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Mecânica

Rui Silva
Conteúdo

1 Princípios Matemáticos 2
1.1. Propriedades dos Vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2. Somas Discretas e Contínuas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3. Expansão de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.4. Análise Dimensional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.5. Coordenadas Polares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2 Mecânica 8
2.1. Introdução aos Trabalhos de Sir Isaac Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.2. As três Leis de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.3. Movimento de Corpos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.4. Velocidade e Aceleração em coordenadas polares . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.5. Movimento de um Projétil próximo da Terra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.6. Lei de Galileu para a adição de velocidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.7. Interações Fundamentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.8. Momento Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.9. Força de Atrito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.10. Trabalho realizado por uma força F⃗ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.11. Energia mecânica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.12. Movimentos Harmónicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.13. Centro de Massa para um Sistema de Partículas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.14. Momento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.15. Rolamento sem escorregamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.16. Gravitação Universal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.17. Lei das Áreas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
2.18. Lei dos Períodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

1
Capítulo 1

Princípios Matemáticos
Inicialmente, para entender os capítulos seguintes, tanto de um ponto de vista físico como mate-
mático, devo deixar umas considerações minhas assim como, para o leitor, conhecimento novo.

1.1. Propriedades dos Vetores


Sejam A, B e C vetores em Rn temos que:
1. A + B = B + A
2. A · B = B · A
3. A + (B + C) = B + (A + C)
4. A · (B + C) = A · B + A · C
5. A + ⃗0 = A, ⃗0 (vetor nulo)
6. A + (−A) = ⃗0

7. A = (a, b, . . . ) =⇒ |A| = a2 + b 2 + . . .

1.1.1. Vetor Unitário


O vetor unitário é aquele que se associa a um eixo num referencial Rn , por exemplo o versor
î = (1, 0) num referencial em R3 . Assim, podemos dizer que um vetor unitário (ou versor) û
pode ser dado por:
A
û =
|A|
O mesmo é representado da forma como o apresentei, a negrito e com um acento circunflexo.
Ao longo do livro, por preferência, e desde que não seja nada dito em contrário vou usar os verso-
res x̂, ŷ e ẑ em vez dos favoritos de muitos autores î, ĵ, k̂ em R3 .

2
Capítulo 1. Princípios Matemáticos

1.2. Somas Discretas e Contínuas


1.2.1. Somas Discretas
Ao longo do livro vamos usar várias vezes as somas discretas. Mas o que são elas? Denota-se
uma soma discreta como uma soma de diferentes valores numéricos, por exemplo a soma de
todos os números naturais. Usamos a letra grega Sigma Σ para escrever uma soma. Assim, pode-
mos escrever a soma de todos os números naturais n como:
X
S= n
n=1

Aqui usei a letra "S"para denotar uma soma. É também de reparar que quando não temos um
limite superior, assume-se que estamos a somar todos os números até ao "infinito".

Exemplo: O Paradoxo de Zenão


O exemplo que agora vou dar é um bom exemplo das propriedades do infinito e de uma soma
infinita.
Vamos supor que nos encontramos a 1 metro de uma parede imóvel. Para a alcançar devemos
percorrer metade do caminho. Após isso devemos percorrer metade do caminho que nos falta
e assim sucessivamente. Visto que podemos dividir o nosso caminho infinitamente em metade
seria de esperar que nunca alcançássemos a parede, mas sabemos que isto é mentira visto que na
vida real, de facto alcançamos a parede. Assim, chegamos a um paradoxo, e podemos dizer mais,
se somarmos todas as metades do caminho, até ao infinito, sabemos que o valor será 1. Temos
então: X 1
S= n
=1
n=1
2
Isto levanta várias propriedades e paradoxos associados ao infinito, o que mostra que o devemos
tratar com cuidado de um ponto de vista matemático e físico.
Geralmente em Física fazemos um abuso de linguagem quando falamos sobre o infinito, associando-
o a um valor muito grande (mais do que o leitor pode imaginar) para chegar a uma certa conclu-
são, mas há que ter sempre um certo cuidado ao falar do mesmo.

1.2.2. Somas Contínuas


Uma soma contínua é uma operação matemática onde somamos valores em um intervalo contí-
nuo, em vez de somar valores discretos individualmente. Em outras palavras, em vez de se somar
valores específicos, consideramos uma "área"contínua sob uma curva.
Por exemplo, consideremos um carro que está em movimento, e a sua velocidade é representada
por uma função que muda com o tempo. Se quisermos calcular a distância total percorrida pelo
carro durante um determinado período de tempo, não podemos simplesmente somar algumas
velocidades específicas em momentos isolados. Em vez disso, precisamos considerar a área sob a
curva da função da velocidade em todo o intervalo de tempo que se deseja calcular.

3
Capítulo 1. Princípios Matemáticos

A soma contínua é realizada usando o conceito de integração. O resultado dessa integração repre-
senta a soma contínua de uma função em um intervalo.
Muitas vezes é dito que a integração que nada mais é que o "contrário"da derivação o que em
certa parte é verdade. Quando derivamos, geralmente tratamos de um momento infinitesimal ∆t
no movimento de um corpo, por exemplo. Quando integramos, estamos a somar estes tempos
todos de uma forma contínua.
Foi graças a Sir Isaac Newton e Gottfried Leibniz que obtemos o cálculo infinitesimal. Os mes-
mos deram uso ao cálculo da forma que pretendiam.

Exemplo: Função Simples


Seja f (x) uma função dada por f (x) = x podemos dizer que a área sob a curva desta função
entre dois pontos a e b (que claramente será o de um paralelogramo) é:
 b b
x2 b 2 − a2
Área = x dx = =
a 2 a 2

y
f (x) = x
b

a b x

Na figura em cima representei a área da figura que estou a calcular com auxílio à integral. Ao
longo do livro vamos dar uso a integrais para o cálculo de funções irregulares e as áreas por baixo
da sua curva.
É de reparar que a área sobre uma curva é representada então por:
 b
Área = f (x) dx
a

Aqui nada mais usamos o facto que estamos a somar infinitos retângulos infinitesimais entre os
pontos a e b de lado ∆x (representado na integral como dx) e altura f (x).
Nota: Através das cadeiras de Cálculo I ou Análise Real I iremos aprender as ditas regras da inte-
gração para integrais mais complicadas. Ao longo do livro vou explicando as diferentes regras de
integração conforme for preciso a sua utilização.

4
Capítulo 1. Princípios Matemáticos

1.3. Expansão de Taylor


Talvez um dos conceitos matemáticos mais importantes usados por físicos, a Expansão de Tay-
lor permite-nos fazer aproximações e obter resultados fundamentais para o entendimento do
Universo. Um bom físico vive de aproximações e de desprezos matemáticos.

1.3.1. Explicação Matemática


A Expansão de Taylor diz-nos que nos é possível escrever uma aproximação de uma função f (x)
à volta de um ponto a como:
X f (n) (a)
f (x) = (x − a)n
n=0
n!

Em que f (n) denota a derivada de ordem n da função f (x) e n! representa o fatorial de ordem n
(apelo à visualização visual através de ferramentas visuais como Geogebra ou vídeos didáticos).
Geralmente, aproximamos a função à volta de um ponto 0 < a ≪ 1 visto que esta é a melhor
aproximação de uma função f (x).

Exemplo: Função Seno


Para valores x muitos próximos de 0 (mas não exatamente 0) podemos aproximar a função
f (x) = sin x. Vamos então tomar as duas primeiras derivadas da função:

f (x) = sin x =⇒ f (0) = 0


f ′ (x) = cos x =⇒ f ′ (0) = 1
f ′′ (x) = − sin x =⇒ f ′′ (0) = 0

Assim, a função será do tipo:

f (0) f ′ (0) f ′′ (0) 2


f (x) ≈ + x+ x =x
0! 1! 2!
O que podemos concluir? Para valores pequenos no domínio da função sin x podemos ter:

sin x ≈ x

Um resultado muitas vezes usado para simplicidade de cálculos.


Nota: De reparar que o termo de terceira ordem da expansão é desprezável, assim como os se-
guintes (cabe a quem está a usar a expansão decidir se despreza o termo ou não).

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Capítulo 1. Princípios Matemáticos

1.4. Análise Dimensional


A análise dimensional tem grande utilidade na previsão, verificação e resolução de equações
que relacionam as grandezas físicas garantindo a homogeneidade. Este procedimento auxilia
a minimizar a necessidade de memorização das equações. Em análise dimensional tratamos as
dimensões como grandezas algébricas, isto é, apenas adicionamos ou subtraímos grandezas nas
equações quando elas possuem a mesma dimensão.
Podemos reduzir a análise dimensional a 3 grandezas fundamentais:
• Comprimento - [L], Unidade S.I. - m
• Massa - [M], Unidade S.I. - kg
• Tempo - [T], Unidade S.I. - s

1.4.1. Exemplos
Velocidade:
s [s] L
v= ⇔ [v] = = = LT−1 =⇒ S.I. : ms−1
t [t] T
Aceleração:
v [v] LT−1
a= ⇔ [a] = = = LT−2 =⇒ S.I. : ms−2
t [t] T

1.4.2. Caso geral


Assim, no geral temos que para uma grandeza A:

[A] = Lα Mβ Tγ , α, β, γ ∈ R

Para grandezas adimensionais (como números, ângulos, etc...) devemos ter:

α=β=γ=0

1.4.3. Homogeneidade Dimensional


Para duas grandezas A e B devemos ter:

A = B ⇔ [A] = [B]

Se tivermos:

[A] = Lα1 Mα2 Tα3


[B] = Lβ1 Mβ2 Tβ3

Devemos ter então as condições:

α1 = β1 ∧ α2 = β2 ∧ α3 = β3

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Capítulo 1. Princípios Matemáticos

1.5. Coordenadas Polares


As coordenadas polares são um sistema de duas dimensões composto pela coordenada r (coorde-
nada radial) e a coordenada θ (coordenada polar). Analisemos a figura seguinte:

θ̂ r̂

⃗r

θ
0 x

Tal como sabemos de Trigonometria podemos descrever ⃗r, r̂ e θ̂ em função de θ. Vamos ter, em
coordenadas cartesianas (x e y):

⃗r = r cos θx̂ + r sin θŷ


r̂ = cos θx̂ + sin θŷ
θ̂ = − sin θx̂ + cos θŷ

Relembrando que r̂ e θ̂ são chamados de versores e representam a direção de um certo vetor.


