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Violência contra a
mulher: Como
identi!car e
combater?

O termo “Violência contra a mulher”


resume diversos tipos de violência que
acontecem sistematicamente no Brasil
e no mundo por questões de gênero. Ou
seja, mulheres agredidas porque são
mulheres.

Essas agressões não se limitam apenas


ao ato físico, mas a atos lesivos que
resultem em danos psicológicos,
emocionais, patrimoniais, Pnanceiros,
entre outros.

Em tempos de pandemia e isolamento


social, onde as mulheres Pcam mais
tempo em casa, na companhia de
parceiros, tutores e familiares, o
número de casos e denúncias sobre
violências aumentou
signiPcativamente: registros de
feminicídio cresceram 22,2% e os
chamados para o 180, Central Nacional
de Atendimento à Mulher, aumentaram
em 34% se comparado com o mesmo
período do ano passado, de acordo com
o Fórum Brasileiro de Segurança
Pública.

Entenda, nesse artigo, as principais


características da violência contra a
mulher, como identiPcá-las e combatê-
las:

O que é a violência contra a


mulher?

Violência contra a mulher é um


conceito para dePnir diferentes tipos de
violência sofridos por mulheres porque
são mulheres, o que inclui desde
assédio moral até homicídio. É uma
forma de violência de gênero, que
caracteriza agressões contra mulheres,
transexuais, travestis e homossexuais.
Independente do tipo de violência
cometido, os direitos humanos da
mulher e sua integridade física,
psicológica e moral são desrespeitados.

A violência contra a mulher redete


questões de ordens cultural, social e
religiosa que se manifestam de formas
distintas nas diferentes partes do
mundo. Enraizada e apoiada no
patriarcado, a violência contra a mulher
está presente tanto no espaço público
quanto na vida privada, dentro de casa,
nos espaços de trabalho, em geral
imposta por pessoas que a mulher
conhece, convive e em quem conPa.
Caso de parentes, cônjuges, amigos e
pessoas com quem ela se relaciona.

O que ocasiona a violência?

Em sua casa, a mulher pode sofrer


violência por parte do pai ou marido,
por não obedecê-los. Na rua, ou em
ambiente de trabalho, se torna vítima
de assédio e violência física, nos casos
em que decide confrontar. O
comprimento da saia, que se torna
justiPcativa de que ela “pediu” para
receber cantada – nome disfarçado
para assédio. Na vida íntima, quando a
mulher é forçada a fazer sexo contra a
sua vontade e consentimento, mesmo
dentro do casamento. Sendo ainda nos
casos em que é penalizada física e
psicologicamente por isso.

Todas essas situações ocorrem,


principalmente, por conta de uma visão
distorcida do homem em relação à
mulher e a posição que ela ocupa na
sociedade. Na história ocidental,
homem e mulher têm papéis
assimétricos. Acredita-se que o homem
é o provedor, a mulher, submissa. O
homem é independente, capaz,
resistente. A mulher não é provedora, é
frágil, confusa e dependente do pai ou
marido. O que os leva a crer que
podem tomar decisões pelas Plhas e
cônjuges, violando as escolhas, os
sentimentos e a independência da
mulher, enquanto um ser único. O
sistema social é o do patriarcado, que
signiPca que a Pgura do homem é
enxergada como a que sustenta a
família e paga as contas.

Quais são os impactos da


violência na vida da mulher?

Ao sofrer violência, a mulher pode


enfrentar diversos traumas e doenças
durante a vida. Alguns cenários são:
sentir que não é apta a estudar, obter
novos aprendizados e buscar um futuro
melhor para si; pode enfrentar
diPculdades para emitir suas opiniões
em casa ou no trabalho. Tudo isso por
ter sido silenciada frente a outras
pessoas ou receber menosprezo por ser
mulher.

Segundo a Organização Mundial da


Saúde (OMS), o impacto da violência
na saúde e no bem estar da mulher
podem ser depressão, estresse pós-
traumático, ansiedade, suicídios,
depressão pós-parto, transmissão de
infecções e AIDS.

