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Matemática Básica

Parte 1

Francisco Edson da Silva

Simone Batista
Conteúdo

1 Revisão Elementar: Conjuntos Numéricos e Operações Aritméticas 2


1.1 Introdução aos Conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.1.1 Noções iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.1.2 Representação dos conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.1.3 Relação de pertinência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1.4 Subconjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1.5 Conjunto Universo - Ω . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.1.6 Diagrama de Venn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.1.7 Operações com conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.1.8 Número de elementos do conjunto união . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.2 Conjunto dos Números Naturais, IN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2.2 Operações com números naturais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.3 Conjunto dos Números Inteiros, Z . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.3.2 Operações com números inteiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.3.3 Números opostos ou simétricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.3.4 Módulo de um número inteiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.4 Conjunto dos Números Racionais, Q I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.4.2 Operações com frações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.4.3 Representação decimal das frações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.4.4 Operações com números decimais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
1.4.5 Representação fracionária dos números decimais . . . . . . . . . . . 34
1.5 Conjunto dos Números Irracionais, II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
1.6 Conjunto dos Números Reais, IR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
1.6.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
1.6.2 A ordem na reta e a notação de intervalo . . . . . . . . . . . . . . . 37
1.6.3 Potenciação com expoente inteiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

ii
1.6.4 Radiciação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
1.6.5 Potenciação com expoente racional . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
1.7 Propriedades básicas da Álgebra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
1.8 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

2 Noções Iniciais de Funções 56


2.1 Função: Definição e notações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
2.2 Domı́nio e contra-domı́nio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
2.3 Imagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
2.4 Plano Cartesiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
2.5 Gráficos de funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
2.6 Análise visual de gráficos de funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
2.6.1 Continuidade de uma função . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
2.6.2 Funções crescentes, decrescentes e constantes . . . . . . . . . . . . . 79
2.6.3 Funções limitadas e extremos local e absoluto de funções . . . . . . 81
2.6.4 Simetria: função par e função ı́mpar . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
2.7 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90

1
Capı́tulo 1

Revisão Elementar: Conjuntos


Numéricos e Operações Aritméticas

Este livro tem por principal objetivo apresentar ao estudante um estudo prévio das
principais e mais simples funções utilizadas nas áreas de Matemática e Fı́sica, a saber
funções polinomiais de primeiro e segundo graus, função modular, função exponencial,
função logarı́tmica e funções trigonométricas, sem fazer uso dos conceitos e ferramentas
do cálculo diferencial e integral, mas aprendendo a operar com estas funções e construindo
seus gráficos e os gráficos de combinações das mesmas.
Antes de começarmos o nosso estudo de funções, no entanto, faz-se necessária uma
breve revisão de alguns conceitos de matemática elementar que são aprendidos no ensino
fundamental e médio e que, em muitos casos, os alunos já esqueceram ao chegar ao ensino
universitário ou não viram de forma adequada em seu ensino fundamental e médio.
Para trabalhar adequadamente com as funçõesem geral precisamos conhecer os prin-
cipais conjuntos numéricos e aprender a trabalhar e operar matematicamente com os
elementos deste conjuntos. Assim, neste primeiro capı́tulo de nosso livro iremos revisar
as operações aritméticas fundamentais no contexto dos conjuntos numéricos. Para tanto,
vamos estudar/revisar algumas noções e conceitos básicos sobre teoria geral dos conjuntos
e estudar os principais conjuntos numéricos (desde o conjunto dos números naturais até o
conjunto dos números reais) e as operações aritméticas que estão definidas dentro desses
conjuntos, que são a adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação e radiciação.

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1.1 Introdução aos Conjuntos
1.1.1 Noções iniciais
Os conjuntos numéricos são conjuntos cujos elementos são números que guardam, entre
si, uma caracterı́stica comum e, por isto, possuem elementos perfeitamente caracterizados.
Ao estudarmos e trabalharmos em Matemática, Fı́sica e Engenharia, estamos fazendo
operações definidas dentro de um conjunto numérico. Por exemplo, ao fazermos uma
operação entre dois elementos de um conjunto numérico e obtendo como resultado um
outro elemento desse mesmo conjunto numérico, dizemos que a operação está definida
dentro deste conjunto numérico.
Assim, para contextualizar a revisão a cerca dos conjuntos numéricos, vamos apre-
sentar nesta seção uma breve revisão dos principais conceitos da teoria de conjuntos que
precisaremos no decorrer do capı́tulo e também do livro. Os primeiros conceitos que pre-
cisamos relembrar/conhecer são as definições relacionadas a conjuntos e a seus elementos.

• Conjunto é uma coleção bem definida de objetos.

• Os objetos de um conjunto são chamados de membros ou elementos.

• Classe, coleção e famı́lia são sinônimos para conjuntos.

• Para designar os conjuntos usamos,no geral, letras maiúsculas.

Podemos tomar como exemplo os seguintes conjuntos:

1. A = {1, 3, 5, 7, . . . }.

2. B = {0, 2, 4, 6, . . . }.

3. IN = {0, 1, 2, 3, 4, . . . }, conjunto dos números naturais.

4. W = {amarelo, branco, preto}.

5. V = {⃗v | ⃗v é um segmento orientado, horizontal,


orientado da esquerda para direita, de comprimento 2 }.

6. P = {x| x é aluno da Escola de Ciência e Tecnologia}.

As definições e propriedades que vamos estudar nesta seção valem também para os
conjuntos numéricos.

3
Os Conjunto Numéricos, como já foi dito, são conjuntos cujos elementos são
números que guardam entre si uma caracterı́stica comum. Tais conjuntos possuem el-
ementos muito bem caracterizados.
Os principais conjuntos numéricos são:

• IN: conjunto dos números naturais;

• Z: conjunto dos números inteiros;

• Q:
I conjunto dos números racionais;

• II: conjunto dos números irracionais;

• IR: conjunto dos números reais;

• C: conjunto dos números complexos.

Estes conjuntos numéricos, excetuando-se o conjunto C, serão revisados/estudados


neste capı́tulo.

1.1.2 Representação dos conjuntos


Nos exemplos de conjuntos que vimos, usamos duas maneiras distintas para especificar
os conjuntos.

a) Listando seus elementos separados por vı́rgulas e entre chaves.

1. A = {1, 3, 5, 7, . . . }.
2. B = {0, 2, 4, 6, . . . }.
3. IN = {0, 1, 2, 3, 4, . . . }.
4. W = {amarelo, branco, preto}.

b) Descrevendo as propriedades que caracterizam estes elementos.

5. V = {⃗v | ⃗v é um segmento orientado, horizontal,


orientado da esquerda para direita, de comprimento 2 }.
6. P = {x| x é aluno da Escola de Ciência e Tecnologia}.

Um mesmo conjunto pode ser especificado por qualquer das duas maneiras. Assim,
por exemplo, podemos ter:

4
1. A = {1, 3, 5, 7, . . . }
A = {x| x é um número ı́mpar}

2. B = {0, 2, 4, 6, 8, . . . }
B = {x| x é um número par}
B = {x = 2k| x ∈ IN}

3. C = {1, 2, 3, 4, 5}
C = {x| x ∈ IN; 1 ≤ x ≤ 5}

Observações importantes

1. A ordem na qual os elementos são apresentados dentro do conjunto não é importante.


Assim, os conjuntos D = {a, b, c, d} e C = {b, d, c, a} são idênticos.

2. O conjunto vazio é, em nosso livro e na maioria dos livros didáticos, representado
pelo sı́mbolo ∅.

3. Usa-se, normalmente, o sı́mbolo ♯ para representar o número de elementos de um


conjunto.

4. Usamos retiscências, após indicar alguns elementos de um conjunto (como no con-


junto A = {1, 3, 5, 7, . . . }), para indicar que o conjunto é infinito. Por convenção,
só colocamos as retiscências quando já está subentendido quais são os próximos
elementos do conjunto (no caso do conjunto A, já se percebeu que os elementos a
seguir são 9, 11, 13 e os demais números ı́mpares).

5. Conjuntos que não tem elementos em comum são ditos disjuntos.

Exemplo: Determine o número de elementos dos conjuntos enunciados a seguir.

a) P = {x| x ∈ IN; 0 < x < 1}


Resposta: Não há nenhum número natural que obedeça à condição 0 < x < 1, ou
seja, P = ∅ =⇒ ♯P = 0.

b) C = {amarelo, azul, vermelho, branco}


Resposta: O número de elementos de C é 4, ou seja, ♯C = 4.

c) IN = {0, 1, 2, 3, 4, 5, . . . }
Resposta: O conjunto dos números naturais tem infinitos elementos, ou seja, ♯IN =
+∞.

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1.1.3 Relação de pertinência
A letra grega ∈ dá a relação de pertinência entre elementos e conjuntos. Por exemplo,
dado o conjunto A = {1, 3, 5, 7, . . . }, podemos escrever que: 1 ∈ A; e 2 ∈
/ A.
Vamos entender melhor o uso da relação de pertinência com o exemplo a seguir.

Exemplo: Considere os conjuntos A = {1, 3, 5, 7, . . . } e B = {0, 2, 4, 6, . . . }. Pode-


mos escrever que:

a) 0 ∈ A?
Resposta: Não, pois o conjunto A é o conjunto dos números ı́mpares e o zero
é par. Podemos escrever que 0 ∈
/ A.
b) 7 ∈ A?
Resposta: Sim, pois o conjunto A é o conjunto dos números ı́mpares e o
número sete é ı́mpar.
c) 1 ∈ B?
Resposta: Não, pois o conjunto B é o conjuntos dos números pares e o
número um é ı́mpar. Podemos escrever que 1 ∈
/ B.
d) 3 ∈ B?
Resposta: Não, pois o conjunto B é o conjuntos dos números pares e o
número três é ı́mpar. Podemos escrever que 3 ∈
/ B.

Devemos ressaltar que, de forma alguma, pode-se usar ∈ para relacionar um conjunto
a outro. Por exemplo, se A = {1, 3, 5, 7, . . . } e C = {1, 3, 5}, NÃO podemos escrever
que C ∈ A.

1.1.4 Subconjuntos
Consideremos dois conjuntos A e B. Esses conjuntos são tais que todos os elementos
do conjunto A são também elementos do conjunto B.
Dizemos que o conjunto A é subconjunto de B e escrevemos:

A⊂B ou A⊆B
Também podemos dizer que B contém A e escrever:

B⊇A

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Se A ⊆ B e existe pelo menos um elemento de B que não pertence a A, dizemos que
A é subconjunto próprio de B e escrevemos:

A B

Para que dois conjuntos sejam iguais devemos ter a seguinte condição:

A = B ⇔ A ⊆ B; B ⊆ A

Exemplo: Considere o conjunto dos números naturais IN = {0, 1, 2, 3, 4, 5, . . .}, o


conjunto A = {1, 3, 5, 7, . . .} e o conjunto vazio ∅. Podemos escrever que:

i) A IN?
Resposta: Sim, pois todo elemento de A também é elemento de IN e em IN
há elementos que não pertencem a A.
ii) ∅ A?
Resposta: Sim, pois todo elemento de ∅ também é elemento de A e há
elementos de A que não pertencem ao conjunto ∅.
iii) ∅ ∈ A ?
Resposta: Não, ∅ não é elemento do conjunto A.
iv) {∅} ⊂ A ?
Resposta: Não, pois ∅ não é elemento do conjunto A.
v) ∅ ⊂ ∅ ?
Resposta: Sim, pois todo elemento do conjunto ∅ pertence ao conjunto ∅.

Importante: Sejam A, B e C três conjuntos. Então, é sempre verdade que:

1. A ⊆ A.

2. Se A ⊆ B e B ⊆ A, então A = B.

3. Se A ⊆ B e B ⊆ C, então A ⊆ C.

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1.1.5 Conjunto Universo - Ω
Uma teoria é desenvolvida, em geral, usando subconjuntos de um dado conjunto. O
conjunto de todos os subconjuntos usados na teoria é denominado conjunto universo.
Normalmente, usamos a letra grega Ω (Omega maiúscula) para indicar este conjunto.

Exemplos:

1. Ao estudarmos populações ou ao fazermos contagem de elementos, o conjunto uni-


verso é o conjunto dos números naturais, ou seja,

Ω = IN = {0, 1, 2, 3, 4, ...}.

2. Em nosso livro o conjunto universo será o conjunto dos números reais, Ω = IR.

3. Na maioria dos componentes curriculares da área de exatas, o conjunto universo é


o conjunto dos númeors reais (IR), mas em alguns poucos casos é o conjunto dos
números complexos (C).

1.1.6 Diagrama de Venn


O chamado diagrama de Venn é uma representação gráfica de um ou mais conjuntos.
Nela, os conjuntos são representados por áreas fechadas dentro de um plano.
Assim, o conjunto A = {a, b, c, d}, tem como diagrama de Venn qualquer uma das
representações mostradas na figura abaixo:

8
O conjunto universo Ω é representado pelo interior de um retângulo. Assim, o conjunto
A, subconjunto do conjunto universo Ω e este próprio, têm como representação o diagrama
de Venn dado pela figura a seguir:

Exemplo: Considere os conjuntos representados nas figuras abaixo.

O que podemos afirmar sobre os conjuntos A e B nas situações representadas pelas


figuras (a), (b) e (c)?
Resposta: Na figura (a) temos que A ⊆ B. Na figura (b) os conjuntos A e B tem
alguns elementos em comum. E na figura (c) os conjuntos A e B são disjuntos.

1.1.7 Operações com conjuntos


Agora que revisamos os principais conceitos e definições relacionados aos conjuntos
vamos estudar/relembrar duas das principais operações entre conjuntos, que são a união
e a intersecção de conjuntos. As outras operações entre conjuntos (subtração, diferença
simétrica e complementação) ficam a cargo do estudante pesquisar e estudar em material
complementar.

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• União

A primeira operação que vamos estudar é a união entre conjuntos. Vamos à sua
definição.
Dados dois conjuntos A e B indicaremos por A ∪ B a união dos conjuntos A e B e
que é o conjunto de todos os elementos que pertencem a A ou a B. Ou seja:
A ∪ B = {x| x ∈ A ou x ∈ B}.
Em termos dos diagramas de Venn, a união de dois conjuntos A e B é representada
pela figura a seguir:

Assim, o conjunto A ∪ B é representado, no diagrama de Venn, pela área de A e de


B, incluindo a área comum a estes dois conjuntos.
A união de três conjuntos será indicada por: A ∪ B ∪ C.

