Você está na página 1de 13

CADERNO DE CLÍNICA CIRÚRGICA 4

URGÊNCIAS UROLÓGICAS
Cólica renal-------------------------------------------------------------------------
* Rafael *

Urgência urológica mais frequente. Quadro de obstrução aguda da via urinária excretora, gerando dor intensa.

ETIOLOGIA
Cálculos, estenose de JUP, fragmentos papila ou tumor, coágulos, obstrução extrínseca, ITU. Qual quer coisa que
obstrua a passagem da urina gera cólica renal. Apenas a presença de pedra não causa a cólica, é preciso ter a
obstrução da via urinária. Isso ocorre devido ao aumento da pressão da pelve com continuidade da filtração
glomerular seguida por redução da filtração e isquemia  dor

DOR
- Localização: no ângulo costovertebral, flanco, região abdominal
inferior, escroto e testículos ou vulva
- Características: início agudo, grande intensidade, cólica intermitente,
sem posição antálgica, dor que deixa o paciente inquieto e agitado.
Muitas vezes associada a náusea e vômito, sudorese e hematúria
(micro ou macro)

EXAME FÍSICO
Paciente agitado, com taquicardia, dor à percussão do ângulo
costovertebral (Giordano +), dor â palpação abdominal, ausência de sinais de irritação peritoneal (rim é
retroperitoneal), febre.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Apendicite aguda, radiculite, herpes zoster, gravidez ectópica, patologia ovariana, diverticulite aguda, litíase biliar,
doença péptica, aneurisma de aorta abdominal, pielonefrite aguda, obstrução intestinal

EXAMES COMPLEMENTARES
- Analise da urina: urocultura (pesquisa de infecções associadas) e exame microscópio de sedimento
- Hemograma
- Função renal: ureia e creatinina
- RaioX simples de abdome: a maioria dos cálculos são radiopacos (oxalato de cálcio, fosfato de cálcio, estruvita,
cistina), aparecendo facilmente do rx. O rx isoladamente não dá diagnóstico
- USG (ecografia): exame barato e de fácil acesso. Possui vantagens por ser de fácil realização em crianças, gestantes
e permite a visualização de cálculos radiotransparentes (ácido úrico, indinavir). Permite a visualização dos sinais de
obstrução, como hidronefrose. As desvantagens são que é um exame operador dependente e não permite a
visualização de cálculo ureteral e pequenos (<0,5cm). Caso seja identificado sinal de obstrução, mas não o cálculo,
possivelmente este está no ureter.
- Urografia excretora: exame de boa sensibilidade à cálculos, permite visualizar dilatações, anomalias e tumores
uroteliais. Uso de contraste.
- Tomografia computadorizada: padrão ouro! Permite a identificação de litíase renal, outras causas, causas
extrínsecas e a análise da função renal (quando feita com contraste)
* A TC contrastada só pode ser realizada em paciente com creatinina >2, caso contrário, pode levar à
insuficiência renal

TRATAMENTO
Tratamento inicial tem que ser para o controle da dor AINH (o melhor), analgésicos, antieméticos, opióides, alfa
bloqueadores, antiespasmódicos (não tem comprovação de ação no trato urinário).

Fernanda Schwab - 66
CADERNO DE CLÍNICA CIRÚRGICA 5
Existe a possibilidade de expulsão do cálculo como tratamento, quando este for pequeno e estiver no ureter. Isso
depende de: tamanho, forma, localização e presença de obstrução pelo cálculo. A probabilidade de expulsão do
cálculo é de 70% espontânea (78%-4mm; 60%- 5 a 7mm; 48%- 7 a 9mm; 25% > 9mm)
 Tratamento clínico: somente para pacientes que não estão em estado de urgência. Anti-inflamatórios +
analgésicos; alfa-bloqueadores (Tansulosina); relaxante de musculatura lisa (citrato, bicarbonato)
 Tratamento cirúrgico de urgência:
- Indicações: Dor intratável  refratária a
analgesia; Obstrução em doente de rim único;
Obstrução bilateral; Alteração de função renal;
Sepse; Ruptura do sistema excretor; Obstrução
associada a febre; Calculo com baixa
possibilidade de expulsão. Gestantes e
imunossuprimidos são sempre indicados à
cirurgia.
- Cateter ureteral duplo J
- Nefrostomia percutânea
 Tratamento cirúrgico sem urgência:
- Litotripsia extracorpórea por ondas de choque
- Ureterorrenolitotripsia flexivel
- Ureterolitrotripsia
- Nefrolitotripsia percutânea
- Ureterotomia
- Nefrolitotomia

