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MATERIAL DO CURSO

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

APOSTILA
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NO BRASIL
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E SEUS REFLEXOS ECONÔMICOS E
JURÍDICOS

Há anos o combate contra a violência doméstica é exercido de várias formas e


pode ser cometida pelo ato, conduta ou omissão que afete qualquer pessoa
que habite o mesmo ambiente doméstico ou não, praticado repetida vezes e
com intensidade.

Segundo Machado e Gonçalves:

Abrange “qualquer ato, conduta ou omissão que sirva para infligir,


repetidas vezes e com intensidade, sofrimentos físicos, sexuais, mentais
ou econômicos, de modo direto ou indireto por meio de ameaças,
enganos, coação ou qualquer outro meio a qualquer pessoa que habite no
mesmo ambiente doméstico privado as crianças, jovens, mulheres
adultas, homem adultos ou idosos a viver em alojamento comum ou que,
não habitando no mesmo agregado doméstico privado que o agente da
violência seja cônjuge ou companheiro marital ou ex-cônjuge ou ex-
companheiro marital”. (MACHADO E GONÇALVES, 2003).

Segundo as pesquisas o Brasil apresenta números estrondosos sobre esse


problema. Ocorre por muitos fatores: a falta de estrutura familiar, as relações
desarmônicas entre os membros da família, a dependência do agressor a
drogas lícitas e/ou ilícitas.

Não escolhe raça, gênero ou classe social. Normalmente ocorre nas classes
menos favorecidas, onde o fator financeiro acaba por influenciar no humor
causando comportamentos conflituosos e provocando agressões.

O que nos deixa perplexo é que grande parte das vítimas são crianças,
mulheres e idosos, podemos dizer que isso deve ao sistema de criação, que
ainda hoje vigora, esse mesmo que considera da mulher (esposa), submissa
ao marido, e este se vê, no direito de ter o pleno controle sobre a família, e a
partir desse sistema, muitos maridos e pais tratam suas esposas e seus filhos
como subalternos, pois os mesmos tem que obedecer a todas as suas
vontades, caso contrário, de alguma forma serão coagidos. Esses pais, ainda,
vivem nos tempos patriarcal, onde o chefe de família podia e fazia tudo e os
demais obedeciam ou eram punidos.

VIOLÊNCIA
Esse tema vem sendo discutido, a violência pode ocorrer em qualquer lugar,
com qualquer pessoa e de diversas maneiras. Se pararmos pra pensar, sempre
conhecemos ou ouvimos falar de pessoas próximas que foram violentadas. É
uma dura realidade, não temo como negar. Não é de um dia pro outro, vem se
arrastando ao longo do tempo.

Segundo Camargo Orson:

A violência, em seus mais variados contornos, é um fenômeno histórico


na constituição da sociedade brasileira. A escravidão (primeiro com os
índios e depois, e especialmente, com a mão de obra africana), a
colonização mercantilista, o coronelismo, as oligarquias antes e depois
da independência, somados a um Estado caracterizado pelo autoritarismo
burocrático, contribuíram enormemente para o aumento da violência que
atravessa a história do Brasil. (CAMARGO ORSON, 2012)

O Estado tem papel intimamente participativo nesse sistema, onde mantém


“inato” o seu poder de coação, privilegiando a minoria sobre a coletividade, os
fortes em detrimento dos fracos, ostentando com sua ideologia de burgueses o
desequilíbrio social e consequentemente “alimentando” a violência no convívio
social dos mais necessitados, visto que é um dos principais fatores pra que
isso ocorra geralmente associado às más condições de vida.

Entre os fatores está a sensação de impunidade. A pessoa comete um ato


violento contra a mulher ou criança é preso e solto na instante, somente é
levada à delegacia pra fazer um TAC.

