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Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.6, p.

1-14, Março, 2005

Instabilidade de armaduras longitudinais em colunas


de concreto armado

Instability of longitudinal reinforcement in RC columns

Salete Souza de Oliveira Buffoni


Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro –PUC-RJ, Rio de Janeiro, RJ
salete@civ.puc-rio.br

Raul Rosas e Silva


Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro –PUC-RJ, Rio de Janeiro, RJ
raul@civ.puc-rio.br

RESUMO: A flambagem das armaduras longitudinais em pilares de concreto armado pode ocorrer na
região entre dois estribos consecutivos, ou pode envolver um certo número de estribos. As normas de
projeto existentes não fornecem uma metodologia apropriada para o dimensionamento dos estribos em
diferentes situações. O presente trabalho tem por objetivo desenvolver uma formulação que permita
analisar a flambagem das armaduras longitudinais em pilares de concreto armado submetidos a
carregamento axial levando em conta o espaçamento entre os estribos, o diâmetro e arranjo dos estribos na
seção transversal e o diâmetro das armaduras longitudinais. Para este propósito um método analítico para a
avaliação da flambagem da armadura longitudinal é proposto, considerando-se as barras longitudinais
restringidas pela rigidez axial ou à flexão dos estribos. Admite-se que a armadura longitudinal funciona
como uma coluna esbelta.

ABSTRACT: Buckling of longitudinal reinforcement in reinforced concrete columns may occur in the
region between two consecutive ties, or may involve a number of ties. The existing design code
specifications do not provide an appropriate methodology for the design of the transversal reinforcement in
different situations. The main objective of the present work is to develop a formulation to allow to analyze
the buckling of longitudinal bars in reinforced concrete columns taking into account the tie spacing, the
diameter and arrangement of the ties in the cross section and the longitudinal bar diameter. For this
purpose an analytical method for the evaluation of the buckling load of longitudinal bars is described, as a
function of the constraint imposed by the axial or flexural stiffness of the stirrups. The longitudinal bar is
considered as a column deforming according to thin beam theory.

1. INTRODUÇÃO O estudo experimental de pilares de concreto


armado submetidos a carregamentos monotônicos
O estudo da instabilidade das armaduras ou cíclicos, com a finalidade de se visualizar o
longitudinais em pilares de concreto armado tem comportamento das armaduras longitudinais
atraído a atenção de vários pesquisadores nos também tem atraído atenção de vários
últimos anos, entretanto a maioria dos estudos está pesquisadores nos últimos quarenta anos dentre os
restrita à análise da flambagem ocorrendo sempre quais cita-se os trabalhos de Pfister [10], Sheikh &
entre dois estribos consecutivos como apresentam Uzumeri [13], Moehle & Cavanagh [7] e
os trabalhos de Bresler & Gilbert [3]. A Pantazopoulou [9] que apresentam em seus ensaios
flambagem da armadura longitudinal com a a flambagem das barras longitudinais em pilares de
participação dos estribos no impedimento da concreto armado envolvendo vários estribos.
mesma é um fenômeno pouco estudado na Em face do exposto anteriormente, o presente
literatura. trabalho tem como ponto de partida os resultados
da pesquisa desenvolvida por Buffoni [4] que
2 Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.6, p.1-14, Março, 2005

estuda a flambagem das armaduras longitudinais Fj


em pilares de concreto armado submetidos a F j = Kw j ⇒ w j = (1)
K
carregamento axial levando em conta o
espaçamento entre os estribos, o diâmetro e arranjo onde w j é o deslocamento do apoio genérico.
dos estribos na seção transversal e o diâmetro das
Neste trabalho, adotam-se as hipóteses usuais
armaduras longitudinais.
no campo da resistência dos materiais
Para tal propósito um método analítico para a
considerando-se que a coluna e o carregamento
avaliação da flambagem da armadura longitudinal
estão num plano de simetria e que a seção
foi descrito, considerando-se as barras
permanece plana e perpendicular ao eixo, antes e
longitudinais restringidas pela rigidez axial ou à
após as deformações.
flexão dos estribos. Estudaram-se particularmente
P
dois casos. No primeiro caso, considerou-se a
armadura longitudinal como uma coluna e os
estribos como apoios discretos. No segundo caso, Fj
K
considerou-se a armadura longitudinal como uma
coluna sobre base elástica, onde a base elástica é
composta pelos estribos. Para se considerar o caso

L
s
de emendas das barras na presente formulação,
considerou-se a armadura livre em uma das
extremidades. Considerou-se na modelagem um ou x

s
mais modos de deformação, incluindo-se a não- y

linearidade geométrica. A partir destes resultados


propõe-se um critério de projeto racional para a Figura 1- Modelo matemático da armadura
escolha do espaçamento, diâmetro dos estribos e longitudinal e transversal.
arranjo das armaduras.
A dedução da formulação dos modelos 2.2. Energia Interna de Deformação e Energia
matemáticos que serão abordados está fora do Potencial da Viga-Coluna
escopo deste artigo, procurando-se mostrar
diretamente a aplicabilidade prática de tais As matrizes de rigidez elástica e geométrica da
modelos, por meio de comparações com resultados coluna são obtidas a partir das energias de
experimentais da literatura. Estimula-se o leitor a deformação e potencial, respectivamente. Toda a
consultar Buffoni [4], que contempla de forma formulação matemática é realizada a partir da
minuciosa as hipóteses e formulações inerentes a coluna de Euler, que é biapoiada e submetida a
cada modelo. carregamento axial. Após a dedução das
expressões que definem as matrizes de rigidez,
2. FORMULAÇÃO adota-se um campo de deslocamentos que satisfaça
as condições de contorno do modelo apresentado
2.1. Introdução na Figura 1.
A energia interna de deformação fica
O modelo matemático das armaduras representada pelo somatório da energia de
longitudinais e transversais para a determinação da membrana, Um, proveniente das deformações da
carga crítica apresenta-se na Figura 1, onde os barra na direção axial mais a energia de flexão, Uf,
estribos são representados esquematicamente proveniente das deformações devidas à flexão. Em
como apoios elásticos intermediários unilaterais, geral, no problema da flambagem, as deformações
cuja rigidez K depende das características devidas à flexão são bem mais importantes que as
mecânicas e geométricas do aço. deformações axiais da barra e na formulação do
O comprimento da coluna é designado por L, s problema não se leva em consideração a
é o espaçamento entre estribos e Fj são as forças deformação axial, hipótese adotada na teoria
correspondentes aos apoios elásticos j e podem ser inextensional de vigas como se verifica nos
escritas como: trabalhos de Bazant [2] e Dym & Shames [5], a
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única parcela da energia interna considerada é a onde ξ é o parâmetro adimensional do


