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18/02/2022 Urologia Carolina Rossi

Urgências Urológicas TRAUMA RENAL PENETRANTE (ABERTO)


70% têm lesões associadas e, havendo hematúria,
Traumáticas mesmo sem irritação peritoneal ou instabilidade he-
modinâmica, é indicada a avaliação da lesão renal.
PROF. POMPEU

ETIOLOGIA
INTRODUÇÃO • Iatrogênico
Traumas são a principal causa de morte em pacien- o Cirurgias percutâneas e laparoscópicas
tes até 40 anos, sendo que cerca de 10% acometem • Não iatrogênico
o trato urinário, mais frequentemente o rim.
o Ferimentos por arma branca (30%)
o Outros ferimentos
TRAUMA RENAL
O rim é o 3º órgão parenquimatoso mais acometido CONDUTA
no trauma abdominal fechado (perde para fígado e MAIORIA = TRATAMENTO CIRÚRGICO (rara-
baço), sendo a hematúria a manifestação mais fre- mente pode ser conservador)
quente, seguida de dor e equimose no flanco/dorso IMPORTANTE: cirurgia do aparelho urinário sempre
e fratura de arcos costais inferiores. Contudo, a he- tem que ser fio absorvível, se não, forma-se uma
matúria pode estar ausente em situações em que matriz de cálculo.
urina ou sangue não atingem a bexiga:
• Avulsão de ureter
TRAUMA RENAL NÃO PENETRANTE (FE-
• Obstrução de ureter por coágulos
CHADO OU CONTUSO)
• Lesões extensas do parênquima ou pedículo
O rim é retroperitoneal, e é fixado somente pelo CORRESPONDE A 80% DOS TRAUMAS RENAIS
pedículo vascular e pelo ureter, sendo exposto a
deslocamentos por aceleração/desaceleração. CONDUTA
O GRAU DE HEMATÚRIA NÃO TEM RELAÇÃO COM
Paciente hemodinamicamente estável
A GRAVIDADE (PODE ATÉ ESTAR AUSENTE)
• Urografia excretora normal → observação
• Urografia excretora inconclusiva → indica TC
CLASSIFICAÇÃO O tratamento não operatório consiste em:
• Repouso
• Manutenção da volemia
• Correção do Ht
• Monitorização clínica e radiológica
Podem ser APENAS OBSERVADOS:
• Pacientes com lesões pequenas (grau I, II e III)
• Pacientes com lesões grandes (grau IV), porém
estáveis
o Se você abordar, com certeza vai ter que tirar
o rim; se não abordar, ocorre cicatrização e é
possível que sobre alguma função renal

HEMATÚRIA + CHOQUE = GRAU IV OU V


Em todos os graus, está presente o hematoma. Paciente hemodinamicamente instável
INSTABILIDADE HEMODINÂMICA = CONDUTA
CIRÚRGICA
EXAMES COMPLEMENTARES
É feita pela laparotomia mediana xifopúbica, com
• TC com contraste (padrão-ouro na avaliação do dissecção e isolamento do pedículo renal com con-
rim traumatizado) trole de artéria e veia renal antes de abordar o he-
o Fase arterial, venosa e excretora matoma de retroperitônio.
• USG (hematomas do retroperitônio, sangue den- MANOBRA DE CLOCHE (LADO DIREITO): rebate-se
tro da cavidade abdominal) o duodeno no ângulo de Treitz; logo atrás dele, está
• Urografia excretora (UGE): pouca utilidade o pedículo renal direito.
É necessário haver estabilidade hemodinâmica para • Importante: não se pode clampear a veia pri-
realização dos exames. meiro → se o fizer, a artéria continua jogando san-
gue para o rim, deixando-o ingurgitado
CLAMPEIA-SE PRIMEIRO A ARTÉRIA RENAL! • INTRAOPERATÓRIO: injeção de azul de meti-
O tratamento deve ser o mais conservador possí- leno na via excretora em caso de suspeita (inje-
vel, tentando-se desbridar tecidos necróticos, fazer ção na porção íntegra e proximal do ureter)
a hemostasia do parênquima. o É muito importante, porém falho
PREFER-SE RENORRAFIA OU NEFRECTOMIA • PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO:
POLAR À NEFRECTOMIA TOTAL o Leucocitose
o Febre
COMPLICAÇÕES DO TRATAMENTO CLÍNICO o Irritação peritoneal local

Imediatas (4-6 semanas após)


