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O Administrador da Casa Encontra o seu Pequenino

(Resgate Contratado do Oeste 3)

De: Bellann Summer

Bem-vindos ao Resgate Contratado do Oeste, uma equipe de


especialistas pronta para assumir o oeste montanhoso da América para
resgatar vítimas em dificuldade. Às vezes, o amor não o encontra muito cedo
na vida. Às vezes, a aventura está na vida cotidiana.
Conheça Garret McKay e Tolliver Holiday. Sua idade e um fugitivo
numa caminhonete fizeram Garrett aceitar um emprego no Resgate Contratado
do Oeste. Ele pode trabalhar na cozinha, mas isso não significa que não faz
parte do time. Quando Tolliver é enviado a Los Héroes para se recuperar de
um sequestro e tortura, Garrett fica atordoado por finalmente encontrar o
pequenino de seu coração. Mas sua ideia de encontrar o amor, cair na cama e
viver feliz para sempre é desafiada pelas feridas de Tolliver, por dois irmãos
travessos e um sequestrador que ainda está por aí. Sim, às vezes, a vida
cotidiana é uma aventura.
Capítulo Um

Garret McKay abriu o forno e verificou as três travessas de lasanha


borbulhando com um cheiro delicioso. Ricos aromas de uma variedade de
queijos derretidos misturados com tomates picantes preenchiam a cozinha. O
cheiro de fatias grossas de pão de alho torrado amanteigado logo se juntaria
ao tumulto dos aromas. Quando fechou a porta do forno, pensou na noite em
que Tristen entrou na fazenda. Alívio o preencheu quando o grande brasileiro o
reivindicou para si. Ele não era o único para Tristen e não queria ferir o homem
pequeno por qualquer coisa no mundo. Garrett acreditava no fundo de sua
alma que em algum lugar lá fora, estava o amor de sua vida. Só precisava ser
paciente.
****
Tolliver Holiday tomou um gole do seu brandy feito à moda antiga e
continuou a apreciar a vista do outro lado da sala. O xerife do condado, Steve
Titan, junto com seu irmão, Dean, e Cade Miller, estavam sentados juntos
numa mesa bebendo cerveja e discutindo algo que os fez dar gargalhadas.
Arrepios cobriram os braços de Tolliver com a visão de todos aqueles
músculos maciços ondulando sob os uniformes de policial e camisetas finas.
Depois de um longo dia trabalhando no primeiro turno sob condições
sufocantes na fábrica local de embalagens plásticas, Tolliver estava pronto
para desfrutar de algum homem doce.
— Como está a sua bebida?
Afastando o olhar do material de masturbação de hoje à noite,
Tolliver olhou através do bar de madeira brilhante para encontrar Tim Schmidt
em pé na frente dele secando um copo.
O barman era filho de um dos colegas de trabalho de Tolliver, viu Tim
pela primeira vez quando ele era um adolescente malcriado tentando agir de
forma legal num piquenique de verão. Ele ficou agradavelmente surpreso
quando Tim amadureceu para um jovem amigável.
— Está bom. Você tem praticado. — Respondeu Tolliver com um
sorriso. Quando Tim começou a trabalhar no hotel, suas primeiras tentativas
de fazer a bebida favorita de Tolliver haviam enrolado os dedos dos seus pés e
não de uma maneira boa.
— Minha cerveja também estava excelente. — Roy Smeet, seu colega
de trabalho e melhor amigo, provocou antes de colocar a garrafa vazia de Bud
Lite no balcão.
Roy passou os últimos dez minutos sentado ao seu lado e
conversando com uma mulher que não era sua esposa. Tolliver achou melhor
não fazer perguntas. A ignorância deixava-o dormir mais tranquilo à noite.
Esposas irritadas, chamando-o nas primeiras horas da manhã para descobrir o
que estava acontecendo com seus maridos, sugava. E isso aconteceu com as
esposas de Roy número um e dois.
— Minha esposa está me esperando para o jantar, então é melhor eu
ir. — Roy levantou antes de erguer a mão e tocar dois dedos em sua testa,
saudando Tolliver. — Até amanhã no trabalho, Toll. Boa sorte com o cortador
de grama.
— Tudo bem. — Respondeu Tolliver. — Te vejo amanhã.
O cortador de grama de dez anos de Tolliver morreu na semana
passada, e depois de pesquisar modelos novos da marca, ele começou a olhar
anúncios para um usado. Depois de encontrar alguns que pareciam
promissores, ligou e marcou para vê-los naquela noite.
O grande corpo de Cade Miller deslizou no banquinho que Roy
acabara de desocupar.
— Olá, Tolliver, como vão as coisas? — Perguntou Cade, dando um
sorriso que acelerou o coração de Tolliver.
— Ei, Cade. — Respondeu Tolliver, certificando-se de que parecia
normal e calmo. — As coisas estão bem.
Cade Miller era dono de uma empresa cujos funcionários eram
especializados em resgatar pessoas. Os membros de sua equipe eram tão
lindos e carregavam um ar irresistível de perigo que a cabeça de Tolliver girava
por falta de oxigênio sempre que estava em volta deles. Não havia como
conseguir se concentrar em respirar quando todo o sangue em seu corpo
estava correndo para o seu pau.
—A última vez que te vi, você tinha acabado de chutar aquele imbecil,
Bert Clark, para a calçada. — O olhar severo de Cade fez o homem parecer
feroz. — Ele estava implorando muito para você aceitá-lo de volta. Diga-me
que não fez isso.
— Não. — Respondeu Tolliver com uma risada amarga. — Ele está por
aí em algum lugar traindo outra pessoa.
— Bom. — Cade franziu a testa. — Merece mais que isso.
— Bem, se vir alguém meio decente, me avise. — Brincou Tolliver.
Bem, talvez, em seu coração estivesse falando sério.
— Nunca se sabe. Eu poderia fazer isso. — Cade brincou também.
Tolliver começou a se perder no olhar azul do homem, mas, no último segundo,
desviou o olhar. Concentrou-se no anel tatuado no dedo de Cade que
anunciava que pertencia a outra pessoa. Isso meio que funcionou...
Tolliver terminou o resto de sua bebida e ficou de pé.
— Estou a caminho de olhar um novo cortador de grama. Se eu
deixar a grama ficar mais tempo, o dono do bangalô que eu alugo estará
batendo na minha porta reclamando. Cade riu, congelando Tolliver no lugar
com sua magnificência. O grande homem começou a falar, mas Tolliver não
ouviu uma palavra que ele falou. Continuou olhando Cade e desejando. Como
ansiava por um grande homem em sua vida. Que incendiasse o corpo dele.
Queria muito sentir músculos duros e pele quente ao lado dele.
Anos atrás, quando Tolliver estava com um pouco mais que vinte
anos, mais de uma pessoa o chamara de twink1. Na época, se sentiu insultado.
Agora, em seus trinta e poucos anos, estava acostumado com um corpo que
ainda não parecia muito diferente do de um adolescente pequeno e magricela.
Linhas finas que saíam de seus olhos eram os únicos sinais que entregavam
sua idade de trinta e oito. Estava num ponto em sua vida que, se não
encontrasse nenhum cabelo branco no meio dos castanhos claros quando se
olhasse no espelho do banheiro pela manhã, seria um homem orgulhoso.
A maior fraqueza de Tolliver era homens grandes e musculosos, que
sabem o que fazer com o que têm. Ele se transformava no adolescente tímido
com a língua presa quando conhecia alguém que se enquadrava nesses
critérios.
Piscando, Tolliver se recompôs. Os olhos azuis de Cade brilharam
com diversão, e um grande sorriso enfeitava seu rosto. Tolliver decidiu se
retirar antes que fizesse ainda mais um tolo de si mesmo. Ele deu a Cade uma
pequena reverência, disse adeus e saiu.
Quinze minutos depois, entrou em seu pequeno bangalô alugado e
aceitou uma rodada de latidos felizes e lambidas de Bentley. O pequeno
Chihuahua marrom possuía o coração de Tolliver e sabia disso.
Depois de deixar Bentley sair para fazer o seu negócio, Tolliver se
certificou de que o pequeno cão tinha água fresca e comida. Tolliver descobriu
que o pequeno Bentley ficava melhor se o alimentasse duas vezes por dia.
Tolliver pegou uma folha de papel que estava no balcão. Antes de sair para o
trabalho mais cedo naquele dia, conseguiu imprimir uma lista de cortadores de
grama que ele queria ver. Não foi fácil, já que seu computador estava
temperamental ultimamente.

1 Expressão usada para descrever adolescentes do sexo masculino, ou adultos com aparência
física igualmente jovem ou pueril, caracterizados por um corpo magro ou atlético, sem pelos nem
marcas de expressão ou de idade.
Ao lado de cada cortador, escreveu o nome, número de telefone e
endereço de cada proprietário. Em outro pedaço de papel tinha rabiscado as
instruções para os endereços que pesquisou. Enquanto olhava as instruções
para o primeiro endereço na lista, rapidamente deixou Bentley entrar e pegou
suas chaves. Odiava chegar atrasado para qualquer coisa, e os quarenta e
cinco minutos de carro iriam deixá-lo perto da hora marcada.
Minutos depois, ele parou na entrada do seu vizinho e prendeu o
reboque de Andy ao seu Honda. Na noite anterior, havia ligado para Andy e
perguntou se ele poderia emprestá-lo. Se Tolliver tivesse a sorte de encontrar
um cortador de grama que gostasse do preço, estava pagando por isso e
levando para casa imediatamente.
Um movimento chamou a atenção de Tolliver e viu Andy posicionado
diante de sua janela da sala de estar com a mão levantada em saudação.
Tolliver acenou de volta antes de se afastar.
Quarenta e três minutos depois, Tolliver foi forçado a levar o seu
tempo dirigindo pela entrada de garagem coberta de mato, sinuosa e suja.
Ficou preocupado quando apareceu uma casa branca com a aparência
decrépita. - Ao menos ela foi branca um dia. - Suas chances de encontrar um
cortador de grama neste lugar estavam desaparecendo rapidamente.
Depois de estacionar seu veículo em frente à casa cinzenta e
degradada, Tolliver atravessou as ervas daninhas e a grama até a porta. Há
muito tempo, poderia ter havido uma varanda ou um terraço ligado à casa
para receber os visitantes, mas agora havia apenas um pedaço de sujeira que
as ervas daninhas não haviam reivindicado. O lugar estava estranhamente
calmo, exceto pelo farfalhar constante da brisa atravessando as árvores
espalhadas pelo pátio da frente.
Tolliver quase se virou e saiu. Ele não tinha tido esses tipos de
calafrios desde que tinha dez anos e seu irmão o desafiado a caminhar até o
final do quarteirão e de volta à meia-noite. Ele acabou correndo o caminho
inteiro como se os cães do inferno estivessem atrás dele.
Um arrepio percorreu a espinha de Tolliver. Ele ergueu a mão para
bater na porta de madeira que estava com a tinta lascada quando o tilintar de
chaves o fez girar.
Tolliver teve tempo apenas de levantar um braço antes de um bastão
conectar no lado da sua cabeça. Ele ouviu um golpe, mas não sentiu dor.
Tolliver não viu mais nada até que acordou amarrado numa cama.
****
Cade observou seu bom amigo xerife Steve Titan entrar na cafeteria
e caminhar em sua direção. Os lábios do homem estavam pressionados em
uma linha apertada, e suas grossas sobrancelhas caíam sobre olhos escuros e
tormentosos.
— O que há? — Perguntou Cade quando Steve deslizou para a cadeira
em frente a ele. A garçonete apareceu ao lado da mesa e colocou uma xícara
limpa na frente do homem preocupado antes de derramar o café.
— Recebi uma ligação, ontem, de Andy Macky. — Steve passou sua
mão grande por seus cabelos curtos. — Ele disse que Tolliver Holiday pegou
emprestado seu reboque na noite anterior e ainda não retornou.
— Isso é estranho. — Comentou Cade antes de tomar um gole de seu
café, imaginando o que poderia ter acontecido. — Talvez esteja quebrado em
algum lugar.
— Um dos meus homens foi e verificou a casa dele. — Steve suspirou
e caiu de volta na cadeira. — Era óbvio pelas pequenas bagunças deixadas em
todo o lugar que Tolliver não esteve em casa para cuidar do seu cachorro por
um tempo.
— Esse cachorro é tudo para Tolliver. — Cade sentou-se com as
costas retas. Uma sensação de problemas causou um arrepio em sua nuca. —
Não há como ele abandonar voluntariamente aquele cachorro. É melhor
alguém ir lá e cuidar disso.
Duas manchas vermelhas brilhantes cobriram as bochechas de Steve.
— Fui até lá, e, hum, meu Haley está cuidando do cachorro em nossa
casa.
A preocupação de Cade no desaparecimento de Tolliver não o
impediu de rir do desconforto de Steve. Não tinha dúvidas de que Haley
cuidaria bem do cachorro e provavelmente já estava fazendo barulho ao
conseguir um como ele. E tão louco como Steve era sobre seu parceiro, Cade
deu dois meses no mais tardar antes de Steve se tornar um dono de cachorro.
— Alguém tem notícias de Tolliver? — Perguntou Cad. Tolliver poderia
viver sozinho, mas tinha muitos amigos que se preocupavam com ele.
— Ele perdeu seu turno na fábrica ontem e hoje. — Respondeu Steve.
— Tanto quanto posso dizer, a última pessoa a ver Tolliver foi Andy, quando
Tolliver pegou o reboque.
— Vi Tolliver na outra noite no hotel. — Cade informou Steve. —
Disse que iria olhar algumas máquinas de cortar grama.
— Andy disse que foi para isso que Tolliver precisava do reboque. —
Disse Steve. — Quando fizemos uma busca na casa de Tolliver, não
encontramos nenhuma lista ou endereço para nos dar uma sugestão para onde
tinha ido. Meu chefe adjunto passou por seu computador e descobriu que
estava olhando os anúncios da Gregslist. Tolliver enviou por e-mail alguns
deles e imprimiu uma lista de cortadores de grama, mas até agora, nada mais
se destacou. — Steve suspirou, claramente frustrado. — Quando saí do
escritório, Synn estava tentando passar novamente pelo histórico do
navegador de Tolliver. O cara tinha um vírus em seu computador que destruiu
muitas informações.
Cade alcançou seu bolso traseiro e tirou sua carteira. Depois de jogar
dinheiro na mesa para cobrir seu café e uma gorjeta decente para a garçonete,
olhou para Steve e disse:
— Tolliver é meu amigo. Vou chamar minha equipe. Se algo
aconteceu com ele, nós o encontraremos.
Steve sorriu pela primeira vez desde que entrou na cafeteria.
— Estava esperando que dissesse isso. Tolliver é um bom cara, e
odeio pensar que esteja com problemas em algum lugar. Tenho todo o
departamento procurando por ele, mas ainda não consegui encontrar pista
sólida.
Cade levantou-se e pegou o celular. Antes de começar a ligar, disse:
— Nós o encontraremos.
****
Tolliver ouviu um barulho. Tentou abrir os olhos, mas estavam tão
inchados da última agressão que só conseguiu gerenciar algumas fendas.
Como de costume, seu captor não disse nada quando entrou no quarto e tirou
o bastão preto e implacável. O homem continuou a espancá-lo dos seus pés
até o topo da cabeça. Tolliver pensou que poderia ter perdido alguns dentes
com um dos golpes em sua boca. Não podia dizer ao certo porque mordeu a
língua com tanta força que virou uma massa insensível.
O terror frio e gelado gritou sobre sua pele quando seu captor
apareceu na entrada antes de chegar em direção à cama. Tolliver estava
amarrado com braçadeiras de plástico. O ódio explodiu das profundidades
escuras daqueles olhos castanhos quando, sem dizer uma palavra, as mãos
cercaram seu pescoço e começaram a apertar até que nenhum ar pudesse
alcançar seus pulmões. Tolliver lutou, sentindo o plástico rígido das tiras
cortarem seus pulsos e tornozelos.
Os pulmões de Tolliver tiveram espasmos, e seu coração estremeceu
de terror quando sua necessidade desesperada de ar tornou-se crítica. As luzes
explodiram atrás das pálpebras, e naquele momento, como fora todas as
outras vezes que o homem o sufocava, Tolliver acreditava que iria morrer.
****
Tolliver acordou com um gemido feio e rouco. Uma dor excruciante
veio de seu dedo do meio, e percebeu que o gemido estava vindo dele. Uma
mão firme e sem piedade agarrou seu pulso, e dedos cercaram seu dedo
anelar. Com um puxão dolorido, seu dedo anelar foi deslocado num spray de
agonia. Desamparadamente, ficou deitado, enquanto o resto dos dedos em sua
mão recebiam o mesmo tratamento.
****
Algo acordou Tolliver. O fragmentar de madeira causou um pouco de
confusão em sua mente. Lutou para puxar o ar através de sua boca e garganta
inchadas. Nem tentava respirar pelo nariz. Tinha perdido seu uso há muito
tempo. Cada respiração era uma agonia punhalada em seu peito, costelas e
área do estômago.
Ranhuras afiadas de mais madeiras esmagadas e quebradas vieram
de seu quarto. Tolliver perguntou-se sobre o tipo de tortura que seu agressor
estava planejando. Mais uma sessão nas mãos implacáveis do homem seria
sua última. Isso ele sabia.
Olhando através da fenda de um olho, Tolliver revisou seus
pensamentos. Não precisava se preocupar mais com o que seu captor faria.
Porque agora Tolliver sabia que estava morto. Só podia ser essa a explicação
para que um anjo muito parecido com Cade Miller estivesse de pé ao lado dele.
****
Tolliver não se preocupou em abrir os olhos. O enorme peso da
exaustão tomou seu preço, e ele não lutou contra isso. No fundo, ouviu o
barulho de uma sirene, e onde quer que estivesse deitado, estava pulando e
sacudindo levemente.
— Você está seguro agora, Tolliver. — Uma voz baixa e silenciosa
captou a atenção de Tolliver. — Você pode abrir os olhos?
Não importava o quanto tentasse, seus olhos não abriam. A voz
profunda que estava cheia de compaixão falou novamente.
— Tudo bem, Tolliver. Estamos levando você para o hospital. Tudo
ficará bem agora.

Capítulo Dois

O telefone ao lado da cama do hospital estava tocando. Frustrado,


Tolliver olhou para o gesso envolvendo um braço do seu ombro até a ponta
dos dedos. Deslizando o olhar, olhou para todas as ataduras que cobriam o
outro braço inchado, incluindo o pulso e a mão. Não, atender o telefone não
iria acontecer. Olhando de volta, conseguia apenas ver o aparelho persistente
e deixar a impotência vazia preenchê-lo. Como odiava esse sentimento.
Depois de um tempo, o toque parou. Desta vez, Tolliver contou dez
toques. Meia hora antes, tocou nove vezes.
Trinta minutos depois, o telefone começou a tocar. A enfermeira
Laura terminou de dar a Tolliver sua medicação para dor antes de dizer:
— Oh, pobrezinho. Com todo esse dano, demorará um pouco para
conseguir atender um telefone. Aqui, deixe-me ajudá-lo. — A mulher negra
pesada, que estava se tornando rapidamente uma amiga para Tolliver,
alcançou e pegou o receptor do telefone e colocou-o na orelha de Tolliver.
Depois que Tolliver conseguiu um grunhido estrangulado de sua
garganta e boca inchadas, um sussurro e abafado disse:
— Ainda não terminei com você.
****

Uma semana depois, Tolliver viu a porta de seu quarto de hospital ser
fechada atrás do xerife. A enfermeira Laura o chamou depois que entrou no
quarto de Tolliver para vê-lo em sua glória desajeitada, tentando tocar o
telefone no chão. Em seu jeito sem sentido, ela perguntou-lhe o que ele estava
tentando fazer.
Foi quando Tolliver confessou num sussurro rouco que o telefone
continuava a tocar algumas vezes por dia na última semana. Desta vez, ela
levantou o receptor do telefone para a orelha de Tolliver, e escutou a conversa
unilateral. O xerife chegou pouco tempo depois.
— Ainda não sei por que o xerife não pode grampear seu telefone. —
A enfermeira Laura disse irritada enquanto ajustava o travesseiro de Tolliver.
— Assisto a todos esses shows de crime. Tudo o que você tem a fazer é
manter o balde de escória no telefone o suficiente e eles o pegam.
Tolliver abriu a boca para reiterar o que o xerife havia dito, apesar de
Laura ter ficado ao lado de sua cama como uma sentinela enquanto o xerife
fazia suas perguntas.
— Eu sei, eu sei. O babaca na verdade não o ameaçou. — Ela disse
antes que Tolliver pudesse tentar e forçar qualquer palavra através da carne
ainda inchada de sua garganta. — Mas sabemos, mesmo que não haja
nenhuma prova e que você não tenha reconhecido a voz, que é o sequestrador
ligando. — A enfermeira Laura fechou os olhos e visivelmente estremeceu. —
Estou lhe dizendo, Tolliver, é melhor o xerife Steve fazer algo.
Tolliver suspirou o melhor que pôde com suas costelas quebradas
antes de se acomodar contra os travesseiros, que a enfermeira apoiou atrás
das costas. Não havia muito o que pudesse fazer ou dizer na condição em que
estava. Então a única coisa que podia fazer tentar descansar e curar.
Tolliver deve ter dormido. Abriu os olhos para ver um homem vestido
com uma camisa de xadrez de mangas compridas e jeans caminhando pelo
quarto em direção a ele. Como de costume, o cabelo castanho curto do homem
era penteado ordenadamente para o lado, e seus olhos refletiam o ódio. Terror
sufocou Tolliver com seu aperto gelado, forçando um grito que arruinou alguns
dos curativos que cobriam seus lábios.
O homem não disse nada. Falou apenas uma vez, durante todo o
tempo em que ele manteve Tolliver atado à cama odiada. Agora, se aproximou
quando Tolliver tentou se afastar, mas não chegou longe com a faixa
segurando a perna lesionada no ar.
Ignorando a umidade do sangue cobrindo seus lábios, Tolliver gritou.
Gotas vermelhas caíam sobre o lençol branco que o cobria, ainda assim
continuou a gritar produzindo apenas um silvar rouco e gutural.
O homem alcançou sua mão esquerda profundamente bronzeada com
uma surpreendente cicatriz de explosão estelar branca nas costas e puxou a
fita que segurava a IV 2 de Tolliver, que continuava gritando tão alto quanto
podia e tentava atacar o homem com o braço quebrado. O coração de Tolliver
parou quando o homem levantou a outra mão, segurando o bastão.
— O que diabos está acontecendo? — A enfermeira Laura estava na
entrada da porta. A postura agressiva e a carranca profunda em seu rosto
mudaram para os olhos arregalados e sua boca caiu aberta em estado de
choque antes de empalidecer de medo. Tolliver nunca tinha ouvido um grito
como aquele que saiu da boca da mulher.
O homem saltou de volta antes de dirigir-se para a porta e a
enfermeira Laura. O bastão atacou e pegou a enfermeira no rosto, e ela
amassou-se no chão. E então o homem se foi.