Alguns tipos de violência, como, a estrutural que segundo Minayo :

“caracteriza-se pelo destaque na atuação das classes, grupos ou nações


econômica ou politicamente dominantes, que se utilizam de leis e
instituições para manter sua situação privilegiada, como se isso fosse um
direito natural”.

São os crime colarinhos brancos contra os menos favorecidos.

Há a violência sistêmica relacionada ao autoritarismo, a superioridade dos mais


fortes, geralmente ocorrem nas instituições prisionais, com o abuso de poder,
vale ressaltar que se o infrator tiver o dever de cuidado a legislação qualifica a
conduta com uma pena mais grave.
Por fim Violência doméstica, em que ocorre no seio intrafamiliar, cometida
pelos pais e/ou responsáveis.

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Se tratando do aspecto histórico, podemos perceber que a violência doméstica


sempre esteve presente na humanidade, inclusive no passado essa pratica era
muito comum e encarada com até certa normalidade, como podemos perceber
no Código de Hammurabi que em seu artigo 192, por exemplo, consta que:
Previa o corte da língua do filho que ousasse dizer aos pais adotivos que eles
não eram seus pais, assim como a extração dos olhos do filho adotivo que
aspirasse voltar à casa dos pais biológicos. (BARROS, 2005)

Assim como em outros artigos que cita Punição severa aplicada ao filho que
batesse no pai, nesse caso segundo o Código de Hammurabi, a mão do filho,
considerada o órgão agressor, era decepada (art. 195). Em contrapartida, se
um homem livre tivesse relações sexuais com sua filha, a pena aplicada ao pai
limitava-se à sua expulsão da cidade (art. 154). Já em Roma existia a Lei das
XII Tábuas, entre os anos 303 e 304, que chegava a permitir ao pai matar o
filho que nascesse disforme, mediante o julgamento de cinco vizinhos (Tábua
Quarta). (BARROS, 2005)

Como podemos perceber a violência está presente ai já a um longo tempo, e


indo um pouco menos longe no passado temos ai a palmatória, por exemplo,
praticada por professores servindo como punição ao aluno. Fora outros tipos
de violência clássica aplicadas até hoje em crianças como “surra de chinela, de
cinto”, etc. Essas que cada dia que passa vão se extinguindo mais da nossa
sociedade conforme vão tomando consciência do que a violência representa e
quais danos ela pode causar, como traumas e agressividade na pessoa
afetada.

Esse processo de extinção também se dá pelo fato de algumas crianças


conhecerem alguns de seus direitos por verem ou ouvirem nos próprios meios
de comunicação, e também se dá pela proteção que as leis dão contra vítimas
de agressão e a punição contra os agressores.

A Violência Doméstica Intrafamiliar Segundo Monteiro et all (1995) as


enquadram em quatro tipos mais comuns: Física; Psicológica; Negligência e
Sexual.

A Física está relacionada aos atos de agressão que utiliza da força física pra
cometer lesões internas ou externas, ou ambas, utilizando-se de algum
material, instrumento, ou apenas as próprias mãos. Vem crescendo muito de
adolescentes contra pais e avós.

A Psicológica às vezes tão ou mais prejudicial que a física, é caracterizada por


rejeição, depreciação, discriminação, humilhação, desrespeito e punições
exageradas. Trata-se de uma agressão que não deixa marcas corporais
visíveis, mas emocionalmente causa cicatrizes irreparáveis para toda a vida. É
uma ação ou omissão de atos que provocam uma diminuição da autoestima,
acarretando danos ao desenvolvimento do indivíduo. Refere-se a danos
morais.

Já a Negligência é a omissão propriamente dita, com relação a um indivíduo


que necessite de ajuda para sua sobrevivência por conta de delimitações
sejam elas físicas ou relacionadas a idade, entre outras. Tendo como sujeito
membros da família, lembrando que essas delimitações podem ser
permanentes ou temporárias.

