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Está ocorrendo um aumento importante dos estudos na área da saúde sobre a violência,
principalmente nos casos de violência contra a mulher. Isso ocorre por conta do
reconhecimento da dimensão do fenômeno como um grave problema de saúde pública, por
sua alta incidência e pelas consequências que causa à saúde física e psicológica das pessoas
que sofrem violência. Dessa forma, torna-se importante compreender a definição de tipos de
violência que mais ocorrem.
A palavra violência deriva do latim violentia; que significa impetuosidade, aplicação de força,
vigor, contra qualquer coisa. Mas sua origem está relacionada com o termo violare, violação,
que evidencia o caráter danoso e invasivo do termo. Assim considera-se violência qualquer
atitude ou comportamento que se usa da força e do poder para causar intencionalmente dano
ou intimidação contra a integridade física ou psicológica, através de autoagressões, agressões
interpessoais ou coletivas.
Para a OMS, por exemplo, a violência contra a mulher é definida por:
Todo ato de violência baseado em gênero, que tem como resultado, possível ou real, um dano
físico, sexual ou psicológico, incluídas as ameaças, a coerção ou a privação arbitrária da
liberdade, seja a que aconteça na vida pública ou privada. (OMS, 1998, apud DA SILVA,
2007, pg.97)
Já para Santos (1996) a violência configura-se como um dispositivo de controle aberto e
contínuo, ou seja, a relação social caracterizada pelo uso real ou virtual da coerção, que
impede o reconhecimento do outro, pessoa, classe, gênero ou raça, mediante o uso da força
ou da coerção, provocando algum tipo de dano, configurando o oposto das possibilidades da
sociedade democrática contemporânea.
Na perspectiva legal, o artigo 5° da Lei Maria da Penha configura violência doméstica e
familiar contra a mulher como uma forma de violação dos direitos humanos caracterizada por
cinco categorias de acordo com sua natureza, sendo elas: violência física, sexual, patrimonial,
moral e psicológica.
A violência física é entendida legalmente (pela Lei Maria da Penha) como qualquer conduta
que ofenda a integridade ou saúde corporal da mulher. Seus efeitos visíveis e imediatos, a
tornam entre as cinco violências, a mais reconhecida e combatida socialmente.
Ela se caracteriza frente a atos que usam de força física, de algum tipo de arma ou instrumento
que pode causar lesões internas: (hemorragias, fraturas), externas (cortes, hematomas,
feridas). Entre o rol de agressões as quais as mulheres estão sujeitas podemos distinguir
golpes, tapas, chutes, surras, cortes, tentativas de estrangulamento e queimaduras, tortura
física, entre outros.
A violência sexual é entendida, pelo artigo 7° Inciso III, da mesma Lei, como “qualquer
conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não
desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força...”
A violência moral e patrimonial discorrem, respectivamente, sobre condutas que configuram
calúnia, difamação ou injúria e condutas que coloquem em risco a integridade e o direito de
posse de objetos e recursos da mulher.
Por fim, a violência psicológica, é estabelecida pela Lei Maria da Penha, artigo 7° Inciso III,
como: “qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da auto estima ou que
lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas
ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação,
manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição, insulto, chantagem,
ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe
cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;”
Os abusos psicológicos, apesar de frequentes, são por via de regra mais difíceis de serem
identificados. Sem marcas visíveis no corpo da mulher, essas agressões são mascaradas em
atos de ciúmes, controle, humilhação, menosprezo, chantagem, ironias e ofensas. A
manifestação da violência psicológica inclui a discriminação, exploração da mulher, crítica pelo
desempenho sexual, o cerceio à liberdade, vigilância constante, reclusão ou privação de
recursos materiais, financeiros e pessoais, ofensa verbal de forma repetida. Além disso, a
concepção da Organização Mundial da Saúde ainda identifica atos que visam degradar ou
controlar as ações da mulher, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,
constrangimento, manipulação, ridicularização, ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo
à saúde psicológica e à autodeterminação.
Atos estes que para muitos faz parte da dinâmica natural de um relacionamento,
caracterizados como “brincadeiras”. Mas a gravidade dessa realidade traz consequências que,
ainda que não imediatas ou explícitas, atingem a saúde física e psíquica das mulheres, com
desdobramentos que extrapolam o âmbito individual, influenciando sua conjuntura familiar e
até mesmo a econômica e social. As consequências se manifestam desde quadros orgânicos
como obesidade, síndrome de dor crônica, distúrbios ginecológicos, a problemas psíquicos
como depressão, síndrome do pânico, fobia, estresse pós traumático, consumo de álcool e
drogas, chegando muitas vezes à tendência ao suicídio.
