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Tema: Estruturas de Aço e Mistas de Aço e Concreto

DIMENSIONAMENTO DE VIGAS CASTELADAS POR MÉTODOS NUMÉRICOS SUJEITOS A


INSTABILIDADE LATERAL COM TORÇÃO

Catarina Monteiro da Câmara¹


Zacarias Martin Chamberlain Pravia PPEng/UPF²
Marcel Leonel Jorge/FJPII³

Resumo
Este trabalho apresenta o método dos elementos finitos para a determinação do momento
fletor resistente à flambagem lateral com torção de vigas de aço casteladas. Para isso, realizou-
se análises de flambagem elástica com o auxilio do software ANSYS 18.0. Inicialmente, para a
validação do modelo numérico, foram preparados modelos das vigas de alma cheia de seção
equivalente às vigas casteladas e comparou-se os resultados com os obtidos a partir da ABNT
NBR 8800:2008. Na sequência foram modeladas 6 vigas casteladas, ensaiadas
experimentalmente por ZIRAKIAN e SHOWKAT (2006). A geometria, condições de contorno e
comprimento destravado foram considerados análogas ao experimental, alterando-se apenas
as propriedades mecânicas do aço. Após o processamento das vigas casteladas, comparou-se
os resultados do momento fletor resistente com as vigas do perfil original, calculadas
conforme ABNT NBR 8800:2008. As vigas casteladas apresentaram bons resultados,
principalmente em relação ao comprimento da viga, isso ocorreu, devido ao aumento da
inércia da peça. O uso de métodos numéricos com análises de flambagem permitem
dimensionar vigas de alma cheia, assim como as casteladas, desde que não exista flambagem
local de alma e mesa.

Palavras-chave: Vigas casteladas; Método dos elementos finitos; Flambagem lateral com
torção.

DIMENSIONING OF CASTELLATED BEAMS BY NUMERICAL METHODS SUBJECT TO TORSIONAL


LATERAL INSTABILITY

Abstract
This work presents the use numerical methods in determination of bending moment to lateral
buckling with torsion of castellated steel beams. For this, elastic buckling analysis was
performed using commercial software Ansys 18.0. Initially, for the validation of numerical
model, were elaborated Models of beams without holes in web with section equivalent to the
Castellated beams and compared the results with those obtained from the ABNT NBR
8800:2008. In sequence, six Castellated beams were modeled, experimentally tested by
Zirakian and Showkat (2006). The geometry, boundary conditions and unbraced length were
considered analogous to the experimental, modifying only the mechanical properties of the
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steel. The results of the bending moment were compared with the beams of the original
section, calculated according ABNT NBR 8800:2008. The Castellated beams presented good
results, mainly in relation to the girder length, this occurred due to the increase of the inertia

section. The use of numerical methods with buckling analysis allows the size of full-sized
beams, as well as the Castellated, as long as there is no local buckling on web or flange.

Keywords: Castellated beams; Finite element method; Lateral buckling with torsion.

¹ Estudante Engenharia Civil, Curso de Engenharia Civil, Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, RS,
Brasil.
² Engenheiro Civil, Doutor, Professor titular permanente, Programa de pós-graduação em Engenharia
Civil e Ambiental, Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, RS, Brasil.
³ Físico, Mestrando, Professor titular permanente, de graduação em Engenharia Produção, Faculdade
João Paulo II, Passo Fundo, RS, Brasil.
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1 INTRODUÇÃO

Após o surgimento da solda elétrica no século passado, obtiveram-se novas


alternativas para otimizar as estruturas e minimizar os custos, uma delas, foram às vigas
casteladas. As vigas casteladas constituem-se de um corte de um perfil I, com sequências de
abertura na alma, através de um traçado especial, o deslocamento e a soldagem das peças.
Esse método aumenta a seção transversal da viga e devido ao aumento da inércia da peça,
melhora a capacidade a flexão [1]. A figura 1 ilustra o processo fabril das vigas casteladas.

Figura 1 - Processo de fabricação das vigas casteladas

Fonte: Gemperle (2007).

Devido ao incremento de altura na seção transversal da peça, as vigas casteladas


possuem maior eficiência quanto à resistência ao momento fletor. Dessa forma, aumenta-se a
altura e o peso permanece quase o mesmo. Além disso, quando deseja-se obter uma maior
resistência ao momento fletor, são utilizadas chapas planas retangulares entre as duas
metades cortadas, resultando-se assim, em vigas casteladas do tipo octogonais [2]. Figura 2.