Por fim, temos a Sexual que se relaciona ao ato da prática sexual ocorrida
contra a vontade do parceiro, que utiliza-se da sua situação de poder, com
força física ou influência psicológica, podendo também utilizar-se do manuseio
de armas ou provocando a ingestão de drogas para vítima, sejam lícitas ou
ilícitas, cometendo mais um ato criminoso.

Quando nos referimos ao tema Violência Doméstica a primeira imagem e


contexto que nos vem à cabeça, trata-se de Violência contra a mulher, isso por
que em é com elas que em maior grau acontece, mas não se limita apenas a
elas, ainda abrange mais vítimas, entre eles podemos destacar o idoso, as
crianças, deficientes físicos e mentais, os homens e os próprios animais.
O fato das mulheres terem ganhado espaço na sociedade, lutando pelos seus
direitos, conseguindo maior autonomia social e econômica, consequentemente
provocou uma maior ascensão social entre as classes, vem despertando uma
maior sensibilidade e intolerância social à violência.

No caso de violência contra a mulher podemos citar vários tipos como o


assédio sexual, a desvalorização do trabalho doméstico, a discriminação e até
a violência de gênero que ocorre quando o homem agride a mulher apenas
para manter o controle sobre ela. Segundo alguns autores, esse tipo de
agressão ocorre principalmente por ainda existir no homem o sentimento de
posse em relação a mulher e filhos.

A violência contra a mulher é a mais comum, dentre as violências domésticas,


e isso acontece por uma série de fatores. Muitos maridos tratam suas esposas
como uma empregada, que não devem possuir liberdade alguma, e elas têm
que viver submissas a eles, devido a esse pensamento antiquado, as mesmas
não são respeitadas, e isso acabam infringindo a sua dignidade humana,
muitos deles praticam agressões físicas, essa violência física acontece por
motivos como: ciúmes, alcoolismo e etc.

Estudos têm mostrado que muitas mulheres são agredidas diariamente por
seus parceiros, mas muitos casos são omitidos pelas vítimas, isso ocorre
geralmente por uma questão de medo, pois as mesmas sofrem ameaças por
parte de seus agressores, porém, esse não é o único motivo da omissão,
outras não denunciam, devido a dependência em que vive, pois as vezes não
possuem profissão, ou seja, renda própria, ou não possuem renda suficiente
pra manter a casa e sustentar o filhos, e com isso encontram-se em uma
situação complicada, por causa da dependência financeira.

Diversos estudos mostram que poucas são as mulheres vítimas de violência


que procuram ajuda das autoridades. A maioria busca algum tipo de ajuda
junto à família ou a amigos ou silencia, por diversas razões, entre elas: medo
de represálias, preocupação com os filhos, dependência econômica, falta de
apoio da família e dos amigos e esperanças de que a situação de violência
venha a ter um fim.

Quando a violência se dá com os maus-tratos com idosos, geralmente as


principais formas são a violência física e a psicológica, e em outras vezes por
causa da negligência. Nesses casos geralmente os idosos agredidos não
denunciam os agressores às autoridades, talvez porque negam-se a adotar
medidas legais contra pessoas da própria família.
A sociedade em geral, criou um certo preconceito para com as pessoas idosas,
pois pensam que devido a idade avançada e algumas limitações adquiridas, os
mesmos não são mais importantes dentro da sociedade, porém não lembram
que eles já contribuíram demais para o desenvolvimento da comunidade, e
agora devem ser respeitados, possuindo os seus devidos direitos.

Muitos familiares não querem assumir a responsabilidade de cuidar de seus


parentes idosos, pois os consideram empecilhos em suas vidas, e por isso não
dão o devido tratamento que a pessoa mais velha merece, também por muitas
vezes cometem ate agressões físicas contra os mesmos.

