Você está na página 1de 103

Dinâmica na Mecânica

Quântica
Baseado no Cap II do Sakurai e nas notas de aula de Mário Ernesto
Giroldo Valerio

Zelia Soares Macedo


Mario Ernesto Giroldo Valerio
2019.1
II.1-Evolução Temporal e a equação de
Schrödinger

• Capítulo dedicado estudar a evolução dinâmica


dos kets que representam os estados físicos.
• Tempo NÃO É UM OPERADOR. É
simplesmente UM PARÂMETRO !!!
• Assim sendo, o tempo não é um observável no
sentido que demos a essa palavra no capítulo
anterior.
• Vamos, entretanto, estudar o OPERADOR DE
EVOLUÇÃO TEMPORAL dos estados e
observáveis.

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI 2


• Notação:
– Ket num determinando estado no instante t, que
é resultado da evolução do sistema inicialmente
em t0:
|,t0;t (t>t0)
– Ket do estado inicial: |,t0;t0 = |,t0  |
• Onde | é o estado inicial do sistema.
lim  , t 0 ;t =  , t 0 = 
t →t 0
• O nosso problema pode ser esquematizado da seguinte
forma:
 , t 0 =  ⎯⎯⎯⎯⎯⎯
→  , t 0 ;t
evolução temporal

• Como no caso da translação, vamos considerar um


operador, chamado de operador evolução temporal, que
relacione os dois estados:
 , t 0 ;t = U ( t,t 0 )  , t 0
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 3
• Propriedades do operador de evolução temporal U(t,t0):
1. O operador evolução temporal deve ser unitário.
– Considere a base formada pelos autovetores de uma determinada
grandeza A e vamos usar esta base para expandir os estados inicial e
final:
 , t0 ;t =  ca ( t ) a
   , t0 =  ca ( t0 ) a
a a
– Como o estado evolui, é esperado que. ca′ t ≠ ca′ t 0

– Mas a probabilidade total de ao medir A obter um dos autovalores a´


 ca (t ) =  ca (t0 ) = 1
2 2
deve se manter , então:
a a

– Se o estado inicial |,t0 esta normalizado então ele permanece


normalizado nos estados posteriores. Matematicamente:
 , t0 ;t  , t0 ;t =  , t0  , t0 = 1
– Essa condição só é satisfeita se o operador de evolução temporal for
unitário. Matematicamente:
 , t0 ;t  , t0 ;t = (  , t0 U † ( t,t0 ) ) ( U ( t,t0 )  , t0 ) =1  U † ( t,t0 ) U ( t,t0 ) = 1
2. Propriedade de composição:
U ( t 2 ,t 0 ) = U ( t 2 ,t1 ) U ( t1 ,t 0 )
 , t 0 ;t 2 = U ( t 2 ,t1 ) U ( t1 ,t 0 )  , t 0
3. Se a evolução do sistema for ´infinitesimal´,
devemos ter:
lim  , t 0 ;t =  , t 0 =  lim U ( t 0 +dt,t 0 ) = 1
t →t 0 dt →0

• Afirmamos que as 3 propriedades são


satisfeitas com a seguinte escolha do
operador U:
U ( t0+dt,t0 ) = 1 − idt
– Com  um operador hermiteano.

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 5


• Conferindo: U ( t0+dt,t0 ) = 1 − idt
– Propriedade 1- Unitário: Termos até
U † ( t0+dt,t0 ) U ( t0+dt,t0 ) =
1ª ordem
em dt !

( )
= 1 + i† dt (1 − idt )  1 + idt − idt = 1

– Propriedade 2 – Composição:
U ( t0+dt1+dt2 ,t0+dt1 ) U ( t0+dt1 ,t0 ) =
= (1 − idt2 )(1 − idt1 )  1 − idt2 − idt1 =
= 1 − i ( dt2 + dt1 ) = U ( t0+dt1+dt2 ,t0 )

– Propriedade 3: dtlim U ( t 0 +dt,t 0 ) = 1


→0

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 6


• O operador  tem dimensão de freqüência ou inverso de t.
• Lembrando a equação de Planck 𝐸 = ℎ𝜈 , que relaciona
frequência e energia
• Lembrando a Mecânica Clássica, em que o operador
gerador da evolução temporal esta relacionado com a
Hamiltoniana.
• Por similaridade, vamos relacionar o operador  com o
operador Hamiltoniano:
H
=

• Então o operador evolução temporal infinitesimal é dado por:

H
U ( t0+dt,t0 ) = 1 − i dt

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 7


• É possível (e vamos agora) deduzir


Eq de Schrödinger i  , t0 ;t = H  , t0 ;t
t

explorando a propriedade da composição


U ( t 2 ,t 0 ) = U ( t 2 ,t1 ) U ( t1 ,t 0 )
 , t 0 ;t 2 = U ( t 2 ,t1 ) U ( t1 ,t 0 )  , t 0
e usando:
H
U ( t0+dt,t0 ) = 1 − i dt

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 8


• Explorando a propriedade da composição:
U ( t 2 ,t 0 ) = U ( t 2 ,t1 ) U ( t1 ,t 0 ) Fazendo t2 = t+dt e t1 = t, temos

 ,(tt+dt,t
U 0 ;t 2 = )U
0 =( ) U ( t1),tU0 )( t,t
t 2 ,t(1t+dt,t
U  , t)0 =
0

U t +dt,t
H  H H
=
Usando
1(−(t+dt,t
U i0 dt )0=)
 U1((−t+dt,t
=
U t,ti 0 ) dt (
=) UU(et,tt,t)0=) − i naUexpressão
substituindo ( t,t0 ) dtanterior:
 0
 0

U ( t+dt,t0 ) ==U H 
1 −(it+dt,t
dt )UU( t,t ( 0 )0 ) ( 0 )
t,t = =
U t,t − i
H
U ( t,t0 ) dt
 
 H  H H
Assim:=U 1(− i dt
t+dt,t U ( t,t0 0) )==U−(it,t0 )U−(it,t0 )Udt( t,t0 ) dt
0 )− U ( t,t
 
U ( t+dt,t0 ) − U ( t,t0 ) H
= −i U ( t,t0 )
dt

Eq de Schrödinger i U ( t,t0 ) = HU ( t,t0 )
para o op. U(t,t0) t
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 9

i U ( t,t0 ) = HU ( t,t0 )
t

• Fazendo ambos os lados agirem em |,t0 :



i U ( t,t0 )  , t0 = HU ( t,t0 )  , t0
t
• E como  , t 0 ;t = U ( t,t 0 )  , t 0
Como esperado:
 Operador H definido como
i  , t0 ;t = H  , t0 ;t gerador da evolução
t temporal é igual ao
operador energia de
Schrödinger
Equação de
Schrödinger
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 10
• Podemos então resolver o problema da
evolução temporal de um sistema físico de 2
formas possíveis:
1. Resolvendo a eq de Schrödinger dependente do
tempo.
ou
2. Obtendo o operador U(t,t0) e aplicando no estado
inicial |,t0.
Nossa primeira tarefa é, portanto, obter soluções
formais da equação de Schrödinger para o operador
de evolução temporal.


i U ( t,t0 ) = HU ( t,t0 )
t

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 11


• Nesse enfoque, temos três possíveis casos:
– Caso 1: H não depende explicitamente do tempo,
ou seja, o operador H não varia a medida que o
sistema evolui. (ex.: hamiltoniano do spin em
região de campo magnético constante)

– Caso 2: H depende do tempo mas os H(t)


comutam para diferentes tempos. (ex:
hamiltoniano do spin em região de campo
magnético de intensidade variável e direção
constante).