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Figura 2 - Viga castelada com chapa expansora

Fonte: Adaptado Grunbauer (2018).

1.1 Modos de colapso das vigas casteladas

Devido à presença das aberturas causada pelo corte e pela solda das vidas casteladas, o
seu comportamento difere das vigas de alma cheia, por isso elas podem apresentar novas
formas de colapso. Para [2], a determinação dos modos de colapso está em função das
características geométricas da viga, a geometria da barra, a esbeltez da alma e ao tipo de
carregamento, ou seja, considerando-se um carregamento que origine força cortante e
momento fletor, teremos as seguintes formas de colapso.

• Formação de um mecanismo Vierendel ou de cisalhamento;


• Formação de rótula plástica;
• Ruptura da solda entre as aberturas;
• Flambagem do montante da alma devido à força cortante;
• Flambagem por compressão do montante da alma;
• Flambagem lateral com torção (acompanhada ou não de distorção da alma).

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1.1.1 Mecanismo de Vierendel ou de cisalhamento

O mecanismo de Vierendel está vinculado a altos valores de força cortante na viga. A


viga é deformada para um tipo de paralelogramo devido à formação de rótulas plásticas nos
cantos das aberturas. As vigas predispostas a esse tipo de colapso são confeccionadas com
pequenas alturas dos “tês” superior e inferior, dispõe de pequenos vãos e grande
comprimento de solda entre as duas aberturas [2].

1.1.2 Formação de rótula plástica

Segundo [1], a formação da rótula plástica é o resultado do escoamento da tração e da


compressão devido ao momento gerado nos “tês” superior e inferior da viga. Para [2] “O
momento resistente relacionado a esse modo de colapso, é igual ao momento de plastificação,
Mpl, no centro da abertura. Esse momento é dado pelo produto Zfy, onde Z é o módulo
plástico no centro da abertura e fy é a resistência ao escoamento do aço.”

1.1.3 Ruptura da solda entre as aberturas

Esse modo de colapso ocorre quando a tensão horizontal cisalhante for maior que a
capacidade resistente. É mais propenso ocorrer quando o comprimento entre as aberturas for
menor [2]. Pode-se dizer que esse comportamento ocorre quando se deseja dificultar o
mecanismo de Vierendel.

1.1.4 Flambagem do montante da alma devido à força cortante

Conforme a figura 13, a força F cisalhante na solda entre os dois “tês” é equilibrada
pela força cortante V/2. Desse modo, surgem esforços de tração na face AC e esforços de
compressão na face BD. Resulta-se na flambagem do montante da alma da viga [2]. O autor
define que “Essa flambagem é caracterizada por um giro em torno do eixo xx’.” A figura 3
ilustra esse comportamento.

Figura 3 - Flambagem do montante da alma devido a força cortante

Fonte: Redwood e Demirdjian (1998).


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A figura 4 indica um modelo estudado por [3] através do método dos elementos
finitos, que define claramente a flambagem por montante na alma.

Figura 4 - Flambagem do montante da alma da viga castelada

Fonte: Redwood e Demirdjian (1998).

1.1.5 Flambagem por compressão do montante da alma

A flambagem por compressão do montante da alma é resultado de uma força


localizada ou uma reação de apoio aplicada diretamente nessa região. Esse modo de colapso é
semelhante à flambagem por flexão de uma barra axialmente comprimida e não ocorre o giro
como visto na flambagem do montante da alma devido à força cortante.

1.1.6 Flambagem lateral com torção

A flambagem lateral com torção das vigas casteladas é semelhante à flambagem de


vigas com a alma cheia. O fenômeno é causado devido ao momento fletor que nos perfis I,
explica-se que a parte comprimida da seção transversal torna-se frágil, porém, por ser unido
continuamente por meio da alma, o efeito de estabilizar a peça propicia a translação acrescida
de uma torção [2]. A figura 5 ilustra a flambagem lateral com torção em vigas casteladas.

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Figura 5 – Modelo da flambagem lateral com torção de uma viga castelada

Fonte: Adaptado Bezerra (2011).

1.2 Objetivos

Esse trabalho tem como objetivo realizar a verificação da estabilidade lateral de vigas
casteladas, do tipo soldada, para contribuir com a melhor compreensão de sua análise. Para
isso serão modeladas pelo método dos elementos (MEF), seis vigas casteladas, utilizando-se o
software comercial [6]. Serão realizadas análises de flambagem elástica e os resultados serão
comparados com as vigas de perfil original, baseando-se na [4].