Generalizando, a união dos n conjuntos A1 , A2 , A3 , . . . , An será indicada por nk=1 Ak .
Ou seja:
∪n
A1 ∪ A2 ∪ A3 ∪ · · · ∪ An = Ak
k=1

Exemplo: Dados os conjuntos A = {1, 3, 5, 7, ...}, B = {0, 2, 4, 6, 8, ...} e IN =


{0, 1, 2, 3, 4, ...}, determine:

a) A ∪ B.
Resposta: O conjunto A ∪ B, que é o conjunto dos elementos que pertencem
a A ou a B é dado por:
A ∪ B = {0, 1, 2, 3, 4, ...} = IN
b) B ∪ IN.
Resposta: Todos os elementos de B também são elementos de IN, assim temos
que:
B ∪ IN = IN

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• Intersecção

A intersecção de conjuntos é considerada a operação inversa da união de conjuntos.


Vamos à sua definição.
Dados dois conjuntos A e B indicaremos por A ∩ B a intersecção entre os conjuntos A
e B que é o conjunto dos elementos que pertencem simultaneamente a A e a B. Ou seja:
A ∩ B = {x| x ∈ A e x ∈ B}.
Em termos dos diagramas de Venn, a intersecção de dois conjuntos A e B é represen-
tada pela área que pertence tanto ao conjunto A quanto ao conjunto B. A representação
da intersecção dos conjuntos A e B no diagrama de Venn é mostrada na figura a seguir.

A intersecção de três conjuntos será indicada por: A ∩ B ∩ C.


Generalizando, a intersecção dos n conjuntos A1 , A2 , A3 , . . . , An será indicada por:
∩n
k=1 Ak . Ou seja,
∩n
A1 ∩ A2 ∩ A3 ∩ · · · ∩ An = Ak .
k=1

Dizemos que dois conjuntos são disjuntos se sua intersecção é vazia. Ou seja, dados
os conjuntos A e B, se A ∩ B = ∅ dizemos que A e B são disjuntos.

Exemplo: Dados os conjuntos A = {1, 3, 5, 7, ...}, B = {0, 2, 4, 6, 8, ...} e IN =


{0, 1, 2, 3, 4, ...}, determine:

a) A ∩ B.
Resposta: O conjunto A ∩ B é o conjunto dos elementos que pertencem a
A e, ao mesmo tempo, pertencem a B. Como os conjuntos A e B não tem
elementos em comum (A e B são disjuntos), temos que:
A∩B =∅

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b) B ∩ IN.
Resposta: Todos os elementos de B também são elementos de IN (B é sub-
conjunto de IN). Desta forma temos que:
B ∩ IN = B ⇒ B ⊂ IN

Há outras operações entre conjuntos (subtração, diferença simétrica e comple-


mentação) mas não vamos relembrá-las aqui, pois estamos interessados em estudar os
conjuntos numéricos e as operações entre elementos destes conjuntos e não entre os con-
juntos.

1.1.8 Número de elementos do conjunto união


Dada a união entre dois ou mais conjuntos finitos, muitas vezes, mesmo sem conhecer-
mos os elementos de cada conjunto, precisamos saber o número de elementos do conjunto
união.
Para tanto, precisamos definir uma expressão matemática para calcular o número de
elelemtos do conjunto união em termos do número de elementos de cada um dos conjuntos
individuais e do número de elementos das intersecções entre eles.
Vamos primeiro considerar a união entre os conjuntos A e B finitos, de forma que ♯A
seja o número de elementos do conjunto A, ♯B o número de elementos de B e ♯(A ∩ B) o
número de elementos do conjunto A ∩ B. Desta forma, o número de elelemtos de A ∪ B
será dado por:
♯(A ∪ B) = ♯A + ♯B − ♯(A ∩ B)
onde foi subtraı́do o ♯(A ∩ B) pois, por serem os elementos comuns aos conjuntos A e B
são somados duas vezes quando contamos os elementos de A e depois os elementos de B.
Analogamente, podemos obter o número de elementos do conjunto A ∪ B ∪ C, onde
A, B e C são conjuntos finitos, como:

♯(A ∪ B ∪ C) = ♯A + ♯B + ♯C − ♯(A ∩ B) − ♯(A ∩ C) − ♯(B ∩ C) + ♯(A ∩ B ∩ C)

Nos exercı́cios, ao final deste capı́tulo, há alguns relacionados à Teoria Geral de Con-
juntos para que os alunos possam verificar e relembrar o seu aprendizado. Os estudantes
podem escolher fazê-los agora ou após estudar as seções seguintes do capı́tulo. Por hora
vamos à nossa revisão a cerca dos conjuntos numéricos e das operações aritméticas envol-
vendo os elementos desses conjuntos.

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1.2 Conjunto dos Números Naturais, IN
1.2.1 Introdução
O conjunto IN, que já foi utilizado em alguns exemplos da seção anterior, é o conjunto
dos números naturais.
IN = {0, 1, 2, 3, 4, 5, . . . }
O conjunto IN é um conjunto infinito e surgiu da necessidade natural de se contar
objetos (dedos, ovelhas do rebanho, filhos, dias, etc.). Os outros conjuntos numéricos são
ampliações do conjunto dos números naturais.
O conjunto N pode ser representado geometricamente por uma reta numerada.

Cada elemento marcado na reta acima corresponde a um elemento de N.


O conjunto IN possui alguns subconjuntos importantes:

1. O conjunto dos números naturais não nulos.

IN∗ = {1, 2, 3, 4, 5, . . . } ⇒ IN∗ = IN − {0}

Atualmente alguns autores usam como convenção que IN∗ é conjunto dos números
naturais. Neste caso, o conjunto IN = IN∗ ∪ {0}, chamado de conjunto dos números
naturais estendidos, corresponde ao nosso conjunto dos números naturais. Não
usaremos esta convenção em nosso livro!

2. O conjunto dos números naturais pares.

INp = {0, 2, 4, 6, . . . } ⇒ INp = {n = 2k| k ∈ IN}

3. O conjunto dos números naturais ı́mpares.

INi = {1, 3, 5, 7, . . . } ⇒ INi = {n = 2k + 1| k ∈ IN}

4. O conjunto dos números primos:

P = {2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, . . . }

13
1.2.2 Operações com números naturais
No conjunto IN estão definidas duas operações aritméticas: adição e multiplicação.
Isto quer dizer que: i) adicionando-se dois elementos quaisquer de IN, a soma é elemento
de IN; ii) multiplicando-se dois elementos quaisquer de IN, o produto é elemento de IN.
Ou seja: {
m + n ∈ IN
∀m, n ∈ IN
m · n ∈ IN
Ou podemos dizer:

O conjunto IN é fechado em relação


à adição e à multiplicação.

Efetuar as operações de soma e multiplicação dentro do conjunto dos números naturais


é bem simples, mas devemos efetuá-las com cuidado para evitar erros e enganos.
Vamos resolver algumas expressões algébricas simples dentro do conjunto IN para
treinar.

Exemplo: Obtenha os resultados das expressões numéricas a seguir.

a) x = 1 + 2 + 3 + 4
Resolução: Neste caso, somamos os números diretamente e obtemos:

x = 1+2+3+4
x = 10

b) x = 2 + 3 · 5.
Resolução: Neste caso, efetuamos a multiplicação antes da soma. Assim:

x = 2+3·5
x = 2 + 15
x = 17

c) x = 2 + 2 · 7 + 3 + 4 · 1.
Resolução: Neste caso, temos:

x = 2+2·7+3+4·1
x = 2 + 14 + 3 + 4
x = 23

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Ao trabalharmos com expressões numéricas e expressões algébricas, devemos lembrar
sempre que:

A multiplicação precede a soma!!!

No caso de algumas operações virem entre parênteses (ou colchetes ou chaves), efe-
tuamos primeiro as operações entre parênteses para eliminá-los. Vejamos o exemplo a
seguir.

Exemplo: Obtenha os resultados das seguintes expressões numéricas.

a) x = 2 + 3 · 5 + 6
Resolução:

x = 2+3·5+6
x = 2 + 15 + 6
x = 23

b) x = (2 + 3) · 4
Resolução:

x = (2 + 3) · 4
x = 5·4
x = 20

c) x = (5 + 3) · (3 + 2) + 3.
Resolução:

x = (5 + 3) · (3 + 2) + 3
x = 15 · 6 + 3
x = 90 + 3
x = 93

O conjunto IN é fechado em relação à adição e à multiplicação, mas o mesmo não


ocorre para a subtração. Isto é, o conjunto IN não é fechado em relação à subtração. Por
exemplo, se tenho duas ovelhas e prometi duas para minha esposa e três para meu filho,
não poderei quitar minhas promessas.
x = 2 − 5 = −3 ⇒ x ∈
/ IN

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Assim, teve-se a necessidade de ampliar o conjunto N e surgiu o conjunto dos números
inteiros Z que estudaremos na próxima secção.
Embora conjunto IN não seja fechado em relação à subtração, podemos realizar esta
operação entre números naturais e, em muitos caso, obter resultados dentro do conjunto
dos números naturais.
Do estudo/revisão deste conjunto dos números naturais, além da breve revisão das
operações aritméticas de adição e multiplicação, ficam as regras que são válidas para
quaisquer expressões algébricas e numéricas:

1) Ao efetuar as operações de adição e multiplicação, a multiplicação é feita antes da


adição.

2) Os parênteses, colchetes e chaves são usados para separar operações aritméticas. As


operações entre parênteses são feitas antes das operações entre colchetes, que são
feitas antes das operações entre chaves.

Em expressões numéricas e algébricas, é muito importante colocar parênteses, colchetes


e chaves para separar as operações e indicar a ordem certa de se efetuá-las.
O uso de parênteses ou o seu não uso em expressões algébricas e numéricas pode alterar
dastricamente o resultado da expressão. Podemos verificar este fato no exemplo a seguir.

Exemplo: Obtenha o valor de x nas seguintes expressões numéricas.

a) x = 18 + 2 · 7 − 4 · 8
Resolução:

x = 18 + 2 · 7 − 4 · 8
x = 18 + 14 − 32
x = 0

b) x = 18 + 2 · (7 − 4) · 8.
Resolução:

x = 18 + 2 · (7 − 4) · 8
x = 18 + 2 · 3 · 8
x = 18 + 48
x = 66

16
c) x = (18 + 2) · (7 − 4) · 8.
Resolução:

x = (18 + 2) · (7 − 4) · 8
x = 20 · 3 · 8
x = 480

1.3 Conjunto dos Números Inteiros, Z


1.3.1 Introdução
A primeira extensão do conjunto dos números naturais é o conjunto dos números
inteiros ou conjunto Z, que está explicitado a seguir:
Z = {. . . , −5, −4, −3, −2, −1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, . . . }
Da representação acima vemos que todos os elementos de IN pertencem também a Z.
Ou seja:
IN Z
A representação geométrica de Z é feita a partir da representação de IN. Basta acres-
centarmos os pontos correspondentes aos números negativos.

O conjunto Z possui alguns subconjuntos notáveis:

1. O conjunto dos números inteiros não nulos.

Z∗ = {. . . , −5, −4, −3, −2, −1, 1, 2, 3, 4, 5, . . . }

Z∗ = Z − {0}

2. O conjuntos dos números inteiros não negativos:

Z+ = {0, 1, 2, 3, 4, 5, . . . } ⇒ Z+ = IN

3. O conjunto dos números inteiros positivos:

Z∗+ = {1, 2, 3, 4, 5, . . . } ⇒ Z∗+ = IN∗

17
4. O conjunto dos números inteiros não positivos:

Z− = {. . . , −5, −4, −3, −2, −1, 0}

5. O conjunto dos números inteiros negativos:

Z∗− = {. . . , −5, −4, −3, −2, −1}

1.3.2 Operações com números inteiros


No conjunto Z estão definidas três operações: adição, multiplicação e subtração. As-
sim, fazendo-se a adição, multiplicação ou subtração entre dois elementos quaisquer de Z,
o resultado é elemento de Z. Ou seja: 

 m+n ∈ Z
∀m, n ∈ Z m · n ∈ Z


m−n ∈ Z
Ou podemos dizer:

O conjunto Z é fechado em relação


à adição, à multiplicação e à subtração.

No conjunto Z podemos e devemos estar habilitados a fazer as operações de adição,


multiplicação e subtração entre seus elementos.
Ao efetuar estas operações em expressões numéricas devemos lembrar que:

1. A multiplicação é feita antes da adição e da subtração.

2. A adição e a subtração são efetuadas ao mesmo tempo.

3. As operações entre parênteses são feitas antes das operações entre


colchetes que são feitas antes das operações entre chaves que são feitas
antes das operações que estão fora destes.

Vamos treinar um pouco resolvendo o exemplo a seguir.

18
Exemplo: Obtenha os resultados das seguintes expressões numéricas.

a) x = 3 · (4 − 1) + 4
Resolução:

x = 3 · (4 − 1) + 4
x = 3·3+4
x = 9+4
x = 13

b) x = −2 · [(5 − 3) + (3 − 8) · (6 − 9)] + 3.
Resolução:

x = −2 · [(5 − 3) + (3 − 8) · (6 − 9)] + 3
x = −2 · [2 + (−5) · (−3)] + 3
x = −2 · [2 + 15] + 3
x = −2 · [17] + 3
x = −34 + 3
x = −31

No exemplo acima usamos, implicitamente, a regra dos sinais para a soma/subtração


e também a regra dos sinais para a multiplicação/divisão. Estas regras valem sempre e
podem ser enunciadas da seguinte maneira:

1. Regra dos sinais para a soma/subtração:

a) para dois números com sinais iguais, somamos os coeficientes e mantemos o


sinal;
b) para dois números com sinais diferentes, subtraimos os coeficientes e man-
temos o sinal do maior.

2. Regra dos sinais para a multiplicação/divisão (e eliminação de


parênteses):

a) para dois números com sinais iguais, o resultado é sempre positivo;


b) para dois números com sinais diferentes, o resultado é sempre negativo.

19
O conjunto Z é fechado em relação à adição, à multiplicação e à subttração, mas o
mesmo não ocorre em relação à divisão, ou seja, o conjunto Z não é fechado em relação
à divisão.
Por exemplo, se dividimos (-5) por 10, não existe número inteiro que seja resultado
desta operação, ou seja,
(−5) 1
x= =−
10 2
x∈
/Z
Assim, teve-se uma necessidade de ampliar o conjunto Z e surgiu o conjunto dos
números racionais, Q,
I que será estudado na próxima seção. Por hora, vamos fazer o
exemplo abaixo para fixarmos melhor as idéias e conhecimentos a cerca dos conjuntos IN
e Z.

