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Parte 1
Simone Batista
Conteúdo
ii
1.6.4 Radiciação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
1.6.5 Potenciação com expoente racional . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
1.7 Propriedades básicas da Álgebra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
1.8 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
1
Capı́tulo 1
Este livro tem por principal objetivo apresentar ao estudante um estudo prévio das
principais e mais simples funções utilizadas nas áreas de Matemática e Fı́sica, a saber
funções polinomiais de primeiro e segundo graus, função modular, função exponencial,
função logarı́tmica e funções trigonométricas, sem fazer uso dos conceitos e ferramentas
do cálculo diferencial e integral, mas aprendendo a operar com estas funções e construindo
seus gráficos e os gráficos de combinações das mesmas.
Antes de começarmos o nosso estudo de funções, no entanto, faz-se necessária uma
breve revisão de alguns conceitos de matemática elementar que são aprendidos no ensino
fundamental e médio e que, em muitos casos, os alunos já esqueceram ao chegar ao ensino
universitário ou não viram de forma adequada em seu ensino fundamental e médio.
Para trabalhar adequadamente com as funçõesem geral precisamos conhecer os prin-
cipais conjuntos numéricos e aprender a trabalhar e operar matematicamente com os
elementos deste conjuntos. Assim, neste primeiro capı́tulo de nosso livro iremos revisar
as operações aritméticas fundamentais no contexto dos conjuntos numéricos. Para tanto,
vamos estudar/revisar algumas noções e conceitos básicos sobre teoria geral dos conjuntos
e estudar os principais conjuntos numéricos (desde o conjunto dos números naturais até o
conjunto dos números reais) e as operações aritméticas que estão definidas dentro desses
conjuntos, que são a adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação e radiciação.
2
1.1 Introdução aos Conjuntos
1.1.1 Noções iniciais
Os conjuntos numéricos são conjuntos cujos elementos são números que guardam, entre
si, uma caracterı́stica comum e, por isto, possuem elementos perfeitamente caracterizados.
Ao estudarmos e trabalharmos em Matemática, Fı́sica e Engenharia, estamos fazendo
operações definidas dentro de um conjunto numérico. Por exemplo, ao fazermos uma
operação entre dois elementos de um conjunto numérico e obtendo como resultado um
outro elemento desse mesmo conjunto numérico, dizemos que a operação está definida
dentro deste conjunto numérico.
Assim, para contextualizar a revisão a cerca dos conjuntos numéricos, vamos apre-
sentar nesta seção uma breve revisão dos principais conceitos da teoria de conjuntos que
precisaremos no decorrer do capı́tulo e também do livro. Os primeiros conceitos que pre-
cisamos relembrar/conhecer são as definições relacionadas a conjuntos e a seus elementos.
1. A = {1, 3, 5, 7, . . . }.
2. B = {0, 2, 4, 6, . . . }.
As definições e propriedades que vamos estudar nesta seção valem também para os
conjuntos numéricos.
3
Os Conjunto Numéricos, como já foi dito, são conjuntos cujos elementos são
números que guardam entre si uma caracterı́stica comum. Tais conjuntos possuem el-
ementos muito bem caracterizados.
Os principais conjuntos numéricos são:
• Q:
I conjunto dos números racionais;
1. A = {1, 3, 5, 7, . . . }.
2. B = {0, 2, 4, 6, . . . }.
3. IN = {0, 1, 2, 3, 4, . . . }.
4. W = {amarelo, branco, preto}.
Um mesmo conjunto pode ser especificado por qualquer das duas maneiras. Assim,
por exemplo, podemos ter:
4
1. A = {1, 3, 5, 7, . . . }
A = {x| x é um número ı́mpar}
2. B = {0, 2, 4, 6, 8, . . . }
B = {x| x é um número par}
B = {x = 2k| x ∈ IN}
3. C = {1, 2, 3, 4, 5}
C = {x| x ∈ IN; 1 ≤ x ≤ 5}
Observações importantes
2. O conjunto vazio é, em nosso livro e na maioria dos livros didáticos, representado
pelo sı́mbolo ∅.
c) IN = {0, 1, 2, 3, 4, 5, . . . }
Resposta: O conjunto dos números naturais tem infinitos elementos, ou seja, ♯IN =
+∞.
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1.1.3 Relação de pertinência
A letra grega ∈ dá a relação de pertinência entre elementos e conjuntos. Por exemplo,
dado o conjunto A = {1, 3, 5, 7, . . . }, podemos escrever que: 1 ∈ A; e 2 ∈
/ A.
Vamos entender melhor o uso da relação de pertinência com o exemplo a seguir.
a) 0 ∈ A?
Resposta: Não, pois o conjunto A é o conjunto dos números ı́mpares e o zero
é par. Podemos escrever que 0 ∈
/ A.
b) 7 ∈ A?
Resposta: Sim, pois o conjunto A é o conjunto dos números ı́mpares e o
número sete é ı́mpar.
c) 1 ∈ B?
Resposta: Não, pois o conjunto B é o conjuntos dos números pares e o
número um é ı́mpar. Podemos escrever que 1 ∈
/ B.
d) 3 ∈ B?
Resposta: Não, pois o conjunto B é o conjuntos dos números pares e o
número três é ı́mpar. Podemos escrever que 3 ∈
/ B.
Devemos ressaltar que, de forma alguma, pode-se usar ∈ para relacionar um conjunto
a outro. Por exemplo, se A = {1, 3, 5, 7, . . . } e C = {1, 3, 5}, NÃO podemos escrever
que C ∈ A.
1.1.4 Subconjuntos
Consideremos dois conjuntos A e B. Esses conjuntos são tais que todos os elementos
do conjunto A são também elementos do conjunto B.
Dizemos que o conjunto A é subconjunto de B e escrevemos:
A⊂B ou A⊆B
Também podemos dizer que B contém A e escrever:
B⊇A
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Se A ⊆ B e existe pelo menos um elemento de B que não pertence a A, dizemos que
A é subconjunto próprio de B e escrevemos:
A B
Para que dois conjuntos sejam iguais devemos ter a seguinte condição:
A = B ⇔ A ⊆ B; B ⊆ A
i) A IN?
Resposta: Sim, pois todo elemento de A também é elemento de IN e em IN
há elementos que não pertencem a A.
ii) ∅ A?
Resposta: Sim, pois todo elemento de ∅ também é elemento de A e há
elementos de A que não pertencem ao conjunto ∅.
iii) ∅ ∈ A ?
Resposta: Não, ∅ não é elemento do conjunto A.
iv) {∅} ⊂ A ?
Resposta: Não, pois ∅ não é elemento do conjunto A.
v) ∅ ⊂ ∅ ?
Resposta: Sim, pois todo elemento do conjunto ∅ pertence ao conjunto ∅.
1. A ⊆ A.
2. Se A ⊆ B e B ⊆ A, então A = B.
3. Se A ⊆ B e B ⊆ C, então A ⊆ C.
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1.1.5 Conjunto Universo - Ω
Uma teoria é desenvolvida, em geral, usando subconjuntos de um dado conjunto. O
conjunto de todos os subconjuntos usados na teoria é denominado conjunto universo.
Normalmente, usamos a letra grega Ω (Omega maiúscula) para indicar este conjunto.
Exemplos:
Ω = IN = {0, 1, 2, 3, 4, ...}.
2. Em nosso livro o conjunto universo será o conjunto dos números reais, Ω = IR.
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O conjunto universo Ω é representado pelo interior de um retângulo. Assim, o conjunto
A, subconjunto do conjunto universo Ω e este próprio, têm como representação o diagrama
de Venn dado pela figura a seguir:
9
• União
A primeira operação que vamos estudar é a união entre conjuntos. Vamos à sua
definição.
Dados dois conjuntos A e B indicaremos por A ∪ B a união dos conjuntos A e B e
que é o conjunto de todos os elementos que pertencem a A ou a B. Ou seja:
A ∪ B = {x| x ∈ A ou x ∈ B}.
Em termos dos diagramas de Venn, a união de dois conjuntos A e B é representada
pela figura a seguir:
a) A ∪ B.
Resposta: O conjunto A ∪ B, que é o conjunto dos elementos que pertencem
a A ou a B é dado por:
A ∪ B = {0, 1, 2, 3, 4, ...} = IN
b) B ∪ IN.
Resposta: Todos os elementos de B também são elementos de IN, assim temos
que:
B ∪ IN = IN
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• Intersecção
Dizemos que dois conjuntos são disjuntos se sua intersecção é vazia. Ou seja, dados
os conjuntos A e B, se A ∩ B = ∅ dizemos que A e B são disjuntos.
a) A ∩ B.