2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Modelo experimental

Neste trabalho é apresentado um estudo quanto ao modo de colapso definido como


flambagem lateral com torção. Realizaram-se análises pelo método dos elementos finitos para
determinar o momento fletor resistente de seis vigas casteladas ensaiadas experimentalmente
por [5], no qual propuseram avaliar a distorção da alma de vigas casteladas. As características
dos perfis das vigas de aço casteladas estão presentes na tabela 1.

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Tabela 1 - Características dos perfis experimentais

Fonte: Zirakian e Showkat (2006).

A geometria utilizada para a concepção das vigas casteladas foram do tipo hexagonais
não-regulares. A figura 6 ilustra de forma clara as características geométricas da viga.

Figura 6 - Geometria utilizada no ensaio experimental

Fonte: Zirakian e Showkat (2006).

Conforme a figura 7, os testes foram realizados em vigas casteladas simplesmente


apoiadas, também foram inseridos dois enrijecedores próximos aos apoios, a fim de evitar a
flambagem local da alma causada pela força cisalhante na região.

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Figura 7 - Arranjo da viga castelada

Fonte: Zirakian e Showkat (2006).

Para a realização das análises numéricas pelo método dos elementos finitos (MEF),
utilizou-se o software [6]. Para [7], “o método dos elementos finitos é divididos em três
etapas: pré-processamento, análise numérica e pós-processamento”. Para a etapa de pré-
processamento deve-se inserir no software o modelo paramétrico (figura 8), como: a
geometria, as condições de contorno, o carregamento e as propriedades do material.

Figura 8 - Parametrização do modelo pelo método dos elementos finitos

Fonte: Parente (2007).

2.2 Características do modelo numérico

Utilizou-se o elemento finito SHELL 181, no qual é composto por quatro nós, com seis
graus de liberdade por nó: translações nas direções X, Y e Z e rotação em relação aos eixos X, Y
e Z. O elemento é adequado para elaborar análises lineares e não-lineares físicas e
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geométricas. A figura 9 mostra o elemento SHELL 181, no qual foi utilizado para elaboração do
modelo.

Figura 9 - Elemento Shell 181

Fonte: ANSYS (2018).

Como nos modelos experimentais, as vigas apresentaram as mesmas características


geométricas conforme a tabela 2, alterando-se apenas as características do aço, sendo esse, o
aço A572-GRAU 50 com módulo de elasticidade de 200 GPa, resistência ao escoamento fy igual
a 345 Mpa e resistência a ruptura fu igual a 450 Mpa.

Tabela 2 - Características geométricas em (mm) das vigas casteladas

Viga Largura Espessura Altura da Espessura Altura do Base do Largura Vão


da Mesa da mesa (tf) alma (h) da alma furo (h0) furo do furo (L)
(bf) (tw) (b0) (a0)
IPE 12 64 6.3 180 4.4 120 60 120 5200
IPE 12 64 6.3 180 4.4 120 60 120 4400
IPE 12 64 6.3 180 4.4 120 60 120 3600

IPE 14 73 6.9 210 4.7 140 70 140 5200


IPE 14 73 6.9 210 4.7 140 70 140 4400
IPE 14 73 6.9 210 4.7 140 70 140 3600
Fonte: Autora (2018).

2.2.1 Configurações do modelo numérico


Todas as vigas foram consideradas simplesmente apoiadas. Do lado esquerdo,
restringiram-se os movimentos em X, Y e Z no segundo nó da alma, adjacente a mesa superior
e inferior. Já do lado direito restringiu-se os movimentos em X e Y também nos nós citados. Do
mesmo modo, foram impedidos os movimentos na direção X, em cada extremidade dos nós da
mesa superior. É importante salientar, que a aplicação das restrições no nó da alma mostrou-
se grande influenciador nos resultados finais das análises.

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Refinou-se a malha do modelo numérico de modo que os resultados apresentados
pelo software apresentassem coerência. Para isso, aumentou-se sucessivamente o número de
elementos finitos, até que os resultados apresentados entre um modelo e outro obtivesse uma
diferença de 3%. Desse modo, definiu-se como uma medida apropriada 17,5 mm.