• Coleção de urina EXAMES COMPLEMENTARES
• Abscesso de retroperitônio • Urografia excretora – difícil acesso (paga pouco)
o Lesões iatrogênicas → determina o nível da
lesão e a função do rim contralateral
Tardias (após 6 semanas)
o Lesões por violência → resultados inespecífi-
• Sangramento – pode ser tratado com emboliza- cos (retardo de excreção, tortuosidade/dilata-
ção seletiva ção ureteral ou extravasamento do contraste)
• Hipertensão arterial – causada por:
• TC com contraste – fase excretora (é a mais
o Estenose cicatricial de lesões arteriais OU usada, mas tem baixa especificidade para lesões
o Compressão do parênquima por hematomas, ureterais, sendo maior nas lesões iatrogênicas)
ativando o SRAA
o TC helicoidal é útil pois permite a reconstru-
• Fístulas arteriovenosas ção da via excretora
• USG (coleções no retroperitônio ou dilatação de
CONCLUSÃO – TRAUMA RENAL vias excretoras)
• Ureteropielografia retrógrada (mais invasiva que
As lesões renais permitem tratamento clínico e cirúr-
a UGE, mas aponta mais evidentemente o nível
gico, cuja opção depende de:
da lesão)
• Estado hemodinâmico • Ureteropielografia anterógrada (excepcional, em
• Diagnóstico e classificação das lesões pacientes com nefrostomia)
TRAUMA ABERTO → MAIORIA CIRÚRGICO OBS.: A irrigação do ureter é acolada nele, se você
TRAUMA FECHADO → MAIORIA CONSERVADOR for dissecar ele e liberar muito rente à parede, você
lesa muito a irrigação, por isso, devemos dissecar
somente onde e o quanto for necessário
TRAUMA DE URETER
Raramente causado por violência externa pene- TRATAMENTO
trante (4%) ou fechada (1%) – ferimentos por arma de
fogo são relacionados a ferimentos graves de outros A SUTURA DEVE SER OBLÍQUA, JAMAIS
órgãos, com alta morbimortalidade. TRANSVERSAL (PELO RISCO DE ESTENOSE)
A maioria das lesões é iatrogênica, no ureter proxi- A reconstrução do ureter é feita por anastomoses
mal, em cirurgias abertas: término-terminais (após o desbridamento das por-
• Histerectomia (54%) ções lesadas), com alinhamento dos cotos e coloca-
• Cirurgia colorretal (14%) ção de cateter intraureteral (stent).
• Tumor de ovário e uretropexia abdominal (8%)
• Cirurgia vascular abdominal (6%) TERÇO SUPERIOR DO URETER
OBS.: Hidronefrose após manipulação ureteral é • Ureterouretersotomia espatulada (mais usada)
frequente após by-pass aortoilíaco e aortofemoral, • Interposição ileal (lesões antigas e extensas)
com boa evolução espontânea. o Tubularização do íleo → corte na borda anti-
A lesão ureteral em cirurgias laparoscópicas é me- mesentérica (onde não há vasos mesentéricos)
nos frequente, com dados escassos, mas é mais co- • Autotransplante
mum em:
• Lise eletrocirúrgica ou laser para endometriose
TERÇO MÉDIO DO URETER
• Laqueadura tubária com uso de bisturi bipolar
• Ureteroureterostomia espatulada (mais usada)
A frequência de lesões em ureteroscopia tem dimi-
nuído pela melhoria da técnica. • Transureteroureterostomia (exceção,
pois utiliza o ureter sadio – imagem)
o Consiste em ligar a porção sadia su-
DIAGNÓSTICO perior do ureter lesado ao ureter
normal − o ureter normal vai carregar
CLÍNICO
urina de 2 rins
• Hematúria (pode estar ausente em até 45%)
TERÇO INFERIOR DO URETER CLÍNICO
• Reimplante ureteral (técnica de escolha) • Hematúria (presente na maioria)
o Túnel submucoso – tem que construir o meca- • Dor em baixo ventre
nismo antirrefluxo, enchendo a bexiga de soro • Irritação peritoneal
e fechando o detrusor por cima do ureter • Dificuldade de urinar
o Drenagem (cateter duplo J) – permitir saída OBS.: A forma mais simples de diferenciar anúria de
da urina, impedindo vazamento para abdome retenção urinária, é que nesta ocorre bexigoma.
OBS.: Há técnicas para não tensionar a anastomose
(Boari, Psoas Hitch).
EXAMES COMPLEMENTARES
A COLOCAÇÃO DE DRENOS PERIURETERAIS
• Uretrografia (exame inicial → excluir trauma de
EVITA A FORMAÇÃO DE COLEÇÕES, PROTE-
uretra, presente em 30% dos traumas vesicais)
GENDO CONTRA INFECÇÃO E FIBROSE
o É sempre necessário fazer uretrografia an-
OBS.: No terço inferior, não se faz anastomose es-
tes de passar sonda → se houver lesão de
patulada, apenas o reimplante!
uretra e você passar a sonda, você pode afas-
tar os cotos e piorar o prognóstico
SITUAÇÕES ESPECIAIS • Cistografia (100% de acurácia na rotura) – feita
• Secção parcial do ureter → espatular (transforma- após verificar-se a integridade da uretra, com a in-
ção de corte transversal em oblíquo) jeção de 300mL de contraste iodado
• Ligadura do ureter – ex.: ligadura acidental junto o Cistografia por CT (avalia bem fraturas pélvi-
com a artéria uterina cas e outras lesões intrabdominais)
o RECENTE: basta retirar o fio e colocar cateter
duplo J para ter certeza de não estenosar
TIPOS DE ROTURA VESICAL
o ANTIGA:
▪ URETER DISTAL (mais comum): secção e ROTURA EXTRAPERITONEAL
reimplante Corresponde à rotura com perda de urina para o re-
▪ URETER PROXIMAL: ureteroureterostomia troperitônio. Em 12%, é associada a rotura intrape-
NA DÚVIDA QUANTO À VIABILIDADE DO URE- ritoneal.
TER, REALIZAR URETEROURETEROSTOMIA TRATAMENTO: cateterismo uretral de demora
OU REIMPLANTE URETERAL com sonda de Foley por 2-3 semanas (cicatrização
espontânea) → não requer cirurgia, salvo nas INDI-
CAÇÕES CIRÚRGICAS:
TRAUMA DE BEXIGA
• Fragmentos ósseos no interior da bexiga
Raro, correspondendo menos de 2% das lesões ab- • Lesões retais
dominais cirúrgicas devido à profundidade da be- • Laparotomia por lesões de outros órgãos (apro-
xiga → quando lesada, geralmente é lesada junto veita que vai operar e corrige a lesão vesical)
da pelve óssea ou associada a rotura uretral, geral-
mente em situações de alto impacto.
• A bexiga é protegida lateralmente pelos ossos ROTURA INTRAPERITONEAL
pélvicos, inferiormente pelo diafragma urogeni- OBRIGATÓRIO TRATAMENTO CIRÚRGICO
tal e posteriormente pelo reto. (LAPAROTOMIA)
O trauma mais frequente é o contuso, comumente Geralmente a lesão é maior do que se vê na radiolo-
associado a fratura pélvica. O trauma vesical gia, e, apesar de requerer tratamento cirúrgico, tam-
aberto é geralmente associado a lesões abdominais bém requer cateter vesical de demora por 2-3 se-
maiores, choque, e alta mortalidade (associação manas.
com lesão de vasos pélvicos), e é principalmente ia- OBS.: Se a sutura for boa, a sonda pode ficar por
trogênico (laparoscopia ginecológica ou de corre- apenas 7 dias; se a sutura não for tão boa, pode-se
ção de cistocele). chegar a 21 dias.

DIAGNÓSTICO TRATAMENTO
Na suspeita de rotura uretral, evitar cateterismo A sutura deve ser feita sempre em dois planos.
uretral. Deve-se determinar se a rotura de bexiga é: Deve-se manter drenagem contínua da urina (tanto
• INTRAPERITONEAL → indicação de cirurgia na rotura intra quanto extraperitoneal) no pós-ope-
o Mais comum e mais associada a fratura pélvica ratório por sonda de Foley para evitar a distensão
o Suspeita: TC com líquido livre + sem lesão vesical, permitindo melhor cicatrização.
de víscera maciça + hematúria Deve-se drenar também o espaço de Retzius e a
• EXTRAPERITONEAL → indicação de drenagem cavidade abdominal, evitando a formação de cole-
ções e abscessos.
DETERMINAR SE HÁ LESÕES RENAIS ASSOCIADAS
TRAUMA DE URETRA Consiste na perineostomia com esvaziamento do
hematoma, hemostasia, uretrorrafia término-ter-
Uretra minal e sonda uretral por 2-3 semanas.
peniana
Uretra COMPLICAÇÕES: pode haver retração do coto
anterior
Uretra bulbar
proximal, sendo necessário o cateterismo retró-
Trauma de Diafragma grado por abertura da bexiga (cistostomia). Identi-
uretra
Uretra
urogenital ficando-se os cotos, faz-se a uretrorrafia término-ter-
membranosa minal, sonda e fechamento da cistostomia.
Uretra
posterior
Uretra
prostática TRAUMA DE URETRA POSTERIOR
(MEMBRANOSA E PROSTÁTICA)
Em 90%, é causado por trauma contuso.
PRINCIPAL EXAME: uretrocistografia retrógrada. A ROTURA DE URETRA MEMBRANOSA É A
A SONDAGEM É CONTRAINDICADA NO PACI- MAIS FREQUENTE DE TODAS
ENTE COM SUSPEITA DE LESÃO URETRAL! (re- 90% são causadas por fraturas da pelve óssea (mas
alizar uretrografia primeiro) ocorrem em 5% dessas fraturas) → é condição prati-
camente obrigatória. São quase sempre totais e
completas devido ao mecanismo de guilhotina
TRAUMA DE URETRA PENIANA por desgarramento da aponeurose perineal média.
Ocorre por choque direto ou flexão brusca (coito ou Clinicamente, ocorre mau estado geral, hipotensão
masturbação). Pode ser classificada em: e sinais de hipovolemia e choque. Ao toque retal,
• Rotura parcial não se sente a próstata (“próstata flutuante”), que
o ROTURA PARCIAL INTERNA (rotura apenas da está substituída pelo hematoma.
mucosa) → dor e uretrorragia
o ROTURA PARCIAL EXTERNA (rotura da parte TRATAMENTO
esponjosa, sem lesão da mucosa) → hema- • Cistostomia percutânea (se possível) ou aberta
toma periuretral, sem uretrorragia (se laparotomia por outra causa ou fratura pél-
• ROTURA TOTAL → hematoma + uretrorragia vica) + correção da lesão uretral (anastomose
OBS.: Uretrorragia é saída de sangue pela uretra, direta ou telescopagem)
não acompanhada pela saída de urina. o Técnica de escolha por menor incidência de
estenose uretral e impotência sexual
o A correção é feita meses após o trauma
TRATAMENTO
• Melhora do quadro geral
Em alguns casos, requer somente o uso de sonda
uretral de demora, que tampona o sangramento. o Reposição volêmica
o Medidas de suporte
Após, o paciente é acompanhado em ambulatório
com avaliação do fluxo urinário, e, se necessário, O USO DE SONDA COMO TRATAMENTO PRI-
realização de dilatações para manter o calibre de- MÁRIO NÃO É POSSÍVEL NA MAIORIA DAS
vido ao grande risco de estreitamento. LESÕES DE URETRA POSTERIOR
• Ensina-se ao paciente como colocar sonda de OBS.: A cistostomia só é feita nos traumas de uretra
Melaton: coloca, tira, lava e guarda, todos os dias posterior!
durante 1 mês, então 3x/semana, diminuindo
gradativamente; se piorar, aumentar a frequência
TRAUMA DE PÊNIS

