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A SEXUALIDADE EM TEMPOS MODERNOS:

DESAFIOS PARA A ESCOLA ATUAL

TOREJANI, Aszuen Tsuyako do Carmo1


ECCHELI, Simone Deperon2
Resumo:
O presente estudo teve como objetivo identificar a necessidade da escola trabalhar
com Educação Sexual. Neste colégio, em 2006, do total de 144 alunas que estavam
estudando, havia 3 casos de adolescentes grávidas; já em 2007, entre as 134
estudantes, este número subiu para cinco. Utilizou-se um questionário de perguntas
fechadas que foi respondido por 109 alunos de 7ªs e 8ªs séries do Ensino
Fundamental para identificar as atitudes relacionadas à iniciação de sua vida sexual
e os conhecimentos que possuíam sobre o uso de métodos contraceptivos. Entre os
alunos pesquisados, 43% revelaram não serem mais “virgens”. Desses, 11%
declararam que não usavam preservativos e 10%, eventualmente, motivos que
justificaram o trabalho junto aos mesmos com palestras e um grupo de estudos de
Educação Sexual. O trabalho desenvolvido mostrou-se muito importante, pois
aprofundou os conhecimentos dos alunos acerca de sua sexualidade, possibilitou
sanar dúvidas existentes e auxiliou no desenvolvimento de hábitos e atitudes para
uma vida sexual saudável e segura. Chegou-se a conclusão de que a escola precisa
trabalhar com essa demanda e que não basta a transmissão básica dos
conhecimentos sobre a fisiologia do corpo humano, restrita às aulas de Ciências; o
trabalho de Educação Sexual não deve partir de respostas prontas, mas deve
encaminhar o aluno a discussões que incorporem questionamentos, e, assim,
ampliar seus conhecimentos e possibilitar ao mesmo condições que o levem a
construção de uma sexualidade sadia com informações baseadas no conhecimento
científico.

Palavras-chave: Educação Sexual; Adolescência; Prevenção da Gravidez.

Abstract:
The present study had the objective to identify the necessity of the school to work
with Sexual Education. In this school, in 2006, from the total of 144 girls who were
studying, there were 3 cases of adolescents being pregnant; already in 2007, among
134 students, this number climbed for five. At first, it was used a questionnaire of
shut questions that was answered by 109 pupils of 7th and 8th grades from Basic
Teaching to identify the attitudes related to the initiation of their sex life and the
________________________________________________________________________________
1
Mestranda em Ensino de Ciências e Educação Matemática pela Universidade Estadual de Londrina
(UEL), Licenciada em Matemática pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (FAFICOP/UENP)
e Especialista em Administração, Supervisão e Orientação Escolar pela UNOPAR; professora da
Secretaria de Educação do Estado do Paraná.
2
Orientadora do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/PR/2008. Psicóloga. Especialista
em Análise do Comportamento, Mestre em Educação e Mestre em Análise do Comportamento.
Professora de Psicologia da UENP - Campus Cornélio Procópio e Psicóloga Escolar da UTFPR –
Campus Londrina.
2

knowledge they had on the use of contraceptive methods. Among the investigated
pupils, 43 % revealed not to be virgin. Of this, 11 % declared that they were not using
condoms and 10 %, eventually, reasons that justified the work with these
adolescents with conversations and a group of studies of Sexual Education. The
developed work appeared very important, since it deepened the knowledge of the
pupils about their sexuality, made possible to undo existent doubts and helped in the
development of habits and attitudes for a healthy and safe sex life. It came up to the
conclusion that the school needs to work with this demand and it is not enough the
basic transmission of the knowledge on the physiology of the human body, limited to
the classrooms of Sciences; the work of Sexual Education must not come from ready
answers, but it must direct the student to discussions that incorporate questions,
and, so, enlarge their knowledge and give them the conditions that will lead them to
the construction of a healthy sexuality with information based on the scientific
knowledge.

Key Words: Sexual education; Adolescence; Prevention of the Pregnancy.

Introdução:

A gravidez na adolescência não constitui um fenômeno novo no


cenário brasileiro. Muito se tem dito e escrito sobre tal assunto, porém ainda
estamos diante de uma realidade assustadora: adolescentes se tornam mães
precocemente, apesar da divulgação e esclarecimentos sobre métodos
contraceptivos, cuidados com o próprio corpo e conhecimento das adversidades de
uma gravidez não desejada.
Em geral a gravidez na adolescência tem sido considerada uma
situação de risco (BRASIL, 2006), devido ao fato da adolescente estar ainda com
seu organismo em desenvolvimento, isto é, ela não está madura biologicamente e
psicologicamente para ter uma gestação. São vários os relatos de complicações
obstétricas em adolescentes, que vão desde anemia, ganho de peso insuficiente,
hipertensão, infecção urinária, doenças sexualmente transmissíveis, desproporção
céfalo-pélvica, complicações puerperais e até mesmo a morte da mãe; quanto mais
próximo da menarca ocorrer a gestação, maiores são as repercussões nutricionais e
complicações para a gestante, visto que seu processo de crescimento ainda está
ocorrendo (VITALLE, 2001).
Vários estudos demonstraram que os jovens estão iniciando sua
atividade sexual mais cedo: em 1996, a idade média para rapazes terem sua
primeira relação sexual era aos 15 anos e as moças, aos 16 anos; contrastando com
3

esses dados, em 2001/2002, 32,8% dos adolescentes brasileiros (com idade entre
12 e 17 anos), já haviam iniciado atividade sexual. Em consequência dessa
precocidade, no ano de 2004, as pesquisas do Programa de Saúde do Adolescente
do Estado de São Paulo constataram que 28% dos casos de gravidez ocorrem nos
três primeiros meses após o início da atividade sexual (REDE FEMINISTA DE
SAÚDE, 2004).
Em outro estudo, realizado em 2006 pelo Ministério da Saúde
(BRASIL, 2006), através da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e
da Mulher (PNDS), entre novembro de 2006 e maio de 2007, observou-se que
32,6% das mulheres pesquisadas tiveram a primeira relação sexual com idade igual
ou inferior a 15 anos, com idade média de 13 anos. Interessante notar que,
prosseguindo à análise da pesquisa, entre a clientela pesquisada na faixa etária de
15 a 19 anos, 53% das entrevistadas foram sexualmente ativas nos últimos doze
meses, contra 44,8%, que nunca tiveram uma relação sexual. Essa pesquisa foi
muito importante no sentido de fazer levantamentos atuais sobre como se encontra
a nossa realidade, no que diz respeito à fecundidade entre as mulheres mais jovens:

Acentua-se um rejuvenescimento do processo reprodutivo. A fecundidade


das mulheres mais jovens (15 a 19 anos) passou a representar 23% da taxa
total, em 2006, em contraste com 17%, em 1996 [data da pesquisa anterior
do PNDS], (BRASIL, 2006, p. 2).

