Você está na página 1de 8

1

Violência doméstica é qualquer ato ou omissão que cause: morte, dor,


sofrimento, danos físicos e/ou à saúde física e/ou psicológica, bem como firam a moral,
a sexualidade e/ou a situação económica e patrimonial.

A violência doméstica é um comportamento violento continuado ou de controlo


excessivo sobre a vítima, sendo exercida de forma directa ou indirecta sobre qualquer
pessoa que habite, ou mesmo não habitando com o agressor, seja companheira (o), ex-
companheira (o), ou familiar.

O agressor faz com que a vítima se sinta incompetente e desvalorizada, vivendo


num clima de medo contínuo.

É um fenómeno que pode acontecer com todas as faixas etárias com qualquer
género, em qualquer classe e idade. Embora as estatísticas mostrem que são as mulheres
as principais vítimas deste comportamento, é importante salientar que a violência
doméstica não existe apenas entre cônjuges de sexos opostos, mas também em casais
homossexuais, e não é apenas contra as mulheres, visto já existirem casos de violência
em que as vítimas são homens.

As crianças e as pessoas idosas também fazem parte deste grupo. As crianças


são-no, mesmo que não sejam directamente objecto de agressões físicas, ao
testemunharem a violência entre os pais.

 A violência doméstica pode assumir a forma de:

 Violência Física:  qualquer comportamento que compreenda a utilização de


força física com o objectivo de causar dor e, ou, que impeça a obtenção de bens
essenciais alimentares e tratamentos de saúde.

 Violência Psicológica ou emocional:  qualquer atitude e, ou, comportamento,


que desrespeite os sentimentos da vítima e consequentemente a levem à
culpabilização, e por vezes mesmo ao isolamento. Usualmente inclui insultos,
desprezo, críticas, humilhação, desvalorização, ridicularização, chantagem
aditiva e emocional, privação de afecto e privação do poder de decisão.

 Violência Sexual:  qualquer comportamento que imponha práticas de cariz


sexual contra a vontade e sem o consentimento da vítima, sendo utilizadas
ameaças, força física, persuasão, uso de álcool ou drogas ou o recurso a uma
posição de autoridade.

2
 Violência Económica:  qualquer comportamento que intente privar ou controlar
o dinheiro da vítima sem que esta deseje. Pode ocorrer através do controlo do
ordenado, recusa de dar dinheiro para necessidades básicas, controlo de contas
bancárias e, ou, impedir que a vítima procure emprego.

 Violência Social:  qualquer comportamento que vise controlar e, ou, impedir, a


vida social da vítima. Pode ocorrer através de estratégias para a afastar rede
familiar e social impedindo a comunicação, tornando-a mais facilmente
manipulável e vulnerável. É um tipo de violência que faz parte da violência
psicológica, assim como a perseguição.

 Perseguição: qualquer comportamento que tenha o objectivo de atormentar a


vítima, seguindo-a e controlando todos os seus movimentos quando sai de casa.

 A violência doméstica funciona como um sistema circular que apresenta, regra geral
três fases:

 A 1ª fase:  é o momento do aumento em que as tensões acumuladas criam um


ambiente de perigo eminente. O agressor mostra-se tenso e irritado por coisas
insignificantes, chegando a ter acessos de raiva o que provoca medo na vítima. Esta
fase pode durar dias, meses ou anos, tendo tendência para aumentar e passar à
violência propriamente dita.

3
 A 2ª fase:  é o momento do ataque em que o agressor explode e maltrata a vítima.
Aqui a tensão materializa -se em violência, seja física ou psicológica.

 A 3ª fase:  é o momento da reconciliação, chamada de “lua-de-mel”, em que o


agressor mostra arrependimento, desculpa-se pelas agressões e envolve a vítima com
carinho e atenção, manipulando a vitima no sentido de a culpabilizar, a demover para
não denunciar o crime, que irá ficar tudo bem, fazendo com a vitima se culpabilize e
não apresente a denuncia. A este período, relativamente calmo, segue-se um novo
período de tensão e rapidamente todo o ciclo se repete.

