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A clínica não faz nada! ela não fará nada enquanto ela não começar a produzir o
desejo...'
É o momento de encontrar o que entristece a vida, ao invés de alimentar o ódio.
É preciso encontrar o que deixa a vida impotente, ao invés de querer poder!
E por efeito conquistar um desejo que comece no acontecimento e não no dever-
ser.
A clínica não vai dar consciência ao desejo. A clínica não faz nada! ela não fará
nada enquanto ela não começar a produzir o desejo — e por efeito, a consciência.
E esse o modo de operar dessa clínica do desejo. É necessário então vasculhar
dentro de nós mesmos, fazer de nós mesmos um laboratório. E para ser um criador
também tem que se ser um desconstrutor de si!
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Mas se você não se conforma e não está resignado com o momento atual de nossa
sociedade rendida e não compactua com o dualismo raso entre vítimas e algozes, e
sente que o problema não é apenas macropolítico ou econômico, mas micropolítico
e, por isso mesmo, um problema clínico das relações do desejo...para você que
questiona e busca armas de pensamento prático para esse combate, faço aqui um
convite.
Eu reforço aqui esse aspecto...Então teorizar não seria contemplar um ideal e sim
durar através do tempo próprio em que o real emerge como acontecimento vital de
uma potência ou de uma força de existir.
Se manter suficientemente à espreita, suficientemente em duração enquanto nos
debruçamos sobre algo que nos afeta, a ponto daquilo virar um acontecimento de
desejo.
Ou seja, você contempla, contempla, contempla até ultrapassar a imaginação. E o
que é
contemplado torna-se a própria fonte da força de espreitar, virando assim uma força
propulsora do desejo.
Você pode contemplar, praticando a arte da espreita; como um sapo contempla
imóvel um mosquito, até lançar sua língua, num movimento implacável, e capturar o
mosquito. Ou uma vaca contemplando o capim.
Assim também nós podemos contemplar o acontecimento. Contemplar a teoria
como uma contemplação de acontecimento. A realidade da ideia é a de um ser de
devir de uma força.
Então, fique lá na ideia, vá, permaneça, repita, repita, ouça, ouça, acesse, acesse,
sempre a mesma coisa, até fazer da ideia um devir da força. E aí você encontra no
contemplado mesmo o ser de sua afirmação, que também é um ser desejante de si,
do seu potencial diferencial na existência.
Exercer desse modo o pensamento deixa de ser uma mera teoria separada da
prática.
Assim você consegue se aplicar na clínica sem projetar sobre o outro, o analisando,
modelos de cura ou estruturas compensatórias, mesmo e sobretudo quando a coisa
é inédita ou nunca tenha acontecido. Sobretudo porque sempre há necessariamente
algo de inédito em tudo o que acontece ao desejo, à mente e ao corpo, às nossas
relações; mesmo como retorno ou repetição de uma experiência vivida. Novo que é
tarefa de todo clínico íntegro encontrar.
“Ah, aquele caso, nunca me chegou um caso assim”, mas você consegue pensar.
Sobretudo, clinicar é saber colocar o problema do desejo. Saber recolocar o
problema que chega de um desejo capturado e atolado, reconectar esse desejo com
a sua potência de acontecer. Sobretudo, é isso.
Qual é o problema de uma borboleta surda que é capturada por um morcego que
emite um certo tipo de som? Que essa borboleta crie um ouvido pra ela! É o
problema dela! Qual é a evolução dela? Qual é o devir evolutivo dessa vida?
Então, a própria existência é uma posição de problema. Então, nós temos que... o
clínico esquizoanalítico tem que ser capaz de encontrar o desejo a partir de uma
potência que se coloca ou que é capturada, ou que é colocada na existência, num
meio de relações: familiar, escolar, profissional, conjugal, seja lá de que meio for.
Colocar o desejo como posição de problema, quer dizer, ver que o desejo é
colocado, capturado, posicionado, ou quer escapar.
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Neste propósito Fuganti nos convida à uma reflexão em que abordará temas como;
Diagnóstico e identidade:
Supervisão e cartografia:
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