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A vida na visão de uma

criança de 80 anos

Eliseu C. Da Silva
SUMÁRIO

I. CAPÍTULO 1 – Introdução

II. CAPÍTULO 2 - A conversa

III. CAPÍTULO 3 - Profissão e prestígio

IV. CAPÍTULO 4 - Doença e perdas

V. CAPÍTULO 5 - A vida

VI. CAPÍTULO 6 - O garoto e seu amigo

VII. CAPÍTULO 7 -A jornada

VIII. AGRADECIMENTOS

IX. VISÃO DO AUTOR


CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

Essa história se passa na cidade de Praga,

República Tcheca.

Um senhor chamado Oswald Ruffles de 80 anos, é um

morador de rua na cidade de Praga, república tcheca. O

Sr. Ruffles já foi um importante arquiteto inglês, mas a

doença chamada esquizofrenia paranoide, que lhe aflige

a 56 anos, o fez deixar a profissão, o prestígio, e desde

então ele se tornou um morador de rua, que vive

procurando alguém para conversar.

Em um belo dia, no finzinho da tarde o senhor Ruffles

estava caminhando até a praça da cidade velha, logo

após ter conseguido um pequeno lanche em um dos

famosos quiosques da região. então ele resolveu se

sentar e desfrutar de um bom lanche, no qual ele chamou

de "comida de verdade", pois havia algum tempo que não

se alimentava assim, e então passou a comer aquela


"comida de verdade", enquanto estava comendo ele

passou a observar o famoso relógio Orloj, que é um dos

mais famosos pontos turísticos da cidade de Praga, às

17:45h daquela tarde o senhor Ruffles percebeu que

alguém havia sentado ao seu lado. E ele logo foi

surpreendido com um elétrico e animado

- oi, tudo bem?, Você poderia me dar um pedaço

desse lanche?

Era apenas um garoto que aparentava ter por volta de 9

anos, e que estava sujo, mas que tinha um belo sorriso no

rosto. Então o Sr. Ruffles respondeu: claro!

Toma aqui, eu já comi o suficiente.

Então o garoto todo feliz, assim que mordeu o pequeno

pedaço do pão, disse: Uau! Essa sim é uma "comida de

verdade", então continuou comendo, ao ver que o Sr.

Ruffles ficara observando o relógio, perguntou: por

que está olhando tanto para esse relógio ?

Então o Sr. Ruffles respirou fundo e se preparou pra

responder.
CAPÍTULO 2 – A CONVERSA

Sr. Ruffles: esse relógio foi feito no ano de 1410, pelo

relojoeiro Mikulas de Kadan e Jan Sindel, e mais tarde

teve um toque do professor de matemática da

universidade de Charles, eu como arquiteto, admiro esses

monumentos, vejo a beleza neles, e agora como um

idoso, me interesso bem mais no relógio, pois ele marca o

tempo, e para alguém que já viveu tanto, e sofreu tanto, o

tempo se torna mais interessante. Você é muito novo para

entender o que estou falando. O garoto com cara de

confuso disse: verdade, eu não entendi nada, só sei que

esse pão está ótimo.

Sr. Ruffles: você ainda não terminou de comer?

Está comendo igual a uma tartaruga. Hahaha

Garoto: hahaha, eu não como igual a uma tartaruga, elas

só comem folhas, na verdade estou guardando um

pedaço para o meu melhor amigo.


Melhor amigo ? - perguntou o Sr. Ruffles.

Sim, é um cachorrinho chamado liku-laka, estou

brincando de esconder com ele, e vim aqui na praça me

esconder.

O Sr. Ruffles com um sorriso no rosto disse: ah! Entendi,

eu também tinha um cachorrinho quando morava na

Inglaterra, era uma ótima vida, mas passou, assim como

tudo, o tempo não brinca. Privilegiado é o relógio, pois

marca e controla o tempo.

Garoto: ah! De novo essa de relógio?

Eu nem sei ver horas.

Sr. Ruffles: então vai aprender nesse exato momento.

Olhe o relógio no alto da torre.

nesse momento se ouviu um latido bem forte e alto, era

liku-laka chegando para achar o garoto. O garoto todo

feliz abraçava o cachorro, que em um salto já estava no

seu colo, então o garoto recebendo os carinhos do

cachorrinho, diz: senhor! Esse aqui é o meu melhor

amigo, e se quiser pode ser o seu também, ele nem late


muito, só quando está muito feliz, é o jeito que ele diz que

está feliz. É que ele não tem rabo, sabe! - Disse o garoto

sussurrando.