Tratamento cirúrgico – uretrorrafia FRATURA


Consiste na sutura da lesão, com ressecção das bor- Corresponde à rotura dos corpos cavernosos por
das da ferida e anastomose término-terminal – a trauma direto do pênis ereto, com rotura da túnica
sutura pode ser em um plano só. albugínea. Cursa com:
OBS.: Assim como na lesão de ureter, precisa espa- • Dor aguda do pênis
tular, não fazer sutura circular. • Perda súbita da ereção
• Edema
TRAUMA DE URETRA BULBAR • Hematoma peniano volumoso
• Uretrorragia
A causa mais comum é a queda a cavaleiro. Quando ASSOCIADA A LESÃO URETRAL EM 38%
a rotura é total, ocorre uretrorragia, hematoma pe-
O diagnóstico é clínico, mas pode-se fazer uma
rineal e incapacidade de micção.
RNM em caso de dúvidas ou pequenos hematomas
(determina se o tratamento será conservador ou
TRATAMENTO não). A uretrografia retrógrada tem uma aplicação
QUASE SEMPRE CIRÚRGICO
seletiva, principalmente nos casos de hematúria ou
indicação de sondagem com dúvida diagnóstica.
OBS.: O hematoma da lesão de uretra bulbar é res-
trito ao períneo (“hematoma em asa de borboleta”)
porque sua fáscia é inserida no ísquio, e o hema-
toma da fratura de pênis pode chegar às clavículas,
porque a fáscia superficial do pênis é contínua com
a do abdome, espalhando-se

TRATAMENTO
CIRURGIA IMEDIATAMENTE
A via de acesso pode ser:
• Circunferencial no sulco coronal
• Longitudinal na rafe mediana
• Desenluvamento do pênis
• Rafia da túnica albugínea – pode haver disfunção TRAUMA CONTUSO → DEPENDE
erétil secundária à fibrose TRAUMA ABERTO → ORQUIECTOMIA
Expõe-se os corpos cavernosos para identificar le- O tratamento cirúrgico consiste na drenagem do
sões a serem reparadas. hematoma e da hematocele, com desbridamento e
síntese da albugínea.
ROTURA DA TÚNICA ALBUGÍNEA → CIRURGIA

INDICAÇÕES CIRÚRGICAS
• Hematoma + dor
• Impossibilidade de distinguir o testículo do
epidídimo
• Trauma penetrante de escroto – exceto feri-
mento superficial ou tangencial
• Tempo > 3 dias do trauma
• Vascularização comprometida
Na suspeita de torção, cintilografia e USG podem
ser utilizados.
AMPUTAÇÃO Nos casos de amputação, o reimplante deve ocorrer
em até 8h.
Deve-se manter o coto em solução salina com he-
parina e antibióticos até o início da reconstrução,
que deve ser o mais precoce possível, com microa-
nastomoses do nervo e vasos dorsais, e anastomose
da uretra.
O tratamento consiste na reconstrução peniana
(reimplante, se possível, ou uretrostomia perineal
ou cistostomia).
OBS.: Amputação tira só o pênis, emasculação tira
pênis e testículos.

TRAUMA DE TESTÍCULO
RUPTURA
Geralmente ocorre em impactos de alta energia ci-
nética.

QUADRO CLÍNICO
• Dor
• Edema escrotal
• Equimose/hematoma
• Incapacidade de distinguir clinicamente testí-
culo e epidídimo
11/02/2022 Urologia Carolina Rossi

Doenças Sexualmente
Transmissíveis
BÁRBARA

INTRODUÇÃO
Desde que surgiram os medicamentos para
disfunção erétil, aumentou a prevalência de DSTs
entre maiores de 50 anos.
É mais importante uma terapia que englobe todas as
causas prováveis do que investigar causa específica.
Sempre que for feito um diagnóstico, é necessário OBS.: Em caso de lesão > 4 semanas, além de tratar
aconselhar, oferecer testes e vacinas, além de donovanose, realizar biópsia!
notificar e tratar também a parceria.
TRATAMENTO
HERPES GENITAL
1º EPISÓDIO:
• Aciclovir: 200mg, 4/4 hs, 5x/dia, por 7 dias ou
400mg, VO, 8/8 horas, por 7 dias; ou
• Valaciclovir: 1 g, VO, 12/12 horas, por 7 dias; ou
• Famciclovir: 250mg, VO, 8/8 horas, por 7 dias
RECORRÊNCIAS:
• Aciclovir: 400mg, VO, 8/8 horas, por 5 dias (ou
200 mg, 4/4 hs, 5x/dia, 5 dias); ou
• Valaciclovir: 500 mg, VO, 12/12 horas, por 5 dias;
ou 1 g dose única diária, 5 dias; ou
• Famciclovir: 125 mg, VO, 12/12 horas, por 5 dias.
RECIDIVAS (mais de 6 episódios/ano):
• Aciclovir: 400mg, 12/12 horas, por até 6 anos; ou
• Valaciclovir: 500 mg por dia por até 1 ano; ou
SÍNDROME ULCEROSA • Famciclovir: 250 mg, 12/12 horas por dia por até
SINTOMAS: ulceração genital única ou múltipla. 1 ano
SINAIS: edema, secreção, odor fétido, adenoegalia
inguinal. SÍFILIS E CANCRO MOLE
ETIOLOGIA: Não é problema associar os tratamentos já que am-
• Cancro duro (Treponema pallidum) bos são em dose única.
o É a ferida de inoculação do treponema
o Ferida única
o Indolor
• Cancro mole (Haemophilus ducreyi)
o É a própria doença
o Pode ser uma só ferida ou várias
o Dolorosa
• Herpes genital
• Donovanose

ABORDAGEM
TRATAR SÍFILIS + CANCRO MOLE
Associar tratamento para:
• Herpes → se a prevalência for > 30% e/ou lesões LESÕES > 4 SEMANAS (suspeita de donova-
vesiculares nose, linfogranuloma venéro ou neoplasias)
• Donovanose → se lesão > 4 semanas Realiza-se a biópsia e, enquanto se espera o resul-
tado, trata-se a donovanose (doxiciclina).
SÍNDROME VERRUCOSA
SINTOMAS: ausentes ou prurido, sangramento ure-
tral, lesões friáveis e dolorosas ao toque.
SINAIS: pápulas ou verrugas.
ETIOLOGIA: molusco contagioso e HPV.
OBS.: Não é apenas sexualmente transmissível,
pode ocorrer em crianças também.

SÍNDROME URETRAL
ABORDAGEM
SINTOMAS: corrimento uretral, prurido, polaciúria,
disúria e odor fétido.
SINAIS: edema da glande, corrimento uretral abun-
dante (ou não) e claro.
ETIOLOGIA: gonococo, clamídia, tricomonas, mico-
plasma, ureaplasma, bactérias.

ABORDAGEM

TRATAMENTO: remoção da verruga via química ou


bisturi elétrico

INFECÇÃO PELO HPV


Se não houver bacterioscopia disponível, tratam-se
as duas maiores causas (clamídia e gonorreia); se
houver, procura-se o gonococo (já que o exame para
clamídia é muito específico).