As coordenadas polares são de grande utilidade quando queremos estudar movimentos circulares
e órbitas, como iremos ver em capítulos futuros.

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Capítulo 2

Mecânica
Neste capítulo vamos dar uso aos conceitos matemáticos já estudados para a aprendizagem da
Mecânica Newtoniana. Vamos estudar o movimento de um corpo em queda livre, o movimento
de dois corpos que interagem entre si, o movimento infinitesimal de um corpo, até ao movimento
de corpos celestes...

2.1. Introdução aos Trabalhos de Sir Isaac Newton


O nome Sir Isaac Newton de nada é estranho para um estudante de Física. Defendo e acredito
que sem os seus trabalhos, especialmente no estudo do movimento dos corpos, o conhecimento
acerca do nosso Universo seria bastante reduzido.
A lenda conta que o mesmo se encontrava debaixo duma árvore na sua casa quando uma maçã
caiu sobre a cabeça do mesmo, fazendo-o pensar sobre o porquê dos corpos caírem e consequen-
temente na gravidade. Parece tão simples certo? Porém um avanço científico de extrema admira-
ção nos dias em que ele vivia, em que os instrumentos de pesquisa científica eram limitados e o
conhecimento científico muito limitado.
Apesar de ser impossível negar as suas descobertas e pesquisas, Newton baseou muito do seu
trabalho nos estudos já feitos por Galileu Galilei e Johannes Kepler no movimento dos corpos,
tanto que neste capítulo, iremos estudar as Leis de Kepler, assim como Newton fez.
Em 1687 o mesmo publica o seu livro "Philosophiae Naturalis Principia Mathematica"1 em que
introduz o cálculo infinitesimal (criado pelo mesmo para auxílio nos seus estudos sobre o movi-
mento dos corpos) e às quais chamamos nos dias de hoje "As três leis de Newton".

Sir Isaac Newton, Johannes Kepler e Galileo Galilei respetivamente

1
Newton, I. (1687). Philosophiae Naturalis Principia Mathematica. Obra seminal de Isaac Newton que estabe-
lece as leis fundamentais do movimento e da gravitação universal. Publicada pela primeira vez em 1687, é uma das
obras científicas mais influentes da história.

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Capítulo 2. Mecânica

2.2. As três Leis de Newton


Talvez a base de toda a Física, mesmo nos dias atuais, estas leis (até um certo ponto) regem o
mundo que nos rodeia. Como já dito, tinham sido já conclusões tiradas por outros anteriormente
a Newton, mas foi o mesmo que reunião as conclusões retiradas por estudos anteriores.

2.2.1. 1ª Lei de Newton


Também conhecida como "Lei da Inércia"a mesma diz-nos que um corpo em movimento, se
mantém em movimento se nenhuma força se opor ao seu movimento Trocando isto por miúdos,
podemos dizer que um corpo que se encontra a uma certa velocidade e nenhuma força se opor ao
seu movimento, o mesmo irá continuar com a mesma velocidade indefinitivamente.
Um bom exemplo deste efeito de "Inércia"é quando nos encontramos num veículo. Quando o
mesmo se encontra parado e de repente acelera, sentimos que somos puxados para trás, dado
que o nosso corpo tende a ficar parado sobre a ação de outra força externa. Quando o veículo
trava, sentimos que somos puxados para a frente, dado que o nosso corpo tende em estar em
movimento, à mesma velocidade que se encontrava momentos antes, opondo-se à travagem do
veículo.

2.2.2. 2ª Lei de Newton


Esta lei dá-nos uma relação entre a aceleração sofrida por um corpo e a sua massa. A força (resul-
tante/total) sofrida por um corpo é dada por:

F⃗ = m⃗a

O facto de representar a força como um vetor é de extrema importância. Há que ter em conta
que a força, tal como um vetor, tem direção, sentido e módulo. Por convenção e simplicidade de
cálculos, calcula-se e soma-se forças como vetores.
Nota: A 1ª Lei de Newton nada mais é que uma derivação desta lei. Dada a relação apresen-
tada, é de esperar, que para dois corpos que sofrem uma força de igual módulo, o que tiver maior
massa, irá ter uma menor aceleração, a sua velocidade irá variar menos (espera-se que o leitor
saiba a relação entre a aceleração e velocidade de um corpo).

2.2.3. 3ª Lei de Newton


Esta diz-nos que todas as forças existentes no nosso Universo fazem parte um par ação-reação, ou
seja, da mesma forma que a Terra é atraída pelo Sol (estudado em capítulos posteriores) a Terra
atrai o Sol com uma força de mesmo módulo e direção mas sentido diferente.
Consequente a esta lei, eu gosto de dar o exemplo de que nunca ninguém ganha de facto uma luta.
Como assim? Dado que para cada força, existe uma oposta simétrica e de igual módulo, numa
luta de Boxe por exemplo, quando o lutador defere um golpe sobre o outro, o mesmo receber
o golpe sobre si (apenas não o sente, dado que a sensibilidade difere dependendo da zona do
corpo).

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Capítulo 2. Mecânica

2.3. Movimento de Corpos


Vamos agora estudar o movimento de corpos. Antes disso devemos definir os diferentes tipos de
corpos que existem.
• Partícula: Apenas apresenta movimento de translação; Descreve o movimento do centro
de massa de corpos; Ponto material de massa m.
• Corpo Rígido: Pode ter movimento de rotação e translação.
• Corpos deformáveis: As deformações podem ser reversíveis ou irreversíveis

2.3.1. Diferentes tipos de velocidade


Velocidade Média:
Suponha-se que, num referencial tridimensional com z = 0 um corpo percorre uma certa dis-
tância de um ponto ⃗r1 a outro ponto ⃗r2 . independente do tipo de trajetória (seja curvilínea ou
retilínea) podemos calcular uma velocidade média. A mesma será dada por:
⃗r2 − ⃗r1 ∆⃗r
⃗vmédia = =
t2 − t1 ∆t
A velocidade média é dada como um vetor, visto que se supôs os "pontos"como vetores.
Velocidade Instantânea:
Neste tipo de velocidade entra o conceito de derivada. Sabemos como calcular a velocidade de
uma certa trajetória, mas até que ponto isso nos interessa? Qual será a velocidade do corpo num
momento específico da trajetória. Como o devemos calcular?
Suponha-se um corpo que se encontra num instante t1 = t e logo de seguida se encontra num
instante t2 = t + ∆t. Se calcularmos a velocidade média e tomarmos o limite quando ∆t → 0, t1
e t2 terão acontecido basicamente ao mesmo tempo e podemos supor que a velocidade em nada
variou de um instante para o outro. Ficamos então com:
⃗r2 − ⃗r1 ⃗r (t + ∆t) − ⃗r (t)
⃗v (t) = lim = lim
∆t→0 ∆t ∆t→0 ∆t
Em Física, e por simplificação de cálculos, denotamos esta velocidade como:
d⃗r d (xx̂ + y ŷ) dx dy
= = x̂ + ŷ = vx (t)x̂ + vy (t)ŷ = ⃗v (t)
dt dt dt dt
Aqui o vetor que define a trajetória ⃗r e definido por duas componentes x e y e quando tomamos a
sua derivada, o vetor velocidade também vai depender das mesmas componentes.
Aceleração Média:
v⃗2 − v⃗1 ∆⃗v
⃗amédia = =
t2 − t1 ∆t
Aceleração Instantânea:
d⃗v (t) d2⃗r(t)
⃗a(t) = =
dt dt2

10
Capítulo 2. Mecânica

2.3.2. Movimento a uma dimensão


Movimento Uniforme:
Neste tipo de movimento temos a particularidade de não termos qualquer aceleração. As equa-
ções do movimento serão dadas por:

 vx (t)
ax = 0

vx = vx0 = vx (t = 0)

x(t) = x + v t
0 x

Como visto na figura, dado que não existe ace-


leração (ou declive na reta do gráfico), a velo- vx0
cidade será sempre constante e com integração
(algo não necessário se saber por enquanto)
podemos chegar ao resultado que x(t) só irá
depender da sua velocidade.
t

Movimento com aceleração constante:

ax = ax 0



v = v + a t
x x0 x
1 ax (t) vx (t)
x(t) = x0 + vx0 t + ax t2


2
O gráfico de x(t) deverá ser uma parábola, e
ax 0 vx0
a usa concavidade irá depender da aceleração
(segunda derivada de x(t)). Quando ax (t) > 0
temos uma concavidade voltada para cima e t
quando ax (t) < 0 temos uma concavidade t
voltada para baixo. O caso em que ax (t) = 0 já
foi apresentado em cima.