Exemplo: Classifique as sentenças como verdadeiras ou falsa, para ∀m, n, p ∈ IN

a) [(m + n) · p] ∈ IN
Resposta: Como o conjunto IN é fechado em relação à adição e à multi-
plicação, temos que (m + n) ∈ IN e, por conseguinte, [(m + n) · p] ∈ IN, o que
torna a sentença verdadeira.
b) [m · (n − p)] ∈ Z
Resposta: Como o conjunto Z é fechado em relação à adição, à multiplicação
e à subtração, e como todo elemento de IN também pertence a Z, temos que
(n − p) ∈ Z e, por conseguinte, [m · (n − p)] ∈ Z, o que torna a sentença
verdadeira.
c) [(m + n) · (n + p)] > 0
Resposta: Como m, n, p ∈ IN, as adições (m + n) e (n + p) podem ser maiores
que zero ou mesmo iguais a zero, desta forma sua multiplicação pode ser
positiva ou igual a zero, o que torna a sentença falsa. Tome, por exemplo,
m = 0, n = 0 e p = 1, neste caso temos que o resultado da sentença é
[(m + n) · (n + p)] = [(0 + 0) · (0 + 1)] = 0.
d) (mp − m) ∈ IN
Resposta: Temos que mp − m = m(p − 1), como m, p ∈ IN, temos que
m(p − 1) ∈ IN ⇔ p ≥ 1, mas como o p também pode ser igual a zero, temos
que a expressão é falsa.

20
Antes de estudarmos o conjunto dos números racionais, vamos estudar dois impor-
tantes conceitos que surgem ao estudarmos o conjunto Z e que, por serem conceitos gerais,
também serão válidos para os outros conjuntos numéricos estudados neste capı́tulo. Estes
conceitos são a noção de números opostos ou simétricos e o módulo de um número.

1.3.3 Números opostos ou simétricos


Dois números inteiros são ditos opostos ou simétricos quando apresentam soma igual
a zero.
Os pontos que representam dois números opostos na reta numerada estão igualmente
distantes da origem. Como exemplo podemos visualizar na figura a seguir:

Assim, o oposto de m é −m, e vice-versa.


O oposto de zero é o próprio zero.

Exemplo: Determine quantas unidades devemos diminuir de:

a) 5 para chegar a −9;


Resposta: Só temos que resolver a equação 5 − x = −9 ⇒ x = 14. Portanto,
temos que diminuir 14 unidades de 5 para chegar a −9.
b) −2 para chegar a −8;
Resposta: Neste caso, temos que resolver a equação −2 − x = −8 ⇒ x = 6.
Portanto, temos que diminuir 6 unidades de −2 para chegar a −8.
c) 5 para chegar a 12.
Resposta: Pela equação, 5 − x = 12 ⇒ x = −7, portanto para sairmos de 5
e chegar a 12 temos que somar (e não diminuir) 7 unidades.

21
1.3.4 Módulo de um número inteiro
O módulo ou valor absoluto de um número inteiro é a distância da origem ao ponto
que o representa na reta. Assim, dizemos que o módulo de -5 é 5. E o módulo de 5 é 5.
Indicamos o módulo de um número inteiro, pelo número inteiro entre barras verticas.
Ou seja, o módulo de −m é dado por:
| − m| = m ∀m ∈ IN
e o módulo de m é dado por:
|m| = m; ∀m ∈ IN
Em alguns textos o módulo de um número é representado pelo número entre barras
verticais duplas, ou seja, nesses textos tem-se que |m| = ||m||.

Exemplos: Calcule:

a) x = |10 − 7|;
Resposta: Resolvendo a expressão, temos:

x = |10 − 7| = |3| = 3

b) x = 10 − |5 + 7| ;
Resolução:

x = 10 − |5 + 7| = 10 − |12| = 10 − 12 = | − 2| = 2

c) x = 5 − 5 + | − 5| + |5| ;
Resolução:

x = − 5 + | − 5| + |5| = 5 − 5 + 5 + 5 = 5 − |15| = 5 − 15 = −10

d) x = |7 − 5| − 2 + | − 8| + |2| − 1.
Resolução:

x = |7 − 5| − 2 + | − 8| + |2| − 1 = |2| − 2 + 8 + 2 − 1 = |10| − 1 = 10 − 1 = 9

22
1.4 Conjunto dos Números Racionais, Q
I
1.4.1 Introdução
A extensão do conjunto dos números inteiros é o conjunto dos números racionais
ou conjunto dos números fracionários
{ ou conjunto Q. I }
1 1
I = 0, . . . , ± , . . . , ± , . . . , ±1, . . .
Q
3 2
Ou seja: { }
p
Q
I = | p ∈ Z e q ∈ Z∗
q
Assim, vemos que todos os elementos de Z pertencem também a Q.
I Ou seja:
Z Q
I
I na reta numerada é feita a partir da representação de Z, como
A representação de Q
mostrado na figura a seguir.

Entre cada elemento de Z marcado na reta há infinitos elementos de Q.


I E entre cada
elemento de Q
I marcado na figura acima há outros infinitos elementos de Q.
I
O conjunto numérico Q
I possui alguns subconjuntos notáveis:

I ∗ : O conjunto dos números racionais não nulos;


1. Q

2. Q
I + : O conjuntos dos números racionais não negativos;

I ∗+ : O conjunto dos números racionais positivos;


3. Q

4. Q
I − : O conjunto dos números racionais não positivos;

I ∗− : O conjunto dos números racionais negativos.


5. Q

Em relação aos conjuntos numéricos apresentados até o momento, podemos montar o


seguinte diagrama de Venn:

23
1.4.2 Operações com frações
Ao estudarmos o conjunto dos números fracionários, Q, I vemos a necessidade de relem-
brar os principais conceitos e definições e as operações numéricas relacionadas às frações.
Esta necessidade vem do fato de que muitos estudantes, ao iniciarem um curso superior
na área de exatas, encontram certa dificuldade ao trabalhar com frações devido ao tempo
decorrido desde que estudaram tais operações em sua vida acadêmica. Para sanarmos
estas dificuldades e propiciarmos ao aluno uma rápida revisão sobre o assunto, vamos
apresentar estes conceitos, definições e operações de forma prática e suscinta nesta seção.
Para alguns alunos esta seção pode parecer trivial, mas em muitas provas e teste feitos
por alunos universitários nos primeiros componentes curriculares da área de Matemática
aparecem erros de alunos que se equivocam ao realizar as operações aritméticas básicas
com frações e números decimais. Em alguns casos os alunos realmente apresentam dificul-
dades em trabalhar com os números em sua forma decimal e/ou fracionária sem o uso de
calculadora e em outros casos isto ocorre devido ao nervosismo de se estar fazendo uma
prova ou teste. Em qualquer destes dois casos, é importante que o aluno faça esta revisão,
quer seja para relembrar o que está guardado no fundo de sua mente ou para treinar um
pouco e, desta forma, diminuir o possı́vel nervosismo na hora de fazer testes e provas.
Voltando à nossa revisão das operações aritméticas envolvendo frações vamos, antes,
relembrar algumas definições e conceito a cerca de frações.

1. Uma fração é uma forma pictórica usada para representar uma divisão entre dois
números. Assim, por exemplo, a divisão entre os números 22 e 7 pode ser represen-
22
tada como a fração , que também pode ser denotada por 22/7.
7
2. Numa fração a/b temos que o número a, que é o dividendo da fração, é chamado de
numerador e o número b, que é o divisor da fração, é chamado de denominador.

3. Uma fração é, normalmente, usada para representar o número de partes tomadas
de um objeto ou de um segmento (uma pizza ou uma régua, por exemplo) que

24
foi dividido em partes iguais. Numa fração temos que o denominador da fração
representa o número de partes iguais em que o segmento foi dividido e o numerador
da fração representa o número de partes deste segmento que foram destacadas.
Assim, a fração 3/4 nos diz que o nosso objeto ou segmento foi dividido em 4 partes
iguais e que dele foram destacadas 3 partes.

4. As frações podem ser classificadas como próprias ou impróprias. Numa fração


própria o numerador é menor que o denominador (3/5, 4/9 e 1/2, por exemplo). Já
numa fração imprópria o numerador é maior que o denominador (5/2, 22/7 e 4/3,
por exemplo).

5. Todos os números inteiros são também números fracionários. Um número inteiro é,
na verdade, uma fração com denominador igual a 1. Ou seja, 3 = 3/1 e −4 = −4/1,
por exemplo.

6. Ao estudarmos frações costumamos falar de fração inversa ou inverso de uma


fração. Dada uma fração a/b, a sua fração inversa é a fração b/a.

Após relembrarmos estes conceitos e definições, podemos passar à nossa revisão das
operações aritméticas envolvendo frações e a forma como estas operações devem ser rea-
lizadas sem o auxı́lio de calculadoras.
As operações aritméticas envolvendo frações estão listadas e explicadas à seguir.

a) Simplificação

Às vezes, duas frações aparentemente diferentes representam o mesmo número. Por
exemplo, as frações 8/12 e 6/9 representam o mesmo número e são ditas equivalentes.
Assim, cabe a pergunta: quando duas frações são equivalentes?
Podemos dar a seguinte resposta à pergunta acima: duas frações são equivalentes
quando podem ser simplificadas em uma mesma fração reduzida.
A resposta acima pode ter gerado outras duas perguntas: i) como simplificar uma
fração? ii) o que é uma fração reduzida?
Vamos responder a estas perguntas aprendendo/relembrando a simplificação de
frações.
Para simplificarmos uma fração devemos verificar se numerador e denominador da
fração possuem divisores em comum, ou seja, devemos decompor o numerador e o deno-
minador da fração em seus fatores primos e simplificarmos os que forem comuns.
Há três maneiras simples e completamente equivalentes para se simplificar uma fração.
Vamos a elas no exemplo a seguir.

25
Exemplo: Simplifique a fração x = 8/12.
Resolução 1: Decompondo os números 8 e 12 em seus fatores primos podemos
reescrever esta fração como:
8 2·2·2
x= =
12 2·2·3
Simplificando os termos em comum nos numerador e denominador, ou seja, cortando
no numerador e denominador os termos que são comuns a ambos, ficamos com:
8 2
x= =
12 3

Resolução 2: Uma forma completamente equivalente de simplificarmos uma fração


é dividindo numerador e denominador, pelo maior divisor comum entre eles. Ou seja,
o exemplo acima pode ser refeito da seguinte maneira:
Vendo que o maior divisor comum entre 8 e 12 é o número 4, podemos fazer:
8 8:4 2
x= = =
12 12 : 4 3

Resolução 3: Também pode-se simplificar a fração dividindo-se, simultaneamente,


numerador e denominador por divisores que sejam comum aos dois. Este proce-
dimento deve ser realizado até que não hajam mais divisores comuns. Ou seja, o
exemplo acima pode ainda ser refeito como a seguir.
Podemos simplificar esta fração fazendo:
8 8:2 4 4:2 2
x= = = = =
12 12 : 2 6 6:2 3

A fração 2/3 obtida nas três versões do exemplo acima é chamada de fração re-
duzida ou de fração irredutı́vel, pois ela não pode mais ser simplificada. Como
pode ser facilmente verificado, a fração 6/9 também tem como fração reduzida a
fração 2/3, por isto dizemos que ela é equivalente ou igual à fração 8/12 e também
à fração 2/3.

26
b) Adição

Para adicionarmos frações devemos seguir uma regra simples e prática que vamos
explicar fazendo os exemplos a seguir.

Exemplo: Determine a soma entre as frações 8/12 e 5/4.


Resolução: Para fazermos esta soma:
8 5
x= + =?
12 4
Devemos tirar o MMC (mı́nimo múltiplo comum) entre os denominadores das
frações. Ou seja, neste caso, tirar o MMC entre 12 e 4 que é 12. Este será o
denominador da fração que é a soma das anteriores.
8 5 ?
x= + =
12 4 12
Para obtermos o numerador, dividimos o novo denominador pelo denominador de
cada fração e multiplicamos pelo numerador correspondente e somamos os valores
encontrados. Ou seja, temos que 12 dividido por 12 é igual a 1 que multiplicado por
8 dá 8; e 12 dividido por 4 é 3 que multiplicado por 5 vale 15. Assim:
8 5 8 + 15 23
x= + = =
12 4 12 12
Quando for possı́vel, devemos simplificar a fração obtida como soma de outras
frações.

A regra usada para somar duas frações é a mesma usada para somar três ou mais
frações.

Exemplo: Determine as somas a seguir:

1 2 4
a) x = + +
3 5 6
Resolução: Somando estas frações:
1 2 4 10 + 12 + 20 42 42 : 6 7
x= + + = = = =
3 5 6 30 30 30 : 6 5
7 1
b) x = + + 3
4 5
Resolução: Somando estas frações, temos:
7 1 35 + 4 + 60 99
x= + +3= =
4 5 20 20

27
c) Subtração

O procedimento usado na adição de frações é o mesmo usado na subtração de frações.


Vamos aos exemplos:

Exemplo: Determine as frações reduzidas resultantes das subtrações e/ou somas a


seguir:
1 2
a) x = −
3 5
Resolução: Fazendo a subtração:
1 2 5−6 −1 1
x= − = = =−
3 5 15 15 15
2 5 1
b) x = − +
3 6 4
Resolução: Determinando a fração resultante:
2 5 1 8 − 10 + 3 1
x= − + = =
3 6 4 12 12

d) Multiplicação

Realizar a multiplicação entre duas ou mais frações é bastante simples.


Suponha dadas duas ou mais frações e que queiramos obter a fração que é resultante
de sua multiplicação. A fração resultante tem como numerador o produto dos nume-
radores das frações que são os fatores desta multiplicação e o denominador da fração
resultante é igual ao produto dos denominadores das frações fatores. Quando possı́vel
podemos/devemos simplificar a fração resultante.
Vejamos alguns exemplos.

Exemplo: Determine as frações reduzidas resultantes das multiplicações abaixo:


1 2
a) x = ·
3 5
Resolução: Fazendo a multiplicação:
1 2 1·2 2
x= · = =
3 5 3·5 15
( ) ( )
2 5 1
b) x = · − · −
3 6 4
Resolução: Determinando a fração resultante:
( ) ( )
2 5 1 2 · (−5) · (−1) 10 10 : 2 5
x= · − · − = = = =
3 6 4 3·6·4 72 72 : 2 36

28
( )
1 5
c) x = · 7 · −
3 4
Resolução: Determinando a fração resultante:
( )
1 5 1 · 7 · (−5) −35 35
x= ·7· − = = =−
3 4 3·1·4 12 12

e) Divisão

A divisão entre duas frações também pode ser feita com uma regra bastante simples.
Para fazermos a divisão entre duas frações multiplicamos a primeira fração pelo in-
verso da segunda fração, ou seja, a fração resultante tem como numerador o produto do
numerador da primeira pelo denominador da segunda fração e o denominador da fração
resultante é o produto do denominador da primeira pelo numerador da segunda fração.
Vamos a alguns exemplos para ilustrar a divisão entre frações.