– Caso 3: H depende do tempo e os H(t) para


diferentes tempos não comutam. (ex: hamiltoniano
do spin em região de campo magnético de
intensidade e direção variáveis)

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 12


• A maior parte dos sistemas físico pertence ao caso 1.
• Podemos mostrar que nestes casos de H não depender explicitamente de t,
o operador U(t,t0) dado por:
 H ( t − t0 ) 
U ( t,t0 ) = exp  −i 
 
• Satisfaz a equação: 
i U ( t,t0 ) = HU ( t,t0 )
t

• Para verificar isso, expandimos a exponencial em série de Taylor:

𝐻(𝑡−𝑡0 −𝑖𝐻 𝑡−𝑡0 −𝑖𝐻 𝑡−𝑡0 2


𝑒𝑥𝑝 −𝑖 =1+ + +...
ℏ ℏ ℏ2
E aplicamos na equação acima, obtendo:
𝐻 −𝑖 2 2
−𝑖𝐻 𝑡 − 𝑡0 −𝑖𝐻 𝑡 − 𝑡0 2
𝑖ℏ −𝑖 + 2𝐻 𝑡 − 𝑡0 + ⋯ = 𝐻 1 + + +...
ℏ 2ℏ ℏ ℏ2
𝐻2 𝐻2
na Eq. de Schrödinger: H− 𝑖 ℏ 𝑡 − 𝑡0 + ⋯ = H − 𝑖 ℏ 𝑡 − 𝑡0 + ⋯
e vemos assim que a equação é satisfeita. Cap II - 13
 H ( t − t0 ) 
U ( t,t0 ) = exp  −i 
 
• Estamos agora em posição de calcular a evolução de um sistema físico
desde que o estado inicial seja conhecido.

• Mas tanto o estado inicial quanto o ´final´ podem se escritos na base


formada pelos autovetores de um operador qualquer.

• Já que o operador evolução temporal envolve o Hamiltoniano, é


conveniente escolher uma base na qual a energia total tenha um valor
bem definido. Significa que é conveniente usar a base de um operador
compatível com o Hamiltoniano.

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 14


Autovetores da Energia
• Poderíamos por conveniência escrever os estados
do sistema em qualquer instante na base formada
pelos autokets do Hamiltoniano.
• Mas, para um tratamento mais geral, vamos supor
que a base é formada pelos autovetores de um
operador A que seja compatível com H, ou seja,
uma base composta por autovetores simultâneos de
A e H.
• Traduzindo em linguagem matemática:
 A a = a a

 A, H = 0  H a = E a

 a

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 15


• Cap. I - 1ª parte - Representação
matricial: X =  a a X a a
a a

• Usando esta ideia podemos escrever o


operador evolução temporal na base {|a’}:
 Ht 
Adotaremos
t0=0 por
U ( t,t0 = 0 ) =  a a exp  −i  a a =
simplicidade a a  
 Eat 
=  a 
a exp  −i  a a
a a  
 Eat 
=  a exp  −i  a a a
a  a  
 Eat 
 U ( t,t0 = 0 ) =  a exp  −i  a
a  
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 16
• Tendo a forma do operador U(t,t0) e a base
ortonormalizada podemos resolver qualquer problema de
evolução do sistema com o tempo.
• Suponha que o estado inicial |,t0=0= |,0 é conhecido,
ou seja, a expansão deste estado inicial na base {|a’} é
conhecida. Então:
 , 0;t = U ( t,0 )  , 0 e
 , 0 =  a a  , 0 =  ca ( 0 ) a
a a
  Eat  
 , 0;t =   a exp  −i  a   , 0
 a   
 Eat 
 , 0;t =  a exp  −i  a  , 0
a  
 Eat 
=  a exp  −i  ca ( 0 )
a  
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 17
 Eat 
 , 0;t =  a ca ( 0 ) exp  −i 
a  
• Mas isso nada mais é do que a expansão do estado em t
com coeficientes:
 Eat 
ca ( t ) = ca ( 0 ) exp  −i 
 
• Em outras palavras, os coeficientes, ou as componentes,
do estado |,0;t na base {|a’} são moduladas pelo termo
oscilatório exponencial que depende de cada autovalor da
energia.
• As fases relativas entre os vários coeficientes variam com
𝐸𝑎 ′
o tempo, pois as frequências de oscilação ( ) são

diferentes para cada autoestado.

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 18


• Um caso particular e interessante é o caso no qual o
estado inicial é um dos autoestados de A.

 Eat 
 , 0 = a   , 0;t =  
a exp  −i  a a
a  
 Eat 
 , 0;t = a exp  −i 
 
• O estado no instante t difere do estado inicial apenas por
uma fase.
• O que significa dizer que se o sistema está num
autoestado do operador A (e de H também!) ele
permanecerá neste autoestado.
• Dizemos então que a grandeza física A que é compatível
com H (a energia) é constante de movimento.

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 19


• Então o procedimento que devemos adotar para estudar
a evolução temporal de qualquer sistema físico é:
– Encontre uma ou mais grandezas físicas cujos operadores
comutem com a Hamiltoniana. (A, B, C, ... e H)
– Monte com eles uma base no espaço vetorial: {|K’}
– Expanda o estado inicial do sistema nesta base
– Use a forma do operador evolução temporal nesta base para
determinar os coeficientes do estado em qualquer instante t.

 A, H  = 0 𝐴 K ′ = a′ K ′  , 0;t = U ( t,t0 = 0 )  , 0 e
B, H  = 0 =  A, B  ⇒ 𝐵 K ′ = 𝑏´ K ′
C, H  = 0 =  A,C = B,C ⋮  , 0 =  ca ( 0 ) K 
𝐻 K ′ = EK′ K ′ a

 EK t 
 , 0;t =  K  cK  ( 0 ) exp  −i 
a  

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 20


Dependência temporal de valores esperados
de grandezas físicas
• Consideremos o caso em que sistema esta num autovetor
da grandeza física A no estado inicial t0=0.
• Vamos calcular o valor esperado de uma outra grandeza
física B (que não necessariamente comuta com A ou H):

B =  , 0;t B  , 0;t sendo  , 0 = a   , 0;t =  a exp  −
 Eat  a 
 Eat   Eat   , 0;t = a exp  −i 
B == a,0;t expBi , 0;t B exp -i  a   
então    
  Eat   Eat 
BB ==  
a, B
0;t
a exp i a
B  , 0;t
 B exp -i  a
   
 Eat   Eat 
= 
B = a B a
a exp  i  B exp  -i  a
 o valor esperado
  de B não depende de t e é
B = a B a por isso que os autoestados da energia são
conhecidos por estados estacionários.
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 21
• Consideraremos agora um estado inicial
qualquer expandido na base dos autokets
de A e H.
– uma superposição de estados estacionários
 Eat 
• Sabemos que:  , 0;t =  
a ca exp  −i 
a  
• Então:
B =  , 0;t B  , 0;t
  Eat     Eat  
=   ca exp i
*
 a  B   a ca exp  −i 
 a     a  
 ( Ea − Ea ) t 
B =  caca exp i
*
 a B a
a a  
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 22
Um exemplo: Precessão do Spin
• Sistema de spin ½ na presença de um campo magnético estático.
• A Hamiltoniana do sistema é neste caso (e<0 p/ elétron!):
 e 
H = −  S .B
 me c 
• Considerando o campo na direção z, H fica:
 eB 
H = −  Sz
 me c 
• H e Sz diferem só por uma constante então eles obviamente
comutam (Sz fará o papel da grandeza A!)
• Os autovalores de Sz e H são então:
 eB 
Sz =  E =  
2  2me c 
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 23
ℏ 𝑒𝐵ℏ
𝑆𝑧 = ± 𝐸± = ∓
2 2𝑚𝑒 𝑐

• Definindo w de modo que a diferença entre 𝐸+ e 𝐸− seja


ℏ𝜔
𝑒𝐵 𝜔ℏ
𝜔= ⇒ 𝐸± = ∓ ⇒ 𝐸 = 𝜔𝑆𝑧
𝑚𝑒 𝑐 2

• O operador Hamiltoniano fica sendo 𝑯 = 𝜔𝑺𝑧


• Podemos agora construir o operador evolução temporal:

 E t  −iwt   iwt 
U ( t,0 ) =  a exp  −i a  a U ( t,0 ) = + exp   + + − exp   −
a    2   2 

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 24


• E a base é {|+, |-}, os autovetores de Sz.
• Construindo o estado inicial como:
 = c+ + + c− −
• Aplicando o operador evolução:
 , 0;t = U ( t,t 0 ) 
  −iw t   iw t  
 , 0;t =  + exp   + + − exp   −  ( c+ + + c- − )
  2   2  

 −iw t   iw t 
 , 0;t = c+ exp   + + c- exp   −
 2   2 

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 25


 −iw t   iw t 
 , 0;t = c+ exp   + + c- exp   −
 2   2 

• Considere que o estado inicial é o estado


|+, ou seja, c+=1 e c-=0.