2 Intravenosa, é uma via de administração de medicamentos, usada principalmente em


hospitais.
****

Garret McKay levantou os olhos do seu assado com temperos


especiais. Tinha a intenção de cozinhar lentamente a carne até que ficasse
derretendo em sua boca, macia. Seu chefe e o líder do Resgate Contratado do
Oeste, Roman Marshall, entrou na cozinha e deslizou para um dos bancos do
outro lado do balcão de trabalho.
— Parece que você tem algo em sua mente. — Comentou Garret,
tirando o rosto franzindo o rosto bonito de Roman.
Há oito meses, Cade Miller criou uma nova divisão de sua empresa de
sucesso, Resgate Contratado, em Sandstone, Nevada. Contratou Roman para
liderar uma equipe de especialistas para resgatar pessoas com problemas de
desastres naturais e provocados pelo homem no oeste dos Estados Unidos.
Logo que Roman chegou à fazenda, comprou a empresa. Garrett foi contratado
para cozinhar e gerenciar a enorme fazenda em que todos moravam, a base
da empresa.
— Acabei de receber uma chamada de Cade. — Respondeu Roman. —
Algumas semanas atrás, sua equipe resgatou um amigo deles que fora
sequestrado. Enquanto estava no hospital se recuperando, eles acreditam que
o sequestrador ligou para a vítima várias vezes. Num momento, o raptor
entrou no quarto de Tolliver e tentou remover seu IV antes que a enfermeira
fosse alertada por seus gritos.
— Merda, isso é perverso! — Comentou Garrett, pensando em quão
aterrorizado estava o pobre rapaz.
Garrett colocou um prato de biscoitos M & M recém-assados na frente
de Roman. O grande homem agarrou um e deu uma mordida antes de
continuar.
— Tolliver tem um caminho a percorrer em sua recuperação, mas
Cade quer tirá-lo de Granite o mais rápido possível.
— Sei que os homens de Cade são mais do que capazes de manter
este Tolliver seguro, então, qual é a captura? — Garrett perguntou.
Roman sorriu e seus olhos azul-escuros brilharam com intensidade.
— Você é bom. — Afirmou. — Foi por isso que recomendei que Cade o
trouxesse aqui. Talvez você não possa sair com a equipe, mas você tem
conhecimento de como os criminosos pensam e têm os contatos.
— Obrigado pela recomendação. Agora, o que está acontecendo? —
Garrett perguntou, intrigado pelo perigo que Roman estava descrevendo.
Antes de se juntar ao Resgate Contratado do Oeste, Garrett fora um
caçador de recompensas até que um de seus bandidos correu com um
caminhão, esmagando suas pernas. Embora seu corpo esteja em boas
condições, alguns dias era mais difícil do que outros para sair da cama. Havia
também o fato de que Garrett tinha quarenta e oito anos de idade. Vivendo à
beira do perigo e a emoção o pegando depois de seus ferimentos, seu corpo já
não tinha mais a habilidade que tinha antes.
— Cade é um bom amigo do xerife local. Parece que as autoridades
estão tendo dificuldade em identificar o sequestrador. — Disse Roman. — A
aplicação da lei não teve nenhuma ligação sólida com o cara até tirar a
imagem das câmeras no hospital. Infelizmente, ainda não conseguiram
identificá-lo.
— Isso é estranho. — Afirmou Garret. Sua mente estava indo a 200
quilômetros por hora, sobre as maneiras que ele encontrava fugitivos durante
seus dias de caçador de recompensa. — Não conseguiram rastrear o cara a
partir das ligações para o hospital?
— Celular sem registro. — Respondeu Roman. — Começaram a fazer
alguns progressos desde que Tony, o guru do computador de Cade, fez suas
pesquisas e encontrou sequestros semelhantes em todo os estados do meio-
oeste nos últimos seis anos.
— Qual é a chave? — Garrett perguntou, referindo-se ao fio comum
que ligava os sequestros.
— Publicidade da Gregslist na internet. — Respondeu Roman. — O
criminoso coloca um anúncio para venda, geralmente para algum tipo de
máquina pequena como cortador de grama, ventoinha de neve ou um comedor
de erva daninha. Quando a vítima, que sempre é um homem, vai procurar por
ele é atingido na cabeça com um taco de beisebol para derrubá-los.
— Ai! — Comentou Garret. — Pelo que parece, houve alguns
sequestros. Acha que consegue algum tipo de identificação básica desse cara a
partir das testemunhas?
A pequena risada e a resposta de Roman foram atadas com sarcasmo.
— Ah, sim, eles têm uma descrição geral. Cabelo castanho médio,
olhos castanhos, e sua altura é de cerca de 1,80m. Depois disso, temos uma
cicatriz, tatuagens e relógios desaparecendo.
Garrett franziu a testa na grande quantidade de nada nessa descrição.
E, no entanto, pode haver alguma coisa.
— Muitas pessoas? — Ele perguntou.
— Não. — Respondeu Roman depois de engolir uma mordida de
cookie. — Desde que Tony ligou os sequestros, as autoridades voltaram e
entrevistaram cada vítima novamente. Todos concordam que o esboço da
primeira vítima é o mesmo rapaz que os raptou. E todos relataram que havia
apenas uma pessoa segurando-os como refém e torturando-os.
Garrett derramou leite no copo de Roman, pensando que o homem
precisaria disso com a forma como estava espreitando o prato de biscoitos.
Roman agarrou o copo e esvaziou um quarto num único gole. Garrett encheu
novamente antes de guardar o leite.
— Onde as marcas desaparecem? — Garrett sondou, tentando obter
uma visão geral da situação.
— Em diferentes momentos durante o seu cativeiro, as vítimas
declararam que o homem que os mantinham presos tinha uma tatuagem de
um leme de navio antigo com uma âncora no centro. — Disse Roman. — Na
próxima vez que o cara entrava no quarto, a tatuagem desaparecia. O mesmo
aconteceu com uma cicatriz na mão do cara e, às vezes, usava um grande
relógio dourado com mostrador azul.
— Como a polícia lidou com isso em seus relatórios? — Garrett não
tinha dúvida de que Roman já havia lido a declaração de cada vítima.
— Eles sentiram que as vítimas estavam confusas, provavelmente
devido à lesão na cabeça que sofreram durante o início do sequestro. — O vício
por doces de Roman ganhou o melhor dele, e terminou outro biscoito antes de
pegar o último do prato. — Há mais uma coisa. Tony encontrou alguns outros
relatórios de pessoas desaparecidas, que envolveram anúncios de Gregslist.
Mas esses homens nunca foram encontrados.
— E a polícia? Não podem manter Tolliver seguro? — Mesmo quando
Garrett fez a pergunta, já sabia da resposta.
— O xerife pode enviar mais homens para ficarem na entrada de sua
casa, mas é só isso. — Respondeu Roman. — Agora que eles ligaram os crimes
a vários estados, o FBI foi chamado. Mas não classificaram como um risco
suficientemente alto para colocar Tolliver num esconderijo.
Garret bufou descontente.
— Então, o que tem de acontecer, o pobre rapaz precisa ser morto ou
recapturado antes de fazer alguma coisa? — Ele não era fã da burocracia do
governo.
— Nem me fale disso. — Respondeu Roman. — É por isso que sempre
ajudei as pessoas no meu caminho.
— É verdade. — Garrett concordou.
Garrett conheceu o ex-mercenário enquanto seguia atrás de um
fugitivo que se envolveu com um grupo de criminosos. Estavam tentando tirar
dinheiro de um jogador de cartas desonesto de Las Vegas sequestrando sua
garotinha. Garrett tinha conseguido seu homem, mas seu coração tinha
quebrado na condição em que a menina estava no momento em que Roman a
tirara do inferno onde a tinham mantido.
— Cade quer tirar Tolliver de Granite e enviá-lo para cá. — Explicou
Roman. — Ele sente que, desde que todos os sequestros ocorreram no Centro-
Oeste que, ao enviar Tolliver para Nevada, o pobre rapaz tem uma chance
melhor de se recuperar sem ser levado novamente. Cade também gosta do
fato de que todos nós vivemos na fazenda e assim podemos observar melhor o
perigo.
Garrett assentiu.
— Faz sentido. Onde vai colocá-lo? — Havia poucos quartos
desocupados na casa.
— Pensei que o quarto aberto em frente ao seu seria um bom local. —
Respondeu Roman antes de dar outra mordida no biscoito. — Está perto da
cozinha e seu corredor é separado dos quartos onde estão os outros. Isso faz
com que seja silencioso o suficiente para que, se algo estranho acontecer, você
seja capaz de ouvi-lo.
Garrett estudou seu chefe. Roman olhou para ele com um olhar que
não vacilou. Finalmente Garrett riu, quebrando o olhar fixo.
— Tudo bem, sei que está tramando algo. Na verdade, tenho certeza
disso, mas vou vigiar este Tolliver.
****
Tolliver deitou-se sobre um colchão grosso em meio a lençóis macios
e cobertores no chão de um pequeno avião. De um lado estavam Cade e seu
parceiro, Bret James, sentaram-se em assentos de couro resistentes que
alinhavam as paredes do avião. Jack Woods e seu parceiro, Pip, sentaram-se
do outro lado. Damian White estava pilotando o avião, e seu parceiro, Treble,
sentou-se no banco do co-piloto. No final do colchão, observando tudo, estava
seu doce Bentley. O parceiro do xerife cuidara muito bem de seu cachorrinho
durante sua provação e permanência hospitalar. Mas agora que estavam de
volta juntos, Bentley estava fazendo sua missão estar perto de Tolliver em
todos os momentos.
Quando Cade e o xerife Steve Titan vieram ao quarto do hospital
depois que esse monstro tentou machucá-lo novamente, Tolliver estava mais
do que pronto para concordar em se esconder em Nevada. Não esperava ser
levado para lá no avião particular de Cade ou ser acompanhado por alguém da
equipe Resgate Contratado.
Um pouco antes da ambulância levá-lo do hospital para o avião,
Tolliver teve uma visita maravilhosa. A enfermeira Laura, ostentando uma
atadura branca no lado de sua testa, entrou em seu quarto e começou a emitir
ordens. Não parecia importar que ela estivesse usando jeans e uma camiseta e
não o uniforme de enfermeira.
Depois que foi carregado na maca e tudo estava situado a sua
satisfação, a enfermeira Laura abraçou Tolliver apertado e sussurrou em sua
orelha.
— Você se cuida agora. Espero vê-lo saudável e feliz quando vier me
visitar depois de pegarem aquele bastardo.
O riso de Tolliver foi doloroso, mas depois que concordou, fez o
possível para abraçar a grande mulher e beijar sua bochecha antes de
levarem-no para fora.
— Como você está, Tolliver? — Jack se ajoelhou no chão ao lado dele.
— Qual é o seu nível de dor?
Tolliver esperou enquanto Jack colocava um termômetro na orelha.
Segundos depois, o aparelho tocou e, depois de limpá-lo, Jack colocou o
dispositivo de volta numa bolsa que estava ao lado do colchão. Tolliver sempre
teve o desejo de esfregar a orelha depois de ter tomado a temperatura, mas
não queria se parecer com um bebê.
— Está por volta de seis. — Respondeu, referindo-se ao gráfico de
nível de dor que a comunidade médica usava. Um significava quase nenhuma
dor, com dez sendo incapaz de suportar um minuto mais.
Jack envolveu um manguito de pressão sanguínea em torno do braço
de Tolliver e começou a bombear a bola oblonga de borracha preta enquanto
verificava o pulso. Tolliver estremeceu. Ele pode não estar com esse braço
engessado, mas ainda estava dolorido com os espancamentos.
Quando Jack terminou, o grande homem loiro sorriu para Tolliver e
disse:
— Tudo está bem. Se a sua dor piorar, me avise e eu lhe darei algo.
Caso contrário, aguardarei cerca de meia hora antes de chegarmos à fazenda.
Dessa forma, as drogas podem ser dadas antes de o avião aterrissar, e isso
deve ser mais fácil para você quando o levarmos para a sala que eles esperam.
— Obrigado, Jack. — Disse Tolliver, e quis mesmo dizer isso. O que
esses homens estavam fazendo por ele era muito mais e além de maravilhoso.
Sabia que estavam salvando sua vida. Não tinha dúvidas de que o homem que
o sequestrara não teria parado de persegui-lo até que estivesse de volta
amarrado a cama que não tinha colchão, apenas um pedaço de madeira
compensada.
— Cade. — Chamou Tolliver. A voz que saiu da boca não era dele. Ele
tinha uma boa voz de tenor que costumava cantar canções de natal com um
grupo de amigos durante os feriados. Esse sussurro rouco não era ele.
— E aí? — Perguntou Cade enquanto se ajoelhava rígido em um
joelho perto do ombro de Tolliver. Cade andava com uma bengala depois de
ferir seu joelho durante um resgate.
— Por que você está fazendo isso? — Odiava o quão direta sua
pergunta parecia, mas sua voz só duraria um pouco mais.
— Amigos cuidam de amigos, Tolliver. — Respondeu Cade. — Você é
meu amigo, e também de Steve Titan. É bastante simples, na verdade. —
Cade sorriu, e o estúpido coração de Tolliver explodiu. Mesmo tendo sido
espancado, seu corpo ainda conseguia reagir a homens grandes com atitudes
protetoras. — Você precisa de um lugar onde possa se recuperar e ficar seguro.
Steve precisa que fique num lugar seguro para que ele possa pegar esse cara.
Além disso, uma vez que consigo resgatar alguém, quero que permaneçam
salvos.
— John Doe. — Disse Tolliver.
Uma linha apareceu entre as sobrancelhas grossas de Cade.
— O que você quer dizer com John Doe?
— Durante todo o tempo que estive lá, ele só falou uma vez. Disse
que era John Doe. — Respondeu Tolliver.
— Nos relatórios, eles se referiram ao seu sequestrador como John
Doe, mas pensei que declararam dessa maneira porque não tinham um nome.
— Os olhos azuis de Cade brilharam com especulações enquanto olhava para o
avião.
— Não sei se era seu verdadeiro nome ou não. — Tolliver estremeceu
com a lembrança de John Doe vindo para ele com as mãos estendidas,
alcançando sua garganta. — Evitei usar seu nome depois que o chamei de John
uma vez e ele ficou com raiva. Foi muito tempo antes que minha mente clarear
com a dor daquela batida.
Tolliver bocejou, o que fez com que suas costelas feridas e rachadas
gritassem por misericórdia, bem como Tolliver fazia quando seu sequestrador
tomou seu malvado e pequeno bastão e começou a bater com ele. Sentiu a
pitada de pele em seus lábios esticando as crostas recém-curadas. Pelo menos
não romperam esta vez.
Cade ficou ao lado dele e fez pequenas conversas, descrevendo como
ele havia encontrado a fazenda que estavam viajando. Para Tolliver, a fazenda
soava enorme e exótica. Sua imaginação representava uma grande
propriedade de um filme ocidental que ele vira na televisão.
— Hora da sua medicação para a dor, Tolliver. — Jack interrompeu
enquanto se ajoelhava ao lado de Cade. O coração de Tolliver começou a bater
ao olhar os dois grandes homens ajoelhados um ao lado do outro. Ele quase
sentia falta quando Jack disse: — Aterrissaremos em Los Héroes em breve.
— Los Héroes? — Ele perguntou antes de beber a medicação que Jack
lhe entregou. Entre alguns dentes soltos e perdidos, e sua garganta danificada,
seria algum tempo antes que pudesse fazer qualquer coisa, exceto beber suas
refeições.
— A equipe do Resgate Contratado do Oeste decidiu chamar a
fazenda de Los Héroes. — Explicou Cade.
Por causa da perda de peso de Tolliver de uma constituição já magra,
as drogas rapidamente fizeram efeito no sistema de Tolliver, fazendo com que
a vida parecesse de repente cor-de-rosa.
— Cade, você é o meu melhor amigo. — Ele jorrou, terminando a
frase com um soluço. Cada palavra tornava-se mais complicada enquanto ele
falava. — Fico surpreso em como você está se empenhando para me manter
seguro, enviando-me para ficar com heróis. Por favor, me diga que eles são
tão grandes e lindos quanto sua equipe. Eu estaria no céu. — Até agora,
Tolliver dificilmente podia manter os olhos abertos e continuava piscando
lentamente.
Tolliver ouviu Cade rir e dizer algo ao longo do caminho:
— Eles são grandes, da maneira que você gosta, meu amigo. Mas se
Roman e eu estivermos certos, você só se concentrará em um deles.
Divagando, começando a sair da realidade, Tolliver não entendeu o
que Cade estava falando, e nesse momento, realmente não se importava. Ele
sabia apenas que seu amigo cuidaria dele.
Capítulo três

Garrett segurou a porta da frente aberta e observou quando Reese,


Parker, Roman e outro homem levaram a maca de resgate para a fazenda. No
começo, viu apenas um pequeno montículo de cobertores, mas depois de se
aproximar, viu o topo da cabeça do homem enterrado entre o material.
Enrolado no final do pé da maca havia um pequeno chihuahua marrom com
grandes orelhas e olhos, observando tudo.
— Precisamos atravessar a cozinha, ir para a esquerda e depois pelo
corredor. — Instruiu Roman aos outros três homens.
Cade Miller assentiu com a cabeça para Garrett quando atravessou a
porta, segurando a mão de seu parceiro.
— Como você está, Garrett?
— Estou indo bem. — Garrett respondeu, sorrindo para a dupla do
homem grande e do pequeno homem. — Prazer em vê-lo novamente, Bret. —
Garrett conheceu os dois homens quando chegou pela primeira vez na fazenda
e Cade estava deixando tudo preparado para a nova divisão do Resgate
Contratado.
— O mesmo aqui. — Disse Bret. Garrett admirava a felicidade que
sempre irradiava do rosto do homem e a inteligência que iluminava seus belos
olhos castanhos.
Um grande homem loiro atravessou a porta, segurando a mão de um
loiro pequeno e frágil. O sorriso do grande homem era largo e genuíno.
— Oi, sou Jack Woods, e esse é o meu parceiro, Brian. — Garret sabia
que Jack era o paramédico da equipe antes do mesmo do resgate que estragou
a perna de Cade e que também fez um número no braço de Jack. Quando
Roman advertiu Garrett que haveria seis pessoas acompanhando a vítima
sequestrada, havia mencionado que Jack seria o médico de plantão.
Aparentemente, Gabriel, o atual paramédico do grupo, estava fora da cidade
participando de um seminário.
Brian tirou a mão de Jack e segurou a de Garrett.
— Todo mundo me chama de Pip.
Garrett teve o cuidado de não esmagar a delicada mão que sacudiu.
— Oi, bem-vindo a Los Héroes.
Pip era claramente de Jack, então Garrett concentrou-se em manter
sua expressão moderadamente amigável. Sua maior fraqueza na vida era
homens pequenos com grandes olhos azuis. Entre a pequena estrutura de Pip
e seus amplos olhos azuis, Garrett deveria ter certeza de que ele se
mantivesse sob controle. Seria tão fácil flertar e tentar encantar o homenzinho.
Em seguida, pela porta, pisou um homem com longo cabelo preto
azulado, amarrado numa trança pendurava no meio das costas. A pele cor de
café misturada com uma pequena quantidade de creme e olhos que tinham
uma ligeira inclinação adicionada ao aspecto exótico do homem.
Os sentidos de Garrett entraram em alerta vermelho quando os olhos
castanhos do homem escaneavam toda a área de entrada e além da casa.
Garrett tomou as pequenas protuberâncias como, pelo menos, uma arma e
duas, não, três facas escondidas sob a camiseta e o jeans do homem.
O homem avaliou Garrett de uma só vez antes de assentir e disse:
— Treb Walker, e esse é o meu Damian ajudando com a maca. Ele
nos trouxe até aqui.
— Treb. — Garrett disse, mantendo seu tom respeitoso. Sabia de
forma mortal quando viu. Treb era o especialista em armas do Resgate
Contratado, e Garrett não estava mexendo com ele ou seu parceiro.
Flyer foi o último a entrar. Atravessou a porta, dando a Garrett uma
rápida saudação antes de pausar. Embora a maneira de Flyer fosse
despreocupada, sempre havia um nervosismo sublinhado cantarolando abaixo
da superfície quando o homem estava longe de seus aviões.
— Ei, estou morrendo de fome. Por acaso você tem alguma coisa boa
na cozinha?
— Carne de porco assada e desfiada com cobertura de queijo
3
derretido se você quiser e um peach cobbler coberto de creme para
sobremesa. — Garrett respondeu com uma risada.
O piloto viciado em adrenalina adorava comer. Garrett percebeu que,
se o Flyer não comece em intervalos regulares, ficava cada vez mais devagar
como um brinquedo que precisasse dar cordas.
— Você está servindo algo verde com isso? — Flyer perguntou. Um
olhar de esperança brilhava em seus grandes olhos, e seu sorriso torto tentava
encantar Garrett. A cor favorita do homem era verde, e isso incluía comida.
— Há uma salada verde e, se você olhar o suficiente na geladeira,
você pode encontrar sua própria tigela de gelatina verde com peras cortadas.
— Garrett fez as coisas porque Flyer gostava, mas não havia como ele ou
qualquer outra pessoa na fazenda engolir essa bagunça.
— Você é o melhor, Garrett. — O sorriso do Flyer estava largo quando
ele acariciou Garrett no ombro e se dirigiu para a cozinha.
Garrett seguiu Flyer para a cozinha, mas virou-se para a esquerda e
desceu o corredor em direção ao seu conjunto de quartos. A porta em frente
ao quarto dele estava aberta. De pé na entrada, observou o turbilhão de
atividades na sala grande, uma vez vaga.
Os médicos do Resgate Contratado do Oeste, Reese e Parker,
estavam de um lado da cama com o grande Jack do outro. Todos estavam
curvados sobre a vítima, arrumando almofadas debaixo e ao longo de seus
membros cobertos de curativos e engessados. Pip estava colocando uma jarra
de água e um copo transparente contendo um canudo na mesa ao lado da
cama.