Muitos idosos sofrem maus tratos, isso acontece pelo fato de serem
consideradas pessoas que não possuem mais utilidade, e são considerados
inválidos, e em muitas famílias, os membros querem se ver livres deles, e por
isso internam eles em asilos, e os deixam esquecidos até o final de suas vidas,
outros ainda convivem, porém cometem agressões constantemente, tratam
mal, roubam suas aposentadorias, e deixam os idosos sem a devido
assistência, tudo isso acelera o processo de envelhecimento, que
consequentemente acelera o processo de morte.

Já se tratando da violência doméstica contra crianças, sabe-se que um grande


número delas são traumatizado devido à violência física, psicológica e sexual
que sofrem dentro da própria casa. Esse fato acontece, pois uma boa parte dos
pais pensa que a melhor forma de educar é ‟batendo” em seus filhos,
acreditam que só assim vão mudar seu comportamento, podem ate mudar, por
causa do medo adquirido, mas esta não é a forma correta de educar, pois
muitas crianças adquirem problemas, tanto físicos como psicológicos.

A melhor forma de ensinar é pelo exemplo, não por violência. Muitos jovens
são problemáticos na escola, e isso se justifica pelos problemas vividos em
casa, pois constantemente brigam com os pais, sofrem agressões, abusos, e
isso afeta diretamente o desenvolvimento do mesmo.

Outra forma de violência bastante comum é a violência sexual, muitas crianças


são abusadas sexualmente, geralmente, as pessoas que abusam, são
indivíduos que mora com as vítimas, podendo ainda ser professores, parentes
ou até mesmo por outros adultos próximos a criança. Esta é uma das piores
formas de agressão, pois além de causar danos físicos, causam também danos
psicológicos, que por muitas vezes são irreparáveis.
O Estado tem a obrigação de garantir a integridade e a dignidade das crianças
e dos adolescentes, por isso criou o Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA), mas não é só papel do Estado garantir essa proteção, mas sim de toda
a sociedade. A escola é outro elemento importante nessa problemática, pois
tendo um papel sócio educacional, pode intervir em certos assuntos, de modo a
ensinar pais e filhos a terem uma melhor convivência, principalmente os pais,
orientando-os uma melhor forma d criar seus filhos, e educando-os de verdade.

As mulheres assumem, por vezes, o papel de agressoras, contudo, em uma


proporção bem menor relacionado aos homens. Geralmente tende a esconder
por motivo de vergonha. Neste tipo, a agressão pode ser feita tanto pela mulher
quanto por amigos ou parente que querem proteger a mulher do seu
companheiro. Na maioria dos casos onde a mulher é a agressora, a mesma já
foi vítima por várias vezes do mesmo companheiro.

Na maioria das vezes os agressores são homens, e as vítimas de violência


doméstica são, principalmente, as mulheres. Em geral, o homem violento
apresenta características comuns como, por exemplo, alcoolismo, está
desempregado, com autoestima baixa, já teve experiências com maus tratos e
por fim depressão. Às vezes o agressor pode demonstrar para a sociedade ser
uma pessoa responsável, dedicada e carinhosa, contudo, dentro de casa ele se
transforma, por isso que muitas mulheres sentem medo em denunciar o
agressor, temendo essa que a sociedade não irá acreditar no seu depoimento.
(CLÁUDIA ALVES, 2005).

Já a vítima, por sua vez, apresenta algumas características comuns, como,


vergonha, falam pouco, não reagem se conformam com tudo, ficam passivas e
deprimidas. (CLÁUDIA ALVES, 2005).

Essas vítimas geralmente encontram-se numa relação de codependência com


seus agressores por razões materiais ou emocionais e por isso acabam não
tomando as devidas providências, o que não contribui para a diminuição dos
casos de violência doméstica, muito pelo contrário, isso só generaliza a
violência.