energia de flexão da viga, que é dada por: deslocamento axial, wd é o parâmetro
2
adimensional do deslocamento lateral da coluna,
L
1 2 1 2 Γ é o parâmetro adimensional do carregamento
U ≅∫ EIw,xx 1 + w,x  dx (2)
0
2  2  axial e η é o parâmetro adimensional da rigidez
dos estribos.
Em virtude do modelo adotado, a energia de
deformação dos estribos, os quais são considerados • Coluna sobre base elástica
como molas é dada por: As variáveis adimensionais são as mesmas
consideradas na expressão (6), com exceção do
1 i=n 
2 parâmetro adimensional da rigidez dos estribos
Ui = K ∑ w(x = is ) (3) que é dado por:
2  i =1 
kL4
η= (7)
EI
onde w é o valor do deslocamento calculado nos
pontos onde existem estribos e n é o número de
2.4. Campo de Deslocamentos
estribos envolvidos no modelo. Considerando-se
que o apoio elástico discreto pode ser substituído
Observações experimentais mostram que a
por uma base elástica distribuída continuamente
forma flambada da armadura longitudinal se
k=K/s, tem-se que o termo correspondente à
parece muitas vezes com uma função senoidal
energia de deformação dos estribos na expressão
sobre um período, o qual pode envolver vários
(3) pode ser avaliado como uma integral da
espaçamentos entre estribos. Dessa forma,
seguinte forma:
considerou-se a seguinte função para descrever o
L
campo deslocamentos da coluna:
1 i=n 1
K ∑ w( x = is ) ≅ ∫ kw( x ) dx
2 2
(4)
2 i =1 20  mπx mπx 2
( )

w(x ) = ∑ Am  − 2 + (− 1) −
m
+ 2
m =1  L L
O potencial das cargas externas é dado pelo (8)
produto da carga, P, e o encurtamento na mπx 3
L3
( m
)
 mπx  
1 + (− 1) + sin 
 L  
extremidade da coluna ∆ , podendo ser expresso
como:
L
1 1 4 Esse campo de deslocamentos combina funções
V p = P∆ ⇒ V p = − P ∫  w,x + w,x dx
2
(5) que descrevem um comportamento simétrico com
0
2 8 
funções antissimétricas. A consideração de
deformações apenas do tipo simétrico, pode se
onde P é o carregamento axial e o sinal negativo é
tornar um pouco distante do que acontece na
devido o deslocamento se realizar no sentido
realidade, pois se verifica em muitos casos que a
contrário ao das forças.
flambagem pode envolver modos não simétricos
como apresenta o trabalho de Sheikh & Uzumeri
2.3.Variáveis Adimensionais
[13]. Na forma adimensional o campo de
deslocamentos fica:
• Caso discreto
Quando se quer realizar uma análise
( ( )−
j
paramétrica, é importante que a mesma seja wd (ξ ) = ∑ a m − mπξ + mπξ 2 2 + (− 1)
m

realizada com eficiência, para isto foram feitas as m =1 (9)


seguintes mudanças de variáveis e escolhidos os mπξ 3 (1 + (− 1) ) + sin(mπξ ))
m

seguintes parâmetros adimensionais:

x w PL2 KL3
ξ= 0 ≤ξ ≤1 wd = Γ = η= (6)
L L EI EI
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2.5. Integração ao Longo da Barra para Γ = K g−1 (K f + K m ) (15)