3 Doce originado nas colônias britânicas que consiste, basicamente, em pêssegos picados
coberto por uma massa e assado no forno.
Como um, os três homens ao redor da cama se endireitaram e deram
um passo para trás, dando a Garrett seu primeiro olhar para Tolliver Holiday.
Olhos. Por alguns segundos, isso é tudo que Garrett viu. A cor azul foi
tornada ainda mais surpreendente pelo vermelho brilhante em torno de onde
os brancos dos olhos do homem deveriam ser. Aqueles vasos sanguíneos
rompidos, junto com os roxos escuros, os verdes e os amarelos mórbidos que
cercavam o pescoço do homem, disseram a Garret que Tolliver foi sufocado
quase ao ponto de morrer. O olhar de Garret tomou as contusões negras e
azuis ao redor de cada olho, lembrando-lhe de uma máscara de um guaxinim.
O nariz de Tolliver estava vermelho e deformado, mas não se
inclinava para um lado ou para o outro. Estava claramente quebrado, mas por
experiência própria, Garrett podia ver que não ficaria irregular ou desfigurada
uma vez que curasse.
Não havia muito do rosto de Tolliver que não estava ferido e inchado,
incluindo o queixo e as bochechas. Os lábios inchados cobertos de linhas de
sutura mostravam os pontos que uniam a pele frágil. Garrett lembrou-se de
que Roman disse que as vítimas eram espancadas com um taco de beisebol
durante o sequestro. O doloroso olhar profundamente vermelho que corria no
rosto de Tolliver voltou para o seu cabelo castanho claro acrescentada à
imagem da violência infligida a este homem.
O resto do corpo de Tolliver estava coberto com um lençol. Mesmo
com os travesseiros que o rodeavam, Tolliver não era tão amplo quanto a
maioria dos homens na sala.
Enrolado no final da cama, o pequeno cão mais fofo que Garrett já
havia visto. Grandes olhos castanhos olharam para ele quando uma pequena
cauda fina se moveu tentativamente.
Garret não conseguiu resistir. Caminhando até a cama, ele se inclinou
e estendeu o dorso da mão para o cachorro cheirar.
— Bem, olá, meu pequeno. Você não é doce?
O cachorrinho cheirou a mão de Garret enquanto a cauda batia no
lençol. Uma suave língua rosa escapou e lambeu-o, derretendo seu coração.
— O nome dele é Bentley.
Ao contrário, Garret não reagiu ao sussurro rouco e áspero. No
interior, sua mente estava examinando o conteúdo de sua despensa. Ele sabia
de várias coisas que poderiam ajudar o pequeno homem na cama a se sentir
mais confortável.
— Bentley, então. — Garrett sorriu, pronto para dar ao pequeno
cachorro um pouco mais de atenção.
Pausando, Garrett observou o homem da cama olhar para ele. Foi
assim que aconteceu. Não sabia o que Tolliver Holiday parecia sob as
contusões. Não havia dito mais que algumas palavras para ele. Inferno, nem
sabia se o homem era gay. Mas enquanto continuavam a olhar nos olhos um
do outro, necessidades preenchiam o interior de Garrett.
Necessidade de conhecer Tolliver, necessidade de proteger e de
mantê-lo próximo. As necessidades de Garret não podiam compreender que
estavam inundando-o, até ele estar tão preenchido que precisava lutar para
respirar.
— Você é real, ou é um presente trazido pelas drogas? — O fraco
sussurro atingiu os ouvidos de Garret.
Alívio acalmou a bola de emoções que ameaçavam sobrecarregar
Garrett. Parecia que o homem também estava sentindo isso, alguma coisa.
Nunca antes isso aconteceu com ele. Ajoelhado numa perna ao lado da cama,
Garrett colocou a mão nos cobertores ficando perto, mas não tocando, de
Tolliver. Nesse ponto, não sabia de nenhum lugar onde pudesse tocar no
homem, sem causar-lhe mais dor.
— Sou real, pequenino. — Respondeu. Garrett estava sorrindo tão
forte que os músculos da bochecha doíam. Tinha sua resposta sobre a questão
gay. Mais uma vez, se perdeu no olhar azul de Tolliver.
Roman entrou perto de Garrett, rompendo o momento.
— Tolliver, gostaria que você conhecesse o gerente da minha casa,
Garret McKay. Ele também concordou em ajudá-lo durante sua recuperação.
— Oi. — Tolliver fez uma careta quando seu braço se moveu debaixo
do lençol.
A atração ainda estava quente entre eles, mas agora a necessidade
de ajudar Tolliver estava colocando Garrett em ação.
— Olá, Tolliver. Você gosta de chá? — Garrett tinha um chá de raiz de
alcaçuz na despensa. Isso aliviaria a garganta de Tolliver e ajudaria com o
inchaço.
As pálpebras de Tolliver baixaram num piscar lento antes de acenar.
As drogas e a viagem a Nevada estavam fazendo efeito no pobre homem.
— Que tal você tirar uma soneca e, quando acordar, vou ter uma boa
xícara de chá esperando por você? — Garrett manteve o tom iluminado, então
Tolliver ficaria relaxado o suficiente para se afastar.
Tolliver conseguiu um aceno com a cabeça antes de seus olhos se
fecharem e ele parecia murchar na cama.
Garrett ficou ali e observou o rosto machucado parecendo ainda mais
grotesco pelas roupas de cama coloridas que o rodeavam. Um toque suave
trouxe sua atenção para baixo para um cachorro minúsculo. As grandes
orelhas de Bentley foram abaixadas e a cauda estava entre as pernas. Seu
pequeno corpo tremia, e grandes olhos castanhos estavam implorando.
Não precisava de um cientista para saber o que o cão estava pedindo.
Pegando-o facilmente com uma mão, Garrett olhou nos olhos do cachorro e
disse:
— Bentley, meu homem, tenho um pedaço de grama com seu nome
nele. — Ele recebeu um rápido lamber no queixo em troca.
Quando estava saindo do quarto com uma de suas novas
incumbências, Garrett olhou para os homens montando equipamentos médicos
e suprimentos numa mesa dobrável que Garrett trouxe antes. Num tom
silencioso, então Tolliver não seria perturbado, disse:
— Sei que vocês querem voltar para o ar e irem para casa, mas
tenho comida preparada na cozinha. Sei que Flyer estava indo naquela direção.
Espero que tenha sobrado alguma coisa.
Depois de receber acenos, Garrett saiu correndo da sala e desceu o
corredor. O pequeno animalzinho embalado em sua mão tinha começado a
choramingar. Uma vez fora Garrett caminhou até o lado da casa e baixou o
cachorrinho. Bentley não hesitou e fez um rápido trabalho regando uma
pequena estátua de ferro forjado de um vaqueiro.
Garrett continuou a esperar, já que, na moda típica do cachorro,
Bentley cheirava aromas interessantes na grama. Finalmente, chegou ao
grande evento que Garrett estava esperando. Depois que o pequeno terminou,
trotou para Garrett com aparência animada e satisfeito consigo mesmo.
—Tudo bem, meu pequeno, você foi bem. — Garrett pegou o
cachorrinho enquanto fazia uma nota mental para colocar uma pá coletora de
fezes na lista de compras. — Vamos levá-lo de volta ao seu dono. Não
queremos que fique chateado se ele acordar e você não estiver lá.
Garrett aproximou-se de onde Roman estava à beira do pátio,
olhando para a paisagem pitoresca das montanhas distantes e purpúreas. Não
tinha escapado do aviso de que Roman o seguira do quarto de Tolliver.
—Jack está cuidando de Tolliver com Reese e Parker. — Disse Roman,
olhando para Garrett. — Depois de comerem um pouco, voarão para o
Condado de Granite.
— Não tenho dúvidas de que Reese, Parker, e eu podemos lidar com
qualquer coisa sobre Tolliver. — Disse Garrett enquanto estudava Roman.
Podia ver que algo estava em sua mente.
— Li o relatório sobre os ferimentos dele, mas parece pior do que
imaginei. — Um músculo estremeceu pelo canto da boca de Roman. — Vou
pedir a Morgan para instalar as câmeras e ligá-las aos sensores que já temos
em todas as entradas da fazenda. Assim, todos saberão quando você entrar no
prédio e não só o sistema de informatização de Morgan vai observar a
atividade como também haverá um vídeo gravando isso. O sistema também
será conectado ao meu celular para que eu possa ver o que está acontecendo.
— Isso é bastante extremo. — Comentou Garret. — Vai chegar um
dia que seu celular vai parar de funcionar.
A risada de Roman teve um toque áspero.
— Depois de um tempo, o computador mágico de Morgan
reconhecerá a diferença entre um estranho e um de nós. — A expressão nos
olhos azul-escuros de Roman era intensa quando se virou para Garrett. — O
mal que torturou Tolliver não vai pegá-lo no meu turno. Farei tudo o que
estiver ao meu alcance para evitar que Tolliver se torne uma vítima novamente.
— Estou feliz em ouvir você dizer isso. — Garrett acariciou a orelha
de Bentley. O cachorrinho se acomodou no braço e estava dormindo. — Se
alguém tentar chegar a Tolliver, terá de passar por mim primeiro.
Uma das sobrancelhas grossas de Roman levantou-se, e o canto de
sua boca levantou-se em um sorriso.
— Essa sua atitude é porque eu pedi que cuidasse dele, ou existe
alguma outra coisa?
Por dentro, os sentidos de Garret ficaram em alerta. Quando Roman
pediu que cuidasse de Tolliver, ele teve a sensação de que o homem estava
preparando algo. O brilho em seus olhos confirmou suas suspeitas e irritou-o.
— Você armou para mim! — Acusou Garret. Aos quarenta e oito anos,
não precisava que seu chefe interferisse em sua vida.
— Oh, acalme-se, McKay. — Roman endireitou-se a toda a altura.
Garrett não era estúpido o suficiente para enfrentar o homem. Ele era duro,
mas Roman estava numa classe completamente diferente de mortal.
— Primeiro de tudo. — Continuou Roman. — Tolliver veio aqui para
se recuperar e ser protegido. — Roman encolheu os ombros. — Pode ter
chamado à atenção minha e a de Cade que Tolliver tem uma fraqueza para
homens com músculos e você gosta de twinks de olhos azuis. Se algo
acontecer entre vocês dois, esperamos uma garrafa de uísque envelhecido de
um dos seus contatos. Se nada acontecer, tudo bem.
— Sou muito velho para twinks. — Garrett disparou. Quando o irmão
de Jimmy, Tristen, veio para a fazenda e fez um jogo com Garrett, ele nunca
se sentiu tão aliviado quando um dos rastreadores, Santos, reivindicou o
homem para si.
— Tolliver tem trinta e oito anos de idade. Não é muito jovem para
você. — Afirmou Roman.
A porta da frente da fazenda abriu, e o parceiro de Roman, Jimmy,
saiu.
— Vocês, é melhor se apressarem se quiserem algo para comer. Está
quase acabando tudo.
Garrett tentou não sentir ciúme quando Jimmy entrou no abraço de
Roman. O amor, o respeito e o desejo irradiavam daqueles dois quando
estavam perto um do outro.
Sorrindo, Garrett disse:
— Não se preocupem. Certifiquei-me de fazer a mais e guardar
separado.
— Muito tarde. — Respondeu Jimmy. — Flyer os encontrou e estava
cavando esses recipientes quando saí para encontrá-los.
Alarmado, Garret entrou na casa. Ele estava com fome, e sua parte
da refeição não iria para o poço sem fundo de Flyer.
Capítulo Quatro

Meio dia e catorze. Mais um minuto, era tudo o que tinha de esperar.
Os tons profundos das risadas dos homens ecoaram pelo corredor
para o quarto dele. Logo, quando estivesse mais forte, se juntaria a esses
homens. Tolliver estava tão pronto para sair do quarto e ver algo além de
paredes de cor de areia e uma imagem de um oceano tempestuoso com um
farol à distância. Durante a estadia de duas semanas, deixou o quarto apenas
uma vez. Para ir a uma consulta dentária para determinar o que precisaria ser
feito para poder comer de novo. Deu um suspiro. Depois, dormiu por quase
vinte e quatro horas seguidas.
As solas duras das botas de caubói batendo contra o chão de azulejo
se aproximavam, fazendo os nervos de Tolliver zumbirem. Os números digitais
vermelhos do relógio na mesa voltaram para doze e quinze, enquanto o belo
Garret McKay entrava no quarto. Na hora certa, como de costume.
— O almoço está servido. — O sorriso branco surpreendente de
Garrett deslumbrou Tolliver, enviando todas as palavras que ele passou a
última meia hora preparando-se para dizer direto pela janela.
— Hum, obrigado. — Tolliver não conseguiu dizer mais nada. O cara
estava usando uma camiseta. Uma camiseta de aparência suave, fina e branca,
que moldava os músculos proeminentes de Garret e esboçava seus mamilos.
Se Tolliver tivesse curado, estaria com um enorme tesão. Assim como estava,
sentiu a baba no canto da boca. Rapidamente, lambeu a umidade na
esperança de não ser pego.
Tolliver estremeceu quando Garrett bateu a bandeja que estava
carregando na mesa portátil ao lado da cama. O copo alto e claro que Tolliver
sabia que continha algo castanho e fresco, deslizou alguns centímetros sobre a
superfície plana, derramando uma linha de chocolate ao lado.
Olhando para cima, Tolliver viu que Garrett virou-se e estava
afastando-se dele. Não estava prestes a deixar passar uma oportunidade, ele
admirou os ombros largos que se afunilavam em torno de quadris finos e das
longas pernas que pareciam tão fortes como os troncos das árvores.
Garrett respirou profundamente antes de voltar-se. Sua expressão e
comportamento não eram senão amigáveis. Decepção.
— Você teve um bom dia trabalhando com Parker? — Garrett
manobrou a mesa portátil até ficar sobre o colo de Tolliver.
Tolliver sorriu, mas manteve os lábios sobre os dentes superiores.
Alguns ainda estavam soltos, e outros faltando. Tolliver não queria que Garrett
visse os espaços feios, e tinha que ter cuidado com esses espaços até seu
próximo encontro com o dentista.
— Meus dedos estão melhorando. — Conseguiu levantar a mão direita
e flexionar os dedos. Era lento e doloroso, mas conseguia fazer isso. A mão e o
cotovelo de Tolliver ainda estavam inchados e curavam de uma luxação
prolongada. Todo movimento era uma luta onde as apostas eram muito altas
para ele perder.
— Isso é ótimo. — O entusiasmo de Garret foi genuíno, e Tolliver
pregou sob o louvor do grande homem. — Você sente vontade de entrar na
sua cadeira de rodas esta tarde? — Garrett perguntou.
— Com você? — Tolliver perguntou. — Quero dizer, você vai me
ajudar? — Se pudesse, teria escondido sob os cofres com vergonha. Às vezes,
ele se sentia como um idiota.
Garrett riu e Tolliver relaxou.
— Sim, irei ajudá-lo. Depois de terminar a bebida de proteína, pensei
que poderia gostar de uma mudança de cenário. Preciso limpar a cozinha e
agitar um lote de biscoitos. Talvez você queira sentar-se por um tempo e
observar até ficar cansado.
— Adoraria isso. Obrigado. — Disse Tolliver. O pensamento de sair do
quarto era glorioso. Mas primeiro ele tinha que cuidar de uma vitamina de
proteína com sabor de chocolate com o nome dele.
Com cuidado, Tolliver pegou o copo na bandeja, ignorando o aperto
das articulações quando esticou os dedos. Seu cotovelo não cooperou com
seus pensamentos, e acabou puxando o copo para ele com um idiota. Com
desgosto, viu o vidro escorrer de seus dedos e começar a derrubar. No último
segundo, Garrett pegou e corrigiu.
Tolliver suspirou frustrado. Seu braço direito estava quebrado e ainda
imobilizado por um gesso. Os tendões e os músculos do braço esquerdo foram
atingidos, dificultando os movimentos mais simples. A vida ativa que Tolliver já
desfrutava parecia um milhão de anos de distância.
— Tire essa carranca do seu rosto, Tolliver. — Garrett tocou
suavemente a testa de Tolliver. — Você está aqui há apenas duas semanas.
Aos poucos está recuperando sua mobilidade, vai achar que o tempo passará
muito rapidamente.
— Não vai acontecer rápido o suficiente para mim. — Gritou Tolliver.
Conseguiu inclinar-se para frente e agarrar o canudo derramando um líquido
espesso com os lábios. Logo, a deliciosa vitamina gelada estava aliviando a
garganta e enchendo o estômago vazio.
Garrett trazia para ele seis vitaminas por dia. No começo, o homem
tinha que ficar praticamente insistindo para que Tolliver as terminasse. Agora,
que Tolliver sentia-se melhor, parecia estar com fome o tempo todo.
— O que os caras têm para almoçar? — Fazia a mesma pergunta em
cada refeição, mudando apenas a última palavra da frase, dependendo do
horário do dia. As respostas deliciosas de Garrett lhe devam algo para sonhar
entre lances de sono.
— Estão tendo sanduíches de salada de frango hoje. — Garrett
respondeu enquanto pegava o copo e inclinava-o para que Tolliver pudesse
beber o conteúdo mais fácil. Logo, a pequena quantidade deixada no fundo
estava borbulhando em voz alta através do canudo.
Tolliver soltou o canudo e perguntou:
— Com uvas?
Garrett riu e Tolliver lembrou-se de respirar. O sorriso largo do
homem e olhos azul-claros quase explodiram a mente de Tolliver quando eles
brilharam com alegria, mostrando-lhe o quão feliz estava o homem. Como ele
queria ter uma chance de atrair o grande homem. Mas tão feio como estava
em seu estado maltratado, isso não estava acontecendo.
— Coloquei uvas, aipo e algumas nozes nele. — Garrett fez uma
pausa e estudou Tolliver.
Atualmente, as nuvens escuras cobriam-no facilmente na depressão.
Os dois médicos da equipe trabalhavam com ele todos os dias. O talento do
jovem e bonito Parker estava ajudando a recuperar o uso de seu corpo através
da fisioterapia. O grande loiro Reese era o único que ouvia os pesadelos, os
medos e as esperanças desesperadas. De uma maneira lenta, mas constante e
calma, Reese e Tolliver estavam trabalhando para curar o dano que o doente
sequestrador infligiu a sua mente.
Tentou sorrir, mas podia sentir seus lábios tremerem.
— Talvez em breve possa desfrutar de algumas das suas refeições
que cheiram tão bem.
Garrett empurrou a mesa para fora do caminho e sentou-se na beira
da cama. Secretamente Tolliver esperava ansiosamente por esses momentos,
quando o corpo do homem grande se aproximava. Até agora, o
comportamento de Garret tinha sido mais animado e educado. Como Tolliver
desejava mais. Mas, nesse caso, a mente estava disposta, mas o corpo,
péssimo.
— Depois de sua consulta com o Dr. Harvey no final da semana, você
poderá comer. — Garrett passou um dedo gentil ao longo da mandíbula de
Tolliver.
— Tenho que avisá-lo, não acho que as coisas vão muito bem. —
Tolliver não queria ir ao dentista, mas queria poder comer alimentos sólidos
novamente.
No final da semana anterior, Garret e Flyer levaram Tolliver para
Sandstone para ver o dentista. Levou toda a força de vontade de Tolliver para
não começar a gritar enquanto o dentista examinava os dentes. O próximo
compromisso incluiu três canais radiculares para consertar os dentes que
estavam soltos e dois implantes inseridos para substituir os dentes perdidos
durante o cativeiro.
— Se isso te faz sentir mais confortável, posso pedir a Reese que
venha junto com você durante o procedimento. — Uma das poucas vezes que
Tolliver não viu nenhuma emoção no rosto de Garrett.
Tolliver não entendeu.
— Por que eu gostaria que Reese estivesse lá?
Garrett olhou para baixo e começou a passar um dedo sobre um
pequeno buraco no magro material de seu jeans. Tolliver reconheceu a evasão
quando viu.
— Garrett, essa pergunta realmente não é tão difícil. Vou admitir que
Reese e eu estamos nos tornando bons amigos. Mas não é o tipo de amizade
segure-minha-mão-quero-sentir-meu-corpo-próximo-do-seu. — Na mente de
Tolliver, ele via Garrett segurando sua mão e imaginando o corpo do grande
cara enrolado ao dele. Agora, foi a vez de Tolliver se interessar por um ponto
inexistente no lençol cobrindo as pernas.
Uma mão quadrada bronzeada entrou na linha de visão de Tolliver e
gentilmente cobriu a dele. Nos velhos tempos teria virado a mão e juntaram os
dedos. Desta vez, isso era impossível. Em vez disso, admirou a grande mão de
Garrett em comparação com a dele.
Havia uma nota esperançosa na voz de Garret quando perguntou:
— Então, você e Reese são apenas amigos?
Tolliver arrastou o olhar para longe de suas mãos e se perdeu nos
claros olhos azuis de Garret, que sempre fazia com que seu coração batesse
mais rápido quando estavam olhando para ele.
— Sim, somos apenas amigos. — Tolliver manteve seu tom sério. Não
haveria mal-entendidos quanto ao relacionamento dele com Reese.
Nas últimas duas semanas, Tolliver aprendeu muito sobre si mesmo.
Todos os homens que moravam na fazenda o haviam visitado regularmente. E
enquanto eles eram agradáveis, o colírio para os olhos era apenas Garrett,
cuja risada fazia com que ficasse sem fôlego e o deixava ansioso para fazer
algo para ouvi-lo novamente. Tolliver desejava estar com Garrett, aprender
mais sobre ele e ter a chance de desenvolver algo mais profundo.
Garrett inclinou-se para frente e Tolliver congelou.
— Bom. — Garrett sussurrou contra os lábios de Tolliver.
Os lábios macios acetinados sobre Tolliver num beijo tão gentil que
poderia ter sido o pincel de uma asa de borboleta. O toque fugaz despertou os
desejos e os enviou chiando sobre terminações nervosas.
Tolliver queria mais, mas o grande homem levantou a cabeça.
— Acho que é hora de entrar na cozinha, meu pequenino.
— Acho que devemos nos beijar um pouco mais. — Respondeu
Tolliver. Dentro, seu coração trovejava fora de controle. Pela primeira vez
desde sua chegada, Garrett o chamou de seu pequenino. Não estava sonhando,
afinal.
— Seus lábios ainda estão sensíveis, e você tem dentes soltos. — A
mão de Garrett abaixou ternamente o lado do rosto de Tolliver. — Que tal
fazermos um acordo? — A malícia estremeceu nos lindos olhos azuis de Garret.
— Que tipo de acordo? — Tolliver ficou preso na diversão.
— Quando a boca e os dentes estiverem totalmente curados, vou te
dar todos os beijos que quiser. — Disse Garret.
Alguns dos velhos tempos de Tolliver antes do sequestro voltaram. E
sentiu-se bem.
— Você promete pelo dedão da sua avó que não vai se esquecer ou
voltar atrás desse acordo, que quando eu estiver curado, você me dará todos
os beijos que eu quiser e quando eu quiser? — Tolliver sugou uma respiração
muito necessária.
A risada de Garrett ecoou pela sala e aqueceu o coração de Tolliver.
— Você adicionou um pouco, meu pequeno. Mas, sim, concordo com
estes termos.
Os próximos longos momentos foram gastos se perdendo no olhar
um do outro, enquanto sorrisos largos cobriam seus rostos. Tolliver não sabia
quanto tempo a festinha deles teria continuado, mas o celular de Garret, que
emitiu três bips curtos, interrompeu o momento maravilhoso.
Depois de tirar o celular do bolso, Garrett deslizou sobre a tela. Todos
os sentimentos quentes que flutuavam ao redor da sala ficaram gelados
quando a emoção escorria do rosto de Garret e foi substituída por um exterior
profissional.
— Precisamos chegar a cozinha. — Garrett ficou de pé e agarrou a
cadeira de rodas junto à parede ao lado da mesa de cabeceira.
— O que está acontecendo? — Tolliver perguntou enquanto Garrett
levantava Bentley do cobertor dobrado no final da cama e colocou-o nos
braços de Tolliver. Depois que Garrett jogou de volta o lençol, sacudiu o
cobertor e o enrolou em torno de Tolliver antes de colocá-lo na cadeira de
rodas.
— Temos de preparar a comida para que os rapazes a engulam. —
Garrett empurrou Tolliver para fora do quarto e desceu o corredor. — Eles
estão saindo em vinte minutos para um resgate.
Garrett estacionou Tolliver perto da parede, contendo os fornos e a
geladeira, em frente ao balcão de trabalho. A partir dessa posição, Tolliver
podia ver toda a cozinha e observar as idas e vindas dos caras enquanto
passavam no balcão da cozinha.
— Que tipo de resgate é? — Tolliver ficou observando enquanto
Garrett puxava grandes recipientes cobertos para fora da enorme geladeira e
colocava-os no balcão.
— Algumas pessoas foram relatadas como desaparecidas enquanto
participavam de uma aventura de asa-delta. — Garrett respondeu ao remover
as tampas dos recipientes. — O texto que Roman enviou dizia à equipe para se
preparar para a escalada e para Flyer preparar o helicóptero.
— Uau, seria incrível participar disso. — Tolliver poderia
simplesmente imaginar descer em cordas de um helicóptero para salvar
alguém em perigo.
— Sim, certo. — Garrett respondeu. — Enquanto você está indo para
a vítima, o vento está chicotando detritos em seu rosto. Se estiver chovendo,
você soma a isso o frio e tudo fica muito pior. Quando alcança a vítima, às
vezes eles têm lesões na cabeça ou simplesmente estão com medo e começam
a lutar contra você. Muito surpreendente.
Tolliver franziu a testa, surpreso com o ponto de vista de Garret.
— Nunca pensei nisso assim.
— Não me interprete mal. — Garret levantou os olhos para espalhar a
salada de ovos em espessos pedaços de pão amanteigado. — Não há nada
como encontrar uma vítima viva ou tirá-las de uma situação terrível e ajudar a
quem precisa. Estou apenas dizendo que não é tudo glamoroso, e é um
trabalho árduo.
Garrett colocou pequenos sacos de frutas secas e nozes no balcão.
Adicionou uma pilha de pequeno tamanho de pequenos discos redondos de
queijo embalado. Tolliver reconheceu pelo rosto de uma vaca na frente. Ao
lado das frutas e nozes, Garrett colocou pequenos pacotes de apertar.
— O que são esses pacotes? — Perguntou Tolliver.
— Manteiga de amendoim. — Garrett respondeu enquanto puxava
pequenos sacos de vagem para fora dos recipientes. — Os rapazes o apertam
diretamente em suas bocas ou misturam com frutas e nozes. Inferno, eu não
deixaria Flyer cobrir as ervilhas com isso.
Tolliver estremeceu com essa combinação antes de comentar:
— Nunca vi Flyer sem algum tipo de comida na mão.
Garrett sorriu no balcão, que já estava carregado de comida.
— Sim, esse garoto gosta da minha comida.
Antes que Tolliver pudesse dizer alguma coisa, a equipe do Resgate
Contratado do Oeste entrou na cozinha. Eram os homens amáveis que
entraram no quarto de Tolliver para dizer algumas palavras e perguntar como
estava indo. Foram substituídos por guerreiros, decorados em uniformes
bronzeados e vestindo uma armadura de equipamentos, que Tolliver não tinha
a mais fraca ideia de como usar. Surgiram perguntas cortadas indo e voltando,
junto com algumas piadas. Mas, principalmente, um ar de profissionalismo e
antecipação cobriram a sala.
Os alimentos preencheram os grandes bolsos, e Garrett estava
entregando um refrigerador de tamanho médio, Tolliver não notou que ele
tinha enchido. Logo o balcão estava quase vazio e a cozinha passou de um
turbilhão de atividade para apenas Garrett e Tolliver e, claro, Bentley.
Capítulo Cinco

