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Abstract
This paper presents a study of the efficiency of intermediate packing plates in built-up axially
compressed members composed of two U profiles connected by the webs based on numerical
analysis performed through the ABAQUS computational program, using the elastic buckling
load as reference. Models of built-up members were simulated in which the slenderness and
the number of packing plates were varied. The numerical results were compared with Brazilian
ABNT NBR 8800:2008, American ANSI/AISC 360-16 and European EN 1993-1-1:2005 standards.
It was verified that for complete interaction between the two U profiles, the European
standard requires an exaggerated number of packing plates, the number prescribed by the
Brazilian standard is not enough and the number prescribed by the American standard shows
good compliance with the numerical results.
Keywords: Steel Structure; Axial Compression; Built-up Member; Numerical Analysis.
¹ Engenheira Civil, Mestranda em Engenharia de Estruturas, Programa de Pós-graduação em Engenharia
de Estruturas, UFMG, Belo Horizonte, Brasil.
² Engenheiro Civil, Doutor em Engenharia de Estruturas, Professor do Departamento de Engenharia de
Estruturas, UFMG, Belo Horizonte, Brasil.
³ Engenheira Civil, Doutora em Engenharia de Estruturas, Professora do Departamento de Engenharia de
Estruturas, UFMG, Belo Horizonte, Brasil.
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Os elementos estruturais sujeitos à compressão axial são tipicamente utilizados como pilares,
contraventamentos, escoras e em estruturas treliçadas de forma geral. Esses elementos são
encontrados com as mais diversas seções transversais, e podem ser constituídos por um único
perfil ou por mais de um perfil, sendo neste último caso designados como barras compostas.
Na maioria das vezes, os perfis das barras compostas são unidos por chapas espaçadoras
soldadas ou parafusadas a eles. A função dessas chapas é fazer com que os perfis atuem em
conjunto, o que eleva a capacidade resistente da barra e, adicionalmente, de manter esses
perfis afastados, o que facilita sua ligação centrada aos outros componentes da estrutura. É
usual projetar barras compostas constituídas, por exemplo, por duas cantoneiras (perfis L) ou
dois perfis U, em diversas configurações, como ilustra a Figura 1.
Figura 1 - Seções usais de barras compostas com perfis L e U: (a) Dois U’s em forma de I (b)
Dois L’s em forma de T (c) Dois L’s em forma de cruz
O estudo de barras compostas comprimidas, envolvendo a eficiência na utilização das chapas
espaçadoras, é relevante para situações nas quais a força axial resistente de apenas um perfil
laminado ou soldados não atenda às condições de solicitação. Por meio do programa
computacional ABAQUS [1], que realiza a análise estrutural via Método dos Elementos Finitos,
é possível realizar estudos numéricos do comportamento dessas barras e, assim, avaliar de
forma comparativa os resultados obtidos e as proposições das normas vigentes no Brasil e em
países com alto desenvolvimento no dimensionamento de estruturas de aço, como os Estados
Unidos e os da Europa.
As análises numéricas proporcionam, por meio de recursos computacionais, a simulação das
condições desejadas com grande praticidade, fornecem resultados da análise estrutural com
elevada precisão e apresentam um custo financeiro reduzido.
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Chapas espaçadoras
𝑎 𝑎
Figura 2 – Barra composta constituída por dois perfis U conectados pela alma com chapas
espaçadoras
Nas análises numéricas, serão obtidas as forças críticas elásticas em barras compostas
comprimidas constituídas por dois perfis U por meio de análise linearizada de flambagem,
variando-se o número de chapas espaçadoras. Esses valores serão primeiramente comparados
com os valores teóricos, válidos para a situação em que os dois perfis U, que formam uma
seção transversal duplamente simétrica, trabalhem perfeitamente unidos. Em seguida, serão
comparados com os procedimentos de cálculo relacionados às chapas espaçadoras de barras
compostas das três normas, de modo a permitir uma avaliação crítica desses procedimentos.
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3 PROCEDIMENTOS NORMATIVOS
A norma brasileira ABNT NBR 8800:2008 [2] somente trata dos casos em que os perfis
componentes da barra composta trabalhem perfeitamente em conjunto (interação completa
entre os perfis), determinando que duas condições sejam atendidas no dimensionamento. A
primeira estipula que a distância máxima entre duas chapas espaçadoras adjacentes
(representada por a – ver Figura 2) deve ser tal que:
1 (2)
𝑎≤ 𝜆 𝑟
2 𝑚á𝑥 𝑚í𝑛,1
onde rmín,1 é o raio de giração mínimo de um perfil isolado que compõe a barra composta e
máx o índice de esbeltez máximo da barra composta.
A segunda condição estipula que pelo menos duas chapas espaçadoras uniformemente
espaçadas devem ser colocadas ao longo do comprimento da barra.