Obtenção das Matrizes de Rigidez Elástica (Kf)
e Rigidez Geométrica (Kg) 2.6.1. Parâmetros de Carga Crítica
A matriz de rigidez elástica representada por Kf A partir da solução do problema de autovalores,
é obtida da energia de deformação expressa em foi possível encontrar os parâmetros de carga
(2), a matriz de rigidez que leva em consideração crítica para os casos discreto e contínuo. No caso
os apoios laterais, Km, é obtida da energia de discreto, considerou-se que o comprimento da
deformação (3) e (4) e a matriz de rigidez armadura envolvida na flambagem varia de um a
geométrica, Kg é obtida a partir da energia da carga dezesseis espaçamentos entre estribos. Dessa
axial expressa em (5). Dessa forma, as expressões forma, substitui-se o campo de deslocamentos com
das matrizes de rigidez citadas considerando-se o um ou mais graus de liberdade descrito em (9) nas
campo de deslocamentos wi e wj para uma expressões para a obtenção das matrizes de rigidez
determinada condição de contorno são dadas a e resolve-se o problema de autovalores expresso
seguir. em (15) obtendo-se assim os valores
• Da energia de deformação adimensionais para a carga de flambagem. Os
valores para estes casos encontram-se no trabalho
(
1
K f i , j = ∫ wd ,ξξ i wd ,ξξ j + wd ,ξξ i wd ,ξξ j wd ,ξ i wd ,ξ j + de Buffoni [4].
0 (10) No caso contínuo, considerando-se a armadura
1 
wd ,ξξ i wd ,ξξ j wd ,ξ i wd ,ξ j wd ,ξ i wd ,ξ j dξ
longitudinal como uma coluna sobre base elástica,
2  onde a base elástica é composta pelos estribos e
substituindo-se o campo de deslocamentos descrito
• Da energia de deformação da mola em (9) com um ou mais graus de liberdade apenas
- Apoios distribuídos de forma discreta na parcela quadrática das expressões (10), (12) e
(13) para obtenção das matrizes de rigidez e
ξ =1 resolvendo-se o problema de autovalores expresso
K m i , j = η ∑ w d i wd j (11) em (15) obtém-se os valores adimensionais para a
ξ =0
carga crítica que se encontram em Buffoni [4]. A
expressão (16) apresenta o parâmetro de carga
- Apoios distribuídos de forma contínua crítica considerando-se apenas um termo na
1
expansão modal.
K m i , j = η ∫ w d i w d j dξ (12)
15π 6 − 120π 4 + 15π 2η + π 4η − 240η
0
Γ = (16)
( )
5 5π 2 − 48 π 2
• Da energia da carga axial
2.7. Consideração das Emendas das Barras da
1
 1  Armadura
K g i, j = ∫  wd ,ξ wd ,ξ + wd ,ξ i wd ,ξ j wd ,ξ i wd ,ξ j dξ (13)
0
i j 4 
Para se considerar o caso de emendas das barras
2.6. Solução do Problema de Autovalores na presente formulação, considerou-se um modelo
onde a armadura é engastada em uma das
Considerando-se apenas a parcela quadrática extremidades e livre na outra como o modelo
nas expressões (10) a (13) tem-se o problema de apresentado na Figura 2. Dessa forma, todos os
autovalor, dado na seguinte expressão: passos realizados para a coluna engastada nas
extremidades foram feitos para o caso da presença
K f + K m − ΓK g = 0 (14) de emendas com a finalidade de se conhecer o
comportamento das armaduras quando uma das
extremidades está livre.
Resolvendo-se a equação (14) chega-se aos
valores da carga crítica como a seguir:
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192 EI t
K= (17)
b3
Fj
K
Para o modelo da Figura 4.b a expressão para a
rigidez do estribo fica:

L
s
EAt
K= (18)
b
onde E é o modulo de elasticidade da armadura
longitudinal e At é a área do estribo.
x
Um resultado análogo é obtido para o modelo
s

y da Figura 4.c. Para os modelos das Figuras 4.d e


4.e, obtém-se um valor similar, porém o valor de b
Figura 2- Modelo para consideração das emendas seria b/2. Quando o arranjo das armaduras na
das barras da armadura. seção é semelhante a Figura 3.b, as barras
localizadas no centro de uma perna de estribos são
2.8. Cálculo do Parâmetro Adimensional de as primeiras a flambarem, se o arranjo for do tipo
Rigidez, η mostrado na Figura 3.c, as primeiras barras a
flambarem são as barras do vértice, pois as barras
O valor numérico do parâmetro adimensional do centro de uma perna envolvidas por um outro
de rigidez depende da rigidez dos estribos, K, do estribo possui uma rigidez muito maior do que a
módulo de elasticidade da armadura longitudinal, rigidez das barras de canto.
E, do momento de inércia da armadura Nota-se que a armadura transversal pode
longitudinal, I e do espaçamento entre estribos, s oferecer diferentes contribuições para a resistência
quando os estribos são considerados distribuídos à flambagem das barras longitudinais. As barras
continuamente ao longo da armadura. longitudinais localizadas no canto dos estribos são
restringidas por uma rigidez extensional e aquelas
2.9. Cálculo da Rigidez dos Estribos, K barras localizadas na perna de um estribo são
restringidas apenas pela rigidez a flexão.
O valor de K é função das características O módulo de elasticidade longitudinal a ser
mecânicas e da geometria do estribo. Considera-se considerado é o módulo de elasticidade
nesta formulação os arranjos apresentados na instantâneo, porém pode-se utilizar o módulo de
Figura 3. Neste trabalho considera-se a carga axial elasticidade reduzido quando o mesmo é
concêntrica existindo condições de perfeita conhecido.
simetria, assim K é calculada considerando-se os
modelos simplificados da Figura 4.
O modelo da Figura 4.a está relacionado à barra
localizada no centro de uma perna de estribos, as
Figuras 4.b, 4.c, 4.d e 4.e estão relacionados às b b b b

barras de canto, a Figura 4.f está relacionada à


barra envolvida pelo estribo interior como mostra a a) b) c) d)
Figura 3.c. A Figura 4 mostra também a força Figura 3- Arranjos da armadura na seção
exercida pela barra longitudinal sobre o estribo na transversal.
direção em que a flambagem pode ocorrer. F

π/4
F
π/2
F

π/4
F
π/2

Para o modelo da Figura 4.a, a armadura


F
π/
4

longitudinal pode ser considerada como impondo


b

b1

uma carga concentrada no meio do vão de uma


b b/2 b/2

viga fixa nas extremidades e a expressão para a


rigidez do estribo é dada por: a) b) c) d) e) f)
Figura 4- Modelos simplificados para cálculo da
rigidez K.
6 Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.6, p.1-14, Março, 2005