• Como este estado inicial é um estado


estacionário, o sistema permanecerá com
valor bem definido de H e Sz no instante t
qualquer.

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 26


 −iw t   iw t 
 , 0;t = c+ exp   + + c- exp   −
 2   2 
• Se agora que o estado inicial for o estado |,0 = |Sx;+,
teremos c+=c-=1/ 2 e
• Calcularemos agora a probabilidade do encontrarmos o
sistema no estado |Sx; no instante t.
– Começamos por calcular as projeções (ampl. de
prob.):
 1 1  1  −iw t  1  iw t  
S x ;   , 0;t =  +  −  exp   + + exp   − 
 2 2  2  2  2  2  
1  −iw t  1  iw t 
S x ;   , 0;t = exp    exp  2 
2  2  2  

– A probabilidade fica sendo:


2  2 wt
2 1  −iw t  1  iw t   S x ; +  , 0;t = cos 2
S x ;   , 0;t = exp    exp  2  2
2  2  2   
 S ; −  , 0;t 2 wt
= sen 2
 x 2
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 27
2 wt 2 wt
Sx ; +  , 0;t = cos 2 S x ; −  , 0;t = sen 2
2 2
• Este resultado mostra que apesar do estado inicial ser o
estado |Sx;+, o efeito ao longo do tempo do campo
magnético na direção z é de fazer o spin rotacionar e
existe a probabilidade de que o sistema seja encontrado
no estado |Sx;-.
• Usando a definição para valor esperado: A =  a a 
2

a

• Podemos calcular o valor esperado para Sx:


2 2
Sx = + S x ; +  , 0;t − S x ; −  , 0;t
2 2
wt wt
S x = cos 2 − sen 2
2 2 2 2
S x = cos w t
2
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 28
Sx = cos w t
2
• Este resultado indica que o valor esperado
de Sx oscila entre os dois autovalores
e B E −E
possíveis para Sx com freqüência: w = m c = + −

• Se calcularmos agora as probabilidades do


estado ser encontrado em |Sy; (Exercício)
obteríamos:
S y = senw t
2

• E para o caso dos estados |Sz;=|,


obteríamos (Exercício): Sz = 0

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 29


Sx = cos w t S y = senw t Sz = 0
2 2

• Estes três resultados combinados indicam que o spin


deve executar um movimento de precessão no plano xy
com freqüência w.
• Ou seja, o estado inicial |Sx;+ que tinha um valor bem
definido de Sx=+/2, sob a ação de um campo
magnético na direção z, passa a precessionar com
freqüência proporcional a diferença de energia dos dois
estados possíveis para a energia do sistema.
• A precessão de spins foi verificada experimentalmente.

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 30


II.2- Representação de Schrödinger x
representação de Heisenberg
• Representação de Schrödinger: os operadores
são constantes e o estado quântico evolui no tempo.
• Representação de Heisenberg: formulação em que os
observáveis são dependentes do tempo e
os estados são independentes do tempo. Esse
comportamento é descrito pela equação de Heisenberg.
• Estas duas representações apenas se diferem pela
mudança na dependência do tempo.
• Lembrar que a evolução temporal −iHt  é feita através do
operador unitário U ( t ) = exp

 
 
• Também usamos um operador unitário U para promover
mudança de base.

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 31


• Operadores unitários:
– Usamos anteriormente para fazer mudança de base
e evolução temporal.
– Sabemos que os op unitários têm que satisfazer
U†U=UU†=1 para que a norma de um vetor qualquer
se mantenha.
– Mas além disso é importante que esta propriedade
seja satisfeita para que o produto interno de dois
vetores quaisquer se conserve.
– O operador de evolução temporal tem a forma:

 H ( t − t0 ) 
U ( t,t0 ) = exp  −i 
 

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 32


No instante inicial t0=0 as duas representações devem
coincidir:
𝛼, t 0 =0;t (𝐻) = 𝛼, t 0 =0 (𝑆)

O valor esperado de uma grandeza física qualquer deve ser


o mesmo nas 2 representações:
Schrödinger A = (S)
 , t0 =0;t A(S)  , t0 =0;t (S)

Heisenberg A = (H)
 , t0 =0 A(H) ( t )  , t0 =0 (H)

mas  , t0 =0;t (S)


= U ( t )  , t0 =0 (S)

Assim, temos:
A = (S)
 , t0 =0;t A(S)  , t0 =0;t (S)
( )
=  , t0 =0 U † ( t ) A(S) ( U ( t )  , t0 =0 )
Concluindo que a evolução temporal do operador é
representada por: A(H ) ( t ) = U † ( t ) A(S) U ( t )
Equação de movimento de Heisenberg

• Consideraremos (t0=0 implícito para simplificar a notação):


 −iHt 
U ( t ) = exp  
 
• Representação de Schrödinger:
– os operadores são inalterados e independentes do tempo e o
estado transforma-se através de:
 , t0 =0;t (S)
= U ( t )  , t0 =0 (S)

• Representação de Heisenberg:
– os estados são preservados e são independentes do tempo e os
operadores transformam-se como:
A(H ) ( t ) = U † ( t ) A(S) U ( t )
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 34
• No instante inicial t0=0 as duas
representações devem coincidir:
 , t0 =0;t = 0 (S)
= U ( 0 )  , t0 =0 (S)
=  , t0 =0 (H )

A(H) ( 0 ) = U † (0 ) A(S)U (0 ) = A(S)

Supondo que o operador A(S) não depende


explicitamente do tempo:
dA(H) d U †
† (S) U

dt
=
dt
UA U =
† (S)
(
t
A U +U A
(S)
) t

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 35


dA(H) d U †
† (S) U

dt
=
dt
UA U =
† (S)
( t
(S)
)
A U +U A
t
– Usando:   †
U = ( HU ) = U †H

i U = HU  − i
t t
– Obtemos:
dA(H ) i † i † (S)
= U HA U − U A HU
(S)

dt
dA(H ) i † i
= U HUU † A (S )U − U † A (S) UU † HU
dt
U†HU = U †UH = H
dA(H) 1
=  A(H) , U †HU  Portanto:
dt i
dA(H) 1
Sendo:
 −iHt 
U ( t ) = exp  
=  A(H) , H 
  dt i
Temos:  U , H  = U † , H  = 0 (Exercício: provar) Eq. de movimento de Heisenberg
 