Levou toda a força de vontade de Garret para não virar a


caminhonete e voltar para a fazenda. Ele não tinha nada que levar Tolliver ao
público sozinho. Mas a equipe ainda não voltou do resgate que os havia levado
alguns dias antes. Encontraram os praticantes de asa-delta perdidos, mas os
raios começaram um grande incêndio, e agora estavam ocupados encontrando
mochileiros e campistas e transportando-os para fora das montanhas.
Olhando para Tolliver através do espelho retrovisor, observou a
cabeça do homem balançando-se quando o caminhão passou por outro buraco.
Como Tolliver convencera Garrett a deixá-lo manter a consulta dentária,
Garret nunca saberia.
Oh, porcaria, com quem estava brincando? Tudo o que Tolliver tinha
que fazer era dar a Garrett aquele grande olhar azul, de filhote que ele se
derretia todo. Conseguiu ser firme quando Tolliver queria levar Bentley junto.
Os dentistas não permitiam cães em seus consultórios.
— Ei, Garrett. — Tolliver chamou do banco de trás. — Pense. Logo
meus dentes não serão soltos, e você poderá me beijar. — Seguiram pequenas
risadas. O pobre Tolliver estava drogado, fora de si.
— Você ainda está confortável aí atrás, Tolliver? — Garrett pegara
todos os travesseiros que conseguiu encontrar no armário ao redor do homem
para deixar o passeio tão confortável quanto podia.
— Ah, com certeza. Sabe, Garrett? — As palavras de Tolliver
tornaram-se um padrão de canção.
— O que você precisa? — Garrett perguntou.
— Só queria que você soubesse que as pílulas que o dentista
prescreveu são incríveis. — Uma pequena risada acompanhou as palavras
murmuradas.
— Não havia nenhuma maneira de deixá-lo passar por isso acordado,
meu pequenino. Você ficará frio quando o dentista trabalhar em seus dentes.
— Garrett virou na rua onde o consultório do dentista estava localizado.
Um olhar no espelho lateral mostrou um veículo policial seguindo-os.
O xerife estava ciente da presença de Tolliver em Los Héroes e das
circunstâncias por trás disso. Garrett havia ligado para o escritório do xerife
antes de deixar a fazenda e tinha certeza de que um carro seria enviado para
estar disponível caso haja algum problema. Se o sequestrador conseguisse
descobrir onde Tolliver estava, teria que passar por Garrett para pegá-lo. Mas
do jeito que ele imaginava, quanto mais reforço, melhor.
— Garrett. — A voz de Tolliver era excessivamente alta.
— Sim? — Garrett manteve seu riso consigo mesmo. Tolliver era tão
lindo, e o pequeno homem estava conseguindo ganhar a afeição e o coração
de Garrett um pouco todos os dias.
— Não deixe que me amarrem. — Desta vez Garrett mal podia ouvir
Tolliver.
A raiva lutou com mágoa.
— Eles não vão te amarrar, meu pequenino. Prometo.
Meia hora depois, Garrett sentou-se na área de espera imaginando
como Tolliver estava fazendo. Trinta minutos depois, Garret começou a andar
de um lado para outro.
Passaram mais quinze minutos. A assistente do Dr. Harvey abriu a
porta separando a sala de espera das salas de exame na parte de trás. Linhas
de punho cruzavam sua testa, e ela estava mordendo o lábio.
— Sr. McKay, poderia vir comigo?
Os sentidos de Garrett entraram em alerta vermelho. Algo estava
errado. Ele seguiu a mulher passando pelas salas com máquinas de raios x
dentários, cadeiras de alta tecnologia e bandejas cheias de equipamentos que
Garrett associou à tortura.
Parou diante da entrada de uma sala escura com apenas uma luz
direcionando seus poderosos raios para baixo. A forma robusta do Dr. Harvey,
com um longo casaco branco, impediu Garrett de ver qualquer outra coisa
quando saiu da sala.
— Garrett, é bom vê-lo. — O homem levantou as mãos cobertas de
látex. — Vou apertar a mão, mas precisamos manter as coisas higiênicas.
Garrett acenou com a cabeça antes de exigir.
— O que está acontecendo com Tolliver?
— Bem, para ser sincero, nunca vi nada parecido. — O médico olhou
por cima do ombro antes de olhar para Garrett. — Posso assegurar-lhe que
Tolliver está confortável. Não tem dor e está dormindo.
— Ok. — Era tudo que Garrett podia fazer para não empurrar o
dentista do caminho e correr para o lado de Tolliver. — Então, qual é o
problema?
— Ele está chorando.
Os pelos dos braços de Garrett ficaram de pé. Seu pequenino estava
chorando e eles estavam de pé no corredor?
— Você precisa se afastar, doutor. — A voz de Garret não foi
levantada. Não precisava ser. Cada palavra foi atada com intenção mortal. O
dentista moveu-se. Era um homem inteligente.
Garrett encontrou Tolliver deitado na cadeira com a cabeça destacada
pela luz forte. Sua boca estava aberta por meio de um arame ligado aos lábios
suaves. Uma máscara plástica de oxigênio cobria o nariz. Na experiência de
Garret, o gás de riso foi dispensado de um desses. Tolliver não se movia nem
fazia barulho. Ele, de fato, parecia um pouco confortável. Exceto que havia um
fluxo constante de lágrimas que caíam pelos lados do rosto.
Desamparado. Nunca antes Garrett sentiu um sentimento tão oco,
mesmo quando suas pernas tinham que ser reunidas com fios, placas e
parafusos. Inundou o sistema até que ele se forçou a cavar fundo e reunir a
inteligência sobre ele.
Uma corda invisível atraiu Garrett pela sala para o lado de Tolliver.
— Não chore, Tolliver. — Garrett agarrou uma cadeira ao lado da
parede e puxou-a antes de sentar-se sobre ela. — Você não está amarrado. —
Garrett ergueu a mão de Tolliver, empurrando-a entre os dois. — Você queria
muito poder comer e sorrir. Seja corajoso, meu pequenino. — Garrett pegou a
toalha suave que a assistente o entregou e suavemente secou as lágrimas de
Tolliver. — Estou aqui, Tolliver. Não vou deixar você. Ouça a minha voz.
Passaremos por isso juntos.
As lágrimas diminuíram, e Garrett continuava falando. Logo o Dr.
Harvey e sua assistente começaram a trabalhar nos dentes de Tolliver e
Garrett manteve uma constante ladainha de palavras. Durante as três longas
horas, ele falava calmamente sobre tudo e qualquer coisa na orelha de seu
pequeno até que o dentista se recostou e tirou as luvas.
— Terminamos por enquanto. — Disse o médico, observando a
assistente retirar o arame que mantinha aberta a boca de Tolliver. Ele olhou
para Garrett e disse: — As coisas correram bem. Minha assistente examinará
as instruções de pós-atendimento, e nós o veremos aqui no final do próximo
mês para terminar os implantes.
— Obrigado, doutor. — Respondeu Garret. Ele terminou sentando-se
por mais uma meia hora enquanto a assistente limpava Tolliver, observando o
homem pequeno se tornar mais coerente à medida que a sedação desaparecia.
Era um Tolliver ainda com sono que carregou para casa e o colocou
na cama.
****
Muitas pessoas observam as notícias e se regozijam quando as
vítimas de violência são resgatadas. Sorriem e ficam exultantes porque o bem
venceu o mal. Depois de um tempo, desligam seus televisores e voltam a viver
suas vidas. Mas a história não termina para as vítimas. Em muitos casos,
torna-se o começo de voltar a juntar suas vidas.
Tolliver suspirou, pensando nesse começo que não pedira. Estava
sentado no pátio exótico, desfrutando os raios quentes do sol e observando a
dança cintilante refletida na superfície da água azul clara da piscina.
O pátio ficava no meio da fazenda. As portas para todos os quartos
alinhavam as paredes do belo oásis cheio de plantas. Era um ótimo lugar para
relaxar e desfrutar de alguns minutos de solidão.
Absolutamente Tolliver se perguntava como seu amigo Roy estava
fazendo. A esta altura do dia, provavelmente estava na fábrica, certificando-se
de que a máquina estava funcionando suavemente e colocando um bom
produto. Tolliver se perguntou se a esposa número três ainda estava por perto.
Também se perguntou quanto tempo teria de esperar para que pudesse falar
com seu amigo.
O raspado de borracha contra o chão de pedra chamou a atenção de
Tolliver para Tristen caminhando e caindo na poltrona ao lado dele.
— Estou surpreso que você não esteja na cozinha assistindo a Garrett
cozinhar alguma coisa. — As sandálias de dedo verdes neon de Tristen
pousaram com um plop quando as tirou antes de cruzar suas pernas magras e
bronzeadas.
— Estou surpreso que você não esteja em algum canto tentando
Santos a ficar perto e sozinhos. — Tolliver brincou de volta. Durante a semana
passada, Tolliver sentiu-se melhor e estava por aí por longos períodos de
tempo. Mais de uma vez espiou Tristen apoiado contra uma parede, enrolado
num beijo quente e pesado com seu marido, Santos, que era um dos
rastreadores do Resgate Contratado do Oeste.
— Eu queria mesmo. — Tristen recolheu seus longos cabelos loiros
antes de torcê-los num coque em cima de sua cabeça e segurá-lo com uma
faixa de cabelo. — Morgan encomendou alguns novos e especiais fones de
ouvido com microfones. Toda a equipe está espalhada pela propriedade,
testando-os. Acho que durante o último resgate, entre a fumaça do fogo, os
ventos, as montanhas e as pessoas que usavam outras frequências, eles
tiveram problemas para manter contato uns com os outros.
— Eu me perguntei o que estava acontecendo que os fez deixarem
Sadie e Mich para trás. — Tolliver assentiu com a cabeça para o pastor alemão
e schnauzer gigante espalhado por uma enorme e frondosa planta de vaso
tropical. Atualmente, Bentley estava enrolado em cima das costas de Sadie.
A risada de Tristen ecoou pelo pátio. Tolliver não se sentia atraído
pelo homem lindo, mas qualquer pessoa com batimentos cardíacos não podia
deixar de admirar os amplos olhos de avelã de Tristen e o corpo magro e
elegante.
— Sabe, a primeira vez que vi Bentley subir nas costas de Mich, tive
certeza de que teríamos um banho de sangue e Mich ia almoçar cedo. Não
posso acreditar como Mich ainda não murmurou e continuou a tirar uma
soneca.
—Sim, é uma coisa boa que Bentley se dê bem com os dois. —
Tolliver olhou o gesso em seu braço e perna. — Não posso defendê-lo
exatamente agora, se ele tiver problemas.
— Quando vai tirar tudo isso? — Os dedos finos de Tristen tocaram o
gesso na perna de Tolliver.
— Na próxima semana eles vão colocar uma bota imobilizadora na
minha perna e algum tipo de tala no meu braço. — Tolliver não podia esperar.
A mobilidade era um presente que ele não tomaria com pouco ânimo.
Tristen olhou para Tolliver e sorriu.
— Você não saberá o que fazer com toda essa liberdade.
— Posso pensar em algumas coisas. — Respondeu Tolliver, pensando
num cozinheiro alto e musculoso que lhe devia alguns beijos.
— Você pode fazer alguma coisa agora? — Tristen perguntou. —
Quero dizer, você tem alguma restrição?
Tolliver pensou por um momento. Todo o seu corpo ainda estava se
curando do abuso que tinha sofrido. Mas, além de estar dolorido e duro, nada
mais estava errado. Até mesmo a boca dele tinha cicatrizado bem da cirurgia
dentária.
— Não, só tenho problemas para me deslocar. — Respondeu Tolliver.
Do outro lado do pátio, uma porta fechou. Tolliver olhou para cima
para ver Jimmy caminhando em direção a eles. Deve ter vindo do celeiro, já
que ele ainda estava usando uma camiseta, jeans e um chapéu de caubói
curtido. Depois de alcançá-los, sentou na cadeira ao lado de Tristen da mesma
maneira que seu irmão.
— E aí, rapazes? — Perguntou. Jimmy tinha o mesmo tamanho de
Tolliver, mas tinha o temperamento do incrível Hulk. Era divertido assistir ao
grande Roman lidar com seu marido muito pequeno e espinhoso.
— Estávamos apenas discutindo o tédio de Tolliver e o que podemos
fazer sobre isso. — Respondeu Tristen. A boca de Tolliver ficou aberta com
surpresa.
Se fosse possível, Tolliver teria se afastado de lá quando os olhos dos
dois irmãos se encontraram e começaram a conversar sem dizer uma palavra.
Arrepios de apreensão cobriram sua pele quando sorrisos largos espalharam
seus rostos.
Jimmy inclinou a cabeça e estudou Tolliver de seus pés para cima.
— Não tenho certeza, Tristen. Não gostaria de quebrar mais nada.
— Ele disse que não tem restrições. Certo, Tolliver? — Pura
travessura e emoção brilharam nos olhos de avelã de Tristen. Tolliver se
perguntou se ele deveria começar a gritar por ajuda.
— Hum, certo. — Tolliver estava pronto para fechar os olhos e puxar
o ato inteiro “se eu não posso ver você, você não pode me ver”. Decidiu
manter os olhos abertos quando ambos os irmãos ficaram em uníssono e
Tristen começou a empurrar a cadeira para a porta do quarto de Santos e de
Tristen. As coisas estavam começando a ficar excitantes. E Tolliver pensou
que talvez não de um bom jeito.
— Sabe. Isso seria bom para ele. — Argumentou Tristen.
— Há estudos que mostram que ajuda as pessoas com deficiência. —
Comentou Jimmy quando abriu a porta para que Tristen pudesse empurrar
Tolliver para o quarto.
Tolliver iria se opor ao comentário da desvantagem, mas seu coração
pulou na garganta. Tristen tinha deixado cair os calções cobertos de flores de
laranja no chão. Sim, ele teve um vislumbre de um saco de bola doce e suave,
coberto por um pau que parecia ter mantido alguém ocupado por horas a fio.
Tristen virou-se e Tolliver congelou à vista de uma bunda firme, redonda e nua.
— Cara, você não usa cueca? — Reclamou Jimmy.
— Como se você estivesse usando alguma. — Tristen pegou uma
calça jeans de uma gaveta do armário e deslizou-a sobre seus quadris finos.
Em seguida, puxou algumas meias atléticas brancas antes de meter os pés em
botas de caubói. Tolliver ainda estava cheio do vislumbre que ele tinha do
nome de Santos tatuado na bochecha esquerda da Tristen.
— Tudo bem, estou pronto. Vamos. — Anunciou Tristen, endireitando
e dirigindo-se para a porta que levava ao corredor.
— Posso perguntar para onde estamos indo? Só estou usando pijama.
— Tolliver pensou que isso poderia ser uma coisa boa a ser salientada.
Jimmy, que havia assumido o empurrão da cadeira de Tolliver, fez
uma pausa.
— Você está certo. Tristen, ele precisa de meias.
Tristen virou-se e voltou para a cômoda.
— Você pode pegar uma das minhas.
Minutos depois, Tolliver estava olhando para o seu pé, uma vez,
coberto por uma meia verde neon. A cadeira se moveu quando Jimmy
começou a empurrá-lo para a porta novamente.
— Por que não podemos ir ao meu quarto e pegar uma de minhas
meias? — Perguntou ele.
A situação estava totalmente fora do controle de Tolliver, mas de
alguma forma ele não estava realmente preocupado até Tristen responder.
— Porque teríamos que ir além da cozinha e Garrett. Às vezes, é mais
divertido se evitarmos os alfas da casa.
— Sim. — Jimmy concordou. — De vez em quando eles podem ser
“chatos”.
Tristen bufou.
— De vez em quando?
Ambos os irmãos começaram a rir — sim, eram risadas travessas — e
Tolliver começou exercícios de respiração profunda para evitar hiperventilar.
— Pessoal, o que exatamente vamos fazer? — Tolliver começou a se
perguntar se realmente queria saber. Na porta, Tristen pegou dois chapéus de
caubói da prateleira de chapéu de madeira. Depois de empurrar um chapéu
para a cabeça de Tolliver, ele colocou o outro em seus próprios cachos loiros.
Com os cabelos compridos dentro do chapéu e usando jeans Wrangler,
Tristen parecia um desses atores num filme ocidental, muito bonito e ainda
forte.
Tolliver quase se afastou da cadeira quando Tristen sorriu e disse:
— Andar a cavalo.
Capítulo Seis

Garrett entrou em pânico. Tolliver sumiu. Ele viu Parker levá-lo para
o pátio e estacionar sua cadeira de rodas junto à piscina após a sessão de
fisioterapia antes de sair com a equipe para verificar uma nova peça de
equipamento. Garrett colocou uma camada de brownies no forno, com a
intenção de se juntar ao pequeno homem e, talvez, dar-lhe um daqueles beijos
que havia prometido.
Seus planos foram desviados quando um de seus contatos ligou para
informá-lo de que tinha um zumbindo vindo da videira. Mais dois homens dos
estados do meio-oeste sumiram depois de responder aos anúncios da Gregslist.
E um corpo que combinava a descrição de um dos homens havia sido
descoberto em Iowa.
Quando Garrett terminou a ligação, quase meia hora tinha passado e
os brownies assados estavam esfriando numa grande grade. O estômago de
Garrett rolou quando não viu Tolliver sentado ao lado da piscina, onde deveria
estar. Seu temperamento começou a ferver quanto mais procurava. Cabeças
rolariam se Tolliver estivesse em perigo, pois não havia como ele ter ido a
qualquer lugar sozinho.
Garrett ficou perplexo. Um homem com cadeira de rodas não deve
ser tão difícil de encontrar. Procurou cada centímetro do pátio e do quarto de
Tolliver. Inferno, sem a chance de o homem tentador pensar num encontro
íntimo, Garrett procurou em seu próprio quarto e não encontrou nada.
Depois de procurar no resto dos quartos e banheiros, Garret varreu
as salas de jogos e sala de estar. Com o passar do tempo, sua voz aumentou
quando chamou o nome de Tolliver. Desesperado, Garrett saiu.
Garrett escaneou os degraus da frente e do lado de dentro da cerca
de quase dois metros de altura que cercava a fazenda. Quando ainda não
havia nenhum sinal de Tolliver, dirigiu-se pela estrada de terra que levava para
o portão dos fundos. Era altamente improvável, mas talvez de alguma forma
Tolliver tivesse encontrado um caminho para o hangar do avião ou o celeiro.
Assim quando já estava quase tirando seu celular para ligar para
Roman e declarar o estado de emergência, ouviu risos vindo do outro lado da
cerca.
A voz de Jimmy gritou:
— Segure-se a ele, Tristen. Se derrubá-lo no chão, de alguma forma
Roman me culpará, e não poderei me sentar por uma semana.
Garrett começou a correr, contornou a esquina do portão e deslizou
para parar, fazendo a poeira subir em todas as direções.
Nunca em um milhão de anos Garret pensou que morreria de um
ataque cardíaco aos quarenta e oito anos. Uma bala sempre foi uma
possibilidade, mas não de seu coração emperrar e parar de funcionar no meio
do ritmo.
As rápidas orações de Garret, que estava alucinando, não foram
ouvidas quando o horror de um Tolliver encaixado sentado em cima do cavalo
de Jimmy, Twyla, ainda estava brincando na frente dele. Tristen estava
sentado atrás de Tolliver, segurando-o no cavalo e Jimmy estava levando o
animal a um ritmo lento em um amplo círculo logo ao lado do curral.
— O que diabos está acontecendo? — Falou Roman.
O filme a partir daí aconteceu em câmera lenta. Twyla empurrou de
lado e ergueu a cabeça no ar. Jimmy foi levantado de seus pés e acabou
pousando em sua bunda na poeira. Tristen perdeu o controle sobre Tolliver
enquanto tentava manter seu assento no cavalo. Tolliver, com a perna
encaixada no gesso, começou a deslizar de Twyla, assustando ainda mais o
cavalo.
O coração de Garret passou de parar de bater para bater acelerado
quando correu para salvar Tolliver de cair no chão. O cavalo começou a dançar
ao redor. O rosto de Tristen era uma máscara de desespero quando ele tentou
segurar um Tolliver deslizante.
De uma só vez, duas coisas aconteceram que salvou Tolliver de se
machucar. Roman agarrou a corda de Twyla e começou a murmurar palavras
calmantes para o cavalo assustado, e Garrett conseguiu, no último segundo,
pegar Tolliver em seus braços antes de bater no chão.
****
Tolliver decidiu que não era fã de montar um cavalo. Também decidiu
que os dois irmãos Earl precisavam de coleiras de choque para fazê-los ouvir
quando alguém dizia que suas ideias podiam não ser tão ótimas.
De alguma forma, apesar de suas objeções, eles o levaram para a
sela de Twyla.
— Pessoal, não acho que essa seja uma boa ideia. — Disse ele.
Foi quando descobriram que uma sela não acomodava um gesso de
perna que imobilizava uma perna inteira até a coxa interna. Sua perna acabou
se agarrando no ar como se ele estivesse tentando ser uma bailarina ou algo
assim.
Depois que os irmãos terminaram de apontar para ele e rir de seu
traseiro, Tristen disse:
— Espere, Tolliver, aqui vou eu.
Espere? Um braço estava engessado, e o outro era inútil. Espere?
Tristen subiu atrás de Tolliver e, de alguma forma, o manteve
sentado no cavalo. Por algum milagre, Tolliver começou a montar o cavalo até
começar a escorregar. E Tristen começou a perder o controle sobre Tolliver.
Isso foi até que o grito irritado de Roman assustou Twyla e a vida de Tolliver
foi jogada diante de seus olhos. Continuou pensando que, depois de tudo o
que tinha passado, o fim estava vindo de dois irmãos travessos que deveriam
ser equipados com coleiras de choque.
Tolliver tentou fazer sua mão agarrar os fios grosseiros da crina
negra de Twyla, mas não conseguiu segurar. Foi uma agonia escorregar de
lado, incapaz de evitar o impacto que doeria como o inferno antes de morrer.
Braços fortes pegaram Tolliver. O medo gelado da queda diminuiu.
Isso foi até Garrett dizer num tom duro como pedra:
— Pequenino, você está com problemas.