Nos últimos anos a precocidade para a iniciação sexual nos


adolescentes e jovens tem-se acentuado bastante, conforme demonstram algumas
pesquisas já mencionadas. E com um agravante de ordem biológica: o adiantamento
da menarca. Segundo estudos realizados (DIAZ & DIAZ, 1999; VITALLE, 2001),
houve um adiantamento na menarca em torno de quatro meses por década no
nosso século, com desvio-padrão de aproximadamente um ano na maioria das
populações, variando-se de 11 a 15 anos de idade. A precocidade da menarca foi
apontada como um dos fatores do aumento da fecundidade, visto que, houve um
adiantamento da iniciação da atividade sexual, que faz com que as mulheres
apresentem capacidade reprodutiva mais cedo.
Com relação a precocidade da iniciação sexual, a veiculação da mídia
tem contribuído muito para esta instigação. São tantas as exposições e apelos
sexuais a que os adolescentes estão expostos em todo momento e nas mais
diversas situações, aliados a curiosidade e a motivação direta e indireta (da
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veiculação da mídia), que levam à precocidade na sua iniciação sexual. A psiquiatra


Carmita Abdo, coordenadora do Projeto Sexualidade do Instituto de Psiquiatria da
USP, em entrevista a Suzana Lakatos relatou que: “aos 10 anos, 75% dos alunos já
tiveram algum contato erótico, como beijo de língua, amassos e toques em partes
erógenas”. Posteriormente, segundo as pesquisas da psiquiatra, no primeiro
relacionamento duradouro, os adolescentes passam “das carícias para a relação
sexual com penetração em no máximo sete meses”, podendo, a partir daí, acontecer
de tudo “sexo vaginal, oral, anal, masturbação mútua” (LAKATOS, 2008, p. 224).
Muitas pesquisas demonstraram (REDE FEMINISTA DE SAÚDE,
2004; BRASIL, 2006) que, mesmo conhecendo métodos contraceptivos, muitos
adolescentes não fizeram uso deles, numa primeira relação sexual ou depois, na
continuação de sua vida sexual. Isto leva a uma reflexão mais profunda sobre o
assunto: não basta só a informação.
Na concepção de Heilborn (1998, p. 9) “a etapa da juventude constitui-
se como um momento de experimentação do repertório das práticas sexuais e das
preferências do domínio erótico”, onde as explorações do que é considerado
novidade passa a ter aspecto relevante. Paralelo a esta característica da juventude,
na atualidade observa-se uma nova forma de relacionamento: o “ficar”, que
contrasta com os moldes do tradicional namoro, que tinha como enfoque o
“compromisso”. Nos últimos anos houve uma substituição, em parte, do padrão
namorar/casar pelo modelo ficar, que introduziu formas de contatos corporais
específicos, como forma de interação afetiva e sexual entre os jovens (Id., Ibid., p.
22):
Em contraste com o padrão mais estável, previsível e sequencial do
namoro, o “ficar”, além de não envolver “compromisso” entre os parceiros,
funda-se na imprevisibilidade: ele pode resumir-se a um encontro (com ou
sem ato sexual) ou desembocar num namoro. O “ficar” radicaliza a
imprevisibilidade e a intermitência que caracterizam as relações sexuais
juvenis.

O “ficar” incorporou-se aos hábitos de relacionamento entre os jovens,


enquanto etapa de interação e conhecimento entre os pares. Constitui-se para o
adolescente como uma fase mágica, desprovida de compromisso, onde a
experimentação e a exploração de novas emoções é fundamental, retratando o
“pensamento mágico”, da “ideia preconcebida de que nada de ruim poderá
acontecer com ele, independente das ações praticadas” (QUINTANA, 2004, p. 8).
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Esse pensamento mágico está intrinsicamente arraigado ao desenvolvimento


psicológico e social do adolescente. Faz parte de sua condição as situações de
perigo, que são encaradas como desafio, que possibilitam descobrir o novo, testar
os próprios limites e de experimentar emoções inusitadas, além de exercitar a
“irreverência”, bastante característica dessa fase. Em se tratando de sexualidade,
“qualquer planejamento pode tirar o encanto do sexo, o que os leva a praticar o ato
sem pensar nas consequências” (Id., Ibid., p. 8).
Aliado a isso, as famílias encontram dificuldade em tratar de assuntos
relacionados à sexualidade, de forma clara e objetiva, em virtude dos tabus que
foram criados ao longo da história da humanidade, deixando, na maioria das vezes,
ao encargo da escola. Frente a este novo papel na formação da consciência sexual
do adolescente, a escola se mostra fragilizada no que diz respeito ao nível de
responsabilidade na educação sexual, pois os professores, muitas vezes, não se
sentem devidamente preparados para trabalhar com os adolescentes, para sanar
suas dúvidas, curiosidades ou até angústias.
Para Silva (1997) a não formação adequada dos pais e professores
como educadores sexuais, leva a educação sexual a se caracterizar como
pseudoliberdade sexual, que só ajuda na proliferação de novas dificuldades aos
jovens, visto que isto só aumenta a confusão e a insegurança dos mesmos. A
ausência de diálogo entre educadores e educandos, impossibilita que as
informações úteis e mais significativas para a juventude cheguem ao conhecimento
de pais e professores.
Com relação a Educação Sexual, Figueiró (1997, p. 273) “reforça a
questão de que a escola não pode se omitir de se preparar para educar sexualmente
bem seus alunos, tanto informal, quanto formalmente”. A sexualidade, por
conseguinte, deve ser vista como parte integrante da vida e da saúde de todos, da
concepção até a morte, numa forma intimamente ligada ao “direito ao prazer e ao
exercício da sexualidade com responsabilidade” (BRASIL, 2000, p. 15).
Na adolescência, assim como na iniciação sexual, o aprendizado e o
domínio da contracepção se dá de forma gradual, domínio este que se encontra
inscrito num processo de aprendizado e de tomada de decisões, onde o
conhecimento dos métodos contraceptivos não é fator decisivo. A mídia, as escolas,
serviços de saúde e ONGs fazem uma intensa divulgação sobre as informações a
esse respeito, pressupondo-se que apenas isto baste para a incorporação da
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postura contraceptiva entre os jovens escolarizados, que levaria a instauração de