3.0. Curvas Γ vs . η para o Cálculo do φ t4 L4 η Γπ PL2


η1 = ⇒ Γ 1 = == (21)
espaçamento e Diâmetro dos Estribos 192 b 3 sφ l4 64 Eφ l4
Portanto a ordenada e abscissa dos gráficos da
A Figura 5 apresenta a curva que relaciona o Figura 5 são alteradas multiplicando-se as mesmas
parâmetro de carga crítica da coluna, Γ e o π 1
parâmetro de rigidez dos estribos com as pelos fatores, e , respectivamente. Dessa
64 192
contribuições de vários modos para a carga de forma, obtém-se o gráfico da Figura 6 com os
flambagem. Nota-se que este gráfico apresenta parâmetros de carga e rigidez menores.
uma curva onde a armadura está fixa nas Dependendo do arranjo dos estribos na seção
extremidades e outra curva onde uma das transversal, obtém-se um valor diferente para a
extremidades está livre para simular a presença de rigidez, K e para o parâmetro adimensional da
emendas das barras da armadura.
rigidez dos apoios laterais, η.
Verifica-se que a partir de um alto nível de
rigidez, a carga de flambagem cresce quase que Γ
linearmente com o aumento da rigidez dos
1400
1350
1300

estribos. A partir deste gráfico será apresentado 1250


1200

um método para o cálculo do espaçamento e 1150


1100

rigidez dos estribos em um pilar de concreto 1050


1000

armado.
950
900
850
800
750

3.1. Curvas Γ vs . η Modificadas 700


650
600
550
500

A curva da Figura 5 é válida para qualquer tipo 450


400

de seção considerada. Conforme o objetivo do 350


300

projeto, basta introduzir os respectivos valores de


250
200

Γ ou η para cada caso em particular. Por exemplo,


150
100
50

para a seção da Figura 3.b, substituindo-se o valor 0


η
0 60000 120000 180000 240000 300000 360000 420000 480000 540000 600000
da rigidez dos estribos, K, da expressão (17) no
valor do parâmetro adimensional de rigidez, η Figura 5- Parâmetro de carga vs. Parâmetro de
,expresso em (7) obtém-se o seguinte valor: rigidez da coluna com seis graus de liberdade.

192φ t4 L4 70

η= (19)
b 3 sφ l4
65

60

Por outro lado, substituindo-se o momento de 55

inércia da armadura longitudinal na expressão de 50

Γ tem-se: 45

40

2
64 PL
Γ =
35
(20)
Eπφl4 30

25

Dessa forma, é possível alterar os valores de Γ e 20

η das expressões (19) e (20) e criar novos 15

parâmetros com a finalidade de facilitar os 10

cálculos dos exemplos que serão apresentados. As 5

variáveis adimensionais Γ e η foram modificadas 0


da seguinte forma: 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400 2600 2800 3000 3200

Figura 6 - Parâmetro de carga vs. Parâmetro de


rigidez da coluna com seis graus de liberdade.
Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.6, p.1-14, Março, 2005 7 .

3.2. Considerações Sobre a Carga de


Flambagem para Dimensionamento

20 cm
A carga de flambagem deve ser sempre maior
que a carga de escoamento em compressão por um
fator γ > 1 , isto para garantir o uso de Py = f y As
20 cm
no dimensionamento inicial, como é feito
usualmente. No dimensionamento usual, busca-se
otimizar o projeto tomando γ = 1 , entretanto, é Figura 7- Seção e arranjo das armaduras nos
pilares ensaiados por Queiroga [11].
pouco recomendável do ponto de vista de
segurança em regime pós-crítico. Adotou-se no
Tabela 1 - Resumo das características dos pilares
presente trabalho os valores de γ=1,2. ensaiados por Queiroga [11].
Pilar L Arm. As Arm. c fc fy
4. SEQÜÊNCIA DE PROJETO COM A (cm) Long (cm2) Trans. mm (MPa) (MPa)
UTILIZAÇÃO DAS CURVAS Γ vs . η .
P1 120 8φ 12 ,5 1,25 φ 6 ,3c / 15 17,5 59,60 502
P4 120 8φ 12 ,5 1,25 φ 6 ,3c / 10 17,5 53,40 502
Uma seqüência possível de projeto com o uso
P6 120 8φ 12 ,5 1,25 φ 6 ,3c / 5 17,5 55,90 502
dos gráficos Γ vs. η, seria como se mostra a seguir:
Os valores calculados para o diâmetro e
1- O valor de b vem da geometria da peça;
espaçamento entre os estribos utilizando o critério
2- O diâmetro da armadura longitudinal, φl é proposto no item 4 apresentam-se na Tabela 2. O
usualmente determinado pelo projetista; procedimento completo de cálculo apresenta-se em
3- Busca-se uma carga de flambagem, Pcr = γ ⋅ Py e Buffoni [4]. A seguir apresentam-se os passos
assim obtém-se Γ1; realizados para o pilar P1.
4- Com o valor de Γ1 entra-se na ordenada do • Pilar P1
gráfico Γ1 vs. η1 e descobre-se o η1 necessário na As propriedades da armadura são:
abscissa. Como já se dispõe dos valores de b e φl,
as variáveis de projeto serão o espaçamento entre f y = 502 N φ l = 12 ,5 mm L = 1200 mm
mm 2
os estribos, s e o diâmetro dos estribos, φt, os quais
serão calculados e adotados de forma compatível
com os limites das normas de projeto existentes. b = 139 ,9 mm E = 210000 N As = 125 mm 2
mm 2
Caso o espaçamento resulte muito pequeno, ou o Py = f y As = 5 ,46 × 10 4 N s = 150 mm
diâmetro muito grande, é necessário reduzir b ou
usar estribos suplementares.
Pretende-se calcular o diâmetro e espaçamento
4.1. Cálculo do Diâmetro e Espaçamento entre entre estribos para γ = 1,2 considerando-se a
Estribos para os Pilares Descritos no Trabalho armadura sem emendas. Assim, busca-se uma
de Queiroga & Giongo [12] carga de flambagem, Pcr = γ ⋅ Py e obtém-se Γ1

