
meus pais perceberam que eu estava ficando meio depressivo. Pra eles não
tinha motivo aparente, mas na verdade eu estava vivendo um relacionamento
que me deixava angustiado 24 horas por dia. Eu literalmente passava o dia
inteiro com o coração apertado como o de quem acaba de receber uma notícia
ruim. Ficava trancado no quarto vendo tv, não estava comendo direito, não
queria ver ninguém. Um dia Dan praticamente me obrigou a ir com ele na praia
levar os gêmeos pra tomar sol. Passamos quatro horas lá conversando sobre
tudo e foi a primeira vez que eu realmente me abri pra ele. – Disse, pensativo.
– Ele me criou por todos esses anos e eu nunca tinha tido uma conversa tão
importante e significante como aquela. Por mais louco que pareça, falar tudo
pra Dan me fez ficar mais leve e foi questão de semanas pra eu voltar a ser eu
mesmo. As vezes tudo o que a gente precisa é ter alguém pra falar, sabe?
– É verdade. – Louis subiu a cabeça para olhar Harry nos olhos. – Mas isso
também pode te deixar mais forte, assim como você é.
– Não sou forte. – Nega com a cabeça. – Só não sou fodido porque tive
Gemma e Celine.
– O meu pai passou 18 anos da vida dele sabendo que tem um filho e
ignorando isso. – Sorriu triste. – Ele nunca ligou, ele nunca quis saber como eu
era, ele nunca perguntou se eu estava bem e ele definitivamente nunca nem
me obrigou a sentar com ele em uma mesa pra jantar nos domingos. Ele me
ignorou. Seus pais podem ser babacas com você e sua irmã, podem ser
ausentes e até fazerem pouco caso, mas ainda assim, eles nunca te
ignoraram.
– Eu adoraria.
– Vamos ver o que temos aqui... – Fez um esforço enorme para levantar da
cama e ir até a estante de livros do outro lado do quarto, lendo os títulos em
voz alta. – Hamlet, Dom Quixote, Vinte e Mil Léguas Submarinas, Odisséia, Os
Miseráveis... Nossa, você só tem clássicos, babe.
– Mamãe me fez ama-los. – Deu de ombros, rindo. – Mas devo confessar que
já li John Green.
– Deus. – Dá uma risada, escolhendo um dos livros e jogando para Louis que o
segura no ar rapidamente vendo o título de Romeu e Julieta.
– A morte que sugou todo o mel do teu doce hálito, não teve efeito nenhum
sobre tua beleza. – Citou baixinho para si mesmo, passando a ponta dos dedos
sob a capa dura e empoeirada.
"Não sei porque estou escrevendo isso, mas me deu vontade então aqui estou.
Provavelmente vou soar como uma garotinha apaixonada, mas estou feliz
demais para me importar com isso. Quero deixar isso gravado para ler daqui a
dez anos e me lembrar exatamente de como eu estou me sentindo agora.
Sabe quando você conhece alguém e você se apaixona e você pensa que
daqui a alguns anos talvez vocês não estejam mais juntos, mas essa pessoa
sempre vai estar na sua memória e sempre vai ser importante porque ela foi o
seu primeiro amor?
É recente e as vezes eu acho que é tudo um sonho, mas toda vez que estamos
juntos parece que o resto mundo é preto e branco e nós estamos gritando em
cores.
Hoje eu percebi pela primeira vez que o amo. Percebi que o amo pelo jeito que
ele me tocou, que me olhou, que me beijou. E foi tudo tão perfeito... Eu estava
nervoso, porque nunca tinha feito isso antes.
Mas ele me ensinou e me mostrou, me fez sentir coisas tão incrivelmente boas
que eu duvido sentir novamente com alguém que não seja ele. Tyler Jones.
Finalmente tive a minha primeira vez. Foi mágico, foi incrível e eu vou lembrar
pra sempre. Tyler foi tão gentil e tão doce comigo... eu acho que ele é o amor
da minha vida.
Esse dia vai ficar pra sempre na minha memória, mesmo que passe anos,
mesmo que não terminemos, eu nunca vou esquecer. E principalmente, nunca
vou amar ninguém como eu o amo. Eu o dei todo meu coração a Tyler e agora
não tem como pega-lo de volta. É dele e será dele pra sempre."2.7K
– Meu Deus, que ridículo, eu nem lembrava disso. – Tomlinson disse nervoso
em um tom forçado enquanto enfiava rapidamente o pedaço de papel na
gaveta do seu criado mudo, fechando-a com força em seguida.
Quando se virou novamente para encarar Styles, viu que ele estava com os
lábios apertados em uma linha fina, olhos inexpressivos encarando um ponto
fixo no chão. Eles permaneceram em silêncio por pelo menos cinco minutos
que mais pareceram cinco horas. Harry não olhou na direção de Louis nem por
um segundo, e Tomlinson não tirava seus olhos de sua expressão fria e
indiscritível. Querendo gritar pelo silêncio ensurdecedor, Louis finalmente se
fez presente.
– Eu... Eu não queria que você lesse aquilo. – Ele confessou frustrado quase
em um sussurro.
– Eu também não. – Sua voz disse grave e ele continuava olhando pra baixo.
– Eu sinto muito.
– Eu tenho que ir. – Foi tudo que ele respondeu, com um brilho de algo
passando rapidamente em seus olhos enquanto puxava seu braço de volta. –
Vejo você amanh-
– Não vamos ter essa conversa, Louis. – Harry o cortou calmamente, com a
voz firme.
– Não vamos ter essa conversa. – Repetiu sério, fazendo Louis respirar fundo e
contar até 10 mentalmente para manter a calma.
– Não estou dizendo que nunca vamos falar sobre isso, só estou dizendo que
não vamos falar sobre isso agora. – Ele disse e Tomlinson nunca o viu tão
sério. – Agora eu prefiro ir pra casa e pensar melhor. Amanhã de manhã
quando eu passar aqui pra te levar pro colégio nós conversamos, pode ser?
– Isso não é justo, Haz. – Louis disse baixinho, sentindo seus olhos arderem. –
Não é minha culpa que você leu a droga da carta.
A voz quebrada de Louis e seus olhos vermelhos pareceram surtir algum efeito
sobre Styles porque o garoto respirou fundo, abaixando a guarda enquanto
passava a mão pelo cabelo antes de caminhar calmamente para se aproximar.
– Eu nunca disse que era sua culpa. – Sua voz dessa vez soou carinhosa e ele
se abaixou para deixar um beijo demorado na testa de Tomlinson. – Te pego
amanhã as sete.
Então ele se virou para ir embora, e quando já estava quase saindo do quarto,
o garoto o chamou baixo.
Ele ficou calado por alguns segundos apenas olhando na direção de Louis
antes de sorrir triste e falar:
– Até amanhã, Lou. – Então ele fechou a porta, deixando o garoto sozinho no
quarto.
✧Twenty Nine
Sinto muito se te magoei indo embora daquele jeito, mas não gosto de tentar
resolver problemas de cabeça quente. Nós vamos ficar bem, yeh? Sou louco
por você, gatinho.
Foi a mensagem que Harry mandou cerca de uma hora depois de ir embora da
casa de Louis, que leu e releu aquelas palavras pelo menos vinte vezes,
angustiado e com um desejo absurdo de abraçar o namorado. Não conseguiu
dormir direito, revirou na cama a noite toda e não parava de pensar no que
tinha acontecido.
Ele tinha escrito aquela carta no primeiro mês de namoro com Tyler,
completamente apaixonado quando o ex namorado o deixou em casa depois
da primeira vez deles. Naquela época Jones de fato o amava, fazia tudo por ele
e vice-versa. Obviamente conforme os meses foram passando, Louis não
reconhecia mais a pessoa por quem tinha se apaixonado, e o levou três meses
para finalmente conseguir acabar com aquele relacionamento que só o fazia
mal. Ler aquela carta o fez sentir raiva. Não por aquilo ter magoado Harry, mas
por ter sido tão estúpido ao ponto de realmente achar que o ex era o amor da
sua vida. Podia ver a ingenuidade daquelas palavras a quilômetros de
distância.
Louis imaginou que Harry fosse preferir esfriar a cabeça pra conversar depois,
isso era típico do garoto. Ele não faria nada que pudesse machucar Tomlinson
de alguma forma, e talvez se eles tivessem tido aquela conversa ali naquele
momento, poderiam dizer coisas que iriam se arrepender depois. Tomlinson
entendeu isso e em momento algum se sentiu culpado pelas coisas que
escreveu ou pelo o que sentiu por Tyler, apenas ficou angustiado por o
namorado ter lido aquelas palavras que eram fortes demais, até mesmo pra
ele.
"... me fez sentir coisas tão incrivelmente boas que eu duvido sentir novamente
com alguém que não seja ele... nunca vou amar alguém como o amo... dei todo
meu coração a Tyler e agora não tem como pega-lo de volta. É dele e será dele
pra sempre."
Era forte demais, e por mais que ele já soubesse que aquilo fez parte do seu
passado, não era algo que gostaria de ler se fosse escrito por Harry.
Depois de uma noite mal dormida ele teve que se levantar da cama naquela
segunda-feira para enfrentar mais uma semana. Tomou um banho frio para
despertar e quando estava pronto, desceu as escadas encontrando suas irmãs
como sempre conversando na mesa da cozinha enquanto Johannah fazia o
café.
– Bom dia. – Disse meio desanimado dando um beijo na cabeça de cada uma
das meninas e indo falar com Jay. – Oi, mãe, bom dia.
– Bom dia, amor. – Beijou suas bochechas. – Você está bem? Está com uma
carinha preocupada...
– Eu vi que ele desceu sem você. – Ela sorriu triste. – Conversamos por uns
cinco minutos no terraço antes dele ir embora.
– Não, só agradeceu pelo dia e disse que estava muito feliz e encantado em
conhecer a nossa família. Ele é um bom garoto, filho. E ele ama você.
– O quê? – Sentiu seu corpo gelar e seu coração bater mais rápido
instintivamente. – Como sabe disso? Ele te disse isso?
– Eu apenas sei. – Sua mãe riu, fazendo um carinho nos seus cabelos. – O que
quer que seja que vocês se desentenderam, vai se resolver.
O seu celular vibrou e ele pegou o aparelho do seu bolso, vendo o relógio
marcando exatamente 7 horas e uma mensagem de Harry:
– Eu espero que sim, dona Jay. – Respirou fundo, colocando o celular de volta
no bolso e dando um beijo em sua bochecha. – Tenho que ir, ele já chegou.
– Eu queria, mas não dá tempo. – Fez um biquinho, saindo dali. – Beijo, amo
você.
– Amo você, Lou. Tenha uma boa aula. – Ouviu a voz da sua mãe quando
estava fechando a porta.
Quando se virou pra rua, encontrou o jaguar preto estacionado na frente da sua
casa, mas dessa vez tinha um Harry Styles encostado nele com as mãos no
bolso e um boné pra trás o encarando.
– Oi... – Louis diz baixo, curvando os lábios para cima em um sorriso fraco.
Harry não diz nada, apenas encara seus olhos azuis com a expressão séria
antes de caminhar (tão lentamente que chegava a ser torturante) para ficar de
frente pra Louis, tirando as mãos do bolso e segurando seu rosto
delicadamente, parecendo se perder em meio aos seus traços finos por um
momento. Ele passa alguns segundos assim, apenas o encarando e olhando
para cada detalhe do seu rosto. O clima tenso é completamente quebrado
quando Styles puxa o menor para si, o abraçando por cima dos ombros com
força e colando os lábios na testa do garoto em um longo beijo, os dois
respirando fundo quase em alívio. Estava tudo bem.
Tomlinson o abraça de volta pela cintura, sentindo Harry deixar outro beijo,
dessa vez em seus cabelos depois de um tempo antes deles se afastarem
novamente.
– Vem. – É tudo o que o jogador diz, abrindo a porta do carro para Louis entrar
e fechando-a em seguida.
Depois que se senta no banco do motorista e liga o carro, Styles pega um dos
copos de café entre os dois bancos da frente e dá nas mãos do garoto que
quase solta um gemido porque parecia que Harry sempre sabia suas vontades.
– É expresso sem açúcar. – O maior diz com a voz um pouco rouca, saindo
com o carro e ligando o som em uma música aleatória que Louis logo
identificou como I Miss You do blink-182.
Hello there, the angel from my nightmare, the shadow in the background of the
morgue, the unsuspecting victim of darkness in the valley...
– Hardcore. – Harry responde dessa vez sorrindo com com lábios fechados,
olhando rapidamente para Louis antes de voltar a se concentrar nas ruas.
We can live like Jack and Sally if we want, where you can always find me. And
we'll have Halloween on Christmas, and in the night we'll wish this never ends...
– Fazia tempo que você não usava boné. – O menor comentou vendo Styles
sorrir, dando de ombros e sem deixar de olhar para frente.
Where are you? And I'm so sorry. I cannot sleep, I cannot dream tonight...
– Também não. – Ele respirou fundo, deu um gole do café tomando coragem
para falar sem conseguir olhar na direção do namorado. – Sinto que te devo
uma explicação.
I need somebody and always this sick strange darkness comes creeping on so
haunting every time...
– Você não deve, Lou. – Foi o que Harry respondeu para a sua surpresa, e
Louis virou o rosto para encara-lo, parando de prestar atenção em blink-182 na
mesma hora.
– Não?
– Não. – Disse, simplesmente. – Você teve uma vida antes de mim assim como
eu tive uma antes de você. Devemos explicações um ao outro a partir do
momento que concordamos em ter um relacionamento. Você não me deve uma
explicação por uma coisa que aconteceu antes da gente estar junto.
– Ok... Mas nós ainda precisamos conversar. – Louis falou baixinho.
– E nós vamos.
Don't waste your time on me, you're already the voice inside my head (I miss
you, miss you)...
Morava perto do colégio e Harry dirigia rápido, então logo eles estavam no
estacionamento do Hamptons High e Styles colocando o carro na sua vaga
exclusiva, desligando-o e encostando no banco antes de respirar fundo e falar
de uma vez.
– O quê?
– Na carta. – Vira o rosto para olhar Louis nos olhos com as sobrancelhas
juntas. – Quando eu comecei a ler eu achei que você estava falando de mim.
Tomlinson abriu a boca mas não conseguiu falar nada. Imaginou por um
momento como Harry deve ter se sentido e aquilo fez o seu estômago revirar.
– Não estou aqui pra apontar o dedo pra você, de verdade. Minha
responsabilidade não é essa. Estou aqui pra te dizer genuinamente como eu
me senti, então eu não quero que se sinta mal ou culpado porque nada disso é
culpa sua. – Harry disse com cuidado, cada palavra sendo escolhida
cautelosamente. – Ler aquela carta me fez sentir coisas ruins. Medo,
insegurança, ansiedade, insuficiência, angústia... Eu não sou idiota, eu sei que
você não ama mais ele. Eu sei que ele não é uma ameaça, eu sei que estamos
juntos nessa de verdade. Em momento algum eu me questionei sobre você, em
momento algum eu duvidei de você. Eu duvidei de mim. Duvidei de um dia
poder fazer você sentir por mim tudo aquilo que você disse que sentia por ele.
Quando você disse naquele pedaço de papel que nunca amaria ninguém como
o amou, que o seu coração seria pra sempre dele... eu não duvidei de você,
Louis, eu duvidei de mim.
– Eu sei que você não é assim, Haz. – Com o cenho franzido, Louis segurou a
mão grande do namorado. – Mas você não pode deixar de me dizer o que
sente por medo de soar idiota, foi você que me ensinou isso, lembra? Você não
está parecendo um babaca ciumento, isso tudo que você sentiu é
provavelmente o que eu sentiria se estivesse no seu lugar.
– Eu sei e sinto muito por isso. – Styles diz com verdade e Louis sorri pequeno
pra ele.
– Eu escrevi aquela carta e esqueci da existência dela, sabe por que? Porque
eu percebi que ele não era nada do que eu queria e merecia. E aí se passaram
alguns meses e eu conheci um cara. Ele sempre flertava comigo e não sabia,
mas me deixava com borboletas no estômago só de vê-lo. Eu já estava
apaixonado por ele antes mesmo de perceber. – Louis diz e um lindo sorriso se
forma nos lábios de Harry. – Nos aproximamos e um dia ele me disse que eu
era tudo o que ele queria. Eu não disse de volta na época porque eu era um
idiota que ainda não tinha percebido que quando digo que o adoro e que ele é
sim tudo o que eu quero, ele sorri pra mim com o sorriso mais lindo que eu já vi
na minha vida, assim como você está sorrindo agora.
– Ele também diz isso. O tempo todo. – Eles riem juntos mas em seguida o de
olhos azuis suspira, voltando a ficar sério.
– Sim, Tyler foi o meu primeiro. E ele me mostrou várias coisas, mas as coisas
que você me mostrou... Você me mostrou a paixão, a felicidade e o estado de
graça. Você me mostrou uma briga que vale a pena lutar. Você me mostrou um
mundo que eu não conhecia, Harry, isso é lindo e raro e... Não importa se ele
foi o primeiro, ele não será o último. Então não duvide de você, nunca. Você
disse que acha que não consegue competir com ele... realmente, não existe
comparação. Nada no mundo se compara a você.
Pela primeira vez, Louis conseguiu ver Harry com lágrimas nos olhos por causa
de uma coisa que ele disse. Os olhos verdes de Styles brilhavam mais do que
o normal e sua feição estava séria, mais leve.
– Desculpa por não ser perfeito. – Harry sussurrou baixinho e Louis abriu os
olhos, encontrando os seus verdes o encarando. – Você é demais pra mim.
Louis sentiu uma vontade avassaladora de dizer algo a mais, aquilo que estava
faltando. Mas engoliu as palavras e respirou fundo.
– Agora temos que enfrentar todo o colégio sabendo que estamos juntos. –
Disse rindo. – Se conseguirmos sobreviver a isso, vamos conseguir sobreviver
a qualquer coisa.
– Pior que o colégio, vamos ter que enfrentar Zayn Malik. – Harry arqueou as
sobrancelhas e Tomlinson arregalou os olhos, esquecendo completamente
daquele detalhe.
– Ele vai tentar matar a gente. – Deu risada. – Vamos lá então, Harry Styles.
Está pronto?
Os dois riram e Styles desceu do carro, abrindo a porta para Louis e fechando
em seguida. Harry não demorou para entrelaçar a mão do garoto com a sua e
quando eles finalmente entraram pelos portões do colégio, todos os olhares
estavam cravados nos dois.
– Não abaixe a cabeça pra eles, amor. – Ele disse baixinho perto do seu
ouvido. – Ei, olha pra mim.
– Uma hora eles vão se acostumar. – Deu de ombros quando viu algo que
chamou a sua atenção. – O que é aquilo?
Os dois, ainda de mãos dadas, andaram até um quadro de avisos que ficava
na parede para olhar mais de perto aquele cartaz.
Lá estava uma foto de uma garota magra de costas com sutiã rosa pastel,
dando um ar infantil, uma marca vermelha de uma mão grande em sua cintura,
como se um homem tivesse apertado-a com força naquele local. A foto só
mostrava do pescoço até o final da lombar da garota, e em suas costas estava
escrito em letras maiúsculas:
Encontra com ela nos banheiros, passa por ela nos corredores e senta ao lado
dela na classe.
Disque 100.
– Caralho. – Harry falou quase sem ar. – Isso foi Zayn, não foi?
– Foi. – Tomlinson sorri triste. – Uau, eu não sei nem o que dizer... Estou feliz
que ele está se movendo pra ajudar essas garotas.
Eles andaram calmamente até os garoto, e agora já não estavam mais sendo
tanto o centro das atenções.
– Hey, bom dia. – Louis fala animado quando vê Niall, Zayn e Liam
conversando, se virando para o moreno. – Z, nós vimos o seu-
– Vocês dois são os piores amigos da face da terra, que isso fique bem claro. –
O garoto o atrapalhou e Harry deu uma risadinha. – Quando iam nos contar
que estavam juntos?
– Vocês tinham que ver a cara do Liam quando descobriu que vocês estavam
ficando, dudes. – Niall se pronunciou pela primeira vez, dando uma risada. –
Foi hilário.
– Eu não tinha noção de nada, sou sempre o último a saber das coisas. –
Bufou, encarando o casal de mãos dadas na sua frente. – Mas e aí, estão
namorando ou o que?
– O que?! – Zayn quase gritou com os olhos arregalados. Sabia que estavam
ficando e não que aquilo era um namoro.
– Estamos namorando. – O jogador repetiu mais alto e Louis riu porque Malik
tinha entendido muito bem e Harry era lerdo demais.
– Puta merda, é por isso que não dá pra ser amigo do Louis. – Horan riu,
negando com a cabeça. – Ele vai se casar e a gente só vai saber quando
receber o convite.
– SMS existe pra isso, garoto. – Zayn rolou os olhos, balançando a mão no ar
em seguida. – Mas tudo bem, eu perdoo você. Eu gosto desse casal.
– Bom, eu postei algo nas minhas redes sociais sobre o assunto e uma garota
que estuda aqui veio falar comigo e contou a sua experiencia. O mais louco de
tudo é que é uma colega minha, obviamente menor de idade, que eu já tinha
conversado antes e nunca tinha imaginado que ela passou por isso, sabe? Eu
tive a idéia da campanha e ela topou participar. Tirei as fotos e editei tudo no
computador, imprimi os panfletos e saí colando pelo colégio inteiro. – Sorriu
tímido, mexendo no cabelo. – Fiz a minha parte, eu acho. Dei o meu melhor, só
espero que ajude outras meninas também.
– Vai ajudar, com certeza. – Harry assentiu, abraçando-o de lado. – É lindo isso
que você fez, Zayn. Estamos orgulhosos, não estamos, crianças?
– Sim, estamos. – Os outros três responderam juntos.
– Eu não ouvi direitooo. – Ele disse sorrindo com todos os dentes, se sentindo
um idiota e gargalhando em seguida com os olhos quase fechados, nariz
franzido e barulhos estranhos e agudos saindo da sua garganta.
– Vocês tem o que agora? – Louis perguntou para o namorado (que ainda tinha
lágrimas nos olhos de tanto rir) e Liam.
Louis estava tão feliz que as três primeiras aulas passaram rápido. Na hora do
intervalo quando ele, Niall e Zayn sentaram em uma das mesas da cantina, não
demorou cerca de cinco minutos para Harry e Liam se levantarem da mesa
onde os jogadores do Tigers ficavam e caminharem até os três calmamente,
sentando-se com eles. Todo mundo que passava ali olhava sem entender,
Harry sentado do lado de Louis com o braço apoiado em sua cadeira enquanto
brincava com os seus cabelos e tinha um pirulito na boca, Liam contando
historias engraçadas fazendo Niall ao seu lado se inclinar sobre a mesa e bater
nela algumas vezes de tanto rir enquanto Zayn se segurava pra não rir das
coisas que Payne falava porque eles aparentemente voltaram a se odiar, mas
Tomlinson viu os dois se encarando com um sorrisinho e Liam piscando pra o
garoto, o que o fez perceber que ali, com aqueles quatro idiotas, Louis estava
exatamente onde deveria estar.
A aula depois do intervalo era Biologia, e como sempre, Harry chegou atrasado
mas suspirou aliviado quando viu uma cadeira vazia ao lado da de Louis com
um caderno em cima. Quando se sentou, devolveu o caderno para o namorado
e soltou um beijo pra ele, agradecendo por guardar o seu lugar e recebendo
um sorriso de volta.
Shall I stay
Would it be a sin
If I can't help
Darling, so it goes
Todos os dias eles, Zayn, Liam e Niall passavam o intervalo juntos e como
Harry disse, as pessoas realmente se acostumaram com aquilo, parando de
encara-los como se fossem aberrações logo na primeira semana.
E Zayn... bom, Zayn estava cada vez mais amigo dos garotos do Tigers,
andando de um lado e pra o outro com a câmera na mão capturando os
melhores momentos de cada pessoa que estava ao seu redor. Falando sem
parar, agitado e alvoroçado, brigando com Liam Payne e desprezando Tyler
Jones como sempre, então estava tudo normal.
– Não, por quê? – Ele sorriu querendo beijar o namorado por estar
incrivelmente atraente até suado daquele jeito.
– Desde que eu posso ver você com esses ombros ridículos. – Louis responde
calmamente e o garoto dá uma risada alta. – E eu não vim ver o Tigers, eu vim
ver você.
– Certo, certo, eu vim pela carona mesmo. – Deu língua pro garoto.
Então Harry apenas riu novamente não demonstrando estar chateado com
aquilo, balançando a cabeça negativamente em reprovação e se aproximando
um pouco apenas para dar um selinho rápido em seus lábios e em seguida
correr pro vestiário tomar banho e a partir daquele dia, Tomlinson aparecia nos
treinos vez ou outra, adorando ver o namorado jogar e se destacar no time,
apesar de continuar achando futebol americano uma merda.
– Oi, Haz. – Ele disse na mesma hora e Harry bufou, tirando as mãos de lá.
– Como você sabia?
Os dois estavam cada vez mais próximos, durante a semana sempre iam pra
casa um do outro, passavam o dia estudando e comendo besteiras, Styles
sempre dando um jeito de roubar beijos do namorado. Na casa de Louis, o
jogador o trocava para passar tempo conversando com as garotas, brincando
com os gêmeos e ajudando Jay a cozinhar. Na casa de Harry eles quase
sempre assistiam uma comédia romântica na Netflix e tomavam café na
cozinha enquanto conversavam com as três cozinheiras e Celine já o amava,
fazia biscoitos toda vez que ele estava lá. Um dia depois da aula quando o
jogador estava indo deixar Tomlinson em casa, uma coisa inusitada aconteceu.
– Mas Lou-
– Seu merdinha, você sabe que eu não consigo dizer não a você.
Então Harry dirigiu um pouco pra longe da cidade, chegando em um lugar que
não tinha movimentação nenhuma e as ruas eram largas. Afastou o banco do
motorista para trás e Louis sentou no seu colo, dirigindo e ouvindo com
atenção suas instruções. Bastou meia hora para Tomlinson aprender,
comemorando fazendo dancinha a cada rua que ele entrava perfeitamente e a
cada vez que parava o carro sem estancar. Em uma das curvas que o garoto
de olhos azuis comemorou, a voz de Styles disse rouca perto do seu ouvido:
– Pare de rebolar no meu colo, gatinho, eu estou ficando duro pra você.
E aquilo foi o suficiente para Louis se virar de frente pra ele em uma posição
nada confortável e eles darem uns amassos no meio da estrada. Aquela
programação acabou se repetindo pelo menos duas vezes por semana, Louis
já estava sabendo dirigir bem e era uma boa desculpa pra eles terem um
momento mais quente. Em um desses momentos, Harry passou as mãos
grandes e firmes pelas coxas grossas de Louis, caminhando-as para sua
bunda e apertando o local tão firmemente que fez o garoto soltar um gemido
manhoso e um pouco erótico no meio ao beijo.
– Tudo bem. – Tomlinson riu meio tímido, deixando um selinho em seus lábios
inchados e vermelhos. – Tem certeza que está tudo bem com isso de ir
devagar? Você não-
Ainda não tinham transado e nem feito nenhum tipo de preliminar, estavam
indo com calma, e como Harry sempre dizia: em doses homeopáticas, em
passos de bebê. Era difícil, claro, principalmente quando estavam um pouco
mais alcoolizados ou quando os beijos eram quentes demais. Apesar de tudo,
não passavam de amassos. Styles não pressionava Tomlinson que também
não se sentia pressionado.
A relação deles estava cada dia melhor e Louis percebeu isso quando, em um
dia perdido no mês, estava trocando os livros no armário e pegando o de
Biologia, que era sua próxima aula. Ouviu uma risada alta, virando para o outro
lado e vendo Harry encostado na parede segurando seu livro conversando com
Bradley Simpson na sua frente, que sorria mais que o normal.
Não tinha nada demais naquela cena, Styles falava normal: preguiçosamente,
quase em câmera lenta enquanto Bradley o observava com um sorrisinho no
rosto. Não estavam se tocando, não estavam perto demais. Então Louis só
suspirou e fechou a porta do armário, se virando para ir pra sala. Não gostava
de Bradley, sentiu uma pontadinha de ciúmes quando viu Harry o fazendo rir
daquele jeito, mas não tinha problema naquilo.
– Ei, gatinho! – Ainda de costas, sorriu na mesma hora pelo apelido, se virando
e encontrando os dois o encarando. – Está indo pra biologia agora?
– Sim, estou. Você vem comigo? – Respondeu com um sorriso leve, olhando
Simpson dessa vez e aumentando o sorriso. – Oi.
– Tô indo, me espera. – Então Harry se volta pra o garoto na sua frente que na
mesma hora da um passo a frente pra o beija-lo na bochecha, mas no mesmo
segundo Styles sai dali, andando na direção do namorado. – Vejo você por aí,
Brad.
Eles pareciam ter acabado de chegar no vestiário vazio e não notaram a sua
presença. Harry franziu o cenho, colocando o olho na brecha da porta e viu os
dois, Zayn apoiando sua mochila em cima do balcão e guardando alguma coisa
dentro dela enquanto Liam estava na sua frente o encarando com as mãos na
cintura.
– Nos esbarramos e você deixa cair uma foto minha da sua mochila. Como isso
pode ser nada? – Perguntou firme e Styles arregalou os olhos e cobriu a boca
com as mãos na mesma hora, chocado.
– O que? Não era uma foto sua. – Malik ri totalmente sem graça, colocando a
bolsa nas costas e cruzando os braços para encarar Liam de volta.
– Era sim, eu vi. Por que você tem uma foto minha nas suas coisas?
– Não.
Harry não para de olhar aquela cena atento, vendo Zayn respirar fundo
parecendo contar até 30 para manter a calma.
E Liam não respondeu. O encarou por quase um minuto inteiro, seu rosto
parecendo se clarear aos poucos, suavizou a expressão como se tivesse
entendido todas as dúvidas do mundo.
– Diga que gosta de mim. – Disse baixo, dando um passo em direção a ele.
– Diga que gosta de mim. – Repetiu, dando mais um passo pra frente.
– Eu te odeio. – Deu outro passo pra trás, colando as costas na parede.
– Porra. – Liam disse extremamente sério, passando a mão pelo cabelo para
disfarçar, falando baixo para que apenas o garoto na sua frente ouvisse em
seguida. – Zayn, eu-
– Esquece que isso aconteceu, Liam. – O moreno disse no mesmo tom,
abaixando o olhar e saindo dali imediatamente.
Um dia Harry foi pra casa de Louis dizendo que estava levando uma surpresa e
quando o garoto abriu a porta deu de cara com o namorado com uma pequena
garotinha no colo de cabelos ruivos que não tirava a mão dos cabelos do
jogador. Ruby era uma menina tranquila e falante, todos os irmãos Tomlinson a
amaram e eles passaram o dia inteiro brincando juntos: Harry, Louis, Lottie,
Fizzy, Phoebe, Daisy, Ernest, Doris e Ruby. O garoto de olhos azuis aproveitou
um momento que Styles tinha ido pegar um copo de água na cozinha e foi
atrás dele para falar sobre algo que estava querendo conversar a um tempo.
– Então... Me falaram que você e Tyler não estão se dando muito bem nos
treinos... – Ele comentou com cuidado, sentando na bancada da cozinha de um
jeito casual e vendo Harry bufar enquanto terminava de beber água.323
– Você quis dizer Zayn te falou. – Ele disse cruzando os braços na frente do
peito e Louis ri levemente.
– Vem cá, você está muito longe. – Tomlinson pediu abrindo os braços e o
garoto sorriu, se aproximando e ficando em pé no meio de suas pernas, na
altura do seu rosto. – É um privilégio ser amigo do cara mais fofoqueiro do
Hamptons High, Harold.
– Jones tá pegando no meu pé, só isso. – Deu de ombros, colocando as mãos
nas coxas grossas do namorado.
– Tá, só uma vez. – Falou rolando os olhos parecendo uma criança e fazendo
Louis segurar o riso. – Mas foi porque ele meteu você no meio.593
– O que ele disse?
– Porque isso é uma piada, amor. – Ele disse com a voz carinhosa, abraçando
o maior. – Fala sério. Você roubou o garoto dele? Primeiro que eu não sou o
garoto dele, eu sou o seu garoto. Segundo que você não me roubou de
ninguém, eu quero estar com você. – Deixou um beijo em seus lábios enquanto
segurava seu rosto. – Não caia na pilha dele, ok?
– Achei que não gostava de falar desse jeito. Pronomes possessivos e tudo
mais...
– Harry, eu não pertenço a você, eu não sou a sua propriedade. Mas eu sou
seu porque escolhi ser. Você me tem por inteiro, coração, corpo e alma. –
Louis sorri novamente, fazendo um carinho em seu maxilar. – Sou seu.
E pela primeira vez desde que o assunto Tyler Jones surgira, Harry sorriu
verdadeiramente, piscando os olhos algumas vezes, encantado.
– Eu sei que você é. – Louis sussurrou de volta, com os lábios colados nos
dele.
– Lou e Harry, como é namorar? – Niall perguntou e Louis torceu o nariz. Foi
difícil se acostumar com os outros três garotos chamando seu namorado pelo
nome e não pelo sobrenome. – Tipo, amar alguém e alguém amar de você de
volta. Isso é tipo um milagre, certo?
Tomlinson ficou atento na mesma hora. Todos já se conheciam o suficiente pra
saber que Horan podia ser muito inconveniente quando bebia.
– Você é muito loser, dude. – Liam diz cobrindo os olhos e rindo
verdadeiramente, fazendo Zayn cuspir levemente a cerveja para rir junto a ele.
Louis sentiu seu corpo tensionar na mesma hora. Ele e Harry nunca tinham dito
aquelas três palavras, talvez estava cedo demais. Ele sabia que o que sentia
por Harry era verdadeiro, mas devido a experiências passadas, só queria dizer
para o garoto que o amava quando tivesse certeza absoluta daquilo.
– Niall, Liam está certo, você é realmente muito loser. – O garoto de olhos
azuis desconversou, puxando um assunto aleatório em seguida.
– Niall, você não está cozinhando, você está apenas colocando o queijo em
cima da pizza. – O jogador disse calmo.
Louis encarou o namorado com a sua voz grave por um momento e sorriu. Pés
descalços, calça jeans preta com uma camiseta, um avental branco de cozinha
por cima e um boné pra trás.
– Ops, foi mal. – O garoto disse dando uma risadinha sem graça.
– Nossa pizza vai ficar um desastre por culpa dessas três crianças, Harry. – O
moreno bufou, colocando um pouco do molho na mão e provando em seguida.
– Hm, até que não está tão ruim.
Louis olhou aquela cena de olhos arregalados, ainda mais pela naturalidade
com que os dois fizeram aquele pequeno gesto. Imediatamente cutucou Harry
na costela, sussurrando para ele em seguida.
– Ei, se a pizza ficar ruim a culpa não é minha, e sim de Liam e Niall, ok? Eu só
estou cortando os tomates. – Tomlinson respondeu Malik depois de um tempo
com o nariz arrebitado.
– Você deveria meio que saber disso, Lou. – Payne fez uma careta, rindo.
– Na minha casa ninguém come tomate, ok? – Bufou, se virando pra Niall. –
Vamos uma partida de FIFA ou o quê?
– Babe, você pode arrumar a mesa pra gente, por favor? – Styles gritou para o
namorado ouvi-lo da sala.
– Você não pode pedir pro Niall não? – Louis gritou de volta sem tirar os olhos
da televisão, mexendo os dedos agilmente sobre o controle.
– Vai se foder. – Horan riu baixo do seu lado sem olhar em sua direção.
Os dois foram até a cozinha pegar tudo o que precisava para arrumar a mesa
de jantar e enquanto arrumavam, conversavam animadamente rindo sobre o
jogo. Depois que já estava tudo pronto, voltaram pra cozinha para ver os outros
três tirando as pizzas do forno.
O garoto com o boné pra trás riu, andando rapidamente até o namorado e
apoiando as mãos nas coxas dele sobre a bancada, se inclinando para deixar
um beijo demorado em seus lábios.
– Meu gatinho manhoso. – Harry disse sorrindo contra a sua boca antes de dar
um selinho rápido no canto dela e voltar a ajudar Zayn e Liam a levarem as
pizzas até a sala de jantar.
– Não durmo no sofá! – Payne falou quase gritando do nada, com o indicador
apontado pra cima.
– Sempre fazemos isso e sempre é justo só porque você nunca ficou com o
sofá. – Malik disse com as sobrancelhas arqueadas.
– Ei, o sofá não é tão ruim assim, ok? Já dormi nele várias vezes quando ficava
até tarde vendo filme. – Harry falou meio ofendido.
– Tudo bem, sabe, o chão não é tão duro assim... – Louis deu de ombros e
dessa vez Harry apertou sua cintura com mais força, fazendo-o rir em seguida.
– Tenho certeza que cabe três pessoas naquela cama de casal... – Niall voltou
a falar teimoso.1.
– Isso tudo é por que vocês dois querem dormir juntos? – O loiro jogou o pano
que estava em seu colo na cara do amigo. – Assim não vale, vocês todos estão
formando casais contra mim.
– Só aceite que você perdeu, Neill. – Tomlinson disse rindo. – Ainda bem que
eu namoro com o dono da casa e não preciso brigar pra ficar com a cama.
– Vocês são ridículos, sabem disso, não é? – Bufou, se encostando na cadeira.
– Like a virgin... touched for very first time... – Ele cantarolou baixinho, na
expectativa de Harry cantar junto a ele.
Mas o garoto de olhos verdes não teve nenhuma reação enquanto lavava a
louça, parecendo perdido nos próprios pensamentos. Então Louis desistiu se
sentindo ridículo e finalmente falando mais alto pra chamar sua atenção.215
– Tudo bem então. – Ele sorriu de volta, fazendo um biquinho pra ele, pedindo
beijo. – Aqui.
– Minha mãe ligou hoje. – Styles confessou baixo e Louis sorriu fraco quando
viu que estava certo sobre ter algo de errado.
– Que estava com saudades. Perguntou como estavam as coisas por aqui, se
eu estava bem... disse que estava com saudades. De mim.
– Isso é bom, amor. – Ele disse com um sorriso sincero, com as mãos sobre o
peito de Harry. – Como você está se sentindo?
– Não sei ainda. – Fez careta. – Desde que eles se mudaram pra Nova York eu
senti que estão... tipo, se preocupando mais comigo? Eu não sei. Mamãe liga
toda semana agora e não é como se ela fosse a melhor mãe do mundo, ela
ainda é fria nas ligações e fala coisas sem sentido, mas acho que está
tentando. É sutil, mas ela parece estar sentindo minha falta, sabe?
Conversamos por sete minutos hoje e foi... agradável. Ela me contou como
estava a rotina dela e do meu pai lá em NY e eu a contei que estava
namorando com você.
– Você contou? – Queria gritar de felicidade, mas se segurou.
– Yeh. – Respirou fundo, afagando sua cintura. – Ela não sabe se comportar
como uma mãe, eu acho. Foi formal demais e perguntou detalhes que não são
importantes. Eu não queria que as coisas piorassem ou que a gente brigasse,
então apenas disse que estava feliz e que seria bom se ela ficasse feliz por
mim também. E aí eu desliguei.
– Bom, fico feliz que a relação de vocês está melhorando. – Louis sorri, dando
suporte. – Mesmo que seja em doses homeopáticas e passos de bebê. –
Arqueou a sobrancelha fazendo o maior rir levemente. – Talvez essa mudança
deles esteja fazendo bem pra vocês.
– É verdade. – Sorriu fraco. – Vou conseguir ser feliz assim, Lou. Vou
sobreviver.
– Olhe pra você se preocupando tanto com coisas que não pode mudar. –
Levou as mãos para o seu rosto, fazendo um leve carinho ali.
– Queria poder dizer que vai ficar tudo bem, mas não posso. Não posso dizer
que vai ficar tudo bem, mas posso dizer que vou estar aqui se não ficar. – Louis
suspira triste. – Sei que não é o suficiente, mas é o que posso fazer.
E todo beijo com Harry era como se fosse o primeiro. O jeito que ele encarava
Louis enquanto se aproximava, o jeito que ele fechava os olhos calmamente,
parecendo querer sentir cada segundo daquele momento. Suas bocas
pareciam que foram feitas uma pra outra, se encaixavam perfeitamente com as
línguas brincando e deslisando de um jeito que fazia Louis apertar mais o seu
namorado, desejando não sair dali nunca mais. Calmamente, Styles se afastou
quebrando o beijo e olhando no fundo de seus olhos, o fazendo arrepiar sob
seu toque.
– Sei que você odeia quando eu começo a te elogiar sem parar, mas você sabe
que eu gosto de falar as coisas enquanto tenho oportunidade para dize-las.
Todos os dias eu acordo me sentindo sortudo em ter você e eu não vou
esperar isso acabar pra perceber. Quero que você saiba enquanto ainda
somos jovens e não temos nada a perder.
"Não vou esperar isso acabar pra perceber." Ouvir aquela frase fez Tomlinson
ter um leve calafrio, balançando a cabeça em negação e olhando Harry com
sobrancelhas franzidas.
– Cala boca e pega uma cerveja pra mim? – Pediu com um sorriso forçado e
Harry apenas riu, concordando e pegando duas cervejas na geladeira, dando
uma pro namorado. – Obrigado, agora vamos.
– Eu sei que é um filme, eu amo o John Travolta. – Ele diz como se fosse
óbvio, se virando para Niall. – Por que você salvaria o número de alguém como
Pulp Fiction? Quem é essa pessoa?
– Você não acha que está fazendo perguntas demais? – O loiro perguntou de
volta, sem tirar os olhos da tela do celular.
– Você fala do Louis mas você também anda escondendo coisas de nós, seu
traidor!
– Zayn tem razão. – Liam concordou. – Com quem você tanto fala nesse
celular ultimamente, Niall?
– Com a garota especial dele. – Tomlinson disse sorrindo divertido e bebendo a
cerveja.
– E você sabia disso e não me disse? – Harry perguntou para Louis com as
sobrancelhas franzidas e olhos arregalados.
– Três semanas.
– Você escondeu isso da gente por três semanas?! – Malik perguntou chocado.
– Qual é o nome dela?
– Quer parar com esse mistério? Você sabe que eu sou curioso, não me
torture. – Zayn disse dramático fazendo Harry rir.
– Nos fale sobre ela, Ni. – Styles pediu sorrindo e sabendo que ninguém
conseguia dizer não a ele e suas covinhas.
– Tudo bem. – Ele ri, se dando por vencido. – Bom, então... Nos conhecemos
da maneira mais inusitada possível pra falar a verdade. Eu estava em um
encontro com Brooke Russel no-
– É, acho que essa é a única Brooke Russel que a gente conhece. – Louis deu
de ombros.
– Ela é muito bonita e realmente brilha no campo. – Harry disse sério. – Mas
pelo o que eu a conheço, Brooke não tem muito... hm, conteúdo, se me permite
dizer.
– Eu vou chegar lá. – Niall assentiu. – Bom, resumidamente nós temos aula de
Álgebra juntos e ficávamos conversando, eu chamei ela pra sair e ela topou.
Enfim, nós estávamos no Legends e-
– Não estou subestimando, é você que diz de cinco em cinco minutos que está
sem dinheiro, que está quebrado.
– É só drama pra vocês comprarem comida pra mim. Eu tava com umas
mesadas acumuladas, por isso levei ela o Legends. Mas enfim, voltando...
Eu estava lá com Brooke e estava animado porque ela é realmente muito linda
e pelas conversas que nós tínhamos no colégio ele realmente pareceu uma
garota legal. Mas aí quando fomos conversar... ela simplesmente passou uma
hora sem parar falando sobre as Kardashians, sobre os procedimentos
estéticos que ela quer fazer, sobre como é difícil manter a maquiagem perfeita
durante um jogo e de repente eu me vi querendo fugir dali. Pra minha sorte,
uma amiga dela ligou e ela foi no banheiro atender. Uma garçonete veio encher
minha taça de vinho e na hora eu estava distraído demais mandando
mensagens pra Louis falando sobre aquele encontro desastroso até que
alguém passou e esbarrou na garçonete, que tropeçou e deixou cair vinho tinto
na minha blusa branca.
– Meu Deus, essas coisas só podiam acontecer com você, Niall... – Louis diz
segurando o riso e o loiro rolou os olhos, continuando.
– Mil desculpas, eu vou resolver o prejuízo, eu vou comprar uma blusa nova
pra você nem que custe todo o meu salário. Porra, sinto muito. Droga, eu não
deveria estar xingando... e-eu... – Respira fundo derrotada, falando mais baixo
em seguida. – Eu sinto muito.
Seu desespero quase me fez rir no meio daquele momento de raiva e foi aí que
eu finalmente olhei pra ela. E, dudes... vocês não estão entendendo o que
aconteceu. Nem eu entendi direito na hora.
Isso vai soar mas loser do que o normal, mas eu juro por tudo que quando eu
olhei pra ela, as coisas ao meu redor pareceram acontecer em câmera lenta,
sabe? Isso é possível? Amor a primeira vista? Essa merda existe? Bom, deve
existir. Eu não sei explicar direito, eu não sei se aquilo é humanamente
possível, mas aconteceu. Eu olhei pra ela e ela era simplesmente a garota
mais linda que eu já vi na minha vida. Ela me olhava de volta com uma feição
preocupada, com o terno preto que os funcionários do restaurante usavam e
uma gravata borboleta preta que ficava ridícula em qualquer pessoa da face da
Terra, mas nela ficou perfeito. O cabelo preto estava preso mas as franja
bagunçada caía um pouco acima dos olhos... e que olhos. Grandes e
marcantes, impossível de esquecer. O rosto dela estava impecável, angelical e
cheio de vida. Ela usava pouca maquiagem mas em compensação sua boca
carnuda era desenhada por um batom vermelho sangue e-
Enfim, ela era linda e parecia com a protagonista - que eu não conseguia
lembrar o nome - de Pulp Fiction. E eu acho que foi por isso que eu fiquei a
encarando feito um retardado por alguns segundos com a boca aberta. Até que
ela me chamou.
– Senhor? Está tudo bem? – A voz dela era doce e suave quando ela tocou no
meu ombro com as sobrancelhas unidas.
– Uh, sim. – Eu sai do transe, balançando a cabeça. – Sim, t-tudo... bem. Tudo
bem. E com você?
– Sinto muito mesmo. – A garota misteriosa disse uma última vez antes de sair
dali de cabeça baixa, entrando imediatamente na porta da cozinha, sendo
seguida pelo homem.
Eram exatamente 23:50 quando ela saiu sozinha pelas portas do fundo e dessa
vez eu não consegui disfarçar o olhar. Estava toda de preto usando calças
jeans apertadas e rasgadas nos joelhos, coturno alto nos pés, uma blusa com
uma jaqueta de couro por cima escrito "babe against bullshit" atrás. Seus
cabelos pretos curtos na altura das bochechas estavam soltos e bagunçados,
sua franja era parcialmente coberta por uma boina preta e o batom vermelho
ainda estava em seus lábios. Eu nunca vi ninguém como ela.
Ela continuou andando e eu tive que correr um pouco para alcança-la, segurei
seu braço delicadamente para chamar sua atenção.
– Espera aí... – Pedi antes dela virar de uma vez só, se soltando de mim e
dando uma joelhada no meio das minhas pernas, em seguida levantando os
punhos cerrados, como se estivesse pronta para uma briga.
– Puta que pariu. – Quase gritei de dor, com as mãos cobrindo minhas partes
enquanto inclinava minhas costas para baixo. – Qual é o seu problema,
garota?!
– Sua doida do caralho. – Gemi baixo com a voz falhando, fechando os olhos
com força e tentando respirar fundo para aliviar a dor.
– Seu stalker do caralho. – Disse de volta com um tom arrogante. – O que você
quer, hm? Quem é você?
– Dá pra parar de fingir que vai me bater? – Pedi, sentindo a dor ir diminuindo
aos poucos. – Sou o cara que você derrubou o vinho hoje mais cedo. Já
esqueceu?
A dor forte já tinha cessado e agora só estava muito dolorido, aos poucos eu fui
deixando o meu corpo ereto, ainda com uma pequena careta de dor. Pulp
Fiction - eu ainda não sabia seu nome, então resolvi a chamar assim – ficou me
encarando com os olhos cerrados, como se estivesse desconfiada de algo. Por
último me lançou um sorriso pequeno de um jeito que me fez quase perder a
respiração por um segundo.
– Eles nos instruem a chamar todos os clientes de senhor e senhora. – Ela deu
exatos dois passos na minha direção, mas ainda estava longe demais. – Tá
tudo bem aí embaixo?
– Tirando o fato de que provavelmente eu virei estéril agora, está tudo bem. –
Falei dando de ombros casualmente e ela deixou escapar um riso nasalado. –
Você sai dando joelhada nas bolas de todos os caras que chegam perto de
você?
– Eu entendo sim. – Assenti com a cabeça, reconhecendo que aquilo era uma
merda. Não pude me conter e dei uma olhada rápida e discreta em seu corpo
magro e pequeno, todo coberto por roupas pretas. – Você não é daqui dos
Hamptons, é?
– Está tão na cara assim? – Perguntou rindo e colocando as mãos dentro dos
bolsos da jaqueta de couro e o vento bagunçou sua franja. – Sou uma garota
de New York.
– Isso é porquê vocês não tem estilo. – Sorriu com os lábios fechados em tom
de brincadeira. – Fico lisonjeada em ser única.
E, porra, era isso que ela era. Única. Não havia ninguém como ela. E eu não
podia perder aquela oportunidade, não podia deixar aquela garota escapar.
– Prazer, Niall. – Ela apertou minha mão, séria. – Se veio cobrar pelo valor da
blusa, pode ficar tranquilo. Eu não estou com o dinheiro aqui mas posso
transferir pra você e-
– Ei. – Tive que a interromper com o cenho franzido, sorrindo. – Relaxa, Pulp
Fiction. Não vim cobrar pela blusa, só queria falar com você.
– Hm. E você cortou assim por causa dela? De Mia Wallace? – Eu perguntei
automaticamente interessado nela e com desejo de saber mais e mais. – É
uma fã de Pulp Fiction?
– Isso você nunca vai saber. – Disse sorrindo novamente e eu quis beija-la.
– E o que te faz pensar que vão ter próximas vezes? – Cruzou os braços na
frente do corpo, me encarando.
– Nossa, eu realmente fiz um estrago na sua blusa, não fiz? – Ela disse
envergonhada quando viu a blusa em vermelho sangue. – Manchou tudo... não
sei como me desculpar o suficiente, Niall.
Eu sei que foi idiota e bobo, foi a minha intenção. Queria fazer ela rir, queria
tranquiliza-la. Eu poderia ter pago 800 dólares naquela camisa, ainda não me
importaria se ela derrubasse vinho nela se aquilo me fizesse conhece-la.
Quando me ouviu, ela me encarou de volta e franziu o cenho por um segundo
antes de suavizar a expressão novamente e deixar outro sorriso leve escapar.
– Foi a primeira coisa que veio na minha cabeça. – Dei de ombros sendo
sincero e aquilo pareceu agrada-la. – Funcionou pelo menos?
– Outra coisa que você nunca vai saber. – Disse ajeitando a boina em sua
cabeça.
– Se quiser me dizer alguma coisa é melhor dizer agora, porque eu estou com
a sensação de que você já está de saída.
– Ei. Vai voltar andando pra casa essa hora da noite? – Perguntei vendo ela se
afastar.
– Por que você se importa? – Ela perguntou de volta sem olhar na minha
direção.
E aquilo pareceu chamar sua atenção, pois ela parou de andar e se virou pra
trás, voltando a me encarar.
– Eu não aceito carona de stalkers. – Não sorria, mas dava pra ver que estava
tendo um bom momento.
– Foda-se se o nome dela é Mia Wallace, eu quero saber o seu. – Tentei uma
última vez, respirando fundo. – Só o primeiro nome. O resto eu corro atrás.
E ela estava longe, mas ainda assim eu consegui ver o jeito que me fitou.
Quando ela olhou pra mim eu não fazia nada além de idolatrar a luz em seus
olhos.
– Sim, e ela parece ser uma garota incrível também. – Tomlinson disse
sorrindo.
– Ela é. – O loiro respondeu sem hesitar.
– Bom... – Horan riu sem graça, coçando a nuca. – Eu meio que... hm, fui no
Legends todos os dias depois disso.
– Não tinha outro jeito de ve-la, ok? – Se defendeu. – Eu não sabia nada sobre
ela, nem o sobrenome! Então eu ia e ficava sentado no bar do Legends vendo
de longe ela atender as mesas. Ela não sabia que eu estava por lá porque os
garçons não ficam na área do bar, mas eu conseguia vê-la. Um dia bebi um
pouco mais do que o normal e criei coragem pra falar com ela. Esperei no
estacionamento atrás do restaurante como da primeira vez e quando ela largou
do turno e saiu sozinha, eu a chamei pra sair.
– Não acredito que perdeu seu tempo com isso, Niall... – Malik riu, balançando
a cabeça negativamente.
– É aquele ditado, meu amigo, faça com paixão ou não faça porra nenhuma.
– E o que ela disse? Quando você a chamou pra sair? – Styles perguntou
curioso.
– Ela disse que me viu de longe, sentado lá no bar todos os dias e as suas
teorias de que eu seria um stalker se confirmaram. – Ele riu. – Mas que eu era
um stalker bonitinho, então ela aceitou e nós saímos no dia seguinte.
– Puta merda, você ama ela! – Liam quase gritou com os olhos arregalados,
como se estivesse descoberto o mundo. – Você ama Olívia!
– Cala a boca, ok? Eu não sei o que é isso, eu me sinto mal, me sinto doente. –
Respirou fundo, passando a mão pelo rosto em um ato de frustração. – Eu
penso nela o tempo todo, as vezes eu sonho com ela, caras, isso é bizarro! Mal
conheço a garota e praticamente vivo por ela, anseio por ela. – Choraminga. –
Que porra está acontecendo comigo? Eu não era assim...
– I live for you, I long for you, Olivia... – Harry cantarolou rindo. – Cante isso pra
ela e talvez ela te ame de volta.
– Isso significa que "ele não está tão afim de você" não é mais o filme que
define a sua vida amorosa e sim "pulp fiction". Isso é fofo. – Louis sorriu, indo
até ele e ficando na ponta dos pés para passar o braço por seus ombros. –
Estou muito orgulhoso de você, Niall.
– Ela vai pra fogueira? – Harry perguntou surpreso e animado. – Isso é ótimo,
vamos adorar recebe-la.
– Vamos mesmo. – Liam assentiu. – Mal posso esperar pra conhecer a garota
que fisgou o coração do nosso loser!
– Então... você está realmente apaixonado, não está? – Malik perguntou com
um sorriso pequeno, genuinamente feliz.
– Eu acho que sim, cara. – O loiro respirou fundo.– E o mais irônico disso tudo
é que eu passei esse tempo todo fazendo piada da minha própria vida
amorosa, achando que nunca ia sentir nada além de atração por ninguém e
agora que finalmente senti algo a mais, estou surtando e não sei direito como
lidar. As vezes eu nem acredito...
– Você está parecendo com alguém que eu conheço. – Tomlinson diz sorrindo
e Harry do seu lado apenas ri, dando um beliscão fraco em sua cintura.
– Sim, mas eu não fazia piadas, eu tinha ansiedade sobre isso. – Deu de
ombros, falando tranquilo. – Essa é a coisa de se apaixonar, mate: não bate na
porta pra entrar. Chega do nada bagunçando tudo e virando a sua vida de
cabeça pra baixo e você é obrigado a aprender a lidar com aquele sentimento,
porque uma vez que ele vem, é difícil de ir embora. Talvez você tente esconde-
lo, tente ignora-lo ou procura-lo em qualquer outra coisa que te traga prazer
momentâneo, mas honestamente, não vai encontrar. Não importa o que você
faça, não importa o quanto você tente, nada vai adiantar. Quando as coisas
foram feitas pra ser desse jeito, a possibilidade de conseguir mudar isso é
quase nula. E se você realmente estiver apaixonado... bom, eu sugiro que você
lute por essa garota e não a deixe ir. Porque a ideia de ser qualquer outra
pessoa que não seja ela deixa de fazer sentido no instante que você percebe
que ela é a pessoa certa.
– Harry tem razão, não a deixe ir. Se você fizer isso, você vai ver ela andar pra
longe e só então vai perceber que ela é tudo. – Liam complementou, olhando
para Zayn rapidamente antes de voltar a encarar Horan. – E você estava
errado, porque a deixou ir pensando que ela era apenas uma garota.
– Bom, eu acho que nunca me apaixonei, pelo menos nunca realmente. Mas já
cheguei perto disso uma vez. – Malik da de ombros, sempre tentando fazer
pouco caso de suas coisas pessoais. – Acho que é conhecer alguém e sempre
querer mais, sabe? Como se nada fosse suficiente. Como se ser apenas
amigos soasse como um pesadelo ou algo do tipo. Mas você não tem que se
preocupar com isso, você é um bom garoto e vai se sair bem, eu tenho certeza.
– Não sou tão bom com palavras, mas é isso aí que os meninos falaram. –
Louis sorri com os lábios fechados fazendo Niall rir.
– Nunca pensei que iria dizer isso um dia, mas obrigado pelos conselhos,
caras. – Ele disse sorrindo agradecido. – Não sei como, mas de um jeito muito
louco o destino, o universo, ou apenas Lou e Harry, deram um jeito de juntar
esses quatro babacas que são vocês, e esse ser humano incrível que sou eu,
claro. – Da de ombros vendo os amigos rirem. – Bom, posso dizer que vou
manter Olivia. Vou manter ela e o frio na barriga estúpido, o nervosismo em ver
que ela enviou uma mensagem, e a porra das borboletas. – Se virou para Harry
na mesma hora. – É isso, não é? Se apaixonar é assim? Essa é a sensação, o
tempo todo? A porra das borboletas?
E aquela frase foi o suficiente para clarear as ideias de Niall. Ele sorriu, vendo
as mensagens na tela do celular brilharem mais forte, conseguindo aumentar
ainda mais o sorriso enquanto ouvia os quatro amigos ao seu redor darem
gritinhos fofos de "awn" e cantarolarem juntos "Niall está namorando".
"Você vai comigo e vou te apresentar aos meus amigos. Vai ser legal. Não vou
aceitar um não como resposta, Pulp Fiction."
– Ei, eu amo essa música! – Liam gritou chamando a atenção de Niall quando
8TEEN de Khalid começou a tocar, fazendo uma dancinha e estralando os
dedos enquanto cantarolava. – Yeah! Zayn, vem!
–Woke up a little too late this morning, but I think I'll be okay... – Harry
interrompeu Louis se levantando e cantando apontando pra o amigo do time,
juntando-se a ele e dançando. – I'll be okay!
– Damn, my car still smells like marijuana, my mom is gonna kill me... gonna kill
me! – Liam cantou de volta apontando para Horan dessa vez, que se levantou
na mesma hora.
– Traffic's backed up from corner to corner, so I guess I'll hit the highway... The
highway!
Os três dançavam na frente de Louis e Zayn que apenas riam com aquela
cena. Styles chama Louis com um sorriso de orelha a orelha, e depois de vê-lo
triste falando de sua família, o garoto de olhos azuis apenas não consegue
dizer não a ele, então se vira para Malik dando de ombros antes de juntar aos
três e começar a dançar também.
– Shake away all the stress off my shoulders... gonna have a good day, a good
day! – Niall joga os braços para o ar com um sorriso quase rasgando seu rosto
enquanto cantava alto.
Harry riu ao ver o amigo feliz daquele jeito, voltando seu olhar para Louis
dançando sozinho em seu próprio mundinho particular e resolvendo fazer parte
dele. Segurou a mão do namorado vendo ele sorrir na mesma hora e rodopiar
pela sala antes de abraça-lo para dançarem juntos.
– Because I'm eighteen and I still live with my parents... – Liam canta
novamente, segurando Malik pelas mãos e ajudando ele a dançar no ritmo da
música.
– Yeah they're not like yours, well yours are more understanding... – Styles riu
com os braços ao redor do corpo de Louis e aquela frase nunca fez sentido
pros dois.
– I've never fell in love, I saved those feelings for you... – Horan cantou,
olhando pra Zayn em seguida com expectativa para ele continuar a cantar a
música.
– So let's do all the stupid shit that young kids do! – Malik gritou se soltando de
verdade e fazendo todos rirem enquanto dançavam loucamente.
E bem ali onde estavam, os cinco amigos viviam seu momento se glória,
cantando uma música que dizia muito sobre cada um deles, segurando as
garrafas de cerveja para o alto enquanto dançavam no piso de madeira e
descobriam juntos ao compartilhar suas próprias experiências pessoais que o
amor não batia na porta pra entrar, que não deviam deixar a pessoa da sua
vida ir embora achando que era apenas uma pessoa e que se apaixonar, na
verdade, é descobrir que as borboletas nunca morrem.
Bem ali onde estavam, resolveram fazer juntos todas as merdas estúpidas que
os jovens faziam.
Bem ali onde estavam, era solo sagrado.
✧Thirty Two
– O que acham da gente brincar de "eu nunca"? – Niall Horan sugeriu a
brilhante ideia com um sorriso de orelha a orelha.
– Okay, vamos brincar dessa merda. – Zayn se da por vencido. – Não temos
nada melhor pra fazer mesmo.
– Sério que vamos fazer isso? Eu realmente não sei brincar, caras. –
Tomlinson disse manhoso.
– Aprende.
– Isso é tequila? – Malik perguntou assim que viu Harry voltando com uma
garrafa na mão e cinco copinhos de shot de vidro. – Cadê o limão e o sal?
– Pra quê sal e limão? Vamos virar ela pura. – Respondeu, colocando tudo em
cima da mesa e enchendo os cinco copinhos com calma.
– Não dá pra brincar com o Niall bêbado, ele é muito chato e inconveniente. –
Louis disse cruzando os braços na frente do peito e vendo o namorado voltar a
se sentar do seu lado.
– Só disse essa porque sabia que você ia virar. – Malik balançou a cabeça
negativamente.
– Não foram tantas vezes, ok? – Ele se defendeu. – Eu nunca fiz algo que
poderia me levar prisão.
– Até você, Styles? Achei que fosse o politicamente correto do grupo. – Niall
disse surpreso.
– Politicamente correto? – O jogador franziu o cenho, ofendido. – Eu não sou
politicamente correto!
– Você é sim, babe. – Louis deu uma risadinha ao seu lado.
– Bom, eu nunca fiquei com uma líder de torcida. – Foi a vez de Harry dizer.
– Gosto do melhor dos dois mundos. – Ele riu, botando a língua pra fora e
fazendo o moreno rolar os olhos.
– Eu nunca usei drogas. – Louis disse a única coisa que veio em sua cabeça
vendo Zayn, Harry e Liam virarem e olhando o namorado preocupado. – Babe?