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 36
dA(H) 1
=  A(H) , H 
dt i
• Operadores na representação de Heisenberg
que comutam com H são constantes de
movimento.
– Exemplo: Partícula livre.
p2 dp 1 p é constante
H=  p, H = 0 = p, H = 0
2m dt i de movimento !
dx j1 1  p2  1 3

dt i
 
= x j , H  =
i
x j , =   j k 
 x ,p 2

 2m  2im k =1

dx j
dt
=
1
2im
 x j ,p 2j  =
1
2im
x ,p  p
j j j 
+ p j  x j ,p j  usando

dx j 2i p j dx j pj dx p pj
=  =  =  x j ( t ) = x j (0 ) + t
dt 2im dt m dt m m

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 37


pj
x j ( t ) = x j (0 ) + t
m
• Esta equação de movimento das componentes de x na
representação de Heisenberg tem algumas características
interessantes. Sendo:
 x j ( 0 ) , xk ( 0 )  = 0
 pj   t -i t
 x j ( t ) , xk ( 0 )  =  x j ( 0 ) + t  , xk ( 0 )  = p j , xk ( 0 )  =  jk

 m    m m

1
 A,B
2
• Aplicando as relações de incerteza: ( A ) ( B )
2 2

4

2 2 2
1 -i t t
( Δx j ( t ) ) ( Δx j (0 ) )
2 2
 =
4 m 4m 2

• O que significa que mesmo que o estado inicial da partícula livre


seja ´bem definido´ (dado pelo pacote mínimo), a medida que o
tempo passa a incerteza da posição aumenta!
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 38
• Incluindo agora um potencial genérico V(x)=V(x1, x2, x3):
p2 dp 1
H=
2m
+ V ( x)  p, H = p, V ( x )  = p, V ( x ) Eq. Mov.
dt i
Eq. do movimento para a posição:
dx j 1 1  p2  1 3 dx j pj
=  x j , H  =
dt i i
x
 j ,
2 m
+ V ( )
x =  x ,pj
2
k
  =
  2im k =1 dt m

d2 x 1 d x  1  p  p2  1 1 dp
2
=  , H =   , + V ( ) 
x = 
p, V ( )
x  =
dt i  dt  i m
  2m  im m dt

• Usando a forma explicita de p na base x: p → −i
x
d2 x 1
m 2 = p, V ( x ) = − V ( x )
dt i
• Esta relação é equivalente à lei de Newton.

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 39


d2 x 1
m 2 = p, V ( x ) = − V ( x )
dt i

• Tomando os valores médios em relação a um estado de


Heisenberg:
d2 d
m 2 x = p = −  V (x)
dt dt

• Esta é o conhecido teorema de Ehrenfest. Note que esta


equação envolve valores médios e, portanto, é
independente da representação.

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 40


• O que acontece com a base {|a’} quando
o tempo passa?
– Na representação de Schrödinger, como o
operador A não varia com o tempo, a
equação de autovalores obtida no instante
t=0 deve permanecer constante no tempo.
A a = a a
– O que equivale a dizer que a base é estática!
– Então, ao contrário dos kets que descrevem
estados do sistema, a base não muda com o
tempo!

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 41


• Na representação de Heisenberg, por outro lado, o operador
depende do tempo da forma:
A(H ) ( t ) = U † ( t ) A(S) U ( t )
• Calculando as equações de autovalores em t=0 para as duas
representações teremos:
A a = a a → U † ( 0 ) A(S)U ( 0 ) U † ( 0 ) a = aU † ( 0 ) a
• O que sugere uma equação de autovalores na representação de
Heisenberg:
A(H)U † a = aU † a
• Então devemos usar o conjunto {U†|a’} como os autovetores de
A nesta representação!
• Na rep de Heisenberg, os autokets então movem-se como:
a,t H
= U † a
• Note porém que os autovalores são invariantes, como deveria
ser esperado já que os autovalores são os possíveis valores
para a grandeza A
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 42
II.3 – Oscilador Harmônico

• Muitos sistemas físicos podem ser


modelados através do oscilador harmônico.
• Trataremos o sistema unidimensional:
p 2
mw x
2 2
H= +
2m 2
• Definido os operadores não hermiteanos:
mw  i  mw  i 
a=  x+ p a =

 x− p
2  mw  2  mw 
• E o operador hermiteano: N = a† a = N†
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 43
mw   i   i 
Podemos deduzir que:  a, a  =

  x+ p , x − p 
2  mw   mw  
1
 a, a  =

2
( −i  x,p  + i p, x ) = 1
Agora calculando:

mw  i  i  Obs: 𝑥, 𝑝 = 𝑖ℏ
a a=

 x− px + p
2  mw   mw 
mw  2 1 2 i 1 H
a a=

 x + 2 2 p  +  x,p  a a+ =

2  mw  2 2 w
1  m w 2 2
x p 2
 1 1 H
a a= + N+ =
−

 2 w
w 2 2m  2
 1
p 2 mw 2 x 2 H =  N+  w
sendo H=
2m
+
2  2
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 44
 1
H =  N+  w
 2
• Esta relação indica que os operadores H e
N diferem apenas por uma constante e
portanto tem autovetores comuns.
• Chamaremos de |n os autovetores
simultâneos de H e N. Então:
 1  1
N n =n n e H n =  n +  w n  En =  n +  w
 2  2
• Quais os valores possíveis de n?

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 45


 N , a  = a †a, a  = a † a , a  + a † , a  a = −a
 N , a †  = a †a , a †  = a † a , a †  + a † , a †  a = a †

 N , a n = −a n  N , a †  n = a † n
Na n − aN n = −a n Na † n − a † N n = a † n
Na n − na n = −a n Na † n − na † n = a † n
Na n = na n − a n Na † n = na † n + a † n
N ( a n ) = ( n − 1) ( a n ) ( )
N a † n = ( n + 1) a † n ( )
• Os kets a|n e a†|n são também
autovetores de N com autovalores n-1 e
n+1, respectivamente.
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 46
a n = cn −1 n − 1 a † n = cn +1 n + 1

• O efeito do operador a sobre um autovetor


da energia é levar o estado para um outro
autoestado com autovalor diminuído de w
(ou diminuir n de uma unidade!).
– a é o operador aniquilação.
• O efeito do operador a† sobre um
autovetor da energia é de levar a um outro
autoestado da energia com autovalor
aumentado de w (ou aumentar n de uma
unidade!).
– a† é o operador criação.
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 47
a n = cn −1 n − 1  n a † = n − 1 cn−1
 2
n N n = n a a n = n −1 c c †
n −1 n −1 n − 1 = cn −1
2
n N n = cn −1
Usamos o fato do conjunto
2
n = cn −1  n  ser normalizado
• Adotando a convenção de que cn-1 é positivo, temos:
cn−1 = n  a n = n n −1
• Repetindo o mesmo raciocínio para cn+1 temos:
a † n = cn +1 n + 1  n a = n + 1 cn+1
2
n aa † n = n + 1 cn+1cn +1 n + 1 = cn +1
cn+1 = n + 1 
( )
n a a + 1 n = cn +1
† 2

n ( N+ 1) n = cn +1
2
a† n = n + 1 n + 1
2
 a, a  = 1
† n + 1 = cn +1
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 48
• A expressão: ( )
n a† ( a n ) = n N n = n
• Pode ser interpretada como a norma do vetor
(a|n) e, portanto, nunca pode ser negativa.
• Isto significa que n0
• Então, partindo de um estado qualquer |n,
podemos aplicar a sucessivamente, sempre
gerando um autovetor de N (e H) multiplicado por
uma constante, até obter o estado de menor valor
possível para n, ou seja, n=0.
• Isto sugere ainda que o número quântico n é
sempre inteiro e varia em passos de 1
 1  1
• Como H =  N +  w Então: n E = n +  w , n = 0,1, 2,
 2  2
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 49
1
Para n=0  E0 = w e Estado fundamental: 0
2
Aplicando sucessivamente a † n = n + 1 n + 1 em 0 teremos :
1 = a† 0

( )
2

a† a
2 = 1 = 0
2 2
( a )
3
† †
a
3 = 2 = 0
3 3!