Sr. Ruffles dando uma risada alta, elogiou o cachorrinho

e comentou que parecia com o que ele tinha na

Inglaterra, só que o dele tinha rabo. O garoto que quase

não parava de agradar o cachorro perguntou: Inglaterra?

O senhor morou na Inglaterra?

O que veio fazer aqui ?

Veio morar numa praça?

Sr. Ruffles: minha história não é tão simples assim,

irei contar pra você.

Adoro histórias, disse o garoto, que se ajeitou junto

ao liku-laka para ouvir a história.


CAPÍTULO 3 – PROFISSÃO E PRESTÍGIO

O Sr. Ruffles com um brilho nos olhos disse: há 58 anos

atrás, quando eu tinha apenas 22 anos, eu me formei em

arquitetura, que é a profissão da minha família, eu tenho 2

irmãos mais velhos, se chamam Steven Ruffles e Darwin

Ruffles, que também são arquitetos, igualmente meu pai

Backer Ruffles. Então no meu primeiro ano formado, eu

estava trabalhando junto com meus irmãos, mas por ter

um pouco mais de criatividade, eu passei a ter destaque

no ramo. Assim que completei meus 24 anos, eu me

tornei um dos mais premiados arquitetos da Europa, e

uma das pessoas mais ricas. Nesse mesmo ano, eu me

casei, foi um dia muito especial e feliz, eu amava demais

a senhorita Alene Williams, éramos um belo casal.

Então o garoto disse: Olha, eu não gosto de histórias

de romance, mas como o senhor a conheceu?

- É uma história curiosa - Disse o Sr. Ruffles.


Pois a conheci quando era Criança, Alene morava ao lado

de minha casa, e estudávamos na mesma escola, mas

nesse tempo não tínhamos intuito de namorar, depois de

um tempo, quando fui pra faculdade, eu perdi o contato

com ela. E só nos reencontramos, quando ganhei o meu

primeiro prêmio, pois ela estava cobrindo o evento como

repórter. Então ela veio até mim, e passamos a

conversar, e a cada prêmio que ganhava, ela estava lá

comigo, acompanhou toda a minha ascensão, viu também

meus irmãos sentirem inveja, pois eu estava sendo

reconhecido por meus trabalhos, enquanto eles ficavam

só com trabalhos simples. Então ela me aconselhou a

deixar eles de lado, e seguir minha vida, com meu

sucesso, dinheiro e amor. Então decidimos nos casar,

para poder formar a nossa bela e grande família.

A Inglaterra é muito bonita e legal não é mesmo? -

comentou o garoto com seu cachorrinho.

Sr. Ruffles: sim, a Inglaterra é linda e ótima, eu visitei

várias cidades, mas morava na cidade de Liverpool, a


cidade dos Beatles, na verdade, passei minha vida

ouvindo Beatles e Elvis Presley, esse foi um ótimo

período de minha vida.

O garoto intrigado disse: mas você ainda não disse

porque mora numa praça, a sua vida me pareceu

maravilhosa, ninguém com uma vida dessas iria escolher

morar numa praça.

O Sr. Ruffles com os olhos cheios de lágrimas falou de

forma melancólica: então, agora vem a parte em que

minha vida acaba, onde ela mudou completamente.


CAPÍTULO 4 – DOENÇAS E PERDAS

Irei contar como vim parar como morador de rua, se

algumas lágrimas escorrerem dos meus olhos, por favor

não ligue. No ano que comemorei meus 24 anos, e que

casei, o ano que deveria ser o ano mais feliz da minha

vida, se tornou um pesadelo, pois dias antes do natal,

uma data que tenho um imenso carinho, pois é

comemorado o nascimento do menino jesus, eu recebi

um diagnóstico, que dizia que eu tinha uma doença grave,

chamada esquizofrenia paranoide. E os anos que se

seguiram foram desastrosos, pois por conta da doença,

eu não consegui mais trabalhar, e passei a gastar meu

dinheiro comprando os remédios, que eram caros demais.

3 anos se passaram, e eu já estava falido, e minha

esposa sozinha sustentava a casa, e ainda bancava meus

remédios. Num certo dia, após chegar de uma consulta,

fui surpreendido com a notícia de que minha esposa,

Alene Williams, iria me deixar e voltaria a morar com seus


pais, porque ela não aguentava mais ter que sustentar a

casa sozinha, e ainda ter que aturar o marido louco, que

vivia tendo alucinações loucas dentro de casa. Então um

ano depois que ela saiu, eu não consegui manter a casa,

e fui despejado. Fui me humilhar aos meus irmãos,

depois de tantos pedidos, o meu irmão Darwin me deixou

morar com ele, pois era o único que ainda não tinha

família formada, mas sem dinheiro e sem os remédios, eu

cheguei a um estágio muito avançado da doença, e sem

saber o que estava fazendo, eu coloquei fogo no quarto

dos fundos, onde eu dormia. Meu irmão quando viu, saiu

correndo e conseguiu conter o fogo, mas me expulsou da

casa dele, e nenhum dos outros irmãos me aceitaram.