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Capítulo 2. Mecânica

2.3.3. Movimento de um grave


Tratamos agora o movimento de um grave,que y
nada mais é o movimento de um corpo (ou pro-
h
jétil) perto da superfície da terra, que sofre uma
aceleração devido à aceleração gravítica da
Terra ⃗g . É de notar que o sentido do vetor ace- ⃗g
leração é de cima para baixo, e consideramos o
sentido do referencial de baixo para cima, logo,
teremos um vetor negativo. 0

Projétil deixado cair do repouso de uma altura h:


Vamos agora deduzir as equações deste movimento em particular, tal como o tempo de queda do
corpo tq e a velocidade imediatamente antes de este atingir o solo, que se supõe que seja y = 0.
O tempo de queda é então dado por:
Equações do movimento:
ay = −g



vy = vy0 − gt

y(t) = y0 + vy0 t − 1 gt2




2
Tempo de queda (tq ):


 y0 = h (
y (tq ) = 0

 v =0
y0
=⇒ q
 vy = −gt
 h − 12 gt2q = 0 ⇔ t2q = 2h
g
⇔ tq = 2h
g

y(t) = vy0 − 12 gt2

Velocidade imediatamente antes de atingir o solo (vf ):


s
2h p
vf = −gtq = −g = − 2gh
g

Projétil lançado do solo para cima (Tempo que demora a atingir a altura máxima thmax ):
Quando atinge a altura máxima, o projétil terá uma velocidade vf = 0, assim, vamos ter:

( vf = 0
vf = vy0 − gthmax vy − gthmax = 0
1 2 ⇔ 0
hmax = vy0 thmax − 2 gthmax vy vy2
vy0 = gthmax ⇔ thmax = 0 =⇒ hmax = 0
g 2g

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Capítulo 2. Mecânica

2.4. Velocidade e Aceleração em coordenadas polares

y ⃗eθ ⃗er Em coordenadas polares, vamos ter que as coor-


denadas dos vetores vão ser dadas por:

⃗r
⃗r êr = (r = |⃗r|)
r
êr = r̂ = cos θx̂ + sin θŷ
θ
x êθ = θ̂ = − sin θx̂ + cos θŷ
0

2.4.1. Velocidade Angular


Já definido o referencial e os versores que serão usados r̂ e θ̂ podemos então deduzir a expressão
da velocidade para este referencial, que como será de esperar, será a derivada do vetor ⃗r.

d⃗r dr dr̂
⃗v = = r̂ + r
dt dt dt
dr̂ dθ
= ṙr̂ + r
dθ dt
= ṙr̂ + rθ̇θ̂ = ṙr̂ + rω θ̂

Há que notar que a notação ṙ define a primeira derivada em ordem ao tempo de r e que a deri-
vada em ordem a θ do versor r̂ é o versor θ̂ e a derivada do versor θ̂ é o simétrico do versor r̂, ou
seja:
dr̂ dθ̂
= θ̂ = −r̂
dθ dθ
Há que notar também, que a partir de agora a primeira derivada em ordem ao tempo de θ será
definida pela letra grega omega ω e irá representar a velocidade angular do corpo.

2.4.2. Aceleração Angular

d⃗v dṙr̂ rω θ̂
⃗a = = +
dt dt dt
= r̈r̂ + ṙr̂ + ṙ + θ̇θ̂ + rθ̈θ̂ + rθ̇θ̂
   
= r̈ − rθ̇2 r̂ + 2ṙθ̇ + rθ̈ θ̂ = r̈ − rω 2 r̂ + (2ṙω + rω̇) θ̂


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Capítulo 2. Mecânica

2.4.3. Movimento Circular Gravítico (Raio constante)


Dado que r passa a ser constante, temos que as derivadas se anulam. Ficamos então com:

⃗a = −rω 2 r̂ + |{z}
rαθ̂ α = ω̇ → Aceleração Angular
| {z }
⃗an ⃗at

Aqui, ⃗an representa a aceleração normal que apresenta uma direção radial e que irá afetar a dire-
ção da velocidade da partícula. Por outro lado, a aceleração tangencial ⃗at irá ter a mesma direção
que a velocidade (tangente à trajetória) e irá afetar o seu módulo.

2.4.4. Movimento genérico de uma partícula


Vamos agora generalizar o movimento de uma partícula que realiza um movimento circular, sem
ser necessário que o seu raio se mantenha constante.
v
at
ac ⃗v
r ⃗v = v êt êt =
an at v
r d⃗v
v ⃗a =
dt
dv dêt dv v2
Representação: Circunferência que melhor = êt + v = êt + ên
dt dt dt r
se aproxima à trajetória no ponto.
Calcular ⃗at sabendo ⃗a e ⃗v :
(  
⃗at = a cos θ ⃗a · ⃗v ⃗a · ⃗v
⇔ ⃗at = |⃗a| cos θ = êt = 2 ⃗v
⃗a · ⃗v = |⃗a| |⃗v | cos θ v v

A partir disto, conseguimos saber também ⃗an dado que:

⃗a = ⃗at + ⃗an ⃗a
⃗an
Pelo teorema de Pitágoras, vamos ter:
q ⃗at
|⃗an | = |⃗a|2 − |⃗at |2
2

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Capítulo 2. Mecânica

2.5. Movimento de um Projétil próximo da Terra


Também conhecido como movimento oblíquo, neste tipo de movimento temos um corpo que é
lançado obliquamente de um certo ponto com uma certa velocidade. A trajetória, assim como a
velocidade pode ser decomposta em duas componentes x e y. Visto que a única força a ser atuada
sobre a partícula é o Peso, vamos ter que a componente x não irá sofrer aceleração (movimento
uniforme) e a componente y irá ter uma aceleração constante. Podemos então fazer um esquema
do movimento, efetuado pela partícula (uma parábola), com uma certa velocidade vi e um ângulo
de lançamento α.

y
hmax

⃗v
α ⃗vy
h
⃗vx
0 xmax x
∆x

Vamos então calcular, respetivamente o tempo que a partícula demora a percorrer todo o caminho,
até à posição y = 0 e o deslocamento total xmax . Para isso, devemos então dar uso às equações
de movimento para a direção vertical e depois dar uso do tempo que obtivemos para calcular o
deslocamento, em que usamos as equações da componente horizontal.
Tempo de voo até hmax (vyf = 0):
vy0
vyf = vy0 − gt1 ⇔ 0 = vy0 − gt1 ⇔ t1 =
g
Tempo de voo de hmax até y = 0:
s s
1 2hmax 2hmax vy0
0 = hmax − gt22 ⇔ t2 = =⇒ ttotal = +
2 g g g

Deslocamento xmax :
"s # "s #
2hmax vy0 2hmax v0 sin α
xmax = x0 + vx0 ttotal = vx0 + = v0 cos α +
g g g g

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Capítulo 2. Mecânica

2.6. Lei de Galileu para a adição de velocidades


Até agora, já estudamos as leis que regem o movimento de um corpo, estando o mesmo sobre a
ação de nenhuma força ou sobre o seu Peso. Apesar de útil, na vida real, nem sempre perceci-
onamos os movimentos de certos corpos parados, ou seja, num referencial inercial (que não se
move). Como deveríamos estudar o movimento de um certo corpo se estivéssemos, por exemplo,
dentro de um veículo em movimento. Apesar de Einstein e a sua teoria da relatividade ter sido
um grande avanço para a ciência, já muitos antes dele perceberam que o facto de um corpo se
mover em relação a outro, fará diferença na forma como este o perceciona.
Consideremos então um referencial, (que será denotado com um apóstrofe) e outro referencial,
que seria o referencial a que estamos habituados. Vamos supor três pontos e os vetores que os
ligam. Vamos ter:

y y′

3
⃗r3,1
⃗r3,2

1 O ⃗r2,1 x 2 O′ x′

Um vetor do tipo ⃗ri,j é denotado por posição do corpo i em relação ao corpo j. Pela soma de
vetores vamos ter então:
⃗r3,1 = ⃗r3,2 + ⃗r2,1 ⇔ ⃗v3,1 = ⃗v3,2 + ⃗v2,1
Deduzimos então a Lei de Galileu para a adição de velocidades.
Exemplo Prático: 2 automóveis em movimento no mesmo referencial (estrada)
Imagine-se dois automóveis 1 e 2 a moverem-se em sentidos opostos em relação a uma estrada
às velocidades de 120 km h−1 e 80 km h−1 . Com que velocidade o carro 2 perceciona o carro 1?.
Vamos ter:
v1,E = 120 kmh−1 v2,E = −80 kmh−1

v1,2 = v1,E + vE,2


⇔v1,2 = v1,E − v2,E
⇔v1,2 = 120 − (−80) = 200 kmh−1

Nota: Não demos uso a vetores dado que o movimento era todo em uma dimensão.