uma conduta de auto proteção, que eliminaria todos os possíveis riscos.
Só a informação não basta, a introdução e a incorporação do uso dos
métodos contraceptivos são lentos e exigem uma discussão entre os parceiros, auto
confiança e apoio social, que dificilmente são compatíveis com o domínio da
iniciação dos primeiros passos sexuais. A política de prevenção da gravidez não
pode estar apenas fundamentada na transmissão de informações que se referem à
contracepção: “ela deve incorporar a lógica que orienta a experimentação sexual
com o parceiro como via principal para a construção gradativa da autonomia
pessoal” (BRANDÃO, 2006 ; HEILBORN, 2006, p. 1422).
A escola também tem entre suas atribuições, colaborar com a
educação sexual dos alunos. Para Figueiró (1997) o papel do educador sexual deve
ser estendido a todas as pessoas que trabalham na escola, assim como também a
todos os elementos da sociedade – estes de maneira informal – ainda que os
mesmos não tenham intenção de atuar como educadores sexuais. Compartilhando
da mesma visão, Arruda e Cavasin (2000) afirmam que qualquer professor ou
professora, desde que deseje, goste de trabalhar em grupos e que, principalmente,
saiba ouvir, poderá executar dentro da escola o papel de educador sexual. É dado
ênfase ao “ouvir” porque dentro de uma proposta participativa este ato “exige
concentração, respeito, ausência de julgamento, aceitação de valores e conceitos de
vida diferentes dos seus” (BRASIL, 2000, p. 19).
Vale ressaltar que o nível de escolaridade e o rendimento também
interferem na variação dos índices de taxas de fecundidade entre as mulheres mais
jovens. Estudos concluíram que a fecundidade tende a diminuir com o aumento de
escolaridade e de rendimento (REDE FEMINISTA DE SAÚDE, 2004).
Conforme pesquisas realizadas pelo PNDS (2006), existem diferenças
contrastantes quando a comparação analisa as diferenças de escolaridade entre as
entrevistadas pela pesquisa, apontando que a taxa de fecundidade para as mulheres
com nenhum ano de estudo fica acima de quatro filhos por mulher, entre as
brasileiras com 12 anos ou mais de estudo, a média é em torno de um filho por
mulher.
Para Cavasin (REDE FEMINISTA DE SAÚDE, 2004, p. 15):
Além de, indiretamente, retardar a idade de contrair o matrimônio e
proporcionar à mulher mais acesso ao mercado de trabalho, a instrução
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assegura ampliação de suas possibilidades de obter informações sobre


métodos anticoncepcionais eficazes e de utilizá-los de forma adequada.

A escolaridade/instrução possibilitam maiores informações sobre a


contracepção e como evitá-la, de modo que ela possa acontecer quando desejada.
Da mesma forma, “à medida que a jovem estuda, ela passa a ter mais perspectivas
de vida, apostando numa profissão” (DIMENSTEIN, 2005, p. 89).

Justificativa e Objetivo:
Conforme várias pesquisas realizadas na área da Sexualidade, os
índices de gravidez na adolescência têm aumentado nos últimos anos (REDE
FEMINISTA DE SAÚDE, 2004; BRASIL, 2006). O que também pode ser observado
no município de Bandeirantes. Na Santa Casa de Misericórdia do referido município,
no ano de 2006, do total de 538 partos realizados, 55 (10,22%) foram de jovens
menores de 18 anos. Já no ano de 2007, do total de 468 partos, 70 (14,95%) foram
de adolescentes. O que mostrou que houve um aumento na quantidade de partos
realizados em adolescentes (ver anexo I: gráficos 1, 2 e 3).
O mesmo quadro tem sido observado no Colégio Huberto Teixeira
Ribeiro de Bandeirantes, PR – campo da nossa pesquisa. No ano de 2006, dentre
as 144 meninas que estavam estudando, havia 3 casos de gravidez: duas
adolescentes com 17 anos e uma com 18 anos, todas cursando o ensino
fundamental; destas alunas, duas evadiram da escola.
Já no ano de 2007, dentre as 134 meninas que estavam estudando,
este número subiu para 5 casos de gravidez: uma adolescente de 13 anos, duas
com 15 anos e uma com 17 anos, todas cursando o ensino fundamental. Três
destas alunas grávidas evadiram da escola.
Na tentativa de compreender os fatores que estão contribuindo para
este aumento de casos, apesar da divulgação de informações em vários segmentos,
levantamos alguns questionamentos, entre outros: que fatores contribuíram para a
elevação desse índice neste colégio? Estas adolescentes que engravidaram
conheciam e/ou faziam uso de algum método contraceptivo? Com quantos anos os
alunos do Ensino Fundamental estão iniciando sua vida sexual? Os alunos têm
recebido orientação sexual na escola? Quais meios utilizam para obterem
informações sobre sexualidade? Tal pesquisa teve como objetivo conhecer o
contexto em que ocorreram os casos de gravidez no Colégio Estadual Huberto
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Teixeira Ribeiro, buscando planejar e executar ações pedagógicas para trabalhar


com a problemática levantada.

Metodologia de Trabalho
O trabalho foi realizado com os alunos das três sétimas séries (Turmas
“A”, “B”- turno matutino - e “C” – turno vespertino) e com as duas oitavas séries
(Turmas “A” – turno matutino - e “B” – turno vespertino) do Colégio Estadual
Huberto Teixeira Ribeiro – Ens. Fund. e Médio do município de Bandeirantes, Pr. A
metodologia de trabalho foi desenvolvida em duas etapas: 1) Levantamento da
necessidade de um trabalho de educação sexual utilizando um questionário de
múltipla escolha e 2) Planejamento e execução das atividades de educação sexual,
descritas abaixo.

Etapa 1: Levantamento da necessidade de um trabalho de educação sexual


Inicialmente foi aplicado um questionário de sondagem com 11
questões de múltipla escolha, para investigação da realidade a ser trabalhada com
os alunos envolvidos; apenas na última questão, que perguntava a opinião do aluno
sobre a gravidez na adolescência (normal, muito difícil ou lindo), havia espaço
reservado para o aluno comentar/justificar a sua resposta. O mesmo foi respondido
por 109 alunos das referidas séries, sendo 56 meninas e 53 meninos, de forma que
o aluno não se identificasse, ficando totalmente a vontade para responder às
questões propostas. O questionário foi aplicado pessoalmente pela autora deste
artigo, por turma, de acordo com o turno da mesma. A orientação para o
preenchimento do questionário foi iniciado com um diálogo aberto e amigável
apresentando as justificativas para a aplicação do questionário: seria uma forma de
conhecer melhor o aluno e, posteriormente, direcionar trabalhos que pudessem
ajudá-los a sanar as possíveis dúvidas relacionadas à educação sexual, e
desenvolver hábitos e atitudes que pudessem auxiliá-los no desenvolvimento sadio
de sua sexualidade. Apesar dos questionários não trazerem identificação alguma, os
mesmos foram separados por turmas.
A aplicação do questionário ocorreu no início do ano letivo, na última
quinzena do mês de fevereiro de 2009.
Concomitantemente à aplicação dos questionários, foi disponibilizada
no pátio do colégio uma urna para que os alunos postassem ali, sem nenhuma
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identificação, suas dúvidas, curiosidades e interesses que gostariam que fossem


discutidos ou abordados em possíveis palestras educacionais. A urna ficou à
disposição dos alunos durante uma semana – a última do mês de fevereiro de 2009.