Pretende-se analisar os pilares de seção Pcr ⋅ L2


quadrada cujo arranjo das armaduras na seção Pcr = γ ⋅ Py = 65 ,48 kN ⇒ Γ 1 =
E ⋅ φ l4
transversal apresenta-se na Figura 7 e o resumo
das características dos pilares apresenta-se na ⇒ Γ 1 = 18 ,39 ⇒ η 1 = 149 ,10 (22)
Tabela 1. Os pilares P1, P4 e P6 foram
selecionados para a realização dos testes O valor de η 1 encontrado na expressão (22) foi
numéricos. obtido entrando-se com o valor de Γ 1 na ordenada
do gráfico apresentado na Figura 6 e o valor
necessário de η 1 encontra-se na abscissa
8 Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.6, p.1-14, Março, 2005

correspondente a Γ 1 . A partir da expressão (21) Tabela 2– Cálculo do diâmetro e espaçamento


tem-se que: entre estribos para os pilares de Queiroga [11] a
partir da formulação proposta. Armadura fixa nas
φ t4 η 1 ⋅ b 3 ⋅ φ l4 extremidades.
= = 4 ,81 (23) a) Armadura fixa nas extremidades
s L4
Formulação Proposta
A Tabela 2 apresenta os valores calculados para Queiroga [11] Armadura fixa nas extremidades
os pilares P4 e P6 que foram calculados da mesma γ =1,2
forma que o pilar P1. Na linha correspondente ao Arm. Arm. Transv.
pilar P1, os valores encontrados para o diâmetro, Pilar Transv. Γ1 η1
considerando-se um espaçamento s = 150 mm foi s φt φtcom
mm mm mm
aproximadamente φ t = 5 ,2 mm . Nota-se que estes φ 6 ,3c / 15 18,39
P1 149,1 150 5,20 6,3
valores são encontrados a partir do modo de
flambagem que poderia inclusive envolver vários P4 φ 6 ,3c / 10 18,39 149,1 100 4,68 5
estribos num estado limite. A Tabela 2 apresenta
os valores comerciais para o diâmetro do estribo. P6 φ 6 ,3c / 5 18,39 149,1 50 3,94 5
Verifica-se também que quando se diminui o Obs: Para o diâmetro do estribo, φt=6,3 mm encontra-
se um espaçamento máximo de 328 mm.
espaçamento entre estribos, o valor do diâmetro
dos estribos poderia ser menor. A Tabela 2.b
apresenta o caso onde uma das extremidades da b) Armadura Livre em Uma das Extremidades
armadura está livre, simulando o caso de emendas
Formulação Proposta
das barras da armadura. Queiroga [11] Armadura livre em uma
Nesse caso, os valores encontrados para o das extremidades
diâmetro dos estribos são mais altos, visto que um γ =1,2
certo valor do parâmetro de carga corresponde a Arm. Transv.
valores mais altos de rigidez para o caso onde uma Pilar Γ1 η1
das extremidades da armadura está livre e, s φt φtcom
portanto, valores mais altos para o diâmetro dos mm mm mm
P1 18,39 566,30 150 7,23 8
estribos são necessários.
De acordo com a NBR 6118/2003[8] o valor do P2 18,39 566,30 100 6,54 8
espaçamento deve ser tal que em um estado limite P3 18,39 566,30 50 5,50 6,3
a flambagem ocorreria entre dois estribos Obs: Para o diâmetro do estribo, φt=6,3 mm
consecutivos. A Tabela 3 apresenta os valores encontra-se um espaçamento máximo de 86 mm.
limites para o pilar P1, do espaçamento e diâmetro
dos estribos descritos em diversas normas de
projeto de estruturas de concreto[1,8]. Verifica-se Tabela 3 – Valores limites para o espaçamento e
que o espaçamento máximo entre estribos fica em diâmetro dos estribos para o pilar P1 de Queiroga
torno de 150 mm para um diâmetro dos estribos [11] obtidos de normas de projeto de estruturas de
maior ou igual a 5 mm. De acordo com as diversas concreto.
normas, estes valores consideram no estado limite Valores Máximos fixados em Normas
flambagem com uma meia-onda entre dois
último, que a flambagem da armadura longitudinal estribos
ocorreria no máximo em uma meia-onda entre
estribos, pois se considera que o comprimento de ACI 318 NBR 6118
flambagem é o próprio espaçamento entre dois 2002 2003
estribos.
s ≤ 16 φ l φ t ≥ 10 s ≤ 12φ l φt ≥ 5
(mm) (mm) (mm) (mm)

150 10 150 5
Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.6, p.1-14, Março, 2005 9 .

4.2. Considerações para Pilares de Concreto


Armado de Grandes Dimensões

25 cm
Aplica-se o critério proposto a um pilar de
concreto armado com seção transversal retangular
25 cm x 110 cm, altura livre de 350 cm, com 110 cm

resistência à compressão do concreto 20 MPa e do


aço de 500 MPa. A armadura longitudinal consiste Figura 8– Caso 1: Arranjo das armaduras na
de 22 barras de 16 mm de diâmetro, e o seção transversal do pilar P1.
cobrimento é de 3 cm, conforme apresentado na
Tabela 4. Nomeou-se este pilar de P1 e se
P P P P P P P P P
apresenta a seguir alguns casos de variações nos a

arranjos das armaduras na seção transversal.


b

Tabela 4 - Resumo das características do pilar P1.


Pilar B H L Arm. c fck fyk Figura 9- Modelo simplificado para cálculo da
cm cm cm Long cm MPa Mpa rigidez K referente ao caso 1.
P1 25 110 350 22φ 16 3 20 500
Pretende-se calcular o diâmetro e espaçamento
• Caso 1 entre estribos para γ = 1,2 considerando-se a
Considera-se o arranjo das armaduras na seção armadura sem emendas. Dessa forma, busca-se
transversal apresentado na Figura 8. Para o cálculo uma carga de flambagem, Pcr = γ ⋅ Py e obtém-se
da rigidez K dos estribos, adotou-se o modelo da
Figura 9, onde a perna do estribo é considerada Γ1 e η 1 .
como uma viga fixa nas extremidades. A Pcr ⋅ L2
Pcr = γ ⋅ Py = 104 ,4 kN ⇒ Γ1 =
flexibilidade do estribo associada a cada barra E ⋅ φ l4
pode ser obtida aplicando-se uma carga transversal ⇒ Γ 1 = 92 ,93 ⇒ η 1 = 2802 ,08 (26)
concentrada unitária isoladamente em cada ponto
central da barra. Nota-se que isto corresponde a
A partir da expressão (26) tem-se:
admitir-se que o início da flambagem se dá na
barra menos restringida. Assim, avalia-se o ponto
crítico como correspondente a uma barra que φt4
= 6 ,38 × 10 3 (27)
contribui com a menor rigidez do estribo. Para o s
modelo da Figura 9 isto ocorre no centro da viga, e
neste caso a rigidez fica sendo: Estipularam-se alguns valores para o
espaçamento entre estribos de acordo com os
38.4 EI t limites impostos pela NBR 6118/2003. Para que a
K= (24) base elástica possa impedir a flambagem da
b3
armadura longitudinal os diâmetros encontrados
onde o vão livre de flexão é b = 1100 − 2(30 + 5 ) apresentam-se na Tabela 5. Os valores encontrados
para o diâmetro do estribo foram altos, visto que
− 16 = 1014 mm supondo inicialmente o diâmetro
este modelo é bastante flexível.
do estribo igual a 5 mm. Considerando os estribos
como base elástica e substituindo-se k = K/s no Tabela 5 – Dimensionamento dos estribos para o
parâmetro η chega-se a: caso 1.