Resposta: O conjunto A ∩ B é o conjunto dos elementos que pertencem a
A e, ao mesmo tempo, pertencem a B. Como os conjuntos A e B não tem
elementos em comum (A e B são disjuntos), temos que:
A∩B =∅
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b) B ∩ IN.
Resposta: Todos os elementos de B também são elementos de IN (B é sub-
conjunto de IN). Desta forma temos que:
B ∩ IN = B ⇒ B ⊂ IN
Nos exercı́cios, ao final deste capı́tulo, há alguns relacionados à Teoria Geral de Con-
juntos para que os alunos possam verificar e relembrar o seu aprendizado. Os estudantes
podem escolher fazê-los agora ou após estudar as seções seguintes do capı́tulo. Por hora
vamos à nossa revisão a cerca dos conjuntos numéricos e das operações aritméticas envol-
vendo os elementos desses conjuntos.
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1.2 Conjunto dos Números Naturais, IN
1.2.1 Introdução
O conjunto IN, que já foi utilizado em alguns exemplos da seção anterior, é o conjunto
dos números naturais.
IN = {0, 1, 2, 3, 4, 5, . . . }
O conjunto IN é um conjunto infinito e surgiu da necessidade natural de se contar
objetos (dedos, ovelhas do rebanho, filhos, dias, etc.). Os outros conjuntos numéricos são
ampliações do conjunto dos números naturais.
O conjunto N pode ser representado geometricamente por uma reta numerada.
Atualmente alguns autores usam como convenção que IN∗ é conjunto dos números
naturais. Neste caso, o conjunto IN = IN∗ ∪ {0}, chamado de conjunto dos números
naturais estendidos, corresponde ao nosso conjunto dos números naturais. Não
usaremos esta convenção em nosso livro!
13
1.2.2 Operações com números naturais
No conjunto IN estão definidas duas operações aritméticas: adição e multiplicação.
Isto quer dizer que: i) adicionando-se dois elementos quaisquer de IN, a soma é elemento
de IN; ii) multiplicando-se dois elementos quaisquer de IN, o produto é elemento de IN.
Ou seja: {
m + n ∈ IN
∀m, n ∈ IN
m · n ∈ IN
Ou podemos dizer:
a) x = 1 + 2 + 3 + 4
Resolução: Neste caso, somamos os números diretamente e obtemos:
x = 1+2+3+4
x = 10
b) x = 2 + 3 · 5.
Resolução: Neste caso, efetuamos a multiplicação antes da soma. Assim:
x = 2+3·5
x = 2 + 15
x = 17
c) x = 2 + 2 · 7 + 3 + 4 · 1.
Resolução: Neste caso, temos:
x = 2+2·7+3+4·1
x = 2 + 14 + 3 + 4
x = 23
14
Ao trabalharmos com expressões numéricas e expressões algébricas, devemos lembrar
sempre que:
No caso de algumas operações virem entre parênteses (ou colchetes ou chaves), efe-
tuamos primeiro as operações entre parênteses para eliminá-los. Vejamos o exemplo a
seguir.
a) x = 2 + 3 · 5 + 6
Resolução:
x = 2+3·5+6
x = 2 + 15 + 6
x = 23
b) x = (2 + 3) · 4
Resolução:
x = (2 + 3) · 4
x = 5·4
x = 20
c) x = (5 + 3) · (3 + 2) + 3.
Resolução:
x = (5 + 3) · (3 + 2) + 3
x = 15 · 6 + 3
x = 90 + 3
x = 93
15
Assim, teve-se a necessidade de ampliar o conjunto N e surgiu o conjunto dos números
inteiros Z que estudaremos na próxima secção.
Embora conjunto IN não seja fechado em relação à subtração, podemos realizar esta
operação entre números naturais e, em muitos caso, obter resultados dentro do conjunto
dos números naturais.
Do estudo/revisão deste conjunto dos números naturais, além da breve revisão das
operações aritméticas de adição e multiplicação, ficam as regras que são válidas para
quaisquer expressões algébricas e numéricas:
a) x = 18 + 2 · 7 − 4 · 8
Resolução:
x = 18 + 2 · 7 − 4 · 8
x = 18 + 14 − 32
x = 0
b) x = 18 + 2 · (7 − 4) · 8.
Resolução:
x = 18 + 2 · (7 − 4) · 8
x = 18 + 2 · 3 · 8
x = 18 + 48
x = 66
16
c) x = (18 + 2) · (7 − 4) · 8.
Resolução:
x = (18 + 2) · (7 − 4) · 8
x = 20 · 3 · 8
x = 480
Z∗ = Z − {0}
Z+ = {0, 1, 2, 3, 4, 5, . . . } ⇒ Z+ = IN
17
4. O conjunto dos números inteiros não positivos:
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Exemplo: Obtenha os resultados das seguintes expressões numéricas.
a) x = 3 · (4 − 1) + 4
Resolução:
x = 3 · (4 − 1) + 4
x = 3·3+4
x = 9+4
x = 13
b) x = −2 · [(5 − 3) + (3 − 8) · (6 − 9)] + 3.
Resolução:
x = −2 · [(5 − 3) + (3 − 8) · (6 − 9)] + 3
x = −2 · [2 + (−5) · (−3)] + 3
x = −2 · [2 + 15] + 3
x = −2 · [17] + 3
x = −34 + 3
x = −31
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O conjunto Z é fechado em relação à adição, à multiplicação e à subttração, mas o
mesmo não ocorre em relação à divisão, ou seja, o conjunto Z não é fechado em relação
à divisão.
Por exemplo, se dividimos (-5) por 10, não existe número inteiro que seja resultado
desta operação, ou seja,
(−5) 1
x= =−
10 2
x∈
/Z
Assim, teve-se uma necessidade de ampliar o conjunto Z e surgiu o conjunto dos
números racionais, Q,
I que será estudado na próxima seção. Por hora, vamos fazer o
exemplo abaixo para fixarmos melhor as idéias e conhecimentos a cerca dos conjuntos IN
e Z.
a) [(m + n) · p] ∈ IN
Resposta: Como o conjunto IN é fechado em relação à adição e à multi-
plicação, temos que (m + n) ∈ IN e, por conseguinte, [(m + n) · p] ∈ IN, o que
torna a sentença verdadeira.
b) [m · (n − p)] ∈ Z
Resposta: Como o conjunto Z é fechado em relação à adição, à multiplicação
e à subtração, e como todo elemento de IN também pertence a Z, temos que
(n − p) ∈ Z e, por conseguinte, [m · (n − p)] ∈ Z, o que torna a sentença
verdadeira.
c) [(m + n) · (n + p)] > 0
Resposta: Como m, n, p ∈ IN, as adições (m + n) e (n + p) podem ser maiores
que zero ou mesmo iguais a zero, desta forma sua multiplicação pode ser
positiva ou igual a zero, o que torna a sentença falsa. Tome, por exemplo,
m = 0, n = 0 e p = 1, neste caso temos que o resultado da sentença é
[(m + n) · (n + p)] = [(0 + 0) · (0 + 1)] = 0.
d) (mp − m) ∈ IN
Resposta: Temos que mp − m = m(p − 1), como m, p ∈ IN, temos que
m(p − 1) ∈ IN ⇔ p ≥ 1, mas como o p também pode ser igual a zero, temos
que a expressão é falsa.
20
Antes de estudarmos o conjunto dos números racionais, vamos estudar dois impor-
tantes conceitos que surgem ao estudarmos o conjunto Z e que, por serem conceitos gerais,
também serão válidos para os outros conjuntos numéricos estudados neste capı́tulo. Estes
conceitos são a noção de números opostos ou simétricos e o módulo de um número.
21
1.3.4 Módulo de um número inteiro
O módulo ou valor absoluto de um número inteiro é a distância da origem ao ponto
que o representa na reta. Assim, dizemos que o módulo de -5 é 5. E o módulo de 5 é 5.
Indicamos o módulo de um número inteiro, pelo número inteiro entre barras verticas.
Ou seja, o módulo de −m é dado por:
| − m| = m ∀m ∈ IN
e o módulo de m é dado por:
|m| = m; ∀m ∈ IN
Em alguns textos o módulo de um número é representado pelo número entre barras
verticais duplas, ou seja, nesses textos tem-se que |m| = ||m||.
