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Luamim Tapajós (1); Luiz Henrique Santos (2); Jayana Espírito Santo (2);
Manoel Pereira Filho (3); Aarão Lima Neto (3); Maurício Ferreira (4)
(1) Professor MSc., Engenharia Civil, Universidade Federal do Oeste do Pará – Campus Itaituba
(2) Graduando em Engenharia Civil, Universidade Federal do Oste do Pará – Campus Itaituba
(3) Professor DSc., Faculdade de Engenharia Civil, Universidade Federal do Pará – CAMTUC
(4) Professor DSc., Faculdade de Engenharia Civil, Universidade Federal do Pará
Rua Universitária, S/N, Universidade Federal do Oeste do Pará, Itaituba-PA.
Resumo
Uma das alternativas mais viáveis para garantir o aumento da resistência ao cisalhamento em elementos de
concreto armado é a utilização de armadura transversal. No entanto, em alguns casos as tensões
cisalhantes são muito elevadas, necessitando de altas taxas de armadura de cisalhamento para garantir o
bom desempenho estrutural. Nesses casos, aumenta a dificuldade de execução das armaduras, por conta
do conflito de posições das barras de flexão e cisalhamento. Diante desse cenário, a utilização de armadura
de cisalhamento interna pode ser uma solução para esses problemas construtivos, por não ocupar a mesma
posição que a armadura de flexão, uma vez que uma não se envolve na outra para garantir sua ancoragem.
Assim, este trabalho investiga experimentalmente o desempenho de Estribos Treliçados Pré-Fabricados
como armadura de cisalhamento interna, avaliando o seu comportamento ao monitorar deslocamentos e
deformações nos espécimes, bem como comparando suas resistências máximas com as previsões de
resistências teóricas estimadas pela NBR 6118 (2014), por meio do ensaio em 4 vigas faixa de concreto
armado. Ao comparar as resistências experimentais desses elementos com as teóricas estimadas pela NBR
6118 (2014), foram observados valores aproximados, com certo nível de segurança, bem como constatou-
se comportamento dúctil nas peças ensaiadas. Diante disso, concluiu-se pela possibilidade de
dimensionamento estrutural do elemento pelo documento brasileiro adotado neste trabalho, bem como a
utilização dos Estribos Treliçados Pré-Fabricados como armadura de cisalhamento.
Palavra-Chave: Concreto Armado, Cisalhamento, Armadura Transversal, Estribos Treliçados Pré-Fabricado.
Abstract
One of the most feasible alternatives to ensure the increase of shear strength in reinforced concrete
elements is the use of transverse reinforcement. However, in some cases shear stresses are very high,
requiring high rates of shear reinforcement to ensure good structural performance. In these cases, increases
the difficulty of the execution of the reinforcement, due to clash of flexure and shear rebar. Considering this
scenario, the use of unconnected shear reinforcement can be a solution to these constructive problems,
since it does not occupy the same position as the flexural reinforcement, because one does not envelop the
other to ensure its anchorage. Thus, this paper investigates experimentally the performance of Pre-
Fabricated Truss Bars as unconnected shear reinforcement, evaluating its behavior by monitoring
displacements and deformations of the specimens, as well as comparing its maximum strengths with the
theoretical resistance predictions estimated by NBR 6118 (2014), by means of the test in 4 reinforced
concrete wide beams. When comparing the experimental resistances of these elements with the theoretical
ones estimated by NBR 6118 (2014), approximate values were observed, with a certain level of safety, as
well as a ductile behavior in the specimens tested.
Keywords: Reinforced Concrete, Shear, Transverse Reinforcement, Pre-Fabricated Truss Bars.
a) Vigas faixa
b) Tabuleiro de ponte
c) Galeria subterrânea
Figura 1 – Estruturas sujeitas à ruptura por cisalhamento
Este artigo tem como objetivo apresentar o processo de fabricação e montagem dos
estribos treliçados pré-fabricados, a fim de estudar o seu uso como armadura de
cisalhamento. Para isso, será analisado experimentalmente o comportamento de
elementos de concreto armados transversalmente com esse tipo de armadura, por meio
do ensaio em 4 espécimes. Além da análise do comportamento das peças, também serão
comparadas as resistências últimas obtidas nos ensaios com as estimativas teóricas de
resistência máxima, obtidas seguindo as recomendações da NBR 6118 (2014).