– Não uso mais. Depois temos essa conversa. – Styles sorriu calmo com os
lábios fechados o tranquilizando.
– Todo ano eles inventam uma merda dessas. – Falou rindo, dando de ombros.
– Eu nunca fiz menage. – Foi a vez de Liam falar, com um sorrisinho discreto
nos lábios e em seguida ele, Zayn e Harry bebem.
Na mesma hora Louis tosse um pouco, com medo do que aquela brincadeira
poderia dar e com medo de saber mais do que gostaria sobre as experiencias
do namorado.
Harry já tinha transado com uma mulher? Mas ele não era gay?
– Qual dos dois você preferiu? – Niall perguntou para o jogador e Tomlinson
quis bate-lo por continuar aquele assunto.
– Com dois homens. A mulher ficou meio de fora no outro. – Os meninos riram
e ele continuou. – Eu nunca transei sem camisinha.
E aquilo fez Tomlinson perceber duas coisas. Uma: seu namorado não tinha
vergonha nenhuma de falar sobre sexo com outras pessoas, era livre, leve e
solto e aquilo podia ser um dos motivos das pessoas gostarem tanto dele, tudo
para ele era tranquilo, tudo podia ser discutido e conversado. Dois: a
brincadeira estava começando a ficar mais explícita e Louis não sabia se aquilo
era bom ou ruim.
E ele se sentiu um pouco excluído ali no meio de todos eles. Ele era realmente
esse santo e não sabia?
– Louis é a Madre Tereza de Cocotá. Próximo! – Zayn disse sério com a voz
embolando.
– Harry, pegou a indireta? – Niall perguntou para o jogador que riu alto e
passou o braço ao redor dos ombros do namorado, dando um beijo em sua
bochecha.
Louis achou que fosse ficar desconfortável com aquela situação... mas não
ficou. Harry era o seu namorado, eles tinham intimidade, eles se respeitavam e
estava tudo bem. Tomlinson ficou minimamente feliz quando percebeu que não
estava mais tão fechado em relação a sua vida pessoal.
– Eu nunca transei com algum professor – Payne disse com olhos atentos.
– Puta merda, eu fiz essa achando que ninguém fosse virar. – Liam comentou
espantado com as sobrancelhas arqueadas.
– Porra, eu odeio vocês. Ele não era professor, ok? Ele era um auxiliar. – Malik
resmunga e os quatro explodem em risadas altas e exageradas e ele apenas
da de ombros virando o copinho. – Vão se foder.
– Tudo bem, babe? – Ele pergunta baixinho e Tomlinson se amaldiçoa por ser
tão transparente, ou pelo namorado conseguir lê-lo tão bem.
Mais uma vez, todos viraram, menos Louis. Nem ele sabia que sua vida sexual
era tão chata assim.
– Sou jovem demais para mentir. – O garoto de olhos verdes diz piscando com
o olhar pesado e Louis já sabe que ele está bêbado.
E Louis se arrepiou, sorrindo. Teve medo que Styles falasse mais alguma coisa
pros garotos, fizesse algum comentário sobre seu corpo ou algo do tipo, mas
Harry apenas... era perfeito. Bêbado, carinhoso e perfeito.
– Não culpe o Tigers pela sua promiscuidade, Liam. – O loiro falou balançando
a cabeça negativamente. – Harry, tem algo pra dizer em sua defesa?
A esse ponto, todos estavam meio bêbados, menos Louis que só tinha virado
dois copinhos, o que o fez perceber que suas pouquíssimas experiências o
limitavam de se divertir como os amigos estavam se divertindo.
– Que merda. – Payne esbravejou baixinho e curioso, perguntando para os
amigos em seguida. – Foram quantas vezes?
– Você me quer.
– Cale a boca.
– Eu nunca fiz sexo com alguém muito mais velho. – Louis interrompeu a
pequena briguinha dos dois, vendo seu namorado ao seu lado virar o copinho.
– Muito mais velho tipo 50? – Niall perguntou com os olhos arregalados.
– Porra, não. Muito mais velho tipo o dobro da minha idade. – Harry se
defendeu.
Ele, Zayn e Liam olharam diretamente para Harry e Louis, esperando uma
reação dos mesmos e fazendo Tomlinson engolir em seco, nervoso, pronto
para mudar de assunto.
Até que de repente Payne e Malik se entreolham por uma fração de segundo
antes de virarem o copinho de tequila juntos.
– Vocês transaram?!
– Puta merda!
– Traidores!
– Calma, deixa eu explicar! – Zayn gritou por cima de todos enquanto Liam
apenas ria ao seu lado e o resto dos garotos ficavam calados para ouvi-lo. –
Foi só uma vez, dois anos atrás na festa de boas-vindas do ensino médio. A
gente não se conhecia e aconteceu. Foi só isso.
– Como assim foi só isso? Eu quero detalhes! – Niall quase gritou novamente.
– Liam, pode ir falando.
– O quê?! Você que fugia de mim toda vez que eu tentei me aproximar!
– Ah, cala a boca, Payne. Eu sabia muito bem que você ia tentar me irritar de
alguma maneira e-
– O sexo foi bom, pelo menos? – É claro que Niall tinha que perguntar algo do
tipo.
– Niall! Eu me recuso a resp-
– O quê? – O jogador riu. – Queria que eu dissesse que você é ruim de cama?
– Não queria que você dissesse nada. – Rolou os olhos, tirando os olhos dele e
segurando um sorriso.
Os cinco garotos ficaram em silêncio olhando pro nada por pelo menos cinco
minutos, pensativos e confusos com o que tinha acabado de
– Esse foi o maior plot twist da história dos Hamptons. – Harry suspirou sério.
Silêncio absoluto.
– E por que não, cara? Esse é jogo, quando você já fez o que foi dito, você tem
que... Espera. – Payne parou na mesma hora, com a boca aberta e
sobrancelhas arqueadas em surpresa. – Vocês nunca...?
– Não. – Louis respondeu se remexendo na cadeira extremamente
desconfortável e sério, olhando pra baixo.
– Por que não?! – Malik quase gritou em choque. – Desculpa, mas eu não vejo
motivos pra não fazer. Quero dizer, você é gostoso e você também. Por que
não?
– Não precisamos fazer disso uma grande coisa, lads. Apenas não rolou. –
Styles respondeu tranquilamente com os braços ao redor dos ombros do
namorado. – E de todo jeito, por que o interesse na nossa vida sexual? A de
vocês está tão ruim assim?
– Bom, não vejo problema em vocês não terem feito ainda, mas tenho que
dizer que estou surpreso de todo jeito. – Payne diz rindo bêbado. – Louis, o
Harry deve mesmo gostar de você pra esperar-
– Ok, ok. Mas não é porque vocês não transaram que não pensam sobre isso,
certo? Deixa eu ser mais específico... Louis, essa é pra você. – Horan se
levantou, sorrindo com todos os dentes e levantando os braços no ar como se
aquilo fosse a coisa mais divertida do mundo. – Eu nunca tive um sonho erótico
com Harry Styles!
Louis arregalou os olhos na mesma hora, sentindo seu coração parar por um
segundo enquanto subia o olhar até Niall. Liam e Zayn tinham um sorriso
surpreso no rosto e quando o garoto se virou para ver a reação de Harry, o
namorado pareceu não ter nenhuma: apenas a testa franzida levemente e as
pupilas dilatadas enquanto o encarava de volta. Querendo fugir dali e se enfiar
em um buraco pra nunca mais sair, Louis se voltou pra Niall extremamente
irritado.
– Cala a boca. – Falou mais baixo dessa vez sem nenhuma emoção,
constrangido quando percebeu o silêncio tenso da mesa, sentindo todos os
olhares sobre si.
E Liam dizendo sobre Harry realmente gostar dele pra ter que esperar esse
tempo todo... aquilo o afetou. Será que o garoto de olhos verdes estava
chateado por eles ainda não terem feito? Será que estava decepcionado ou
frustrado por isso? Provavelmente sim, alguém com tantas experiências como
Styles passar mais um mês namorando sem ter sexo deve ser algo que o
incomode extremamente.
– Não. Eu vou matar Niall. – Tomlinson disse sério, tentando não olhar na
direção do jogador enquanto se deitava na cama de frente.
– Sim.
– E qual é o problema nisso? – Perguntou enquanto andava calmamente até a
cama, deitando do lado do garoto.
– É constrangedor você sentir atração sexual por mim? – Riu sem humor com o
cenho franzido.
A expressão no rosto de Harry mudou e ele pareceu resolver tentar falar sobre
aquele assunto de uma maneira diferente.
– O que?
E Louis entendeu o que ele estava fazendo. Harry estava tentando fazer ele se
sentir bem e confortável com aquela situação e aquilo dizia muito sobre a sua
personalidade. Como no dia do show de Cage The Elephant que Louis bêbado
pediu para beija-lo, e no outro dia quando conversaram sobre isso, tudo o que
Harry disse foi "eu também tenho vontade de te beijar quando estou sóbrio".
Tomlinson não tinha muito jeito pra relacionamentos e diálogos abertos e
Styles era o cara que fazia ele se sentir confortável e seguro o suficiente para
tentar.
– Eu sei que você não gosta de falar sobre coisas pessoais na frente das
pessoas, fiquei de olho em você durante a brincadeira toda e se em algum
momento eu sentisse você desconfortável, eu pararia com tudo na hora. –
Harry continuou, sem tirar os olhos dele. – Mas você parecia estar bem a
vontade lá embaixo, e aquilo me deixou tão feliz, ver que você está se abrindo
mais.
– Devo isso a você. – Respondeu sério vendo o namorado morder o lábio
inferior em um pequeno sorriso.
Eles tinham intimidade, eles falavam sobre tudo, menos sobre aquilo. Louis não
falava sobre aquilo literalmente com ninguém e ele não sabia se conseguiria ter
essa conversa com Styles.
– Não acredito que você tá com vergonha de mim, gatinho... – Estalou a língua
no céu da boca, balançando a cabeça negativamente como se estivesse
desaprovando. – Eu também penso em nós dois dessa maneira. Sou louco por
você, lembra?
– Você... pensa? – Perguntou baixo e surpreso. Merda de insegurança.
– Está brincando? Claro que penso. – Harry respondeu como se fosse uma
coisa óbvia. – Penso o tempo todo na gente na piscina, na cozinha, no carro,
na praia, na minha cama exatamente como a gente tá aqui e agora.
– Você é muito sem vergonha. – Ele disse vendo Styles rir alto em seguida.
– Sou seu namorado e sexo é uma coisa natural. – Sorriu, dando um beijo nas
costas da sua mão.
– E tudo bem, não quero te forçar a nada. Estou aqui se você se sentir a
vontade pra falar sobre. – Disse passando segurança. – Acho importante ter
esse tipo de conversa até mesmo pra gente se conhecer melhor e não
ultrapassar nenhum limite sem querer, sabe?
– Então... – Deu uma breve tossida, sem jeito. – Não acha que eu sou tipo, um
estranho por ter sonhado que nós.. você sabe.
– Babe, eu acho que você é estranho por vários motivos mas esse não é um
deles. – Harry disse calmo e Louis riu, dando um tapinha leve no seu ombro. –
Você não tem que ficar envergonhado por causa disso, ter sonhos assim é a
coisa mais normal do mundo. Estamos juntos 24 horas por dia e talvez faz
tempo que você não... Enfim, todo mundo tem necessidades e as vezes elas
podem vir em forma de sonho, não sei. Não é estranho, é totalmente
compreensível.
– É, faz sentido. Já faz um tempo que eu não...
– Desde que estamos juntos você ainda não fez nenhuma vez?
– Bom, acho que é por causa disso os sonhos eróticos então. – Harry disse
sério. – Você tem que se aliviar, Lou.
– Quase todos os dias. – Styles responde honestamente e eles dão uma risada
alta juntos. – Não vejo a hora de brincar com você, mas, puta merda, tenho que
dizer que me saio muito bem brincando sozinho.
– Bom, tenho que confessar que fiquei surpreso com as que você não teve. –
Disse calmamente.
– É muito ruim eu ser tão inexperiente assim? Seja sincero. – Louis perguntou
sério.
– Ok...
– Uma bagunça também. – Ele riu. – Foi com um amigo de Gemma em uma
festa que ela deu aqui em casa. Eu tinha 15 anos.
– E foi assim que foi criada essa máquina de sexo chamada Harry Styles? –
Perguntou, atraindo uma gargalhada do namorado.
– Tipo isso. – O jogador brincou, dando língua. – Mas então... todas as suas
experiencias foram com ele, certo? Com aquele-que-não-deve-ser-nomeado?
– Sim. – Ele respondeu, voltando a ficar sério. – A gente não era muito... não
tínhamos tanta intimidade. Não falávamos sobre isso, só fazíamos. E não era
ruim mas era, tipo... sempre a mesma coisa? Não sei, hoje vendo vocês
beberem em todas as rodadas, eu percebi que com ele não tinha graça, sabe?
Percebi que não fiz tudo que quero fazer, que tem várias coisas que me
interessam, me fascinam de alguma forma mas eu nunca tive a chance de
realizar porque ele era meio egoísta no sexo, entende?
Harry não disse absolutamente uma palavra depois de ouvir aquilo, mas havia
um brilho diferente nos seus olhos. E Louis não entendeu nada quando ele,
calado, ligou o abajur que ficava ao lado da cama antes de se levantar para
desligar a luz do quarto e caminhar em sua direção calmamente, com apenas a
luz fraca do abajur o iluminando quando ele deitou na cama ao seu lado.
– Porra... Como alguém consegue ser egoísta no sexo tendo alguém como
você do lado? – Harry finalmente soltou, virando o corpo de lado para ter uma
visão melhor de Tomlinson e passou a mão delicadamente pela bochecha do
garoto, apreciando cada detalhe seu. Em seguida esfregou seu dedão nos
lábios finos e macios de Louis, ainda o observando com os olhos brilhando em
desejo. – Quer saber de um segredo?
Tomlinson gelou na mesma hora com aquela reação repentina de Harry, mas
estava gostando. Não conseguia tirar seus olhos dos verdes brilhantes do
garoto quando assentiu devagar com a cabeça, vendo o jogador se aproximar
com mais ainda, falando em seu ouvido em seguida.
– Eu poderia passar horas com você sem nem mesmo me tocar, Lou. – Styles
deu um beijo leve e sensual em seus lábios, passando uma mão pela lateral do
corpo do garoto, voltando para seu peitoral onde seus mamilos enriçados
entregavam sua excitação por debaixo da camisa e esfregando os dedos
quentes ali. – Seu corpo é o paraíso.
– O que está fazendo? – Louis perguntou com a voz falha mesmo sabendo da
resposta, sentindo um incômodo nas suas calças enquanto o namorado
calmamente subia em cima do seu corpo sentando em cima do seu quadril sem
tirar os olhos dos seus.
– Me conta. – Sussurrou novamente roçando os lábios carnudos e vermelhos
em seu ouvido.
– Tá, que seja. – Disse inebriado pelo cheiro do namorado, que começou a
descer beijos molhados e lentos sobre o seu pescoço.
– Uhum...
– Quem estava por cima, eu ou você? – Outra pergunta, e dessa vez puxou
com cuidado a pele entre os dentes, fazendo Louis apertar as mãos mais forte
em sua nuca.
– Eu não vou-
– Que engraçado, já temos meio caminho andado então. – Styles disse com
um sorrisinho divertido e malicioso, deixando um beijo rápido em seus lábios e
se afastando consideravelmente, apoiando as duas mãos na cama ao lado da
cabeça de Louis e o encarando com os olhos escuros e a pupila quase
completamente dilatada. – Agora me diz, babe, o que eu fiz com você? Eu tirei
a sua roupa?
Tomlinson abriu a boca um pouco surpreso com aquele lado mais safado de
Harry que ele ainda não tinha conhecido, mas logo em seguida mordeu o lábio
inferior e colocou uma mão sobre o peito do namorado, fazendo um carinho ali
e desviando o olhar dele, sem responder sua pergunta.
– Eu... bati pra nós dois ao mesmo tempo? – Tentou mais uma vez sem
receber uma resposta.
O garoto de olhos azuis continuava calado sem olhar em sua direção até que o
jogador pareceu entender tudo, então sorriu antes de perguntar de novo, com
um tom divertido e excitante na voz.
– Eu te chupei, amor?
Aquilo fez Louis parar as carícias em seu peito imediatamente, levando o olhar
até ele e sentindo as bochechas arderem quando finalmente encarou seu rosto
contorcido em um sorriso presunçoso de lado e cheio de segundas intenções,
lábios vermelhos e cachos bagunçados.199
– Oh, isso é bom. – Harry arqueou as sobrancelhas, lambendo os lábios em
seguida lentamente. – Esse é um sonho bom... Você sabe que eu posso
realiza-lo, não sabe?
– Eu consigo sentir o quanto você está duro pra mim, amor. – Lançou mais um
sorrisinho sujo em sua direção puxando sua própria camiseta para cima
jogando-a em qualquer lugar do quarto apenas iluminado pela luz fraca do
abajur e fazendo o mesmo com a blusa do garoto abaixo de si. – Bom, vamos
ver o que eu posso fazer sobre isso...
– Sim, por favor. – Respondeu ofegante e puxando seu cabelo com mais força.
– Não pare de olhar pra mim. – Ele disse com a voz rouca assim como no
sonho e Louis não acreditou que aquilo era possível.
Quando abriu a boca pra chama-lo de narcisista ou algo do tipo, não conseguiu
segurar um gemido surpreso e arrastado quando Harry finalmente abocanhou
um de seus mamilos, beijando, chupando e mordendo aquele pedaço de pele
sensível, fazendo o garoto fechar os olhos com força e arquear as costas para
cima buscando um maior contato.
– Eu mandei você não parar de olhar pra mim, Louis. – A voz grossa de Harry
chamou sua atenção e na mesma hora ele abriu os olhos, vendo o namorado
aproximar o rosto do seu novamente, lambendo os lábios vermelhos e
inchados de Tomlinson lenta e sensualmente. – Você quer que eu te toque?
– Com você eu tenho que ter certeza. – Styles respondeu no mesmo tom,
colando seus lábios.
– Harry, por favor. – Louis suplicou com sua boca colada na do namorado que
apenas sorri de lado antes de descer as mãos até o cós da calça jeans do
menor.
– Me diz como você gosta, gatinho. – O jogador sussurrou contra seus lábios, o
bombeando por dentro da boxer e espalhando o pré-gozo por toda sua
extensão enquanto se movimentava sobre o seu corpo no mesmo ritmo de sua
mão, fazendo Tomlinson se sentir tonto de tanto prazer.
Ficaram assim por apenas alguns segundos, Styles com as mãos habilidosas o
masturbando calmamente enquanto Tomlinson ofegava e gemia
preguiçosamente sobre o seu toque, se arrepiando a cada chupão que o
namorado deixava em seu pescoço.
Tomlinson segurou um gemido mordendo o lábio ao olhar pra baixo e ver Harry
encarando cada detalhe do corpo inteiro e passando as mãos por ele como se
estivesse o contemplando.
– Minha melhor vista é você. – O jogador disse com os olhos cravados nos
azuis de Louis afastando suas pernas antes de colocar a língua pra fora e
lamber seu membro da base até o topo, sem quebrar o contato visual.
Um gemido longo se arrastou pela garganta de Louis enquanto ele jogava sua
cabeça no colchão e fechava os olhos com força, sentindo a boca de Styles
cobrir a sua glande e fazer movimentos circulares com a língua, espalhando o
líquido que escorria.
– Puta que pariu. – Ele deixou escapar quando Harry, sem cerimônia nenhuma,
apertou suas bolas com cuidado na mesma hora que desceu a cabeça,
tomando o seu membro por completo.
Apertava seus lábios rosados pelos caminhos que as veias grossas faziam,
lambia e chupava com força sua glande, subindo e descendo a cabeça em um
ritmo que começou devagar e sensual e acabou se tornando rápido e faminto.
Ainda sem parar, Styles puxou as mãos de Louis que estavam agarradas nos
lençóis e levou até os seus cabelos em um pedido mudo para conduzi-lo.
– Harry! – Louis praticamente gritou e pode sentir o jogador gemer contra o seu
pênis, como se dar prazer a Tomlinson fosse o seu prazer, como se realizar as
fantasias do namorado fosse a sua fantasia.
Entendendo que o garoto de olhos azuis tinha gostado daquele jeito, Styles
voltou a chupa-lo com força, indo o mais fundo que conseguia enquanto
apertava suas bolas e o masturbava quando seus lábios ficavam lambendo a
ponta do seu membro antes de abocanha-lo novamente e voltar a ir fundo o
suficiente para fazer Louis ver estrelas.
Bastaram mais alguns segundos daquele jeito e Tomlinson sabia que iria gozar
pois já fazia mais de um mês que não se aliviava e passou a viver apenas com
tesão acumulado.
– Prove o seu gosto. – Harry balbuciou no meio do beijo, chupando seu lábio
inferior e derretendo a língua na boca de Tomlinson enquanto o ouvia gemer. –
Veja como você é gostoso pra caralho, Louis.
– Isso, amor, você é lindo... – O jogador falava carinhoso contra a sua boca
sem parar com os movimentos das mãos, vendo a imagem perfeita do seu
namorado com a boca aberta gemendo o seu nome, cenho franzido e olhos
fechados com força enquanto vinha em jato quentes e longos contra o seu
estômago. – Shh, assim... Você é tudo.
Styles deixou o pano no banheiro e tirou sua calça skinny por causa do volume
entre suas pernas o incomodando e voltou para a cama apenas de boxer preta
se deitando do lado do menor, que agora já estava vestido com a boxer branca
novamente.
– Isso não é sobre mim, é sobre você. – Harry disse calmo e Tomlinson se
afastou minimamente, o encarando confuso.
Eles ficaram abraçados juntos e calados por alguns minutos, Louis deitado em
seu peito e Harry com o nariz encostado em seus cabelos cheirosos, o
surpreendendo quando respirou fundo e começou lentamente em seguida:
– You're just too good to be true, I can't take my eyes off you... – A voz rouca e
grave de Harry cantou baixinho contra os cabelos cheirosos de Louis. – You'd
be like heaven to touch, I wanna hold you so much...
– At long last love has arrived and I thank God I'm alive. You're just too good to
be true, can't take my eyes off you...
– Sua voz é linda. – Louis respondeu no mesmo tom, subindo a cabeça em seu
peito para olha-lo nos olhos.
– Você faria isso por mim? – O garoto de olhos azuis franziu o cenho curioso.
– Eu amo o Ledger, mas você é mil vezes mais bonito que ele. – Ele respondeu
sorrindo e enfiando os dedos nos cachos curtos do namorado. – O que mais
faria por mim?
Louis queria ser mimado. Ele era do tipo que tinha um orgasmo e gostava de
carinho e atenção depois.
Mas por algum motivo, Louis se sentiu mal. Sentiu uma angustia crescer dentro
do peito conforme Harry dizia aquelas palavras, e não saberia explicar porque.
Invés de absorver tudo aquilo que ele falava, Louis lembrou de tudo o que tinha
acontecido lá embaixo, e de todas as razões do mundo para se sentir inseguro
com o namorado... e aquilo, obviamente, não foi bom.
Agora Harry estava ali, deitado com ele, se declarando com uma ereção no
meio das pernas e recusando a sua ajuda porque aparentemente isso era
"sobre Louis". Tantas coisas passaram na cabeça do menor naquele momento,
depois de tudo que tinha acabado de acontecer com os dois, ele só conseguia
pensar em como era insuficiente para Styles, como não era digno.
Principalmente sexualmente.
Era isso. Louis iria dizer. Iria dizer aquilo que rondava sua cabeça e angustiava
seu coração vez ou outra durante todas aquelas semanas.
– Pelo que? – O jogador perguntou baixo também, afagando suas costas nuas.
– Harry, vamos lá. – Louis pediu sentindo um bolo subir sua garganta. – Eu já
ouvi coisas por aí sobre você, ok? Você tem essa fama e eu sei que não
demora esse tempo todo pra levar um cara pra cama. E nós já estamos
namorando a um mês e ainda não-
– Calma, não precisa ficar chateado. Eu só imagino que talvez seja frustrante
pra você não estar comigo 100%, entende? – Ele continuou tentando não se
desesperar ou chorar e apenas focar em se explicar e fazer com que Harry
entendesse, mas sem querer só piorando tudo. – Estamos namorando, então
sexo é uma coisa que deveria estar acontecendo entre a gente, mas não está
porque eu fico adiando e-
– Eu não estou 100% com você? – Styles o interrompeu de novo, dessa vez
soltando uma risada completamente fria e sem humor, parecendo chocado
enquanto o encarava com olhos feridos e boca aberta em choque.
– Eu não quero estragar nada, o que eu quis dizer foi, você tem isso muito fácil
e de qualquer pessoa, o tempo todo. – Continuou, também sentando na cama
e apoiando as costas na cabeceira, se encolhendo. – Por isso eu acho que
deve ser irritante pra você querer e precisar disso e eu, que sou o seu
namorado, não estar-
– Então por que estamos tendo essa conversa, porra? – Perguntou nervoso,
mas em um tom baixo, se levantando e ficando de frente pra ele parecendo
realmente frustrado enquanto levantava os antebraços no ar, em sinal de
confusão.
– E-eu... não sei. – Suspirou honesto, se sentindo um idiota por se quer ter
começado aquela conversa sem sentido.
– Meu Deus, você pediu desculpas por não termos transado ainda, como se
você devesse isso a mim, como se isso me frustrasse de alguma maneira. –
Harry disse com os ombros caídos, andando até Tomlinson e se sentando na
cama ficando de frente pra ele. – Porra, que tipo de pessoa você acha que eu
sou? Em algum momento eu te pressionei, Louis, é isso?
– Claro que não, amor. – Ele negou na mesma hora, segurando sua mão com
força.
– Você não fez nada. – Louis respirou fundo, ficando triste só em ver Styles
daquele jeito e sabendo que o culpado foi ele. – Quando você se deitou comigo
eu tentei te- você não me deixou...
– Eu não deixei porque eu queria que você soubesse que o seu prazer vem
antes do meu. Posso ser egoísta em várias coisas, mas não nisso. Quando eu
disse que poderia passar passar horas com você sem nem mesmo me tocar,
eu estava falando sério. Isso é sobre você, pelo menos agora nesse começo.
Depois pode ser sobre nós dois, mas agora eu quero- eu preciso fazer com que
você se sinta bem e que se sinta confortável comigo.
E foi aí que Louis viu que tinha sido um idiota. Mesmo sem Tomlinson
verbalizar, Harry sabia que ele tinha inseguranças e Harry se preocupava o
suficiente com ele pra cuidar delas primeiro, pra deixar ele livre e desinibido pra
fazer o que quisesse dentro e fora da cama. Pelo menos no começo, a atenção
do jogador estava toda em Louis porque ele priorizava o seu prazer, queria que
ele ficasse satisfeito e que soubesse que não estava com ele apenas para sexo
e não se importava em abrir mão do próprio alívio.
– Eu fui um idiota, sinto muito. – O garoto de olhos azuis negou com a cabeça,
embaraçado com si mesmo, abaixando a cabeça para enxergar sua mão
entrelaçada na do namorado. – Me desculpa pelas besteiras que falei. Eu que
me pressionei demais, eu acho.
– Não tem problema, mas eu posso saber por quê? – Styles perguntou
baixinho, se aproximando ainda mais e segurando seu queixo com cuidado
para fazer ele olhar nos seus olhos.
– E eu quero transar com o meu namorado, mas só quando ele estiver pronto.
– Styles sorriu brevemente, se inclinando para deixar um beijo na testa do
garoto antes de voltar a encara-lo. – Tire essas coisas ruins dessa sua
cabecinha teimosa, ok? E entenda de uma vez por todas que se não for tão
bom pra você quanto é pra mim, então não é bom pra nenhum dos dois.
– Eu quero muito. Você sabe disso, não sabe? – Perguntou vendo Styles
assentir calmamente com a cabeça. – Eu realmente quero, mas é só que... tem
algumas coisas comigo que eu preciso resolver antes.
– Acho que eu imagino que coisas são essas. Nós nunca conversamos sobre
isso e eu nunca quis forçar muito a barra, mas eu percebo algumas coisas,
Lou. – Harry disse triste, respirando fundo. – Percebo o jeito que você fica
acanhado quando estamos juntos e as pessoas vem falar comigo ou me
cumprimentar. Ou quando estamos em uma festa você mal me toca, como se
tivesse vergonha de si mesmo, como se as pessoas não pudessem me ver
com você. Ou as vezes que estamos conversando com os garotos e você
quase espera que eu faça um comentário sexual sobre você ou o seu corpo.
Ou as vezes que você anda de cabeça baixa do meu lado, com medo de eu te
mostrar pra eles como se fosse um troféu. Estou certo?
– E-eu... – Ele começou meio chocado, como se tivesse sido pego no flagra. –
Eu me sinto sim meio intimidado as vezes. As vezes acho que não vou saber o
que fazer, que nada vai ser bom o suficiente.
– Tudo bem. – Harry assentiu calmamente. – Antes de tudo eu quero que você
saiba que eu não vou te mostrar como um troféu, não preciso provar pra
ninguém que tenho um garoto incrível do meu lado, isso é claro demais pra
mim e acho que também já deixei claro pra a única pessoa que precisa saber:
você. Não vou fazer comentários sexuais sobre o seu corpo na frente dos
outros, porque pra mim não tem nada melhor do que faze-los quando só
estamos nós dois e ver você responder a eles com bochechas coradas ou,
quando está mais soltinho, um beijo quente. Não quero que se esconda ou se
sinta acanhado quando tivermos em público porque, sinceramente, você é a
única pessoa dos Hamptons que ainda não percebeu o quanto eu te adoro, o
quanto você tem minha completa atenção, o quanto eu amo passar horas te
observando e te contemplando porque você é apenas... muito pra mim. Não me
importo com os olhares e a atenção... como posso me importar com isso
quando os meus olhos e a minha atenção estão sempre grudados em você? –
Sorri minimamente, sentindo o coração de Louis bater mais forte contra o seu
peito. – Estou aqui pra ser a pessoa que você pode falar sobre qualquer coisa,
Lou. Sexo, inseguranças, medos, desejos, sonhos eróticos, problemas
familiares, porra, o que for. Não deve existir filtro entre nós. E se ainda existe
por algum motivo, se você ainda se sente envergonhado de falar sobre certas
coisas, tudo bem. Vou respeitar seu tempo, mas é algo que vamos trabalhar
juntos, ok?
– E é uma das coisas que eu mais amo em você. – Ele disse beijando o
cantinho dos seus olhos.
– Minha barriga é mole porque só como besteiras e não faço exercícios físic-
Com uma mão, Styles segurou seu rosto e o beijou verdadeiramente, com
vontade e paixão. Estavam inebriados pelo momento, apaixonados pela vida e
dispostos a superar as incertezas e as inseguranças no meio do caminho. Iriam
brigar, iriam discutir e estava tudo bem. Fariam aquilo pra construir diariamente
um relacionamento saudável com base no diálogo, por isso conversariam sobre
os mesmos assuntos milhões de vezes se fosse necessário.
– Você é perfeito, mas quando eu olho pra você eu não vejo apenas o tamanho
da sua bunda ou o seu corpo que desperta desejo que qualquer pessoa que te
olhe. Existe muito mais, existe um universo dentro de você que eu estou
sempre empolgado e curioso para descobrir. – Harry diz depois de romper o
longo beijo, dando um selinho em seus lábios, o encarando sério em seguida. –
Você é a pessoa mais inteligente que eu conheço, você sabe exatamente o
que falar e em que momento falar. Você usa o sarcasmo como ninguém e os
nossos diálogos me excitam tanto quanto os nossos beijos.
– Harry... – Louis se sentia literalmente fraco com aquelas palavras.
– Sabe quando na minha vida eu tive alguém assim do meu lado? Nunca. É
isso que mais me fascina sobre você. Você não é apenas um rosto bonito em
um pescoço bonito, você é o tipo de cara que me faz querer pensar fora da
caixa só pra tentar te decifrar. É isso que você é. – Sorriu como se tivesse
achado um sentido no mundo. – Então aqui está uma novidade pra você, amor:
você é gostoso pra caralho e eu tenho várias razões pra querer estar com
você, mas sexo não é a principal delas.
Louis estava tão apaixonado por Harry, mas tão apaixonado que chegava a ser
ridículo.
– Ótimo, você não tem tesão por mim então. – Ele respondeu o que veio na
sua cabeça por não conseguir lidar bem com elogios e os dois riram alto em
seguida.
– Não fica encanado com isso não, ta? – O jogador fez pouco caso, dando um
beijo na pontinha do seu nariz. – Não importa se com outros caras isso
aconteceu rápido, com você é diferente. Lembra eu disse lá naquela festa na
casa de Bradley que dessa vez queria fazer do jeito certo? Então. Estamos
fazendo do jeito certo, estamos indo com calma. Vai acontecer naturalmente e
vai ser incrível. Não temos pressa em relação a isso, tudo bem? Tome o tempo
que você precisar, você sabe que eu esperaria pra sempre por você.
– Hm... ok, pra sempre não, é muito tempo e eu acho que não aguentaria. – Ele
disse e os dois dão risada juntos novamente. – Principalmente depois de hoje,
Lou, depois de provar você daquele jeito, porra... foi muito delici-
– Depois dessa palhaçada que você fez, me elogiar desse jeito é o mínimo, ok?
– Harry disse sorrindo antes de bocejar. – Agora vamos dormir, gatinho. –
Deitou atrás de Louis de conchinha, apertando o corpo do garoto contra o seu
e dando um beijo em seu ombro, falando no seu ouvido baixinho com um
sorriso de lado. – Já tomei o meu remédio, agora não vejo a hora de sonhar
com o seu sabor.
✧Thirty Four
– Quem são os novos reis da selva?
– Os tigres!
"Nem as rosas mais bonitas podem tirar o que já foi dito, mas é um começo,
certo?
À Louis, sentimos muito por termos exagerado ontem a noite.
À Harry, seu filho da puta, não nos expulse da sua casa novamente.
Amamos vocês, seus dois babacas apaixonados.
Niall, Zayn e Liam."
Já Harry, acordou estressado, recebendo milhares de ligações e resolvendo os
ajustes finais da festa durante o dia inteiro enquanto Louis apenas comia bolo e
tomava café conversando e rindo com Celine na cozinha, preferindo dar um
tempo para o namorado fazer o que tinha que fazer.
– Bom, boa noite. – Harry falou alto recebendo olhares de todos, com as mãos
escondidas atrás do corpo, fazendo uma reverência charmosa e recebendo
alguns gritinhos em resposta. – Pra quem não me conhece, meu nome é Harry
Styles e eu sou o quarterback e capitão do time de futebol americano do
Hamptons High School.
Então Danny, o center do time, assente com a cabeça e demora cerca de cinco
segundos para ascender a fogueira, fazendo toda multidão começar a gritar e
pular em animação.
– Os tigres!
Então Styles desceu do tronco e foi aclamado por todos os garotos do time e
por todas as líderes de torcida, todo mundo estava ao redor dele o
cumprimentando e o elogiando com abraços e beijos. Tomlinson só estava lá,
encolhido com os braços cruzados e os lábios entre os dentes, olhando toda a
cena que já estava acostumado a ver naquele tempo de namoro. Harry sempre
era o centro das atenções e Louis sempre ficava de fundo esperando ele se
livrar das pessoas para finalmente ficarem juntos. Depois de passar alguns
minutos tentando fugir, Styles finalmente se aproximou com as sobrancelhas
arqueadas dando um suspiro.
– Foi muito ridículo? – Ele perguntou fazendo uma careta e se abaixa do para
abraçar Louis com força.
– Esses discursos sempre são ridículos, mas eu amei o seu, babe. – Deu um
beijo em sua bochecha. – Está mais tranquilo agora? Ou ainda tem coisas pra
resolver?
– Consigo ver minhas marcas no seu pescoço de ontem a noite. – Ele disse
baixo, encarando a nuca de Tomlinson com uma ruguinha de preocupação na
testa. – Isso te incomoda?
– Nem um pouco. – Respondeu prontamente.
– E a minha jaqueta que está usando? – Perguntou mais baixo e grave ainda,
passando a mão na parte da frente do tecido grosso e um pouco grande
demais para Louis. – Te incomoda? Quer mesmo usa-la?
– Quero usa-la, Harry. – Sorriu olhando nos seus olhos para passar sua
verdade. – Não me incomoda, eu me sinto bem. E se todo mundo vai olhar e
comentar, bom, foda-se, eu não dou a mínima.
Louis entendeu porque ele estava assim, tudo por causa da conversa que
tiveram no dia anterior. Agora que Harry realmente sabia o que se passava em
sua cabeça quando estavam juntos, parecia pisar em ovos quando estavam em
público mas depois de ouvir tudo o que ele tinha pra dizer, Louis não queria
que as coisas ficassem daquele jeito. Por isso não respondeu a sua pergunta
boba (e fofa), apenas puxou o namorado pela barra da blusa social um pouco
aberta em cima e deu início a um beijo lento e apaixonado.
– Tire esse boné, eu quero tocar no seu cabelo. – Quando Louis disse no meio
do beijo Harry riu, tirando o boné da cabeça sem romper o beijo e colocando
ele para trás na cabeça do menor. – Bem melhor. – Tomlinson murmurou de
novo no meio do beijo e o jogador se afastou minimamente para ver o
namorado com o seu boné pra trás, parecendo gostar da visão.
– Oh, por que pararam? Estava muito excitante. – A garota disse fazendo um
biquinho divertido, rindo com o loiro ao seu lado e o casal na sua frente em
seguida. – Meu nome é Olivia, é um prazer.
– Oi, Olivia, o prazer é nosso. – Harry apertou sua mão sorrindo simpático
enquanto a outra continuava dentro do bolso traseiro de Louis. – Eu sou Harry
e esse é o meu namorado, Louis.
– Ele se entrega, não é? – Olivia sorriu para Harry e Louis, que riram.
Ela era absolutamente linda. Usava um vestidinho preto com pequenas flores
vermelhas espalhadas, uma jaqueta de couro preta e um coturno sem salto.
Seu cabelo curto estava solto e sua franja jovial dava um contraste perfeito
com o excesso de preto que vestia. Não usava muita maquiagem, apenas o
canto de seus olhos foram puxados por um lápis preto e tinha personalidade
em cada coisa sobre ela.
– Olivia Reed. – Ela riu, apertando sua mão. – E eu aposto que essa foto ficou
muito ruim.
– Ficou linda, assim como você. – Ele disse resolvendo provocar um pouquinho
em seguida. – Eu adorei o seu corte, é inspirado na Mia Wallace?
– Ele sabe da história. – O loiro disse rindo. – Todos eles sabem, na verdade.
– É, Niall fez questão de contar a parte em que você deu uma joelhada nas
bolas dele. – Liam chegou no meio da roda com seu famoso sorriso amigável,
estendendo a mão para a garota. – Meu nome é Liam, é um prazer.
– Bom, já que ele falou tudo pra vocês do dia que nos conhecemos, imagino
que tenha falado sobre o episódio no campo de golf, certo? – Olivia perguntou
com um sorrisinho cúmplice no canto da boca vendo os quatro garotos
confusos e Horan quase interrompe-la, mas ela continuou. – Semana passada
ele me levou pra jogar golf porque na cabeça dele isso era uma boa ideia...
estávamos lá e quando ele estava pronto pra sacar a boca, cheio de si e
jurando que estava me impressionando, ele escorregou e caiu feito uma fruta
podre no meio no campo e na frente de todas as pessoas.
– Você mal conheceu os meus amigos e já está querendo se juntar com eles
contra mim, Pulp Fiction? – Ele perguntou balançando a cabeça negativamente
com os braços cruzados e a garota sorriu dando língua para ele.
– E o que você fez quando ele caiu? – Harry perguntou totalmente interessado
na atmosfera que ela tinha criado. Era bom fazer novos amigos.
– Essa doida é mais desmiolada que eu. – Horan deu de ombros, abraçando
Olivia de lado, que deu um tapinha leve em seu braço.
– Então, nós vamos beber e aproveitar fogueira ou o quê? – Payne sugeriu e
todos concordaram.
– Styles, meu capitão. – Danny Adams sentou do seu lado com um sorriso
estranho no rosto, falando baixo para ele em seguida. – Eu tô com algumas
encomendas aí se você quiser.
– Vamos lá, dude! Estamos na nossa fogueira, nós mandamos nessa porra. E
eu prometo que essa encomenda é das boas. – Deu um tapinha em seu peito e
Louis praticamente viu os chifres e a cauda do diabo tentando levar Harry pro
mal caminho. – Arranjei um novo fornecedor em Nova York, produto de
qualidade. Você não vai se arrepender.
E quando o garoto finalmente saiu dali, Louis conseguia ver a expressão dura
de Styles.
– Então você usava essas coisas mesmo? – Louis perguntou novamente pois
aquele assunto tinha sido mencionado no "eu nunca" um dia antes, e ele ainda
queria ter essa conversa.
– Por causa de uma conversa que tive com Celine. – Passou a mão pelo
cabelo, meio nervoso. – Acho que te falei sobre isso...
– É, eu lembro agora.
– Esses garotos não se importam com você, amor. – Louis disse fazendo um
carinho no seu cabelo. – Você não precisa ser amigo deles.
– Eu não sou mais. Tenho você, Liam, Zayn e Niall agora. – Sorriu sem
vontade. – Mas não posso deixar de falar com eles porque jogamos juntos e eu
sou o capitão, tenho que ter uma boa relação com todos os caras do time.
– Então você não se sente pressionado a estar nessa vida que todo o time
vive?
E Louis ficou o encarando com um sorriso bobo no rosto porque sabia que
tinha escolhido a pessoa certa para estar do lado. Ele era um ser humano,
possuía defeitos mas tentava supera-los e ser alguém melhor a cada dia que
passasse, e isso era a melhor qualidade que alguém pode ter. Não importava o
passado de Harry, não importava mais nada.
– Eu não queria ir mas também não quero fazer faculdade aqui. – Zayn
continuou. – Jajá começa a preparação pra o SAT e se eu for bem, pretendo
me inscrever na NYU. Eu pesquisei e aparentemente é o melhor curso de
fotografia de Nova York.
Esse era um assunto difícil. Eles vivam suas vidas na praia como se aquilo
nunca fosse acabar, mas depois do colégio cada um seguiria o seu sonho e
aquilo os separaria. Separaria Louis e Harry. Porque Harry iria estudar em
Nova York, na NYU, provavelmente morando com Gemma. E Louis queria
estudar em Princeton, duas horas de NY. Não morariam na mesma cidade, não
iriam se ver todos os dias e aquilo poderia afetar de todas as maneiras o
relacionamento dos dois.
Por isso que Styles, quando se deu conta do que estava acontecendo, ficou
sério imediatamente. Ele e Louis nunca tinham conversado sobre isso, e por
algum motivo ele nunca nem se preocupou com esse assunto porque achou
que o namorado também queria se inscrever em alguma faculdade de Nova
York, e não de outra cidade. Aquilo nunca passou pela sua cabeça. Então ele
ficou sério por alguns segundos, encarando Louis sem reação quando se deu
conta que aquilo era um problema, seu cenho franzido e expressão
preocupada se desfez depois de um tempo. Ele balançou a cabeça
negativamente, tentando espantar qualquer tipo de pensamento ruim
percebendo naquele momento que os dias deles juntos estavam contados. Mas
apesar de tudo, respirou fundo e sorriu quase discretamente, olhando para o
namorado com cuidado e fazendo um carinho em sua mão. Ele escolheu
esquecer isso e ficar feliz por Louis.
– Tenho certeza que você vai ser aceito. – Disse baixinho, deixando de lado
seu egoísmo de ter Louis só pra ele e realmente desejando que aquilo
acontecesse.
Todos ficaram em silêncio quando viram que aquele era um assunto delicado,
principalmente pelo jeito que Tomlinson e Styles se encaravam, deixando na
cara para o resto do grupo que nunca tinham parado pra pensar nisso e que a
ideia de que um dia isso aconteceria, que um dia iriam realmente se separar,
os apavorava mais que tudo.
– Vocês vão adoecer fora daqui! – Niall resolveu quebrar a tensão, provocando
Olivia em seguida e levando uma leve cotovelada na costela. – Se voltarem
pálidos e usando boinas eu paro de falar com vocês.
– Eu amo NY, é uma cidade realmente incrível. Mas falando por experiência
própria, morar lá é... exaustivo. – A garota disse. – Tem seus lados bons, claro,
as coisas funcionam 24 horas por dia, é fácil de fazer amizades e você nunca
fica entediado, mas ao mesmo tempo cansa, é muita coisa pra fazer e o dia
parece ter menos horas. Quando chegar em casa vai se sentir esgotado
porque a cidade consegue sugar toda a sua energia.
– Isso é uma ótima motivação pra os garotos, Olivia, parabéns! – Horan disse
sorrindo e aquilo aliviou o clima porque todos riram quando a menina se
desculpou rindo e tentando se redimir em seguida.
– O casal mais popular dos Hamptons?! – A voz bêbada de Tyler Jones se fez
presente e o garoto se aproximou do grupo meio cambaleando com os olhos
levemente vermelhos e um sorriso charmoso de lado. – Bom, costumava ser
nós dois, certo, Lou?
Tyler era um filho da puta, mas era extremamente atraente. Sua pele morena
bronzeada chamava atenção assim como seu maxilar definido e a barba rala
por fazer. Seus cabelos castanhos eram penteados para trás e seus olhos
eram em um tom de mel brilhante. Ele era lindo e ninguém poderia negar, mas
conseguia se tornar feio no olhar daqueles que o conheciam por sua
personalidade nem um pouco honrada.
– Da um tempo, Jones. – Harry disse na mesma hora com o corpo tenso e a
voz rude. – A festa acabou de começar.
– Mas tudo bem, eu não esperava nada menos que isso vindo de você, Lou. –
Tyler o interrompeu, o ignorando totalmente sem tirar os olhos brilhantes de
Tomlinson. – Aposto que assim como eu, bastou ele dizer que te amava pra
você abrir as pern-
Harry já estava pronto pra dar um murro na cara do colega de time quando a
garota fez aquela cena na frente de todo mundo, fazendo Zayn ser o único
capaz de soltar um riso enquanto Niall olhava aquilo com um sorriso orgulhoso
do rosto e o resto dos garotos encaravam chocados.
– Que porra é essa, sua vagabunda?! – Jones, agora todo molhado de cerveja,
esbravejou alto e com uma veia saltando da sua testa.
– Fale direito com ela, seu merda. – Niall respondeu rude segurando a garota
pela cintura.1K
– Você vai se ver comigo. – Tyler disse puto, apontando na direção de Olivia
enquanto Louis olhava tudo com a boca aberta.
– Oh, ela já está vendo. – Zayn sorriu com todos os dentes, colocando a mão
em cima do ombro da garota e olhando para ela com uma expressão cínica. –
E não é a sua melhor visão, é, Liv?
– Seus filhos da p-
– Sinto muito, cara, mas você está mexendo com as pessoas erradas. – O
colega de time disse sério, fazendo o garoto rir sem humor em seguida.
– Dá próxima vez que você ousar falar alguma merda do meu namorado desse
jeito, eu juro por Deus, Tyler, que vou fazer você se arrepender amargamente.
– Ele praticamente cuspiu na sua cara, com uma expressão tão furiosa que
chegava a ser assustador.
– Eu aposto que vai. – Foi o que Jones respondeu sorrindo de orelha a orelha
quando tirou as mãos de Harry da sua camisa e se afastou satisfeito.
– Então esse escroto é o seu ex namorado? – Olivia perguntou para Louis com
uma careta, vendo o garoto sorrir fraco em um suspiro.
– Você não bateria nele, certo? – Tomlinson perguntou nervoso e aquilo fez
Harry olhar em sua direção calado. – Certo, Harry?
– Harry, por favor. – Tomlinson disse, abraçando o seu braço forte coberto pelo
tecido branco da camisa que era dobrado até os cotovelos. – Não vamos
estragar a nossa noite por causa dele, ok?
– Você ouviu as coisas que ele falou, Louis? Como eu vou conseguir ignorar
aquilo?
– Tudo bem. – Harry disse depois de dar um longo suspiro, sendo convencido
por Tomlinson antes de ganhar um selinho demorado nos lábios como
agradecimento por concordar. – Por você.
– Poxa, acho que vou ser obrigada a dançar essa música. – Olivia Reed deu de
ombros quando The Policie começou a tocar e animar todos os jovens da praia,
se levantando e estendendo uma mão para Niall. – Stalker, esse é você
cantando pra mim, certo? Venha dançar comigo então.
– Você não dançaria comigo agora, dançaria? – Louis perguntou baixo pro
namorado do seu lado.
Harry olhava Niall e Olivia com um pequeno sorriso genuíno nos lábios, até
quando estava estressado, conseguia ficar feliz pelos amigos. Quando o garoto
de olhos azuis o chamou, ele o encarou na mesma hora, entendendo tudo.
Louis não gostava de dançar, não gostava de ter atenção. Harry sim. E o
namorado, o chamando pra dançar naquele momento, queria o agradar. Queria
o deixar feliz, queria que ele esquecesse do que tinha acontecido com Tyler. E
Styles não podia dizer não aquilo.
– Você quer que eu dance com você? – Ele perguntou sério mas tinha algo
sobre o jeito que olhava para Tomlinson, lindo como sempre.
– Sim. – Ele respondeu nervoso por um motivo que nem sabia.
Alguma coisa naquela noite não estava certa e Louis podia sentir isso.
– O que você quiser, então. – Harry disse ainda o encarando quando se
levantou junto com o garoto.
Segurou a cintura fina de Louis com suas mãos grandes e os braços do menor
abraçaram seu pescoço, os dois dançando calmamente e sem tirar os olhos
um do outro. Tomlinson não sabia porquê, mas tinha um drama por trás
daquela dança, não conseguia mais encarar os olhos fortes e intensos de Harry
e por isso respirou fundo antes de colar sua bochecha no peito do namorado,
sentindo ele afagar sua cintura antes de abraça-la com força.581
Louis passou o olhar pelas pessoas da festa dançando, bebendo e rindo entre
si. Niall e Olivia como um belo casal, conversavam perto do ouvido um do
outro, davam selinhos discretos e gargalhavam quando o loiro pisava nos pés
da garota. Zayn bebia solitário, parecendo até meio desanimado e reflexivo
demais enquanto tirava uma ou outra foto das pessoas e Liam já não estava
mais ali.
Tomlinson estremeceu dos pés a cabeça quando seus olhos encontraram Tyler
no meio de tantas pessoas, e ele o encarava de volta. Estava sério, sem a
camisa molhada e usando apenas a jaqueta do time que tinha seu sobrenome
bordado, tinha um sorriso estranho no canto dos seus lábios e seus olhos
brilhavam em algo ruim o encarando sem parar enquanto um grupo de mais
quatro pessoas conversavam junto dele e uma delas era Bradley.
Louis ficou assustado com aquele olhar de Jones, então se afastou um pouco
do namorado para olhar para os seus olhos verdes que o acalmavam, mas
Harry, com o cenho extremamente franzido e narinas elevadas, estava olhando
na mesma direção que Tomlinson estava a segundos atrás, diretamente para
Jones.
– Yeh?
– Esquece ele, por favor? – Pediu fazendo um carinho em seus cachos.
– Eu não estou fazendo nada. – Harry respondeu sério demais e Louis apenas
sentia falta do seu sorriso.
– Você está deixando de curtir essa noite comigo por causa de Tyler.
Quando Louis ia responder, o radio que Harry usava para se comunicar com a
produção da festa tocou e ele suspirou antes de apertar o aparelho de fone em
seu ouvido para ouvir melhor e desviar o olhar.
– O que foi? – O menor perguntou curioso assim que a ligação foi cortada
– Harry foi resolver algum problema com as bebidas e ainda não voltou. – Louis
disse vendo as horas no celular. – Acho que vou procura-lo. Vocês viram Liam
por aí?
– Não, a ultima vez que o vi foi quando estávamos juntos conversando. – Niall
respondeu.
– Ah, Pulp, se quiser saber dessa história é melhor se sentar... – Horan riu
sendo acompanhado por Tomlinson.
Foi pra perto do estacionamento ver se tinha alguém, e só ouviu uma voz
conhecida. Franziu o cenho se aproximando de um canto vendo Zayn e Liam
encostados na parede um do lado do outro, conversando baixo e parecendo
estar resolvendo as coisas entre eles.
– Porra nenhuma.
– "Achei que você não fosse perguntar nunca". – Zayn sorriu de volta,
respirando fundo e confessando em seguida. – Também não esqueci. Eu perdi
a minha virgindade naquele dia.
– O quê?173
– O quê? – Louis perguntou baixo para si mesmo ao mesmo tempo que Liam,
com a boca aberta em surpresa.
– Não vai ficar se achando agora que sabe que tirou a minha virgindade, por
favor. – Malik pediu.
– Ótimo. Eu não disse nada porque estava com medo de dizer na hora e você
não querer continuar. – Continuou, tendo dificuldades em falar aquilo. – Mas
você foi muito... hm, gentil. Então não foi tão ruim assim.
Liam respirou fundo, encarando Zayn por longos segundos.
– Você sabe que não foi. – Negou com a cabeça. – Antes de dormimos juntos
eu te disse que senti algo diferente, te pedi pra ficar pela manhã... mas quando
eu acordei você já tinha ido embora.
Liam concordou, pressionou os lábios em uma linha fina passou a mão pelo
cabelo com uma expressão triste.
– Nada que eu falar vai mudar o que aconteceu, mas nós éramos duas
crianças e eu com certeza não sabia o que estava fazendo. Passei esses dois
anos fingindo que te odiava quando na verdade eu pensava em você mais do
que deveria e toda vez que eu te olhava eu lembrava daquela noite. Pareceu
tão certo... e eu consegui estragar tudo. Queria poder voltar atrás e fazer tudo
diferente. Sinto muito.
– Nós conseguimos estragar tudo. – Malik corrigiu. – Você não foi o único idiota
nessa história. – Deu uma risada leve, respirando fundo. – E eu sei que vou me
arrepender de te falar isso amanhã, mas eu também pensei em muito você
nesses dois anos.
– Eu não dou a mínima pra o que o destino quer, eu tenho certeza que a gente
pode fazer o nosso próprio destino. – Liam disse extremamente sério e
charmoso, fazendo Zayn morder o lábio inferior. – Mas e você? O que você
quer?
– Isso é bom, porque eu estou bem aqui. – Liam se aproximou um pouco mais,
parecendo até um pouco tímido quando disse em seguida. – E você está bem
aí. E você está lindo...
– Eu sei...
– Então, Zayn Malik, eu posso te levar pra minha casa hoje? – Perguntou
fazendo um carinho no seu cabelo perto da nuca e sentindo o moreno o
abraçar pelo pescoço.
Andou quase correndo para o outro lado da praia onde tinham menos pessoas,
mas o namorado, novamente, não estava por lá. Quando se virou para voltar
pra festa, ouviu uma voz.
– Tudo bem, pode falar. – Louis respirou fundo colocando as mãos no bolso da
jaqueta do namorado, não tinha nada a temer.
– Bom... não sei como começar a falar sobre isso então vou direto ao ponto. Eu
sei que você esteve em um relacionamento abusivo. – O garoto disse com um
olhar triste. – Eu também estive em um. Com Harry.
– Nos conhecemos na fase que ele ainda era um cara divertido. Na fase que
ele bebia até cair pelos cantos da casa e tomava comprimidos até esquecer o
próprio nome. Acho que ele não te contou sobre essa fase, estou certo? Claro,
na época você nem namorava com Tyler Jones ainda e hoje em dia eu acredito
que Styles tenha vergonha de admitir pra si mesmo as coisas que ele fazia
quando era mais novo. – Deu de ombros, continuando. – Ele ficava bêbado e
drogado, levava dois, três caras pro quarto dele ao longo da noite e passava a
madrugada acordado se divertindo e festejando. Nos dias bons ele subia em
cima das mesas de sinuca, dançava a noite toda e cumprimentava as pessoas
com beijos nos lábios, sempre sorrindo e gritando os pulmões afora com os
braços pro alto que aquela noite nunca iria acabar. Nos dias ruins ele ficava
descontrolado e maníaco, olhava pros lados o tempo todo jurando que alguém
estava o seguindo, arrumando problema com todo mundo, estava sempre com
olhos roxos das brigas que arrumava nas festas. É difícil imaginar isso quando
olhamos pra ele hoje, não é?
– Bradley, olha só-
– Harry Styles é charmoso e vai flertar com você e te elogiar infinitamente até
fazer você se apaixonar, ele vai dizer que você é único e que é o garoto mais
lindo dos Hamptons. Ele vai te conquistar e você vai cair por ele e então ele vai
te dizer coisas bonitinhas e quando finalmente conseguir entrar nas suas
calças ele vai parar de responder suas mensagens e vai parar de atender as
suas ligações. Ele vai se afastar e quando você for tirar satisfação ele vai te
manipular e vai virar o jogo contra você. Ele vai dizer "mas estávamos apenas
nos divertindo, Lou, em que momento você achou que isso tinha virado algo
sério?". Você vai sair como o louco obcecado e ele vai rir nas suas costas pros
garotos do time porque-
– O quê-
– M-mas... – O garoto parecia pego no flagra, sem conseguir mentir tão bem
quanto deveria. – E-eu estou falando a verdade.
– Você sabe que ele não é nada disso que está falando e mesmo assim você
continua por vaidade, porque não aceita que ele nunca se apaixonou por você
como você se apaixonou por ele. E isso não é culpa sua, Bradley. Você tem
apenas dezessete anos, você é jovem e bonito, não merece ficar implorando
por migalhas de alguém que já ama outra pessoa. Se Harry fosse um cara
babaca eu seria o primeiro a te apoiar porque ao contrário de você, eu sei o
que é se relacionar com um cara babaca. Mas Harry não é um cara babaca,
Harry é um cara legal. E quando a gente se apaixona por um cara legal, não
tem muito o que fazer. Ele é legal e gentil, ele nunca nos tratou mal, não temos
nada de ruim para falar dele, temos? O certo a se fazer é apenas aceitar que
não há nada a se fazer. E o errado é exatamente o que está fazendo, tentando
manchar a imagem de um cara legal, que não tem culpa de nada, só porque
ele não correspondeu aos seus sentimentos platônicos.
Louis acreditava no que ele tinha dito sobre o passado de Harry, principalmente
depois do próprio jogador ter dito que a diversão que costumava ter era
demais. Mas honestamente, Tomlinson pouco se importava com o passado do
namorado. O que realmente tinha o incomodado foi aquela versão mentirosa e
exagerada que Bradley tinha contado.
Gatinho, está tocando Cage the Elephant aqui e eu, como sempre, estou
pensando em você.
Cade você pra dançar comigo?
Quero dançar pra sempre com você, amor.
De preferência ao som de Cigarette Daydreams (é clichê mas é a sua música).
You were only eighteen* soft speak with a mean streak, nearly brought me to
my knees.
É verdade, você me tem de joelhos.
Rs.
Estou vendo as letras do celular aumentarem e diminuírem como uma
sanfona... Ops.
Acho que estou bêbado (do nada) perto dos banheiros com os garotos do
Tigers e eles só estão falando besteiras.
Me salve, Romeo. Xoxo. H.
E aquilo foi o suficiente pra Louis finalmente perceber. Perceber que ele não
estava apenas completamente apaixonado por Harry, ele amava Harry. Ele
amava Harry com todo seu coração e ele tinha tido alto e claro pra Bradley a
um minuto atrás, sem ao menos perceber.
Ele amava Harry, ele amava muito. Ele queria gritar, chorar, dançar, queria
fazer tudo, queria colocar pra fora. Sentiu os olhos marejarem naquele
pequeno momento especial que só ele estava vivendo e correu para os
banheiros, correu rápido porque ele iria falar pro namorado, iria falar o quanto o
amava, o quanto era louco por ele, o quanto o desejava e o quanto era a
pessoa certa, o amor da sua vida, o seu cara legal.
Mas Harry Styles deixou de ser o cara legal quando Louis entrou na área dos
banheiros e se deparou com a cena dele desferindo murros fortes, violentos e
repetitivos contra o maxilar de Tyler Jones, que tinha o corpo magro caído no
chão e o rosto completamente coberto de sangue.
✧Thirty Five
– Que porra foi essa?! – Foram as primeiras palavras que Louis, sentado no
banco do passageiro, gritou para Harry quando o maior saiu com seu Jaguar
depois da confusão na praia.
Louis não falou uma palavra quando puxou o namorado pelas mãos trêmulas e
andou o mais rápido possível com ele até o estacionamento para irem embora
dali. Styles, calado como nunca, pegou a chave do bolso em um silêncio
ensurdecedor e abriu o Jaguar preto, abrindo a porta do passageiro para o
menor que quase riu sem humor com a tamanha contradição: há um minuto
atrás estava esmurrando violentamente seu colega de time e agora estava
abrindo a porta do carro para ele como se fosse um cavalheiro.
– Põe o cinto, por favor? – O jogador respondeu ao seu grito pedindo baixo
com a voz seca, dirigindo sem olhar em sua direção.
– Põe o cinto. – Harry o ignorou novamente, dessa vez com um tom de voz
rude e impaciente.
– Puta que pariu, Harry! Por que você fez isso? Você é idiota?! Ele tava
tentando te provocar! Onde estava com a cabe-
– Põe o cinto, porra! – O garoto esbravejou por cima dele sem tirar os olhos da
estrada escura e vazia perdendo a paciência de vez e o assustando.
– Sai daí, eu vou dirigir. – Louis o interrompeu rudemente assim que se deu
conta que Harry não estava bem.
– Mas-
– Sai. Daí. – O interrompeu novamente, sem se importar em soar grosseiro.
Estava com tanta raiva de Harry e de seu comportamento explosivo naquela
noite que não se importava em ser tão explosivo quanto.
Styles parou o carro sem pestanejar, saindo do mesmo e dando a volta para
sentar no banco do passageiro enquanto Louis passava para o do motorista.
Quando ambos colocaram o cinto, o menor começou a dirigir em silêncio,
apenas com o barulho do motor do aquecedor. Ficaram calados por alguns
minutos, Tomlinson dirigindo e pensando em mil coisas com vontade de gritar e
colocar pra fora toda a frustração que sentia e Harry com a cabeça encostada
no banco e olhos fechados enquanto apertava a lateral do assento de couro
com força.
Louis podia ser mais tímido, podia ser mais fechado e mais antissocial que
Harry, mas diferente do namorado, Louis tinha a língua afiada e era bom em
brigas, então obviamente, por mais que ele temesse brigar com o jogador pela
primeira vez, ele não iria guardar o que sentia para ele mesmo. Styles não
falava tanto sobre sempre falar o que sentir no momento? Então era isso que
Tomlinson iria fazer.