OPÇÕES TERAPÊUTICAS

CLAMÍDIA

INFECÇÃO PELO MOLUSCO CONTAGIOSO

GONORREIA

OBS.: Ofloxacina funcionaria para ambas, embora


não seja 1ª escolha.
Não se faz imunoterapia
SEM MELHORA EM 7-10 DIAS (suspeitar de
micoplasma)
RECOMENDAÇÕES GERAIS
• A postectomia é altamente recomendada para
todos os pacientes que tiveram DST
• Recomendar a vacina contra hepatite B (se pos-
sível, a dupla, com hepatite A)
• Tratar sempre a parceria
• Oferecer testes:
o Anti-HIV
o VDRL
o HBsAg
11/02/2022 Urologia Carolina Rossi

• TESTÍCULOS (dimensões, consistência, posição e


Infertilidade Masculina volume)
JHULIA o Testículos de pequeno volume: redução dos
ductos seminíferos (deficiência hormonal?)
• EPIDÍDIMO → procurar alterações de forma e
INTRODUÇÃO consistência que indiquem inflamação
INFERTILIDADE: é a dificuldade do casal em obter • PÊNIS → avaliar posição do meato uretral, curva-
gravidez em 1 ano tendo relações sexuais regulares, tura, presença de calcificações, tamanho, pre-
sem uso de contracepção sença de fimose (procurar anomalias que impe-
çam o ato sexual ou a deposição do sêmen)
O FATOR MASCULINO TEM A MESMA IMPOR-
TÂNCIA QUE O FATOR FEMININO • TOQUE RETAL → avaliar consistência e procurar
dor ou cisto na linha mediana da próstata
Os espermatozoides sobrevivem no organismo da
mulher cerca de 36 a 72 horas, portanto, se tiver re-
lações sexuais em 2-3x/semana no período fértil é ESPERMOGRAMA
o suficiente para se engravidar. Outro motivo para
isso é que o organismo masculino precisa desse in- Coletado por masturbação após um período de 48-
tervalo para repor totalmente o líquido seminal. 72h de abstinência sexual (não mais do que isso; é
o período de maturação), no próprio laboratório.
• Se o período for de 5-7 dias, selecionam-se os pi-
PROPEDÊUTICA BÁSICA ores espermatozoides (mais velhos)
Em caso de 1ª amostra anormal, é necessária uma 2ª
HISTÓRICO SEXUAL E REPRODUTIVO
amostra com intervalo de 15 dias, e, se esta for alte-
• Infertilidade primária ou secundária – se já exis- rada, uma 3ª após 3 meses (tempo médio de esper-
tem filhos ou não matogênese), para excluir influência de viroses, fe-
• Problemas que afetem o comportamento sexual bre etc.
• Disfunção erétil
• Masturbação entre as relações sexuais
PARÂMETROS NORMAIS
Variáveis Valores
ANTECEDENTES MASCULINOS
Volume ≥ 1,5-5mL
• Criptorquidia – pode reduzir a concentração es-
pH > 7,2-8
permática, ainda que tenha sido tratada
• Orquite pós-caxumba – pode destruir o epitélio Motilidade • A ≥ 25%
germinativo • A + B ≥ 32% (progressivos)
• ISTs – podem obstruir o sistema ductal • A+ B + C ≥ 40% (total: pro-
• Antecedentes cirúrgicos (herniorrafia) – pode le- gressivos + não progressivos)
sar os ductos deferentes Morfologia Kruger ≥ 4%
• Correção do refluxo vesicoureteral – pode causar Não Kruger ≥ 30%
ejaculação retrógrada
Concentração/ ≥ 39 milhões
• Neoplasias – o próprio câncer de testículo ou o
ejaculado
tratamento
Concentração/mL ≥ 15 milhões/mL

FATORES GONADOTÓXICOS
PARÂMETROS ANORMAIS
Agentes que alteram a produção de espermatozoides:
• Pesticidas VOLUME
• Sulfasalazina, nitrofurantoína, cimetidina Volume < 1 mL pode indicar:
• Drogas: cafeína, nicotina, tabaco, álcool, maconha • Obstrução do ducto
• Anabolizantes • Ejaculação retrógrada
• Quimioterápicos e radioterapia • Erro de coleta
• Fontes de calor

pH
EXAME FÍSICO • Muito ácido → obstrução
• FACE, ATITUDE E VIRILIZAÇÃO → buscar sinais • Muito básico → infecção
de deficiência de androgênio
• BOLSA TESTICULAR → procurar varicoceles LEUCÓCITOS
• CANAL INGUINAL → procurar varicoceles e pre- Quando > 1 milhão/mL, suspeita-se de infecção.
sença do ducto deferente
CONCENTRAÇÃO o LH
o Testosterona
o Prolactina
• CARIÓTIPO DE BANDA G
o Ex.: síndrome de Klinefelter (47, XXY)
• PESQUISA SOBRE MICRODELEÇÕES DO CRO-
MOSSOMO Y

TRATAMENTO
VARIA CONFORME A CAUSA

TRATAMENTO CLÍNICO
HIPOGONADISMO HIPOGONADOTRÓFICO
• FSH 75UI 3x/semana +
A azoospermia é classificada em: • HCG 2.000UI 1x/semana
• OBSTRUTIVA/EXCRETORA: possui espermato- DURAÇÃO: 3 MESES
gênese normal (ex.: vasectomia) Com reavaliação de testosterona após 30 dias;
o Pode-se extrair o esperma por biópsia ou pun- caso ela aumente, mantém-se o tratamento por mais
ção testicular 2 meses.
• NÃO OBSTRUTIVA/SECRETORA: possui esper-
matogênese alterada por comprometimento da
INFECÇÕES
função gonadal (ex.: síndrome de Kallman, crip-
torquidia, caxumba etc.) • Bactérias gram-negativas: trimetoprim ou quino-
lonas
Temos oligozoospermia grave quando a concentra-
• Chlamydia e Ureaplasma: tetraciclina
ção por < 5 milhões/mL.
O tratamento dura 4 semanas, devido ao difícil
acesso dos fármacos à próstata.
MOTILIDADE
• Grupo A (móveis com progressão linear rápida;
EJACULAÇÃO RETRÓGRADA
os melhores)
• Grupo B (móveis progressão linear lenta) • Simpatomiméticos
• Grupo C (móveis não progressivos) • Alfaestimulantes (efedrina e finilpropalamina)
• Grupo D (imóveis) • Imipramina
Se a ejaculação anterógrada for ausente, pode-se fa-
zer a recuperação dos espermatozoides da urina
EXAMES COMPLEMENTARES e TRA por injeção intracitoplasmática.
A propedêutica inicial é baseada em:
• URINA PÓS-MASTURBAÇÃO (se suspeita de eja- TRATAMENTO CIRÚRGICO
culação retrógrada) • VARICOCELE (ligadura das vv. espermáticas e
• CULTURA DE SÊMEN (se houver leucócitos ao es- suas tributárias)
permograma)
o Preferencialmente por via subinguinal
• PESQUISA DE MUTAÇÕES DA FIBROSE CÍSTICA
o Preservação da a. testicular e da drenagem lin-
(ausência congênita bilateral do vaso deferente)
fática
• ULTRASSONOGRAFIA
• REVERSÃO DA VASECTOMIA: reanastomose do
o Transretal: visualiza obstrução do ducto eja-
deferente (a chance de sucesso é inversamente
culatório, microlitíase testicular, tumor testicu-
proporcional ao tempo de vasectomia)
lar, ausência congênita bilateral dos vasos de-
• OBSTRUÇÃO DO DUCTO EJACULADOR (ressec-
ferentes
ção endoscópica, formando fístula entre ele e a
o Abdominal total: malformações congênitas
uretra posterior) – resultados incertos
das vias urinárias, criptorquidia
• DEFERENTOGRAFIA (se suspeita de obstrução
do ducto ejaculatório ou deferente) – no centro TERAPIA DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA
cirúrgico, imediatamente antes da desobsturção Para ICSI, nesses casos, é necessária recuperação
Se oligozoospermia grave, ou azoospermia não obs- dos espermatozoides: procedimento cirúrgico sob
trutiva, solicitam-se: o epidídimo ou testículos – precisa ser no momento
• DOSAGEM HORMONAL da fertilização, para não correr risco de vir no exame,
o FSH mas não vir na hora.
Técnica Requisito
Inseminação • Concentração > 5 milhões/mL
intrauterina • Motilidade A e B
• Morfologia de Kruger > 4%
Fertilização • Concentração 1,5 a 5 milhões/mL
in vitro • Motilidade A e B
• Morfologia de Kruger > 4%
Injeção intracito- • Qualidade inferior ao mínimo das téc-
plasmática do nicas inferiores
espermatozoide • Azoospermia
04/02/2022 Urologia Carolina Rossi