Exemplos: Calcule:
a) x = |10 − 7|;
Resposta: Resolvendo a expressão, temos:
x = |10 − 7| = |3| = 3
b) x = 10 − |5 + 7| ;
Resolução:
x = 10 − |5 + 7| = 10 − |12| = 10 − 12 = | − 2| = 2
c) x = 5 − 5 + | − 5| + |5| ;
Resolução:
d) x = |7 − 5| − 2 + | − 8| + |2| − 1.
Resolução:
22
1.4 Conjunto dos Números Racionais, Q
I
1.4.1 Introdução
A extensão do conjunto dos números inteiros é o conjunto dos números racionais
ou conjunto dos números fracionários
{ ou conjunto Q. I }
1 1
I = 0, . . . , ± , . . . , ± , . . . , ±1, . . .
Q
3 2
Ou seja: { }
p
Q
I = | p ∈ Z e q ∈ Z∗
q
Assim, vemos que todos os elementos de Z pertencem também a Q.
I Ou seja:
Z Q
I
I na reta numerada é feita a partir da representação de Z, como
A representação de Q
mostrado na figura a seguir.
2. Q
I + : O conjuntos dos números racionais não negativos;
4. Q
I − : O conjunto dos números racionais não positivos;
23
1.4.2 Operações com frações
Ao estudarmos o conjunto dos números fracionários, Q, I vemos a necessidade de relem-
brar os principais conceitos e definições e as operações numéricas relacionadas às frações.
Esta necessidade vem do fato de que muitos estudantes, ao iniciarem um curso superior
na área de exatas, encontram certa dificuldade ao trabalhar com frações devido ao tempo
decorrido desde que estudaram tais operações em sua vida acadêmica. Para sanarmos
estas dificuldades e propiciarmos ao aluno uma rápida revisão sobre o assunto, vamos
apresentar estes conceitos, definições e operações de forma prática e suscinta nesta seção.
Para alguns alunos esta seção pode parecer trivial, mas em muitas provas e teste feitos
por alunos universitários nos primeiros componentes curriculares da área de Matemática
aparecem erros de alunos que se equivocam ao realizar as operações aritméticas básicas
com frações e números decimais. Em alguns casos os alunos realmente apresentam dificul-
dades em trabalhar com os números em sua forma decimal e/ou fracionária sem o uso de
calculadora e em outros casos isto ocorre devido ao nervosismo de se estar fazendo uma
prova ou teste. Em qualquer destes dois casos, é importante que o aluno faça esta revisão,
quer seja para relembrar o que está guardado no fundo de sua mente ou para treinar um
pouco e, desta forma, diminuir o possı́vel nervosismo na hora de fazer testes e provas.
Voltando à nossa revisão das operações aritméticas envolvendo frações vamos, antes,
relembrar algumas definições e conceito a cerca de frações.
1. Uma fração é uma forma pictórica usada para representar uma divisão entre dois
números. Assim, por exemplo, a divisão entre os números 22 e 7 pode ser represen-
22
tada como a fração , que também pode ser denotada por 22/7.
7
2. Numa fração a/b temos que o número a, que é o dividendo da fração, é chamado de
numerador e o número b, que é o divisor da fração, é chamado de denominador.
3. Uma fração é, normalmente, usada para representar o número de partes tomadas
de um objeto ou de um segmento (uma pizza ou uma régua, por exemplo) que
24
foi dividido em partes iguais. Numa fração temos que o denominador da fração
representa o número de partes iguais em que o segmento foi dividido e o numerador
da fração representa o número de partes deste segmento que foram destacadas.
Assim, a fração 3/4 nos diz que o nosso objeto ou segmento foi dividido em 4 partes
iguais e que dele foram destacadas 3 partes.
5. Todos os números inteiros são também números fracionários. Um número inteiro é,
na verdade, uma fração com denominador igual a 1. Ou seja, 3 = 3/1 e −4 = −4/1,
por exemplo.
Após relembrarmos estes conceitos e definições, podemos passar à nossa revisão das
operações aritméticas envolvendo frações e a forma como estas operações devem ser rea-
lizadas sem o auxı́lio de calculadoras.
As operações aritméticas envolvendo frações estão listadas e explicadas à seguir.
a) Simplificação
Às vezes, duas frações aparentemente diferentes representam o mesmo número. Por
exemplo, as frações 8/12 e 6/9 representam o mesmo número e são ditas equivalentes.
Assim, cabe a pergunta: quando duas frações são equivalentes?
Podemos dar a seguinte resposta à pergunta acima: duas frações são equivalentes
quando podem ser simplificadas em uma mesma fração reduzida.
A resposta acima pode ter gerado outras duas perguntas: i) como simplificar uma
fração? ii) o que é uma fração reduzida?
Vamos responder a estas perguntas aprendendo/relembrando a simplificação de
frações.
Para simplificarmos uma fração devemos verificar se numerador e denominador da
fração possuem divisores em comum, ou seja, devemos decompor o numerador e o deno-
minador da fração em seus fatores primos e simplificarmos os que forem comuns.
Há três maneiras simples e completamente equivalentes para se simplificar uma fração.
Vamos a elas no exemplo a seguir.
25
Exemplo: Simplifique a fração x = 8/12.
Resolução 1: Decompondo os números 8 e 12 em seus fatores primos podemos
reescrever esta fração como:
8 2·2·2
x= =
12 2·2·3
Simplificando os termos em comum nos numerador e denominador, ou seja, cortando
no numerador e denominador os termos que são comuns a ambos, ficamos com:
8 2
x= =
12 3
A fração 2/3 obtida nas três versões do exemplo acima é chamada de fração re-
duzida ou de fração irredutı́vel, pois ela não pode mais ser simplificada. Como
pode ser facilmente verificado, a fração 6/9 também tem como fração reduzida a
fração 2/3, por isto dizemos que ela é equivalente ou igual à fração 8/12 e também
à fração 2/3.
26
b) Adição
Para adicionarmos frações devemos seguir uma regra simples e prática que vamos
explicar fazendo os exemplos a seguir.
A regra usada para somar duas frações é a mesma usada para somar três ou mais
frações.
1 2 4
a) x = + +
3 5 6
Resolução: Somando estas frações:
1 2 4 10 + 12 + 20 42 42 : 6 7
x= + + = = = =
3 5 6 30 30 30 : 6 5
7 1
b) x = + + 3
4 5
Resolução: Somando estas frações, temos:
7 1 35 + 4 + 60 99
x= + +3= =
4 5 20 20
27
c) Subtração
d) Multiplicação
28
( )
1 5
c) x = · 7 · −
3 4
Resolução: Determinando a fração resultante:
( )
1 5 1 · 7 · (−5) −35 35
x= ·7· − = = =−
3 4 3·1·4 12 12
e) Divisão
A divisão entre duas frações também pode ser feita com uma regra bastante simples.
Para fazermos a divisão entre duas frações multiplicamos a primeira fração pelo in-
verso da segunda fração, ou seja, a fração resultante tem como numerador o produto do
numerador da primeira pelo denominador da segunda fração e o denominador da fração
resultante é o produto do denominador da primeira pelo numerador da segunda fração.
Vamos a alguns exemplos para ilustrar a divisão entre frações.
Entre os exercı́cios deste capı́tulo há alguns exercı́cios para ajudar o estudante a
refamiliarizar-se com as operações com frações. É essencial para um bom aprendizado
de todo o conteúdo deste livro que o estudante esteja bem treinado na rápida execução
deste tipo de operação sem fazer uso de calculadora.
29
1.4.3 Representação decimal das frações
Tomemos um número racional
{ do tipo }
p ∗
x= | p ∈ Z; q ∈ Z ; p ̸= m q | m ∈ IN
q
Podemos escrevê-lo na forma decimal efetuando a divisão do numerador pelo denomi-
nador. Nesta divisão podem ocorrer dois casos.
As dı́zimas periódicas, como pode ser observado nos exemplos acima, podem ser re-
presentadas na forma decimal escrevendo-se o número e colocando-se retiscências para se
indicar que os algarismos após a vı́rgula continuam indefinidamente ou com uma ‘barra’
sobre o perı́odo da dı́zima, indicando que é esta parte do número que está se repetindo.
A fração que é equivalente a uma dı́zima periódica é chamada de fração geratriz.
Para sabermos se uma fração irredutı́vel é equivalente a um decimal exato ou a uma
dı́zima periódica sem efetuar a divisão basta decompormos o denominador em fatores
primos. Ela será:
Exemplo: As frações 7/50, 3/4 e 11/160, são decimais exatos, pois seus denomi-
nadores (50 = 2 · 5 · 5; 4 = 2 · 2; 160 = 2 · 2 · 2 · 2 · 2 · 5) possuem apenas os fatores
primos 2 e 5.
