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EDUCAÇÃO E RELAÇÕES DE

GÊNERO
O que é Gênero?
 O que é gênero? Você certamente já se fez essa pergunta.
Isso porque muito se fala sobre os papéis do gênero
feminino e masculino na sociedade. No entanto, a ideia de
gênero acaba se confundindo com outros termos, o que
pode criar uma gama de preconceitos contra aqueles que se
opõem ao senso comum.
Disponível em: https://www.ecycle.com.br/o-que-e-genero/
“O preconceito e a falta de oportunidade já me
doeram ao longo do meu caminho. Doeu quando
meninos não me deixaram jogar. Doeu quando
treinadores me tiravam dos campeonatos porque
eu era apenas uma menina. Doeu quando deixei
minha família com 14 anos de idade para
enfrentar três dias de viagem de ônibus (pausa
para choro) com dinheiro contado no bolso e ir
morar sozinha no Rio de Janeiro para jogar
futebol profissional. Mas minha certeza de onde
eu iria chegar nunca me deixou desistir”. Disponível em: https://br.images.search.yahoo.com/search/images;_

Fonte: GE
O brasileiro que dançava escondido dos pais
e virou protagonista do Balé Bolshoi: 'É
como ganhar a Copa'
David Motta, de 21 anos, que está desde os
13 anos em Moscou, é o primeiro dançarino
do país a conseguir um papel principal na
prestigiada companhia russa. 26/06/2018
Fonte: g1.globo.com › mundo › noticia

Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/o-brasileiro-que-dancava-


escondido-dos-pais-e-virou-protagonista-do-bale-bolshoi-e-como-ganhar-
uma-copa.ghtml
Aos 17 anos, influencer maranhense se assumiu como uma
mulher trans e ganhou repercussão na internet. Com mais
de 640 mil seguidores, Alexia Brito é sucesso na web
mostrando a rotina simples em Bacabal, interior do estado,
e com bordões bem humorados.
O lançamento da nova campanha da plataforma de educação
Gonçalves Dias, contou com a participação de “Bota Pó”, ou
“Botinha”, como é conhecida a maranhense Alexia Brito nas
redes sociais. Alexia é adolescente, influencer e foi a
protagonista das campanhas publicitárias para divulgar o novo
projeto do governo da Educação. Identificado como trans, ela
virou alvo de críticas por ter sido escolhida para o comercial,
gerando polêmica e acusações de homofobia.
“Inlfuencer e claro, mulher de negócios”
Alexia Brito sofre críticas severas do senador Roberto Rocha,
também do Maranhão, que não aprovou o discurso de inclusão do
adolescente.
Ideologia de gênero no Brasil?

No Brasil, o termo “ideologia de gênero” ficou famoso quando o Ministério


da Educação (MEC) buscou incluir educação sexual, combate às
discriminações e promoção da diversidade de gênero e orientações sexuais
no Plano Nacional de Educação (PNE), em 2014. Os últimos dois pontos, no
entanto, geraram uma grande reação por parte de grupos conservadores, que
não consideravam as pautas sobre questão de gênero apropriadas ao
ambiente escolar, e o projeto foi barrado. Após muitos protestos por parte da
população, liderada por grupos religiosos e pelo Escola sem Partido, o PNE
foi aprovado sem fazer menção a gênero e orientação sexual.
Nas Eleições de 2018 o termo voltou à tona com
as diversas menções que o então candidato Jair
Bolsonaro (PSL) fazia ao “kit gay”, nome
pejorativo dado ao projeto “Escola sem
Homofobia”. 
Ideologia de gênero x Ensino sobre gênero