• Eletromagnética (B)
Procedimentos Urológicos o As ondas sonoras são produzidas por uma
em Litíase Urinária espiral e membrana eletromagnética, direcio-
nando o foco por meio de uma lente acústica
PROF. POMPEU • Piezoelétrica (C)

INTRODUÇÃO ACOPLAMENTO
A litíase urinária é uma doença metabólica (rim lito- Inicialmente era feito por imersão em banho líquido
gênico), não é apenas causada pela falta de água. (dentro de uma banheira).
O nefrologista trata a doença metabólica, e o urolo- Atualmente, é feito com
gista realiza os procedimentos cirúrgicos. almofada ou tubo com
fluido, acoplados à
pele com gel acústico –
TRATAMENTO CLÍNICO (NEFROLÓGICO) o gel serve para remo-
É permitido na maioria dos cálculos, que são peque- ver bolhas de ar que
nos (< 1cm) e eliminados espontaneamente. prejudicam a passagem
do som.
• Analgesia (AINEs)
• Medicamentos
o α-bloqueadores (tansulosina) SISTEMA DE IMAGENS
o BCC (nifedipino) A máquina localiza o cálculo por radiação, e lança a
• Hidratação com 2.000mL/dia de diurese onda sonora no ponto exato (um X em cima da pe-
• Dieta hipossódica e hipoproteica dra, ajustando levantando ou abaixando a mesa).
Isso pode ser feito por meio de:
• Fluoroscopia (arco em C) – utiliza radiação, só
LITOTRIPSIA EXTRACORPÓREA COM ON- sendo útil para cálculos radiopacos
DAS DE CHOQUE (LECO) • USG
Surgiu em 1972, e se tornou comercialmente dispo- o Útil em cálculos radiotransparentes
nível em 1984. Contudo, sua máquina requer muita o Não utiliza radiação
manutenção, sendo pouco acessível até hoje. o Difícil em obesos e para cálculos do ureter
médio
• Ambos
MECANISMO DE AÇÃO
Usa ondas sonoras de forma centrípeta; elas pene-
tram o cálculo, e uma parte passa (forças compres- EFEITOS BIOLÓGICOS
sivas) e outra parte volta (forças tensionais). Essas • Petéquias em fígado, cólon e mesentério (sem
forças em di- importância clínica – mas demonstra que o mé-
reções opos- todo não é totalmente inócuo)
tas causam o • Efeitos menores em rins, pulmões e ovários
“arregaça-
mento” do
cálculo. CONTRAINDICAÇÕES
Contraindicações absolutas
MÉTODOS DE GERAÇÃO DAS ONDAS • Gravidez (teratogênico em embrião de galinha)
• Distúrbios de coagulação
o Devido à formação de petéquias – se o paci-
ente já forma petéquias sozinho, ele pode for-
mar um hematoma com a LECO
• Obstrução abaixo do cálculo
o Quando há obstrução distal ao cálculo, for-
mando uma “rua de cálculo”
• Infecção urinária aguda
• Eletrohidráulica (A) o Risco de bacteremia: por isso se faz ATB pro-
o As ondas sonoras são produzidas por um ele- lático ou terapêutico
trodo e dirigidas a um foco por meio de espe- • Sepse
lhos, tudo isso em meio líquido (favorece a • Hipertensão não controlada
passagem do som)
Contraindicações relativas MECANISMO DE AÇÃO
• Aneurisma de aorta abdominal ou da a. renal Remoção dos cálculos com pinças ou cestas. Cálcu-
(depende da posição) los maiores (acima de 0,3cm) podem requerer fra-
o Pode-se confundir um aneurisma calcificado gmentação por laser (nefroscópio flexível) ou outras
com o cálculo, e estourar o aneurisma formas (semirrígido).
• Calcificação na a. renal
• Marcapasso → avaliar com o cardiologista TIPOS DE URETEROSCÓPIO
• Aparelho semirrígido
APLICAÇÕES CLÍNICAS o INDICAÇÃO: cálculo impactado no terço dis-
Serve para fragmentação de cálculos ureterais e re- tal do ureter
nais pequenos a médios, de baixa dureza. o CONTRAINDICAÇÃO: cálculo
É POUCO EFICIENTE PARA CÁLCULOS NO no terço superior do ureter
POLO INFERIOR DO RIM ou no rim: risco de empurrar o
cálculo para dentro do rim e
não conseguir pescar de volta
TIPO QUÍMICO DO CÁLCULO • Aparelho flexível (requer bainha
Funciona em cálculos até 600 UH; entre 600 e e fio-guia)
1000 fica a critério, mas acima de 1000 UH não o Atinge qualquer ponto da via urinária
funciona bem – não é possível saber o tipo químico o Muito caro, não compensa (empresa em For-
do cálculo antes de tirar, por isso se usa densidade. taleza aluga o aparelho para vários hospitais)
• Ácido úrico – SIM
• Estruvita – SIM
MÉTODOS DE FRAGMENTAÇÃO (para cálcu-
o Assintomático → só diagnosticado grande los maiores que 0,3 cm )
• Oxalato de cálcio di-hidratado – menos resistente O balístico-pneumático (ar comprimido) é o mais uti-
(possui mais água) lizado, assim como o ultrassônico e o laser – o eletro-
• Oxalato de cálcio monohidratado - mais resistente hidráulico é o menos usado porque não com-
• Cistina – NÃO pensa.
• Fosfato de cálcio – NÃO Risco de lesão
Método Eficácia
Se houver distância entre pele e cálculo acima de térmica
15cm (obesos), a LECO não tem bom resultado. Balístico pneu- +++ -
mático
TAMANHO DO CÁLCULO Ultrassônico + +
• Cálculo ureteral menor que 1cm Eletro-hidráulico ++ ++
• Cálculo de cálices superior e médio menor que Laser +++ +++
2cm – tolera tamanho maior por causa da gravi-
OBS.: O ultrassônico e o eletro-hidráulico são permi-
dade, com menor risco de refluir
tidos somente no rim, porque podem lesar o ureter.
o Determinante: ângulo formado entre o cálculo
e a pelve renal
INDICAÇÕES
• Cálculos no ureter
LITOTRIPSIA NEFROURETEROSCÓPICA
CONTRAINDICAÇÕES: cálculos maiores de 2 cm
Surgiu no início dos anos 1980. É feita em posição (preferir a percutânea).
de litotomia, e considera a anatomia do ureter:
• 24-30cm de comprimento
COMPLICAÇÕES
• 3mm de diâmetro
o Antigamente se dilatava o ureter para inserir o COMPLICAÇÕES MAIORES
aparelho; atualmente os aparelhos já são mais • Estenose – o processo de entrada e saída repe-
finos mesmo tida do nefroscópio (retirada dos cálculos pela
▪ Problema: sendo muito fino, não é possível cestinha, não por sucção) pode lesar a mucosa
remover os pedaços por sucção, apenas • Avulsão (arrancamento do ureter)
pela cestinha o Tratamento: autotransplante
• Estreitamentos naturais (cuidado pois o aparelho • Perfuração do ureter
mais comum é reto, e o ureter é curvo)
o Por isso, é importante ter um fio-guia em todo
Utilizam um canal de trabalho que permite a passa- procedimento urológico
gem de dispositivos de preensão (basket).
• Urossepse (alta mortalidade; isso justifica o uso
“excessivo” de antibióticos em urologia)
COMPLICAÇÕES MENORES CIRURGIA ABERTA
• Cólica renal (pedacinho do cálculo restante) É agressiva (especialmente a lobotomia), estando
o Prevenção: manter cateter duplo J por 15-30 em desuso com o surgimento de métodos menos in-
dias após o procedimento para impedir obs- vasivos. Ainda existem indicações para sua realiza-
trução do trajeto com retenção do cálculo ção (ex.: cálculos coraliformes grandes, falha de ou-
• Falso trajeto (perfuração parcial, com penetração tros métodos), mas são mais restritas.
na submucosa, mas sem saída do ureter) CUIDADO: a pelve renal é a estrutura mais poste-
• Sangramento rior do pedículo → a abordagem é sempre poste-
• Extravasamento rior.
• Infecção DIFICULDADE: saber onde está o cálculo dentro do
rim.
A incisão na pelve renal precisa ser semilunar, e
LITOTRIPSIA OU NEFROLITOTOMIA
sempre pela borda posterior.
PERCUTÂNEA
Surgiu em 1976, com alto índice de complicações.