****
Huguinho, Zezinho e Luizinho estavam sentados, não, Jimmy, Tristen
e Tolliver estavam sentados nas três cadeiras que alinhavam a frente da
escrivaninha de Roman, encolhendo-se sob a ira do grande homem. Era difícil
não imaginar os homens como patinhos travessos e levados sendo
repreendidos por sua última escapada. Garrett sentiu que esta não seria a
última vez que esses três acabariam no extremo severo de uma palestra de
Roman.
Garrett inclinou-se contra o batente da porta, os braços cruzados,
ouvindo Roman explicar em palavras afiadas as repercussões se algum deles
tentasse novamente obter um homem ferido em cima de um cavalo apenas
para ver se ele podia.
Santos ficou encostado contra a parede ao lado de Garrett. Tinha as
mãos nos bolsos, e um tornozelo estava cruzado sobre o outro. A pose calma
não enganava Garrett. O homem estava chateado. Santos não tinha tirado o
olhar sombrio e tempestuoso de Tristen desde que pegou o homem de cima de
Twyla e jogou-o sobre seu ombro antes de despejá-lo na cadeira em que
atualmente estava sentado.
— Como você pode sorrir após o que esses dois fizeram a Tolliver? —
A pergunta baixa e tranquila de Santos agarrou a atenção de Garret.
— Estava pensando que esses três me lembram de um desenho
animado, Pato Donald e seus três sobrinhos sapecas. — Garrett sorriu
enquanto olhava para Santos.
O grande brasileiro sorriu de volta.
— Tenho que admitir que é apropriado.
— Sim. — Os dois compartilharam um olhar de compreensão.
Garrett podia ver que Roman estava finalmente acabando, e Jimmy
começou a se mexer. Santos desencostou-se da parede e foi ficar de pé atrás
de um Tristen com ombros caídos.
— Vocês três entendem minha posição nesta pequena excursão de
vocês? — Perguntou Roman. Três cabeças imediatamente acenaram com a
cabeça. — Tudo bem então, não deixe isso acontecer novamente.
Santos virou a cadeira de Tristen e agachou-se na frente do homem
bonito.
— Precisamos conversar, amorzinho.
— Estou feliz que ainda pense que sou seu amor. — Tristen colocou a
mão no lado do rosto de Santos.
— Você sempre será meu amorzinho. Mas ainda vamos conversar. —
Santos inclinou-se para frente e, no momento seguinte, Tristen foi levado pelo
ombro do homem maior e estavam saindo pela porta.
Olhando para Roman, Garrett viu Jimmy se apegar ao seu bom
companheiro com a cabeça enterrada no pescoço e os braços e as pernas
envolvidos ao redor dele. Os passos das longas pernas de Roman levaram
ambos para fora da sala.
Isso deixou Tolliver e Garrett sozinhos na sala.
Garrett caminhou em torno da cadeira de Tolliver até ficar de pé
diante do homem menor e recostou-se na borda da mesa de Roman. Olhando
para baixo, estudou a linha fina e comprimida dos lábios habituais de Tolliver e
sua pele muito pálida.
Tolliver ergueu o queixo em um ângulo teimoso e seu grande olhar
azul pegou um olhar feroz.
— Beije-me. — Exigiu Tolliver.
— Tolliver... — Garret começou.
— Não, você prometeu quando minha boca estivesse curada, me
beijaria sempre que eu quisesse. — O lábio inferior de Tolliver tremeu. — Me
beije.
Precisavam falar sobre o que aconteceu. Este incidente trouxe para
casa que Garrett não estava disposto a deixar Tolliver desaparecer de sua vida,
seja deixando de bom grado ou não.
— Garrett, você prometeu.
A necessidade de Garret de emitir ordens e exigir mudanças em seu
relacionamento mudou para querer dar ao seu pequeno tudo o que pedia.
Abaixando seu corpo grande em um joelho ao lado de Tolliver,
Garrett passou os dedos pelos cabelos castanhos e curtos na nuca de Tolliver
até ele segurar seu pescoço magro. Um pequeno puxão tinha Tolliver inclinado
para frente, e Garrett cobriu os lábios dele com os seus.
****
Em algum lugar, Tolliver não sabia onde, mas havia lido ou ouvido
que um beijo era apenas um beijo. Não se lembrava do resto, mas as palavras
continuavam jogando sua mente num círculo infinito.
O beijo de Garret não era apenas um beijo. Era tudo. O toque dos
lábios de Garret contra a boca sensível de Tolliver o puxou para dentro do
abismo da sensação. A picada de leve no pescoço do bigode prateado e da
barba no queixo de Garrett aumentou a multidão de desejos e sentimentos.
Nunca antes Tolliver sentiu esse tipo de atração em relação a outro.
Quando Garrett ergueu a cabeça, Tolliver inclinou os lábios para cima,
tentando seguir. Garrett não cooperou e beijou Tolliver de novo, então ele foi
forçado a jogar sujo.
— Beije-me. — Ele exigiu.
O polegar largo de Garrett roçou seu lábio inferior.
— Acho que há lugares melhores para se beijar do que o escritório de
Roman, meu pequenino.
O desespero tornou Tolliver imprudente.
— Quero estar com você. Quero você dentro de mim.
Garrett respirou fundo na declaração de Tolliver, e seus olhos azuis
se arregalaram. Tolliver observou a protuberância nos jeans de Garrett crescer.
Não sabendo o que fazer para inclinar a balança, ele sussurrou:
— Beije-me, Garrett

Capítulo Sete

O pequeno homem estava jogando sujo, e Garrett sabia disso. Isso o


impediu de jogar também? Não. Garrett esperou muitos anos para que alguém
o chamasse de seu, e então pensou que talvez o destino sorriu para ele e
finalmente encontrou a pessoa.
Inclinando-se para a frente, Garrett beijou Tolliver, com a intenção de
dar-lhe um selinho rápido para cumprir sua promessa. Essa ideia evaporou-se
quando seus lábios se encontraram. Garrett inclinou a cabeça e fechou a boca.
A suavidade dos lábios de seu pequeno combinado com seu sabor único
assumiu o mundo dele que estava achando que não conseguiria obter o
suficiente do homenzinho.
Um raciocínio disse a Garrett que, se ele deslizasse a língua na boca
de Tolliver para sentir um gosto completo, acabariam no chão. Uma mão
apoiada em sua bochecha quase evaporou seu senso comum completamente
enquanto continuavam a se afogar em sua conexão.
Garrett queria mais. Teve que se forçar a acabar com o beijo e
levantar Tolliver em seus braços. O raspão dos gessos duros contra seus
braços o lembrou que o que ele queria fazer com Tolliver provavelmente não
seria bom, ou mesmo viável, com o homem que ainda estava se recuperando.
Deixando o escritório de Roman, Garrett levou Tolliver pelo corredor,
pela cozinha e para seus aposentos. Durante todo o tempo, os lábios suaves
de Tolliver estavam traçando uma linha erótica pelo pescoço, enviando o
desejo direto ao seu já furioso pau.
Parando no corredor entre seus quartos, Garrett teve que fazer uma
última tentativa de ser responsável.
— Querido, talvez devamos esperar até que o médico remova seus
gessos na próxima semana. Você ainda está se curando.
O vermelho corou pela pele no rosto de Tolliver, e Garrett estava
certo de que em qualquer segundo, faíscas disparariam de seus olhos.
— Não me venha com “querido”, Garrett McKay. Se mudou de ideia,
tudo bem. Mas não tente jogar a culpa em mim. Tenho trinta e oito anos e sei
o que quero.
Bem, Garret supôs que Tolliver deixou isso bem claro. Virando-os
para a porta à esquerda, perguntou:
— Você pode abrir a porta, meu pequenino?
Tolliver deu a Garrett uma bicadinha na bochecha antes de espalhar
os dedos com movimentos cuidadosos ao redor da maçaneta da porta. Quando
ele fechou a mão e virou a maçaneta, o orgulho surgiu na alma de Garret.
Poucos dias atrás, seu pequenino não teria conseguido mesmo aquele pequeno
feito.
Um impulso abriu a porta, e o sorriso que Tolliver voltou para Garrett
iluminou todo o mundo.
— Fiz isso, Garrett.
— Sim, você fez. — Respondeu quando entrou na sala de estar de sua
suíte. Não era um palácio de qualquer forma, mas os quartos eram o oásis no
meio do caos do Resgate Contratado do Oeste e o que era necessário para
manter a equipe confortável em suas vidas diárias.
— Oh, isso é bom. — Comentou Tolliver. Sua cabeça se virou por aí e,
enquanto olhava ao redor da sala.
— Queria que parecesse convidativo, mas que fosse confortável. —
Garrett procurou cada loja de móveis dentro de cento e cinquenta quilômetros
antes de encontrar exatamente o que queria.
Garret achava que o seu luxuoso sofá e a cadeira reclinável acolhiam
uma pessoa para se sentar e relaxar. O sofá com dois lugares convidava à
tentação de esquecer dos problemas e assistir a um bom filme na televisão de
tela grande centrada na parede acima de uma lareira de pedra. Um tapete
trançado grosso cobriu a maior parte da sala, aumentando a sensação caseira.
Grandes travesseiros coloridos foram empilhados no canto, pronto para a
equipe entrar e juntar-se a Garrett para um filme ou maratona de televisão.
Sem parar, Garrett levou Tolliver para o enorme quarto.
Garrett gostava de almofadas, e um monte de travesseiros macios
envoltos em vermelho cobriam a cama em uma tela um pouco decorativa. Ele
colocou Tolliver em meio à suavidade, sabendo que iriam ajudá-lo a manter
seu pequeno bem-estar enquanto ele lhes dava tanto prazer.
— Eu cheiro a cavalo? — Os dentes de Tolliver começaram a abusar
do lábio inferior.
Garrett subiu na cama e apoiou as mãos em ambos os lados do seu
futuro amante. Inclinando-se, enterrou o rosto no pescoço de Tolliver e
respirou profundamente pelo nariz, tirando risos para o homem menor.
— Não está tão mal. — Garrett respondeu, olhando para Tolliver. As
contusões haviam desaparecido, e o inchaço desapareceu, revelando um
homem bonito que incendiava o sangue de Garrett. — Você cheira como meu
pequenino.
— Nunca ouvi ninguém usar esse nome antes. — Tolliver aproximou-
se e rastreou a ponta do bigode cinza de Garret com a ponta do dedo. Garrett
não tinha bigode completo. Na maioria das vezes, raspava apenas as
bochechas e o pescoço, deixando um resto de barba por fazer acima do lábio
superior e no queixo.
— Peguei essa mania do meu pai. Ele era um homem grande que
dominava todos. — Garret não conseguiu parar o sorriso que se formou em
seus lábios quando pensou em seu pai. Foi um grande golpe quando o grande
homem havia sucumbido ao câncer há anos. — Parecia colocar as pessoas à
vontade quando os chamava de pequeninos.
Frustração apareceu na testa de Tolliver.
— Então você chama a todos de seus pequeninos?
— Não, chamo os outros de pequeninos. — Garrett colocou um beijo
no lado do nariz de Tolliver. — Mas apenas você eu chamo de “meu
pequenino”.
Grandes olhos azuis se arregalaram, e o olhar de Tolliver procurou o
rosto de Garrett.
— Sempre?
Garrett esfregou o nariz.
— Sempre. — Respondeu. — Meu pai chamava minha mãe “minha
pequenina”, e isso me ensinou a guardar essa forma específica para uma
pessoa no mundo que fosse minha.
A boca de Tolliver se separou, surpresa evidente no rosto do homem.
— Você acha que eu sou seu?
Garrett não respondeu. Em vez disso, juntou a boca. Desta vez
Garrett não hesitou e enfiou a língua entre os lábios carnudos de seu
pequenino. A língua de Tolliver cumprimentou a dele, e o deslizamento de
carne na carne enviou arrepios correndo pela coluna de Garrett.
O sabor doce de Tolliver deixou Garrett enfeitiçado. Precisava estar
mais perto e movia sua perna, com a intenção de cobrir o homem com seu
corpo. O raspão duro do gesso contra o material do jeans de Garrett soou alto
na sala silenciosa.
Seus lábios se separaram, e olharam um para o outro.
— Não quero te machucar. — Garrett disse, incapaz de desviar o
olhar.
— Não quero decepcioná-lo. — Respondeu Tolliver.
A súplica olhos de Tolliver puxou o coração de Garret. Também o fez
chegar aos seus sentidos. Seu pequenino não estava preparado para o tipo de
intimidade que ambos desejavam. Com sua idade, Garrett já deveria saber
disso. Em sua defesa, nunca acreditou que encontraria o seu único.
Garrett deslocou-se até que ele estivesse pressionado contra o lado
de Tolliver. Ele deslizou o braço debaixo do pescoço de Tolliver até que o
encaixou no cotovelo. Dobrando o cotovelo, puxou Tolliver para ele e cobriu a
boca.
As línguas úmidas se esforçaram juntas. O homem pequeno era tudo
o que Garrett sempre quis. Tolliver pode não ser capaz de mover seus
membros livremente, mas sua boca e língua estavam deixando os sentidos de
Garrett loucos.
Alcançando, abriu o jeans e puxou o pênis tenso. Alguns empurrões e
o pijama largo de Tolliver estava descansando sobre as coxas magras do
homem. Tomando o pênis magro e bonito de Tolliver, em sua mão, começou a
acariciar a carne sedosa da base até a cabeça lisa e redonda.
— Garrett. — Sussurrou Tolliver. — Isso é tão bom. — Seu pequeno
era deslumbrante, com os olhos pesados e meio fechados e os lábios molhados
se separaram quando se esforçava para recuperar o fôlego.
Garrett era um homem grande com um grande pênis. Era fácil
inclinar-se para frente sobre o homem pequeno e magro e alinhar os dois eixos.
A visão de sua carne pressionada, Tolliver tão pálido ao lado dele, teve um
drible de pré-sêmen saindo da fenda de seu pênis.
Demorou um esforço, mas Tolliver conseguiu mover o braço esquerdo
o suficiente para poder tocar sua carne conectada com as pontas dos dedos.
— Essa é uma das vistas mais sexy que já vi — Tolliver sussurrou.
Garrett teve que respirar calmamente. O toque de Tolliver tinha
inflamado um formigamento na base da coluna vertebral. Um orgasmo estava
batendo na porta de Garrett, mas ainda não queria responder.
Garrett inclinou o cotovelo, aproximando a cabeça de Tolliver. O
homem pequeno ergueu os lábios, e suas bocas imediatamente se fecharam.
Garrett definiu um ritmo constante, acariciando seus paus tensos. Seus
líquidos transparentes se misturaram, manchando o caminho e aumentando as
sensações. Ele acrescentou à sensação de sentimentos com a boca de Tolliver
com a língua.
O corpo de Tolliver endureceu-se, e um gemido agudo escapou do
homem bonito. O calor fluiu sobre a mão de Garrett, desencadeando seu
próprio orgasmo. Garrett continuou acariciando seus eixos, estendendo o
prazer.
Quando seu pau tornou-se muito sensível, Garrett soltou a mão e
abaixou a boca. Tolliver ergueu a cabeça, esforçando-se para prolongar o beijo.
Garrett achou impossível negar isso a seu homem e cobriu a boca de Tolliver
de novo. Com uma pressão suave, passou a língua pelos lábios inchados até
que o beijo e a respiração de Tolliver se acalmaram.
Olhando para Tolliver, Garrett ficou perdido nas profundezas dos
brilhantes olhos azuis. O calor, a conexão e os primórdios do amor se
espalharam pelo ser de Garret e ele sabia que o sorriso dele era tão amplo
como o do rosto bonito de Tolliver.
As demandas da vida invadiram o momento em que o resfriamento
do líquido atingiu a mão de Gerrett.
— Preciso limpar isso, meu pequenino.
Tolliver virou a cabeça e piscou lentamente para a mão coberta de
sêmen de Garret.
— Isso fica muito bem em você. — Tolliver sorriu para ele. — Acho
que deve repetir mais vezes.
O riso explodiu de Garrett. Inclinando o cotovelo, aproximou a cabeça
de Tolliver e tocou os lábios juntos.
— Vou lembrar disso. — Não conseguiu resistir e deu a Tolliver um
beijinho mais. — Volto já.
Novamente, a necessidade de manter Tolliver por perto agarrou a
alma de Garret enquanto se dirigia para o banheiro. Mas o futuro era incerto
em muitas áreas da vida de Tolliver agora. O desafio para Garrett seria
encontrar uma maneira de tornar esse sonho realidade.
A água da torneira da suíte caía sobre a mão de Garret enquanto sua
mente corria através de sua lista de contatos. Era hora de fazer alguns
telefonemas e conversar com Roman. Tolliver precisava ser capaz de viver sua
vida e ter um futuro. E se Garrett tivesse alguma coisa a dizer sobre isso,
passaria a vida com ele.
De volta ao quarto, Garrett encontrou Tolliver cochilando. O homem
bonito e a cama pareciam tão convidativos que Garret decidiu que uma soneca
não seria uma má ideia. Aproximando-se o máximo possível permitido pelo
gesso, Garrett relaxou e deixou o sono alcançá-lo.
****
Tolliver abriu os olhos e virou a cabeça. Seu coração gaguejou com a
maravilha do presente que havia recebido. Não foi um sonho. Garrett estava
realmente aqui, adormecido ao lado dele. O grande homem, que superava
todas as fantasias que ele jamais imaginou. Aos trinta e oito, tinha apreciado a
sua cota dos homens e adorava babar sobre os grandes e musculosos. Mas no
fundo de sua mente, ansiava por um parceiro, alguém para amar
profundamente e que o amasse também. Esta coisa, esta conexão que sentia
com Garrett, era tudo e um pouco mais do que poderia ter esperado.
Se ao menos pudesse virar-se para o lado dele e rastrear os
músculos delineados pela camiseta apertada que usava. Se ao menos pudesse
dar a Garrett metade do prazer que o homem lhe havia dado. Mas até que
suas mãos e seu corpo se curassem, isso não aconteceria.
A frustração deixou Tolliver querendo atacar e bater em algo. Claro
que isso também não estava acontecendo em sua condição atual.
O braço debaixo do pescoço inclinado, aproximava sua cabeça da de
Garrett. Os olhos azul-claros que olhavam para ele vinham de um rosto bonito,
alinhado com a maturidade. Junto com os músculos, Tolliver gosta de seus
homens mais velhos. Enquanto gostava de namorar homens de sua idade, era
o homem maduro que fazia isso por ele. Seu melhor amigo, Roy, lhe informou
durante uma conversa que envolveu uma garrafa inteira de vinho que ele era
um seguidor e por isso se sentia atraído por homens mais velhos. Tolliver teve
que admitir que não poderia discutir com essa afirmação. Nunca sentiu a
necessidade de liderar o caminho para nada.
— O que está pensando?
Tolliver podia ouvir o baixo profundo e silencioso da voz de Garret
para sempre. Seu pau cheio, apoiaria a ideia para sempre.
— Não é justo que não consiga descobrir todos os segredos do seu
corpo. — Respondeu Tolliver. — Quero subir em cima de você e montar esse
enorme pau até que você não possa aguentar mais. O pensamento de você me
virar e mergulhar na minha bunda já me deixa vazando com vontade.
— Ah, meu pequenino, você tem um jeito com palavras.
O beijo de Garrett exigiu a submissão que Tolliver precisava dar. O
mundo de Tolliver se estreitou para uma língua que procurava a entrada entre
os lábios. Logo a carne tentadora de Garrett estava explorando sua boca,
trazendo ondas de prazer correndo pelo seu sistema.
Tolliver ergueu a mão para a bochecha de Garrett. A barba por fazer
picou sua pele sensível. Garrett levantou os lábios e os olhos se encontraram.
Tolliver poderia esperar apenas que, através de seu olhar, seu grande homem
conseguisse ver todas as suas vontades, necessidades e esperanças.
Abriu os lábios, pronto para dizer algo, qualquer coisa que faria
Garrett preencher seu corpo carente.
O bolso do jeans de Garrett começou a zumbir e a vibrar. Uma careta
cobriu seu rosto enquanto puxava o telefone e deslizava o polegar sobre a tela.
Tolliver queria agarrar o dispositivo ofensivo e irritante e jogá-lo através da
sala.
Depois de empurrar o telefone de volta ao bolso, Garrett suspirou e
puxou Tolliver o mais próximo que o gesso permitia. Um beijo terno foi
colocado ao lado de sua orelha.
— Me desculpe, meu pequenino, mas é o alarme para me lembrar de
começar a refeição da noite. — A língua de Garrett percorreu o limite da orelha
de Tolliver, enviando arrepios em suas costas.
— Você não está tornando isso mais fácil pra mim. — Tolliver
respondeu e inclinou a cabeça para o lado. Garrett começou a chupar e a
lamber um ponto no pescoço de Tolliver que enviou ondas de desejo direto ao
pênis. O gemido de Tolliver ecoou pela sala.
— Você é tão gostoso. — Garrett sussurrou contra a pele sensível
onde o pescoço de Tolliver encontrou seu ombro.
Os olhos de Tolliver abriram-se quando Garrett se afastou.
— Qual é o problema?
— Tenho de ir. — Os olhos azuis de Garrett sentiram tanto
arrependimento que puxou o coração de Tolliver. — Você pode ficar aqui e
descansar ou ir para a cozinha comigo.
Para Tolliver, essa questão era muito fácil de responder.
— Vou para a cozinha com você. Talvez possa fazer algo para ajudá-
lo.
Garrett estudou o rosto de Tolliver que se perguntava se havia
alguma coisa manchada.
— Você realmente gostaria de me ajudar na cozinha?
— Sim. — Respondeu Tolliver. Isso o surpreendeu perceber que
queria ajudar Garrett. Ele se sentia em casa na cozinha e sempre gostou de
criar refeições em sua pequena casa alugada.
O problema que Tolliver encontrou com a criação de comida
elaborada foi a parte de comer. Descobriu que uma pessoa levava quase uma
semana para terminar, e, no final, a comida podia não estar mais tão boa
quanto quando começou. O congelamento funcionava para alguns pratos, mas
nem tudo sobrevivia ao freezer.
Garrett se inclinou e beijou Tolliver.
— Gostaria disso.
****
Garrett estava extremamente animado e feliz. Se as coisas dessem
certo, ele poderia encontrar uma maneira de manter Tolliver ao seu lado e
obter um ajudante na cozinha também. Depois de dar a Tolliver um último
selinho nos lábios, deslizou da cama.
Sentado no chão, olhando para ele com grandes olhos castanhos
estava Bentley. Inclinando-se, Garrett pegou o pequeno cão e colocou-o
suavemente sobre a cama com Tolliver.
— Vou encontrar sua rebelde cadeira de rodas, então podemos
começar na cozinha. — Garrett sabia que seu sorriso era enorme quando olhou
para o amante.
O sorriso de volta de Tolliver iluminou o quarto e o coração de Garret.
— Tudo bem. — Respondeu.
Quando Garrett saiu da sala, ocorreu-lhe que, por causa de toda a
emoção do incidente do cavalo e da cama, havia se esquecido de contar a
Tolliver sobre os homens desaparecidos e o novo corpo que havia aparecido.