Etapa 2: Planejamento e execução das atividades de educação sexual


Terminado essa fase inicial, procedeu-se ao convite aos profissionais
da área da Saúde para ministrar palestras aos alunos. Foram convidados
representantes da área comunidade de Bandeirantes: a enfermeira-chefe do Posto
de Saúde Central, dois médicos ginecologistas e uma psicóloga com especialização
na área infanto-juvenil. Os resultados da sondagem através dos questionários, assim
como as questões levantadas por meio da urna disponibilizada no pátio do colégio
foram encaminhados aos palestrantes. As palestras ocorreram durante o período de
aula, no mês de março, conforme a disponibilidade dos palestrantes. As turmas
foram divididas em séries para desenvolver melhor os trabalhos: começou pelas
sétimas séries, depois as oitavas. Os palestrantes encaminharam as discussões de
forma a sanarem da melhor forma as dúvidas dos alunos, num clima bastante
descontraído.
Durante os meses que se seguiram (abril, maio, junho, julho e parte do
mês de agosto), os alunos foram convidados a participarem de um grupo de
estudos, compostos de 20 a 25 membros. Alguns alunos foram convidados a
participarem do grupo, outros aderiram de livre e espontânea vontade. A carga
horária total prevista no planejamento inicial era de 48 horas, sendo duas horas por
semanas. Devido à temática ser do interesse dos alunos, houve uma boa procura
dos mesmos para participação no grupo, principalmente das meninas, que se
mostraram mais interessadas. Houve uma procura maior do que as vagas ofertadas;
o grupo foi fechado com 25 alunos e anotou-se os nomes em excedente, para que
fossem chamados assim que houvesse alguma desistência. Foi formado apenas um
grupo, que esteve sob a orientação da autora deste artigo. Conforme ocorriam
desistências, novos alunos eram convidados a se unir ao nosso grupo, ficando,
praticamente com 25 componentes até o final dos trabalhos. Dos 25 alunos que se
inscreveram no início, 13 alunos concluíram a carga horária proposta com 100% de
freqüência, ou seja, 52% do total. Houve entre as 12 vagas restantes um rodízio de
alunos que iam ocupando as vagas dos desistentes. Pode-se dizer que 48% do
grupo não teve uma participação totalmente assídua.
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Resultados e Discussão
Questionários de sondagem:
Os resultados serão apresentados em duas etapas: 1) Resultados dos
questionários de sondagem respondidos pelos alunos e 2) Resultado do trabalho de
intervenção desenvolvido junto aos alunos.

Etapa 1) Resultados dos questionários de sondagem respondidos pelos


alunos
Os resultados do questionário foram tabulados por questão, mostrando
os valores percentuais, para facilitar a compreensão do perfil dos alunos. Vale
lembrar, que está disponibilizado aqui o resultado final dos questionários aplicados,
realizado com os 109 alunos de sétima e oitava séries.

Gráfico 1: Respostas dos alunos de 7ª e 8º à pergunta: Para você a virgindade é


importante?

1- Para você a virgindade é importante?

26%

51%

sim
23% não
às vezes

Perguntado se a virgindade é importante, a grande maioria dos


entrevistados (51%) considera que sim; 26% acham que a mesma não é importante
e 23% respondeu que às vezes é importante. Não foi possível identificar a
justificativa para esta última resposta pelo questionário ter sido elaborado com
questões fechadas. Uma hipótese é de que esses resultados sejam reflexo da
educação e do valores recebidos no meio em que vivem.
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Gráfico 2: Respostas dos alunos de 7ª e 8º à pergunta: O que você julga ser


melhor?

2 - O que vc julga ser melhor?

19%

39%

namorar
"ficar"
42% ficar solteiro(a)

Entre os alunos participantes da pesquisa, 39 % julga melhor namorar,


enquanto que 42 % prefere “ficar”; e 19 % afirmou julgar melhor “ficar solteiro(a)”.
Geralmente é na adolescência que as meninas e os rapazes começam os jogos da
sedução, da conquista, é a busca de novas experiências, de novas emoções, muitas
vezes tentando encontrar no outro, algo que o complete, alguma afinidade.

Gráfico 3: Respostas dos alunos de 7ª e 8º à pergunta: Como você analisa o “ficar”?

3 - Como vc analisa o "ficar"?

28%

63%
9%
não serve pra mim
sou indiferente
acho legal
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Entre os 109 alunos participantes da pesquisa, 63%, ou seja, a maioria,


respondeu que “achava legal” ficar, 28% disse que “não servia para ele” e 9%, que
“era indiferente”. Este resultado corrobora as afirmações de Heilborn (1998), de que
nesta idade os adolescentes, em sua maioria, preferem o relacionamento
descompromissado de “ficar” ao namoro. Os encontros sociais como “as baladas” de
final de semana, os “churrasquinhos” nas casas dos colegas, as festinhas informais
contribuem bastante para que essa modalidade de relacionamento tenha uma boa
aceitação entre os adolescentes.

Gráfico 4: Respostas dos alunos de 7ª e 8º à pergunta: “Você costuma ‘ficar’ com


alguém nas ‘Baladas’?”

4 - Vc costuma "ficar" com alguém nas


"Baladas"?
11%

28%

nunca
algumas vezes
sempre
61%

Perguntado se costumam “ficar” com alguém nas “baladas”, 61% dos


alunos pesquisados, ou seja, a maioria, respondeu que “algumas vezes fica com
alguém nas Baladas”, 28%, que “nunca fica com alguém” e apenas 11% afirmou que
“fica sempre com alguém”.
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Gráfico 5: Respostas dos alunos de 7ª e 8º à pergunta: “Numa noite de ‘Balada’,


você ‘fica’ com:”

5 - Numa noite de "Balada", vc "fica" com:

25%

50%

apenas uma pessoa


25% várias pessoas
com ninguém

Perguntado com quantas pessoas costuma “ficar” em uma noite de


balada, 50% (a metade do grupo), afirmou que numa noite de “Balada” fica “apenas
com uma pessoa”, 25%, com “várias pessoas”, e 25% não “fica com ninguém”.