Quanto a natureza dos comportamentos agressivos podemos citar a relação da


violência doméstica com o uso de substâncias como álcool e drogas. Segundo
estudiosos, o uso de substâncias psicoativas deixam as pessoas mais
agressivas e sem controle sobre seus atos. Nos casos em que as vítimas são
agredidas por pessoas que fizeram uso de tais substâncias, geralmente os
agressores não são denunciados por serem amáveis quando estão sobreis, o
que dificulta a decisão do parceiro. O objetivo desses estudos é o de aumentar
o entendimento das conexões do uso de substâncias psicoativas com a
violência doméstica visando o bem estar físico e psicológico da família.

Muitos trabalhos vêm sendo realizados para diminuir o alto número de vítimas
de violência doméstica. Estes trabalhos aos poucos vão sendo desenvolvidos
com a expressiva participação dos principais meios de comunicação social.
Trabalhos divulgados com a importância da mulher na sociedade, seu papel,
ajudando na conscientização pra tentar diminuir esses números alarmantes,
porém muitas outras medidas ainda devam ser tomadas, sempre lembrando
que vai muito além da violência contra a mulher.

É sabido que a mulher é a principal vítima de violência doméstica e isto porque


ela foi sempre discriminada ao longo da história, era o homem quem tinha o
dever de sustentar a casa, e a mulher tinha como principal papel a procriação e
educar os filhos, por isso, ainda muito dos nossos homens pensam desta
maneira e segundo estes, a mulher deve ficar em casa cuidando dos filhos sem
levar em conta outros direitos que ela tem.

Essas vítimas geralmente encontram-se numa relação de codependência com


seus agressores por razões materiais ou emocionais, e por isso acabam não
tomando as devidas providências, o que não contribui para a diminuição dos
casos de violência doméstica, muito pelo contrário, isso só generaliza a
violência.

ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS

A violência doméstica pode ser conceituada também dentro do âmbito


socioeconômico. A agressão pode ser dividida também e ter criada um
parâmetro a partir das classes sociais das pessoas envolvidas, como por
exemplo, determinar o perfil do agressor e como ele age nas determinadas
classes de uma sociedade. As consequências de uma agressão variam
claramente, sendo dependente direto da situação em que vivem as pessoas.

Não se pode associar esta violência somente à pobreza, nas classes mais altas
esse problema é tratado de forma mais reservada, fazendo com que o caso
seja “abafado”.

Tomando como base várias pesquisas divulgadas nos meios de comunicação,


a agressão doméstica ocorre em maior número nas classes denominadas
“baixas”, um fator que pode ser explicado pelo fato de muitas vezes o agressor
não ter muitas perspectivas econômicas futuras, fazendo com que se crie um
pensamento de fracasso e decepção, dois fatores que juntos podem
desencadear várias consequências, como passar a agredir diariamente uma
pessoa, pelo fato de sua situação financeira se manter estável, de um jeito que
não o agrada.

Isso também pode abrir caminhos para uma patologia ser identificada, o
indivíduo pode passar a ter sérios problemas psiquiátricos, podendo agravar
ainda mais a situação.

Sendo que, dentre esses fatores citados, o que mais “pesa” na decisão de
denunciar o agressor ou não denunciá-lo ,é o fator econômico, visto que,
muitas das pessoas que sofrem agressões, não têm condição ou apoio da sua
família para deixar seu companheiro.

Dessa forma, a submissão financeira da mulher para com homem, ajuda a


manter as estatísticas de violência contra a mulher, nas alturas. Assim,
podemos perceber que a violência doméstica causa diversos efeitos, dentre
eles estão os sociais, econômicos e jurídicos.

E podemos identificar tais efeitos, como por exemplo, o econômico no fato de


as mulheres não denunciarem seus agressores por conta da dependência
financeira, também em casos de problemas financeiros, desemprego
enfrentado pelo marido, por exemplo, acaba por descarregar tudo em sua
companheira, o gasto com medicações para tratar dos ferimentos, etc.