Capítulo Oito

Garrett olhou para a mesa do chefe. A cadeira de Roman rangeu


quando o homem maior se sentou, obviamente pensando nas informações que
Garrett acabara de compartilhar.
— Então, seus contatos disseram que outro corpo foi encontrado em
Illinois? E a descrição corresponde com um dos homens relatados como
desaparecidos? — A caneta na mão de Roman girou entre dois dedos.
— Sim. — Garrett respondeu. — O primeiro homem foi encontrado
em Iowa na semana passada, e agora alguns caminhantes encontraram esse.
Meu informante também apontou que todos os corpos foram encontrados
dentro de oitenta quilômetros da fronteira de Wisconsin.
— Suponho que Cade vai me ligar em breve com todos os detalhes do
corpo. Tenho de dizer que seus contatos são rápidos. — Comentou Roman.
— Eles não precisam seguir as regras burocráticas e os papéis. —
Garrett nunca foi fã dos enredos do procedimento do governo e sabia que
Roman também não era.
— É verdade. — Concordou Roman. — Além de encontrar os corpos,
não ouvi falar de novos relatórios de pessoas desaparecidas anexados aos
anúncios da Gregslist.
— Talvez ele esteja se mudando para um novo local. — Um
pensamento desagradável apareceu na cabeça de Garrett. — Talvez esteja
procurando por Tolliver.
O rosto de Roman tornou-se uma máscara branca sem emoção.
— Cade enviou Tolliver aqui para ficar protegido. Nós o manteremos a
salvo.
Garrett sorriu.
— Enquanto pudermos mantê-lo a salvo de Huguinho e Zezinho.
Os olhos azul-escuros do homem maior se arregalaram antes de
começar a rir.
— Eu tomaria cuidado se fosse você. Se Jimmy honra esse apelido,
isso significa mais trabalho pra você.
— E sei que você não se importaria com uma nova desculpa para
aquecer sua bunda. — Garrett respondeu.
— Não preciso de nenhuma desculpa. — O sorriso de Roman
desapareceu e a cara franzida em seu rosto transformou a conversa numa
direção mais séria. — Vou enviar Isaiah junto com você, amanhã.
Garrett estudou Roman. Parecia que o capitão, como a equipe o
chamava, aumentaria a proteção em torno de Tolliver, enviando o especialista
em armas para a clínica. Ele se perguntava se Roman sabia de algo que seu
contato desconhecia.
— Parece bom. — Concordou. — Acho que vou ter as minhas mãos
cheias quando Tolliver perceber que o médico que tira o gesso não vai dizer a
ele que poderá se levantar e correr. Parker tentou prepará-lo, mas ele está tão
animado para se livrar daquele gesso.
— Não o culpo. — Disse Roman. — Eu teria ficado louco se não
pudesse me locomover e ter de depender dos outros para todas as minhas
necessidades.
— Tenho de dizer, Parker e Reese foram excelentes ajudando Tolliver
através disso. E quando estou ocupado, os outros caras entram. — Garrett
ficaria sempre grato por como esses homens haviam ajudado seu pequenino.
— Levou um tempo, mas estou satisfeito de como a equipe está
começando a agir como uma família. — Admitiu Roman.
Garrett e Roman tiveram muitas longas discussões sobre a falta de
união da equipe quando o Resgate Contratado do Oeste foi criado. Num
momento, Roman estava pronto para deixar alguns deles irem. Mas com o
tempo, o trabalho em equipe, e a convivência diária juntos, fez seu milagre, e
o resultado foi que os homens eram mais do que apenas uma equipe de
trabalho.
O telefone celular deitado na mesa ao lado de Roman começou a
tocar. Depois de olhar para a tela iluminada, Roman olhou para Garrett e disse:
— É Cade. Tenho certeza de que ele quer falar sobre o último corpo
que encontrou e me atualizar sobre novas pistas no caso.
Garrett assentiu e saiu da sala. Deixaria o líder fazer o que fazia
melhor. Garrett tinha uma equipe de limpeza previsto para chegar a fazenda
dentro de uma hora.
****
— Garrett.
— Sim. — Garrett parou no meio de cortar uma cebola e olhou para
Tolliver.
— Sei que já disse antes, mal posso esperar amanhã chegar. — Com
movimentos precisos, Tolliver colocou os pimentões cortados que estavam em
uma tábua de corte num pote de vidro.
Garrett rapidamente terminou de cortar as cebolas em pedaços antes
de responder:
— Só porque os gessos vão ser retirados, não significa que você já
pode sair correndo, querido.
Tolliver pegou o último dos vegetais verdes e colocou-o na tigela.
Garrett pegou a tábua e substituiu-a pela que continha as cebolas. Lentamente,
Tolliver começou a transferir as cebolas para uma tigela de vidro separada.
— Estou tão animado. Serei livre. — O sorriso de Tolliver iluminou o
ambiente.
Garrett pegou uma passadeira cheia de cogumelos lavados da pia.
— Os gessos serão tirados, mas seus músculos precisarão de tempo
para voltar.
— Não estrague minha alegria, Garrett. A vida não foi a mais fácil
desde que o louco me levou. — Manchas vermelhas indicando seu
temperamento cobriram as bochechas de Tolliver.
Garrett abandonou o cogumelo. Os preparativos para os burritos do
café da manhã podem aguardar. Caminhando ao redor do balcão de trabalho,
ele fechou Tolliver em seus braços. Não foi fácil quando Tolliver estava sentado
em um banquinho com o molde de perna apoiado num estofado da sala de
estar.
— Sei que foi uma merda, e estou muito orgulhoso de como está
lidando com tudo o que foi jogado pra você. — Garrett deixou cair um beijo
nos lábios de Tolliver. — Simplesmente não quero que fique desapontado.
— Pelo menos meus braços e minhas pernas serão meus e não estão
presos em gesso. — Argumentou Tolliver.
— Isso eles serão, meu pequenino. — Garrett evitou de comentar
que Tolliver talvez não reconhecesse seu braço e perna depois de tudo o que
passaram. Em vez disso, beijou Tolliver até que o homem estava todo animado
e confortável. Deixaria isso para quando chegasse o momento.
****
De sua posição em meio ao casulo de travesseiros no banco traseiro
da caminhonete, Tolliver apreciou seu passatempo favorito de babar sobre
grandes homens musculosos.
A vida era boa para Tolliver enquanto seu olhar deslizava sobre a
grande forma de Isaiah Briggs. Os ombros largos e os braços musculosos eram
destacados por uma camiseta vermelha com as mangas cortadas. Tolliver ficou
encantado de ver a pele bronzeada do homem negro sobre aqueles músculos
arredondados e flexíveis enquanto guiava o veículo pelas ruas de Sandstone.
Tolliver achou o especialista em armas do Resgate Contratado
assustador e fascinante. Como a maioria da equipe, Isaiah tinha tatuagens. Os
braços estavam cobertos de símbolos verdes e de redemoinhos de conexão.
Mas a tatuagem que fascinava Tolliver era a lágrima no canto do olho esquerdo
de Isaiah. Tinha que haver uma história lá.
Essa lágrima trouxe a atenção de uma pessoa para a cor incomum
dos olhos de Isaiah. A maioria dos homens negros que Tolliver encontrou tinha
olhos castanhos, mesmo aqueles que tinham uma pele mais clara, como Isaiah
tinha. Os olhos de Isaiah eram verdes.
A outra coisa que Tolliver achou um pouco estranho era que Isaiah
sempre usava um chapéu de malha cinza. Durante a estadia de Tolliver até
agora, nunca viu Isaiah sem isso.
A aura do homem mantinha um ar exótico de perigo. Isaiah lembrava
a Tolliver uma bela serpente, cujos movimentos graciosos, e poderoso corpo
que mantinham sua presa atraída, até dar o bote.
Tolliver voltou sua atenção para o homem sentado no banco do
passageiro que lhe havia roubado o coração. Os dentes brancos e retos de
Garrett brilharam e as linhas entrelaçavam a boca enquanto ria de algo que
Isaiah havia dito. Quando Tolliver ficou embebido na aura masculina, Garrett
soltou, percebeu que sempre seria um apreciador da imagem de um homem
grande e musculoso. Mas agora, seu coração, corpo e alma pertenciam apenas
a Garret. Em outras palavras, ele se tornou um apreciador, mas não iria mais
apalpar.
Garrett virou-se para enfrentar Tolliver, e o sorriso dirigido a ele
deslumbrou Tolliver.
— Estamos quase na clínica, meu pequeno.
— Mal posso esperar para tirar essas coisas. — Tolliver sabia que não
seria capaz de se levantar e dançar imediatamente. Mas a bota e as talas
teriam de ser melhores do que estar preso no gesso. — Você acha que
enquanto estivermos na cidade podemos parar em algum lugar para que eu
possa pegar um novo celular? Tenho certeza de que meus amigos estão
preocupados comigo.
Um olhar franzido escureceu o rosto de Garrett, e sua boca tornou-se
uma linha severa. Mas foi Isaiah quem respondeu a pergunta de Tolliver.
— De jeito nenhum. Você veio aqui para que possamos protegê-lo.
Dar ao nosso sequestrador uma chance de rastreá-lo através de um celular
não vai acontecer.
A rejeição abrupta de Isaiah ao pedido de Tolliver o irritou, e ele
falou:
— Bem, talvez devêssemos deixá-lo me encontrar. Seria bom se
alguém conseguisse pegá-lo para que ninguém mais tivesse que passar pela
miséria em que ele me colocou.
Silêncio saturou o interior do veículo. Depois de um momento, Isaiah
acenou com a cabeça antes de dizer:
— Isso pode funcionar. Vou ter que falar com Roman sobre isso.
Garrett encarou Isaiah. A raiva corou suas bochechas e fez sua voz
parecer tão dura como o granito.
— Esqueça. Você não está colocando Tolliver em perigo.
— Quem disse alguma coisa sobre colocá-lo em perigo? — Isaiah
defendeu. — Afaste as emoções e pense nisso. Se conseguirmos atrair aquele
louco doente para onde ele pensa que o nosso rapaz está, podemos pegá-lo.
Isso não precisa ser em Nevada.
Tolliver observou Garrett piscar antes de apertar os olhos e olhar na
distância. Garrett poderia ter respondido à afirmação de Isaiah, mas ele não a
ouviu. Seu coração estava ocupado pulando de seu peito quando Isaiah parou
no estacionamento da clínica. Era isso. Logo ele seria livre.
****
Tolliver mergulhou na consciência num suave e aconchegante mar de
cobertores e travesseiros. A consciência afiada, dizendo-lhe que estava deitado
de lado e, como de costume, sua cabeça estava apoiada no braço musculoso
de Garret, que gostava de dobrar o cotovelo para aproximar a cabeça de
Tolliver de seus beijos. E o movimento sempre aumentou sua emoção.
Numa tentativa de manter a calma e deixar Garrett dormir, Tolliver
começou a respirar fundo lentamente. Essas respirações tremeram um pouco
quando a emoção de sua descoberta estremeceu através de seu corpo. Pela
primeira vez o corpo de Tolliver foi pressionado completamente contra Garrett.
O desapontamento de ontem ao descobrir o estado dos músculos
definhados de sua perna e braço desapareceu no contato delicioso pele a pele
com Garret. Longe foi a frustração amarga que o levou a fechar mentalmente
todos na clínica e no passeio de volta à fazenda. Suas únicas palavras foram
pedir educadamente para ser levado para o quarto dele.
Garrett ignorara seu pedido e o enrolou — sim, ele ainda estava na
sua detestada cadeira de rodas — na sua suíte. Lá, ele ajudou Tolliver a sair da
tala e da bota imobilizadora. Para a surpresa de Tolliver, Garrett o levou até a
grande banheira. Tolliver estava no banco do chuveiro que tomava uma parede
do compartimento de vidro e um Garrett nu começou a lavar o resíduo onde os
gessos já haviam estado.
Foi quando Tolliver notou todas as cicatrizes espessas e filamentosas
cobrindo as pernas de Garrett. Se fosse antes do sequestro e tortura teria
afundado de joelhos, beijado e lambido todas as cicatrizes numa forma de
aceitação, e esperando que, de alguma forma, melhorasse. Mesmo após os
eventos que mudaram sua existência, teria tentado confortar e aceitar as
cicatrizes de Garret. O Tolliver da noite passada apenas observou antes de
fechar os olhos, necessitando se afastar de mais sinais de violência.
Era divertido num tipo horrível e deprimente, mas, desde o sequestro,
Tolliver estava em estado de consciência. Sua concentração total no início
tinha se centrado na sobrevivência, e depois chegando ao fim da mobilidade.
Esse objetivo foi esmagado ontem pela forte realidade da condição de seus
membros. A luz no final do túnel estava tão perto, mas a noite passada parecia
inalcançável. E isso foi devastador.
Exaustão dos acontecimentos do dia e da turbulência emocional tinha
o dominado, e Tolliver sentiu Garrett levantar e levá-lo para a cama, onde
afundou em um sono sem sonhos.
Levantando o braço e segurando-o no ar. Tolliver passou a mão sobre
os longos cabelos negros cobrindo o antebraço molhado. Supôs que
eventualmente os cabelos castanhos claros retornariam, junto com o pouco
músculo que tinha.
Achou que seu cotovelo estava bastante rígido quando o dobrou,
assim como seus dedos e pulso. Aquele monstro rugiu com gargalhadas dos
gritos penetrantes de Tolliver e gemidos constantes e agitados quando o
demônio puxou o braço quebrado, danificando fortemente as articulações
quanto podia. Tolliver nunca esqueceria a visão da boca aberta do homem,
mostrando todos os dentes brancos perfeitos, exceto o inferior do lado direito.
Tinha uma microplaqueta.
Pensando sobre isso, ele se perguntou se havia mencionado o dente
quebrado para a polícia. Tolliver afastou o pensamento. Com tanta gente que o
homem tinha machucado, tinha certeza de que alguém teria mencionado o
dente.
Garrett se moveu, e um dedo rastreou a cicatriz ainda rosa e fina que
circundava o pulso de Tolliver. Havia cicatrizes idênticas em seu outro pulso e
em ambos os tornozelos. Os laços cortaram profundamente devido ao desejo
desesperado de alguém que está querendo se libertar.
— Como está se sentindo esta manhã, meu pequenino? — O dedo de
Garrett fez cócegas quando se moveu sobre a pele de Tolliver até a ponta do
dedo indicador antes de unir suas mãos.
Tolliver não conseguiu parar a pequena risada que escapou. Garrett
levantou as sobrancelhas.
— Toda vez que alguém me pergunta como estou sentindo, penso no
meu avô. — Explicou. — Ele teve muitos problemas médicos, mas nunca
permitiu que isso o deixasse para baixo. Uma vez, fui visitá-lo no hospital e a
enfermeira entrou e perguntou-lhe como estava se sentindo. Ele ergueu a mão
no ar e esfregou o polegar contra as pontas de seus dedos e disse “com os
dedos”. — Tolliver sorriu para o Garrett que também estava rindo. — Descobri
que ele sempre respondia essa pergunta dessa maneira, e as enfermeiras
amavam o bom humor dele.
Garrett beijou a mão de Tolliver antes de soltá-la e puxá-lo mais
perto de seu corpo.
— Ele parece ser um personagem.
Tolliver colocou os dois braços ao redor dos ombros de Garret,
amando o quão perto eles podiam finalmente estar.
— Ele era, e sempre sentirei sua falta. — Tolliver inclinou a cabeça
para as pernas de Garrett. — Como você conseguiu essas cicatrizes?
Uma marca latejava no canto da boca de Garrett. Tolliver queria
colocar o dedo contra ela para aliviá-la.
— Quando as pessoas fugiam, meu trabalho era persegui-las. — O
pequeno sorriso no rosto de Garret não tinha felicidade. — Era bom em pegá-
las até que eu não dei muita importância a um motorista bêbado e minhas
pernas acabaram sob as rodas de sua caminhonete.
— Isso é horrível. — Tolliver abraçou Garrett. — Espero que o
prendam para sempre.
— Estava bêbado e fugiu. Quando encontraram sua caminhonete em
volta de uma árvore, era tarde demais para salvá-lo. — Garrett acariciou a
curva das costas de Tolliver.
—Isso ainda dói? — Tolliver começou a perder o controle da conversa.
— Somente quando chove.
Garrett se inclinou e seus lábios se encontraram. Sob as cobertas,
uma mão grande acariciou a bunda de Tolliver por um momento antes de
deslizar para a coxa e ergueu sua perna sobre a dele. Tolliver abriu os olhos
em estado de choque e olhou para os olhos azul-claros que brilhavam de
alegria.
Garret mudou os quadris, e a respiração de Tolliver ficou presa em
sua garganta quando seu pau ficou preso entre seus corpos e suas bolas foram
pressionadas pelo espesso eixo de seu amante. Ele se esforçou contra o corpo
firme do seu grande homem, querendo mais. Garrett estremeceu, e o pau de
Tolliver respondeu deixando uma trilha de pré-sêmen em sua barriga.
Garrett começou a bombear seus quadris e deslizou o eixo entre as
bochechas da bunda de Tolliver. O balanço de seu corpo contra os duros
músculos de Garrett o deixava necessitado. Tolliver mordeu o lábio enquanto
seus sensíveis mamilos se esfregavam nos grossos pelos do peito de Garrett.
Garrett deslocou seu pênis duro até que deslizou sobre o ânus de
Tolliver, cutucando, preparando para penetrá-lo. O grande homem continuou
seu ritmo constante contra a entrada de Tolliver.
Trancado na teia de amor de Garret, Tolliver fechou os olhos e
sucumbiu às sensações.
— Não vou aguentar, meu pequenino. — Garrett disse entre os dentes
cerrados e continuou empurrando. — Quero isso há muito tempo.
— Bom. — Tolliver não conseguiu impedir que seu corpo se arqueasse
de volta e devolvesse. — Porque eu não aguento mais.
As bolas de Tolliver puxaram e entraram em erupção, disparando
cordas grossas em ambos os peitos. A umidade bateu no queixo, mas ele
estava muito ocupado atirando sua carga para limpar. Depois do que pareceu
ser uma eternidade, ainda não mais do que um piscar de olhos, o corpo de
Tolliver ficou mole enquanto lutava para recuperar o fôlego.
Na frente dele, os quadris de Garrett estremeciam, enviando
correntes de excitação para o pau de Tolliver, acordando-o. Calor molhado
inundou as bochechas da bunda de Tolliver. Assustado, olhou para cima e viu a
careta da paixão atravessar o rosto de Garret. A umidade percorreu o caminho,
enquanto o pau de Garrett continuava a trabalhar a bunda de Tolliver.
Uma mão no joelho de Tolliver puxou o joelho dobrado para cima na
cintura de Garret e o abriu ainda mais. Um dedo mergulhou por onde o pau de
Garrett descansava e roçou a entrada de Tolliver que apertou-se
imediatamente antes de relaxar.
Tolliver levantou os dedos trêmulos na bochecha de Garrett.
— Você ainda está duro.
— Isso foi apenas para me aliviar um pouco. — Garrett sorriu, e o
mundo de Tolliver tornou-se aquele homem.
— Eu amo você. — Ele falou.
Garrett colocava as mãos delicadamente em forma de concha no
rosto de seu pequeno enquanto se abaixava para beijar os lábios dele. O beijo
foi completo e firme, levando Tolliver para longe. Quando terminou, abriu os
olhos e olhou para o rosto de seu amado.
O mundo de Tolliver revirou novamente, e ele só podia se agarrar aos
ombros de Garrett e apertar-se quando o grande homem disse:
— Você, meu pequenino, tornou-se meu motivo para me levantar de
manhã. Sei que sua vida está em tumulto agora mesmo, mas gostaria de ser
sua rocha nas tempestades da vida. Eu amo você, e quando for a hora certa,
você se casará comigo?
Lágrimas nublaram a visão de Tolliver. Isso não acontecia com
homens de trinta e oito anos. Por um momento, Tolliver se perguntou se ele
morrera atado àquele pedaço de madeira compensada naquela velha fazenda.
A cabeça de Tolliver revirou quando Garrett o sacudiu.
— Volte para mim, amor. — O grande homem ordenou.
Não sabendo o que mais fazer, Tolliver tocou a ponta do dedo na
boca de Garrett, esperando com todo o coração que o homem fosse real. Os
dentes se fecharam sobre o dedo.
— Você me mordeu. — Acusou Tolliver, tirando o dedo. Não acreditou
que Garret tivesse feito isso.
— Você parecia estar prestes a desmaiar. — Garret pegou a mão de
Tolliver e começou a chupar o dígito ferido de Tolliver.
— Não tinha certeza de que você era real. — Admitiu Tolliver. —
Talvez isso seja apenas um sonho.
Garret lançou o dedo de Tolliver com um pop. Aproximando a cabeça,
ele colocou beijos suaves contra as pálpebras antes de esfregar os narizes
juntos.
— Se você concordar em se casar comigo, vou passar o resto da
minha vida convencendo você de que isso é real. — Garrett sussurrou.
O lábio inferior de Tolliver começou a tremer. No momento seguinte,
ele explodiu em lágrimas.
Capítulo Nove