MECANISMO DE AÇÃO
É baseada na punção de cálices renais com pielo-
grafia ascendente (para facilitar a punção e introdu-
ção de fio-guia) – utiliza nefroscopia e radioscopia
ao mesmo tempo.
Pode ser em decúbito ventral ou dorsal, por meio
de punção inferior, na linha axilar posterior entre a
borda inferior da 12ª costela e a EIAS.
• Até existe a punção de cálice superior, mas re-
quer muita experiência do cirurgião devido ao
alto risco de complicações
• O melhor cálice para penetrar é o 2º, porque
fica com a pontinha para baixo, e encaixa bem na
agulha
o Nunca penetrar pelo infundíbulo, mas pelo
óstio do cálice

MÉTODOS DE FRAGMENTAÇÃO
• Energia ultrassônica
• Eletro-hidráulica
• Pneumático-balístico
• Laser

INDICAÇÕES
CÁLCULOS NO RIM
É capaz de fragmentar cálculos de qualquer tama-
nho, dureza ou localização, contudo, é um proce-
dimento mais invasivo que a LECO e a ureterosco-
pia, devendo seu uso ser bem ponderado.
• Cálculo > 2-3cm
• Cálculo coraliforme grande
• Cálculo de cálice inferior
• Cálculo em cálice com infundíbulo estreito –
tira o cálculo e já alarga o infundíbulo, impedindo
recidivas (o defeito inicial não era metabólico,
possivelmente, mas um cálculo se formou por
causa do estreitamento)
• Cálculos refratários a LECO ou ureteroscopia
É O MÉTODO DE ESCOLHA PARA CÁLCULOS
DE CÁLICE INFERIOR
21/01/2022 Urologia Carolina Rossi

• Prolactina
Doenças da Próstata • ACTH → estimula a produção de androgênios
PROF. POMPEU pelas adrenais

ANATOMIA HIPERPLASIA BENIGNA DA PRÓSTATA

A próstata é composta por estroma fibromuscular É a proliferação de ambos o tecido glandular e o


(60%) e tecido glandular (30%). estroma da próstata (mas com predomínio do es-
troma), formando um tecido nodular. É a doença
A maior parte da próstata é posterior (e a maior
mais comum da próstata, e o tumor benigno mais
parte dos tumores é na periferia), por isso é possível
comum no sexo masculino.
examinar quase toda a próstata pelo toque retal.
• Acima dos 80 anos, mais de 90% dos homens
• Normal: consistência fibroelástica, com cada
têm adenoma de próstata
lobo um pouco menor do que uma polpa digital
O tratamento pode ser clínico ou expectante; a ci-
O colo vesical participa na ejaculação por receptores
rurgia é necessária somente em 10%.
α-adrenérgicos, fechando-se para impedir refluxo.
Em patologias ou no pós-operatório de próstata
pode haver ejaculação retrógrada (não causa pro- FISIOPATOLOGIA
blema para a saúde, mas prejudica a fertilidade por-
O estroma tem seu tônus muscular regulado por re-
que diminui o sêmen ejetado); em muitos casos
ceptores α1-adrenérgicos a nível do colo vesical: a
pode-se recuperar a ejaculação normal.
hiperatividade simpática causa contração muscu-
lar, ocluindo a uretra prostática e o colo da bexiga.
ZONAS DA PRÓSTATA O componente glandular, por sua vez, é sensível a
• Zona central (25%) – ao redor dos ductos das testosterona → a próstata é, então, sensível ao eixo
glândulas seminais, não ao redor da uretra hipotálamo-hipófise-gonadal. Na próstata, a testos-
(como o nome pode induzir); possui glândulas, terona é convertida em DHT pela 5-α-redutase.
então também pode haver adenomas (também Na hiperplasia, ocorre crescimento das glândulas in-
causando sintomatologia precoce, mas por com- ternas (ao redor da uretra), com obstrução da ure-
pressão do colo vesical em vez da uretra) tra prostática – é a obstrução que marca o início dos
• Estroma anterior (1%) – desprovido de tecido sintomas.
glandular (apenas fibromuscular) → menor inci-
dência de adenomas e carcinomas ETIOLOGIA
• Zona de transição (4%) – onde ocorrem os ade-
nomas (acolada na uretra: por isso tem sintoma- É desconhecida, mas há fatores de risco:
tologia precoce) • Idade
o Zona periuretral • Hormônios → é hormônio-dependente (a tes-
tosterona aumenta o adenoma)
• Zona periférica (70%) – onde ocorrem adenocar-
• História familiar
cinomas, com invasão de outras regiões
Em adenomas grandes, tem-se somente o adenoma
e a cápsula. QUADRO CLÍNICO
COMPONENTES ESTÁTICO E DINÂMICO
AUMENTO + CONTRAÇÃO DO M. LISO DA
PRÓSTATA = MENOR CALIBRE E MAIOR RE-
SISTÊNCIA DA URETRA
• Jato urinário fraco
• Dificuldade para iniciar a micção
• Retenção urinária
• Resíduo pós-miccional