A norma norte-americana ANSI/AISC 360-16 [3] determina que as barras compostas cujos
perfis componentes são ligados por chapas espaçadoras conectadas a eles por parafusos ou
soldas devem ser dimensionadas da mesma forma que as barras simples sujeitas à compressão
axial, substituindo-se, porém, o valor do índice de esbeltez reduzido por um índice de esbeltez
reduzido modificado m. O valor desse índice de esbeltez modificado deve ser determinado de
acordo com o tipo de ligação e as propriedades geométricas da barra, conforme mostrado a
seguir para chapas espaçadoras fixadas com solda ou parafusos pré-tensionados:
𝑎
- quando ≤ 40
𝑟𝑚í𝑛,1
𝜆 𝑚 = 𝜆0 (3)
𝑎
- quando 𝑟 > 40
𝑚í𝑛,1
2 (4)
2 𝐾𝑖 𝑎
𝜆𝑚 = √ 𝜆 0 + ( )
𝑟𝑚í𝑛,1
onde a é a distância entre duas ligações adjacentes entre os perfis componentes (distância
entre chapas espaçadoras), 0 o índice de esbeltez reduzido e Ki um fator cujo valor é de 0,50
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3.3 EN 1993-1-1:2005
A norma europeia EN 1993-1-1:2005 [4], da mesma maneira que a norma brasileira, somente
considera o caso de interação completa entre os perfis componentes da barra composta. Para
que esse tipo de interação ocorra, determina que a distância máxima entre as chapas
espaçadoras soldadas ou parafusadas aos perfis deve obedecer a seguinte condição:
𝑎 ≤ 15 𝑟𝑚í𝑛,1 (6)
A norma determina ainda que devem ser colocadas no mínimo três chapas espaçadoras nas
barras compostas abordadas neste trabalho.
4 ANÁLISE NUMÉRICA
A elaboração dos modelos numéricos foi realizada a partir de barras compostas birrotuladas
sob compressão centrada. Utilizou-se da análise linearizada de flambagem no programa
ABAQUS [1], um processo em que o carregamento é aplicado de forma incremental.
Escolheu-se o elemento de casca S4, que possui quatro nós com aproximação linear e
integração completa, utilizando quatro pontos de integração. De acordo com Castro e Silva [5],
análises que utilizam esse elemento fornecem soluções precisas para problemas de flexão no
plano, não são sensíveis à distorção do elemento e conseguem evitar situações em que o
elemento se torna muito rígido quando sua espessura fica muito fina.
Foi realizado um teste de sensibilidade da malha, e concluiu-se que, a partir de 5 elementos
em cada uma das mesas na seção transversal, os resultados já apresentam um resultado
satisfatório. Adotou-se como referência para este trabalho uma malha com 5 elementos por
mesa na seção transversal (dimensões aproximadas de 10 mm x 10 mm), número que se
mostrou razoável em termos de tempo de processamento.
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4.3 Condições de contorno, simulação das chapas espaçadoras e aplicação da força axial
Para assegurar as condições de contorno de uma barra birrotulada, certas restrições devem
ser atribuídas aos modelos na etapa de pré-processamento. Nos modelos em questão,
restringiu-se: (i) os deslocamentos nos eixos x e y, nas extremidades e no ponto central da
alma de cada um dos perfis (U1 e U2, respectivamente); (ii) o deslocamento no eixo z no ponto
central de cada um dos perfis (U3); (iii) e a rotação em relação ao eixo z nas extremidades e no
ponto central da alma de cada um dos perfis (UR3). Para a determinação da força crítica de
flambagem da barra, aplicou-se uma força distribuída inicial de compressão de 1 kN/mm nas
extremidades dos perfis, conforme mostrado na Figura 4. Essa força distribuída foi sendo
incrementada, durante o processamento, até que a barra atingisse a instabilidade, fornecendo
como resposta computacional os autovetores (formas dos modos de flambagem) e os
autovalores (multiplicadores da força aplicada), que indicam o aspecto e a força crítica de
flambagem da barra, respectivamente.
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Figura 5 – Simulação das vinculações entre as barras proporcionadas pelas chapas espaçadoras
e pelos nós nas extremidades
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi determinado o número de chapas espaçadoras previsto pelas normas brasileira, norte-
americana e europeia conectando os perfis componentes da barra composta para seu
funcionamento como elemento estrutural sem que haja redução do valor da força crítica de
flambagem e, consequentemente, da força resistente nominal de compressão. A Tabela 1
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Observando a quantidade de chapas proposta pelas normas em análise, nota-se que há uma
grande diferença nos procedimentos de cada uma delas no que diz respeito ao
dimensionamento de barras compostas. A norma europeia foi aquela que exigiu maior número
de chapas para assegurar a interação completa, independentemente da esbeltez da barra,
além de apresentar valores mais distantes das outras duas normas. A norma brasileira, exceto
para a esbeltez da barra igual 50, foi a que exigiu a menor quantidade de chapas espaçadoras,
mostrando-se também insensível à variação da esbeltez.