Exemplo: Determine as frações reduzidas resultantes das divisões abaixo:


1 2
a) x = :
3 5
Resolução: Multiplicando a primeira fração pelo inverso da segunda temos:
1 2 1 5 1·5 5
x= : = · = =
3 5 3 2 3·2 6
( )
2 5
b) x = : −
3 6
Resolução: Determinando a fração resultante:
( ) ( )
2 5 2 6 2 · (−6) −12 12 12 : 3 4
x= : − = · − = = =− =− =−
3 6 3 5 3·5 15 15 15 : 3 5
3
4
c) x = 5
7
Resolução: Note que, como uma fração representa a divisão entre dois
números, uma divisão entre frações pode ser escrita como uma fração onde
o numerador e o denominador são frações. Assim, realizando a divisão:
3
3 5 3 7 3·7 21
x= 5 = : = · =
4
=
7
4 7 4 5 4·5 20

Entre os exercı́cios deste capı́tulo há alguns exercı́cios para ajudar o estudante a
refamiliarizar-se com as operações com frações. É essencial para um bom aprendizado
de todo o conteúdo deste livro que o estudante esteja bem treinado na rápida execução
deste tipo de operação sem fazer uso de calculadora.

29
1.4.3 Representação decimal das frações
Tomemos um número racional
{ do tipo }
p ∗
x= | p ∈ Z; q ∈ Z ; p ̸= m q | m ∈ IN
q
Podemos escrevê-lo na forma decimal efetuando a divisão do numerador pelo denomi-
nador. Nesta divisão podem ocorrer dois casos.

1o caso: O numeral decimal encontrado possui, após a vı́rgula, um número finito de


algarismos não nulos.
Exs.:
1 8 30
= 0, 2; = 0, 16; = 7, 5; etc.
5 50 4
Tais racionais são chamados de decimais exatos.

2o caso: O numeral decimal encontrado possui, após a vı́rgula, infinitos algarismos


(nem todos nulos), que se repetem periodicamente:
Exs.:
1 7
= 0, 333 · · · = 0, 3; = 0, 777 · · · = 0, 7;
3 9
1
= 0, 0454545 · · · = 0, 045; etc.
22
Tais racionais são chamados de decimais periódicos ou dı́zimas periódicas. Os
números que se repetem são chamados de perı́odo da dı́zima.

As dı́zimas periódicas, como pode ser observado nos exemplos acima, podem ser re-
presentadas na forma decimal escrevendo-se o número e colocando-se retiscências para se
indicar que os algarismos após a vı́rgula continuam indefinidamente ou com uma ‘barra’
sobre o perı́odo da dı́zima, indicando que é esta parte do número que está se repetindo.
A fração que é equivalente a uma dı́zima periódica é chamada de fração geratriz.
Para sabermos se uma fração irredutı́vel é equivalente a um decimal exato ou a uma
dı́zima periódica sem efetuar a divisão basta decompormos o denominador em fatores
primos. Ela será:

1. Decimal exato: se o denominador contiver apenas os fatores 2 e/ou 5

Exemplo: As frações 7/50, 3/4 e 11/160, são decimais exatos, pois seus denomi-
nadores (50 = 2 · 5 · 5; 4 = 2 · 2; 160 = 2 · 2 · 2 · 2 · 2 · 5) possuem apenas os fatores
primos 2 e 5.

30
2. Dı́zima periódica: se o denominador contiver outros fatores primos diferentes de
2 ou 5.

Exemplo: As frações 4/9, 13/42 e 25/48, são dı́zimas periódicas pois seus denomi-
nadores (9 = 3 · 3; 42 = 2 · 3 · 7; 48 = 2 · 2 · 2 · 3) possuem fatores primos diferentes
de 2 e 5.

1.4.4 Operações com números decimais


Ao trabalharmos ou fazermos operações com números, muitas vezes é mais conveniente
trabalhar com os números em sua forma decimal no lugar de os mantermos em sua forma
fracionária.
Tomemos como exemplo o caso de um atleta em preparação para uma prova de ve-
locidade que quer calcular sua velocidade média em certo percurso sabendo a distância
percorrida e o tempo usado para percorrer esta distância. Este atleta está percorrendo
um percurso de 400 metros em exatos 42 segundos. Sabendo que a velocidade média é
definida como sendo a razão entre a distância percorrida e o tempo usado para percorrê-la,
o atleta calcula sua velocidade média como:
∆s 400
vm = = m/s = 9, 523809 m/s ∼ = 9, 52 m/s
∆t 42
O atleta não diz que percorre 400/42 m/s ou mesmo 200/21 m/s, ele dirá que sua
velocidade média é, aproximadamente, igual a 9,52 m/s. Neste e em vários outros casos é
mais conveniente trabalhar com os números em sua forma decimal do que com os números
em sua forma fracionária.
Nesta seção revisaremos as operações com números decimais, pois precisamos saber
como realizar as diferentes operações aritméticas com números decimais sem precisar
reescrevê-los antes em sua forma fracionária e sem fazer uso de calculadoras.

a) Adição

Vamos começar relembrando a regra prática para se somar números decimais (sem o
uso de calculadoras).
Suponha que você queira somar os números 8,45 e 27,5. Como proceder?
No caso da adição, igualamos o número de casas decimais e armamos a operação de
soma colocando a vı́rgula de um número embaixo da vı́rgula do outro e fazemos a soma
dos números igual fazı́amos no ensino fundamental com números inteiros.

31
Desta forma temos que:
8, 45
+27, 50
35, 95
Assim, temos como resposta para esta soma o valor 35,95.
Este é o procedimento para se somar qualquer número de parcelas.

Exemplo: Quanto vale a soma x = 0, 27 + 11, 3 + 15, 075 ?

Resolução: Igualando o número de casas decimais e armando a conta temos que:


0, 270
11, 300
+15, 075
26, 645

b) Subtração

A regra para realizar uma subtração entre números decimais é a mesma que para a
adição, com a diferença que, no caso da subtração, só podemos subtrair (manualmente)
um número de outro. Por isto, quando há várias parcelas devemos, primeiro, somar
as parcelas de mesmo sinal antes de fazermos a subtração entre as parcelas de sinais
diferentes. Vamos aos exemplos para ilustrar melhor o que estamos falando.

Exemplo: Calcule o resultado de cada conta a seguir:

a) x = 32, 5 − 7, 753
Resolução: Igualando o número de casas decimais e armando a conta temos
que:
32, 500
− 7, 753
24, 747
b) x = 23, 54 − 47, 3
Resolução: Como o número negativo tem maior módulo, vamos igualar o
número de cassas decimais e subtrair o menor número do maior e manter o
sinal (negativo, no caso) do número de maior valor absoluto. Assim:
− 47, 30
+ 23, 54
− 23, 76

32
c) x = 23, 541 − 47, 3 + 12, 54 + 45 − 2, 755
Resolução: Neste caso somamos, separadamente, as parcelas positivas e as
negativas:
− 47, 300 + 23, 541
− 2, 755 + 12, 540
− 50, 055 + 45, 000
+ 81, 081
E, então, subtraimos a parcela negativa da positiva:
+ 81, 081
− 50, 055
+ 31, 026

c) Multiplicação

No caso da multiplicação, fazemos a conta como se os números não fossem decimais


e, após, contamos o número total de casas decimais dos fatores e colocamos este mesmo
número de casas decimais no produto. Vejamos o exemplo:

Exemplo: Determine o valor de x = 5, 86 × 1, 2.

Resolução: O fator 5,86 tem duas casas decimais e o fator 1,2 tem uma casa
decimal, logo o produto terá três casas decimais. Fazendo a multiplicação como se
fossem números inteiros temos:
5, 8 6
× 1, 2
1172
586
7, 0 3 2

Onde o resultado já foi expresso com o número correto de casas decimais (três casas
decimais).

d) Divisão

No caso da divisão envolvendo números decimais, temos três passos a seguir: i)


igualamos o número de casas decimais do dividendo e do divisor; ii) retiramos a vı́rgula
de ambos os números; iii) fazemos a divisão dos números inteiros que apareceram.
Vamos ao exemplo para ilustrar este procedimento.

33
Exemplo: Determine o valor de x = 15 ÷ 1, 2.
Resolução: Igualando o número de casas decimais temos que a nossa divisão pode
ser escrita como: x = 15, 0 ÷ 1, 2.
Retirando a vı́rgula de ambos, dividendo e divisor, temos que a nossa divisão é a
mesma que: x = 150 ÷ 12. É esta conta que devemos fazer.
Armando e fazendo a conta temos que:
150 | 12
30 12, 5
60
0

Ou seja, x = 15 ÷ 1, 2 = 12, 5.

Devemos lembrar que operações aritméticas envolvendo frações e números decimais


aparecem em diversos exemplos e exercı́cios de nosso livro. Tais contas podem, no dia-
a-dia, ser feitas com o uso de calculadoras, mas é importante para o estudante ter a
habilidade e traquejo para conseguir reproduzir boa parte destas contas sem a ajuda de
calculadoras. Estes cálculos, no geral, ficam em nossos rascunhos e não aparecem na
resolução dos exemplos e exercı́cios mas é muito importante que saibamos fazê-los de
forma praticamente automática.

1.4.5 Representação fracionária dos números decimais


Trata-se do problema inverso do discutido em seção anterior. Estando o número
racional escrito na forma decimal, vamos escrevê-lo na forma de fração.
Temos dois casos:

1o caso: O número é decimal exato.


Assim transformamos o número em uma fração cujo numerador é o número decimal
sem a vı́rgula. E o denominador é o numeral 1 seguido de tantos zeros quantas
forem as casas decimais do número original. A fração resultante, em alguns casos,
pode ainda ser simplificada.

Exemplo: Escreva na forma de fração os números decimais a seguir.


1. x = 0, 7.
Resposta: Este número decimal pode ser escrito como:
7
x = 0, 7 =
10

34
2. x = 2, 35.
Resposta: Este número decimal pode ser escrito como:
235 47
x = 2, 35 = =
100 20

2o caso: O número é uma dı́zima periódica.


Neste caso, devemos achar a fração geratriz da dı́zima. Vamos explicar o procedi-
mento com dois exemplos.

Exemplos:
1. Seja a dı́zima periódica 0, 3 = 0, 333 . . . , qual a sua fração geratriz?
Resolução: Façamos x = 0, 333 . . . .
Multipliquemos os dois lados da equação por 10, de forma que 10x = 3, 333 . . . .
Subtraindo, membro a membro a primeira igualdade da segunda:
3 1
10x − x = 3, 333 · · · − 0, 333 · · · ⇒ 9x = 3 ⇒ x = =
9 3
Assim, a fração geratriz de 0, 3 = 1/3.

2. Seja a dı́zima periódica 0, 4231 . . . , qual a sua fração geratriz?


Resolução: Façamos x = 0, 423131 . . .
Multipliquemos os dois lados da equação por 100, de forma que 100x =
42, 3131 . . .
Multipliquemos, novamente, os dois lados da equação por 100, de forma que
10000x = 4231, 3131 . . .
Subtraindo, membro a membro a segunda igualdade da terceira:
10000x − 100x = 4231, 3131 · · · − 42, 3131 . . .
4189
9900x = 4189 ⇒ x =
9900
O estudante deve ter percebido nos exemplos acima que subtraimos a dı́zima com
somente perı́odo após a dı́zima de uma dı́zima com exatamente um perı́odo antes da
vı́rgula, de forma a obter um número inteiro em cada lado da equação.

35
1.5 Conjunto dos Números Irracionais, II
Assim como existem números decimais que podem ser escritos como frações de números
inteiros (números racionais), existem os decimais que não admitem tal representação.
Eles são números decimais não exatos que possuem representação infinita não
periódica.
Vejamos alguns exemplos:
x = 0, 12122122212222 . . . ; x = 1, 102030 . . .

x = 2 = 1, 4142136 . . . ; π = 3, 141592 . . . ; etc.
O número cuja representação decimal infinita não é periódica é chamado número
irracional.
Seu conjunto é representado por II.
O conjunto II é um conjunto à parte dos números racionais. Para os conjuntos Q
I e II
I ∩ II = ∅.
vale que; Q
O conjunto formado pelos números racionais e pelos números irracionais é chamado
conjunto dos números reais que estudaremos logo a seguir.

1.6 Conjunto dos Números Reais, IR


1.6.1 Introdução
O conjunto formado pelos números racionais e pelos números irracionais é chamado
conjunto dos números reais que é representado por IR. Onde, temos que:
I ∪ II
IR = Q
Em termos da reta numerada podemos representar o conjunto IR como:

36
O diagrama de Venn do conjunto dos números reais pode ser representado por:

Para os números reais, assim como para os inteiros, racionais e irracionais, continuam
valendo os conceitos de números opostos e de módulo.

1.6.2 A ordem na reta e a notação de intervalo


O conjunto dos números reais é ordenado.
Podemos fazer a comparação entre quaisquer dois números reais que não são iguais
usando desigualdades.
Sejam a e b dois números reais quaisquer, se:

a>b a−b>0
a<b a−b<0
a≥b a−b≥0
a≤b a−b≤0

Podemos comparar dois números reais devido à chamada lei da tricotomia.

Lei da Tricotomia: Sejam a e b dois números reais quaisquer, somente uma das
seguintes expressões é verdadeira:
a < b; a=b ou a>b

37
Exemplos:

1. Disponha em ordem crescente os seguintes números reais 0, 7, 0, 71, 0, 7, 3/4, 2 /2
e 18/25.

Resolução: A melhor forma de comparar dois ou mais números reais é escrevê-los


em sua forma decimal. Reescrevendo os números acima em sua forma decimal e em
ordem crescente temos:

0, 7 < 0, 70710678... < 0, 71717171... < 0, 72 < 0, 75 < 0, 7777...

Ou, equivalentemente:

2 18 3
0, 7 < < 0, 71 < < < 0, 7
2 25 4

2. Considere as seguintes desigualdades e represente-as na reta numerada.

a) x ≤ 2;
b) x ≥ 1;
c) −5 < x ≤ 2;
d) −3 ≤ x < 1.

Respostas:

Como vimos no exemplo acima, desigualdades podem ser representadas, na reta real,
por intervalos de números reais. Estes intervalos também podem ser expressos na forma
da notação de intervalo.