“Ideologia de gênero” surgiu e continua a ser usado como um conceito


negativo. Nas palavras de Andressa Pellanda, coordenadora de políticas
educacionais da Campanha Nacional Pelo Direito à Educação, “se chama
erroneamente de ‘ideologia de gênero’ qualquer iniciativa que busque debater
questões de ordem de gênero e orientação sexual em escolas, como iniciativas
que visam combater as discriminações de gênero ou orientar e conscientizar
sobre educação sexual”. Sendo assim, o termo não é reconhecido pelas pessoas
que entendem ser importante falar sobre a questão de gênero nas escolas. Essas
pessoas falam em “ensino sobre gênero” e outros termos similares.
Em 2017, outro evento incendiou o
debate sobre a questão de gênero.
A filósofa e professora da
Universidade da Califórnia, Judith
Butler, veio para o Brasil participar de
um evento sobre democracia e não foi
muito bem recebida por alguns
cidadãos.
Ela é referência nos estudos de gênero e sexualidade e, por isso, cerca de
320 mil pessoas que são contra a chamada ideologia de gênero assinaram
uma petição online demonstrando-se desfavoráveis à presença da filósofa
no país. Outras centenas de pessoas foram ao aeroporto de Congonhas
tanto para hostilizar quando para apoiar a chegada da professora.
O Núcleo de Etnografia Urbana e Audiovisual (NEU) da Fundação Escola de
Sociologia e Política de São Paulo (FespSP) realizou uma pesquisa com os
grupos que estavam presentes no aeroporto. Um dos levantamentos feitos pelos
pesquisadores consistia em perguntar às pessoas que carregavam cartazes com
frases “não à ideologia de gênero” e afins o que elas queriam dizer. Algumas das
respostas foram:
“A ideologia de gênero transmite conceitos totalmente contrários à biologia e à
ordem natural das coisas.”
“Eles [defensores da teoria de gênero] querem tirar a autoridade dos pais.”
“Querem acabar com a família tradicional e passar a ideia de que a
homossexualidade é cool [descolada], moderna e que a maioria é homossexual.
Isso não é verdade.”
O que o mundo tem a dizer sobre
ideologia de gênero?

Desde 1995 a ONU se envolve no assunto. O primeiro


marco foi quando, na Conferência sobre as Mulheres,
realizada em Pequim, elaborou-se uma orientação para
que governos mundiais incorporassem os estudos sobre
gênero em seus programas. Por meio da UNESCO Os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável no Brasil são 17.
(Organização das Nações Unidas para a Educação, a Os Objetivos de Desenvolvimento
Ciência e a Cultura), a organização Sustentável são um apelo global à ação para
acabar com a pobreza, proteger o meio
internacional recomenda os estudos sobre a questão de ambiente e o clima e garantir que as pessoas,
em todos os lugares, possam desfrutar de paz
gênero como uma importante ferramenta no combate e de prosperidade. Estes são os objetivos
à intolerância para os quais as Nações Unidas estão
contribuindo a fim de que possamos atingir a
Agenda 2030 no Brasil.
Educação, emancipação e feminismos possíveis: um
olhar histórico sobre a igualdade de gênero na escola

• O percurso da educação feminina no


Brasil;

• O acesso à educação pelas


mulheres;
Catarina Paraguaçu
Lei de 1827

Haverá escolas de meninas nas cidades e


vilas mais populosas, em que os Presidentes
em Conselho, julgarem necessário este
estabelecimento (Art.11º).

As Mestras, além do declarado no Art. 6º, com exclusão das noções de geometria e
limitado à instrução de aritmética só as suas quatro operações, ensinarão também as
prendas que servem à economia doméstica; e serão nomeadas pelos Presidentes em
Conselho, aquelas mulheres, que sendo brasileiras e de reconhecida honestidade, se
mostrarem com mais conhecimento nos exames feitos na forma do Art. 7º(Art.12º).
 — A questão é se as meninas precisam de igual grau de ensino
que os meninos. Tal não creio. Para elas, acho suficiente a nossa
antiga regra: ler, escrever e contar. Não sejamos excêntricos e
singulares. Deus deu barbas ao homem, não à mulher —
discursou o senador Visconde de Cayru (BA).

O senador Marquês de Caravelas (BA) fez uma argumentação semelhante:


— Em geral, as meninas não têm um desenvolvimento de raciocínio tão grande quanto
os meninos, não prestam tanta atenção ao ensino. Parece que a sua mesma natureza
repugna o trabalho árido e difícil e só abraça o deleitoso. Basta-lhes o saber ler,
escrever e as quatro primeiras operações da aritmética. Se querem dar-lhes algumas
prendas mais, ensinem-lhes a cantar e tocar, prendas que vão aumentar a sua beleza. O
que importa é que elas sejam bem instruídas na economia da casa, para que o marido
não se veja obrigado a entrar nos arranjos domésticos, distraindo-se dos seus negócios.
Escola para menina

• Diferença de
currículo entre
homens e mulher;

• Ensinamentos a
práticas domesticas.
Escola doméstica

Escola Doméstica de Natal, fundada


em 1 de setembro de 1914.
A COEDUCAÇÃO

A coeducação desempenhou um papel importante no ingresso das mulheres na


instrução primária no Brasil, fenômeno comumente denominado como
feminização.

 Feminização do magistério.