Vendi meus projetos inacabados, e comprei uma

passagem para vim até Praga, pois queria recomeçar,

mas chegando aqui, me vi sem opções, então virei um

morador de rua, e estou nessas condições há 52 anos, é

tempo suficiente para aprender o idioma, saber quais

lojas, restaurantes e quiosques ajudam se você for


lá pedir, e também sei quais te batem e te jogam pra fora

se for lá pedir algo, são 52 anos acumulando raiva e ódio

dos meus irmãos, da Alene, da Inglaterra, de todos que

não entendem que sou louco, que não entendem meu

sofrimento! São 52 anos sem tomar meus remédios, o

meu maior remédio é vim aqui, olhar o relógio, e ter

alguém para conversar.

Nesse momento o garoto com os olhos cheios de

lágrimas, olhou para o Sr. Ruffles, o abraçou e disse:

entendo sua raiva e ódio, mas se o senhor entendesse a

vida, não perderia tempo acumulando tais sentimentos

no seu coração.

Entender a vida? - resmungou o Sr. Ruffles.

O garoto com um olhar cheio de compaixão disse que iria

ajudá-lo a entender a vida.


CAPÍTULO 5 – A VIDA

O Sr. Ruffles com um olhar cético disse: estou curioso,

quero ver uma criança me ensinar o que é a vida.

Não é o que é a vida, e sim como dá um propósito à ela -

disse o garoto, e continuou dizendo: a vida é a nossa

maior dádiva, não podemos desperdiçar tal presente dado

por Deus, antes de tudo quero lhe perguntar, qual é o

nosso maior exemplo?

Sr. Ruffles: Jesus, não é?

Sim, é jesus sim, ele é o nosso maior exemplo, sabendo

disso, vamos entender a vida, qual o contrário da vida?

A morte - disse o Sr. Ruffles

Garoto: isso mesmo!

Sr. Ruffles: a morte é o fim da linha, não é?


Garoto: negativo, a morte é somente um descanso ao

corpo, pense comigo; Jesus disse que ele é o caminho a

verdade e a VIDA! Jesus é a vida, qual o maior legado de

jesus nessa terra?

Sr. Ruffles: o amor!

Isso, agora está começando a entender. Jesus é o nosso

maior exemplo de amor, se a vida e o amor andam

juntos, a morte e o ódio (que é o contrário do amor),

também andam juntos, se o senhor tiver ódio dos seus

irmãos, o senhor não irá viver, pois o amor é vida, não

podemos ter ódio no coração, o ódio mata, porque está

junto a morte.

Sr. Ruffles: mas o amor também mata, já vi pessoas

morrerem por amor.

Sim, o senhor está correto, mas diferente de qualquer

outro sentimento, o amor é imortal, ele nunca morrerá, se o

senhor amar, e o descanso vier, o seu amor vai durar para

sempre, pois quem ama, vive de acordo com Jesus,


e quem tem Jesus vive para sempre. Então, o senhor

precisa tirar esse ódio do coração, e passar a encher

ele de amor. Quando fizer isso, aí sim vai saber

entender a vida.

O senhor Ruffles surpreso com tudo aquilo que havia

acabado de ouvir disse: você é uma criança diferente,

é tão novo, sem experiência de vida, mas é tão cheio

de sabedoria.
CAPÍTULO 6 – O GAROTO E SEU AMIGO

O garoto agradando seu cachorrinho disse: olha, eu passei

por coisas parecidas com a sua história. Eu também tenho 2

irmãos, pelo menos eu tinha, e eu assim como você, sempre

brigava com eles, eu era o mais novo, e sempre queria

brincar com eles, mas eu não podia, então ia lá só

atrapalhar a brincadeira deles, aí brigávamos, então depois

de alguns minutos, sempre ficávamos bem, e eles achavam

uma maneira divertida de me colocar na brincadeira. Meus

pais não tinham dinheiro, e sempre passamos por

dificuldades, mas um único pedaço de pão, já nos deixavam

satisfeitos, pois é bem melhor comer um pedaço de pão, do

que não comer. Acho que se todo dia eu tivesse um pedaço

de pão, eu seria a criança mais feliz do mundo. Ninguém

precisa de muito pra ser feliz, poder ter um abrigo nos dias

de chuva, poder acordar cedo e ver o sol nascer, poder ter

amigos, poder
correr e brincar, são as melhores coisas da vida.