COMPONENTE VESICAL
ESFORÇO E HIPERATIVIDADE DA BEXIGA
(OU HIPOATIVIDADE EM FASES AVANÇADAS)
FISIOLOGIA
• Gotejamento terminal (contração do m. detru-
O hipotálamo libera LHRH e CRF que estimulam a sor é insuficiente para vencer a obstrução)
hipófise, que libera: • Urgência urinária (quando sente vontade de uri-
• LH → estimula a produção de testosterona pelas nar, precisa imediatamente)
células de Leydig • Frequência urinária aumentada (inclui noctúria)
• Incontinência urinária paradoxal: a bexiga se o Mais usado para fazer biópsia da próstata, di-
enche devido à retenção, mas em determinado agnóstico de abscesso e investigação de azo-
momento, a pressão na bexiga é superior à resis- ospermia (suspeita de obstrução do ducto
tência oferecida pela uretra - como se fosse um ejaculatório)
açude sangrando: sempre que chega urina do • Sumário de urina – investigar se há:
rim, vaza, porque a bexiga não consegue conter o Piúria e nitrito
o “Ele tá sem urinar?” “Não, tá urinando” mas o Hematúria
quando se palpa, a bexiga atinge nível do rim
o Tratamento: sonda de manutenção com
sonda de Folley (não de alívio, que seria com TRATAMENTO
sonda de Melaton) Não previne câncer de próstata.
▪ Possui duas vias: a via da urina e a via da
válvula que enche o balão dentro da be-
CONDUTA EXPECTANTE
xiga (fixar a sonda na bexiga)
Solicita-se retorno com 3 meses para avaliar me-
• Bexiga trabeculada
lhora clínica; pode-se suspender, e voltar a tomar
• Hematúria
(dessa vez por 1 ano) se voltarem os sintomas.
OBS.: O ideal é urinar a cada 3h; se quiser antes,
Geralmente o acompanhamento é anual para paci-
pode ir antes, mas se não sentir vontade após 3h,
entes com sintomas leves (IPSS até 7).
precisa ir – principalmente mulheres, onde a vulva é
muito próxima ao ânus e, se não houver a lavagem
pela urina, pode haver ITU de repetição. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
NÃO HÁ RELAÇÃO ENTRE DIMENSÕES DA Indicado para pacientes com sintomas moderados
PRÓSTATA E INTENSIDADE DOS SINTOMAS (IPSS entre 8 e 19).
OBS.: Os fitoterápicos não são recomendados.
QUESTIONÁRIO DO ESCORE INTERNACIO-
NAL DE SINTOMAS PROSTÁTICOS (IPSS) Diminuição do tamanho da próstata
Muito difícil de responder, sendo pouco aplicável. INIBIDORES DA α-5-REDUTASE
Possui 7 questões, cada uma valendo de 0 a 5. • Dutasterida
• Até 7: ótimo (sintomas leves) • Finasterida
o Não requer tratamento Além de diminuírem o tamanho da próstata, dimi-
• 8-19: dificuldade moderada nuem o PSA (em pelo menos metade), podendo
o Tratamento medicamentoso mascarar um câncer: sempre que for interpretar o
PSA nesses casos, sempre pensar nele dobrado.
• 20-35: dificuldade severa
Menos eficazes do que os relaxantes – a terapia
o Tratamento cirúrgico
combinada tem sido cogitada.
▪ Próstata menor que 30g: RTUP
▪ Próstata entre 30 e 80g: várias opções
▪ Próstata maior que 80g: cirurgia aberta Relaxamento da uretra prostática
O mais importante: quantas vezes levanta à noite BLOQUEADORES α-ADRENÉRGICOS
para urinar. Importante também avaliar qualidade • Doxazosina
de vida: “se você passar o resto da vida urinando as- • Tansulosina
sim, vai achar bom ou ruim?” • Prazosina
• Terazosina
DIAGNÓSTICO • Alfuzosina
O sucesso depende da quantidade do estroma (ge-
• História clínica ralmente 70% da hiperplasia) e do tônus do m. liso.
• Toque retal
CONTRAINDICAÇÕES:
• Exames de sangue
• IR causada pela HPB
o PSA (protease da família das calicreínas, res-
• AVC
ponsável por liquefazer o líquido seminal)
• Retenção urinária aguda repetida
▪ Antigamente, acreditava-se que era produ-
zido somente pela próstata, mas é produ-
zido por outros tecidos também: pâncreas, TRATAMENTO CIRÚRGICO
mamas e glândulas salivares • Ressecção transuretral da próstata (RTUP)
o Ureia e creatinina (investigar nefropatia obs- o Com bisturi elétrico – precisa lavar com água
trutiva, a maior complicação da HPB) destilada, não pode ser soro fisiológico (água
• USG transretal → muito pior do que um dedo! destilada não conduz corrente)
Maior, mexe mais e tem baixo VPP
▪ Risco de hemodiluição com hemólise (sín- É importante fazer tanto toque quanto PSA, em-
drome de intoxicação hídrica) porque en- bora 5% dos cânceres tenham toque e PSA normais,
tra a água destilada nos vasos que sangram e possa haver toque e PSA anormais sem se ter cân-
o Com bisturi bipolar (pode ser com SF, sem o cer (provável prostatite crônica – diagnóstico após
risco de intoxicação hídrica) descartar câncer com cerca de 4 biópsias normais).
• Laser – pouco sucesso (pulveriza a próstata, preju- Vantagem: CRESCIMENTO LENTO → não tem pre-
dicando biópsia) juízo esperar até 6 meses para repetir o exame.
o Causa menos disfunção erétil e permite ope-
rar pacientes anticoagulados RASTREIO
• Prostatectomia aberta transvesical • Parente de 1º grau acometido por câncer de
o A uretra prostática fica sendo a cápsula, sem próstata ou outros fatores de risco → anual após
recheio; não previne contra o câncer porque os 45 anos
o câncer ocorre na cápsula • Sem fatores de risco → anual após os 50 anos
o Tem maior taxa de sucesso, mas maior morbi-
mortalidade
BIÓPSIA
COM/SEM USG, E COM/SEM SEDAÇÃO
ADENOCARCINOMA DE PRÓSTATA O USG direciona a coleta da biópsia justamente para
É o câncer não melanoma mais co- onde há suspeita de câncer. Tira 2 fragmentos de
mum do homem, sendo a 2ª morte cada lateral da próstata (divisão em 6 → 12 fragmen-
mais comum por câncer em ho- tos). Pode ser feita
mens (1ª: pulmão). Sua prevalência com anestesia local
aumenta com a idade, sendo con- ou geral.
siderado “o câncer da 3ª idade”. O escore de Gleason
Possui grande relação com histó- determina o grau his-
rico familiar, e com a raça negra. tológico do câncer de
O advento do PSA foi muito impor- próstata, e é determi-
tante no rastreio do câncer de próstata, mas depois nado pela soma dos
o número de diagnósticos voltou a cair, o que é es- dois padrões mais
tranho pois não existe prevenção (primária) para frequentes.
o câncer de próstata. O que se pode fazer é pre-
venir a morte. QUADRO CLÍNICO
Sem sintomas na fase inicial (tanto que o diagnós-
ETIOLOGIA tico é por exames preventivos, não por sintomatolo-
Desconhecida, mas possui fatores de rico: gia): como fica na zona periférica, só dá sintomas
• Idade quando chega na uretra, sendo então similares aos
• Hormônio do tumor benigno. Mais tardiamente, podem apare-
cer sintomas de metástases.
• História familiar
• Raça
• Alimentação rica em gordura e pobre em fibras ESTADIAMENTO

DIAGNÓSTICO
• História clínica
• Toque retal
o Nódulo endurecido, com superfície irregular
o Próstata fixa
Um nódulo com essas características possui 50%
de chance de ser câncer.
• PSA
o Suspeição: acima de 2,5 – há correlação entre
o tamanho da lesão e o aumento do PSA
o Relação PSA livre/total ajuda a diferenciar se
é benigno ou maligno sem precisar de biópsia
(dependendo do caso)
▪ Na lesão benigna, predomina o PSA livre
(relação maior quantitativamente)
▪ No câncer, o PSA livre é inferior em rela-
ção à população normal
TUMORES LOCALIZADOS (T1-2/N0/M0)

TRATAMENTO
A prostatectomia radical é o tratamento com maior
chance de cura (90%), sendo o padrão-ouro na do-
ença localizada, mas tem risco de:
• Disfunção erétil (n. cavernoso) – após os 80 anos,
80% têm disfunção erétil após o tratamento
• Incontinência urinária
A hormonioterapia é feita por orquiectomia (castra-
ção), mas não é curativa (causa apoptose de células
cancerosas, mas há células hormônio-resistentes).
A radioterapia externa é melhor do que a braqui-
terapia (fonte em contato direto com o tecido), tanto TUMORES LOCALMENTE AVANÇADOS
que a braqui tem indicações mais específicas (Glea- (T3-4/N0/M0)
son menor, próstata menor e sem ressecção transu-
retral prévia).
T1 E T2, N0 E M0 são tumores localizados, com
grande chance de cura.
OBS.: Como o câncer de próstata tem crescimento
lento, pacientes com expectativa de vida inferior a
10 anos não se beneficiam do tratamento radical
(qualidade de vida x tratamento invasivo).

VISÃO GERAL DO TRATAMENTO

REGRA GERAL: faz HT neoadjuvante (6 meses antes


da radioterapia externa) e adjuvante (continuar
após a radioterapia).
TUMOR METASTÁTICO (N1/M0 OU N0-1/M1) PROSTATITE AGUDA

DIAGNÓSTICO
Anamnese
• Febre
• Tremores
• Astenia
• Dor no canal uretral
• Urgência para urinar

Exame da urina
• Escura
• Cheiro forte
• Pode haver hematúria

Outros exames
• Exame da próstata
• Exame da secreção da próstata → não é reco-
mendado (estimular o extravasamento de secre-
ção de uma próstata contaminada pode causar
OBS.: O estrogênio é pouco utilizado pois causa gi-
bacteremia)
necomastia dolorosa e cardiotoxicidiade (o paci-
• PSA (aumentado)
ente precisa usar AAS cronicamente).