Já no social é como isso é passado pra sociedade na qual devemos ter


cuidado para não passar os efeitos para a mesma, como criar uma sociedade
mais violenta, por exemplo, mas o mundo vem mudando e antes o que era
encarado naturalmente, e agora vem se conscientizando dos seus efeitos
sobre as vitimas, e cada vez mais sumindo essa prática, e sendo agora vista
com outros olhos, estes que agora vem conseguindo enxergar o assunto mais
claramente.

Em muitos casos a denuncia não ocorre, isso pode ser justificado por um fator
econômico, pois o agressor, geralmente, é que sustenta a casa, e
consequentemente por causa dessa situação, os demais membros da família
encontram-se dependentes financeiramente do mesmo, também, outro fato que
justifica a não denuncia da vítima, é o medo que ela possui do agressor, isso
se da pelo fato dela ser constantemente ameaçada.
São muitos fatores que justificam a violência doméstica, é um tema complexo
que envolve não só a família especificamente, mas sim, toda a sociedade, pois
está ligado a questões culturais, sociais e econômicas.

ASPECTOS SÓCIO JURÍDICOS

Desde os tempos mais antigos, como Grécia, em Roma, até a sociedade atual
existe o conceito machista de que a mulher é submissa ao homem, embora no
século XXI essa realidade tenha mudado um pouco, pois as mulheres vêm
ganhando mais destaque dentro da sociedade. Mas infelizmente ainda existem
homens que pensam que são superiores as mulheres, estes acreditam que
suas parceiras devem viver de acordo com suas vontades, para atender suas
necessidades e seus gostos, e não devem possuir liberdade, tanto financeira
como social.

A partir dessa concepção, é que geralmente surge a violência contra a mulher,


estas são agredidas por seus parceiros e com isso a sua moral, sua dignidade,
sua segurança e sua integridade física são afetadas.

Antigamente, devido a inexistência de uma lei específica, esses casos de


violência doméstica ocorridas no Brasil, eram resolvidos pela lei de Juizados
Especiais, na maioria dos casos, a resolução do processo se dava por meio de
acordos entre os envolvidos, o que por muitas vezes o agressor saia impune.

Dentro da definição do que é a violência doméstica é que foi baseada a Lei


Maria da Penha (Lei Nº 11.340 decretada em 22/09/2006) que tem o propósito
de coibir à violência doméstica contra mulheres, seja ela física, psicológica,
sexual, patrimonial ou moral. E traz consequências severas para o indivíduo
agressor, independente do perfil em que ele se encaixa.

Temos como uma das principais leis para combater a violência doméstica a lei
Maria da Penha, que visa erradicar e punir toda violência contra a mulher. De
acordo com o artigo 69, em caso de violência doméstica, o juiz poderá
determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou lugar
de convivência com a vítima.

De alguns anos pra cá, os números de agressões contra as mulheres


cresceram muito no país, devido a essa estatística alarmante, o Estado viu a
necessidade de criação de uma lei específica que tratasse dos casos de
violência contra mulher, então criou-se a lei ''Maria da Penha'', o nome da dela
foi em Homenagem a Maria da Penha Maia Fernandez, pois seu caso foi o
estopim para a criação da mesma, ela vivia sendo agredida por seu marido, e
como consequência dessa agressão tornou-se paraplégica, o caso teve
repercussão internacional.

Sua criação se deu por base no ''Princípio da igualdade'', de acordo com art.50
da Constituição Federal, ''Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no país, a inviolabilidade do direito à vida, á liberdade, á segurança e à
propriedade.

Independentemente de cor, raça, religião, gênero e classe social, todos devem


ser iguais perante a lei, estas premissas são básicas para ser ter uma
sociedade justa, que não atenda só as classes mais privilegiadas, e que de
acordo com a lei, todos tenham direitos iguais, mas infelizmente isso não
acontece, vivemos em uma sociedade desigual, que poucos são privilegiados e
a grande massa, é injustiçada, isso geralmente se dá por fatores econômicos.