Pielonefrite aguda------------------------------------------------------------------
A pielonefrite designa uma infecção do trato urinário, que atinge a "pielo" (pelve) do rim. Afeta quase todas as
estruturas do rim e existe sob duas formas: pielonefrite aguda (causada por uma infecção bacteriana) e pielonefrite
crónica (infecções bacterianas repetidas, associadas a um sistema imunitário debilitado).

APRESENTAÇÃO CLÍNICA
Dor lombar/ flanco; febre; calafrios  tríade; disúria; aumento da frequência;
urgência; dor abdominal associada a náuseas e vômitos; Giordano +.
OBS.: nefrograma heterogênio: imagem de diferentes densidades no mesmo
rim.

ETIOPATOGENIA
- Enterobatérias: E. Coli (80%); Klebisiella, Proteus, Enterobacter
- E. faecalis
- S. aureus
- S. epidermidis

EXAMES COMPLEMENTARES
- Leucocitose
- VHS aumentado
- PCR aumentado
- Leucocitúria
- Hematúria
- Urocultura
- Hemocultura (Suspeita de bacteremia)
- É importante pesquisar: antecedentes de litíase, necrose papilar, má resposta a terapia prévia, bexiga neurogênica,
DM, histórico de cirurgia urológica

Fernanda Schwab - 66
CADERNO DE CLÍNICA CIRÚRGICA 6
TRATAMENTO
É um paciente de urgência que precisa ser tratado
com rapidez. É fundamental a diferenciação em
paciente com pielonefrite complicada X não
complicada.
- Complicada: com repercussão sistêmica,
alteração estrutural ou alteração funcional do rim
 Fluoroquinolonas:
- Complicada: 14-21 dias
- Não complicada: 7-14 dias

COMPLICAÇÕES
 Abcesso renal: coleção purulenta no
parênquima renal
- Apresentação clinica semelhante a PNA
- Mais insidioso
- TC: exame de eleição
- Terapêutica: antibiótico parenteral;
drenagem percutânea ou aberta
 Abcesso peri-renal: coleção purulenta no espaço peri-renal.
- Apresentação clínica clássica: febre e dor lombar 2 semanas após ITU ou infecção cutânea
- TC: exame de eleição
- Terapêutica: drenagem percutânea, drenagem cirúrgica ou nefrectomia

Hematúria--------------------------------------------------------------------------
Presença de sangue na urina (micro ou macroscópico). Confirmada pelo EAS

CLASSIFICAÇÕES
- Microscópica: >3 hemácias por campo em 2 coletas ou <50 hemácias por campo
- Macroscópica: >50 hemácias por campo. 1ml de sangue em 1 litro de urina

- Falsa hematúria: Contaminação por sangue menstrual, Desidratação (urina


concentrada), Exercício físico intenso, Alimentos, Medicamentos, Ingestão de
ácido ascórbico ou outros anti-oxidantes, Vitamina B
- Hematúria verdadeira

- Glomerular: alteração nefrológica. Cilindros, eritrócitos dismórficos


- Não glomerular: ex. tumores. Alterações urológicas. 60% origem extra renal.
Macroscópica: 22% de chance de malignindade.
* Fatores de risco para malignidade: >40 anos, tabagista, doença urológica,
irradiação

