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A queda livre é um movimento unidimensional e uniformemente acelerado.

Esse movimento ocorre quando algum corpo é solto do repouso a partir de


certa altura Uma vez que a aceleração da gravidade é constante, se
desconsiderarmos a ação de forças dissipativas, o tempo de descida nesse tipo
de movimentos é sempre igual, em condições ideais, como num laboratório, ou
outra área fechada.
Na prática, o movimento de queda livre ideal é bastante próximo daquele em
que um objeto é solto a uma pequena altura em relação ao chão. No entanto,
esse movimento só acontece quando algum objeto é solto no vácuo. De acordo
com as equações do movimento de queda livre, o tempo de queda não
depende da massa dos objetos, mas da aceleração da gravidade e da altura
em que esse objeto é solto.
Um objeto sujeito a uma queda livre possui apenas a força peso atuando sobre
ele, quando se desconsidera a resistência do ar. Dessa forma, temos o
diagrama do corpo livre na figura ..., onde considera-se o eixo y positivo para
cima.

Matematicamente, temos a seguinte expressão da força resultante:



F R =⃗
P

Aplicando-se a 2 lei de Newton, obtemos:


m∙ a⃗ =m ∙ ⃗g
Nesse caso, como o movimento ocorrerá apenas na vertical, podemos
reescrever a equação sem a forma vetorial.
m∙ a=−m ∙ g
O sinal negativo do lado direito da equação se deve a gravidade estar agindo
contrária ao eixo y, definido como positivo na direção para cima.
Como a massa m é a mesma nos dois lados da equação, visto que se trata da
massa do mesmo objeto, conclui-se que a aceleração de um objeto em queda
livre independe de sua massa, pois sua aceleração será do mesmo valor que a
aceleração gravitacional.
m∙ a=−m ∙ g → a=−g
Quando se considera a forma diferencial da 2 lei de Newton nesse mesmo
caso, obtemos:
dv
a= =−g
dt
2
d s ds
=−g ; v=
dt
2
dt

Trata-se de uma equação diferencial ordinária de ordem 2.


Sua resolução segue abaixo.
dv
=−g →dv =−gdt
dt
v v0

∫ dv=∫−gdt
v0 t0

v−v 0 =∓g t 0

ds
=v 0−+ g t 0
dt
ds=( v 0−+ g t 0 ) dt
s t

∫ dx=∫ ( v 0 −+ g t0 ) dt
s0 t0

( )
2
t2 gt
s−s 0=v 0 t−g + g t 0 t− v 0 t 0− 0 + g t 20
2 2

Considerando-se t 0=0 , resulta:


2
t
s ( t ) =s 0 +v 0 t−g
2
Se substituirmos s por h , já que estamos tratando de altura, do inglês height,
podemos reescrever a equação da seguinte forma:

t2
h ( t )=h0 + v 0 t−g
2
Concluímos, portanto, que um corpo sob a ação de uma aceleração constante,
como a gravidade, seu movimento em função do tempo terá caráter parabólico,
já que se trata de uma função do segundo grau.
No entanto, será que a gravidade realmente pode ser considerada constante
numa queda livre?
Se considerarmos a equação da força gravitacional proposta por Newton,
temos a seguinte relação:
M ∙m
F g=G
d2
Aplicando-se novamente a segunda lei de Newton num objeto em queda livre,
desconsiderando a resistência do ar, teremos:
M ∙m
m∙ a=G
d2
Percebemos que a massa do corpo sob a ação da gravidade pode ser
desconsiderada. Logo, a aceleração gravitacional é:
M
a=G 2
d

A massa da terra é M =5,972 ∙10 24 kg , a distância do centro da terra até sua


superfície (raio médio da terra) é d=6,371∙ 106 m e a constante gravitacional é
−11 3 −1 −2
G=6,674 ∙10 m k g s . Portanto, um objeto na sua superfície está sujeito a
uma aceleração de magnitude:

6,674 ∙10−11 m3 k g−1 s−2 ∙ 5,972∙ 1024 k g 2


a= 2
→ a=9,82m/s
( 6,371 ∙10 m )
6

Supondo um erro de cálculo aceitável de 5%, a altura máxima seria:

|a−a '|
∙100 %=
|
9,82−
6,674 ∙ 10−11 m3 k g−1 s−2 ∙5,972 ∙10 24 kg
d'2 |
∙100 %=5 %
a 9,82

d ' =6,537 ∙ 106 m


Logo, esse erro ocorre na altura h=d ' −d=165,588∙ 103 m, isto é, a 166 km de
altura. Dessa forma, para quedas menores que essa, pode-se desconsiderar a
variação da aceleração da gravidade.

Mas quando jogamos uma folha de papel e uma anilha de 5kg, é óbvio que a
anilha chega primeiro no chão. Logo, tendemos a concluir que a maior massa
da anilha faz com que a força da gravidade seja maior. No entanto, se
pegarmos duas folhas de papel idênticas, mas uma amassada num formato de
esfera, essa folha amassada chegará primeiro no chão. Nesse caso, porém, as
massas são idênticas. Então, por que há essa diferença?
Isso se deve ao efeito da resistência do ar, que tendemos a ignorar em
exemplos mais simples.
A resistência do ar será uma força contrária ao movimento da queda, como
representado no diagrama do corpo livre na figura ...

Portanto, a força resultante no sistema será diferente da queda livre sem


resistência do ar.
F=F ar −P

A força de resistência do ar, ou força de arrasto, é calculada pela relação:


2
kv
F ar =
2
O experimento foi realizado utilizando duas garrafas plásticas iguais, porém,
com quantidades diferentes de água, de forma a diferenciar as massas,
enquanto uma ficou com 444,70 g, a outra ficou com 936,28 g, e assim mostrar
que o movimento de queda livre não depende da massa do objeto. Cada
garrafa foi solta 3 vezes de uma altura de 2,20 m, e depois calculadas as
velocidades e acelerações da gravidade.
Graças a imprecisão do experimento, houve uma pequena variação das
grandezas encontradas, assim como a gravidade encontrada se distancia um
pouco da gravidade esperada, mas através das médias, ainda se provou que a
massa não influencia na aceleração e na velocidade de objetos em queda livre.

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