16
Capítulo 2. Mecânica

2.6.1. Derivando a Lei de Galileu


Relembrando a Lei de Galileu para adição de velocidades temos:
⃗vp,1 = ⃗vp,2 + ⃗v2,1
Sendo p uma partícula qualquer no referencial. Derivando em ordem ao tempo temos:
⃗ap,1 = ⃗ap,2 + ⃗a2,1
Dando uso ao referencial ao referencial usado em cima, temos:

y y′

3
⃗r
⃗r′

1 O ⃗rO′ ,Ox 2 O′ x′

Neste referencial, temos:


⃗r = (x, y, z) ⃗rO′ ,O = (vt, 0, 0) ⃗r′ = (x′ , y ′ , z ′ )
Relembrar que um deslocamento (a velocidade constante) pode ser escrito como
∆x = v × ∆t
tal como acontece aqui. Vamos então ter:
 ′

 x = x − vt
y = y ′


 z = z′

t = t′

De notar que estamos a supor que os dois corpos percecionam os eventos ao mesmo tempo, o
que já sabemos que não é o caso graças aos trabalhos de Einstein 2 , mas no caso em que temos
velocidades muito baixas a Lei de Galileu funciona. De notar também que a única variação entre
os eventos foi o deslocamento efetuado.
2
"Zur Elektrodynamik bewegter Körper"(Sobre a Eletrodinâmica dos Corpos em Movimento), publicado em
1905, Einstein introduziu a sua revolucionária teoria da relatividade. Esta teoria redefiniu a nossa compreensão do
espaço, do tempo e da gravidade, propondo que estão entrelaçados numa continuidade quadridimensional chamada
de espaço-tempo. Uma das conclusões desta teoria é a equivalência entre massa e energia, famosamente expressa
pela equação E = mc2 . Este artigo estabeleceu as bases da física moderna e continua a moldar a nossa perceção do
universo.

17
Capítulo 2. Mecânica

2.7. Interações Fundamentais


No Universo que nos rodeia temos várias interações que estão a todo o momento a acontecer,
chamamos a essas interações fundamentais. Estas são:

Tipo Alcance Intensidade Relativa Predominância


Gravitacional ∞ 10−38 Corpos com massa considerável
Eletromagnética ∞ 10−2 Cargas elétricas
Nuclear Fraca 10−18 m 10−15 Cargas fracas
Nuclear Forte 10−15 m 1 Cargas de cor

Assim, temos vários tipos de forças no Universo:


• Ação à distância
• De contacto
• De ligação
Na realidade todas as interações são de ação à distância, visto que no Universo nunca existe de
facto o contacto entre matéria, mas iremos estudar isto na unidade de Eletromagnetismo.

2.8. Momento Linear


O momento linear é dado pela fórmula:
p⃗ = m⃗v
O mesmo pode relacionar-se com a força exercida num corpo através da 2ª Lei de Newton da
forma:
d⃗v d⃗p
F⃗ = m⃗a ⇔ F⃗ = m ⇔ F⃗ =
dt dt
Esta fórmula é-nos de extrema utilidade, dado que num sistema isolado (sistema em que não há
trocas de matéria ou de energia com o exterior), o momento linear se conserva.
Exemplo da pistola e do recuo:
Alguma vez já percebeste o que acontece nos filmes com as armas quando um tiro é disparado?
Elas sofrem um recuo. Intuitivamente, associamos que como a bala vai para frente, a arma vai
para trás. Mas porque é que isso acontece? É exatamente o que vamos ver agora.
Num momento inicial, a arma e a bala estão em repouso, logo podemos dizer que o momento li-
near do sistema é 0 p⃗ = ⃗0. Podemos supor que a única força que está a ser atuada é a do braço do
soldado que se encontra em repouso, então podemos dizer que existe conservação do momento

18
Capítulo 2. Mecânica

linear. Assim, vamos ter:

p⃗i = p⃗f ⇔ ⃗0 = mpistola · ⃗vpistola + mbala · ⃗vbala


⇔ mpistola · ⃗vpistola = −mbala · ⃗vbala

Assim, quando a arma é disparada a bala realiza um movimento para a frente e a arma, por con-
servação de momento, realiza um movimento para trás realizando um coice em quem a dispara.

2.8.1. Impulso
O Impulso é dado pela variação do momento linear. Se quisessemos somar todos os momentos ao
longo de um movimento podíamos dar uso às integrais. Temos então:
 p
⃗f  tf
d⃗p
I⃗ = ∆⃗p = d⃗p = F⃗ dt =⇒ F⃗ =
p
⃗i ti dt

2.9. Força de Atrito


A força de atrito é um conceito fundamental na física que desempenha um papel crucial na nossa
compreensão do movimento e da interação entre objetos sólidos. Ela surge sempre que dois
objetos entram em contacto e tentam deslizar um sobre o outro. Esta força é responsável por
resistir ao movimento relativo entre as superfícies dos objetos, convertendo a energia cinética em
calor. A mesa pode ser divida em dois tipos:
• Atrito estático - Atua quando os objetos estão em repouso relativo e tentamos iniciar o seu
movimento. Ele é o motivo pelo qual, por exemplo, pode ser um pouco difícil empurrar um
objeto pesado no início.
• Atrito cinético - Ocorre quando os objetos estão em movimento relativo e se opõem à sua
velocidade, diminuindo a sua aceleração e, eventualmente, levando-os a parar.

2.9.1. Coeficiente de Atrito


O coeficiente de atrito µ é uma medida importante que descreve a intensidade da força de atrito
entre duas superfícies. Quanto maior o coeficiente de atrito, mais difícil é para os objetos se
moverem em relação ao outro. As características das superfícies envolvidas, bem como a força
com que os objetos estão a exercer um no outro, influenciam diretamente o valor do coeficiente
de atrito.
Este coeficiente pode ser dividido entre cinético e estático, para as forças de atrito respetivas. Os
mesmos variam entre:
0≤µ≤1

19
Capítulo 2. Mecânica

2.9.2. Importância da força de atrito


Embora a força de atrito seja frequentemente vista como um obstáculo ao movimento, ela de-
sempenha um papel crucial na nossa vida quotidiana. É graças à força de atrito que podemos
caminhar com segurança, dirigir veículos e segurar em objetos.
Apesar de parecer um conceito estranho ao leitor, a força de atrito é responsável pelo nosso mo-
vimento quando nos estamos a caminhar. De que forma? Quando caminhamos, realizamos uma
força sobre o chão e "empurramos"o mesmo para a frente. Assim, existe uma força criada que se
opõe ao movimento "força de atrito", empurrando-nos para a frente.

2.9.3. Diagrama de forças (sólido-Terra)


N
F⃗ac = µc N y

F⃗aemax
F⃗a F⃗
F⃗ac

P⃗ x

Devemos então notar que, para qualquer movimento em que o atrito esteja incluído, temos que:

µc < µe

2.9.4. Atrito num plano inclinado


Consideremos a situação em que um bloco, de massa m se encontra sobre um plano inclinado
apenas sobre a ação de uma força de atrito F⃗a , o seu peso P⃗ e a reação normal N
⃗ . O ângulo de
inclinação entre o plano que suporta o plano inclinado (que se supõe ser a terra) é θ. Qual é o
valor da força de atrito e da reação de normal para que não haja deslocamento do bloco e qual
será o ângulo máximo em que isto deixa de acontecer?
Comecemos por representar a figura:

F⃗a ⃗
N
y

θ
P⃗
x
θ

20
Capítulo 2. Mecânica

Vamos então analisar as condições para cada uma das direções x e y. É de notar que dado que
não existe movimento, a aceleração deve ser nula. Vamos então ter:
(
x̂ : mg sin θ − Fa = 0 ⇔ Fa = mg sin θ
ŷ : −mg cos θ + N = 0 ⇔ N = mg cos θ

De notar que temos:

P⃗x = m⃗g sin θ


P⃗y = m⃗g cos θ

Ângulo Limite:
( (
x̂ : mg sin θ − Fa = 0 mg sin θmax − µe N = 0

ŷ : −mg cos θ + N = 0 N = mg cos θmax
=⇒ mg sin θmax = µe mg cos θmax
⇔ tan θmax = µe ⇔ θmax = arctan (µe )

Quando o ângulo ultrapassa o limite, vamos passar a ter atrito cinético, vamos ter então:

mg sin θ − µc N = max
⇔mg sin θ − µc mg cos θ = max ⇔ ax = g (sin θ − µc cos θ)

2.9.5. Atrito sólido-fluído


A Força de Stokes é uma força que atua sobre partículas suspensas em um fluído (como líquidos
ou gás) quando estão sujeitas a um movimento entre elas e o fluido circundante. A mesma é dada
por:
F⃗S = −6πηR⃗v
Se considerarmos 6πηR constantes, podemos então dizer:

F⃗S = −α⃗v

Quando a viscosidade η não é relevante vamos ficar com:

F⃗S = −αv⃗2

21
Capítulo 2. Mecânica

Vamos agora analisar o caso do movimento de um projétil sujeito apenas à Força de Stokes e ao
seu Peso.
y

⃗g

0 x

Vamos primeiro analisar o movimento no eixo dos xx. Vamos ter:


 b  
α dvx α 1 b
F⃗x = F⃗Sx ⇔ ax = − vx ⇔ = − vx dt = log
m dt m a t a
1 α
⇔ dvx = − dt
vx m
 vf  tf
1 α
⇔ dvx = − dt
vi vx ti m
 
vf α α
⇔ log = − [tf − ti ] ⇔ vf = vi e− m [tf −ti ]
vi m

Se tivermos tf = t e ti = 0 vamos ter:


αt
vf = vi e− m

Para o caso no eixo dos yy vamos ter:


α
α dvy α u = g + vy
F⃗y = F⃗Sy + P⃗ ⇔ ay = − vy − g ⇔ = − vy − g m
m dt m α
du = dvy
m
1 α
⇔ du = − dt
u m 
uf tf
1 α
⇔ du = − dt
ui u ti m
 
uf α α
⇔ log = − [tf − ti ] ⇔ uf = ui e− m [tf −ti ]
ui m

Substituindo e considerando tf = t e ti = 0 vamos ter:


1  α  − αt
vf = α g + vi e m
g+m m

22
Capítulo 2. Mecânica

2.10. Trabalho realizado por uma força F⃗


O trabalho de uma força é tipicamente associado à quantidade de energia necessária para deslocar
uma certa partícula de um ponto A até a um ponto B. Por enquanto, nesta unidade, vamos apenas
falar de trabalho a uma dimensão, dado que os conceitos de derivadas parciais e gradientes ainda
não estão bem assentes.
Definimos então trabalho como:
WF⃗ = F⃗ · d⃗
Sendo d⃗ o vetor que conecta o ponto inicial e final da trajetória.