Observou-se que o modo dominante de falha em todos os casos analisados se deu por
flambagem global da barra por flexão em relação ao eixo y (eixo de menor inércia), como era
esperado e de acordo com o exposto no Item 2. A Figura 6, a título de ilustração, mostra esse
modo de flambagem obtido na análise numérica para caso de esbeltez igual a 200 com oito
chapas espaçadoras (número de chapas referente à exigência da ANSI/AISC 360-16 [3]).
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Chama-se a atenção para o fato de que, na barra com menor esbeltez ( = 50), notou-se a
ocorrência adicional de uma distorção da seção transversal dos perfis na forma de uma
abertura das mesas e uma curvatura da alma na parte mais solicitada da barra composta, ou
seja, na região central, como se vê, como ilustração, na Figura 7. Um possível motivo para a
ocorrência desse fenômeno é a elevada magnitude da força de compressão na barra em razão
de um comprimento de flambagem muito reduzido.
Figura 7 – Flambagem por flexão em relação ao eixo y de barra composta com esbeltez igual
50 com manifestação de distorção da seção transversal
A partir das forças críticas encontradas numericamente para as barras compostas com as
quatro esbeltezes consideradas, variando de nenhuma chapa espaçadora ao número máximo
de chapas exigido pelas normas, igual a 21 para a barra mais esbelta, determinou-se o
percentual que essas forças representam em relação à força crítica para um comportamento
de interação completa entre os perfis componentes, dada pela Equação 1. Os gráficos da
Figura 8 indicam esses percentuais, que podem ser considerados como o nível de eficiência
proporcionado pelas chapas espaçadoras nas barras compostas comprimidas axialmente.
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95%
90%
85%
80%
composta
75%
70%
65%
60%
55%
50%
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
Número de chapas
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𝐾 𝑎 2
(𝑟 𝑖 )
√ 𝑚í𝑛,1 (9)
𝑆𝑣 = 1+
𝜆0 2
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20%
15%
críticas
10%
5%
0%
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Número de chapas espaçadoras
Figura 9 - Diferença percentual da força crítica entre a ANSI/AISC 360-16 [3] e resultados
numéricos
É possível constatar uma boa concordância entre os valores da norma norte-americana e da
análise numérica para as barras com esbeltez de 200, 150 e 100, tendo em vista que a
diferença máxima foi de cerca de 4,5%, 6,4% e 10,1%, respectivamente. Nas barras com
esbeltez de 50, a diferença cresceu bastante, atingindo cerca de 19,5%. Mas deve-se salientar,
mais uma vez, que os resultados obtidos nas análises numéricas da barra composta com esse
pequeno índice de esbeltez apresentaram um modo de flambagem fortemente influenciado
pela distorção da seção transversal, fenômeno que não é previsto pelas recomendações
normativas e que justifica o maior percentual de diferença.
6 CONCLUSÕES
Neste trabalho foram estudados o comportamento estrutural sob compressão axial das barras
compostas e a eficiência promovida pela implementação de chapas espaçadoras unindo dois
perfis U pela alma. Esse estudo comparou os resultados fornecidos pelos procedimentos
empregados pelas normas brasileira ABNT NBR 8800:2008 [2], norte-americana ANSI/AISC
360-16 [3] e europeia EN 1993-1-1:2005 [4] com resultados de uma análise numérica
executada por meio do programa ABAQUS [1].
A norma europeia foi aquela que se mostrou mais conservadora, exigindo um número elevado
de chapas espaçadoras sem a promoção significativa de eficiência da interação entre os perfis
componentes das barras compostas. Este conservadorismo tem levado à sua pouca utilização
prática, mesmo nos países europeus.
Em contrapartida, a norma brasileira, de forma geral, se mostrou menos conservadora e com
menor sensibilidade quanto ao número de chapas espaçadoras recomendado à medida em
que se varia a esbeltez da barra composta.
A norma norte-americana apresentou uma abordagem diferenciada das demais, propondo
uma redução da força crítica de flambagem conforme o número de chapas espaçadoras
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Agradecimento
REFERÊNCIAS
1 SIMULIA, D. S. ABAQUS 6.13 User’s manual. Dassault Systems, Providence, RI, 2013
2 Associação Brasileira de Normas e Técnicas - Projeto de estruturas de aço e de estruturas
mistas de aço e concreto de edifícios - NBR 8800; 2008.
3 American Institute Of Steel Construction - Specification for structural steel buildings.
American Institute of Steel Construction. ANSI/AISC 360; 2016.
4 EN 1993-1-1: Design of steel structures – Part 1-8: General – Design of joints. Eurocode 3;
2005.
5 Castro e Silva, A.L.R. Análise numérica não-linear da flambagem local de perfis de aço
estrutural submetidos à compressão uniaxial [Tese de Doutorado]. Belo Horizonte: Programa
de Pós-Graduação em Engenharia de Estruturas da UFMG; 2006.
6 Bernuzzi C, Cordova B. Built-Up Compression Members, in Structural Steel Design to
Eurocode 3 and AISC Specifications. Chichester: John Wiley & Sons; 2016.
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