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1 – Introdução

O estudo da resistência de um material é fundamental para a Engenharia


Estrutural. Entender o comportamento de um elemento estrutural quando submetido
a um esforço, permite ao engenheiro a escolha correta do material e a sua disposição
no empreendimento, garantindo a segurança e a vida útil do objeto construído.
Para o dimensionamento das peças estruturais, o engenheiro deve-se pautar
na utilização das equações de equilíbrio – somatório das forças e momento deve ser
igual a 0 - e nas equações de compatibilidade – os deslocamentos devem ser iguais
a 0, tendo em vista que a maior parte dos sistemas estruturais são considerados
hiperestáticos (número de vínculos maior que o número de equações de equilíbrio).
Dessa forma, é importante para o engenheiro entender quais os deslocamentos que
uma estrutura irá sofrer quando aplicado um esforço, a fim de reduzir esses valores
para a carga solicitada em projeto.
O cálculo de deslocamento em estruturas não está associado somente ao valor
do esforço aplicado, mas também ao tipo de material, ao tipo de seção transversal
disposta e ao tipo de engaste. Para entender o quão esses parâmetros interferem nos
valores de deslocamento é necessário a realização de ensaios laboratoriais,
comparando os valores desejado com a variação de um parâmetro fixado. Também,
realiza-se simulações computacionais, com validação em ensaios laboratoriais, para
a determinação de deslocamento na situação desejada.
Moreira et al. (2014) utilizaram o método sem malhas natural neighbour radial
point interpolation method (NNR-PIM) para a determinação de deslocamentos
transversais em centro de vigas. Beber (2003) analisou o comportamento de uma viga
reforçada com compósitos de fibra de carbono calculando os valores de deslocamento
vertical, utilizando sensores. Ferreira (1999) analisou a deformação e os
deslocamentos em ligações de viga-pilar de concreto pré-moldado. Sahb (2008)
realizou análise experimental de pilares de concreto armado submetidos à flexo-
compressão, quando reforçados com concreto auto-adensável e chumbadores,
determinando deslocamentos horizontais e verticais.
No Brasil, a NBR 6118/2014 determina os valores de deslocamentos limites a
ser utilizado em um projeto de concreto.
Tendo em vista a importância de entender a influência de outras variáveis, além
da solicitação, este trabalho busca analisar e comparar os valores de deslocamento
de um pilar metálico engastado submetido à uma carga pontual, quando variado a
disposição da seção transversal.
2 – Programa Experimental
2.1 – Característica do Pilar
Foi utilizado um pilar metálico uniforme de dimensões 0,026 x 0,004 x 1,200 m,
feito em aço CA-50 5/8” (16mm). O módulo de elasticidade (E) estimado para o aço
CA-50 é de 210 GPa. O material apresenta uma resistência característica de
escoamento de 500 MPa e possui um limite de resistência igual a 550 MPa. Apresenta
um alongamento mínimo em 10 vezes o diâmetro de 8%. O aço CA-50 é caracterizado
por resistir bem a tração e a compressão. Além disso, o seu rompimento não é brusco,
possuindo uma fase elástica e uma fase plástica bem definido. O pilar ensaiado
encontrava-se engastado e é ilustrado na figura 1.

Figura 1 – Pilar metálico engastado utilizado no ensaio

2.2 Aplicação da força e cálculo do deslocamento


Para aplicação da força foi feito um sistema composto por uma roldana fixa,
uma haste metálica e um recipiente cilíndrico para acréscimo de peso. Ao acrescentar
peso no recipiente a força, inicialmente para baixo, mudaria o sentido para uma
aplicação a noventa graus da barra. Essa força seria transmitida por um cabo
amarrado ao pilar e conectado ao sistema de roldana e haste. Com o esforço aplicado
sobre o pilar, esta sofrerá um deslocamento.
A primeira carga considerada no experimento foi a do recipiente. Para as demais
cargas foi pesado e colocado água. A tabela 1 apresenta os valores dos pesos
acrescentando para cada medição.
Medição Peso (g)
1 350,0
2 400,0
3 450,0
4 500,0
5 600,0
Tabela 1 – Valores de massa, em gramas, utilizado como peso no ensaio
Para medir o deslocamento que a barra sofreu, foi posicionado uma barra
tangente ao pilar metálico. Nessa barra foi marcado um ponto inicial – ponto este que
a barra não sofreu nenhum deslocamento. Conforme a barra era submetido a um
esforço, novos pontos eram marcados nessa barra e com uma régua metálica medido
o valor do deslocamento. Na figura 3 é apresentado um esquema gráfico do sistema
estrutural para o cálculo do deslocamento do pilar metálico. Na representação
encontra-se as peças que compõe esse sistema, o diagrama de esforço cortante e
momento fletor que a barra sofre com a aplicação da carga pontual e o tipo de seção
transversal. Na figura 4 é apresentado aplicação da carga sobre a barra, o
deslocamento, a medição do deslocamento e a pesagem da água.