E foi a vez de Styles ficar surpreso. Ele abriu os olhos na hora, encarando o
menor com as sobrancelhas unidas em uma confusão genuína, como se não
estivesse acreditando no que estava ouvindo. Além de perdido e frustrado,
agora ele parecia realmente decepcionado mais do que tudo.
– Bradley disse isso? – Perguntou baixo quase fazendo uma careta, olhando a
estrada em sua frente reflexivo quase como se estivesse falando consigo
mesmo. – Mas... P-por que ele diria isso? Eu nunca-
– Não deveria estar tão chocado, você sabe. – Tomlinson diz sem piedade
alguma. – Esse garoto é uma cobra.
– É sério que você vai defender ele depois dessa merda? – Perguntou irritado
em um tom agudo, sentindo o sangue correr mais rápido em suas veias.
– Ele é um garoto perdido, ele não tem ninguém. – Harry disse por fim,
parecendo triste e piedoso demais para o gosto de Louis. – Não sabe o que
está fazend-
– Coitadinho, um garotinho perdido que você pegou pra cuidar, hm? Como
você é um amigo bonzinho... colocou ele no seu colo? Deu mamadei-
Aquela pequena frase foi a gota d'água. Ele tinha o chamado de infantil em alto
e belo tom. Se Harry achava que Louis era um coitadinho inseguro que não
sabia se defender, ele estava muito engado, por isso o de olhos azuis quase
gargalhou forçadamente e sem humor nenhum em seguida.
– Você perdeu o juízo, só pode. – Disse nervoso e pronto para uma briga,
balançando a cabeça negativamente. – Ficou louco de vez.
– Louis...
– Não fode, Harry! – Falou alto novamente, batendo com uma mão no volante
com força a fim de externar um terço da raiva que estava sentindo. – Bradley
Simpson é uma cobra sim, se juntou com Tyler pra ferrar com a nossa fogueira
e com o nosso relacionamento. E você, que deveria ser o racional entre nós
dois, espancou Jones na frente de todo mundo! Então mais uma vez eu te
pergunto: que porra foi essa?
– Espanquei?! – Quase fez uma careta de dor, incrédulo. – Você não pode tá
falando sério.
– Eu não espanquei ninguém, tudo bem? Por Deus, não fale uma coisa dessas.
– Styles continuou meio desesperado com uma carranca, passando a mão pelo
cabelo agressivamente. – Eu só dei três socos na cara dele.
– Não importa, você bateu nele do mesmo jeito! O que eu mais te disse foi pra
não cair na pilha dele, ele estava te provocando, ele jogou a isca e você pegou!
Ele conseguiu o que queria, tá bom pra você?!
– Se toda vez que ele falar merda você o bater daquele jeito, ele morreria no
primeiro dia! – Continuou. – É claro que ele estava falando merda, ele sempre
está e não faz isso por nenhuma razão, faz isso por um motivo. Ele fala merda
porque quer te manipular com isso, quer ver você perder a cabeça, perder o
controle, sair da porra do jogo. E foi exatamente isso que você fez!
– Você está exagerando, pelo amor de Deus! – Harry aumentou o tom se voz,
igualando ao do namorado antes de esbravejar baixinho algo que Tomlinson
não compreendera e voltar a falar mais baixo e calmo em seguida. – Podemos
conversar sobre isso depois? Eu não estou me sentindo bem, minha cabeça
parece que vai explodir. E eu não quero brigar com voc-
– Você bateu nele, eu vi com os meus próprios olhos, você estava fora de si,
Harry, estava descontrolado! – Ele continuou dirigindo nervoso sem olhar na
direção do maior. – O que você bebeu? O que ele te disse pra te deixar
daquele jeito?
– Não tô afim de falar sobre isso, Louis. – Sua voz era impaciente. – Para de
ser teimoso, puta que pariu.
– Eu sou teimoso? Eu sou teimoso? Você que é a porra do teimoso aqui, ok? E
quer saber o que mais? Foda-se que você não tá afim de falar sobre isso! Eu
não dou a mínima, porque se tem uma coisa que nós vamos fazer agora é falar
sobre isso!
– Eu-
– Por que você fez isso, Harry? Por que você fez isso? Você não pensou em
ninguém, não? Em mim? Em você mesmo? Acha que eu sou idiota? Hm? Eu
sei que existem regras no time, eu sei que um Tiger não pode, sob hipótese
alguma, agredir fisicamente outro. Você tem consciência que acabou de
arriscar todo seu futuro? E se por acaso você sair do time agora por agressão?
E se perder tudo o que conquistou até agora por um capricho seu de bater em
Tyler? O que estava pensando? É a porra do seu futuro, Harry!
– Realmente, eu não entendo. Eu não entendo por que diabos você bateu no
Jones, eu não entendo porque você em sã consciência seria tão burro a esse
ponto, eu não entendo porque esse ciúminho ridículo te fez-
– O que tem de errado com você, porra? – Louis perguntou alto sem perceber,
quase choramingando de nervoso com as sobrancelhas franzidas em uma
expressão agonizante.
– Para de gritar, você tá me deixando nervoso. – Styles pediu baixo e
completamente perdido com o rosto empalidecendo a cada segundo que
passava, encostando no banco com o corpo todo tremendo e tentando respirar
fundo.
– Ah, e você acha que eu não estou nervoso? Você acha mesmo? Eu não
estou-
Mas Louis foi interrompido pela a porta do carro do lado do passageiro abrindo
em um baque e Harry inclinando as costas para baixo e para fora do carro,
vomitando no chão de asfalto.
Styles não respondeu, vomitou mais algumas vezes sentindo Tomlinson atrás
de si segurar com cuidado e carinho seus cabelos para trás e continuar
passando as mãos em suas costas largas.
– Eu não estou m-me sentindo bem... – Ele ressaltou o obvio, colocando sua
mão em cima da mão do namorado que estava repousada em sua coxa, ainda
sem encara-lo. – A gente pode só... ir pra casa? Por favor?
– Não! – Styles o pediu na mesma hora, olhando-o nos olhos. – Não, por favor.
Eu já usei... essas coisas... outras vezes. Mas faz muito tempo, então acho que
o meu organismo não recebeu muito bem a droga... Eu sei quais são os efeitos
colaterais e eu sei que vou ficar bem. Só me leva pra casa, Lou, por favor? Eu
quero ir pra casa.
O menor sentiu seu olho marejar ao ver o namorado daquele jeito, pequeno,
vulnerável e mal. Respirou fundo concordando e saindo com o carro para irem
para casa finalmente entendendo o comportamento estranho do garoto e se
sentindo mal por ter feito toda aquela cena minutos antes. Estava revoltado
com aquela situação, não podia acreditar que Jones fizera algo do tipo.
– Eu vou matar Tyler. – Louis disse baixinho, apertando o volante com força em
suas mãos.
– Eles fazem isso as vezes. – Harry disse com os olhos fechados e as mãos
massageando as têmporas. – Toda vez que entra um jogador novo no time, a
bebida deles são batizadas desse jeito. Quando eu descobri que estavam
fazendo isso, ameacei contar pro treinador mas eles me convenceram de que
estava tudo bem, de que era só uma brincadeira e que eu estava exagerando.
Tomlinson não respondeu nada, apenas parou o carro na mesma hora vendo o
namorado pálido abrir a porta e se inclinar para baixo, vomitando novamente.
Dessa vez foi mais rápido o processo com Louis o ajudando e sussurrando pra
ele se acalmar e que ia ficar tudo bem. Quando já tinha acabado, limpando a
boca com a mão e se sentindo menos enjoado, Harry voltou pra dentro do
carro tentando focar apenas em sua respiração. O garoto de olhos azuis
continuou calado, dirigindo com uma mão enquanto a outra estava entrelaçada
na de Styles até o caminho pra casa.
– Não existe remédio pra isso. – Styles respondeu exausto, desabotoando sua
camisa branca com as mãos trêmulas. – Tenho que esperar o efeito passar.
– Você pode fazer isso? – Ele perguntou meio inseguro sentindo um beijo
rápido em sua testa como resposta.
O garoto de olhos azuis observou Harry escovando os dentes com sua escova
rosa e jogando água em seu rosto pálido e sem vida. O maior desabotoou a
calça jeans apertada e a tirou de seu corpo antes de, naturalmente, puxar sua
boxer cinza pra baixo revelando sua nudez e entrando dentro da banheira com
calma, encostando as costas largas na extremidade e fechando os olhos para
suspirar aliviado.
Então Tomlinson desdeu para o andar de baixo e tentou ser rápido para não
deixar Harry sozinho lá em cima por muito tempo. Lembrou onde eles
guardavam o chá naquela casa, pois já tinha observado Celine fazer várias
vezes enquanto conversavam na cozinha, então esquentou a água
rapidamente e em cinco minutos o chá estava pronto. Subiu as escadas com
cuidado para o líquido não cair e quando chegou no banheiro, encontrou um
Harry sonolento brincando com a água fria e com espumas da banheira.
– Estou tão preocupado com você agora... – Tomlinson disse baixo com uma
expressão de dor, fazendo um carinho em seus cabelos secos e observando
seu rosto com uma aparência doente.
– Tá tudo bem. – Harry respirou fundo, virando a cabeça em sua direção para
encara-lo e seu olhar parecia dizer mil coisas. – Fica aqui comigo.
– Estou aqui.
– Não foi isso que eu quis dizer. – Ele continuou sério. – Fica aqui comigo... eu
preciso de você mais perto.
Então Louis entendeu. Ficou olhando seus olhos que agora tinham um leve
brilho de vida antes de respirar fundo e ficar de pé em sua frente, tomando
coragem quando tirou a jaqueta do time calmamente, a colocando em cima do
balcão da pia. Fez o mesmo com os sapatos, a blusa e a calça e quando
estava apenas de boxers, sentindo o olhar de Harry quase queimar sua pele,
puxou o tecido branco para baixo deixando qualquer tipo de vergonha de lado e
se juntando ao namorado, sentando na banheira de frente pra ele, encostado
na outra extremidade. Harry o encarava sério em todo o processo, sem tirar os
olhos do seu corpo e sem ousar falar uma palavra que fosse arruinar a
atmosfera que fora construída naquele momento. Mesmo chapado, sonolento,
drogado ou doente, Harry venerava Louis e aquilo era claro como o dia.
– Não acredito que estou pelado com o meu namorado gostoso dentro de uma
banheira em um tom não-sexual. – Foi o que o jogador disse depois de um
tempo com os dois se encarando na água fria, fazendo a expressão nervosa e
preocupada de Louis cair na mesma hora, dando lugar a um sorriso quase
imperceptível no canto dos lábios.
– Tenho.
– Você gritou comigo mais do que você grita com Niall quando estão jogando
fifa. – Arqueou apenas uma sobrancelha. – Isso é muito.
– Toda vez que brigarmos vai ser assim? – Styles perguntou acabando com a
preocupação do namorado quando lançou um sorriso leve e cansado em sua
direção, colocando a xícara em cima da bancada de mármore da banheira. –
Tenho que me preparar para encarar o meu namorado bravinho então?
– Bravo? Eu só não fiquei duro porque estou chapado. – Ele brincou com um
sorriso de lado, passando a mão pelo cabelo.
– Você é impossível, sabia disso? – Louis riu, balançando a cabeça
negativamente e incrédulo com o dom de Harry em transformar qualquer
situação desconfortável e tensa em leve e descontraída.
– Sei disso, mas você vai aprender a gostar de mim assim. – Deu de ombros,
jogando um pouco de água em sua direção.
– Sinto muito pelo surto no carro. – Louis suspirou sincero com um sorriso
triste.
– Não sei porque, mas sinto que ao longo do nosso relacionamento ainda vão
ter muitos e muitos surtos no carro como aquele. – Disse cerrando os olhos.
– Você acha?
– É assim que você imagina o nosso futuro juntos? – O menor não conseguir
segurar um sorriso genuíno no rosto.
– Vou fazer você se acalmar, daquele jeito que só eu sei fazer. –Piscou em sua
direção e o de olhos azuis riu de verdade, porque não era possível que um
garoto conseguia ser lindo e charmoso até com aquela aparência sem vida.
– Você também não parecia muito calmo hoje. – Resolveu dizer, vendo a feição
do jogador cair por um momento.
– Estou vendo borboletas azuis voando ao redor da sua cabeça. O tom delas
lembra os seus olhos, mas não são tão bonitos quanto eles, é claro... – Harry
suspirou, olhando pro rosto de Louis e vendo ele franzir levemente o cenho,
olhando pra cima e obviamente, não encontrando nenhuma borboleta. – Você
está lindo agora.
O menor mordeu o lábio sem saber o que dizer. Claro que já estava
acostumado com os elogios do namorado, mas vez ou outra ele ficava meio
sem jeito.
– Você está horrível agora. – Resolveu dar de ombros com um pequeno sorriso
no canto dos lábios, mesmo sabendo que aquilo era impossível.
Sim, Harry estava pálido com olheiras, olhos mortos e cansados, boca
ressecada e qualquer pessoa que o visse naquele momento, perguntaria se
estava bem. Porque não aparentava estar bem, mas mesmo assim, conseguia
tirar os melhores suspiros do menor e continuava lindo em seus olhos.
– Eu estou horrível, não estou? – Styles concorda rindo e falando sem pensar
em seguida. – Você continua me amando mesmo assim, Lou?1.
Várias coisas passaram por sua cabeça enquanto encarava calado a água
gelada, acabando por decidir mudar o foco da conversa e tentar descobrir o
porquê daquilo tudo ter acontecido em primeiro lugar.
– Por que você bateu nele? – Louis perguntou baixo e viu a feição do
namorado endurecer na mesma hora.
– Eu estava drogado. – Harry deu de ombros fazendo pouco caso, mas estava
na cara que queria esconder o motivo. – Eu achei que ele era Donald Trump.
– Você não bateria em uma pessoa sem motivos nem se estivesse drogado, eu
sei disso. – Tomlinson continuou baixo, sentindo uma angustia crescer no
peito. – Por que bateu nele? Seja honesto comigo, é a única coisa que eu te
peço.
Falou aquilo porque sabia que o maior não conseguia negar aquele pedido.
Harry respirou fundo calmamente com os olhos fechados, parecendo se
preparar para algo ruim quando finalmente disse baixo e com toda a calma do
mundo.
– Continua.
– Eu o ameacei e mandei ele parar, mas ele começou a dar detalhes que... –
Balança a cabeça como se quisesse expulsar aquelas lembranças. – Eu perdi
a cabeça, foi isso.
– Detalhes...
– Sim.
– Harry.
– Ele disse coisas tipo... – Respirou fundo, seguindo em frente por não ter outra
saída senão dizer a verdade. – Tipo o barulho que você faz durante o sexo. A
cara que você faz quando está tendo um orgasmo, as suas posições
preferidas, o jeito que você... o jeito que você gritava pedindo por mais.
Harry parecia lutar uma batalha interna consigo mesmo para externar aquelas
palavras que eram tão duras de ouvir. Louis com os olhos vermelhos e
marejados, não falou nem fez nada, apenas abaixou o olhar, arrasado e
completamente vulnerável.
Harry se inclinou para puxa-lo com cuidado pela cintura, voltando a se encostar
na banheira em seguida com Louis deitado em seu peito chorando e sendo
abraçado com força pelo maior.
– Não queria que você soubesse, eu odeio te ver chorar assim. – Styles disse
sincero e doloroso, afagando seus cabelos. – Sinto muito, meu amor.
– P-por que ele fez isso? – Balbuciou no meu no choro com o corpo tremendo
mais que o normal, se sentindo completamente constrangido com aquela
situação.
– Sente muito por ter batido nele ou por eu ter visto? – Louis tirou a cabeça de
seu peito, o encarando com os olhos vermelhos e o rosto molhado pelas
lágrimas.
– Por você ter visto. – Ele respondeu com toda sua sinceridade. – Não vou
mentir pra você. Sou contra qualquer tipo de violência, mas quando eu me vi
naquela situação, pareceu a coisa certa. E, honestamente, eu faria a mesma
coisa se pudesse voltar atrás.
– Você não devia ter feito isso, Harry. – Tomlinson disse preocupado, se
forçando a parar de chorar, limpando as lágrimas com a palma da mão. – Se
você se prejudicar de alguma maneira no Tigers eu nunca vou me perdoar.
– Nem começa com esse assunto, ok? – Styles deu um beijo em sua testa,
com as sobrancelhas unidas. – Eu faria exatamente o mesmo se Tyler
estivesse falando de qualquer pessoa que eu me importo. Não se preocupe
comigo, eu vou conversar com o treinador Carter e ele vai entender. Pare de
pensar no Tigers, o que importa é você.
– Os outros garotos do Tigers... quando eles ouviram o que Jones falou, eles...
riram de mim? – Quis saber sentindo as bochechas corarem, vendo Harry fazer
um carinho delicado nelas em seguida.
– Não, eles não ousariam fazer isso na minha frente, muito pelo contrário, eles
mandaram Tyler calar boca. Você sabe que todos os caras gostam de você,
Lou. Não é um comentário idiota de um cara idiota que vai mudar isso.
– E você? Não está me olhando diferente depois disso?
Então Louis sorriu, mais uma vez inebriado pelas palavras e ações de Harry
Styles que era sim o seu cara legal, o seu amante e o seu melhor amigo.
Construíram isso juntos e seguiriam assim, dia após dia.
– De novo, me desculpa por ter xingado e gritado com você.
– Elas sempre vão aparecer uma hora ou outra, não se pode fugir das nuvens
escuras. – Styles beijou o topo da sua cabeça, com todo carinho e gentileza
que carregava consigo. – Mas você sabe que com a gente o sol sempre volta,
não sabe?
– Sei. – E ele realmente sabia. – Podemos dormir agora e esquecer essa noite
pra sempre?
– Sim, por favor.
– Você.
– E o que mais?
– Look at me now, will I ever learn? I don't know how but I suddenly lose
control...
There's a fire within my soul...
– Just one look and I can hear a bell ring, one more look and I forget
everything... Ohhh! – Agora praticamente gritava tão alto quanto a música,
fazendo uma performance dramática. – Mamma mia, here we go again! My,
my, how can I resist you?
– Sim, e você? – O menor fez um carinho nas suas costas. – Como está se
sentindo?
Então Tomlinson apenas riu porque mesmo depois de toda merda que tinha
acontecido no dia anterior, Harry parecia inabalável. Dessa vez arrumou a
mesa rapidamente para os dois sem reclamar e observando o jogador ainda
cantarolando as musicas de Mamma Mia baixinho.
– Bom... odeio ter que acabar com o seu bom humor matinal, mas acho que
precisamos conversar sobre um assunto chato. – O garoto de olhos azuis disse
apertando os lábios.
– Conversar com você não acaba o meu bom humor matinal, amor. – Styles
disse descontraído, mastigando um pedaço de mamão seguida. – Estou
ouvindo.
- Eu posso ouvir seus batimentos cardíacos, Lou - a voz soou rouca, tão áspera
que fez Louis se encolher atrás do armário velho. Suas mãos suavam e
lágrimas rolavam pela...
– É que... Eu realmente fiquei muito preocupado com tudo o que aconteceu
ontem... – Franziu a testa, desconfortável. – Quer dizer, Tyler drogou você,
Haz. Isso é muito sério.
– Você viu coisas, amor, teve alucinações. Você viu um homem no meio da
estrada, viu patos, borboletas azuis e nuvens... Eu fiquei preocupado.
– É um dos efeitos da droga. É sintético, então é comum ter esse tipo de
alucinações. – Styles explicou. – Apesar de tudo, eu estava em um dia normal.
Se estivesse em um dia ruim, eu veria outro tipo de coisas.
– Que tipo?
E na mesma hora Louis lembrou do que Brad havia dito na praia sobre Harry,
em seus piores momentos, ficar descontrolado e maníaco e aquilo o abalou
completamente, só pensando que quando o namorado passou por esses
momentos na época, ninguém esteve do seu lado.
– Mas não precisa pensar demais sobre isso agora, eu já estou bem, não
estou? – O jogador tirou a seriedade do rosto, dando lugar a um pequeno
sorriso enquanto beijava a mão de Tomlinson.
– Você não sabe, Harry. – Louis continuou. – Só vou ficar tranquilo quando
você falar com o treinador Carter amanhã e eu tiver certeza de que isso tudo
não vai te prejudicar.
– Lou, não vai me prejudicar, eu te garanto. A primeira coisa que eu vou fazer
amanhã quando a gente chegar no colégio é conversar com o Sr. Carter e eu
tenho certeza que ele vai entender a situação. Eu sou o capitão, lembra? Um
dos privilégios é ser o preferido do treinador. – Harry sorriu, o tranquilizando. –
Relaxa, nada de ruim vai acontecer.
– Como sabia que eu tinha algo pra falar? – Perguntou rindo meio surpreso.
– Não tem o que ser falado. Eu vou para NYU, você vai para Princeton e nós
seremos felizes.
– Separados?
– Se torna tudo quando nós dois vivemos as vinte e quatro do nosso dia juntos.
– Não acha que está cedo demais pra se preocupar com isso? Seja como for,
vamos dar um jeito. Ainda temos bastante tempo grudados, então vamos focar
nisso e aproveitar cada segundo. – Styles sorriu novamente, deixando um
selinho em seus lábios e se levantando para pegar os pratos e levar até a pia.
– Deixamos pra resolver isso depois, sem sofrer com antecedência, pode ser?
– Tudo bem. – Louis respondeu em um suspiro, vendo o jogador de costas
para si começando a lavar a louça. – Quer ajuda?
– Sei que você só perguntou por educação, mas não precisa. – Ele respondeu
e Tomlinson sabia que estava sorrindo.
– Vou te contar um segredo que mudou a minha vida... – Harry começou, ainda
de costas lavando a louça. – É fácil encontrar um carro amarelo quando
estamos sempre pensando em um carro amarelo.
Concordaram em tomar sol logo em seguida então antes subiram até o quarto
do jogador e escolheram alguns livros, descendo para a área da piscina em
seguida e deitando nas espreguiçadeiras apenas em suas boxers lendo os
livros em silêncio, aproveitando o sol e as vezes interrompiam um ao outro para
ler alto algum diálogo interessante ou alguma palavra nova com sorrisos e
beijos molhados. Com o passar das horas, acabaram pedindo comida chinesa
pra almoçar e Styles convenceu o namorado de que tinham que tomar um rosé
para brindar aquela tarde que viveram juntos lendo, comendo e rindo com o
barulho do mar.
– Harry, não-
– Espero que você não se incomode com um pouquinho de água, Horacio. –
Foi o que ele disse com um sorriso divertido de orelha a orelha antes de pular
na piscina.
– É bom aliviar o calor. – Harry disse dando de ombros, abraçando sua cintura
com mais força e um sorriso que dizia algo a mais. – Se bem que aqui tá bem
quente também...
Toda vez que Harry se aproximava desse jeito Tomlinson sentia uma festa
dentro dele, comprovando a teoria do namorado que se apaixonar era
realmente descobrir que as borboletas nunca morriam, porque Louis sabia que
poderiam se passar anos, mas toda vez antes de beija-lo ele iria sentiria
mesma coisa que sentiu quando o beijou pela primeira vez. Então ele apenas
concordou levemente com a cabeça, umedecendo os lábios com a língua em
um gesto nervoso e cheio de expectativa, vendo o sorriso do namorado
aumentar antes de finalmente estarem perto o suficiente para colarem suas
bocas.
Aquele beijo foi diferente. No começo eram apenas dois lábios quentes se
tocando sem língua e sem sem pressa. Mas o corpo de Styles ali, tão perto...
Louis queria mais, precisava de mais. Por isso tomou coragem antes de apertar
sua nuca com um pouco mais de força e morder o lábio inferior dele com
desejo. Aquilo fez com que o jogador não esperasse mais, o beijando com
vontade em seguida e segurando suas coxas, entrelaçando elas em seu
próprio tronco.
Em resposta Louis se movimentou contra o seu corpo, sentindo seu quadril
roçar no dele e o beijo se tornar ainda mais intenso por esse motivo. Ficaram
assim por mais alguns minutos e Tomlinson simplesmente precisava de mais.
Precisava tocar em Harry e precisava que Harry o tocasse mais intimamente,
por isso pediu em seguida.
– Me leve pro seu quarto. – Louis disse baixo no meio do beijo antes de sentir
Harry se afastar minimamente com o cenho franzido.
– Me leve pro seu quarto, por favor. – Pediu mais uma vez, afagando a parte
de trás da sua nuca. – Preciso de você.
Os dois molhados apenas de boxers naquela posição só fazia com que Louis
se perdesse em Harry cada vez que ele roçava o quadril contra o seu sem
inibições e sem nenhum tipo de vergonha. Ficaram se beijando daquele jeito ali
no meio do corredor por alguns minutos e Tomlinson deixou um gemido
escapar quando o maior se movimentou fortemente contra a sua virilha, seus
dois membros eretos se tocando através do tecido das boxers.
Harry apertou a bunda do garoto de olhos azuis com força, andando com ele
cegamente até o seu quarto, batendo a porta atrás de si sem parar de beija-lo e
jogando-o na cama em seguida, subindo em cima do seu corpo sem perder
tempo para voltar aos beijos e apertar firme porém cuidadosamente a ereção
no meio das pernas do namorado.
– Harry, só faz logo de uma vez... – Disse agoniado sem conseguir aguentar
mais, precisava daquilo mais do que tudo.
– Mas e se eu ficar tímido? – O jogador arqueou uma sobrancelha, com um
sorrisinho debochado para o provocar.
– Cala a boca, você ama se exibir. – Rolou os olhos, recebendo uma risadinha
como resposta.
– Tudo bem. – Harry saiu de cima dele e se deitou do seu lado, respirando
fundo. – Se vamos fazer isso você vai ter que se afastar.
– Ok, vamos lá... – Ele se preparou sem tirar o sorriso malicioso dos lábios
antes de puxar lenta e completamente a sua boxer preta pra baixo e a jogando
em algum lugar do quarto e revelando os pelos aparados que faziam o caminho
junto com a sua linha V indo de sua virilha até o seu membro úmido, grosso e
rosado com veias saltando. – Me assista.
Então sua própria mão cheia de anéis pousou sobre o seu próprio pescoço,
descendo lenta e firmemente por seu peito, abdômen e virilha com os olhos
acompanhando-as em expectativa. Assim que segurou o volume na mão,
fechou os olhos e mordeu o lábio inferior com força. Esfregou seu polegar em
toda a glande, puxando o tecido para baixo a fim de umedecer toda sua
extensão e quando começou com os movimentos de vai e vem, jogou a cabeça
no travesseiro, inclinando o tronco pra cima.
– No que você está pensando? – Louis perguntou baixo com o rosto petrificado
sem tirar os olhos daquela visão.
– Em você... – Harry gemeu grosso, franzindo o cenho com força e brincando
com seu próprio membro.
– Me tocando.
– Onde?
– Sexy pra caralho. – Riu ofegante, diminuindo a rapidez da sua mão e indo
lento e devagar dessa vez, sem tirar os olhos dos seus. – Você gosta do que
vê, gatinho?
– Sim, babe, eu sou. – Styles respondeu com a voz grave, fechando os olhos
novamente e se concentrando no que fazia. – Agora vamos lá, me elogie e me
veja gemer pra você.
– Você não precisa que eu te diga, Harry, você sabe que é lindo, cada pedaço
de você... – Louis começou meio incerto, mas logo as palavras saiam de sua
boca como se ja fossem ditas anteriormente varias vezes. – Seus olhos,
fechados e os cílios batendo contra a sua pele. Seus cabelos cacheados, sua
boca rosinha e o jeito que você geme, mordendo ela com força. Seu corpo é o
mais lindo que um dia eu já vi, eu poderia passar horas te assistindo assim e-
Porra...
– Você disse que eu não podia te tocar, mas não disse nada sobre eu me
tocar, certo? – Louis riu sem vergonha, se masturbando lentamente.
– Apenas não consigo me segurar vendo você desse jeito. – Ele deu de
ombros sem parar os movimentos em seu próprio pênis coberto pelo tecido
molhado, amando ver a reação do maior. – Isso é muito bom...
– Vem aqui. – Harry mandou com a voz firme, o olhando com luxúria e fascínio
como nunca tinha olhado antes.
– Mas a regra é-
– Foda-se a regra, vem aqui agora. – O tom rude da sua voz fez o garoto
gemer baixinho.
Tomlinson desceu o olhar e mordeu o lábio com força no momento que viu o
seu membro deslisando com o do jogador lentamente, os dois úmidos e
espalhando pré gozo em toda a extensão. Jogou a cabeça pra trás e colocou
as mãos no peito de Harry arqueando as costas enquanto rebolava com mais
intensidade e rapidez em seu colo.
– Gostoso pra caralho, babe. – O namorado apertou sua coxa com tanta força
que ele soltou um pequeno grito, arranhando o seu peitoral instintivamente.
– Me guia. – Balbuciou completamente ofegante, pegando os pulsos de Harry e
levando suas mãos enormes para sua própria cintura.
A partir dali as coisas só ficavam mais e mais quentes. Harry marcava suas
mãos na curva do menor, movendo-as em movimentos circulares sem tirar os
olhos do paraíso que era o corpo do garoto desinibido em cima de si, que
rebolava e gemia alto, sem nenhum tipo de restrição. Bastaram apenas alguns
minutos assim, sem parar, e Styles já sentia que estava chegando perto.
– Amor, para. – Se forçou a dizer quando viu que não estava mais
aguentando, tirando as mãos da cintura do menor. – Eu não quero gozar antes
de você.
Ver Harry gozando daquele jeito, xingando baixo com a boca aberta, lábios
vermelhos e inchados, olhos fechados com força e as sobrancelhas unidas...
aquela imagem Louis nunca iria esquecer. O jogador pareceu estar vivendo o
melhor momento da sua vida enquanto tinha seu orgasmo apertando a bunda
do garoto em cima de si fortemente, sem se importar em deixar as marcas da
sua mão ali.
– Foda-se, eu não vou ser gentil com você. – Harry praticamente rosnou com a
feição completamente séria, segurando os dois pulsos do garoto na cama, em
cima de sua cabeça, o impendindo de toca-lo. – Eu mandei você parar e você
me desobedeceu, Louis.
E Tomlinson estava amando aquilo. Não sabia que gostava de ser tratado
daquele jeito no sexo, mas com Harry logo descobriu. Aquela era apenas a
segunda vez que eles se tocavam daquela maneira, mas Louis já sabia que
amava quando ele era bruto e falava coisas sujas, uma pessoa completamente
diferente de quem ele era na rotina.
– Diga que sente muito. – O jogador mandou grosso fazendo o garoto de olhos
azuis morder o lábio para esconder um sorriso.
– Mas eu não sinto. – Arqueou o cenho amando provocar Harry daquele jeito,
deixando o sorriso divertido e malicioso escapar quando viu a reação do
namorado.
– O quê? – Disse com a voz grave e a testa franzida, apertando seus pulsos
com mais força enquanto o encarava com os olhos verdes brilhando. – Repete.
– Eu não sin- Harry! – Louis gritou o seu nome alto quando sentiu o pênis
quente do namorado deslizar fortemente contra o seu no meio da sua frase,
arregalando os olhos em seguida. – Faz de novo.
Nem precisava pedir, porque em seguida Styles estocava seu membro contra o
do menor agressivamente, seu quadril indo pra frente e pra trás em
movimentos fortes e brutos, fazendo Louis gritar e rolar os olhos de tanto
prazer.
– Me arranha mais forte. – Styles pediu ofegante, se abaixando para colar seus
lábios. – Quero ver suas marcas em mim.
Louis fez o que ele pediu, passando a unha curta pela pele do garoto com força
ouvindo ele gemer baixinho e rouco contra sua boca sem parar com os
movimentos firmes e podendo ouvir o barulho dos seus sacos batendo um
contra o outro. Como se ouvisse suas preces, Harry abriu a boca e colocou sua
língua pra fora, contornando todo o lábio do menor antes de dar inicio a
provavelmente, o beijo mais quente, molhado e erótico que já deram em suas
vidas.
Styles beijava seu maxilar e descia pelo seu pescoço, dando chupões fortes e
excitantes ali quando abaixou um pouco o quadril e deslisou o pênis úmido de
pré-gozo na entrada de Louis lentamente, antes de voltar a se esfregar contra o
seu membro em seguida e fazer o garoto abaixo de si tremer por inteiro e soltar
um palavrão alto.
– Só paro quando você gozar. – Foi tudo o que ele disse, baixo e rouco contra
sua pele, aumentando a velocidade e a intensidade dos movimentos com o
quadril.
Aquilo foi o suficiente, porque em seguida o gemido de Louis fora tão alto e
erótico que os dois acabaram gozando na mesma hora, vendo estrelas e
entrando em uma outra dimensão juntos, sussurrando coisas inaudíveis e
incompreensíveis enquanto Louis apertava e arranhava as costas de Harry
com força e o jogador enterrava o rosto entre o pescoço e o ombro do garoto.
– Droga, Harry, como consegue fazer isso? – Ele perguntou manhoso e meio
chocado ao mesmo tempo, abrindo os olhos para o encarar. – Você é muito...
bom nisso. Porra. Você literalmente me fez ver estrelas agora, seu merdinha.
– Não faço mais do que a minha obrigação. – Ele sorriu, fazendo um carinho
em seu peito em seguida com o lábio inferior entre os dentes. – Você gostou?
Só valeu a pena se você gostou.
– Claro que eu gostei, é impossível não gostar com você. – Louis sorriu
cansado, levando a mão até os cabelos bagunçados do garoto e afagando-os.
– Vamos foder o tempo todo, vamos transar em cada cômodo dessa casa, em
posições que a gente nem sabia que existia. – O jogador também riu, se
inclinando para deixar um selinho demorado em seus lábios.
– Achei que fosse encontrar eles aqui com você. – Louis respondeu
estranhando.
– Quem não ficou? Até Liv comemorou quando soube. – Riu sem jeito,
guardando o celular no bolso da calça jeans. – E ele passou por aqui há uns
minutos atrás... você fez um belo estrago naquele babaca por todos nós, dude.
– De nada. – Harry tentou amenizar o clima mas Louis já estava preocupado.
– Olho roxo, cheio de curativo. – E Niall sorriu, como se aquilo fosse realmente
incrível. – Tentou esconder por debaixo do capuz, mas qualquer um que
olhasse dava pra perceber.
– Você tem que ir conversar com o treinador antes dele. – Louis se virou para
Harry na mesma hora, começando a ficar nervoso.
– Também tenho que ir, você vai conversar com ele agora? – O garoto de
olhos azuis perguntou abraçando o namorado assim que se despediram de
Horan.
– Sim. – Harry respirou fundo, o beijando nos lábios. – Te vejo depois. Adoro
você.
– Adoro você. – Sorriu de volta, o beijando uma ultima vez antes de andar pra
sua primeira aula do dia.
Louis mandou uma mensagem pra Styles assim que a aula acabou,
perguntando como tinha sido a conversa, mas ele não respondeu então o
menor resolveu ir até a sala do treinador. Quando dobrou o corredor, a primeira
pessoa que viu foi Tyler Jones saindo dali. As coisas a partir dai parecem
acontecer em câmera lenta no momento em que moreno passou por Tomlinson
usando um moletom preto com o capuz e o rosto de fato estragado. A pele ao
redor dos seus olhos estava queimando em roxo intenso e gritante, ele tinha
um corte na parte superior da sobrancelha, os lábios inchados e cortados em
um vermelho ardente e o nariz com um curativo em cima. Louis já estava
completamente assustado, mas ainda assim sentiu um calafrio ruim
percorrendo todo o seu corpo quando o ex namorado piscou em sua direção
sem dizer nada com a expressão leve e ao mesmo tempo apavorante.
Foi ai que o garoto de olhos azuis quebrou o contato visual, olhando pra frente
novamente e podendo ver Harry saindo da sala com as mãos no bolso da
jaqueta, percebendo sua presença ali no segundo seguinte.
– Eu... fui expulso do Tigers. – Foi tudo o que ele disse com os olhos vazios e
sem um pingo de emoção, completando em seguida o que parecia ser um
pesadelo. – E perdi a bolsa na NYU.
✧Thirty Seven
– O-o quê? – Louis perguntou chocado com a notícia do namorado, se
recusando a acreditar no que tinha ouvido. – Como assim, Harry? Como isso
aconteceu?
– Calma, amor. Vem aqui. – Tomlinson foi em sua direção com cuidado
sentindo seu coração quebrar em mil pedaços ao encarar o olhar perdido e
aflito do jogador.
Segurou sua mão e o abraçou pela cintura, dobrando no corredor mais vazio
que achou e sentando com ele em um dos bancos.
– Isso foi antes dele ver Jones. Tyler já estava lá dentro quando eu cheguei.
Quando Sr. Carter viu o que eu fiz no rosto dele... ele enlouqueceu, Lou,
perdeu a cabeça. – Harry engoliu em seco, encarando o chão. – Passamos
uma hora discutindo o que seria feito e... é isso, eu acho. Fui expulso do time
por agressão e por isso entraram em contato com a NYU. Em uma ligação de
dez minutos eles cancelaram a minha bolsa.
– Isso é errado, Harry! – O menor disse sentindo uma revolta crescer dentro de
si com aquela situação e com o estado do namorado. – Isso é injusto, você tem
que falar a verdade. Tem que falar que ele te drogou e que ele-
– Não, não é. – Ele balançou a cabeça, falando triste em seguida. – Isso não
pode ficar assim, você não merece isso.
– Não importa, Louis. – Ele continuou com a voz baixa, passando a mão pelo
rosto em frustração. – Não importa as circunstancias que me levaram a fazer
isso, a única coisa que importa é que eu fiz. Eu fiz isso. Eu. – O jogador parecia
quebrado. – Eu bati nele com tanta força que nem senti. Minhas juntas ficaram
em carne viva, eu tinha sangue nas minhas mãos. Eu fiz isso.
O garoto de olhos verdes respirou fundo, passando a mão pelo cabelo em uma
aparência exausta e derrotada, finalmente olhando nos olhos de Louis.
– Eu... eu acho que vou pra casa. – Styles disse com os olhos sem vida e Louis
só sentia um aperto no peito. – Não consigo ficar aqui.
– Você tem certeza? – Ele levou a mão até o rosto do namorado, fazendo um
carinho com o polegar em seu maxilar travado. – Vai se sentir melhor se fizer
isso?
– Acho que sim, yeah. – O jogador assentiu, suspirando. – Preciso ficar
sozinho, preciso pensar e tentar descobrir como as coisas vão ser a partir de
agora.
– Eu te garanto que elas não vão ficar assim. – Continuou com o carinho em
sua pele. – Vamos dar um jeito, vamos resolver isso juntos, tudo bem?
Harry só assentiu novamente, se levantando do banco e automaticamente se
afastando do toque do namorado, que logo o acompanhou, se levantando e
ficando em sua frente.
Louis ficou alguns segundos olhando pro nada, sem saber o que fazer ou o que
pensar, então sentiu uma necessidade, uma vontade de falar algo para o
confortar e o fazer perceber que não estava tudo perdido. Em um momento de
desespero, Tomlinson correu para o alcançar, vendo o jogador andando na
direção do estacionamento.
– Harry! – Louis o chamou e ele se virou na mesma hora, mas dessa vez seus
olhos estavam vermelhos e marejados, sua boca tremia um pouco e aquilo
acabou com o garoto de olhos azuis. – Eu...
– Sinto muito, Sra. Wills. – Foi tudo o que ele disse baixo, sem parar de andar e
abrindo o carro em seguida. – Tenha um bom dia.
Quando Harry partiu com o carro Louis só conseguia pensar que aquela tinha
sido a primeira vez em semanas que eles se despediam sem um beijo.
E obviamente a partir dali as coisas viraram uma merda. Tomlinson teve que
voltar pra as aulas do dia, e não conseguia pensar em absolutamente nada
além de Styles e como ele faria para resolver aquele problema.
Harry faria as provas do SAT daqui a dois meses de qualquer jeito, e ele tinha
potencial em passar em qualquer faculdade que quisesse, mas aquela bolsa
significava muito pra ele. Além de provar que ele era realmente bom no que
fazia no Tigers, a bolsa era um alívio para o jogador porque os seus pais não
teriam que pagar a faculdade e aquilo era o que ele menos queria no mundo.
Styles queria ser independente, queria ser como sua irmã mais velha e não
precisar do dinheiro dos seus pais pra mais nada. O plano era deixar tudo nos
Hamptons e ir morar com Gemma em Nova York e conciliar o estudo e o
trabalho para conseguir se sustentar na cidade. Harry não queria ser refém dos
seus pais pro resto da vida, queria conseguir as coisas por mérito próprio e
seguir seus próprios passos, e agora estava tudo arruinado.
Foi até o vestiário sentindo o sangue correr mais rápido em suas veias a cada
passo que dava, não demorando muito para encontrar Tyler Jones saindo de
uma das cabines com apenas uma toalha amarrada no quadril.
– Se você não se cobrir agora eu vou gritar. – Ele o avisou, andando para trás
para se afastar. – Eu estou falando sério.
– Não me chama assim. – Ele respondeu com a voz baixa e grave, mas na
verdade queria gritar. E o bater.
– Por que fez aquilo com Harry? – Preferiu o ignorar, desejando mais do que
tudo saber a verdade. – Era tudo um plano, certo? Você fez de propósito pra
ele ser expulso e tomar o lugar dele?
– Você está soando como um louco. – Foi tudo o que Tyler respondeu,
voltando para a frente do espelho e se encarando sem parar, tocando
calmamente nos cortes e tons de vermelho e roxo em seu rosto. – Você
sempre soou como um louco.
Louis sentiu aquilo. Sentiu aquilo porque era exatamente o que Jones o dizia
quando ele pensava demais ou compartilhava seus medos e inseguranças.
Fazia tanto tempo... e agora, olhando pra relação incrível que ele tinha com
Harry, aquilo não o fazia se sentir de fato um louco como fazia antigamente.
Aquilo não o afetava mais.
– Você passou oito meses tentando fazer com que eu me sentisse louco,
problemático e inseguro, mas suas palavras agora não tem mais nenhum efeito
sobre mim. – Ele disse firmemente. – Estou recuperado de toda merda que
você me fez passar e posso te dizer com certeza que isso não vai ficar assim.
Você vai pagar pelo o que fez com Harry.
– Eu sempre fui melhor que ele. – Tyler disse alto, se virando para encarar o ex
namorado com rancor nos olhos. – Eu não era o capitão, mas pelo menos eu
tinha você. E até isso ele tomou de mim. Eu fiquei sem nada.
Ali Tomlinson percebeu que não adiantaria. Falar com Tyler, perder seu tempo
fazendo aquilo, não mudaria nada. O moreno não tinha nenhuma noção ou
empatia, era egoísta, egocêntrico e não pensava em ninguém além de si
mesmo. Só pelas palavras dele, só pelo jeito que pensava e que via Louis de
fato como um objeto que foi tomado de si... aquilo era suficiente pra provar pro
garoto de olhos azuis que estar ali e tentar ter uma conversa com Jones era
uma perda de tempo.
– Eu nem sei porque vim aqui. – Louis riu sem vontade nenhuma, dando de
ombros e saindo dali.
– Isso não é amor. – Disse o óbvio, puxando seu braço de volta em um gesto
bruto.
– Realmente eu não sei, na verdade eu nem sei se você sente alguma coisa,
Tyler. – Tomlinson balançou a cabeça negativamente, com a maior calma do
mundo. – Vim aqui querendo gritar com você, arrebentar a sua cara, mas...
olhando pra você agora, eu só consigo sentir pena. Tenho pena de alguém tão
vazio e cruel, alguém tão frustrado com sua própria vida que tenta a todo custo
destruir a dos outros. Você não ficou sem nada agora, porque você nunca teve
nada em primeiro lugar. E você só vai virar alguém descente quando parar de
se referir às pessoas como objetos que passaram pelas suas mãos e que
podem ser tomados de você a qualquer momento. – Concluiu antes de
finalmente sair daquele vestiário. – Se isso é amar, então o seu amor é doentio.
Assim como você.
Passou o resto da manhã angustiado e teve uma longa conversa com Niall no
almoço já que Liam e Zayn não foram pro colégio naquele dia. Como era
segunda-feira, a tarde ele foi pra biblioteca e ficou as suas duas horas lá,
arrumando alguns livros, lendo outros e ouvindo The Neighbourhood sem Harry
do seu lado pra cantar as músicas baixinho com ele, o que tornava tudo mais
chato. Mandou uma mensagem pro namorado perguntando se estava tudo
bem, mas não recebeu uma resposta então resolveu não forçar a barra e
deixar pra lá.
Quando voltou pra casa exausto no final da tarde, com os seus pensamentos
girando em torno de uma única pessoa, tomou banho e jantou com os seus
pais, quieto e calado demais, o que não passou despercebido por Jay que
tentou conversar mas Louis apenas mudou de assunto, não queria preocupa-la
e ainda acreditava que aquela situação toda com Harry iria se resolver. Tentou
estudar mas na verdade não parava de checar o celular o tempo todo,
esperando algum sinal do jogador, então resolveu ligar, e foi o que fez, três
vezes, mas caia direto na caixa postal. Tomlinson já sabia que não conseguiria
dormir aquela noite se não soubesse se Harry estava bem ou não, por isso
respirou fundo e trocou de roupa, pedindo um taxi até a sua casa em seguida.
E assim que desceu do carro ele tomou um susto quando viu as luzes da
enorme casa dos Styles acesa, um barulho de pessoas falando e rindo e
alguma música tocando. Estava tendo uma festa.
Não pensou duas vezes antes de bater na porta da cozinha com o cenho
franzido dm confusão, não iria entrar pela porta da frente nem em um milhão de
anos, e logo em seguida a porta foi aberta.
– Louis! – Celine disse com um sorriso surpreso, se afastando para ele entrar.
– Venha, entre.
– Oi, Cel. – Ele respondeu sorrindo de volta mas com o cenho levemente
franzido de confusão, se virando para Sally e Josephine, as outras senhoras
que ajudavam na cozinha. – Oi meninas.
– Por que você veio pela porta dos fundos, criança? – Celine estranhou.
– Eu vi que estava tendo uma festa e não quis chamar atenção... – Respirou
fundo, enfiando as mãos no bolso e ouvindo o barulho vindo da sala de estar. –
O que está acontecendo aqui
– Vejo que a conversa está ótima por aqui. – Anne Styles interrompeu Louis ao
entrar na cozinha, passando os olhos pelas empregadas e finalmente
encarando o garoto dos pés a cabeça. – E você, quem é?
E na mesma hora o sorriso de Tomlinson vacilou quando ele olhou pra sua
própria roupa, se envergonhando. Usava vans pretos, calça jeans preta e uma
blusa branca com a imagem de duas mãos de esqueleto fazendo hang loose e
um arco-iris entre elas.
– Des, esse é Louis Tomlinson. – Sra. Styles disse ao lado do marido, os dois
encarando o garoto na sua frente sem discrição.
– Des Styles. – O homem disse mais simpático, apertando a mão de Louis sem
sorrir muito. – Você é colega de time de Harry?
– Não, ele é o namorado. – A mulher respondeu em seu lugar.
– Bom, tem muitas coisas que você não sabe sobre o seu filho então. –
Tomlinson disse com um sorriso simpático, mas só queria fugir dali e daquela
situação. – Mas eu não pretendo ficar por muito tempo, só queria falar com
Harry por um momento.
– Ele deve estar no escritório no primeiro andar. Acredito que você já saiba o
caminho. – Sua sogra voltou a falar, o encarando mais que o necessário. –
Quando o encontrar, avise-o que eu o mandei descer, por favor, Louis
Tomlinson.
Então não foi uma surpresa quando o loiro misterioso se inclinou na direção de
Harry, tentando e conseguindo colar seus lábios nos dele.
✧Thirty Eight
– O que foi isso, porra? – Styles sussurrou desesperado e visivelmente
desconfortável, se afastando do homem do seu lado na mesma hora e
limpando a boca com as costas da mão. – Você enlouqueceu?
– Hey. – Tomlinson agiu por impulso, escolhendo o pior momento para abrir a
porta e se fazer presente, chamando a atenção do namorado e do loiro.
Só vendo outro homem beijando o seu namorado, ele já sentia o sangue correr
mais rápido nas veias e uma vontade de bater e gritar (muito) com alguém. Não
gostava do jeito que eles estavam próximos, não gostava do jeito como aquele
homem olhava para Harry como se já tivesse visto além daquele terno caro,
mas a reação do garoto de olhos verdes depois daquele selinho roubado foi
exatamente o que Tomlinson esperava dele.
– Nós decidimos antecipar as férias esse ano. – Poynter riu, dando um gole em
seu whisky. – Você já foi a Romênia?
– Então está convidado a ir. – Continuou, se virando para Styles do seu lado e
passando o braço ao redor de sua cintura. – Harry foi uma vez e se divertiu
muito, certo, H?
– Não parece. – Dougie desceu os olhos pelo corpo do garoto de olhos azuis
sem fazer questão de ser discreto e tinha superioridade em cada detalhe nele.
– Acho que posso dizer o mesmo sobre você, porque definitivamente parece
ser mais velho que isso.
– Que bom que isso nunca foi um problema pra mim então.
– Sorte sua. – Tomlinson rebateu com um sorriso falso, encarando o namorado
e sentindo suas mãos tremerem um pouco. – Harry, eu posso falar com você?
– Sim. – Ele suspirou passando a mão pelo cabelo e falando para o vizinho em
seguida. – Vejo você lá embaixo, ok?
– Claro que já. – O menor deu uma risada sem humor, encarando o namorado
da cabeça aos pés. – Você está usando um blazer.
O clima pesa e eles ficam se encarando por um minuto inteiro sem dizer uma
palavra. Louis respira fundo e esfrega o rosto com as mãos, exausto.
E o garoto de olhos azuis apenas o observa abrir a garrafa de whisky com toda
calma do mundo de costas para ele.
– Olha pra mim? – Louis pediu e ele o fez na mesma hora. – Você não
precisa... droga, você não precisa fingir, Harry. Não precisa manter uma pose e
dar sorrisos falsos e ter conversas superficiais. Você não precisa fazer essa
merda.
– Eu só estava sendo gen-
– Você não precisa fazer algo que não quer só pra agradar outras pessoas. – O
interrompeu triste, balançando a cabeça. – Se permita ter um dia ruim e não ter
que falar com ninguém, se permita ser grosseiro com quem merece de vez em
quando, se permita sentir. Não tem nada de errado nisso, em ser humano.
Você não precisa ser perfeito, Harry. Está tudo bem.
Porque Louis sabia. Sabia que o namorado tinha suas próprias inseguranças,
fazia tudo ao seu alcance para não se parecer nem um pouco com os seus
pais, não gostava de conflitos e corria pra longe deles. Harry era, de fato, bom
demais. As vezes mais do que devia, as vezes com pessoas que não
mereciam um terço da sua bondade e gentileza. Ele não era vaidoso, não era
egocêntrico, não era egoísta, em nenhum aspecto da sua vida. Por isso muitas
pessoas se aproveitavam de sua bondade porque sabiam que no final do dia
ele era sempre Harry Styles, ele iria perdoar e esquecer.
E Styles não fala nada, apenas se volta para a bebida na sua frente, ficando de
costas para Louis novamente. Mas algo no garoto de olhos azuis dizia que o
jogador estava pensando e refletindo sobre o que ele tinha acabado de dizer.
Só pelo jeito de falar, o garoto de olhos azuis já percebeu que Harry não estava
nada bem.
– Sim, tive uma surpresa quando vi que era uma festa, mas Celine me explicou
tudo. – Ele disse, ouvindo o barulho do líquido preencher o copo de vidro. –
Seus pais foram... educados.
– Isso é tudo o que eles são. – Styles fechou a garrafa com a mesma calma
que a abriu, virando pro namorado e se encostando na bancada, dando mais
um gole no álcool. – Se quiserem te expulsar vão dizer "com licença, Louis
Tomlinson, mas poderia, por gentileza, sair da nossa casa? acredito que aqui
não seja lugar para você, querido".
– É, eu teria que concordar com eles. – Louis disse sorrindo triste e colocando
as mãos no bolso da calça. – Só vim aqui ver você. Já estou indo embora, não
se preocupe.
– O que eu menos queria hoje é ter que lidar com os meus pais, ainda mais
com uma festa ridícula como essa, mas parece que eles adivinham o meu pior
momento pra aparecer. – Ele disse com um sorriso triste, olhando nos olhos do
namorado. – Eu sempre quero que você fique, Lou, mas agora... hoje eu
preciso que você fique.
– Você sabe como eu reajo nessas situações. – Ele respondeu com a voz
lenta, o puxando levemente para se aproximarem ainda mais. – Eu estava
tentando pensar e colocar as coisas no lugar.
– E conseguiu?
– Não.
– Imagino que os seus pais ainda não sabem de nada então... – Mordeu o
lábio, preocupado.
– Claro que sim, amor. – Styles assentiu com a voz manhosa, retribuindo com
um beijo na pontinha do nariz do namorado. – Eu só... estou com muita coisa
na cabeça, tá tudo muito confuso ainda. Mas vou ficar bem. Obrigado por estar
aqui.
– Quando as coisas vão mal você prefere não beber, certo? – Ele continuou,
brincando com a borda da blusa social preta que o jogador vestia.
– É uma festa e você está aqui, eu não vou exagerar. – Tentou o convencer
com a voz tranquila. – Podemos beber juntos, o que acha?
– Tudo bem, mas se eu ver que você está passando do limite você para, certo?
– Tomlinson perguntou, vendo o garoto na sua frente assentir na mesma hora.
– Juro que não quero ser o namorado chato, só quero cuidar de você.
– Você pode me fazer um favor então? – Harry pediu baixo com a voz rouca
encarando os lábios úmidos do menor e vendo ele assentir. – Me beija?
Era o pedido que Louis sempre queria fazer, era o favor que Louis sempre
queria realizar. Por isso apenas sorriu sentindo sua cintura sendo apertada e
puxada para o maior com mais força e eles se beijaram lentamente. O beijo
tinha um gosto forte e delicioso de destilado, era quente, firme e calmo. Harry
sabia exatamente como Louis queria e gostava, por isso deixou o copo de vidro
cegamente em cima do balcão e finalmente desceu as duas mãos para a
bunda do namorado, passando as mãos por elas com firmeza antes de as
apertar calmamente, os dedos grandes e cheios de anéis exatamente na parte
do corpo de Tomlinson que Styles mais adorava tocar.
– Seus pais estão lá embaixo... – O garoto de olhos azuis tentou dizer no meio
do beijo, puxando levemente os fios de cabelo do maior.
– Eu não ligo. – Foi tudo o que Harry se permitiu dizer, rompendo de vez o
beijo e subindo uma das mãos até a nuca de Louis, segurando-a apenas para
enfiar o rosto ali e começar a espalhar beijos pela pele bronzeada do garoto. –
Você tá muito gostoso hoje, gatinho.
– Por que agora todos os nossos beijos acabam nisso, hm? – Perguntou rindo
de olhos fechados, sentindo a respiração quente e os beijos molhados do
namorado preencherem seu pescoço.
– Tudo bem, tudo bem. – Ele respirou fundo acalmando os ânimos, sem fazer
questão de força-lo a nada. – O que você quer fazer?
– Acho que não importa muito o que eu quero fazer já que a gente tá em uma
festa na sua casa e com os seus pais. – Deu de ombros, ainda abraçado com o
maior.
– Se você quiser fugir a gente pode fugir. – Harry sugeriu sorrindo e arqueando
uma sobrancelha. – Pulamos a varanda, pegamos o meu carro, compramos
uma taça de rosé e dormimos naquele motel no começo da estrada, o que você
acha? Eu deixo você dirigir.
– Eu acho que você está ficando louco. – Louis riu alto quando viu um biquinho
adorável se formar nos lábios do jogador. – Eu adoraria fazer uma aventura
assim com você algum dia, mas hoje, infelizmente, temos que resolver uns
probleminhas, lembra? Além disso, a sua mãe me pediu pra mandar você
descer.
– Você está certo. – Ele concordou beijando seus lábios rapidamente. – Está
pronto pra descer?
– Mais um?
– É. Eu estou em uma festa chique com os seus pais usando uma blusa assim.
– Você está lindo assim. – Harry rolou os olhos o encarando de cima a baixo
antes de segurar um riso. – Mas se quiser eu posso te arranjar um blazer meu
de quando eu tinha 15 anos.
– Não estou zombando, amor, você é só muito pequeno. – Styles o puxou para
um abraço forte com o corpo de Louis quase sumindo embaixo do seu.
– Vem comigo então. – Harry pisca pra ele sorrindo, o puxando pela mão e
indo até o quarto do jogador.
– Você está perfeito. – Harry disse com os olhos cravados no menor e ele se
virou para encara-lo.
Mesmo que aquele ainda não fosse o momento certo para dizer isso.
– Por que eu tenho a sensação que vivemos em uma constante fase de flertes,
provocações e frio na barriga? – O menor perguntou sorrindo porque toda vez
que Styles se aproximava, ele sentia exatamente a mesma coisa que sentiu
quando ele se aproximou pela primeira vez. – Não vou me acostumar nunca
com você tão próximo desse jeito?
– Vamos parar de falar sobre isso se não eu tranco a gente nesse quarto e só
saímos amanhã. – O jogador disse decidido, dando um selinho rápido nos
lábios do garoto e fazendo-o rir antes de entrelaçar seus dedos e andar para
fora do quarto, no topo da escada. – Está pronto?
– Não, mas vamos mesmo assim. – Ele deu de ombros, começando a descer
as escadas ao lado do namorado.
– Apesar de tudo, eles não vão te morder, prometo. – Harry deu um último beijo
em sua testa até os dois estarem na sala de estar.
– Você está impecável, querido. – Anne andou até eles, ficando de frente pra o
filho e ajeitando o blazer em seu corpo. – Brilhando como sempre.
– Vou ficar com o meu namorado, tenho certeza que Dougie vai se sair bem
sozinho. Agora se você me der licença.
Depois disso concordaram que realmente precisavam de álcool pra conseguir
passar por aquela noite, então foram juntos ao bar antes de falar com o resto
dos convidados.
– Não está sendo nada mal. – Louis deu uma risadinha, vendo o namorado
pedir uma taça de champanhe e uma dose de whisky.
– Sinto muito. – Styles respirou fundo, o encarando com cuidado. – Se tiver se
sentindo desconfortável me avisa? A gente sobe pro meu quarto na mesma
hora, não vou deixar você passar por isso.
– Se eles te conhecerem eu tenho certeza que vão se apaixonar por você. Eles
só... são difíceis demais.
– Relaxa, ok? – Ele deu um selinho rápido nos lábios do namorado antes de
pegarem as bebidas.
– Hum, yeah... – Ele sorriu forçado e Louis sentiu seu corpo tenso na mesma
hora.
– Isso é ótimo, eu me formei lá. – O tal do Garry sorriu e Louis logo o identificou
como o pai de Dougie, pois ele era a cópia do mais velho. – Você vai adorar a
faculdade.
– Albert Einstein.
– Vejo que fez o seu dever de casa. – O sogro sorriu e o namorado respirou
fundo ao seu lado.
– Conhece mais alguem importante que passou por lá? – O homem estava o
testando e ele sabia disso.
– Pai-
– Eu penso a respeito, mas não tenho nada certo ainda. – Louis nunca tinha
tido uma conversa mais formal que aquela, e estava de fato nervoso, mas não
deixou transparecer. – Vou esperar ser aceito primeiro e depois decido que
caminho pretendo seguir.
– Quem está falando é Louis, pai, não eu. Elogie ele. – Styles respondeu sério,
encostando no sofá e passando o braço ao redor dos ombros do namorado.
Sr. Styles apenas riu e mudou de assunto, voltando a conversar com os amigos
que estavam perto dele.
– Calma, ok? – Deixou um beijo discreto em sua bochecha. – Está tudo sob
controle.
– Você é muito bom pra mim. – Harry retribuiu com um selinho, repousando a
mão em sua coxa.
– Já esteve na Europa?
– Apenas no Reino Unido, meus avós são Londrinos. – Deu um gole no
champanhe calmamente sentindo o namorado fazer um carinho discreto em
sua coxa.
– Adorável, nós amamos Londres, temos ótimos parceiros lá. – A mulher sorriu
mas Louis simplesmente não gostava dela.
– Mas e você, Louis, seus pais também são empresários? – A voz de Des
chamou a sua atenção e por um momento ele se sentia atacado por todos os
lados.
– Não, senhor. – Respondeu com calma, pronto para as perguntas que mais
odiava sobre as pessoas ricas daquele lugar.
– Minha mãe era arquiteta, mas se aposentou para cuidar dos meus irmãos. E
o meu padrasto trabalha com finanças.
– E o seu pai? – Foi a vez de Anne perguntar.
– Eu não tenho relações com ele. – Ele disse simplesmente, sentindo mais
uma vez o corpo de Harry se tencionar ao seu lado.
– Não tenho relações com ele porque ele abandonou a minha mãe quando
descobriu que ela estava grávida. – Tomlinson resolveu falar a verdade,
respirando fundo.
– Bom... homens agindo como um lixo. – Anne riu, dando um gole em seu
champanhe. – Conte-me uma novidade.
– Anne. – O marido tentou a censurar, mas ela não se deu por vencida.
– O quê? Estou falando a verdade. Na hora de fazer o bebê eles estão lá, mas
para assumir o filho eles somem tão de repente. – Ri sozinha, se virando para
Tomlinson. – Valorize a sua mãe, Louis. Uma mãe nunca abandona seu filho.
– Sério? Porque foi exatamente isso que você fez com Gemma. – Quando a
voz de Harry retrucou, ele recebeu os olhares de todas as pessoas que
estavam naquele cômodo.
– Parem de falar da minha irmã como se ela estivesse morta. – Harry disse
com o cenho franzido, parecendo realmente ofendido.
– Harry Edward, pra onde foi a educação que eu te dei? – A mulher perguntou
irritada e constrangida com aquela reação do filho.
– Não faço a mínima questão de ser educado com vocês agindo dessa
maneira.
– Ninguém está falando da sua irmã como se ela estivesse morta, só estavam
falando de como ela costumava ser. – Anne voltou a dizer. – Porque
claramente ela não é a mesma
– E como você pode saber, mãe? – O jogador questionou aumentando o tom
de voz. – Você nem fala com a sua própria filha, então não espere saber algo
sobre a vida dela.
Para Harry estar agindo daquele jeito na frente de outras pessoas realmente
ele estava completamente destruído por dentro.
– Isso é uma mentira! – Foi o momento onde Sra. Styles saiu da pose por um
segundo e rebateu no mesmo tom de voz.
– Por quê? – Foi a vez de Des perguntar com os olhos arregalados, como se
tivesse recebido a pior notícia do mundo.
– E você bate nele por isso? – Des riu sem humor, falando alto. – O que está
acontecendo com você, garoto?