- Inicial: sangue no início e depois urina norma. Localizada na uretra


- Total: sangue por toda a urina. Localizado na bexiga, ureter ou rim
- Terminal: urina clara e no final sai sangue. Localizado no colo vesical ou próstata

ETIOLOGIA
- ITU: queixa urinária irritativa ou febre
- HBP/ estenose de uretra: queixas urinárias obstrutivas
Litíase renal, PNA, necrose papilar
- CCR, tuberculose: febre crônica e baixa
- Coágulo: extraglomerular

Fernanda Schwab - 66
CADERNO DE CLÍNICA CIRÚRGICA 7
EXAMES COMPLEMENTARES
 Laboratoriais
- Hemograma completo
- EAS: confirma a hematúria e ajuda a diferenciar glomerular X não glomerular
- Urocultura
- Função renal
- Função de coagulação
 Imagem
- RX abdome
- USG vias urinárias
- Urografia excretora
- TC abdome e pelve: padrão ouro nas hematúrias provocadas por cálculos urinários. Sensibilidade 94-98%.
Maior capacidade em evidenciar lesões no parênquima e nas demais partes das vias excretoras
- RNM
- Uretrocistografia
- Cistoscopia: melhor método de avaliação do trato urinário inferior, envolvendo bexiga, meatos ureterais e
uretra

TRATAMENTO (na urgência)


- Reposição volêmica/ transfusão
- Drenagem vesical com ou sem lavagem/ irrigação vesical
- Cobertura ATB se for indicado
- Tratamento cirúrgico quando necessário

Gangrena de Fournier – Fasceíte Necrotizante---------------------------------


Fasceíte necrotizante na região perineal. Infecção grave que necrose e morte celular. Pode se desenvolver de vários
problemas que causam abertura para bactérias na região perineal:
- Abcesso perianal, Hérnia inguinal encarcerada, Hemorroida infectada, Biopsia retal, Biopsia prostática,
Estenose de uretra, Sonda uretral, Traumatismo perineal, Dilatação anal, Procedimentos anorretais, Câncer
de retossigmóide, Lesão/infecção da pele perineal

CARACTERÍSTICAS
- Quadro clínico variável
- Edema perineal: bactérias produzem gás
- Crepitação local
- Sepse
- Progressão rápida (2-3cm/hora, fáscia de Scarpa, Buck, Dartos)
- Mais comum em imunossuprimidos (DM, etilistas, HIV)
- Alta morbi-mortalidade
- Polimicrobiana

TRATAMENTO
- Antibiótico de largo espectro
- Retirada do foco de infecção – cirúrgia  debridamento precoce

Retenção urinária aguda-----------------------------------------------------------


Incapacidade subida de urinar. Dor suprapúbica de intensidade crescente. Caráter de urgência

Fernanda Schwab - 66
CADERNO DE CLÍNICA CIRÚRGICA 8
ETIOLOGIA
 Anatômica: HPB, CA de próstata, estenose da uretra, doença do colo vesical
 Funcional: doença neurológica, dor (uretrite), pós-operação, trauma, medicamentos

ANAMNESE
Idade (idosos podem ter HPB e desenvolver RUA), sintomas miccionais prévios, episódios anteriores, cirurgia
recente, incontinência (paradoxal)

EXAME FÍSICO
Dor a palpação suprapúbica, presença de globo vesical

TRATAMENTO
- Cateterismo vesical de Foley ou Dufour
- Cistostomia suprapúbica

COMPLICAÇÕES
- Diurese osmótica pós obstrutiva: Gera lesão tubular, sobrecarga osmótica. Tto: Hidratação com SF. Vigia função
renal e ionograma.
- Hipotensão
- Hematúria ex vácuo: lesão da mucosa pela descompressão brusca.

Escroto agudo----------------------------------------------------------------------
Dor escrotal aguda em crianças ou jovens urgência / emergência. Se não tratado cursa com perda do testículo.

