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Cromatografia de íons

André Siqueira Rodrigues dos Santos


LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

Sigla ou abreviação Descrição


Cromatografia à Líquido de Alta Eficiência (High
CLAE (HPLC)
Performance Liquid Chromatography)
HETP Altura equivalente de pratos teóricos
SUMÁRIO

2. INTRODUÇÃO.............................................................................................................1
3. CROMATOGRAFIA......................................................................................................1
3.1. Conceitos e definições........................................................................................1
4. CROMATOGRAFIA DE ÍONS (CI).................................................................................6
4.1. Tipos de cromatografia de íons..........................................................................7
4.2. Modelo de retenção.........................................................................................10
5. REFERÊNCIAS............................................................................................................11
1. RESUMO
O presente documento tem os seguintes objetivos:
-Descrever as principais características da cromatografia de íons
-Apresentar método para calibração do cromatógrafo

2. INTRODUÇÃO

3. CROMATOGRAFIA
Cromatografia é um método de separação que envolve:
-Fase estacionária (coluna por exemplo)
-Fase móvel (eluente);
-Mistura de componentes (amostra)

A fase móvel (analitos + eluente) passa pela fase estacionária (por exemplo: coluna
cromatográfica): durante essa passagem os analitos interagem química ou fisicamente
de formas diferentes com a fase estacionária, chegando ao final da fase estacionária
em tempos diferentes. Quando a fase móvel alcança o detector, a concentração do
analito é determinada. Ver Figura 3, Figura 4 e Figura 5.

Os Tipos de Cromatografia:
Cromatografia à gás = fase móvel gasosa;
Cromatografia à líquido = fase móvel líquida.
Cromatografia à Líquido Clássica (Cl)
Cromatografia à Líquido de Alta Eficiência (CLAE ou HPLC*)

3.1. Conceitos e definições

 Tempo de retenção (tn) = tempo transcorrido entre a entrada da amostra e sua


eluição em sua máxima concentração, ou seja, no topo do pico.
 Tempo morto (t0)= tempo decorrido desde o início do registro do detector até
a chegada da amostra ao detector em geral marcada por um pico, negativo ou

1
positivo, que se deve ao diluente da amostra e outros componentes, que não
interagem com a fase estacionária.
'
 Tempo de retenção ajustado (t n): é o tempo de retenção efetivo do analito
diminuído do tempo morto.
'
t n=t n−t 0 Equação 1

 Largura do pico (w) = largura da base do pico. Se considerarmos o pico como


uma distribuição gaussiana resultante do processo de difusão do analito no
sistema, a intersecção das tangentes inclinadas com o eixo y da função de
Gauss é definida como a largura do pico: w=4σ.
 Largura a meia altura do pico (w0,5) = largura do pico na metade da sua altura.
Considerando o pico como uma distribuição de Gaussiana, a meia altura será
w0,5= 2,354σ.
 Fator de assimetria de pico (T): é uma medida da variação entre a forma de
uma Gaussiana ideal e a forma real do pico:

Figura 1 – Simetria da gaussiana gerada na detecção do analito

B
T= Equação 2
A

 T= 1 forma ideal;
 T>1 “cauda”;
 T<1 deformação frontal;
 Bom é entre 0,9 e 1,1.

 Fator de retenção ou fator capacidade, coeficiente de seletividade ou razão


da distribuição de massas (k’): é a relação entre o tempo de retenção ajustado
do analito em questão, e o tempo morto. Alguns profissionais tratam k ' e K 'C
como a mesma variável.
'
tn
k 'n= Equação 3
t0

2
 Resolução do pico (R): é a relação entre o tempo de retenção ajustado e a
largura do pico. Um pico bem resolvido está longe do tempo morto ( t n−t 0
grande) e tem largura (w n) pequena.
t n−t 0
R= Equação 4
wn

 Seletividade ou fator de separação (α): é a relação entre os tempos de


retenção de 2 picos vizinhos. Se os picos tiverem tempos bem diferentes o
sistema cromatográfico terá boa seletividade. Está relacionado às afinidades
dos íons de interesse da amostra pelo sítio ativo da coluna.
t n−t 0
α= Equação 5
t m−t 0

Onde “n” e “m” são diferentes componente.


Em termos de k’:
'
kn
α= ' Equação 6
km

 Número de pratos teóricos (N) (várias equações disponíveis)

( )
' 2
tn
N n=16 Equação 7
wn

( )
2
t 'n
N n=8 ln 2 Equação 8
w0,5; n

( )
2
t 'n
N n= Equação 9
σn

 Altura equivalente dos pratos teóricos (HETP): é a relação entre o


comprimento da coluna e o número de pratos teóricos. É usado para comparar
diferentes comprimentos de coluna. Quanto menor o valor de HETP, mais
pratos teóricos cabem num determinado comprimento da coluna.
 Resolução (RS): descreve a habilidade de uma coluna separar picos de
interesse.

