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CACOAL/RO
2022
ALINE DE HOLANDA E. MOREIRA;
JOELMA M. MORIS;
MICHELLY MARQUIOLI;
NATALIA JACOBOWSKI;
ROGER E. C. DE OLIVEIRA;
THAIS MIRANDA.
CACOAL-RO
2022
RESUMO: O objetivo deste estudo tem como finalidade identificar fatores
associados ao alto índice de feminicídio, evidenciando o histórico Patriarcal e atos
expressivos praticados contra a mulher associado à violência doméstica e familiar no
contexto da pandemia COVID – 19, e danos causados aos familiares das vítimas.
Objetivo Geral: Analisar as vertentes existentes que levam ao feminicídio por “razões
da condição de sexo feminino”, desconsiderando a dignidade da vítima enquanto
mulher, sua incidência no período de pandemia do COVID-19 e consequências
geradas a família. Objetivos Específicos: •Identificar parte Histórica do Feminicídio:
origem, raízes do Patriarcal; •Analisar Politicas Publicas proativas e repressivas,
bem como se ocorreu o aumento durante a pandemia; •Descrever Estudo de caso –
síntese: Sentença nacional e a corte; •analisar danos causados a família da vítima.
INTRODUÇÃO
Segundo Fonseca et al. (2018), a violência contra a mulher ocorre por meio
de uma construção social articulada em um sistema de dominação masculina. Uma
violência observada no decorrer da história da humanidade e,
A lei que punia o homicídio praticado contra a mulher por razão da condição
de sexo feminino antes da LEI nº 13.104, não havia nada de especial. Dizendo em
outras palavras o FEMINICIDIO era punido, de forma genérica, como sendo um
simples homicídio previsto na Lei 121 do código Penal, em depender do caso
concreto poderia até ser enquadro como sendo Homicídio qualificado que podemos
encontrar no inciso 2º desse mesmo artigo, onde os parágrafos II ou IV desse
mesmo inciso podem ser utilizados; Homicídio qualificado:
§ 2° Se o homicídio é cometido:
II – por motivo fútil;
IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso
que dificulte ou torne impossível à defesa do ofendido; (art. 121, 2º, do CP).
Mas, no entanto não existia previsão de uma maior pena. A Lei nº. 13.104/2015 veio
alterar esse panorama e previu expressamente que o feminicidio deve ser punido
como homicídio qualificado, bem como o incluiu no rol dos crimes hediondos.
Portanto foi acrescentado também ao artigo 121 do CP no paragrafo 2º o inciso VI,
para tratar do FEMINICIDIO. Com pena de reclusão de 12 a 30 anos, sendo sujeito
ativo, qualquer pessoa e passivo obrigatoriamente uma pessoa do sexo feminino.
No Decreto-Lei no 2.848, art. 129 do Código Penal prevê também causas de
aumento de pena exclusivas para o feminicídio. § 7º ao § 12. No qual a pena do
feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:
durante a gestação ou após 3 meses de ter tido filho, contra pessoa menor de 14,
maior de 60 ou com deficiência; na presença de descendente ou de ascendente da
vítima. A lei entrou em vigor no dia 09/03/2015 é mais gravosa e, por isso, não tem
efeitos retroativos,
Muitos irão dizer: mas a Lei Maria da Penha já não punia isso?
E a resposta é não, a lei Maria da Penha traz um rol de crimes em seu texto,
no qual o objetivo foi exposto regras processuais para proteger a mulher vítima de
violência doméstica, mas sem tipificar novas condutas, salvo apenas uma pequena
alteração feita no artigo 129 do código penal. Mas as medidas protetivas da Lei
Maria da Penha poderão ser aplicadas a vitima de feminicidio, desde que na
modalidade tentada, pois as vitimas precisaram de maior proteção.
Outras interrogações poderão surgir, agora sobre as relações
HOMOAFETIVAS, que podemos dize quando a homicídio em que uma mulher mata
sua companheira, poderá haver FEMINICIDIO, se o crime for em razão da condição
de sexo feminino. No caso de relação entre dois homens, continuará sendo
homicídio, obviamente.
No entanto existe a questão da pessoa transexual que possui a certeza de
pertencer ao sexo oposto ao inscrito em seu registro. Em uma visão atual podemos
dizer ser um corpo, com biótipo diferente da sua orientação sexual.
Portanto, para os efeitos penais da qualificadora, “entendemos ser
perfeitamente possível figurar o transexual como vítima do feminicídio, desde que
alterado suas características mediante cirurgia alterando sua identidade civil”,
FRAGOSO (1979).
4 CONCLUSÃO
Diante dos fatos dispostos acima, concluímos que o Brasil vem avançando
nas ações de enfrentamento da violência contra a mulher. Porém, a legislação e as
políticas públicas adotadas pelo Estado ainda estão longe de serem suficientes,
necessitando-se de um maior apoio do governo federal, estadual e municipal, em
ações sócios educativos. Nesse sentido, constata-se a necessidade de retirar essas
crianças e adolescentes da situação de invisibilidade, pois em média, cada mulher
assassinada em decorrência de violência doméstica deixa dois órfãos. A realização
de intervenções nas famílias expostas à violência, os serviços de saúde e proteção
devem ter condições de garantir o acolhimento e o atendimento das vítimas da
violência, incluindo o acompanhamento médico, psicológico e social até ações
efetivas de proteção; precisa pensar em políticas públicas destinadas às vítimas
indiretas da violência doméstica; tais como a criação de projetos de lei em que
sejam designados recursos financeiros as famílias envolvidas, para que tenham
suporte para a criação dos órfãos. A orfandade decorrente do feminicídio doméstico
necessita sair da invisibilidade, pois crianças e adolescentes não devem ser
obrigados a lidar sozinhos com uma situação que não decorreu de suas ações;
políticas públicas devem fazer parte do que pretendam, para eliminar o estigma que
recai sobre os órfãos e diminuir o impacto do feminicídio no Brasil.
REFERÊNCIAS:
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