2.10.1. Trabalho realizado num deslocamento infinitesimal


Se considerarmos um deslocamento d⃗r infinitesimal e supormos que a força se mantém constante,
podemos calcular o trabalho total na trajetória:
 ⃗
rf
WF⃗ = F⃗ d⃗r = F⃗ ∆⃗r Apenas para forças conservativas

ri
Vamos definir uma nova unidade U que vamos chamar por energia potencial dada por:

F⃗ · ∆⃗r = −U =⇒ WF⃗ = − dU

Exemplo: Para o Peso, temos que U é dado por:


Up = −mg [hf − hi ]

2.10.2. Relação do trabalho de uma força e a energia cinética


Sabemos que:
v 2 = ⃗v · ⃗v = vx2 + vy2 + vz2
Vamos ter que:
dvx2 dv 2 dvx dvy2 dvy2 dvy dvz2 dv 2 dvz
= x = 2vx ax , = = 2vy ay , = z = 2vz az
dt dvx dt dt dvy dt dt dvz dt
dv 2
= 2 (vx ax + vy ay + vz az ) = 2⃗v · ⃗a
dt
Sabendo que Ec = 21 mv 2 temos que:
d 12 mv 2

dEc m dv 2 d⃗r dWF⃗
= = = m⃗a · ⃗v = F⃗ =
dt dt 2 dt dt dt
Vamos ter então:  
dEc WF⃗
= ⇔ WF⃗ = ∆Ec
dt dt
Concluimos que o trabalho realizado pela força resultante sobre uma partícula é igual à variação
da energia cinética, dada por:
1
∆Ec = m vf2 − vi2

2

23
Capítulo 2. Mecânica

2.10.3. Trabalho de uma força num caminho fechado

Vamos calcular o caminho entre 0 e 2π. Sabemos que o arco infinitesimal (e pedaço de caminho)
é dado por:
d⃗r = rdθθ̂
Assim, supondo que a força F⃗ é tangencial a ⃗r, vamos ter:
 2π  2π  2π 2π
WF⃗ = F⃗ · d⃗r = F dr cos θ = F r cos θ dθ = F r sin θ = F r [0 − 0] = 0
0 0 0 0

Sabendo que:  b
cos θ dθ = [sin b − sin a]
a
Assim, para qualquer caminho fechado o trabalho de uma força é sempre 0. Isto pode ser provado
de uma maneira mais geral com a relação entre o trabalho de uma força e a energia potencial, que
depende dos pontos iniciais e finais. Dado que são iguais, a energia potencial U é 0 assim como o
trabalho.
Nota: A integral de caminho fechado é denotada da forma:

I= F (x) dx

Sendo F (x) uma função dependente de uma variável x.

24
Capítulo 2. Mecânica

2.11. Energia mecânica


Vamos supor um sistema em que forças não conservativas F⃗N.C. e forças conservativas F⃗C estão a
ser atuadas numa partícula. Pela relação estabelecida em capítulos anteriores temos que:

dEc d⃗r
= F⃗r ·
dt dt
dEc d⃗r ⃗ d⃗r
⇔ = F⃗C · + FN.C. ·
dt dt dt
dEc dU dWF⃗N.C.
⇔ =− + ⇔ d (Ec + U ) = dWF⃗N.C.
dt dt dt
Vamos definir uma nova unidade por energia mecânica que corresponde à energia total do sistema
(sistema em que a energia interna é desprezável). Assim, vamos ter:

Ec + U = Em =⇒ dEm = dWF⃗N.C.
 
⇔ dEm = dWF⃗N.C.

⇔∆Em = WF⃗N.C.

Concluímos então que a energia mecânica dum sistema se mantém constante se não houverem
forças não conservativas a serem atuadas.

2.11.1. Pêndulo Simples


Vamos considerar o caso de um pêndulo, uma corda com uma conta na sua ponta e ligada ao
centro de rotação, fazendo um ângulo θ com um eixo perpendicular. Queremos perceber qual será
a velocidade com que a conta estará quando esta é largada do repouso sobre um ângulo θ0 até
atingir um ângulo θ. A situação é dada pela figura:

l
θ T⃗

0 P⃗

25
Capítulo 2. Mecânica

Dado que todas as forças são conservativas temos:

WF⃗N.C. = 0 =⇒ ∆Em = 0

Temos que a energia mecânica inicial é:


1
Emi = Ui + Eci = mgyi + + mvi2 = mgl (1 − cos θ0 )
2
A energia mecânica final é dada por:
1 1
Emf = Uf + Ecf = mgyf + + mvf2 = mgl (1 − cos θ) + mvf2
2 2
Assim, vamos ter:
1
∆Em = 0 ⇔ Emf = Emi ⇔ mvf2 + mgl (1 − cos θ) = mgl (1 − cos θ0 )
2
1
⇔ mvf2 = mgl (1 − cos θ0 − 1 + cos θ)
2
⇔vf2 = 2gl (cos θ − cos θ0 )
p
⇔vf = 2gl (cos θ − cos θ0 )

2.11.2. Plano inclinado com atrito


Voltando à situação de plano inclinado, vamos agora calcular a velocidade final do bloco através
de considerações energéticas. Vamos então ter:

y
F⃗a ⃗
N
d x

θ
P⃗
h
θ

∆Em = WF⃗a ⇔Emf − Emi = −Fa d


1
⇔ mvf2 − mgh = −µc N d
2
1 2
⇔ mvf − mgh = −µc mg cos θd
2
1 2 h
⇔ vf − gh = −µc g cos θ
2 sin θ s
   
1 2 1 1
⇔ vf = gh 1 − µc ⇔ vf = 2gh 1 − µc
2 tan θ tan θ

26
Capítulo 2. Mecânica

2.12. Movimentos Harmónicos


Vamos agora estudar os movimentos harmónicos, tanto num movimento circular, como numa
mola que volta à posição de origem após um tempo t.
O movimento harmônico simples é aquele em que um corpo oscila em torno de uma posição de
equilíbrio devido à ação de uma força, cuja natureza pode ser elástica, gravitacional, elétrica,
entre outras. No movimento harmônico simples, não há forças dissipativas, como a força de
atrito, e, por isso, a energia mecânica total do sistema é conservada.

2.12.1. Movimento circular uniforme

θ
x

A aceleração radial é dada por:

v2 ω 2 R2
⃗a = − r̂ = − r̂ = −ω 2 Rr̂ v = ωR
R R
Podemos então dizer que:
d2 x
ax = −ω 2 x ⇔ = −ω 2 x
dt2
Esta equação diferencial tem uma solução do tipo:

x = R cos (ωt + θ0 )

Em que (ωt + θ0 ) é a fase do movimento. Como iremos ver a seguir, esta é a equação de um
oscilador harmónico, sendo R a amplitude do movimento.

27
Capítulo 2. Mecânica

2.12.2. Oscilador Harmónico Simples (mola)

0
x
x F⃗
ℓ0
m

A força F⃗ é chamada de Força elástica de Hooke. A mesma é dada por:


k
F⃗ = Fx x̂ = −kxx̂ =⇒ ax = − x = −ω 2 x
m
Assim, a equação do movimento é dada por:

dx(t)
x(t) = A cos (ωt + θ0 ) v(t) = = −Aω sin (ωt + θ0 )
dt
Sendo A a amplitude do movimento. Assim, quando a fase se iguala a (kπ, k ∈ Z) temos a
maior enlongação possível, com x(t) = A.

x T vx
A Aω

π 3π π 3π
2 π 2 2π t 2 π 2 2π t

−A −Aω

ax
Aω 2

π 3π
2 π 2 2π t

−Aω 2

28
Capítulo 2. Mecânica

2.12.3. Energia Potencial Elástica


A energia potencial elástica é um conceito fundamental em física que descreve a capacidade de
um sistema elástico armazenar energia devido à deformação ou compressão dos seus componen-
tes. Este tipo de energia é uma manifestação da energia mecânica que um objeto ganha quando é
deformado. A mesma é dada por:
dU
F⃗ · ⃗r = − ⇔ − kx dx = −dU
dx  
⇔ −kx dx = dU

1
⇔ Ue = − kx2 + C =⇒ C = Constante de integração
2

2.12.4. Conservação da Energia Mecânica

y
Em
Ec
Ue

-A A x

A partir da figura, percebemos que na posição de maior elongação, ou seja, quando x = A ou


x = −A, temos que v = 0 e consequentemente Ec = 0. Quando a velocidade atinge o seu valor
máximo, ou seja, quando nos encontramos na posição de equilíbrio x = 0 a energia potencial é
consequentemente 0.