( 2 )( α +1 )( 1+ k )
'

R S=
√ N α −1 kn
Equação 10
'
n

3
 Cromatograma: é a saída do equipamento, juntamente com a área sob os picos
identificando cada composto “visto” pelo detector. É um registro bidimensional
do processo de cromatografia. A Figura 2 mostra algumas informações de um
cromatograma. Como a cromatografia é uma técnica relativa, necessita-se
conhecer a amostra de interesse. No exemplo abaixo, os componentes de 1 a 7
não podem ser determinados por cromatografia sem o conhecimento prévio de
seus analitos. Com o conhecimento do conteúdo da amostra, preparam-se
padrões individuais de cada analito presente na amostra e determina-se um a
um, qual o tempo que cada um eluiu. Exemplo: em uma corrida com o padrão
do analito 1 (fluoreto) apresentou pico em 3,5 minutos. Então agora sabemos
que o fluoreto elui em 3,5 minutos. Preparam-se outros padrões dos outros
analitos e assim conhece-se todos os tempos de eluição. Caso compostos
tenham afinidade semelhantes, pode ocorrer a coeluição, que é quando os
picos de dois ou mais compostos se juntam e não é possível quantifica-los
adequadamente. Alterações na temperatura e acoplamento de outras técnicas
de detecção como a espectroscopia de massa em série com a cromatografia
podem resolver este problema.

Figura 2 – Informações típicas de um cromatograma

 Integração: é processo que um sistema de aquisição de dados executa com a


intensidade do sinal (corrente, diferença de potencial, etc) gerado pelo
detector ao longo do tempo.

4
Figura 3 – Esquema geral de cromatografia (parte 1)

Figura 4 – Esquema geral de cromatografia (parte 2)

5
Figura 5 – Esquema geral da cromatografia a líquido

4. CROMATOGRAFIA DE ÍONS (CI)


A CI é um tipo de cromatografia líquida de alta eficiência. Todos os elementos são
iônicos: analitos (iônicos ou capazes de se ionizar), fase estacionária e fase móvel.
A CI deve ser usada para analisar íons:
1. Quando o método eletroanalítico ou o método ótico não for capaz de
atingir a sensibilidade adequada;
2. Quando método eletroanalítico ou o método ótico apresentarem
interferência;
3. Quando os teores forem baixos. As curvas analíticas em geral vão até
10mg/L. Isso significa que quando os teores são altos deve ser feita uma
diluição grande, o que aumenta muito um eventual desvio.
4. A CI é uma técnica demorada quando comparada a métodos óticos ou
eletroanalíticos, por isso só deve ser usada quando os primeiros não
atendem as necessidades.
Atenção: O analito iônico deve estar na fase aquosa. Se não estiver, será preciso
realizar uma preparação da amostra para transferí-lo quantitativamente para a fase
aquosa.
2. A CI é uma técnica relativa, ou seja, análise quali e quanti de cada analito, é
feita por comparação com padrões conhecidos.

6
Figura 6 – Cromatografia de íons: polaridade das fases

4.1. Tipos de cromatografia de íons

4.1.1. Troca iônica


Ocorre reação química estequiométrica entre um suporte com grupos funcionais
iônicos (fase estacionária, uma resina por exemplo), os íons dos analitos (mistura) e
uma solução (fase móvel). Ver Figura 7 e Figura 8 para a explicação abaixo.
De início, a resina, que possui sítios ativos, interage com os íons da fase móvel de carga
oposta (A). Quando a amostra é injetada, os íons da fase móvel ligados à resina são
trocados pelos íons dos analitos por reação reversível. Os sítios ativos agora estão
ligados ao analito (B). Sob o fluxo constante de fase móvel, o equilíbrio da reação de
troca iônica se desloca no sentido de os íons da fase móvel voltarem a ocupar o sítio
ativo da resina, liberando o íon do analito para a solução de fase móvel (C). O processo
se repete até que todos os analitos tenham percorrido toda a extensão da coluna. Se
cada analito interagir de forma diferente com os sítios da coluna, cada analito sairá em
tempos diferentes da coluna e serão “vistos” em momentos diferentes pelo detector
(ver Figura 4 novamente).

7
Figura 7 – CI por troca iônica (resina aniônica)

Figura 8 – CI por troca iônica (resina catiônica)

4.1.2. Par iônico


A fase estacionária é uma coluna de fase reversa apolar (p.ex. C18) que com a adição
de um surfactante se torna polar podendo formar um par iônico com o eluente da fase
móvel e o analito de forma análoga a anterior

8
Figura 9 – CI por par iônico

4.1.3. Exclusão iônica


A fase estacionária é uma resina de troca iônica, mas com saliências e poros em que
não há sítios ativos.