( )
n

a† a
n = n −1 = 0
n n!
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 50
• Os elementos de matriz dos operadores a,
a†, x e p na base {|n} são (exercício!):

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 51


• O formalismo de operadores pode também
ser usado para obter as autofunções do
oscilador harmônico na representação das
coordenadas.
• Partindo de a 0 = 0 multiplicando por x’|:


• Substituindo o operador p → −i na
x
representação de x, e chamando
obteremos a eq diferencial:

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 52


𝑥02 𝑑
𝑥´ 0 = − 𝑥´ 0
𝑥´ 𝑑𝑥´
• A solução para o estado fundamental é:
, onde

( )
n

a † a = mw  xa + i p  ; a† =
mw 
x −
i 
p
• Usando n = n − 12 =  mw0 
 n!  2 
 mw 
n
deduzimos os demais estados cuja formula
geral é:

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 53


• Podemos calcular os valores médios de n
e a dispersão no estado fundamental
para x e p lembrando que:
mw  i  mw  i 
a=  x + mw p  a =†
 x − mw p 
2   2  

• Temos: 𝑥 = 𝑎† + 𝑎
2𝑚𝜔
Usando:

(2n+1) n=0

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 54


• Repetindo a mesma idéia para p
obteremos

e (exercício)

Lembrando a definição de dispersão (slide 110 cap 1)

Chegamos em:

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 55


• Vamos agora analisar a evolução temporal do oscilador
harmônico na representação de Heisenberg.
• As equações de movimento (Heisenberg) para os operadores
p e x são:
 dp 1
dA (H )
1  =
 dt i
 p, H  = − mw 2
x Ver slide 41
 
= A , H  
(H )

dt i  dx = 1  x, H  = p
 dt i m
• Esse sistema de eq diferenciais acopladas é equivalente a
duas eqs envolvendo os operadores criação e aniquilação:

 da 1 1  N ,a =− a
 =  a , H  = a , w ( N + 1 2 )  = − iwa
 dt i i
 †  N ,a †  =a †
 da 1 † 1 †  
= 
 dt i  a , H  =
 i   a , w ( N + 1 
2 ) = iw a †

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 56


• Usando:
d𝐩 mw  i 
= −m𝜔2 𝐱 a=  x + p a† =
dt 2  mw 
d𝐱 𝐩 mw  i  mw  i 
=a =  x+ p a =

 x − mw p 
dt m 2  mw  2  

• Chegamos ao mesmo resultado:


d𝑎 𝑚𝜔 𝑑 𝑖 𝑑 𝑚𝜔 𝑝 𝑖 𝑖
= 𝐱+ 𝐩 = + −𝑚𝜔2 𝑥 = −i𝜔 𝐱 + 𝐩 = −i𝜔𝑎
dt 2ℏ 𝑑𝑡 𝑚𝜔 𝑑𝑡 2ℏ 𝑚 𝑚𝜔 𝑚𝜔

d𝑎† 𝑚𝜔 𝑑 𝑖 𝑑 𝑚𝜔 𝑝 𝑖 𝑖
= 𝐱− 𝐩 = + 𝑚𝜔2 𝑥 = i𝜔 𝐱 − 𝐩 = i𝜔𝑎†
dt 2ℏ 𝑑𝑡 𝑚𝜔 𝑑𝑡 2ℏ 𝑚 𝑚𝜔 𝑚𝜔

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 57


• A solução para estas duas equações são:
 da
 dt = −iwa  a = a ( 0 ) exp ( −iwt )
 †   †
 da = iwa †  a = a †
( 0 ) exp ( iwt )
 dt

• Usando estes dois operadores podemos escrever


para a posição e o momento (exercício):
mw  i 
 p (0 ) 
a=  x + p
2  mw 
x ( t ) = x ( 0 ) cos (wt ) +   sin (wt ) mw  i 

 mw 
a† =  x − p
2  mw 
2mw
( a (t ) + a (t ))
p ( t ) = −mw x ( 0 ) sin (wt ) + p ( 0 ) cos (wt )
x (t ) = †

2
p (t ) = i
mw
(
a (t ) − a† (t ) )
Que são expressões similares às do oscilador harmônico clássico.
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 58
II.4-Equação de onda de Schrödinger

Vamos examinar a evolução temporal de 𝛼, t 0 ;t na base x,


na qual temos x  , t0 ;t =  ( x, t )
Tomando a equação de Schrödinger

i  , t0 ;t = H  , t0 ;t
t
• E escrevendo na base de x:

x i  , t0 ;t = x H  , t0 ;t
t
• Usando o fato de que na representação de Schrödinger
a base {|x’} é independente do tempo, temos:

i x  , t0 ;t = x H  , t0 ;t
t
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI 59
• Vamos considerar por simplicidade que a nossa
Hamiltoniana é do tipo:
p2
H= + V ( x)
2m
• O potencial V(x) é um observável (ou seja, hermitiano com
autovalores reais), assim:
x V ( x ) x = V ( x )  3 ( x − x )  x V ( x ) = x V ( x )
𝐩 𝟐
• Para o termo cinético temos 𝑥 ′ 𝛼, t 0 ;t
2𝑚
𝐩 𝑖ℏ 𝜕 𝐩 𝑖ℏ
• Sendo =− (em 1-D), e =− ∇ (em 3-D)
2𝑚 2𝑚 𝜕𝑥 2𝑚 2𝑚

• Assim: p2 2 2
=− • = − 2
2m 2m 2m

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 60


• Então:
 2

x H  , t0 ;t = x  −  2 + V ( x )   , t0 ;t
 2m 
2
x H  , t0 ;t = −  2 x  , t0 ;t + V ( x ) x  , t0 ;t
2m

• Sendo x  , t0 ;t =  ( x, t )

• Podemos escrever

Eq. de
 2
 (x ,t ) = −
   ( x, t ) + V ( x )  ( x, t )
Schrödinger na 2
rep. das i
coordenadas t 2m

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 61


• Vamos considerar agora um caso particular, no qual o
estado inicial é um dos autovetores de A (compatível
com H), ou seja,

 , t0=0;t =  a exp  −i
Eat   Eat 
 , t0 = 0 = a    a a 
 , t0=0;t = a exp  −i 
 
a
 
 , t 0 ;t = U ( t,t 0 )  , t 0

• Os autovalores de A e de H são a’ e Ea’ . Neste caso, A


é uma constante de movimento e o sistema permanece
no mesmo autoestado, ao longo do tempo.
• Escrevendo esse autoestado na representação de x:
 Eat 
x  , t0=0;t = x a exp  −i 
 

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 62


• As funções de onda são obtidas escolhendo-se o
operador A=H de forma que o autovalor é E. Dessa
forma:
 Et 
 
x  , t0=0;t = x E exp  −i 
 
 Et 
 ( x, t ) = u E ( x ) exp  −i 
 
• Substituindo na eq de Schrödinger:
 2
i  ( x, t ) = −  2  ( x, t ) + V ( x )  ( x, t )
t 2m
  Et  
2
2  Et    Et 
i u
 E ( x ) exp  − i   = −  u
 E ( x ) exp  −i   + V ( x  ) u E ( x ) exp  −i 
t    2m     

Eq. de 2
E u E ( x ) = − 2 u E ( x ) + V ( x ) u E ( x )
Schrödinger
independente do
tempo 2m
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 63
Sendo:
x  , t0 ;t =  ( x, t ) componente do estado do sistema num instante
qualquer na direção do vetor |x’.
2
P x-dx , x+dx = x  dx Probabilidade de encontrar a partícula
neste intervalo.