2.3 Análise numérica

Para a aferição do modelo numérico, inicialmente realizou-se a modelagem das vigas


maciças e determinou-se através de uma análise linear de flambagem elástica o momento
fletor resistente à flambagem lateral com torção. Essa determinação foi obtida através da
inserção do valor de carga crítica de flambagem no modelo, sendo esse determinado através
do produto do módulo de resistência elástico relativo ao eixo de flexão junto com tensão de
escoamento do aço. A tabela 3 contém os valores dos momentos críticos obtidos, no qual
foram comparados com os valores dos momentos resistentes a flambagem lateral com torção
calculados através da prescrição da [4]. Apesar do perfil IPE 12-3600 apresentar uma diferença
em torno de 16%, foi possível comprovar que o método dos elementos finitos é válido para
determinar o momento fletor resistente.

Tabela 3 - Resultados dos momentos críticos à flambagem lateral com torção

Momento Resistente Momento Resistente (kN.m) Diferença Percentual


VIGA (kN.m) ABNT NBR 8800:2008 (%)
Ansys
IPE 12 - 3600 8,0 9,31 16,37
IPE 12 - 4400 6,86 7,15 4,23
IPE 12 - 5200 6,08 6,11 0,32

IPE 14 – 3600 12,43 13,08 4,75


IPE 14 - 4400 10,53 10,08 4,46
IPE 14 - 5200 9,27 8,21 12,91
Fonte: Autora (2018).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Análise das vigas casteladas

Após a validação dos modelos numéricos, foram modeladas as seis vigas casteladas
descritas na tabela 2 do item 2.2. Como na aferição numérica, utilizou-se a malha e as
condições de contorno descritas. A figura 10 ilustra a malha de elementos finitos utilizada para
a viga castelada.

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Figura 10 - Malha de elementos finitos da viga castelada

Fonte: Autora (2018)

Os resultados dos momentos resistentes à flambagem lateral com torção foram


obtidos através do produto do primeiro modo de flambagem obtido no [6], pelo módulo de
resistência elástico relativo ao eixo de flexão e a tensão de escoamento do aço. Para a
obtenção final dos resultados, todos os valores foram divididos pelo coeficiente de
ponderação da resistência do aço. As tabelas 4 e 5 trazem os valores obtidos dos momentos
resistentes à flambagem lateral com torção das vigas casteladas.

Tabela 4 - Momento resistente das vigas casteladas do perfil IPE 12


Lb (m) Momento resistente (kN.m)

Viga IPE 12 3,6 7,5


4,4 6,54
5,2 6,05
Fonte: Autora (2018).

Tabela 5 - Momento resistente das vigas casteladas do perfil IPE 14


Lb (m) Momento resistente (kN.m)
3,6 11,86
Viga IPE 14 4,4 10,0
5,2 8,39
Fonte: Autora (2018).
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Após a determinação dos momentos resistentes das vigas casteladas, as vigas de perfil
original foram verificadas através da prescrição da [4] para a determinação do momento fletor
resistente à flambagem lateral com torção. Desse modo, realizou-se a comparação dos
resultados entre as vigas do perfil original e as vigas casteladas.

3.2 Comparação dos resultados

Os resultados dos momentos resistentes obtidos das vigas de alma cheia do perfil
original e das vigas casteladas estão presentes nas tabelas 6 e 7.

Tabela 6 - Comparação dos resultados para a viga IPE 12


Momento Resistente (kN.m)
Lb Viga Castelada Viga de alma cheia original Diferença
(m) (Ansys) (ABNT NBR 8800:2008) Percentual (%)

IPE 12
3,6 7,5 6,53 12,93
4,4 6,54 5,18 20,79
5,2 6,05 4,31 28,76
Fonte: Autora (2018).

Tabela 7 - Comparação dos resultados para a viga IPE 14


Momento Resistente (kN.m)
Lb Viga Castelada Viga de alma cheia original Diferença
(m) (Ansys) (ABNT NBR 8800:2008) Percentual (%)

IPE 14 3,6 11,68 11,81 -1,11


4,4 10,0 9,35 6,5
5,2 8,61 7,76 7,4
Fonte: Autora (2018).

Abaixo seguem alguns exemplos de deformação por flambagem lateral com torção.

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Figura 11 – Modos de flambagem das vigas casteladas

Fonte: Autora (2018).