Figura 10 – CI por exclusão iônica

A CI por exclusão iônica é usada para separar ácidos e bases fracas.


A fase estacionária é uma coluna de troca iônica comum, mas com ligações cruzadas
do polímero da resina que funcionam como micro poros, onde não existem
grupamentos funcionais. A fase móvel, sendo solução ácida (HA em água, ou básica),
interage com a superfície funcionalizada da resina e também penetra nos microporos
não funcionalizados. Na superfície funcionalizada da resina os íons da solução
interagem e se forma uma barreira eletrostática, chamada de membrana de Donnan.
Nos microporos da resina as moléculas de água da solução ficam retidas pela parte não
funcionalizada de dentro dos poros.

9
Quando o analito iônico presente na amostra entra na coluna de exclusão ele é
repelido pela membrana de Donnan, ficando impedido de interagir com a coluna.
Somente formas não ionizadas conseguem atravessar essa barreira eletrostática de
Donnan. Se o analito for, por exemplo, um ácido fraco, usa-se uma solução ácida para
eluente que faz com que o equilíbrio químico se desloque no sentido de favorecer a
forma não ionizada do analito e assim grande parte dele pode atravessar a membrana
de Donnan. Após atravessar a membrana, o analito penetra nos poros da resina e
interage com a parte não funcionalizada, retirando a molécula de água que antes
ocupava esse sítio. O fluxo constante de água da solução eluente eleva então o pH e
desloca novamente o equilíbrio sentido de dissociar o ácido quando outra molécula de
água, ou um solvente orgânico, é introduzido no microporo. O analito na forma
dissociada é então repelido pela membrana de Donnan voltando para a fase móvel.

4.2. Modelo de retenção

Durante o processo da cromatografia de íons, é estabelecido um equilíbrio químico


entre os íons do analito e os íons da coluna (que também estão presentes no eluente).

Figura 11 – Esquema de equilíbrio químico na CI

Desconsiderando os desvios da idealidade das soluções e considerando os coeficientes


estequiométricos iguais a 1, a constante de equilíbrio da reação ( K C ) pode ser
definida:
K C =¿ ¿¿ ¿ Equação 11

Onde:
¿ ¿ é a concentração de OH- na fase estacionária
¿ ¿ é a concentração de B- na fase móvel
¿ ¿ é a concentração de OH- na fase móvel
¿ ¿ é a concentração de B- na fase estacionária

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Como a concentração de OH- é grande e praticamente constante nas duas fases,
podemos considerar uma nova constante:
'
K C =¿ ¿¿ Equação 12

'
Interpretação da Equação 12: quando K C é pequeno, têm-se grande concentração de
analito na fase móvel, logo o analito não interage muito com a coluna e ele chega até o
fim da coluna rapidamente. Seu sinal será um dos primeiros gerados pelo detector.
Quando K 'C é grande, têm-se grande concentração de analito na fase estacionária,
logo o analito interage muito com a coluna e ele demora a chegar até o final da coluna.
Seu sinal será um dos últimos gerados pelo detector.
O equilíbrio descrito acima ocorre ao longo de toda a coluna. Assim, pode-se
considerar que existem estágios de equilíbrio, semelhante à destilação, por isso a
eficiência pode ser medida por número de pratos teóricos (quantos mais pratos
teóricos uma coluna possui, mais eficiente ela é) e pela altura equivalente de pratos
teóricos (HETP).

4.3. Elementos do sistema de cromatografia de íons

A seguir é apresentado um esquema tipo de um sistema de cromatografia de íons.

Figura 12 – Esquema típico de sistema de cromatografia de íons

 Fase Móvel: solução iônica que carreia os analitos através da coluna


cromatográfica até o sistema de detecção. As principais características são: ter
afinidade com a coluna e com os analitos após a injeção, e interagir
seletivamente com os analitos para tirá-los da coluna em tempos diferentes. O
eluente deve ser transparente ao detector ou ser passível de supressão
 Supressora:

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Os capilares da coluna cromatográfica normalmente são em PEEK (Poli(éter-éter-
cetona): polímero termoplástico que provê rigidez, durabilidade, resistência química e
mecânica) e os componentes internos são revestidos contra corrosão pois a fase móvel
pode conter íons corrosivos.
Acessório de supressão . Como o detector mais usado é o condutimétrico e a fase
móvel também é condutiva é necessário ou o uso de soluções de íons pouco
condutivos ou então o uso de assessório de supressão do sinal da fase móvel.

5. REFERÊNCIAS

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