30
2. Dı́zima periódica: se o denominador contiver outros fatores primos diferentes de
2 ou 5.
Exemplo: As frações 4/9, 13/42 e 25/48, são dı́zimas periódicas pois seus denomi-
nadores (9 = 3 · 3; 42 = 2 · 3 · 7; 48 = 2 · 2 · 2 · 3) possuem fatores primos diferentes
de 2 e 5.
a) Adição
Vamos começar relembrando a regra prática para se somar números decimais (sem o
uso de calculadoras).
Suponha que você queira somar os números 8,45 e 27,5. Como proceder?
No caso da adição, igualamos o número de casas decimais e armamos a operação de
soma colocando a vı́rgula de um número embaixo da vı́rgula do outro e fazemos a soma
dos números igual fazı́amos no ensino fundamental com números inteiros.
31
Desta forma temos que:
8, 45
+27, 50
35, 95
Assim, temos como resposta para esta soma o valor 35,95.
Este é o procedimento para se somar qualquer número de parcelas.
b) Subtração
A regra para realizar uma subtração entre números decimais é a mesma que para a
adição, com a diferença que, no caso da subtração, só podemos subtrair (manualmente)
um número de outro. Por isto, quando há várias parcelas devemos, primeiro, somar
as parcelas de mesmo sinal antes de fazermos a subtração entre as parcelas de sinais
diferentes. Vamos aos exemplos para ilustrar melhor o que estamos falando.
a) x = 32, 5 − 7, 753
Resolução: Igualando o número de casas decimais e armando a conta temos
que:
32, 500
− 7, 753
24, 747
b) x = 23, 54 − 47, 3
Resolução: Como o número negativo tem maior módulo, vamos igualar o
número de cassas decimais e subtrair o menor número do maior e manter o
sinal (negativo, no caso) do número de maior valor absoluto. Assim:
− 47, 30
+ 23, 54
− 23, 76
32
c) x = 23, 541 − 47, 3 + 12, 54 + 45 − 2, 755
Resolução: Neste caso somamos, separadamente, as parcelas positivas e as
negativas:
− 47, 300 + 23, 541
− 2, 755 + 12, 540
− 50, 055 + 45, 000
+ 81, 081
E, então, subtraimos a parcela negativa da positiva:
+ 81, 081
− 50, 055
+ 31, 026
c) Multiplicação
Resolução: O fator 5,86 tem duas casas decimais e o fator 1,2 tem uma casa
decimal, logo o produto terá três casas decimais. Fazendo a multiplicação como se
fossem números inteiros temos:
5, 8 6
× 1, 2
1172
586
7, 0 3 2
Onde o resultado já foi expresso com o número correto de casas decimais (três casas
decimais).
d) Divisão
33
Exemplo: Determine o valor de x = 15 ÷ 1, 2.
Resolução: Igualando o número de casas decimais temos que a nossa divisão pode
ser escrita como: x = 15, 0 ÷ 1, 2.
Retirando a vı́rgula de ambos, dividendo e divisor, temos que a nossa divisão é a
mesma que: x = 150 ÷ 12. É esta conta que devemos fazer.
Armando e fazendo a conta temos que:
150 | 12
30 12, 5
60
0
Ou seja, x = 15 ÷ 1, 2 = 12, 5.
34
2. x = 2, 35.
Resposta: Este número decimal pode ser escrito como:
235 47
x = 2, 35 = =
100 20
Exemplos:
1. Seja a dı́zima periódica 0, 3 = 0, 333 . . . , qual a sua fração geratriz?
Resolução: Façamos x = 0, 333 . . . .
Multipliquemos os dois lados da equação por 10, de forma que 10x = 3, 333 . . . .
Subtraindo, membro a membro a primeira igualdade da segunda:
3 1
10x − x = 3, 333 · · · − 0, 333 · · · ⇒ 9x = 3 ⇒ x = =
9 3
Assim, a fração geratriz de 0, 3 = 1/3.
35
1.5 Conjunto dos Números Irracionais, II
Assim como existem números decimais que podem ser escritos como frações de números
inteiros (números racionais), existem os decimais que não admitem tal representação.
Eles são números decimais não exatos que possuem representação infinita não
periódica.
Vejamos alguns exemplos:
x = 0, 12122122212222 . . . ; x = 1, 102030 . . .
√
x = 2 = 1, 4142136 . . . ; π = 3, 141592 . . . ; etc.
O número cuja representação decimal infinita não é periódica é chamado número
irracional.
Seu conjunto é representado por II.
O conjunto II é um conjunto à parte dos números racionais. Para os conjuntos Q
I e II
I ∩ II = ∅.
vale que; Q
O conjunto formado pelos números racionais e pelos números irracionais é chamado
conjunto dos números reais que estudaremos logo a seguir.
36
O diagrama de Venn do conjunto dos números reais pode ser representado por:
Para os números reais, assim como para os inteiros, racionais e irracionais, continuam
valendo os conceitos de números opostos e de módulo.
a>b a−b>0
a<b a−b<0
a≥b a−b≥0
a≤b a−b≤0
Lei da Tricotomia: Sejam a e b dois números reais quaisquer, somente uma das
seguintes expressões é verdadeira:
a < b; a=b ou a>b
37
Exemplos:
√
1. Disponha em ordem crescente os seguintes números reais 0, 7, 0, 71, 0, 7, 3/4, 2 /2
e 18/25.
Ou, equivalentemente:
√
2 18 3
0, 7 < < 0, 71 < < < 0, 7
2 25 4
a) x ≤ 2;
b) x ≥ 1;
c) −5 < x ≤ 2;
d) −3 ≤ x < 1.
Respostas:
Como vimos no exemplo acima, desigualdades podem ser representadas, na reta real,
por intervalos de números reais. Estes intervalos também podem ser expressos na forma
da notação de intervalo.
38
Considerando que os intervalos podem ser limitados ou não-limitados e sejam a e
b dois números reais quaisquer, temos como intervalos limitados:
Observações
2. Alguns autores usam para o intervalo aberto à esquerda usam “(” no lugar de “]” e
para o aberto a direita “)” no lugar de “[”. Exemplo:
5 < x < 8 ⇒ (5, 8)
Em nosso livro não usamos esta notação com parênteses para intervalo aberto por
achar mais conveniente a notação com colchetes e para não confundir a notação
de intervalo com a notação de par ordenado (e ponto) onde sempre é usado, por
todos os autores, os parênteses. No entanto, acreditamos que o estudante deve estar
ciente das duas notações para intervalo para quando se deparar com autores e/ou
professores que prefiram a notação diversa da usada em nosso livro.
39
Em resumo, há três formas de representar um intervalo de números reais:
1) Usando as desigualdades.
a≤x<b
Dentro do conjunto dos números reais podemos falar, além da adição, subtração,
multiplicação e divisão, de outras duas operações aritméticas básicas: a exponenciação
ou potenciação e a radiciação. Vamos estudá-las nas seções a seguir.
Exemplos
2. O produto (x + 1)(x + 1)(x + 1) pode ser escrito como (x + 1)3 , ou seja, (x + 1)(x +
1)(x + 1) = (x + 1)3
40
Então, seja a um número real, uma variável ou uma expressão algébrica, e n um
número inteiro positivo, temos que:
| · a ·{z· · · · a}
an = a
n f atores
1. um un = um+n
Exemplo: 52 · 53 = 52+3 = 55
um
2. un
= um−n
65
Exemplo: = 65−2 = 63
62
3. u0 = 1
Exemplo: 70 = 1
4. u−n = 1
un
1
Exemplo: x−4 =
x4
5. (uv)m = um v m
Exemplo: (3x)2 = 32 x2 = 9x2
6. (um )n = umn
Exemplo: (y 2 )4 = y 2·4 = y 8
( u ) m um
7. = m
v v( )
3
x x3
Exemplo: = 3
y y
Estas propriedades podem ser usadas, por exemplo, para simplificar expressões
algébricas que envolvam potências. Vejamos exemplos simples.