2.12.5. Pontos de Equilíbrio Estáveis e Instáveis


Pontos estáveis e instáveis são pontos de equilíbrio referentes a sistemas dinâmicos (como o caso
da mola visto em cima). Podemos defini-los desta maneira:
• Pontos Estáveis: Um ponto estável é aquele em que um sistema dinâmico tende a retornar
após ter sido perturbado. Em outras palavras, se o sistema é deslocado um pouco da sua
posição de equilíbrio, as forças presentes no sistema, fazem com que o sistema volte para o
ponto de equilíbrio inicial.
• Pontos Instáveis: Um ponto instável é aquele em que um sistema dinâmico é incapaz
de retornar ao seu estado inicial após ter sido perturbado. Qualquer pequena perturbação
levará o sistema a afastar-se cada vez mais do ponto de equilíbrio.

29
Capítulo 2. Mecânica

Os pontos de equilíbrio, são aqueles em que temos F⃗e = ⃗0, ou seja:


dU
Fe = 0 =⇒ =0
dx
Os pontos estáveis e instáveis são dados pela segunda derivada da energia potencial. Para um
ponto x0 que é ponto de equilíbrio, se tivermos:

d2 U
>0
dx2 x0

O ponto x0 será um ponto estável. Quando temos:

d2 U
<0
dx2 x0

O ponto x0 é um ponto instável.

2.13. Centro de Massa para um Sistema de Partículas


O centro de massa, em mecânica, representa (geralmente) o centro de um corpo. Como já vimos
em cima, é costume representarmos um corpo/bloco com apenas um ponto central em que o
diagrama de forças está a ser aplicado.
Como é de esperar, na vida real os corpos não funcionam desta maneira, dado que um corpo
sólido não é apenas composto por uma partícula. Para um sistema de n partículas a posição do
centro de massa é dada por uma média ponderada. Temos então:

⃗r1 m1 + ⃗r2 m2 + · · · + ⃗rn mn


⃗rCM =
M
i=n
⃗v1 m1 + ⃗v2 m2 + · · · + ⃗vn mn X
⃗vCM = M= mi
M i=1

⃗a1 m1 + ⃗a2 m2 + · · · + ⃗an mn F⃗1 + F⃗2 + · · · + F⃗n F⃗r


⃗aCM = = =
M M M

Assim, para um sistema de várias partículas temos:

F⃗r = F⃗exteriores + F⃗interiores

Porém, devido à Terceira Lei de Newton iremos ter que as forças interiores se anulam devido à
ação reação, ou seja:
F⃗interiores = ⃗0 =⇒ F⃗r = F⃗exteriores

30
Capítulo 2. Mecânica

2.13.1. Centro de massa de uma distribuição contínua de massa


Neste caso, damos uso à integral para realizar uma soma contínua de massas infinitesimais. Va-
mos ter então: M
⃗r dm
⃗rCM = 0
M
Este conceito de distribuição contínua de massa será de grande utilidade para futuros capítulos
quando abordarmos o conceito de Momento de Inércia.

2.13.2. Conservação do momento linear de um sistema de partículas


Graças às propriedades das derivadas temos que:

d⃗p1 + · · · + d⃗pn d
F⃗exteriores = F⃗1 + · · · + F⃗n = = p⃗total
dt dt
Ou seja, temos que:

−−−−−→ p⃗total −−−−−→ −−−−−→


F⃗exteriores = ⃗0 =⇒ p⃗total = constante ⃗vCM = = constante =⇒ p⃗total = constante
M
Exemplo da prancha:
Suponha-se o caso bastante irreal e imaginário de duas pessoas em cima de uma prancha no mar.
A primeira pessoa que será a pessoa A tem uma massa mA e a pessoa B tem a metade da massa
de A, mB .
Os mesmos encontram-se em lados opostos da prancha e a um momento t começam a correr em
direção opostos, tendo a pessoa B o dobro da velocidade de A. Que distância percorre a prancha.
A figura que se encontra abaixo demonstra a situação proposta.

v1 v2
1 2

Vamos dar uso ao conceito de momento linear e a relação do mesmo com a força resultante de
um sistema. Sabemos que:
1
mA = 2mB ⃗vA = − ⃗vB
2
Assim, o momento linear do sistema é:
1
p⃗total = mA⃗vA + mB ⃗vB = −2mb ⃗vB + mb⃗vB = ⃗0
2
Assim, temos que:
d⃗ptotal
= 0 =⇒ F⃗r = ⃗0
dt
Como nenhuma força está a ser atuada no sistema, a prancha não se move em nenhuma direção
(o Peso e Força Normal de cada corpo anula-se).

31
Capítulo 2. Mecânica

2.13.3. Energia Cinética de um sistema de partículas


Suponha-se o sistema de partículas de uma superfície Σ. Temos:

⃗rCM Σ

⃗ri

0 x

Vamos ter então que:


i=n
X 1 ⃗ri = ⃗rCM + ⃗ri ′
Ec = Ec1 + · · · + Ecn = mi vi2
i=1
2 ⃗vi = ⃗vCM + ⃗vi ′
i=n
X 1
= mi⃗vi · ⃗vi
i=1
2
i=n
X 1
= mi (⃗vCM + ⃗v ′i ) · (⃗vCM + ⃗v ′i )
i=1
2
i=n i=n
X 1 2
 X 1 1
= mi ⃗vCM + 2⃗vCM · ⃗vi ′ + ⃗vi ′2 = 2
mi vCM + mi⃗vCM · ⃗vi ′ + mi⃗vi ′
i=1
2 i=1
2 2

Sendo ⃗ri ′ a posição da partícula i em relação ao referencial do centro de massa.


Se decompormos a energia cinética vamos ter:
i=n i=n i=n  i=n
1 1 X1 X1
X X 
2
mi vCM + mi⃗vCM · ⃗vi ′ + mi⃗vi ′ = 2
mi vCM + m ⃗
v · ⃗
v ′ + mi⃗vi ′
2 2 2  i CM i

2
i=1 i=1 i=1

 i=1
i=n
1 2
X 1
= M vCM + mi⃗vi ′
2 i=1
2

Sendo:
1 2
M vCM → Ec de translação
2
i=n
X 1
mi⃗vi ′ → Ec relativa ao centro de massa
i=1
2

32
Capítulo 2. Mecânica

2.13.4. Massa Reduzida


Imaginemos agora um sistema composto de duas partículas. Vamos ter: Sabemos que:

m2
F⃗2,1

F⃗1,2
m1

d⃗v1 F⃗1,2
=
dt m1
d⃗v2 ⃗
F2,1
=
dt m2
Sendo ⃗v1 − ⃗v2 a velocidade relativa temos:

F⃗1,2 F⃗2,1
 
d (⃗v1 − ⃗v2 ) ⃗ 1 1
= − = F1,2 +
dt m1 m2 m1 m2
Vamos definir uma nova unidade µ dada por:
1 m1 m2
µ= 1 1 =
m1
+ m2
m1 + m2

Vamos então ter:


d⃗vr F⃗1,2
=
dt µ

2.13.5. Colisões
Numa colisão, temos um sistema de n partículas (geralmente 2) em que o momento linear do
sistema é conservada. Temos portanto:
−−−−−→
F⃗exteriores = ⃗0 ⃗vCM = constante

As colisões podem ser divididas em:


• Elásticas: ∆Ec = 0 J
• Inelásticas: ∆Ec ̸= 0 J
Colisões Elásticas:

m1 v1i + m2 v2i =m1 v1f + m2 v2f


1 1 1 1
m1 + v12i + m2 + v22i = m1 + v12f + m2 + v22f
2 2 2 2

33
Capítulo 2. Mecânica

Colisões Totalmente Inelásticas:


Neste tipo de colisões temos uma perda máxima de energia por parte do sistema. Dado que ⃗vCM
é conservada, a perda é máxima apenas se as partículas viajarem juntas após a colisão, ou seja,
v1f = v2f . Temos então:
m1⃗v1i + m2⃗v2i
v1f = v2f =
m1 + m2
Coeficiente de restituição:
O coeficiente de restituição diz-nos o quão "elástica"foi a colisão entre as partículas. O mesmo é
dado por:
⃗v2f − ⃗v1f
e=
|⃗v2i − ⃗v1i |
Temos então:
• Choque elástico: e = 1
• Choque inelástico: 0 ≤ e < 1

2.14. Momento
2.14.1. Momento de uma força relativamente a um ponto
O momento de uma força, que a partir de agora iremos chamar de Torque τ , é uma grandeza
que mede a tendência de uma força rotacional alterar a rotação de um objeto em torno de um
eixo. Na figura abaixo temos um movimento de rotação em torno de um ponto P . O vetor ⃗r é

⃗v F⃗

normalmente chamado de braço de rotação. O torque da força F⃗ é dado por:

⃗τF⃗ = ⃗r × F⃗ =⇒ ⃗τF⃗ ⊥ ⃗r, F⃗

Assim, para ⃗r ∥ F⃗ temos que o momento é 0, dado que o produto vetorial segue a propriedade:

|⃗τ | = |⃗r| F⃗ sin θ =⇒ sin(0) = 0

Neste caso, a força F⃗ diz-se central.


Nota: O sentido do momento é dado pela regra da mão direita.