kL4 38 ,4 EI t L
4
38 ,4φ t4 L4 s (mm) 190 150 50
η= = =
EI b 3 sEI b 3 sφ l4 φ t (mm) 33,18 31,28 23,77

φ t4 ηb 3φ l4 192η 1 b 3φ l4
⇒ = = (25)
s 38 ,4 L4 38 ,4 L4
10 Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.6, p.1-14, Março, 2005

da Figura 11, que se apresenta na expressão (28), e


• Caso 2 a rigidez do modelo da Figura 10 sem estribos
O modelo da Figura 10 se apresentou o mais suplementares, como apresenta o modelo
favorável e econômico em termos de simplificado da Figura 12. O valor da rigidez, K,
dimensionamento dos estribos. O modelo para o modelo da Figura 12, correspondente a uma
simplificado para o cálculo de K apresenta-se na das cargas mais próximas do centro que é dada
Figura 11, onde o valor de b = 338 mm , sendo K por:
dada por:
54bEI t
K= (30)
K=
6 bEI t
(28)
(b 4
+ 3b a − 9 a 2 b 2 + 18 a 3 b − 81a 4
3
)
a 3 (2b − 3a )
O valor de b = 1014 mm e os resultados
A expressão para o cálculo do considerando-se a rigidez média da base elástica
dimensionamento dos estribos obtida a partir das para a consideração de espaçamento duplo, com os
expressões de η e K apresentadas em (7) e (28), valores de γ = 1,0 e γ = 1,2 apresentam-se na
respectivamente é dada por: Tabela 7.

φ t4 32η 1φ l4 a 3 (2b − 3a )
= (29) Tabela 6 – Dimensionamento dos estribos para o
s bL4
caso 2.
Os resultados apresentam-se na Tabela 6 para • Cálculo do Diâmetro dos estribos.
os valores de γ = 1,0 e γ = 1,2 . verificou-se através
dos cálculos que ao se definir o diâmetro do φ t (mm)
s (mm)
estribo como φ t = 6 ,3 mm , o espaçamento entre γ = 1,0 γ = 1,2
estribos fica bem maior do que o limite superior 190 5,48 5,83
registrado na NBR 6118/2003. 150 5,16 5,49
4,6 cm
50 3,92 4,17

b) Cálculo do espaçamento.
25 cm

s (mm)
110 cm φ t (mm)
γ = 1,0 γ = 1,2
Figura 10– Caso 2: Arranjo das armaduras na 5 131 103
seção transversal do pilar P1. 6,3 331 259

P P
a

P P P P P P P P

Figura 11- Modelo simplificado para cálculo da


rigidez K referente ao caso 2. Figura 12- Modelo simplificado para cálculo da
rigidez K referente ao caso 2 sem estribos
A partir deste modelo realizou-se um estudo suplementares.
para verificar a possibilidade de executá-lo com
espaçamento duplo. Calculou-se a rigidez média
efetiva da base elástica como sendo a média dos
valores da rigidez K calculada com estribos
suplementares utilizando-se o modelo simplificado
Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.6, p.1-14, Março, 2005 11 .

Tabela 7 – Caso2: Dimensionamento dos estribos a


considerando-se espaçamento duplo. O
x
a) Cálculo do diâmetro dos Estribos
s
b
φ t (mm)
s (mm)
γ = 1,0 γ = 1,2
190 6,51 6,93 Z,w
150 6,14 6,53 y sl
50 4,96 4,96
Figura 13- Consideração das armaduras
b) Cálculo do Espaçamento longitudinais e transversais como uma grelha.

s (mm) A energia potencial total para esse caso é dada


φ t (mm) por:
γ = 1,0 γ = 1,2
1 
2
∂2w ∂2w 
5 66 51 Π = ∫∫  D x + Dy  +
6,3 166 129 2  ∂x 2 ∂y 2 