=  ( x, t )
2 2
x  , t0 ;t Densidade de probabilidade,
representada como:

 ( x, t ) = x  , t0 ;t =  ( x, t )
2 2

• Usando a equação de Schrödinger podemos deduzir


uma equação de continuidade do tipo (exercício):
 i
t
+  j = 0 Com: j = −
2m
 −  ( )
p t
• e
 j ( x, t ) d x = m
3

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 64


• Usando a equação de Schrödinger podemos deduzir
uma equação de continuidade do tipo (exercício):
 i
t
+  j = 0 Com: j = −
2m
 −  ( )
p t
• e
 j ( x, t ) d x = m
3


Demonstração: tomando a eq de Schrödinger para Ψ 𝑥 ′, t 𝑒 Ψ 𝑥 ′, t :

2
𝜕 ℏ
iℏ Ψ 𝑥 ′ , t = − ∇2 Ψ 𝑥 ′ , t + V 𝑥 ′ Ψ 𝑥 ′ , t
𝜕t 2𝑚

𝜕 ∗ ′ ℏ2 2 ∗ ′ ∗
−iℏ Ψ 𝑥 , t = − ∇ Ψ 𝑥 , t + V 𝑥 ′ Ψ 𝑥 ′, t
𝜕t 2𝑚

Multiplicando a primeira por Ψ à direita e a segunda por Ψ à esquerda e subtraindo:

𝜕Ψ ∗ ′ 𝜕 ∗ ′ ℏ2 ∗ ∗
iℏ Ψ 𝑥 , t + iℏΨ Ψ 𝑥 , t = − (∇2 Ψ 𝑥 ′ , t )Ψ −Ψ∇2 Ψ 𝑥 ′ , t
𝜕t 𝜕t 2𝑚
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 65
𝜕Ψ ∗ ′ 𝜕 ∗ ′ ℏ2 ∗ ∗
iℏ Ψ 𝑥 , t + iℏΨ Ψ 𝑥 , t = − (∇2 Ψ 𝑥 ′ , t )Ψ −Ψ∇2 Ψ 𝑥 ′ , t
𝜕t 𝜕t 2𝑚

𝜕 ∗ ℏ2 ∗ ∗
iℏ ΨΨ = − ∇ Ψ ∇Ψ − Ψ∇Ψ (Verifique)
𝜕t 2𝑚

iℏ
Lembrando que: 𝜌 𝑥 ′ , t = Ψ 𝑥 ′ , t 2 𝑒 𝑐ℎ𝑎𝑚𝑎𝑛𝑑𝑜: 𝑗 = − Ψ ∗ ∇Ψ − Ψ∇Ψ ∗
2m

Teremos: 𝜕𝜌
+ ∇. 𝑗 = 0
𝜕t
• Esta expressão lembra as equações para densidade de
corrente elétrica e para escoamento de fluidos.
• Elas indicam a conservação da probabilidade.
➢ j é a densidade de corrente (ou fluxo) de probabilidade.

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 66


• Considerando uma função de onda do tipo:
−i 𝐒 𝑥, t
Ψ 𝑥, t = 𝜌 𝑥, t exp

• A relação 𝜌 𝑥 ′ , t = Ψ 𝑥 ′ , t 2 é atendida e é possível
verificar que se:
iℏ
𝑗=− Ψ ∗ ∇Ψ − Ψ∇Ψ∗
2m
𝜌∇𝐒
• Então 𝑗 𝑥, 𝑡 =
m

• Ex.: partícula livre. Neste caso:

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 67


• Considerando uma função de onda do tipo:
−i 𝐒 𝑥, t
Ψ 𝑥, t = 𝜌 𝑥, t exp

• A relação 𝜌 𝑥 ′ , t = Ψ 𝑥 ′ , t 2 é atendida e é possível
verificar que se:
iℏ
𝑗=− Ψ ∗ ∇Ψ − Ψ∇Ψ∗
2m
𝜌∇𝐒
• Então 𝑗 𝑥, 𝑡 =
m

• Ex.: partícula livre. Neste caso: S(x,t)

 p.x   Et   i 
 ( x, t ) = N exp  −i  exp  −i  = N exp  (
− p . x + Et )
     
p  S
 S = p  j = =
m m
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 68
p  S
 S = p  j = =
m m

• O fluxo de probabilidade j tem a mesma direção e


sentido do momento da partícula.
• Isso reflete o fato de que a densidade de probabilidade
“caminha” de acordo com o momento da partícula.

• Integrando em todo o espaço:


 S
p 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝜌 = Ψ Ψ

 S = p  j = =
m m

para estados estacionários em qualquer posição x

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 69


II.5- Propagadores
• Voltando a expressão para a evolução temporal de
um estado qualquer:
 H ( t − t0 ) 
 , t0 ;t = exp −i   , t0
 
• Vimos que podemos expandir este estado em termos
dos autovetores de um operador A que comuta com
H:
 Ea ( t − t0 ) 
 , t0 ;t =  a a  , t0 exp −i 
a  
• Podemos ainda escrever esta expressão na
representação das coordenadas multiplicando pelo
bra x”|:
 Ea ( t − t0 ) 
x  , t0 ;t =  x a a  , t0 exp  −i 
a  
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 70
 Ea ( t − t0 ) 
x  , t0 ;t =  x a a  , t0 exp  −i 
a  

 Ea ( t − t0 ) 
 ( x, t ) =  u a ( x ) ca ( t0 ) exp −i 
a  
• Mas: ca ( t0 ) = a  , t0 =  d 3 x a x x  , t0
ca ( t0 ) =  d 3 x ua ( x )  ( x, t0 )

 Ea ( t − t0 ) 
a
( a )
 ( x, t ) =  u a ( x )  d x u ( x )  ( x, t0 ) exp  −i
3 




  Ea ( t − t0 )   
 ( x, t ) =  d x   u a ( x ) exp  −i
3
 u a ( x )   ( x, t0 )
 a   
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 71
  Ea ( t − t0 )   
 ( x, t ) =  d x   u a ( x ) exp  −i
3
 u a ( x )   ( x, t0 )
 a   
 ( x, t ) =  d 3 x K ( x, t;x, t0 )  ( x, t0 )

 Ea ( t − t0 )  
Com: K ( x, t;x, t0 ) =  u a ( x ) exp  −i  u a  ( x )
a  
 Ea ( t − t0 ) 
Ou: K ( x, t;x, t0 ) =  x a a x exp  −i 
a  
• K é chamado de propagador.
• Note que o propagador não depende do estado inicial
do sistema e é completamente definido conhecendo-
se o potencial (necessário para definir as autofunções
ua(x)) e o espectro de energias (autovalores Ea).
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 72
• A evolução temporal do sistema será então bem
definida conhecendo-se o propagador e o estado
inicial.
• Neste sentido, a teoria de Schrödinger é uma
teoria “causal” ou “determinística” tão boa quanto
a mecânica clássica, desde que o sistema
quântico permaneça isolado ou não perturbado.
• A grande diferença entre a Mec Clássica e a
Quântica está quando efetuamos uma medida.
• Na mecânica quântica o sistema é
imediatamente projetado num autovetor
correspondente ao autovalores da grandeza
física medida, o que destrói qualquer efeito de
causa e efeito anteriormente previsto.
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 73
• O propagador também pode ser escrito da
seguinte forma:
 Ea ( t − t0 ) 
K ( x, t;x, t0 ) =  x a a x exp  −i 
a 

 Ht   H t0 
K ( x, t;x, t0 ) =  x exp  −i  a a exp i  x
a    
• Se encaramos esta expressão do ponto
de vista da representação de Heisenberg,
temos que lembrar que os vetores da
base {|x’} passam a se mover como:
 Ht 
x,t H
= U x = exp i

 x
 
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 74
• Então:
  Ht    H t0    Ht 
K ( x, t;x, t0 ) =   x exp  −i x,t  x
  a  a   exp  i  x   = exp i
a        H
 

K ( x, t;x, t0 ) =  H x, t a a x, t0 H


a

K ( x, t;x, t0 ) = H
x, t x, t0 H

• Esta expressão mostra que o propagador mede a


probabilidade do sistema que estava na posição x´ no instante
t0 ser encontrado na posição x” no instante t.
• Esta expressão é também chamada de amplitude de transição.
• Outra interpretação possível para esta expressão é encarar o
conjunto {|x’,t0} e {|x”,t} como duas bases no espaço.
• Então, na representação de Heisenberg, evolução temporal é
uma operação de transformação de uma base para outra
conectada por um operador unitário!
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 75
( 0 ) H 0 H
a

K ( x, t;x, t0 ) = H
x, t x, t0 H

Escrevendo ao invés de

E inserindo o operador identidade (completeza da base):

Podemos reescrever o propagador como:

o que representa a propriedade de composição já vista para o


operador de evolução temporal. Podemos dividir esse intervalo
de tempo em um número grande de partes, de modo a termos
intervalos infinitesimais.