34
Capítulo 2. Mecânica

2.14.2. Momento Angular de uma partícula


O momento angular, em Física, está relacionado ao movimento rotacional de uma partícula relati-
vamente a um ponto. Assim, o momento angular é dado por:

⃗r

⃗v

⃗ = ⃗r × p⃗ = m⃗r × ⃗v
L

2.14.3. Relação do Torque e do Momento Angular


⃗ vamos ter:
Se tomarmos a derivada do momento angular L


dL d (m⃗r × ⃗v ) d⃗r d⃗v
= = m × ⃗v + m⃗r × = m⃗r × ⃗a = ⃗r × F⃗ = τF⃗
dt dt dt dt
Aqui temos que:
d⃗r
× ⃗v = ⃗v × ⃗v = ⃗0
dt
Nota: O produto vetorial "×"segue as propriedades da derivada de uma multiplicação.

2.14.4. Momento de um sistema de partículas


Para um sistema com n partículas, vamos ter:

⃗ i=n i=n
⃗ i = dL i
X X
M ⃗ =
M ⃗i
M ⃗ =
L ⃗i
L
dt i=1 i=1

Devido à Terceira Lei de Newton já vista noutros capítulos, temos que uma força faz sempre parte
de um par ação-reação. Assim, para duas partículas i e j de um sistema, o momento total é nulo.
i=n
X i=n 
X 
⃗ int =
M ⃗ int =
M ⃗⃗ +M
M ⃗⃗
i Fi,j Fj,i = 0
i=1 i̸=j

Vamos considerar daqui para a frente que para qualquer sistema de n partículas o momento inte-
rior é sempre nulo.

35
Capítulo 2. Mecânica

2.14.5. Decomposição do Momento Angular

⃗rCM Σ

⃗ri

0 x

Relembrando que temos:


⃗ri = ⃗rCM + ⃗ri ′
⃗vi = ⃗vCM + ⃗vi ′
Vamos então ter:
i=n
X i=n
X
i=n i=n
(mi⃗rCM × ⃗vi ′)) = ⃗rCM mi (⃗vi − ⃗vCM )
X X i=1 i=1
⃗ =
L ⃗ri × p⃗i = mi⃗ri × ⃗vi " i=n #
i=n
i=1 i=1
X X
=⃗rCM (mi⃗vi ) − (mi⃗vCM ) = ⃗rCM [M⃗vCM − M⃗vCM ] = ⃗0
i=1 i=1
i=n
X
= mi (⃗rCM + ⃗ri ′) × (⃗vCM + ⃗vi ′)
i=1
 
i=n i=n i=n i=n
X X  X  X
= (mi⃗rCM × ⃗vCM ) + CM × ⃗
(mi⃗r
vi ′) + i′ × ⃗
(mi⃗r 
vCM ) + (mi⃗ri ′ × ⃗vi ′)
i=1 i=1
  i=1
  i=1
 
i=n
X
= M⃗rCM × ⃗vCM + ⃗ CM + L
mi⃗ri ′ × ⃗vi ′ = L ⃗ relativo
i=1

36
Capítulo 2. Mecânica

2.14.6. Binário
Vamos analisar a figura seguinte:

P F⃗1 = −F⃗2 F⃗

−⃗rP F⃗2

⃗r1 O ⃗r2
F⃗1

O momento relativo à origem O será:


⃗ O = ⃗r1 × F⃗1 + ⃗r2 × F⃗2 = ⃗r1 × F⃗ − r⃗2 × F⃗ = (⃗r1 − ⃗r2 ) × F⃗
M

O momento relativo ao ponto P será:


⃗ A = (⃗r1 − ⃗rA ) × F⃗1 + (⃗r2 − ⃗rA ) × F⃗2 = (⃗r1 − ⃗rA − ⃗r2 + ⃗rA ) × F⃗ = (⃗r1 − ⃗r2 ) × F⃗
M

Vemos então, que para o mesmo eixo, os momentos são iguais.

2.14.7. Momento de Inércia


Antes de decompormos o momento angular de um sistema de partículas devemos antes perceber
o que é o Momento de Inércia I de uma partícula.
Já vimos que a inércia é basicamente a massa. No movimento de rotação, um corpo gira em torno
de um eixo fixo. Cada partícula no corpo move-se numa circunferência com velocidade linear, ou
seja, cada partícula move-se com uma aceleração angular. O momento de inércia é a propriedade
do corpo que faz com que ele resista à aceleração angular e é a soma dos produtos da massa de
cada partícula no corpo pelo quadrado da sua distância ao eixo de rotação. Assim, o momento de
inércia de um sistema de partículas é dado por:
i=n
X
I= mi ri2
i=1

Para um sistema contínuo o momento de inércia vai ser dado por:


 M
I= r2 dm
0

37
Capítulo 2. Mecânica

Diferentes Momentos de Inércia:


Apesar de ser útil saber como calcular a fórmula para o momento de inércia de um objeto, não
vou dar muita enfâse nisso, dado não ser importante para Mecânica. Deixo então alguns momen-
tos conhecidos.
1. Esfera Sólida:
O momento de inércia de uma esfera sólida em relação ao seu diâmetro é dado por:
2
I = mr2
5

2. Cilindro Oco:
O momento de inércia de um cilindro oco (cilindro fino) em relação ao seu eixo central é:

I = mr2

3. Barra Fina (Eixo Perpendicular):


Para uma barra fina (comprimento L) girando em torno de um eixo perpendicular que passa por
uma das extremidades:
1
I = mL2
3
4. Barra Fina (Eixo Central):
Para a mesma barra fina, mas girando em torno de um eixo que passa pelo centro da barra:
1
I= mL2
12

5. Placa Retangular (Eixo Perpendicular):


Para uma placa retangular girando em torno de um eixo perpendicular que passa pelo centro da
sua aresta:
1
I = m(a2 + b2 )
3
6. Anel Fino:
O momento de inércia de um anel fino (raio R) em relação a um eixo que passa pelo centro e é
perpendicular ao plano do anel:
I = mR2

38
Capítulo 2. Mecânica

2.14.8. Momento Angular de um sólido rígido


Vamos supor a distribuição discreta de massa num sólido que se encontra num plano z = c sendo
c uma constante. Vamos ter:
z

⃗r1
⃗r2

O momento angular do sistema é dado por:


ˆ ẑ
r̂ × θ =
i=n
X θ̂ × ẑ = r̂
⃗ =
L mi⃗ri × ⃗vi
i=1 ẑ × r̂ = θ̂
⃗v = ω ẑ × rr̂ = ωrθ̂
i=n
X
= mi ri r̂ × (ω ẑ × ri r̂)
i=1
i=n
X
= mi ri r̂ × ωri θ̂
i=1
i=n
X
= mi ωri2 ẑ = I⃗ω
i=1

2.14.9. Energia Cinética de Rotação e de Translação


Tal como nos casos já vistos anteriormente e para referenciais iguais, temos que ter em conta o
referencial do centro de massa. Vamos então ter:
i=n
1 X 1
Ec = M vCM + mi vi2 ′
2 i=1
2
i=n
1 X1
= M vCM + mi (ωri ′)2
2 i=1
2
i=n
1 1 X 1 1
= M vCM + ω 2 mi ri2 ′ = M vCM + Iω 2
2 2 i=1 2 2

39
Capítulo 2. Mecânica

Assim, temos que:


• Energia cinética de translação: 12 M vCM
• Energia cinética de rotação: 12 Iω 2

2.15. Rolamento sem escorregamento


Vamos agora falar do caso de uma "roda"que rola sobre uma superfície sem escorregar. Devemos,
portanto, definir previamente o que é não escorregar.
"Rodar sem escorregar"é uma expressão usada na física para descrever o movimento de um corpo
que gira em torno de um eixo sem deslizar ou escorregar ao longo de uma superfície. Quando um
corpo roda sem escorregar, o ponto de contacto com a superfície tem ⃗v = ⃗0 e os outros pontos
têm uma velocidade de v = ωr, sendo esta a condição para a velocidade quando um objeto roda
sem escorregar. Assim, para um momento infinitesimal de tempo ∆t a velocidade no ponto de
contacto com a superfície será 0 se o objeto não escorregar.
Este conceito é de bastante importância dado que os pneus que fazem mover um veículo seguem
esta condição.

y
ω

0 x
⃗vCM

⃗r

⃗vP = ⃗0

⃗ × ⃗r
⃗vP = ⃗vCM + ω
⃗0 = ⃗vCM + (−ω ẑ) × (−rŷ)
⃗vCM = ωrx̂

Assim, vamos ter:


• ⃗vP ̸= ⃗0: Há escorregamento e o atrito é cinético
• ⃗vP = ⃗0: Não há escorregamento e o atrito é estático no ponto de contacto

40
Capítulo 2. Mecânica

2.15.1. Energia Cinética do rolamento sem escorregamento

1 1
Ec = M vCM + Iω 2
2 2
1 1  vCM 2
= M vCM + I
2 2 r
1 I 2
= M + 2 vCM
2 r

Podemos dividir este resultado em duas situações. A massa do disco pode estar concentrada na
periferia da roda ou a massa pode-se distribuir uniformemente ao longo da roda. Para a primeira
situação temos:
I = M r2
Assim, ficamos com:
M r2
 
1 2 2
Ec = M+ 2 vCM = M vCM
2 r
Para a segunda situação temos:
M r2
I=
2
Assim, vamos ter:
M r2
 
1 3 2
Ec = M+ 2
= M vCM
2 2r 4

2.15.2. Rolamento num plano inclinado


Vamos supor o cenário seguinte, uma esfera roda sobre um plano inclinado sem escorregar. O
objetivo é descobrir a condição da aceleração do centro de massa e o ângulo máximo do plano
para que não haja escorregamento. A figura seguinte representa a situação.