Gráfico 6: Respostas dos alunos de 7ª e 8º à pergunta: “Na sua ‘ficada’ você deixa
acontecer:”

6 - Na sua "ficada" vc deixa acontecer:

22%

51%
10%
beijo, abraço
passar a mão
sexo, transa
nada disso
17%
Com relação ao que ocorre durante as “ficadas”, segundo os alunos
pesquisados, 51% afirmou que acontece apenas beijo e abraço, 22% respondeu que
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nada disso acontece nas suas “ficadas”, 17% deixa “passar a mão” nas zonas
erógenas, e 10% declarou que chega ao sexo, o que condiz com o pensamento da
psiquiatra Carmita Abdo (2008) que afirma que aos 10 anos, 75% dos alunos já
tiveram algum contato erótico, e que depois, no primeiro relacionamento duradouro,
os adolescentes passam das carícias para a relação sexual com penetração em no
máximo sete meses.

Gráfico 7: Respostas dos alunos de 7ª e 8º à pergunta: “Você é virgem?”

7 - Você é virgem?

43%

57%

sim não

Em relação à virgindade, 57 % se declararam “virgens” e 43% se


declararam “não-virgens” Observa-se que, embora a maioria ainda sejam virgens, o
número de adolescentes que já iniciaram a atividade sexual com idade entre 13 e 16
anos é alto, o que mostra que há uma demanda para a escola trabalhar com
educação sexual. Existe uma necessidade muito grande da família e a escola
trabalharem juntas na educação sexual dos adolescentes. Só o trabalho das famílias
já não está sendo suficiente. Porém, essa tarefa não cabe exclusivamente ao
professor de Ciências ou Biologia, quando vai estudar os conteúdos sobre os
Aparelhos Reprodutores, fecundação e métodos contraceptivos. É importante que a
escola toda trabalhe em conjunto, aproveitando as possibilidades que vão surgindo
no cotidiano escolar.
Para tanto o professor, enquanto educador, ao surgir uma situação, até
mesmo inusitada, pode valer-se dela para educar sexualmente, numa linha de
transversalidade:
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Como extra-programação: é quando todo e qualquer professor, sem ter


planejado, aproveita uma situação, um fato que acontece espontaneamente,
para, a partir daí, ensinar sobre sexualidade, ou passar uma mensagem
positiva sobre a mesma, para educar sexualmente (FIGUEIRÓ, 2001, p. 49).

Gráfico 8: Respostas dos alunos de 7ª e 8º à pergunta: “Na ‘transa’ você usa


camisinha?”

8 - Na "transa" vc usa camisinha?

22%

11%

uso
não uso
10% às vezes
57%
ainda não transo

Entre os alunos pesquisados, 57% declarou que ainda não transava,


22% (24 alunos do total dos 109 entrevistados) sempre usa camisinha nas relações
sexuais, 10% eventualmente usa e 11% não usava preservativo algum.
Numa pesquisa divulgada pela Rede Feminista de Saúde (2004, p. 26),
foi apontado que:
Entre os principais motivos para o não-uso da camisinha, destacam-se:
falta de camisinha no momento do ato sexual (principalmente entre os
rapazes); transa só com o parceiro(a), em quem confia; não acha
necessário porque só transa com uma pessoa; diminuição do prazer; e
porque acha que não corre risco de pegar Aids. Entre as moças, as razões
mais citadas para não pedir ao parceiro que use a camisinha, têm a ver
com confiança e fidelidade. Já para os homens, as mais importantes
acham-se relacionadas com o prazer e com o fato de não se acharem
vulneráveis.

De forma geral, a ausência do preservativo masculino na primeira


relação sexual se dá não apenas pela falta de informação, mas também pela
excitação demasiada, uso de álcool, nervosismo, medo de errar a colocação e até
vergonha por parte do parceiro masculino. Porém, muitas vezes a jovem mulher
deixa ao encargo do homem a iniciativa do uso dos preservativos, na crença ilusória
que são os ‘homens que possuem mais experiência’, ou contrariamente, quando o
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jovem tem em mente que é a adolescente (moça) que deve arcar com a
responsabilidade pelos cuidados contraceptivos (Id., Ibid., 2004).
Perguntado aos alunos que já têm relações sexuais e fazem uso de
camisinha (35 alunos) se além da ‘camisinha’ também usa comprimidos
anticoncepcionais, 23% (8 alunas) disseram que sim, 6% (2 alunas), quando
lembram e 3% (1 aluna), às vezes.
Uma análise realizada em cima dos dados levantados pelo Programa
de Saúde do Adolescente do Estado de São Paulo, entre 2002 e 2003, demonstrou
que, apesar do conhecimento sobre métodos contraceptivos por 87% das 3.900
adolescentes grávidas, este fato isolado não garantiu o seu uso pelas mesmas;
destas adolescentes, 70% não pensaram em nada para evitar a gravidez (REDE
FEMINISTA DE SAÚDE, 2004). Isto evidencia que apenas o conhecimento e a
informação não garante seu uso para se evitar uma gravidez indesejada.

Gráfico 09: Respostas dos alunos de 7ª e 8º à pergunta: “Com quantos anos você
iniciou sua vida sexual?”

09- Com qtos ano vc iniciou sua vida


sexual?
5% 10%

7%

antes dos 12 anos


12 anos
12% 13 anos
14 anos
15 anos
4%
16 anos
3% ainda sou virgem
57% 2% não me lembro

Perguntado sobre o início da vida sexual 57% dos alunos pesquisados


declarou-se virgem, 10% afirmou ter iniciado sua vida sexual antes dos 12 anos, 7%
aos 12, 12% aos 13, 4% aos 14, 3% aos 15, e 2% aos 16; ainda 5% declarou que
“não se lembrava”. Esses dados sinalizam a precocidade com que os adolescentes
estão iniciando sua vida sexual. E também apontam para a necessidade de orientar
esses jovens de forma adequada para que eles possam tomar decisões
17

responsáveis quanto à prevenção da gravidez indesejada e doenças sexualmente


transmissíveis.