2 Revisão Bibliográfica
2.1 Estribos treliçados pré-fabricados
FERREIRA et al. (2016) apresentaram os estribos treliçados pré-fabricados como
alternativa para armar transversalmente elementos de concreto armado, evitando o
conflito de posição entre armaduras de flexão e cisalhamento. Além dessa finalidade,
esse tipo de armadura transversal permite a sua pré-fabricação, uma vez que o seu
posicionamento independe do posicionamento das barras longitudinais, pois esses
estribos se posicionam entre as armaduras positiva e negativa de flexão. A ideia de
industrialização é pertinente, uma vez que é possível se fabricar treliças contínuas, com
cortes nas dimensões desejadas a serem feitos na própria obra. Autores como PARK et
al. (2007), TAPAN (2014), FURCHE e BAUERMEISTER (2014) e EOM et al. (2017)
realizaram pesquisas com o propósito de se investigar armaduras desse tipo.
Contudo, TRAUTWEIN et al. (2011) também ensaiaram lajes lisas utilizando armaduras
desconectadas às barras de flexão, verificando a possibilidade de controlar a delaminação
por meio do uso de uma armadura complementar, que possibilitou a transferência dos
esforços para a armadura de flexão. Além desses autores CALDENTEY et al. (2013)
realizaram ensaios em lajes lisas, comparando o desempenho de estribos fechados
envolvendo ou não a armadura de flexão, e concluíram que o desempenho das duas
situações foi similar. Destaca-se ainda o trabalho de PARK et al. (2007), que testaram
treliças como armaduras de cisalhamento internas em lajes e não se verificou
delaminação em nenhum dos seus espécimes.
Onde:
f ctk ,inf 0.7 f ct ,m ;
fct,m é a resistência média à tração do concreto, calculada por fct ,m 0.3 fc 2 3 , para
concretos com resistência à compressão de até 50 MPa;
fyw é a tensão de escoamento da armadura transversal, limitada a 500 MPa.
bw é a largura da viga;
d é a altura útil da viga;
s é o espaçamento entre as camadas de armadura transversal;
Asw é a área de aço de uma camada de armadura transversal;
α é o ângulo de inclinação da armadura transversal em relação à longitudinal;
fc é a resistência à compressão do concreto.
O modelo II da NBR 6118 (2014) considera, assim como o modelo I, que a resistência ao
cisalhamento de vigas armadas transversalmente (VR,csII) é dada pela contribuição do
concreto (VR,cII) e da armadura transversal (VR,sII), conforme a Equação 5. Além disso, o
modelo II ainda considera os efeitos da fissuração diagonal, que na prática reduz a
inclinação da biela e, por consequência, a contribuição do concreto. Nesse modelo, a
norma brasileira permite a variação do ângulo de inclinação da biela entre 30° e 45°,
desde que o valor da contribuição do concreto seja calculado pela Equação 6. A
contribuição das armaduras transversais é calculada pela Equação 7 e a resistência
máxima ao cisalhamento (VR,max II) pela Equação 8.
VR ,max II V
VR ,c II VR ,c I VR ,c I (Equação 6)
VR ,max II VR ,c I
Onde θ é o ângulo de inclinação da biela, podendo variar entre 30° e 45° para o modelo II.
3 Programa Experimental
Com o intuito de investigar o desempenho da utilização dos estribos treliçados pré-
fabricados como armadura de cisalhamento, este trabalho realizou um programa
experimental envolvendo o ensaio em 4 vigas faixa de concreto armado, moldadas com
os referidos estribos como armadura transversal. Essa série de ensaios foi realizada no
Laboratório de Engenharia Civil da Universidade Federal do Pará no Campus de Tucuruí.
Todas as peças foram dimensionadas para romper por cisalhamento.
Conforme a Tabela 1, as vigas possuíam a mesma área de aço transversal por camada,
porém variou-se o espaçamento entre 100 e 150 mm, para proporcionar uma mudança na
taxa de armadura transversal, a fim de observar o comportamento em duas taxas
diferentes, bem como se variou a presença ou não de armadura complementar para
controle da delaminação. Para melhor visualização, a Figura 9 mostra as seções
transversais e as vistas laterais das vigas ensaiadas.