 Essa mudança não ocorreu simplesmente devido à permissão masculina, mas foi o
resultado das transformações ocorridas na sociedade, pelas relações de poder
existentes nesse período e pelas lutas e resistência feminina (FRANÇA; CEZAR;
CALSA, 2007).
Mulheres na política

Marielle Franco
Dos feminismos possíveis às políticas para igualdade
de gênero no Brasil
Dos feminismos possíveis às políticas para igualdade de
gênero no Brasil

A denominada feminização do magistério, o direito


ao voto, ao trabalho e a igualdade de direitos e
cidadania podem ser percebidas como temáticas e
frentes de luta oriundas de profundas
transformações provocadas pela inserção das
mulheres na vida pública.
Como observado por Sarti (2004), grupos
feministas se avolumaram no Brasil e, em grande
parte do território nacional, houve significativa
penetração do movimento feminista em associações
profissionais, partidos, sindicatos.
PERÍODO DA REPÚBLICA

 Os anos 1930, devido aos


efervescentes movimentos
feministas entrelaçados às
mudanças nos processos
políticos e educacionais, foram
um marco histórico
transformador na realidade
brasileira.
PERÍODO DA REPÚBLICA

 No ano de 1922, funda a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF),


cuja pretensão foi a promoção da educação e profissionalização das mulheres
(SOUSA; SOMBRIO; LOPES, 2005). É ainda nesse ano que Lutz assegura o
ingresso de meninas ao Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro.

 Bertha Lutz propôs mudanças na legislação trabalhista referente à mulher e ao


menor, militou pela igualdade salarial, pela licença-maternidade de três meses à
gestante e pela redução da jornada de trabalho, que, à época, perfazia 13 horas,
como expõe NAGLE (2001).
 A feminista Bertha Lutz não limitou sua atuação
pela igualdade de direitos para as mulheres apenas
no início do século XX, mas continuou sua
incansável luta ao longo do mesmo século,
falecendo no ano seguinte, em 1976, deixando um
legado de concepções e conquistas para igualdade
de direitos das mulheres.
 É importante destacar que frentes de luta, como as
defendidas por Lutz e pelos movimentos feministas
posteriores a ela, se projetaram e alcançaram maiores
proporções nos debates que se seguiram
historicamente.
 Segundo Scott (2005), distinções categóricas como
raça, gênero, religiosidade e etnia, foram defendidas,
debatidas e disseminadas no cenário político dos anos
1990.
 As feministas que enfrentaram a ditadura militar e,
em outros momentos históricos, feministas como
Bertha Lutz são expressivas da consolidação da
luta pelos direitos de emancipação e participação
política das mulheres, em diferentes contextos
ditatoriais e patriarcais, dos quais rastros de
opressão são fortemente marcantes até nossos dias.
Vídeo explicativo
https://www.youtube.com/watch?v=8TH17Xs21tU
Uns acusam de ideologia, enquanto outros chamam de campo interdisciplinar de estudo. Mas, afinal, o que é ‘gênero’? Vídeo produzido pela
equipe Viraliza! como parte do concurso SaferLab 2018. Para conferir o texto mencionado no fim do vídeo, acesse:
https://parafusoeducom.org/2018/05/14...
Referências para o vídeo BUTLER, Judith. Gender Trouble: feminism and the subversion of identity. New York/London: Routledge, 1999. cap.
1, p. 1-7.
CORTEJO-VALLE, Mónica. PICHARDO, J. Ignácio. La 'ideologia de género' frente a los derechos sexuales y reproductivos. El escenario
español. Cadernos Pagu (50). 2017. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs.... Acesso em: 13/05/2018.
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade. Vol. 20 (2), jul/dez. 1995: 71-72.
SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. cap. 3, p. 91.
SPARGO, Tamsim.
Foucault e a Teoria Queer. Rio de Janeiro: Paluzin; Juiz de Fora: Ed. UFJF, 2006. p. 11-12. QUEIROZ, Nana. Não é só o gênero que é
socialmente construído, o sexo biológico também. 2016. Disponível em: http://azmina.com.br/2016/05/nao-e-so.... Acesso em: 13/05/2018. Outras
referências Vídeos "5 mitos sobre a ideologia de gênero", do canal Muro Pequeno https://www.youtube.com/watch?v=cQbfm...
TED Houston: Todos deveríamos ser feministas, de Chimamanda Ngozi Adichie https://www.youtube.com/watch?v=S6ufv... TEDWomen: Um
chamado aos homens, de Tony Porter https://www.youtube.com/watch?v=td1Pb...
O que é privilégio? (legendado) https://www.youtube.com/watch?v=OCVCC...
Créditos Roteiro Paula Nishizima Produção Bruna Martins Igor DiCastro Paula Nishizima Ilustrações Igor DiCastro Narração Paula
Nishizima Edição e Finalização Paula Nishizima Trilha Sonora Wind Marching for the Rain (Youtube Audio Library) Scott Holmes - Driven to
Success

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