41
Exemplo: Simplifique as seguintes expressões algébricas.
a) z = 3x(x2 y 5 )(5y 3 x7 )
Resolução: Fazendo as contas temos:
z = 3x(x2 y 5 )(5y 3 x7 ) = (3 · 5)(x · x2 · x7 )(y 5 · y 3 ) = 15x10 y 8
4a4 b3
b) z =
5ab6
Resolução: Fazendo as contas temos:
4a4 b3 4a4 a−1 4a3
z= = =
5ab6 5b6 b−3 5b3
( )−3
2x2
c) z =
5
Resolução: Fazendo as contas temos:
( 2 )−3 ( )3
2x 5 53 125
z= = 2
= 3 2 3
= 6
5 2x 2 (x ) 8x
1.6.4 Radiciação
Para relembrarmos o que é a operação de radiciação e estudarmos suas propriedades,
vamos começar relembrando a definição de raiz n-ésima de um número real.
Sejam n um número inteiro maior que 1 e a e b números reais.
2. Se a tem uma raiz n-ésima, então a principal raiz n-ésima de a é aquela com
mesmo sinal de a.
√
A principal raiz n-ésima de a é denotada por n a. O número inteiro positivo n é
chamado ı́ndice do radical e a é chamado radicando.
Desta definição para raiz n-ésima, temos que:
1. Todo número real tem exatamente uma raiz n-ésima real quando n é ı́mpar.
√
Exemplo: 3 8 = 2
2. Quando n é par, os números reais positivos têm duas raı́zes n-ésimas reais.
√
Exemplo: 4 81 = ±3
42
3. Quando n é par, os números reais negativos NÃO têm raı́zes n-ésimas reais.
√
Exemplo: 4 −81 @
4. Quando n = 2 uma notação especial é usada para indicar a raiz: omitimos o ı́ndice
√ √
e escrevemos a no lugar de 2 a.
5. Se a é um número real positivo e n um inteiro par positivo, suas duas raı́zes n-ésimas
√ √
são denotadas por n a e - n a.
A radiciação tem algumas propriedades que são bastante úteis. Vamos enunciá-las e
ver alguns exemplos de seu uso.
Sejam u e v números reais, variáveis ou expressões algébricas e m e n números inteiros
positivos e maiores que 1, onde estamos supondo que todas as raı́zes são números reais
e que todos os denominadores são diferentes de zero, valem as seguintes propriedades da
radiciação,:
√ √ √
1. uv = n u · n v
n
√ √ √ √ √
Exemplo: 605 = 121 · 5 = 121 · 5 = 11 5
√ √
u n
u
2. n
= √
v n
v √ √
3
243 3 243
√
Exemplo: √3
=
3
= 27 = 3
9 9
√ √ √
3. m n u = m·n u √
3 √ √
3·2
√
6
Exemplo: 50 = 50 = 50
(√n
)n
4. u =u
(√ )2
Exemplo: 3 =3
√
n
(√ )m
5. um =n
u
√ ( √ )2
3
125 = 52 = 25
3
Exemplo: 1252 =
{
√
n |u|, para n par
6. un =
u, para n ı́mpar
√
i) (−5)2 = | − 5| = 5
Exemplo: √
ii) 3 (−5)3 = −5
As propriedades da radiciação citadas acima podem ser utilizadas para, por exemplo,
simplificar expressões que contenham raı́zes de números reais ou para racionalizar frações
que contenham radicais no denominador.
43
Exemplos
44
1.6.5 Potenciação com expoente racional
Nas últimas subseções, definimos e trabalhamos com exponenciais (números ou ex-
pressões) com expoentes inteiros. No entanto, os expoentes de uma potência podem ser
quaisquer números racionais (fracionários) e, por isto, precisamos também aprender a
trabalhar com potências de expoentes racionais.
Para tanto, vamos definir a potência com expoente racional.
Ou seja, toda potência com expoente racional na forma de uma fração re-
duzida corresponde a uma raiz e vice-versa.
Exemplos
a) z = x7/3
√
3
Resposta: z = x7/3 = x7
b) z = x1/3 y 4/3
√
Resposta: z = x1/3 y 4/3 = x1/3 (y 4 )1/3 = (xy 4 )1/3 = 3 xy 4
c) z = x−2/3
1 1
Resposta: z = x−2/3 = = √
x2/3 3
x2
2. Converta as seguintes potência para seus respectivos radicais.
√3
a) z = 2x2
√3
Resposta: z = 2x2 = (2x2 )1/3 = 21/3 x2/3
1
b) z = √5
x6
1 1
Resposta: z = √ 5
= 6/5 = x−6/5
x6 x
45
Vale ressaltar que, no caso de expressões numéricas ou algébricas envolvendo radiciação
e potenciação e as outras operações aritméticas, resolvemos as operações na seguinte
ordem:
46
1.7 Propriedades básicas da Álgebra
O uso e traquejo das propriedades básicas da álgebra é extremamente importante.
Por este motivo, dedicamos esta breve seção para reapresentar este tópico de matemática
elementar e, desta forma, sanar as possı́veis dúvidas dos alunos. Em todo o livro, estas
propriedades serão comumente utilizadas na resolução dos mais variados problemas e
exemplos e, como podemos perceber, elas são simples e já estão em nossa mente e cotidiano
ao trabalharmos com números e expressões matemáticas. Vamos a elas.
Sejam u, v e w números reais, variáveis ou expressões algébricas. Valem as seguintes
propriedades:
1. Propriedade comutativa
Adição: u + v = v + u
Multiplicação: uv = vu
2. Propriedade associativa
Adição: (u + v) + w = u + (v + w)
Multiplicação: (uv)w = u(vw)
5. Propriedade distributiva
Multiplicação com relação a adição:
47
1.8 Exercı́cios
1. Classifique em verdadeira (V) ou falsa (F) cada uma das senteças a seguir:
a) ( ) {1} ∈ {1}
b) ( ) {1} ⊆ {1}
c) ( ) 1 ∈ {1}
d) ( ) ∅ ∈ {1}
e) ( ) ∅ ⊆ {1}
a) ( ) A ⊂ B
b) ( ) {1} ⊂ A
c) ( ) A ⊂ C
d) ( ) B ⊃ C
e) ( ) B ⊂ C
f) ( ) {0, 2} ∈ B
3. Se A ⊂ B ⊂ C e x ∈
/ B, então, necessariamente:
a) ( ) x ∈
/C
b) ( ) x ∈ A
c) ( ) x ∈ C
d) ( ) x ∈
/A
e) ( ) x ∈ A ou x ∈ C
a) A ∪ B
b) A ∩ B
c) A ∩ C
d) A ∪ C
48
e) B ∪ C
f) A ∩ B ∩ C
g) A ∪ B ∪ C
h) A ∩ (B ∪ C)
i) (A ∩ B) ∩ (B ∪ C)
8. Sabendo-se que {a, b, c, d}∪X = {a, b, c, d, e}, {c, d}∪X = {a, c, d, e} e {b, c, d}∩X =
{c}, determine o conjunto X?
a) ♯(A ∩ B) ≤ 1
b) ♯(A ∪ C) ≤ 5
c) ♯((A ∩ B) ∩ C) ≤ 2
d) ♯((A ∪ C) ∩ C) ≤ 2
e) ♯(A ∩ ∅) ≥ 2
a) x = 2 + 3 · 5 · 2 + 1
b) x = 3 · 2(3 + 1) + 7
c) x = (1 + 2) + (3 + 4) · (5 + 6) + 7
49
d) x = 3{9 + [1 + 4 · (2 + 2) · 5] + 1}
e) x = 2 − 3 · 5 · 2 + 1
f) x = 3 · 2(3 + 1) − 7 · 4 + 2
g) x = (1 + 2) + (3 − 4) · (5 + 6) − 7
h) x = 3{9 + [1 + 4 · (2 − 2) · 5] + 11}
i) x = 80 − 6 · 7 + 5
j) x = 80 − (6 · 7 + 5)
k) x = (80 − 6) · (7 + 5)
12. O que podemos afirmar sobre dois números não nulos que possuem o mesmo módulo?
a) x = |4 − 7|
b) x = | − 4| + | − 6|
c) x = 13 + | − 5| − | − 3 − 6|
d) x = 2 − | − 4| + |3|
14. Carlos recebe R$ 700,00 de salário. Neste mês ele vai pagar R$ 50,00 de telefone,
R$ 40,00 de água, R$ 60,00 de luz, R$ 300,00 no cartão de crédito e R$ 190,00 de
combustı́vel. Após pagar todas as contas, Carlos terá algum dinheiro para ir ao
cinema com sua namorada?