ω

y

N

F⃗a x

P⃗
θ

41
Capítulo 2. Mecânica

Sabemos que a soma das forças será:

F⃗a + P⃗ + N
⃗ = F⃗r ⇔ ma = mg sin θ − Fa

Devemos agora considerar o torque das forças aplicadas no corpo. Se supormos que o referencial
se encontra no centro de massa, a única força que irá realizar torque será a força de atrito. Temos
então:

⃗r × F⃗a = I⃗
α
⇔ − rŷ × −Fa x̂ = −Iαẑ

⇔ − rFa ẑ = −Iαẑ ⇔ Fa =
r
Relembrando que a soma dos momentos de um sistema é dado por:

⃗τtotal = I⃗
α

Assim, vamos ter:



ma = mg sin θ −
r
Ia
⇔ ma = mg sin θ − 2
r
mg sin θ
⇔a=
m + rI2


Se supormos que I = 25 mr2 vamos ficar com:

5
a = mg sin θ
7
Para a situação sem escorregamento devemos ter sempre:

Fa ≤ µN

Assim, temos:
 
Ia 2 7
2
≤ µmg cos θ ⇔ mg sin θ ≤ µmg cos θ ⇔ θ ≤ arctan µ
r 7 2

42
Capítulo 2. Mecânica

2.16. Gravitação Universal


Vamos agora falar sobre a gravitação universal, tanto sobre os trabalhos de Kepler como de New-
ton.
Vamos supor o cenário seguinte. Dois corpos de massa m e M encontram-se sobre a ação um do
outro. A figura seguinte demonstra situação.

d
⃗r2,1
⃗r1,2 M
m
F⃗2,1 F⃗1,2

A força, em módulo será dada por:


GmM
F⃗1,2 = F⃗g =
d2
Também conhecida com Lei da Atração Universal esta diz-nos que a força entre dois corpos é
inversamente proporcional ao quadrado da distância do centro de massa dos corpos. A constante
G chama-se a Constante de Gravitação Universal e tem o valor de:

G = 6.67 × 10−11 m3 kg−1 s−2

2.16.1. Energia Potencial Gravítica


Tal como já vimos anteriormente o trabalho de uma força é dado por:

W = F⃗ · ⃗r

Se considerarmos a força gravítica F⃗g vamos ter:



GM m 1 1
dW = F⃗g · d⃗r = − 2 r̂ · drr̂ 2
du = −
r u u
 d
GmM GmM
⇔W = − 2
dr =
∞ r d
Podemos então definir a energia potencial gravítica Ug como:
GmM
Ug = −W = −
d
E podemos definir o potencial gravítico de uma partícula m como:
Gm
Vg = −
d
Mas, por enquanto, não irei definir o conceito de potencial dado não ser necessário, visto que será
dado em Eletromagnetismo.

43
Capítulo 2. Mecânica

2.16.2. Velocidade e Período


A força gravítica é uma força normal à trajetória da massa m. Já sabemos que a força normal é
dada por:
mv 2
Fn =
r

⃗v

F⃗g

Assim, temos que: r


GmM mv 2 GM
Fg = Fn ⇔ 2
= ⇔v=
r r r
O período T de um movimento circular e uniforme relaciona-se com a velocidade da forma:
2πr
v=
T
Assim, vamos ter:
2πr r3/2 2 4π 2 r3
T = = 2π ⇔ T =
v (GM )1/2 GM

2.16.3. Energia Potencial Gravítica na superfície da Terra


Vamos agora descobrir a energia potencial gravítica Ug na superfície da Terra. Seja MT a massa
da Terra, RT o raio da Terra e h a altura a que uma massa m se encontra da superfície temos:
GMT m GMT m 1
Ug = − =−
RT + h RT 1 + Rh
T

Se considerarmos que RT ≫ h, podemos considerar que:


h
≪1⇔x≪1
RT
Podemos aproximar por Expansão de Taylor a função:
1
≈1−x
1+x
Ficamos então com:
 
GMT m h GMT m GMT
Ug = − 1− =− +m 2 h
RT RT RT RT

44
Capítulo 2. Mecânica

GMT
Se considerarmos g = 2
RT
vamos ter:

GMT m
Ug = − + mgh
RT

2.16.4. Energia Mecânica Órbita Circular


1 GM m GM m GM m GM m
Em = Ec + Ug = mv 2 − = − =−
2 r 2r r 2r
Relembrando que:
GM
v2 =
r
• Órbita Aberta: Quando a Em ≥ 0 o corpo pode escapar à órbita podendo chegar a r → ∞.
• Órbita Fechada: Quando Em < 0 o corpo não consegue escapar à órbita e não consegue
chegar a r → ∞.

2.16.5. Velocidade de Escape


Relacionado com órbitas abertas, queremos agora saber qual deve ser a velocidade mínima para
um corpo de massa m escapar da órbita do outro. Vamos ter:
r
1 2 GM m 2GM
Em = 0 ⇔ mve = ⇔ ve =
2 r r

2.16.6. Teorema Do Virial


Sabemos que numa órbita circular uniforme, temos FN = Fg . Assim, vamos ter:

mv 2 GmM
=
r r2
1 1 GmM
⇔ mv 2 = =⇒ 2Ec + Ug = 0
|2 {z } |2 {zr }
Ec − 12 Ug

Apesar de não parecer útil o Teorema do Virial é um teorema útil na análise de sistemas com
órbitas e muito mais.

45
Capítulo 2. Mecânica

2.17. Lei das Áreas


Também conhecia como 2ª Lei de Kepler, a mesma diz que num referencial fixo no Sol, a reta
que une um planeta ao mesmo varre áreas iguais em tempos iguais.
Vamos considerar uma Força Central F⃗ tal que F⃗ ∥ ⃗r. Segue-se a seguinte figura (que se supõe
ser um pedaço de translação de um planeta perto do Sol).

d⃗r
θ
θ

⃗r

Visto que a força central temos:


F⃗ ∥ ⃗r =⇒ ⃗τ = 0
Como sabemos a relação entre Torque e Momento Angular temos:
⃗ = m⃗r × ⃗v = −
⃗τ = 0 =⇒ L
−−−−→
constante

Vamos então ter:


h |⃗r| |r| |d⃗r| sin θ |⃗r × d⃗r|
dA = = =
2 2 2
Tendo em conta que:
h
sin θ = ⇔ h = |d⃗r| sin θ
|d⃗r|
Assim, vamos ter:
dA 1 d⃗r 1
= ⃗r × = |⃗r × ⃗v |
dt 2 dt 2 | {z }
constante

Concluimos então, que se F⃗ é central, o vetor ⃗r varre áreas iguais em tempos iguais.

2.18. Lei dos Períodos


Vamos agora estudar a 3ª Lei de Kepler. Ao contrário do que se pensa, as órbitas dos planetas não
são perfeitamente circulares mas sim elípiticas. Vamos supor a seguinte figura:

46
Capítulo 2. Mecânica

y Área = πab

b a

c x
F F

A figura representa uma elipse (órbita da Terra à volta do Sol). Suponha-se que o Sol se encontra
num dos focos F e a Terra em algum ponto da elipse. Vamos ter:
• Ra - Raio no Afélio (maior afastamento do Sol)
• Rp - Raio no Perifélio (menor afastamento do Sol)
• va - Velocidade no Afélio
• vp - Velocidade no Perifélio
Numa elipse temos:
• F - Foco de uma elipse.Os focos de uma elipse são, por definição, dois pontos cuja distân-
cias até qualquer ponto na elipse é uma constante.
• c- Eixo maior da elipse.
• b- Eixo menor da elipse (perpendicular ao eixo maior).
• a2 = b 2 + c 2 .
• e- Excentricidade de uma elipse dada por e = ac .

47
Capítulo 2. Mecânica

2.18.1. Conservação do Momento


Vamos ter:
 c
Rp = a − c = a 1 − = a (1 − e)
a
 c
Ra = a + c = a 1 + = a (1 + e)
a

⃗ vamos ter:
Assim, por conservação de L

Ra va = Rp vp
vp Rp 1−e
⇔ va = = vp
Ra 1+e

2.18.2. Conservação da Energia Mecânica

Eci + Ugi = Ecf + Ugf


1 GM m 1 GM m
⇔ mva2 − = mvp2 −
2 Ra 2 Rp
GM GM
⇔ va2 − 2 = v − p2 − 2
Ra Rp
GM GM
⇔ vp2 − va2 = 2 −2
Rp Ra
 2 !  
2 1−e GM Rp
⇔ vp 1 − =2 1−
1+e Rp Ra
p
⇔ vp2 Rp2 = GM 1 − e2 a =⇒ vp Rp = GM (1 − e2 ) a


Relembrando a Lei das Áreas:


dA vp Rp
=
dt 2
E
dA πab
=
dt T
Vamos ter:
1/2
p πa2 (1 − e2 ) 4π 2 3
GM (1 − e2 ) a = ⇔ T2 = a
T GM
Fica ao leitor perceber como cheguei ao valor de T 2 e ao valor de b.

48

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