Uma primeira observação a ser discutida, é que o método dos elementos finitos
mostrou-se eficiente para realizar o dimensionamento das vigas casteladas, haja vista que
apresentou bons resultados na aferição do modelo numérico. Também observou-se que mais
de 83% das vigas casteladas apresentaram uma maior resistência ao momento fletor
comparadas com a viga de perfil original, isso ocorreu devido ao incremento em torno de 33%
na seção transversal das peças.
Uma segunda análise das tabelas apresentadas, foi possível observar que as vigas
casteladas dos perfis IPE 12 e IPE 14, com comprimento destravado de 3,6 metros
apresentaram diferenças significativas. Enquanto o perfil IPE 12 da viga castelada apresentou
uma diferença de quase 13% na resistência ao momento fletor comparada com o perfil
original, a viga castelada do perfil IPE 14 apresentou uma redução de quase 1,2%. Isso
demonstra que a escolha do perfil intervém no resultado dos momentos resistentes,
considerando o item 1.1.1 desse trabalho, o comprimento de solda da viga IPE 14 é maior do

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que o da viga IPE 12, além disso, esse comportamento ocorreu no menor vão, ou seja, o perfil
pode ter sofrido o modo de colapso descrito como mecanismo de Vierendel.
Outro aspecto importante na análise dos resultados, é que conforme o aumento do
comprimento destravado das vigas, a diferença percentual entre a viga castelada e viga
original apresentou resultados satisfatórios. Isso ocorreu devido ao acréscimo da inércia das
vigas, no qual contribuíram na resistência a flexão.
Por fim, é comprovado que as vigas casteladas apresentam bons resultados quando
comparadas com o perfil original, além disso, apresentam-se aplicáveis quando deseja-se
realizar a passagem de tubulações necessárias nas estruturas.

4 CONCLUSÃO

O trabalho desenvolveu análises de flambagem elástica para a determinação do


momento fletor resistente à flambagem lateral com torção de vigas de aço casteladas. Para
realizar essas análises, utilizou-se o método dos elementos finitos com o auxilio do software
[6].
Uma primeira análise mostrou que o uso de métodos numéricos é apropriado para
determinar a resistência ao momento fletor resistente à flambagem lateral com torção, tanto
para vigas de alma cheia, como para vigas casteladas, desde que não haja flambagem local da
alma e da mesa.
As pesquisas também mostraram que as vigas de aço casteladas apresentaram bons
resultados comparando-as com as vigas do perfil original. Além disso, observou-se que o
comprimento destravado das vigas está intrinsecamente ligado à instabilidade lateral, de
modo que à medida que o comprimento aumenta, o momento resiste à flambagem lateral
com torção reduz.
Portanto, pode-se concluir que o modelo geométrico e o comprimento destravado
estão diretamente ligados aos resultados do momento fletor resistente à flambagem lateral
com torção, visto que as vigas casteladas, em quase todos os casos, apresentaram resultados
superiores comparadas ao perfil original. Entretanto, deve-se avaliar a sua utilização devido à
mesma necessitar de um processo fabril oneroso e que não permite falhas na sua confecção.
Além disso, comparando-se a uma viga de alma cheia de seção equivalente, o consumo de
material torna-se maior, o que são parâmetros que além da resistência, devem ser
considerados na hora da escolha do modelo da viga.

Agradecimentos

A empresa Stabile Engenharia pelo software Mcalc3d 5, para a verificação das vigas de aço de
alma cheia segundo as normas brasileiras.

REFERÊNCIAS

[1] BRINKHUS, R. N. Análise de vigas casteladas e vigas casteladas mistas. 2015. Dissertação
(Mestrado em Engenharia Civil) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
2015.

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[2] BEZERRA, E. M. Determinação do momento fletor resistente à flambagem lateral com
torção de vigas de aço casteladas. 2011. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Estruturas) -
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011.

[3] REDWOOD, R. G., DEMIRDJIAN, S. Castellated beam web buckling in shear.Journal of


Constructional Steel Research, v. 124. p. 1202-1207, 1998.

[4] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 8800: Projeto de estruturas de
aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios.Rio de Janeiro, 2018.

[5] ZIRAKIAN, T.; SHOWKATI. S. Distortional buckling of castellated beams. Journal of


Constructional Steel Research, v. 62, p. 863-871, 2006.

[6] ANSYS. Version, 18.0. 2017.

[7] REINEHR, R. Análise de vigas de aço com aberturas na alma. 2010.Trabalho de conclusão de
curso (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, 2010.

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