– Me mande o número do seu treinador, tenho certeza que posso resolver esse
problema em dez minutos. – Anne, suspirou, passando as mãos pelos cabelos.
– E você, Des, ligue para o pai de Tyler e se desculpe pela falta de educação
de Harry.
– Isso é uma piada? – Sr. Styles questionou baixo, tentando não surtar naquele
momento.
– Eu pareço que estou brincando? – Aquilo só ia de mal a pior.
– É isso que você ouviu. – Com essa resposta de Harry, Louis queria o puxar
pela mão e fugir da confusão que viria em seguida.
– Harry Edward Styles. – Sua mãe disse pausadamente, furiosa. – Com quem
você pensa que está falando? Ele é o seu pai, tenha mais respeito!
– Como assim o que eu quero que você faça? Eu quero que você conserte a
merda que fez!
– Quer saber? Isso não importa. – Anne os interrompeu, com frieza em cada
palavra enquanto bebia um gole do champanhe em suas mãos. – Já foi uma
surpresa para nós você ter conseguido essa bolsa, agora que você perdeu não
tem problema. Apenas trate de estudar e ser aceito em alguma faculdade boa e
nós pagaremos. Estamos aqui pra isso, não é?
– Está tudo bem, querido. – Deu dois tapinhas leve em seu rosto com um
sorriso, se afastando novamente, completamente indiferente. – Eu vou dar um
jeito de te colocar de volta no time, você não vai sair por baixo dessa situação.
Você é um Styles, afinal de contas.
Indiferença. Louis viu nos olhos de Harry que aquele era o pior tipo de
sentimento que alguém poderia receber.
– O que disse? – A sogra franziu o cenho com a feição tão fechada que
chegava a dar medo, mas ele não se intimidou.
– Anne-
– Cala a boca, Des, eu estou falando. – Ela continuou, dessa vez perdendo
completamente a classe quando apontou o dedo indicador na direção do
menor. – É isso mesmo, Louis, nós somos os pais de Harry, por isso nós
decidimos o jeito que tratamos o nosso filho. Você não tem nada a ver com
isso, então se coloque no seu lugar, mocinho.
E Tomlinson apenas respirou fundo, sem acreditar que uma pessoa tão incrível
como Harry passava por algo daquele tipo em sua própria casa.
– Um dia eu o disse que ele era um clichê porque era o capitão do time, o
anfitrião de todas as festas do ensino médio, o cara mais popular da escola
com todos os garotos e garotas aos seus pés... ele me respondeu que odiava
esse cara. E isso me fez perceber que Harry é muito mais que tudo isso. Muito
mais que um título de capitão, uma faculdade ou carros caros. – Louis dizia
com calma, sentindo um nó na garganta sem ousar olhar na direção do
namorado, porque se o fizesse, começaria a chorar ali mesmo. – Harry é
amável e gentil, ele trata todas as pessoas que conhece de igual pra igual e é o
ser humano mais incrível, sensato e bondoso que eu já conheci na minha vida.
Como podem falar com ele desse jeito, trata-lo como se fosse um boneco feito
para mostrar aos seus amigos por pura vaidade? Meu Deus, se vocês
conhecessem um terço do homem que ele é, se você pudessem ver o quanto
ele é valioso e único, vocês nunca o tratariam dessa forma. Ele merece amor,
ele merece cuidado e carinho, não isso que vocês estão dando. Isso não é
suficiente, isso é nada.
E, como era esperado, todos ficaram em silêncio pelos próximos segundos até
Anne Styles se virar para encarar o filho com toda sua superioridade.
– Isso está ficando exaustivo, Harry. – Sra. Styles disse respirando fundo
deixando a taça de vidro em cima da mesa.
– Isso não é só sobre mim, mãe. – Ele respondeu triste e abalado. – Esse mês
que vocês estavam em NY as coisas estavam tão bem entre nós, por que você
sempre estraga tudo?
– Eu estrago tudo? Eu estrago tudo? Um dia que nós estamos em casa e você
não tem um pingo de educação com os nossos convidados, acaba
completamente com a nossa festa e abre a boca pra falar da sua irmã de
novo? – Volta a aumentar o tom de voz, irritada enquanto Des e Louis apenas
olham a cena. – Está exaustivo! Eu não aguento mais tocar nesse assunto de
novo e de novo!
– Você não aguenta aceitar o fato de que Gemma foi embora por sua culpa.
– É claro que foi. – Harry sorriu sem um pingo de vontade, se virando para Des.
– E sua também, pai. Vocês arruinaram essa família.
– Sua própria filha foi embora porque você não soube ama-la, você não soube
cuida-la. – O jogador balançou a cabeça, encarando a mãe com dor. – Você
fala tanto sobre maternidade, mas nunca conseguiu ser uma mãe pra nós.
– Eu não vou ficar aqui ouvindo esses absurdos. – Ela respondeu andando
rápido em direção a porta da casa.
– Você acha que eu não sei sobre o quarto de Gemma? – Harry perguntou
baixo e Louis franziu o cenho diante da atitude de Anne.
– O que? – Ela perguntou parecendo abalada quando parou de andar na
mesma hora e se virou para o filho inexpressiva.
– Você trancou o quarto dela desde que ela foi embora. Você não transformou
ele em um closet ou em um quarto de hóspedes, você trancou ele e nunca
deixou ninguém entrar. Você ordenou que Celine limpasse o quarto dela toda
semana na esperança de um dia ela voltar. – O garoto de olhos verdes disse
baixo com os olhos machucados demais. – Você não admite, nunca admitiria,
mas você está com o coração tão partido quanto o meu... Você sente falta dela,
mãe.
– Você a abandonou primeiro, não a deu motivos pra ficar! – Ele gritou de volta
e seus olhos estavam marejando. – Gemma não tinha nada aqui, nem a sua
própria família. Eu não fui o suficiente... ela não tinha motivos pra ficar, ela não
tinha um lar.
– Eu não vou ficar mais um minuto aqui. – Anne negou com a cabeça, puxando
o marido pelo braço. – Vamos, Des.
– Pai... para com isso, por favor. – O garoto estendeu a mão com os ombros
caídos, feição dolorosa e uma lágrima escorrendo pela bochecha. – Mãe... nós
somos os seus filhos, nós precisamos de voc-
Mas Anne e Des Styles bateram a porta da sala com força o interrompendo no
meio de sua frase. E foi ali que Harry finalmente se permitiu sentir e externar
todos os sentimentos ruins de dentro dele, porque suas pernas cederam e ele
caiu de joelhos no chão com a cabeça baixa, escondendo o rosto com as duas
mãos enquanto soluçava de tanto chorar, suas costas subindo e descendo
rapidamente a medida que o choro se tornava mais forte, alto e desesperado.
A noite anterior tinha sido um inferno. Assim que os pais de Harry foram
embora e o garoto finalmente quebrou por completo em um choro alto, Louis se
forçou a ser forte naquele momento. Subiu as escadas com ele tremendo em
seu abraço e o deitou na cama, onde ele tirou o blazer e os sapatos e se
encolheu inteiro enquanto soluçava. Tomlinson desceu e conversou
rapidamente com Celine preparando água com açúcar e a dispensou em
seguida com as outras ajudantes, ela precisava descansar e ele precisava ficar
sozinho com Harry. Mandou uma mensagem para Jay dizendo que houve um
imprevisto e que iria dormir por la e então voltou para o primeiro andar,
praticamente obrigando o jogador a tomar a água com açúcar vendo ele tremer
sem conseguir falar direito de tanto que chorava. Nem lembrava como as
coisas aconteceram ao certo, mas ele e Styles trocaram de roupa e colocaram
pijamas folgados, sempre em silêncio com o jogador chorando baixinho antes
de deitarem na cama novamente e tentarem dormir no escuro do quarto e o
barulho das ondas da praia junta dos pequenos soluços de Harry.
E Louis, que dormira com o namorado chorando em seus braços, teve
provavelmente a pior noite de sono da sua vida. Girava na cama de um lado
pro outro, com o cenho levemente franzido como se estivesse em um
constante sonho ruim, até que um estrondo alto no céu o acordou em um
susto. Ele sentou na cama sonolento, coçando os olhos para ver melhor a
imagem de Harry sentado no canto do quarto de frente para uma tela e com um
pincel sujo de tinta amarela nas mãos, o encarando.
Foi aí que Louis percebeu que a atmosfera naquele momento era outra porque,
ao observar Styles, estava claro como o dia que tinha algo diferente sobre ele.
Parecia um pouco misterioso com os olhos meio embaçados e Tomlinson não
conseguia enxergar além deles. Harry parecia uma bagunça, mas uma
bagunça muito bonita.
E Louis não riu. Não riu porque parou para analisa-lo melhor e mesmo estando
lindo, ele não parecia estar nada bem. Estava usando uma calça moletom e
uma camiseta branca pintando um quadro. Seus ombros estavam caídos em
uma aparência cansada, mas foi o seu rosto que o entregou. Seus cabelos
estavam mais bagunçados que o normal, como se tivesse passado as mãos
por ele agressiva e repetitivamente, seus olhos estavam mortos e opacos em
um tom de verde claro, quase azul. Abaixo deles, uma olheira escura cobria
sua pele, dando a ele uma feição de exaustão e deixando claro que Styles não
tinha dormido nada naquela noite.
Quando Tomlinson abriu a boca pra falar algo, um novo trovão estourou no céu
e ele tomou outro susto, se encolhendo no cantinho da cama e se cobrindo um
pouco mais com o lençol, virando o rosto para a porta de vidro que dava
direção a varanda e vendo o céu escuro e a chuva forte.
– O que está acontecendo? – Perguntou baixo com a voz rouca pelo sono,
voltando a olhar Harry com o cenho franzido. – Que horas são?
Fez toda sua higiene matinal e jogou água no rosto mais uma vez, para tentar
melhorar sua cara de sono. Apoiou as mãos na bancada de mármore e ficou se
encarando pelo reflexo do espero por alguns segundos. Não sabia o porquê,
mas estava nervoso, quase ansioso. Já namorava com Harry a semanas e já
estava acostumado com sua presença, mas naquele dia especificamente, só
de imaginar que o jogador estava ali tão perto, sentia seu estômago revirar,
suas mãos suarem, sua boca secar e suas pernas bambearem. Louis se sentiu
patético por isso e teve vontade de rir, mas não conseguiu. Era como se ele
estivesse se apaixonando por Harry novamente.
Depois de respirar fundo algumas vezes, finalmente tomou coragem para sair
do banheiro e andou, com a calça moletom e a blusa grande do namorado, até
o seu lado da cama. Voltando a se sentar ali e apoiando as costas na
cabeceira, se cobrindo por causa do frio e observando Harry, no canto do
quarto e de frente para si, continuar pintando a tela com calma e paciência,
como se sua vida dependesse da perfeição e detalhismo daquele quadro.
– Você está pintando. – Tomlinson disse quase aéreo com o queixo apoiado
nos joelhos em cima da cama, parecendo uma criança naquela posição.
– Faz tempo que está acordado? – Fungou, coçando o nariz com as costas da
mão.
E Louis hesitou falar mais alguma coisa. O dia anterior tinha sido um caos. A
expulsão do Tigers, a perda da bolsa, a briga com os pais... Tomlinson nunca
viu nem nunca imaginou ver Harry tão vulnerável daquele jeito, chorando alto e
soluçando como se aquela dor não fosse passar nunca. No fundo, Louis sabia
que todo o problema do namorado girava em torno da sua família, e aquilo o
deixava de coração partido porque um time de futebol e uma faculdade não
eram nada perto da gravidade daquilo.
– Eu nunca vi uma chuva tão forte assim nos Hamptons. – Ele comentou
distraído encarando o dilúvio que caía fora do quarto confortável de Harry.
– Está chovendo em toda Long Island, disseram no jornal que era uma frente
fria. – O garoto explicou com as palavras lentas e quase preguiçosas. –
Começou de madrugada e provavelmente só vai parar amanhã. A cidade está
um caos...
– Meu Deus, eu preciso ligar pra mamãe e perguntar se está tudo bem lá em
casa. – Antes que Louis pudesse levantar, Harry voltou a falar com calma,
pincelando o tela em sua frente com paciência.
– Eu liguei há duas horas atrás e estão todos bem por lá, não se preocupe.
Eles continuaram assim por alguns minutos: Louis todo coberto e encolhido na
cama, observando pela porta da varanda a chuva forte cair sobre a água do
mar mais à frente e Harry calado, pintando completamente compenetrado na
mistura de cores.
– Posso ver? – Louis perguntou com um pequeno sorriso, curioso pra saber o
que tinha ali.
E Styles não respondeu, apenas virou o quadro pra o namorado conseguir
enxergar. E Tomlinson finalmente viu, cada detalhe daquilo que era tudo,
menos um rabisco amador. O garoto de olhos azuis não saberia explicar o que
sentiu quando viu as pinceladas firmes de tons de azul petróleo e cinza, desde
os mais claros até quase preto. O jeito que foi pintado, passava a idéia de
caos, confusão, bagunça, como se fosse uma tempestade. Mas lá no canto
esquerdo da tela tinha uma silhueta leve e delicada, fazendo o contraste
perfeito com o caos ao ser pintada em tons de amarelo vivo e brilhante.
– O que você vê? – A voz calma do namorado perguntou sem tirar os olhos de
suas reações.
– Hm... acho que... uma tempestade? – Ele respondeu incerto sem tirar os
olhos do quadro e tentando decifra-lo. – E no canto é, hm... uma pessoa, certo?
– Dessa vez levou os olhos até o namorado, que encarava com intensidade. –
Uma pessoa brilhando e... não sei, iluminando a tempestade?
– É isso. – Foi tudo que Harry respondeu, como se não houvessem dúvidas no
mundo. – É você.
Tomlinson engoliu em seco sem tirar os olhos de Harry quando percebeu que
estava tremendo. Abriu a boca para tentar respirar melhor, mas estava
sentindo uma onda de emoções fortes e avassaladoras naquele momento que
se tornava quase impossível.
– Você carrega o sol na sua alma, Louis Tomlinson, e é por isso que eu te amo.
Mais uma vez Styles abriu a boca pra falar alguma coisa, mas Louis, parado
em pé apenas de boxer, mãos escondidas atrás do corpo e lábio inferior entre
os dentes, parecia realmente ansioso. Então o jogador respirou fundo tentando
acalmar a mistura de sentimentos que gritava forte em seu corpo e se levantou
com calma do banco, com olhos cravados no namorado. Puxou a blusa
devagar, como se qualquer movimento brusco pudesse estourar a bolha de
intensidade e paixão que estavam presos naquele momento, em seguida
puxou a calça moletom para baixo aos poucos, sentindo aflição, não por ficar
finalmente seminu na frente de Tomlinson, mas por saber o que toda aquela
cena significava.
Então depois de passar o olho por todo corpo do maior, Louis andou até ele
sem pressa, soltando o ar que tinha prendido de uma vez quando estavam
próximos o suficiente, de frente um pro outro. O garoto de olhos azuis levou a
mão até o peitoral de Harry e tocou delicadamente em sua pele quente com a
pontinha dos dedos, vendo o namorado suspirar em sua frente.
– Você está quente. – Tomlinson disse não em um tom sexual, a pele do garoto
realmente estava esquentada sobre o seu toque.
– Seu coração... – Louis disse bobo encarando sua mão pequena repousando
no peito do namorado, sentindo claramente ele bater forte contra sua palma.
– É por você, gatinho. – Aquelas poucas palavras que o jogador proferiu baixo,
sério e sóbrio eram mais do que suficientes.
Harry não disse com o seu típico sorrisinho provocativo de lado. Não estava
brincando ou flertando. Sua feição era leve, mas tão séria que Louis acreditou
em cada palavra, sentindo o seu próprio coração aquecer enquanto batia tão
rápido quanto o do namorado e mais uma vez ele percebeu que amava aquele
garoto.
E foi isso que Styles fez quando sorriu de lado antes de o puxar delicadamente
segurando cada lado de sua cintura e colando seus lábios dando início a um
beijo lento. Quando Louis o abraçou pelo pescoço com seus peitos colados,
Harry deu um leve aperto em sua cintura, aprofundando o beijo e sugando o
lábio inferior do namorado antes de em um movimento rápido, o segurar no
colo, fazendo-o rir baixinho e levando-o até a cama. O jogador se deitou por
cima de Tomlinson sem parar de beija-lo lentamente, mas com uma
intensidade que fazia ambos se arrepiarem. Com toda calma do mundo, o
maior desceu a mão do rosto de Louis, deslizando-a pelo seu pescoço e colo
antes de chegar em seu peito. Seu polegar ágil brincou com o mamilo de
Tomlinson que suspirou na mesma hora pelo toque, mas não durou muito pois
logo o jogador continuou descendo a mão pela sua costela, abdômen e virilha,
chegando na barra de sua boxer e parando ali.
– Posso? – Ele perguntou no meio do beijo e Louis sorriu contra seus lábios
porque ele não mudaria nunca.
Louis riu baixinho, cobrindo o rosto com vergonha por um único instante ao
ouvir aquelas palavras antes de voltar a encarar o jogador ajoelhado na frente
do seu corpo nú.
– Eu fico feliz que você não precisa ouvir as três palavras, mas eu preciso dize-
las porque eu também amo você. – Ele disse vendo Harry abrir um sorriso e de
repente todo o seu nervosismo tinha ido embora. – Tentei te falar isso várias
vezes e nunca pareceu o momento certo, mas agora eu entendi. Todo esse
tempo eu vivi com uma ideia errada sobre o amor na minha cabeça e agora,
olhando pra você, eu sei exatamente o que ele significa. Obrigado por mostra-
lo para mim pela primeira vez... Eu vou lembrar desse momento- de você pra
sempre. – Acariciou sua nuca, sentindo a pele do namorado se arrepiar com o
seu toque. – Naquele dia você falou sobre os seus filmes favoritos e disse que
aquelas histórias de amor eram lindas, mas que ainda assim, preferia a nossa.
Não tive a oportunidade de te responder, mas eu concordo em cada detalhe...
Eu te amo e eu não quero te perder nunca porque você é meu primeiro amor,
meu cara legal, minha pessoa. E a nossa história também é a minha preferida.
– Eu amo você. – Foi o que Styles repetiu pela quinta vez e ainda assim, soou
melhor do que qualquer outra coisa. – Eu nunca disse essas palavras pra outro
garoto e agora eu quero repetir o tempo todo, quero gritar pra que a cidade
toda saiba. – Colou sua testa na do namorado, fechando os olhos e respirando
fundo com o cenho franzido. – Eu amo você, eu amo você, eu amo você...
Então voltaram a se beijar dessa vez com a excitação em descobrir que aquilo
não eram apenas dois corpos se conhecendo, não era apenas um beijo
comum. Eles se amavam, eles se cuidavam e queriam um ao outro mais do
que tudo e aquilo mudava tudo. O toque firme de Harry na cintura de Louis
estava mais sensível assim como as unhas curtas do menor passeando as
costas do jogador o causavam sensações novas, principalmente quando ele se
movimentou sobre o corpo pequeno embaixo de si e seu quadril ainda coberto
pela boxer roçou contra o nú do namorado, que ofegou baixo durante o beijo.
– Eu vou... – Styles tentou dizer rompendo um beijo por um momento, mas
Louis já tinha entendido do que se tratava.
– Tudo bem. – Respondeu baixo sorrindo com o lábio inferior entre os dentes e
vendo o namorado em cima do seu corpo tirar sua boxer preta com agilidade,
ficando completamente nú antes de se aproximar novamente. – Ok...
E por mais louco que parecesse, Louis ficou mais apreensivo que o normal,
mais do que devia. Já tinha visto o namorado despido em sua frente e já tinha
feito coisas com ele assim, mas por algum motivo desconhecido, a idéia do
corpo de Harry pelado em cima dele o deixou extremamente nervoso naquele
momento. O jogador obviamente percebeu seus olhos um pouco arregalados e
a respiração pesada, então tentou afastar minimamente seu próprio corpo na
mesma hora, para não tocar no de Tomlinson.
Styles entendeu o que ele queria dizer. Tomlinson já tinha feito sexo, mas
nunca tinha feito amor e existia uma grande diferença entre essas duas coisas
e por isso estava claro que ambos estavam um pouco nervosos naquele
momento. Já tinham tido poucas experiências íntimas juntos que foram
incrivelmente boas, mas aquilo significava algo a mais, muito mais importante e
relevante, muito além de apenas sexo.
Levou uma mão até o pescoço do jogador passando a ponta dos dedos ali o
encarando. Então com toda calma do mundo Harry voltou a descer seu corpo,
colando-o com o de Tomlinson e arrepiando os dois quando seus membros se
tocaram enquanto o maior aproximava seus rostos, sussurrando em seguida.
E Louis mordeu o lábio na mesma hora quando se lembrou do dia da praia que
Harry pediu para beija-lo pela primeira vez e acabou não acontecendo, mas foi
especial mesmo assim. Com seu coração batendo acelerado por ele, o garoto
de olhos azuis não respondeu, apenas o puxou pela nuca, colando os seus
lábios em um beijo intenso e urgente.
Então ele levou a mão até o rosto delicado do menor, tocando em seus lábios
finos com a ponta do dedo do meio. Tomlinson entendeu na mesma hora o que
estava fazendo e por isso não hesitou antes de abrir a boca colocando a língua
pra fora e abocanhando o dedo longo do namorado, o encarando de volta.
Ao ouvir aquilo, o jogador murmurou um "puta que pariu, ok" baixo e tirou os
dedos longos de sua entrada, dando um selinho rápido e se inclinando para
abrir com agilidade a gaveta do criado mudo e pegar a camisinha. Ao rasgar a
embalagem com os dentes e jogar no chão, olhou para o namorado com
cuidado e carinho com o preservativo em mãos.
– Louis. – Ele disse quase sussurrando com a voz grave enquanto fazia um
carinho na maça do rosto do menor com o polegar delicadamente. – Você tem
certeza?
Harry já brilhava, mas ao ouvir aquelas quatro palavras seu rosto inteiro se
iluminou e ele balançou a cabeça abrindo um sorriso torto antes de colar suas
testas e seus lábios e a partir daí tudo virou um borrão de gemidos roucos e
manhosos, "eu te amo" sendo repetido várias e várias vezes enquanto se
tocavam, se beijavam, se apertavam e se tornavam um só. Harry nunca tinha
experienciado algo tão bom e especial em toda a sua vida, assim como Louis.
O jogador sussurrava o quanto ele era lindo e o quanto o deixava louco e
Tomlinson apenas apertava sua nuca com força e sugava seus lábios
carnudos, soltando um gemido longo, alto e extremamente bonito quando o
namorado atingiu sua próstata falando baixo em seu ouvido o quanto o amava.
Gozaram juntos porque estavam, de fato, fazendo amor. E naquele momento
perceberam que poderiam fazer desse jeito, com essa intensidade e essa
paixão pra sempre.
– Isso é bom, porque eu também acho que você é o amor da minha vida, sun.
– E a resposta o fizeram sorrir ainda mais quando perceberam que aquele
estado de graça era tudo que eles precisavam.
– Então hoje é um dia feliz?
– Tenho a impressão de já ter dito uma vez, mas o Jaguar é para os dias frios e
a Mercedes é para os dias ensolarados. – Styles respondeu tranquilamente
com um sorriso discreto que ele não tinha tirado dos lábios desde o dia
anterior, abrindo a porta do carro para o menor.
– Como assim não lembra? E o que foi aquilo na cama quando eu acordei
então? – Ele piscou charmoso em sua direção rapidamente, segurando o
volante com uma mão enquanto a outra entrelaçava rapidamente com a de
Louis. – Você é uma delícia, sabia disso?
– Você me ama. – Depositou um beijo longo nas costas da sua mão antes de
dar selinhos rápidos e carinhosos ali. – Agora, por favor, coloque o cinto, yeah?
Que mania horrorosa de esquecer... Serei obrigado a ter uma conversinha com
Jay quando encontra-la.
E Tomlinson quase riu, mas a lembrança daquela briga que tiveram no carro no
outro dia o fez balançar a cabeça negativamente antes de puxar o cinco e
coloca-lo na mesma hora. Respirou fundo sentindo o vento bagunçar seus
cabelos e virou o rosto para encarar a praia vazia naquela manhã ensolarada
de quarta-feira, lembrando das últimas horas que tinha passado com Harry.
Tiveram no dia anterior a sua primeira vez e Louis nunca iria esquecer de como
aquele dia e aquele momento foram especiais para ele. Ele nunca tinha vivido
nada parecido, o jeito que Harry o tocou e o olhou, como se estivesse diante da
mais bela obra de arte, o jeito que eles diziam um para o outro repetitivamente
o quanto se amavam ou quando tudo acabou e eles ficaram deitados na cama
de Styles conversando e rindo só para, em seguida, voltarem para um segundo
round, e depois um terceiro. Eles já se amavam antes mesmo de saber que se
amavam, antes mesmo de proferir aquelas pequenas três palavras, por isso
aquela terça-feira chuvosa ficaria pra sempre na memória de ambos, porque
tiveram a confiança e a cumplicidade de passar o dia inteiro pelados e
abraçados, conversando sobre tudo em meio a beijos apaixonantes de juras de
amor que durariam uma eternidade.
Tudo era bom demais quando estavam juntos e as vezes a sensação era de
que não existiam problemas, mas sim, eles existiam e eram bem reais.
Tomlinson o ajudava, mas Harry continuava com as mesmas dúvidas, medos e
incertezas, por isso que o menor tentava se certificar de cinco em cinco
minutos se não tinha mesmo nenhum problema.
– Eu tive a melhor noite da minha vida ontem com você, Lou, estou feliz demais
pra pensar na parte ruim.
– Quando a gente dorme com problemas e acorda no dia seguinte eles ainda
estão lá. – Falou o encarando e buscando algum rastro de fingimento em suas
palavras, mas não encontrou nada além de honestidade.
– Você está certo, mas felizmente eu escolhi lidar com eles sem deixar que
estragassem meu dia. – Harry desviou o olhar da rua na sua frente para visar
seus olhos azuis rapidamente, mudando de assunto em seguida. – Escolhe
uma música pra gente?
Então o menor se deu por vencido, sendo obrigado a soltar a mão do jogador
para pegar seu celular e conecta-lo no bluetooth do carro, procurando algo em
sua playlist que combinasse com aquele momento e não demorando muito
para encontrar a música perfeita.
– Você quer que hoje seja um dia feliz, então? – Louis perguntou tentando
esconder um sorriso descontraído mexendo as sobrancelhas.
– You know it's gonna make it that much better... – Harry resolveu o
acompanhar, aumentando o volume do som e odiando o fato de estar dirigindo
sem poder dar a atenção que gostaria ao namorado do seu lado cantando e
dançando no banco animadamente. – When we can say goodnight and stay
together!
Louis afinava a voz balançando a cabeça e olhando para Styles e rindo junto
da própria cena: os dois cantando e gargalhando ao som de Wouldn't It Be
Nice dirigindo um carro conversível na beira da praia.
Harry sentia suas bochechas doerem por causa do tamanho do seu sorriso,
batucando no volante animadamente enquanto Tomlinson estendia seu
"microfone" a ele e os dois performavam juntos.
– Poderia ser a trilha sonora da nossa vida. – O jogador disse sem tirar o
sorriso do rosto depois de muitas risadas e cantorias, ouvindo os últimos
acordes da música.
Tomlinson sentiu seu peito afundar quando viu o namorado de mãos dadas ao
seu lado bufar discretamente, balançando a cabeça e olhando pra baixo
enquanto andavam juntos pelo campus. Obviamente a essa altura toda escola
já estava sabendo da sua expulsão do Tigers e que perdeu a bolsa e aquilo era
horrível.
– Já tinha esquecido que teria que lidar com isso de manhã. – Styles disse
baixo em meio a um suspiro.
– Você não tem que dar satisfação pra ninguém. – O garoto de olhos azuis
soltou sua mão e o abraçou de lado pela cintura se aproximando para falar
mais baixo como se fosse um segredo. – Lembra da sua proposta sobre fugir
dos problemas? Ainda está de pé caso se sinta desconfortável aqui.
E na mesma hora Harry parou de andar, com Tomlinson parado do seu lado. O
jogador o encarou com o cenho levemente franzido antes de abrir um sorriso
malicioso de lado e o abraçar pelos ombros.
– Você está cogitando matar aula pra ir em um motel comigo, Louis Tomlinson?
– Se aproximou o suficiente para falar com os lábios colados nos seus.
– Depois de ontem eu vou colocar um tom sexual em tudo que você falar. –
Sorriu divertido uma última vez segurando seu maxilar com a mão e o beijando
de verdade por poucos segundos antes de terminar o pequeno beijo com um
selinho. – Vem.
– Bom dia, Ni. – Tomlinson disse sorrindo assim que ele e Harry se sentaram
na mesa, mas Horan não respondeu. – Niall. – O chamou mais alto e o loiro
continuou o ignorando de braços cruzados e completamente sério então Louis
fez um sinal para ele tirar os fones até que ele finalmente o fez. – Bom dia!
– Posso saber qual é o motivo desse mal humor? – O menor perguntou sem se
abalar, mas estranhando aquilo tudo já que Niall sempre estava feliz.
– Ah, sei lá. – Deu de ombros simplesmente. – Eu contei pra ela o final do livro
que ela estava lendo. De propósito.
– Nós estávamos lá em casa, eu estava jogando fifa e ela estava lendo. Era pra
ser uma brincadeira, mas quando eu disse o final da história ela ficou vermelha
de tão brava enquanto batia em mim com o livro. – Niall bufou, rolando os olhos
se lembrando da cena. – Nós começamos a discutir, ela falou algumas merdas,
eu falei algumas merdas e ela foi embora.
– E quando você foi atrás dela o que aconteceu? – Harry voltou a perguntar,
tentando entender toda aquela história para ajudar o amigo.
– Eu... meio que não fui atrás dela? – O loiro sorriu amarelo e culpado,
coçando a nuca sem jeito.
– Você mereceu! – O menor rebateu. – Não se fala pra uma pessoa que está
lendo um livro como ele acaba, Niall!
– Battle Royale.
– Você é um idiota mesmo. – O jogador riu, balançando a cabeça
negativamente. – Já ligou pra ela ou mandou mensagens pedindo desculpa?
– Não?
– Assim não tem como te defender...
– Amor, você fez a mesma coisa quando viajou pra Nova York, esqueceu? –
Tomlinson perguntou irritado, sem dar oportunidade o namorado responder e
voltando a repreender o loiro que bufou alto. – Niall!
– Eu sou uma droga nessa coisa de romance, ok? – Ele choramingou, quase
desesperado. – O que devo fazer? Me ajudem!
E quando Harry e Louis se viraram, finalmente puderam ver aquela cena que
deixou não só o grupo de amigos com o queixo caído, mas todas as pessoas
do campus. Pois lá estavam Zayn Malik e Liam Payne, entrando pelos portões
do colégio como em uma cena de filme, quase em câmera lenta. O jogador do
Tigers perfeitamente atraente com uma calça jeans apertada, uma blusa
branca folgada com um boné pra trás e o braço ao redor dos ombros de Zayn o
abraçando de lado enquanto o moreno tinha a mão entrelaçada na sua que
caía ao lado de seu ombro. Ele usava calças igualmente apertadas com uma
blusa preta mas o que chamava atenção era a jaqueta do Tigers com o
"PAYNE" estampado atrás, sabendo muito bem o impacto daquilo por isso
andava ao lado de Liam conversando baixo e rindo de lado charmoso com um
óculos de sol cobrindo seus olhos cor de mel e, como sempre, amando receber
todos aqueles olhares incrédulos e surpresos.
– O que é... isso? – Niall foi o único que conseguiu falar alguma coisa quando o
mais novo casal parou diante da mesa onde os outros três estavam sentados.
– Eu acho que pode-se dizer isso, certo, pumpkin? – O moreno se virou para o
jogador ao lado sorrindo e recebendo um selinho rápido.
– É porque você é mesmo o meu gatinho, Lou... – Harry disse com a voz
arrastada, puxando o menor para o seu colo e enchendo seu rosto de beijos
carinhosos. – Meu gatinho apressado, manhoso e teimoso.
– Niall, quer parar de se fazer de louco? – Malik rolou os olhos. – Você sabia
que eu e Liam já tínhamos algo.
– Meu Deus, Lou, nós criamos monstros. – Styles riu baixo, sendo
acompanhado no namorado em seu colo antes de se virar para o casal. – Isso
tudo aconteceu depois da fogueira, não foi?
– Uhum. – Liam assentiu com a cabeça, puxando Malik para sua frente e o
abraçando por trás.
– Louis me disse.
– Por que todo mundo do grupo sabia disso menos eu?! – Horan quase gritou,
revoltado.
– Olívia não sabe. – Zayn deu de ombros para tentar melhorar a situação.
– Eu vou falar pra ela que você disse isso e ela vai acabar com você. – Harry
sorriu brincando. – Já esqueceu do chute que ela deu no-
– Nada de errad-
– Ele e Olivia brigaram porque ele foi um idiota e só agora ele percebeu que foi
um idiota e por isso está de mal humor. – Tomlinson respondeu o
interrompendo.
– Eu não sei o que você fez, mas você está errado. – Zayn disse ouvindo a
risada dos amigos, menos de Horan que rolou os olhos teatralmente.
– Mas então, vocês dois, foi por isso que vocês faltaram aula na segunda? – O
loiro resolveu voltar o assunto para o novo casal. – Estavam juntos?
– Sim, estávamos juntos e ocupados demais pra vir pro colégio. – Malik sorriu
malicioso. – Quer mais algum detalhe ou já está suficiente?
Alguns segundos, que mais pareceram horas, depois que Jones tinha passado
ali perto, os cinco amigos continuaram em um silêncio desconfortável. Louis,
sentado no colo do namorado que estava de cabeça baixa, fazia um carinho
leve em seus cachos, em um sinal de suporte e de que tudo ia ficar bem.
– Harry, você perdeu a bolsa, mas ainda existe uma chance com o Tigers. –
Malik tentou falar com a voz carinhosa, finalmente chamando a atenção de
Styles.
– Eu fui expulso, Zayn. – Ele ressaltou o obvio, sorrindo sem humor, quase
triste. – Por agressão.
– Você sabe que eu vou, Liam. – Zayn apenas franziu o cenho, suspirando
frustrado. – Isso não é justo, porra.
– Gente, tudo bem. – Tomlinson sorriu triste, resolvendo acabar com aquela
conversa quando percebeu que aquilo não estava ajudando o namorado. – Já
vai começar a primeira aula, a gente devia ir indo.
Então ele levantou do colo de Harry que também levantou junto com Niall e o
loiro abraçou o amigo de lado, dando batidinhas em seu peito em conforto e
apoio.
– Vai ficar tudo bem, sun. – Sussurrou perto do seu ouvido, respirando o cheiro
másculo e amadeirado do perfume que ele tanto amava.
– Se você estiver comigo eu sei que vai. – Harry sussurrou de volta contra a
pele do seu pescoço e eles se afastaram novamente, dando um ultimo beijo
rápido.
Durante a primeira aula inteira Louis não sabia se ficava feliz lembrando de
todos os detalhes do dia anterior com Harry ou se ficava frustrado por não
saber o que fazer em relação ao Tigers. Estava claro que a bolsa não tinha
como conseguir de volta, mas sobre o time deveria ter algo que ele pudesse
fazer, só não tinha idéia do que. Pediu licença ao professor e foi até o banheiro
apenas para jogar uma água fria no rosto, indo para o mictório em seguida com
os pensamentos rondando no namorado, como sempre, e no que ele podia
fazer para ajudar.
Quando terminou o que fazia andou calmamente até a pia, lavando a mão
incomodado com o olhar do garoto acompanhar cada movimento seu.
– Louis, eu realmente queria que você me escutasse. – Ele pediu mais uma
vez com a voz trêmula e o garoto de olhos azuis respirou fundo, balançando a
cabeça e se virando para ele com os braços cruzados.
– Eu soube do que aconteceu com Harry e eu só queria dizer que sinto muito.
– A porra das suas desculpas não vão mudar o que aconteceu. – Arqueou as
sobrancelhas e Brad suspirou frustrado.
– Eu sei, mas-
– Eu estou falando sério, eu não sabia. Fiquei tão surpreso quanto você
quando descobri o que aconteceu com ele. – O garoto continuou. – Eu juro por
Deus, eu não tinha ideia. Não tinha ideia de que esse era o plano de Tyler
desde o começo, tirar Harry do time. Achei que era só brincadeira,
provocação... se eu soubesse que a consequência seria tão grave como essa,
eu nunca tinha entrado nessa merda toda pra começo de conversa. Mesmo
com todo rancor, eu nunca machucaria Harry dessa forma.
– A partir daí, não é muito difícil adivinhar o resto da história. Acreditei que o
amava e que ele tinha se aproveitado disso pra me usar e depois me jogar fora,
foi essa narrativa que eu dizia para mim mesmo durante todos esses meses.
Fiquei com o coração partido e dizem que duas pessoas com o coração partido
têm uma tendencia de se juntarem, por isso me aproximei de Tyler Jones. Ele
estava devastado depois que você terminou com ele e com a obsessão doentia
que tem por você, conseguiu me convencer de entrar em uma espécie de
missão. No começo era só uma brincadeira nossa de provocar vocês, causar
intriga. Mas Jones parecia cada vez mais decidido em acabar com o
relacionamento de você e Harry, por isso no dia da fogueira tudo aconteceu
conforme o plano que ele tinha inventado.
– Tyler iria provocar Styles como sempre faz, sabia que ele já estava com os
nervos a flor da pele por causa dos problemas com a festa, então não seria
difícil irrita-lo naquela noite. A partir daí as coisas podiam tomar dois rumos: a
primeira opção seria Harry aceitar as drogas que Danny iria oferecer e quando
já estivesse alterado, aproveitaríamos um momento que ele estivesse sozinho
pra Jones finalmente falar barbaridades e o fazer perder a cabeça. A segunda
opção e mais provável na nossa visão era Harry recusar a droga. Tyler teria
que dar um jeito que colocar na bebida dele, o que ele conseguiu e o resto
você já sabe. Danny entrou nisso tudo achando que era só uma brincadeira,
ele só tinha que conseguir a droga. E eu... bom, eu só estava ali pra te enrolar.
Tinha que conseguir tempo, deixar Styles sozinho pra tudo acontecer, então te
distraí tempo o suficiente pra o estrago ser feito.
E depois daquilo tudo Louis não sabia nem o que dizer ao certo. Apenas
respirou fundo algumas vezes tentando assimilar tudo, resolvendo deixar de
lado toda a parte ruim e focando no que poderia ser consertado.
– Se você realmente sente muito como diz que sente, não fique parado diante
do que está acontecendo. – Tomlinson disse firme, olhando no fundo dos olhos
de Bradley Simpson e esperando que aquilo o tocasse de alguma forma. –
Harry me disse que essa era uma batalha perdida porque ele não tinha provas
o suficiente, mas você tem. Se você gosta dele como diz que gosta, faça a
coisa certa.
– Ainda tem chance de consertar tudo. – Louis sorriu pequeno e triste. – Você
está perdoado, mas faça a coisa certa dessa vez.
E quando saiu do banheiro com o coração leve, Louis percebeu que tudo aquilo
era sobre errar e se arrepender, sofrer e perdoar. Era sobre ser um ser humano
falho, mas que tentava falhar com menos frequência. Não era sobre ser alguém
perfeito, era sobre ser alguém melhor.
Isso é Shakespeare, mas poderia ter sido eu. Amo você, Louis William
Tomlinson.
Ps: só pra ter certeza, qual é a resposta da quarta questão mesmo? :)"
E Tomlinson riu, sentindo seu coração esquentar. Sussurrou um "letra A" perto
do pescoço do namorado quando a professora estava falando com alguém no
corredor, e como aquilo demorou mais do que o esperado, ainda teve tempo de
sussurrar um "também amo você" rápido, antes de voltar para a prova.
O resto das aulas não passaram tão devagar e logo Louis estava almoçando
com Harry em um restaurante perto do colégio. O jogador tentou o obrigar a
comer salada e tomar suco verde, mas obviamente o garoto de olhos azuis não
aceitou aquela merda, concordando apenas em comer a salada com uma Coca
Cola afinal a vida se tratava de equilíbrios.
Como era uma quarta-feira, eles tiveram que ajudar na biblioteca enquanto
Liam, Zayn e Niall foram resolver tudo o que precisava para colocar o plano
maluco do loiro, para pedir desculpas a Reed, em ação. Harry e Louis deram
graças por não ter quase ninguém naquela tarde, e por isso não tinham muito o
que fazer, apenas a mesma coisa de sempre: organizar poucos livros em
ordem alfabética e trocar beijos quentes escondidos com a voz de Jesse
Rutherford soando como a trilha sonora perfeita de fundo em seus air pods
enquanto Styles pressionava o seu corpo no de Tomlinson contra a estante de
livros, o beijando devagar mas com firmeza com a sua mão segurando o garoto
pelo pescoço, mas sem apertar o suficiente para machuca-lo e sim para deixa-
lo excitado.
– Antes da gente ir, tem algo que eu queria te dar. – O jogador disse
lentamente, fazendo um carinho com o polegar em seu pulso e puxando um
papel dobrado do bolso da sua calça jeans. – Te escrevi isso enquanto você
dormia nos meus braços ontem a noite.
Tomlinson não disse nada, apenas pegou o papel sem abrir, olhando dos dois
lados e mordendo o lábio inferior para esconder um sorriso quando leu no
cantinho um:
Ficou de ponta de pés para o abraçar com força, e se sentiu mais seguro
quando os braços do jogador o seguraram. Abraços eram bons, os de Harry
eram incríveis, mas aquele... Louis poderia morar naquele abraço. Era
aconchegante, reconfortante, amoroso, perfeito. Aquele abraço era tudo.
– Quero que você leia com calma e quando achar que é o momento certo. –
Styles disse baixo, fazendo um carinho no cabelo de Tomlinson sem o soltar.
– Quando ficamos juntos pela primeira vez você me disse que eu não
precisava tentar te conquistar porque eu já tinha você. – Harry sorriu satisfeito
e feliz ao sentir seu toque delicado. – Mas isso é exatamente o que eu vou
tentar fazer todos os dias até quando der, até quando a gente não estiver mais
aqui. Eu sei que eu já tenho você, mas a idéia de te perder me apavora. Então
não me culpe por fazer o que o está no meu alcance pra te manter pra sempre
comigo, porque eu tive o privilégio de encontrar o amor da minha vida com
dezoito anos e isso é raro pra caralho, Louis. Eu amo você...
Styles não falava "até o dia que a gente não estiver mais junto" e sim "até o dia
que a gente não estiver mais aqui". Aquilo significava muito, porque deixava
claro como o dia que ele pretendia ficar ao lado de Louis pra sempre. E foi por
isso que, emocionado, Tomlinson sorriu pra ele tentando transparecer toda
felicidade que sentia dentro dele, deixando um beijo leve nos seu lábios,
sussurrando contra eles em seguida e ouvindo a resposta quase
imediatamente.
Louis guardou o pedaço de papel no bolso do casaco que usava e quando eles
finalmente chegaram no estacionamento, encontraram Niall, Zayn e Liam
sentados no banco de trás da Mercedes do jogador. Harry dirigiu com o carro
para o colégio de Olivia e Louis do seu lado só sabia sorrir em sua direção,
enquanto Horan no banco de trás passava e repassava o plano pelo menos
trinta vezes, querendo que tudo saísse absolutamente perfeito, apesar dos
outros três acharem que seria um desastre, mas sem verbalizar nada.
– Tem certeza que quer fazer isso? – Harry resolveu perguntar só pra se
certificar.
– Claro, por quê não? – Ele sorriu com todos os dentes, realmente se achando
um gênio com aquele plano que, todos sabiam, seria um fracasso.
– Ainda dá tempo de desistir. – Foi a vez de Payne dizer sorrindo fraco, sem ter
coragem de falar o que realmente estava achando de tudo aquilo.
– Por que eu desistiria? Ela vai amar. – Ele insistiu sem entender e ninguém
falou mais nada, apenas desviou o olhar de um jeito suspeito. – O que foi?
– Zayn... – Liam respirou fundo e Louis entendeu que o papel de Payne sempre
seria acalmar os ânimos do moreno.
– O quê? – Horan riu estranho, com uma careta no rosto. – Você está falando
sério? Que tipo de pessoa fugiria disso?
– Qualquer pessoa com bom senso e que preze pela sua reputação...? –
Tomlinson suspirou e o namorado do seu lado o encarou com os olhos
arregalados.
– Quer parar com isso? – Niall falou alto, começando um discurso motivador. –
Temos que ser corajosos e criativos para conseguir conquistar a garota de
volta! Vocês não aprenderam nada com as comédias românticas? Em que
mundo vocês vivem? Não acreditam no amor? Que covardia é essa, meus
amigos? – Um silêncio ensurdecedor veio em seguida e o loiro voltou a
aumentar o tom de voz, irritado. – Vocês são homens ou ratos, pelo amor de
Deus?
– Eu sei que ela vai amar, eu conheço a minha garota! – Horan berrou de volta.
– Não.
– Nunca.
– Nem um pouco.
– Não importa, vamos fazer isso de todo jeito. Harold, se prepare para ligar o
som. – Niall disse com um sorriso enorme no rosto, se ajeitando no banco. –
Sorrisos nos rostos, garotos. O show já vai começar.
– Oh, yeah, I'll tell you something, I think you'll understand! – Ele imitou a voz
de John Lennon perfeitamente, apontando para a garota de cabelos curtos e
pretos com um sorriso de orelha a orelha. – When I say that something...
– I wanna hold your hand! – Zayn, Liam, Harry e Louis, os backingvocals,
dividiram os outros dois microfones para cantar com sorrisos forçados no rosto,
agradecendo por pelo menos estarem sentados e um pouco mais escondidos
que Niall. – I wanna hold your hand, I wanna hold your hand!
– Oh, please, say to me you'll let me be your man... – Ele piscou na direção da
garota, fazendo uma dancinha ridícula e recebendo como resposta os gritos da
multidão que rapidamente havia se formado ali. – Olivia, please, say to me...
– You'll let me hold your hand, now let me hold your hand, I wanna hold your
hand! – O resto dos garotos agora já estavam se soltando um pouco mais por
causa da plateia.
– Liv, you've got that something, I think you'll understand! – Horan apontou
sorrindo mais uma vez para a menina, que novamente, não teve nenhuma
reação. – When I say that something...
– I wanna hold your hand... – Agora todos os cinco cantaram juntos, Niall
dançando enquanto os outros quatro batiam palmas rindo e tendo um dos
melhores momentos de suas vidas antes de finalizar a apresentação. – I wanna
hold your hand, I wanna hold your hand!
– Pulp Fiction, sinto muito por ter te contado o final do livro. – Niall disse no
microfone, pegando dois sacos que estavam no banco e levantando eles para
que a garota sentada pudesse ver. – Pra recompensar, eu comprei mais dez de
presente pra você. Vem cá!
Todo mundo começou a gritar "vem" e Reed apenas respirou fundo, pegando a
mochila e andando até o carro com todas as pessoas abrindo a passagem para
ela. Quando parou de frente a Niall e aos quatro garotos, com os coturnos,
blusa rosa folgada, calça jeans preta a franja bagunçada sobre sua testa, ela
cruzou os braços e encarou todos os cinco garotos dentro do carro em um
silêncio absoluto.
– Eu não vou falar com você enquanto está em cima de um carro, desça aqui.
O jeito que ela o fuzilou com o olhar poderia ter o matado, mas ele apenas
aumentou o sorriso, não custava nada tentar. A multidão estava em um silêncio
quase desconfortável, antes da voz de Olivia voltar a dizer.
– Você é um idiota por ter me contado o final de um livro de propósito só pra
me irritar, você é um idiota por não ter ido atrás de mim quando eu fui embora,
você é um idiota por ter a audácia de cantar Beatles na frente de todo mundo,
correndo o risco de estragar a minha música preferida, você é um idiota por ser
tão estupidamente louco, bobo, sem noção, inconsequente, impulsivo...
– Espero que tenha um mas depois dessa frase. – Niall disse baixo rindo sem
jeito enquanto coçava a nuca, fazendo todo mundo rir.
Até a própria Olivia riu sem forças, mordendo o lábio inferior para esconder o
sorriso em seus lábios enquanto dizia em seguida.
– ... Mas você também é um idiota por me fazer achar essa serenata ridícula a
coisa mais incrível que alguém já fez por mim e por conseguir fazer eu, de
todas as pessoas dessa cidade, admitir na frente de todo mundo que eu
também estou apaixonada por você. – Reed suspirou, parecendo tirar um peso
dos ombros quando abriu um lindo sorriso. – Agora, seu idiota, venha aqui e
me beije.
E Niall só conseguiu dar o primeiro passo, porque a garota o segurou pela gola
da camisa e o puxou para um beijo emocionante e apaixonado, ambos se
arrepiando quando ouviram os gritos estridentes das pessoas em sua volta
comemorando aquele momento. O loiro a segurou firmemente pela cintura
enquanto ela acariciava os seus cabelos, e a rodopiou no ar no meio do beijo,
aumentando a intensidade dos gritos e fazendo com que eles tivessem uma
pequena crise de riso.
– Então você é minha? – Ele perguntou, mas, por causa dos gritos, só Olivia
ouviu.
– Não, stalker, eu sou minha. – Deu um pequeno sorriso pra ele, selando seus
lábios. – Mas eu estou com você.
– Desculpa, Liv, eu vou ser babaca as vezes, mas não vai ser por mal. – Horan
respirou fundo, acariciando sua bochecha. – Estou disposto a aprender tudo
que você tem a me ensinar.
E como resposta, ela apenas o puxou para um outro beijo. Aquilo tudo durou
mais alguns minutos antes de Harry gritar para entrarem no carro, que foi
exatamente o que eles fizeram, com Reed sentando atrás no colo do namorado
e cumprimentando cada um dos garotos com beijos carinhosos nas bochechas,
agradecendo pela surpresa que ela tinha amado. Os seis só conseguiam rir
sem parar do que tinha acabado de acontecer e logo Styles estacionou na
frente da praia no maior e mais lindo pôr-do-sol de todos, com eles pulando
para fora do carro e indo sentar na areia em meio a conversas sem sentido.
– Por que você não está usando preto como sempre? – Zayn perguntou para
sua mais nova modelo, tirando algumas fotos dela que fazia fazia caras e
bocas rindo. – Mal te reconheci de longe.
– Nas quartas usamos rosa. – Olivia sorriu soltando um beijinho pra câmera,
conseguindo ver Liam observar Malik com os olhos brilhando. – Então quer
dizer que agora vocês são um casal também?
– Yeah, não queríamos ficar de fora. – O moreno piscou brincando. – Pra falar
a verdade, esse garoto sempre foi obcecado por mim...
– Você ama dizer isso pra todo mundo, não ama? – Payne perguntou rindo, o
puxando pela cintura para ele sentar em seu colo.
– Eu não tenho amigas. – Ela deu de ombros, mas parecia não se importar
com aquilo.
– Você tem a mim. – O loiro agarrou pela cintura com força, dando um beijo em
sua bochecha e ouvindo um gritinho em resposta.
– Você tem a nós. – Louis corrigiu afinal ela já fazia parte daquele grupo.
– Eu sei, mas eu gosto dele mesmo assim. – Reed riu e Niall arqueou as
sobrancelhas para ela.
– Ok, obrigado. – Resolveu não questionar, tirando aquilo como um elogio.
– Mas então, você se incomoda com isso? Com o que as pessoas falam de
você?– Quando Tomlinson fez essa pergunta, Styles já tinha entendido que
apesar de todos estarem prestando atenção na conversa, aquela era uma
conversa só de Louis e Olivia, e o garoto de olhos azuis precisava ouvir o que
Harry sabia que a garota falaria.
– Uau, eu queria ser assim. – Louis sorriu feliz por ela e triste por si mesmo.
– Bom, não sou boa em conselhos, Louis, mas a única coisa que eu te diria é
pra não deixar as pessoas te assustarem. – Olivia sorriu, sentindo o abraço
apertado e orgulhoso do namorado ao seu lado. – Foda-se o que eles vão falar.
Seja qual for seu cabelo, sua roupa, o que tem a dizer, o que sente, no que
acredita, com quem está, o que tem... O mundo vai te julgar, não importa o que
você faça, então viva a sua vida do jeito que você quer.
– O que você tá fazendo, sua maluca? – Niall perguntou com a boca aberta de
um jeito engraçado, fazendo ela rir.
– Você vai? – Zayn arregalou os olhos para o amigo, que jogou a calça na
areia da praia com um sorriso.
– Como posso dizer não a ela? – Foi o que ele disse antes de sair correndo em
direção ao mar apenas de cueca.
– Bom, eu não vou ficar parado aqui olhando. – Quando Malik se levantou da
areia, Payne fez a mesma coisa.
– Tudo bem, estou te esperando. – Falou antes de sair correndo para o mar.
O garoto de olhos verdes não fez nada além de sorrir e aquilo significava muito.
– Olhe ao redor e eu tenho certeza que vai ter sua resposta... Dormimos no
caos e acordamos na paz. – Harry só sabia sorrir verdadeiramente feliz,
piscando para o namorado em seguida. – Essa é a mágica de viver nos
Hamptons, Louis Tomlinson.
Essa é a mágica de viver com você, Harry Styles, foi o que Louis respondeu
mentalmente porque o maior não o deu a chance de fazê-lo em voz alta
quando saiu correndo rapidamente em direção ao mar enquanto a brisa morna
do pôr-do-sol dançava sobre sua pele bronzeada.
E vendo aquela cena de seus cinco amigos semi-nús pulando no mar e
jogando água salgada uns nos outros como se aquela fosse a melhor tarde de
suas vidas com o sol dando lugar à lua de fundo, Louis soube que era o
momento certo de abrir o pedaço de papel que quase pesava de curiosidade
no bolso do seu casaco. Quando o tinha em mãos, olhou uma última vez para
frente, e como um imã, seus olhos se fixaram diretamente em Harry, rindo com
o seu melhor sorriso e esbanjando a luz que transmitia no meio do oceano
refletido pelo céu laranja sob ele. E tudo fez sentido quando leu as palavras em
um belo rascunho, algumas letras borradas e marcadas por gotas de água,
entregando o jogador em seu momento de paixão ardente e vulnerabilidade
escancarada e fazendo poucas lágrimas de emoção de Louis se juntarem as
dele.
Quando terminou de ler, Tomlinson não pensou duas vezes antes de tirar suas
roupas com a urgência de quem amava e era amado de volta, correndo apenas
de boxers em direção ao seu cara legal, que o esperava de coração, sorriso e
braços abertos, beijando-lhe nos lábios e realizando o pedido escrito no último
verso daquele poema que se tornara imediatamente suas palavras de amor
favoritas.
"Sweet Louis.
(Doce Louis.)
Ele franziu o cenho confuso e olhou ao redor, procurando Tyler, mas não
encontrou. Olhou para Louis do seu lado e ao ver o seu sorriso de orelha a
orelha, Styles finalmente entendeu do que aquilo se tratava, sentindo seus
olhos lacrimejarem um pouco quando o puxou para um abraço forte.
Aquela pequena festa surpresa tinha acontecido uma semana após a conversa
de Louis e Bradley no banheiro. Depois daquilo os dois começaram a
conversar por mensagens de texto tentando acertar as coisas, foram juntos ao
escritório do treinador Carter e falaram tudo o que tinha acontecido. Simpson
contou todo o plano e Tomlinson disse como Harry estava mal depois de ter
ingerido a droga, tendo febre e alucinações. Conseguiram que Styles voltasse
para o time como o capitão, mas não conseguiram a expulsão de Jones, só
uma suspensão de um mês, pois segundo o homem, a única regra entre os
garotos era a não-agressão, e por mais que o moreno tenha errado em droga-
lo, ele não tinha o agredido de volta. Louis obviamente gritou com ele irritado,
mas foi acalmado por Brad e preferiu esquecer tudo aquilo, Harry estava de
volta no time e isso era tudo o que importava. Tyler pagaria pelo o que tinha
feito em algum momento.
Então Tomlinson e Simpson supreendentemente construíram uma boa relação
escondido de Styles e organizaram juntos uma festa surpresa de boas-vindas.
Por isso uma semana depois, quando Louis e Harry saíram juntos da
biblioteca, a festa já estava preparada e todo mundo estava ali, comemorando
a volta do único e verdadeiro capitão do Tigers.
– Você deveria ir falar com ele. – O namorado disse baixo perto do seu ouvido.
Então o jogador apenas respirou fundo, pedindo licença e puxando Louis pela
mão, andando com ele para perto do garoto mais novo.
– Yeah... Eu, hm... Eu tenho um compromisso agora, vou ter que ir. –
Respondeu gaguejando se recusando a encara-lo, mas Styles sabia que ele
estava mentindo.
– Ei, está tudo bem. Você pode olhar nos meus olhos. – O jogador disse com a
voz calma e carinhosa e Louis segurou um sorriso porque Harry era o seu ser
humano preferido.
Quando o mais novo finalmente subiu o olhar até o seu, sua feição caiu. A
tristeza e constrangimento estavam estampados em seu rosto, ainda mais
quando ele disse baixo em seguida.
– Eu nunca vou saber o que dizer a você, Harry, eu nem sei o que estou
fazendo aqui. – Respirou fundo, balançando a cabeça. – Só vim porque Louis
insistiu.
– Você fez uma coisa ruim, mas você não é uma pessoa ruim. – Styles sorriu
pequeno e calmo. – Do mesmo jeito que no dia da fogueira você ajudou uma
pessoa para o mal, agora você ajudou outra para o bem, então obrigado por
reconhecer os seus erros e se redimir dessa forma.
– Eu não fiz mais do que a minha obrigação. – Brad disse sério com os ombros
caídos. – Sinto muito por tudo, me perdoe.
– É claro que eu te perdoo. – Assentiu calmamente, soltando Louis e se
aproximando de Simpson apenas para colocar a mão em seu ombro. – Agora
apenas siga em frente e tente ser alguém melhor. Sinto muito que não pude ser
o cara que você queria e precisava, mas eu tenho certeza que uma hora você
vai acha-lo por aí assim como eu achei o meu.
Depois daquele dia, o mês de outubro veio só com coisas boas.
As provas do SAT's aconteceriam na primeira quinzena de novembro, então
todo o Hamptons High passou esse último mês que antecede o vestibular
estudando como nunca. Harry estava de volta no time, completamente focado
e indo para os treinos toda terça, quinta e sexta, pois teria um jogo importante
na última sexta-feira do mês. Enquanto isso no tempo livre ele e Louis não
faziam nada além de ficarem na biblioteca estudando, tirando dúvidas entre si e
respondendo questionários juntos. Era incrível a dinâmica dos dois, Styles
sempre bom de números e sem nenhum problema com as questões de
matemática, física e química enquanto Tomlinson quase soltava fogos quando
conseguia acertar uma única questão, mas pelo menos ele era ótimo nas
matérias de humanas.
Ficavam juntos praticamente 24 horas por dia, sempre conversando bobagens
dividindo os fones de ouvido, trocando carícias e rindo da cara um do outro. A
intimidade entre os dois só crescia como um dia quando eles estavam
estudando na biblioteca e Harry ficou duro só de observar por alguns minutos
Louis resolvendo questões com o lábio inferior entre os dentes. Styles
sussurrou um "ei, amor, eu estou duro, o que acha de uma rapidinha ali na
sala?" e o garoto de olhos azuis riu porque achava que o namorado estava
brincando, mas alguns minutos depois eles estavam transando baixinho em
uma das salas privadas da biblioteca, cobrindo a boca um do outro para que
ninguém ouvisse. O sexo estava em dia e estava cada vez melhor. Louis ainda
não se sentia confiante o suficiente pra ficar por cima, então Harry fazia o seu
papel com maestria quando roçava seus corpos e se estocava dentro dele o
fazendo rolar os olhos de prazer. Aquilo tudo era tão bom que eles faziam
quase todos os dias, as vezes no carro, as vezes no quarto de Harry e uma
única vez no quarto de Louis, mas não deu muito certo porque o garoto tendia
a gemer alto demais e tinham muitas crianças naquela casa.
No geral Styles estava bem, sorridente e feliz. Mas tiveram pelo menos três
noites que Louis acordou com o barulho dele fungando ao seu lado na cama e
o menor não precisava perguntar pra saber do que aquele choro se tratava. Se
antes a relação do jogador com os seus pais era ruim, agora estava péssima.
Eles não se falavam mais e Harry já confessou a Louis que pensava em ligar
pra saber se estava tudo bem, mas estava magoado demais para aquilo. Pra
piorar tudo, a relação dele com Gemma também estava abalada e não era por
nenhuma razão específica, Styles apenas achava que a irmã estava estranha,
evitava ficar muito tempo no celular com ele e parecia estar escondendo alto.
Mas apesar de tudo isso, o jogador tentava esquecer esses problemas no dia-
a-dia e focava no que realmente era importante ali: Louis.
Louis estava um pouco ansioso com as provas no mês seguinte, mas o
namorado o acalmava. O menor se forçava a estudar muito pois o sonho dele
era Princeton e ele queria e podia realiza-lo, então nos momentos que não
estava com Harry estudando ou apenas passando tempo, ele estava
estudando sozinho. Agora ele tinha o posto de confidente oficial de Zayn Malik,
tendo que ouvir por horas o moreno falar sobre Liam e sobre como estava feliz
com o garoto. Era engraçado ver Malik e Payne namorando porque uma hora
eles não se desgrudavam e não paravam nunca de se beijar, e logo em
seguida estavam brigando por alguma besteira, mas no final do dia sempre se
reconciliavam então tudo acabava bem. Niall e Olívia também estavam ótimos,
as conversas dos dois faziam os garotos rir ou quando Horan falava alguma
besteira e a garota o repreendia, com toda paciência do mundo, e o ensinava
coisas novas. O loiro tinha, surpreendentemente, conseguido viciar ela em golf
e agora quando eles sumiam sem avisar, todo mundo já sabia que estavam em
algum campo jogando juntos e se divertindo. Eles se faziam felizes e aquilo era
tudo o que importava.
No dia do jogo do Tigers, Niall, Louis e Olivia foram prestigiar Harry e Liam,
assistindo tudo na primeira fileira da arquibancada e vendo Zayn, como
sempre, extremamente nervoso andando de um lado pro outro, quase
esquecendo de tirar as fotos. Diferentemente do último jogo, Styles honrou o
"capitão" bordado na sua camisa e fez uma excelente partida, sempre se
mostrando um líder nato quando apartou uma quase briga com Danny e um
jogador do time adversário. Provou seu talento dando o melhor de si e fazendo
uma das suas melhores partidas, contando com 4 touchdowns com a ajuda de
Liam, que jogou tão bem quanto ele. Quando o jogo acabou com uma diferença
de 10 pontos para o Tigers, Harry não fez outra comemoração a não ser correr
na direção de Louis tirando o capacete e o jogando no gramado antes de pular
com agilidade para o outro lado da arquibancada, se aproximando do
namorado e o segurando pelo rosto antes de o puxar para um beijo apaixonado
no meio de todo mundo, com gritos altos e flashes de celulares ao redor,
enquanto Liam corria comemorando pelo campo com o corpo magro de Zayn
jogado em seus ombros.