15. Escreva cada uma das frações a seguir em sua forma decimal.
5
a) x =
4
5
b) x =
12
3
c) x =
8
9
d) x =
5
7
e) x =
4
7
f) x =
2
1
g) x =
5
50
16. Calcule o valor de x nas expressões a seguir:
1 5 2
a) x = − +
6 4 3
( ) ( )
1 1 4 2 1
b) x= − + − −
2 3 7 7 21
( ) ( )
1 1 7 5
c) x=1+ − − −
2 5 4 4
( )
5 1/2 1 2
d) x=3+ · − +
2 7/4 9 11
( ) ( )
2/3 3 10 5 1
e) x= + · − : +2
2/5 7 4 6 3
[ ( ) ( )]
1 8 1 3 7 2
f) x= − + − :
2 5 3 5 4 3
17. Determine a fração irredutı́vel que é a geratriz de cada uma das dı́zimas periódicas:
a) x = 0, 666 . . .
b) x = 2, 05252 . . .
c) x = 3, 444 . . .
d) x = 1, 326363 . . .
e) x = 0, 05431431 . . .
f) x = 2, 13131313 . . . ;
g) x = 1, 32525 . . . .
2
a) x =
0, 666 . . .
1
+ 13
b) x = 0, 222 · · · + 5
3
5
− 15
1
√ 16
c) x = 0, 444 · · · +
0, 888 · · ·
0, 35
d) x =
2, 27
5
0, 2
e) x = 1 − 2
3
0, 25
f) x = 1, 32 + 0, 435
51
g) x = −2, 47 + 15 − 1, 8
h) x = 9, 45 : 1, 2 + 4 · 0, 45
i) x = 34, 1 − 21 · 2, 3 + 1, 2 : 0, 35
j) x = 1, 25 · 3, 2 · 4, 8 − 1, 2 : 0, 05
19. Seja a/b a fração geratriz da dı́zima 1, 3636 . . . . Qual é a dı́zima periódica equiva-
lente à fração b/a.
20. Um auditório está sendo ladrilhado com cerâmica. O pedreiro começou a trabalhar
1 3
ontem e conseguiu ladrilhar do auditório. Hoje ele ladrilhou mais . Nesses dois
7 8
dias já foram assentados 870 ladrilhos. Quantos ladrilhos, ao todo, serão colocados
no auditório?
22. Sejam a, b e c números reais quaisquer, classifique cada uma das afirmações abaixo
como verdadeira (V) ou falsa (F). No caso de uma afirmação falsa, justifique sua
resposta.
a) a > b ⇔ a2 > b2
b) a > b ⇔ ac > bc
√
c) a2 + b2 ≥ a
d) a2 = b2 ⇔ a = b
e) a3 = b3 ⇒ a = b
f) a4 = 16b4 ⇒ a = 2b ou a = −2b
g) a2 + b2 = 0 ⇒ a = b = 0
h) a3 + b3 = 0 ⇒ a = b = 0
a) −4 < x ≤ 7;
b) ] − ∞, −3];
c) ] − ∞, +∞[;
52
d) [4, 8];
e) x > 3;
f) x ≤ 4.
a) [3, 9]
b) [−3, 7[
c) ] − 1, 3[
d) ]0, +∞[
e) ] − 2, 5[
f) ] − ∞, +∞[
g) ]2, 9]
h) [3, 6[
a) A ∩ B
b) A ∩ C
c) B ∩ C
d) A ∩ B ∩ C
e) A ∪ C
f) A ∪ B ∪ C
g) B ∪ C
26. Considere os números reais x e y que obedecem à desigualdade 0 < x < y < 1 e
faça o que se pede:
53
√
4
c) z = 192
√
d) z = 3 −27x3 y 7
√
e) z = 363x4 y 5
a) f = x1/2 y 3/2
b) f = y −1/3
c) f = x4/5 y 3/5 z −1/5
( )−1/2
x
d) f =
y
a) x = −72
b) x = −53
c) x = (−2)5
54
( )3 1
3
b) x= − 382
2 4
( )2
1
c) x = −|3|3 + − | − 4|2
3
( )3
|(−5)3 | 5
d) x= : −
3 8
( )1/2 ( )3/2
1 1
e) x= · + 6−1/2
3 2
√3
64 (1/2)3
f) x= − 5
1/3 3
4 3
g) x = (22 )3 · 22 : (23 )2
10−5 · 10−4
a) z =
102 · 10−5
5 7
33 · 32
b) z = 1
36
4 3
xy
c) z = 2 5
xy
(3x2 )3 y 4
d) z =
3y 2
( )−3
3
e) z =
xy
(x−4 y 3 )−2
f) z =
(y 5 y −4 )−3
( 3 )( 2 )
4a b 3b
g) z = 2 3
ab 2a2 b4
∗ ∗ ∗
55
Capı́tulo 2
Este livro, como já foi dito antes, tem por objetivo principal apresentar um estudo
introdutório sobre funções reais de variáveis reais, sem fazer uso das noções e conceitos
relacionados a limite e derivada. Ou seja, queremos estudar funções com as ferramentas do
Ensino Médio para que o estudante possa, após o estudo dos capı́tulos deste livro, iniciar
um curso de Cálculo Diferencial e Integral sem as dificuldades que, hoje em dia, boa
parte dos estudantes universitários que iniciam um curso na área de Ciências e Tecnologia
encontram.
Começamos o livro com a revisão de conjuntos numéricos e operações aritméticas do
capı́tulo 1 e agora, no capı́tulo 2, apresentamos as as noções gerais de funções (definição,
domı́nio, contra-domı́nio, imagem e algumas noções preliminares) para nos capı́tulos
seguintes estudar tipos especı́ficos e muito importantes de funções (funções poliomiais de
primeiro e sengundo graus, modular, exponencial, logarı́tmica, composta e trigonométrica)
cujo conhecimento será extremamente importante e até imprescindı́vel ao se estudar lim-
ites, derivadas e integrais em um curso ou texto de Cálculo Diferencial e Integral.
Ou seja, neste segundo capı́tulo do livro vamos estudar e revisar alguns importantes
conceitos relacionados a funções e aprender a fazer algumas simples análises dos gráficos
de funções.
56
2.1 Função: Definição e notações
Para começarmos a entender o conceito de função, comecemos imaginando duas
grandezas que apresentam alguma relação entre si. Por exemplo: instante de tempo e
posição de um carro.
Há uma relação direta entre os elementos dos conjuntos instante de tempo e posição
do carro. Este tipo de relação chamamos de função.
Sejam A e B conjuntos. Uma função de A em B é uma “regra” que associa a cada
elemento x ∈ A um único elemento y ∈ B.
Para indicar uma função f de A em B escrevemos:
f: A → B
Im(f ) = {f (x)| x ∈ A} ou
57
Exemplo 1: Consideremos a função de A em B: representada no diagrama da
figura abaixo:
Note que a “regra” que associa a cada elemento do domı́nio um único elemento do
contra-domı́nio é dada pelas setas. Note, também, que a imagem de f não é igual ao seu
contra-domı́nio e que há elementos de B que não estão associados a nenhum elemento de
A.
A função do exemplo 1 pode ser especificada de outros modos. Por exemplo:
i) f :{1, 2, 3, 4, 5} → {1, 2, 4, a, c, d}
1 7→ 1
2 7→ a
3 7→ d
4 7→ d
5 7→ 4
58
ii) f :{1, 2, 3, 4, 5} → {1, 2, 4, a, c, d}
x f (x)
1 1
2 a
3 d
4 d
5 4
f : IN → IN
f (x) = 2x
Temos:
⋄ domı́nio: D(f ) = IN
⋄ contra–domı́nio: IN
f : IN∗ → Q
I
1
f (x) =
x
Temos:
59
Exemplo 4: Dada a função:
f : IN∗ → IR
1
f (x) =
x
Temos:
As funções dos exemplos 3 e 4 são iguais? Não! Pois têm contra-domı́nios diferentes.
Duas funções f e g são ditas iguais e escreve-se f = g ou f ≡ g se, e apenas se, as
funções f e g satisfizerem as 3 condições abaixo:
1. Domf = Domg
2. contra–domı́nio de f = contra-domı́nio de g
f : Z∗ → IR
1
f (k) =
k
Temos:
⋄ domı́nio: Domf = Z∗
⋄ contra–domı́nio: IR
{ }
⋄ imagem: 1, 12 , − 12 , 13 , − 13 , . . .
60
Exemplo 6: Diga quais são, o domı́nio, o contra-domı́nio e a imagem da função f
dada por:
f : IN → IR
f (n) = (−1)n
Temos:
⋄ Domı́nio: Domf = IN
⋄ Contra-domı́nio: IR
f : IN → IR
1 se n é par,
f (n) =
−1 se n é impar.