(D ν ) ∂∂xw ∂∂yw +
2 2
5. CONSIDERAÇÃO DAS ARMADURAS x y + D yν x − 2 D x D y 2 2
LONGITUDINAIS E TRANSVERSAIS (31)
2

COMO GRELHA
(
2 1 − ν xν y )  ∂2w 
D x D y  
 dxdy −
 ∂x∂y  
5.1. Placas Ortotrópicas
2
1  ∂w 
Para a consideração de grelha utilizou-se a 2 ∫∫ N y   dxdy
 ∂y 
formulação de placas ortotrópicas onde as
No caso de uma placa retangular com arestas
propriedades elásticas do material são diferentes
simplesmente apoiadas, a superfície de deflexão
em todas as direções. Considerando-se que as
pode ser representada por uma série trigonométrica
direções principais de ortotropia coincidem com os
dupla.
eixos coordenados x e y, tem-se quatro constantes
elásticas (E x , E y ,ν x ,ν y ) que são requeridas para o ∞ ∞
mπx nπy
desenvolvimento das relações tensão-deformação w(x , y ) = ∑∑ a mn sen sen (32)
m =1 n = 1 a b
ortotrópicas, toda a formulação para este caso
encontra-se em Buffoni [4]. Apresentam-se apenas
as expressões da energia potencial total para cada Cada termo da série desaparece para x=0, x=a e
caso. também para y=0 e y=b e assim a deflexão é zero
ao longo do contorno.
Substituindo-se (32) em (31) e integrando-se no
5.2. Placa Ortotrópica Retangular Bi-Apoiada
domínio, obtém-se uma forma quadrática em
com Carregamento ao Longo dos Lados y=0 e
termos dos deslocamentos de onde se obtém as
y=b
equações de equilíbrio e a carga crítica que é dada
O caso apresentado na Figura 13 representa o pela expressão a seguir:
modelo de uma face da coluna de concreto armado
composta apenas pelas armaduras longitudinais e
Ny =
(
π 2 m 4 b 4 D x + 2m 2 n 2 a 2 b 2 D x D y + n 4 a 4 D y )
transversais, portanto, sem a consideração do n2 a4b2
concreto. Na Figura 13, as armaduras longitudinais (33)
e transversais são consideradas como uma grelha
que foi aproximada por uma placa ortotrópica O menor valor de Ny é obtido para m=1, nesse
equivalente. caso a placa flamba com somente uma onda na
direção perpendicular ao carregamento. A
expressão para esse caso é:
12 Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.6, p.1-14, Março, 2005

1 
2
∂2w ∂2w 
Ny =
(
π b D x + 2n a b
2 4 2 2 2 4
Dx D y + n a D y 4
) (34)
Π = ∫∫  D x
2 

∂x 2
+ Dy 
∂y 2 
+
n 2 a 4b 2 

(D ν ) ∂∂xw ∂∂yw dxdy −


2 2

x y + D yν x − 2 D x D y (39)
Simplificando a expressão (34) tem-se: 2 2

2
1  ∂w 
∫∫
2
π  D x b
2
a  N y   dxdy
Ny = + Dy n (35) 2  ∂y 
a  n
2
a b 
Substituindo-se (32) em (39) e integrando-se no
O valor mínimo de Ny é obtido calculando-se domínio, obtém-se uma forma quadrática em
_ _ termos dos deslocamentos de onde se obtém as
∂N y ∂ b = 0 , sendo b = b n , obtendo-se então
equações de equilíbrio e a carga crítica é dada pela

b Dy seguinte expressão:
=4 . A carga crítica mínima é dada por:
a Dx
Ny =
(
π 2 m 4 b 4 Dx + n 4 a 4 D y ) (40)
2 4 2
n a b
4π 2
Ny = Dx D y (36)
a2
O menor valor de Ny é obtido para m=1, nesse
caso a placa flamba em uma onda na direção
Considerando-se que a grelha da Figura 13 seja
perpendicular ao carregamento.
aproximada por uma placa ortotrópica equivalente
que é constituída por vigas paralelas com mesmo
espaçamento, pode-se usar as seguintes b2π2  n2a2 
 Dx
Ny = + D  (41)
a 2  b 2 
y
propriedades: n2a2
b _
Substituindo-se = b na equação (41) tem-se:
EI t Eπφt4 n
Dx = = (37)
s 64 s
EI s Eπφl4 _2  
Dy = = (38) π2 
b a2 
sl 64 s l N y = 2  Dx 2 + D y 2  (42)
a  a _

 b 
Dx é a rigidez na direção x que leva em conta os
estribos, onde It é o momento de inércia dos O menor valor para a carga crítica é obtido
estribos e s o espaçamento entre estribos, já Dy é a ∂N y
rigidez na direção y que leva em conta a armadura quando _
= 0 e assim obtém-se:
longitudinal, onde Is é o momento de inércia da ∂b
_
armadura longitudinal e sl o espaçamento entre as Dy
b
armaduras longitudinais. =4 (43)
a Dx
5.3. Placa Submetida Apenas à Flexão
Substituindo-se (43) em (42) o valor da carga
Considerando-se que a placa é submetida crítica fica:
apenas à flexão tem-se que a energia potencial
total é dada pela seguinte expressão:
π2
N y = 2 2 Dx D y
a
( ) (44)

Dessa forma, é possível calcular a carga crítica


para diversos pilares estudados anteriormente,
sendo que a carga é calculada considerando-se
apenas uma face do pilar e o conjunto de
armaduras longitudinais e transversais como uma
grelha. A seguir apresentam-se dois casos.
Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.6, p.1-14, Março, 2005 13 .

N cry 1 = 94 ,70 kN (51)