Depois do jogo quando todos estavam no vestiário Tomlinson tirou uma foto
com Styles, o jogador de costas com os braços para o alto e os polegares
apontando para baixo onde na sua camisa do Tigers estava o 17 estampado,
seu sobrenome e o "capitão" logo abaixo enquanto o garoto de olhos azuis
estava agachado ao seu lado, olhando para a câmera com as sobrancelhas
arqueadas e boca levemente aberta, apontando para a parte de trás da blusa
do namorado. A foto estava legal e por isso foi parar no instagram, rapidamente
ganhando uma quantidade de curtidas que Louis não estava acostumado a ter.
Aquela foi a única vitória do Tigers que não teve uma grande festa depois na
casa de Styles, pois todos iriam celebrar o Halloween na semana seguinte,
então assim o mês de outubro se passou, com os seis amigos mais próximos
do que nunca, mas só saiam juntos e iam para a praia nos finais de semana
agora, já que estavam estudando muito para os SAT's.
– A festa está linda, amor. – Louis sorriu com a mão entrelaçada na de Harry
assim que eles entraram na boate lotada que ficava no centro, vendo todos
jovens dançando animados com bebidas nas mãos e usando suas melhores
fantasias.
O DJ estava de Stormtrooper em cima do palco e toda a decoração era
inspirada no Halloween clássico dos Estados Unidos, iluminação baixa,
abóboras penduradas no teto, muito brilho e cor, tudo nos tons de laranja e
roxo. Os dois tinham passado a tarde inteira lá com o time ajudando a
organizar tudo, por isso chegam um pouco atrasados. O ambiente estava
realmente lindo e as pessoas pareciam animadas.
– Lindo está você, Bowie. – Quando ouviu a voz grave do namorado em seu
ouvido, Tomlinson aumentou o sorriso, se virando para ele e encontrando a
perfeita impressão de Mick Jagger o encarando de volta com um sorriso de
lado.
Aquelas fantasias nunca tinham caído tão bem em alguma outra pessoa antes
de Louis Tomlinson e Harry Styles a usarem. Louis estava com um conjunto de
terno azul claro, blusa social branca e uma gravata estampada. Seu cabelo
pintado temporariamente de vermelho estava penteado para trás em um topete
perfeito e o raio vermelho e azul estava desenhado sobre o seu rosto,
realçando a cor dos seus olhos. Harry vestia uma calça dourada brilhante
cintura alta com botões, uma blusa preta ensacada e uma jaqueta vermelha
com vários bordados dourados muito semelhante a uma que Jagger tinha
usado quando mais novo em uma capa de revista. Seus cabelos estavam
penteados de um jeito diferente e se ele normalmente já parecia com o
rockstar, agora ele estava mais parecido do que nunca.
– Acho que fazemos uma bela dupla. – O menor disse passando seus braços
pelo pescoço de Styles, se aproximando. – Você não acha?
E Harry não precisou responder, apenas passou a língua pelos lábios antes de
o puxar pela cintura e o beijar calmamente. Alguma música animada tocava de
fundo e a atmosfera daquele lugar estava alegre e feliz, algo dizia que aquela
noite seria divertida, ainda mais quando Tomlinson estava nos braços de Styles
daquele jeito.
– O anfitrião está aqui! – Uma voz interrompeu o momento dos dois e quando
se afastaram, deram de cara com Danny Adams com um sorriso fantasiado
de... pizza. – Como está, capitão?
Tomlinson não ia muito com a cara de Danny depois de tudo que aconteceu na
festa da fogueira, mas o garoto tinha conversado com Harry e pedido
desculpas alegando que não sabia quais eram os reais interesses de Tyler em
o chamar para aquela brincadeira toda. Conversaram bastante e Styles, por
causa de uma conversa com o treinador, impôs que a partir dali os jogadores
não poderiam, sob hipótese alguma, colocar qualquer tipo de substância nas
bebidas uns dos outros e caso isso acontecesse, podia haver expulsão. O
clima entre os garotos do Tigers estava bem melhor depois da suspensão de
Jones, eles estavam se dando bem e obedeciam as ordens de Harry e do Sr.
Carter.
– Oi, Louis. – Danny sorriu para Tomlinson meio sem jeito antes de se voltar
para o maior. – Não, não tem nenhum problema, tudo sob controle.
Reservamos o seu camarote lá em cima, mas agora tem várias pessoas
querendo te cumprimentar.
Essa era a parte mais chata da festa. Harry tendo que falar com praticamente
todas as pessoas dali enquanto Louis queria apenas pegar uma bebida.
– Quer subir e me esperar lá em cima? – O namorado perguntou baixo perto do
seu ouvido.
– Tem algum problema? – Tomlinson fez uma pequena careta porque estava
um pouco impaciente naquele dia, sem saco pra falar com tantas pessoas.
– Se você for sem me dar um beijo antes, aí sim teremos um problema. – Harry
sorriu carinhoso e Louis riu, se aproximando para deixar um selinho longo em
seus lábios.
– Estou te esperando, Mick. – Falou contra os seus lábios antes de dar mais
um selinho rápido e se virando para ir embora, sentindo um leve tapinha do seu
namorado em sua bunda e levantando o dedo do meio pra ele rindo antes de
sair dali.
– Pumpkin, você pega uma dose pra mim? – Zayn entrou em seguida no
camarote e o queixo de Louis quase caiu quando o viu em uma calça branca
de tecido com listras vermelhas dos lados, sem camiseta. Suas costas eram
cobertas por uma enorme capa vermelha com um tecido branco de pelúcia na
borda e detalhes dourados bordados nela. O que deixava tudo ainda mais
incrível era a coroa extravagante pendurada sobre os seus cabelos pretos
perfeitamente penteados para trás, e o bigode grosso deixando claro de quem
ele se tratava. – Caramba, Lou! Com todo respeito, David Bowie deve estar se
remexendo no túmulo agora porque você vestiu esse terno muito melhor que
ele.
– Ainda bem que a discografia dos Beatles é impecável e qualquer música que
ele cantasse seria igualmente incrível. – Reed respondeu dando um gole na
sua bebida antes de dar uma voltinha. – Como eu estou?
– Perfeita como sempre. – Harry, seu mais novo melhor amigo, respondeu com
seu típico sorriso charmoso de lado.
Ele e Olivia tinham se aproximado muito nesse último mês, viviam saindo
juntos pra lá e pra cá, conversando sobre coisas que eles gostavam em comum
como O Grande Hotel Budapeste e todos os filmes do Tarantino. A garota tinha
adotado uma gatinha preta de olhos amarelados que vivia pelo estacionamento
do restaurante que ela trabalhava e o jogador, com o seu amor por gatos, não
só tinha a ajudado com toda a questão financeira do veterinário mas também
com o nome da felina, então Arabella era a nova mascote do grupo deles.
Louis e Niall não tinham ciúmes quando eles saíam sozinhos com a gatinha,
muito pelo contrário, os dois amigos se juntavam para passar a tarde inteira
jogando fifa sem Styles e Reed pra atrapalhar então aquilo era bom pra todo
mundo.
– Tem certeza que você não é um filho perdido do Mick Jagger? – A garota
perguntou séria segurando seu rosto com as mãos, o encarando como se ele
fosse algum tipo de obra de arte. – Certeza mesmo? Tipo... certeza absoluta?
– Sinto muito pelo nariz. – Niall brincou dando dois tapinhas leves em seu
ombro como se estivesse o confortando.
– Ei...
– Sinto muito pela sua cara! – Louis interrompeu o namorado, empurrando
Horan pelos ombros e abraçando Harry em seguida. – Você é perfeito, ele está
com inveja.
– Você está bizarro. – Ela riu, piscando em sua direção e dando língua,
ouvindo a risada dos outros quatro. – Agora se juntem porque eu preciso tirar
uma foto disso. Zayn, você me empresta sua câmera?
E ela tirou várias fotos incríveis dos cinco garotos fazendo caras e bocas,
poses estranhas e mostrando a bunda. Pediram para um dos garçons tirarem
uma dos seis juntos e todos, um do lado do outro, pousaram para a foto que foi
diretamente para o instagram de Malik em seguida.
@zaynmalik Freddie Mercury, Axl Rose, David Bowie, Mick Jagger, John
Lennon e Yoko Ono sentam em uma mesa de bar.
– Nós estamos incríveis pra caralho! – Horan riu, vendo a publicação em seu
próprio celular. – Essa é a melhor fantasia de todos os tempos.
– Z, tenho que dizer que você se superou. Eu não esperava que viesse com
essa, achei que iria usar a regata branca. – Louis checou a roupa perfeita do
amigo mais uma vez, impressionado enquanto Styles o abraçava de lado.
– Você é o garoto mais lindo dessa festa, sweet child. – Liam disse em
referência a sua própria fantasia com um sorriso apaixonado, deixando um
beijo rápido em seus lábios.
– Não, você que é. – Foi o que Harry sussurrou no ouvido de Louis, recebendo
o seu olhar e retribuindo com apenas uma piscadela divertida, charmoso como
sempre.
– Os seus elogios são essenciais para o meu ego, pumpkin. – Malik respondeu
com um sorrisinho, falando baixo em seguida mas todos os amigos na roda
conseguiram ouvir. – Espero que saiba como fazer um bom uso dessa
bandana quando chegarmos em casa.
– Eu prefiro que você termine comigo do que um dia me peça permissão para
fazer algo. – O jogador deixou um selinho em seus lábios, voltando a ficar sério
mas com a expressão leve. – Só coma um pouco antes pra não passar mal,
certo? E cuidado com o copo, fique sempre trocando.
– Spot a little hottie when I flipped out the shades... – Niall cantou para a
namorada, descendo o óculos pelo nariz com o dedo indicador e a encarando
dos pés a cabeça em seu vestidinho colado.
Reed riu alto com a encenação do loiro e quando ele estendeu a mão para ela,
ela apenas rolou os olhos e a segurou, sendo puxada por ele logo em seguida
para dançarem juntos. Quando Liam veio se aproximando de Zayn e Louis,
eles já tinham entendido o que estavam fazendo, os chamando para dançar.
– Show you moves like I'm the new James Brown... – Foi a vez de Liam cantar
para Malik com seus passos de dança quase profissionais, fazendo o moreno
rir balançando a cabeça negativamente, o abraçando pelo pescoço. – Me and
you should get a room right now.
Não demorou muito para que Tomlinson sentisse uma mão grande arrodeando
sua cintura e o abraçando por trás. Harry, com uma mão o segurando e a outra
segurando sua dose de whisky, começou a dançar de um lado pro outro no
ritmo da música com o nariz roçando na parte de trás da sua nuca.
– It ain't gonna work if you don't want it too... – O jogador cantou a letra
decorada baixinho em seu ouvido, virando o corpo de Louis com agilidade pra
ficar de frente pro seu e o puxando pelo quadril até estarem com os corpos
colados. – Best drink I take is when I'm sippin' you.
– Nah. – Reed deu de ombros sem ligar, ajeitando o chapéu branco em sua
cabeça pegando as duas bebidas com o bartender, dando a cerveja pra Louis e
bebendo um gole do seu gin tônica em seguida. – Ele sabe se virar sozinho.
– Eu confio nele sim, mas eu confio mais em mim. – A garota piscou em sua
direção, o puxando pela mão e andando para o meio da pista. – Vem, vamos
dançar.
– Claro que não. – Ele negou rapidamente e Louis riu porque nem dava para
leva-lo a sério com aquela barba ridícula.
– O quê? Eu achei que você ia bater nela com algum golpe que aprendeu nas
aulas de boxe ou algo do tipo. – Quando Horan disse aquelas palavras, Olivia
respirou fundo parando de dançar e se aproximando dele com a mão em seu
ombro.
– Eu não bateria em uma mulher por você nem se você fosse igual ao
Leonardo Di Caprio nos anos 90, stalker. – Ela disse com um sorrisinho,
deixando um selinho rápido em seus lábios.
E Louis apenas assistia toda aquela cena com um sorriso no rosto porque ele
amava Olivia e ele amava Niall, e ele amava ainda mais ver como eles dois
construíam juntos um relacionamento baseado em aprender e ensinar através
de diálogos claros. Aquele pensamento o fez querer Harry ali para beija-lo
também.
– Você não tem ciúmes de mim? – O loiro perguntou com o cenho franzido, a
abraçando pela cintura fina.
– Você queria que eu tivesse? – Ela sorriu, o abraçando de volta pelo pescoço
e ficando na ponta dos pés para o olhar diretamente nos olhos. – Não ter
ciúmes de você significa que eu confio o suficiente no que nós temos para não
me sentir insegura.
– Por que você é mais nova que eu e ainda assim muito mais madura?260
– Desculpa, amor. – Harry chegou ao seu lado tirando sua atenção de Niall e
Olivia quando se aproximou, segurando sua cintura. – Tive que resolver alguns
problemas como sempre... A pior parte dessas festas é não poder ficar o tempo
todo com você.
– Tudo bem, eu aguento dividir você uma noite ou outra. – Tomlinson sorriu, o
abraçando. – Contanto que volte pra casa comigo...
– Sempre vou voltar pra casa com você. – Ele curvou os lábios pra cima em um
pequeno sorriso, inclinando o pescoço para baixo e dando um beijo em seus
cabelos. – Dance essa música comigo.
Quando Versace On The Floor do Bruno Mars começou a tocar, quem estava
dançando sozinho agora já tinha arrumado um par. Niall e Olivia conversavam
baixinho rindo e Zayn e Liam agora não estavam mais se beijando e sim
discutindo baixinho, provavelmente por alguma besteira como sempre faziam.
O abraço apertado de Styles fez Louis deitar a cabeça em seu peito, fechando
os olhos e respirando fundo o cheiro delicioso do seu perfume. As vezes
quando eles ficavam jogados no sofá de Harry, o jogador parecia ter uma ideia
brilhante quando decidia mover todos os móveis para que eles pudessem
dançar daquele jeito, colados como se fossem um só, sem musica nenhuma,
apenas suas respirações leves e o barulho das ondas e do vento.
– Toda parte sobre te namorar é a melhor parte. – Ele segurou a mão do garoto
de olhos azuis no alto, o rodopiando no ar antes de voltar a abraça-lo. – Sua
bunda é bem incrível também, não vou mentir.
– Harry. – Louis o interrompeu rolando os olhos porque sabia que ele falaria
algo sujo, então o jogador apenas deu uma risada.
Styles sempre guardaria suas piadas mais sujas para Tomlinson quando
estivesse bêbado e o garoto já estava acostumado com aquilo, mas ainda
assim provavelmente coraria e balançaria a cabeça nativamente tentando
esconder um sorriso.
– Você tem uma boca ágil. – Louis decidiu não discordar enquanto deu de
ombros.
Louis estava bêbado. E quando ele e Harry começavam a falar sobre sexo eles
tendiam a passar horas discutindo posições, coisas que Louis gostava e coisas
que Harry gostava, pontos fracos e sensíveis. "Eu gosto quando você me toca
assim", "Eu gozo mais forte quando você faz desse jeito", "Eu prefiro que você
me beije devagar" e entre outros milhares de tópicos que eram discutidos com
naturalidade e acabavam sendo resolvidos... na cama. Costumavam ser
abertos e falar sobre absolutamente tudo, e Tomlinson esperou que o
namorado fosse puxar aquele famoso assunto, mas ele nunca o fez. Por isso,
bêbado e muito curioso, o garoto de olhos azuis resolveu falar em seguida
procurando esclarecer algumas dúvidas que rondavam sua cabeça vez ou
outra.
– Quem tem que gostar é você, amor. – Ele sorriu pequeno o passando
confiança.
Harry era tudo que Louis queria e precisava em um cara, e as vezes mal
acreditava que estava de fato namorando com um garoto tão incrível como ele.
– Os banheiros daqui são limpos mesmo?
– Só estou perguntando.
– Bom saber. – Respirou fundo, sorrindo. – O que você acha de ir pegar mais
uma cerveja pra mim?
And if the sun's starts setting and the sky goes cold
Then if the clouds get heavy and start to fall
I really need somebody to call my own
I wanna be somebody to someone
Todos os olhares daquele lugar estavam vidrados nos seis amigos em cima do
palco mas eles não ligavam. Apenas dançavam com as bebidas para o alto e
cantavam com os olhos fechados. Não precisavam mudar o mundo, só queriam
mudar a maneira de vê-lo.
Então Tomlinson e Reed sentaram nos bancos de frente para o bar enquanto
Zayn tirava algumas fotos dos garotos do time e da festa e Niall o ajudava com
a iluminação. Styles estava cercado de pessoas mas o garoto de olhos azuis já
tinha se acostumado e agora achava até um pouco excitante ver o namorado
com os olhos vermelhos e pesados pela bebida falando e tentando dar atenção
a todos, até que Lying Is The Most Fun A Girl Can Have Without Taking Her
Clothes Off do Panic! At The Disco começou a tocar e Louis já não se
importava mais tanto com Harry, só queria beber e ouvir a voz de Brendon
Urie.572
– O nome dessa música é uma merda, mas quem se importa? – Olivia disse
embolando as palavras, virando um shot de tequila e se levantando do banco.
– É a porra do Panic! At The Disco.
– Você é a porra do garoto mais lindo dessa festa e eu nem estou brincando. –
Foi tudo o que ele disse com o cenho franzido e a expressão fechada, abrindo
as pernas de Louis no banco e se posicionando no meio delas apenas para
segurar sua nuca e o beijar surpreendentemente devagar, quase em câmera
lenta. – Com o beijo mais gostoso que eu já provei na minha vida inteira.
Tomlinson achava que o namorado tinha visto o garoto chegando nele e tinha
ficado bravo por isso, mas não... Harry sempre o surpreendia.
– Eu gosto de você bêbado. – Disse depois de rir alto de sua atitude repentina,
o abraçando pelo pescoço e sentindo o abraço apertado dele na sua cintura.
– Quando você percebeu que estava apaixonado por mim? – Ele perguntou
mordendo o lábio inferior.
– Dois shots de tequila para mim e para o meu garoto, por favor. – O jogador
pediu simpático ao bartender, se voltando para Tomlinson em seguida. – O que
estava dizendo?
E o garoto de olhos azuis apenas riu das palavras saindo confusas da boca de
Harry por causa da bebida, vendo ele agradecendo ao bartender quando os
dois copinhos de vidro foram colocados em cima no balção, pegando um e
dando o outro para Tomlinson.
– Vem cá. – Harry o puxou sério ainda mais para si, se aproximando do bando
e colando seus quadris. – Adoro te ver assim.
– Assim como?
Harry bêbado não costumava sorrir muito, mas o garoto de olhos azuis se
esforçava para arrancar pelo menos um.
– Como posso me sentir amarrado quando estou com você? – Ele perguntou e
aquilo funcionou porque o jogador abriu um lindo sorriso em seguida, com
covinhas e ruguinhas abaixo dos olhos.
– O amor não é difícil com você, Louis Tomlinson. – Foi tudo o que Harry disse
baixo.
E Harry não disse nada pelos próximos segundos até puxar Louis pelo braço e
os dois saírem andando no meio das pessoas, dessa vez o jogador esbarrava
em algumas delas e não parava pra se desculpar, apenas seguia em frente
sem se importar. Subiu as escadas rapidamente e entrou no camarote indo
diretamente pra o banheiro, entrando com o namorado em seguida e trancando
a porta em um segundo antes de o puxar pela nuca para um beijo quente,
urgente e apressado quando The Weeknd começou a tocar alto no andar de
baixo.
Tomlinson gemeu baixinho assim que a língua firme e macia de Styles roçou
na sua, o hálito de menta se misturava com o álcool do whisky caro enquanto o
maior apertava sua cintura mais ríspido que o normal, friccionando seus corpos
devagar mas com força o suficiente para fazer os mamilos de Louis se
enrijecerem na mesma hora contra o tecido de sua blusa. Não demorou muito
para que Harry puxasse com agilidade o flash da calça do menor para baixo
antes de com um só movimento, arrasta-la para baixo junto com a cueca do
garoto, segurando seu pau firmemente sem cerimônias e ouvindo Tomlinson
arfar em surpresa no meio do beijo quando começou a bombea-lo com força e
rapidez.
– Tira a roupa. – Louis pediu puxando o lábio inferior de Styles com os dentes
antes de deixar um pequeno beijo ali em seguida. – Eu quero junto com você.
– Sua mão é muito pequena pra nós dois, gatinho. – Styles disse com a voz
baixa e rouca antes de segurar seus membros colados e úmidos de pré gozo e
aumentar o ritmo dos movimentos com a mão.
Don't be scared
I'm right here
– Eu quero que você goze forte pra mim agora, Louis. – A voz do garoto de
olhos azuis sussurrou grave no pé do seu ouvido no mesmo instante que ele
aumentou o ritmo das estocadas contra o seu pau. – Goza pra mim. Agora.
– Você não vai me machucar, amor... – Falou com a voz melodiosa, tentando
convence-lo de um jeito que sabia que ele aceitaria, por isso segurou com
delicadeza a mão que o acariciava e entrelaçou ela entre os seus próprios fios
pintados de vermelho. – Pelo menos não de um jeito ruim... mas de um jeito
que eu vou gostar.
Então Tomlinson percebeu seu receio e por isso levou as mãos até a bunda do
jogador, empurrando seu quadril pra frente de uma vez e fazendo com que sua
glande esbarrasse novamente contra sua garganta antes de sugar suas
bochechas com força, pressionando e sugando o pênis de Harry sem tirar os
olhos dos seus. Aquilo pareceu ser o fim da linha pra o maior porque em
seguida ele intensificou o ritmo dos movimentos com o quadril, sendo
impulsionado pelas mão de Louis apertando sua bunda e bastaram-se apenas
segundos para o jogador estar estocando o seu pau na boca do namorado que
gemia alto ao mesmo tempo que ouvia os gemidos dele mais altos ainda.
Don't be scared
I'm right here4
Mais um minuto e Styles o pediu pra parar alegando que iria gozar e parando
os movimentos com o quadril, mas Louis não estava satisfeito então continuou
a chupa-lo com força, apertando sua bunda e indo fundo o suficiente para fazer
o namorado gozar em sua boca em um gemido alto e longo. Engoliu o líquido
pastoso sem pensar em seguida e aquilo definitivamente não era gostoso, mas
ele achava que seria bem pior.
– Você engoliu?
– Minha carteira está lá embaixo, diz que você tem camisinha ai, por favor... –
Harry sussurrou em seu pescoço e ele o jogou pra trás na mesma hora,
deitando a cabeça nos ombros largos do maior.
– Merda. – O garoto xingou baixo com a voz grossa, segurando sua cintura e o
impedindo de continuar os movimentos. –Vou ter que desc-
Louis nunca tinha transado sem camisinha e Harry era o cara mais prevenido
que já conheceu. Ele tinha camisinhas na carteira, nos armários do colégio, no
porta-luvas do carro, em absolutamente todo lugar, por isso agora o garoto de
olhos azuis o encarava com expectativa e nervosismo, queria fazer sem porque
confiava o bastante em Styles para isso e queria ele confiasse em Tomlinson
também.
Harry ficou calado por alguns segundos que mais pareceram horas quase o
matando de ansiedade antes de suavizar a expressão facial, deixando um
pequeno, quase imperceptível, sorrisinho divertido de lado.
– Escuta, se o problema for eu, pode ficar tranquilo porque eu fiz os meus
exames e-
– Não, não é isso. Eu também estou limpo é só que... – Ele respirou fundo,
fazendo um carinho na sua cintura com o polegar. – Hm, eu não costumo fazer
sem, sempre fui muito cuidadoso com isso.
– Tudo bem, amor. – Ele sorriu, dando um selinho em seus lábios. – Me espere
aqui então que eu vou descer e pegar a sua carteira.
– Lou...
E foi o que Louis fez com os olhos vidrados no namorado atrás de si. Abriu
bem as pernas e subiu o quadril o máximo que pode, vendo a reação de Harry
ao olha-lo daquele jeito, tão exposto. Mas o jogador não fez nada, apenas
tentou esconder um pequeno sorriso quando levou suas duas mãos para cada
banda, massageando e apertando a pele entre seus dedos antes de separa-las
para ter uma visão melhor de sua entrada rosada.
– Você gosta assim, não gosta? – O tom da sua voz grave era rouco enquanto
ele penetrava seus dedos longos em movimentos rápidos e fortes, sem
nenhum tipo de delicadeza enquanto com a outra mão segurava os cabelos de
Louis entre os dedos, que tinha apenas a boca aberta e o cenho franzido. –
Gosta quando eu sou duro com você, não é, amor?
– Babe... – Ele gemeu com a voz melodiosa parecendo um gatinho manhoso
enquanto empinava ainda mais sua bunda e Styles apenas deu um risinho sujo
antes de colocar o terceiro dedo e fazer uma lágrima escapar de seu rosto que
se contorceu em prazer. – Harry!
Tell me something that I'll forget
And you might have to tell me again
It's crazy what you do for a friend2
– M-mais rápido... – Louis gemeu segurando o pulso que estava perto da sua
nuca, vendo a feição do mais velho fechar na mesma hora.
– Harry, eu vou-
– Espere por mim. – Styles não o deixou terminar, segurando cada lado de sua
bunda e afastando-os antes de aumentar ainda mais a dureza dos movimentos
contra sua entrada.
– Você está bem? – O maior perguntou com a voz mais rouca que o normal,
acariciando suas bochechas magras. – Eu te machuquei?
– Eu te amo. – Ele sorriu de volta vendo Tomlinson bocejar. – Quer ir pra casa
e ficar deitado juntinho?
– Sim, por favor. – Pediu com a voz manhosa e olhos pesados. – Eu estou
exausto.
– Vem, vamos.
– Tudo bem, eu vou lá ver o que é. – Respirou fundo cansado, passando a mão
nos cabelos e se virando para o namorado do seu lado. – Lou, você me espera
aqui?
– Não, eu vou com você. – O menor respondeu na mesma hora e Styles não
questionou, apenas agradeceu Adams pelo aviso e desceu as escadas do
camarote de mãos dadas com Tomlinson.
Quando passaram pela multidão de jovens na pista, Louis olhou ao redor. Niall
e Olivia estavam fazendo uma competição de quem virava mais copos de
cerveja mais rápido com um pequeno grupo de pessoas ao redor deles
gritando e torcendo. Liam e Zayn dançavam um pouco afastados, o moreno
com uma coroa enorme na cabeça a capa vermelha falava algo provavelmente
sujo no ouvido de Payne, porque em seguida ele o lançou um sorriso safado
como resposta, então não tinha nenhuma novidade, toda a festa era a mesma
coisa.
O garoto de olhos azuis lembrou na mesma hora de uma conversa que tinha
tido com Harry sobre esse senhor. Ele foi motorista da família Styles desde que
o namorado se entendia por gente, levava ele e Gemma para o colégio antes
dele ter o seu próprio carro e da garota sair de casa. Quando seus pais se
mudaram para Nova York, Arthur foi junto trabalhar lá pois não tinha família,
filhos e nem nada que o prendesse nos Hamptons, sem falar do ótimo salário
que ganhava. Ele e Harry costumavam ser próximos e pareciam ter um grande
carinho mútuo.
– O que está fazendo aqui? – Harry perguntou confuso, mas feliz. – Está tudo
bem?
– Harry... Os seus pais não estão aqui, eles estão bem, mas me mandaram vir
busca-lo e leva-lo agora para Nova York. – O senhor respirou fundo com uma
feição triste e preocupada antes de dizer as palavras que arruinaram
completamente aquele dia. – Sua irmã Gemma se envolveu em um acidente de
carro nessa madrugada e ela está na sala de cirurgia nesse momento. Eles
precisam de você lá, criança.
Quando Harry soube o que tinha acontecido com Gemma ele ficou sem reação.
Encarou o senhor na sua frente por longos segundos sem expressão antes de
virar o resto para procurar o namorado, que já se aproximava com a feição
preocupada. Harry não conseguiu reagir, parecia estar em choque, quase no
automático quando Louis o puxou pelo braço e os dois entraram no banco de
trás do carro. O garoto de olhos azuis tentou se aproximar, tentou abraça-lo e
consola-lo repetindo que ia ficar tudo bem, mas o jogador parecia estar em
outra dimensão olhando para um ponto fixo, fora de si, aceitando seu carinho
mas não retribuindo, sem mover um músculo.
– Lou, acorda... - Harry disse baixinho para o menor deitado em seu colo assim
que pararam em frente ao Hospital Presbiteriano de NY. – Nós chegamos.
— Yeah... – Ele assentiu sonolento, se sentando no banco e coçando os olhos
preguiçosamente, mas já se forçando a ficar acordado pois o que viria a partir
dali não seria fácil.
– Por que você está aqui? – Harry perguntou com a cara fechada chamando a
atenção do seu pai que levantou a cabeça para encara-lo surpreso na mesma
hora, ficando de pé.
– O hospital ligou pra mim e pra sua mãe e nós viemos correndo. – O homem
disse em um suspiro triste, passando a mão pelo rosto. – Pedimos pra Arthur ir
busca-lo porque sabíamos que você iria querer estar com a sua ir-
– O que aconteceu com Gemma? – Harry o interrompeu mais uma vez e pelo
jeito que ele falava, pelo jeito que os seus olhos estavam opacos, Louis já
sabia que ele estava se segurando para não quebrar ali mesmo.
– Ela estava voltando pra casa depois de uma festa e um homem bêbado
bateu o carro no dela. – Seu pai falou. – Ela estava com o cinto, mas o impacto
foi muito forte e o seu corpo pulou pra frente. Isso é tudo o que eu sei.
– Filho...
– Harry, nós conversamos com Gemma quando voltamos para Nova York
depois daquele jantar. – Seu pai disse com cuidado. – Nós pedimos uma
segunda chance.
– Ela disse que durante todos esses anos ela esperou por aquele momento. E
ela nos deu, filho. Gemma nos perdoou.
– O quê? – O jogador deu alguns passos para trás com aquele balde de água
fria, sem acreditar no que estava ouvindo.
– Nós nos vimos todos os dias depois disso. Saímos pra passear no Central
Park, fomos ao teatro juntos, ao museu, tomamos sorvete na quinta avenida...
Nós pudemos conhecer a nossa filha nesse último mês. – Anne sorriu em meio
as lágrimas. – E ela é tão linda, não é, Des? Ela se tornou uma jovem mulher
forte e independente. Ela é incrível.
– Ela é quem é por causa de Celine. Vocês dois não tem mérito nenhum sobre
a mulher que Gemma se tornou.
– Eu sei disso e sou muito grata a Celine por ser a mãe de vocês quando eu
não pude.346
– Quando você não quis. – Ele a corrigiu e a sua mãe apenas respirou fundo,
parecendo exausta.
– Eu sinto muito, meu filho. – Algo em sua expressão e no seu tom de voz
soava verdadeiro, mas Harry ignorou isso.
– Eu sei que eu errei. – Anne voltou a dizer, ainda sem parar de chorar,
parecendo realmente arrependida. – Não foi um erro, não foram dois. Errei
constantemente todos esses anos, errei com os meus próprios filhos. Sempre
fui bem sucedida na minha profissão e durante muito tempo eu achei que isso
era tudo até finalmente perceber que eu falhei no papel mais importante na
vida de qualquer mulher. Eu fui uma mãe ruim. Eu falhei com os meus filhos e
desculpas não são o suficiente para redimir esse erro. Mas eu sinto muito, eu
sinto de verdade.834
– Por favor. – Sua mãe praticamente implorou. – Nos dê essa segunda chance,
deixe eu e o seu pai nos redimirmos pelo o que fizemos. Por favor, filho.
– Com licença. – Uma mulher bateu na porta antes de abri-a com um sorriso
simpático no rosto. – Vim atualiza-los sobre a paciente Gemma Styles.
– Está tudo bem? – Seu pai perguntou com a expressão preocupada, ainda
abraçado a mulher ao seu lado.
– Bom, o impacto da batida foi muito forte e Gemma fraturou uma das
vértebras na coluna. Infelizmente, a situação é grave. Mais cinco centímetros
pra cima e ela poderia perder a capacidade de andar. Ela ainda está na
cirurgia, teve algumas complicações, mas os médicos estão fazendo o que
podem e acreditamos que vai dar tudo certo. – A enfermeira respirou fundo,
falando calmamente e com cuidado. – Nesse momento eu sugiro que vocês
permaneçam juntos, fortes e com o pensamento positivo. A presença da família
é muito importante.
E quando a mulher saiu da sala Harry segurou o choro porque não existia
família ali. Lembrou que Louis continuava esperando no corredor e foi atrás
dele sem dizer mais uma palavra para os seus pais com pressa, encontrando-o
sentado no sofá pensativo e com a feição coberta de angústia.
– Você pode vir aqui comigo? – O garoto de olhos verdes perguntou sentindo
um nó forte na garganta e Tomlinson se levantou na mesma hora, assentindo.
– Eu preciso tentar algo.
E sem dizer uma palavra os dois andaram um do lado do outro pelo hospital e
foram parar na pequena capela do lado de fora. Estava vazia quando eles se
sentaram no primeiro banco, de frente para o altar e Harry suspirou cansado
antes de fechar os olhos com força e juntar as mãos, se permitindo rezar, coisa
que ele não costumava fazer. Não sabia no que acreditava direito mas a
sensação de desespero era tanta que soava como avenidas vazias e falar com
as paredes.
E Louis continuou sem dizer nada pois sabia que o namorado sempre ficava
um pouco distante quando algo de ruim acontecia e não era por mal, era
apenas o seu jeito de lidar com as coisas. Ficaram ali por aproximadamente
uma hora, Harry concentrado demais no que fazia, ainda sem deixar uma única
lágrima escapar e Tomlinson do seu lado afagando seus cachos e alisando
suas costas tensas. Foram os 60 minutos mais tensos que já viveram juntos,
esperando desesperadamente por uma boa notícia até que ela veio quando
Des abriu a porta da capela dizendo com um sorriso no rosto que Gemma tinha
saído e já estava no quarto.
Eles chegaram lá correndo e a primeira coisa que o garoto de olhos verdes fez
foi ficar em pé ao lado da cama onde a irmã estava desacordada e se inclinar
para baixo para encher o seu rosto de beijos leves e cheios de alívio e
felicidade. Gemma tinha alguns arranhões em seu rosto pálido, algumas
manchas escuras no braço, mas apesar disso parecia estar bem. E foi assim
que Harry ficou, sentado do seu lado segurando a sua mão enquanto Anne e
Des estavam do outro lado da cama e Louis um pouco afastado não querendo
se intrometer naquele momento de família.
– Meu Deus, eu estava com tantas saudades, irmã, eu senti tanto a sua falta. –
Styles sorriu dando beijos repetidos nas costas da sua mão. – Como você
está? Está tudo bem?
Gemma falava com a voz lenta e embolada, olhos quase fechados. Harry sorriu
ao ouvir sua resposta sem parar de beija-la nas mãos.
– O que mais?
– Seu carro está ótimo, senhorita, não se preocupe com isso agora. – O
médico sorriu, se virando para a família antes de sair dali. – Bom, eu vou deixar
vocês conversarem por alguns minutos e então Gemma vai precisar dormir
mais um pouco, ela ainda está grogue da anestesia e precisa descansar.
– Mas... eu não tenho dinheiro pra pagar isso. – Sua resposta fez Harry sorrir
fraco ao seu lado.
– Você não precisa se preocupar com isso. – Des falou, finalmente se fazendo
presente, alisando os cabelos da garota e recebendo um olhar estranho do
filhos.
– Des... Anne... – Gemma sorriu quando percebeu a presença dos pais ali,
olhando-os e segurando a mão da mãe. – Vocês estão aqui.
– Claro que estamos, filha. – Anne fez um carinho no seu pulso com um sorriso
de orelha a orelha no rosto e tudo aquilo era novo e estranho demais. – Você
está bem? Está sentindo alguma dor?
– Eu também senti a sua. – Ele beijou sua testa, não querendo sair de perto
dela nunca mais.
– Você não está horrível coisa nenhuma. – O garoto de olhos azuis sorriu de
volta, se aproximando da cama e ficando ao lado de Harry, que olhava aquela
cena com os olhos brilhando. – É um prazer finalmente te conhecer.
– Harry tem razão, seus olhos são ainda mais bonitos pessoalmente. – Ela
disse fazendo Louis corar e Harry dar uma risada.
– Ele é tímido, não faça muitos elogios na frente dos outros. – Sussurrou para
Gemma, mas todos haviam escutado.
Sua irmã voltou a olhar para os pais do seu lado e quando viu a mãe sorrindo
com os olhos vermelhos e borrados de preto, ela deu uma risadinha.
– É culpa sua, mocinha. – A mulher respondeu, limpando abaixo dos olhos com
a palma da mão e fungando. – Eu e seu pai acordamos no susto quando o
hospital nos ligou, quase vínhamos de pijamas.
Então Gemma deu uma risada gostosa e Harry não ia sorrir, mas sorriu por
causa dela. Era bom vê-la feliz, mesmo que o matasse o motivo da sua
felicidade ser os seus pais.
– Sinto muito pelo susto. – Disse ficando mais séria, olhando para Harry e
Louis. – E vocês também, por terem vindo dos Hamptons só por minha causa.
Não queria causar nada disso.
– Pare com isso, a culpa não foi sua. – O irmão beijou sua testa, carinhoso
como sempre. – E eu iria até o Japão por você.
– Eu te amo tanto.
Anne e Des olhavam aquela cena dos dois filhos emocionados. Não sabiam
que a relação deles era tão forte assim e a felicidade de ver aquilo se misturava
com a culpa de não ter presenciado esse processo.
– Vocês já conversaram? – Ela perguntou com a expressão mais preocupada.
– E não se mataram?
– Gem, não se preocupa com isso, tudo bem? – Harry balançou a cabeça. – O
que importa é que você tá bem.
– Sinto muito por não ter te contado quando tudo aconteceu, eu estava com
medo da sua reação. Depois disso tudo eu só quero que as coisas fiquem bem.
Entre todos nós. – Olhou para os pais e o irmão séria. – Cansei das brigas e
dos desentendimentos. Estou disposta a esquecer e seguir em frente.
E antes que alguém pudesse responder alguma coisa o médico entrou no
quarto novamente para esclarecer alguns detalhes sobre o pós-operatório.
– Tudo bem, ela ficará conosco. – Anne disse segurando sua mão. – Nos
voltaremos para os Hamptons, todos nós. Vamos cuidar de você até que
melhore.
– Anne, eu não sei... – Respirou fundo, virando o rosto para falar com o irmão.
– Haz, o que acha?
– Se você quiser ir, vou estar lá o tempo todo te fazendo companhia. – O
jogador sorriu. – Seria bom ter você em casa novamente, Gem.
– Tem algum problema pra vocês? – Voltou a perguntar aos pais. – Eu não
quero incomodar.
– Você não vai incomodar, filha. – Foi a vez de Des a tranquilizar. – Nós
ficaríamos muito felizes se você voltasse conosco.
Então eles tiveram que a deixar sozinha no quarto para descansar e Harry e
Louis se despediram dela pois teriam que voltar para os Hamptons. Sem trocar
absolutamente nenhuma palavra com os pais, o garoto de olhos verdes foi com
o namorado até a cafeteria e sentou em uma das mesas com cafés e
sanduíches para eles comerem antes de pegarem a estrada de volta, apenas
com conversas curtas e simples pois Styles ainda estava pensativo demais e
não tinha colocado pra fora o que estava sentindo.
– Tem várias outras mesas vazias. – O maior respondeu sem se dar o trabalho
de olha-la nos olhos.
– Então... nós queríamos conversar com você, Harry. – Sua mãe falou se
sentando com o marido de frente para os namorados.
– Eu vou deixar vocês sozinhos. – O garoto de olhos azuis mencionou se
levantar para sair dali, mas Anne o interrompeu antes que ele o fizesse.
– Não, fique. – Ela disse antes de curvar os lábios para cima em um pequeno
sorriso. – Você faz parte da família agora, não é? Está tudo bem.
– É visível o quanto você faz o nosso filho feliz e nós estamos dispostos a nos
redimir de todas as maneiras possíveis por aquela noite. – A mulher
complementou. – Sentimos muito de verdade.
– Vocês não ligaram nem uma única vez pra perguntar como eu estava nesse
último mês, vocês não dão a mínima, nunca deram.
– Eu vou precisar pensar. – Ele disse sério e na mesma hora sentiu a mão do
namorado ao seu lado se entrelaçar com a sua debaixo da mesa.
– É, ontem foi um dia longo, não foi? – O garoto de olhos azuis disse olhando
para Harry ao seu lado e fazendo um carinho em seu ombro. – Não
conseguimos dormir.
– Não tem necessidade, vamos voltar para os Hamptons. – O maior logo cortou
sua mãe, negando.
– Você prefere ir? – Se virou para Louis e perguntou baixinho, com o olhar
preocupado.
– Tchau, Sr. e Sra. Styles. – O garoto de olhos azuis sorriu pequeno, apertando
a mão dos sogros em sua frente.
Então Harry segurou a mão de Tomlinson e, sem se despedir dos pais, eles se
viraram para ir embora. Mas algo pareceu impedir o jogador porque em
seguida ele se virou de volta com um suspiro.
– Semana que vem estaremos todos em casa, filho. – Anne sorriu triste sem
tirar os olhos esperançosos dele. – Espero que a gente consiga recomeçar.
Aquilo o afetou e ele não soube ao certo o que responder, então apenas
assentiu devagar com a cabeça e saiu dali acompanhado de Louis. Pediram
um taxi para o endereço que o seu pai tinha colocado no guardanapo e eram
quase 7 horas da manhã quando desceram do carro em frente a um prédio
luxuoso na rua do Central Park. Descobriram que o Sr. e a Sra. Styles
moravam na cobertura então fizeram algum comentário bobo sobre isso no
elevador antes de finalmente entrar no apartamento, com uma senhora com um
fardamento perto e branco os recepcionou e direcionou Harry ao seu quarto.
Era luxuoso demais e aquilo tudo parecia um pouco desnecessário, mas não
comentaram nada pois era dos pais de Harry que estavam falando, então isso
já era meio que esperado. Quando Harry disse para Louis que ia tomar banho,
o menor não esperou nem um segundo pra se jogar naquela cama enorme em
um longo suspiro cansado. O jogador caminhou até o banheiro e tirou as
roupas com calma, se despindo completamente antes de entrar no chuveiro e
ligar a água quente, correndo por todo seu corpo e lavando tudo de ruim que
sentia naquele momento.
Styles não tinha derramado uma única lágrima desde que soube do acidente
de Gemma. Durante aquela madrugada agonizante ele sentiu os olhos arderem
várias vezes, sentiu um nó forte em sua garganta em diversos momentos, mas
se segurou. Não sabia o porquê, mas não tinha se permitido chorar. Mas ali,
debaixo daquele chuveiro, depois de tudo o que tinha acontecido ele finalmente
desabou. Uma mistura de medo, angústia e alívio, nem ele sabia direito o que
eram todos aqueles sentimentos, mas apenas chorou forte. Com a testa colada
em seu antebraço que estava apoiado na parede, e a água quente caindo
sobre as suas costas ele soluçava e se deixava sentir.
Estava tão perdido em suas próprias lágrimas que só percebeu que Louis
estava ali quando o menor o abraçou por trás e encostou sua cabeça em suas
costas, acariciando seu peitoral e sussurrando um "shh" baixinho, junto ao
barulho de seus soluços e da água caindo no chão. Harry sentiu Tomlinson,
com toda calma do mundo, virando seu corpo para ficar de frente para ele,
encontrando-o despido com o cabelo molhado e a expressão serena. Louis
enxugou suas lágrimas e acariciou seu rosto macio enquanto ele ia parando de
chorar aos poucos, olhos vermelhos e as mãos caídas ao lado do seu corpo.
Então Styles respirou fundo e demorou alguns segundos pra abrir os olhos
verdes brilhantes e segurar a cintura de Tomlinson com as duas mãos, o
puxando para perto.
– Nós estavamos tendo a melhor diversão na festa hoje depois desse mês
cansativo de estudos e eu estraguei tudo. – Sorriu triste, finalmente se abrindo
para o namorado. – Sinto muito por te puxar pro meio dessa confusão que é a
minha família, eu deveria ter te deixado em casa. Jay vai me matar por ter te
trazido pra Nova York assim de ultima hora...
– Eu nunca deixaria você fazer isso sozinho. E não tem o que se desculpar, já
falei com mamãe e expliquei tudo o que aconteceu. – Louis respondeu
prontamente, tentando o tranquilizar. – Eu quero estar aqui.
– Tem certeza?
E aquilo matava Louis aos poucos. Ver que Harry também tinha suas
inseguranças, ver que o garoto dos olhos verdes via sua família como um peso
naquele relacionamento, como algo ruim que Tomlinson não merecia nem
devia lidar.
– Eu tenho certeza. – Ele assentiu, acariciando sua nuca. – Quero estar aqui,
em qualquer lugar com você, sempre.
Harry sorriu. Não era o seu melhor ou maior sorriso, não era um sorriso cheio
de alegria e animação. Era algo simples, pequeno, mas muito significativo.
Para o menor, não tinha nada mais satisfatório do que fazê-lo sorrir depois de
vê-lo chorar.
– Eu te amo, Lou. – Styles sussurrou baixo porque aquilo era tudo o que ele
precisava ouvir naquele momento. – Eu amo você.
– Você viu o jeito que os meus pais falaram comigo hoje? – Sua voz rouca
perguntou, ainda olhando pra cima.
– Sim...
– Eles nunca falaram daquele jeito comigo na minha vida inteira.
– E o que isso te faz sentir? – Louis perguntou de volta pois queria induzi-lo a
dizer seus sentimentos, e não apenas expor a sua opinião.
Precisava saber como Harry estava se sentindo, precisava entende-lo e, a
partir dai, fazer o seu melhor para ajuda-lo. Styles já tinha o ajudado em suas
próprias inseguranças ao longo do seu relacionamento, agora era a sua vez.
– Quem tem que acreditar ou não é você, babe. – Tomlinson respondeu com
toda a calma do mundo. – São os seus pais, é a sua vida. Eu não posso te
influenciar em relação a isso.
– Só estou pedindo sua opinião honesta. – O fato de Harry falar sem olhar nos
olhos de Louis o agoniava.
– Por que?
– Porque eu também acreditei.
O garoto de olhos azuis o lançou um sorriso leve e quase imperceptível antes
de levar a mão a sua nuca novamente, acariciando o local porque sabia que
Harry amava e relaxava quando ele fazia isso.
– E o que tem de errado nisso, Haz? – Perguntou no mesmo tom com o cenho
franzido.
Harry Styles era forte e confiante, mas Louis Tomlinson era a única pessoa que
conhecia o garotinho cheio de incertezas que ele era por dentro.
– Eu gritei com eles, eu disse que estavam mentindo, eu falei coisas ruins para
machuca-los de propósito porque eu estive machucado esse tempo todo e
queria me vingar... mas mesmo fazendo tudo isso, eu acreditei, Lou. – O
jogador sorriu triste. – Eu acreditei no que eles falaram e eu quero me agarrar à
isso, mas sei que não posso.
– Eu não posso te dizer o que fazer, eu não vivi o que você viveu, mas eu
quero que dê certo tanto quanto você porque sei o quanto você merece isso. –
Disse tentando tirar um terço daquela angústia que o namorado sentia. –
Esqueça tudo ao seu redor... O que você quer, sun?
– Eu quero uma família. – Harry admitiu baixo. – Eu quero tentar, mas eu estou
com medo.
– O medo não pode te impedir de correr atrás dos seus sonhos, amor. Fazer
algo diferente dá medo, encarar suas incertezas dá medo, sair da zona de
conforto dá medo. Você está com medo porque já foi muito machucado e teme
que isso aconteça novamente. Mas eu acho que se no seu coração você sente
vontade de tentar, se esse é o seu desejo mais sincero, então é isso que você
deve fazer. – Continuou quando percebeu que o rosto de Styles se suavizava
aos poucos conforme ouvia suas palavras. – Um dia um lindo garoto de olhos
verdes me disse que não podemos fugir das nuvens escuras, mas que com a
gente o sol sempre volta. Não se agarre nos seus medos e nas suas
incertezas, Harry, se agarre a isso.
– E se nada der certo? – Ele perguntou, ouvindo em seguida a resposta que
tirou todos os medos, inseguranças e incertezas que assolavam o seu coração.
– Hoje não foi um dia tão feliz assim, mas isso tudo é justamente sobre ter a
certeza de que ainda estaremos aqui um para o outro nos dias bons e nos
ruins. Então não se preocupe, amor, porque se nada der certo, se o mundo cair
sobre a sua cabeça e o chão desabar bem debaixo dos seus pés... tenha a
certeza de que eu ainda estarei aqui. Eu sempre estarei aqui.
✧Forty Three
– Sun? – Louis o chamou antes de bater duas vezes na porta do quarto do
namorado e abri-la em seguida, encontrando-o sentado na cama com a toalha
enrolada em seu quadril, os cabelos molhados e o celular na mão.
Quatro dias tinham se passado desde que Harry e Louis voltaram de Nova
York para os Hamptons. Quatro dias intensos que mais pareceram quatro
meses, onde os dois praticamente só faziam estudar. Os SAT's seriam na
sexta-feira daquela semana e Gemma estava bem e estável, então Styles não
permitiu que toda aquela situação o abalasse ao ponto dele deixar de estudar
para as provas ou perdesse o foco nelas. Liam, Zayn, Niall e Olívia souberam o
que aconteceu com Gemma pelo grupo de mensagem que eles tinham todos
juntos, mas nenhum deles se viram desde a festa de Halloween porque cada
um estava ocupado demais estudando para os vestibulares.
Louis estava uma pilha de nervos, estudava o dia inteiro na casa de Harry –
pois na sua casa tinha sempre barulho pela quantidade de pessoas – e de
noite estudava um pouco mais antes de dormir, quando todos os seus irmãos
já estavam dormindo e ele conseguia se concentrar. E Harry estava... bem. As
vezes um pouco calado e pensativo demais, estava feliz pela irmã mas não
tinha dito uma palavra para Tomlinson sobre os seus pais e como estava se
sentindo em relação a eles, e o garoto de olhos azuis também não perguntou
para não invadir muito o seu espaço. Uma coisa perceptível sobre Styles
nesses últimos dias era que ele estava estranhamente manhoso e necessitado
de atenção quando se enrolava no corpo do namorado e beijava seu pescoço
nas horas que eles deitavam para descansar um pouco. Algumas vezes ele
dormiu no peito de Louis apenas sentindo-o fazer cafuné em seus cachos e a
rotina deles estava cansativa e exaustiva demais para se quer pensar em sexo.
– Oi, amor! – Harry sorriu pra ele antes de voltar os olhos para a tela do
aparelho em suas mãos. – Louis acabou de chegar!
– O que está fazendo? – O menor riu, deixando os livros que trouxera consigo
para estudar em cima da escrivaninha.
– Facetime com Gem, venha aqui dar oi. – Ele disse batendo na cama ao seu
lado e Tomlinson se sentou ali, vendo a cunhada na tela do celular.
– Hey, Gem. – Disse sorrindo, dando um tchauzinho pra câmera. – Como estão
as coisas por aí? Está se sentindo melhor?
– Oi, Lou! – Ela sorriu e ele pode ver que estava deitada na cama do hospital. –
Está tudo bem sim, me sinto melhor e mal posso esperar pra sair desse lugar
logo.
– Já disse que quando ela chegar nos Hamptons a primeira coisa que vamos
fazer é chamar seus irmãos para conhece-la e criar laços, não é, Gem? – Harry
complementou empolgado e extremamente adorável.
– Sim, estou animada para isso! Fico de alta esse final de semana, depois das
provas de vocês!
– São ótimas notícias, querida, fico feliz por você. – Louis só conseguia sorrir. –
E eu tenho certeza que as crianças vão amar te conhecer.
Sra. Styles parecia descontraída, com roupas mais simples – uma blusa lisa e
uma calça jeans –, cabelos presos em um coque e óculos de grau enquanto lia
um livro concentrada. Quando se virou para ver a tela do celular, pareceu
tomar um susto com a imagem de Harry e Louis.
– Ah, oi garotos... – Ela disse sorrindo sem jeito, tirando o óculos e arrumando
os cabelos de uma forma desconcertada. – Como estão?
– Hm... bom. – Sua sogra tossiu brevemente, incerta e quase tímida quando
voltou a falar. – Eu gostei bastante do capítulo em que ela fala que levou sua
filha ainda bebê para a entrevista de emprego e diz que explicitar suas
vontades como mãe a fez se sentir uma mulher mais empoderada...
– Essa parte é incrível também. – Sorriu mais uma vez, se virando para o
namorado ao seu lado e vendo ele o encarar com os olhos brilhando. – E pra
você, Haz? O que você mais gostou do livro?
– Eu... – Styles começou sério sendo pego de surpresa mas admirando o dom
de Louis em deixar o clima sempre agradável, mesmo que fosse com Anne
naquele momento. – Eu gosto quando Michelle conta que costumava dar uns
amassos e fumar maconha no carro do antigo namoradinho de escola dela.
Obviamente um silêncio constrangedor se instalou e Louis e Gemma
seguraram suas risadas para não deixar aquilo tudo mais estranho do que já
estava.
– Bom, enfim! – A garota disse alto, voltando a câmera para si mesma. – Des
foi comprar comida porque a gente não aguenta mais assistir tv comendo
gelatina de morango daqui e jaja ele volta, então mais tarde eu falo com você
Haz?
– Sim, assim que você ficar de alta nós iremos. – Sra. Styles concordou, dando
um tchauzinho. – Até mais, garotos!
– Isso o quê?
– Seus pais. – Respondeu como se estivesse pisando em ovos naquele
momento porque era a primeira vez que perguntava sobre aquele assunto.
– O que você quer saber? – Harry questionou baixo, tirando a toalha do quadril
e ficando completamente despido antes de colocar uma boxer preta
preguiçosamente.
– O que quiser me contar. – Louis deu de ombros, vendo Styles se aproximar
para deitar de bruços ao seu lado sem tirar os olhos dos seus. – Desde que
voltamos de Nova York você falou de Gemma, mas não mencionou como estão
as coisas com eles e... Sei lá, eu estou um pouco preocupado. Só queria saber
se está tudo bem.
– Está tudo bem... eu acho. Eles aparecem nas ligações do facetime, dão oi,
perguntam como eu estou, essas coisas... É um pouco estranho, não vou
mentir. – Sorriu minimamente enquanto encarava seu próprio dedo indicador
fazendo desenhos abstratos no peito de Tomlinson coberto pela blusa. – Achei
que eles fossem forçar a barra porque estavam um pouco... afobados demais
no dia do hospital. Mas Gemma conversou com os dois e agora as coisas
estão indo aos poucos.
– Eu acho que... Se eles querem tentar eu vou tentar. Não só por eles, mas por
mim. Eu também mereço uma segunda chance, eu também mereço ficar em
paz comigo mesmo. E eu sei que pode dar tudo errado, eles podem se
arrepender dessa ideia maluca de recomeçar assim que pisarem os pés nos
Hamptons, mas eu sei que se der certo, isso vai tirar de mim um peso que eu
carreguei comigo durante toda minha vida. Não vamos virar uma família feliz da
noite pro dia, não vamos assistir desenhos animados juntos ou conversar sobre
os nossos sentimentos... mas vamos tentar. Um dia de cada vez, nas
pequenas coisas. Vamos tentar criar uma intimidade, vamos tentar nos dar
bem e ir aos poucos e eu estou bem com isso, estou disposto a isso.
– Eu sei, eu sofri por muito tempo e não gosto de ficar me vitimizando. Passei
por umas merdas, mas já estou cansado disso. Se eu tenho a oportunidade de
me libertar desse sofrimento, porquê eu ignoraria isso? Por orgulho? Por
medo? Porra, sim, eu estou apavorado, eu não tenho idéia do que vai
acontecer e essa sensação já me deixou noites e noites sem dormir, mas eu
sou um cara que vê o copo meio cheio, então o que me conforta é saber que
eu tenho a capacidade de ver o lado bom nas piores situações, de tirar coisas
boas de todas as merdas que acontecem. Meus pais finalmente se redimiram,
e que bom que isso aconteceu aos meus dezoito anos e não aos quarenta e
oito. Não me perdoaria se eles pedissem uma segunda chance e eu recusasse,
porque... Honestamente, Lou, eu sou novo demais para guardar coisas ruins no
coração.
– Uma vez mamãe me disse que tem dois critérios pra saber que estamos
tomando a decisão certa. O primeiro é se essa decisão não vai machucar
ninguém e o segundo é se isso vai nos deixar feliz. Eu acredito de verdade que
você está tomando a decisão certa, Harry. Muitas pessoas vão opinar, vão
dizer coisas maldosas e cruéis sob o pretexto de ser honesto, mas não deixe
se enganar. – Louis sorriu para ele, desejando tê-lo mais próximo que aquilo. –
Conheça o seu coração, conheça a si mesmo e eu tenho certeza que tudo vai
ficar bem.
E Harry não respondeu nada, apenas sorriu de orelha a orelha parecendo ler
os seus pensamentos quando se aproximou ainda mais e agradeceu baixinho
no seu ouvido por estar ali, antes de deixar um beijo terno, lento e molhado em
seus lábios.
– Está ansioso pra Gemma voltar pra casa? – O menor perguntou baixo, vendo
ele se animar na mesma hora.
– Muito. Eu até falei com Celine, estou pensando em cozinhar algo pra quando
eles chegarem no sábado. – Arqueou o cenho com um sorriso cúmplice nos
lábios. – Queria que você viesse também, o que acha?
– Eu adoraria, mas acho que é algo de família, não acha?
– Claro que você é. Você, Celine, Gem, Liam, Zayn, Niall e Olívia. – Styles
respondeu, dando um risinho quando brincou em seguida. – Essa que eu estou
tentando ver se dá certo é a reserva.
– Eu estou tão orgulhoso de você... – Ele acariciou sua pele macia, inebriado
pelos seus olhos verdes brilhantes. – Você é tudo pra mim, sabe disso, não
sabe?
Harry costumava ser o parceiro que fazia elogios, que tinha confiança o
suficiente para dizer seus sentimentos o tempo todo, que era a fortaleza de
Louis. Mas desde o acontecimento do hospital ele recuou um pouco, as vezes
parecia mais vulnerável e até indefeso, enquanto o menor o tranquilizava de
uma maneira nova e extremamente adorável. A dinâmica entre os dois parecia
mais flexível, naquele ponto do relacionamento Styles não era apenas o único
forte e confiante, assim como Tomlinson não era o único inseguro e retraído,
eles podiam ser tudo isso ao mesmo tempo. E descobrir juntos a cada dia
como fazer aquilo funcionar era a melhor coisa do mundo.
– Vem aqui, babe. – Louis o chamou e assim ele foi na mesma hora, deitando
seu corpo em cima do namorado.
– Nós nos vimos todos os dias, Haz. – Louis rolou os olhos por debaixo das
pálpebras, se arrepiando sobre o toque do maior.
– Estamos nos divertindo agora. – Ele disse passando a mão pelas costas
nuas do jogador, que em resposta, rebolou novamente sobre o seu colo.
– Prometo que vamos ser rápidos. – Se afastou rapidamente para olha-lo nos
olhos com um sorriso perfeito de lado.
– Mas eu pensei em fazer uma coisa nova que você ia amar... – O jogador o
provocou enquanto passava a língua pelo lábio inferior do namorado, roçando
seus quadris mais uma vez. – Lou, por favor, eu quero sexo.
– Então controle os seus hormônios. – O menor disse isso tanto para Styles
quanto para si mesmo, quando empurrou o maior na cama ao seu lado e se
levantou dali, indo até a escrivaninha.
– O que... – Harry franziu o cenho deitado sozinho na cama sem entender nada
antes de se sentar ali e encarar Louis incrédulo. – Você acabou de fugir de
mim?
Então Tomlinson respira fundo quando percebeu o que tinha falado, passando
a mão pelos cabelos em um ato de exaustão, virando a cadeira para ficar de
frente para o jogador e encara-lo.
Então o garoto de olhos verdes se levantou da cama com um bico nos lábios,
andando em sua direção e sentando do seu lado. Louis se aproximou o
suficiente para levar as duas mãos à nuca do garoto e acariciando o local, o
olhando nos olhos.
– Você sabe como esses dias têm sido estressantes pra mim... – Ele disse
baixo. – Tem duas noites que eu durmo apenas uma hora e nesse momento
estou vivendo a base de café, então talvez eu esteja sendo um idiota e falando
coisas sem sentido. Eu sei que você nunca me obrigaria a nada, você é o
melhor namorado de todos e eu te amo. Sinto muito se sou uma péssima
companhia nesse momento, prometo que depois de sexta quando eu dormir
um dia inteiro, renovar todas as minhas energias e recuperar o meu bom
humor, eu vou te recompensar com muitos beijos e sexo, hm? Eu sinto sua
falta desse jeito, amor...
– Eu vou ficar, eu tenho você. – Sorriu minimamente mas seus olhos pareciam
mortos e cansados. – E eu te amo.
Então depois de trocar alguns beijos e carícias eles finalmente voltaram para
os livros. Como todas as outras tardes de estudo na casa de Harry, eles faziam
questões juntos, liam um para o outro e tiravam suas dúvidas entre si. Quando
estavam realmente concentrados, o tempo passava rápido demais, então as
horas pareceram voar e quando deram por si, já estava de noite. Jantaram com
Celine na mesa da cozinha em meio a conversas paralelas e engraçadas com
a senhora dizendo todas as coisas que Styles aprontava quando era pequeno,
o que rendeu muitas risadas por parte de Louis e um biquinho de birra por
parte do jogador.
O caminho até a casa de Tomlinson tinha sido silencioso, Harry como sempre
com uma mão no volante enquanto a outra ia entrelaçada nos dedos no
namorado e alguma música de Passanger de trilha sonora daquela noite de
quarta-feira.
– Não vou estar no meu melhor dia, Haz. – O menor se explicou em seguida,
acariciando a sua mão. – Talvez seja melhor você vir aqui em casa sexta
depois das provas, o que acha? Nós podemos passar o dia deitados juntos.
– Você prefere assim?
– Tudo bem então. – O jogador suspirou com os lábios curvados para cima. –
Me promete que não vai tocar nos livros amanhã?
– Você sabe que estudar na véspera da prova só vai te causar ainda mais
ansiedade, não sabe, amor? – Falou com toda calma do mundo, aproximando
as suas mão entrelaçadas para deixar um beijo leve nas costas da de Louis,
sem tirar os olhos dele.
