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Urologia 2018.2
Medicina UFS
HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA – UROLOGIA
INTRODUÇÃO
A HPB se desenvolve na ZONA DE TRANSIÇÃO, ao passo que os
adenocarcinomas costumam surgir na zona periférica.
ETIOPATOGENIA
A hipertrofia do detrusor leva à formação de trabéculas na mucosa vesical, as
quais podem ser vistas na cistoscopia. As trabéculas nada mais são do que
“bandas” de musculatura hipertrofiada... Quando isso acontece, começam a
surgir divertículos vesicais!
Complicações da HPB
Retenção urinária aguda: representa a incapacidade abrupta de
esvaziamento vesical. Ocorre em 2 a 10% dos pacientes. Observado
tanto em próstatas pequenas quanto volumosas. Diversos são os
fatores que podem desencadear retenção urinária aguda, como: (1) uso
de simpaticomiméticos ou anticolinérgicos; (2) distensão aguda da
bexiga, como nos casos de diurese forçada; (3) prostatite infecciosa
aguda; (4) cálculo vesical; ou (5) infarto prostático. Prognóstico é
desfavorável 60-70% voltam a apresentar a retenção após 1-3 meses
da retirada do cateter de Foley.
Infecção urinária e prostatite: surge em torno de 5% dos pacientes.
Essas infecções resultam de colonização prostática ou da presença de
urina residual e podem provocar quadros de bacteremia.
Litíase vesical: pode surgir por estase local ou impossibilidade de
expulsar cálculos migrados dos rins. Bloqueios abruptos do jato urinário
e quadros de hematúria.
Falência do Detrusor: aumento do volume de urina residual e dilatação
da bexiga.
Lucas Pereira
Urologia 2018.2
Medicina UFS
Insuficiência renal aguda ou crônica: o comprometimento crônico da
função renal é observado em cerca de 15% dos pacientes com HPB.
apenas 3% dos pacientes com HPB têm lesão renal causada pela
própria obstrução prostática (nefropatia obstrutiva crônica), e, em
metade desses casos, o quadro de hidronefrose se instala de maneira
silenciosa, frequentemente sem manifestações urinárias importantes.
Hematúria: Se deve a ruptura de vasos submucosos locais. Os
pacientes nessa situação devem ser explorados cuidadosamente com
citoscopia e USG renal, já que a hematúria macroscópica pode estar
relacionada com a presença de outra afecção, como neoplasias
urogenitais (bexiga, rim) ou litíase renal ou ureteral.
Avaliação “quantitativa” dos sintomas: Escore Internacional de Sintomas
Prostáticos (IPSS) estratifica os sintomas do trato urinário inferior e
determinar a eficácia do tratamento. De acordo com os resultados obtidos, os
pacientes podem ser classificados em:
(1) Sintomatologia leve – escore de 0 a 7;
(2) Sintomatologia moderada – de 8 a 19;
(3) Sintomatologia grave – de 20 a 35.
DIAGNÓSTICO
HPB CA
Consistência Fibroelática Pétrea
Sulco mediano Presente ausente
Limites Precisos ausentes
Superfície Lisa Irregular
Mobilidade Presente Ausente/diminuída
Sensibilidade Ausente Presente
Exames laboratoriais
Sumário de urina: piúria e hematúria.
Ureia e creatinina
PSA: glicoproteína próstata-específica. Logo, pode se elevar em
qualquer patologia prostática inflamatória ou neoplásica. Em pacientes
com > 60 anos, o valor normal é inferior a 4,0 ng/ml; níveis acima de 1,6
ng/ml estão relacionados à maior risco de progressão da HPB.
Outros exames: USG, cistoscopia, Estudo Urodinâmico.
Diagnóstico diferencial: bexiga do idoso, doenças neurológicas, prostatite,
cálculos vesicais, cálculos do ureter distal, carcinoma in situ e neoplasias
invasivas da bexiga podem gerar sintomas irritativos, doenças com sintomas
obstrutivos (bexiga neurogênica atônica).
TRATAMENTO
Tratamento farmacológico
Pacientes com obstrução mecânica drogas antiandrogênicas que
promovem a atrofia do epitélio. A finasterida (5mg 1x/dia) foi o primeiro
agente antiandrogênico utilizado. Atua através da inibição da enzima 5-
alfa-redutase do tipo 1, impedindo a formação local de DHT no tecido
prostático. Na dose usual, produz uma diminuição de cerca de 30% do
volume da glândula após seis meses de tratamento, o que alivia os
sintomas em 35-40% dos pacientes. Principal efeito adverso: disfunção
sexual.
Pacientes com oclusão funcional bloqueadores alfa-adrenérgicos,
que diminuem o tônus prostático e a resistência do colo vesical.
Tamsulosin (0,4-0,8 mg 1x/dia), alfuzosin (10 mg 1x/dia) e silodosin
(8 mg 1x/dia). Os principais efeitos colaterais são: hipotensão postural,
tonteira, fraqueza, cefaleia e rinite (congestão nasal pela vasodilatação
mucosa).
É comum a terapia combinada: deve ser usada em pacientes com
sintomas obstrutivos importantes e próstatas de grande volume. Na
prática, os inibidores da 5-alfa-redutase são acrescentados à terapia
inicial com os bloqueadores alfa-1-adrenérgicos na presença de
próstatas com peso ≥ 40 g.
OBS: a terapia com antiandrogênio interfere nos níveis de PSA. Assim,
quando for avaliar o PSA considerar o valor “real” o dobro do valor
medido.
Tratamento cirúrgico
Modalidade mais eficiente para alívio dos sintomas e das complicações
da doença.
Lucas Pereira
Urologia 2018.2
Medicina UFS
Deve levar em conta as dimensões da glândula, a presença de
complicações locais, a experiência do cirurgião e as preferências do
paciente.
Em próstatas de pequenas e médias dimensões, a Ressecção
Transuretral (RTUP) representa a melhor alternativa técnica.
Os pacientes com próstatas muito volumosas (≥ 80 g) ou que
apresentam complicações locais da HPB, como litíase ou divertículos
vesicais, devem ser tratados por cirurgia a céu aberto.
Técnicas minimamente invasivas ablação por laser, incisão
transuretral da próstata e a termoterapia com micro-ondas.
A ablação por laser destrói a massa prostática obstrutiva sem
sangramento. Por isso, é indicada em portadores de distúrbios da
coagulação e usuários de anticoagulantes, nos quais o procedimento
pode ser executado sem interrupção da medicação.
A incisão transuretral da próstata é indicada para os pacientes com
próstatas pequenas, porém grande sintomatologia obstrutiva.
Na termoterapia com micro-ondas, um cateter uretral especial emite
micro-ondas ao nível da uretra prostática, as quais penetram e
destroem o tecido prostático adjacente.
Ressecção Transuretral da Próstata (RTUP): tratamento padrão. Boa
durabilidade. O desaparecimento dos sintomas é referido em 85% dos
pacientes após um ano de intervenção e por 75% após três anos.