38
Considerando que os intervalos podem ser limitados ou não-limitados e sejam a e
b dois números reais quaisquer, temos como intervalos limitados:

Desigualdade Tipo de intervalo Notação


a≤x≤b Fechado [a, b]
a<x<b Aberto ]a, b[
a≤x<b Fechado-aberto [a, b[
a<x≤b Aberto-fechado ]a, b]

E como intervalos não-limitados:

Desigualdade Tipo de intervalo Notação


x≥a Fechado [a, +∞[
x>a Aberto ]a, +∞[
x≤b Fechado ] − ∞, b]
x<b Aberto ] − ∞, b[

Observações

1. Intervalos não-limitados tem um só extremo.

2. Alguns autores usam para o intervalo aberto à esquerda usam “(” no lugar de “]” e
para o aberto a direita “)” no lugar de “[”. Exemplo:
5 < x < 8 ⇒ (5, 8)

Em nosso livro não usamos esta notação com parênteses para intervalo aberto por
achar mais conveniente a notação com colchetes e para não confundir a notação
de intervalo com a notação de par ordenado (e ponto) onde sempre é usado, por
todos os autores, os parênteses. No entanto, acreditamos que o estudante deve estar
ciente das duas notações para intervalo para quando se deparar com autores e/ou
professores que prefiram a notação diversa da usada em nosso livro.

39
Em resumo, há três formas de representar um intervalo de números reais:

1) Usando as desigualdades.
a≤x<b

2) Usando a notação de intervalo.


[a, b[

3) Usando a reta numerada.

Dentro do conjunto dos números reais podemos falar, além da adição, subtração,
multiplicação e divisão, de outras duas operações aritméticas básicas: a exponenciação
ou potenciação e a radiciação. Vamos estudá-las nas seções a seguir.

1.6.3 Potenciação com expoente inteiro


Vamos começar, agora, a estudar a potenciação e suas propriedades, começando por
apresentar a definição de potenciação com expoentes inteiros e também suas propriedades.
Inicialmente vamos definir a potenciação com expoentes inteiros positivos, mas ao estudar
as propriedades da potenciação perceberemos que o expoente pode ser qualquer número
inteiro. Um pouco mais à frente, após definirmos e estudarmos a radiciação, estudaremos a
potenciação com expoentes racionais que é uma forma diferente de representar a radiciação
e que tem as mesmas propriedades que a potenciação com expoente inteiro.

A notação exponencial é utilizada para diminuir/encurtar produtos de fatores que se


repetem.

Exemplos

1. O produto 5 · 5 · 5 · 5 · 5 · 5 pode ser escrito como 56 , ou seja, 5 · 5 · 5 · 5 · 5 · 5 = 56 .

2. O produto (x + 1)(x + 1)(x + 1) pode ser escrito como (x + 1)3 , ou seja, (x + 1)(x +
1)(x + 1) = (x + 1)3

40
Então, seja a um número real, uma variável ou uma expressão algébrica, e n um
número inteiro positivo, temos que:

| · a ·{z· · · · a}
an = a
n f atores

onde n é o expoente, a é a base.


CUIDADO: A base de −52 é 5. O produto de n fatores de um número negativo é
escrito como (−a)n . Por exemplo, (−5)3 .
A potenciação tem algumas propriedades que são bastante úteis. Vamos enunciá-las
e ver alguns exemplos de seu uso.
Sejam u e v números reais, variáveis ou expressões algébricas e m e n números inteiros,
onde todas as bases são diferentes de zero, valem as seguintes propriedades da potenciação:

1. um un = um+n
Exemplo: 52 · 53 = 52+3 = 55
um
2. un
= um−n
65
Exemplo: = 65−2 = 63
62
3. u0 = 1
Exemplo: 70 = 1

4. u−n = 1
un
1
Exemplo: x−4 =
x4
5. (uv)m = um v m
Exemplo: (3x)2 = 32 x2 = 9x2

6. (um )n = umn
Exemplo: (y 2 )4 = y 2·4 = y 8
( u ) m um
7. = m
v v( )
3
x x3
Exemplo: = 3
y y

Estas propriedades podem ser usadas, por exemplo, para simplificar expressões
algébricas que envolvam potências. Vejamos exemplos simples.

41
Exemplo: Simplifique as seguintes expressões algébricas.

a) z = 3x(x2 y 5 )(5y 3 x7 )
Resolução: Fazendo as contas temos:
z = 3x(x2 y 5 )(5y 3 x7 ) = (3 · 5)(x · x2 · x7 )(y 5 · y 3 ) = 15x10 y 8
4a4 b3
b) z =
5ab6
Resolução: Fazendo as contas temos:
4a4 b3 4a4 a−1 4a3
z= = =
5ab6 5b6 b−3 5b3
( )−3
2x2
c) z =
5
Resolução: Fazendo as contas temos:
( 2 )−3 ( )3
2x 5 53 125
z= = 2
= 3 2 3
= 6
5 2x 2 (x ) 8x

1.6.4 Radiciação
Para relembrarmos o que é a operação de radiciação e estudarmos suas propriedades,
vamos começar relembrando a definição de raiz n-ésima de um número real.
Sejam n um número inteiro maior que 1 e a e b números reais.

1. Se bn = a, então b é uma raiz n-ésima de a.



b= na

2. Se a tem uma raiz n-ésima, então a principal raiz n-ésima de a é aquela com
mesmo sinal de a.

A principal raiz n-ésima de a é denotada por n a. O número inteiro positivo n é
chamado ı́ndice do radical e a é chamado radicando.
Desta definição para raiz n-ésima, temos que:

1. Todo número real tem exatamente uma raiz n-ésima real quando n é ı́mpar.

Exemplo: 3 8 = 2

2. Quando n é par, os números reais positivos têm duas raı́zes n-ésimas reais.

Exemplo: 4 81 = ±3

42
3. Quando n é par, os números reais negativos NÃO têm raı́zes n-ésimas reais.

Exemplo: 4 −81 @

4. Quando n = 2 uma notação especial é usada para indicar a raiz: omitimos o ı́ndice
√ √
e escrevemos a no lugar de 2 a.

5. Se a é um número real positivo e n um inteiro par positivo, suas duas raı́zes n-ésimas
√ √
são denotadas por n a e - n a.

A radiciação tem algumas propriedades que são bastante úteis. Vamos enunciá-las e
ver alguns exemplos de seu uso.
Sejam u e v números reais, variáveis ou expressões algébricas e m e n números inteiros
positivos e maiores que 1, onde estamos supondo que todas as raı́zes são números reais
e que todos os denominadores são diferentes de zero, valem as seguintes propriedades da
radiciação,:
√ √ √
1. uv = n u · n v
n
√ √ √ √ √
Exemplo: 605 = 121 · 5 = 121 · 5 = 11 5
√ √
u n
u
2. n
= √
v n
v √ √
3
243 3 243

Exemplo: √3
=
3
= 27 = 3
9 9
√ √ √
3. m n u = m·n u √
3 √ √
3·2

6
Exemplo: 50 = 50 = 50
(√n
)n
4. u =u
(√ )2
Exemplo: 3 =3

n
(√ )m
5. um =n
u
√ ( √ )2
3
125 = 52 = 25
3
Exemplo: 1252 =
{

n |u|, para n par
6. un =
u, para n ı́mpar

i) (−5)2 = | − 5| = 5
Exemplo: √
ii) 3 (−5)3 = −5

As propriedades da radiciação citadas acima podem ser utilizadas para, por exemplo,
simplificar expressões que contenham raı́zes de números reais ou para racionalizar frações
que contenham radicais no denominador.

43
Exemplos

1. Simplifique as expressões a seguir:



a) z = 675
Resolução:
√ √ √ √ √
z= 675 = 3·3·3·5·5= 32 · 3 · 52 = 3 · 5 · 3 = 15 3

b) z = 2x2 y 2
Resolução:
√ √ √
z= 2x2 y 2 = 2(xy)2 = |xy| 2

c) z = 3 −48x6
Resolução:
√ √ √ √
−48x6 = (−2)3 · 2 · 3 · (x2 )3 = −2x2 2 · 3 = −2x2 6
3 3 3 3
z=

d) z = 45x2
Resolução:
√ √ √
z= 45x5 = 32 · 5 · x2 · x2 · x = 3x2 5x
√ √
e) z = 2 363 − 27
Resolução:
√ √ √ √ √ √ √
z = 2 3 · 112 − 3 · 32 = 2 · 11 3 − 3 3 = 22 3 − 3 3 = 19 3

2. Racionalize as seguintes frações:



3
a) z =
5
Resolução: √ √ √ √ √ √
3 3 3 5 3·5 15
z= =√ =√ ·√ = √ =
5 5 5 5 52 5

x3
b) z = 6 4
y
Resolução:
√ √ √ √ √ √
6 6
6 x
3 x3 x3 6 y 2 6
x3 y 2 6
x3 y 2
z= = √ = √ · √ = √ =
y4 6
y4 6
y4 6 y2 6
y6 |y|

44
1.6.5 Potenciação com expoente racional
Nas últimas subseções, definimos e trabalhamos com exponenciais (números ou ex-
pressões) com expoentes inteiros. No entanto, os expoentes de uma potência podem ser
quaisquer números racionais (fracionários) e, por isto, precisamos também aprender a
trabalhar com potências de expoentes racionais.
Para tanto, vamos definir a potência com expoente racional.

Seja x um número real, variável ou expressão algébrica e n um inteiro maior que 1.


Temos que:

x1/n = n x

Se m e n são inteiros positivos, m/n é uma fração na forma reduzida e todas as


raı́zes são números reais, então:

xm/n = (u1/n )m = ( n x)m
e

xm/n = (um )1/n = n
xm

Ou seja, toda potência com expoente racional na forma de uma fração re-
duzida corresponde a uma raiz e vice-versa.

Exemplos

1. Converta os radicais a seguir para potências equivalentes.

a) z = x7/3

3
Resposta: z = x7/3 = x7
b) z = x1/3 y 4/3

Resposta: z = x1/3 y 4/3 = x1/3 (y 4 )1/3 = (xy 4 )1/3 = 3 xy 4
c) z = x−2/3
1 1
Resposta: z = x−2/3 = = √
x2/3 3
x2
2. Converta as seguintes potência para seus respectivos radicais.
√3
a) z = 2x2
√3
Resposta: z = 2x2 = (2x2 )1/3 = 21/3 x2/3
1
b) z = √5
x6
1 1
Resposta: z = √ 5
= 6/5 = x−6/5
x6 x

45
Vale ressaltar que, no caso de expressões numéricas ou algébricas envolvendo radiciação
e potenciação e as outras operações aritméticas, resolvemos as operações na seguinte
ordem:

i) primeiro as potências e radicais;

ii) em seguida as multiplicações e divisões; e

iii) por último, as adições e subtrações.

Vejamos o exemplo a seguir.

Exemplo: Resolva as seguintes expressões numéricas.

a) x = [(52 − 6 · 22 ) · 3 + (13 − 7)2 ] : 5


Resolução:

x = [(52 − 6 · 22 ) · 3 + (13 − 7)2 + 1] : 5


x = [(25 − 6 · 4) · 3 + (6)2 + 1] : 5
x = [(25 − 24) · 3 + 36 + 1] : 5
x = [1 · 3 + 36 + 1] : 5
x = [3 + 36 + 1] : 5
x = 40 : 5
x = 8

b) x = −(−2) · 3 + (−1) · 0 − 25 − 32 − 53 : 25
Resolução: √
x = −(−2) · 3 + (−1) · 0 − 25 − 32 − 53 : 25

x = −(−2) · 3 + (−1) · 0 − 25 − 9 − 125 : 25

x = 6 − 0 − 16 − 5
x = 6−0−4−5
x = −3

46
1.7 Propriedades básicas da Álgebra
O uso e traquejo das propriedades básicas da álgebra é extremamente importante.
Por este motivo, dedicamos esta breve seção para reapresentar este tópico de matemática
elementar e, desta forma, sanar as possı́veis dúvidas dos alunos. Em todo o livro, estas
propriedades serão comumente utilizadas na resolução dos mais variados problemas e
exemplos e, como podemos perceber, elas são simples e já estão em nossa mente e cotidiano
ao trabalharmos com números e expressões matemáticas. Vamos a elas.
Sejam u, v e w números reais, variáveis ou expressões algébricas. Valem as seguintes
propriedades:

1. Propriedade comutativa
Adição: u + v = v + u
Multiplicação: uv = vu

2. Propriedade associativa
Adição: (u + v) + w = u + (v + w)
Multiplicação: (uv)w = u(vw)

3. Propriedade do elemento neutro


Adição: u + 0 = u
Multiplicação: u · 1 = u

4. Propriedade do elemento inverso


Adição: u + (−u) = 0
Multiplicação: u · u1 = 1, u ̸= 0

5. Propriedade distributiva
Multiplicação com relação a adição:

u(v + w) = uv + uw; (u + v)w = uw + vw

Multiplicação com relação a subtração:

u(v − w) = uv − uw; (u − v)w = uw − vw

47
1.8 Exercı́cios
1. Classifique em verdadeira (V) ou falsa (F) cada uma das senteças a seguir:

a) ( ) {1} ∈ {1}
b) ( ) {1} ⊆ {1}
c) ( ) 1 ∈ {1}
d) ( ) ∅ ∈ {1}
e) ( ) ∅ ⊆ {1}

2. Dados os conjuntos A = {0, 1}, B = {0, 2, 3} e C = {0, 1, 2, 3}, classifique em


verdadeiro (V) ou falso (F) cada afirmação abaixo.

a) ( ) A ⊂ B
b) ( ) {1} ⊂ A
c) ( ) A ⊂ C
d) ( ) B ⊃ C
e) ( ) B ⊂ C
f) ( ) {0, 2} ∈ B

3. Se A ⊂ B ⊂ C e x ∈
/ B, então, necessariamente:

a) ( ) x ∈
/C
b) ( ) x ∈ A
c) ( ) x ∈ C
d) ( ) x ∈
/A
e) ( ) x ∈ A ou x ∈ C

4. Dados os conjuntos A = {2, 4, 6, 8, 10, 12}, B = {3, 6, 9, 12, 15} e C =


{0, 5, 10, 15, 20}, determine:

a) A ∪ B
b) A ∩ B
c) A ∩ C
d) A ∪ C

48
e) B ∪ C
f) A ∩ B ∩ C
g) A ∪ B ∪ C
h) A ∩ (B ∪ C)
i) (A ∩ B) ∩ (B ∪ C)

5. Dados os conjuntos abaixo: A = {1, 3, 4, 7, 8, 9}, B = {1, 2, 3, 4, 5} e C = {1, 3},


podemos fazer as seguintes afirmações sobre eles: i) C ⊆ A; ii) C ⊆ B; iii) B * A;
e iv) A * B. Usando as noções de subconjuntos, podemos fazer outras afirmações
sobre os conjuntos A, B e C? Quais?

6. Sejam A, B e C conjuntos finitos. O número de elementos de A ∩ B é 30, o número


de elementos de A ∩ C é 20 e o número de elementos de A ∩ B ∩ C é 15. Determine
o número de elementos de A ∩ (B ∪ C).

7. Se A, B e A ∩ B são conjuntos com 90, 50 e 30 elementos, respectivamente, qual o


número de elementos do conjunto A ∪ B?