O sistema de ensaio deste trabalho é mostrado na Figura 10. Para realização dos
ensaios, utilizou-se um sistema de chapas para posicionamento das vigas em cima de
apoios de primeiro e segundo gênero, bem como para aplicação da carga utilizou-se uma
prensa hidráulica com capacidade de até 300 toneladas. O carregamento foi realizado em
passos de carga, possibilitando a análise do desenvolvimento das fissuras. O registro do
carregamento, deformações e deslocamentos foi feito de maneira contínua, com o auxílio
de uma célula de carga, extensômetros de resistência elétrica (EER) e transdutor de
deslocamento linear variável (LVDT) conectados a um sistema de aquisição de dados.
4 Resultados e discussões
Todas as vigas ensaiadas tiveram seu modo de ruptura associado ao cisalhamento, como
mostra a Figura 11, inclusive com o grau de inclinação semelhante. Além da fissura
principal de cisalhamento, observou-se nas peças testadas o desenvolvimento de uma
fissura horizontal paralela à armadura de flexão, característica de delaminação, sendo
que nas vigas com armaduras complementares o desenvolvimento dessas fissuras foi
menor. Com base nessa superfície, acredita-se que as armaduras complementares
contribuíram para a costura da fissura de delaminação.
a) W-3.5-0.17 b) Wc-3.5-0.17
Para melhor visualização das resistências últimas obtidas pelas vigas, a Tabela 2
apresenta seus resultados, comparando-os com as resistências teóricas obtidas seguindo
as recomendações da NBR 6118 (2014), tanto para o modelo I quanto para o modelo II.
Percebe-se que todos os resultados foram a favor da segurança, com exceção da viga W-
3.5-0.25 pelo Modelo II da norma brasileira. Observou-se que o modelo I foi mais
conservador que o Modelo II, uma vez que o primeiro considera o ângulo de inclinação da
biela como 45°, enquanto que o segundo permite uma variação até os 30°, com isso, mais
camadas de armadura transversal são estimadas para contribuir na resistência ao
cisalhamento, por isso, o modelo II apresentou mais proximidade com os resultados
experimentais.
5 Conclusão
Este artigo abordou a utilização dos estribos treliçados pré-fabricados como armadura de
cisalhamento em elementos de concreto armado, apresentando o processo de fabricação
e montagem na obra. Para entendimento da proposta, também foi tratado o tema da
influência da ancoragem da armadura transversal na resistência ao cisalhamento e as
recomendações da NBR 6118 (2014) para características dos estribos e estimativa da
resistência de elementos de concreto sob ação do cisalhamento.
De modo geral, com base nos resultados obtidos neste trabalho, é possível adotar a
armadura de cisalhamento proposta neste trabalho, com o seu dimensionamento sendo
feito pela NBR 6118 (2014), respeitando a utilização da armadura complementar para
dimensionamento feito pelo Modelo II, enquanto que para o Modelo I todas as vigas
estiveram dentro de uma faixa de segurança. Vale ressaltar que este estudo abrangeu
apenas alguns ensaios em determinadas faixas de taxas de armadura transversal, mais
ensaios devem ser realizados para obter uma conclusão mais eficaz sobre o tema.
6 Agradecimentos
Os autores agradecem pelo apoio a esta e a outras pesquisas à Universidade Federal do
Pará; ao Núcleo de Modelagem Estrutural Aplicada (NUMEA); ao Núcleo de
Desenvolvimento Amazônico em Engenharia (NDAE); ao Campus de Tucuruí; à
Universidade Federal do Oeste do Pará; ao Campus de Itaituba; à Eletronorte; e às
Agências de fomento CNPq, CAPES e FAPESPA.
7 Referências
ASSOCIACAO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS NBR 6118: Projeto de Estruturas
de Concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.
BEUTEL, R.; HEGGER, J. The Effect of Anchorage on the Effectiveness of the Shear
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FISKER, J.; HAGSTEN, L.G. Mechanical Model for the Shear Capacity of R/C Beams
without Stirrups: A proposal Based on Limit Analysis. Engineering Structures. V. 115,
2016.
PARK, H., AHN, K., CHOI, K., CHUNG, L. Lattice Shear Reinforcement for Slab-
Column Connections. ACI Structural Journal. V. 104, n. 3, 2007.
YAMADA, T., NANNI, A., ENDO, K. Punching Shear Resistance of Flat Slabs:
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