AVALIAÇÃO: diferenciar quadros de urgência e emergência


Anamnese, idade, característica da dor, sinais (Angel, reflexo cremastérico, Prehn), cor e volume escrotal, volume
testicular

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Torção do cordão espermático (Principal), torção dos apêndices testicular/epidídimo, epididimite/ orquiepididimite,
hérnia inguinal, hidrocele, traumatismo/ picada de inseto, lesões dermatológicas, vasculite inflamatória, neoplasia

QUADRO CLÍNICO GERAL


Dor, aumento escrotal, edema, rubor, calor.

EXAMES COMPLEMENTARES
- EAS + urocultura + TSA
- USG doppler
- Cintilografia

OBS.: TORÇÃO DO CORDÃO ESPERMÁTICO: Deslocamento do testículo e do


cordão espermático em torno do seu eixo vertical com comprometimento da
drenagem venosa e posteriormente do fluxo arterial.
- Etiopatogenia: Inserção alta da túnica vaginal no cordão espermático e aumento
da mobilidade testicular. A torção geralmente é espontânea (contração do
cremaster). Comum em exercícios físicos, traumatismo e em crianças dormindo.
- Apresentação clínica: Dor escrotal aguda, intensa, irradiação para região
abdominal inferior, aumento do volume escrotal, náuseas e vômitos.
- Exame físico: Testículo mais alto, transversalizado, sem reflexo cremastérico,
Sinal de Prehn negativo (Sem melhora com elevação do testículo). Epidídimo e
apêndices palpáveis.

Fernanda Schwab - 66
CADERNO DE CLÍNICA CIRÚRGICA 9
- Exames complementares: nem sempre se faz. Eco-doppler escrotal: visualiza anatomia e fluxo testicular e possui
sensibilidade 90% e especificidade 99%. Cintilografia com contraste: padrão ouro
- Fatores prognósticos: magnitude da torção (n° de voltas), tempo de isquemia (<6h=85-97%; 6 a12h=55 a 85%; 12 a
24h=20 a 80%; >24h=<10%)
- Tratamento: destorção manual; exploração cirúrgica (desfazer torção, avaliação de viabilidade, fixação testicular
bilateral); orquiectomia (se inviabilidade testicular)

Orquiepididimite--------------------------------------------------------------------
ETIOLOGIA
- Criança: E. coli.
- <35 anos, sexualmente ativo: Gonorreia, clamídia.
- >35 anos: Enterobactéria.
- Outros: tuberculose, brucelose

DIAGNÓSTICO
Aumento doloroso do testículo e epidídimo, Diminuição da dor com elevação escrotal (Prehn positivo), queixas
urinárias baixas, piúria

EXAME
Ecografia escrotal com doppler: analisa hipervascularização

TRATAMENTO: Repouso, analgesia (AINE), suspensão escrotal,antibioticoterapia (Quinolonas- ciprofloxacina,


levofloxacina).

Priapismo--------------------------------------------------------------------------
Ereção peniana prolongada e persistente, frequentemente dolorosa, desencadeada ou não pelo estímulo sexual.
INCIDÊNCIA: 1,5/100000 habitantes; 2,9/100000 habitantes >40 anos

Fernanda Schwab - 66
CADERNO DE CLÍNICA CIRÚRGICA 10
CLASSIFICAÇÃO

 5-10 anos: Anemia falciforme.


 20-50 anos: Idiopática, medicamentos.

ANAMNESE
Duração, dor, traumatismo recente, história farmacológica, outros antecedentes

EXAME FÍSICO
Ausência de rigidez da glande e restante esponjoso; grau de rigidez; sinais de traumatismo

EXAMES COMPLEMENTARES
- Leucograma
- Gasometria do sague cavernoso: para diferenciação dos tipos de priapismo. Isquêmico: Ph <7,25; pO2 <30mmHg;
pCO2 >60mmH. Não isquêmico: sangue arterial