A OMS demonstra ainda a necessidade


de descobrir os autores dos crimes
cometidos contra as mulheres,
isolando-os do convívio diário, a Pm de
garantir um ambiente seguro e
apropriado para a vida das mulheres.

Por que a violência contra a


mulher precisa ser
combatida?

Um relatório da OMS, que mapeou a


violência contra a mulher de 2011 a
2015 em 133 países, indicou que uma
em cada três mulheres já sofreu
violência física e/ou sexual por parte de
seus parceiros. O relarório revelou,
ainda, que 7% das mulheres sofreram
violência sexual por desconhecidos.
Além disso, 50% se envolveram em um
embate físico com seus companheiros.
Com esse relatório, a OMS busca
determinar a violência contra a mulher
como um problema de saúde pública.

O informe da OMS diz que mulheres


violentadas recorrem aos serviços de
saúde em busca de ajuda. Além disso,
aPrmam que com muita frequência,
instituições de saúde demoram a
reconhecer e lidar com esse tipo de
violência.

Tipos de violências sofridas


pelas mulheres

Violência psicológica

São atos e falas que desequilibram a


mulher emocional e psicologicamente.
Diminuir a sua auto-estima, controlar o
que ela faz, com quem faz ou deixou de
fazer. Controlar suas decisões, de modo
a proibi-la de estudar, seguir carreira
proPssional e adquirir independência
Pnanceira. Essas atitudes não podem
ser confundidas com cuidado e zelo
pela mulher. A imposição sobre as
decisões da mulher pode acontecer por
meio de discursos carinhosos, mas
também por meio de humilhação,
isolamento, ameaças, vigilância
constante, chantagens, ofensas, ou
seja, atitudes que prejudicam a saúde
mental da mulher.

Há também o termo gaslighting, que


dePne ações manipuladoras que um
homem utiliza para fazer a mulher se
sentir desequilibrada, incompetente ou
louca, levando-a duvidar de seus
pensamentos e posicionamentos. É um
abuso psicológico, onde informações
são distorcidas a favor do homem ou
simplesmente com a intenção de fazer
a mulher duvidar de sua memória,
sanidade e percepção.

Violência física

Qualquer ato que reprima a mulher,


utilizando a força física. Os tipos de
violência física variam entre puxões de
braço, de cabelo, empurrões e até
socos e espancamentos. As
consequências físicas e psicológicas
tornam-se evidentes na vida da mulher.
Ela enfrenta o medo de denunciar a
situação, insegurança consigo mesma e
com as outras pessoas e tende a se
isolar, devido ao receio de não
acreditarem na sua história. Pode sofrer
hematomas, ter ossos quebrados,
fraturas, sangramentos internos, perda
do Plho, em casos de gravidez e até
causar a sua morte.

Feminicídio

É o homicídio contra uma mulher


porque ela é mulher. É considerado
feminicídio o crime em que estiver
envolvida a violência familiar e
doméstica; o menosprezo e a
discriminação à condição de mulher.
Isso porque 35% dos homicídios de
mulheres no mundo são cometidos por
seus parceiros, segundo a Organização
Mundial da Saúde.

A lei 13.104, mais conhecida como Lei


do Feminicídio, considera crime
hediondo, ou seja, o Estado entende
como um crime grave e cruel. A lei
tipiPca de um crime de discriminação,
de preconceito e menosprezo da
condição feminina.

Violência sexual

Atos ou tentativas de relação sexual


sem o consentimento da mulher,
normalmente feitos de formas violentas
ou sob coação. Violência sexual é
abuso, assédio e estupro. Pode ser
cometida tanto por pessoas
desconhecidas como por pessoas
conhecidas. Segundo pesquisas do
Ipea, 70% dos estupros são realizados
por conhecidos da vítima ou com quem
mantém algum tipo de relacionamento.
Os atos englobam quaisquer tipos de
relação sexual até, por exemplo, proibir
a mulher de utilizar anticoncepcionais,
não utilizar contraceptivos contra a
vontade dela, obrigá-la ou impedi-la de
abortar.