A lei foi sancionada em 7 de agosto de 2006, pelo então presidente, Luís Inácio
Lula da Silva, e entrou em vigor dia 22 de setembro do mesmo ano.

De acordo com o art. 1º da lei Maria da Penha, in verbis:

Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar
contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a
Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a
Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela
República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de
assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e
familiar.

De acordo com a lei, os tipos de violência são: Física: que lhe cause danos
corporais, afetando sua saúde; Psicológica: que lhe cause danos emocionais,
como diminuição de sua autoestima, isso pode acontecer por meio de
humilhações, ou por ameaças. Sexual: que o ato sexual seja forçado, ou seja,
relações sexuais sem o seu consentimento, e que a parti de tal ato gere,
lesões, gravidez, doenças dentre outros. Patrimonial: esta é entendida como,
destruição, subtração, de seus bens, objetos pessoais, profissionais. Moral:
esta pode ser entendia como qualquer ato que expresse calúnia, injúria ou
difamação.

Em caso de agressão, deve se prestar o boletim de ocorrência, para assim a lei


ser ativada, e o ministério público tomar conhecimento, a partir de então, a
vítima tem direito imediato à proteção policial, atendimento hospitalar,
transporte, dentre outros direitos. Existem vários casos que muitas vítimas
voltam atrás e retiram a queixa contra o agressor, isso acontece por motivos
financeiros, pois as mesmas são dependentes da renda do marido, outras
sofrem ameaça e com isso sente-se amedrontadas.

Esse fato acontecia porque até um tempo atrás, a queixa poderia ser retirada,
porém recentemente houve uma alteração na lei, essa modificação diz que
depois de ser feito o boletim, a mulher não poderá mais voltar atrás, pois a
partir do momento em que ela prestou a queixa, o ministério público é quem vai
tomar a frente do caso, pois isso se enquadra no ''Direito Subjetivo da vítima'',
e o MP visa garantir os interesses da mesma, e assim vai ser aberto um
inquérito contra o agressor, para assim não ocorrer impunidade.

Também qualquer pessoa poderá prestar a queixa, mesmo que não esteja
envolvida no caso, existem pontos de vista antagônicos em relação a essas
alterações, alguns concordam, pois acreditam que assim a impunidade irá
diminuir, outros defende que não deveria ser dessa forma, que as vítimas
deveriam ter autonomia, pois os casos são diferentes uns dos outros.

As leis não resolverão o problema, ainda que amenizem, mesmo com a sua
rigidez, constantemente tem passado nos meios midiáticos mulheres sofrendo
agressões, idosos, crianças, entre outros. Não será fácil combater esse ato
criminoso, muita coisa está por volta, são aspectos sociais, econômicos,
culturais e jurídicos que os entrelaçam.

Muitos casos nem se quer entraram para os dados estatísticos das pesquisas,
devido ao seu não conhecimento, por falta de denúncia das vítimas e seus
demasiados argumentos peculiares aos fatores econômicos e afetivos.

Contudo, se não forem criadas políticas públicas voltadas a combater esses


maus-tratos já vimos que essas medidas paliativas não darão jeito ao problema
em foco. A criação de programas sociais e educativos com o intuito de resgatar
valores essências, como: o respeito, a educação, a tolerância, e principalmente
ao lado efetivo entre os membros da família, pois só assim poderia mudar essa
situação que se encontra, onde vigora a figura do patriarcalismo.

Com a conscientização das pessoas envolvidas (agressores e vítimas), tendo a


nítida visão de que todos têm o direito de que se respeite sua integridade física,
moral e psíquica, com o passar dos dias esses atos de boa fé teoricamente
disseminariam e com o passar dos dias todos poderiam usufruir de um convívio
mais saudável com uma vida mais justa e com menos preocupações.

BONS ESTUDOS E FELIZ PROVA-PE


Produção, Edição, Elaboração e Revisão de Texto:
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