- Eco-doppler peniano Priapismo não isquêmico


- Arteriografia

TRATAMENTO
Analgesia e Gelo.
- Anemia falciforme: Hidratação, alcalinização, transfusão.
- Tratamento intracavernoso: Aspiração do sangue cavernosos e injeção intracavernosa de agentes
adrenérgicos.
- Tratamento do Priaprismo não isquêmico: Embolização seletiva; tratamento conservador = observação
(60% resolução espontânea), gelo + compressão
 Cirúrgico: shunt distal (caverno-esponjoso) punção de Winter, Al-Ghorab; shunt proximal Quackels –
caverno-espojoso; Grayhack – safeno-cavernoso

Fratura peniana--------------------------------------------------------------------
Ruptura da túnica albugínea por traumatismo sobre o pênis em ereção. Pouco comum. Mais frequente em relação
sexual (94%). Outras causas: Queda, agressão.

APRESENTAÇÃO CLÍNICA: Tríade clássica, mas não universal: Estalido, dor, detumescência
Edema, equimose, hematoma (pênis em berinjela), asa de borboleta no períneo, defeito palpável na túnica. Pode
ocorrer ruptura simultânea de uretra (38%) urterorragia, hematúria e retenção urinária

EXAMES: diagnóstico clínico! Ecografia (USG), cavernograma, RNM

TRATAMENTO: Evacuação do hematoma, sutura da túnica vaginal,correção do corpo cavernoso e uretra.

COMPLICAÇÃO: alta taxa de complicação. Curvatura (Doença de Peyroni), disfunção erétil.

Parafimose------------------------------------------------
Edema prepucial doloroso distalmente ao anel fimótico.
TRATAMENTO: Redução manual; Plastia dorsal.

Fernanda Schwab - 66
CADERNO DE CLÍNICA CIRÚRGICA 11

TRATMATISMOS DO TRATO URINÁRIO


Introdução--------------------------------------------------------------------------
* Alexander *
- Trauma está para 1/ 14 óbitos
- 10% das lesões em unidades de emergência, envolvem o TGU (trato geniturinário), sendo o rim o órgão mais
frequentemente acometido (perde para o fígado e para o baço)
- O coronavírus acarretou uma diminuição dos traumas
- É fundamental uma boa avaliação inicial:
 História do trauma  mecanismo da lesão
 PAF- projetil de arma de fogo trajeto, orifício de entrada e saia
 Exame abdome e pelve (fraturas), arcos costais inferiore
 Hematúria
- Atendimento ao politraumatizado, a fim de padronizar os atendimentos ATLS
 A: airway
 B: breathing
 C: circulation
 D: disability
 E: exposure

Trauma renal-----------------------------------------------------------------------
- 10% dos traumatismos abdominais, o rim será lesado
- O rim é o terceiro órgão parenquimatoso intra-
abdominal mais frequentemente lesado no trauma
abdominal fechado
- A maioria das lesões renais (90%) é causada pelo
trauma fechado e aproximadamente 10% por
ferimentos penetrantes
CLASSIFICAÇÃO PARA O TRAUMA RENAL:
 Grau I:
o Contusão renal: sem laceração do parênquima

o Hematoma sucapsular: sem laceração do parênquima com derrame sanguíneo intracapsular

Fernanda Schwab - 66
CADERNO DE CLÍNICA CIRÚRGICA 12
 Grau II: laceração renal < 1cm

 Grau III: laceração > 1cm

 Grau IV: laceração envolvendo


sistema coletor  extravasa
contraste na TC, diferenciando do
trauma grau III
- Ocorre infarto segmentar
(irrigação do rim é terminal, sem
anastomoses) diferente da
contusão por adquirir o aspecto
de pirâmide correspondente a área irrigada
- Necessário exame contrastado

 Grau V:
o Laceração renal
múltipla
“explosão renal”
o Trombose da
artéria renal por
estiramento da
camada íntima,
avulsão renal,
infarto agudo do
rim  comum em traumas de aceleração e desaceleração rápida (batida de carro com cinto de
segurança).
-Fazer arteriografia