Não obstante suas consequências diretas, a violência psicológica contra a mulher preocupa
ainda mais, já que esta normalmente precede a agressão física que, uma vez praticada e
tolerada, pode se tornar constante. Como propõe Bandeira (2014), a violência psicológica é a
argamassa da violência física, uma vez que o agressor se usa daquela para controlar sua vítima
e mantê-la subjugada. O temor e a perda do empoderamento da mulher são consequências
graves de abusos psicológicos, que abrem prerrogativa para que a violência física se manifeste.
Como mostra Miller o agressor, antes de “poder ferir fisicamente sua companheira, precisa
baixar a auto-estima de tal forma que ela tolere as agressões”
Como destaca Day (2003) “os homens têm maior probabilidade de serem vítimas de pessoas
estranhas, enquanto que as mulheres têm maior probabilidade de serem vítimas de membros
da sua própria família ou de seus parceiros íntimos. [...] Sabe-se que de 40% a 70% dos
homicídios femininos, no mundo, são cometidos por parceiros íntimos.” (DAY, 2003, p.15).
Além disso, dados nacionais corroboram essa realidade, como os relatos registrados pelo
balanço da Central de Atendimento às Mulheres 180 (2015) que mostram que 70% das
agressões foram cometidas dentro de uma relação afetiva, ou seja, por homens com quem as
vítimas tinham ou já tiveram algum vínculo afetivo.
Nesse contexto, a violência contra a mulher, que por muitos anos foi respaldada por lei e
justificada por uma ordem social de dominância e subordinação de gênero, ainda se perpetua
em pensamentos e comportamentos. Um processo que acaba por legitimar certas agressões,
especialmente dentro das relações domésticas, julgando-as (ou subjulgando-as) como parte
integrante, e natural, da dinâmica entre homens e mulheres. Se essa quase “tolerância” social
ainda se dá em níveis de estupro e agressões físicas quem dirá em violências que não deixam
roxos ou marcas físicas, nas violências mais silenciosas: as violências psicológicas. Estas
recebem ainda menos atenção e reconhecimento na dinâmica social, mesmo sendo quase
sempre o primeiro passo em um processo de controle e dominação da mulher, que não raro
culmina em agressões físicas e mesmo em feminicídio. A violência do homem contra a mulher,
especialmente a doméstica, passa a ser classificada, então, como um tipo de violência bastante
específica, vista com outros olhos e combatida de maneira mais firme e incisiva (PINSKY;
PEDRO (Org.) 2012).
Em outras palavras a violência contra a mulher é tanto mais percebida e denunciada
quanto for seu nível físico de agressividade – em comportamentos que ferem, deixam marcas
ou, em última instância, matam. “A violência contra a mulher está tão naturalizada que só nos
causa indignação aquela que lesa o corpo."
Desigualdade de Gênero
“Com 46 artigos distribuídos em sete títulos, ela cria mecanismos para prevenir e coibir a
violência doméstica e familiar contra a mulher em conformidade com a Constituição Federal
(art. 226, § 8°) e os tratados internacionais ratificados pelo Estado brasileiro (Convenção de
Belém do Pará, Pacto de San José da Costa Rica, Declaração Americana dos Direitos e Deveres
do Homem e Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a
Mulher).” IMP (Instituto Maria da Penha).
A Lei Maria da Penha tem muita popularidade na sociedade brasileira. E abrange diversos tipos
de violência domestica e familiar contra a mulher, sendo alguns deles: física, sexual,
psicológica.
Maria da Penha casou-se com o colombiano Marco Antonio Heredia Viveros em 1976,
tiveram três filhas.
As agressões começaram após Marco Antonio conseguir sua cidadania brasileira e
conquistar sua estabilidade financeira e profissional. Marco Antonio tinha
comportamentos agressivos e intolerantes, tanto com Maria da Penha quanto com
suas filhas.
O crime ocorreu em 1983, quando aconteceu o uma dupla tentativa de feminicídio de
Marco Antonio, que atirou em Maria da Penha enquanto ela dormia, com isso ela
acabou ficando paraplégica, fora outas complicações físicas e psicológicas.