Garrett pegou seu pequeno e rolou até ele ficar de costas. Com
Tolliver em cima dele, agora poderia colocar o homem chorão em seus braços
e mantê-lo apertado.
Seus planos de introduzir lentamente o assunto do casamento
haviam voado pela janela quando Tolliver declarou seu amor. O coração de
Garrett tinha chegado à frente com amor, adoração e a necessidade de manter
esse homem em sua vida.
Balançando Tolliver suavemente, Garrett sussurrou:
— Você está sobrecarregado, amor, ou está tentando encontrar uma
maneira de me decepcionar?
Tolliver ergueu-se e olhou para Garrett com olhos tempestuosos e de
borda vermelha. Suas bochechas brilhavam com as lágrimas, e o muco estava
cobrindo o lábio superior. Para Garrett, ele estava mais bonito do que nunca.
— Terei você, Sr. McKay, vamos nos casar assim que pudermos fazer
isso. Nós dois estamos muito velhos para perder mais tempo. — Tolliver
enxugou o nariz com a mão.
Garrett aproximou-se e puxou um lenço de uma caixa que estava
sobre uma mesa e entregou-o a Tolliver. Levou mais dois lenços antes que o
rosto do homem menor ficasse limpo, mas finalmente Garrett teve um Tolliver
limpo e seco aconchegado em seus braços.
— Garrett? — Tolliver sussurrou.
— Sim, meu pequenino. — Garrett sussurrou por trás, gostando do
momento quieto e doce que estavam tendo.
— O sêmen seco na minha barriga e bunda está coçando.
O silêncio reinava em toda a sala.
Em um movimento, Garrett os rolou para que o corpo magro de
Tolliver estivesse debaixo dele.
— Bem, acho que temos duas escolhas. — Disse ele, acariciando
a suave e macia pele do pescoço de Tolliver. — Podemos limpá-lo no banheiro
ou aumentar a bagunça. — Garrett sugou forte, trazendo um hematoma
espalhafatoso. Enquanto admirava isso, disse: — Voto para mais problemas. —
e sugou mais pele na boca, fazendo outra marca.
As mãos em suas bochechas guiaram sua boca para Tolliver. O beijo
se aprofundou e as línguas se enroscaram. Garrett aproximou-se e acariciou o
pequeno e apertado ânus. Depois de mergulhar os dedos entre os firmes
montes de carne, começou a roçar a ponta dos dedos contra a entrada
enrugada e pequena que era sua passagem para o paraíso.
Tolliver começou a mover seu corpo numa dança erótica que deixou
os pelos do corpo de Garrett de pé. Com pesar, Garrett terminou o beijo e
disse:
— Preciso ir buscar suprimentos do banheiro. Não vou machucá-lo ou
colocá-lo em perigo.
Uma careta apareceu no rosto bonito de Tolliver.
— Existe uma chance de perigo?
— Não. — Garrett respondeu. — Sempre pratiquei sexo seguro e fiz
testes regulares.
— Eu também estou limpo. — O sorriso de Tolliver e os grandes
olhos azuis estavam cheios de esperança. — Talvez agora que estamos
comprometidos, podemos pensar em renunciar aos preservativos.
Garrett lembrou o medo do desconhecido na década de oitenta,
quando uma epidemia de sintomas incomuns levou a uma multidão de homens
gays morrerem de AIDS. O uso de preservativos não era negócio para ele.
O amor de sua vida queria o que ele considerava o compromisso final.
No final, a decisão foi fácil.
— Quando for seguro que você deixe a fazenda, pararemos na clínica
para fazer o teste juntos. Então, quando for a hora certa, abandonaremos os
preservativos.
O próximo segundo, Garrett, tinha um Tolliver enroscado, que estava
chovendo beijinhos pelo rosto e pelo pescoço dele. Antes que acabasse se
perdendo nos beijos do pequeno homem magro e corpo quente pressionado
contra ele, Garrett disse:
— Tenho que pegar os suprimentos, meu pequenino.
Lábios pressionaram contra sua orelha, e Tolliver sussurrou:
— Estão sob o travesseiro.
Garrett riu. Parecia que Tolliver estava fazendo planos próprios. E
adorou isso. Sua mão mergulhou debaixo do travesseiro e tirou a garrafa de
lubrificante. A vida era boa. Ficou ainda melhor quando Tolliver sentou-se,
empurrando-o antes de se virar e de frente para Garrett. Conseguiu somente
olhar quando Tolliver se inclinou e apresentou sua bunda firme e apertada para
ele brincar.
A garrafa pousou na cama, quando as mãos cercaram o eixo de
Garret e uma boca quente e úmida começou a sugar a cabeça de seu pau.
Garrett esqueceu o que estava fazendo e empurrou para a boca de Tolliver,
enterrando seu pênis no fundo da garganta de seu pequenino.
A boca de Tolliver saía do pau com um pop.
— Me prepare, Garrett. Preciso de você dentro de mim.
Garrett balançou a cabeça para limpá-la. Novamente, pegou o
lubrificante. Um puxão de seu polegar abriu a tampa e rapidamente cobriu as
mãos.
Espalmando as bochechas da bunda de Tolliver, Garrett esfregou seu
dedo liso sobre a entrada apertada e enrugada que esperava sua atenção.
Agarrando a garrafa, jogou mais um tanto sobre a delícia de seu prêmio final.
Com as duas mãos, espalhou as bochechas de Tolliver. Teve que
parar enquanto a boca de Tolliver sugava seu pênis para a base e começou a
derrubá-lo. Respirando pelo nariz, tentou recuperar a compostura e
concentrar-se em preparar seu amante.
A ponta do polegar rompeu a abertura de Tolliver.
— Respire fundo, amor. — Ele instruiu.
O peito de Tolliver se expandiu, e o polegar de Garrett afundou até o
primeiro nó. Garrett começou a controlar o músculo que revestia o esfíncter
até que ele suavizasse, para poder empurrar a ponta de seu outro polegar para
dentro.
Garret não conseguiu resistir. Inclinando-se para frente, ele sugou
uma marca na pele pálida da bochecha de Tolliver.
Tolliver levantou a boca do pau de Garret e gemeu.
— Garrett.
Usando ambos os polegares, Garrett trabalhou o traseiro de Tolliver
até que estivesse relaxado e levando seus dígitos até onde pudesse pressioná-
los. Tirando o polegar de dentro, deslizou o dedo médio no canal de Tolliver,
procurando por aquela glândula de carne que faria seu amante dançar.
— Garrett. — O grito de Tolliver ecoou em toda a suíte.
— Você é tão bonito. — Garrett disse e esfregou o doce ponto de
Tolliver, trazendo arrepios de prazer fora de seu amante.
— Preciso gozar. — Tolliver gemeu.
— Vire-se, amor. — Garrett puxou os dedos para fora e ajudou a
guiar o homem menor ao redor. Chegando debaixo do travesseiro, tirou um
preservativo. Rapidamente, abriu o pacotinho e enrolou. Depois de adicionar
um pouco de lubrificante, estava pronto para fazê-los voar.
Tomando Tolliver em seus braços, Garrett os rolou até que ele
estivesse pairando sobre seu amante. Agarrando um travesseiro, ele o
empurrou sob os quadris do seu pequenino.
— Você pode colocar suas pernas ao redor da minha cintura, amor? —
Ele perguntou.
— Posso tentar. — Respondeu Tolliver, e tentou fazê-lo. Com a ajuda
de Garret, ambas as pernas ficaram na cintura.
Dirigindo o pau para a abertura de Tolliver, Garret começou a entrar.
— Respire. — Ele instruiu. Seu enorme pau estava deixando Tolliver
aberto.
— Oh. — A respiração de Tolliver saiu em enormes suspiros. — Amo a
queimadura.
Garrett terminou, dando uma bofetada na doce bunda do seu amante.
Parando um pouco, deu a Tolliver tempo para se acostumar. Os pequenos
músculos começaram a apertar seu pênis, tentando aspirá-lo mais fundo.
Era tudo o que Garrett precisava. Tomando o traseiro de Tolliver em
suas mãos, começou a empurrar para aquele lugar doce. O aperto quente e
sedoso era tudo e mais do que Garrett esperava. Quão agradecido era por
conseguir sentir isso pelo resto de sua vida.
Seu amante robusto manteve-se com seus impulsos e encontrou-os
com uma inclinação de seus quadris.
— Nunca vou ter o suficiente de você. — Garrett quis dizer essas
palavras com tudo em seu ser.
O grande olhar azul de Tolliver encontrou o dele.
— Eu te amo.
As bolas de Garrett se apertaram, e seu pau inchou.
— Também te amo.
Esperma explodiu dentro do látex. Rangendo os dentes, Garrett
passou por seu clímax. Não estava sozinho em seu orgasmo. Os gritos de
Tolliver acompanharam o grupo de sêmen preenchendo o pequeno espaço
entre suas barrigas.
Garrett entrou em colapso, mas, no último segundo, conseguiu mexer
para manter a maior parte de seu peso fora do caminho de um homem que era
seu amante. Sabia que Tolliver era muito mais pequeno do que ele, ainda mais
agora, sem o volume de todo aquele gesso, podia ver o quão magro era.
Uma mão acariciou seu peito antes de viajar para desembarcar os
cumes dos seus abdominais.
— Amo seus músculos. — Disse Tolliver, colocando beijos aqui e ali.
— Acho você também muito fofo, meu amor. — Garrett disse,
passando a mão pelo lado de Tolliver e o traseiro em sua coxa.
— Pareço um adolescente magricela. — A amargura atinou a resposta
de Tolliver.
Garrett ergueu o queixo de Tolliver e colocou um beijo na boca.
— Você é magro e fino de lado. Mas tenho algumas receitas que vão
colocar um pouco de peso em você. Então podemos nos divertir trabalhando
na cama.
Ele recebeu a risada que estava procurando e um bônus adicional de
mais alguns beijos. Mas em breve era hora de limpar seu amante pegajoso.
Agarrando alguns lenços fora da caixa, cuidou do preservativo usado antes de
levantar Tolliver em seus braços e levá-los para o banheiro para um banho
muito necessário.
****
Uma semana depois, encontramos Tolliver e Garrett desfrutando de
uma pausa no meio da manhã no quarto. Tolliver estava tendo um prazer
imenso em fazer Garrett gemer através de um orgasmo provocado mostrando
ao homem suas habilidades quanto a masturbação. Ambos saltaram quando o
celular de Garrett emitiu um sinal sonoro. Garrett inclinou-se para o lado,
pegou o jeans e tirou o celular do bolso.
Garrett olhou para a tela.
— Merda.
— Outro resgate? — Perguntou Tolliver. Do ângulo em que ele estava
deitado, não podia ver o que Garrett estava olhando.
— Não. — Garrett sentou-se. — Roman está convocando uma reunião
e quer todos lá.
— Até eu? — Algo estava errado. Tolliver podia ver isso no olhar
franzido de Garret e na rígida postura.
— Especialmente você, querido. — Garrett colocou a mão sobre
Tolliver. — Encontraram seu SUV.

Capítulo Dez

— Eles têm certeza de que é meu? — Perguntou Tolliver. Segurou a


mão de Garrett tão forte quanto podia. A outra mão percorreu as costas de
Bentley, confortando-se na pele macia do animal.
A pesada cadeira de escritório de madeira chiou sob o peso de Roman
quando ele se recostou e centrou seu olhar em Tolliver. Seus olhos azul-
escuros estavam cheios de compaixão.
— O xerife Titan entrou em contato com a Polícia do Estado de
Minnesota quando chegou um telegrama dizendo que um Honda Pilot foi
encontrado no fundo de um lago por lá. — Explicou Roman. — Ele confirmou
através das placas e do número de identificação do veículo que era seu.
Tolliver deixou essa informação no ar por um momento. Nenhuma luz
brilhante explicava as respostas em seu cérebro. Em vez disso, tudo era
praticamente um encharcado mental.
— E agora? — Ele perguntou. — Quero dizer, então encontraram meu
Honda. Faltava alguma coisa nele?
Roman pegou uma caneta entre o polegar e o dedo indicador e
deixou deslizar para baixo até atingir a superfície brilhante e escura de sua
mesa.
— Havia muitos sedimentos do fundo do lago revestidos dentro e fora
do veículo. O relatório da polícia afirmou que, pelo que podiam dizer, não
parecia ter sido saqueado por objetos de valor. Encontraram um notebook,
mas entre a lama e a água, estava praticamente destruído.
Tolliver viu Roman virar a caneta entre os dedos e deixá-la deslizar
de volta em direção à mesa. Por que havia um notebook em seu SUV? Não
havia levado seu notebook com ele quando procurava o cortador de grama.
Estava prestes a perguntar quando um aperto suave em sua mão
trouxe sua atenção para Garrett.
— Após a reunião, chamaremos sua companhia de seguros e os
deixarei lidar com o Pilot. — Garrett ergueu a mão de Tolliver e colocou um
beijo na parte de trás disso. — Você consegue pensar em algo no porta-luvas
ou algo que poderia estar no banco de trás que você queira manter?
— Não. — Respondeu Tolliver. — Tinha apenas uma lanterna, um
mapa e um daqueles troços quebra janela no porta-luvas e mais o manual do
carro.
Morgan resmungou.
— Troço quebra janela. Aqui o chamamos de ferramenta de escape de
emergência. Tolliver, meu homem, se você estiver ficando por aqui, é melhor
você lidar com seus nomes. — O olhar de Morgan não era hostil ou amigável.
Escondia claramente suas emoções por trás de uma parede grossa. Tolliver
achou irritante a maneira condescendente do homem. Mais de uma vez,
durante sua permanência na fazenda, Tolliver queria dar uma palmada naquela
expressão superior do rosto e dizer-lhe para derrubá-la. — E o reboque? —
Morgan continuou com um tom abrasivo enquanto se inclinava para a frente na
cadeira. — Existe alguma coisa nele que você espera ser salvo?
Ao lado dele, Garret ficou rígido. O olhar afiado que ele enviou a
Morgan fez o outro homem fechar a boca e sentar-se na cadeira. Tolliver
reteve seu riso na apresentação automática de Morgan.
Tolliver descobriu que havia, pelo menos, uma diferença de idade de
quinze anos entre os dois homens. E devido às pernas feridas de Garret, ele
não pôde participar de resgates reais. Mas isso não diminuiu a aura perigosa
em torno de Garrett que exigia respeito a todos ao seu redor, incluindo o
grupo de homens habilidosos na sala. E Tolliver encontrou calor, sorriu para
Garrett, esperando que ele percebesse pela expressão em seu rosto quanto ele
o amava. Quando Morgan limpou a garganta, Tolliver olhou para o homem que
ele notou que sempre parecia usar manta. Seu sequestrador sempre usava
xadrez. Como Tolliver odiava xadrez.
— A única coisa que tinha no reboque era um troço de kit de
emergência na estrada. — Sim, ele enfatizou a palavra “troço” apenas para
irritar um pouco Morgan, que levantou as mãos para se render.
— Ei, só estava tentando ajudar.
Parker, que estava sentado ao lado de Morgan, colocou a mão no
joelho.
— Morgan, meu amigo, não sei como você não consegue mais
problemas com essa sua boca.
Morgan ergueu o queixo e olhou para baixo em seu nariz, assumindo
uma atitude arrogante. Com uma fungada, ele disse:
— Acho que sou apenas talentoso assim.
Toda a sala entrou em erupção de gargalhadas. Depois que ele se
acalmou, o cabelo no pescoço de Tolliver levantou-se em linha reta quando
Roman anunciou:
— Encontraram outro corpo com as mesmas lesões que você teve,
Tolliver. Este foi jogado na margem de um pântano em Minnesota.
— Quão próximo estava do Pilot de Tolliver? — Perguntou Santos. O
braço do grande brasileiro estava deitado na parte de trás da cadeira de
Tristen. Havia um chupão já desaparecendo no pescoço do jovem. Lembrou
Tolliver de seus próprios chupões feitos por Garret.
O olhar de Tolliver passou do pescoço de Tristen para o rosto de
Roman quando o líder respondeu:
— Aproximadamente cinco quilômetros. — Atordoado, Tolliver só
podia olhar para Roman.
— Respire, meu pequenino. — Garrett sussurrou em seu ouvido.
Tolliver olhou para Garrett, tentando desesperadamente ficar no
momento. Seu olhar se agarrava ao rosto do homem mais velho, tomando a
força que precisava. Uma minúscula fatia de dor passou por sua mão, as
articulações principalmente curadas de seus dedos protestando um pouco
quando apertou a mão de Garret.
— Garrett, ele usou meu carro para despejar o corpo de um pobre
rapaz depois com quem se divertiu torturando-o.
— Parece assim. — Disse Garret através de dentes cerrados. A raiva
queimava no olhar azul brilhante, virou-se para Roman. — Quem era ele? Não
ouvi falar de outras pessoas desaparecidas que responderam aos anúncios da
Gregslist.
— Daniel Powel foi dado como desaparecido há dez dias. — Afirmou
Roman. — Foi visto pela última vez deixando um bar localizado ao lado do rio
Mississippi às duas horas da manhã. Seus amigos disseram que estava indo
para casa, uma antiga que alugou com outros três caras que faziam a mesma
faculdade que ele.
— Estava andando, ou pediu uma carona? — Perguntou Santos.
— A casa era a poucos quarteirões do bar, então estava caminhando.
— Respondeu Roman. — Na verdade, ninguém poderia confirmar se ele havia
ou não chegado em casa, pois seu quarto era localizado ao lado da porta dos
fundos. A polícia local estava centrando sua atenção no rio pensando que este
era outro caso de um estudante de faculdade bêbado caindo na água.
— Qual é a teoria? — Perguntou Parker. — O sequestrador da
Gregslist está levando os homens da rua?
— Não. — Roman manipulou a caneta entre os dedos de uma mão. —
Deu algum trabalho, mas os gurus do computador de Cade, Tony e Boone,
voaram para Minnesota e trabalharam no notebook que encontraram no carro
de Tolliver. Parece que Daniel Powel deve ter chegado a casa a salvo do bar,
enquanto estava no caminho da manhã seguinte para verificar uma bicicleta
mountain bike usada que encontrou à venda na Gregslist.
Morgan inclinou-se para a frente em seu assento.
— Eles devem ter conseguido o local onde estava indo pelo
computador.
— Sim. — Roman sentou-se em sua cadeira e encostou os cotovelos
na mesa. — A velha fazenda estava vazia quando a polícia chegou. E também
não havia nenhum sinal do Volkswagen prata de Daniel Powel. — O olhar de
Roman se estabeleceu em Tolliver.
As lembranças de acordar e ver um estranho caminhando em sua
direção, e as horas de dor e terror que essa pessoa lhe infligira, engoliram o
ser de Tolliver. Juntando os dentes, ele mentalmente os sacudiu.
A raiva brotou, substituindo o medo que, momentaneamente, reduziu
Tolliver a uma criança de cinco anos. Olhando para Roman, respirou profunda
e calmamente. O grande homem olhou para Tolliver, esperando que ele falasse.
O olhar de Tolliver não vacilou quando ele disse:
— Eu gostaria de contratar o Resgate Contratado do Oeste.
Nenhuma emoção mostrou no rosto de Roman, exceto por um lento
piscar enquanto procurou o rosto de Tolliver antes de perguntar:
— Você está contratando a equipe para resgatar quem?
— Quem quer que esse monstro tenha pego agora. — Respondeu
Tolliver. Todo o seu corpo tremia tão forte que, se Garrett não o tivesse
segurado firme, teria vibrado do assento e talvez tivesse deixado cair Bentley.
— Todos sabemos que ele não vai parar até que alguém o encontre e coloque
uma bala na cabeça dele.
— Estamos fazendo algo. — Roman ignorou a declaração de violência
de Tolliver. Um pequeno sorriso transmitia suas simpatias, e Tolliver odiou isso.
Seus dias de ser uma vítima acabaram.
— O que você está fazendo? — Desafiou Tolliver. — Não vejo você
fazer nada.
O sorriso de Roman desapareceu num instante, e o olhar penetrante
dirigido a Tolliver o fez recuar. Por Roman sempre ter sido tão legal, Tolliver
tinha esquecido o que era um homem perigoso e ele realmente era.
— Tolliver, a equipe de Cade encontrou você na fazenda abandonada
quando chegaram lá. A sua carteira, o telefone e as chaves desapareceram. —
Roman fez uma pausa, antes de acrescentar. — Não havia chaves no Honda
Pilot quando o encontraram.
— Querido, ele tem acesso a todas as suas informações pessoais. Se
de alguma forma o sequestrador descobre que Cade o enviou para Nevada, a
equipe está aqui para protegê-lo. Sei que Cade falou com você sobre isso. —
Garrett tentou colocar o braço em volta dos ombros de Tolliver, que ignorou o
olhar dolorido no rosto de Garret quando afastou o braço.
— Não me venha com “querido”, Garrett McKay. É hora de fazer algo
além de me esconder como um coelho assustado. — Tolliver levantou-se para
fazer o seu ponto, ainda segurando Bentley e ignorando que, enquanto
caminhava, a bota batia contra a perna da cadeira de uma maneira muito
desajeitada. — Tenho economias. Quero contratar o Resgate Contratado do
Oeste para ir atrás desse monstro.
Roman levantou-se. Seu rosto era uma máscara de nenhuma emoção,
exceto pelos olhos dele. Estavam duros como o granito. Merda sagrada. Os
joelhos de Tolliver ficaram fracos, e as mãos de Garret em seus quadris o
guiaram de volta na cadeira.
O grande homem acenou com a cabeça antes de dizer:
— Não acho que você esteja entendendo, Tolliver. Cade pediu-nos
para cuidar de você. Ele o considera um bom amigo e acredita que, ao ter você
aqui com segurança, ele e sua equipe podem trabalhar com o xerife do
Condado de Granite para encontrar esse assassino. Neste ponto, o caso,
qualquer coisa que o Resgate Contratado do Oeste fizer poderia interferir e
comprometer todo o trabalho que foi feito.
— Então, está dizendo que Cade e sua equipe estão indo atrás desse
cara? — Tolliver deslizou a mão em Garrett. Seu amante aceitou sua
necessidade de conexão e cobriu sua mão e segurou-a firmemente.
—Estão trabalhando para encontrá-lo desde que você foi sequestrado.
— Respondeu Roman. — Ao mantê-lo aqui seguro, estamos ajudando-os a
fazer o trabalho deles.
Tolliver pensou sobre essa afirmação. Olhando para Roman, ele
perguntou:
— Eles estão mais perto de pegá-lo?
O sorriso de Roman era agradável, mas tão falso quanto o inferno.
Tolliver sabia que o grande homem estava escondendo algo quando
respondeu:
—As coisas estão se movendo bem. Apenas precisamos ser pacientes.
****
— Vejo que suas coisas finalmente chegaram alguns dias atrás. —
Tristen pegou um pouco da água de piscina na mão e deixou escorrer pelos
dedos.
Demorou mais esforços do que queria gastar, mas Tolliver inclinou a
cabeça e olhou para o homem sexy deitado num jacaré verde inflável que
flutuava no meio da piscina.
— Sim, não percebi como meu guarda-roupa tinha sido reduzido aos
jeans e camisetas que eu usava quando trabalhava na fábrica. — Casualmente
ele moveu o pé para que o coelho de plástico laranja que ele estava deitado
esticasse um pouco na água. Sentia-se tão bom em ter se livrado da bota
imobilizadora e da tala. Seu pobre corpo agora estava livre para curar por
conta própria.
— Parece-me que você precisa comprar roupas. — Comentou Jimmy.
O golfinho roxo em que ele estava esparramado esbarrou no jacaré de Tristen.
Nem o irmão incomodou tentar separar os animais de plástico. O dia estava
muito quente e a água estava muito refrescante.
Tolliver bufou.
— Como se isso acontecesse. Parece que estou em prisão domiciliar
aqui. — Empurrando a água frustrado, enviou seu coelho em um círculo
preguiçoso. — Garrett e eu não podemos nem ir até a cidade e celebrar nosso
noivado.
Tristen ergueu a cabeça. Olhos largos e aveludados olharam para
Tolliver.
— Você está me dizendo que Garrett pediu que você se casasse com
ele?
— Bem, sim. — Respondeu Tolliver. — Mas não podemos fazer nada
sobre isso até que saibamos que Cade e o pessoal dele mataram aquele
bastardo.
— Você deveria ir às Vegas e se casar como nós. — Disse Jimmy. — E
continuar com a tradição das tatuagens.
Antes que Tolliver pudesse dizer alguma coisa, Tristen sorriu e
acrescentou:
— Sim, todos elas. — Os dois irmãos trocaram olhares e tiveram uma
miniconversa que tinha o cabelo na nuca de Tolliver de pé. Oh, cara, eles
foram novamente. Sabiamente, ele se absteve de fazer perguntas.
Minutos depois, não importava quando Jimmy olhou para ele com um
sorriso desagradável no rosto.
— Apenas dói por um momento.
Tolliver desistiu e cedeu.
— O que só dói por um momento.
— Quando tatuarem o nome de Garret no seu traseiro. — Tristen
respondeu. Ambos os irmão estouraram em risos.
Tolliver olhou para os braços enquanto evitava pensar no que
acabaram de dizer. Ambos tinham elos de correntes grossas tatuadas cerca de
oito centímetros acima de seus pulsos esquerdos. No meio tinham as primeiras
iniciais dos nomes dos maridos. Tristen tinha um T e um S no dele enquanto
Jimmy tinha um J e um R. Santos e Roman tinham tatuagens correspondentes
em seus braços.
— Não acho que Garrett insistiria em ter seu nome tatuado na minha
bunda. — Tolliver estava orgulhoso de quão calmo ele parecia. Achou que
poderia ser a única maneira de lidar com esses dois e para ele ficar longe de
problemas.
Essas esperanças foram disparadas quando Tristen se sentou,
enviando ondas em toda a piscina.
— Besteira. Garrett é apenas um alfa como o resto da equipe. Estou
realmente surpreso que ele tenha aberto sua coleira suficiente para sair aqui
conosco.
— Tive de prometer não deixar a fazenda e não deixar você me
convencer a fazer nada. — Admitiu Tolliver. Ele seguiu as ordens de Garret até
agora.
— Logo as coisas se acalmarão e você pode se casar. — Afirmou
Jimmy. — Basta lembrar que, se você tem o nome de Garrett tatuado em sua
bunda, ele deve ter seu nome tatuado acima de seu coração.
A cabeça de Tolliver girou para olhar Jimmy. Não tinha visto os peitos
de Santos ou Roman. Na verdade, ele provavelmente teria tido palpitações
cardíacas à vista de todos esses músculos volumosos. Agora sabia que tinha os
nomes de seus maridos tatuados sobre eles. O rosto de Tolliver se aqueceu.
Gostou da ideia de Garret usar seu nome.
— Então, vou perguntar se podemos fazer compras amanhã. —
Declarou Tristen. — Talvez se tivermos uma escolta, Roman deixaria você sair
de casa.
— Será que é possível? — Esperou preencher Tolliver. Ele amava a
fazenda e estar com Garrett vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana.
Mas estava começando a se sentir como um prisioneiro.
— Sim. — Jimmy respondeu. — Confie em nós, podemos te separar
daqui de uma maneira ou de outra.
Tolliver colocou a mão no peito, esperando que seu coração
começasse a bater logo.

Capítulo Onze

— Jimmy e Tolliver querem ir e ver minha loja. — Anunciou Tristen.