Temos:
⋄ Domı́nio: Domf = IN
⋄ Contra–domı́nio: IR
⋄ imagem: Imf = {−1, 1}
Lembrando que
1 se n é par,
n
(−1) =
−1 se n é impar.
61
Exemplo 8: Diga quais são, o domı́nio, o contra-domı́nio e a imagem da função f
dada por:
f : IN → Z
x
2
, se x é par
f (x) =
− x+1
2
, se x impar
Temos: Domf = IN e contra–domı́nio = Z. Para encontramos a imagem de f ,
vamos entender o “funcionamento” de f calculando alguns valores dessa função:
f : IR → IR
f (x) = 3
Temos:
⋄ Domf = IR
⋄ contra–domı́nio = IR
⋄ Imf = {3}
62
2.2 Domı́nio e contra-domı́nio
Vamos trabalhar, basicamente, com funções de variável real. Ou seja, funções cujos
domı́nios são subconjuntos dos reais e que assumem valores reais (as imagens também são
subconjuntos dos reais).
Nestes casos, é comum fornecer apenas a “fórmula” ou “regra” que define a função,
ficando convencionado que:
a) o domı́nio é o mais amplo subconjunto dos reais para o qual a “fórmula” ou “regra”
dada não tem restrições;
Exemplos:
1
f (x) =
x
Quais são o domı́nio e o contra-domı́nio de f (x)?
Resposta: Temos:
• contra–domı́nio: IR
• Domf = {x ∈ IR x ̸= 0} = IR∗
Domf = {x ∈ IR 3x − 2 ̸= 0}
Resposta: Como não há divisão por zero, a função f (x) está definida para todos
os números reais, x ∈ IR, exceto para os valores de x que satisfazem a equação:
2
3x − 2 = 0 =⇒ 3x = 2 =⇒ x =
3
Assim, temos que:
63
Para determinarmos o domı́nio de uma função real verificamos, sempre, os valores de
x que tornam a função indeterminada. O domı́nio da função é o conjunto dos reais menos
estes valores. Ou seja, é o subconjunto dos reais que contém os números reais com exceção
dos valores que tornam a função indeterminada.
2.3 Imagem
Já foi dito que a imagem de uma função é o conjunto de valores de y que satisfazem a
expressão y = f (x) para os valores de x do domı́nio da função.
Vamos aprender a determinar o conjunto imagem de cada tipo de função estudada em
nosso livro e de combinações delas.
Por hora, vale dizer que podemos determinar não o conjunto imagem de uma função
mas a imagem da função y = f (x) para um dado valor de x. Por exemplo, y0 = f (x0 )
é a imagem da função para x = x0 . Esta imagem da função no ponto x = x0 também é
chamada de valor numérico da função em x = x0 .
1
Exemplo: Determine a imagem da função f (x) = + x em:
x2 −4
a) x0 = 0
Resolução: A imagem da função em x = x0 é y0 = f (x0 ), assim temos que:
1 1 1
f (x) = 2 + x =⇒ y0 = f (0) = 2 +0=−
x −4 0 −4 4
b) x0 = 1
Resolução: Neste caso, temos que a imagem da função para x0 = 1 vale:
1 1 1 2
f (x) = 2 + x =⇒ y0 = f (1) = 2 +1=− +1=
x −4 1 −4 3 3
c) x0 = 2
Resolução: Neste caso, temos que:
1 1 1
f (x) = 2 + x =⇒ y0 = f (2) = 2 + 2 = + 1 =⇒ y0 ̸ ∃
x −4 2 −4 0
1
A função f (x) = + x não tem imagem para x0 = 2, pois o ponto x0 = 2 não
x2 − 4
pertence ao domı́nio de f (x).
64
2.4 Plano Cartesiano
Antes de continuarmos nosso estudo a cerca da teoria geral de funções devemos lembrar
que as funções que estudamos costumam modelar problemas e situações do cotidiano e,
no geral, é mais fácil estudar uma função através de sua representação gráfica.
Assim, em nosso livro, vamos aprender a construir e representar o gráfico de algumas
funções simples. Para isto precisamos, antes, definir e entender o plano cartesiano e
aprender a localizar pontos neste plano. Mas, para isto, precisamos, em primeiro lugar,
definir o que é par ordenado e como um par ordenado pode ser utilizado para representar
um ponto no plano cartesiano.
Note que os pares ordenados (1, 3) e (3, 1) diferem entre si pela ordem de seus
elementos.
65
Para definirmos um sistema de coordenadas cartesianas:
1. Fixamos um ponto no plano que será chamado de origem e será denotado por O.
3. Para cada um dos eixos fixamos um sentido que será considerado positivo. Em geral,
da esquerda para a direita para o eixo x e de baixo para cima, para o eixo y.
4. Para cada um dos eixos definimos uma escala, associando assim cada ponto do eixo
a um número real. Associamos a origem O ao número zero. A partir da origem, no
sentido positivo do eixo, associamos, de forma crescente, os números reais positivos.
E a partir da origem no sentido negativo (sentido oposto ao positivo) associamos,
de forma decrescente, os números reais negativos.
66
Fixado um ponto A do plano, chamaremos:
67
A coordenada yA (componente do ponto A em relação ao eixo y) é o número associado
ao ponto Ay . Ela é chamada de ordenada do ponto A. E o eixo y é chamado de eixo
da ordenadas.
Assim, cada ponto A do plano será associado a um par de números reais xA e yA .
Analogamente, para localizar pontos no plano a partir de suas coordenadas, como por
exemplo o par ordenado P = (xP , yP ), vamos:
68
⋄ traçar, a seguir, a reta x′ paralela ao eixo x que corta o eixo y em y = yP
69
Exemplos:
a) A = (0, 3);
b) B = (−2, −4);
c) C = (0, 2);
d) D = (3, −5);
e) E = (1, 6);
f) F = (−4, 0);
g) G = (−1, 1);
h) O = (0, 0);
( )
i) H = 0, − 13 .
70
2. Considere os pontos marcados no sistema de coordenadas da figura a seguir e diga
quais são as coordenadas de cada ponto.
Resposta: Traçando, para cada ponto, as retas paralelas aos eixos x e y que passam
nos pontos, obtemos o plano cartesiano da figura a seguir.
71
Uma noção bastante importante e necessária ao se trabalhar com o plano cartesiano é a
noção de quadrantes. Quando fixamos um sistema de coordenadas no plano IR2 dividimos
o plano em quatro quadrantes.
72
2.5 Gráficos de funções
As funções podem ser representadas e mais facilmente estudadas em termos de gráficos
cartesianos.
Para a construção de um gráfico (ou esboço de gráfico) de uma função precisamos
obter e estudar os limites e as derivadas da função em todo o domı́nio da função. No
entanto, só aprenderemos a estudar e utilizar adequadamente as derivadas de uma função
em um curso de Cálculo Diferencial e Integral, ou melhor dizendo, em um texto mais
avançado.
No Ensino Médio aprende-se a construir o ggráfico de uma função de forma alterna-
tiva. Nesta estratégia alternativa, para construirmos o gráfico de uma função precisamos
conhecer sua lei de correspondência (y = f (x)) e seu domı́nio.
Os passos para se construir uma função a partir destas duas informações são: costruir
uma tabela com valores de x (aleatoriamente escolhidos) e valores correspondentes de y
(calculados a partir da lei y = f (x)); representar cada par ordenado (a, b) como um ponto
do plano cartesiano; ligar os pontos marcados por meio de uma curva que é o gráfico da
função.
Esta estratégia, no geral, não é eficaz. POr isto, não vamos usá-la para a construção
dos gráficos das funções estudadas em nosso livro.
Para construirmos os gráficos das funções estudadas em nosso livro vamos analisar o
comportamento da função e determinar alguns pontos especı́ficos que pertecem ao gráfico
da função. Essa estratégia será detalhada e especificada para cada tipo de função estudada
e nos permitirá construir gráficos das funções elementares e também de combinações dessas
funções, como veremos em cada um dos capı́tulos a seguir.
Por enquanto, vamos aprender como determinar se uma curva num plano cartesiano re-
presenta uma função y = f (x) e, na seção seguinte, aprender a obter diversas informações
a respeito de uma função apenas analisando o seu gráfico no plano cartesiano.
73
Esta é uma implicação direta da definição de função, onde temos que a função ‘leva’
um valor de x em um único valor de f (x).
Analiticamente, podemos dizer que toda vez que for possı́vel escrever y = f (x) com
um único valor de y, ou seja, isolar univocamente o y na expressão matemática, o gráfico
cartesiano de y como função de x corresponderá a uma função.