Gráfico 10: Respostas dos alunos de 7ª e 8º à pergunta: “Você considera a gravidez


na adolescência:”

10- Vc considera a gravidez na


adolescência:
1%
15%

normal

84% muito difícil


lindo

Perguntado aos alunos pesquisados sobre o que acham da gravidez


na adolescência, 84 % afirmou que a gravidez na adolescência é “muito difícil”.
Apenas uma minoria (15 %) declararam que a consideram “normal” e 1%, que se
referiu a mesma como “linda”.
Nessa última questão: “Vc considera a gravidez na adolescência:
normal, muito difícil ou lindo?” A opinião pessoal foi facultativa, porém muitos alunos
não quiseram opinar. Dos alunos que responderam, pode-se observar que a maioria
dos alunos da 7ª série (cerca de 60%) opinou dizendo que a gravidez na
adolescência é ‘difícil’; já nas respostas colhidas nas 8ªs séries, muitos já
consideram isso ‘normal’.
Com relação aos comentários feitos pelos alunos referentes à essa
questão, transcrevemos abaixo alguns deles:
Muito difícil:
“É muito difícil porque atrapalha o estudo, atrapalha a vida da pessoa... e às vezes
as mulheres não sabem quem é o pai, etc... e ainda, às vezes, os homens não
querem reconhecer a criança e fica lá no registro: pai desconhecido” (7ª série);
18

“Eu acho muito difícil porque os rapazes de hoje só querem namorar e fazer sexo,
engravidar as mulheres e depois não querem assumir a criança” (7ª série - garoto
não virgem);

“A gravidez na adolescência é difícil porque eu vi muita adolescente grávida


passando muita dificuldade” (8ª série).

Normal:
“Porque muitas meninas adolescentes já têm filhos, por isso eu acho normal” (8ª
série - garota virgem);

“Porque as meninas ‘dão’ muito” (8ª série - garota não virgem, usuária de
anticoncepcional, iniciou vida sexual antes dos 12 anos);

“Normal, porque às vezes acontece de estourar a camisinha” (8ª série - garoto –


iniciou vida sexual aos 14 anos);
“Eu acho normal, porque como uma pessoa de maior pode ter filho, uma
adolescente também pode, tendo amor e carinho na criação, que mal faz?” (8ª série
garoto – iniciou vida sexual aos 13 anos).

Lindo:
“É um sonho!” (7ª série - garota não virgem – iniciou vida sexual antes dos 12 anos

Trabalho de Orientação Sexual desenvolvido com os alunos de 7ª e 8ª séries


Após as análises das questões respondidas pelos alunos pesquisados,
passou-se à leitura das questões que os alunos postaram na urna disponibilizada no
pátio do colégio. É valido salientar que aproximadamente 30 % dos papéis com as
questões postadas apresentaram caráter pejorativo e de banalização do trabalho,
que foram prontamente descartadas.
Segue abaixo a relação das perguntas e dúvidas mais interessantes
postadas pelos alunos na URNA disponibilizada no pátio do Colégio (última
semana de fevereiro/2009):
A primeira vez....
“Como é a primeira vez?”
19

“A partir de quantos anos é aconselhável transar?”


“Como é transar?”
“A primeira vez, como você transa?”
“Sexo é gostoso?”
“Pra perder a virgindade é melhor sem camisinha?”
“Na primeira vez que transou... ficou nas pernas [o esperma] ... será que engravida?”
“Na hora do sexo a mulher tem que ficar por cima ou por baixo?”
“A primeira vez sangra?”
“Na primeira vez a mulher sangra?”
“Quando tem relação pela primeira vez dói?”
“É verdade que depois de transar, a mulher começa a sangrar?”
“Na primeira vez que a mulher tem relação sexual sangra?” “Na primeira vez a
mulher engravida: é comum isso?”
“Quando transa pela primeira vez sem camisinha, pode correr o risco de ficar
grávida?”

Virgindade:
“Como que o rapaz sabe se a moça é virgem ou não? Tem alguma diferença ou
não? Ou é a mesma coisa?”
“E o rapaz? Qual é a diferença dele ser virgem ou não?”
“Demora pra começar a mudança no corpo da mulher depois de perder a
virgindade? É verdade que pode ter mudanças no corpo?”

Questões diversas:
“É verdade que quando o pênis do homem é grande, na hora de transar, a mulher
sangra?”
“Por que tem que usar camisinha? Sem camisinha é mais gostoso!”
“Tomar tererê traz impotência sexual?”
“Através do beijo de língua é arriscado a gente ser contaminado com HIV?”
“Gay pode transar naturalmente?”
“Dar o ‘cú’ dói?”
“É verdade que a mulher pode ficar mais de 24 horas fazendo sexo?”
“Por que se não usar camisinha dá doença?”
“É verdade que quando a mulher menstrua, ela vira o cão?”
20

“Por que têm pênis grandes e outros pequenos?”


“Quando uma menina de 5 anos é estuprada, ela pode engravidar?”
“Um pênis de 19 cm pode estourar uma ‘perereca’?”

Curiosidade:
“Fazer sexo com animal é a mesma coisa que fazer com humano?”

Todas estas questões foram repassadas aos profissionais que


ministraram palestras para os alunos no período de aula, de forma que suas
explanações pudessem abranger os interesses, anseios e curiosidades dos
mesmos. Foram convidados representantes da saúde da comunidade de
Bandeirantes, como médicos ginecologista, enfermeira-chefe do Posto de Saúde
Central, Psicóloga com especialização na área infanto-juvenil. As turmas foram
divididas em séries para desenvolver melhor os trabalhos com os palestrantes:
primeiro as sétimas séries, depois as oitavas. Os palestrantes encaminharam as
discussões de forma a sanarem da melhor forma as dúvidas dos alunos, num clima
bastante descontraído.
Terminado o período das palestras, os alunos foram convidados a
participarem no horário de contra-turno de atividades em grupo para
aprofundamento das questões levantadas durante as palestras. O trabalho seguiu
sob a orientação da autora desse artigo; a equipe pedagógica auxiliou no que foi
possível, mas toda a responsabilidade ficou sob sua tutela. O grupo foi constituído,
em média, de 20 a 25 alunos. Conforme ocorriam as desistências dos alunos, novos
alunos eram convidados a participar do grupo, procurando-se manter a média de 25
alunos. A carga horária foi de 2 horas-aula semanais, durante 4 meses (abril, maio,
junho, julho e parte do mês de agosto), totalizando aproximadamente 32 horas/aula.
O desenvolvimento das atividades em grupo, assim como o restante das atividades
escolares em geral, foram prejudicados pelas medidas de prevenção da Gripe
Influenza A (H1N1); as aulas foram suspensas no período de 30/07 a 15/08/2009 e,
depois de 31/08 a 15/09/2009, por determinação dos Decretos 5166/2009 e
5215/2009. As temáticas abordadas envolviam Educação Sexual, auto-estima,
orientação sexual, questões de gênero, aspectos fisiológicos da anatomia masculina
e feminina, a reprodução (gravidez, métodos contraceptivos, a primeira vez, entre
outros), as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs).
21