8. Sabendo-se que {a, b, c, d}∪X = {a, b, c, d, e}, {c, d}∪X = {a, c, d, e} e {b, c, d}∩X =
{c}, determine o conjunto X?

9. Sejam ♯A = 2, ♯B = 3 e ♯C = 4, então é verdadeiro que:

a) ♯(A ∩ B) ≤ 1
b) ♯(A ∪ C) ≤ 5
c) ♯((A ∩ B) ∩ C) ≤ 2
d) ♯((A ∪ C) ∩ C) ≤ 2
e) ♯(A ∩ ∅) ≥ 2

10. Sejam A, B e C conjuntos finitos. O número de elementos de A ∩ B é 45; o número


de elementos de A ∩ C é 40 e o número de elementos de A ∩ B ∩ C é 25. Determinar
o número de A ∩ (B ∪ C).

11. Resolva as seguintes expressões numéricas:

a) x = 2 + 3 · 5 · 2 + 1
b) x = 3 · 2(3 + 1) + 7
c) x = (1 + 2) + (3 + 4) · (5 + 6) + 7

49
d) x = 3{9 + [1 + 4 · (2 + 2) · 5] + 1}
e) x = 2 − 3 · 5 · 2 + 1
f) x = 3 · 2(3 + 1) − 7 · 4 + 2
g) x = (1 + 2) + (3 − 4) · (5 + 6) − 7
h) x = 3{9 + [1 + 4 · (2 − 2) · 5] + 11}
i) x = 80 − 6 · 7 + 5
j) x = 80 − (6 · 7 + 5)
k) x = (80 − 6) · (7 + 5)

12. O que podemos afirmar sobre dois números não nulos que possuem o mesmo módulo?

13. Calcule o valor de:

a) x = |4 − 7|
b) x = | − 4| + | − 6|
c) x = 13 + | − 5| − | − 3 − 6|
d) x = 2 − | − 4| + |3|

14. Carlos recebe R$ 700,00 de salário. Neste mês ele vai pagar R$ 50,00 de telefone,
R$ 40,00 de água, R$ 60,00 de luz, R$ 300,00 no cartão de crédito e R$ 190,00 de
combustı́vel. Após pagar todas as contas, Carlos terá algum dinheiro para ir ao
cinema com sua namorada?

15. Escreva cada uma das frações a seguir em sua forma decimal.

5
a) x =
4
5
b) x =
12
3
c) x =
8
9
d) x =
5
7
e) x =
4
7
f) x =
2
1
g) x =
5

50
16. Calcule o valor de x nas expressões a seguir:

1 5 2
a) x = − +
6 4 3
( ) ( )
1 1 4 2 1
b) x= − + − −
2 3 7 7 21
( ) ( )
1 1 7 5
c) x=1+ − − −
2 5 4 4
( )
5 1/2 1 2
d) x=3+ · − +
2 7/4 9 11
( ) ( )
2/3 3 10 5 1
e) x= + · − : +2
2/5 7 4 6 3
[ ( ) ( )]
1 8 1 3 7 2
f) x= − + − :
2 5 3 5 4 3

17. Determine a fração irredutı́vel que é a geratriz de cada uma das dı́zimas periódicas:

a) x = 0, 666 . . .
b) x = 2, 05252 . . .
c) x = 3, 444 . . .
d) x = 1, 326363 . . .
e) x = 0, 05431431 . . .
f) x = 2, 13131313 . . . ;
g) x = 1, 32525 . . . .

18. Calcule o valor de x nas seguintes expressões.

2
a) x =
0, 666 . . .
1
+ 13
b) x = 0, 222 · · · + 5
3
5
− 15
1

√ 16
c) x = 0, 444 · · · +
0, 888 · · ·
0, 35
d) x =
2, 27
5
0, 2
e) x = 1 − 2

3
0, 25
f) x = 1, 32 + 0, 435

51
g) x = −2, 47 + 15 − 1, 8
h) x = 9, 45 : 1, 2 + 4 · 0, 45
i) x = 34, 1 − 21 · 2, 3 + 1, 2 : 0, 35
j) x = 1, 25 · 3, 2 · 4, 8 − 1, 2 : 0, 05

19. Seja a/b a fração geratriz da dı́zima 1, 3636 . . . . Qual é a dı́zima periódica equiva-
lente à fração b/a.

20. Um auditório está sendo ladrilhado com cerâmica. O pedreiro começou a trabalhar
1 3
ontem e conseguiu ladrilhar do auditório. Hoje ele ladrilhou mais . Nesses dois
7 8
dias já foram assentados 870 ladrilhos. Quantos ladrilhos, ao todo, serão colocados
no auditório?

21. O reservatório de água do condomı́nio estava completamente vazio quando uma


bomba de água foi ligada para enchê-lo. Anteontem, primeiro dia da bomba, ela
1 1
encheu do reservatório e ontem ela encheu mais do reservatório. Se ainda faltam
4 3
15000 litros para completar o reservatório, qual a capacidade deste?

22. Sejam a, b e c números reais quaisquer, classifique cada uma das afirmações abaixo
como verdadeira (V) ou falsa (F). No caso de uma afirmação falsa, justifique sua
resposta.

a) a > b ⇔ a2 > b2
b) a > b ⇔ ac > bc

c) a2 + b2 ≥ a
d) a2 = b2 ⇔ a = b
e) a3 = b3 ⇒ a = b
f) a4 = 16b4 ⇒ a = 2b ou a = −2b
g) a2 + b2 = 0 ⇒ a = b = 0
h) a3 + b3 = 0 ⇒ a = b = 0

23. Converta a notação de intervalo para desigualdade e vice-versa. Faça a representação


gráfica destes intervalos.

a) −4 < x ≤ 7;
b) ] − ∞, −3];
c) ] − ∞, +∞[;

52
d) [4, 8];
e) x > 3;
f) x ≤ 4.

24. Represente os intervalos em termos da notação de conjuntos e da reta real.

a) [3, 9]
b) [−3, 7[
c) ] − 1, 3[
d) ]0, +∞[
e) ] − 2, 5[
f) ] − ∞, +∞[
g) ]2, 9]
h) [3, 6[

25. Dados os intervalos A = [−3, 3[, B = ]0, +∞[ e C = ] − ∞, 2], determine:

a) A ∩ B
b) A ∩ C
c) B ∩ C
d) A ∩ B ∩ C
e) A ∪ C
f) A ∪ B ∪ C
g) B ∪ C

26. Considere os números reais x e y que obedecem à desigualdade 0 < x < y < 1 e
faça o que se pede:

a) represente estes números e o intervalo considerado na reta numerada;


b) represente, na mesma reta numerada, o ponto z = xy.

27. Simplifique as raı́zes removendo fatores do radicando:



a) z = 500

b) z = 3 500

53

4
c) z = 192

d) z = 3 −27x3 y 7

e) z = 363x4 y 5

28. Escreva as expressões a seguir na forma de potência:



a) f = x+1

b) f = 3x 3 x2 y

c) f = 5 x3 y 4

d) f = 3 x3 y 6

e) f = xyz 3 xy 2

29. Escreva as expressões a seguir na forma de um radical:

a) f = x1/2 y 3/2
b) f = y −1/3
c) f = x4/5 y 3/5 z −1/5
( )−1/2
x
d) f =
y

30. Determine o valor de:

a) x = −72
b) x = −53
c) x = (−2)5

31. Calcule o valor das expressões:


√ √
a) x = 5 ( 5 + 3)
√ √
b) x = (3 + 2 )(3 − 2 )
√ √ √ √
c) x = (3 2 + 7 3 )( 2 − 3 )

d) x = (5 + 3 )2

32. Calcule o valor de x nas expressões a seguir:


( ) 2 ( )2
1 3 5
a) x = − ·
2 4 7

54
( )3 1
3
b) x= − 382
2 4
( )2
1
c) x = −|3|3 + − | − 4|2
3
( )3
|(−5)3 | 5
d) x= : −
3 8
( )1/2 ( )3/2
1 1
e) x= · + 6−1/2
3 2
√3
64 (1/2)3
f) x= − 5
1/3 3
4 3
g) x = (22 )3 · 22 : (23 )2

33. Simplifique as expressões:

10−5 · 10−4
a) z =
102 · 10−5
5 7
33 · 32
b) z = 1
36
4 3
xy
c) z = 2 5
xy
(3x2 )3 y 4
d) z =
3y 2
( )−3
3
e) z =
xy
(x−4 y 3 )−2
f) z =
(y 5 y −4 )−3
( 3 )( 2 )
4a b 3b
g) z = 2 3
ab 2a2 b4

∗ ∗ ∗

55
Capı́tulo 2

Noções Iniciais de Funções

Este livro, como já foi dito antes, tem por objetivo principal apresentar um estudo
introdutório sobre funções reais de variáveis reais, sem fazer uso das noções e conceitos
relacionados a limite e derivada. Ou seja, queremos estudar funções com as ferramentas do
Ensino Médio para que o estudante possa, após o estudo dos capı́tulos deste livro, iniciar
um curso de Cálculo Diferencial e Integral sem as dificuldades que, hoje em dia, boa
parte dos estudantes universitários que iniciam um curso na área de Ciências e Tecnologia
encontram.
Começamos o livro com a revisão de conjuntos numéricos e operações aritméticas do
capı́tulo 1 e agora, no capı́tulo 2, apresentamos as as noções gerais de funções (definição,
domı́nio, contra-domı́nio, imagem e algumas noções preliminares) para nos capı́tulos
seguintes estudar tipos especı́ficos e muito importantes de funções (funções poliomiais de
primeiro e sengundo graus, modular, exponencial, logarı́tmica, composta e trigonométrica)
cujo conhecimento será extremamente importante e até imprescindı́vel ao se estudar lim-
ites, derivadas e integrais em um curso ou texto de Cálculo Diferencial e Integral.
Ou seja, neste segundo capı́tulo do livro vamos estudar e revisar alguns importantes
conceitos relacionados a funções e aprender a fazer algumas simples análises dos gráficos
de funções.

56
2.1 Função: Definição e notações
Para começarmos a entender o conceito de função, comecemos imaginando duas
grandezas que apresentam alguma relação entre si. Por exemplo: instante de tempo e
posição de um carro.

Intante (s) Posição (m)


0 0
1 5
2 15
3 30
4 50
5 75

Há uma relação direta entre os elementos dos conjuntos instante de tempo e posição
do carro. Este tipo de relação chamamos de função.
Sejam A e B conjuntos. Uma função de A em B é uma “regra” que associa a cada
elemento x ∈ A um único elemento y ∈ B.
Para indicar uma função f de A em B escrevemos:

f: A → B

Nesta definição, temos que:

• A é chamado de domı́nio da função f e é denotado por Df ou D(f ) ou Dom(f ) ou


Domf ou Domf ;

• B é chamado de contra–domı́nio da função f ;

• o elemento y ∈ B associado ao elemento x ∈ A é chamado de imagem de x por f


e escrevemos y = f (x);

• a imagem de A por f , ou simplesmente, a imagem de f é a reunião das imagens


dos elementos de A. Usamos as seguintes notações para a imagem de f : Im(f ),
Imf , Imf f (A) ou f [A]. Portanto

Im(f ) = {f (x)| x ∈ A} ou

Im(f ) = {y ∈ B y = f (x) para algum x ∈ A}

57
Exemplo 1: Consideremos a função de A em B: representada no diagrama da
figura abaixo:

Neste exemplo temos:

⋄ domı́nio: D(f ) = {1, 2, 3, 4, 5}


⋄ contra–domı́nio: {a, c, d, 1, 2, 4}
⋄ imagem: Im(f ) = {a, d, 1, 4}

Note que a “regra” que associa a cada elemento do domı́nio um único elemento do
contra-domı́nio é dada pelas setas. Note, também, que a imagem de f não é igual ao seu
contra-domı́nio e que há elementos de B que não estão associados a nenhum elemento de
A.
A função do exemplo 1 pode ser especificada de outros modos. Por exemplo:

i) f :{1, 2, 3, 4, 5} → {1, 2, 4, a, c, d}

1 7→ 1
2 7→ a
3 7→ d
4 7→ d
5 7→ 4

58
ii) f :{1, 2, 3, 4, 5} → {1, 2, 4, a, c, d}

x f (x)
1 1
2 a
3 d
4 d
5 4

Quando a quantidade de elementos do domı́nio de uma função é muito grande ou


infinita, torna-se inconveniente e até mesmo impossı́vel apresentar a função listando seus
valores um a um. Precisamos de um “esquema mais geral”.

Exemplo 2: Tomemos como exemplo a função dada por:

f : IN → IN
f (x) = 2x

Temos:

⋄ domı́nio: D(f ) = IN

⋄ contra–domı́nio: IN

⋄ imagem: Im(f ) = {números pares positivos} ou


Im(f ) = {0, 2, 4, . . . }

Exemplo 3: Dada a função:

f : IN∗ → Q
I
1
f (x) =
x
Temos:

⋄ domı́nio: Domf = IN∗


⋄ contra–domı́nio: Q I
{ }
⋄ imagem: 1, 12 , 13 , 14 , . . .

59
Exemplo 4: Dada a função:

f : IN∗ → IR
1
f (x) =
x
Temos:

⋄ domı́nio: Domf = IN∗


⋄ contra–domı́nio: IR
{ }
⋄ imagem: 1, 12 , 13 , 14 , . . .

As funções dos exemplos 3 e 4 são iguais? Não! Pois têm contra-domı́nios diferentes.
Duas funções f e g são ditas iguais e escreve-se f = g ou f ≡ g se, e apenas se, as
funções f e g satisfizerem as 3 condições abaixo:

1. Domf = Domg

2. contra–domı́nio de f = contra-domı́nio de g

3. f (x) = g(x), ∀x ∈ Domf = Domg

Exemplo 5: Consideremos a função:

f : Z∗ → IR
1
f (k) =
k
Temos:

⋄ domı́nio: Domf = Z∗
⋄ contra–domı́nio: IR
{ }
⋄ imagem: 1, 12 , − 12 , 13 , − 13 , . . .

Note que apesar de possuirem o mesmo contra-domı́nio, as funções dos exemplos 4 e


5 não são iguais, pois têm domı́nios e imagens diferentes entre si.

60
Exemplo 6: Diga quais são, o domı́nio, o contra-domı́nio e a imagem da função f
dada por:

f : IN → IR
f (n) = (−1)n

Temos:

⋄ Domı́nio: Domf = IN

⋄ Contra-domı́nio: IR

⋄ imagem: Imf = {−1, 1}

Exemplo 7: Diga quais são, o domı́nio, o contra-domı́nio e a imagem da função f


dada por:

f : IN → IR

1 se n é par,
f (n) =
−1 se n é impar.

Temos:

⋄ Domı́nio: Domf = IN
⋄ Contra–domı́nio: IR
⋄ imagem: Imf = {−1, 1}

Lembrando que 
1 se n é par,
n
(−1) =
−1 se n é impar.