• Caso 1
O primeiro caso estudado foi o Pilar P1 de O valor da carga de compressão Py de cada
Queiroga [11] como apresenta a Figura 7. Os barra é:
dados necessários para o cálculo da carga crítica
são apresentados a seguir: 502
Py = f yd As = 125 = 54 ,57 kN
1,15
φ l = 12 ,5 mm φ t = 6 ,3 mm sl=69,95 mm (52)
s=150 mm f yk = 502 MPa γ s = 1,15
502 Analisou-se outros casos considerando-se o
E=210000 N f yd = = 436 ,5 MPa
mm 2 1,15 conjunto das armaduras longitudinais e
L=(1200-17,5-17,5-6,3) = 1158,7 mm transversais como grelha e concluiu-se que os
a= (200-2x17,5-2x6,3-12,5)=139,9 mm resultados obtidos com o uso do modelo
simplificado da placa ortotrópica são
Os valores de Dx e Dy são: excessivamente conservadores indicando que há
necessidade de aperfeiçoamento desse modelo.
EI t Eπφt4
Dx = = = 108258 ,0331 N mm (45) 5. CONCLUSÕES
s 64 s
EI s Eπφl4
Dy = = = 3597837 ,356 N mm (46) A partir da obtenção dos gráficos que
sl 64 s l relacionam o parâmetro de carga da armadura
_
b Dy longitudinal com o parâmetro de rigidez dos
O comprimento de onda =4 = 2 ,40 , onde estribos, mostrou-se interessante propor uma
a Dx
seqüência de projeto, caracterizando o
_ Dy dimensionamento racional dos estribos em pilares
b = a4 = 335 ,9 mm é aproximadamente duas
Dx de concreto armado. Os exemplos mostram que o
vezes o espaçamento entre estribos. Substituindo- resultado de tal procedimento pode se tornar
se (45) e (46) na expressão (44) e multiplicando-se compatível com os resultados existentes em
por a tem-se: normas de projeto atuais, por uma calibragem
adequada dos parâmetros envolvidos. Os valores
N cry = 88056 ,79 N ≈ 88 ,05 kN (47) calculados para o espaçamento e diâmetro dos
estribos foram obtidos a partir da consideração de
um modo de flambagem geral que poderia
Dividindo-se este valor por três barras chega-se a: inclusive envolver vários estribos.
A partir dos resultados apresentados verifica-se
N cry 1 = 29 ,35 kN (48) que a armadura transversal pode oferecer
diferentes contribuições para a resistência a
Caso seja considerada para a carga crítica a flambagem das barras longitudinais. As barras
expressão que leva em conta os momentos de localizadas nos cantos dos estribos são restringidas
4π 2 por uma rigidez extensional e aquelas barras
torção expressa por N cry = 2 D x D y tem-se o localizadas na perna de um estribo são restringidas
a
seguinte valor: apenas pela rigidez a flexão. No caso de haver
emendas das barras da armadura por mera
N cry = 176 ,12 kN (49) justaposição, o parâmetro de rigidez necessário
para este caso deve ser maior que no caso sem
emendas.
Dividindo-se este valor por três barras chega-se a:
Foi mostrado, através de exemplos, que o
procedimento adotado neste trabalho permite que
N cry 1 = 58 ,70 kN (50)
se atinja a rigidez necessária (isto é, uma carga
A carga crítica para a base elástica é dada por: crítica superior à carga limite de compressão
simples da barra longitudinal), com diversas
14 Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.6, p.1-14, Março, 2005

variáveis: espaçamento entre os estribos, diâmetro 5. Dym, C. L.; Shames, I. H. Solid Mechanics -
dos estribos, diâmetro da armadura longitudinal, A Variational Approach. McGraw-Hill-
uso de estribos suplementares (em cada seção ou Kogakusha, Ltd . Tokyo, 1973
alternadamente), e reposicionamento das barras da
armadura longitudinal. Estas duas últimas 6. James, F. P. Influence of Ties on the
variáveis correspondem a variações no vão de Behavior of Reinforced Concrete Columns.
flexão dos estribos. Journal of the American Concrete Institute.
Pode ainda ser considerada uma rigidez efetiva Proceedings Vol. 61, No. 5, p. 521-537, 1964.
para o estribo como a média entre a rigidez
calculada quando se consideram estribos 7. Moehle, J. P.; Cavanagh, T. Confinement
suplementares e a rigidez calculada sem a Effectiveness of Crossties in RC. Journal of
consideração dos mesmos. Assim, dimensiona-se o Structural Engineering, Vol. 111, No 10, p.
estribo utilizando um espaçamento duplo, ou seja, 2105-2120, 1985.
a cada dois espaçamentos colocam-se estribos
suplementares, o que pode ser benéfico na hora da 8. NBR-6118., 2003. Projeto e execução de
concretagem. obras de concreto armado.
Os resultados obtidos com o uso do modelo
simplificado da placa ortotrópica são 9. Pantazopoulou, S. J. Detailing for
excessivamente conservadores indicando que há Reinforcement Stability in RC Members.
necessidade de aperfeiçoamento desse modelo. Journal of Structural Engineering, Vol. 124, No
Em resumo, propõe-se um projeto racional de 6, ASCE, p. 623-632, 1998.
armadura transversal, com uso de considerações
relacionadas a flambagem da armadura 10. Pfister, J. F. Influence of Ties on the
longitudinal. Um eventual maior consumo de Behavior of Reinforced Concrete Columns.
armadura pode ser compensado por melhores Journal of the American Concrete Institute, Vol.
condições de execução de pilares, devido à 61, No. 5, p. 521-536, 1964.
redução de armaduras suplementares.
11. Queiroga, M. V. M. Análise Experimental
REFERÊNCIAS de Pilares de Concreto de Alto Desempenho
Submetidos à Compressão Simples. Dissertação
1. American Concrete Institute Committee 318. de Mestrado apresentada à Escola de
“Building Code Requirements for Structural Engenharia de São Carlos, EESC – USP, 1999.
Concrete (ACI 318-02) and Commentary
(318R-02)”, American Concrete Institute, 12. Queiroga, M. V. M.; Giongo, J. S.
Farmington Hills, Mich, 2002. Resistência e Ductilidade de Modelos de
Pilares de Concreto de Alta Resistência
2. Bazant, Z. P.; Cedolin, L. Stability of Submetidas à Compressão Simples. IV
Structures – Elastic, Inelastic, Fracture, and Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto,
Damage theories. Oxford University Press, SP, 2000.
New York, 1991.
13. Sheikh, S. A.; Uzumeri, S. M. Strength and
3. Bresler, B.; Gilbert, P. H. Tie Requirements Ductility of Tied Concrete Columns. Journal of
for Reinforced Concrete Columns. ACI Journal. Structural Division, Vol. 106, No ST5, ASCE,
Vol. 58, No. 5, p. 555-570, 1961. pp. 1079-1102, 1980.

4. Buffoni, S. S. O. Estudo da Flambagem de


Armaduras Longitudinais em Pilares de
Concreto Armado. Tese de Doutorado,
Departamento de Engenharia Civil, PUC/Rio,
2004.

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