— Não é sua loja. É onde você trabalha. — Apontou Jimmy.
Tolliver olhou para os dois irmãos. Nunca deixou de surpreendê-lo
como eles serem tão próximos ainda tendiam a ficar mais perto um do outro
constantemente.
— Ainda não é minha. Mas algum dia aquilo será. — Tristen olhou
para Jimmy e fungou. — Tenho um plano.
— Bem, vamos ver como isso acontece. — Jimmy colocou um pedaço
de waffle pingando com xarope em sua boca.
Tristen se afastou de Jimmy e olhou para Roman.
— Tenho que trabalhar das dez da manhã às cinco da tarde. Você
acha que se alguns dos caras acompanharem Jimmy e Tolliver, estaria bem
para eles irem até a loja? Tolliver precisa de roupas.
Tolliver mergulhou sua torrada na gema amarela macia de seu ovo e
tomou uma mordida amavelmente. Seu Garrett sabia cozinhar, e Tolliver
estava aprendendo mais sobre a preparação de alimentos todos os dias.
Começou a engasgar com a torrada quando Roman disse:
— Acho que estaria bem.
Ele não esperava isso. Onde foram os argumentos e as queixas
irritantes?
A grande mão de Garrett desceu sobre suas costas, e ele quase
deixou cair a torrada. Um copo de suco de laranja foi enchido na frente do
nariz agora escorrendo. Tolliver agarrou-o e engoliu a metade. A aceitação de
Roman foi muito fácil. Deve haver algum tipo de pegadinha em algum lugar.
Jimmy deve ter pensado o mesmo porque seus olhos verdes se
estreitaram quando olhou para o marido.
— O que está rolando?
Roman levantou a xícara e tomou um gole de café. Tolliver sentiu que
o gesto era muito inocente. Ele chamaria o grande homem? De jeito nenhum.
Tolliver era um aprendiz rápido, e ele nunca mais voltaria a discutir com
Roman. Seus nervos não conseguiriam lidar com isso.
— Acho que Garrett, Santos, e eu podemos acompanhá-lo para a
segurança sua e de Tolliver para a loja de roupas. — Disse finalmente Roman.
— Sério? — Jimmy pressionou.
— Um pouco de cuidado. — Roman respondeu.
Tolliver ficou impressionado quando Jimmy abaixou o olhar e tomou
outra mordida do waffles. Isso foi até que ele viu o olhar aquecido que Jimmy
dirigiu para o marido através dos cílios. Roman também deve ter visto isso
porque o ar ao redor da mesa engrossou com tensão.
— A que horas vocês acham que vão chegar? — Tristen perguntou,
ignorando o jogo de poder entre os dois outros homens. — Não quero estar no
almoço e perder isso.
— Vamos combinar uma hora. — Respondeu Roman enquanto jogava
mais café no copo dele. — Dessa forma, podemos parar em algum lugar para
almoçar antes.
O coração de Tolliver bateu mais rápido quando Garrett disse:
— E a clínica.
Virou-se com felicidade quando Roman respondeu:
— E a clínica.
****
Alguém estava olhando para ele. Tolliver podia sentir isso. As coisas
ficaram bem enquanto ele e Garrett estavam sendo examinados na clínica. Mas
durante o almoço no restaurante estilo família na Main Street, os pelos dos
braços de Tolliver se arrepiaram. Alguém estava olhando para ele.
A outra coisa que Tolliver achou estranho foi que Roman estava
passando muito tempo em seu celular, fazendo ligações. Pensou que, pelo fato
de todos terem feito um grande alarde para mantê-lo seguro, agora que
estava em público, seus supostos guarda-costas estariam mais atentos.
Estavam caminhando para a loja de roupas masculinas onde Tristen
trabalhava, e Tolliver ainda tinha aquela sensação assustadora de que alguém
o estava observando.
— Vocês vieram. — Tristen cumprimentou-os na porta. — Por que
vocês não dão uma olhada enquanto isso? Separei algumas coisas que achei
que cada um poderia gostar. Estão na mesa ao lado dos vestiários. — Tristen
virou-se para Tolliver e segurou seu braço. — Vamos, vou te mostrar.
Tolliver teve que admitir que a loja tinha todo tipo de roupa que um
homem poderia precisar para qualquer situação. Ficou impressionado que
tivesse até seu tamanho superesbelto. Estava olhando através de uma pilha de
shorts de algodão suave e solto quando olhou para cima e viu um homem de
pé na frente da enorme janela da loja. Não conseguiu reparar em nenhuma
característica, já que o sol brilhava diretamente atrás dele. Um minuto o
homem estava lá, e o próximo tinha ido.
Uma mão apertou o ombro de Tolliver, e ele saltou de susto.
— Oh, desculpe. — Disse Tristen. — Queria que você visse algumas
roupas que pensei que ficaria bem em você enquanto estiver em Las Vegas. —
Não esperando por uma resposta, Tristen agarrou a mão de Tolliver e puxou-o
para o fundo da loja.
Logo Tristen tinha os braços de Tolliver cheios de shorts de cores
vivas e camisas leves. Em meio a toda a roupa, havia uma calça bege e uma
camisa social azul-clara para uma certa cerimônia que, na opinião de Tolliver,
não seria tão em breve assim.
Pensando que Garrett poderia ajudá-lo a carregar uma parte da carga,
Tolliver olhou ao redor da loja procurando seu noivo. Piscou, sem ter certeza
de ter acabado de ver um homem com roupas escuras atrás de um dos
grandes pilares localizados no centro da loja.
Localizando o resto do grupo pela parede alinhada com vestiários,
Tolliver decidiu que era um bom momento para se juntar a eles.
Uma risada quente soou ao lado da orelha de Tolliver.
— Parece que você encontrou algumas coisas, meu pequenino.
Precisa de ajuda no vestiário?
Tolliver riu, amando o sorriso brilhante e os olhos cintilantes que
iluminavam o rosto de Garret.
— Parece que você já está com as mãos cheias. — Ele disse,
balançando a cabeça para a colorida pilha de roupas nos braços de Garret. —
Além disso, preciso experimentar uma certa roupa que você não poderá ver
até o dia do casamento.
Garrett se abaixou e deu um beijo em Tolliver. Quando o beijo
terminou, o coração de Tolliver explodiu com alegria pelo amor refletido nos
claros olhos azuis de Garret.
— Me chame se precisar de ajuda.
— Chamarei. — Tolliver respondeu e viu Garrett desaparecer no
vestiário.
Pronto para encontrar sua própria cabine, Tolliver olhou ao redor e
viu Roman de pé do outro lado do vestiário com as costas para eles.
Pressionava o celular com firmeza na orelha e a cabeça inclinada para frente
como se estivesse escutando atentamente.
— Tristen, em que mundo você vive? — A voz de Jimmy veio de um
dos vestiários. — Nem em um milhão de anos usaria calções com listras rosa e
branca.
Um gemido veio de uma cabine diferente antes que a voz de Tristen
soasse.
— Experimente com a camisa de polo verde.
— Você está num vestiário com Santos? — O tom provocador na voz
de Jimmy disse que sabia o que seu irmão estava fazendo.
— Experimente o short, Jimmy. — Tristen pareceu um pouco sem
fôlego.
Balançando a cabeça para as travessuras dos irmãos, Tolliver viu que
o único vestiário aberto era o último. Uma vez que entrou na cabine vazia,
colocou sua pilha de roupas no banco embutido que ficava ao longo do espelho
na parede traseira.
Enquanto se endireitava, vislumbrou o movimento refletido no
espelho. Virando, soltou um grito quando a silhueta de um homem alto encheu
a entrada. Tolliver não sabia o que fazer. Agarrando a maçaneta da porta,
tentou fechar a porta, afastando o homem.
A porta não se moveu contra o maior volume do homem.
— Ajudem. — Gritou Tolliver.
— Tolliver, sou eu. — Disse o homem.
Surpresa congelou Tolliver no lugar.
— Roy?
Um segundo Roy estava lá, e o próximo ele se foi. Houve uma queda
de metal e um gemido alto. Tolliver correu para fora da cabine, apenas para
ser parado pelo braço grande de Santos enrolando em seu peito.
No chão em frente a ele, em meio a um mar de material e prateleiras,
seu melhor amigo Roy estava deitado com Garrett em cima dele. A mão de
Garrett estava enrolada em volta da garganta do homem que lentamente
estava ficando roxo.
— Garrett. — Chamou Tolliver. — Solte-o. Esse é meu melhor amigo,
Roy. Ele é inofensivo.
— Se ele é tão inofensivo, o que estava fazendo aqui? — Garrett
perguntou com os dentes cerrados. Roy tentou se mover, mas não estava indo
a lugar nenhum até que o enfurecido Garrett o deixasse.
Roman pisou ao lado dos dois.
— Ele está limpo, Garrett. Solte-o.
Garrett apertou a garganta de Roy um pouco mais forte antes de
liberá-lo. Em pé, se aproximou de Tolliver, passou o braço em volta dos
ombros e o puxou para perto.
Roy ficou de pé enquanto esfregava a garganta vermelha brilhante e
olhou para Tolliver.
— O que diabos foi isso, cara?
— O que você está fazendo aqui? — Tolliver não entendeu. Ninguém
deveria saber onde ele estava.
— Caras! — Tristen interrompeu: — Se Sebastian volta do almoço e
vê esta bagunça, estou condenado.
— Sim. — Jimmy bufou. — Tolliver pode estar em perigo, e você está
preocupado com seu chefe.
Roman envolveu sua grande mão ao redor da nuca de Jimmy,
subjugando o homem robusto.
— Vamos todos para o café ao lado descobrir o que está acontecendo.
Dessa forma, Tristen pode limpar isso.
Tolliver achou estranho que Roman não estivesse excessivamente
preocupado com o aparecimento de Roy. Quando o grupo saiu da loja, Roy
tentou andar ao lado de Tolliver, mas Garrett entrou entre eles.
— Tolliver, preciso conversar com você. — Gemeu Roy.
Um olhar para o rosto de Roy e a linha branca onde seu anel de
casamento costumava ficar contou a Tolliver o que estava acontecendo. A
esposa número três havia ido embora.
A essa altura, eles estavam na porta da frente do café. Garrett tirou o
braço dos ombros de Tolliver e pegou sua mão. Tolliver achou a possessividade
de Garrett fofa. Mas em seu coração, sabia que Roy nunca seria uma ameaça
para ele.
— Garrett, gostaria que você conhecesse Roy. — Tolliver pensou que
seria melhor apresentá-los oficialmente. — Roy, este é o meu Garrett.
Ambos os homens acenaram com a cabeça um para o outro. As
sobrancelhas de Garrett baixaram com uma careta, e os olhos de Roy estavam
arregalados de medo.
Dentro da loja, o grupo sentou-se numa mesa redonda na esquina.
Logo, todos estavam com uma bebida na frente deles e uma variedade de
bolos e doces.
Na frente de Tolliver, tinha um pão doce de canela cremoso com uma
cobertura açucarada. Queria respostas de Roy, que conseguiu sentar-se ao
lado dele, mas não conseguiu resistir à tentação e tirou uma grande mordida
da massa.
Roy se aproximou de Tolliver, e Garrett, que estava do outro lado
dele, ficou rígido. Continuando a mastigar, Tolliver colocou a mão na coxa de
Garret, lembrando-lhe que eram uma equipe.
— Tolliver, Marcie me deixou. — Roy sussurrou.
— A maioria das esposas não gosta que seus maridos fiquem
enganando-as com outras mulheres. — Tolliver sussurrou de volta, mesmo que
pudesse ver todos na mesa estavam ouvindo sua conversa.
— Sim, mas ela disse que estava se separando de mim porque sou
um gay e apaixonado por você. — Respondeu Roy. Sua voz tinha passado de
um sussurro alto para um gemido completo.
Muitos grunhidos se transformaram em tosse ao redor da mesa.
Tolliver não teve nenhum problema em dar gargalhada com a declaração idiota
de Roy.
— Não ria. — O sussurro de Roy tornou-se agressivo. Ao lado de
Tolliver, Garrett fez um barulho que soou como um rosnado. Roy nunca foi a
luz mais rápida do grupo e ignorou o aviso. — E se ela estiver certa? — Sim, as
queixas voltaram.
— Roy, de volta à loja de roupas, você nem sequer olhou duas vezes
para um homem que só tem de cortar o dedo e metade do país vem correndo.
— Disse Tolliver, referindo-se a Tristen. — E, no entanto, você não tirou os
olhos dessa garçonete de aparência média que enchia esses dispensadores de
creme.
— Ei. — Roy se opôs. — Ela é muito fofa. Mostre um pouco de
respeito.
— Tudo bem, bem, ela é fofa. — Tolliver sabia que Roy defenderia a
menina se ele não concordasse suficientemente rápido. — De qualquer forma,
a conclusão é que você não é gay.
Roy mordeu o lábio inferior e pareceu voltar essa afirmação em sua
mente. Olhando para Tolliver, perguntou:
— Você tem certeza?
— Sim. — Tolliver impediu-se de balançar a cabeça para o
desenfreado. — Roy, como você me encontrou?
— Estava tomando uma bebida no hotel, dizendo a Jordan Steiger que
sentia sua falta e esperava que estivesse bem. — Explicou Roy. — Ele disse
que não deveria me preocupar porque o Resgate Contratado do Oeste está
cuidando de você. — Roy encolheu os ombros. — Não demorou muito na
Internet para descobrir onde o Resgate Contratado do Oeste está localizado.
— Você quer me dizer que um delegado do Condado de Granite lhe
disse onde uma vítima de sequestro estava sendo protegida? — Tolliver ficou
indignado. Quando toda essa merda acabar, ele vai ligar para o xerife Steve
Titan e deixá-lo saber o quão incompetente eram alguns de seus delegados.
Roy tomou um gole de seu refrigerante antes de encolher os ombros
novamente. Agora que Tolliver estava longe do homem por um tempo, ele
percebeu que Roy encolhia muito os ombros.
— Jordan é um bom velho. — Disse Roy. — Não quis dizer nada por
isso.
— Mas e se o cara que me matou tivesse ouvido isso? Ele poderia
estar aqui. — O olhar de Tolliver varreu a sala e se inclinou contra Garrett, que
colocou o braço na parte de trás da cadeira.
— Eu sabia que Roy estava vindo. — A voz profunda de Roman
interrompeu a conversa não muito privada. — No minuto em que ele registrou
um bilhete de avião para Sandstone, Cade me ligou.
— Como Cade sabia? — Perguntou Tolliver.
— Tolliver, o xerife e Cade estão monitorando tudo sobre você. —
Explicou Roman. — Isso inclui seus amigos, colegas de trabalho e até o que
resta de sua família em Nova Jersey. Com este fim, Morgan filtrando todos os
voos vindos do Centro-Oeste e o resto de nós mantendo um olho, estamos
todos determinados a parar esse louco. — O olhar de Roman estreitou e seus
lábios se endireitaram em uma linha dura. — E, por sinal, vou ligar para Sheriff
Titan e informá-lo que ele tem um delegado com lábios soltos. Isso não
poderia ter acontecido.
A menção de família fez Tolliver pensar brevemente em seu irmão
intolerável e homofóbico. E rapidamente afastou aquele pensamento
desagradável. Antes que pudesse fazer um comentário, o celular de Roman
tocou.
Depois de olhar para a tela, Roman respondeu. Tolliver achou
incomum que Roman não deixasse a mesa para alguma privacidade.
Antecipação de algo desconhecido, cobriu o ar ao redor da mesa.
— Entendo. — Murmurou Roman. A máscara sem emoção do homem
grande estava firmemente instalada. — Alguém ficou ferido? — Perguntou
Roman. — Você tem certeza? — Cada palavra dessa frase foi atada com um
tom poderoso, duro e cortado.
O lento piscar de olhos de Roman foi o único deslize na máscara do
homem.
— Tudo bem, vou procurar o relatório.
O toque suave do celular de Roman contra a mesa foi o único som
que podia ser ouvido pelo grupo. Por razões que ele não sabia, Tolliver estava
com a respiração presa e espremendo a coxa de Garret.
Roman limpou a garganta.
— Esta manhã, em cooperação com o Departamento do Xerife do
Condado de Granite, o Resgate Contratado enviou um homem disfarçado para
ver um ATV à venda de uma propaganda Gregslist. — Os pulmões de Tolliver
começaram a protestar. — O homem foi atacado quando bateu a porta da
fazenda. Os membros do Resgate Contratado deixaram o seu esconderijo no
veículo usado para chegar à fazenda e ajudaram o homem que foi atacado.
Uma luta se seguiu, e o atacante foi morto. — O olhar de Roman encontrou o
dele. — Tolliver, seu sequestrador está morto.
Capítulo Doze

A porta do banheiro fechou-se atrás dele enquanto Tolliver caía de


joelhos e vomitava no banheiro. Em meio a seus pensamentos caóticos,
decidiu que levaria um tempo antes de comer pãezinhos doces de canela
novamente.
Enquanto se sentava de volta nas pernas, mãos grandes e delicadas
se fecharam ao redor de seus ombros. Uma toalha de papel molhada foi aberta
na frente dele.
— Você está bem, querido?
Tolliver pegou a toalha e enxugou a boca.
— Sinto Muito.
Garrett se ajoelhou ao lado dele.
— Não há nada para se desculpar, amor. — Um beijo foi colocado na
bochecha de Tolliver. — Você passou por tanto. Ninguém pode culpá-lo por
estar sobrecarregado.
Tolliver pegou a frente da camisa de Garret.
— Você acha que acabou mesmo? Ele está realmente morto? —
Pontos escuros dançaram na frente de seus olhos. — Merda, eu vou ficar
doente.
Cinco minutos depois, Garrett estava encostado na parede do
banheiro com um suave Tolliver aconchegou-se tão perto quanto conseguia
chegar a esse corpo duro e quente. Os braços fortes de Garrett estavam
envolvidos em torno de Tolliver, confortando-o.
— Eu deveria ser feliz e dançar. — Reclamou Tolliver, não se
movendo.
— Você vai, uma vez que tudo se acerte. — Assegurou Garret. Lábios
firmes roçaram o topo da cabeça de Tolliver.
Tolliver não sabia de onde veio, mas a questão acabou de sair de sua
boca.
— Garrett, você ainda me quer agora que sou livre?
Mãos implacáveis cercaram os ombros de Tolliver e seus dentes se
juntaram quando Garrett o sacudiu. Os olhos azul-claros de Garrett estavam
escuros e tempestuosos, e o rosto do homem estava corado de raiva.
— Escute-me, Tolliver Holiday. — Garrett deu a Tolliver outra
sacudida. — Estamos presos juntos pelo resto de nossas vidas. E se você tem
alguma dúvida sobre nós, pode simplesmente se livrar delas agora. — Tolliver
nunca viu Garrett tão determinado.
— E para provar isso... — Continuou Garrett. —... quando nos
casarmos em Las Vegas, meu nome será tatuado na sua bunda.
Quando Garrett deu a Tolliver outro pequeno aperto, o mundo de
Tolliver ficou cheio de sol e rosas. Deu um sorriSo para o amor de sua vida,
um sorriso tão grande que esticou os músculos do rosto.
— Enquanto meu nome estiver no seu coração.
Uma mão gentil segurou a bochecha de Tolliver.
— Você é meu coração, meu pequenino.
****
— Eu peço a você, Tolliver Jonathon Holiday, para ser meu esposo.
Ficar sempre ao seu lado e o apoiar. Amar, honrar, respeitar e proteger até o
último sopro do meu corpo...
Garrett deitou-se de costas e olhou para o corpo magro de seu belo
marido pairando sobre ele. Alcançando, segurou a base de seu pênis duro.
Tolliver alinhou a cabeça pingando e apertou-a contra a sua entrada relaxada.
Uma flexão dos quadris de Garrett teve a cabeça de seu pênis enterrada no
paraíso de seu pequenino.
Tolliver baixou-se, não se deteve até que o pênis de Garret estivesse
completamente dentro. A visão de seu pau rachando a abertura de seu amor
fez o pau de Garret aumenta mais um pouco. Oh, seu pequeno gostava de
montar seu pênis. E Garrett ficou muito feliz de deixá-lo.
Ondas de excitação correu sua coluna quando Tolliver levantou e
arqueou para trás. Esse ângulo tinha Tolliver balançando acima dele, o aperto
dos músculos de sua bunda animando o pau de Garrett.
O suor acrescentou um brilho à pele de Tolliver, enfatizando a
tatuagem escura da corrente que circundava o braço esquerdo acima do pulso.
As letras G e T se misturavam com os links. Garrett tinha uma tatuagem
correspondente em seu próprio braço. Desse ângulo, não conseguiu ver seu
nome tatuado no traseiro de Tolliver, mas sabia que estava lá.
Tolliver talvez estivesse pensando nas mesmas coisas, quando se
aproximou e tocou a borda de seu nome tatuado acima do coração de Garret,
que observou enquanto o corpo inteiro de seu marido se enrijeceu. Ele
estremeceu com a pressão súbita travada em torno de seu pênis.
— Vou gozar. — Gritou Tolliver.
Garrett agarrou os quadris de Tolliver e levantou-os antes de puxá-
los de volta, com dificuldade. Repetiu a ação enquanto Tolliver gemia seu
caminho através de seu orgasmo. O peito de Garrett ficou pintado com riscas,
e o perfume almíscar de sêmen encheu o ar ao redor deles.
Mantendo seu domínio no marido, Garrett fechou os olhos em êxtase
quando seu pênis se expandiu antes que um jato de espuma quente entrasse
em erupção no traseiro de Tolliver.
Tolliver desabou-se em Garrett, que teve grande prazer em segurar
seu pequenino. Aos quarenta e oito anos, havia viajado por muitas estradas
para chegar a esse lugar maravilhoso no tempo, e não demoraria um segundo
para admitir isso.
Pouco antes de fechar os olhos, Garrett perguntou se Cade e Roman
receberam suas caixas de uísque envelhecido.
Epílogo

Drew Powel examinou os três monitores de computador na frente


dele. Em seu caderno pessoal, adicionou mais fatos ao esboço do Sequestrador
da Gregslist. As coisas não batiam.
Como uma cicatriz na mão esquerda de um homem pode desaparecer?
A mesma pergunta poderia ser feita sobre uma tatuagem de uma âncora. Num
relatório, havia uma menção de um dente inferior quebrado. Mas não em outro.
Drew trouxe a única imagem conhecida do sequestrador das
filmagens de vigilância realizadas no hospital, quando tentou atacar Tolliver
Holliday. Ao dividir a tela do computador, ele anexou uma foto do relatório de
autópsia ao lado da imagem do hospital. As duas imagens se assemelhavam
ao mesmo homem.
Levando o relatório da autópsia, viu que John Doe não tinha cicatriz
ou tatuagem. Listado sob efeitos pessoais estava um relógio dourado com o
mostrador azul.
Distraidamente, Drew olhou ao redor da sala cheia de mesas simples,
alguns computadores que faziam Drew pensar que era da época dos
dinossauros.
A uma hora da manhã, o Granite City Chronicles estava deserto.
Como um dos principais repórteres do jornal local, Drew tinha as chaves do
prédio e podia ir e vir como quisesse. Essa foi uma das suas exigências quando
concordou em trabalhar neste pequeno jornal.
Um pouco mais de um mês atrás, o mundo inteiro de Drew foi virado
de cabeça para baixo. Depois de pesquisar os acontecimentos da tragédia,
tomou a decisão de deixar seu lucrativo cargo de repórter internacional e se
deslocou para onde as autoridades, que abriram o caso, estavam localizadas.
Para o seu modo de pensar, era aonde acharia as respostas de que precisava
para poder continuar com sua vida.
Voltando o olhar para John Doe, ele olhou para a imagem. Piscando
as lágrimas que ameaçavam, sussurrou:
— Foi mesmo você quem matou meu irmão?

FIM

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