Figura 2 – Representação esquemática do ensaio de deslocamento no pilar metálico


a) b)

c) d
Figura 3 – a) Pesagem da água; b) Água sendo colocada no recipiente; c) Deslocamento sendo
medido; d) Visão geral do ensaio

3 – Resultados
Foram realizadas ao todo 10 medições. As cinco primeiras medições são
referentes a disposição da seção transversal com medidas de 26x3,9 mm (situação 1)
e as outras cinco medições com a seção disposta no outro sentido (situação 2), com
medidas de 3,9x26 mm. Para as duas seções foi aplicado o mesmo esforço pontual
sobre a extremidade da barra. Conforme os pesos eram acrescidos, a força sobre o
pilar aumentava, provocando deslocamento. Os valores das cargas pontuais aplicada
e os deslocamentos para cada situação encontra-se na tabela 2.
Medição Força (N) Deslocamento 1 (mm) Deslocamento 2 (mm)
1 3,43 170 11
2 3,92 201 11
3 4,41 225 11
4 4,91 253 11
5 5,89 285 12
Tabela 2 – Força aplicada e deslocamento para cada situação
A figura 4 apresenta o gráfico que relaciona a força aplicada em cada situação
e os seus respectivos deslocamentos.

Figura 4 – Gráfico Força x Deslocamento

A barra ao ser solicitada pela carga pontual está sofrendo flexão. A partir disso,
foi calculado os valores de tensão máxima (tensão aplicado sobre a linha neutra do
pilar) e plotado o gráfico tensão máxima x deslocamento, como se segue na figura 5.

Figura 5 – Gráfico Tensão x Deslocamento


4 – Conclusões
Percebe-se que a barra na situação 1 sofreu um deslocamento muito maior que
na situação 2. Percebe-se também que a tensão máxima da barra submetida à flexão
na situação 1 foi muito maior que na situação 2. Os dois fatos devem-se pelo momento
de inércia da peça, calculado a partir da seção transversal. Como o momento de
inércia é a dificuldade de uma barra realizar momento (giro), a situação 1 apresenta
um momento de inércia (1,25.10-10 m4) muito menor que na situação 2 (5,65.10-9 m4).
Matematicamente, se deve pelo fato de que a dimensão que será elevado ao cubo na
situação 1 é muito menor que na situação 2. Dessa forma, pode concluir-se a
importância da seção transversal para o cálculo do deslocamento e a necessidade do
engenheiro estrutural, durante o projeto, atenta-se a disposição da seção transversal
para que haja o mínimo de deslocamento possível sobre o pilar.
5 – Referências
BEBER, Andriei Jose. Comportamento estrutural de vigas de concreto
armado reforçadas com compósitos de fibra de carbono. 2003. Tese de
Doutorado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
FERREIRA, Marcelo de Araújo. Deformabilidade de ligações viga-pilar de
concreto pré-moldado. 1999. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.
MOREIRA, S. et al. Análise de vigas laminadas utilizando o natural neighbour
radial point interpolation method. Revista Internacional de Métodos Numéricos
para Cálculo y Diseño en Ingeniería, v. 30, n. 2, p. 108-120, 2014.
SAHB, Keyla Fabrícia Pereira. Análise experimental de pilares de concreto
armado submetidos à flexo-compressão, reforçados com concreto auto-
adensável e chumbadores. 2008. Dissertação de mestrado. Universidade Federal
de Goiás.

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