– Eu quero que você descanse, Louis. Passe um tempo com os seus pais,
assista algum filme da Disney com as crianças, qualquer coisa. Só, por favor,
me prometa que vai relaxar.
– Isso porque nós somos os privilegiados. Existe muita injustiça nesse mundo,
Lou.
– Pensando demais sobre tudo, não é, Lou? – Harry se inclinou na sua direção
calmamente, deixando um beijo carinho em sua bochecha, e sussurrando
contra ela. – Acho que devemos começar a limpar os pensamentos ruins dessa
cabecinha teimosa, então.
– Eu te amo mais.
– Não, eu te amo mais.
– Não, eu- Brincadeira, eu não vou fazer esse diálogo ridículo com você. –
Louis se afastou e o jogador gargalhou alto pois já sabia que aquela seria sua
reação.
No outro dia eles trocaram poucas mensagens e Styles logo percebeu que o
namorado estava um pouco mais frio e sério nas respostas, talvez pelo
nervosismo. Em casa Louis tentou se distrair durante o dia inteiro, brincou com
os gêmeos, ajudou Jay a fazer o almoço, até tentou assistir algo com Dan na
tv, mas sua cabeça girava em torno da prova do dia seguinte. Quando
escureceu ele estava deitado na sua cama olhando pro nada, então encarou os
livros em cima da mesa por alguns minutos e decidiu que iria apenas revisar a
matéria só por segurança. Deixou o celular no silenciado para não ser
atrapalhado e focou nos livros por duas horas seguidas até ouvir um barulho de
batida na sua janela.
– O que você está fazendo? – Tomlinson perguntou quase com uma careta,
sem entender nada.
– Oi. – Foi tudo o que o maior respondeu com um sorriso fofo, deixando um
selinho rápido em seu lábio.
– Meu humor está uma merda, Harry, e eu preciso me concentrar. – Ele deu de
ombros, sendo sincero enquanto cruzava os braços. – Sinto muito.
– Isso é serio?
– Vem cá.
– Venha aqui, seu teimoso. – Deu duas batidinhas na cama e Louis suspirou
mais uma vez, descruzando os braços e sentando ao seu lado. – Nada do que
eu falei adiantou? Você continua nervoso?
– Não, eu até fiquei tranquilo durante o dia, mas quando vi que estava
começando a escurecer e a prova já era amanhã de manhã, eu... – Ele
balançou a cabeça negativamente, abaixando a guarda. – Sei la, é só a
ansiedade batendo.
– Olhe nos meus olhos. – O jogador pediu e ele o fez. – Sabe o que você vai
fazer hoje? Hoje você não vai tocar nos livros, porque eu vim aqui te buscar e
nós vamos pra uma fogueira na frente do Navy's, só eu, você, os garotos e
Olivia. Niall está levando os marshmellows, Zayn o chocolate-quente e eu
estou responsável pelos cobertores, então-
– Haz, eu não posso-
– Shhh, você pode tudo, gatinho. – Harry o interrompeu com a voz carinhosa,
fazendo uma carícia em seus cabelos. – Você pode largar esses livros e passar
um tempo com o seu namorado. Ai você vai ter uma boa noite de sono e
gabaritar a prova de amanhã. O que acha?
– O que você vai fazer? – Ele perguntou com a voz quase falhando pois estava
muito sensível e o jeito que Harry atrás de si esfregava sua mão grande em
seu peito era tentador demais.
– Você está quente, babe. – Styles voltou a dizer baixo, massageando seus
ombros com firmeza e cada palavra que saía de sua boca tinha um segundo
sentido. – Eu gosto de você assim.
– Você não vai fazer esforço nenhum, não se preocupe. – Disse com a voz
grave, deixando um beijo entre o pescoço e os ombros do garoto. – Quem vai
ser bom pra você sou eu.
Então Harry saiu de trás do namorado que usava apenas um short folgado e
sentou em seu colo, com as panturrilhas encostadas na cama, uma perna para
cada lado do corpo de Louis, que segurou sua cintura na mesma hora quase
instintivamente.
– Haz...
– Você gosta quando eu te beijo assim, meu amor? – Ele perguntou rompendo
o beijo com um sorriso de lado, empurrando o namorado para deita-lo na cama
e descendo o tronco para beijar sua bochecha e sua boca mais uma vez.
Louis não respondeu, apenas passou a mão pelas costas largas de Harry, que
foi descendo aos poucos os beijos pelo seu pescoço até chegar em seu
peitoral, levando a boca até seu mamilo, lambendo ele logo de início. O menor
relaxou na cama, com os olhos bem fechados, aproveitando aquela sensação
enquanto tirava o boné de Styles para levar as mãos até seus cachos, e ele
sem pressa e de maneira quase torturante, foi descendo a mão e passando
pelo tórax de Tomlinson e abdômen ate chegar na virilha, brincando com a
barra de seu short.
– Você me tem. – Harry sorriu antes de colocar a língua pra fora e contornar o
mamilo do menor com ela, sem tirar seus olhos dele.
Eles ficaram daquele jeito por alguns minutos e Styles não conseguia se
segurar, apenas esfregava seu quadril contra o de Louis, fazendo questão de
olhar pra baixo para ver com clareza o namorado se deliciando com o seu
mamilo enquanto seus olhos azuis o encaravam de volta em um olhar intenso e
quase erótico. Em um movimento ágil, as mãos de Louis desceram para a
calça do maior em cima de si, desabotoando-a e enfiando por dentro de sua
boxer, fazendo Harry quase engasgar quando sentiu a mão pequena dele
segurar seu membro duro com firmeza, fazendo movimentos lentos pra cima e
pra baixo.
– Tire suas roupas. – Tomlinson pediu com a boca colada em seu peitoral,
espalhando beijos molhados por ali.
– Eu não me importo com os garotos. – Seu tom de voz disse quase rude e
Harry gostava daquilo. – Você me provocou, agora lide com isso.
– Lidar com você? – O jogador riu fraco achando graça, abrindo os olhos
preguiçosamente e encarando Louis lambendo seu mamilo. – Eu acho que
posso fazer isso, amor... Mas temos que ser rápidos.
– Coloque seus dedos em mim, meu bem. Me prepare pra te receber, huh?
– O quê? – Ele perguntou com o cenho franzido, achando que tinha ouvido
alguma coisa errado.
– Eu te disse que queria tentar algo novo, não disse? – O jogador sorriu
pequeno e ofegante, mais lindo do que o normal aos olhos de Tomlinson.
– Porra, vem aqui. – Ele disse sério, o puxando pelo pescoço e dando início a
mais um beijo urgente.
– Se você quer mais então peça. – Tomlinson disse com a voz firme e o cenho
franzido, indo contra a entrada do namorado com mais força e ouvindo um
gemido logo em resposta.
– Mais, Lou, por favor... – Ele praticamente implorou com a voz piedosa, dando
selinhos curtos nos lábios finos do menor para convence-lo, mas não precisou
de muito.
Logo em seguida o garoto de olhos azuis penetra mais um dedo nele e dessa
vez Harry enfia seu rosto entre o pescoço e o ombro de Louis para abafar o
gemido alto e manhoso. O corpo do maior se movimentava sobre ele no
mesmo ritmo que seus dedos se estocavam em sua entrada, seus paus
deslizando um sobre o outro enquanto Styles lambia seu pescoço e Tomlinson,
como resposta, grunhia jogando a cabeça pra trás, deixando aquele ponto
fraco mais a amostra e fazendo com que o jogador chupasse sua pele com
mais vontade ainda, podendo ouvir seus gemidos se misturarem.
Depois de algum minutos assim eles já estavam chegando ao ápice juntos, por
isso Harry se afastou fazendo com que o namorado tirasse seus dedos de
dentro dele sem deixar de repetir o quando o garoto de olhos verdes era bom.
Ele subiu o tronco com a respiração pesada, voltando a sentar no colo de
Tomlinson deitado no colchão e abrindo o pacote de camisinha, colocando-a
sobre o membro pulsante do namorado com calma, mas dava pra notar que
suas mãos tremiam um pouco.
– Sem querer soar narcisista, mas se eu fosse você deixaria os olhos bem
abertos e cravados em mim... – Harry sorriu ofegante, pegando o boné em
cima da cama e colocando para trás em sua cabeça antes de inclinar o corpo
pra cima, posicionando o pau de Louis em sua entrada. – Porque eu vou
cavalgar em você agora, gatinho.
A única coisa que o garoto de olhos verdes faz é morder o lábio inferior, antes
de literalmente se sentar nele e fundir seus corpos. Um grito cortado escapa de
seus lábios e ele arqueia as costas pra trás com os olhos fechados com força e
sobrancelhas franzidas, apertando o ombro do menor com força abaixo de si.
Aquela sensação era tão nova para Louis e tão boa e diferente de tudo que ele
já tinha testado antes, que ele não sabia ao certo o que fazer, apenas apertou
a cintura de Harry com força, amando ver seu corpo magro mas definido se
contorcendo em cima dele, com aquele boné pra trás que era sua marca
registrada e uma expressão de prazer no rosto que Tomlinson nunca tinha visto
antes, pois ele parecia ter ido ao céu naquele momento.
Styles inclinou o corpo pra cima novamente e desceu mais uma vez se
contorcendo por inteiro, os dois tentando controlar seus gemidos sem sucesso,
pois era apenas impossível sentir tudo aquilo e não colocar pra fora de alguma
maneira. O jogador sobe e desce contra o membro de Louis mais umas três
vezes concentrado e com os olhos fechados com força, sem parar de apertar
seus ombros até o garoto de olhos azuis o provocar como sempre fazia.
– Você é incrível, babe, mas achei que tinha dito que iria cavalgar em mim... –
A provocação sem sua voz era clara enquanto ele descia as mãos da cintura
do maior até suas cochas grossas, apertando-as sem dó.
Harry bufou irritado e Louis conseguiu o que queria, pois logo em seguida o
maior começou a fazer movimentos circulares e firmes com o quadril. Sem
pensar muito, Tomlinson levantou o tronco da cama e colocou as mãos para
trás apoiadas no colchão para equilibrar o corpo na medida em que o jogador
começou a rebolar com mais força e violência em seu colo, os dois se
encarando intensamente mordendo seus próprios lábios inferiores e deixando
barulhos saírem roucos do fundo de suas gargantas.
Styles sabia que Louis gostava quando ele o segurava e o apertava daquele
jeito, por isso logo em seguida o garoto de olhos azuis começou a socar o
quadril pra cima e o jogador pra baixo no mesmo ritmo, em uma sincronia
perfeita enquanto o beijo virava uma bagunça de lábios, mordidas, línguas e
muitos gemidos, pois estavam perto demais de atingirem o ápice. Uma mão de
Harry segurava o pescoço do namorado enquanto a outra apertava e
arranhava seu peitoral em desespero, o barulho de seus corpos suados
subindo e descendo juntos era um estímulo para chegarem onde queriam
juntos.
– Puta merda. – Louis disse exausto, encarando o teto com o peito subindo e
descendo.
– Está brincando? – Louis deu uma risada fraca, tirando seu boné de novo e
afagando seus cachos de maneira carinhosa. – Você foi perfeito.
E o jogador o encarou de volta, sua íris verde brilhando ainda mais com uma
expressão feliz no rosto, rindo levemente em seguida.
– Por que nós sempre ficamos emotivos e nos declaramos depois do sexo? –
Perguntou deitando a cabeça no peito do menor, colocando a mão em sua
barriga e acariciando sua pele bronzeada com o polegar.
– Não sei, deve ter alguma explicação biológica pra isso. – Tomlinson deu de
ombros, encarando o teto e brincando com os seus cachos. – Você sabe que
eu sou um merda em biologia, mas tudo o que eu falei antes é verdade.
– Eu amo você, Louis Tomlinson. – Harry disse com a voz baixa, levantando
um pouco a cabeça para olha-lo nos olhos.
– Então me deixe dirigir seu Jaguar hoje. – O garoto de olhos azuis arqueou
uma sobrancelha, afinal não custava nada tentar.
– É pra me deixar excitado? Porque se você falar assim de novo eu juro que-
E o maior também riu, se inclinando para cima e colando seus lábios, beijando-
o com leveza, calma e paixão, e aqueles eram seus melhores beijos. Seus
corpos nus enroscados um no outro se arrepiavam conforme suas línguas
deslizavam uma sobre a outra em uma sincronia que eles tinham só um com o
outro.
Zayn e Liam estavam juntos como sempre, o jogador com o braço ao redor dos
ombros magros do moreno, vez ou outra falando coisas em seu ouvindo e
fazendo ele rir baixo e dar um tapinha em seu braço. Niall e Olívia também
estavam um do lado do outro, fazendo competição de quem conseguia colocar
mais marshmallows na boca e rindo até seus olhos se encherem de lágrimas
enquanto Louis e Harry apenas ficavam abraçados, as vezes trocando selinhos
e rindo dos amigos, sempre se tocando e sendo o casal mais tranquilo dos três.
Todos dividindo seus cobertores, comendo e tomando chocolate quente,
conversando sobre jogos de futebol americano, shows de bandas alternativas,
a festa que teria no sábado para comemorar o fim do ano letivo, a gatinha de
Liv cujo nome dado por Harry era de uma música do Arctic Monkeys e mais um
bando de coisas aleatórias.
– Vocês acham que vamos continuar amigos depois que tudo acabar? – Zayn
perguntou depois de um tempo em que os seus ficaram em silêncio encarando
a fogueira na sua frente.
– Respira, sweet child. – Payne deu um risinho, o abraçando de lado com mais
força e deixando um beijo em sua testa.
– Não vamos ficar tão separados assim. – Olivia disse. – Eu e Niall vamos ficar
aqui, Zayn e Liam provavelmente vão pra mesma faculdade, só Harry e Louis
que... – Quando se deu conta de suas palavras, ela tossiu levemente, dando de
ombros. – Bom, vai ser difícil, mas é claro que vamos continuar amigos.
– Ei. – Harry disse baixo ao seu lado, com a voz carinhosa. – Isso não é uma
merda, amor, isso é a vida.
– Então a vida é uma merda.
Niall deu uma risada alta e Reed arregalou os olhos na sua direção, dando uma
cotovelada na sua costela e fazendo ele calar a boca.
– A vida é incrível. – O jogador rebateu. – Ela fez Olívia derrubar vinho tinto em
Niall para eles se conhecerem, ela deu um jeito de juntar Zayn e Liam uma
única vez há dois anos atrás e depois os juntou de novo. Ela me fez ir até você
naquele dia da praia e pra mim isso é o suficiente. Vamos conseguir passar por
qualquer coisa se estivermos juntos.
– Só... me aterroriza um pouco não saber o que vai acontecer amanhã. – Louis
suspirou, confessando baixo.
A vida não era nada além de um grande ponto de interrogação e pra alguém
com ansiedade, isso era apavorante.
– Aterroriza todos nós. – Liam concordou, dando de ombros, afinal não há nada
para se fazer em relação a isso, apenas era o que era.
– Já ouvi em algum lugar que temos que começar a nos apaixonar pelo
imprevisível. – Olivia disse com um sorrisinho, tentando ajudar. – O bom e o
ruim, tudo pode acontecer.
– As vezes soa apenas difícil demais ter dezessete, dezoito e dezenove anos e
ter que viver sem saber absolutamente nada sobre a vida. – Zayn também
desabafou.
– Cada um de nós tem problemas, cada um de nós tem uma pedra no sapato,
um fardo que carrega consigo, uma batalha pessoal, aquela coisinha que nos
impede de ser inteiramente feliz. – Harry disse com um sorriso fraco e pequeno
no rosto, abraçando Louis com firmeza ao seu lado. – Eu tenho a minha família
bagunçada, Louis tem as suas inseguranças, Niall tem a situação delicada da
mãe dele, Olívia tem toda as tragédias que aconteceram em Nova York, Zayn
tem o problema com a religião e Liam toda a questão da doença... Merdas
acontecem todos os dias e somos meio que obrigados a lidar com elas, mas é
confortante saber que vamos lidar com elas juntos, certo? Temos uns aos
outros, vamos ser pessoas melhores amanhã e vamos amar o mundo como
devemos. Vamos viver e a vida vai ser boa. Vamos ficar bem.
✧Forty Four
O inverno finalmente estava chegando nos Hamptons.
Styles estava lindo, como sempre, mas naquele dia especificamente tinha algo
diferente sobre ele. Apesar de seu olhar nervoso, parecia genuinamente feliz e
animado e Louis apenas torcia para que seus pais não conseguissem estragar
aquela felicidade.
– Amor, você organizou esses talheres pelo menos trinta vezes. – O menor riu,
balançando a cabeça negativamente.
– Tem que estar tudo perfeito. – Respondeu sem olhar em sua direção,
ajeitando os guardanapos dessa vez.
– Já está tudo perfeito, fica tranquilo. – Tomlinson deu uma última olhadinha na
mesa e realmente, tudo estava lindo e em seu devido lugar.
– Eu estou nervoso. – Respirou fundo, passando a mão pelo cabelo jogado pra
trás.
– Jura? – Arqueou o cenho, estendendo sua mão pra o maior com um sorriso
leve no rosto. – Vem aqui.
Eles riram na mesma hora mas em seguida uma buzina fora da casa foi ouvida
e na mesma hora Harry parou de sorrir.
E quando saíram pela porta dos fundos, deram de cara com o enorme carro
preto parado na parte de trás da casa. Arthur, o motorista, desceu do carro
junto com Des que estava no banco do passageiro.
– Harry! – Ele exclamou rindo, dando batidinhas em suas costas. – Como está,
criança?
Louis ainda estava um pouco afastado observando a cena de longe, e pode ver
que Des olhava seu filho abraçando o motorista com um olhar curioso e quase
surpreso.
O homem assentiu, indo até o banco de trás e segurando Gemma no colo, que
usava um vestidinho branco e soltinho, colocando-a em seguida na cadeira.
– Isso é meio humilhante. – A garota disse em uma careta fazendo todos rirem,
olhando para o irmão em seguida com os braços abertos. – Hazzy!
E o jogador não disse nada, apenas sorriu e foi até ela, se ajoelhando para
abraça-la com cuidado. Ele nem saberia dizer o quanto estava feliz em vê-la
em casa depois de todos esses anos.
– Nem acredito que você está aqui. – Respirou fundo, dando um beijo na sua
testa. – Seja bem-vinda de volta, irmã.
– Também nem acredito, foi só uma semana longe de você mas já senti tanto
sua falta. – Gemma sorriu de orelha a orelha.
– Mãe... – Harry cumprimentou sua mãe de longe, apenas olhando em sua
direção, sem muita animação ou sorrisos.
Todos riram com a fala de Gemma que, junto de Louis, era a quebradora oficial
de climas tensos e o garoto de olhos azuis se juntou ao namorado
minimamente envergonhado e se sentindo um pouco intrometido de estar ali
quando era pra ser um dia de família, mas Harry fazia questão da sua presença
e Gemma e os sogros também não pareciam incomodados com ele ali. Falou
com Gemma dando dois beijinhos se certificando de que ela estava melhor e
sem dor, cumprimentou Anne da mesma forma com simpatia e naturalidade e
deu um leve e rápido abraço em Des, sempre chamando atenção com o quanto
era espontâneo e educado, fazendo o jogador ao seu lado segurar um sorriso
bobo.
– Meu Deus, parece que fazem anos que eu não venho aqui.
– Mas realmente fazem. – Harry sorriu do seu lado, alisando seus cabelos.
– Uau. – Ela suspirou, virando para encarar a mãe com o cenho franzido. –
Você mudou a decoração, Anne?
– Pelo menos umas quarenta vezes nos últimos dois anos. – Des disse
colocando uma última mala no canto da sala e Anne deu um pequeno tapinha
no seu braço, fazendo os dois filhos e o genro rirem.
– Harry, essa mesa está linda. – Sra. Styles falou observando a mesa de jantar
no outro cômodo e o garoto pareceu ser pego de surpresa com aquela
observação. – Foi você que fez?
– Está muito bem feita. – Ela assentiu com a cabeça, se virando para
Tomlinson. – Você ajudou também, Louis?
– Estão. – Ela disse checando os talheres e vendo que eles estavam em seu
devido lugar. – Vocês fizeram um ótimo trabalho aqui.
– Eu nem sabia que tinha uma ordem. – Tomlinson disse baixinho pra Gemma,
que riu.
Então o resto dos Styles entram na cozinha todos com a mesma cara de
choque trocando os olhares entre a lasanha torrada e Harry, que não movia um
músculo com sua expressão decepcionada no rosto. O silêncio no ambiente
chegava a ser agonizante, mas ele logo foi quebrado quando Louis e Gemma
se entreolharam por um segundo antes de explodirem em risadas altas diante
daquela cena deplorável, em seguida Des e Anne acabam se juntando a eles e
rindo também e a única coisa que Harry conseguiu fazer foi rir fraco, mesmo
que por dentro quisesse chorar.
– Um dia na cozinha e você quase queimou a casa, maninho, parabéns! – A
garota disse sem fôlego segurando a barriga enquanto se recuperava das
risadas.
– Gente, eu sinto muito. – Ele respondeu passando a mão pelo cabelo, olhando
novamente para a lasanha quase preta na sua frente e se sentindo triste. – Não
acredito que isso aconteceu.
– Tudo bem, Haz, o que vale é a intenção. – Louis ao seu lado disse ainda
rindo um pouco enquanto enxugava as pequenas lágrimas que se formaram no
canto dos olhos de tanto rir.
– Desculpa. – Harry falou mais uma vez, olhando para os seus pais que o
encaravam de volta com um olhar divertido.
– Não tem problema, filho. – Anne respondeu abanando a mão no ar para fazer
pouco caso. – Eu já queimei alguns almoços também, você vai superar.
– Des, está pensando a mesma coisa que eu? – Gemma encarou o pai
arqueando apenas uma sobrancelha e ele pareceu entender na mesma hora.
– Pizza?
– Pizza!
– Oh, não... – Sra. Styles negou com a cabeça. – Tem ótimos restaurantes na
cidade, nós podemos pedir um almoço decente e-
– Sei muito bem quem quer se divertir, homem. – Ela balançou a cabeça
negativamente com os braços cruzados e Gemma deu um risinho. – Tudo bem,
pizza então.
– Eu vou pedir. – O marido piscou para a mulher, tirando o telefone no bolso
antes de se virar para a filha. – Gemma, você vem?
Ela assentiu na mesma hora, saindo com o pai para a sala e deixando Anne,
Louis e Harry sozinhos na cozinha se encarando. Tomlinson tinha percebido
que o namorado viu aquela cena entre a irmã e o pai com o cenho levemente
franzido, realmente parecia que Gemma e Des tinham o mínimo de intimidade
e tudo ali era novo demais pra todo mundo.
– Eles dois adoram pizza. – Anne disse com um sorriso tímido e discreto, se
encostando na parede.
– Hm, oi, boa noite. Quer dizer- boa tarde. – Olhou no relógio dando uma
risadinha desconcertada. – Já são 12:45... Er... Eu vou querer, hm... Eu... –
Balançou a cabeça negativamente, tirando o celular do ouvido e virando para
Des em seguida. – Pai, eu fico nervosa, fala você por favor?
– Tirando o fato de que eu tenho que ficar presa nessa cadeira de rodas por
um mês? Está tudo bem. – Os dois riram juntos e ela continuou logo depois,
um pouco mais séria. – Sabe, Lou, é difícil recomeçar. Eu saí de casa quando
tinha apenas 18 anos e cortei relações com os meus pais, só mantive com o
meu irmão porque ele é de fato o maior presente que eu já ganhei na vida. Não
sou mais uma garotinha rebelde e frustrada, os anos se passaram e com eles
veio a maturidade de entender que não é esse o papel que eu quero
interpretar. Me tornei uma mulher forte, decidida e honesta comigo mesma. E
ser honesta significa aceitar a verdade dessa história toda: eu fui embora, mas
no fundo sempre quis que eles viessem atrás de mim em algum momento.
Então as coisas pra mim estão indo bem. Bem melhor do que eu imaginava,
inclusive. E um pouco estranhas também, tipo o fato de eu chamar o meu pai
de "pai" e ficar um clima meio constrangedor, sabe?
– Se serve de consolo, Gem, eu acho que ele gostou de ouvir. – Louis segurou
sua mão e ela entendeu porque Harry contava tanto com ele.
– Ah, ele amou. – Gemma concordou rindo. – Des é mais doce que a minha
mãe, acredite se quiser. Ele é engraçado e se parece bastante comigo, o que é
legal porque nós nos damos bem. Nessa semana no hospital por exemplo, todo
dia ele levava donuts escondido pra mim e me dava quando Anne estava
tomando banho, era divertido. Ela é mais séria, travada, as vezes parece estar
pisando em ovos o tempo todo, mas da pra ver que está tentando.
– Dá sim. Espero que tudo se resolva e que vocês consigam fazer isso juntos,
de verdade.
– Você vai estar conosco para ver isso acontecer, Lou. – Sua cunhada sorriu
de volta e de repente eles criaram uma intimidade que antes não existia e
aquilo era incrível. – Inclusive era justamente o que eu queria falar com você,
queria te agradecer por tudo que fez e está fazendo por Harry agora. Se eu te
contasse quantas vezes nós conversamos sobre você e ele falou "não sei o
que seria de mim sem esse garoto, Gem"...
– Bom, eu também não sei o que seria de mim sem o seu irmão, então... –
Disse e ela pareceu se lembrar de algo na mesma hora, se animando.
Então ele e Gemma batem as mãos em um high five com sorrisos cúmplices e
Louis assiste a cena surpreso e feliz pela intimidade que estavam criando,
pensando o quanto a garota deveria estar se sentindo realizada com aquilo.
– Sobre o que estão conversando aí? – Harry chama sua atenção e o garoto de
olhos azuis se vira para ver o namorado e sua mãe voltando juntos da cozinha.
– Nem me fale, eu ainda estou arrasado com isso... – Ele disse se jogando no
sofá ao lado de Louis.
– Pense pelo lado bom, se a lasanha tivesse ruim não tem como a gente saber
já que não vamos comê-la. – Tomlinson sorriu forçado para o namorado e
enquanto todos riram, Harry deu língua pra ele.
– É melhor uma lasanha ruim do que uma lasanha queimada. – Anne disse
baixinho e... ela estava tentando ser engraçada? Louis resolveu rir, por via das
dúvidas.
– Até você, mãe? – O jogador franziu o cenho para a mulher fingindo
decepção.
– Eu tenho que falar, acho que isso aconteceu de tão nervoso que ele estava,
checando o jogo de mesa de cinco em cinco segundos pra que tudo estivesse
perfeito. – Louis resolveu entregar Styles, que imediatamente o encarou com
os olhos levemente arregalados e a boca aberta.
– Ah, então quer dizer que ele queria que estivesse tudo perfeito, Lou? –
Gemma arqueou as sobrancelhas com um sorrisinho sarcástico.
– Não se junte a ela contra mim, gatinho. – Harry falou apoiando o braço no
sofá e passando ele pelos ombros o garoto de olhos azuis do seu lado.
Depois de algum tempo a pizza chegou e todos foram para a sala de jantar e
se sentaram na mesa perfeitamente posta por Harry. Anne na ponta, Harry e
Louis de um lado e Des e Gemma do outro, todos comendo e conversando
enquanto tomavam um vinho (Tomlinson se perguntou quem tomava vinho no
almoço de um sábado, mas fingiu que aquilo era normal para ele e bebeu sem
questionar).
– Harry, como estão as coisas com o Tigers? – Sr. Styles perguntou durante o
almoço, tomando um gole do seu vinho.
– Estão bem, o último jogo da temporada vai ser semana que vem.
– Então quer dizer que eu finalmente vou ver você jogar? – Gemma sorriu com
os olhos iluminados e na mesma hora Anne a encarou com olhos atentos e
cuidadosos.
– Oh, eu acho que não, querida. – A mulher disse com um sorriso sem graça e
recebendo um olhar atravessado do marido, concertando logo em seguida. –
Bom, podemos conversar com o médico primeiro, mas... honestamente, acho
difícil ele aprovar.
– Ela tem razão, Gem, a cirurgia ainda é recente, talvez não seja muito seguro.
– Harry concordou, assentindo com a cabeça. – E o ambiente não ajuda muito,
além de ter um fluxo muito grande de pessoas, o acesso de pessoas com
cadeira-de-rodas nas arquibancadas infelizmente ainda é perigoso.
– Ah, tudo bem. – Gemma tentou sorrir, mas estava claramente decepcionada
quando voltou a falar com o irmão. – O Lou me liga por facetime e eu te assisto
por lá, então.
– Bom, acho que podemos dar um jeito. – Des resolveu dizer, encarando a filha
do seu lado. – Nem que o novo médico te acompanhe e que você assista o
jogo no gramado nas coxias, o que acha?
– Eu poderia fazer isso? – Ela olhou na direção do seu pai com os olhos quase
brilhando em empolgação e expectativa.
– Precisamos ter certeza antes, mas acho que sim. – O homem respondeu
sorrindo para a filha.
Estava claro ali que Des queria fazer os gostos de seus filhos, ainda mais com
Gemma naquela situação mais vulnerável. Aparentemente ele era aquele que
dava o braço a torcer e não sabia dizer não, principalmente agora que estavam
no processo de ter seus filhos de volta e tentar recomeçar aquela família,
enquanto Anne era mais racional e firme com sua aparência de durona, mas
que por dentro sentia sim e até demais, só não demonstrava tanto por medo da
reação dos seus filhos e por achar que estaria invadindo o espaço deles mais
do que deveria. Algumas horas com aquela família e Louis já entendia a
dinâmica entre eles e o papel que cada um assumia.
– Obrigada por tentar. – Gemma sorriu com todos os dentes, alternando o olhar
entre sua mãe, seu pai e Louis. – Seria legal se fôssemos todos juntos, não é?
Alguns segundos de silêncio com Anne parecendo ser pega de surpresa até
que Harry falou com a voz carinhosa enquanto explicava.
– Sim, seria ótimo. – Ele assentiu na mesma hora, encarando Harry quase
nervoso e com expectativa. – Se você aceitar nossa presença, é claro.
– Ele tem um bom gosto então. – Seu sogro disse o surpreendendo ainda mais
quando tentou inseri-lo na conversa. – Você também assistiu o jogo?
– O seu filho me obrigou a ver, mas eu confesso que só assisti pelo show do
intervalo...
– Oh, aquele ano da Beyonce foi bem bacana. – Anne complementou, bebendo
vinho e recebendo todos os olhares da mesa. – O que foi? Eu pronunciei o
nome dela errado?
– Oh meu Deus... – Gemma tampou a boca com as duas mãos achando graça
e todos riram em seguida.
– Inclusive, Gem, amanhã nós vamos jantar na casa de Lou, o que acha de vir
com a gente e conhecer as garotas? – O jogador perguntou a irmã.
E mais uma vez Louis percebeu a troca de olhares entre ela e Des, os dois
pareciam estar constantemente se comunicando através deles, quase como se
tentassem alertar um ao outro quando algo parecia estar saindo do controle, ou
até mesmo passar algum tipo de tranquilidade, como se estivessem dizendo
que tudo bem, para irem com calma.
– Bom, eu... – Harry coçou a nuca, mas se manteve firme. – Passei a jantar lá
nos domingos.
– Então isso que importa. – Sra. Styles concluiu e estava claro o quando estava
se esforçando naquele momento, se virando para todos na mesa e encerrando
o assunto. – Alguém quer mais vinho?
– Aqui no South vai ter uma festa na casa de Liam pra comemorar o fim do
vestibular. – Harry respondeu, bebericando o vinho e dando de ombros. – No
East deve ter algum gala.
– Liam está bem. Tyler eu não sei. – Respondeu um pouco mais sério.
– Vocês não se falam mais desde que brigaram daquela vez? – Sr. Styles
franziu o cenho encarando o filho, que respondia seco.
– Não.
Se Anne ao menos soubesse o que Jones tinha feito com seu filho...
– Ele não é um cara legal, mãe, acredite em mim. – Harry disse sério sem
gostar de tocar naquele assunto.
– Me sinto mal por ele mesmo assim. – Ela continuou, olhando-o confusa em
seguida. – Você não soube?
– Soube o quê?
– Estava conversando com uma amiga esses dias no telefone e ela me disse
que o filho mais novo dos Jones está diagnosticado com leucemia. – Anne
respirou fundo. – Parece que a situação é grave.
– Meu Deus, isso é muito triste. – Harry passou a mão pelo cabelo, parecendo
realmente afetado.
Durante os oito meses que Louis e Tyler namoraram, ele não teve muito
contato com o irmão mais novo de Jones porque os pais dele aparentemente
eram extremamente rigorosos e tradicionais e o colocaram em um colégio
interno onde ele só voltava para casa nos finais de semana. Pelo o que Louis
lembrava, Travis era um ótimo garotinho, sempre foi gentil e doce nas poucas
vezes que se viram e Tyler, apesar de todos os seus defeitos e erros, sempre
foi um bom irmão para ele. Era triste e assustador pensar que Travis estava
passando por aquilo, uma criança inocente de apenas quatro anos que nunca
fez mal a ninguém. Ao ouvir aquela notícia, Tomlinson se sentiu enjoado na
mesma hora, um aperto no peito e uma vontade de chorar só de pensar se
fossem seus irmãos naquela situação. Nem conseguia imaginar como Tyler
estava, poderia ser a pior pessoa do mundo, mas Louis, que era
completamente apaixonado por todos os seus irmãos mais novos, nunca
desejaria isso pra ninguém.
– Bom, eu acho que vocês deveriam ir hoje a noite pra festa. – Gemma
resolveu mudar de assunto quando percebeu que o clima da mesa tinha
pesado.
– Não, sis, vamos ficar com você. – O jogador negou na mesma hora,
balançando a cabeça negativamente.
– Harry, nem começa, às 22hrs eu já vou estar indo dormir. Va aproveitar o fim
do seu ensino médio com todos os dramas que tem nele, nós nos vemos
amanhã.
– O que você acha? – O garoto perguntou mais baixo, se virando para Louis
que ainda estava perdido em seus próprios pensamentos.
Então Styles ponderou, encarando a irmã e os pais por alguns segundos como
se perguntasse se estava tudo bem eles saírem a noite, e Anne logo se
pronunciou.
– Você vai dirigir, Harry? – Des perguntou. – Porque se preferir eu peço pra
Arthur levar e buscar vocês.
Harry piscou na direção da irmã e ela sorriu pra ele porque ambos sabiam que
sua mãe não mudaria seu jeito tanto assim, afinal de contas. E estava tudo
bem.
– Nada disso, fique ai aproveitando sua irmã que eu lavo em cinco minutinhos
sem problemas. – Deixou um beijo carinhoso em sua bochecha antes de se
afastar dali. – Com licença.
Assim que chegou na cozinha para começar a lavar os pratos, Anne chegou
logo depois, colocando o resto da louça na pia.
– Meu marido nasceu em berço de ouro, mas eu vim de baixo então tive que
me virar como pude. – Anne deu de ombros, respirando fundo. – Mas de
qualquer forma, não é algo que eu saio falando por ai.
– Posso te fazer uma pergunta? – E de repente ela ficou um pouco mais séria,
sua expressão parecia nervosa e ligeiramente preocupada.
– Claro, Anne. – O garoto de olhos azuis assentiu simpático.
– Dá pra ver o quanto vocês se gostam. – Disse baixo e com calma para tentar
expressar tudo o que sentia. – Eu não fui uma boa mãe para o meu filho e
agora não sei como agir direito perto dele, mas... Acho que toda mulher quando
se torna mãe, mesmo a pior que seja, consegue ver e sentir quando o filho está
bem. E eu consigo ver e sentir o quando você o faz bem.
E foi a vez de Louis respirar fundo incerto, resolvendo falar o que guardava
tanto para si.
– Eu prometi a mim mesmo que eu não ia ter essa conversa com você porque
realmente não é da minha conta e eu provavelmente vou ser um intrometido
agora, mas é de Harry, meu namorado incrível, que estamos falando, então eu
preciso dizer. – Ele disse antes de começar com cuidado. – Quando Harry
decidiu perdoar você e Des ele estava muito inseguro e incerto de início e eu
fui o primeiro a apoia-lo. Eu o apoiei porque não presenciei 1/3 do que vocês
fizeram com ele. Mas deixe-me dizer, o pouco que eu presenciei, um único dia
que eu vi... não foi legal. Pra falar a verdade foi uma das coisas mais horríveis
que eu já vi. Eu amo o seu filho, Anne, e eu faço qualquer coisa para vê-lo feliz.
Então eu escolhi esquecer o que aconteceu naquele dia do jantar, eu escolhi
esquecer o jeito que ele chorou nos meus braços naquela noite como um bebê.
Eu escolhi ser agradável, escolhi puxar assunto nas chamadas de vídeo,
escolhi sorrir e tentar deixar o clima melhor sempre que puder porque não
quero ver o meu namorado desconfortável. Assim como ele, eu escolhi seguir
em frente. Eu quero fazer parte disso e eu quero que dê certo pra família de
vocês. Mas não me leve a mal, se vocês o machucarem novamente, eu juro
por Deus... Não façam isso. Não o machuquem de novo. Ele não aguentaria.
– Nós não vamos. – Anne respondeu na mesma hora e pareceu firme em suas
palavras. – Eu prometo.
– Você não tem que me prometer nada. – Arqueou o canto dos lábios em um
sorriso pequeno. – Só tente o seu melhor e orgulhe o seu filho assim como eu
tenho certeza que ele orgulha você. De novo, eu sinto muito se fui muito
invasivo, mas não consigo segurar a minha língua.
– Não se desculpe, Louis, você não tem motivos pra isso. Tudo o que disse pra
mim agora... Bom, só prova o quanto você se importa com ele.
– Vão na frente, eu vou guardar as malas nos quartos. – Des disse vendo sua
mulher se juntar aos filhos.
– Eu te ajudo, Des. – Louis resolveu dizer, afinal ele achava que seria bom o
namorado e sua irmã terem um momento a sós com a mãe.
Então enquanto ele e Des subiam as malas para o andar de cima, Anne, Harry
e Gemma também subiram e foram em cada cômodo do primeiro andar
mostrando para a garota como eles estavam depois de alguns anos e algumas
reformas inclusas. Ela não podia ficar em pé por causa da cirurgia na coluna e
Styles tinha força o suficiente para carrega-la por horas, então a cena era
quase engraçada. Quando os três chegaram em frente a porta do seu quarto,
Anne pareceu subitamente nervosa.
– Não preciso te apresentar seu próprio quarto, não é? – Ela disse tentando
sorrir enquanto abria a porta e dava passagem para Harry entrar com a irmã no
colo.
Gemma passou mais tempo que o esperado olhando ao redor, observando seu
próprio quarto em silêncio antes de seus olhos encherem de lágrimas.
– Gem? – Styles perguntou baixo para a irmã quando viu uma única lágrima
escorrer pela sua bochecha rosada, a colocando sentada em sua cama na
mesma hora.
– O que houve? – Sua mãe perguntou confusa, alternando o olhar entre ela e o
garoto. – Aconteceu alguma coisa?
– Não, não. – Gemma negou com um pequeno sorriso triste, olhando ao seu
redor mais uma vez. – É só que... Ele continua do mesmo jeito.
– Oh, você não gostou, não é? – A expressão da sua mãe caiu na mesma hora
e logo em seguida ela começou a falar rapidamente com os olhos quase
desesperados em frustração. – Eu sinto muito, eu não sabia o que fazer. Não
mudei nada porque me lembrava você e... eu tive medo que se um dia você
voltasse pra casa, se sentisse mal por achar que eu invadi sua privacidade ou
algo do tipo, por isso deixei do mesmo jeito, filha. Mas se você quiser mudar
tudo não tem problema, eu posso ligar agora pra o-
– Sim. – Ela respondeu, também sorrindo. – Eu amei, obrigada por não ter
mudado.
– Tudo bem. – Assentiu meio perdida, suspirando fundo em seguida e também
se sentando na beira da cama. – Me desculpem por... Isso é muito novo pra
mim.
– Pra nós também. – O garoto de olhos verdes disse um pouco mais sério,
resolvendo se abrir um pouco mais também. – Mas é tipo... bom estar
tentando.
– Aqui estão as coisas de Gemma. – Des entrou no quatro junto com Louis,
colocando as duas malas ali que restaram ali.
– Amor, você pegou a sacola? – Anne perguntou para o marido e ele assentiu,
entregando uma sacola grande na mão dela. – Nós trouxemos algo pra vocês
de NY.
– Vocês não precisam comprar presentes para nos agradar. – Harry balançou a
cabeça em negação, mas sua mãe logo explicou.
– Não são presentes, não lembrancinhas. E nós queremos agradar sim, mas é
com uma boa intenção.
– Isso é um assunto pra mais tarde. – Sr. Styles tentou enrolar, mudando de
assunto. – Gemma, eu gostei de quando pintou o cabelo de roxo, combinou
com você.
Não era uma pulseira Cartier, ou um colar Tiffany ou qualquer outra coisa cara
demais mas com nenhum significado. Aquele presente era simples e perfeito,
mostrava que os seus pais se esforçaram para de fato agrada-la e vê-la feliz, e
não apenas a conquistar com coisas caras.
– Não há de quê. Harry, aqui está o seu. – Sm seguida a mulher deu uma caixa
menor para o filho, que a abriu calmamente. – Não sei se ainda tem esse
hábito, mas quando você era mais novo, ler era a sua coisa favorita junto com
o futebol.
– Sim, é ótimo, eu... – Respirou fundo sorrindo para os dois por aquilo também
significar algo pra ele. – Obrigado.
– Por nada. – Anne sorriu satisfeita ao perceber que ele realmente tinha
gostado. – E Louis, nós trouxemos um pra você também...
– Sim. – A mulher então tirou da sacola uma bola toda embalada em um papel
de presente, dando em seguida em suas mãos. – Harry uma vez comentou que
você não gostava de futebol americano e sim do inglês, então...
– Oh meu Deus, eu... – O garoto de olhos azuis tentou dizer chocado, abrindo
o presente e se certificando que realmente era uma bola de futebol profissional,
encarando o namorado que não disse nada, apenas sorria. – Não precisava, de
verdade. Muito obrigada pela lembrança, eu adorei.
– Podemos colocar vocês dois para jogarem o inglês hoje no jardim, o que
acham? – Des sugeriu como se fosse uma ideia brilhante.269
– Definitivamente não.
– Seria ótimo. – Louis respondeu na mesma hora que Harry, se virando para
ele e só imaginando como seria o ver com uma bola nos pés. – Ah, isso com
certeza vai acontecer.
– O meu casal favorito da cidade! – Niall abriu a porta da casa de Liam com um
sorriso de orelha a orelha, braços abertos e uma garrafa de cerveja na mão.
– Não faz nem uma hora que a festa começou e já nos recebe bêbado? – Louis
arqueou o cenho ao lado do namorado, balançando a cabeça negativamente. –
Você é um merda, hein?
– Bem que eu gostaria, Lou, mas Olivia me mataria se eu tivesse. – Riu antes
de puxa-los um por um para um abraço.
– E aí, Ni. – Harry o cumprimentou com seu sorriso largo. – Onde está todo
mundo?
– Como as outras 57 antes dessa. – Foi o que o loiro respondeu, o fazendo rir.
– Poxa, amor... – Harry o encarou pego de surpresa porque ele que era o
anfitrião de todas as festas e dizer que suas festas eram ruins era uma ofensa
séria.
– Serviu sim, obrigado. – Sorriu, não resistindo e o puxando para mais um beijo
rápido no meio da sala repleta de pessoas conversando e rindo entre si.
– É um prazer. – Styles estendeu a mão para o tal Tristan, que a apertou com
um sorriso simpático no rosto.
– Prazer, caras. – Ele disse gentilmente, também falando com Louis antes de
passar a mão pelos ombros de Simpson carinhosamente. – Brad sempre fala
muito bem de vocês.
– Tenho certeza que ele está exagerando. – O jogador fez graça, puxando
assunto com o loiro em seguida.
– Bom, nossos amigos estão nos esperando lá fora. – Harry disse apontando
para a varanda com o polegar, se despedindo do garoto que acabara de
conhecer. – Legal te conhecer, Tristan, a gente se vê por aí.
Tomlinson também deu tchau se despedindo, mas antes que eles saíssem dali,
Harry puxou Brad para um abraço apertado e carinhoso e Louis observava a
cena com um sorriso discreto nos lábios.
– Estava me certificando de que ele iria cuidar bem de você e ele pareceu ser
um bom garoto. – Styles falou baixo para o menor escutar no meio do abraço. –
Você merece ser feliz, B.
– Onde está Zayn? – Harry questionou com o cenho franzido, afinal era quase
estranho ver Liam sem o moreno ou vice versa.
– Fazendo a oração dele lá em cima. – O garoto respondeu, olhando o relógio
em seguida. – Ele já deve ter terminado.
– Como está o processo, Payno? – Foi a vez de Louis perguntar, afinal Zayn
não costumava falar tanto sobre aquele assunto e o seu namorado era o seu
verdadeiro confidente.
– Isso é ótimo, Haz. – Olivia sorriu para o amigo, feliz por vê-lo assim. – Não
vejo a hora de conhecer sua irmã, inclusive. Duas garotas de NY, sinto que
podemos ter boas conversas.
– Ela também tá louca pra encontrar com vocês logo, mas temos tempo pra
isso...
– Tudo bem agora, foi só um susto. – O garoto disse com um sorriso fraco
enquanto sentia o moreno fazendo um carinho em sua nuca. – Minha dose do
remédio estava baixa e eu estava bebendo, por isso tive o ataque epilético,
mas agora eu já aumentei a dose e parei de beber, então vai ficar tudo bem.
– Vai te fazer bem, cara. – Harry assentiu com a cabeça. – Eu ando pensando
em diminuir a quantidade de álcool também, ser um pouco mais saudável, eu
acho.
– Babe, não foi bem assim... – Ele riu, balançando a cabeça negativamente
para os exageros de Malik. – Mas eu confesso que tudo o que queria era um
copo de cerveja agora.
– Saúde! – Niall levantou a garrafinha nas suas mãos com um sorriso para
provoca-lo.
– Garoto. – Olivia ao seu lado exclamou baixinho, beliscando seu braço e ele
murmurou um "outch!", mas a verdade é que já estava acostumado com a
namorada repreendendo suas brincadeiras.
– Como você aguenta ele, Liv? – Liam perguntou para a garota e ela apenas
deu uma risadinha, balançando a cabeça.
– Eu não sei, acredita que um dia desses ele derrubou vinho em mim de
propósito só pra se vingar da primeira vez que a gente se conheceu?
– Ele não fez isso. – Louis disse desacreditado da capacidade de Niall de irritar
sua própria namorada.
Realmente ninguém sabia de fato como eles dois continuavam juntos já que
Reed era uma garota completamente a frente do seu tempo e Horan era
apenas bobo demais. Pareciam dois opostos, mas de algum jeito davam certo
como ninguém.
– Ele fez. – Ela disse rolando os olhos, virando o rosto para encarar Niall que já
estava com aquele sorrisinho de lado charmoso e ao mesmo tempo
extremamente irritante. – Eu odeio você, stalker.
– Você não acha que já está na nossa hora? – Olivia perguntou baixo para Niall
do seu lado. – Prometeu pra sua mãe que íamos assistir o SNL com ela hoje,
lembra?
– Então quer dizer que você está se dando bem com a sogra, Liv? – Malik a
encarou com um sorrisinho.
– Dando bem? – O loiro deu uma risada sarcástica e forçada. – Olivia é a única
pessoa que faz Dona Maura rir, elas até se juntam pra falar mal de mim,
acreditam?
– Não é tão difícil de acreditar. – Louis falou baixinho e Harry deu uma risada
ao lado ao ver que Niall o respondeu com o dedo do meio.
– Está sendo legal. Quando conversamos ela é sempre tão carinhosa... – Olivia
respirou fundo com um sorriso discreto e minimamente melancólico, ajeitando o
cabelo atrás da orelha quando voltou a falar em seguida. – Ela preenche um
pouco a falta que eu sinto da minha mãe.
– Sua mãe tá cuidado de você lá de cima junto com o seu pai, amor.
E Reed não disse nada, apenas fitou os olhos azuis do namorado por algum
tempo com a expressão séria antes de sorrir e deixar um pequeno beijo em
seus lábios. Não gostava de se abrir e falar sobre seus sentimentos com
ninguém, mas Horan era o único que sabia absolutamente de tudo que se
passava em sua cabeça.
– Mas está tudo bem com Maura, Horan? – Harry resolveu perguntar, um
pouco preocupado pelo amigo.
– Ela melhorou um pouco, cara, está saindo mais do quarto o que é ótimo.
Achamos que os antidepressivos finalmente estão fazendo efeito, mas é um
processo longo. – Niall suspirou, levantando do sofá acompanhado de Olívia. –
Bom, temos que ir agora, mas nos vemos qualquer dia desses. Liguem pra
gente, ok?
E Tomlinson apenas suspirou, sem sorrir. Harry era um homem bom e Harry o
conhecia mais do que ninguém, sabia o que estava pensando antes mesmo
dele falar e aquilo era raro.
– Eu amo você, Haz.
– Faça o que você tiver que fazer, gatinho. Acho que Tyler está precisando de
alguma ajuda nesse momento. – Depois de sussurrar, Styles colou seus lábios
em um beijo suave e carinhoso. – Vá lá e seja uma boa pessoa pra ele... Você
já é a melhor de todas pra mim.
Aquele foi o incentivo que Louis precisava porque logo depois ele pediu licença
para Zayn e Liam (que agora estavam se beijando, pouco se importando com a
sua presença) se levantando e dando um último selinho no namorado antes de
começar a se afastar para sair dali.
– Ei. – A voz de Harry o chamou e ele parou de andar, virando em sua direção.
– Vou estar olhando daqui, se eu perceber alguma coisa estranha eu te tiro de
lá, ok?
Então ele não disse nada, apenas fez que sim com a cabeça e voltou a andar.
Conforme se aproximava de Tyler ficava mais nervoso porque não sabia com o
que estava prestes a encontrar ali, mas se forçou a acreditar que conseguiria
lidar com o que quer que fosse. Quando finalmente parou em pé do seu lado
que pode ver o moreno sentado no chão segurando uma garrafa de cerveja e
olhando ora baixo.
– Você está bem? – Louis perguntou com a voz baixa e calma para não
assusta-lo, vendo o garoto levantar o olhar para encara-lo.
– Eu pareço bem? – Foi a única coisa que a sua voz grave disse, sem um
pingo de emoção.
– É a única coisa que eu tenho estado nos últimos dias. – Tyler respondeu
sério, voltando a fixar os olhos o mar cheio naquela noite de sábado.
E ver Jones daquele jeito era estranho. Ele estava sempre com sorrisos
maliciosos e olhares superiores, sempre conversando sobre futilidades e
nunca, em hipótese alguma, demonstrando qualquer tipo do que considerava
"fraqueza". Agora ele estava acabado, sem expressão nenhuma no rosto e
com poucas palavras, completamente vulnerável e perdido.
– Tyler.
– O quê?
Se encararam por algum tempo e Jones continuava firme em sua frieza e
descaso, mas Louis não desistiria fácil, pois apesar de tudo, conhecia o garoto
do seu lado e sabia que no fundo estava em pedaços.
– Você não deveria estar aqui, você não deveria estar assim... – Louis voltou a
dizer baixo, balançando a cabeça negativamente enquanto o encarava com
olhos feridos. – Vá pra casa, sua família precisa de você. Seu irmão precisa de
vo-
– Por que não? – Ele perguntou sem entender, ouvindo a explicação logo em
seguida.
– Olhe pra mim. – Louis pediu e ele o fez na mesma hora. – Você tem que
parar com isso, tudo bem? Apenas pare. Você é cheio de defeitos, Jones, você
fez coisas ruins e errou praticamente sua vida inteira mas agora, nesse
momento, você não pode falhar. Ele é o seu irmão. É de Travis que estamos
falando. Ele merece que você esteja lá, você deve isso a ele. Mesmo que tenha
vontade de chorar o tempo todo assim como os seus pais, mesmo que tenha
que abrir mão de várias outras coisas superficiais, mesmo que seja doloroso
pra caralho, você deve isso a ele. – Ele dizia sentindo seus próprios olhos
arderem, ignorando esse detalhe e tentando engolir o choro enquanto falava
com firmeza. – Então seja um homem, fique sóbrio e não estrague tudo dessa
vez. Vá cuidar do seu irmão e da sua família, Tyler, isso é o mínimo que você
pode fazer.
Jones deixou mais algumas lágrimas escaparem eventualmente, mas não
chorava. As enxugou fortemente com a palma da mão e desviou o olhar mais
uma vez para a praia, um pouco envergonhado por alguém o ver naquele
estado.
– Nós vamos embora dos Hamptons. Eu desisti da minha bolsa na NYU e não
fiz as provas do SAT's, então não vou entrar em nenhuma faculdade ano que
vem. – Ele disse calmamente, surpreendendo o ex namorado do seu lado. –
Vamos nos mudar pra Suíça pra cuidar da saúde dele, parece que lá tem a
melhor rede de oncologia infantil no mundo, então...
– Sim, ele é um garotinho incrível e forte, tenho certeza que vai lutar contra isso
o máximo que puder e vai sair vitorioso. – Quando disse isso, Tyler o olhou por
um tempo e curvou o canto dos lábios em um sorriso discreto, então Louis
sorriu de volta sentindo que tinha feito tudo o que podia, se levantando do chão
em seguida enquanto falava. – Eu tenho que ir agora, então... Boa sorte com
tudo.
Ele tentou sair dali para se certificar que nada ficasse mais estranho do que já
estava, mas Jones o interrompeu antes que pudesse ir embora.
Foi a vez de Louis respirar fundo. Então Tyler tinha conversado com Harry mais
cedo?
– Quando você conversou com Harry, o que ele te disse? – Ele questionou a
única dúvida que pairou em sua cabeça, já imaginando a resposta mas
querendo ter certeza.
– Ele disse que já tinha seguido em frente, e desejava que eu fizesse o mesmo.
– Jones respondeu exatamente o que Louis imaginava.
Ouvir aquelas palavras pareceu o afetar de alguma forma, pois seus olhos
escuros se perderam por alguns segundos e ele encarou o chão por um tempo,
voltando a falar logo depois.
– Se você realmente me amasse, não faria todas essas coisas. – Louis negou
com a cabeça.
Então os dois sustentaram o olhar por algum tempo, até o jogador quebrar o
silêncio mais uma vez.
– Não foi por você, Louis. – Jones disse simplesmente e a expressão em seu
rosto era indecifrável. – Não foi por você que eu estive apaixonado esse tempo
todo.
–Do que está falando? – Tomlinson não estava entendendo mais nada,
encarando o maior com o cenho franzido em confusão. – Foi por quem então?
Tyler não disse nada, apenas desviou o olhar encarando um ponto fixo mais
afastado dali. E quando Louis olhou na mesma direção, ele percebeu o jeito
que Jones encarava Harry, o seu namorado.
– No começo eu achava que estava com inveja dele... Até perceber que na
verdade eu estava com inveja de você. – O moreno voltou a dizer, chamando
sua atenção e o olhando nos olhos. – Eu não queria você, Louis, eu queria ser
você.
– Bom, eu já vou indo. – Jones coçou a parte de trás da nuca sem jeito quando
Harry parou ao lado do namorado, com o braço ao redor dos seus ombros. –
Foi bom conversar com você, Louis. E com você também, Styles. Sejam felizes
vocês dois.
E Louis apenas alternava o olhar entre eles dois extremamente confuso, mas
Harry não parecia fazer ideia do que Tyler tinha acabado de falar antes dele
chegar ali.
– Boa sorte pra você e sua família, cara. Estamos todos torcendo pra que dê
tudo certo com o seu irmão. – O garoto de olhos verdes se aproximou dele e os
dois apertaram as mãos, batendo os ombros um no outro em uma espécie de
abraço antes de Harry sorrir pra ele e falar aquelas duas palavras que se
tornaram o cumprimento de todos os jogadores do time durante os quatro anos
do ensino médio. – Go tigers.
– Você está bem? – O maior perguntou, ficando de frente pra ele e segurando
sua nuca delicadamente.
– Sim... eu acho. – Ele respondeu respirando fundo. – Esse dia já foi louco
demais pra mim.
– Pra mim também.
– O que você e Tyler conversaram hoje na cozinha? – Questionou na mesma
hora. Será que Harry sabia dos sentimentos de Tyler por ele?
– Nada demais, ele só pediu desculpas e disse que ia sair dos Hamptons. –
Seu namorado respondeu meio confuso sem entender e Louis já sabia que ele
estava falando a verdade. – Por que?
– Só curiosidade.
Não iriam dormir juntos naquela noite, então quando Harry finalmente
estacionou o carro em frente a casa de Louis eles se encararam com sorrisos
pequenos e carinhosos porque realmente amavam as conversas no carro e
aquele tinha sido um dia bom, e as despedidas nos dias bons não eram tão
dolorosas.
– Vem aqui? – O jogador pediu dando dois tapinhas no seu próprio colo,
afastando um pouco o banco do motorista.
O garoto de olhos azuis riu rolando os olhos e indo até o namorado, sentando
de frente pra ele sem dificuldade pelo espaço confortável que o carro tinha,
colocando as mãos no peito do maior que tinha as suas pousadas sobre as
coxas grossas de Louis, acariciando-as calmamente enquanto o olhava
fixamente nos olhos agora com a expressão séria, mas de um jeito
extremamente sensual.
– Você é ridículo. – Tomlinson disse baixo segurando um sorrisinho enquanto
balançava a cabeça negativamente.
– Você gosta. – Foi tudo o que ele respondeu antes de se inclinar para frente e
colar suas bocas rapidamente.
Harry e Louis adoravam se beijar. Tinham uma rotina sexual ativa e a transa
era ótima, nunca gozavam tão forte e gostoso antes como gozavam quando
estavam juntos e aquilo era incrível, mas uma coisa que perceberam juntos em
uma de suas mil conversas sobre sexo, era que seus melhores orgasmos
aconteciam quando estavam em posições em que pudessem se beijar, e não
tinha nada tão bom nesse mundo do que gozar beijando a pessoa que você
ama. Os beijos eram deliciosos. Eram quentes, e molhados na medida certa,
as vezes suaves e apaixonantes, as vezes urgentes e que tiravam o fôlego. Os
lábios grossos e bem desenhados de Harry pareciam ter sido feitos para os
finos e avermelhados de Louis, eles se encaixavam perfeitamente em uma
fricção que fazia os dois se arrepiarem dos pés a cabeça, as línguas eram
macias e sempre estavam em um ritmo perfeito, amavam puxar levemente o
lábio inferior um do outro com os dentes de forma sensual antes de suga-los e
chupa-los enquanto suas mãos se aventuravam pelo corpo um do outro.
Aquele momento no carro era o tipo de momento preferido entre os dois, não
precisavam estar de fato transando (se estivessem, só iria ficar ainda melhor),
mas o jeito que o corpo de Louis encaixava no colo de Harry era digno de uma
pintura renascentista enquanto se beijavam com força e o menor tinha as mãos
entre os fios cacheados e bagunçados de Styles, puxando-os na medida em
que o jogador apertava firmemente suas coxas antes de levar as mãos, que
praticamente trabalhavam sozinhas, até a bunda de Tomlinson, apertando o
local com vontade e recebendo uma rebolada leve e precisa contra o seu pau
coberto pelas roupas que usavam, mas que já estava dando sinal de vida.
– Você está me deixando duro... – Harry alertou com a voz baixa e grave,
descendo beijos pelas bochechas, mandíbula e nuca de Louis.
– Oops. – Ele respirou fundo tirando forças que nem sabia que tinha para se
afastar do namorado, o encarando com a respiração ofegante. – É melhor
parar por aqui ou você vai ter que resolver esse problema sozinho quando
chegar em casa.
Styles riu fraco e até os seus olhos sorriram encarando o namorado com a
expressão radiante porque lá estava ele ofegante com a boca inchada e mais
rosada que o normal, bochechas coradas e a franja bagunçada caindo em seus
olhos.
– Você é lindo, sabia? – O maior disse encantando com um sorriso bobo o
observando e tirando a franja da frente do seu rosto com toda delicadeza do
mundo.
– Yeah, você é bem repetitivo quanto a isso. – Louis rolou os olhos brincando e
arrancado mais uma risadinha do namorado.
– Eu jurei que você ia falar alguma coisa sexy e você falou do carro? –
Balançou a cabeça negativamente. – Sério?
– Por mais que eu queira... – Louis se aproximou ainda mais apenas para
deixar um selinho rápido em seus lábios. – Sem chances de fazer isso agora.
– Então amanhã você é todo meu? – Harry perguntou com um sorriso fofo
enquanto segurava sua cintura fina e a acariciava com o polegar.
– Não, amanhã você vai passar tempo com a sua família.
– E com você.
– Não consigo fazer isso sem você. – Styles insistiu, fazendo um biquinho.
– Não diga isso, você sabe fazer várias coisas sem mim. Tipo ser uma droga
no fifa e no futebol inglês, queimar uma lasanha e entre outras coisas...
– Ha ha. – O jogador riu sem humor, rolando os olhos e voltando a ficar sério. –
Sério, Lou, o que eu vou fazer sem você do meu lado me encorajando a falar
com eles? Ou você puxando assuntos aleatórios e interessantes e
indiscretamente perguntando a minha opinião sobre como se você já não
soubesse?
– Cara, eu sou bom nisso, não sou? – Disse ainda rindo e se sentindo
orgulhoso de si mesmo, afinal todas as vezes que tinha feito, tinha dado certo.
– Você é bom em várias coisas, por isso eu te amo. – Styles piscou em sua
direção, suspirando. – Mas tudo bem, vou passar o dia com os meus pais mas
a noite eu venho com Gemma para o jantar, ok?
– Caramba, amor. – Louis deu uma risadinha baixa, voltando a ficar com a
coluna reta para olha-los nos olhos. – Parece ter sido uma ótima conversa
então.
– Estamos indo aos poucos. – Harry também sorriu fraco. – Devo dizer que eu
acho a coisa mais linda você conversando com eles tão naturalmente e com
tanta espontaneidade... Nunca pensei que fosse gostar tanto de te ver se
dando bem com os meus pais.
– Eles não são tão ruins assim. – Fez graça, o fazendo rir.
– Fique a vontade.
– O que você conversou com mamãe quando ficaram lavando a louça juntos? –
Styles perguntou cuidadosamente e atento ás reações do menor.
– Opa, deu a minha hora. – Louis sorriu forçado na mesma hora, saindo do
colo de Harry rapidamente e indo para o banco do passageiro.
– É coisa é genro e sogra, não me faça falar. – Ele pediu com um biquinho que
fazia de propósito para Harry ceder.