Devemos valorizar cada momento que temos.

Sr. Ruffles: entendi, é normal, toda criança consegue ver

o lado bom das coisas, consegue ser feliz com as coisas

simples da vida.

- e o que falta para o senhor passar a ver as coisas

como uma criança?

O Sr. Ruffles ficou pensativo por algum tempo, então

perguntou onde a família do garoto estava, já que

ele disse que tinha irmãos.

Nesse momento o garoto respirou triste e disse: pois bem,

assim como o senhor, eu também tenho uma parte triste

na minha vida. Minha família me deixou, mas não porque

quiseram. Em um dia, eu e minha família iríamos sair,

para passear, mais um acidente muito grave aconteceu, e


todos morreram, desde então passei a morar na rua, mas

agora estou bem e feliz.

- como pode está bem e feliz? Você perdeu toda a

sua família.

O garoto respondeu: eu perdi eles, sinto a falta de cada

um deles, todos os dias. Penso neles a todo momento,

mas estou vivo, devo ficar feliz por isso, e tenho o liku-

laka, que precisa de mim, não posso deixar de ajudar

ele, pois ele é o meu único amigo, ele igualmente a mim

sobreviveu ao acidente, eu perdi minha família, e ele

perdeu seu rabinho, mas continuamos vivos, não

podemos desperdiçar isso. Não é mesmo liku-laka?

Ainda tenho uma longa jornada pela frente.


CAPÍTULO 7 – A JORNADA

Nesse momento o Sr. Ruffles ficou calado e pensativo,

então percebeu que deveria passar a entender as coisas

como aquela pequena criança, pois só assim ele saberia

viver de verdade, e saberia como ser feliz com o pouco.

Ele disse: é, eu realmente aprendi o que é a vida com

uma criança

- não é o que é a vida, e sim como ter um propósito, ou

é isso mesmo, o senhor entende como quiser. Disse o

garoto sorrindo.

O Sr. Ruffles então perguntou:

Olha garoto, estamos conversando a horas, e eu nem sei

quem você é, você acabou de me ensinar algo muito

precioso, e eu nem sei seu nome. Como você se chama?

O garoto sorrindo respondeu:


Eu me chamo Oswald Ruffles, tenho 80 anos, sou um

morador de rua na cidade de Praga, República Tcheca,

sou um ex prestigiado arquiteto da Inglaterra, tenho uma

doença grave chamada, esquizofrenia paranoide, recebi

esse diagnóstico quando tinha apenas 24 anos, aos 27

anos, eu junto a minha família sofremos um acidente,

onde somente eu e meu cachorrinho sobrevivemos, eu

perdi minha família, e ele perdeu seu rabinho, então vim

até Praga, ser um morador de rua, e procurar alguém

pra conversar, e me acompanhar nessa minha longa

jornada, até encontrar a vida e o amor. E aí Sr. Ruffles,

vem comigo?

- claro que sim, é bom sairmos logo, a jornada é longa, e

olhe o relógio, já são 17:54h. Vamos liku-laka.

FIM!
AGRADECIMENTOS

Quero agradecer a todos os leitores, que me deram

esse voto de confiança, e tiraram seu tempo para ler

essa história. Quero agradecer também a todos que me

apoiaram, e que me incentivaram, estou bem feliz, e

espero poder continuar escrevendo. Obrigado!


VISÃO DO AUTOR

Eu me chamo Eliseu C. Da Silva, sou de Manaus-AM,

sou super fã de escritores como Júlio Verne e Arthur

Conan Doyle. Quando tive a ideia de escrever este livro,

eu não tinha uma história definida, pensei que seria uma

ficção científica, mas depois de um tempo, pensei em

escrever algo mais próximo da realidade, algo que tivesse

uma boa mensagem, então cheguei a conclusão de

escrever uma história baseada no versículo bíblico, que

encontramos em Mateus 18:3, que diz:

Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e

não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis

no reino dos céus.

Nesse versículo, vemos que Jesus nos instruiu a ser

como as crianças, pois só assim entraremos no reino dos

céus, essa história mostra exatamente isso, um senhor


idoso de 80 anos, que por ter uma doença mental grave,

teve que conversar com sua versão infantil, então após

essa conversa, ele entende que deve ser como uma

criança, para poder terminar a jornada até a vida e o

amor, que é Jesus.

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