1. SITUAÇAO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM ANGOLA

1.1 Principais Causas da Violência Doméstica em Angola


 O uso excessivo de bebidas alcoólicas
O consumo excessivo de bebidas alcoólicas tem sido a principal causa dos casos de
violência doméstica ocorridos em Angola, declarou em Luanda a ministra da Família e
Promoção da Mulher.
Em declarações à agência angolana de notícias (ANGOP), à margem dum
"Workshop sobre o Combate ao Consumo Excessivo de Bebidas Alcoólicas", a
governante fez saber que casos de abusos sexuais a menores, conflitos nos lares,
homicídios, entre outros actos criminosos são, na sua maioria, motivados pelo "uso
exagerado de bebidas alcoólicas".
O fenómeno do alcoolismo tem causado consequências drásticas na nossa
sociedade, dando origem a casos de maridos que matam mulheres, mulheres a matarem
maridos, filhos a matarem pais, fatos que estão a causar desintegração das famílias e a
influenciarem negativamente no processo de desenvolvimento do país", frisou.
Ela aconselhou igualmente as famílias a procuram sempre as instituições
especializadas, para aconselhamentos dos casais, visando diminuir o impacto da
violência baseada no género na sociedade.

 Pobreza social e a falta de diálogo familiar

Segundo a deputada Maria Mpava Medina para resolver essa situação e conseguir
harmonia familiar deve-se fazer questão de garantir a educação, sensibilização e
formação das pessoas.
De acordo com estimados, ao menos um terço dos 16 milhões de habitantes de
Angola padecem pobreza.

4
Defendeu, por outra parte, que as vítimas conheçam quais são seus direitos e saibam
para onde se dirigir para fazer valer suas demandas. Por outro lado, disse ser também
importante que os agressores no seio dos lares sejam reeducados pela sociedade.
Em Angola, País que vive hoje imerso em um intenso período de reconstrução
nacional, muitos admitem que as mulheres são ainda vítimas da violência intrafamiliar e
sofrem desigualdades nas oportunidades de emprego.

 Situação Jurídica da Violência Doméstica


O ordenamento jurídico angolano passa a incorporar, depois da competente
promulgação, a prática da violência doméstica como crime público, na sequência da
aprovação, pela Assembleia Nacional, da "Lei Contra a Violência Doméstica".
A lei que tipifica os casos de violência dentro do lar como um crime público resulta
da adequação da proposta do Executivo às recomendações sugeridas pelos
parlamentares aquando da sua discussão na especialidade no dia 13 de Janeiro de 2011.
Naquele data os deputados sugeriram a conformação da proposta de lei aos
princípios e garantias jurídico criminal, conciliação e coesão familiar, a reinserção e
protecção da vítima e do agente do crime, bem como da oportunidade de sancionar e
responsabilizar os actos que atentem contra a mulher grávida e outras práticas que
atentem contra a dignidade humana.
Nesse âmbito, a adequação procurou delimitar o objecto, bem como ampliar o
espectro da lei, com o intuito de dar resposta célere à realidade social actual, de forma a
evitar qualquer atentado aos direitos, liberdades e garantias fundamentais das pessoas.
Nessa perspectiva, foi aclarado o conceito de violência doméstica, suas
manifestações no seio familiar, patrimonial, sexual, físico e psicológico, bem o impacto
na sociedade. O diploma adopta um conjunto de medidas de apoio e protecção da vítima
e do agente entre os quais se destaca a possibilidade de encaminhamento para espaços
de abrigo, sempre que a gravidade da situação determine, a restrição de contactos entre
a vítima e o agente do crime, quando a segurança da vítima ou interesse processual se
imponha.
Insere-se nesse âmbito a prestação de apoios gratuitos, entre os quais o psicológico,
social, médico e jurídico, bem como a consagração do estatuto de vítima para efeitos
legais.
No domínio da responsabilidade criminal evita-se a duplicação de preceitos penais
no ordenamento jurídico angolano e são criados novas tipificações penais públicas e as
respectivas sanções, tais como a ofensa à integridade física ou psicológica grave e
irreversível, a falta de prestação de alimentos à criança e de assistência devida à mulher
grávida.