– Ok. – E Harry cedia fácil, suspirando mas ainda estava curioso. – Posso
apenas saber se foi tudo bem?
– Foi tudo ótimo, eu juro de dedinho. – Louis estendeu o dedo mindinho para o
maior que deu de ombros fazendo o pinky promisse vendo o garoto de olhos
azuis sussurrar em seguida como se estivesse contando um segredo. – Ela até
sorriu pra mim.
Harry sorriu verdadeiramente, coisa que ele fazia com costume quando estava
ao lado de Louis.
– Eu te amo pra caralho, gatinho. – Styles segurou o rosto do menor com as
duas mãos, fazendo questão de se aproximar o suficiente para seus olhos
verdes se misturarem com os azuis dele. – Você não tem ideia do quanto sou
louco por você.
– Com certeza não, sonhos eróticos são a sua especialidade, não a minha.
– Que babaca! – Então Tomlinson sorriu com a boca meio aberta em surpresa,
lhe mostrando o dedo do meio e batendo a porta.
– Lindo! – Harry respondeu alto com o mesmo sorriso quando abaixou o vidro
para vê-lo caminhando para dentro de casa. – Mande um beijo pra todo mundo
por mim!
E Louis não respondeu, apenas sorriu uma última vez antes de entrar em casa,
encontrando ela vazia e escura. Foi na cozinha e colocou cereais em uma tijela
com um pouco de leite, comendo enquanto subia calmamente as escadas,
ouvindo um barulho vindo do quarto das garotas e já imaginando do que se
tratava, abrindo a porta logo em seguida.
– Noite das garotas? – Ele perguntou encontrando Lottie, Felicite e as gêmeas
conversando com baldes de pipoca e chocolate ao redor delas, esmaltes e
maquiagens espalhados pelo chão. – Posso me juntar?451
– Onde ele está? Não vai dormir aqui hoje? – Charlottie estranhou com o cenho
franzido.61
Então eles entraram em uma longa conversa sobre Gemma e seus cabelos
coloridos e sobre o fato de morar em Nova York e as garotas já a viam como
uma deusa, o que era engraçado. Ficaram ali juntos por mais uma hora
batendo papo e Louis ouvindo elas desabafarem sobre suas vidas amorosas
(descobrindo inclusive que Phoebe e Daisy já tinham paqueras na escola o que
podia ser um pouco preocupante) e as aconselhando como podia, sendo um
pouco rígido afinal de contas eram suas irmãzinhas e ele tinha o dever de
cuidar delas e cuidava com o maior prazer do mundo. Todos seus irmãos
significavam absolutamente tudo pra ele e não conseguia se imaginar sem
nenhum deles.910
Quando foi dormir já era uma e pouca da manhã estava exausto, apenas deitou
e capotou na mesma hora, mas foi acordado pelo seu celular tocando no meio
da noite e quando viu o relógio marcando três da manhã e o nome de Harry
piscando na tela ele já imaginou qual podia ser o motivo daquela ligação.508
– Oi, amor... – Styles disse baixo do outro lado da linha assim que o menor
atendeu. – Desculpa ligar essa hora, você estava dormindo, não estava?86
– Oi... Não, pode falar. – Sua voz soou rouca pelo sono e ele coçou os olhos se
forçando a continuar acordado. – Tá tudo bem? Você está bem?100
– Haz, eu já acordei, você pode falar. – Tomlinson insistiu com a voz carinhosa
para o convencer daquilo. – Preciso colocar Vienna pra tocar?368
– Não dessa vez, Lou. – E Harry parecia realmente aliviado ao falar aquilo. –
Não é nada demais... Não é ansiedade nem nada do tipo. Não é um sentimento
ruim ou um desabafo ou... é uma coisa boa, eu acho. Eu estava deitado sem
conseguir dormir e pela primeira vez isso aconteceu porque eu estava feliz, e
não porque estava triste.802
– Depois que eu te deixei, quando voltei pra casa eu encontrei minha irmã e
meus pais assistindo As Branquelas na sala comendo pipoca e me juntei a
eles. Estávamos afastados, eles estavam em um sofá e eu e Gem em outro,
mas quando chegou naquela parte que o Terry Crews canta A Thousand Miles,
Des e Anne riram e olharam pra mim porque quando era um garotinho eu
amava essa música e costumava imitar essa cena o tempo todo. E isso me fez,
tipo... feliz, eu acho? É, me fez feliz. Eu parei pra pensar sobre como as coisas
estão de uns meses pra cá e sinto que a minha vida está se ajeitando aos
poucos desde o dia que conversamos pela primeira vez na praia e eu fui dormir
pensando em você. Acho que hoje eu finalmente gosto das coisas como elas
estão, gosto dos pequenos gestos. – Ele respirou fundo e Louis tinha certeza
que estava sorrindo naquele momento. – Foi aí que eu percebi... Não preciso
de um grande milagre na minha vida, eu tenho o bastante. Eu tenho você.1.6K
– Harry... – O menor suspirou sendo pego de surpresa, sentindo mais uma vez
um friozinho na barriga gostoso. – Eu quero estar aqui pra tantas coisas
ainda... Nós vamos conquistar o mundo se estivermos juntos, eu tenho certeza
disso.498
– Você sabe que eu amo os seus olhos, não sabe, Louis? – Perguntou depois
de alguns segundos em silêncio. – Que eles se parecem como o oceano pra
mim?
– Sim, amor. – Tomlinson lembrava bem daquelas palavras. – Você disso isso
na primeira vez que nos beijamos e eu nunca esqueci.
– Eu penso neles o tempo todo, sabia? Quando eu não consigo dormir, quando
estou ansioso demais, quando algo está tirando a minha paz... Eu
simplesmente fecho os meus olhos para pensar nos seus. E minha mente
consegue ser boa demais comigo, porque ela consegue imaginar
perfeitamente, Lou. Eu consigo te imaginar perfeitamente aqui na minha frente
agora, seus olhos estariam brilhando e encarando os meus e você estaria
fazendo aquela coisa quando aperta os lábios em um sorriso tímido, quase um
biquinho. Eu amo esse sorriso seu.
– Você não precisa me imaginar, sun. – Sorriu fraco com a voz suave. – Eu
estou bem aqui.
– Por enquanto. Uma hora eu vou precisar te imaginar e quando essa hora
chegar eu... – Styles deixa a frase no ar, parecendo se arrepender de
verbaliza-la quando respirou fundo, recomeçando. – Esquece isso, não sei
mais o que eu estou falando. Só queria ligar pra dizer que você me faz feliz e
agora a vida me faz feliz também. E isso é bom.
Então eles ficaram alguns minutos em silêncio e agora Louis já não estava
mais com sono, estava mais acordado do que nunca enquanto ouvia e
apreciava o barulho da respiração leve e profunda de Harry do outro lado da
linha que só fazia o seu coração aquecer e ter a certeza de que, independente
de qualquer coisa, daria um jeito de ouvir aquela respiração do seu lado antes
de dormir pro resto da vida.
– Gatinho...
– Sim?
"Querido Louis,
Parabéns! Nós do Comitê de Admissão Ivy League temos o prazer de
comunicar que a sua aplicação foi considerada com sucesso. Você se
destacou e nós ficamos impressionados e inspirados pela sua paixão,
determinação e realizações. Reconhecemos e comemoramos tudo o que você
trabalhou pelas boas notícias que esta carta traz.
Estamos ansiosos para tê-lo conosco no próximo ano.
Muitas felicidades,
Universidade de Princeton."
– Então o meu filho é um Ivy League agora? – Jay disse ainda com os olhos
brilhando e um pouco úmidos pelo choro, depois que a família tomou o café da
manhã conversando animadamente e comemorando aquela conquista. – Não
estou acreditando que recebemos essa notícia maravilhosa em um dia tão
especial.
– Vai ter mais um motivo pra ser grato hoje, Lou! – Phobe disse animada.
– Você merece, cara. – Dan sorriu para o enteado, dando batidinhas em seu
ombro. – Nós vimos de perto o quanto se esforçou pra isso, agora é a hora e
colher o que plantou durante todos esses anos.
– Você já falou pro Harry? – Fizzy perguntou curiosa, afinal o irmão tinha
acabado de mostrar a carta e contar tudo, mas não mencionou nada sobre o
namorado.
A ida até a casa de Harry foi rápida já que a sua mente fez o bom trabalho de
recapitular os últimos acontecimentos das duas semanas que se passaram, e
quando viu já estava estacionando a picape no jardim da casa do namorado,
sentindo o vento forte e gelado bater contra seu rosto assim que saiu do carro,
caminhando para a porta dos fundos e dando duas batidinhas torcendo para
que alguém abrisse rápido e ele não congelasse ali fora, mas logo em seguida
Des o recebeu com um sorriso surpreso no rosto.
– Tenho esse hábito de acordar cedo. – Ele sorriu vendo Anne com seu pijama
elegante e xícara de café nas mãos sentada em um dos banquinhos da ilha
que ficava no meio da cozinha. – Feliz dia de Ação de Graças!
– Feliz dia, querido. – A mulher sorriu de volta simpática, dando dois beijinhos
no genro. – Como você está?
– Claro que não, fique a vontade! – Anne balançou a mão no ar, o incentivando
a subir. – Depois peça para ele descer e comer alguma coisa, ok?
O garoto assentiu deixando o celular e a chave do carro em cima do balcão da
cozinha, pedindo licença antes de subir as escadas ansioso pra contar logo pra
o namorado sobre a sua aprovação, mas quando abriu a porta do quarto dele
com cuidado para não fazer barulho, tudo o que ele menos queria fazer era
acorda-lo naquele momento. O quarto estava escuro e gelado demais, Harry
dormia em um sono profundo todo enrolado no cobertor grosso só com a
cabeça pra fora enquanto seus cachos estavam bagunçados sob o travesseiro
e ele ficava lindo daquele jeito. Olhos fechados por cima de seus cílios longos,
a boca minimamente aberta e uma expressão pacífica e relaxada. Louis sorriu
sozinho, trancando a porta atrás de si e tirando seu casaco e seu tênis antes
de andar calmamente até a cama de casal e se deitar ali, se cobrindo com
aquele edredom fofo e aconchegante e se aproximando de Styles até o abraçar
por trás com delicadeza, percebendo que o garoto de olhos verdes dormia
pelado e segurando um riso por isso. Harry deu um gemidinho baixo do fundo
da garganta quando sentiu o abraço e logo em seguida Tomlinson começou a
deixar beijos carinhosos em seu ombro nú, até ele acordar depois de alguns
minutos.
– Lou... – Ele disse com a voz rouca e grave devido as horas de sono, em um
tom sonolento. – Eu estou sonhando?
– Não, doce. – Louis respondeu com uma risadinha baixa, acariciando seu
braço e dando mais um beijinho entre o ombro e o pescoço do maior. – Eu tô
bem aqui.
– Já são 9:30 da manhã e eu quis vim te ver. – Tomlinson disse com a voz
carinhosa e Harry apenas curvou os lábios para cima em um sorriso satisfeito
sem mostrar os dentes.
– Sim, ereção.1.8K
– Boa sorte com isso. – Tomlinson deu uma risadinha, se sentindo confortável
debaixo daquele cobertor quentinho e desejando não sair dali nunca mais.
Logo depois Louis conseguiu ter a visão do namorado em pé de costas pra ele
enquanto escovava os dentes calmamente com uma mão enquanto a outra
estava apoiada na bancada de granito e ele encarava seu próprio reflexo no
espelho. O corpo de Harry era lindo o suficiente para chamar atenção de
qualquer um, suas pernas eram longas e torneadas, suas coxas relativamente
grossas faziam o menor lembrar do quanto amava sentar nelas, sua bunda
branca não era grande, mas era muito bem desenhada. Suas costas eram
largas e bronzeadas e a pele era macia e sedosa, a curva de sua espinha era
de alguma forma atraente e olhar para ele era como olhar para a pintura mais
bonita de um museu.
– É inevitável. – Louis deu de ombros afinal era mesmo, vendo o jogador rir e
cuspir na pia em seguida.
– Você pode dizer que eu sou um gostoso do caralho, eu sei que é isso que
está pensando... – Ele disse com a voz arrastada antes de jogar um pouco de
água no rosto.
– Isso serve também. – Ele respondeu com seu típico sorriso charmoso de lado
enquanto andava até o namorado, se jogando na cama debaixo do cobertor e
puxando Tomlinson até terem seus corpos colados.
– Não vai botar uma roupa não? – O menor questionou rindo e acariciando o
peito de Harry enquanto ele segurava sua cintura firmemente.
– Eu recebi a carta de Princeton hoje. – Assim que falou com a voz baixa pode
ver o namorado arregalar os olhos, sendo pego de surpresa. – E eu entrei,
Haz.
Então ele o puxou ainda mais pela cintura e Louis levou os braços ao redor de
seu pescoço em um abraço apertado enquanto Harry murmurava "meu Deus"
repetidamente e "eu sabia" enquanto distribuia beijos nos ombros, pescoço,
mandíbula e bochecha de Tomlinson que apenas ria em felicidade.
– Yeah, me fale sobre isso. – O menor arqueou o cenho quando Styles subiu
em cima do seu corpo sem nenhum tipo de cerimônia com uma perna para
cada lado do seu tronco.
– Posso fazer melhor... – Ele disse com a voz rouca e o sorrisinho malicioso
que Louis tanto gostava antes de, com toda calma do mundo, segurar os
pulsos do garoto e prende-los acima de sua cabeça, o impedindo de se mover
enquanto se aproximava até colar suas testas e sussurrava em seguida. –
Posso te mostrar.
E quando colaram seus lábios não havia qualquer tipo de cuidado ali, havia
urgência, luxúria, desejo e excitação. Tomlinson não conseguiu segurar um
gemido baixo quando o namorado completamente nú em seu colo se esfregou
sobre ele em meio ao beijo desesperado e para alguém que já tinha acordado
com uma ereção, se livrar dela naquele momento parecia perfeitamente
oportuno.
O jogador pareceu se lembrar que ainda segurava seus pulsos, então soltou
um risinho e apenas se afastou o soltando e sentando em seu colo tirando o
cobertor de suas costas e encarando o namorado abaixo de si com o cabelo
bagunçado e a franja caindo sobre seus olhos.
– Tira a roupa. – O maior falou sério, o olhando com desejo e pensando nas mil
posições que poderiam testar juntos naquele momento, enquanto afastava a
mecha de cabelo castanho do rosto de Louis com cuidado.
– Você quem deu a ideia, então tire você. – Tomlinson disse com as pálpebras
fechando e abrindo lentamente para provoca-lo, mas Harry apenas sorriu.
– Tá muito frio aqui. – Louis disse sentindo todo seu corpo se arrepiar quando
estavam igualmente despidos.
– Hm, acho que posso resolver isso. – Styles sorriu com o lábio inferior entre os
dentes e voltou para o seu colo, cobrindo seus corpos até estarem
praticamente escondidos entre os cobertores.
Voltaram a se beijar com volúpia, e aquele clima era agradável para ambos. A
neve estava caindo levemente do lado de fora, o quarto estava escuro e gelado
por causa do inverno, mas juntos debaixo dos cobertores eles se aqueciam
mais do nunca quando Harry sarrava em cima dele com seus membros se
tocando e deslizando um sobre o outro, espalhando o pré gozo com facilidade.
A mistura de beijo molhado com gemidos baixinhos que vinham do fundo da
garganta e causavam arrepios era a combinação perfeita para chegarem ao
ápice juntos em mais alguns minutos, mas o maior se afastou do nada, tirando
o lençol sobre eles e se inclinando para o lado para pegar na gaveta da
mesinha de cama um pacote de camisinha e um potinho lubrificante.
– Direto ao ponto, huh? – Louis riu ofegante apoiando os cotovelos na cama e
observando com olhos ardentes o namorado em seu colo colocando a
camisinha cuidadosamente em seu próprio pênis.
– Não temos muito tempo, gatinho. – Styles também sorriu rápido piscando em
sua direção quando já estava devidamente protegido, se deitando ao lado do
menor que o encarou confuso. – Vira pra lá, eu quero te comer de lado.
Seu sorriso adorável naquele momento era o oposto de seu olhar brilhando em
luxúria e seu vocabulário chulo que Louis apenas amava demais, então ele
nem se deu o trabalho de responder, apenas virou de lado ficando de costas
para o jogador que não demorou muito para se aproximar, colando seu tronco
em suas costas. Sua mão livre caminhou sem pressa até o membro de
Tomlinson, descendo pelo seu peito, abdômen e virilha até finalmente segura-
lo entre os dedos em um aperto firme na mesma hora em que posicionava a
sua ereção na bunda dele, mas sem penetra-la ainda.
– Você gosta desse jeito, meu bem? – Harry sussurrou contra seu ouvido,
subindo e descendo a mão no seu pau sem pressa, apenas o estimulando o
suficiente para fazê-lo morder o lábio inferior com força.
– Vou te fazer gozar em menos de cinco minutos, quer ver? – Perguntou com a
voz grave, aumentando o ritmo da sua mão e bombardeando o membro do
menor com força e agilidade.
– Porra, Louis, você é delicioso. – Harry disse com a voz firme olhando pra
aquela imagem embaixo de si que ele realmente gostaria de ter pra sempre
como memória enquanto os únicos barulhos ouvidos eram dos seus corpos se
chocando e os gemidos abafados do menor. – Rebola pra mim, vai.
E continuavam naquele ritmo forte e bruto, Harry indo com força e Louis
rebolando contra seu pau enquanto se masturbava e gemia contra a mão
grande do maior, querendo gritar todos os palavrões possíveis e imagináveis,
mas se segurando o quanto podia. Precisava de mais, queria sair daquele sexo
com marcas no seu corpo pra se lembrar do quanto aquilo era bom, do quanto
Harry o tinha como ninguém nunca o teve. Por isso em meio aos gemidos
quase desesperados ele mordeu a palma da mão do namorado para ele tira-la
de la, e foi o que Styles fez quase abrindo a boca pra xinga-lo, mas ele pediu
com a voz firme antes mesmo que ele falasse algo.
– Bate em mim.
Se Louis pedisse isso a um mês atrás (ele apenas não pediria), Harry diria não
ou tentaria fazer qualquer outra coisa para agrada-lo, mas com os meses de
um relacionamento saudável e extremamente honesto em ambas as partes,
agora a intimidade entre eles já era grande e normal demais para pisar em
ovos. Já tinham conversado sobre isso uma vez e definiram o que seria ok ou
não caso isso um dia viesse a acontecer, e isso se tornou a melhor coisa que
faziam entre si em relação ao sexo pois discutiam seus limites, o que era
essencial pra ninguém cruzar a linha de ninguém e os dois aproveitarem ao
máximo e da melhor forma possível.
Mas agora o garoto de olhos azuis apenas sentiu vontade de colocar suas
conversas em prática pela primeira vez, adorando ainda mais aquela ideia
quando percebeu que Styles não andou pra trás, muito pelo contrário. O
jogador deu um risinho sujo e malicioso antes de desacelerar o ritmo da
penetração e se aproximar ainda mais para lamber a pele arrepiada de sua
nuca antes de beija-la e chupa-la com força, sem se importar se aquilo deixaria
uma marca feia depois ou não.
– É isso que você quer? – Harry falou baixo e sua voz estava grave demais
para a sanidade de Tomlinson e sua mão passeava livremente pelo corpo do
menor em um toque agressivamente sensual. – Quer a marca da minha mão
na sua bunda, é isso?
E aquela voz no pé do seu ouvido era demais pra ele, então não disse nada,
apenas gemeu um "uhum" manhoso, esfregando sua bunda nele e parando de
se masturbar para apertar o lençol abaixo de si com força.
– Então pede por favor. – Sussurrou novamente, e dessa vez sua voz soou
obscena e indecente de um jeito que Louis nunca tinha ouvido antes.
– P-por fav-
– Vem pra mim, gatinho. – Harry voltou a dizer com aquela voz que fazia Louis
se arrepiar dos pés a cabeça e o famoso apelido tinha soado de um jeito
completamente novo e diferente, tornando tudo ainda mais quente. – Você é
tudo e ninguém chega aos seus pés.
– Oh meu Deus... – Quando o maior foi com força atingindo sua próstata e
dando um último tapa forte e ardente na sua bunda, o garoto de olhos azuis
gemeu alto sentindo todo seu corpo tremer quando o orgasmo veio com força,
o deixando literalmente tonto e anestesiado de prazer intenso. – Harry!
E ouvir seu nome naquele tom de voz obsceno e quase suplicante fez com que
Styles viesse logo em seguida, aumentando ainda mais o ritmo das estocadas
e enfiando seus dedos no quadril de Louis enquanto sentia aquela onda de
prazer da ponta do pé até o último fio do cabelo, diferente de tudo que já havia
experimentado antes. Era bruto, feroz, indelicado, urgente, agressivo e tudo
que fazia ser tão único. Os dois gozaram forte com Louis levando sua mão
para trás afagando os cachos de Harry com força enquanto ele beijava e gemia
contra seu pescoço arrepiado, o apertando com força contra si e indo aos céus
naquele momento de glória.
– Como você consegue acordar tão empenhado assim? – Ele perguntou com a
respiração voltando ao normal aos poucos, virando o rosto para encarar o
namorado deitado ao seu lado.
– Espera, deixa eu ver como você tá. – O jogador pareceu se lembrar de algo,
segurando o cobertor para olhar a situação da bunda e quadril de Louis vendo
a vermelhidão ao redor com literalmente a marca dos seus dedos ali, fazendo
uma pequena careta em seguida. – Caramba, amor, eu exagerei muito?
– Nem começa. – O menor deu um risinho se inclinando para selar seus lábios
e puxando o tecido de volta para se cobrir. – Foi exatamente do jeito que eu
queria. Você é ótimo pra mim, satisfaz todos os meus desejos e eu te amo
muito por isso, então relaxa.
– Você tem certeza? – Styles perguntou incerto, levando a mão até onde
estavam as marcas vermelhas e alisando a pele macia com toda delicadeza e
carinho do mundo, bem diferente de minutos atrás. – Não tá sentindo dor? Eu
tenho uma pomada que pode ajudar, quer que eu passe em você?
– Eu tô bem, juro. – Louis o interrompeu sorrindo ao se dar conta do quanto o
namorado podia o foder com força e depois o colocar no colo e o tratar como
se pudesse quebrar. – Quer saber de uma coisa? Não se superestime tanto.
Eu posso ser pequeno, mas eu aguento você, idiota.
– Pra quem no início ficava vermelho toda vez que eu mencionava qualquer
coisa relacionada a sexo, até que agora você tá saidinho demais, hein amor. –
O jogador mordeu o lábio inferior passeando a mão pela cintura, quadril e
bunda do menor. – Eu gosto disso.
E mesmo estando nos céus naquele momento, Louis não conseguiu evitar um
pequeno sorrisinho fraco e quase triste. Era um pouco estranho lembrar de
como era há alguns meses atrás, cheios de traumas, tabus e medo de
julgamentos. O Louis que Harry tinha conhecido era quebrado, e pensar nisso
agora era doloroso e ao mesmo tempo aliviante, pois finalmente tinha
conseguido colocar todos os pedacinhos no lugar.
– No início eu ficava um pouco assustado porque você é muito aberto... – Sua
voz baixa proferiu e Styles logo notou sua expressão mais séria.
– Eu sei. – O garoto de olhos verdes disse com calma, levando sua mão até o
rosto delicado do menor e acariciando a maça do seu rosto com cuidado
enquanto o encarava. – Mas agora você é aberto também, Lou.
E antes que aquela conversa ficasse séria demais, Tomlinson voltou a sorrir
alegre, segurando a mão de Harry que acariciava seu rosto e deixando um
beijo nela.
– É, tendo o namorado mais sem vergonha de todos que fala tão naturalmente
sobre isso como se estivesse falando que o dia está lindo, eu tive com quem
aprender.
– De nada. – Styles deu uma risada, o puxando de volta para deitar em seu
peito e plantando um beijo terno no topo da sua cabeça. – Essa é sua melhor
versão.
– E ela é só sua...
– Não só sobre Princeton... Quer dizer, eu sempre soube que você ia ser
aceito, desde o momento que eu descobri que você queria ir pra lá porque você
é a pessoa mais determinada e esforçada que eu conheço, você queria isso e
foi lá e conseguiu. – Respirou fundo antes de continuar, se concentrando para
dizer exatamente as palavras certas. – Mas vai além de tudo isso... Seu
crescimento pessoal nos últimos meses é tão visível, amor, e me deixa tão
orgulhoso. É lindo ver o quanto você deixou de se importar com a opinião dos
outros e focou no que realmente te acrescenta, é lindo ver a confiança que
você carrega consigo de que é uma pessoa foda e que todo mundo quer por
perto, é lindo ver que você sabe seu valor e não deixa ninguém te dizer o
contrário, é lindo ver que agora você também enxerga o copo meio cheio, é
lindo ver o quanto se permitiu, o quanto se libertou de tudo que pudesse te
segurar pra trás, o quanto está livre. É lindo te ver, Louis, e eu sou tão
apaixonado por você que poderia fazer isso pelo resto da minha vida.
E Louis não fez outra coisa além de se afastar minimamente para olha-lo nos
olhos por alguns segundos, soltando uma respiração que ele nem sabia que
prendia enquanto Harry o encarava de volta com a expressão séria, leve e
tranquila, passando todo tipo de sentimento bom e calmaria que ele nem sabia
que precisava tanto.
– Obrigado, Haz. – Foi a única coisa que conseguiu externar, mas ainda assim
era sincero e genuíno e Styles sabia daquilo. – Eu nem sei o que te dizer...
– Não precisa dizer nada. – O jogador acariciou seu ombro nú, o confortando
com olhos brilhando. – Sabe o que você é, Louis?
– Depois de tudo isso que você disse, acho que sou perfeito...? – Tomlinson
franziu o cenho fazendo graça e conseguindo, pois Harry deu uma risada alta e
gostosa em seguida.
– Também. – Ele assentiu com a cabeça. – Mas é outra coisa muito mais legal
que isso.
– E o que seria?
– Eu... – Louis o olhou confuso, parecendo pensar sobre aquela frase mas não
conseguindo absorver muito dela. – Não sou muito bom interpretar metáforas,
pra ser sincero.
– Eu não vou entrar, Louis. – Foi o que o jogador respondeu um pouco seco ao
o interromper.
– Está tudo bem, eu não estou triste nem nada. – Obviamente seus olhos
diziam o contrário. – Na verdade, eu estou feliz por você com todo o meu
coração, estou bem. Vou me virar bem por aqui, vou dar meu jeito,
– Você vai se frustrar se continuar se iludindo desse jeito, Louis. – Foi a vez de
Harry rir sem um pingo de humor, se levantando e sentando na beira da cama,
com as mãos apoiadas no colchão e as costas tensas enquanto olhava pra
baixo.
– Porque nem sempre as coisas acontecem do jeito que a gente planeja, tudo
bem? – Styles falou um pouco mais alto e com olhos machucados, finalmente
abaixando a guarda e mostrando sua vulnerabilidade ao virar para encarar o
menor. – Eu sei que fizemos milhares de planos juntos e o fato de eu não ter
entrado estragou com todos eles, mas vamos ter que passar por cima disso
também. Eu já me sinto culpado e decepcionado pra caralho, mas agora não
há nada que eu possa fazer sobre isso. – Respirou fundo, passando a mão
pelos cabelos em um ato frustrado. – Então é melhor você aceitar o quanto
antes as coisas como elas são, porque eu já aceitei.
E desse jeito ele se levantou e caminhou até o banheiro em passos firmes,
entrando em seguida e deixando Louis deitado na cama encarando a porta
fechada na sua frente sem saber o que pensar. Não podia imaginar a angústia
que Harry sentia naquele momento, na verdade, a angústia que ele vinha
sentindo nos últimos dias, já que tinha planejado toda sua vida pro ano
seguinte partindo da premissa de que não entraria na NYU. Saber que Styles
estava passando por aquilo internamente e não se abriu pra ele deixava Louis
chateado e frustrado, porque queria ajudar e não sabia como. Ele apenas tinha
certeza que o namorado iria passar, e a realidade disso não acontecer agora
não fazia o menor sentido.
– Ei, Haz.– Ele chamou baixo e o maior virou em sua direção, mas encarava o
chão com os ombros caídos. – Correr de si mesmo não vai diminuir o percurso.
– Eu sinto muito por estragar tudo. – Harry disse abrindo os olhos e parecia
sincero demais, como se realmente acreditasse em suas próprias palavras.
– Quer café, amor? – Harry perguntou se sentando com Louis ao seu lado, que
negou agradecendo com a cabeça e vendo o jogador colocar o líquido em sua
xícara, dando um gole em seguida antes de falar para os pais e a irmã. –
Vocês já sabem da boa notícia?
– Meu Deus, eu sabia! – Louis praticamente gritou o abraçando com força pelo
pescoço e ouvindo novamente a família de Harry comemorando e gritando
enquanto batiam palmas. – Eu sabia, eu sabia, eu sabia! Ta vendo, amor?
Você é muito inteligente, eu sabia que você ia ser aceito! Parabéns, sun!
– Meu Deus, que orgulho. – Anne disse com a voz embargada, abanando a
mão em frente ao rosto pra não deixar nenhuma lágrima escapar e fazendo
Des rir ao seu lado.
– Pode ter certeza que ela vai chorar escondido. – O homem disse e Gemma
gargalhou, concordando. – Mas de verdade, filho, você é excepcional. Estamos
todos muito orgulhosos.
– Valeu, pai. – O garoto sorriu pequeno e genuíno na direção do mais velho
antes de falar pra mãe com a voz carinhosa. – E mãe, sem choros hoje, ok?
Hoje é dia de festa.
– Sim, sim, claro. – A mulher assentiu rindo sem jeito e passando a mão pelo
rosto se recompondo e se virando para Tomlinson. – Louis, como estão as
coisas na sua casa?
– Tudo ótimo, mamãe vai começar a fazer o peru agora depois do almoço e eu
vou ajuda-la com os molhos.
– Que bom, mais tarde eu ligo pra ela pra saber de tudo. – Sra. Styles sorriu. –
Tenho que começar a ajeitar as coisas por aqui daqui a pouco. Des, você tem
que acender a lareira, Gemma me ajuda com a decoração e Harry com as
tortas.
– Bom, eu tenho que ir pra casa agora. – O garoto de olhos azuis suspirou se
levantando e pegando o celular e a chave do carro que tinha deixado em cima
do balcão.
– Eu te levo até o carro. – Harry disse colocando um morango na boca também
se levantando do banco.
– Vejo vocês mais tarde, gente. – Tomlinson disse se despediu de Des, Anne e
Gemma.
– Tchauzinho, cunha! – A garota com os cabelos roxos exclamou soltando um
beijo em sua direção.
Quando saíram da casa do maior, Harry o abraçou pelos ombros e os dois
andaram juntos até o carro de Louis naquele frio que, por serem pessoas do
litoral, não eram nem um pouco acostumadas com aquilo.
– Que porra é essa, então quer dizer que fomos aceitos em duas das melhores
faculdades do país, é isso? – O jogador perguntou e os dois deram risada,
felizes demais para se preocuparem com qualquer outra coisa.
– A ficha vai demorar pra cair. – Ele suspirou assim que chegaram na frente da
porta do seu carro, um de frente pra o outro se encarando. – Parabéns, Haz.
Nós conseguimos.
E Styles sorri triste, segurando suas duas mãos e entrelaçando seus dedos
para falar olhando em seus olhos em seguida.
– Escuta, amor, desculpe pela minha teimosia mais cedo, ok? – Ele parecia
desconcertado, finalmente vendo que o que tinha falado no quarto não passou
de puro desespero e pessimismo de sua parte. – Eu queria me convencer do
pior cenário possível pra não me decepcionar caso eu realmente não
recebesse a carta.
– Eu entendi muito bem o que você quis fazer ali, H. – Tomlinson sorriu fraco
porque o conhecia mais do que ele imaginava. – Mas eu sabia que era uma
bobagem porque você ia entrar.
– Você sempre sabe de tudo, não é? – E dessa vez o sorriso do garoto de
olhos verdes aumentou e ele encarava o namorado com olhos apaixonados.
– Sim, e você precisa confiar mais em mim. – Louis sorriu de volta, arqueando
uma sobrancelha. – E principalmente em você.
E aquele momento foi perfeito para Harry soltar suas mãos e rodear seus
braços longos em cima dos ombros de Tomlinson, o puxando para perto e o
abraçar com força. A diferença de tamanho entre os dois fazia com que o
menor o abraçasse pela cintura e colasse sua bochecha no ombro do
namorado, que tinha sua boca colada nos cabelos cheirosos de Louis deixando
um beijo longo e terno ali enquanto o abraçava como se estivesse o
protegendo de qualquer coisa externa, e o garoto de olhos azuis quase sumia
entre seus braços.
– Está feliz? – Louis perguntou baixinho com os olhos fechados, sem querer
solta-lo nunca mais.
– Bem que eu gostaria, mas realmente preciso ajudar mamãe com as comidas
de hoje a noite. – Ele disse fechando a porta e abrindo o vidro para falar com o
namorado. – E aparentemente você também.
– Eu não teria tanta certeza sobre isso, mas tudo bem... só tome cuidado pra
não queimar. – Louis ligou o carro, fazendo questão de adicionar baixinho em
seguida. – De novo.
– Não há de quê! – Harry falou alto de volta, acenando e rindo vendo ele sair
com o carro.
Então Tomlinson ligou o aquecedor e o rádio, dirigindo até sua casa ao som de
mais um novo sucesso de Taylor Swift. Passou o resto dia ajudando Jay na
cozinha com Lottie e Fizzy preparando o peru do Thanksgiving e o famoso
molho de Cranberry que era uma das tradições culinárias dessa época do ano
nos Estados Unidos. Era divertido cozinhar com sua mãe e suas irmãs, na
maioria das vezes Johannah que sempre dizia tudo que deveria ser feito,
quase um livro de receita ambulante, enquanto os filhos apenas conversavam e
faziam daquilo ser o melhor momento juntos.
Em algum momento da tarde Tomlinson parou um pouco para descansar e
cuidar de Doris e aproveitou pra comunicar no grupo de mensagem onde tinha
ele, os garotos e Olivia que tinha sido aprovado em Princeton e Harry disse que
também tinha sido aceito na NYU e logo em seguida eles trataram de fazer
uma chamada no facetime para comemorarem. A família Tomlinson inteira
acabou roubando em certo momento o celular de Louis para desejar parabéns
para Harry e aquela ligação virou um completo caos com Zayn no
supermercado com suas irmãs mais novas, Liam malhando na academia, Harry
na cozinha da sua casa fazendo as tortas com Anne e Reed jogada na cama
de Niall enquanto o loiro ao seu lado se dividia entre ficar feliz pelos amigos e
ficar puto por estar perdendo na partida de Fifa.
– Estão lindas. – Riu, beijando a bochecha dela e das gêmeas tendo que ouvir
de Daisy um "cuidado para não manchar meu blush", e quando chegou na
frente de Lottie ele apenas fez uma careta. – Você está mais ou menos.
– Vai se foder.
– Charlottie, olhe essa boca. – Johannah chegou na sala com um vestido mid
preto que a deixava belíssima, e cabelos soltos em ondas perfeitas. Sua mãe
era a mulher belíssima. – Todos prontos? – Eles assentiram e ela se virou para
Daniel em seguida. – Dan, vou levar os gêmeos, você leva a comida, por
favor?
– Sem problema, amor.– O marido andou até ela e deixou um selinho leve em
seus lábios. – Você é a mulher mais linda que eu conheço.
– Obrigada, você também. – Jay sorriu para ele, se virando para as quatro
filhas paradas olhando aquela cena com sorrisinhos cúmplices. – Estão vendo,
meninas? Namorem um garoto ou uma garota que as tratem assim. Não
aceitem menos do que isso.
– Elas ainda estão novas demais pra isso. – Louis e Dan disseram quase na
mesma hora o que gerou uma risada conjunta entre família.
Então eles saíram de casa depois de todo o processo que durou quase 10
minutos de colocar o carrinho de Doris e Ernest na mala e deixa-los seguros na
cadeirinha de bebê, colocar a bolsa com as comidas e o vinho e entrarem
todos no carro e se acomodarem para finalmente partirem para a casa dos
Styles. Se durante o período do dia já fazia frio, a noite era ainda pior, por isso
cada um levava o seu casaco ou sobretudo e conversavam animadamente
durante o caminho por poucos minutos até finalmente chegarem na casa de
Harry e estacionarem o carro na garagem como Anne havia indicado.
A casa era belíssima naquele inverno, o telhado escuro coberto por uma
camada fina de neve, as paredes brancas entravam em contraste com a
enorme quantidade de árvores que cercavam ao redor, a decoração natalina já
estava ali e deixava o cenário ainda mais lindo. Estava realmente congelando
quando saíram do carro e caminharam até a porta da frente, Dan segurando a
bolsa com as comidas, Jay empurrando o carrinho dos bebês e as quatro irmãs
se cutucando e abrindo a boca em surpresa quando viram o jardim enorme e
iluminado na parte de frente da casa, coberto por uma grama perfeitamente
verde e bem cortada, a piscina grande com as espreguiçadeiras ali perto e um
pouco mais na frente, a pequena escada de madeira que levava até a praia
vazia logo a frente com a areia clara e o mar escuro refletindo a luz da lua.
– Ah, que bom que chegaram! – Des abriu a enorme porta da frente sorrindo
quando deu de cara com a família Tomlinson parada do lado de fora. – Entrem,
está congelando aqui fora.
– Boa noite, com licença. – Jay disse simpática entrando na casa com o
carrinho de Doris e Ernest e o marido e os filhos logo atrás. – Feliz dia de Ação
de Graças!
– Feliz dia, querido! – Johannah disse igualmente feliz com a sua presença,
puxando o genro para um abraço forte enquanto afagava as costas largas dele
e sentia beijos carinhosos em sua bochecha.
– Olha se não são os bebês mais lindos dos Hamptons... – Styles disse assim
que saiu do abraço da sogra, se abaixando para falar com Doris e Ernest
deitados no carrinho e sorrindo pra ele e tentando toca-lo, então o garoto
segurou suas mãozinhas e deu beijinhos nelas, sorrindo e falando com a voz
melosa. – Sim, vocês são!
– As garotas que nos atrasaram, Harry, não vou mentir... – Jay sorriu com a
cena e piscou para o jogador que riu, se levantando.
– O que importa é que já estamos todos aqui, não é? – Sra. Styles também
sorriu, chamando a amiga. – Vem, Jay, vamos organizar as coisas.
– Você também não tá nada mal. – Phoebe deu de ombros. – Ah, e eu adorei
essa blusa!
– Você gostou, Pheebs? – Ele sorriu pra ela parecendo gostar do elogio,
apoiando uma mão no joelho e inclinando as costas para baixo até estar da
altura da cunhada e falando perto do ouvido dela como se fosse um segredo,
mas todo mundo conseguiu escutar enquanto ele dizia encarando o namorado
pela primeira vez na noite da cabeça aos pés. – Acha que vou conseguir
conquistar seu irmão hoje com essa blusa?
– Você vai conquistar ele mais fácil se tirar ela, tenho certeza. – Lottie disse
com a voz tediosa e Harry deu uma risada alta.
– Charlottie. – Louis a repreendeu bufando, mas sabia que não deixava de ser
verdade.
– Ela não mentiu, Lou. – Felicite defendeu a irmã e Styles o encarou como
quem dizia "touché".
– Oi. – Louis riu, se inclinando para deixar um selinho rápido em seus lábios
antes de dar mais uma última olhada no corpo dele coberto por aquelas roupas
que o deixavam quase tão lindo quanto ele ficava sem elas. – Vinho tinto, hm?
– São dias frios. – Explicou rapidamente entregando a taça na sua mão, vendo
o menor dando um pequeno gole antes de entrega-la de volta. – Tá tudo bem?
– Não poderia estar melhor. – Sorriu ao ver que Louis encarava sua blusa mais
que o normal, arqueando o cenho em sua direção. – Também gostou da blusa?
– Só dos culinários.
– Eu amo que você faz piadinha sexual no meio de uma festa de família,
gatinho.
– Eu te amo tanto que vou experimentar e se tiver ruim eu vou sorrir e dizer
que está incrível.
Então eles riem juntos e Styles o puxa mais uma vez pela cintura para se
abraçarem, enfiando o rosto na curva do pescoço e do ombro do menor e
puxando a respiração ali podendo sentir o cheiro agradável do seu perfume
que ele tanto amava, enquanto Louis brincava com os seus cachos no meio do
abraço com os olhinhos fechados para aproveitar o máximo daquele momento.
– Não é um pouco estranho a gente estar aqui todo mundo junto? – O jogador
perguntou baixo só para o namorado ouvir.
– É um estranho bom, eu acho. – Respondeu no mesmo tom, deixando um
beijo no seu pescoço e se afastando um pouco para olha-lo, mas suas mãos
continuavam nos cachos macios de Styles.
Eles vão juntos para a cozinha, encontrando Gemma sentada no banco da ilha
que ficava ali no meio assistindo algum jogo de futebol na televisão, as irmãs
de Louis estavam em pé conversando entre elas em meio á risinhos enrolando
guardanapos de tecido de um jeito extremamente elegante que Anne havia
ensinado e a Sra. Styles estava com Jay organizando as comidas,
conversando e tomando vinho.
– Oi, Gem. – Tomlinson se aproximou da cunhada para dar dois beijinhos, a
cumprimentando.
– Hey, Lou. – Ela disse animada com o seu vestido branco longo e simples,
sandálias rasteiras e a maquiagem leve. Gemma era uma garota simples e
extremamente bonita e engraçada. – Uau, você tá muito gostoso com essa
roupa!
– Por que você é assim? – Harry perguntou com o cenho franzido passando
pelos dois indo em direção á pequena adega no canto da cozinha enquanto via
Louis gargalhar com o comentário de sua irmã.
– Que?
– Ei, mas o quê- EI! – Gem de repente apontou para a tv, reclamando alto com
o jogo na hora que a Sra. Styles dirigiu a palavra a ela.
Sua mãe desistiu de falar alguma coisa e apenas voltou a fazer o que estava
fazendo enquanto Louis segurava o riso e a cunhada piscava em sua direção
discretamente.
– O Packers tá ganhando, Gem? – Harry perguntou com Ernest no colo
chamando a atenção dos dois, e seu cenho estava franzido e os olhos
cerrados, parecendo desconfiado.
– Lou, você fica com a Doris pra mim, filho? – Johannah pediu ao filho. – Harry
já está cuidando do Ernest, eles estão agitados.
– Ela é tão linda... – Gem disse sorrindo a observando enquanto tocava nos
seus pequenos cachinhos ruivos. – Você pensa em ter filhos?
– Você e Haz vão ser ótimos pais. – Ela suspirou em um sorrisinho feliz. – E eu
vou ser a tia mais babona desse mundo.
– Tudo bem, você vai ser a tia que dá muitos presentes e eu vou ser a que leva
pra comer fast food escondido dos garotos, ok? – Gemma propôs e a loira
assentiu sorrindo.
– Mas me diz, e você e o seu médico? – Louis perguntou baixo para a
cunhada, como se estivesse fofocando um segredo. – Qual é o nome dele
mesmo?
– Michel Campbell. – Ela falou no mesmo tom, o olhando cínica. – O que tem
ele?
– Bom... Ele é quatro anos mais velho que eu, o que é bem novo pra ser um
médico tão renomado, certo? Ele não é daqui dos Hamptons, mas recebeu
uma oferta de trabalho muito boa no principal hospital daqui e agora mora
sozinho com um cachorrinho. – Foi dizendo, e estava bem óbvio o quanto
gostava dele. – Ele é um cara muito legal, a gente conversa muito nas sessões
de fisio sobre Harry Potter. Papai aparentemente acha ele o máximo, o que é
engraçado porque os dois se falam bastante e até criaram uma espécie de
amizade, mas... Eu não sei, não acho que aconteceria alguma coisa. Ele não
me parece interessado nem nada.
– Eu não-
– Gemma, olha quem está aqui! – Des interrompeu a fala da filha quando
entrou na cozinha com ninguém mais ninguém menos que o médico dela ao
seu lado. – O Doutor Campbell vai jantar conosco hoje.
Aquilo parecia mentira, Louis tentou não arregalar os olhos ou abrir a boca em
surpresa quando viu o homem em sua frente parecendo bonito com tênis, calça
de linho e um suéter. Ele tinha cerca de 26 anos com uma barba rala e um
óculos de grau pousando sobre seu rosto, segurava uma garrafa de vinho e
estava claramente sem jeito de estar ali com pessoas que não conhecia tão
bem, mas melhor do que olha-lo ali parado era olhar Gemma completamente
surpresa com a sua presença ali.
– Olá, boa noite. Feliz dia de Ação de Graças. – Michel disse para todos na
cozinha que na mesma hora o cumprimentaram de volta então ele se
direcionou especificamente a garota sentada em sua frente, sorrindo sem graça
enquanto a olhava. – Oi Gemma... Como você está?
– Oh... Oi. – Ela respondeu depois de alguns segundos encarando o médico e
colocando o cabelo atrás da orelha meio nervosa. – E-eu estou bem...
– Dr. Campbell, que bom que veio. – Anne andou até sua direção e eles se
abraçaram.
– Me chame de Michel. – Ele disse sorrindo educadamente e entregando a
garrafa de vinho em suas mãos. – E eu que agradeço pelo convite, infelizmente
não consegui comprar as passagens para ver a ver minha família em Ohio,
então provavelmente eu iria passar essa noite sozinho em casa com Draco
Malfoy.
Anne o encarou com o sorriso forçado meio confusa por uns três segundos
antes de assentir com a cabeça, se afastando e fazendo com que Louis e
Gemma, como sempre, segurassem suas risadas em um momento
inapropriado.
– Bom, ficamos felizes com a sua presença. Venha comigo, vou lhe apresentar
ao meu amigo Daniel. – Sr. Styles o chamou e Michel olhou para Gemma com
um sorrisinho antes de sair com o homem. – Mas me diga, como estão as
coisas no hospital?
– Você conhece o seu pai. – Anne arqueou o cenho, indo em sua direção. – Ele
e o Dr. Campbell estavam conversando sobre o feriado e quando Des
descobriu que ele passaria sozinho, o convidou para jantar conosco na mesma
hora. – Se aproximou mais um pouco para sussurrar perto de seu ouvido com
um sorrisinho, apenas para que ela e Louis ao seu lado ouvisse. – Você gostou
que ele está aqui, não gostou?
– Mãe! – Gemma a repreendeu arregalando os olhos, não acreditava que seus
pais estavam por trás daquilo.
– Eu sei que você gostou. – Sra. Styles riu cúmplice, alisando os cabelos
desbotados da garota. – Ele é um homem bonito, inteligente e muito simpático,
filha. Não concorda, Louis?
– Com todo respeito, ele é mesmo. – Tomlinson teve que concordar, sabia que
Gemma no fundo estava adorando aquilo.
– O que vocês estão conversando aí, ein? – Harry perguntou mais afastado,
assistindo desconfiado aquela cena deles cochichando.
– Parece que vocês fariam sim. – Doutor Campbell disse ao lado da garota
achando graça e não levando aquele jogo tão a sério como o resto deles, afinal
se tinha uma característica em comum entre os irmãos Styles e Louis
Tomlinson era a alta competitividade.
– Gemma, se eu fosse você eu apenas aceitava de uma vez por todas que
vocês estão perdendo. – Harry sorriu cínico ao ver o drama que a irmã estava
prestes a fazer pelo simples fato de estar sendo derrotada por ele. – O que
acha disso, hm?
– Oh meu Deus. – Louis colocou a mão na testa com aquela baixaria vendo
Fizzy rir alto, se virando novamente para a cunhada extremamente confuso e
boquiaberto. – Gemma, como você fez isso?
Já Harry estava ocupado demais para se quer notar que os dois estavam
flertando bem ali na sua frente enquanto ele tinha raiva de si mesmo por ter
perdido e da irmã por ter ganhado. Scrabble na família Styles era algo sério.
– Você estava blefando. – O jogador bufou identificando a tática que ela usou
para ganhar, se encostando no sofá com os braços cruzados e um bico irritado
nos lábios, mas Tomlinson só tinha vontade de o beijar vendo-o bravinho
daquele jeito. – Eu te odeio.
– Gênia. – Fizzy se pronunciou batendo palmas junto com Lottie, fazendo todos
rirem e Harry ficar com a cara ainda mais emburrada.
Então eles comemoram e vão todos juntos até a mesa de jantar e ainda bem
que ela era realmente grande o bastante para caber todo mundo. Cada um
identificava o seu lugar com o papel escrito o respectivo nome em uma letra
cursiva e realmente bonita, todos estavam estrategicamente próximos - Anne e
Des, Jay e Dan, Louis e Harry, Gemma e Michel, Lottie e Fizzy, Phoebe e
Daisy e os gêmeos estavam no carrinho junto de Johannha, que ia alimenta-los
ali perto de si. A mesa estava linda, o conjunto de louças que a Sra. Styles
escolheu com a ajuda da filha casou perfeitamente com a decoração, os
guardanapos perfeitamente dobrados ganharam elogios da parte de Des e as
irmãs Tomlinson sorriram orgulhosas pois não havia nada que não
conseguissem fazer. O banquete estava servido em grande estilo, o peru
recheado parecia apetitivo e delicioso junto com o purê de batatas, os legumes,
o molho Cranberry que Louis tinha feito – e se orgulhado bastante – e as duas
tortas que Harry e sua mãe prepararam, uma de maça e a outra e abóbora.
Todas as taças tinham sido servidas com vinho – suco de uva para os menores
de idade e Gemma, afinal ela ainda não podia ingerir álcool por causa da
cirurgia – e as doze pessoas sentadas ao redor da mesa repleta de comidas
típicas daquela época do ano era um retrato perfeito de um jantar de Ação de
Graças.
– Bom, antes de mais nada, eu gostaria de fazer um brinde. – Sr. Styles disse
assim que todos se serviram e então todos os olhares estavam nele. – Prometo
que não vou me estender muito, eu sei que vocês estão loucos pra devorar
esse jantar incrível que Anne e Jay fizeram para nós essa noite, então obrigado
a elas por isso. – Todos na mesa riram, inclusive as duas mulheres. – Falo por
mim e pela minha mulher... geralmente no mundo dos negócios quem faz isso
é ela, mas quando se trata de sentimentos eu acho que sou melhor. – Se virou
para Anne ao seu lado e na ponta da mesa, que o encarava com um pequeno
sorriso no canto dos lábios. – Sem ofensas, amor.
– Não ofendeu. – Ela respondeu abrindo um pouco mais o sorriso e o marido
piscou em sua direção, estendendo a mão para ela para segura-la enquanto
continuava o pequeno discurso.
Em seguida Louis também pode notar o olhar que os quatro trocaram entre si.
Harry, Gemma, Anne e Des se olharam entre eles por alguns segundos,
sorrindo felizes e parecendo de fato conversarem sem o uso de qualquer
palavra. Tomlinson se emocionou ao espiar aquela cena rápida, afinal ela
conseguia demonstrar a história de uma família real que tinha seus defeitos e
seus problemas, que fora machucada por muitos anos, mas que tinha
conseguido se reerguer. Era essa a história que Harry queria contar para os
seus filhos, a de uma família quebrada que, com muito amor – mesmo que não
precisassem dizer aquelas três palavras um para o outro – e muita vontade de
fazer dar certo, conseguiu se consertar. Tinham uma vida inteira pela frente e
sabiam que ainda iam discordar de muitas coisas e talvez aquilo levaria a um
conflito e outro. Talvez a teimosia de Anne em querer dar sempre o melhor
para os filhos batesse de frente com o desejo de Harry de ser totalmente
independente, talvez o não-posicionamento de Des e a vontade dele de
sempre agradar sem se importar consigo mesmo, incomodasse Gemma em
algum momento, talvez eles iriam brigar em algum momento e passar alguns
dias sem se falar, até que alguém teria que engolir o orgulho e marcar um
brunch como se nada tivesse acontecido e aquele assunto logo seria
esquecido e eles iriam rir sobre isso algum tempo depois. Sabiam que ainda
teriam muito o que trabalhar juntos, mas também sabiam que o desejo em
fazer aquilo funcionar era mútuo, e eles iram passar por cima de qualquer
desentendimento para isso.
Então todos finalmente começaram a comer, sempre elogiando Anne e Jay por
aquele jantar que estava, de fato, mais saboroso do que imaginavam. O clima
na mesa estava ótimo, conversavam sobre coisas aleatórias tipo o fato de
Michel ter sido um dos médicos que atendeu a cantora Adele um mês antes
quando ela tinha ido passar um temporada nos Hamptons com amigos e foi
parar no hospital porque estava bêbada e torceu o pé, ou Sra. Styles ter
deixado escapar que Harry tinha colocado sal no lugar de açúcar mais cedo
quando estavam fazendo a torta e o filho a repreendeu imediatamente por ter
sido desmascarado quando Louis e Gemma tiveram uma crise de riso,
alegando que definitivamente a única coisa que ele sabia fazer sem estragar
era ovo e café. Des conseguiu puxar assunto até com Phoebe e Daisy, que no
começo responderam meio tímidas, mas logo em seguida falavam daquele jeito
muito mais maduro para as suas idades, fazendo todos rirem. Conversavam
enquanto comiam e bebiam, e algumas vezes nem se entendiam pelo barulho,
afinal doze pessoas em uma mesa era realmente muito em meio a risadas e
observações engraçadas.
– Sua safra preferida, mãe. – Harry voltou para a sala, entregando a taça de
vinho que tinha reposto para a mulher na adega e observando rapidamente a
irmã entretida demais um pouco afastada deles em pé no meio uma conversa
com o médico.
Era bom ver que Harry estava mais relaxado e confortável com sua própria
família para fazer e falar o que quisesse, sem ter medo de julgamentos ou algo
que não fosse recíproco. Ele apenas era ele e conseguia agradar muito bem a
todos sendo assim.
– Não sei como vai ser o ano que vem sem vocês dois aqui. – Jay suspirou
com Dan ao seu lado, observando o filho e o genro abraçados e bebendo da
mesma taça de vinho ao som de Elvis. – Ja pensou, Anne?
– Johannah cria os dela para ficarem embaixo das asas dela pra sempre, não
é, querida? – Dan sorriu para a mulher e na mesma hora Tomlinson deu uma
risadinha porque sua mãe era realmente assim.
– É verdade. – Ela concordou sem graça, encarando o filho em sua frente. – Eu
sou apenas muito apegada aos meus pequenos.
– E nós somos a você. – Louis sorriu fitando a mãe de volta com um olhar
amoroso e ela retribuiu o sorriso na mesma hora.
– Mãe... – Louis riu em repreensão, agora não era hora de pensar em coisas
ruins.
– Voltaremos todo final-de-semana, Jay. – Styles cruzou as pernas dando um
gole no vinho e o namorado nunca deixaria de acha-lo a pessoa mais atraente
que conhecia fazendo as mínimas coisas. – O único problema vai ser a disputa
para ver quem vai passar mais tempo com Louis, eu ou você.
– Sinto muito, Harry, mas essa briga ela ganha. – Dan falou pois era suspeito
do quanto a esposa era próxima de seus filhos.
– Ganha mesmo, amor? – O jogador virou o rosto para ver Louis rindo de toda
aquela situação.
– Eu te amo, mas sim. – Ele teve que concordar com o padrasto e todos no
sofá deram risada quando Johannah comemorou.
– Estou brincando, sogra, ele é todo seu. – Piscou para Jay vendo ela sorrir em
sua direção e logo em seguida a campainha tocou provando que sim, podia
melhorar. – Eles chegaram!
– Eu sou o único sóbrio e amigo da vez. – Liam disse torcendo a boca em uma
pequena careta e entrando por último enquanto cumprimentava o amigo em um
abraço.
Todos estavam muito bem vestidos da cabeça aos pés em tons escuros e
devidamente agasalhados, o que era bem estranho já que estavam
acostumados a usar apenas bermuda e camiseta durante boa parte do ano.
Pareciam levemente altos pelo efeito da bebida, felizes demais e prontos para
fazerem de uma noite qualquer, a noite das suas vidas.
– Por que quando você bebê você tem essas ideias do nada? – Payne
questionou Zayn rindo e tirando sua jaqueta.
– Porque é uma boa ideia. – O moreno deu de ombros.
– Já sabemos que seu histórico com performances não é tão bom, Stalker. –
Olivia Reed se fez presente, tirando o seu sobretudo bege
despreocupadamente antes de ajeitar a boina preta que cobria parcialmente
seu cabelo preto curtinho e a franja que caia em sua testa. – Não consigo mais
ouvir I Wanna Hold Your Hand sem lembrar daquela cena ridícula de você em
pé em cima do carro e os garotos de cúmplices.
– Cala a boca, eu sei que você amou. – Niall riu, tirando seu casaco e pegando
o da namorada, jogando os dois pra Liam que já pendurou na pequena salinha
de apoio.
– Oi, boa noite pra vocês também. – Harry disse com uma careta depois de ser
praticamente ignorado pelos amigos que estavam ocupados demais em suas
próprias conversinhas e risinhos bêbados.
E ele riu, olhando a garota dos pés a cabeça. Ela usava o típico coturno preto
que dava um ar mais pesado em sua aparência, mas fazia o perfeito contraste
com a meia calça delicada da mesma cor cobrindo suas pernas finas e a saia
de xadrez plissada em tons de vermelho e preto. Se aquecia do frio com uma
blusa preta de gola alta e mangas cumpridas e a boina em sua cabeça, que era
sua marca registrada, deixava tudo ainda melhor. Olivia Reed sabia como
ninguém expressar sua personalidade através das roupas que usava e era uma
das garotas mais estilosas que Harry já tinha visto.
– Digo o mesmo sobre você, Liv. – Ele piscou em sua direção. – Essa boina é
nova?
– Sim, ganhei da minha sogra, não é linda? – Reed sorriu feliz pelo elogio,
fazendo pose enquanto o jogador assentia, rindo.
Logo em seguida Gemma, Louis, os pais dele e de Harry foram até eles para
cumprimentarem animadamente um por um. Eram cerca de 22hrs da noite,
mas estavam todos tão felizes que ainda parecia estar cedo.
– E aí, Liam. – Des perguntou quando abraçou o garoto dando dois tapinhas
em seu ombro, lembrava ver de Payne e Harry andando sempre juntos quando
entraram pro time. – Como está o seu pai?
– Ele tá bem, Sr. Styles, cuidando dos negócios como sempre. – Ele disse
muito educado e simpático. – E a empresa, como vai?
– Eu amei esse lenço da Zimmerman. – Zayn comentou assim que viu a Sra.
Styles em sua frente com toda sua pose e elegância, vendo que Harry teve a
quem puxar a beleza. – É da nova coleção, não é?
– Oh. – E antes que ela pudesse dizer mais uma coisa, o barulho do click foi
ouvido e ele já tinha tirado a foto.
– Então quer dizer que a minha melhor amiga veio? – A voz de Gemma se fez
presente andando calmamente até Olivia e Niall com as muletas e Michel a
acompanhando do lado. – Você não cansa de me humilhar com esse estilo,
garota? Ah, oi, Horan.
– Olá, Lava Girl. – Ele respondeu com o novo apelido que tinha colocado na
irmã de Harry pela cor do seu cabelo, mas ela nem se deu o trabalho de corrigir
pela vigésima vez, afinal Lava Girl tinha o cabelo rosa e o dela era roxo. Niall
apenas seria Niall e continuaria chamando ela assim para irrita-la.
– Vou ficar melhor quando conseguir parecer bonita usando uma boina como
essa. – Elas riram juntas. – Ainda preciso passar mais duas semanas com a
cadeira, mas já estou treinando as muletas. – Explicou, se virando para
Campbell do seu lado. – Lembra de Michel, o meu méd... o meu amigo? Ele
estava com a gente no jogo do Tigers.
– Ah, então eu já deixei o posto de médico e passei a ser amigo. – O homem
sorriu satisfeito para Gemma, que rolou os olhos também sorrindo. – Isso deve
ser uma coisa boa, certo?
– Vai que é tua, cara. – Horan deu dois tapinhas no ombro dele e Olivia riu
fraco, balançando a cabeça negativamente com os comentários do namorado
bêbado. Já tinha desistido de repreende-lo naquele ponto. – E aí, como vai?
– Niall, meu amor. – Johannah chamou a atenção do loiro, que virou na direção
dela na mesma hora. – Diga a Maura que estou com saudades dela e que
quando se sentir mais disposta eu gostaria muito de tomar um café com ela,
por favor?
– Digo sim, tia, pode deixar. – Ele assentiu, a abraçando de lado e deixando
um beijo carinhoso em sua testa, podendo ver o peru em cima da mesa de
jantar um pouco afastado dali. – Esse peru tá bonito, viu? Foi a senhora que
fez?
Alguns minutos depois Des serviu mais taças de vinho para os novos
convidados e todos voltaram para a sala, uns em pé conversando e outros
sentados, Harry na cadeira no canto perto da lareira e Louis em pé atrás dele
brincando com seus cachos enquanto conversavam animadamente, quase
uma voz por cima da outra em uma verdadeira bagunça e Zayn absolutamente
adorando aquilo, fazendo alguns clicks divertidos que logo logo viraram
lembranças de um dia especial.
– Então vocês serão colegas de Harry na NYU? – Des perguntou para Zayn e
Liam, que estavam em pé enquanto Payne tinha o braço ao redor da cintura
fina do moreno.
– Certo. – Harry disse inclinando a cabeça pra cima para conseguir vê-lo e
dizer com um olhar pesado pela bebida e um sorrisinho de lado. – Como se
tivesse alguma graça fazer tudo isso sem você, gatinho.
– Harry só consegue se divertir se estiver com Louis, eu juro por Deus. – Niall
disse antes colocar um pedaço de batata na boca.
– Com toda certeza, vou aproveitar tudo de bom que os Hamptons tem pra me
oferecer até a última gota! – Ele disse decidido. – Vou seguir os passos do meu
pai com as finanças e quero ficar perto da minha família. – Em seguida colocou
a mão sobre a coxa de Reed sentada ao seu lado, sorrindo pra ela. – E da
minha garota, é claro.
– Isso é bom. – Jay sorriu realmente feliz pelos dois, conhecia Niall desde
pequeno, afinal ele e Louis sempre foram melhores amigos e era bom ver que
ele estava com uma garota tão legal como aquela. – E você, Olivia? Ainda vai
pro último ano do colégio, certo?
– O que pensa em fazer? – Sr. Styles perguntou, se adiantando antes que ela
pudesse responder. – Hm, deixe-me adivinhar... Moda?
– Moda é um bom palpite, eu gosto bastante de brincar com roupas, mas não
me vejo fazendo uma carreira disso... – Liv deu uma risada. – Penso em
estudar Ciências Políticas.