TRATAMENTO
RECIDIVA BIOQUÍMICA PÓS -PROSTATECTO-
MIA RADICAL • Antibióticos 7-14 dias
o Quinolonas
o Sulfametoxazol-trimetoprim
• Anti-inflamatórios
• Banhos de assento (vasodilatação → aumenta a
penetração do ATB)
• Repouso

PROSTATITE CRÔNICA
DIAGNÓSTICO
Geralmente é causada por prostatite aguda mal
tratada. É oligossintomática, usualmente diagnos-
ticada só aumento do PSA. Além disso, pode haver
irritação na urina → nada no sumário de urina nem
cultura; o que pode haver espermograma + esper-
mocultura com antibiograma (sempre pedir os
dois).
A prostatite crônica altera a qualidade do es-
perma

Geralmente é um resto de tumor que demorou 2


anos para produzir PSA detectável (após a prostatec- TRATAMENTO
tomia, espera-se que o PSA fique abaixo de 0,2). Antibiótico por no mínimo 30 dias: a bactéria pode
se alojar nos cálculos prostáticos, ficando escon-
dida (a própria prostatite crônica provoca essas cal-
PROSTATITE cificações).
Infecção bacteriana que incide em 10% dos homens,
principalmente dos 30 aos 50 anos.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
A via de entrada normalmente é a uretra (relação
anal desprotegida). • Como se comportar diante de um caso de reten-
ção urinária?
• Quando solicitar USTR?
• Quando fazer T. retal?
Carolina Rossi

PRIAPISMO 6º semestre
Disciplina de Urologia
21/01/2022
ROTEIRO

Definição

Fisiopatologia

Propedêutica

Tratamento
INTRODUÇÃO
DEFINIÇÃO: ereção dolorosa, anormal e persistente
do pênis ou clitóris, sem associação a estímulo ou
desejo sexual (duração > 4h?)
É raro, mas pode ocorrer em qualquer faixa etária
 Prevalência discretamente maior na doença falciforme
(Vista inferior)

FISIOPATOLOGIA
Geralmente a ereção envolve somente os
corpos cavernosos, mas também pode
envolver o corpo esponjoso e a glande

CLASSIFICAÇÃO (quanto à etiologia)


 Primário ou idiopático
 Secundário
 Medicamentos (injeção intracavernosa)
 Doenças (doença falciforme)
Hematológica (doença falciforme, leucemia, talassemia,
mieloma múltiplo, púrpura trombocitopênica trombótica)
Neurológico (choque espinal)
Malignidade (metástase)

PRIAPISMO Traumatismo perineal, pélvico, ou peniano


Drogas (anticoagulantes, anti-hipertensivos, antidepressivos,
SECUNDÁRIO inibidores de PDE5, injeções intracavernosas, bloqueadores
alfa, metilfenidato, atomoxetina, cocaína)
 Iatrogênico (injeções intracavernosas)
Infecção (malária, toxinas de aranha)
Perturbações metabólicas (gota, hemodiálise, dislipidemia,
diabetes, nutrição parenteral total)
CLASSIFICAÇÃO (quanto à fisiopatologia)
 Isquêmico (emergência urológica)
FISIOPATOLOGIA  Não isquêmico (autolimitado)
PRIAPISMO ISQUÊMICO (de baixo fluxo,
anóxico ou venoclusivo)
Ereção prolongada com falha na detumescência por relaxamento
prejudicado, com paralisia do m. liso cavernoso
Resulta em síndrome compartimental
Quando prolongada, causa dano estrutural ao pênis
 Início com 4 a 6 horas
 Dano irreversível em 24 a 48 horas
Duração do priapismo  disfunção erétil subsequente
Quando aliviado rapidamente, não é associado a sequelas
Raro – mais prevalente na doença falciforme

PRIAPISMO É um tipo de priapismo isquêmico que inicia com


RECORRENTE ereções de curta duração (sono)

Possivelmente associado a desregulação da PDE5


PRIAPISMO NÃO ISQUÊMICO (de alto fluxo,
arterial ou congênito)
É mais raro que o isquêmico

Resulta de uma fístula entre a artéria cavernosa (a. profunda do


pênis) e o corpo cavernoso

Relacionado a trauma peniano ou perineal, ou malformações


congênitas

Não é emergência: o corpo cavernoso está oxigenado

Resolve espontaneamente em 62%


PROPEDÊUTICA
Anamnese
 Duração da ereção Priapismo Ereção rígida e História de
isquêmico dolorosa doença
 Episódios anteriores hematológica
 Medicações ou drogas
 História de doença
hematológica História de
Priapismo Ereção menos trauma, injeção
 Trauma não rígida e menos ou procedimentos
isquêmico dolorosa
 Presença e gravidade da dor urológicos

No priapismo, ao contrário da
ereção normal, o corpo esponjoso e
a glande permanecem flácidos
Objetivo: diferenciar os tipos de priapismo
quando impossível pela clínica

EXAMES COMPLEMENTARES
Gasometria do corpo cavernoso
• Priapismo isquêmico: sangue preto, com hipoxemia, hipercarbia e acidemia
• Priapismo não isquêmico: sangue vermelho, com níveis normais de O2, CO2 e pH

USG com Doppler das aa. cavernosas


• Alternativa à gasometria
• Priapismo isquêmico: fluxo mínimo ou ausente – priapismo de baixo fluxo
• Priapismo não isquêmico: fluxo alto ou normal – priapismo de alto fluxo

Outros exames de sangue


•Toxicologia
•Avaliação da Hb (suspeita de hemoglobinopatia)
1ª passo: diferenciar
isquêmico e não
isquêmico (clínica ou
TRATAMENTO Doppler ou gasometria)

Depende do tempo
Analgésicos (inclusive opioides)
devem ser usados no controle
da dor s/n
TRATAMENTO DO PRIAPISMO ISQUÊMICO
Há menos de 4h Há mais de 4h
A resposta deve ser rápida para
evitar sequelas a longo prazo
Esvaziamento
Fenilefrina (com ou sem
intracavernosa lavagem com
soro fisiológico)

Fenilefrina
intracavernosa
FENILEFRINA • Descompressão
Antes: extrair dos corpos
5mL de sangue cavernosos
Agonista α-adrenérgico
(epinefrina, norepinefrina,
fenilefrina, metaraminol); a Diluir em soro
fenilefrina é O que tem fisiológico a
100 a 500
menos efeitos adversos µg/mL
cardiovasculares
 Hipertensão
 Cefaleia Injetar 1mL a
cada 3 a 5
 Arritmias minutos

Finalizar
quando • 1h = falha do
resolver ou tratamento
medicamentoso
completar 1h
Consiste na criação de uma fístula do corpo
cavernoso com o corpo esponjoso (ou a glande
ou a uma das veias penianas)

TRATAMENTO Reservado para os pacientes refratários à lavagem cavernosa


e à fenilefrina

CIRÚRGICO Gera alívio do priapismo isquêmico, mas sem preservação da


função erétil

É recomendado o implante de prótese peniana em pacientes


que chegam tardiamente (mau prognóstico de função sexual)
TRATAMENTO DO PRIAPISMO RECORRENTE

Deve ser tratado igual ao priapismo isquêmico

Pacientes com essa condição podem ser treinados para a


autoinjeção de fenilefrina ou ser instituído o uso de
antiandrogênios ou análogos (GnRH)
TRATAMENTO DO PRIAPISMO NÃO ISQUÊMICO
Excluir priapismo isquêmico!
Observação: resolução espontânea em horas a dias
Lavagem cavernosa e fenilefrina intracavernosa não têm eficácia
comprovada, com risco superando benefício
Caso o paciente prefira uma intervenção: arteriografia com embolização da
fístula (alívio imediato do priapismo com preservação da função erétil)
 Em caso de falha: ligadura cirúrgica da artéria lesada
1ª passo: diferenciar
isquêmico e não
isquêmico (clínica ou
TRATAMENTO Doppler ou gasometria)

Depende do tempo
Analgésicos (inclusive opioides)
devem ser usados no controle
da dor s/n
REFERÊNCIAS
OBRIGADA PELA ATENÇÃO!
... e se cuidem!

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