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 76


• Para cada segmento de espaço tempo, temos mais do
que um caminho possível, de modo que a transição de
(x1,t1) para (xN,tN) precisa considerar todos os caminhos
possíveis.

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 77


• Na formulação de Feynman, o caminho clássico (linha
contínua) é apenas um dos infinitos caminhos possíveis
entre os estados considerados. (Esse formalismo é
usado em Teoria Quântica de Campos).

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 78


II.6 Potenciais e Transformações de Calibre
Em 1860 Maxwell formulou o eletromagnetismo como uma teoria de
gauge (calibre).
Nessa formulação o campo elétrico e o campo magnético não são os
objetos fundamentais da teoria, mas sim o potencial escalar e o
potencial vetor.
E = − e B =  A
Os potenciais podem ser mudados de certa forma sem que isso afete
os campos. Isso manifesta-se, por exemplo, na arbitrariedade da
escolha do zero do potencial escalar, uma vez que a quantidade
relevante é a diferença de potencial.
No potencial vetor, podemos somar uma função de calibre Λ, de tal
modo que 𝑨´ = 𝑨 + 𝜵. Λ e a relação entre B e A’ continua a ser
satisfeita.

Qual o equivalente, na Mecânica Quântica?

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 79


Vamos abordar o tema em algumas etapas:

1. O que muda no sistema quando acrescentamos um


termo constante ao potencial V(x)?
2. Efeito gravitacional sobre fenômenos quânticos (estudo
de caso).
3. Efeito de campos elétrico e magnético – análise segundo
a representação de Heisenberg e Schrödinger.
4. Como reescrever os estados quânticos, considerando
uma transformação de calibre.

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 80


O que muda no sistema quando acrescentamos um termo
constante ao potencial V(x)?
• Considere a hamiltoniana do sistema para
um potencial V(x) e o ket |,t0;t que
representa o estado do sistema em
qualquer instante t.
• Suponha agora que façamos uma
mudança de referencial do potencial de
forma que o novo potencial é dado por:
V ( x ) = V ( x ) + V0
• E o novo ket que representa o estado do
sistema é:
|𝛼,෫
𝑡0 , 𝑡‫ۄ‬
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 81
• Vamos ainda construir os dois kets de forma que em
t=t0 tenhamos: ෫ |𝛼, 𝑡0 ; 𝑡0 ‫𝛼| = ۄ‬, 𝑡0 ; 𝑡0 ‫ۄ 𝛼|=ۄ‬
• Do ponto de vista físico, os dois kets de estado
devem representar a mesma situação já que o
potencial só difere de uma constante.
• A evolução temporal pode ser escrita aplicando o
operador U.
෫ 𝐇
|𝛼, 𝑡0 ; 𝑡‫ 𝓤 = ۄ‬t; 𝑡0 |𝛼‫ 𝑝𝑥𝑒 = ۄ‬−𝑖 t − 𝑡0 |𝛼‫ۄ‬

2
𝑖 𝐩
|𝛼,෫
𝑡0 ; 𝑡‫ 𝑝𝑥𝑒 = ۄ‬− + 𝐕 𝐱 + 𝐕𝟎 t − 𝑡0 |𝛼‫ۄ‬
ℏ 2𝑚

෫ 𝑖 𝑖 𝐩2
|𝛼, 𝑡0 ; 𝑡‫ 𝑝𝑥𝑒 = ۄ‬− 𝐕𝟎 t − 𝑡0 𝑒𝑥𝑝 − +𝐕 𝐱 t − 𝑡0 |𝛼‫ۄ‬
ℏ ℏ 2𝑚

𝑖
|𝛼,෫
𝑡0 ; 𝑡‫ 𝑝𝑥𝑒 = ۄ‬− 𝐕𝟎 t − 𝑡0 |𝛼, 𝑡0 ; 𝑡 ‫ۄ‬

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 82


• Para estados estacionários |a’ teremos:
෫ 𝑖 𝑖𝐸𝑎′
|𝛼, 𝑡0 ; 𝑡‫ 𝑝𝑥𝑒 = ۄ‬− 𝐕𝟎 t − 𝑡0 𝑒𝑥𝑝 − t − 𝑡0 |𝑎′‫ۄ‬
ℏ ℏ

• Temos o resultado esperado da troca de E


por E+V0 na evolução temporal do
sistema.
• Note ainda que os valores esperados para
todas as grandezas físicas não se alteram
se mudamos o referencial do potencial já
que a fase que aparece na descrição do
estado é cancelada quando calculamos o
valores médios das observáveis.
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 83
• Vamos usar este resultado para analisar um
experimento envolvendo o efeito do campo
gravitacional sobre os fenômenos quânticos.
• Sabemos que a constante da interação gravitacional
é muito menor que a constante elétrica, e que para
as pequenas dimensões e para os objetos leves
estudados na Mecânica Quântica ela pode ser
desprezada.
• Por exemplo, se tomarmos o análogo gravitacional
de um átomo de hidrogênio, um elétron preso pelo
campo gravitacional de um nêutron, descobriríamos
que o equivalente ao raio de Bohr, seria da ordem de
1031cm, o que equivale a 1013 anos-luz.
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 84
• Mas tem um experimento onde o efeito
gravitacional é evidente: a chamada interferência
induzida por campo gravitacional.
• O experimento é feito com feixe monoenergético
de nêutrons térmicos originados de um reator
nuclear.
• O feixe de nêutrons é dividido em duas partes e
são defletidos por “espelhos” de forma a
descrever a seguinte trajetória:
Região de
D interferência
C

AB=CD=1 B
AC=BD=2
A

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 85


• Se os braços ACD e ABD estiverem na
mesma altura, não existe diferença de
potencial gravitacional.
• Mas se giramos o sistema de um ângulo  de
forma que o braço CD fica mais alto que o
AB, os nêutrons que viajam na trajetória ACD
sentirão um potencial diferente dos que
viajam na trajetória ABD.
C D
C D 

B A B
2019-1
A TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 86
• Vamos considerar o braço AB no potencial 0.
• Então precisamos saber somente o que
acontece no braço CD em relação a AB já
que os braços AC e BD são equivalentes.
𝑖
• Usando: ෫
|𝛼, 𝑡0 ; 𝑡 ‫ۄ‬ = 𝑒𝑥𝑝 −

𝐕𝟎 t − 𝑡0 |𝛼, 𝑡0 ; 𝑡 ‫ۄ‬

• Ou seja, em CD temos um termo adicional


constante no potencial dado por:
AB=CD=1
 i V0  AC=BD=2
exp  − ( 0 ) =
t − t C
  D

 imn g 2 sen 
exp  − T
 
T – tempo gasto pelos nêutrons para
percorrer o braço AB ou CD A B
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 87
• Podemos calcular T usando o comprimento
de onda de de Broglie dos nêutrons e a
velocidade de propagação do pacote de
onda dos nêutrons no braço AB:
T= 1
e pn = mn vn =
vn
mn
T = 1

• A diferença de fase então entre os pacotes


de onda dos nêutrons que percorrem os dois
caminhos é dado por:
mn g 2 sen mn
|𝛼,෫
𝑡0 ; 𝑡‫= ۄ‬
 ABD −  ACD = 1

𝑖𝑚𝑛 𝑔ℓ2 sen 𝛿


= 𝑒𝑥𝑝 − 𝑇 |𝛼, 𝑡0 ; 𝑡 ‫ۄ‬ mn2 g sen

 ABD −  ACD = 2 1
2

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 88


mn2 g sen
=  ABD −  ACD =
2 1
2

• Esta expressão prevê então que mudando o ângulo


mudaremos a diferença de fase.
• Podemos, escolhendo um ângulo conveniente,
obter interferência construtiva das ondas que
representam os nêutrons, qdo =2n, ou
interferência destrutiva qdo = (2n+1).
• Variando o ângulo  de - /2 a /2, o número de
vezes que teremos interferência construtiva ou
destrutiva só dependerá das dimensões do arranjo
experimental e do comprimento de onda dos
nêutrons usados.
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 89
• Collela e Overhauser mediram mudança de
mg2
sen fase induzida pela gravidade, usando feixes
 ABD −  ACD = n 2 1
2
de nêutrons, com precisão de 1%. Esse
fenômeno é puramente quântico, pois quando
ℏ → 0 o padrão de interferência desaparece.