– Surpreendente. – Dan arqueou o cenho.
– E a torta, não vai experimentar? – Anne perguntou pra ele com expectativa,
afinal não cozinhava 1/3 que a amiga e aquelas tortas que fez com o filho
foram a única receita que deu certo na sua vida.
– Mas com certeza, Sra. Styles, eu não faria uma desfeita dessa!
– Maça ou abóbora?
– O quê? – Ele fez careta antes de sorrir e levantar os braços para o alto. – É
Ação de Graças!
Em seguida eles continuaram ali rindo, bebendo e conversando até que Zayn
realmente deu a ideia do karaokê e todos toparam na mesma hora. Um tempo
depois e eles praticamente brigavam pra ver quem iria cantar a próxima música
com a tv ligada a um microfone antigo que Harry achou no quarto e o repertório
estava o mais aleatório possível com músicas de todos os tipos e todos os
gostos. Estavam se divertindo muito mais do que esperavam vendo Gemma e
Michel cantarem juntos em meio a risadinhas suspeitas, Harry e Louis
dançavam agarradinhos no meio da sala, o maior levantando o braço para ele
rodopiar e em seguida voltar para o abraço e deitar a cabeça em seu peito.
Seus pais ficavam sentados vendo tudo aquilo com sorrisos e comentando
entre eles como sentiam saudades de quando também eram jovens assim.
Niall sempre dava um jeito de roubar o microfone de qualquer pessoa que
estava cantando e Olívia ria tanto com aquilo que tinha lágrimas nos olhos
enquanto Zayn tirava fotos de absolutamente cada momento e cada detalhe
sendo abraçado por trás por Liam.
Quase uma hora depois da sessão de karaokê a família Tomlinson já tinha ido
embora pois estava tarde demais e as garotas já tinham adormecido na sala de
tv do primeiro andar. Louis ficou pois iria dormir com Harry essa noite e agora
uma playlist de jazz estava tocando, os pais de Styles jogados no sofá
exaustos com Gemma e Michel conversando sobre qualquer coisa e o grupinho
de amigos no cômodo ao lado, sentados na mesa de jantar que agora já estava
vazia, apenas com suas taças de vinho e celulares em cima. Os três
respectivos casais juntos, Tomlinson com a cabeça encostada no ombro de
Harry, Niall completamente bêbado usando a boina de Olívia e com o braço
descansando na cadeira da namorada que estava ao seu lado enquanto Zayn
estava no colo de Liam, abraçado em seu pescoço.
– Seu pai cantando Oasis foi a cena mais engraçada que eu presenciei esse
ano, Harry. – Liam disse rindo verdadeiramente.
– Ele está bêbado. – Styles deu de ombros rindo também.
– Mas é a verdade, Liv! – Ele insistiu, aproveitando que ela desviou o olhar
para se virar para os garotos e levantar os braços novamente, dessa vez
silabando as palavras sem dize-las em uma careta como a de quem estivesse
gritando os pulmões afora. – Ação de Graças!
– Ok, nós temos uma novidade muito especial pra contar pra vocês. – Zayn
resolveu dizer animado, se ajeitando no colo do namorado.
– O quê? – Harry perguntou na mesma hora.
– Estão preparados?
– Se a gente perguntou o que era... – Louis disse tedioso.
– Não, sério, estão preparados mesmo? – Malik insistiu.
– Para de mistério, porra. – Niall o cortou irritado e Zayn fez uma careta.
– Eu e Z-
Então todos gargalharam alto menos Reed que rolou os olhos, se virando para
aquele loiro bêbado e sem noção que era o seu namorado.
– Por que você tem que ser tão chulo? – Ela perguntou, mas tudo que Horan
fez foi dar risada, se aproximando para deixar um beijo no canto dos seus
lábios.
– Já estou ansioso pra festa de inauguração da casa de vocês dois! – Louis
disse animado, já imaginando em passar uns dias em NY com todos os
amigos.
– Vai ser memorável, Tommo. – Liam ressaltou o óbvio.
– Bom, já que vocês quiseram compartilhar as novidades, eu e Niall também
temos uma. – Olivia falou empolgada. – Compramos passagens para o Caribe
e vamos passar alguns dias lá durante as férias! Amaram?
– Que legal, dizem que o México é um ótimo país para aproveitar as férias. –
Harry sorriu se animando pelo casal. – Consigo imaginar perfeitamente vocês
dois lá virando tequila, dançando raggaeton bêbados...
– Nah, tudo na mesma por aqui. – Tomlinson deu de ombros sentindo Styles se
encostar na cadeira e o abraçar pelo ombro.
– Que sem graça! – O loiro disse. – Estão tentando descobrir um jeito de
apimentar o relacionamento sem fazer coisas muito grandes?
– A gente sabe que não é brincadeira. – Harry disse vendo ele piscar um olho
com um sorriso malandro.
– Tá bom, chega de falar dessas baixarias. – Louis falou alto. – Hoje é dia de-
– Ação de Graças!
E depois de alguns minutos e várias risadas, os ânimos acalmaram e eles
começaram a conversar e refletir sobre como as coisas tinham realmente
mudado desde o início do ano até aqui. No início do ano Louis namorava com
Tyler Jones e seus únicos amigos eram Niall e Zayn. Os três passavam os
finais de semana assistindo filmes ou jogando fifa quando Jones não roubava
Tomlinson só pra ele, o afastando dos amigos aos poucos. No início do ano
Harry só tinha Liam que considerava como um bom amigo, tinha amizade com
os garotos do time, mas se sentia bastante perdido ali no meio de tanta
futilidade e coisas superficiais. No início do ano Olivia ainda nem tinha se
mudado para os Hamptons. E agora, meses depois, eles estavam ali todos
juntos fazendo a vida uns dos outros um pouquinho mais fácil. Ainda bem.
– Já sei. – Malik pareceu ter mais uma ideia mirabolante, compartilhando pra
mesa em seguida. – Vamos fazer aquilo onde a gente diz as coisas pelas quais
somos gratos nesse ano?
– Vamos sim, Z. – Olivia sorriu para o moreno, ignorando o loiro ao seu lado. –
É sempre bom agradecer.
– Tudo bem, vou começar. – Zayn resolveu ser o primeiro, falando em seguida.
– Como vocês sabem, há alguns anos atrás eu entrei em conflito com o
Islamismo e acabei o abandonando porque sentia que não estava mais sendo
aceito por quem eu era... Isso foi um problema pra mim durante muito tempo. –
Respirou fundo antes de continuar. – Hoje eu acho que amadureci o suficiente
pra entender que a minha religião faz parte de mim e de quem eu sou, e eu
acho que Allah ama todos. Então eu sou grato por ter me reconectado com a
minha espiritualidade esse ano.
Todos sorriram levemente e Louis e Niall sentiram aquelas palavras com mais
intensidade porque acompanharam de perto toda a jornada do amigo, então
era lindo ver que ele tinha superado aquela questão que durante tanto tempo
havia tirado seu sono.
– Sou eu? – Liam perguntou com a sua lerdeza habitual e quando o namorado
assentiu, ele deu um risinho sem jeito. – Ah, eu sou grato por ter conseguido
tomar o controle da minha vida de novo, eu acho. Fui diagnosticado com
epilepsia quando eu tinha 12 anos e pela primeira vez eu sinto que estou
aprendendo a lidar bem com a doença. – Falou relaxado e sentindo o apoio de
Malik pelo jeito que o olhava com um sorriso incentivador. – A convulsão que
eu tive no começo do mês me deu o susto que eu precisava pra enxergar e
entender que eu tenho que viver uma vida mais saudável e responsável, e com
a ajuda de Z e dos meus pais eu estou conseguindo, então... É, sou grato por
isso.
Zayn se aproxima para beija-lo levemente nos lábios e para um dos jogadores
titulares do Tigers, que entrou no time aos 14 anos e, consequentemente,
entrou em contato com a bebida tão novo, ver Liam amadurecendo e
colocando sua saúde em primeiro lugar era um alívio. Um pouco antes das
provas do SAT's, o garoto tinha convulsionado no meio de um almoço em
família, depois de anos sem ter tido nenhuma crise. Foi um susto grande pra
todo mundo, mas ele foi levado pro hospital e levou alta no mesmo dia,
resolvendo mudar seus hábitos enquanto ainda era jovem e aquela decisão
tinha deixado todos que se importavam com ele, muito orgulhosos.
– Agora é você, Ni. – Payne falou para o loiro que assentiu com a cabeça.
– Eu sou grato pelo jantar delicioso de hoje e as tortas de maça e abóbora que
estavam realmente saborosas.
– Amor... – Olivia disse baixinho porque o conhecia bem e sabia que ele não
era bom em falar tão abertamente assim sobre os sentimentos, mas também
sabia que iria o fazer bem tentar.
– Tudo bem, tudo bem... – Horan ficou um pouco mais sério enquanto falava
olhando pra baixo para encarar seus próprios dedos brincando nervosos. – É
estranho falar sobre isso assim, mas... Depois que mamãe tentou se suicidar
no início do ano eu achei honestamente que nunca conseguiria achar a
felicidade de novo. Pra minha surpresa e do meu pai, ela melhorou depois de
alguns meses e a depressão não é mais tão forte quanto antes, mas agora ela
parece determinada o suficiente pra lutar contra dessa vez e não apenas
desistir, então... Bom, eu sou grato pela melhora dela. – E quando viu a mão
magra e com as unhas pretas de Reed entrelaçar na sua em um aviso
silencioso de que estava tudo bem, ele conseguiu levantou o olhar, respirando
fundo e encarando a garota. – Sua vez, linda.
Então Niall a olha com um sorriso doce, selando seus lábios com carinho e
sussurrando um "eu te amo" pra ela, ouvindo um coro de "awn" vindo de Louis,
Liam e Zayn e rindo em seguida.
Todos concordaram e na mesma hora ele foi o procurar na cozinha, mas ele
não estava lá. Subiu as escadas e foi até o primeiro andar, mas ele também
não estava em seu quarto, nos banheiro e nem na sala de tv. Foi na sala de
estar e encontrou Des e Anne sozinhos no cômodo, o homem sentado no sofá
com a esposa deitada com a cabeça em seu colo enquanto conversavam
baixo. Franziu o cenho e foi até Gemma e Michel que estavam perto da porta
de entrada e o médico estava pegando o seu casaco para ir embora.
– Gente, vocês viram o Harry?
– Não tenho ideia, Lou. – A cunhada respondeu fazendo uma pequena careta.
– Você já procurou lá em cima?
– Já, ele também não está lá. – Respirou fundo. Onde o garoto tinha se
metido?
– Quando a gente estava na sala eu tive a impressão de que ele tinha passado
nessa direção, mas não tenho certeza. – O doutor Campbell respondeu
apontando para o lado esquerdo, para a parte da frente da casa.
– Calma, deixa eu ver se... – Louis pediu licença e abriu a porta da frente
sentindo o vento frio na mesma hora, olhando no terraço e no jardim sem o
encontrar antes de finalmente ver uma silhueta lá na praia e apenas sabia que
era ele. – Achei.
– Ele está lá fora? – Gemma arregalou os olhos quando viu Tomlinson voltando
para dentro da casa, pegando a sua jaqueta na salinha ao lado e vestindo com
agilidade.
– Sim, eu volto já, Gem. – Ele disse puxando o capuz e colocando sobre seus
cabelos antes de enfiar as mãos no bolso da jaqueta e se despedir do homem
que já estava de saída. – Até mais, Michel, boa noite.
– Boa noite, Louis. – Ele ouviu a resposta quando já tinha saído da casa.
E Harry estava mais lindo do que nunca. Com as mãos no bolso do sobretudo
preto perfeitamente desenhado para o seu corpo e na cabeça uma touca da
mesma cor cobrindo seus cabelos e deixando apenas alguns cachos curtos
nas pontas para fora, seu rosto estava alvo e pacífico, exatamente como ficava
todas as vezes em que o jogador desacelerava um pouco para refletir sobre
algo, ou apenas apreciar uma boa visão. Sua feição era leve e suave, sem
nenhum tipo de tensão ou qualquer outro traço que representasse sentimentos
ruins. Styles estava são e sóbrio.
– Você me achou. – Ele disse sem sorrir, mas seus olhos eram aconchegantes
e calorosos com a presença de Louis ali, se ascendiam e brilhavam para sua
linda figura parada em pé. – Como sempre.
Louis o achou quando ele estava jogado no chão do seu quarto em uma festa,
bêbado demais para ligar. Louis o achou no dia na praia completamente fora
de si devido aos efeitos da droga que colocaram em sua bebida. Louis o achou
quando tudo o que ele queria era sumir depois da briga feia que teve com os
seus pais. Em todas as vezes que ele quase se perdeu, Louis o achou e o
mostrou qual caminho ele deveria seguir.
– Uma festa sem o anfitrião não tem a mesma graça, sabia? – O menor
arqueou uma sobrancelha, sem sair do lugar antes de dar de ombros
levemente, falando mais baixo em seguida em um tom quase tímido. – Você
faz falta em qualquer lugar.
– Tudo bem. – Louis assentiu caminhando até ele e sentindo uma brisa fria do
mar a sua frente bater contra seu rosto, fazendo trincar os dentes e se apertar
para amenizar o frio enquanto sentava ao lado de Styles. – Está congelando
aqui fora.
E aquilo pareceu chamar sua atenção, pois logo em seguida o jogador levantou
os olhos verdes até os azuis de Louis e o observou por alguns segundos com o
cenho levemente franzido, antes de dizer em seguida, cassando todas as
possíveis dúvidas que estivessem na cabeça do namorado.
– Eu comprei um presente pra você. – Disse com a voz baixa e uma tentativa
de sorriso que deu certo, pois os olhos de Styles brilharam.
– Meu aniversário é em fevereiro.
Na mesma hora Harry sorriu ao ver a pequena caixa retangular e fina. Ela era
azul e embalada por uma fita verde com um laço na mesma cor em cima. Até
no tom de seus olhos Louis tinha pensado, e aquilo era uma besteira mas
significava muito para o jogador.
– Só abra.
Ele riu sem humor pelo jeito direto e prático do menor antes de desfazer o laço
perfeitamente amarrado na frente e abrir a caixa, dando de cara com uma
corrente fina e na ponta dela uma medalha pequena e prateada com a letra L
gravada.
– Sim, você tem. – Ele concordou no momento em que seus rostos estavam
próximos demais e eles se olham diretamente nos olhos.
Louis riu quando o viu se afastar minimamente apenas para tirar o colar da
caixa e colocar no seu pescoço com facilidade.
– Seu amor é suficiente. – Disse observando ele ajeitar a corrente em seu peito
e ela ficava na altura do seu escapulário com o pingente de cruz.
– Isso é bom. – Styles sorriu olhando pra baixo em direção ao colar antes de
segurar a medalhinha com a inicial de Louis e leva-la até os lábios, deixando
um beijo nela sem tirar os olhos dos azuis brilhantes do namorado. – E só pra
constar, eu usaria mesmo se fosse uma coleira.
Aquilo fez Louis rir verdadeiramente porque mesmo em tom de brincadeira, ele
sabia que Harry falava sério.
– Nessas férias Zayn e Liam estão indo morar juntos, Niall e Olívia viajando
para o Caribe... – O menor respirou fundo um pouco pensativo, olhando para
Styles com um sorrisinho no rosto. – E nós, como ficamos?
Estava feliz demais pelos amigos e o fato de que eles tinham essas notícias tão
boas não o fazia sentir pena de si mesmo, sempre acreditou que as coisas
aconteceriam do jeito e no tempo que deviam acontecer, então não sentia
inveja ou nada do tipo. Achava realmente engraçado porque enquanto Zayn,
Liam, Niall e Olivia estariam super ocupados durante as férias, ele e Harry não
tinham planos nenhum e depois de um ano difícil como aquele onde a
ansiedade se fez mais presente que o normal, a ideia de não ter planos e
simplesmente viver as próximas semanas sem nenhuma obrigação era
extremamente agradável e ele não via a hora de viver tudo aquilo que ainda
nem sabia. Uma coisa que continuava aprendendo aos poucos com a vida é
que as vezes é bom se jogar no imprevisível e se apaixonar por ele.
– Nós? – Harry riu fraco, dando de ombros. – Nós continuamos nos Hamptons
ouvindo discos de vinis antigos, lendo livros e debatendo depois como dois
nerds, bebendo bastante café pra esquentar esse frio, passando um tempo
com a nossa família, jogando conversa afora dentro do carro, trocando beijos
quentes e transando todo dia embaixo das cobertas. – Ele sorriu assim que viu
o sorriso de Tomlinson aumentar. – Não precisamos de um apartamento juntos
ou uma viagem caríssima. Temos um ao outro e isso é o suficiente. Porque
cada momento que eu vivo ao seu lado é um momento memorável, Lou.
E talvez em um outro momento, Louis iria sorrir e se apaixonar ainda mais por
suas palavras, mas tudo o que ele sentiu ali foi um aperto no peito. Agora
Tomlinson pensava em como seria ficar longe dele nos próximos anos, como
seria não o ter na rotina, seus beijos quentes e molhados, seus abraços
apertados, seu sorriso de lado... De repente aquela vontade de chorar que ele
tinha matado antes tinha voltado, e um nó se fez em sua garganta no segundo
em que ele sentiu seus olhos arderem, resolvendo confessar em seguida.
– Eu vou sentir tanto sua falta, Harry... – Sua voz soou embargada e quebrada
como a de quem estava a beira das lágrimas, seus olhos vermelhos o
entregavam mais do que tudo e aquilo apenas era doloroso demais.
– Louis-
Ouvir aquelas poucas palavras também atingiu Harry de uma maneira que ele
não queria, pelo menos não agora. Queria aproveitar o tempo que ainda tinham
juntos nos Hamptons sem pensar na ideia de que aquilo nada mais era do que
um prazo de validade. Não queria ter aquela conversa agora, não queria sofrer
com antecedência, não queria pensar nisso. Ele só queria Louis, pra sempre.
– Lou, se você chorar eu vou chorar também. – Harry disse o repreendendo
porque queria ser forte, mas seus olhos também estavam úmidos e ele estava
realmente se esforçando para não demonstrar o quanto aquilo tudo também o
machucava.
– Sério que vamos fazer isso? – Harry fez uma pequena careta, segurando sua
mão e resolvendo ouvir o menor e deixar aquela conversa para outro dia de
fato, afinal aquele realmente era um dia de sorrir e agradecer.
– Você fugiu lá em cima com os meninos, não pense que vai conseguir fugir de
mim também. – Ele falou o repreendendo e o jogador deu uma risadinha fraca.
– Pode começar.
– Bom... eu sou grato por várias coisas esses ano. É o primeiro ano no qual eu
tenho mais coisas pra agradecer do que pra pedir, então isso é bom, né? –
Disse vendo Louis assentir com a cabeça em silêncio. – Sou grato por ter
encontrado pessoas incríveis no meu caminho e reencontrado outras também.
Sou grato pela nossa história, por tudo que vivemos juntos nesses meses e
nesse lugar mágico. Sou grato por todas as vezes eu eu precisei de alguém
achando que não tinha ninguém, mas você estava lá.
– Primeiramente, eu sou grato por ter reconhecido o meu valor e por ter tido a
coragem de me livrar de relações e pessoas que não me faziam bem. – Foi
dizendo aos poucos, parecendo reflexivo enquanto formava as palavras. – Sou
grato por conviver com pessoas que me acrescentam de todas as formas, sou
grato também por você ter se sentado nesse mesmo lugar ao meu lado há
meses atrás, por ter me mostrado seu coração e me ensinado tantas coisas,
principalmente a amar.
– Você disse que não íamos chorar hoje. – Harry disse o repreendendo ao se
emocionar mais uma vez com as suas palavras naquela noite.
– Se continuarmos aqui eu não sei mais. – Ele sorriu e o maior também.
Então Louis entrelaça sua mão na dele daquele jeito que eles sempre faziam e
vão caminhando juntos em silêncio pela praia em direção a enorme casa dos
Styles toda iluminada mais a frente, a vista é linda na praia deserta naquela
noite, o céu escuro e as estrelas brilhando mais do que o normal, pequenos
flocos de neve caindo enquanto eles andavam na areia e o frio fazia com que
os dois ficassem ainda mais próximos, mas antes que pudessem chegar na
casa, Harry para de andar no meio da praia e segura Tomlinson pela mão para
ele fazer o mesmo.
– Antes de irmos deixa eu só... – O garoto de olhos verdes disse baixo quando
Louis se vira na sua direção e para diante dele e os dois ficam se olhando em
silêncio.
– Deixa eu só olhar pra você. – Ele disse baixo ainda sem sorrir, mas seu olhar
o entregava.
– Tarde demais, amor. – Styles balançou a cabeça e seu sorriso de lado era
lindo e cúmplice dos sentimentos que alastravam seu peito.
– Preciso de mais motivos pra sorrir quando tenho você? – Respondeu com
outra pergunta, o puxando levemente pela mão para se aproximarem até terem
seus corpos colados, enquanto o jogador fazia uma carícia em seu pulso com o
polegar.
– Me escuta, Lou. – Ele disse um pouco mais sério e sua voz estava mais
baixa que antes, logo o menor abriu suas pálpebras, o encarando de volta com
atenção. – Somos jovens e temos uma vida inteira e cheia de possibilidades
pela frente, mas só pra você saber, caso haja alguma dúvida... Eu vou me
casar com você. – Respirou fundo, descendo o olhar para seus lábios antes de
subi-lo de volta para seus olhos. – Eu vou me casar com você, você vai ser o
pai dos meus filhos e nós vamos envelhecer juntos. É isso que vai acontecer,
ok?
– Como pode ter tanta certeza? – Louis perguntou em um fio de voz, também
com a expressão um pouco mais séria.
Também queria se casar com Harry porque sabia que ele era o homem da sua
vida, mas apesar de estar tentando apenas aproveitar e viver o presente, ele
ainda tinha tanto medo de algumas coisas sobre o futuro e o fato de não saber
o que poderia acontecer amanhã, que apenas admirava o jeito que Styles
falava com toda a certeza do mundo, firme e forte, sem temer o futuro como ele
temia.
– Não tem como ser de outro jeito. – Foi tudo o que ele respondeu, colando
suas testas e fechando os olhos com a respiração pesada. – Fomos feitos um
pro outro e devemos ficar juntos. Confia em mim
E confiar em Harry foi tudo o que Louis fez quando não disse mais uma
palavra, apenas inclinou o rosto para colar seus lábios nos dele. Levou suas
mãos até a barra do sobretudo do maior e segurou ali com força, sentindo as
mãos grandes de Styles segurarem seu rosto delicadamente a medida que
aprofundavam o beijo juntos e naquele momento o frio já não os incomodava
mais, porque aquele toque e aquele beijo eram quentes e eles se aqueciam
mutualmente quando suas línguas se tocavam e se movimentavam em uma
sincronia perfeita. Eles se aqueciam mutualmente quando seus lábios macios
roçavam um no outro e seus corpos estavam próximos demais para se
importarem com qualquer coisa externa que não fossem eles dois. Se
aqueciam mutualmente porque se amavam e não há nada como um bom amor
para esquentar um coração gelado.
– Sun. – Louis disse com a voz fraca assim que partiram o beijo e se afastaram
apenas para se encararem. – Mesmo que a gente esteja em cidades
diferentes, mesmo que eu não possa te ver ou te tocar todos os dias e mesmo
que esse clima não combine nem um pouco com nós dois... Eu ainda amo
você, tudo bem?
E Styles sorriu, porque de fato, aquele clima não combinava nem um pouco
com eles. Harry e Louis não eram vento frio, pele gelada ou neve fresca. Harry
e Louis eram brisa morna, pele bronzeada e sol ardente. Eles eram pôr-do-sol,
areia de praia e ondas do mar. Eram o fim de Junho, céu laranja e vinho rosé
com morangos para acompanhar.
– Eu te amo e vou passar todas as estações do ano ao seu lado, gatinho. – Foi
o que Harry disse sorrindo. – Mas você sempre vai soar como verão pra mim.
E no meio daquele abraço apertado com os flocos de neve caindo sobre suas
cabeças e exatamente no lugar onde conversaram pela primeira vez, Louis
sorriu ao lembrar da pergunta que Harry o fez naquela noite que tinha mudado
tudo entre eles. Meses depois, com o olhar de quem amava e era amado de
volta, Tomlinson sabia que o lindo garoto de olhos verdes em sua frente não
precisava perguntar de novo, mas mesmo assim resolveu proferir aquelas
palavras naquele momento para terem sempre em mente que independente do
que enfrentassem juntos em sua caminhada, no final de tudo só uma coisa
realmente importava:
Dois meses haviam se passado desde a festa de Ação de Graças na casa dos
Styles, e foram dois meses intensos de muitos acontecimentos em volta de
Tomlinson. A vida pareceu acontecer mais rápido nesses 60 dias do que no
ano inteiro, a festa de Natal e o aniversário de 19 anos de Louis foi na casa dos
Tomlinson e o ano novo nos Styles, as famílias mais unidas do que nunca
inclusive nos jantares dos domingos. Seus pais e os de Harry se deram
maravilhosamente bem, assim como as irmãs Tomlinson e Gemma, que agora
estava recuperada da cirurgia, livre da cadeira de rodas e muletas e
devidamente comprometida com o médico bonitinho e fã de Harry Potter.
Aqueles dois meses passaram rápido, mas nunca foram tão bem aproveitados.
Louis foi para Princeton pelo menos três vezes com sua mãe para resolver toda
a parte burocrática da faculdade, conhecer o campus e o seu dormitório, fazer
a mudança e andar um pouco pelo bairro que ele moraria nos próximos quatro
anos da sua vida. Mal acreditava que estava realmente indo para a sua
universidade dos sonhos, andou pelo campus olhando ao redor e tentando não
surtar por finalmente fazer parte dali, até mesmo o seu quarto nem era tão ruim
assim, era espaçoso e bem iluminado. E hoje ele iria de vez para Nova Jersey.
– Eu deveria estar aí. – Sua mãe disse com o tom de voz triste e baixo depois
de um tempo em silêncio, parecendo processar o que estava acontecendo. –
Não deveria ter vindo pra Montauk com Dan e as crianças, deveria estar aí pra
me despedir direito de você.
– Você está certo. – Ela respirou fundo, tentando se acalmar para não começar
a chorar ali mesmo. – Já conversamos sobre isso tantas vezes e você sempre
me tranquiliza, mas é só que vai ser difícil não ter você com a gente todos os
dias, Lou.
– Mãe, aguenta firme daqui que eu aguento de lá, tudo bem? – Louis disse
baixo, dessa vez sentindo um aperto no próprio peito e fazendo seu máximo
para ignora-lo. – Vai ser difícil pra mim também, mas não vamos ficar
separados pra sempre, eu te prometo.
– Eu te amo, filho. – Sua voz chorosa disse do outro lado da linha. – Todo
mundo daqui te ama muito, já estamos morrendo de saudade e não vemos a
hora de você voltar pra casa para nos visitar.
– Tudo bem, amor, o Harry está indo te buscar? – Jay perguntou certamente se
sentindo mais tranquila por saber que o filho iria fazer a viagem de duas horas
com o namorado.
– Sim, ele deve chegar daqui a alguns minutos. – Respondeu tirando o celular
do ouvido rapidamente para ver que eram duas horas da tarde. – Mande um
beijo pra Dan e as crianças, diga que os amo muito e que nem vai dar tempo
de sentirem minha falta porque no final de semana já estou de volta, ok?
– Pode deixar que eu vou dizer sim, filho. – Ela fungou, mas Tomlinson sabia
que no meio daquelas lágrimas discretas estava um pequeno sorriso. – Vá lá e
faça o seu melhor, estamos muito orgulhosos de você... E Louis?
– Sim?
– Não esqueça... Se você é a pessoa mais inteligente de uma sala, você está
na sala errada.
– Foi o que você me disse antes do meu primeiro dia de aula no ensino médio.
– Tomlinson falou em meio a um suspiro, sentindo algo nostálgico no peito.
– Esteja ao lado das melhores pessoas que você pode estar, pessoas que te
agreguem, que somem algo de relevante na sua vida e que te incentivem
sempre a evoluir. – Era o conselho que Jay tinha o dado a anos atrás e agora,
prestes a entrar na faculdade, ainda continuava sendo o conselho mais valioso
que já recebera da mãe. – Não se subestime, mas também não se acomode.
Você já é um homem extraordinário, mas pode sempre ser melhor.
Sempre foi muito próximo da sua mãe e sabia que seria difícil os próximos
anos sem ela e sua família ali ao seu lado. O fato de também não ter Harry e
seus amigos próximos todos os dias realmente o assustava, mas tinha
sonhado tanto com aquele momento que apenas sabia que conseguiria fazer
aquilo. Iria ligar todos os dias, fazer longas chamadas no face time e mandar
mensagens o tempo todo, não os teriam ali fisicamente mas estaria pensando
neles o tempo todo. Iria ver um homem tropeçando na rua e pensaria em Niall,
pois se o loiro estivesse ali provavelmente cairia em uma gargalhada sem se
importar em ser discreto. Iria ver os alunos de fotografia e pensaria em Zayn e
em como ele gostava de registrar todos os melhores momentos deles juntos.
Iria ver algum cara aleatório fazendo dancinhas estranhas nas festas das
fraternidades e pensaria em Liam pois o amigo conseguia chamar atenção de
todos fazendo exatamente isso nas festas dos Tigers. Iria ver uma garota
usando boina e a primeira pessoa que viria em sua mente seria Olivia e a sua
coragem de ser ela era mesma – ao ponto de usar boinas e roupas escuras
morando no litoral – sem dar a mínima para a opinião alheia.
E por fim Harry... Louis não precisaria ver nada para pensar em Harry. Não
precisaria ver livros empoeirados de Oscar Wilde na biblioteca da faculdade,
não precisaria ver os jogos de futebol americano, não precisaria ouvir Cage
The Elephant enquanto estivesse andando pelos corredores durante os
intervalos, não precisaria se esforçar nem um pouco porque o guardava
sempre e o tempo todo nos pensamentos e no coração, então Harry estaria ali
independente de qualquer coisa. Harry estaria ali desde o momento que ele
acordasse até o momento que fosse dormir, estaria não só na tela de bloqueio
do seu celular, ou nas mensagens recentes, mas estaria em cada detalhe e
cada segundo que Tomlinson estivesse fazendo absolutamente qualquer coisa
e pensasse "queria que ele estivesse aqui".
Então Louis respirou fundo lembrando dos últimos dois meses e como cada dia
tinha sido maravilhoso. Foi difícil conciliar o tempo entre o namorado e sua
família, já que Styles também estava aproveitando aqueles últimos dias em
casa para ficar com seus pais e sua irmã também, mas era apenas incrível
quando se encontravam de manhã ou apenas a noite e davam um jeito de
transformar qualquer dia em um dia especial – até mesmo com a nova mania
boba do jogador de esconder bilhetes pelas coisas de Louis com palavras
carinhosas que o causavam suspiros e sorrisos contentes. Eles liam livros
juntos, assistiam filmes e séries novas, dirigiam apenas para tomar um café
quente para aquecer daquele frio do inverno, um dia até tomaram coragem de
entrar no mar usando apenas cuecas enquanto não sabiam se gargalhavam ou
se contorciam pela água gelada. Tinham os dias que estavam empenhados e
transavam pelo menos três vezes por dia, começaram a visitar motéis de beira
de estrada por suas casas estarem sempre cheias e era divertido experienciar
tudo aquilo pela primeira vez juntos, mas também tinham os dias que não
faziam absolutamente nada e ficavam jogados no sofá ou na cama ouvindo
música enquanto encaravam o teto. O jeito que Harry cantarolava rouco e
baixinho segurando a mão de Louis e depositava um beijo ali era o suficiente
para tornar esses dias perfeitos.
Desceu um pouco a tela e se deparou com outra publicação que o fez sorrir,
dessa vez era uma linda foto de Liam, era espontânea e natural, ele olhava pra
câmera surpreso e com um sorriso de largo, sua mão estendida em direção ao
fotógrafo como se estivesse prestes a impedi-lo, mas sem sucesso. Estava em
um cômodo pequeno, o que parecia ser um quarto escuro e iluminado apenas
por uma luz vermelha e forte. No meio tinha uma mesa, uma impressora,
algumas máquinas e ferramentas que Louis não entendia nada e um varal em
cima com algumas fotos penduradas.
Passou quase um minuto sorrindo com aquela foto e feliz pela estabilidade que
Zayn e Liam estavam alcançando juntos, lembrou de toda trajetória deles dois,
desde o início, quando se odiavam. Todas as provocações, todas as brigas,
desentendimentos, tudo isso sempre teve um motivo por trás que ninguém
sabia além deles dois. O destino os juntou durante uma única noite a anos
atrás e depois os juntou de novo, dessa vez de verdade e pra valer. Sempre
foram apaixonados e agora estavam mais do que nunca, firmes e fortes como
deveriam estar. Liam com seu jeito bobo e até meio lerdo enquanto Malik era
agitado e quase hiperativo, suas diferenças se complementando como uma
mistura química perfeita: Pumpkin e Sweet Child. Era ridículo, mas ao mesmo
tempo adorável, na opinião de Tomlinson.
E bastou descer mais um pouco a tela do celular para se deparar com aquela
publicação que realmente tocou seu coração naquele momento. Era Tyler
Jones fantasiado de homem de ferro abraçando seu irmão Travis que estava
vestido de homem-aranha. A família Jones tinha oficialmente se mudado dos
Hamptons no final de novembro e agora estava na Suíça para tratar da
leucemia do filho mais novo com um dos melhores oncologistas infantis do
mundo. Louis não tinha mais notícias do ex namorado, mas aquela foto parecia
falar por si só. Tyler estava com a cabeça completamente raspada e um sorriso
de orelha a orelha enquanto seus olhos estavam vermelhos e minimamente
lacrimejados, e o garotinho de quatro anos ao seu lado agora parecia bem mais
magro, também com a cabeça raspada, mas continuava adorável e com um
sorriso divertido em meio ao abraço apertado do irmão.
@jonestyler21: Travis estava com medo de raspar o cabelo então eu tive que
raspar o meu primeiro pra ele ver que não doía. Acabamos gostando do
resultado final. Faria qualquer coisa por você, criança, e nós vamos passar por
isso juntos. Foda-se o cabelo, você é o meu super-herói favorito.
Louis sentiu seus olhos marejarem levemente, porque mesmo depois de tudo
de ruim que passou ao lado de Tyler, ele não desejaria o seu mal. Pelo
contrário, o garoto de olhos azuis torcia para que Jones encontrasse um
propósito na vida, para que ele se tornasse alguém digno de amar e ser
amado, alguém que pudesse se orgulhar. Tomlinson não sabia como seriam as
coisas dali pra frente, não sabia o que seria de Tyler e como ele iria se sair na
vida, mas esperava que fosse bem e que ele fosse feliz. Não conseguiria
desejar nada além disso, pois era o que queria pra si mesmo e ele era do tipo
que acreditava em karma e na experiência de colher o que plantar e receber o
que desejar.
Mas antes que pudesse continuar refletindo sobre aquela foto e a situação
delicada que a família Jones enfrentava, recebeu uma notificação de uma
mensagem de Harry dizendo que estava chegando, então ele respirou fundo
pegando a única mochila que levaria consigo – já que o resto da mudança já
estava em seu dormitório em Princeton – e não se conteve, tendo que encarar
seu quarto por alguns segundos nostálgicos lembrando de todos as coisas que
viveu ali, respirando fundo e fechando a porta em seguida. Se despediu
mentalmente daquela casa mesmo sabendo que ainda continuaria sempre por
ali, mas não do mesmo jeito. Ele sabia que sempre teria a casa da sua mãe
para ir e aquele lugar também o pertencia, mas agora estava prestes a entrar
em uma nova fase da sua vida, nova casa, nova cidade, novos amigos, novos
hábitos. E por mais que tivesse seu coração apertado por estar saindo de casa,
também estava feliz e animado para esse novo capítulo que viria a seguir.
E Harry era lindo. Harry, Harry, Harry. Louis amava Harry. Louis amava a sua
voz e o jeito que ele falava quase pausadamente, amava como Harry era o ser
humano mais bonito do mundo e ia de não fazer ideia disso até ser narcisista
até demais. Louis amava o jeito que Harry o olhava como se ele fosse tudo,
amava o jeito que ele sorris e todos os seus milhares de sorrisos diferentes. O
sorriso surpreso quando escutava algo bom que não estava esperando, o
sorriso simplesmente feliz quando, pra variar, ganhava uma partida de Fifa de
Tomlinson ou quando brincava com Doris, Ernest ou sua afilhada Ruby. O
sorriso discreto quando apenas parava e admirava algo em silêncio, o sorriso
preguiçoso quando acordava ao lado de Louis com os olhos inchados e
cabelos bagunçados e a primeira visão que tinha no dia era justamente um par
de olhos azuis brilhantes que se pareciam com o oceano. O sorriso genuíno
quando ouvia um "eu te amo" e até o sorriso safado mordendo o lábio inferior
quando ele jogava Tomlinson na cama e tirava suas roupas com pressa para
toma-lo daquele jeito que só ele sabia fazer. Harry, Harry, Harry. Louis amava
Harry e cada mínimo detalhe sobre ele para sempre.
– Você está lindo hoje. – Louis disse o olhando dos pés a cabeça com o lábio
inferior entre os dentes enquanto colocava sua mochila no banco de couro
bege da Mercedes e Harry entendeu que aquele "lindo" na verdade significava
"gostoso".
Assim como Tomlison, Harry já tinha resolvido tudo na NYU, já tinha visitado o
campus com Zayn e Liam e as coisas estavam indo conforme o esperado. Ele
e Gemma não viam a hora de finalmente morarem juntos e terem esse tempo
de irmãos já que a garota tinha saído de casa quando o menor era muito novo,
e agora mais velhos, eles estavam em sua melhor fase, prontos para viver
várias aventuras na cidade que nunca dormia – apesar de todos saberem que
depois de um longo dia de trabalho e estudos, eles provavelmente acabariam
pedindo uma pizza e assistindo comédias românticas jogados no sofá.
Eles já tinham conversado sobre aquele dia específico milhares de vezes nos
últimos dois meses: o dia que finalmente sairiam de casa e iriam para a
faculdade. Obviamente por um lado era estranho deixar tudo pra trás e viver
algo totalmente novo, ficar longe da família e dos garotos, longe de tudo que
estavam acostumados a ter por perto, inclusive um ao outro. Passariam mais
dias longe do que perto, já que só iriam se ver nos finais de semana quando
estivessem de volta aos Hamptons, então isso não era exatamente como eles
sonhavam. Por outro lado, a sensação de estar indo pra universidade que
sempre almejaram, prontos para viver uma nova fase, era excitante e
animadora. Queriam e estavam preparados para enfrentar o que quer que
fosse, todos os desafios e obstáculos fora das suas zonas de conforto e somar
experiências.
– Empolgado, e você?
– Eu te presenteio com o Jaguar que você tanto ama e é assim que você me
agradece? – Perguntou em um tom provocativo, mas Louis se recusava em
acreditar naquilo.
– Eu também tô falando sério, amor, ele já está no seu nome. – Styles levantou
os ombros como quem dizia "não posso fazer nada" antes de posicionar na sua
frente. – No dia de Ação de Graças você me deu um presente... – Disse
puxando a correntinha com o L cravado na medalha prateada e dando um beijo
rápido nela. – E eu não te dei nada de volta, então aí está.
– Cale a boca e aceite o meu presente, pode ser? – Styles disse com um
sorriso segurando sua cintura e se aproximando para colar seus corpos.
E Tomlinson apertou os lábios em uma linha fina, encarando Harry com o seu
boné para trás irresistível como sempre. Balançou a cabeça negativamente,
colocando as palmas sobre o peito do namorado e subindo as mãos em
seguida para seu colo e pescoço, afagando os dedos pela sua pele bronzeada
e arrepiada sob seu toque.
– Você é louco pra caralho... – Ele disse com a voz arrastada e a expressão
séria, mas tinha um traço de magnetismo em seu olhar atraente que fez Harry
sorrir. – E eu te amo pra caralho.
– Eu... Deus, nem sei o que dizer. É perfeito, amor, eu amei. Obrigado. –
Dessa vez Louis respirou fundo com um sorriso bobo e realmente agradável
aos olhos de Harry, finalmente se acostumando com aquela ideia louca do
maior. – Agora vou ter que estudar muito pra ficar rico e poder te dar um
presente a altura. Droga.
E Louis foi. Pegou sua mochila e correu para o carro, abrindo a porta e se
sentando no banco do motorista, lembrando quase automaticamente de
quando ele tinha que praticamente implorar a Harry para dirigir seu Jaguar
antes mesmo deles namorarem. O namorado logo entrou no banco do
passageiro e eles passaram cerca de 10 minutos com Styles explicando tudo
que ele precisaria saber sobre o seu novo carro, então o menor o ligou em
seguida para darem uma volta ao som de Pretty Boy do The Neighbourhood,
sem conseguir parar de sorrir, até sentindo suas bochechas doerem um pouco
enquanto Harry o observava em silêncio com olhos brilhantes porque era sobre
isso. Era sobre o sorriso largo de Louis, era sobre sua risada e seus olhos
franzidos de felicidade. Nada mais importava quando Louis estava feliz.
Tomlinson então acabou decidindo que estava com fome, dirigindo até a cidade
e cantarolando a letra da música e trocando olhares rápidos e carinhosos com
o namorado ao seu lado. Passaram no drive-thru da Mc Donald's e Louis
resolveu estacionar o carro em frente a praia numa parte mais afastada e eles
passaram cerca de meia hora sentados no carro com as janelas abertas
ouvindo música e comendo juntos, enquanto conversavam e gargalhavam com
os cabelos bagunçados pelo vento e o mar dos Hamptons como a vista perfeita
em sua frente. Aquele era o último dia dos dois na cidade, e eles estavam
passando seus últimos minutos juntos antes de se despedir exatamente do
jeito que mais gostavam: sentados no carro e apenas aproveitando a presença
um do outro. Eles adoravam sair e se divertir, ir para as festas ou jantares e
estar rodeados de pessoas, mas não podiam negar, seus melhores momentos
eram aqueles quando estavam sozinhos apenas jogando conversa fora
ouvindo a playlist que fizeram juntos, rindo de qualquer coisa e trocando beijos
suaves.
E estava tudo perfeito até que Harry lembrou do horário, e achou melhor
voltarem para casa de Louis para então pegarem a estrada, já que o sol iria se
pôr em breve e seria melhor eles irem antes que ficasse muito escuro. Styles
iria deixar Tomlinson em Princeton e depois seguir para Nova York, mas como
agora Louis tinha seu próprio carro – e aquilo ainda soava extremamente
estranho e surreal – ele iria dirigindo sozinho, tendo que pegar a estrada leste
que dava em Nova Jersey enquanto Harry pegaria a estrada oeste para Nova
York. E isso significava que eles teriam ainda menos tempo juntos sem as
horas da estrada, e seriam obrigados a se despedirem antes para partirem,
cada um em sua direção própria. A volta para a casa do garoto de olhos azuis
foi silenciosa e lenta, as suas mãos estavam entrelaçadas e repousavam sobre
a coxa do menor enquanto o jogador continuava o observando dirigindo sem
pressa, porque sabia que fazia isso para terem ainda mais alguns minutos
juntos.
– É agora que a gente se despede? – Tomlinson respirou fundo assim que
estacionou o Jaguar em frente à sua casa, logo atrás da Mercedes, encarando
Harry.
– Não é uma despedida, vamos nos ver próximo final de semana, lembra? –
Ele arqueou apenas uma sobrancelha, tirando o boné da cabeça e passando a
mão pelos cachos antes de colocar o boné de volta. – Eu vou te buscar no seu
dormitório, você vai me mostrar o campus e depois nós voltamos juntos pra
casa.
– Eu sei que não estamos nos despedindo um do outro, babe, mas... estamos
nos despedindo dos Hamptons.
– Alguns anos da faculdade não são nada perto do resto das nossas vidas. – O
garoto de olhos verdes respondeu dando de ombros tentando o tranquilizar e
mostrar que estava tudo bem. – Eu sei que nós amamos viver aqui e vai ser
difícil como um inferno morar na cidade grande, mas é temporário e vai passar
tão rápido que nem vamos perceber. Nós vamos sobreviver, gatinho.
A verdade era que Louis estava animado e feliz em ir pra faculdade, mas não
conseguia parar de pensar em tudo que estava deixando pra trás nesse
processo, ainda que fosse temporário como Harry estava dizendo. Por um lado
ele queria apenas ficar nos Hamptons pra sempre com sua família, seus
amigos e seu namorado, queria estudar na Universidade de lá junto dos
garotos e ter a mesma rotina e os mesmos hábitos, mas sabia mais do que
isso. Sabia que apesar de pertencer a Long Island, Princeton guardava coisas
incríveis para ele e sair da sua zona de conforto dessa maneira era um desafio
que ele não queria abrir mão. Para Tomlinson seria difícil ficar longe de Harry
todos os dias, assim como para Styles seria igualmente difícil ficar longe de
Louis, mas o maior era aquele que guardava esse medo para si mesmo,
guardava tão bem que praticamente ele não existia. Harry era o cara que sorria
e dizia que ia ficar tudo bem, era o cara que tentava simplificar aquela situação
e deixa-la tão pequena e tão irrelevante ao ponto deles realmente acreditarem
que aquilo tudo não afetaria em nada no relacionamento. As coisas só tem a
importância que a gente dá e o pensamento é mais poderoso que a gente
imagina, foram uma das coisas que Louis aprendeu com Harry.
– Por que você é tão teimoso assim, hum? – Styles perguntou baixinho se
aproximando dele e beijando seu ombro enquanto a ponta dos seus dedos
ágeis iam até a cintura de Tomlinson e apertavam o local várias vezes. – Não
quer ficar longe de mim nunca?
– Nem começa... – Louis continuou sério entendendo muito bem o que o
namorado estava fazendo, mas seu pedido pareceu surtir o efeito contrário.
– O que vai ser de você sem mim todos os dias te dando carinho e te mimando,
Lou? Me diz! – Continuou com as cócegas se divertindo ao ver o garoto sem
saber se ria ou tentava respirar.
– Você não vai conseguir... Vai morrer de saudade, não vai? – Styles deixou
mais alguns beijos na sua pele, resolvendo parar de tortura-lo daquele jeito,
ainda que amasse o som da sua risada alta.
– Para, amor! – Quando o maior finalmente o solta, Louis se afasta ofegante
ainda rindo, seu sorriso escapando de seus lábios aos poucos conforme
controlava sua respiração, então ele volta a encarar Harry com a expressão
séria, mas leve.
Louis sabia muito bem o motivo daquelas cócegas aleatórias do nada, aquele
era apenas Harry tentando anima-lo e fazê-lo sorrir depois de tocar em um
assunto minimamente tenso ou desagradável. Styles não queria que aquilo
fosse mais doloroso do que realmente deveria ser.
– Não vamos fazer disso uma grande coisa, ok? São poucas horas de distância
e estaremos nos falando o tempo todo, vamos ficar bem.
– Só se você prometer que vai tirar as roupas na frente da câmera pra mim. –
Seu sorriso de lado era clássico e Louis o adorava.
– Não vamos fazer sexo por face time. – Rolou os olhos teatralmente, mas o
olhar sugestivo de Harry parecia não acreditar muito naquilo.
– Eu aposto duas semanas pra você implorar pra fazermos sexo por face time.
– Só uma batidi-
– Ah. – Foi a vez de Louis de sorrir de lado para ele com um olhar malicioso e
as mãos em seu peitoral. – Definitivamente não vamos sair do quarto, capitão.
– Seja bom na NYU, estude todos os dias mas não se sobrecarregue, ajude
Gemma com as coisas de casa, faça bons amigos e se divirta, mas também
cuide do seu sono e coma direito durante a semana. – Louis dizia sério
enquanto encarava seus olhos atentos e quanto Styles abriu a boca pra falar,
ele continuou. – Já sei o que você vai dizer...
– Então deixe-me dizer... Eu tenho Gemma em NY, mas você vai estar sozinho
em NJ, então, por favor, faça o mesmo por você. – Harry disse dessa vez sem
sorrir. – Eu vou enlouquecer se souber que você não está se cuidando, Louis.
Estou falando sério.
– Você apenas vai se dar perfeitamente bem em Nova York, não vai? – Louis
emaranhou os dedos finos nos cachos de Harry que estavam fora do boné,
brincando com eles como amava fazer.
– Você acha?
– Claro que sim. – Sorriu, observando cada detalhe do rosto do maior. – Você é
lindo, educado, simpático, gentil e todo mundo te adora. Você brilha como uma
estrela quando chega em qualquer lugar, Harry.
E Styles sorriu genuinamente ao ouvir aquelas palavras, afinal Louis não tinha
o costume de estar sempre o elogiando para agrada-lo – assim como ele –,
mas toda vez que Tomlinson o fazia, ele sabia exatamente o que dizer. Harry
era o namorado que se declarava, que escrevia poemas, que era
extremamente carinhoso o tempo todo e que dava um carro de presente, tudo
isso pra dizer o quanto o amava. Louis era o namorado que dizia que o amava
com apenas um olhar ou um sorriso, com um beijo lento e um toque delicado.
Harry demonstrava demais e não era que Louis demonstrasse de menos, ele
apenas tinha seu jeito próprio de fazer isso que, aos olhos do jogador, era a
coisa mais linda do mundo.
– Posso te contar um segredo? – O garoto de olhos verdes disse baixo, vendo
o menor assentir. – Eu me esforço bastante. Já você... Bem, você não precisa
se esforçar para ser adorado, acredite em mim. Meus pais se apaixonaram por
você apenas observando seu jeito atrevido e perspicaz, Gemma se apaixonou
por você te vendo ser engraçado e espontâneo e Celine se apaixonou por você
quando percebeu o quanto você estava apaixonado por mim. Meu ponto é... Eu
tenho certeza que você vai ser incrível em Princeton, apenas seja você na sua
mais pura essência e todo mundo ao seu redor vai se apaixonar... Assim como
eu também apaixonei.
E como Louis continuava sendo Louis, ele se isentou de palavras e não disse
nada quando ficou na ponta dos pés e puxou levemente o maior pelo pescoço,
colando seus lábios na mesma hora. Foi um beijo quente e confortável, aquele
beijo saboroso em meio a um abraço apertado do qual a gente não quer nunca
se soltar. Era doce, aconchegante, calmo e acolhedor. Sem pressa alguma, o
mundo poderia acabar naquele momento e pouco importava, estavam presos
demais um no outro, presos em seus pensamentos e sentimentos, seus lábios
macios e línguas quentes em uma fricção gostosa, corpos se apertando e se
juntando como quem não queria se desgrudar nunca mais. Aquele era lugar
seguro.
– Eu vou ficar com esse daqui. – Tomlinson disse tirando o boné da cabeça do
namorado e colocando para trás na sua assim que romperam o beijo e se
afastaram minimamente. – Pra ter algo seu comigo.
– Eu poderia dizer que você tem o meu coração, mas seria brega demais e
além disso, todas as minhas camisetas velhas de banda estão com você,
então... – Harry disse descontraído dando de ombros enquanto arrumava o
cabelo para trás com as mãos, charmoso como sempre. – Me ligue quando
chegar lá, tudo bem?
– Certo. Obrigado pelo presente mais uma vez, me cobre uma BMW daqui a
alguns anos. – Louis respondeu fazendo os dois rirem, em seguida se
aproximou uma última vez para deixar um selinho longo e molhado nos lábios
do namorado e finalmente se afastar. – Cuidado na estrada, eu amo você!
– Louis. – Harry chamou seu nome e na mesma hora o garoto levou os olhos
azuis aos seus, o encarando com a feição leve e um olhar apaixonado e cheio
de esperanças. – Eu posso brilhar como uma estrela... Mas quem carrega o sol
consigo é você, lembra?
E mais uma vez Louis o provou que palavras não eram tão necessárias quando
lhe lançou um lindo sorriso esbanjando doçura e afeto, exatamente aquele
sorriso que tinha o poder de dizer "eu te amo" em várias línguas diferentes,
aquele sorriso que escancarava seus sentimentos mais profundos e sua paixão
mais ardente. Foi com aquele sorriso que se despediram, cada um entrando
em seu carro e partindo dali em direções opostas e caminhos diferentes,
mesmo sabendo que no final do dia, todos os caminhos do mundo os levariam
um para o outro.
Tomlinson dirigia com calma para leste da cidade enquanto sentia o cheiro de
Harry por todo canto e escutava uma playlist no aleatório pensando em tudo
que viveu no último ano. O namoro turbulento com Tyler Jones e seu término
naquele dia importante, a conexão quase imediata com Harry Styles e o roubo
de livro na feira da Hamptons High, as conversas no carro e o café quente. O
primeiro beijo, a primeira briga, o primeiro "eu te amo", a primeira vez. A
aproximação com os garotos que no final acabaram virando cinco irmãos, a
chegada de Olivia, a descoberta que Zayn e Liam na verdade já tinham
dormido juntos e em seguida a volta do casal, as festas que sempre acabavam
dando errado, as vezes que ficaram bêbados de vinho rosé jogados na areia da
praia e as vezes que se juntavam nas sextas a noite para cozinhar ao som de
uma playlist de jazz. As incontáveis risadas, os abraços calorosos, os beijos
molhados, os banhos de mar, as frutas de verão, os momentos memoráveis.
Seria impossível um dia esquecer a sua época de ouro, quando era apenas
jovem e apaixonado demais para se importar com qualquer outra coisa que não
fossem lindos olhos verdes brilhantes e acordar de um dia bom para outro
ainda melhor.
E todas aquelas lembranças o deixaram emotivo. Naquele ponto, olhar pra trás
e recapitular rapidamente todos as experiências vividas e apreciadas nos
últimos meses era quase como abrir o coração e deixa-lo exposto para o que
quer que fosse. Então Elephant Gun do Beirut começou a tocar e Louis sorriu
fraco porque amava aquela música. Os primeiros acordes fizeram ele se
arrepiar por inteiro, e logo em seguida nos primeiros versos cantados, aquelas
emoções fortes que sentia no coração, escaparam em forma de lágrimas pelos
seus olhos.
Era um choro leve e suave, apenas dirigia enquanto as lágrimas desciam pelo
seu rosto fino sem que pudesse controlar. Fungou rápido sentindo aquela onda
nostálgica tomar conta do seu corpo ao som daquela música específica que
soava como despedida, soava como algo lindo e grandioso que ele não sabia o
que era, mas tinha curiosidade em descobrir. Tomlinson já não sabia mais
quantos minutos estava dirigindo, mas se assustou quando finalmente pegou a
estrada leste da cidade, o único carro acelerando sob o asfalto e agora não
eram mais as ruas charmosas da cidade e sim uma rodovia com plantas
baixas, o sol se pondo no céu e o mar de fundo em um cenário perfeitamente
lindo e solitário para um garoto que estava, oficialmente, saindo das fronteiras
dos Hamptons, cada segundo mais e mais distante do que costumava ser sua
casa. Agora a ficha estava caindo de que era real, ele estava indo embora de
um lado enquanto seu garoto de olhos verdes ia embora do outro. Mal tinham
se separado e pela primeira vez a distância física já estava o afetando
verdadeiramente.
Mas aquela frase se repetia na canção várias vezes e talvez significasse algo.
Talvez o começo de uma nova temporada e um novo ciclo tenha vindo para o
bem, mas Louis não conseguia parar de lembrar de tudo... lembrar de Harry. E
logo em seguida, como se adivinhasse seus pensamentos, seu celular
começou a tocar e o nome do namorado brilhava na tela, então o garoto teve
poucos segundos para se recompor, enxugar as lágrimas que insistiam em
escapar de seus olhos e fungar rapidamente antes de atender o telefone.
– Só encosta. – Foi a última coisa que ele disse antes de desligar a ligação.
Aquele beijo era diferente dos outros, ele era rápido, intenso e quase
desesperado. Styles tinha as duas mãos segurando a nuca de Louis enquanto
o garoto apertava sua cintura sem precisar ficar na ponta dos pés dessa vez já
que o maior tinha inclinado o tronco até alcançar sua boca. Suas cabeças
estavam tombadas para o lado e o encaixe de seus lábios era impecável, suas
línguas eram macias e ágeis, faziam o trabalho perfeitamente e deixavam
ambos arrepiados e satisfeitos. Alguns minutos depois foram obrigados a se
afastar para recuperar suas respirações com as testas coladas, em silêncio
encarando nada além de seus olhos azuis e verdes.
– Não quero que restem dúvidas. – Styles suspirou, levando uma mão ao rosto
pequeno e delicado do menor e acariciando a maça do seu rosto com calma,
observando cada detalhe dele. – Estava chorando, não estava?
– Não... – Se apressou em negar, mas Harry já o conhecia tão bem que seu
olhar deixava claro que ele já sabia da verdade, então Louis respirou fundo,
resolvendo consertar sua resposta. – Não foi um choro triste.
– Tem certeza? – Franziu o cenho sem parar com as carícias em sua bochecha
e nuca.
– Você sabe que não tem com o que se preocupar, não sabe? – Styles
perguntou com a expressão serena e encantadora, com aquela voz que tinha o
poder de acalmar qualquer um. – Você não tem com o que se preocupar, nem
hoje nem nunca, sabe porquê? Porque deu certo, Lou. A faculdade, a minha
família, nós dois... Deu certo. Estamos fechando esse ciclo exatamente da
maneira que ele deve ser fechado.
– Eu sei disso. – Ele concordou acenando com a cabeça e abaixando-a para
encarar o chão timidamente.
Não podia negar, diante da realidade dos fatos, aquele era o melhor cenário. O
sonho de Harry era NYU e o sonho de Louis era Princeton, eles teriam que
morar em cidades diferentes pelos próximos anos e aquilo era inconveniente,
mas era a realidade. Eles continuavam namorando e com todo o desejo e a
força de fazer aquilo funcionar, então não era tão ruim assim. Poderia ser pior:
se um dos dois fossem estudar em outro país, aí sim seria realmente
preocupante. Mas estariam distantes um do outro apenas durante a semana, e
nesse início a ideia parecia difícil – não impossível – mas com o tempo iriam se
acostumar e se adaptar a suas novas vidas, iam saber lidar com a distância em
algum momento.
– Olha para mim. – Harry pediu baixo e Louis suspirou.
– Haz...
– Olha para mim, Louis Tomlinson. – Então o maior segurou seu rosto com as
duas mãos levantando com cuidado para se olharem no fundo dos olhos. – Eu
te amo. Sou completamente apaixonado por você.
– Eu também amo você. – Tomlinson falou sério. – Seja sincero, acha que
vamos conseguir fazer isso?
– Mas e se a gente não conseguir? – Rebateu porquê precisava saber até onde
aquela certeza toda iria, precisava saber o que aconteceria se as coisas
começassem a dar errado. – E se não der certo em algum momento, se o
espaço entre nós afetar demais, se a gente só aguentar isso por mais um ano
ou dois?
– Se isso acontecer, você ainda não tem com o que se preocupar. Podemos
passar um tempo separados e sem ouvir falar um do outro, mas um dia vamos
voltar pros Hamptons pra passar o feriado de quatro de julho com a nossa
família e em algum momento vamos nos esbarrar pela cidade. Pode ser na
Main Street, eu conversando com os meus amigos do Navy's e você andando
de bicicleta e ouvindo Bowie. Pode ser na praia Cooper, eu tomando banho de
mar e você lendo Oscar Wilde na areia. Vamos nos esbarrar, meu coração vai
fazer uma festa e as minhas pernas vão enfraquecer. E aí eu vou olhar pra
você... e quando eu te ver ali na minha frente na beira da praia, o mundo vai
parar por um momento e só vai existir você. É clichê, mas é verdade, eu só
tenho e sempre terei olhos para você, Louis.
E era aquilo. Era exatamente aquilo que Tomlinson precisava ouvir. Já tinha
ouvido Harry falar com toda certeza que daria certo, mas aquelas palavras
fizeram além porquê elas disseram que até se desse errado, tudo iria ficar bem.
Até se o destino ou os acasos da vidas os separassem em algum momento,
eles iriam dar um jeito de se reencontrar depois. E saber daquilo, mais do que
tudo, o deu a certeza de que Harry era sim o homem da sua vida e eles iriam
terminar juntos independente de qualquer coisa. Aquele amor era forte e ele
podia sentir isso através do beijo, do toque, do olhar e de cada coisa que
tornava-o tão único e extraordinário.
– É lindo, mas é melhor que isso nunca precise acontecer. – O garoto disse
depois de um tempo em silêncio e os dois riram juntos com leveza. – Agora
você disse o suficiente, obrigado por isso. Obrigado por tudo.
Louis foi para Princeton e Harry seguiu para Nova York, ambos sem ter a
mínima ideia do que iria acontecer dali em diante, cheios de medo e incertezas,
mas escolhendo apreciar o imprevisível. Porque no fundo sabiam que um amor
como aquele não ficaria perdido em páginas empoeiradas de um diário antigo e
muito menos viraria apenas uma memória boa de um tempo bom. Um amor
como aquele daria certo porque estavam presos um no outro e destinados a
sempre voltar para aquela cidade mágica, onde a vida acontece na beira da
praia, os jovens são nascidos e criados no litoral e estavam sempre aquecidos
pelo sol.
E com isso em mente, Louis apenas sorria. Cantava junto com a música
batucando os dedos na direção e balançava a cabeça no ritmo dos
instrumentos harmônicos entre si. Estava concentrado na estrada quando viu
um papel dobrado caindo no banco do passageiro, então o garoto franziu o
cenho sem entender de onde ele tinha saído, provavelmente de um dos
suportes do painel do carro, e logo ele entendeu que se tratava de mais um dos
recadinhos que Styles estava com mania de esconder em suas coisas nos
últimos meses. Tudo já estava perfeito, mas quando se tratava de Harry,
sempre podia melhorar.
"Louis,
Continue fazendo sempre o que você acredita e o que faz seu coração acelerar
e seu lindos olhos azuis do oceano brilharem.
Faça faculdade em Princeton e, se quiser, faça o mestrado em Amsterdam e o
doutorado em Tóquio. Viaje o mundo, amor, porque ele é pequeno demais para
você.
Prometo que quando voltar para casa eu ainda estarei aqui. Boa sorte nessa
nova fase e nunca se esqueça, onde quer eu eu esteja, eu sempre estou
pensando em você.
Nós somos clássicos juntos, gatinho.
Com tudo que tenho em mim e tudo que sinto por você: amor.
Harry."
Harry Styles estava certo, afinal de contas. Definitivamente aquele não era o
final para ele e Louis Tomlinson, embora a história seja narrada até aqui.
Por isso, antes de partir, tem uma única coisa que você deve saber sobre os
Hamptons: em uma cidade onde o sol brilha todos os dias do ano, um amor de
verão pode durar a vida inteira.
Volte sempre.