2. Violência doméstica no município de Cambambe


Quatrocentos e 84 casos de violência doméstica foram registados, de Janeiro a
Dezembro deste ano, no município de Cambambe, província do Cuanza Norte, mais
181, em relação ao idêntico período do ano passado.

5
Do total de casos, oito foram remetidos ao Serviço de Investigação Criminal (SIC),
quatro ao Tribunal da Comarca de Cambambe e restantes resolvidos na instituição a
base de aconselhamento.

Os dados foram avançados à Angop, esta segunda-feira, no Dondo, pela directora


municipal da Acção Social, Família e Igualdade de Género, Laurinda Elisa. Foram
registados 33 casos de fuga à paternidade, 57 abandono do lar, 72 de falta de prestação
de alimentos, 44 de espancamento.

Agressão psicológica, abandono de infante, violência e agressão física contra


menores constam, ainda, entre os casos notificados no período em balanço. O consumo
excessivo de bebidas alcoólicas, desemprego e conflitos conjugais estão entre as
principais causas da violência doméstica na região.

Para mitigar o crescimento do fenómeno no seio das famílias, a instituição tem


realizado palestras de sensibilização nas escolas e mercados, com o objectivo de elevar
a consciência da população para a cultura da denúncia e prevenir os cidadãos no sentido
de absterem-se destas práticas. Laurinda Elisa defendeu, por outro lado, a construção de
um lar de acolhimento de idosos e outro para albergar crianças desamparadas.

6
Conclusão
Desta feita concluímos que, a violência domestica é um mal que se registra em
todo o mundo. Ela se manifesta de várias e diferentes formas que pode ser física,
psicológica, social, moral, económica, emocional ou sexual.
As causas da violência doméstica são muito complexas. Em alguns casos são
motivadas pela hierarquia existente na família, onde o agressor sente-se autoridade
máxima, única, indispensável e inerrante, desprezando a presença e existência de
sentimentos dos outros membros da mesma família. Noutros casos são motivados pela
desigualdade de recursos socioeconómicos, e ainda entre outros tantos, existe os casos
motivados pela frustração no desempenho social, afectivo, sexual, laboral e psicológico.
Para combater a violência doméstica o Estados, em particular o Estado
Angolano, converteu-a em crime punido por lei. E tem levado a cabo uma serie de
campanhas de mobilização e divulgação da mesma lei, incentivando o diálogo no lar de
modo a prevenir males, instabilidades e garantir a harmonia na família.

7
Referencias Bibliográficas
Gabinete das Nações Unidas de Viena, ESTRATÉGIAS DE COMBATE À VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA: manual de recursos / ONU; trad. Emanuel Fernando Gomes de Barros
Matos. -Lisboa: Direcção-Geral da Saúde, 2003.
Cláudia Alves, VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. Coimbra, 2005.
Mariana Pereira Domingues, VIOLÊNCIA E AGRESSIVIDADE, Filosofia - 10º ano.
Escola Secundária Francisco Rodrigues Lobo, Data de Publicação: 21/09/2007
Artigo elaborado a partir da tese de A.S. NEVES, intitulada "A VIOLÊNCIA FÍSICA DE
PAIS E MAES CONTRA FILHOS: CENÁRIO, HISTÓRIA E SUBJETIVIDADES".
Universidade de São Paulo, 2005.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Viol%C3%AAncia
http://www.apav.pt/pdf/violenc_domest_2006.pdf
http://www.violencia.online.pt/
http://www.google.com

Você também pode gostar