No início dos grupos de estudo, os alunos mostraram-se tímidos, com


pouca abertura para conversarem livremente sobre os assuntos propostos. Porém,
com o decorrer dos encontros, houve uma maior interação. Até o final do trabalho
em grupo, já era possível conversar sobre quaisquer assuntos sem que houvesse as
manifestações iniciais de timidez do início. A valorização do aluno como pessoa, sua
auto-estima tiveram lugar de destaque nas atividades realizadas, pois conforme já
foi abordado, não basta apenas passar informação.
Procurou-se seguir a seqüência do Material Didático-Pedagógico
(Educação para uma Sexualidade Feliz e Segura na Adolescência), elaborado pela
autora, em 2008, que abordava:
- Primeiros Contatos: nestes primeiros contatos, para iniciar uma relação agradável
e confortável entre todos, de forma que o trabalho tivesse um direcionamento
positivo que possibilitasse uma reflexão para as temáticas que seriam abordadas
durante o período de funcionamento do grupo de estudos, foi proporcionado aos
alunos um bate-papo descontraído, buscando uma melhor aproximação entre todos.
Logo em seguida foi exibido o filme “Escritores da Liberdade” (Freedom Writers), na
seqüência, comentado entre todos. Este filme teve, como um de seus objetivos,
mostrar o desafio que é a educação, em qualquer lugar do mundo, e de como um
professor pode adotar novos métodos de ensino que levem seus alunos a aprender
e a se tornarem cidadãos atuantes em suas comunidades. A intenção ao trabalhar
com esse filme foi a valorização do aluno como pessoa, capaz de alcançar seus
objetivos, se o mesmo se propuser a buscá-los com empenho.
-Sondagem: foi passado aos alunos os resultados verificados após a aplicação dos
questionários de sondagem em todas as turmas de 7ªs e 8ªs séries, estimulando a
participação deles nas conclusões das questões propostas, envolvendo-os nos
cálculos, fazendo-os entender como funcionou o porcentual das respostas. Também
foram utilizadas atividades lúdicas para melhor interação entre os alunos; as
dinâmicas de grupo tiveram destaque nas atividades propostas, pois o lúdico
favorece muito o conhecimento um do outro. É ‘brincando’ que os conceitos são
compartilhados com mais facilidade, onde as diversidades são tratadas com menos
preconceitos e discriminações e as diferenças são vistas de forma mais humana e
solidária;
22

-Contextualizando-se no conjunto da escola: esse tema privilegiou os valores, a


valorização do aluno dentro do contexto escolar, seu papel na sociedade, suas
diferenças, o respeito pela individualidade de cada um;
-Ser garoto ou ser garota: o que muda? / As diferentes orientações sexuais: Nessa
etapa foram abordadas as questões de gênero, a heterossexualidade e a
homossexualidade. As sugestões propostas visaram levar os alunos a perceber e
apontar os pontos onde a discriminação e o preconceito se fazem presentes, assim
como trabalhar as possibilidades de se desfazer tais problemas;
-Reações masculinas e femininas / Corpo de homem, corpo de mulher: Houve
nesses dois temas um aprofundamento da questão inicial de gêneros; também
foram trabalhados assuntos ligados à homossexualidade, como “gays”, “lésbicas”,
“sapatona”, “veado”, travestis, transformistas, homofobia, etc;
Em todos os temas propostos, o uso de filmes foi ponto forte; para esse
tema foram trabalhados: “Beleza Americana” (Direção de Sam Mendes) e “Meninos
não choram” ( Boys don’t cry, Direção de Kimberly Peirce). O primeiro filme traça um
paralelo entre o que é socialmente aceito (que é o casamento entre um homem e
uma mulher) e a homossexualidade; ele mostra as angústias e as guerras que
acontecem entre o que a sociedade contempla como “normal” e os desejos de um
homossexual. O segundo filme trata de questões polêmicas como o lesbianismo,
crise de identidade sexual e troca de sexo. O importante após a exibição desses
filmes foi os comentários pessoais e os pontos de vistas dos alunos, que foram
surpreendentes.
-Pelo toque nos conhecemos / Sexo e sexualidade / Saúde sexual: onde foram
trabalhados a sexualidade mais aprofundada: o toque no colega por meio do aperto
de mão, do abraço, do “trenzinho do relaxamento” (dinâmica de grupo, onde cada
um faz massagem no outro colega), sistema reprodutor masculino e feminino (cada
órgão analisado detalhadamente), cuidados pessoais e higiene íntima. Todos os
temas abordados privilegiaram as atividades lúdicas para uma melhor interação dos
alunos envolvidos.
-E agora? Será que vai rolar? A primeira vez: quando esse tema foi abordado, as
meninas se mostraram mais interessadas, parece que elas realmente amadurecem
primeiro do que os meninos. Essa aula foi muito interessante e com muita
participação de todos;
23

-E a prevenção? Como se faz? Onde foi trabalhado mais detalhadamente os


diferentes métodos contraceptivos, a aquisição deles no Posto de Saúde, a maneira
correta de uso, a importância de uma prevenção consciente e adequada;
-Estou grávida! E agora? Essa foi a finalização e ponto forte do trabalho.
Inicialmente foi traçado um paralelo entre a educação que as famílias ministravam
há décadas atrás (mulher, educada apenas para ser dona de casa, casar, e criar
filhos) e hoje, quando a mulher, muitas vezes, assume toda a responsabilidade
financeira da família, enfrenta o mercado de trabalho competitivo, necessitando cada
vez mais de estudos para garantir melhores empregos. Posteriormente, os alunos
foram levados a refletir que coisas difíceis como acidentes, mortes e gravidez, a
maioria das pessoas pensa que isso só ocorre com “os outros”, deixando de lado as
precauções e as formas de se prevenir contra eventuais problemas. Até o grupo de
estudo chegar nesse tema, foram tratados vários outros assuntos, pois este, em
especial, era o ponto-chave do referido projeto.
Houve bastante envolvimento da maioria dos alunos. Do início até o
final, 13 alunos tiveram 100% de frequência, portanto, envolveram-se mais com o
trabalho, e os demais foram sendo substituídos conforme havia desistência. Os
últimos encontros terminaram com 22 alunos. A cada encontro do grupo, havia algo
novo, que cativava a atenção. Foi lamentável a paralisação das aulas devido à Gripe
Influenza A (H1N1), caso contrário, o trabalho teria se aprofundado mais. Somando
a primeira paralisação (de 30/07 a 15/08/2009) e a segunda (de 31/08 a
15/09/2009), houve a subtração de, praticamente, um mês de aulas, onde os temas
abordados poderiam ter sido mais esmiuçados, e os estudos com os alunos teriam
sua sequência até a primeira quinzena de setembro. O grupo de estudos encerrou
seu trabalho no final do mês de agosto, pois após o retorno da paralisação, com as
reposições das aulas, ficou muito complicado a continuação do mesmo.
No término das atividades, os alunos fizeram comentários orais, relatando sua
opinião pessoal e as contribuições que o grupo de estudos trouxe para suas vidas.
Para a maioria, cerca de 95% do total de alunos, a atividade foi prazerosa e
enriquecedora, valorizando e aumentando seus conhecimentos. Observou-se que
não basta apenas fornecer a informação por informação, é necessário a valorização
do aluno como pessoa, ele precisa gostar de si mesmo, ter prazer em cuidar do seu
próprio corpo para tomar os cuidados necessários ao se decidir pela “primeira vez”,
por exemplo.
24