TIPOS DE TRAUMA RENAL:


 Penetrante (10%):
- PAF; arma branca
- Exploração cirúrgica na maior parte. 80% dos casos com lesões associadas a outros órgãos
 Não penetrante (90%):
- Acidente automobilístico; atropelamento; queda; esportes de contato
- 85-90% dos casos é tratamento conservador

Fernanda Schwab - 66
CADERNO DE CLÍNICA CIRÚRGICA 13
QUADRO CLÍNICO:
 Hematúria:
- O grau de lesão renal não corresponde ao grau de hematúria
 Dor: flanco/abdome
 Sintomas reflexos: náuseas/vômito
 Equimose no local do trauma
 Choque: casos graves (IV ou V)

INDICAÇÕES DE EXAMES DE IMAGEM:


- Trauma contuso em pacientes com hematúria macro ou microscópica acompanhada de choque (PAS<90mmHg)
- Trauma com alto grau de suspeita de lesão renal  fratura de costelas, desaceleração rápida, hematúria
importante
- Trauma penetrante no flanco ou abdome independente do grau de hematúria

EXAMES DE IMAGEM:
- Exame de escolha é a TC: padrão ouro, sendo o mais utilizado e o mais eficaz para o diagnóstico e estadiamento das
lesões renais. Pode diagnosticar lesões associadas em outros órgão intra-abdominais
- Urografia excretora
- USG
- Arteriografia: quando suspeita de trombose arterial e avulsão do pedículo renal. Define lesões arteriais e
parenquimatosas importantes
- Angiorressonância

TRATAMENTO:
- Medidas de suporte: medidas mais importantes e maioria dos pacientes é tratado conservadoramente
- Avaliação clínica, laboratorial, e exames de imagem (24-48h análise da evolução)
- Comum em graus I, II e III
- Principal parâmetro é clínico, com estabilidade do paciente
- Laboratorial: hemograma
- Repouso, hidratação, posição volêmica, monitorização clínica, laboratorial e com exames de imagem
- Medidas cirúrgicas:
- Nefrorragia, nefrectomia parcial, nefrectomia total

Fernanda Schwab - 66
CADERNO DE CLÍNICA CIRÚRGICA 14

Trauma ureteral-------------------------------------------------------------------
- Raro no trauma contuso. Comum em traumas de desaceleração rápida (avulsão da JUP). A lesão ocorre na JUP
(junção ureteropélvica)
- Pode ocorrer em ferimentos por PAF, cirurgias pélvicas e lesões iatrogênicas (cálculo ureteral)
 Etiologia - lesões iatrogênicas:
- Cirurgias convencionais (pélvicas e retroperitoneais)
- Histerectomia – 54% dos casos de lesão ureteral
- Cirurgia colorretal – 14%
- Procedimentos pélvicos (incluindo os urológicos) – 8%
- Cirurgia vascular – 6%
-Cirurgias laparoscópicas:
- Cirurgias pélvicas
- Endometriose e histerectomia
- Experiência do cirurgião
- Ureteroscopia:
- Perfuração
- Ruptura
- Avulsão central

QUADRO CLÍNICO
- Quando a lesão passa desapercebida no intraoperatório deve-se atentar aos sinais de febre, peritonite, leucocitose,
hematúria e massas palpáveis
- A formação de fístula ureterovaginal ou ureterocutânea comumente ocorre nos primeiros 10 dias pós-operatórios

SINAIS E SINTOMAS
- Precoce: hematúria suspeitar de trauma no TGU
- Tardios: dor lombar/flanco, íleo prolongado, febre, sepse, azotemia, anúria, fístulas externas, massa em flanco

DIAGNÓSTICO
- Urografia excretora
- USG do trato urinário- hidronefrose/ urinoma
- Tomografia computadorizada- TC melhor exame
- Pielografia retrógrada

