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A AFIRMAÇÃO IMPERIAL DE UMA

CULTURA PRAGMÁTICA
A cultura romana: pragmatismo e influência helénica
As realizações romanas e as suas conquistas reforçaram o Pragmatismo.
Ao pragmatismo entende-se como um sentido prático, uma atitude que
privilegia a utilidade e a eficiência como critérios de actuação. É uma das
características mais salientes da cultura romana e das que mais
distinguem do espírito grego. Foi o sentido prático dos romanos que
viabilizou o seu êxito militar e a manutenção do seu imenso império. O
Direito é justamente considerado como o expoente máximo do
pragmatismo romano. O espírito aberto do pragmatismo romano permitiu
a recepção de várias influências de outros povos entre a mais marcante,
a influência grega. Reconheceram a sua originalidade, o seu brilhantismo
e imitaram-lhe a arte, a literatura, a filosofia e até a religião (em parte).

A padronização do urbanismo
A civilização Romana foi, sobretudo, urbana. Roma assumiu-se como a
“cabeça do império”, no qual as cidades, quer a Ocidente quer a Oriente,
não só desempenhavam um papel de destaque como se desenvolveram
de modo significativo. De facto, em termos geográficos, o modelo urbano
da cidade prosperou, sob domínio romano, na Europa, no norte de África
e na Ásia Menor.
Roma era, nesta época, a maior cidade (urbe) do mundo (urbe et orbi) e
nela chegaram a habitar cerca de um milhão de pessoas. O papel de
destaque atribuído à cidade justificava.se pelo facto de ser entendido
como o centro político, religioso, económico, e social do espaço
geográfico, diverso e vasto do império Romano.
Os Romanos eram caracterizados por um grande urbanismo e gosto pela
monumentalidade. Tinham forte preocupação com a organização do
espaço urbano, traçando plantas urbanas e vias de circulação,
construindo sistemas de esgotos e de abastecimento de águas e
formulando construções domésticas e públicas.
O traçado das novas cidades está muitas vezes associado a
acampamentos militares. Era traçado em retículo, segundo dois eixos –
cardo e decumano – e na intersecção desses eixos encontrava-se
normalmente o fórum, centro político, religioso e económico.
Os Romanos eram também grandes engenheiros de obras públicas e
construíram edifícios de enorme carácter prático e utilitário:
1- Lazer: Sendo o Império Romano um mundo de cidades, estas
cumpriam a função de agradar ao cidadão.
a) Anfiteatro: planta circular ou elíptica, composto por uma arena central,
rodeado por arquibancadas, sem cobertura. Locais de duelo entre
gladiadores e de lutar entre feras e homens, podendo também ser
inundados para simular batalhas navais.
b) Teatro: Local onde se representavam peças teatrais (tragédias,
comédias e farsas). Possuíam uma cávea semicircular que unia com a
cena, por isso, a orquestra era semicircular. Eram também utilizados
como locais de reunião política dos cidadãos.
c) Termas: complexas obras arquitectónicas que incluíam um edifício
principal com piscinas, saunas e vários anexos como ginásios, palestras,
bibliotecas, lojas, hipódromos, teatros e espaços ao ar livre. Locais onde
se podia tomar banho, receber massagens, fazer depilação, praticar
desporto, ler e conviver socialmente.
2. Comemoração: As construções comemorativas, caracterizadas pela
imponência, tinham uma intenção propagandística, servindo a função de
exaltação do poder imperial, através de monumentos como:
e) Coluna: celebrava o sucesso de uma conquista. f) Arco do Triunfo:
monumento comemorativo de uma vitória militar. g) Pórtico monumental:
estrutura sustentada por colunas.
h) Ara Pacis: o altar da Paz é um exemplo marcante da exaltação, em
relevo, dos benefícios da pax (paz) romana instituída por Octávio.
3. Serviço à cidade/edifícios do senado
i) Cúria: Local de reunião do senado.
j) Basílica: Serviam para albergar o tribunal público e sala de reuniões e
outras repartições públicos (termas, mercados, bolsas de mercadores e
palácios imperiais).
k) Templos: a religião politeísta exigia que estivessem implantados por
todo o império, seguindo o modelo arquitectónico aproximado aos
templos gregos.
l) Aqueduto: transporte e abastecimento de água dos reservatórios
naturais às cidades (fontanários e casas).
m) Domus e insulae: as casas de habitações mais ricas tinham,
normalmente, um pátio com impulvium, um peristilo com jardim interior e
mosaicos – eram as domus. As insulae, onde morava a maior parte da
população, eram prédios com altura (geralmente 6 andares) de fracos
materiais construtivos e, como tal, sujeitos a ruínas e a incêndios.
n) Pontes: faziam parte do sistema viário romano; existem ainda nos
nossos dias, belos exemplares desta arquitectura utilitária.
o) Estradas: a preocupação dos Romanos em pavimentar as vias de
comunicação facilitou o trânsito de legionários, mercadorias e todo o tipo
de pessoas que, chegando a Roma, enriqueceram com o seu contributo
cultural.
p) Esgotos, latrinas e fontes públicas: evidenciam o avanço civilizacional
romano.
q) Bibliotecas: públicas ou privadas, satisfaziam a sede da cultura dos
Romanos. A Biblioteca mais famosa do mundo antigo foi a de Alexandra,
infelizmente destruída por um incêndio. Nela recitavam-se autores
consagrados e liam-se os textos em volume de pergaminho que se
desenrolavam à medida da recitação.
r) Mercados Públicos: habitualmente ruidosos e apinhados, serviam a
função de abastecimentos de víveres à cidade.