Vemos que as funções dos exemplos 6 e 7 são iguais.

61
Exemplo 8: Diga quais são, o domı́nio, o contra-domı́nio e a imagem da função f
dada por:

f : IN → Z



x
2
, se x é par
f (x) =


− x+1
2
, se x impar
Temos: Domf = IN e contra–domı́nio = Z. Para encontramos a imagem de f ,
vamos entender o “funcionamento” de f calculando alguns valores dessa função:

x f (x) x f (x) x f (x)


0 0 5 -3 10 5
1 -1 6 3 11 -6
2 1 7 -4 12 6
3 -2 8 4 13 -7
4 2 9 -5 14 7

Vamos apresentar os valores tabelados acima usando um esquema gráfico. Desta


forma, temos que:

Da figura, percebemos que Imf = Z.


Exemplo 9: Considere a função f dada por:

f : IR → IR
f (x) = 3

Temos:

⋄ Domf = IR
⋄ contra–domı́nio = IR
⋄ Imf = {3}

Este é um exemplo de função constante.


Estudaremos mais detalhadamente este e outros tipos de funções nos próximos
capı́tulos. Por hora vamos apresentar nossa convenção sobre domı́nio e contra-domı́nio
de funções.

62
2.2 Domı́nio e contra-domı́nio
Vamos trabalhar, basicamente, com funções de variável real. Ou seja, funções cujos
domı́nios são subconjuntos dos reais e que assumem valores reais (as imagens também são
subconjuntos dos reais).
Nestes casos, é comum fornecer apenas a “fórmula” ou “regra” que define a função,
ficando convencionado que:

a) o domı́nio é o mais amplo subconjunto dos reais para o qual a “fórmula” ou “regra”
dada não tem restrições;

b) o contra-domı́nio será sempre o conjunto dos reais.

Exemplos:

1. Considere a função f (x) dada por:

1
f (x) =
x
Quais são o domı́nio e o contra-domı́nio de f (x)?
Resposta: Temos:

• contra–domı́nio: IR
• Domf = {x ∈ IR x ̸= 0} = IR∗

2. Determinar o domı́nio da função


1
f (x) =
3x − 2

Domf = {x ∈ IR 3x − 2 ̸= 0}

Resposta: Como não há divisão por zero, a função f (x) está definida para todos
os números reais, x ∈ IR, exceto para os valores de x que satisfazem a equação:
2
3x − 2 = 0 =⇒ 3x = 2 =⇒ x =
3
Assim, temos que:

Domf = {x ∈ IR x ̸= 2/3} = IR − {2/3}

63
Para determinarmos o domı́nio de uma função real verificamos, sempre, os valores de
x que tornam a função indeterminada. O domı́nio da função é o conjunto dos reais menos
estes valores. Ou seja, é o subconjunto dos reais que contém os números reais com exceção
dos valores que tornam a função indeterminada.

2.3 Imagem
Já foi dito que a imagem de uma função é o conjunto de valores de y que satisfazem a
expressão y = f (x) para os valores de x do domı́nio da função.
Vamos aprender a determinar o conjunto imagem de cada tipo de função estudada em
nosso livro e de combinações delas.
Por hora, vale dizer que podemos determinar não o conjunto imagem de uma função
mas a imagem da função y = f (x) para um dado valor de x. Por exemplo, y0 = f (x0 )
é a imagem da função para x = x0 . Esta imagem da função no ponto x = x0 também é
chamada de valor numérico da função em x = x0 .
1
Exemplo: Determine a imagem da função f (x) = + x em:
x2 −4
a) x0 = 0
Resolução: A imagem da função em x = x0 é y0 = f (x0 ), assim temos que:
1 1 1
f (x) = 2 + x =⇒ y0 = f (0) = 2 +0=−
x −4 0 −4 4
b) x0 = 1
Resolução: Neste caso, temos que a imagem da função para x0 = 1 vale:
1 1 1 2
f (x) = 2 + x =⇒ y0 = f (1) = 2 +1=− +1=
x −4 1 −4 3 3
c) x0 = 2
Resolução: Neste caso, temos que:
1 1 1
f (x) = 2 + x =⇒ y0 = f (2) = 2 + 2 = + 1 =⇒ y0 ̸ ∃
x −4 2 −4 0
1
A função f (x) = + x não tem imagem para x0 = 2, pois o ponto x0 = 2 não
x2 − 4
pertence ao domı́nio de f (x).

64
2.4 Plano Cartesiano
Antes de continuarmos nosso estudo a cerca da teoria geral de funções devemos lembrar
que as funções que estudamos costumam modelar problemas e situações do cotidiano e,
no geral, é mais fácil estudar uma função através de sua representação gráfica.
Assim, em nosso livro, vamos aprender a construir e representar o gráfico de algumas
funções simples. Para isto precisamos, antes, definir e entender o plano cartesiano e
aprender a localizar pontos neste plano. Mas, para isto, precisamos, em primeiro lugar,
definir o que é par ordenado e como um par ordenado pode ser utilizado para representar
um ponto no plano cartesiano.

Um par ordenado é um conjunto de dois números reais em certa ordem. Usa-se a


notação (a, b) para indicar o par ordenado onde a é o primeiro elemento e b é o segundo
elemento.
Vejamos os seguintes exemplos.

1. (1, 3) é o par ordenado em que o primeiro elemento é 1 e o segundo elemento é 3.

2. (3, 1) é o par ordenado em que o primeiro elemento é 3 e o segundo elemento é 1.

Note que os pares ordenados (1, 3) e (3, 1) diferem entre si pela ordem de seus
elementos.

Os pares ordenados representam coordenadas de pontos. Assim, podemos dizer que


o primeiro par ordenado refere-se às coordenadas do ponto P1 = (1, 3) e o segundo par
ordenado refere-se às coordenadas do ponto P2 = (3, 1).
A maneira geométrica de representar os pontos ou pares ordenados é localizá-los em
um sistema de coordenadas, ou seja, localizá-los no plano denominado plano cartesiano.

Para localizar um ponto ou um par ordenado no plano usaremos a noção de Sistema


de Coordenadas Cartesianas no Plano ou Plano Cartesiano. Este sistema de
coordenadas também é chamado de Sistema de Coordenadas Retangulares, pois os
eixos formam ângulos de 90◦ entre si.

65
Para definirmos um sistema de coordenadas cartesianas:

1. Fixamos um ponto no plano que será chamado de origem e será denotado por O.

2. Escolhemos duas retas do plano (que denotaremos por x e y) perpendiculares entre


si, que passem pela origem O. Chamaremos estas retas de eixos (eixo x e eixo y).
Em geral, escolhemos uma reta horizontal, que chamamos de eixo x e uma reta
vertical que chamamos de eixo y.

3. Para cada um dos eixos fixamos um sentido que será considerado positivo. Em geral,
da esquerda para a direita para o eixo x e de baixo para cima, para o eixo y.

4. Para cada um dos eixos definimos uma escala, associando assim cada ponto do eixo
a um número real. Associamos a origem O ao número zero. A partir da origem, no
sentido positivo do eixo, associamos, de forma crescente, os números reais positivos.
E a partir da origem no sentido negativo (sentido oposto ao positivo) associamos,
de forma decrescente, os números reais negativos.

Os procedimentos descritos acima nos dão o seguinte sistema de eixos coordenados,


onde a origem é a intersecção dos eixos.

66
Fixado um ponto A do plano, chamaremos:

⋄ y ′ a reta paralela ao eixo y que passa por A,

⋄ Ax o ponto de intersecção entre esta reta e o eixo x.

A coordenada xA (componente do ponto A em relação ao eixo x) é o número associado


ao ponto Ax . Ela é chamada de abscissa do ponto A. E o eixo x é chamado de eixo da
abscissas.

Analogamente, fixado um ponto A do plano, chamaremos:

⋄ x′ a reta paralela ao eixo x que passa por A,

⋄ Ay o ponto de intersecção entre esta reta e o eixo y.

67
A coordenada yA (componente do ponto A em relação ao eixo y) é o número associado
ao ponto Ay . Ela é chamada de ordenada do ponto A. E o eixo y é chamado de eixo
da ordenadas.
Assim, cada ponto A do plano será associado a um par de números reais xA e yA .

Chamamos (xA , yA ) ∈ IR2 de coordenadas (ou componentes) cartesianas do ponto A


no plano. Chamamos xA ∈ IR de abscissa do ponto A. E yA ∈ IR de ordenada do ponto
A.

Analogamente, para localizar pontos no plano a partir de suas coordenadas, como por
exemplo o par ordenado P = (xP , yP ), vamos:

⋄ traçar a reta y ′ paralela ao eixo y que corta o eixo x em x = xP

68
⋄ traçar, a seguir, a reta x′ paralela ao eixo x que corta o eixo y em y = yP

⋄ a intersecção entre as retas y ′ e x′ traçadas acima dá a localização do ponto P =


(xP , yP ).

Vamos aos exemplos a seguir para treinar um pouco o explicado acima.

69
Exemplos:

1. Fixado um sistema de coordenadas cartesianas no plano, representemos os pontos:

a) A = (0, 3);
b) B = (−2, −4);
c) C = (0, 2);
d) D = (3, −5);
e) E = (1, 6);
f) F = (−4, 0);
g) G = (−1, 1);
h) O = (0, 0);
( )
i) H = 0, − 13 .

Resposta: Na figura a seguir é mostrada a representação destes pontos no sistema


cartesiano.

70
2. Considere os pontos marcados no sistema de coordenadas da figura a seguir e diga
quais são as coordenadas de cada ponto.

Resposta: Traçando, para cada ponto, as retas paralelas aos eixos x e y que passam
nos pontos, obtemos o plano cartesiano da figura a seguir.

O que nos permite escrever, imediatamente, que as coordenadas(dos pontos


) da figura
5
são: A = (4, 2), B = (−4, −2), C = (2, −3), D = (−1, 0), E = − , 3 , F = (0, 2)
( ) 2
e G = 27 , −1 .

71
Uma noção bastante importante e necessária ao se trabalhar com o plano cartesiano é a
noção de quadrantes. Quando fixamos um sistema de coordenadas no plano IR2 dividimos
o plano em quatro quadrantes.

⋄ Primeiro Quadrante: {(x, y) ∈ IR2 | x > 0 e y > 0}.

⋄ Segundo Quadrante: {(x, y) ∈ IR2 | x < 0 e y > 0}.

⋄ Terceiro Quadrante: {(x, y) ∈ IR2 | x < 0 e y < 0}.

⋄ Quarto Quadrante: {(x, y) ∈ IR2 | x > 0 e y < 0}.

Estes quadrantes estão destacados e nomeados na figura a seguir.

Após apresentadas estas noções sobre sistemas de coordenadas cartesianas no plano


onde aprendemos a localizar pontos e a determinar as coordenadas de pontos no sistema
de coordenada cartesianas no plano, vamos apresentar algumas propriedades dos gráfciso
de funções, que podem ser estudadas diretamente pelo gráfico, para determinarmos essas
propriedades nos gráficos das funções elementares que estudaremos nos capı́tulos a seguir.

72
2.5 Gráficos de funções
As funções podem ser representadas e mais facilmente estudadas em termos de gráficos
cartesianos.
Para a construção de um gráfico (ou esboço de gráfico) de uma função precisamos
obter e estudar os limites e as derivadas da função em todo o domı́nio da função. No
entanto, só aprenderemos a estudar e utilizar adequadamente as derivadas de uma função
em um curso de Cálculo Diferencial e Integral, ou melhor dizendo, em um texto mais
avançado.
No Ensino Médio aprende-se a construir o ggráfico de uma função de forma alterna-
tiva. Nesta estratégia alternativa, para construirmos o gráfico de uma função precisamos
conhecer sua lei de correspondência (y = f (x)) e seu domı́nio.
Os passos para se construir uma função a partir destas duas informações são: costruir
uma tabela com valores de x (aleatoriamente escolhidos) e valores correspondentes de y
(calculados a partir da lei y = f (x)); representar cada par ordenado (a, b) como um ponto
do plano cartesiano; ligar os pontos marcados por meio de uma curva que é o gráfico da
função.
Esta estratégia, no geral, não é eficaz. POr isto, não vamos usá-la para a construção
dos gráficos das funções estudadas em nosso livro.
Para construirmos os gráficos das funções estudadas em nosso livro vamos analisar o
comportamento da função e determinar alguns pontos especı́ficos que pertecem ao gráfico
da função. Essa estratégia será detalhada e especificada para cada tipo de função estudada
e nos permitirá construir gráficos das funções elementares e também de combinações dessas
funções, como veremos em cada um dos capı́tulos a seguir.
Por enquanto, vamos aprender como determinar se uma curva num plano cartesiano re-
presenta uma função y = f (x) e, na seção seguinte, aprender a obter diversas informações
a respeito de uma função apenas analisando o seu gráfico no plano cartesiano.

A partir de uma curva no plano cartesiano, mesmo sem conhecer a expressão


matemática que está representada por esta curva, podemos determinar se ela representa
uma função y = f (x) a partir da seguinte regra:

“Um gráfico (curva) no plano cartesiano representa y como função de x se e


somente se nenhuma linha vertical (imaginária ou não) cruza a curva em
mais de um ponto.”

73
Esta é uma implicação direta da definição de função, onde temos que a função ‘leva’
um valor de x em um único valor de f (x).
Analiticamente, podemos dizer que toda vez que for possı́vel escrever y = f (x) com
um único valor de y, ou seja, isolar univocamente o y na expressão matemática, o gráfico
cartesiano de y como função de x corresponderá a uma função.

Exemplos

1. Determine se os gráficos representados no plano cartesiano são funções y = f (x).

Resposta: Usando a nossa regra para determinar se um gráfico no plano cartesiano


representa uma função vemos que: os gráficos das figuras (a) e (b) SÃO funções
y = f (x); e os gráficos das figuras (c) e (d) NÃO são funções y = f (x).

74
2. Determine se as expressões abaixo representam funções:

a) y + x = 9
Resolução: Isolando o y na expressão matemática:
y =9−x

Onde temos que a expressão final está escrita como y = f (x) e para cada valor
de x temos um único valor de y, portanto a expressão y = 9 − x representa
uma função.
b) y 2 + x2 = 9
Resolução: Isolando o y na expressão matemática:

y 2 = 9 − x2 =⇒ y = ± 9 − x2

Onde temos que a expressão de y em termos de x traz dois valores diferentes de



y para cada valor de x. Portanto, a expressão y = ± 9 − x2 NÃO representa
uma função y = f (x).
c) 3x2 + y = 0
Resolução: Isolando o y na expressão matemática:
y = −3x2

Onde temos que y = f (x) e, portanto, temos uma função.


d) 2x + 2y 3 = 0
Resolução: Isolando o y na expressão matemática:
√ √
2y 3 = −2x =⇒ y = 3 −x ==⇒ y = − 3 x

Onde temos y = f (x) e, portanto, uma função.