TRATAMENTO
- O ideal é o tratamento imediato das lesões a fim de preservar a função renal
- O tipo de tratamento vai depender do local da lesão (quanto mais longe da bexiga, mais grave)
 Cateter Duplo J
- Ureter superior
- Ureteroureterostomia
- Transureteroureterostomia
- Autotransplante renal
- Substituição intestinal do ureter
- Ureter médio
- Ureteroureterostomia
- Transureterouretrostomia
- Ureter inferior
- Reimplante ureteral na bexiga- ureteroneocistomia

COMPLICAÇÕES
- Estenose, extravasamento, hidronefrose, urinoma, abscesso, fístula, infecção, perda da função renal

Fernanda Schwab - 66
CADERNO DE CLÍNICA CIRÚRGICA 15

Trauma vesical---------------------------------------------------------------------
A bexiga se localiza profundamente na pelve, o que lhe confere
uma certa proteção contra os agentes traumáticos. Está
envolvida pela estrutura óssea, pelo diafragma urogeniral e,
posteriormente, pelo reto

TIPOS DE TRAUMA VESICAL


 Penetrante: mais comum
 Fechado: contusão, ruptura extraperitoneal, ruptura
intraperitoneal, lesão do tipo misto (raro)
o Ruptura extraperitoneal: trauma mais frequente da bexiga e quase sempre está associado a
fraturas dos ossos da bacia. Causada por fragmentos ósseos de fraturas pélvicas. Ocorre o
extravasamento da urina de forma limitado ao espaço vesical imagem em formato de pêra.
Hematúria de intensidade variável. Tratamento clínico sondagem vesical
o Ruptura intraperitoneal: trauma mais frequente na cúpula vesical. A urina da bexiga é jogada para
dentro da cavidade abdominal e pode até ser confundida com o diagnóstico de ascite. Pode ocorrer
por inúmeras causas, sendo a principal delas a condição em que há aumento súbito de pressão sobre
a região hipogástrica por agente externo (principalmente em pacientes já com a bexiga cheia).
Tratamento cirúrgico

DIAGNÓSTICO
- Dor suprapúbica
- Impossibilidade de urinar retenção urinária
- Histórico de trauma sobre o abdome inferior
- Hematúria sempre presente
- Realizar uretrocistografia retrógrada para confirmação do diagnóstico

TRATAMENTO
- Clínico X Cirúrgico
- Nos ferimentos penetrantes, a exploração cirúrgica deverá ser imediata

COMPLICAÇÕES
- Abscesso pélvico
- Peritonite- ruptura intraperitoneal
- Incontinência urinária

Trauma uretral---------------------------------------------------------------------
TIPOS DE LESÕES TRAUMÁTICAS:
 Posterior: acima do diafragma urogenital.
Uretra prostática e membranosa
 Anterior: abaixo do diafragma urogenital.
Uretra bulbar e peniana
 Total X Parcial

ETIOLOGIA
- Acidentes automotivos (28%), atropelamento
(28%), queda a cavaleiro (36%), arma de fogo (6,5%)
- Regiões acometidas: uretra bulbar (50%), uretra
membranosa (40%), uretra peniana (10%)

Fernanda Schwab - 66
CADERNO DE CLÍNICA CIRÚRGICA 16
EPIDEMIOLOGIA
- Mais comum em adultos jovens
- Ligamento pubo-prostático fixa a próstata a estrutura óssea trauma de bacia guilhotina a uretra por tração da
próstata

CLASSIFICAÇÃO DO TRAUMA

QUADRO CLÍNICO
- Uretrorragia (80%)
- RUA (25%)
- Dor períneo-hipogastrio (72%)
- Hematoma perineal e/ou escrotal

DIAGNÓSTICO
- Suspeita de lesão uretral  uretrocistografia retrógrada

CONDUTA
- Sondagem vesical, cistostomia, realinhamento endoscópico imediato

COMPLICAÇÕES
- Estenone, incontinência urinária, fístula urinária e abscesso pélvico

Fernanda Schwab - 66

Você também pode gostar