A fixação de modelos artísticos


A Arquitectura
A arte romana ligava-se ao quotidiano, tinha um sentido prático e
utilitário. Apesar da influência grega, assumiu uma originalidade
pragmática, o que lhe conferiu uma individualidade. Revela
monumentalidade e destacou-se pelo:
• Uso de materiais como o tijolo, o mármore e argamassas que
permitiam a ligação das estruturas;
• Uso do mármore largamente empregue dando beleza e imponência;
• Uso do mosaico como elemento decorativo, divulgado por todo o
império;
Aprofundou novos elementos como:
• O arco de volta perfeita;
• A abóbada de berço;
• A cúpula;
• A sobreposição da ordem compósita (jónica + coríntia);
• O uso do podium e da escadaria;
• O uso da planta circular;
• A utilização de novos materiais de construção.

A Escultura
No domínio da escultura, a influência grega também se faz sentir no
domínio romano. A presença de artistas gregos em Roma foi uma
realidade, vista:
• Na emigração de artistas gregos para Roma em busca de trabalho;
• Na aquisição de estátuas-gregas;
• De encomendas de cópias sucessivas, através das quais podemos
conhecer o que eram os originais gregos destruídos ou perdidos.
A escultura revelou a sua individualidade e originalidade através do
retrato que se caracteriza pelo realismo das figuras e pelos pormenores
como a expressão de rosto, os penteados típicos da época e os traços
fisionómicos. A representação do imperador tinha um carácter mais
idealizado, misto de divindade e humanidade enquanto os dos heróis
guerreiros uma personificação e enaltecimento deles mesmos. Os arcos
de triunfo e as colunas honoríficas eram obras que tinham fins
comemorativos e propagandísticos, destinados a enaltecer o império e os
seus feitos.

A apologia do império na épica e na historiografia


A poesia e história
A época de Augusto correspondeu a um período de grande esplendor
cultural que se manifestou tanto na arte como na literatura, através das
quais se podia enaltecer o Império e o povo. Na verdade, Augusto
procurou reformar o mundo romano mediante a promoção dos valores
tradicionais. O período de paz e boas condições económicas de que o
império usufruiu foram certamente decisivos para o desenvolvimento da
vida intelectual nesta época. Inúmeros foram os historiadores que ao
longo do tempo dedicaram as suas vidas a criar obras que enalteciam o
passado histórico dos romanos.

A formação de uma rede escolar urbana uniformizada


e a difusão da rede escolar
No império romano existia uma rede de escolas distribuída e
implementada pelo Estado. Estes viam as escolas como um importante
instrumento de unificação cultural das populações. Roma incentivava as
cidades a criar as suas escolas e a conceder privilégios e regalias aos
professores. A administração central responsabilizava-se pelo
pagamento de alguns professores. A Educação, oferecida a tanto
rapazes e raparigas, dispunha de diversas etapas:
• Dos 7 aos 12 anos, praticava-se a leitura, a escrita, o cálculo, a
aprendizagem de princípios cívicos e decorava-se trechos poéticos
de modo a adquirirem valores e atitudes;
• Dos 12 aos 15 anos, aprendia-se línguas, literatura, história,
geografia, matemática, astronomia e música.
• A partir dos 17 e só para rapazes ou elites, aprendia-se a retórica e
direito para proporcionar bases para a carreira pública.

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