Placas monocristalinas de silício, que


difratam os nêutrons.

Collela, Overhauser
Phys. Rev. Lett. 33, 1237 (1974)
Collela, Overhauser, Werner
Phys. Rev. Lett. 34, 1472 (1975)
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 90
Transformações de Calibre no eletromagnetismo

• Consideremos campos elétricos e magnéticos independentes do


tempo que podem ser obtidos a partir dos potenciais escalar e
vetor:
E = − e B =  A
• A Hamiltoniana de uma partícula carregada de carga e é:
2
1  e 
H=  p − A  + e
2m  c 
• Na mecânica Quântica, A e  são consideradas funções do
operador x.
• Então, como p e x não comutam, precisamos cuidado para
interpretar o termo abaixo na Hamiltoniana:
2 2
 e  e e 
 p− c A  = p − c ( p . A+ A . p ) +  c A 
2

   
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 91
• Usando a representação de Heisenberg:
2
dxi 1 1  e 
=  xi , H  sendo H =  p − A  + e
dt i 2m  c 
dxi 1  1  e e2 2 

=    xi ,p  −  xi , ( p . A + A .p )  + 2  xi , A   + e  xi ,  
   
2

dt i  2m  c c  
=0 =0
usando
dxi 1  1  e 
= 
dt i  2m 
2 pi  xi , pi  − 2
c
 xi , pi  Ai 
teremos 
dxi 1  e 
=  pi − Ai 
dt m  c 
• Esta relação mostra que o operador p definido no Cap I como o
gerador da translação, não é equivalente ao momento clássico dado
pela variação da posição no tempo. e
• p é o chamado momento canônico.
Π = p− A
c
• Definiremos o momento cinemático  por: dx 1
 i
= Πi
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI dt m Cap II - 92
• Exercício: demonstre que as relações de
comutação do momento cinemático não são as
mesmas do momento canônico.
i e
 pi , p j  = 0 i ,  j  = ijk Bk
c
• Queremos agora estudar a Eq. de Schrödinger na
presença de campos elétricos e magnéticos.

i x  , t0 ;t = x H  , t0 ;t
t
• Temos que calcular então o segundo lado da
equação do novo H na presença dos campos.
2 2 2
1  e   e  e e 
H=
2m 

p − A + e
c 
  p − A  = p 2
− ( p • A + A • p ) +  A
 c  c c 

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 93


• Calculando só o termo cinético...
2
 e   e   e 
x  p − A   , t0 ;t = x  p − A  •  p − A   , t0 ;t
 c   c   c 
 e   e 
= x  −i  − A ( x )  •  −i  − A ( x )   , t0 ;t
 c   c 
 e   e 
=  −i  − A ( x )  x  −i  − A ( x )   , t0 ;t
  
 c   c 

 e   e 
=  −i  − A ( x )  •  −i  − A ( x )  x  , t0 ;t
   
 c   c 

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 94


• Voltando na equação:

i x  , t0 ;t = x H  , t0 ;t
t
 1  e 2  E substituindo
= x   p − A  + e   , t0 ;t
 2m  c   o termo
  cinético:

i x  , t0 ;t =
t
1  e   e 
= =
2m  −i   − A ( x )  •  −i   − A ( x )  x  , t0 ;t
c   c 
+ e ( x ) x  , t0 ;t
Substituindo brackets por funções de onda:
𝜕 ′
1 𝑒 𝑒
iℏ Ψ 𝑥 , t = −iℏ∇ − A 𝑥 ′
′ • −iℏ∇′ − A 𝑥′ Ψ 𝑥 ′ , t + e𝜙 𝑥 ′ Ψ 𝑥 ′ , t
𝜕t 2𝑚 𝑐 𝑐
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 95
• Lembrando a equação da continuidade da
probabilidade ... 
+  j = 0
t
• E comparando com a eq de Schrödinger:
𝜕 1 e e
iℏ Ψ = −iℏ∇ − A 𝑥 ′
′ • −iℏ∇′ − A 𝑥′ Ψ + e𝜙Ψ
𝜕t 2𝑚 c c

• Obteremos para  e j (exercício –


sugestão: ver
2
slides 58 a 61):
=
e
m
( 
j = − Im   − A 
c
2
)
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 96
• Considerando a expressão para a função
de onda:
 −i S ( x, t ) 
 ( x, t ) =  ( x, t ) exp  
 

• Obteremos para j (exercício):


 e  Essa expressão é útil no estudo
j =   S− A  teórico da supercondutividade.
m c 
• Podemos ver ainda que:
e
p− A Para a partícula livre havíamos
c 
 = = obtido o valor esperado do
3 t t
jd x
m m momento canônico.

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 97


• O que acontece agora se fizermos uma
transformação de calibre na presença de
campos E e B?
– Transformação 1: A→A e →+
• Esta transformação acrescenta um termo
constante em  o que é equivalente a somar um
termo constante em V(x) do caso sem campo B.
– Transformação 2: : → e A→A+(x)
• Esta transformação mantém os campos E e B
inalterados! E = −
B =  A
• Da Mec Clássica sabemos que transformações de
calibre desta natureza mantém x e  invariante
mas p não!
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 98
• Devemos exigir então que tanto x qto 
sejam invariantes por esta transformação
mas p pode variar.
• Vamos considerar então que o ket estado
do sistema correspondente ao potencial
vetor A seja | e que o estado
correspondente ao potencial vetor
A+(x) seja  .
• De forma que:  x  =  x 
  =  
 = 
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 99
• Podemos imaginar que um estado é
obtido do outro através de uma
transformação que deve ser unitária, para
preservar a norma do vetor.
 =T  TT † = T †T = 1
• Os operadores transformam-se como:

x = T xT †
 x = T xT †

 e  † e e 
 = T T †
 p− c A  = T  p− c A− c   T
   

2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 100


• O operador que promove a transformação
pode ser escrito como:
 ie ( x ) 
T = exp  
 c 
• Podemos ver que ele é unitário e satisfaz as
condições:
 e  † e e 
x = T x T e  p − A  = T  p − A −   T

 c   c c 
• Então o estado do sistema em qualquer
instante com o novo potencial vetor será
relacionado ao estado antigo através de:
~~~~~~~~~~ ~~~~~~~~~~  ie ( x ) 
 , t0 ; t = T  , t0 ; t  , t0 ; t = exp    , t0 ; t
 c 
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 101
• Em termos da função de onda podemos
escrever:
 ie ( x ) 
 ( x, t )=exp    ( x, t )
 c 
• E se comparamos com a expressão
 −i S ( x, t ) 
 ( x, t ) =  ( x, t ) exp  
 
• Podemos fazer a relação:
e ( x )
 ( x, t ) =  ( x, t ) e S ( x, t ) = S ( x, t ) +
c
2019-1 TQI – Capitulo II - NPGFI Cap II - 102
Conclusão:
• a densidade de probabilidade é invariante com a
transformação de calibre.
 ( x, t ) =  ( x, t ) e S ( x, t ) = S ( x, t ) +

• Mudando o calibre, os kets de estado (ou funções de


onda) podem ser recuperados apenas multiplicando por
uma exponencial que depende do calibre.
~~~~~~~~~~ ~~~~~~~~~~  ie ( x ) 
 , t0 ; t = T  , t0 ; t  , t0 ; t = exp    , t0 ; t
 c 
• O momento canônico p depende do calibre, mas o
momento cinéticox éinvariante
=  x por transformação de
calibre.
  =  
2019-1  TQI
 –=  II- NPGFI
Capitulo Cap II - 103

Você também pode gostar