Exemplos
74
2. Determine se as expressões abaixo representam funções:
a) y + x = 9
Resolução: Isolando o y na expressão matemática:
y =9−x
Onde temos que a expressão final está escrita como y = f (x) e para cada valor
de x temos um único valor de y, portanto a expressão y = 9 − x representa
uma função.
b) y 2 + x2 = 9
Resolução: Isolando o y na expressão matemática:
√
y 2 = 9 − x2 =⇒ y = ± 9 − x2
75
2.6 Análise visual de gráficos de funções
A partir da representação de uma função no plano cartesiano, podemos determinar
muitas informações a respeito do comportamento da função.
Vamos estudar algumas destas informações e, principalmente, aprender algumas
definições que nos serão muito importantes no estudo de gráficos. Depois poderemos
passar para nosso estudo sobre alguns dos principais tipos de funções.
Vale ressaltar que os conceitos e noções que serão apresentados nesta seção serão, no
geral, apresentados apenas graficamente e que seu estudo analı́tico e matematicamenete
rigoroso será feito em um curso/texto de cálculo diferencial e integral com o uso das noções
e ferramentas de limites e derivadas.
76
Exemplos
1. Função contı́nua.
Uma função contı́nua tem seu gráfico traçado com uma única linha sem saltos ou
outras descontinuidades.
77
3. Função com descontinuidade de salto (pulo).
Neste caso, no ponto onde a função é descontı́nua há um salto nos valores da função.
Como o caso apresentado na figura a seguir.
78
2.6.2 Funções crescentes, decrescentes e constantes
Outra propriedade de uma função que se pode perceber facilmente a partir de seu
gráfico está relacionada ao fato da função ser crescente, decrescente ou constante em um
intervalo.
Para estas propriedades vamos observá-las graficamente e, a seguir, defini-las analiti-
camente. Vamos a alguns exemplos.
Exemplos
79
3. Função constante. A função do gráfico permanece constante em todo intervalo
] − ∞, ∞[.
80
Analiticamente temos que uma função f é:
Exemplos
81
2. Função limitada superiormente: Uma função f é limitada superiormente se
existe algum número b que seja maior ou igual a todo número da imagem de f .
3. Função limitada: Uma função f é limitada se existe algum número a que seja
menor ou igual a todo número da imagem de f e, também, se existe número b que
seja maior ou igual a todo número da imagem de f .
82
4. Função não limitada: Há também os casos de funções que não são limitadas
inferiormente e nem superiormente, como a função mostrada na figura a seguir.
Muitos gráficos são caracterizados pelos “picos e vales” que apresentam quando mudam
o comportamento de crescimento para decrescimento e vice-versa.
Os valores extremos de uma função podem ser caracterizados como extremos locais
ou extremos absolutos.
A análise algébrica dos extremos de uma função será feita usando as ferramentas
matemáticas do Cálculo Diferencial e Integral pelo estudo das derivadas primeira e se-
gunda da função. Por hora, vamos aprender a identificá-los graficamente.
A distinção entre os tipos de extremos de uma função pode ser observada nos gráficos
dos exemplos a seguir.
83
Exemplos:
84
2.6.4 Simetria: função par e função ı́mpar
A simetria de uma função pode ser caracterizada gráfica, numérica e algebricamente.
Vamos estudar a simetria das funções das três maneiras. E, mais ainda, vamos estudar
três tipos de simetria, embora apenas dois tipos estejam relacionados a funções.
x f (x)
−3 8
−2 3
−1 0
0 −1
1 0
2 3
3 8
85
Algebricamente, vemos que para todos os valores de x do domı́nio de f , temos:
f (−a) = f (a)
Funções com esta propriedade são chamadas de funções pares.
y x
−3 9
−2 4
−1 1
0 0
1 1
2 4
3 9
Gráficos deste tipo NÃO são gráficos de funções y = f (x)!!! Pois, para um certo valor
da variável independente x temos dois valores possı́veis para a variável dependente y.
86
c) Simetria em relação à origem
O gráfico parece o mesmo quando olhamos tanto seu lado esquerdo para baixo quanto
seu lado direito para cima.
Numericamente temos que:
x f (x)
−3 −27
−2 −8
−1 −11
0 0
1 1
2 8
3 27
87
Algebricamente temos que para todos os valores de x do domı́nio de f :
f (−a) = −f (a)
Funções com esta propriedade são chamadas de funções ı́mpares.
Resumindo
Para se determinar se uma função é par devemos:
Funções sem simetria definida podem ser separadas em uma parte par e outra parte
ı́mpar, tarefa que nem sempre é trivial e que deixamos para um texto mais avançado.
Vamos ao exemplo a seguir para ilustrarmos como determinar algebricamente quando
uma função é par ou ı́mpar ou não tem simetria definida.
88
Exemplo: Para cada função dada a seguir, determine algebricamente se ela é par,
ı́mpar ou se não tem simetria definida.
√
a) f (x) = x2 − 3
Resolução: Para verificarmos se a função é par ou ı́mpar devemos determinar a
forma de f (a) e de f (−a) e comparar os seus valores.
Determinando quanto vale f (a):
√ √
f (x) = x2 − 3 =⇒ f (a) = a2 − 3
Comparando as duas expressões acima temos que f (a) = f (−a), portanto a função
√
f (x) = x2 − 3 é par.
1
b) f (x) = 3
x
Resolução: Determinando quanto vale f (a), temos:
1 1
f (x) = 3 =⇒ f (a) = 3
x a
Já f (−a) vale:
1 1 1
f (x) = =⇒ f (−a) = = − = −f (a)
x3 (−a)3 a3
1
Como f (−a) = −f (a), temos que a função f (x) = é ı́mpar.
x3
1
c) f (x) = 3x2 −
x
Resolução: Calculando f (a), temos:
1 1
f (x) = 3x2 − =⇒ f (a) = 3a2 −
x a
Já f (−a) vale:
1 1 1
f (x) = 3x2 − =⇒ f (−a) = 3(−a)2 − = 3a2 +
x (−a) a
Comparando as expressões para f (a) e f (−a) temos que f (a) ̸= f (−a) e f (a) ̸=
1
−f (−a), portanto a função f (x) = 3x2 − não tem simetria definida.
x
Ao término deste capı́tulo onde apresentamos as principais noções da teoria geral de
funções, recomendamos aos estudantes entender e refazer todos os exemplos que fizemos
e, logo em seguida, fazer todos os exercı́cios a seguir.
89
2.7 Exercı́cios
1. Explique, com suas palavras, qual a diferença entre domı́nio, contra-domı́nio e im-
agem de uma função.
a) f (x) = x2 + 4
5
b) f (x) =
x−4
3x − 1
c) f (x) =
(x + 3)(x − 1)
1 2
d) f (x) = +
x x−1
x
e) f (x) = 2
x − 5x
√
f) f (x) = 9 − x2
√
x2 − 8
g) f (x) =
x−2
√
x2 − 8
h) f (x) = 2
(x + 1)(x + 1)
√
i) f (x) = x4 − 16x2
√
j) f (x) = 5 −x + 7
1+x
k) f (x) = √3
9 − x2
√
√
l) f (x) = 2 − x
90
√
c) f (x) = 1 + 2x2 − 4
√ 1
d) f (x) = (x − 1)(x − 5) −
x
5. Assinale no plano cartesiano os pontos A = (2, −3), B = (0, −4), C = (−4,
( −5),
)
1 5
D = (−1, 0), E = (0, 5), F = (5, 4), G = (3, 0), H = (−3, 2), I = , ,
2 2
J = (1, 5), K = (5, 1).
91
11. Diga, para cada uma das curvas a seguir, se elas representam funções y = f (x).
a)
b)
c)
92
d)
a) y = 2
3
b) y = − + 7
x
c) x = 7
d) x2 + y 2 = 3
e) y = 4xy + 3
f) 2y 3 − 3x2 + 4x = 0
13. Para cada gráfico de função mostrado a seguir, diga se a função é continua ou
descontı́nua e no caso de função descontı́nua diga o tipo de descontinuidade e o
ponto em que ela ocorre.
a)
93
b)
c)
a)
94
b)
c)
d)
95
e)
a) f (x) = 2x4 − 8
b) f (x) = −5x3
c) f (x) = 2x3 − 3x
3
d) f (x) =
1 + x2
1
e) f (x) =
x
f) f (x) = 7x3 − 5x2
x2
g) f (x) =
1 − x2
3 + x3
h) f (x) =
4 − x2
∗ ∗ ∗
96