75
2.6 Análise visual de gráficos de funções
A partir da representação de uma função no plano cartesiano, podemos determinar
muitas informações a respeito do comportamento da função.
Vamos estudar algumas destas informações e, principalmente, aprender algumas
definições que nos serão muito importantes no estudo de gráficos. Depois poderemos
passar para nosso estudo sobre alguns dos principais tipos de funções.
Vale ressaltar que os conceitos e noções que serão apresentados nesta seção serão, no
geral, apresentados apenas graficamente e que seu estudo analı́tico e matematicamenete
rigoroso será feito em um curso/texto de cálculo diferencial e integral com o uso das noções
e ferramentas de limites e derivadas.

2.6.1 Continuidade de uma função


Uma das mais importantes propriedades da maioria das funções que modelam sistemas
do mundo real é o fato de serem contı́nuas.
Sem nos preocuparmos com definição analı́tica e falando apenas graficamente, uma
função é contı́nua num ponto se o gráfico da função não apresenta, naquele ponto, alguma
descontinuidade. Costuma-se dizer que uma função é contı́nua em todo o seu domı́nio se
o seu gráfico pode ser traçado “sem tirarmos o lápis do papel”.
Vamos a alguns exemplos gráficos, onde temos um exemplo de função contı́nua e
exemplos de funções com os vários tipos de descontinuidades.

76
Exemplos

1. Função contı́nua.
Uma função contı́nua tem seu gráfico traçado com uma única linha sem saltos ou
outras descontinuidades.

2. Função com descontinuidade removı́vel.


Uma função que possui uma descontinuidade removı́vel é uma função que tem um
ponto onde ela não está definida, mas que seu gráfico continua após a descon-
tinuidade como se fosse uma continuação da própria curva. Este tipo de descon-
tinuidade está mostrado na figura a seguir e é chamado de descontinuidade re-
movı́vel, pois a curva poderia tornar-se contı́nua se redefinissemos f (a).

77
3. Função com descontinuidade de salto (pulo).
Neste caso, no ponto onde a função é descontı́nua há um salto nos valores da função.
Como o caso apresentado na figura a seguir.

4. Função com descontinuidade infinita.


Uma função possui uma descontinuidade infinita em x = a se, neste ponto, o valor
da função vai para +∞ e/ou para −∞.

78
2.6.2 Funções crescentes, decrescentes e constantes
Outra propriedade de uma função que se pode perceber facilmente a partir de seu
gráfico está relacionada ao fato da função ser crescente, decrescente ou constante em um
intervalo.
Para estas propriedades vamos observá-las graficamente e, a seguir, defini-las analiti-
camente. Vamos a alguns exemplos.

Exemplos

1. Função crescente. A função representada no gráfico da figura a seguir é crescente


no intervalo ] − ∞, ∞[.

2. Função decrescente. A função representada no gráfico da figura a seguir é de-


crescente no intervalo ] − ∞, ∞[.

79
3. Função constante. A função do gráfico permanece constante em todo intervalo
] − ∞, ∞[.

4. A função da figura é decrescente de −∞ < x < a; constante de a < x < b; e


crescente de b < x < ∞. Como a função do gráfico abaixo, a maioria das funções
muda o seu crescimento/decrescimento em algum ou alguns pontos de seu domı́nio.

80
Analiticamente temos que uma função f é:

⋄ Crescente em um intervalo se, para quaisquer dois valores de x no intervalo, uma


variação positiva em x resulta em uma variação positiva em f (x)
Ou seja, x1 < x2 ⇒ f (x1 ) < f (x2 ) ou x2 − x1 > 0 ⇒ f (x2 ) − f (x1 ) > 0.
Quando isto ocorre para todos os valores de x do domı́nio f , dizemos que a função
é estritamente crescente.

⋄ Decrescente em um intervalo se, para quaisquer dois valores de x no intervalo,


uma variação positiva em x resulta em uma variação negativa em f (x)
Ou seja, x1 < x2 ⇒ f (x1 ) > f (x2 ) ou x2 − x1 > 0 ⇒ f (x2 ) − f (x1 ) < 0.
Quando isto ocorre para todos os valores de x do domı́nio f , dizemos que a função
é estritamente decrescente.

⋄ Constante em um intervalo se, para quaisquer dois valores de x no intervalo, uma


variação positiva em x resulta em uma variação nula em f (x).
Ou seja, x1 < x2 ⇒ f (x1 ) = f (x2 ) ou x2 − x1 > 0 ⇒ f (x2 ) = f (x1 ).

2.6.3 Funções limitadas e extremos local e absoluto de funções


Graficamente, é simples entender o conceito de função limitada. Assim, vamos apre-
sentar a definição de função limitada e de função não limitada nos gráficos dos exemplos
a seguir.

Exemplos

1. Função limitada inferiormente: Uma função f é limitada inferiormente se existe


algum número b que seja menor ou igual a todo número da imagem de f .

81
2. Função limitada superiormente: Uma função f é limitada superiormente se
existe algum número b que seja maior ou igual a todo número da imagem de f .

3. Função limitada: Uma função f é limitada se existe algum número a que seja
menor ou igual a todo número da imagem de f e, também, se existe número b que
seja maior ou igual a todo número da imagem de f .

82
4. Função não limitada: Há também os casos de funções que não são limitadas
inferiormente e nem superiormente, como a função mostrada na figura a seguir.

No curso/texto de Cálculo Diferencial e Integral, o estudante aprenderá a determinar


os limites inferior e superior de uma função através do cálculo de suas derivadas. Por
hora, seria possı́vel, por exemplo, usarmos as relações de desigualdade para verificar os
limites inferior e superior de algumas funções simples, mas não vamos nos focar nisto, pois
o objetivo em nosso livro é conhecer as noções gerais de funções e estudar alguns tipos
especı́ficos de funções e, para estes tipos especı́ficos, estudaremos os limites das imagens
das funções.

Muitos gráficos são caracterizados pelos “picos e vales” que apresentam quando mudam
o comportamento de crescimento para decrescimento e vice-versa.
Os valores extremos de uma função podem ser caracterizados como extremos locais
ou extremos absolutos.
A análise algébrica dos extremos de uma função será feita usando as ferramentas
matemáticas do Cálculo Diferencial e Integral pelo estudo das derivadas primeira e se-
gunda da função. Por hora, vamos aprender a identificá-los graficamente.
A distinção entre os tipos de extremos de uma função pode ser observada nos gráficos
dos exemplos a seguir.

83
Exemplos:

1. Gráfico com mı́nimo local em a e máximo local em b.

2. Gráfico com mı́nimo absoluto em a, e máximo local em b e mı́nimo local em c.

3. Gráfico com máximo absoluto em a.

84
2.6.4 Simetria: função par e função ı́mpar
A simetria de uma função pode ser caracterizada gráfica, numérica e algebricamente.
Vamos estudar a simetria das funções das três maneiras. E, mais ainda, vamos estudar
três tipos de simetria, embora apenas dois tipos estejam relacionados a funções.

a) Simetria em relação ao eixo y

Consideremos a função: f (x) = x2 − 1. Graficamente temos:

O gráfico parece o mesmo quando olhamos do lado esquerdo e direito do eixo y.


Numericamente temos que os valores da função para alguns valores da variável inde-
pendente x estão expressos na tabela abaixo.

x f (x)
−3 8
−2 3
−1 0
0 −1
1 0
2 3
3 8

85
Algebricamente, vemos que para todos os valores de x do domı́nio de f , temos:

f (−a) = f (a)
Funções com esta propriedade são chamadas de funções pares.

b) Simetria em relação ao eixo x

Consideremos a expressão: x = f (y) = y 2 . Graficamente temos que:

O gráfico parece o mesmo quando olhamos acima e abaixo do eixo x.


Numericamente temos que:

y x
−3 9
−2 4
−1 1
0 0
1 1
2 4
3 9

Gráficos deste tipo NÃO são gráficos de funções y = f (x)!!! Pois, para um certo valor
da variável independente x temos dois valores possı́veis para a variável dependente y.

86
c) Simetria em relação à origem

Consideremos a função: f (x) = x3 . Graficamente temos o esboço desta função


mostrado na figura a seguir.

O gráfico parece o mesmo quando olhamos tanto seu lado esquerdo para baixo quanto
seu lado direito para cima.
Numericamente temos que:

x f (x)
−3 −27
−2 −8
−1 −11
0 0
1 1
2 8
3 27

87
Algebricamente temos que para todos os valores de x do domı́nio de f :

f (−a) = −f (a)
Funções com esta propriedade são chamadas de funções ı́mpares.

Resumindo
Para se determinar se uma função é par devemos:

• Graficamente: observar sua simetria em relação ao eixo y;

• Algebricamente: verificar se f (−a) = f (a).

Para se determinar se uma função é ı́mpar devemos:

• Graficamente: observar sua simetria em relação à origem;

• Algebricamente: verificar se f (−a) = −f (a).

Para uma função y = f (x) onde:

• f (x) ̸= f (−x) e f (x) ̸= −f (−x)

• dizemos que a função y = f (x) não tem simetria definida.

Funções sem simetria definida podem ser separadas em uma parte par e outra parte
ı́mpar, tarefa que nem sempre é trivial e que deixamos para um texto mais avançado.
Vamos ao exemplo a seguir para ilustrarmos como determinar algebricamente quando
uma função é par ou ı́mpar ou não tem simetria definida.

88
Exemplo: Para cada função dada a seguir, determine algebricamente se ela é par,
ı́mpar ou se não tem simetria definida.

a) f (x) = x2 − 3
Resolução: Para verificarmos se a função é par ou ı́mpar devemos determinar a
forma de f (a) e de f (−a) e comparar os seus valores.
Determinando quanto vale f (a):
√ √
f (x) = x2 − 3 =⇒ f (a) = a2 − 3

Já f (−a) vale:


√ √ √
f (x) = x2 − 3 =⇒ f (−a) = (−a)2 − 3 = a2 − 3

Comparando as duas expressões acima temos que f (a) = f (−a), portanto a função

f (x) = x2 − 3 é par.
1
b) f (x) = 3
x
Resolução: Determinando quanto vale f (a), temos:
1 1
f (x) = 3 =⇒ f (a) = 3
x a
Já f (−a) vale:
1 1 1
f (x) = =⇒ f (−a) = = − = −f (a)
x3 (−a)3 a3
1
Como f (−a) = −f (a), temos que a função f (x) = é ı́mpar.
x3
1
c) f (x) = 3x2 −
x
Resolução: Calculando f (a), temos:
1 1
f (x) = 3x2 − =⇒ f (a) = 3a2 −
x a
Já f (−a) vale:
1 1 1
f (x) = 3x2 − =⇒ f (−a) = 3(−a)2 − = 3a2 +
x (−a) a

Comparando as expressões para f (a) e f (−a) temos que f (a) ̸= f (−a) e f (a) ̸=
1
−f (−a), portanto a função f (x) = 3x2 − não tem simetria definida.
x
Ao término deste capı́tulo onde apresentamos as principais noções da teoria geral de
funções, recomendamos aos estudantes entender e refazer todos os exemplos que fizemos
e, logo em seguida, fazer todos os exercı́cios a seguir.

89
2.7 Exercı́cios
1. Explique, com suas palavras, qual a diferença entre domı́nio, contra-domı́nio e im-
agem de uma função.

2. Diga qual é o domı́nio e o contra-domı́nio das funções a seguir:


{
f : IN −→ IR
a)
f (x) = 2x + 1
b) f : Z∗ −→ QI
2x+1
f (x) = x

3. Determine, algebricamente, o domı́nio das funções a seguir.

a) f (x) = x2 + 4
5
b) f (x) =
x−4
3x − 1
c) f (x) =
(x + 3)(x − 1)
1 2
d) f (x) = +
x x−1
x
e) f (x) = 2
x − 5x

f) f (x) = 9 − x2

x2 − 8
g) f (x) =
x−2

x2 − 8
h) f (x) = 2
(x + 1)(x + 1)

i) f (x) = x4 − 16x2

j) f (x) = 5 −x + 7
1+x
k) f (x) = √3
9 − x2


l) f (x) = 2 − x

4. Em cada item a seguir determine a imagem da função para x0 = −2, x1 = 0, x2 = 1,


x3 = 5.

a) f (x) = 3x3 − 5x2 + 7


1
b) f (x) = − 3x
2x + 1

90

c) f (x) = 1 + 2x2 − 4
√ 1
d) f (x) = (x − 1)(x − 5) −
x
5. Assinale no plano cartesiano os pontos A = (2, −3), B = (0, −4), C = (−4,
( −5),
)
1 5
D = (−1, 0), E = (0, 5), F = (5, 4), G = (3, 0), H = (−3, 2), I = , ,
2 2
J = (1, 5), K = (5, 1).

6. Considere os pontos marcados na figura a seguir e determine as coordenadas de cada


um dos pontos.

7. O ponto N tem coordenadas (m−2, 5) e pertence ao eixo das ordenadas. Determine


o valor de m.

8. O ponto P = (a, −b) pertence ao primeiro quadrante. Quais são os sinais de a e b?

9. Sabendo que o ponto Q = (1 − a, b + 2) pertence ao quarto quadrante, determine os


possı́veis valores de a e b.

10. O ponto R = (−a, −b) pertence ao 3o quadrante. Qual é o sinal do produto a · b?


Justifique sua resposta.

91
11. Diga, para cada uma das curvas a seguir, se elas representam funções y = f (x).

a)

b)

c)

92
d)

12. Determine se as expressões a seguir definem y = f (x). Em caso de resposta negativa,


justifique.

a) y = 2
3
b) y = − + 7
x
c) x = 7
d) x2 + y 2 = 3
e) y = 4xy + 3
f) 2y 3 − 3x2 + 4x = 0

13. Para cada gráfico de função mostrado a seguir, diga se a função é continua ou
descontı́nua e no caso de função descontı́nua diga o tipo de descontinuidade e o
ponto em que ela ocorre.

a)

93
b)

c)

14. Identifique, para o gráfico de cada função a seguir, os intervalos de crescimento,


decrescimento e constância da função.

a)

94
b)

c)

d)

95
e)

15. Verifique, algebricamente, se as funções a seguir são pares ou ı́mpares.

a) f (x) = 2x4 − 8
b) f (x) = −5x3
c) f (x) = 2x3 − 3x
3
d) f (x) =
1 + x2
1
e) f (x) =
x
f) f (x) = 7x3 − 5x2
x2
g) f (x) =
1 − x2
3 + x3
h) f (x) =
4 − x2

∗ ∗ ∗

96

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