Considerações Finais:

As pesquisas realizadas junto aos alunos demonstraram que os


adolescentes estão iniciando cada vez mais cedo sua vida sexual e a maioria sem
se preocupar com prevenção de gravidez indesejada ou doenças sexualmente
transmissíveis. Na escola, a educação sexual, fica praticamente restrita às aulas de
Cíências, especificamente quando as mesmas tratam dos Aparelhos Reprodutores
masculino e feminino e assuntos correlacionados. Através dessas aulas, na maior
parte expositivas, os alunos não conseguem aprofundadar as informações sobre sua
sexualidade, riscos de uma gravidez precoce, uso de métodos contraceptivos, etc. O
que não lhes garante o exercício de uma sexualidade segura. As palestras
possibilitaram uma interação muito boa entre os profissionais da saúde e os alunos,
sanando várias das principais dúvidas e curiosidades. Os grupos de estudos
trabalharam a temática envolvida de uma maneira descontraída e agradável,
oportunizando aos alunos um espaço de escuta livre de censuras para falar de suas
experiências e tirar dúvidas. Todas essas atividades foram válidas no sentido de
colaborar com a formação do aluno como cidadão, conhecendo melhor sua
sexualidade.
O trabalho de Educação Sexual na escola não deve partir de respostas
prontas, mas deve encaminhar o aluno a discussões que incorporem
questionamentos, e, assim, ampliar seus conhecimentos e possibilitar ao mesmo
que tenha condições de fazer suas próprias escolhas, pois quando o professor
fornece informações científicas atualizadas e explicita “os diversos valores
associados a questões de saúde reprodutiva e comportamentos sexuais existentes
na sociedade, possibilita ao aluno desenvolver atitudes saudáveis e responsáveis”
(BRASIL, 2000, p. 18).
Cabe a escola e ao professor, enquanto educador, possibilitar ao
educando – adolescente – os caminhos que o levem a construção de uma
sexualidade sadia com informações baseadas no conhecimento científico.
Todo o presente trabalho desenvolvido foi importante no sentido de
aprofundar os conhecimentos que os alunos possuíam sobre sexualidade, assim
como ajudar a sanar as dúvidas existentes. Chegou-se a conclusão de que não
adianta apenas a transmissão básica dos conhecimentos sobre a fisiologia do corpo
humano, assim como seu funcionamento ou o uso dos métodos contraceptivos mais
25

conhecidos. A questão da prevenção da gravidez durante a adolescência possui um


aspecto mais abrangente: está ligada às questões familiares e sócio-culturais, à
construção da cidadania, ao encaminhamento do adolescente para a formação do
adulto consciente de amanhã. Não é uma tarefa fácil, mas acredita-se que a escola,
por meio do papel do professor, pode contribuir muito nesse aspecto. Todo
funcionário da escola pode ser um educador sexual, eventual, formal ou não. A
escola necessita cumprir com o seu propósito de educar para a vida, trabalhando em
conjunto para a formação do aluno. Cada um deve assumir o seu papel, a sua
responsabilidade, pois o espaço escolar é um ambiente riquíssimo para trabalhar as
mais diversas áreas, inclusive a sexualidade, onde os professores, segundo
Lorencini Jr. (1997, p. 94), devem ter a responsabilidade e a habilidade de
oportunizar aos alunos a participação em atividades que problematizem os
diferentes pontos de vista que possam surgir nas discussões em grupo; fazendo
com que a sala de aula torne-se um ambiente de descontração para que os alunos
se sintam livres e a vontade para expressar suas opiniões, buscando um sentido
para sua sexualidade. O melhor trabalho é a prevenção, porém, quando isso já não
é possível, tanto a família quanto a escola necessitam de habilidade para tratar
dessa questão tão delicada e apoiar a adolescente no que for possível.
26

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28

ANEXOS

ANEXO I – Tabela e Gráfico: Partos realizados em adolescentes na Sta. Casa


de Bandeirantes em 2006

Partos realizados em
Adolescentes na Sta. Casa - 2006
Idade: Total:
14 anos 7
15 anos 6
16 anos 20
17 anos 22
TOTAL 55

Partos realizados em Adolescentes na Sta Casa - 2006

25

20

15

10

0
14 anos 15 anos 16 anos 17 anos

ANEXO II – Tabela e Gráfico: Partos realizados em adolescentes na Sta. Casa


de Bandeirantes em 2007

Partos realizados em
Adolescentes na Sta. Casa - 2007
Idade: Total:
13 anos 2
14 anos 2
15 anos 12
16 anos 24
17 anos 30
TOTAL 70
29

Partos realizados em Adolescentes Sta. Casa - 2007 :

30

25

20

15

10

0
13 anos 14 anos 15 anos 16 anos 17 anos

ANEXO III – Tabela e Gráfico: Comparação entre os partos realizados em


adolescentes na Sta. Casa de Bandeirantes em 2006 e 2007

Comparativo Partos realizados em


Adolescentes:
2006 2007
Idade:
12 anos 0 0
13 anos 0 2
14 anos 7 2
15 anos 6 12
16 anos 20 24
17 anos 22 30

Gráfico Comparativo: Partos realizados em


Adolescentes em 2006 e 2007

35

30

25

20

15

10

0
12 anos 13 anos 14 anos 15 anos 16 anos 17 anos
Idade

2006 2007

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