Violência doméstica

Normalmente engloba todos os tipos


de violência falados anteriormente. É
uma violência velada ou explícita que
acontece, literalmente, dentro de casa.
Em se tratando de violência doméstica
contra a mulher, ela acontece em
quaisquer faixas etárias, podendo ser
quando ela é criança e/ou adolescente,
quando é adulta ou até mesmo idosa.

Ainda que seja comum ouvir o ditado


“em briga de marido e mulher não se
mete a colher”, como uma tentativa –
errada – de apaziguar atritos, é
necessário estar atento aos sinais de
violência sofridos em casa. Esse tipo de
discurso deslegitima a mulher que
denuncia o abuso sofrido. Segundo
dados do Instituto Avon sobre a
violência doméstica contra a mulher, 2
milhões de mulheres no Brasil são
vítimas desses abusos por ano. A
pesquisa revelou que apenas 63%
delas denunciam a agressão. O medo
em denunciar pode partir tanto do
desamparo Pnanceiro, como o marido
ameaçar tirar seus Plhos ou até por
conta de ameaças de morte.

Como denunciar a violência


contra a mulher?

Ligue para o número 180. Esse é o


primeiro passo. Por meio desse canal,
criado pela Secretaria de Políticas para
as Mulheres, o denunciante ou a própria
vítima receberá orientações sobre onde
buscar apoio por perto, além de obter
informações sobre os passos que
devem ser tomados para solucionar o
problema. O serviço é gratuito, como
qualquer serviço de emergência e
urgência, e funciona 24 horas em todos
os dias da semana.

O canal registrou 105.671 denúncias de


violência contra a mulher em 2020. O
número representa um registro a cada
cinco minutos. O dado foi divulgado
pelo Ministério da Mulher, da Família e
dos Direitos Humanos. Há tanto
denúncias sobre violências sofridas,
como encaminhamentos aos órgãos
competentes para tomar atitudes sobre
tais ações ou direcionamento a outras
linhas telefônicas competentes, como
Polícia Militar, Polícia Civil ou Secretaria
de Direitos Humanos, o disque 100.

Lei Maria da Penha

A Lei 11.340 é popularmente conhecida


por Lei Maria da Penha, em
homenagem à mulher que sofreu
violência doméstica por anos e lutou
para a aprovação de alguma medida
que coibisse essa atitude.

Dentre as várias imposições que a


Corte impôs ao governo brasileiro, uma
delas foi a criação de políticas públicas
que visassem à proteção da mulher e
facilitasse a denúncia de agressões.
Dessa forma, a Lei Maria da Penha foi
criada em 2006 no Congresso
Nacional, por unanimidade e já foi
considerada pela ONU como a terceira
melhor lei contra a violência doméstica
no mundo. Apesar de ainda existirem
obstáculos para as denúncias contra
agressões, entre os anos de 2006 e
2013 o número de denúncias aumentou
em 600%.

Como apoiar mulheres


vítimas de violência?

Como vimos ao longo dessa leitura, a


violência contra a mulher é
consequência de diversos fatores,
sendo o principal deles o patriarcado e
a imagem distorcida da mulher
enquanto um ser independente e livre
para fazer suas escolhas.Vimos,
também, que as consequências
psicológicas levam as vítimas a ter
medo de denunciar os abusos sofridos.

Sabendo disso, há, no Brasil, inúmeras


organizações que amparam mulheres,
oferecendo a elas fortalecimento e
apoio em várias frentes para que
possam construir sua autonomia e se
livrar da rotina de abusos.

Ao longo de 14 anos de trabalho, o


Fundo Brasil já apoiou cerca de 60
projetos com foco principal na defesa
dos Direitos das Mulheres. É urgente e
efetivo unir forças com quem fortalece
causas e, principalmente, com quem
fortalece as pessoas que são mais
afetadas pelas violações de direitos
humanos, para mudar o cenário de
violência contra a mulher.

Apoiar o Fundo Brasil é apoiar as


mulheres na sua luta por autonomia e
direitos

Faça parte da luta pela garantia da


segurança e dos direitos das
mulheres!

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