Inicialmente, Marco contou a policia que haviam passado por uma tentativa de assalto,
mas isso logo foi desmentido pela perícia.
Após quatro meses internada, passando por tratamentos e cirurgias, Maria da Penha
voltou para sua residência, e novamente sofreu na mãe de seu então marido,
passando 15 dias em cárcere privado e uma tentativa de eletrocussão durante o
banho.
O primeiro julgamento de Marco Antonio aconteceu somente em 1991, onde a
sentença foi de 15 anos de prisão, mas acabou saindo do fórum em liberdade em
consequência de recursos solicitados pela defesa do agressor.
O segundo julgamento ocorreu em 1996, e nesse intervalo, Maria da Penha escreveu
seu livro Sobrevivi... Posso contar, publicado em 1994, onde contou sua história e o
andamento do processo. Nesse segundo julgamento Marco Antonio foi condenado a
10 anos e 6 meses de prisão, mas essa sentença novamente não foi comprida devido a
algumas alegações da defesa.
Em 1998 o caso ganhou repercussão internacional.
O ano de 1998 foi muito importante para o caso, que ganhou uma
dimensão internacional. Maria da Penha, o Centro para a Justiça e o
Direito Internacional (CEJIL) e o Comitê Latino-americano e do Caribe
para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM) denunciaram o caso
para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da
Organização dos Estados Americanos (CIDH/OEA).
Como surgiu?
Em 2002, por falta de uma lei especifica, formou-se um Consórcio de ONGs Feministas onde
foi elaborado uma lei de combate à violência contra mulher, sendo domestica ou familiar.
A Lei 11.340/06, que recebeu o nome de “Lei Maria da Penha”, foi
fruto da organização do movimento feminista no Brasil que desde os
anos 1970 denunciava as violências cometidas contra as mulheres
(violência contra prisioneiras políticas, violência contra mulheres
negras, violência doméstica, etc.) e nos anos 1980 aumentou a
mobilização frente a absolvição de homens que haviam
assassinado as esposas alegando “legítima defesa da
honra”. (Ministerio Público do Estado de São Paulo)
Após alguns debates o Projeto de Lei n. 4.559/2004 da Câmara dos Deputados chegou
ao Senado Federal (Projeto de Lei de Câmara n. 37/2006) foi aprovado.
E em 7 de agosto de 2006, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei
N. 11.340.
Conclusão
https://www.institutomariadapenha.org.br/lei-11340/resumo-da-lei-maria-da-
penha.html - RESUMO LEI MARIA DA PENHA
https://www.institutomariadapenha.org.br/quem-e-maria-da-penha.html - QUEM
É MARIA DA PENHA
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Violencia_Domestica/
Lei_Maria_da_Penha/vd-lmp-mais/Historia_da_lei#:~:text=A%20Lei
%2011.340%2F06%2C%20que%20recebeu%20o%20nome%20de
%20%E2%80%9C,%2C%20viol%C3%AAncia%20dom%C3%A9stica%2C
%20etc.) –
HISTÓRIA MARIA DA PENHA
https://assets-compromissoeatitude-ipg.sfo2.digitaloceanspaces.com/
2014/02/1_7_avancos-e-obstaculos.pdf - AVANÇOS E OBSTÁCULOS NA
IMPLANTAÇÃO DA LEI 11.340/2006
Referências
https://www.google.com/amp/s/m.mundoeducacao.uol.com.br/amp/sociologia/
desigualdade-de-genero.htm
https://www.google.com/amp/s/m.meuartigo.brasilescola.uol.com.br/amp/
direito/desigualdade-genero-machismo-reinante-na-sociedade.htm
https://www.ufjf.br/bach/files/2016/10/DEBORA-CRISTINA-DA-SILVA-
CORDEIRO.pdf
Protegendo as Mulheres da Violência Doméstica. Brasília:
2006.midia.pgr.mpf.gov.br/hotsites/diadamulher/docs/cartilha_
violencia_domestica.pdf> Acesso em: 12/01/2017
https://www12.senado.leg.br/institucional/omv/entenda-a-violencia/pdfs/
enfrentando-a-violencia-contra-a-mulher-orientacoes-praticas-para-
profissionais-e-voluntarios
http://www2.eca.usp.br/pospesquisa/monografias/Maria%20Luciana%20Garcia
%20Cunha.pdf
https://ares.unasus.gov.br/acervo/html/ARES/1862/1/Definicoes_Tipologias.pdf